Envio: Novembro de 2020

Capítulo Único

- Eu preciso que você leve isso lá para fora. – null pediu entregando-lhe um bolo grande e com cobertura de chocolate.
- Outro? Por que precisamos de tantos bolos? É um aniversário só. – null indagou confuso. Mulheres e suas festas pequenas, pensava.
- Fica quieto e leve isso de uma vez. – A esposa ordenou. – Joy, porque você ainda não colocou um vestido? – A mulher questionou a filha caçula enquanto andava atrás dela pela casa.

Era um dia bonito, o sol estava alto e aquecia o jardim da casa de campo na Riviera Francesa, ali era seu refúgio desde que se casara com uma inteligentíssima e linda jornalista. A casa grande rodeada de árvores e um jardim enorme eram seu sonho todas as vezes que pensava no assunto e agora estava bem ali.
Era dia vinte e quatro de janeiro de dois mil e vinte, aniversário de um de seus filhos. Alex completava onze anos e null se sentia quase tão feliz quanto quando o menino nasceu. Uma de suas preocupações de vida sempre fora que tipo de pessoas os filhos se tornariam e conseguir acompanhar o crescimento do garoto, ver sua personalidade e atitudes serem formadas era a coisa mais fantástica do universo.
Alex era seu segundo filho, o primeiro se chamava Lorenzo, em homenagem ao avô italiano de null , o segundo se chamava Alexander e seu nome era o mesmo que o avô materno e tio usavam. Joy era sua garotinha e seu irmão gêmeo tinha o nome de um de seus melhores amigos, Dom. Era uma família incrivelmente linda e grande, a sua família perfeita.

- Quantas pessoas foram convidadas para essa festa? – Alexander, seu cunhado perguntou sorrindo enquanto arrumava a mesa.
- Isso tudo é a festa simples que sua irmã disse que faria. – null respondeu sorrindo.
- É só um almoço e um bolinho. Não é como se ela tivesse reservado um estádio de futebol. Não seja exagerado, null . – A sogra o repreendeu.
- Oh, null ! Onde nós colocamos a cerveja? – Jacques perguntou, chegando com várias sacolas em mãos e ajudando Michael a carregar algumas caixas.
- Agora sim eu estou vendo alguma vantagem nessa festa. – Alex, seu sogro comemorou.

Michael era piloto de Fórmula Um e um dos melhores, segundo a mídia, ele seria o substituto de null nas pistas e em breve bateria seus recordes. null amava a ideia, principalmente por se considerar um dos mentores de Michael, o rapaz tinha um brilho próprio e possivelmente seria ainda melhor do que null jamais pudera ser. E agora ele estava ali, ajudando com as cervejas e implicando com Jacques, seu outro melhor amigo.
Jacques era um mecânico incrível e os dois eram amigos há décadas, ele era como um irmão para null e também enxergava o ex-piloto dessa maneira. null acompanhou o amigo correr de encontro aos filhos, que jogavam futebol um pouco afastados de onde os adultos estavam. Para null não existia no mundo nada mais incrível do que ver seus amigos sendo amigos de seus filhos.

- Ele não cresce nunca, não é? – William Reed, outro piloto de Fórmula Um e amigo de null comentou. – Pelo menos ele se diverte. – William e null sorriram.
- Veja só quem chegou. – null anunciou e então seu melhor amigo Dom e sua filha Beatrice surgiram porta à fora.

Sua esposa era sempre linda, mas naquele dia ela estava resplandecente. O cabelo castanho estava solto e ela estava com um dos gêmeos no colo, aquilo era a visão do paraíso para null . Vê-la ali, linda e com os filhos dos dois era algo que ele poderia passar séculos assistindo. null era a mulher de sua vida e ele não precisou de mais de dez minutos com ela para perceber isso.

- Espero que você saiba fazer um churrasco decente. – Dom provocou null depois de abraça-lo.
- Bem melhor que os seus, com certeza. – null retrucou.
- Isso não vai ser difícil, meu pai como churrasqueiro é um ótimo mecânico. – Beatrice disse e abraçou o pai de lado. – Eu espero que tenha bolo, tio null .
- Agora eu entendi porque null fez três diferentes, ela sabia que você viria. – null revirou os olhos e pousou as mãos na cintura. – Você vai acabar ficando diabética, garota.
- Igual a você? – Ela retrucou.
- Não fale isso em voz alta, algumas pessoas ainda não sabem e eu consigo disfarçar e comer um docinho. – null respondeu sussurrando.

Aquela era sua família, amigos das pistas, de quando ainda era piloto de Fórmula um, amigos da vida, todos aqueles eram membros de sua família. E não existia lugar melhor no mundo para se estar do que ali, rodeado deles.

- Meninos, venham para a mesa. – null ouviu a sogra chamar.
- Mãe, me ajude com os pães, por favor. – null se aproximou, terminando de ajeitar a grande mesa montada para aquela ocasião.

null estava sentado na ponta, observando a movimentação. William Reed e Michael riam de alguma piada interna, Jacques conversava algo sobre marcas de cerveja com Dom, Beatrice e Lorenzo tentavam abrir uma lata de atum com a ajuda de uma faca. Enquanto isso, seu cunhado e seu irmão cuidavam da churrasqueira, o sogro estava entretido com seu pai e tio François numa conversa acalorada sobre futebol e sua mãe e sogra estavam tentando colocar todas as crianças sentadas à mesa.

- Você vai ter que dizer algumas palavras. – Dino, seu irmão provocou chamando sua atenção.
- Eu vou ser obrigado a filmar isso. – Michael brincou, batendo palmas de expectativa.
- Não, eu não. – null negou balançando as mãos e cobrindo o rosto com uma travessa vazia que estava ao seu alcance.
- Vamos, vamos contar quantas vezes você olha para baixo quando fala. – Seu sogro provocou. – Estamos apostando.
- Vai, tio null ! – Beatrice torceu. – Você consegue. – null revirou os olhos e procurou suplicante pelo olhar de sua esposa.
- Você é o pai, faça as honras. – Ela disse, enquanto oferecia suco a um dos gêmeos.
- Falar...vocês...ninguém merece, isso é muita sacanagem. – null disse envergonhando e se levantou. – Aqui vai...parabéns, Alex. – Disse e todos protestaram enquanto riam.
- Não, é brincadeira. Eu acho que preciso falar algo importante, afinal não se faz onze anos todos os dias. – null brincou e Alex revirou os olhos. – Primeiro, obrigada à minha linda e competente esposa pelos bolos maravilhosos e pelos meus filhos. – null levantou o copo de cerveja e null sorriu com os olhos.
- Hoje é um dos dias mais importantes para mim, o aniversário dos meus filhos e da minha esposa são como feriados, vocês aqui sabem disso. E sabem da importância de cada um estar aqui, cada pessoa aqui nessa mesa é parte da minha família, sempre foi e sempre será. – null sorriu. – Mesmo o Michael com suas péssimas piadas e seu cabelo ruivo, o Jacques com todo seu mal humor e roupas chiques. Meus sogros sendo as pessoas mais incríveis do mundo por terem feito minha esposa. – null não pode conter o riso.
- Não tem de quê. – O sogro respondeu.
- Aos meus pais, obviamente, sem eles acho que não estaria aqui. – null continuou. – Aos meus irmãos, aqui representados pelo Dino e ao tio François e seu bigode centenário. – François revirou os olhos enquanto todos outros riam. – Obrigada também à Will Reed e toda sua sabedoria, Dom e sua menina Beatrice, que para mim sempre terá dez anos. Ao meu cunhado, que graças aos céus não é como os cunhados comuns. – null riu. – Obrigado a todos vocês por sempre estarem aqui, principalmente quando temos bolo e churrasco. E aos meus filhos, é um prazer ser pai de vocês. Meu amor, traduza para os gêmeos, por favor. – Todos riram novamente.
- Enfim, muito obrigado por estarem aqui. Alex, que sua vida seja como esse dia. Feliz, cheia de amor e de pessoas que te amam e com muito churrasco. Um brinde. – null levantou novamente seu copo e todos fizeram o mesmo, brindando entre si. – Viu só, não olhei para baixo nenhuma vez. – null provocou o sogro.
- Eu estou um caco. – null disse enquanto se jogava no sofá ao lado do marido.
- Eu nunca achei que esse tipo de coisa fosse cansar tanto. – null observou.

Ele e a esposa estavam exaustos, haviam acabado de colocar as crianças na cama e ainda não eram dez horas. O churrasco se estendera mais que o imaginado e embora tivesse sido um dia muito feliz, o cansaço estava a mesma altura.

- Minha mãe disse que eles podem ficar com as crianças no fim de semana, para nossa viagem. – null contou.
- Não acredito que enfim teremos nossa quarta lua de mel. – null comemorou sorrindo. – Podemos aumentar para uma semana?
- null ! – A mulher o repreendeu sorrindo. – Você quer fugir das crianças?
- Só por uma semana, é pouquinho. – Ele fez beicinho. – Mas eu quero mesmo é fugir do autódromo. Nunca pensei que ser chefe de equipe seria tão cansativo. – Ele disse e a esposa riu.
- Eu mal posso esperar por esse fim de semana. Quero descansar, não fazer nada, dormir até tarde. – null colocou as pernas sobre as pernas do marido. – Imagine, nós dois no spa, com massagem, drenagem. Aí, que sonho. – null abraçou o marido, sorrindo ansiosa.
- Vai ser muito bom. Dormir, sabe o que é isso? Se lembra como é? – null brincou. – Dormir sem hora para acordar, dormir uma noite inteira.
- Eu acho que a última vez que dormir assim já fazem quinze anos. – null sorriu. – Eu nem acredito que vamos ficar juntinhos, apenas descansando e aproveitando. Eu quero tirar todo o atraso. – null riu e abraçou o marido mais forte.
- Não seja por isso, senhora. – null pulou do sofá e buscou o celular.
- O que está fazendo? – A mulher questionou sorrindo enquanto observava o marido escolher uma música.
- Vem comigo. – null se aproximou da esposa e estendeu a mão, convidando-a para uma dança.
- Você é mesmo louco. – null sorriu e segurou a mão do marido.
- Apenas louco por você.

Os primeiros acordes de Close To You, de Carpenters puderam ser ouvidos e null envolveu a cintura da esposa, aproximando-se dela e máximo que poderia. O cheiro dos cabelos dela o fizera lembrar de quando se beijaram pela primeira vez, antes daquele dia já tinha certeza de que aquela seria sua mulher pelo resto da vida.
null era a mulher mais feliz do mundo naquelas ocasiões, quando na simplicidade de um momento a dois o marido conseguia demonstrar com doçura todo amor que possuía. Já estavam há mais de uma década juntos, mas as sensações nunca mudavam. Ainda sentia as borboletas no estômago, sentia a boca seca e as mãos suadas. null era sua combinação perfeita, o seu grande amor e ela sabia que num mundo como o que viviam, encontrar algo assim era raro, um presente.
Enquanto os dois dançavam suavemente, seguindo a melodia calma da música, os corações e pensamentos estavam compassados. A gratidão e o amor que transbordavam poderia ser sentido, tocado, visto devido sua força e intensidade.

- Eu quero morar aqui, entre os seus braços. – null sussurrou depois de beijar suavemente o rosto da mulher.
- Você já mora, meu amor. Espero que fique por aqui o resto da vida, porque esse espaço é apenas seu. – null respondeu.
- Que bom, porque se você resolver colocar outro no lugar eu ficaria bem chateado. – null brincou.
- Isso nunca vai acontecer. – null riu. – Acredite, se eu não te deixei pelas roupas espalhadas pela casa, pela bagunça ou pelo tempo que você gasta se arrumando, não te deixaria por nada no mundo.
- Acho bom. – null beijou a testa da esposa. – Até porque, acho que dificilmente você conseguiria encontrar alguém que consegue dormir com seus roncos. – null riu e a mulher revidou a provocação com um leve tapa no braço.
- Eu não ronco. – Ela respondeu.
- Não, claro que não. – null balançou a cabeça negativamente e fingiu concordar.
- Acho bom que você não esteja prestes a me trocar por alguma garota com a metade da minha idade e queira usar isso como pretexto. – null provocou arqueando uma sobrancelha.
- Não, não trocaria você nunca. Eu só consigo dormir com o barulho alto e rouco da sua respiração pesada de idoso asmático, meu amor. – null provocou e null abriu a boca, indignada.
- Eu acho que preciso do divórcio. – Ela disse.
- Pelo menos você prefere ser divorciada e não viúva. – null brincou.
- Não faça piadas com isso. – null o encarou com a expressão fechada. – Não diga isso nem de brincadeira.
- Todo mundo morre um dia, é normal. – null deu de ombros. – Mas eu já vivo o céu aqui na terra, do seu lado.
- Eu não suportaria perder você, ficar longe das suas piadas horríveis. – null sorriu e encostou o rosto no peito do marido. Adorava fazer isso, pois era sempre possível escutar o coração dele.
- Você não vai ter que passar por isso. Eu estou com você e vou estar aqui para sempre. – null disse, segurou o rosto da mulher e selou a promessa com um beijo.

Até os mais descrentes acreditariam no amor verdadeiro depois de observar aquele casal por alguns segundos. O amor transforma e com certeza, se tratando de null e null o amor era como a mais pura magia, a mais pura força arrebatadora, linda e contagiante. E naquele momento os dois sabiam disso, sabiam que ficariam juntos para sempre não importando para onde o destino os levasse, uma alma sempre encontraria a outra pois só assim poderiam viver plenamente.


FIM.



Nota da autora: Sem nota. Eu estou tão orgulhosa desse projeto que não tô cabendo em mim!
Meu amor pelo Tony Render, o Pp2 de The Curve of a Dream foi tão grande que se derramou nesse spinoff. Espero que assim como eu vocês tenham tido o coração aquecido por este momento em família com todos aqueles que já se foram no universo The Curve.






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