Reescrita em: Agosto 2019

Sirius terminava de selar a carta de Lily quando ouviu o choro vindo do quarto ao lado.
Deixou o pergaminho aberto e a pena próxima ao tinteiro, enquanto arrastava a cadeira no chão de madeira, andando rapidamente até o outro cômodo.
Abriu a porta do quarto lilás, passando os olhos pelo mesmo, antes de focar sua atenção na filha;
O quarto tinha o berço afastado da janela, a qual estava fechada, com um mobly com pequenas corujas coloridas penduradas no teto, descendo até próximo da criança - o presente dos Potter era útil para os dias que a menina acordava mais cedo, pois ficava entretida tentando pegar as pequenas corujas que voavam em círculos sempre que a criança estava próxima de alcançá-las.
Tinha também mais alguns brinquedos espalhados nas prateleiras e no chão do quarto.
Próximo ao berço, uma grande poltrona confortável, para as noites em que a criança não dormia com facilidade e Sirius precisava ficar ao seu lado até que pegasse no sono em seu colo. Para completar o quarto, tinham ainda uma cômoda e um guarda-roupa de madeira.

Sirius sorriu assim que os olhos pararam na garotinha que chorava;
estava sentada, segurava as barras do berço enquanto gritava, os olhos cheios de lágrimas e a bochecha gordinha vermelha, logo avistou o homem alto e magro, de cabelos ondulados e compridos, parado próximo à porta.
O choro cessou imediatamente, dando lugar a um grito alegre, enquanto a garotinha erguia os bracinhos para o homem pegá-la.
Sirius riu aproximando-se do berço branco, esticando os braços compridos para pegar a filha, erguendo-a acima de sua cabeça, escutando a gargalhada alta vindo dela, enquanto batia as mãozinhas.
Ele repetiu o gesto duas vezes, antes de segurá-la próxima ao peito, aninhando-a, limpando os vestígios do choro, ainda presentes no rosto dela, porém a criança estava agitada demais para sossegar, logo ergueu os braços tentando alcançar o brinquedo dentro do berço.
Sirius aproximou-se pegando o bichinho preferido da filha, um cachorro preto de pelúcia, vendo-a o agarrar sorridente, mesmo o brinquedo sendo grande demais para seus braços gordinhos. Black passou a mão pelos cabelos compridos, jogando-os para trás, enquanto caminhava para fora do quarto com a filha em seu colo, fazendo pequenos barulhos como se quisesse conversar.

Ele olhou o relógio sobre a lareira da sala, eram pouco mais de cinco horas.
Deixou junto com seus brinquedos espalhados no tapete pegando sua varinha em cima do sofá, agitou-a levemente sussurrando um Accio, enquanto sentava-se ao chão, próximo a filha.
estava entretida com os mais coloridos e barulhentos, apontando-os para o pai, dando-lhe para segurá-los.
Em dado momento, Sirius começou a empilhar os blocos no tapete, mas não foi muito longe, logo já estava cambaleando para perto, puxando-os com as mãozinhas agitadas. Ela riu quando retirou um do meio e a torre caiu, olhando para o pai e acenando para os mesmos.
Sirius piscou, empilhando novamente apenas para ver a menina, com os poucos cabelos loiros, retirar uma peça e derrubar tudo de novo.
Passados alguns minutos a garota começou a se entediar, tentando andar para o lado, mas cansando-se e preferindo engatinhando pela sala à procura de novos brinquedos. Sirius a puxou pelo braço quando ela fez menção de subir na lareira, aproveitando para pegá-la no colo mais uma vez e levá-la para a cozinha, estava na hora dela comer um pouco.

A garotinha mexia as mãos agitadas, tentando pegar as pequenas luzes que caiam sobre si, na cadeira alta em que estava. Sirius terminava de fazer a comida dela, e vez ou outra balançava a varinha, para estrelas saírem dela e chegarem próximas a mais nova, que dava pequenas gargalhadas quando alcançava alguma.
Almofadinhas deixou a comida esfriando, e sentou-se na cadeira ao lado da filha, vendo-a apontar para a varinha em sua mão, pedindo por mais luzes.
Os dois passaram alguns minutos brincando, antes de Sirius deixar a varinha de lado para pegar a comida, dando-lhe em pequenas colheradas, mas vendo-a se sujar da mesma forma.
Surpreendeu-se ao notar em como passar o tempo com sua bebezinha o fazia tão feliz, era quase como se pudesse esquecer todos os problemas que os cercavam mundo à fora.
Sirius havia passado as últimas semanas preocupado com o que estava acontecendo no mundo bruxo, muitos amigos e conhecidos estavam sumindo ou morrendo junto de seus familiares.
Só nos últimos dias Gideão Prewett e seu irmão tinham sido assassinados por cinco Comensais da Morte, e uma semana antes Dorcas Meadowes foi morta pelo próprio Voldemort.
A lista de desaparecidos ou mortos era enorme.
Os membros ativos da Ordem da Fênix estavam cada vez menor;
Eles ainda procuravam por Carátaco Dearborn, que havia sumido há quase seis meses, não sabiam se era um sinal de esperança não terem encontrado o corpo de Dearborn, talvez aquilo significasse que ele ainda estivesse vivo, mas se fosse esse o caso, Sirius nem mesmo gostava de imaginar o que o colega estava passando durante todo aquele tempo. No fundo, esperava que ele tivesse tido uma morte rápida e indolor.
Diferentemente do que aconteceu com Beijo Fenwick, que Moody e Podmore só conseguiram encontrar alguns pedaços do corpo mutilado.
Edgar Bones e toda a família foram massacrados pelos Comensais da Morte, assim como Marlene McKinnon, que foi pega dentro de sua própria casa, também junto de sua família.
Sirius temia que isso pudesse acontecer com ele, que um Comensal pudesse invadir sua casa e ele não pudesse defender sua filha.
E Black sabia o quão possível era aquilo.
Era quase como se ele esperasse que, a qualquer momento, sua própria família invadisse a casa e apontassem suas varinhas para ele.
Ou pior, para sua filha.

A situação estava cada vez mais crítica, e todos sabiam disso.
Os membros da Ordem da Fênix tentavam a todo custo resistir e salvar o máximo possível, mas parecia cada dia mais difícil ganhar uma guerra que já era dada como perdida desde a primeira batalha.
Voldemort estava cada dia mais poderoso e com um número cada vez maior de seguidores, e ele não sentia a perda de seus Comensais, diferente da Ordem que a todo momento, quando sabia da morte ou captura de algum membro, parecia mais perdida e sem esperança.
Sirius já começava a ficar cansado de sempre precisar brindar em memória de um amigo morto, isso sem mencionar o número de ex-colegas dos tempos de Hogwarts que também tiveram um destino terrível, mesmo sem fazerem parte da Ordem.
Era cada vez mais difícil deitar a cabeça no travesseiro à noite e relembrar o número de pessoas que tinha perdido e imaginar o número que ainda perderia.
No momento os Potter eram quem estavam em grande perigo, por algum motivo – que não tinha sido confirmado por Dumbledore -, Voldemort estava atrás de James e Lily, os quais encontravam-se escondidos junto de Harry.
E, para piorar, tinham que confiar que Rabicho os manteria a salvo, sendo o fiel do segredo de James.
Talvez fosse sua mais recente paranoia fosse devido ao número de dias que estava dentro de casa, mas Almofadinhas começava a temer que o medo de Pettigrew fosse maior que sua lealdade.

A campainha da casa em Lower Slaughter tocou próximo das sete da noite, e Sirius foi atender, enquanto engatinhava rapidamente para alcançá-lo, correndo atrás de suas pernas compridas.
- Boa noite! – sorriu ao avistar a prima, Andrômeda, junto do marido, Ted, e da filha de quase dez anos do casal, Dora.
- Como vai, Sirius? Por Merlin! Olha o tamanho dessa menina! – Andrômeda riu abaixando-se para pegar a criança, que sorriu animada para os visitantes. – Logo, logo estará indo para Hogwarts!
- Me deixa veeeer! – Dora pediu, após abraçar rapidamente Sirius, esticou os braços querendo pegar a criança, mas foi impedida pela mãe.
- Você tem que sentar, mocinha!
Estavam todos na sala de estar, enquanto o jantar não ficava pronto; Andrômeda e Ted, sentados no sofá, e Sirius em uma poltrona próxima à lareira, conversavam sobre os últimos acontecimentos, Dora estava sentada no tapete, junto com – a qual gargalhava das caretas que a menina fazia, e aplaudia sempre que os cabelos dela mudavam de cor.
Por mais que Sirius não quisesse demonstrar, estava ficando preocupado; eram sete e quarenta e Victoria ainda não tinha retornado.
A esposa tinha ido visitar Narcisa e Bellatrix na mansão dos Malfoy, nos arredores de Londres, e ainda não tinha retornado.
Victoria nem mesmo insistiu para Sirius a acompanhá-la dessa vez, sabia o quanto o marido e suas irmãs não se suportavam, especialmente quando Bella estava por perto.
Os dois sempre acabavam gritando um com o outro quando estavam no mesmo cômodo por qualquer motivo que achassem relevante. Entretanto, nas últimas vezes que se encontraram, só não duelaram até a morte, porque Victoria os impediu.
Fazia tempo que não se encontravam, antigamente era apenas uma briga Sangue Puro x Sangue Sujo. Sonserina x Grifinória;
Agora envolvia muito mais do que isso;
Enquanto Sirius batalhava ao lado da Ordem da Fênix ao lado de Alvo Dumbledore, Bella e Lucius estavam com os Comensais da Morte de Voldemort.
Mas, por mais que Sirius não gostasse de suas cunhadas (e principalmente do lado em que estavam), jamais reclamaria de Victoria querer visitá-las, eram suas irmãs afinal. Porém não aprovava muito a ideia de deixar sua filha próxima à louca e descontrolada da Bellatrix, como ele sempre dizia, e por esse mesmo motivo, raramente via as tias, mesmo que Draco, filho de Narcisa, tivesse quase a mesma idade.
De qualquer forma, há poucas semanas, Sirius tinha ameaçado claramente Bellatrix ao, deliberadamente, acusá-la de ter participado dos ataques contra a Ordem, o que o fez iniciar uma discussão de dias com Victoria.
A vida de casal dos dois estava cada dia pior, ainda se amavam, claro que sim. Bom, pelo menos ele sabia com certeza que a amava.
Mas a cada vez que conversavam, aos berros, sobre o lado o qual estavam nessa guerra que estava se formando, Sirius se decepcionava ainda mais e, mesmo sem perceber, afastava-se da mulher. Victoria já não era a mesma há meses, nem com ele e nem com a filha.
Já não passava tanto tempo com menina como antigamente, embora sempre cuidasse da menina, não a levava mais para passear no parque, e nem levantava quando a criança acordava no meio da noite. Era sempre Sirius quem fazia essas coisas.
E mais de uma vez eles brigaram por isso.
E mais de uma vez acordou chorando assustada devido aos gritos.
E mais de uma vez Sirius a filho e bateu à porta dos Potter, para passar um tempo com os amigos e o afilhado, enquanto tentava esquecer-se dos problemas com a esposa.
E mais de uma vez Lily o aconselhou a conversar de verdade e com Victoria.
E inúmeras vezes James lhe avisou que Victoria, assim como Sirius, tinha escolhido um lado, entretanto, infelizmente, não seria ao lado da Ordem da Fênix que ela lutaria quando o momento chegasse.
Sirius já não comentava nada sobre suas reuniões na Ordem, junto aos Potter, Remo Lupin, Dumbledore e tantos outros amigos, com a esposa. Para ser sincero consigo mesmo, eles mal estavam se falando desde a morte dos McKinnon.
Black não queria admitir, mas concordava com James, e lhe doía sempre que pensava naquilo;
Victoria não lutaria ao seu lado, ela escolheu os Comensais da Morte, escolheu Voldemort.
Ou escolheria quando necessário, assim como todos da família.
Assim como seu irmão mais novo, Régulo (o qual não via há meses), Victoria estava se tornando outra grande decepção em sua vida.
Ele sempre achou que ela era mesmo diferente do resto da família, assim como ele.
Mas aos poucos aquela certeza ia embora, Victoria mostrava-se apenas mais uma.
Assim como Narcisa ela não queria tomar um lado, não na prática, mas no fundo ela já tinha escolhido a quem seria fiel.
E não seria a Ordem, Victoria não seria fiel nem mesmo ao marido ou a filha.
Sirius não se dizia arrependido de terem se casado por causa de , e apenas por ela.
Victoria não era mais quem ele pensava, não era quem ele imaginava, no fundo achava que ela nunca tinha sido e ele apenas tinha visto o que lhe era conveniente durante todos aqueles anos.
Contudo ele ainda a amava, e isso o deixava louco.
Sabia que não conseguiria continuar daquele jeito, e tinha deixado isso claro naquela mesma manhã, antes da mulher sair de casa para ir à Londres;
Quando você voltar iremos resolver os dias de visita, e eu vamos embora.
A mulher nem mesmo se manifestou, Victoria o olhou nos olhos por longos segundos.
Sirius viu a mão da mulher tremer levemente e, por um segundo, achou que ela iria azará-lo por ousar dizer que levaria com ele. No momento seguinte, entretanto, ela deu um longo suspiro e virou-se para pegar sua capa, presa no cabineiro ao lado da porta, vestindo-a e saindo em direção à rua, sem importar-se com a criança no colo do marido, chorando com os braços esticados para ir com a mulher.
E mesmo com todos os problemas, Sirius continuava a sentir um incômodo por não saber de Victoria.
Não sabia se aquele era um sinal ruim ou não.
A mulher estava estranha há vários dias, mal dormia e comia muito pouco.
Estava nervosa e ansiosa.
O tempo todo parecia assustada.
Sirius não sabia o que aquilo significava, e quando perguntou ela mudou de assunto.
Decidiu que já era mais do que tempo de afastar-se dela, tanto ele quanto sairiam de perto de Victoria e de todos os que poderiam apresentar alguma ameaça ao bem estar e segurança deles ou de qualquer amigo de Sirius.
Sabia que era uma promessa difícil de ser cumprida em tempos como aquele, mas Black havia prometido a si mesmo que sempre cuidaria de sua garotinha, não importava o que seria necessário fazer para garantir aquilo, ele o faria.

Estavam todos se servindo à mesa de jantar, quando uma luz brilhante entrou pela sala, fazendo a pequena gritar alegre, batendo palminhas como sempre fazia quando via alguma magia.
Dora também riu, olhando diretamente para Sirius, quem ela achava que tinha feito o pequeno truque – seus pais não tinham tanto senso de humor para fazer aquilo antes do jantar -, mas para sua surpresa Sirius estava sério, assim como sua mãe e seu pai.
parou de bater palminhas quando olhou para seu pai e não o viu sorrir para ela, nem fazer qualquer brincadeira como normalmente fazia para chamar sua atenção.

“Você-Sabe-Quem encontrou os Potter... James e Lily estão mortos... Você-Sabe-Quem se foi...”

A voz grave de Estúrgio Podmore saída de seu patrono ainda reverberava pelo cômodo quando Sirius levantou-se atônito.
Aquilo deveria ser um equívoco.
James, Lily e Harry estavam bem em Godric’s Hollow, Sirius tinha os visitado há poucos dias.
Tinha recebido uma carta de Lily há poucas horas.
Aquilo não fazia sentido algum.
Podmore provavelmente estava com as informações erradas.
Poderia ter se confundido...

Você-Sabe-Quem encontrou os Potter...

James e Lily estão mortos... James e Lily estão mortos...

Você-Sabe-Quem se foi...

Sentiu os braços de Andrômeda ao seu redor, e logo sentiu as lágrimas molharem sua camiseta.
Aquilo era besteira.
Mas ele precisava verificar.

Sirius tinha encontrado Pettigrew há pouco mais de dois dias.
O amigo estava nervoso, mas parecia bem.
Nada daquilo fazia sentido.
Mas aquele incômodo em seu peito cresceu.
As atitudes de Rabicho o tinham feito desconfiar de sua lealdade, e ele havia comentado sobre aquilo com James, mas Pontas lhe disse que aquilo era bobagem; Rabicho era confiável, era membro da Ordem e tinha sido um Maroto junto à eles e Remo.
- Eu... Preciso... Eu... Godric’s Hollow... – sua voz trêmula saiu pouco mais alta que um sussurro.
- Eu vou com você! – Ted pronunciou-se, mas o homem negou.
Se aquilo fosse verdade... Não, não podia.
Mas se fosse...
Rabicho deveria estar morto também...
Sirius precisava verificar.
Precisava fazer aquilo sozinho.
Eram seus amigos.
James era seu melhor amigo.
Ele tinha que fazer aquilo sozinho.
Se Rabicho não estivesse morto, então Sirius o mataria, porque aquilo significaria que estava certo em suas desconfianças, que a lealdade de Pettigrew nunca esteve na Ordem, nunca esteve nem em Dumbledore, nem nos Marotos.
- Eu vou... Eu... Cuide dela, por favor... – passou a mão pela cabeça da filha, que alheia a tudo aquilo, estava concentrada em pegar sua comida com as mãos e levar à boca, sujando-se toda, mas sorriu para o homem quando ele beijou-lhe a testa. – Avise Victoria quando ela chegar... Tenho... Conversar...
Sirius pegou sua varinha e andou rapidamente até à porta, pegando sua capa preta antes de sair, Ted e Andrômeda mal tinham chegado na entrada da casa, quando o viram subir em sua moto e acelerar, não demorando muito para ganhar altura e sumir pelo céu escuro e nublado.

Sirius sentia o vento frio contra seu rosto, suas mãos pareciam congeladas, assim como suas orelhas, mas ele não se importou.
Logo avistou o bairro dos Potter e guiou sua motocicleta para o chão.
A rua escura estava movimentada, várias pessoas passavam por ela, contudo, não entendiam o que acontecia.
Nem os trouxas e nem nenhum outro bruxo que não fossem os fiéis do segredo, poderiam ver a casa dos Potter. Pelo menos não deveriam, mas não era o que acontecia no momento.
Estacionou há poucos metros da rua, passando a mão trêmula pelo rosto, colocando os cabelos compridos para trás, seu coração batia forte e acelerado.
Sirius deu os primeiros passos em direção ao final da rua, para a casa dos amigos, o medo começando a dominá-lo.
Não sabia o que iria encontrar logo à frente, mas não demorou a descobrir.
A casa de dois andares que os Potter moravam estava destruída; Um grande rombo tinha derrubado parte do segundo andar.
Sirius sentiu o ar faltar-lhe, o coração parecia não bater com força suficiente.
As lágrimas logo chegaram a seus olhos, e por eles desceram rápidas e incessantes. Almofadinhas correu os menos de dez metros que faltavam para a entrada do jardim, talvez... Talvez estivessem machucados, talvez ele ainda pudesse ajudá-los!
Cruzou a porta de entrada, a qual já estava aberta e, antes que pudesse dar mais do que dois passos em direção aos cômodos à procura dos amigos, uma figura alta e larga fez-se presente. Sirius sacou a varinha no mesmo instante, mas logo reconheceu Hagrid, o guarda-caça de Hogwarts; O homem tinha o cabelo e barba emaranhados, os olhos pretos como dois besouros estavam vermelhos, as lágrimas escorriam gordas por sua fase.
- Eu sinto muito… Sirius...
Almofadinhas não falou nada, apenas acenou com a cabeça, incapaz de encontrar a própria voz, ao entender o que aquilo significava.
Viu o pequeno embrulho que Hagrid carregava se mexer, e logo começar a chorar, e Harry começou a se debater no meio das cobertas.
Sirius o pegou no colo, como sempre fazia quando visitava os amigos, não demorou dois segundos para Harry reconhecer o padrinho.
As lágrimas pararam de escorrer pelos olhos verdes, o garotinho até sorriu para o homem.
Sirius o ergueu em seus braços, deixando o cobertor escorregar pelo corpo gordinho do afilhado, queria confirmar que não estava machucado, mas viu uma marca em forma de raio na testa do menino; Era o único sinal visível na criança, fora isso, ele parecia bem.
Harry esticou os braços para abraçá-lo, enquanto os olhos curiosos olhavam ao redor, a procura de seus pais ou da garotinha que sempre estava com o homem quando ele vinha visitá-lo, - as duas crianças se davam bem após alguns minutos de convívio; Começavam puxando o brinquedo uma da outra, mas logo estavam sentadas no chão, brincando juntas com alguma coisa barulhenta, ou rindo das caretas que James e Sirius faziam -, mas naquele momento ninguém mais apareceu, e Harry sentiu os braços de Sirius apertar-lhe com um pouco mais de força.
Sirius queria protegê-lo.
- Ele vai comigo, Hagrid. Levarei Harry para casa...
- Não posso... Sirius... Ordens de Dumbledore!
- Ele é meu afilhado! Sou eu quem deve cuidar dele. James e Lily o confiaram a mim caso... Caso... – ele não terminou sua frase, Harry afastou-se gentilmente do pescoço do homem, passando as mãos pequenas pelo rosto molhado dele, do mesmo jeito que sua mãe fazia quando Harry chorava. Almofadinhas deu um pequeno sorriso como resposta, o que fez Harry sorrir também. Um soluço sôfrego escapou por sua garganta.
- Eu sei... Mas... Dumbledore… Eu sinto muito, preciso levá-lo. Ele vai para a casa dos tios.
- Os trouxas? Lily não fala com a irmã. A mulher nem mesmo conhece o Harry!
- Eu sei, eu sei... Desculpe Sirius, mas preciso levá-lo, Dumbledore foi claro...
Black deixou um suspiro longo passar por sua garganta, concordando com a cabeça.
- Eu irei buscá-lo depois. Harry vem morar comigo e com .
Hagrid apertava as mãos, mostrando-se nervoso, mas concordou.
- Eu aviso Dumbledore que você quer ficar com Harry, vocês conversam depois... Preciso levá-lo agora...
Sirius abraçou o afilhado uma última vez, antes de agachar-se e pegar o cobertor que havia caído, enrolando o garoto no mesmo, entregando-lhe a Hagrid no instante seguinte.
Harry voltou a chorar, esticando o braço para o padrinho quando o guarda-caça o pegou.
O homem passou a mão nos cabelos pretos do garoto, brincando com ele até que Harry parou de chorar e riu, olhando de Sirius para o homem estranho que o segurava desajeitadamente.
Hagrid despediu-se de Almofadinhas, andando para fora da casa com Harry em seus braços.
- Como você vai até lá? – perguntou com a voz falha.
- Nightbus. – respondeu dando de ombros, era o método mais seguro naquele momento.
- Pode pegar minha moto – disse jogando-lhe as chaves -, não vou precisar dela. E sei que você gosta... Só... Tente não arranhá-la, ok? – tentou sorrir para o outro.
Hagrid o olhou desconfiado.
- Você tem certeza?
- Pode levar... Está no final da rua...
Sirius acompanhou o vulto robusto de Hagrid afastando-se junto a Harry, pela rua na qual ele tinha vindo. Almofadinhas virou-se, olhando ao redor, com o coração apertado e lágrimas em seus olhos, deu passos incertos em direção aos outros cômodos da casa.
Não precisou de muito para encontrar o corpo de James caído ao chão, os óculos tortos em seu rosto, os olhos ainda abertos. Não tinha nenhum machucado aparente em seu corpo, parecia tão bem quanto da última vez que Sirius tinha o visto, apenas dias antes.
Às lágrimas caíram com mais força, Almofadinhas então se debruçou sobre o corpo imóvel de seu melhor amigo, abraçando-o com força.
James era o irmão que Sirius escolheu para a vida, e agora ele não estava mais ali.
Depois de todos aqueles anos juntos, James tinha partido.
Sirius ficou por ali, chorando a perda do seu melhor amigo, pedindo-lhe desculpas.
Sentia-se responsável por aquilo, foi ele quem disse para escolherem Pettigrew como fiel do segredo. E agora era claro para Black, que Rabicho os traíra de forma covarde.
Devia ter sabido antes, percebido da última visita que o fez.
Rabicho estava nervoso demais, estranho demais.
Era ele o traidor da Ordem da Fênix.
Era ele quem tinha entregado tantos amigos a Voldemort.
Agora havia traído um de seus melhores amigos e Lily, que sempre tinha sido tão boa com ele.
Beijou-lhe a testa, levantando os óculos de aro redondo do amigo o suficiente para fechar-lhe os olhos, antes de tornar a ajeita-los em seu rosto.
Sirius levantou-se à procura da mulher, subindo as escadas, encontrou-a caída de bruços no quarto de Harry, próxima ao berço.
Assim como James, ela não parecia machucada, os olhos também estavam abertos, mas o corpo sem vida. Almofadinhas abaixou-se, abraçando-a com carinho e sussurrando, implorando por desculpas, prometendo que cuidaria de Harry como se ele fosse seu próprio filho.
Daria à própria vida por aquele garoto.

Sirius andava pelas ruas sem realmente saber o que fazer.
Queria respostas, mas ainda não sabia como encontrá-las.
Precisava achar Rabicho, se ele já não estivesse morto, estaria no momento em que Black o encontra-se.
Se sentiu mal ao lembrar do tempo que passou desconfiando de Aluado; mal conseguia olhar para Remo quando o encontrava nas reuniões, por achar que ele era o espião de Voldemort.
Remo teria sido a melhor escolha para fiel do segredo, mas Sirius desconfiava dele e disse aquilo para James, fazendo Pontas duvidar – mesmo que um pouco – de Remo.
Arrependia-se tanto daquilo.
A primeira coisa que faria (após matar Pettigrew), seria pedir desculpas ao amigo.
Quando atravessou a rua, ainda perdido em pensamento, escutou um pequeno estralo, olhou para frente, procurando ver quem tinha acabado de aparatar; Apenas poucos metros mais adiante, Rabicho apareceu: baixo, gorducho, com o corpo um tanto curvado para frente.
Sirius imediatamente sacou sua varinha, quase correndo até o outro, o ódio fervendo em seu ser, apontou-lhe a varinha ameaçadoramente;
- VOCÊ! O QUE FAZ AQUI, RABICHO? SEU VERME!
- Eu... Eu... Sirius... Eu soube... Eu... As notícias... Lily e James... Harry...
Sirius puxou-o pela camisa quadriculada, as gotas de cuspe saindo de sua boca conforme falava ferozmente.
Acusando-o de seu pior crime;
- Você os traiu. James está morto por sua causa. Seu covarde! Deveria saber Rabicho, que eu o encontraria. E que eu o mataria! – a varinha permanecia apontada para Pettigrew, tão firmemente contra seu pescoço que Rabicho começava a sentir a pele queimar.
Ele então viu os trouxas aproximando-se na rua, começando a gritar em seguida;
- SIRIUS! COMO VOCÊ PODE??? COMO VOCÊ PODE TRAÍ-LOS DESSA FORMA? JAMES E LILY? ELES ERAM SEUS AMIGOS! NÓS CONFIAMOS EM VOCÊ!
Black largou-o perplexo, a boca aberta tamanho o choque.
Uma gargalhada rouca saiu por sua garganta, parecendo mais canina do que humana.
- Eu não vou matar você, Rabicho. Eu vou destruí-lo.
Sirius novamente apontou a varinha para o, até então, amigo, mas algo chamou-lhe a atenção antes que pudesse lançar a maldição; Rabicho sorria.
Tinha um sorriso maldoso presente em seus lábios grossos.
E antes que Sirius pudesse se dar conta, Pettigrew agitou a varinha.

A explosão foi imensa, destruindo parte da rua.
Black escapou por pouco, usando a própria varinha para proteger-se.
Olhou em volta, vendo vários dos trouxas que estavam próximos caídos, imóveis.
Nem mesmo teve tempo de ajudá-los, ainda estava chocado até o momento da explosão.
Andou pelos corpos inocentes, espalhados próximos a cratera no meio da rua, Rabicho não estava entre eles, mas no local em que estava quando lançava o feitiço, Sirius encontrou um dedo gordo e ensanguentado, junto de uma varinha.
Não conseguiu se controlar;
Sirius Black gargalhou, alto.
Ria descontroladamente, um riso rouco saia por sua garganta.
O sorriso quase doentio ainda estava presente em seus lábios quando escutou vários estralos ao redor da rua, e a próxima coisa que notou foram dúzias de varinhas apontadas para si, e diversos feitiços gritados pelos aurores que apareceram, Sirius não teve tempo de tentar defender-se, mal entendeu que as azarações foram direcionadas a ele.
Todos os feitiços o atingiram de uma única vez.

Black acordou sentindo o corpo inteiro doer, como se estivesse em chamas, como se estivesse inteiramente quebrado.
Estava de bruços no chão gelado, mal conseguia levantar-se, mas quando o fez, notou o lugar no qual estava; uma cela pequena toda em pedras, com grades de ferro à frente e uma minúscula janela, também com grades.
Ergueu-se para olhar por ela, tudo o que conseguiu ver foi o mar que parecia cercar o local.
A voz impiedosa de Alvo Dumbledore chamou-lhe poucos segundos depois.
Ao virar-se, deparou-se com o diretor e Alastor Moody encarando-o de forma hostil, olhando-o com uma mistura de nojo e desprezo.
- Espero que goste da sua vista, é tudo o que verá pelo resto da sua vida. – Almofadinhas olhou atônito para Olho-Tonto - Mas não se preocupe pelo que soube os Dementadores gostam de fazer visitas diárias aos presos! Bem-vindo à Azkaban, Sirius Black.




FIM



Nota da autora: Hello!
Essa é a primeira parte de 4 Spin Off relacionados a fanfic Uma Nova História, assim temos um contexto maior sobre a vida da Black Girl, junto e separada de Sirius.
Então é isso, meus amores!
Abaixo temos os links de todas as fics relacionadas a Harry Potter! Beijo e até depois!





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