Capítulo 9
- Oh, meu Deus! – A voz de saiu do surto para algo fofo.
- Para de se mexer! – Daniel disse, tentando fazer a câmera focar.
- Não dá, ele é fofo demais! – abraçou o coala mais próximo ao corpo, dando um beijo na cabeça do animal.
- Eu vou tirar! – Danny disse. – Três, dois, um... – tentou dar um largo sorriso no meio de sua feição fofa. – Pronto.
- Posso levá-lo para casa? – disse para a cuidadora do zoológico, entregando o animal.
- Ele é fofo, não? – A mulher disse e fez um carinho na cabeça do animal.
- Eu volto para te pegar, lindinho! – disse.
- Vem logo, , tem gente na fila! – Daniel disse e se afastou rapidamente da mulher, pegando a câmera da mão de Danny.
- Vai! Vai! – Ela disse, se colocando na área de fotos.
- Agora me apressa, né?! – Ele disse, rindo e se aproximou da mulher. – Oi, não me morde! – Ele falou para o coala, fazendo rir.
- Só porque o canguru te mordeu, não quer dizer que todo animal vai te morder. – disse e a cuidadora do zoológico ajudou a colocar o coala sonolento no peito de Daniel.
- Não achava que o canguru fosse me morder. – Daniel resmungou.
- O cara falou para você fazer um punhadinho com a mão, você quis logo dar no dedo, é óbvio que ele ia te morder. – deu de ombros, fazendo as outras pessoas da fila rirem.
- Tira a foto logo! – O menino disse, emburrado e colocou o olho no buraco da câmera antes de tirar a foto. – Ah, ele fez cocô em mim!
- Quê? – olhou para ele, ouvindo a fila gargalhar.
- Ah, qual é! Hoje tá difícil! – Ele disse enquanto a cuidadora tirava o animal de seu colo e Daniel sacudia a mão.
- Eca! – disse, se afastando dele.
- Agora tem nojo, né?! – Ele correu atrás dela.
- Obrigada, moça! – gritou antes de descer correndo a rampa da área de coalas.
- Volta aqui, !
- Não! – Ela gritou, rindo, ouvindo os passos do garoto atrás dela.
- Vem cá!
- Se livra disso! – Ela gritou, rindo, girando por uma pilastra de madeira.
- Espera! Banheiro. – Ele disse, correndo para outro lado e a menina parou, rindo.
O garoto sumiu pelo corredor do banheiro e foi para a entrada da atração dos coalas para pegar a mochila preta dele e a roxa dela, colocando as suas nas costas antes de voltar para onde estava com Danny. Não demorou muito para ele aparecer com seus cabelos cacheados para cima.
- Tudo certo? – Ela perguntou e ele sacudiu a mão molhada perto dela. – Ai, para!
- Eu nunca mais venho no zoológico, sério! – Ele disse firme.
- Ah, qual é, Danny, não foi tão mal! – Ela estendeu a mochila para ele.
- O canguru me mordeu, o coala fez cocô em mim, pelo menos a girafa mordeu sua trança, não eu. – gargalhou enquanto ele colocava a mochila nas costas.
- Eles gostaram de você, poxa. – Ela deu de ombros. – Mas não é como se você tivesse muita escolha, a gente precisa entregar o trabalho sobre isso.
- Ah, que horas são? – Ele perguntou e a menina olhou em um relógio na parede.
- 14:53.
- A gente tem até as quatro para entregar isso, não é melhor...
- Claro! Vamos na praça de alimentação, a gente almoça e faz. – Ela disse.
- Lesgo-o-o-o! – Ele disse, animado e ambos saíram correndo pelas ruas do zoológico.
Quando eles se aproximaram da praça de alimentação, eles se sentaram em uma das diversas mesas de madeira ali e Danny pegou o dinheiro de ambos e foi até a lanchonete pegar comida para eles. Enquanto isso, pegou seu caderno de “Os 101 Dálmatas”, abrindo em uma folha vazia e escrevendo o título do trabalho e os nomes de ambos.
- Eu pedi picles no seu. – Danny voltou com uma bandeja, colocando no meio da mesa e nela continha dois cachorros-quentes com vários condimentos australianos, além de dois copos de refrigerante e dois sacos de batata chips.
- Obrigado. – Ela disse, pegando o copo do refrigerante e dando um gole nele. – O dinheiro deu?
- Sim, sobrou uns 18 dólares ainda. – Ele disse enquanto ela escrevia “Dia no Zoológico” além dos nomes e sobrenomes de ambos. – E você escreveu meu sobrenome errado de novo... – Danny cantarolou ao ver o papel.
- Ah, droga! – Ela disse, irritada, pegando a borracha e passando com força no papel.
- Não sei qual a dificuldade...
- A dificuldade é que seu nome possui dois “Cs” e um “I” no meio do caminho. Qual o sentido de ter essas duas letras se a gente não fala elas? – perguntou, irritada.
- Na Itália eles falam. – Ele deu de ombros, vendo-a escrever o “Ricciardo” corretamente agora. – Agora sim!
- Vou começar a te chamar de “Ritchiardo” agora. É assim, não?
- No italiano é, mas aqui ninguém fala assim. – Ele gargalhou. – Mas está tudo certo, já esqueci alguns “Ds” do seu nome também.
- No trabalho de inglês ainda. – Ela gargalhou, fazendo-o sorrir.
- Ninguém faz milagre. – Ele deu de ombros.
- Ah, “Ritchiardo”, “Ritchiardo”, de quem foi a ideia de falar “Ricardo”? – Ela o zoou, fazendo-o rir e entregou a folha para ele. – Você escreva, sua letra é mais bonita.
- “Como foi meu dia no zoológico? Um canguru me mordeu, o coala fez cocô na minha mão e a girafa tentou comer o cabelo da ... Fora isso, foi demais!” – Ele falou sarcasticamente, fazendo-a rir.
- Eu não poderia fazer melhor. – Ela deu de ombros, pegando o cachorro-quente e dando uma mordida.
- Quantas linhas precisa ter nisso? – Ele perguntou.
- 20. – Ela suspirou.
- Será que rola aumentar a letra? – Ele perguntou, rindo.
- Talvez... – Eles sorriram juntos e ele espirrou forte. – Saúde!
- Oh, caramba! – Ele disse e lhe esticou um guardanapo.
- Alergia? – Ela perguntou.
- Pólen*. – Ele suspirou, erguendo os olhos para cima.
- Achei que tinha passado.
- Não... – Ele disse passando o guardanapo nos olhos que lacrimejavam. – Tem muito aqui!
- Seu antialérgico está aí? – Ela perguntou.
- Não, nem trouxe, é forte demais, eu ia ficar largado. – Ela concordou com a cabeça antes de ele espirrar novamente. – Ah, caramba! – Ele suspirou.
- Quer que eu ligue para sua mãe? – perguntou.
- Não, é só rinite, está tudo bem. – Ele disse e ela assentiu com a cabeça.
- Se tiver algo que eu possa fazer para te ajudar...
- Valeu, , está tudo bem. Logo passa. – Ele disse suspirando. – Só quero parar de chorar.
- Logo passa! – Ela o imitou, fazendo ambos rirem.
*Daniel tem rinite atacada por pólen, como mostrado em um vídeo da McLaren na corrida de Silverstone em 2021.
Fazia muitas horas que eu estava acordada, mas não tive coragem de sair da cama e nem do quarto depois do que teve no fim da tarde de ontem. Eu ouvi Danny se levantando, depois Michael e Blake, então alguém veio espiar se eu estava dormindo – o qual coloquei minhas aulas de atuação no ensino médio para jogo ao fingir que estava dormindo – e fazia pouco mais de uma hora que o quarto estava vazio novamente.
Acabei vindo para o hotel depois da crise ridícula de ciúmes de Danny. Que merda aconteceu? O que ele estava pensando? Não posso mais conversar com ninguém, não? Não me importa há quantos anos somos amigos, ele não tem direito de ficar tendo essas crises de ciúmes por algo que nem existe! Não é minha culpa se os colegas de trabalho dele são lindos, simpáticos e parecem gostar de mim.
Ele até veio atrás de mim quando chegou, mas também fingi que estava dormindo. Ele se sentou ao meu lado na cama, fez carinho em minha cabeça, pediu desculpas e saiu. Isso fez meu coração apertar de uma forma estranha e algumas lágrimas escaparam de meus olhos. Já brigamos antes, mas isso nunca tinha acontecido comigo. Tinha algo acontecendo e podia sentir isso pelos sinais de meu corpo.
Parece que eu estou mais perdida agora do que antes de vir com ele.
Fui criar coragem para me levantar da cama quase meio-dia, tinha medo de eles estarem quietos na antessala me esperando, então esperei que a coletiva pós-FP1 começasse para me levantar. Também estava com fome, os tangyuan haviam sido a última coisa que eu comi antes de me esconder aqui.
Pior que eu sei que tenho que ir no paddock, ainda sou contratada da Red Bull e ainda preciso comparecer ao meu “trabalho”. Talvez essa ideia de Danny tinha sido um tanto louca demais, mas ninguém esperava que ele fosse agir como um amigo ciumento e possessivo, né?!
Isso me faz pensar se eu tinha agido como a amiga ciumenta e possessiva nas duas vezes que ele namorou a Jemma. Mas acho que nunca fui ciumenta assim. Nunca gostei dela e ele bem sabia disso, por causa de uns problemas na escola. Talvez desse um pouco de tratamento de silêncio ou fingia que ela não estava lá, mas não fazia esse drama todo com algo que não existia. Nos afastamos da primeira vez por culpa dele, mas da segunda vez eu engoli o orgulho, apostando na felicidade do meu amigo, e foi isso. A vantagem do último ano é que eu o via menos, então passava pouco tempo com eles.
Agora... Parece que passar tanto tempo assim com Danny estavam bagunçando um pouco as coisas.
Consegui sair do hotel depois de tomar banho e me arrumar com o tradicional uniforme da Red Bull. O tempo em Xangai estava fechado com bastante nuvens, então coloquei a calça jeans junto da blusa e o casaco do Red Bull, além do All-Star de guerra. Como eles já tinham ido, peguei um táxi para o circuito, mas demorou quase uma hora para chegar devido à distância do Four Seasons até o circuito. Ainda bem que tinha alguns renminbi* na carteira.
Chegando ao circuito, o paddock estava vazio e, pelo barulho, imaginei que estivesse acontecendo o FP2, então segui em direção a garagem da RBR, respirando fundo antes de passar pela entrada traseira. O pessoal estava todo concentrado nas televisões distribuídas pela garagem. Pelo contador em regressiva, tinha menos de 15 minutos para o treino acabar.
- Alguém resolveu aparecer. – Virei para o lado, vendo Maria.
- Ei. – Falei, desviando o olhar para televisão.
- Tudo bem? – Ela perguntou e virei o rosto.
- Tudo ótimo. – Falei, cruzando os braços.
- Está tudo bem entre você e o Daniel? – Ela perguntou e suspirei.
- Se você precisa perguntar, imagino que saiba a resposta. – Virei para ela, dando um sorriso sarcástico.
- Ele não estava bem ontem e nem hoje pela manhã...
- Ao menos não fui a única. – Falei, rindo fracamente.
- Você não está entendendo as consequências que isso pode causar, não é?! – Ela falou e ergui a sobrancelha.
- Ele foi mal no treino hoje pela manhã? – Perguntei.
- Quarto melhor tempo e quinto agora. – Ri fracamente.
- Ele bateu? – Perguntei.
- Não...
- Então, por que você está fazendo esse tipo de pergunta para mim? – Virei para ela, encarando-a. – Quem fez merda foi ele. Ele que cuide de suas responsabilidades. – Desencostei da parede, andando em direção a Michael, me encostando na bancada de telemetria.
- Ei, Bela Adormecida. – Ele disse, me abraçando pelos ombros.
- Ei, Mike. – Suspirei.
- Como está? – Ele perguntou.
- Eu estou bem. – Suspirei.
- Posso perguntar sobre ontem? – Engoli em seco.
- Até pode, mas confesso que não tenho a mínima ideia do que aconteceu. – Neguei com a cabeça. – Ele nunca agiu assim.
- Ele também não entendeu o que houve. – Suspirei. – Talvez ele não esteja bem...
- Algo aconteceu? – Virei para Michael.
- Não que eu saiba. – Ele deu de ombros. – Ele não comentou nada. – Ele virou para mim. – De verdade! Vocês já tiveram brigas, mas nada assim... – Engoli em seco.
- Você acha que é caso de eu ir embora e...
- Pelo amor, . Também não é para tanto! – Ele revirou os olhos. – Deve ser só a proximidade que vocês não estão acostumados. Até eu e ele temos algumas brigas de vez em quando. – Ele disse.
- Mas a gente fica colado nas férias... – Minha voz sumiu com o barulho do carro e Michael aproximou o rosto de meu ouvido.
- Mas nunca 24 horas por dia, sete dias por semana, 30 dias no mês. – Suspirei, vendo-o se afastar e apertei os dedos na orelha quando um carro parou em frente à garagem e vi a equipe de Kvyat sair para trazer o carro para dentro. – Ele está chegando, e quer ver você. – Suspirei.
- Como ele ficou? – Mordi meu lábio inferior.
- Você sabe como ele fica quando te chateia. – Ele deu de ombros. – Acho que ele ficou no seu quarto umas duas horas de madrugada, não sei se dormiu lá ou se dormiu no geral... – Suspirei.
- Modo Daniel chateado ativado. – Falei antes de levar os dedos aos ouvidos, apertando-os quando o segundo carro da Red Bull apareceu na garagem e suspirei. É agora!
Os mecânicos trouxeram o carro para dentro de ré e pressionei os lábios ao ver Danny se livrar do volante, da parte de cima do carro, depois deslizar os ombros para fora do carro, e pular para fora dele. Ele se livrou do HANS, entregando para um dos engenheiros e se virou em minha direção.
Eu mal conseguia ver pela fresta da viseira, mas meu corpo travou pelos seus movimentos. Ele puxou o capacete da cabeça e logo depois a balaclava, fazendo seus cabelos suados deslizarem pela sua cabeça. Meus olhos foram diretos para seus lábios entreabertos e precisei pressionar meus lábios uns no outro, engolindo em seco. Ele puxou os fones das orelhas e deu um curto sorriso para mim antes de virar para seu engenheiro.
Meu corpo estava estranho, aquela sensação estranha na boca do estômago tinha voltado e eu me sentia perdida. Que diabos estava acontecendo comigo? Por que diabos eu estava olhando para boca de Danny e achando aquilo extremamente sexy? E essa sensação estranha na barriga? Essa vontade de vomitar misturada com um borbulhamento estranho? Deus!
- Eu vou esperar no paddock. – Cochichei para Michael, deslizando meu corpo para fora da garagem, sentindo a respiração sair mais forte.
*Renminbi é a moeda chinesa.
- Só seja legal com ela, por favor. – Blake disse.
- Não fala besteira. – Michael disse em seguida.
- Caras, eu sei o que fazer! – Falei firme. – Isso é entre mim e ela.
- Ok, mas acho que você deveria saber que ela mencionou sobre ir embora e... – Bufei para cima.
- Ela não vai embora! Está decidido já! – Falei firme.
- Talvez até seja melhor ela ir embora, se vocês dois continuarem de graça. – Virei para Maria, que olhava desanimada para mim.
- Meus problemas pessoais resolvo eu, Maria. Se um dia afetar meu desempenho, aí você pode falar algo. – Suspirei, passando as mãos nos cabelos. – Agora eu gostaria que vocês me deixassem resolver isso sozinho. – Virei para eles. – Posso? – Coloquei o boné em minha cabeça.
- À vontade! – Maria disse, erguendo os braços.
- A gente se encontra depois. – Michael deu dois tapinhas em minhas costas e ele e Blake seguiram para o outro lado.
Suspirei antes de sair pelo paddock, vendo-o um pouco mais cheio agora no final dos treinos de sexta-feira. Atravessei pelo mesmo até chegar no motorhome da RBR e entrei devagar, procurando por . Passei por algumas pessoas, dando rápidos cumprimentos, entrando na área do restaurante.
Sorri ao encontrá-la em uma mesa no canto da cantina e pressionei os lábios, andando rapidamente em sua direção. Ela ergueu o rosto quando me aproximei e parei em diagonal à mesa, vendo-a dar um curto sorriso com os lábios pressionados. Ela deixou os talheres em seu prato antes de se levantar.
- Me desculpe... – Falei e ela me abraçou fortemente, me fazendo suspirar e passei meus braços pela sua cintura, apoiando o queixo em seu ombro. – Me desculpe, eu fui um idiota.
- Xi... – Ela pediu, próximo a meu ouvido e fechei os olhos, aproveitando seu abraço.
- Eu preciso dizer... Eu não sei o que aconteceu, eu fui um completo idiota. – Ela afrouxou os braços, mantendo-os em meus ombros e pude olhar em seus olhos. – Eu passei dos limites.
- Um pouco... – Ela disse e suspirei, segurando seu rosto. – Não somos assim, Danny.
- Eu sei, não somos. – Suspirei, olhando em seus olhos. – Me desculpe, de verdade. Se você quiser namorar Nando ou qualquer outro piloto, eu deixo... – Senti um gosto ruim na boca com aquelas palavras, mas ela gargalhou, dando um tapinha em meu ombro.
- Eu não quero, Danny! – Ela negou com a cabeça. – É esse o problema. – Suspirei.
- Vamos sentar... – Falei, indicando a mesa e me sentei na cadeira à sua frente.
- Eu quero uma agitação na minha vida, mas não assim. – Ela suspirou, apoiando as mãos na mesa. – Se for para ter só uma noite divertida, não preciso afetar sua amizade com ninguém daqui de dentro. – Segurei sua mão na mesa. – Mas também não dá para eu fechar os olhos e fingir que não estou aqui...
- Eu sei, eu sei... – Suspirei. – Me desculpe! Eu sei que fiz merda. Não vou fazer isso de novo, prometo. – Ela assentiu com a cabeça.
- E a culpa é toda sua. – Arregalei os olhos.
- Minha?
- É! Você que fica falando de mim para os seus amigos, aí dá nisso. – Ri fracamente.
- Não é minha culpa que eu tenho uma amiga incrível. – Ela sorriu.
- Não mesmo. – Rimos juntos e entrelacei nossos dedos, engolindo em seco com a sensação estranha. – Eu só... Me desculpe, de verdade.
- Está tudo bem. – Ela disse e assenti com a cabeça, suspirando. – Acho que já passamos por coisas piores para nossa amizade acabar agora.
- Estamos juntos pelo resto da vida. – Ela sorriu.
- Espero que sim. – Ela suspirou. – Eu te amo, Danny, você não é... – A voz de sumiu com a batida mais forte em meu peito, meus olhos passaram dos seus para seu nariz, depois seus lábios se movendo e engoli em seco. Que mer... – Danny? – Ela estalou os dedos em minha frente.
- Desculpe. – Sacudi a cabeça. – Ouvindo zumbindo. – Ela assentiu com a cabeça pela desculpa plausível.
- Como foram os treinos? – Ela soltou minhas mãos, fazendo meu corpo murchar na cadeira.
- Foi ok. – Falei, vendo-a voltar a comer o macarrão. – Quarto melhor tempo de manhã, quinto melhor tempo de agora, vamos ver como vão ser as classificatórias amanhã. – Dei de ombros.
- E os outros? – Ela perguntou.
- Massa e Lewis rodaram, Rosbeg deixou o treino por causa da unidade de energia, Gutierrez teve problemas nos freios...
- Nossa, dia de azar, é?!
- Chuva! – Falei, suspirando. – E o Magnussen quebrou a suspenção e bateu.
- Ele está bem? – Ela perguntou rapidamente.
- Sim, está tudo bem. – Falei, usando as mãos para acalmá-la.
- Você tem mais algum compromisso? – Ela perguntou.
- Não, estou livre. Só falta me trocar. – Abri o botão do macacão. – Já fiz entrevista, reunião, estou livre. – Ela assentiu com a cabeça. – Podemos sair mais tarde, se você quiser...
- Acho que com esse tempo, prefiro ficar vendo nosso filme. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Vou poder cantar para você? – Brinquei e ela riu fracamente.
- Precisa mesmo? – Ela fez uma careta fofa e sorri com ela.
- Precisa. – Falei e ela riu fracamente. – Tudo para fazer você se sentir bem.
- Eu estou bem. Prometo! – Sorri com ela.
- Bom saber. – Suspirei. – Se eu for um idiota de novo, pode me bater, tá? Mas não me dá tratamento de silêncio.
- Oh, agora eu gostei! – Ela abriu um largo sorriso. – Você prefere um soco de mão fechada no rosto ou um chute lá embaixo? – Fiz uma careta.
- Ah, cara! Também não precisa abusar, né?! – Falei, fazendo-a gargalhar. – Eu preciso dos dois para conquistar as mulheres. – Sua risada ficou mais alta.
- Não sabia que precisava do seu pênis para conquistar alguém, mas, ei, eu não namoro há anos, vai ver as coisas atualizaram e eu não estou sabendo. – Gargalhamos juntos e ela sorriu em seguida. – Vamos esperar que eu não precise escolher, pode ser?
- Sim. – Sorri. – Combinado. – Sorri, vendo-a desviar para seu prato novamente.
- Começou! – Ouvi a voz de Simon.
- Daniel! A contagem começou. – Falei, batendo algumas vezes na porta do banheiro antes de ele abrir novamente.
- Desculpe! Emergência. – Ele disse, puxando o zíper central do macacão e levei minhas mãos para o velcro no topo e ele ergueu o rosto para eu fechar.
- Agora vai! – Empurrei-o pelo ombro.
- Não ganho um abraço? – Ele disse, rindo.
- Ah, um abraço! – Abracei-o rapidamente, ouvindo-o rir. – Agora vai! – Empurrei-o pelo corredor e ele foi a passos rápidos para a garagem. – E boa sorte. – Suspirei a última parte.
- Bandeira vermelha! – Ouvi e franzi a testa, seguindo rapidamente até a garagem, me juntando aos meninos.
- O que aconteceu? – Perguntei.
- Wehrlein perdeu o controle. – Blake disse e pressionei os lábios. Pista molhada. O tempo estava igual ontem, uma chuva fina, mas frequente, que caía desde cedo. Outros deslizes e derrapadas aconteceram no treino. Esperava que desse tudo certo para Danny.
Olhei para ele, vendo-o trocar duas palavras com seu engenheiro antes de seguir para dentro do cockpit. Mordi meu lábio inferior ao observar seu corpo com o macacão de classificação da Red Bull, em um azul escuro sem os desenhos mais claros e Danny sumiu dentro do carro. Lhe foi passado a balaclava, protetor bucal, capacete e luvas antes de ele encaixar o volante. Brad o ajudou com o cinto e Danny estava pronto.
O relógio estava parado em 14:38. Tinha passado menos de dois minutos da Q1 até isso acontecer. Ao menos o piloto não se machucou, só relou na lateral e o carro deu problema, provavelmente na unidade de energia. Tive minha experiência com Danny há alguns anos, mas nunca estive envolvida nas reuniões e afins, agora era bom ter esse conhecimento.
Durante a bandeira vermelha, Danny e os engenheiros aproveitaram para fazer os últimos ajustes no carro. Ele precisa estar perfeito. Fazia muito tempo do último pódio dele, um segundo lugar em Singapura, talvez isso o motivasse. Ao menos eles alteraram a forma de classificatória e os carros não seriam mais eliminados durante a classificatória, todos fariam dois tempos e os piores tempos seriam eliminados.
Demorou mais de 15 minutos para que terminassem de limpar o vazamento de óleo da pista, mas quando liberaram novamente, Gutierrez foi o primeiro a sair da garagem, depois Button e Alonso.
Danny foi sair da garagem faltando seis minutos para a Q1 terminar, junto de Raikkonen. E ele só conseguiu computar seu primeiro tempo dois minutos depois, mantendo o padrão do FP1 com o quarto melhor tempo de 1:37:672. Kvyat pegou o terceiro com 1:37:719. Danny voltou para os boxes depois disso para esperar os últimos segundos da Q1 acabar. Com isso, ele acabou caindo para sexto na classificatória. Haryanto, Palmer, Gutierrez e Magnussen, além de Hamilton e Wehrlein que não conseguiram computar tempos, foram eliminados na primeira fase.
Para a Q2, Danny saiu faltando uns oito minutos para acabar e conseguiu o segundo melhor tempo de cara com 1:36:815, me fazendo comemorar com aplausos junto do pessoal dentro da garagem. Danny acabou voltando para a garagem nos minutos finais, caindo para quarto lugar da segunda classificação.
Faltando pouco mais de um minuto e meio para finalizar, Hulkenberg acabou perdendo sua roda dianteira esquerda e tivemos outra bandeira vermelha. Confesso que essa era a parte que mais me irritava no esporte. É importante para a segurança deles, mas era só uma roda, não precisa de bandeira vermelha. Por faltar pouco mais de um minuto, eles encerraram a Q2 mais cedo, então Nasr, Ericsson, Grosjean, Button, Alonso e Massa, ficaram de fora da Q3.
Rosberg, Bottas e Perez foram os primeiros a serem liberados para a Q3, Danny foi logo atrás, já começando a fazer sua volta, ficando em segundo lugar de cara, logo atrás de Rosberg, com 1:36:423. Pena que logo Raikkonen veio e pegou o primeiro lugar de Rosberg, colocando Danny em terceiro.
Os minutos finais começaram a ficar apertados. Bottas conseguiu passar o tempo de Danny, depois Rosberg pegou o de Raikkonen, mas Danny conseguiu melhorar seu tempo também, jogando-o para segundo lugar.
- ISSO! – Gritei, animada, aplaudindo junto de sua equipe.
- Segundo! – Ouvi a voz animada de Danny. – Eu tenho muita carta na manga, galera! – Sorri com suas palavras, acompanhando o carro dele seguir para a parte dos melhores classificados até a garagem da FIA no começo do pit lane.
É um bom começo para uma corrida sensacional amanhã! Que Deus me ouça e que Danny esteja empolgado.
Os repórteres foram atrás de Christian no pit wall e comentaram sobre o corte de cabelo de Danny. Na verdade, estavam comentando sobre esse cabelo desde que ele chegou aqui. Christian comentou que falou para Danny que, se ele ganhar, vai ter que manter esse cabelo pelo resto do ano e que Grace o mataria por isso. Por que todo mundo estava odiando o cabelo? Estava ruim antes, agora ele está gato para caralho!
Fui eu quem disse isso?
É, foi... Eu estou ferrada!
Os mecânicos arrumaram a área do Kvyat e dei um aceno para ele quando ele passou enquanto esperava as informações da coletiva em umas das televisões. Não sabia se podia ir lá, mas como nenhum mecânico foi, nem Michael, eu fiquei aqui esperando, como se eu realmente fosse uma trabalhadora da Red Bull.
- Daniel, você teve que se esforçar no final, sua segunda vez na primeira fila aqui na China, de onde isso veio? – Sorri com a pergunta do repórter.
- Não tenho certeza. – Danny disse, rindo. – Para ser honesto, não acho que começamos na melhor posição hoje, com o balanceamento do carro, não parecia que seria uma boa corrida, mas na Q3 acabamos encontrando mais velocidade. Os pneus super macios são difíceis de controlar, ele fica macio demais conforme a volta vai acontecendo, mas comigo repassando para os engenheiros e eles fazendo as melhorias na pressão e na asa dianteira... É muito incrível, não esperávamos isso hoje.
Sorri com Danny na imagem, me fazendo suspirar. Cara, ele está gato! Danny está muito gato. QUE MERDA ESTÁ ACONTECENDO COMIGO? Eu não podia estar com uma queda em Danny? Podia? Isso já aconteceu antes, há uns 13 anos, mas tinha toda questão do nosso primeiro beijo e afins, e ele nem era tão bonito quanto antes, mas...
- O que está acontecendo comigo? – Minha voz saiu baixa.
- O quê? – Virei para Michael. – Está tudo bem? Parece que viu um fantasma.
- Acho que eu vi. – Suspirei. – Eu vou dar uma lavada no rosto, já volto.
- Ok, vai... – Sua voz ficou perdida quando saí correndo pelos corredores da garagem.
Daniel
Ouvi meu despertador tocar e inclinei meu corpo para desligar. Fazia alguns minutos que eu estava acordado, acabamos não dormindo muito tarde. tinha que terminar algumas revisões e se trancou no quarto. Eu não podia beber e nem comer muito por causa da corrida hoje, então acabei perdendo algum tempo vendo alguma coisa no Netflix antes de dormir com a televisão ligada.
Saí da cama e fui para o banheiro com a preguiça de sempre, mas um banho gelado me acordou com mais rapidez. Saí do box com a toalha enrolada na cintura e me encarei no espelho, bagunçando os cabelos, vendo algumas gotas pararem no espelho e ri fracamente. Todo mundo estava falando do cabelo, minha mãe já tinha me xingado para caramba, o pessoal da equipe fazia apostas se me daria sorte ou não, mas parece que tinha gostado, então talvez eu deixasse assim até crescer mais um pouco.
Escovei os dentes, sequei o corpo e os cabelos antes de voltar para o quarto. Passei desodorante, depois meu La Baie 19*, coloquei uma boxer, uma bermuda de tactel e uma camiseta larga. Pendurei a toalha de volta no banheiro e calcei os chinelos pelo meio do caminho antes de sair do quarto, vendo que tudo estava quieto ainda.
Suspirei, dando uma olhada pelas frestas das portas e vi luz saindo pela de , então abri a porta devagar e pressionei os lábios quando vi que era só a cortina que estava aberta. Entrei devagar, encostando a porta devagar e me aproximei da cama, vendo a luz bater em seu rosto e puxei a cortina, observando o dia ensolarado lá embaixo e sabia que seria uma bagunça pela estratégia de ontem. Teríamos que mudar tudo.
Voltei para perto da cama e me sentei na beirada. Ela estava virada para mim, com uma mão embaixo do travesseiro e a outra ao lado do corpo. Meus olhos passaram pelo seu corpo, pela camiseta larga preta e o moletom vermelho, levei a mão até seu rosto, acariciando devagar sua bochecha com as costas do indicador.
Não era a primeira vez que eu vinha aqui logo que acordava ou que ficava observando-a dormir, isso me dava uma calma estranha. Era uma sensação gostosa, mas eu me sentia verdadeiramente perdido com tudo. É . Por que meu coração está querendo sair do peito quando ela sorri ou ri? O que está acontecendo comigo? Eu não conheço esse caminho que eu estou entrando, ele é escuro, cheio de buracos e eu provavelmente estou com um conjunto de pneus ferrados.
Eu não posso estar apai...
Eu não posso...
Eu...
Merda!
Puxei a respiração fortemente, sentindo aquele tradicional cheiro de baunilha* e dei um curto sorriso. Baunilha sempre foi um dos meus cheiros favoritos, depois do cheiro de gasolina e pneu queimado, e sabia que isso vinha do perfume de . Ela o usava desde o ensino médio e, por termos passado alguns anos afastados na escola, acabou se tornando o meu cheiro favorito, além de tudo o que passamos juntos. Mas estar sentindo o que é que eu estou sentindo por ela, parece fazer esse cheio ser o melhor do mundo.
Me assustei com o barulho de seu despertador e pulei da cama, vendo se mexer e olhei um tanto desesperado em volta sem saber para onde ir e minha cabeça funcionou bem mais devagar enquanto ela se girava na cama e tateava a mesa de cabeceira até desligar o barulho. Eu teria que ser o idiota de sempre.
Eu estou ferrado.
- VAMOS LEVANTAR! – Gritei, pulando ao seu lado.
- Ah, merda! Danny! – Ela se assustou, puxando a coberta para cima.
- VAMOS ACORDAR! É DIA DE CORRIDA!
- AH, DANNY! – Ela falou mais alto, puxando a coberta até a cabeça.
- VAMOS LEVANTAR! – Comecei a fazer cócegas em seu corpo.
- DANNY! – Ela gritou no meio das risadas, tentando brigar contra minhas mãos e as mexia com pressa em sua barriga. – DANIEL! PARA! – Ela pulava na cama, puxando minhas mãos e procurava outro lugar para fazer cócegas. – DANIEL! – Suas risadas ficaram mais como gritos e parei antes que ela começasse a soluçar.
- Ok, parei! Dramática. – Falei, relaxando meu corpo na cama. – Quando eu... – Parei minha frase no meio do caminho. Por algum motivo eu não consegui fazer a piada de mulheres gritando pelo meu nome e, por outro motivo, eu queria ouvi-la gritando meu nome de outra forma.
Que merda está acontecendo, Daniel? MERDA!
- Ah, Danny, o que está fazendo aqui? – disse com a voz sonolenta, virando para meu lado, cobrindo o rosto com a coberta. – Não se acorda ninguém assim.
- Achei que você poderia se empolgar um pouco, está ensolarado lá fora. – Falei aleatório, sentindo minha cabeça ferver com o pensamento que passou pela cabeça agora.
- Ah, que legal! – Ela disse, sonolenta, apoiando a cabeça em minha coxa e meu corpo travou. – Me dá mais uns minutos.
- Por quê? Você não colocou o despertador, não? – Minha voz saiu mais rápida que o normal.
- Coloquei, mas acho que foi cedo demais. – Ela disse baixo e engoli em seco. – Você já treinou?
- Ainda não. – Falei, sentindo minha mão descer para sua cabeça.
- Michael quer que eu faça alguma coisa, mas é domingo... – Ela suspirou. – Eu mereço um descanso. – Sorri.
- É... Você merece. – Passei a mão entre seus cabelos, tirando as mechas de seu rosto. – Eu fico mais um pouquinho contigo, tá?
- Uhum... – Ela resmungou e suspirei.
- Eu estou ferrado. – Sussurrei.
*Perfume que Daniel disse que leva em viagens, ele disso nisso em um vídeo da GQ Sports.
*Daniel disse em dos "Red Bull on the Sofa" que um de seus cheiros favoritos é baunilha.
- Tenta abusar do lado direito. – Falei, sentindo Danny colocar o boné em minha cabeça.
- Eu vou. – Ele disse e me entregou seu iPod. – A pista está um pouco molhada ainda, mas logo seca.
- Está muito quente. – Falei, colocando seu iPod no bolso de trás da calça. – Boa sorte, ok?!
- Como se fala? – Ele brincou e ri fracamente.
- Arrasa, tigrão. – Falei, sentindo minhas bochechas esquentarem por isso, mas ele sorriu.
- Eu vou... – Ele me abraçou fortemente e suspirei, deixando minhas mãos descerem pelas suas costas. – Te vejo na linha de chegada.
- Espero mesmo. – Falei, me afastando dele devagar. – Agora vai! – Empurrei-o de leve, me afastando para o gramado.
Danny foi para dentro do cockpit, começando a colocar o fone do rádio e o protetor bucal, depois seguiu para a tradicional balaclava, capacete e luvas. Me afastei alguns passos para não atrapalhar seus engenheiros e os carros foram sendo ligados um a um, deixando minhas orelhas zumbindo por alguns segundos.
- Checagem de rádio. – Ouvi Simon.
- Sim, tudo ok. Parece um belo dia para correr, não acham? – Ri fracamente.
- Vamos lá, garoto! – Simon disse e suspirei.
As luzes da volta de apresentação se apagaram e segui rapidamente com os engenheiros de volta para a garagem, vendo o restante dos mecânicos empurrarem as coisas para dentro. Me aproximei de Michael e Blake, arranjando um canto perto do bar e dei um toquinho de punho em Michael e outro em Blake.
- Pronto? – Michael perguntou.
- Sim, vamos lá! – Suspirei, cruzando os braços, olhando para a televisão mais próxima, vendo os carros se alinharem no grid e as luzes já se acendiam uma a uma. Aproveitei os segundos para fazer um sinal da cruz.
Quando as luzes se apagaram e os carros largaram, uma gritaria gigante começou na garagem, porque Danny conseguiu sair à frente de Rosberg e pegar a liderança de cara, mas uma batida entre as duas Ferrari fez os gritos se tornarem apreensão, mas os carros seguiram para a segunda e terceira curva e, pelo jeito, os carros estavam bem, pois nenhuma bandeira foi sinalizada. A empolgação da equipe era maior ao perceber que Kvyat estava em terceiro lugar.
- Vamos, garotos! – Suspirei, apertando minha mão.
Kimi, Hamilton e Grosjean precisaram voltar para os pits para trocar a asa dianteira devido à bagunça, não sabia que Lewis e Romain estavam no meio da bagunça, mas todos estavam de volta à pista.
Depois de três voltas, Danny continuava liderando, mas tinha um pequeno problema sobre liderar uma corrida, você só conseguia mudar de posição se fosse ficar para trás, e Rosberg parecia vir com pressa, ficando a meio segundo atrás de Danny. Era muito apertado.
Como se alguém realmente ouvisse meus pensamentos, Rosberg aproveitou o DRS habilitado e ultrapassou Danny pela direita com muita facilidade. E antes de alguém falar algo no rádio, vi o pneu de Danny literalmente sair voando pelos ares.
- Merda! – Suspirei, apertando a mão de Michael ao meu lado.
- Gente... – Danny falou no rádio enquanto Kvyat o passava. – Perdi um pneu.
- Box agora, Daniel! Box! – Suspirei.
- Que merda! – Sussurrei, acompanhando Danny em direção aos boxes.
Eles fizeram a troca e Danny saiu com pressa do pit stop. Quando ele voltou para a pista, ele estava em décimo oitavo. Que merda! Para piorar tudo, o safety car foi liberado segundos depois, então vários carros voltaram para os boxes para fazer a troca de pneus. Danny agora voltava com pneus macios.
Enquanto o safety car estava na pista, os replays foram passados na televisão e mostraram a batida de Vettel em Kimi, depois Nasr em Hamilton. Nada como um começo tumultuado de corrida para esquentar minha cabeça. Danny conseguiu uma posição pela ida aos boxes de vários carros, mas o clima dentro da garagem não era do mais amigável.
Minha cabeça seguiu para hoje de manhã quando eu acordei e me vi deitada na coxa de Danny. De início fiquei confusa de onde eu estava, mas reconheci a tatuagem do barco com a frase “no regrets, only memories” e levantei correndo da cama em susto. Ele também tinha adormecido de novo depois da crise de cócegas logo cedo.
Isso já aconteceu antes, mas, por algum motivo, eu me senti incomodada, como se fosse algo proibido. Como se fosse algo com um significado diferente. Como se eu quisesse que tivesse um significado diferente. Minha cabeça estava fervendo muito. Eu não podia gostar de Danny. Isso não podia acontecer com a gente. Com uma amizade tão longa quanto a nossa, não tem futuro um relacionamento.
Relacionamento? Oh, meu Deus! Eu já estou pensando em ficar com Danny, namorar e... MEU DEUS! Cala a boca, ! Fica quieta, pensamento da ! Por favor! Não dificulta as coisas mais do que já estão.
Eu só não entendia por que isso nunca tinha acontecido antes, somos amigos há tantos anos e mesmo com todos os altos e baixos, todas as investidas de nossos familiares de fazer isso acontecer, nunca aconteceu. E VAI ACONTECER JUSTO AGORA? Não, não, não!
O safety car saiu da pista somente na décima volta, mas Danny conseguiu ultrapassar Magnussen e Ericssen em literalmente dois segundos. Depois ele passou Hulkemberg e Palmer, ficando em décimo terceiro lugar.
Merda! Danny é talentoso para caramba.
Na décima terceira volta, ele passou Hamilton, Gutierrez e ficou com o décimo primeiro lugar. Enquanto Danny tentava cortar todos os pilotos e tentar recuperar o primeiro lugar, Kvyat havia passado Massa e ocupava o segundo lugar agora. Ao menos alguém estava tendo um bom dia.
Danny subiu para décimo na décima quinta volta, agora ele já estava dentro da zona de pontuação, mas ele merecia o pódio, especialmente depois daquele começo incrível. Na décima sétima volta, ele ultrapassou Hamilton – novamente – e Alonso foi para os pits, abrindo espaço para Danny chegar em oitavo. Vettel foi para o pit stop e ele chegou em sétimo. Perez saiu e ele foi para sexto, mantendo a briga contra Hamilton pela posição.
Na vigésima volta, Danny veio para o pit stop para troca de pneus e saiu em décimo sexto lugar. Caralho! Agora é correr para recuperar o tempo perdido, mas tinha dois terços de corrida ainda para finalizar. Duas voltas depois, ele já brigava pelo décimo lugar contra Sainz, Alonso e Kimi, deixando-os para trás.
Depois de algumas passagens, ele estava em oitavo, logo atrás de Bottas, mantendo posição. Na vigésima sétima volta, ele passou Button pela direita e caiu para sétimo. Na vigésima nona volta, com auxílio do DRS, ele passou Perez. Com a mudança de câmera nas televisões, lá pela trigésima segunda volta, ele já estava em quinto.
Após um deslize de Vettel, Danny estava de volta em segundo lugar, mas foi bem na mesma volta que ele fez seu terceiro pit stop, voltando para corrida em nono. Faltava pouco menos de 20 voltas e muita coisa podia acontecer aqui em Xangai. Talvez agora ele aguentasse até o fim da corrida sem parar.
Na quadragésima primeira volta, ele apareceu em sétimo, competindo contra Bottas pelo sexto lugar, aumentando a distância após passar. Talvez o pódio estivesse em aberto ainda e tenha esperança para ele conseguir o pódio que tínhamos esperança por ele largar em segundo lugar.
Na batalha pelo quarto lugar, estava Danny, Hamilton e Massa. Danny conseguiu fazer um movimento para ultrapassar Hamilton e ficou a meio segundo de Massa, enquanto Lewis continuava a meio segundo dele. Com sorte, a ultrapassagem dele em cima de Massa foi mais rápida do que Lewis nele.
- ISSO! – O pessoal comemorou, animado.
Estávamos em quarto com 12 voltas restantes. À frente dele, só Kvyat, Vettel e Rosberg. Apesar de tentar reduzir a distância dele para Kvyat, Danny não conseguiu e acabou finalizando uma corrida que tinha tudo para ser perfeito, em quarto lugar novamente. O quase foi qua-a-ase de novo. Mas dessa vez não era um quase legal, se não fosse o pneu furado na terceira volta, aposto que o final seria totalmente diferente.
Enquanto os mecânicos da Red Bull saíram correndo em direção ao pit wall para comemorar com Kvyat e depois em direção ao pódio em cima do box da FIA, abaixei o fone em minha orelha e segui por trás da garagem, saindo pela rua do paddock e fui correndo na direção do box da FIA. Era a terceira corrida e terceira vez que Danny batia na trave. Ele deveria estar muito bravo, especialmente pela estratégia errada usada no começo da corrida.
Ele foi o primeiro a sair do box da FIA abraçado ao capacete e cabisbaixo. Suspirei, sentindo meu peito apertar e desviei de algumas pessoas, acelerando o passo, vendo-o erguer o rosto com o barulho dos meus pés no chão e dei um curto sorriso antes de pular em seus ombros, abraçando-o apertado.
- ... – Ele suspirou, apertando meu corpo com os braços e seu capacete apertou em minha bunda. – Eu estou bem... Eu estou...
- Você não precisa ficar bem. – Apoiei minha cabeça na dele, ficando levemente na ponta dos pés. – Só saiba que estou aqui, ok?!
- É muito bom ter você aqui. – Ele sussurrou, apoiando a cabeça em meu ombro.
- Você fez algo incrível em terminar em quarto, Danny, de verdade. – Suspirei.
- Mas podia ter terminado em primeiro. – Ele se afastou devagar e passei as mãos em seu rosto, limpando um pouco do suor. – Seria minha melhor corrida em muito tempo... – Assenti com a cabeça.
- Podemos sempre tentar na próxima vez. – Dei um curto sorriso e ele assentiu com a cabeça, me abraçando pelo ombro e colando os lábios em minha testa, me fazendo suspirar. – Eu estou aqui, ok?!
- Eu sei! Até quando não estava. – Acariciei seu rosto, vendo seus olhos mais baixos.
- Me dá um sorriso. – Ele riu fracamente, dando um sorriso. – Assim que eu gosto. – Ele riu, me apertando mais perto de si.
- Daniel... – Virei o rosto, vendo Massa se aproximar. – Desculpe, cara! – Danny me soltou quando eles se cumprimentaram. – Vai dar certo na próxima vez.
- Obrigado, cara! – Danny falou e suspirei.
- Bom te ver, . – Sorri.
- Bom te ver também. – Trocamos dois rápidos beijos.
- A gente se vê! – Ele disse, dando dois tapinhas nos ombros de Daniel.
- Até mais! – Ele disse.
- Eu tenho que fazer entrevistas... – Danny disse.
- Ei, cara! – Virei para o lado, tentando parecer calma ao lado de Lewis Hamilton. – Desculpe pelo que houve! – Eles se abraçaram.
- Obrigado. Está ok! – Danny disse, recebendo dois tapinhas nas costas. – Esta é .
- Prazer te conhecer de verdade. – Ele me abraçou de lado e trocamos dois rápidos beijos.
- O prazer é meu. – Sorri e ele assentiu antes de sair. – Oh, meu Deus! – Falei, rindo.
- Você vai explodir. – Danny disse.
- Me desculpe, já conversamos sobre isso, mas é...
- É, eu sei, é o Hamilton. – Ele abanou a mão, me abraçando pelos ombros. – Agora vamos lá, eu preciso fazer umas entrevistas. – Ele suspirou. – Ao menos Kvyat pegou um pódio.
- É, o pessoal está feliz. – Suspirei.
- Acho que o último dele foi junto do meu na Hungria.
- Bom, agora ele conseguiu o dele de novo, falta o seu. – Falei e ele suspirou.
- Aqui vamos nós. – Ele disse e vi Maria no meio do paddock, me fazendo tirar o braço da cintura de Danny.
- Ele me chamou de torpedo! – Gargalhei.
- Como assim? – Tombei a cabeça para trás.
- No incidente no começo da corrida, ele chegou “você veio como se fosse um torpedo”. – Gargalhamos juntos.
- E o que você respondeu? – Perguntei.
- Que era corrida, ele queria que eu fosse devagar? – Rimos juntos. – Pena que você teve o acidente.
- Podia ser pior, cara. Real! – Balancei a cabeça.
- Eu sinto muito...
- Não, cara. – Falei para Dani. – Consegui recuperar, podia ser pior. Eu estou feliz por você, de verdade.
- Obrigado, cara! – Ele disse. – Precisamos fazer mais pelo campeonato de construtores.
- Nem fala! – Suspirei, passando as mãos molhadas no rosto. – Mas sempre tropeçamos no começo, a gente recupera logo.
- Esperamos! – Ele disse. – Ao menos você ainda está em terceiro lugar no campeonato, é legal...
- Sim! É! Tropeçando, mas estamos indo. – Rimos juntos.
- Daniil, precisamos de você. – O assessor dele apareceu na porta.
- Ok, estou indo. – Dani assentiu. – A gente se fala depois.
- É, claro! – Falei e demos um rápido toque antes de ele se levantar da banheira e sair.
Suspirei, tombando a cabeça para trás e abaixei o rosto na água, sentindo-o esquentar por alguns segundos antes de subir para a superfície novamente. Apoiei a cabeça na quina da banheira e fechei os olhos. Não demorou muito tempo até eu ouvir a porta se abrir e virei o rosto para o lado, vendo sair, abraçada ao casaco.
- Hora de sair! – Ela disse, me esticando uma toalha.
- Já? – Perguntei.
- Está muito frio, você vai se resfriar! – Ela disse e ri fracamente.
- Valeu aí, mamãe! – Disse e ela riu. – Me dá só mais uns minutos. – Suspirei.
- É sério, Danny! Vai ficar mais frio e pior para você sair dessa água quente. – Ela sacudiu a toalha.
- Ok, ok, eu vou. – Suspirei, soltando a respiração antes de me levantar da banheira.
- Eu não preciso ver isso. – Ela disse, se virando de costas e ri fracamente.
- Eu estou de cueca! – Falei, sentindo o vento frio que ela falou.
- E eu não preciso ver isso. – Ela esticou a toalha para trás e peguei de sua mão. – Limites, lembra?
- É, claro, eu deveria acrescentar o seu pijama curto nos limites? – Falei, secando o rosto e esperei pela sua resposta.
- É diferente... – Ela disse rapidamente e gargalhei. – Eu te espero lá dentro.
Ri fracamente quando ela seguiu para dentro do prédio e saí da banheira, terminando de me secar do lado de fora. Enrolei a toalha na cintura antes de calçar os chinelos e empurrei a porta para dentro, entrando no segundo andar do motorhome da RBR. Empurrei a porta do meu vestiário, encontrando , Michael e Blake ali.
- É, limites! – disse, tombando a cabeça para trás e colocando uma almofada em seu rosto.
- Você tem o prazer de ver o cara mais bonito do mundo e... – As risadas de Michael e Blake ficaram mais altas e dei um sorriso.
- Eu prefiro ficar quieta. – Ela disse e peguei minha roupa na mesa antes de seguir para o banheiro.
Terminei de me secar direito e coloquei uma cueca limpa antes de trocar por jeans e camiseta. Deixei a toalha pendurada ali e dei uma rápida olhada no espelho, ajeitando os cabelos, antes de sair e encontrar os três da mesma forma.
- Você tem mais o que fazer? – Michael perguntou.
- Não, é isso. – Fui até minha mochila.
- Eu vou descer com as coisas. – Michael disse.
- Eu te ajudo. – Blake disse e peguei meu celular, abrindo as mensagens rapidamente.
- Eu vou ficar aqui. – disse com a almofada no rosto e dei um toquinho em seu pé, vendo-a abaixar os pés e me sentei no espaço vazio e ela ergueu os pés novamente em meu colo.
Entrei nas mensagens, vendo algumas mensagens de meus pais, minha irmã, alguns colegas de profissão, observações de Maria e Christian e vi um link na mensagem de Massa. Abri e estava escrito “mensagem para você. Aceita?”. Entrei no Instagram e era um vídeo de seu filho andando de crazy kart na sacada da casa dele, e aquilo me fez sorrir.
- Ei, Ricciardo, eu desafio você a correr, estou esperando! – Ri fracamente, sorrindo e se levantou ao meu lado, olhando meu celular.
- Esse é o filho do Massa? – Ela perguntou.
- Sim, somos quase vizinhos, eu amo esse garoto. – Ela riu fracamente.
- Ele é fofo! – Ela disse e subi para o escrito na legenda “Ei, @danielricciardo, alguém está te desafiando para a corrida de Crazy Kart dele. Vai aceitar essa, cara? #FelipinhoVSRicciardo”
- Ah, cara, isso é demais. – Sorri. – Você fala um pouco de brasileiro, não? – Virei para .
- É português, mas sim, um pouco... – Ela tombou com a cabeça para o lado.
- Como eu falo que aceito o desafio? – Ela sorriu.
- Você pode começar com “ei, Felipinho”.
- Ino?
- Inho! – Ela disse firme. – É NH.
- Felipino...
- Inho.
- Felipinho. – Falei devagar.
- Isso. – Ela sorriu. – Você pode falar “aceito o seu desafio”. – Ela dizia com naturalidade.
- Aceito o seu desafio... – Falei devagar.
- Fala para fora, parece que está engolindo as palavras.
- Aceito o teu desafio. – Falei.
- E é isso. Você falou “Hey, Felipinho, I accept your challenge”. – Ela voltou para inglês.
- E como eu digo que amanhã estou lá?
- Pode ser “amanhã estou aí”. – Ela disse devagar.
- Amanhã tô aí.
- Estou...
- Amanhã estô aí. – Ela fez uma careta.
- Não está perfeito, mas saiu. – Ela deu de ombros.
- Ok, espera um pouco. – Abri a câmera, vendo-a se afastar para outro lado e coloquei na câmera frontal, respirando fundo. – Não ri. – Pedi.
- Vai logo! – Ela disse, rindo e suspirei, apertando o botão de começar a gravar.
- Ei, Felipinho... – Falei devagar. – Aceito o seu desafio... Amanhã tô aí. – Falei sério e ergui o braço, contraindo-o antes de abrir um sorriso e parei de gravar.
Abri a conversa do Massa novamente e anexei o vídeo antes de escrever: “manda para ele: ‘estou cansado de levar bullying do filho do Massa, a quantidade de besteiras que ele fala já saiu do controle. Eu aceito seu desafio e vou levar toda força que eu tiver”, anexei um fogo no final e enviei.
- Vocês brincam bastante? – perguntou.
- A gente divide a garagem, então toda vez eu entro e tem adesivos no meu carro, aí eu colo no deles, ele bate na porta de casa e sai correndo... Coisa boba. – Ela sorriu.
- É fofo. Você sempre teve jeito com criança. – Ela deu de ombros.
- Eu tenho a mesma mentalidade que eles. – Ela gargalhou, tombando a cabeça em meu ombro e vi Massa responder.
“Aceita mesmo? Vou para casa na folga, marcamos um almoço e fazemos uma criança feliz”. – Sorri.
- Ei, , que tal irmos para Mônaco no fim dessa semana? Eu tenho uma folga... – Virei para ela.
- Mesmo? – Ela ergueu o rosto com pressa.
- É... Podemos aproveitar um pouco da cidade antes da correria do GP. – Falei.
- De verdade? – Ela se levantou, animada. – Eu posso entrar em Mônaco? – Rimos juntos.
- Acho que ser revisora da Michelin já te torna metida o suficiente, então tá liberado. – Gargalhamos juntos.
- Eu topo de olhos fechados. – Ela disse, sorridente. – Você só provavelmente vai ter que pagar tudo, mas quem se importa? Amigos são para essas coisas, não? – Gargalhei com ela, jogando uma almofada nela, fazendo-a rir.
- Eu vou combinar com Felipe. – Falei, desviando o rosto para o celular de novo.
“Sim, para valer. Pode ser sexta? Devo ir para Londres para fazer trabalho no SIM*.”
“Perfeito, vou mostrar o vídeo para ele” – Massa respondeu e sorri, erguendo o rosto para .
- Eu vou para Mônaco! Eu vou para Mônaco! – Ela começou a dançar no meio do vestiário, me fazendo abrir um largo sorriso, e algo que me dizia que não é pela dança ridícula, tinha algo a mais.
*SIM: simulador. Os pilotos passam muito tempo nele quando estão em pré-temporada ou fora das pistas.
Capítulo 10
se sentia um tanto estranha enquanto seu pai a levava para a escola. As férias de verão na sua avó em Sydney haviam sido estranhas, muito aconteceu em pouco tempo. Era para ser só dois meses curtindo a maior cidade da Austrália, que ela sempre adorou de paixão, mas tudo bagunçou de uma forma inacreditável.
A começar pela sua primeira menstruação, poucos dias antes do Natal, ela acordou assustada com um sangramento em sua calcinha. Normal para uma menina de 12 anos, mas ela não se sentia nada confortável em como isso acabou mudando seu corpo. Além dos pelos pubianos e do novo cuidado excessivo todo mês, ela notou um crescimento em seus seios, fazendo sua mãe levá-la para um passeio nada confortável no shopping para comprar seu primeiro sutiã.
Depois disso, ela notou como suas blusas começaram a ficar curtas quando ela espichou alguns centímetros, e as nada agradáveis espinhas começaram a surgir em seu rosto, junto como cabelo mais ondulado. Ao menos isso ficou mais bonito. O problema é que, além de se sentir perdida com toda mudança corporal, ela se sentia um monstro.
Então, chegar na escola depois de passar por tantas transformações em pouco tempo, era como encarar o primeiro dia de aula novamente. Ela queria chorar de raiva, mas sabia o quanto seus pais estavam tentando animá-la com as mudanças naturais da vida. Mas ela sabia que não era tão animador assim, ela apostava que Danny não tinha mudado em nada e esperava que aquela história de “os meninos amadurecem mais devagar”, fosse mentira. Ela não podia ser o Patinho Feio sozinha.
- Chegamos, filha. – Alexander falou e ela suspirou.
- Eu preciso ir mesmo, pai? – Ela tentou mais uma vez, apesar da voz quase chorando nem ser mentira. Ela estava há um passo de chorar.
- Vai dar tudo certo, criança! Papai vem te buscar e vamos tomar um sorvete bem gostoso, pode ser? – Ela deu um aceno de cabeça. – Agora, vem! – Ele esticou os braços para ela e a menina soltou o cinto de segurança antes de dar um abraço em seu pai. – Eu te amo e você está linda.
- Obrigada, pai! – Ela suspirou, se ajeitando novamente em sua poltrona, pegando a mochila no chão.
- Arrasa, meu amor! – Ele disse e ela assentiu com a cabeça antes de empurrar a porta.
Ela ajeitou as alças da mochila que sua avó havia lhe dado antes de abraçar o fichário perto do peito. Os cabelos soltos e levemente armados ajudavam a esconder um pouco de seu rosto enquanto ela andava cabisbaixa para dentro da escola, observando outras pessoas entrando correndo em sua frente.
Ela passou pela entrada da escola e ergueu o olhar ao ver as diversas crianças entrando correndo ali. O primeiro dia de aula era sempre bagunçado, ainda mais dos alunos da sexta série que não eram mais os novatos e nem estavam pertos de se formar.
Ela encontrou a placa que dizia sexta série e respirou fundo várias vezes antes de entrar na sala. Pela visão periférica, ela sabia que vários alunos estavam ali, mas como não tinha mapa de sala ainda, ela seguiu para a cadeira mais ao fundo que conseguiu e se escondeu ali. Abriu o fichário, pegou uma das suas várias canetas em gel e começou a preencher as informações de aula.
Sua cabeça baixa não permitiu que ela visse a chegada de seu amigo. Tirando mais cachos na cabeça e o corpo mais bronzeado, Daniel não tinha mudado nada durante as férias. A estatura deixava mais alta do que ele, e o sorriso largo ainda era o mesmo com os dentinhos tortos, mas nem uma espinha esse menino tinha ainda.
Apesar das tentativas de se esconder, Daniel enxergou muito bem. Telepatia de melhores amigos, ele usaria como desculpa. Ele não notou nenhuma mudança de cara, então se aproximou na pressa, colocando sua mochila na cadeira na frente dela, para reservar o lugar.
- Agora somos legais e sentamos no fundo? – Ele falou e ela ergueu o rosto devagar. – Uau! – Ele disse ao notar o rosto da menina.
- Não fala nada, por favor. – Ela inclinou o corpo na cadeira, fazendo o corpo descer mais.
- Por que não? Uau, ! Você tá linda! – Ele disse, sorridente.
- Mesmo? – Ela perguntou, incerta.
- Uhum! – Ele disse exageradamente. – Uau! As férias te fizeram bem. Eu quebrei um dente. – Ele deu de ombros e a menina abriu um largo sorriso.
- Você só está dizendo isso porque eu sou sua amiga. – Ela disse.
- Nem é! Você sempre foi bonita e eu nunca disse nada. – Ele se sentou na cadeira e ela assentiu com a cabeça.
- Obrigada... – Ela suspirou.
- O que aconteceu? – Ele perguntou e ela suspirou, bufando ao pensar como responderia isso.
- É coisa de menina. – Ela deu de ombros.
- Eu sou seu melhor amigo, eu posso saber. – Ele disse.
- É coisa de menina, acredite, você não vai querer saber. – Ela suspirou. – Puberdade, sabe?
- Ah... – Ele disse como se já tivesse ouvido a palavra e não tinha empolgação nenhuma de chegar lá. – Pelo menos te fez bem.
- Diz isso para minhas cólicas. – Ela suspirou, abaixando a cabeça na mesa de novo. – Mas e suas férias? Como foram?
- Tudo certo. – Ele deu de ombros. – Papai me levou para andar de kart algumas vezes, mas senti sua falta para gente brincar.
- Eu também! – Ela suspirou.
- E como foi em Sydney? Legal?
- Sim, foi legal! – Ela ponderou. – Tirando... – Ela deixou a frase no meio do caminho.
- Você soube que Dale morreu? – Danny disse.
- Dale? Em Dale Earnhardt*? – Ela perguntou, surpresa.
- É... Semana passada em Daytona. – O menino suspirou.
- Ah, não! Sinto muito, Danny! – Ela apoiou a mão no ombro do menino. – Sei o quanto gostava dele. Ele bateu?
- Sim... – Ele suspirou. – Foi na última volta... Faltava pouco para ele pegar pódio com o filho dele. – O garoto fez um bico. – Foi quase igual o Senna...
- Sinto muito, Danny. De verdade. – estava sentida, como não tinha sabido disso? Como não ligou para o menino ontem para saber? Como tia Grace ou tio Joe não avisaram?
- É o segundo piloto que eu gosto que morre, por que isso acontece? – A garota não tinha resposta.
- É um esporte perigoso, Danny...
- Mas eles são profissionais, , não deveria ser assim...
- Sinto muito, de verdade. – Ela suspirou. – Se tiver algo que eu possa fazer para você... A gente pode fazer alguma coisa.
- Lembra daquele filme que a gente viu? Do ogro que vai salvar a mocinha? – Ele comentou.
- Sim. – Ela disse.
- Estreou, a gente pode ver. – Ele disse. – Posso pedir para a mamãe levar a gente.
- Meu pai quer me levar para tomar sorvete. Você pode ir com a gente. – Ela disse.
- Vai ser legal. Mas o que deu para o seu pai te levar para tomar sorvete na segunda-feira? – Ele perguntou, confuso, fazendo-a rir.
- Eu tô meio para baixo por causa dessas mudanças, ele está tentando me animar. – Ela deu de ombros, fazendo-o rir.
- Fica mais para baixo, vai saber o que a gente vai ganhar! – Ele disse, fazendo-a rir. Todo mundo sabia que onde ela estava, ele estava atrás.
- Combinado! – Ela disse.
- Agora sorria, você está bonita, ! – Ele disse e ela assentiu com a cabeça. – Se eu já sou bonito, imagina quando passar por isso, então. – A garota conteve o riso, dando um sorriso para o amigo enquanto a professora de geografia entrava na sala.
- Bom dia, alunos! Como foram as férias? – Ela disse, colocando os diversos materiais na mesa.
*Dale Earnhardt: piloto estadunidense que competiu na NASCAR. Daniel é declaradamente um grande fã dele e da competição. O piloto morreu aos 49 anos em um acidente em sua última corrida.
É a primeira vez em muito tempo que eu não dormia em uma viagem.
Ok, não vamos exagerar. Eu ainda estava com um pouco do efeito do remédio por ir até Paris de Xangai, depois até Nice. Danny ficou meio solitário durante essas 15 horas, mas depois que entramos no trem para Mônaco, cara! Eu estou realmente surtando.
Sabe uma daquelas coisas que você pensa que é impossível de acontecer? Eu me sentia assim com Mônaco. É a cidade-estado mais famosa do mundo, onde vivem os ricos e famosos e que você precisa ter, segundo estudos, 100 mil euros em uma conta local só para viver lá, sem poder mexer. QUEM TEM ESSE TANTO DE DINHEIRO DANDO SOPA?
Daniel tem esse tanto de dinheiro... Além de vários outros corredores de Fórmula 1.
Agora, pensando em alguém normal como eu... Deus! Eu tenho uma vida confortável pela Michelin, meus pais me deixaram uma ótima pensão e algumas heranças, mas meu salário não sai de quatro dígitos. Tenho a sorte da empresa pagar boa parte como viagens e afins, mas não é nada parecido com os seis milhões de euros que Danny faz por ano na Red Bull. Se você tirar três zeros, talvez chegue perto do meu salário.
Ao menos o meu é mensal.
Agora voltando para Mônaco... Cara, isso é loucura, mesmo com Danny tendo moradia aqui. É difícil explicar como eu vejo o Danny, é quase como se ele tivesse duas vidas para mim. A vida que passa as férias comigo em Perth, como se ainda estivéssemos na escola, e a vida de corredor de Fórmula 1, ganhando milhões de euros ao ano e curtindo mais do que uma estrela do rock. Ver essas duas pessoas se fundindo em uma só ainda era bagunçado para mim.
E poder fazer parte dessa bagunça toda era incrível. Me sentia bem idiota por todos os anos que me mantive longe por um medo que eu não conseguia controlar. Tudo bem que eu sou uma pessoa normal e não gosto de ficar dependendo dos outros e nem do dinheiro de Danny, mas eu poderia ter ido em algumas corridas e não ter ficado aumentando esse trauma sozinha durante anos.
Ai, se arrependimento matasse.
- Está tudo bem? – Virei para Danny.
- Sim, está. – Dei um curto sorriso. – Só pensando...
- Algo para dividir? – Ele segurou minha mão e pressionei os lábios, sentindo meu coração apertar mais forte.
- Só estou pensando o quanto fui estúpida em afastar essa parte da sua vida de mim. – Ele sorriu.
- Nem chegamos e já está emotiva? – Rimos juntos.
- Só pensando mesmo... – Suspirei e ele passou o braço em meu ombro, me puxando para mais perto de si.
- Eu nunca mais vou deixar você ficar afastada de mim por aquele motivo, . – Apoiei a cabeça em seu ombro, sentindo-o acariciar minhas costas. – Não é tão ruim, vai...
- Não, não é... – Suspirei.
- Tivemos o problema com Alonso, mas ei... – Ri fracamente.
- Espero que não tenha nada assim mais... – Suspirei. – Nem com Alonso, você ou ninguém...
- Espero também. – Ele disse. – Uma bandeira vermelha demora demais, dá mais vontade de ir no banheiro. – Rimos juntos.
- Próxima parada, Mônaco. – Ouvi o autofalante.
- Chegamos. – Ele disse e ergui a cabeça de seu ombro. – Só não fique decepcionada, ok?!
- Por que eu me decepcionaria com Mônaco? – Perguntei, rindo.
- Mônaco em fim de semana de GP é uma coisa, fora disso, é totalmente diferente. – Ele disse. – É confortável... – Sorri. – É onde eu me sinto mais perto de casa.
- E agora eu estou aqui. Agora vai parecer como Perth de novo. – Ele abriu um largo sorriso.
- É, algo assim. – Ele disse, rindo. – Bom ter você aqui, . – Pisquei para ele, fazendo-o desviar o rosto e senti o trem desacelerar. – Levanta, pega sua mochila! – Ele disse e me levantei, mantendo os pés firmes no chão e entramos na estação de trem de Mônaco.
Peguei minha mochila, colocando nas costas enquanto Danny fazia o mesmo e segui pelo corredor até a porta recém-aberta. Danny apareceu ao meu lado, ajeitando um boné na cabeça e ele passou a mão em meu ombro para me guiar pela estação.
- Não é para ter muita gente, mas vamos sair daqui logo. – Ele pediu.
- Claro, claro! – Falei, seguindo com ele e subimos pela escada rolante.
Danny seguiu a palavra “sortir” e minha visão ficou escura por alguns segundos antes de sairmos da estação. Meu corpo travou assim que saí e pude respirar o ar puro novamente. Olhei pelas laterais, vendo os tradicionais prédios de Mônaco, os carros pequenos e as Vespas e, à minha frente, podia ver uma parte do mar, além de vários iates atracados no porto. Eu simplesmente não pensei e atravessei a rua.
- ! – Danny gritou e apoiei minhas mãos na grade, olhando para o inclinado lá embaixo até o porto, me fazendo sorrir e senti a mão de Danny nas minhas costas. – Pelo amor de Deus, ! Não faz isso. – Gargalhei ao seu lado.
- Desculpe! – Virei para ele. – É lindo, Danny! – Ele riu fracamente, apoiando a mão no peito.
- Agradeço, mas meu coração parou por um segundo. – Rimos juntos.
- Você dirige carros que passam de 350 quilômetros por hora e seu coração parou porque eu atravessei a rua sem olhar? – Ele me abraçou, me fazendo rir.
- Essas Vespas são perigosas, cara! Eles acham que todo dia é dia de GP. – Rimos juntos.
- Eu vou ter mais cuidado, papai! – Ele sorriu.
- Vamos embora! – Ele disse.
- Como vamos? – Perguntei.
- O apartamento é literalmente dois quilômetros daqui, qual é, estamos em Mônaco. – Ponderei com a cabeça. – Como está sua mochila?
- Mais leve do que a sua. – Falei, rindo.
- Quer andar? Assim já conhece mais da cidade. Porque você não vai conseguir conhecer quando voltarmos para o GP.
- Não tem problema para você? – Virei, empolgada.
- Todo mundo que mora aqui é mais famoso ou interessante do que eu, vamos lá! – Rimos juntos.
- Vamos...
Eu literalmente só segui Danny, mas eu acabei ficando para trás em vários momentos para tirar fotos dos lugares e ver lugares conhecidos. Não passamos pelo litoral, nem pelo famoso Casino de Monte Carlo e Hôtel de Paris, mas Mônaco inteira é um museu a céu aberto e dava para reconhecer muitas coisas que via na TV.
- Essa é a rua de casa. – Ele disse, entrando em uma rua curvada com milhares de apartamentos próximos um do outro.
- Uau! – Falei.
- É pequeno e mora muita gente aqui. – Ele disse. – Muito piloto ou ex-piloto também. – Olhei para cima, vendo que tinha uns 12 andares. – É quase um condomínio, daqui até o fim da rua é esse mesmo prédio. – Ele disse. – Na parte de trás fica o porto que, na teoria, já pertence à França.
- Isso nem vai bagunçar minha cabeça. – Falei, sacudindo a cabeça.
- Vamos entrar! – Ele disse e segui logo atrás dele. – Tente não se perder.
- Impossível. – Falei, vendo os diversos corredores para os diversos lados. – Merda! Isso não foi nada planejado, né?!
- É, algo assim. – Ele disse, rindo, seguindo para o lado esquerdo.
- Posso fazer uma pergunta indesejada? – Segui com ele.
- Manda!
- Quanto você paga para viver aqui? – Perguntei, vendo-o parar em um elevador e apertar o botão.
- Hum... Dois milhões*. – Ele disse e arregalei os olhos.
- Sua fazenda em Perth custa menos. – Falei e ele me empurrou para dentro do elevador quando ele abriu. – E é do tamanho desse quarteirão inteiro. – Ele me ignorou. – É pelo glamour, vai!
- Não é só pelo glamour. – Ele disse. – Aqui é perto de todos os circuitos europeus, dos treinos, da fábrica, do centro da Red Bull, o clima é bom quase todo ano, é parecido com o tempo australiano e é a cidade da Fórmula 1...
- E não tem imposto, vai! – Dei um sorriso para ele. – Seus milhões ficam inteiros.
- É... Isso ajuda muito! – Gargalhamos juntos e ele saiu de costas pelo corredor.
- Até eu que sou mais tonta! – Segui logo atrás dele e ele abriu uma porta.
- Bem-vindo a meu canto de verdade, . – Ele disse e fui logo atrás dele, entrando em um pequeno hall. – Não fique abismada pelo pé direito alto e a larga sala de estar.
- E você reclama do meu apartamento em Perth! – Falei, rindo e ele me empurrou pelos ombros para fechar a porta.
- Aqui do lado esquerdo tem a cozinha com lavanderia... – Ele me mostrou o pequeno cômodo que mal cabia uma pessoa com móveis em U.
- Não tem janelas, Daniel. – Falei firme.
- Você odiaria cozinhar nela, eu sei. – Ele me puxou de volta, me guiando pela sala.
- Como você cozinha aqui?
- Eu não cozinho! – Ele disse, sério. – Essa é a sala de TV. – O espaço era maior com um sofá de couro preto espaçoso, uma mesa de centro, uma televisão larga em cima do rack, uma mesa redonda com quatro cadeiras, um varal de roupas no canto da sala, além de uma estante com vários troféus e capacetes. – Ali tem uma sacada onde eu deixo algumas coisas de exercícios.
- É um apartamento universitário, Danny. Olha a zona! – Falei, rindo, me aproximando da porta para a sacada, vendo a rua de onde chegamos de um lado e o oceano do outro. O apartamento dele ficava de lado.
- Fico feliz que gostou. – Ele disse, sarcástico, me fazendo rir.
- Não disse que não gostei, mas é pequeno. Te garanto que não paguei dois milhões pelo meu apartamento. – Falei, rindo e ele me empurrou para o outro lado, voltando à entrada principal.
- Do lado de cá fica meu quarto. Aqui tem um quarto de bagunça. – Ele apontou para o pequeno quartinho. – Aqui temos o banheiro. – Ele empurrou a porta do banheiro convencional. – Um closet... – Ele indicou a porta da esquerda com outro cômodo pequeno. – E meu quarto. – Ele indicou a mão, tirando a mochila das costas.
A cama de casal ficava no canto direito entre duas mesas de cabeceira e do lado esquerdo tinha um armário, além de várias malas que mostravam a bagunça dele. À frente tinha outra sacada coberta, com uma mesa e seis cadeiras.
- E ali tem uma sacada. – Ele abriu a porta, saindo para a sacada e fui até ela, sentindo o vento.
- Que andar estamos? – Perguntei.
- 11. – Ele disse e voltei para dentro.
- É fofo, Danny. – Falei, deixando minha mochila ao lado da sua na beirada da cama. – Está uma bagunça, mas é fofo... Pequena para o valor que se paga, mas acho que bom para um homem solteiro e para o que você precisa. – Dei um sorriso.
- Você não odiou? – Ri fracamente.
- É claro que não! – Dei de ombros. – É confortável. – Imitei suas palavras, vendo-o sorrir.
- Bom que gostou. – Ele coçou a nuca. – Vamos ficar aqui pelos próximos dois dias e pelos dias de corrida. – Assenti com a cabeça, cobrindo a boca para bocejar.
- Vamos ver se vai abafar o som das festas.
- Talvez abafe, mas estaremos nas festas também, então não tem motivo. – Rimos juntos. – Bom, como está seu sono?
- Acho que tem um pouco do remédio aqui ainda para fazer efeito. – Suspirei, coçando os olhos.
- Por que você não tira uma soneca? – Ele foi até a cama, tirando algumas camisetas em cima dela. – Eu dou uma geral no apartamento e saímos para jantar. Eu escolhi um lugar especial para uma guia da Estrela Michelin. – Rimos juntos. – Mas você não vai trabalhar hoje, quero que se divirta. – Ele disse fofo e sorri, assentindo com a cabeça.
- Combinado. – Pressionei os lábios um no outro. – Eu só preciso ir ao banheiro.
- Fica à vontade. Mi casa es su casa. – Sorri.
- Gracias, Daniel! – Suspirei. – Acho que já vou tomar banho, assim durmo mais fresca.
- Pode fechar a porta do quarto e ficar à vontade. Ainda tem umas horas para sairmos. – Ele seguiu em direção à porta e mordi meu lábio inferior.
- Ok. – Ele puxou a porta. – Ei, Danny... – Ele abriu a porta com pressa. – Que tipo de roupa se usa para um jantar em Mônaco? – Ele riu fracamente.
- Só seja você mesma, . – Ele disse fofo e assenti com a cabeça, vendo-o puxar a porta e mordi meu lábio inferior fortemente.
Voltei para dentro do quarto, seguindo até a sacada novamente e entreabri uma fresta para deixar o vento entrar. Apoiei o rosto no batente da porta e suspirei, dando um pequeno sorriso. Meu coração batia forte, mas apesar de toda bagunça em meu coração, eu estou feliz agora. Eu me sinto bem.
Espero que tudo continue assim.
*Todas as informações citadas monetárias nessa cena foram feitas com base de pesquisas na internet.
- Você deveria ver a cor do céu agora. – Comentei, abotoando a blusa. – Está bom para você surtar.
- Estou terminando! – Ela gritou do banheiro e me encarei no espelho dentro do closet.
A camisa de festa grafite com alguns desenhos florais meio alaranjados não era nem novidade junto da calça jeans e os Vans nos pés. Passei as mãos nos cabelos e ponderei com a cabeça. Estava bom, melhor que as roupas da Red Bull. Ouvi a porta do banheiro ser aberta e inclinei a cabeça para o lado para ver sair dela e entreabri os lábios, surpreso.
Ela usava um vestido longo azul marinho com algumas grandes flores rosadas espalhadas nele. O decote do vestido era profundo por causa das alças finas e uma perna aparecia pela fenda do lado esquerdo do vestido. Nos pés ela usava uma sandália baixa, os cabelos estavam soltos nos ombros e ela tinha uma maquiagem leve no rosto.
- Uau! – Acabei deixando escapar.
- O que acha? – Ela fez uma careta, mordiscando o lábio inferior antes de dar uma volta ao redor do corpo e notei o vestido baixo nas costas.
- Você está linda... – Falei, engolindo em seco pela forma embasbacada que eu falei.
- Ideal para um jantar em Mônaco?
- Você está perfeita. – Soltei em um sorriso e suas bochechas enrugaram com o elogio.
- Obrigada... – Ela desviou o rosto, seguindo pelo quarto e coloquei minha cabeça para fora para acompanhá-la pegar o colar e engoli em seco.
está gostosa!
Ela sempre foi linda, ficou gostosa com o tempo e eu sempre acabava observando, mas não a ponto de constatar isso conscientemente. Não a ponto de querer colocar minhas mãos embaixo de seu vestido e pressioná-la na parede. PORRA! Eu estou ferrado!
Na verdade, eu estou MUITO ferrado!
- Que céu lindo! – Ela falou e sacudi a cabeça, saindo do quarto, observando o vento sacudir um pouco a barra do seu vestido.
- Sabia que ia gostar. – Peguei minha carteira, colocando no bolso de trás da calça e peguei o celular, colocando no outro.
- Fico imaginando isso em dia de corrida. – Ela comentou, colocando um colar.
- Você vai ver em um mês. – Falei e ela virou o rosto para mim.
- Agora entendo o que fala do tempo. Está bem gostoso. – Sorri.
- É... – Passei o olhar pelo seu rosto.
- Está tudo bem? – Ela perguntou e sacudi a cabeça, passando a mão no cabelo.
- Sim, sim! Só te esperando. – Falei.
- Um minuto! – Ela se virou novamente, me fazendo sentir o cheiro do perfume de baunilha e flores e suspirei.
Respirei fundo, erguendo os olhos para cima e tentei tirar esses pensamentos bagunçados da minha cabeça. Eu não podia fazer isso agora. Eu não conseguia fazer isso agora. Sabe o quão ferrado é isso? É quase me colocar dentro de um liquidificador.
- Coloca para mim? – Ela se virou com uma pulseira e abaixei os braços, segurando as duas pontas da pulseira dourada com um pingente em formato de prisma que era de seus pais e tive um pouco de dificuldade em fechar por causa das mãos tremendo. – Vai dar muito certo você dirigir dessa forma. – Ri fracamente.
- É pequeno demais. – Falei, fechando e girando o pingente para cima. – Pronto.
- Podemos ir. – Ela pegou uma pequena bolsa, passando pelo seu braço e era como se eu visse seus movimentos em câmera lenta.
- Vamos... – Indiquei com a cabeça e segui à frente, erguendo os olhos para cima. Jesus, me ajuda!
- Como vamos? Andando? – Ela perguntou.
- Não, tenho outra forma. – Falei, puxando a porta quando ela passou e ela chamou o elevador.
- Algum carro esportivo que eu preciso saber? – Rimos juntos e apertei o botão do primeiro estacionamento.
- Você vai ver. – Falei, encostando na parede e ela sorriu.
- Me sinto uma criança quando você fica escondendo essas coisas de mim. – Ri fracamente.
- Tem que ter alguma vantagem em nossas vidas serem diferentes. – Dei de ombros, fazendo-a rir, se virando para o espelho e suspirei.
A porta do elevador se abriu e saímos juntos no estacionamento. Andei pelo local, procurando minha Vespa e esperava que tivesse gasolina, porque não andava com ela desde o fim do ano passado. Ou antes.
- Uma Vespa?! – perguntou, surpresa. – Você tem uma Vespa? – Ela pulou, animada.
- Eu tenho! – Falei, rindo, girando a chave, vendo o hodômetro subir. – Mônaco é pequena, tirar o carro da garagem é maior trampo. – Ela sorriu.
- Oh, agora fiquei empolgada!
- Deixa eu... – Abri o banco, pegando dois capacetes e entreguei um para ela. Coloquei o meu, ajeitando no queixo e virei para ela que ajeitava o seu também. – Tudo certo? – Chequei o fecho em seu queixo, vendo-a pressionar os lábios em um sorriso. Mordisquei meu lábio inferior e desviei o olhar para montar na Vespa e a liguei, apoiando os pés no chão. – Sobe aí.
- Espera que tem bastante pano aqui. – Ela disse, rindo e observei-a juntar a barra de seu vestido antes de apoiar a mão em meu ombro e eu senti a compensação na Vespa. Meu corpo travou com a proximidade dela, mas me travou mais ainda quando ela passou as mãos em minha barriga. – Eu estou pronta!
- Va-vamos... – Falei, acelerando um pouco.
- Você tem carteira para isso, não? – Ela disse perto de meu ouvido e ri fracamente.
- Talvez... – Brinquei, acelerando devagar antes de colocar os dois pés dentro da Vespa e seguir para fora do estacionamento.
O pôr do sol em Mônaco era um dos mais bonitos que eu já vi, especialmente pelo clima mais limpo e por não ter prédios tão altos que o cobrem, mas não deu para eu aproveitar tanto, minha cabeça só estava nas mãos de em minha cintura e sentia meu corpo mais contraído do que normalmente.
Saí da rua do meu apartamento, passando pelo Rosário da Princesa Grace, depois passei pela Avenida des Papalins até cair na Avenida Albert II, passando por dentro do túnel embaixo do Palácio Real até cair na Route de la Piscine, beirando o Porto Hercule.
- Na rua de trás ficam os boxes na corrida. – Falei um pouco mais alto para .
- E onde estão? – Ela perguntou.
- Montam só no dia. – Falei.
- Isso é loucura! – Ela disse, rindo e entrei na Avenida J.F. Kennedy, passando pelo Iate Clube, caindo no Boulevard Louis II, continuando à beirar do Mar da Ligúria à direita até cair na avenida Princesa Grace no Hotel e Resort de Monte Carlo.
- Chegamos. – Falei para , entrando no recuo do hotel e parando logo à frente de um valet.
- Boa noite. – Um homem disse e saiu da Vespa e saí logo em seguida, tirando o capacete da cabeça.
- Você passou em lugares incríveis. – Ela disse, fazendo o mesmo e sacudindo os cabelos.
- Achei que seria legal turistar um pouco contigo. – Ela sorriu.
- É demais! – Ela suspirou, entregando seu capacete para o valet.
- Vem comigo. – Falei, fazendo o mesmo e ele me entregou um ticket. – Eu tinha duas opções para te levar, aqui, ou em outro restaurante que fica dentro do Hôtel de Paris... – Acenei para algumas pessoas enquanto entrávamos no resort. – Esse restaurante aqui tem uma estrela Michelin, comparado com o outro que tem três, mas esse tem uma vista mais bonita. E eu sei o quanto adora vistas.
- Onde você me levasse eu ia amar, Danny! – Ela disse, rindo e parei na porta do restaurante.
- Boa noite, reserva para Ricciardo. – Falei para o homem na porta que conferiu na lista.
- Venha comigo, por favor. – Ele disse e indiquei à frente para , vendo-a seguir com o homem.
O Blue Bay é um restaurante relativamente mais novo em Mônaco, possui uma decoração mais atual e sofisticada, além do largo terraço para a Baía de Roquebrune, onde pedi nossa mesa. O maitre puxou a cadeira de para ela se sentar e me sentei à sua frente, dando um aceno de cabeça para o homem que se retirou.
- Aqui é lindo, Danny. – Ela suspirou, observando o local e um garçom trouxe dois tablets, estendendo em nossa direção. – Merci. – Ela disse e dei um aceno de cabeça.
- Sabia que ia gostar. – Falei, vendo-a deslizar o dedo pela tela.
- Chef Marcel Ravin. – Ela ponderou com a cabeça. – Francês, é claro!
- Não quero que você trabalhe hoje, ok?! – Falei firme e ela ergueu os olhos delineados para mim.
- Não estou trabalhando, é só inevitável não deixar meus conhecimentos virem à tona de vez em quando. – Ela sorriu.
- É estranho ouvir você falar dos chefs como se fossem estrelas...
- São para mim. – Ela deu de ombros. – É o mesmo que andar pelo paddock e encontrar Nikki Lauda ou Alain Prost. – Ela deu um curto sorriso. – Só que são poucos na minha profissão que tem o reconhecimento mundial, como vocês.
- Imagina? Chef Addams? – Brinquei, fazendo-a abrir um largo sorriso.
- Seria legal... – Ela suspirou. – Eu ia gostar de algo assim, com uma vista bonita e um lugar que fosse sofisticado, mas confortável o suficiente para a pessoa vir de sandália rasteira. – Ela disse, observando o horizonte.
- Você pode fazer isso, . E não é a primeira vez que digo. – Ela virou o rosto para mim, assentindo com a cabeça.
- Eu sei, mas montar um restaurante desse nível, não é simplesmente decidir, são muitos detalhes para levar em conta.
- Excuse moi. – O garçom retornou. – Com os cumprimentos do chef. – Ele deixou duas taças de champanhe além de um aperitivo.
- Merci. – disse. – Viu? – Ela virou para mim. – Não sei se eles sabem quem você é, mas eles provavelmente assumiram que somos um casal, então trouxeram uma taça de champanhe... – Ela pegou a taça, sentindo o aroma da bebida antes de dar um pequeno gole. – Uma bebida levemente adocicada para abrir o paladar. – Ela disse. – O tipo de bebida que combina com essa cidade, com esse pôr do sol e com um casal de namorados... – Ela disse, rindo e sorri. Por algum motivo não tive vontade de mudar essa brincadeira dela.
- E o que é isso?
- Isso é amuse bouche. – Ela disse e olhei confuso para ela. – Um tipo de aperitivo de uma mordida só. – Ela pegou um deles com a ponta dos dedos, colocando inteiro na boca. – Isso é uma tortinha de anchovas. – Ela disse e peguei o mesmo que ela, colocando na boca. – Sinta a mistura de texturas. – Ela dizia movimentando as mãos e tentava acompanhar o que ela dizia. – O crocante da massa com o macio da mistura de anchovas...
- Eu não sou fã de peixe, mas isso é gostoso. – Ela riu fracamente.
- E isso é... – Ela colocou o outro na boca. – Como um bom francês, ele tem foie gras no cardápio. – Ela riu fracamente. – E tem uma geleia de tomate em cima.
- Eu me surpreendo com seu paladar. – Falei.
- Mastiga, não engula. – Ela disse olhando para mim. – Aproveita o momento, porque acaba muito rápido. – Assenti com a cabeça. – Sinto um tom de cacau também.
- Chocolate, hum? – Comentei.
- Amargo, mas sim. – Ela disse e reconheci, assentindo com a cabeça.
- É diferente quando você está trabalhando ou se divertindo? – Perguntei, observando seus olhos.
- Sempre. – Ela suspirou. – Com amigos... Com você, eu estou misturando minhas duas coisas favoritas do mundo. – Sorri.
- Eu me sinto dessa forma quando te vejo roendo as unhas no fundo da garagem. – Rimos juntos.
- Eu não roo unhas! – Ela sorriu. – Nem tenho unhas para roer, na verdade. – Ela observou as unhas sem esmalte. – Regra um na faculdade de gastronomia.
- Regra um dentro do paddock. – Mostrei minhas unhas curtas e rimos juntos.
- Ao menos temos algo em comum. – Ela sorriu.
- Muito mais do que só isso, . – Falei, pegando minha taça. – Rola um brinde?
- A quê? – Ela fez o mesmo.
- Para eu não falar uma lista de motivos, posso só dizer: a nós. – Suspirei. – Ao que é que a vida está reservando para nós... – Ela assentiu com a cabeça.
- A nós, Danny. – Tocamos nossas taças de leve e ela deu um gole e me peguei observando na mudança da feição em seu rosto quando ela realmente apreciava uma comida.
- A nós... Enchanté. – Suspirei, dando um curto gole.
- Acho que perdi as contas de quantos pratos eles trouxeram. – Danny disse, me fazendo rir.
- Eles possuem um pequeno aperitivo antes do prato. É uma boa ideia para a pessoa poder experimentar ao máximo os pratos. – Falei. – São porções relativamente boas, mas não o suficiente para você se sentir completamente cheio. – Coloquei mais um pouco do carbonara de abóbora na boca, dando meu suspiro número um milhão, seja pela comida, pelo local ou por Danny.
- Você me disse o que era, mas eu esqueci. – Ele falou.
- Espaguete a carbonara de abóbora verde com trufa negra, queijo parmesão, presunto ibérico e especiarias. – Falei. – Aí do lado tem bacalhau com espuma de pimenta vermelha e pão de mandioca picante.
- Eu vou deixar você escolher o que eu for comer sempre. – Sorri.
- Você tem suas restrições, mas ir sem preconceito é um ótimo começo. – Ele ergueu o rosto enquanto mastigava.
- Eu nunca pediria algo assim, de verdade. – Sorri.
- Como eu sempre disse: tem algo diferente entre comer e apreciar.
- Mas você está sempre apreciando. – Ele disse. – Seja um McDonald’s ou uma comida assim. – Suspirei.
- Eu fui forçada a procurar sempre pelo melhor nos últimos cinco anos, Danny. – Dei de ombros. – Mas sabemos que não é sempre e nem todo mundo que pode deixar 140 euros em um jantar de quatro pratos como esse com frequência. – Suspirei. – Por isso que valorizar a comida, agradecer por ela, apreciar os gostos, sabores e texturas, é primordial para mim. – Mordisquei meu lábio inferior. – É como se os momentos mais importantes da vida pessoal estivessem aqui, em volta de uma mesa.
- Você fala como se estivesse apaixonada... – Ele comentou.
- Eu estou! – Falei rapidamente, engolindo em seco. – Eu digo... – Ri fracamente. – Eu amo uma boa comida, mas aqui... – Suspirei. – Não é só a comida. É diferente do que comemos no Bahrein, por exemplo. Lá tinha uma história por trás, uma combinação de sabores mediterrâneos, várias coisas desconhecidas, agora aqui... – Ergui os olhos para os seus, observando seus olhos castanhos esverdeados e engoli em seco. – Eles não vendem um prato de comida, eles vendem o local, o momento, a sensação do local, o sentimento entre nós... É diferente. – Ele sorriu. – Ah, merda!
- O quê? – Ele perguntou, rindo.
- Eu sou perfeita para a Michelin. – Falei baixo. – Eu sou uma revisora completa. – Suspirei.
- Eu gosto de te ouvir falar, apesar de não entender nada. – Rimos juntos.
- Eu fui moldada para isso, praticamente. De pensar que comecei minha carreira porque gostava de cozinhar.
- E sua comida ainda é a minha favorita. – Tombei a cabeça para o lado.
- Você está dizendo isso porque é meu amigo. – Falei. – Olha isso. É impossível dizer isso.
- Você também pode fazer isso, . – Ele falou. – Você sempre faz comida para um batalhão, é difícil cuidar de detalhes quando você cozinha para 12 pessoas. – Sorri.
- Eu sinto saudade de criar. – Fiz uma careta, fechando um olho e ele sorriu.
- Um restaurante em City Beach? – Ele mencionou a praia perto de casa. – Na Challenger Parade?
- Ah, cara! – Abri um largo sorriso, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
- Uma vista boa, um clima perfeito em boa parte do ano, sem muitos turistas... – Minha cabeça foi para longe. – Uma mistura de comida italiana com australiana? – Levei a mão ao rosto, pressionando os lábios. – Ou mais perto do Parque do Jubileu?
- Você vai me fazer chorar assim. – Olhei para ele que sorria.
- Por quê? – Ele segurou minha mão em cima da mesa.
- Porque é perfeito... – Suspirei. – É perfeito de verdade. – Ele entrelaçou nossos dedos.
- Eu posso te ajudar a fazer isso acontecer, . Você só tem que me dizer. – Ele suspirou.
- Minha cabeça está uma bagunça, não consigo fazer nenhuma decisão agora, mas parece perfeito. – Mordisquei meu lábio inferior. – Mas pode ser efeito dessa comida sensacional. – Ele riu comigo.
- Eu posso te lembrar no café da manhã de novo. – Ele disse e suspirei.
- Por favor... – Pedi, abrindo um sorriso logo em seguida. – Me deu vontade de passar no mercado, comprar algumas coisas e fazer teste naquela sua cozinha minúscula. – Ele gargalhou.
- Não fala mal da cozinha! – Ele pediu e soltei sua mão devagar, apesar de gostar do contato e voltei a atenção à minha comida.
- Se eu passar mais do que uma semana naquele apartamento, te garanto que eu transformo a sacada da sala em uma cozinha melhor do que a que você tem. – Falei e ele riu, cortando mais um pedaço de peixe.
- Eu não duvido. – Ele disse, rindo. – Mas eu mal cozinho lá, de verdade. Só o básico.
- Você não pode nunca queimar nada naquela cozinha, o cheiro não tem para onde sair. – Rimos juntos.
- Bife e batata é meio fácil de acertar.
- Comida de universitário. – O zombei e ele me encarou.
- , ! – Ri com ele.
- Nós brincamos sobre eu ser sua chef, mas você come muita coisa boa. – Falei. – Comida de qualidade. Eu comi risoto de Portobello, fala sério!
- O que é Portobello? – Ele perguntou, rindo.
- Cogumelo. – Gargalhamos juntos. – É um tipo de cogumelo marrom.
- Viu? Você é muito mais sofisticada do que eu. – Ri fracamente.
- Você é um corredor de Fórmula Um comendo risoto de Portobello dentro do paddock na China. – Falei, rindo. – Não tem como ser mais sofisticado do que isso. – Ele gargalhou, jogando a cabeça para trás.
- Ok, ok, eu concordo com isso, mas ainda é diferente! O primeiro tipo de comida que vem na minha cabeça quando eu penso é um hamburguer com bacon e queijo cheddar, não... – Ele pensou. – Risoto de Ponte Belo e...
- Portobello! – Falei, gargalhando.
- Viu?! Entende? – Rimos juntos.
- Mas você pode comer um hamburguer com bacon e queijo cheddar e ser uma alimentação diferenciada. Tudo depende dos ingredientes usados e, mais do que isso, depende do momento. – Sorri. – Não dá para comer esse tipo de comida sempre, às vezes queremos uma refeição de quatro pratos sofisticada com uma ótima garrafa de Chateau La Calisse, mas tem momentos que só queremos um hamburguer bem engordurado sentados no sofá de pijama e meias, assistindo NASCAR ou Mountain Bike. – Ele sorriu.
- Eu sou esse cara e você é a do Portobello. – Sorri.
- Nós dois podemos ser ambos, Danny. Depende do momento. – Dei de ombros, vendo-o sorrir.
- É uma boa combinação. – Ele assentiu com a cabeça, pressionando os lábios em um sorriso e engoli em seco.
- É... É sim. – Sustentei o olhar por alguns segundos, ficando levemente incomodada quando ele fez o mesmo e desviei o olhar para meu prato, dando uma última garfada no espaguete. – Eu quero sobremesa agora. – Passei o guardanapo na boca, ouvindo-o rir.
- Meus elogios ao chef. – disse, sorrindo. – Foi um prazer.
- O prazer é nosso. – O garçom disse e entreguei a conta para ele.
Me levantei logo após , vendo o garçom se retirar e ela se aproximou da beirada que dava para dentro do resort e mordisquei meu lábio inferior. Fazia muito tempo que eu não tive um jantar tão gostoso quanto esse, inclusive com ela. Era como se uma chave tivesse mudado e ela tivesse se transformado em uma pessoa totalmente diferente para mim. Tirei meu celular do bolso, abrindo a câmera e tirei algumas fotos dela de costas.
- ... – Chamei-a e ela virou o rosto para mim, o qual tirei outras fotos.
- Danny... – Ela falou, rindo.
- Sorria! – Falei, vendo-a se virar para mim, apoiando o quadril na bancada e sorriu para mim. Acabei sorrindo com ela enquanto tirava algumas fotos.
- Chega! – Ela disse, rindo, esticando a mão em minha direção e apertei mais algumas vezes antes de desviar a mão dela, gargalhando junto. – Para!
- Uma juntos, vai. – Falei, chamando-a com o braço e ela me abraçou, apoiando a outra mão em meu peito e virei a câmera, tirando uma foto nossa e depois pressionei meus lábios em sua cabeça para tirar mais algumas, fechando os olhos por alguns segundos.
- Chega! – Ela disse, rindo, se afastando de mim e tirei meu braço de seu ombro. – Vamos embora. – Ela seguiu à minha frente.
- Nem vem! – Falei, seguindo logo atrás dela. – Não vou deixar você dormir de novo.
- Não dizendo isso, mas a não ser que tenha alguma festa agora, não acho que tenha muito o que fazer aqui. – Andei ao seu lado, apoiando a mão na base de suas costas.
- Não tem muito o que fazer aqui, mas estamos em Mônaco. A gente arranja o que fazer. – Guiei-a para fora do restaurante, seguindo pelo resort.
- Vai finalmente me levar para andar no seu iate? – Ela perguntou e ri fracamente.
- Eu esqueci de pedir para preparar, quando voltar aqui eu levo, prometo! – Falei.
- Vai dizer que o iate está igual seu apartamento? – Ela perguntou, me fazendo fechar a cara e ela riu disso.
- Não nessa forma, digo sobre ter um piloto para levar você para dar uma volta, coisas assim.
- Ah, entendi! – Ela disse, rindo e entreguei o ticket para o maitre. – Mas nem precisa de nada, só quero ter o prazer de entrar em um iate mesmo e tirar umas fotos para tirar com a sua cara. – Gargalhei, negando com a cabeça.
- Eu preparando um puta passeio e você quer só “tirar umas fotos”. – Afinei a voz e ela me deu um soco no braço. – Ah! – Rimos juntos.
- Ah, não sei! Não faço parte dessa nata, Danny! – Rimos juntos.
- Depois desse jantar, você me mostrou que faz. E de uma bem mais restrita do que a minha. – Ela sorriu.
- Fazer uma competição de quem é mais metido, chefs de cozinha ou pilotos de Fórmula Um! – Ela brincou e eu pressionei os lábios.
- Ah, cara! Agora você chegou numa competição boa! – Rimos juntos. – Se levarmos em consideração eu e você... Pilotos são mais metidos.
- Ah, com toda certeza! – Ela gargalhou.
- Mas vocês falam mais chique! – Falei rapidamente.
- Ah, claro! Apex, chicane, puncture! – Ela disse, gargalhando. – Fala que o pneu furou e está tudo certo! – Gargalhei alto. – Eles vão entender.
- Eles vão entender. – Falei rindo e vi o valet me entregar a chave.
- Aqui, senhor.
- Obrigado! – Falei, andando para perto da Vespa e peguei um capacete da mão do valet, entregando para . – Vamos dar uma volta.
- Eu deveria ter vindo de calça. – Ela comentou, colocando o capacete.
- Não, você está bonita assim. – Falei e ela ergueu o rosto, dando um curto sorriso.
- Obrigada. – Ela juntou a barra do vestido de novo e subi na Vespa, ligando-a novamente e o farol dessa vez. Ela subiu na garupa, me abraçando pela cintura e dei um sorriso enquanto colocava o capacete. – Vai devagar, acabei de comer.
- Ela só vai a 120 quilômetros por hora! – Falei, virando o rosto para trás.
- Ah. – Ri fracamente.
- Vamos sair desse buraco. – Falei, acelerando a Vespa e ouvi rir atrás de mim.
Segui de volta para Fontvieille de forma devagar. Eu estava simplesmente amando esse dia, não queria que acabasse tão cedo. Eu estava confuso com todos meus sentimentos, mas ver de outra forma estava me deixando feliz demais. Sei que isso implicava em diversas coisas, pensando em quantos anos somos amigos, mas eu queria descobrir mais e ver onde isso ia dar.
- Você não disse que a gente não ia para casa? – Ela perguntou quando passei pela rua de casa.
- Mas não vamos ainda, aqui é mais vazio. – Falei, atravessando a fronteira para França e passei pela Avenida Port de Cap’Ail, vendo alguns iates perdidos por ali.
Segui por entre a pequena rua do píer até chegar ao final dela, tendo o porto com alguns iates do lado esquerdo e mar do lado direito, sendo separado somente pela rua e uma mureta de pedras. Fui até o final dela, parando a Vespa e desliguei-a, sentindo me soltar e descer antes de mim.
- Isso é incrível! – Ela disse, aparecendo em minha visão quando ela se aproximou da murada e sorri com o vento sacudindo seus cabelos e seu vestido. Tirei o capacete, parei a Vespa e segui logo atrás dela.
- É um lugar legalzinho. – Falei, rindo.
- Eu entendo por que você gosta daqui. – Ela disse, virando para mim e apoiando o quadril na murada. – É como férias sempre...
- Tem um sentimento bom, né?! – Falei.
- Tem... – Ela suspirou, apoiando as mãos na murada e apoiei as mãos em suas coxas, ajudando-a a subir e ela sorriu. – Obrigada.
- Quando precisar. – Falei, me apoiando ao seu lado.
- É como... – Ela apoiou as mãos em seu colo para evitar que o vestido voasse. – Como se pudéssemos ficar aqui e fingir que o resto do mundo não existe.
- É, algo assim. – Suspirei, observando seus pés sacudirem embaixo. – Isso fora de GP. – Ergui o rosto para ela.
- Não dá nem para imaginar uma cidade... Do que eu chamo? Cidade? País? – Rimos juntos.
- Do que você quiser. – Sorri.
- Ah, enfim, não dá para imaginar uma cidade calma assim naquela loucura. – Ela disse, sorrindo.
- É outra cidade. – Falei. – Muda completamente. Mas a vantagem é que depois que acaba, eu vou para o apartamento e durmo na minha cama. – Dei de ombros. – Os hotéis são ótimos, os motorhomes não são ruins, mas dormir na minha cama...
- Seu próprio chuveiro! – Ela disse, tombando o corpo para o meu lado, me fazendo rir. – Eu não posso nem dizer muito sobre cama. A sua cama na fazenda é mais a minha cama do que a minha cama no apartamento. – Sorri, sentindo-a apoiar a cabeça na minha.
- E você tem um quarto na fazenda. – Rimos juntos.
- Virou o quarto do Isaac agora. – Ela disse, me fazendo rir.
- Ah, cara, sinto falta desse carinha. – Falei.
- Eu também. – Ela suspirou, erguendo o rosto.
- Mas agora você vai ter um restaurante incrível, em Perth, City Beach... – Me coloquei em sua frente, fazendo-a rir.
- Não fala isso! – Ela tombou a cabeça para trás. – Tem muita coisa para acontecer antes do restaurante em si.
- Como o quê? Comprar um espaço, montar, abrir... – Ela riu, apoiando as mãos em meus ombros.
- Quem dera! – Ela riu fracamente. – Preciso voltar a fazer cursos mais específicos, eu estou há cinco anos sem fazer algo grandioso. – Assenti com a cabeça. – Depois comprar um terreno, fazer o projeto, ter todas as especificações para uma área comercial, de alimentação e de acessibilidade, depois construir, criar o cardápio, conseguir alvará de funcionamento, licença para bebidas alcóolicas...
- É, porque precisamos de álcool! – Rimos juntos e minhas mãos foram para sua cintura.
- Depois de tudo pronto, montar a parte mobiliária do restaurante, pratos, talheres, copos, contratar equipe, treinar equipe, treinar forma de atendimento e de serviço. Depois de tudo isso, aí a gente abre. – Arregalei os olhos.
- Ok, eu cansei só de ouvir. – Ela sorriu. – Mas como as pessoas abrem restaurante tão rápido?
- Apoio externo? – Ela deu de ombros. – Possuem sócios? Franquia? – Ela ponderou com a cabeça. – Tudo bem, seria meu primeiro restaurante, eu quero cuidar de cada detalhe, então isso demora um pouco mais.
- Eu quero ser seu sócio. – Falei sério. – Para valer.
- Ok, podemos falar sobre isso. – Ela abaixou as mãos para a murada novamente. – Eu não sei, eu sou muito egoísta para essas coisas.
- Eu só quero comer. – Ergui as mãos, fazendo-a rir. – Eu te dou o dinheiro e você entra com a mão de obra. É o que plebeus fazem, não?
- Idiota! – Ela me chutou na coxa e levei as mãos à minha virilha, me fazendo rir.
- Por pouco, ! – Ela gargalhou.
- Ah, qual é! Você nem ia sentir. – Ela abanou a mão.
- Há, há, há, engraçadinha! – Falei, ouvindo-a rir.
- Eu lembrei daquela vez na escola que eu chutei sem querer! – Ela gargalhou.
- Ah, cara! Eu lembro daquele dia. Foi algo tipo assim, não? – Falei e ela sorriu.
- Sim, eu ia te chutar para te mostrar algo e acabei acertando o pequeno Daniel. – Ela gargalhou.
- Não vi graça nenhuma! – Falei, cruzando os braços.
- Eu imagino o quanto deve doer, porque, não sei se sabe disso, mas eu já levei um taco de cricket nos seios... – Gargalhei alto. – E dói muito!
- Como isso? Quando? – Perdi as forças com a risada, deslizando meu corpo no chão.
- Eu joguei bastante no ensino médio...
- Eu sei, mas estávamos afastados naquela época. – Falei, apoiando as mãos no chão e erguendo o olhar par ela.
- É! Eu não me lembro o que houve, foi em um dos jogos, mas eu levei uma bonita e doeu. – Ela disse, rindo. – Eu fiquei no chão por uns 10 minutos.
- Eu ficaria também. – Falei, rindo.
- Eu vou tentar não fazer mais no impulso, mas quando eu vi, já foi! – Ela gargalhou alto.
- Ah, cara! Estou ferrado. – Falei, rindo e ela sorriu.
- Não seja tão dramático! – Ela ameaçou me chutar de novo, me fazendo rir pela distância e sorri quando o vento ergueu seu vestido de novo.
- Você parou de jogar cricket, certo?
- Eu parei na faculdade. – Ela ponderou com a cabeça. – A LCB era completamente diferente de uma faculdade normal.
- Você era boa. Eu era um desastre. – Ela riu fracamente.
- Você era bom em esportes individuais. – Ela suspirou. – E no futebol, mas sozinho.
- Eu não passava para ninguém. – Falei, rindo.
- Exato. – Ela sorriu. – Desastre total. – Rimos juntos.
- Ninguém faz milagre, vai! – Dei de ombros, vendo-a olhar em volta.
- Danny...
- O quê?
- Eu sei que estamos no país mais rico do mundo, mas é ok ficarmos de boa aqui a essa hora? – Ri fracamente.
- É, é sim. – Sorri e ela assentiu com a cabeça. – O país mais seguro do mundo.
- E sem impostos. – Ela disse, me fazendo rir.
- E sem impostos. – Sorri.
- E onde encontro sorvete no país mais seguro do mundo? – Ela pressionou os lábios em uma careta.
- Depois de quatro pratos e uma sobremesa, você quer sorvete? – Ela deu de ombros e ponderei com a cabeça. – É... Por que não? – Falei, rindo, me levantando e ela pulou da murada. – Não tenho ideia de onde vamos encontrar uma sorveteria agora, mas qualquer coisa tem sempre o mercado 24 horas. – Ela riu fracamente.
- Está ótimo para mim. – Ela seguiu na minha frente e passei o braço em seus ombros, trazendo-a mais para perto.
- Ok, eu preciso dizer que aquele foi literalmente o melhor sorvete que eu tomei na vida. – Tirei o capacete da cabeça, entregando para Danny. – Eu não sei se posso dar estrela Michelin para uma sorveteria, mas aquela merece. – Sacudi os cabelos, vendo-o rir.
- Eu adoro ver você realmente apaixonada pelas comidas, de verdade. – Ele disse, fazendo o mesmo e guardando os capacetes embaixo do banco.
- Já tivemos essa conversa mais cedo. – Abanei a mão, dando uma volta ao redor do corpo.
- Eu sei, mas gosto de te ouvir falar sobre isso. Acho que você se sente bem com isso. – Ele seguiu comigo e fomos em direção ao elevador.
- Eu sinto. – Mordisquei meu lábio inferior, suspirando. – Mas hoje o dia foi excepcional, Danny. Obrigada, para valer. – Ele sorriu, se virando para mim.
- Foi bom, né?! – Assenti com a cabeça, suspirando. – Podemos fazer isso com mais frequência.
- Tem espaço para mim nesse seu micro apartamento? – Brinquei, sentindo-o me puxar pelo ombro, me fazendo rir.
- Não fala mal do apartamento. – Ele apertou o botão do andar e me livrei de seu braço. – Ou não vai ter lugar para você!
- Isso quer dizer que tem lugar para mim? – Abri um largo sorriso e ele se virou para mim, ponderando com a cabeça.
- Se você não falar mal do apartamento, talvez tenha. – Ele disse e rimos juntos.
- Combinado! – Empurrei-o com o quadril quando o elevador abriu e entrei primeiro.
- Mas, falando sério agora, você pode vir para cá, ficar aqui... Nosso ponto de encontro não precisa ser só Perth. – Ele cruzou os braços e mordisquei o lábio inferior, observando-o pelo espelho.
- Ano que vem vai ser diferente, Danny. Muita coisa vai mudar. – Suspirei.
- Estamos em abril ainda, . Não precisa deixar só para o ano que vem. – Ele disse. – Ainda tem muito o que acontecer aqui... – Assenti com a cabeça.
- Eu sei, só... Vamos fazer o que programamos, pode ser? – Virei de frente para ele. – Eu vou te acompanhar nessa temporada, em dezembro eu bato o martelo sobre todas as outras coisas... – O elevador parou e ele saiu de costas.
- Tudo bem, mas repito: estamos em abril ainda, tem muito até o fim do ano. Não precisa deixar a vida passar por causa desse prazo.
- Não estou deixando a vida passar... – Segui logo atrás dele. – Eu estou aqui em Mônaco, contigo, tendo um dos melhores dias da minha vida. – Ele sorriu.
- Um dos melhores dias da sua vida? – Ele perguntou, pegando a chave.
- É. – Mordisquei meu lábio inferior. – Acho que muitos dias da minha vida tem você de coadjuvante. – Ele abriu a porta, me deixando entrar em sua frente.
- Agradeço pela valorização, mas nunca estou como coadjuvante. Nunca! – Gargalhei, ouvindo a porta fechar e seguimos em direção ao seu quarto.
- É minha vida! Você nunca vai ser principal na minha vida, Daniel! – Rimos juntos.
- Você é principal na minha vida. – Ergui meu rosto para ele, vendo-o apoiar o corpo no batente da porta. – Você é, talvez, a mulher mais importante da minha vida. – Mordisquei meu lábio inferior. – Não deixa minha mãe e nem a Mi ouvir isso. – Sorri.
- Você me entendeu. – Falei. – Você é importante na minha vida. – Suspirei. – Você é o homem mais importante da minha vida, na verdade. – Ele sorriu. – E eu posso dizer isso sem medo de alguém ouvir.
- Ah, vai que o tio Alex joga um raio na nossa cabeça. – Rimos juntos e me aproximei dele, apoiando as mãos em seus ombros.
- Ele nunca faria isso. – Suspirei. – Você é bom demais para mim. – Abracei-o apertado, sentindo suas mãos apertarem minhas costas. – Tenho certeza de que ele está feliz por sua filha ter uma família incrível cuidando dela. – Arrepiei quando ele beijou meu ombro, me fazendo morder meu lábio inferior.
- Aposto que eles estão felizes pela mulher que se tornou, ! – Ele sussurrou. – E por tudo. – Afastei meu rosto devagar, sentindo-o descer as mãos para minha lombar.
- Eles adorariam te ver correr. – Mordisquei meus lábios, olhando em seus olhos.
- Eles adorariam ver muita coisa. – Ele suspirou e me senti intimidada pela proximidade, sentindo sua respiração em meu rosto e tentei colocar minha cabeça em ordem, pigarreando.
- Isso está ficando um pouco depressivo. – Empurrei seu corpo levemente, sentindo suas mãos deslizarem de leve pela minha bunda até a coxa e desviei meu olhar do dele. – Eu vou usar o banheiro rapidinho.
- Claro... – Ele disse e dei de costas, sentindo meu coração bater forte e peguei minha mochila na beirada da cama antes de correr me esconder no banheiro.
Tranquei a porta e me sentei no vaso sanitário, respirando fundo, abanando as mãos em meu rosto para ver se esse surto passasse. O que está acontecendo comigo? Eu não posso estar apaixonada por Danny. Isso não pode estar acontecendo. É louco, é estranho e é fadado ao fracasso. Somos amigos há 24 anos. 24 anos. Não tem como um relacionamento desses funcionar. E mesmo se for uma amizade colorida, sempre dá fracasso no final.
E eu não estou pronta para ficar sem esse homem na minha vida. Sem essa família na minha vida. Ainda mais dividindo o apadrinhamento de Isaac com ele. Isso é fodido! Isso é fodido! Isso não pode estar acontecendo! Isso não pode estar acontecendo.
Apertei as mãos nos olhos, soltando a respiração com força pela boca e abaixei a cabeça entre as pernas. Puxando e soltando a respiração diversas vezes. Levantei do vaso, abrindo a torneira com força e joguei bastante água em meu rosto, respirando fundo e vi a maquiagem borrar quando esfreguei os olhos e olhei o reflexo pelo espelho.
Pensando pelo outro lado, é incrível como não aconteceu antes. Danny sempre foi a melhor pessoa da vida. Sempre um amigo carinhoso, amoroso, que fazia eu me sentir bem quando eu não estava. Entendia minhas crises de surto, dor, luto ou até de ciúmes, sem fazer escândalos e nunca gritou comigo, se não fosse para eu me sentir bem.
Merda! Isso é fodido!
Tentei tirar isso da minha cabeça enquanto lavava o rosto para tirar a maquiagem e escovava os dentes, mas minha cabeça parecia uma bigorna de tão pesada que estava. Peguei minha mochila, procurando pelo meu pijama e franzi a testa quando não o achei de cara. Tirei os vestidos, a sacola de lingerie e a necessaire, procurando mais fundo e não estava lá.
Tombei minha cabeça para trás, tentando lembrar de quando montei a mochila para não trazer as duas malas da China e fiz uma careta. Eu coloquei os pijamas na mala de roupa suja para Michael mandar lavar para mim. Merda. E eu nem trouxe shortinhos, só vestidos para curtir os dias. E dormir de calça jeans estava fora de cogitação.
- Danny? – Chamei-o.
- Fala! – Ele gritou de volta e abri a porta do banheiro, vendo-o colocar a cabeça para fora do closet com um short e uma camiseta regata larga de seu pijama.
- Tem alguma roupa que você possa me emprestar para eu dormir? Deixei os pijamas na mala para lavar. – Ele riu fracamente.
- Claro, ! – Ele sorriu, entrando no closet de volta e suspirei, ouvindo-o abrir e fechar algumas gavetas antes de aparecer de novo. – Vê o que acha! – Ele me entregou duas roupas e sorri.
- Obrigada. – Falei, antes de entrar novamente no banheiro.
Apoiei as roupas na pia e vi um short de tactel azul escuro e uma de suas diversas camisetas pretas super largas. Não entendo o prazer de Danny em usar roupas muito largas. Ele é lindo e estava mais lindo ainda hoje, mas essas roupas escondem um pouco de seus atributos... Ai, Deus! Estou ferrada.
Tirei o vestido, colocando a roupa e me senti criança quando colocava a roupa de meu pai. Ao menos a roupa tinha o cheiro do perfume de Danny e eu amo o La Baie 19 dele. É um cheiro que acompanha minha vida antes de eu estar derretendo por ele. Ai, inferno! Meus planos para esse ano não eram me apaixonar, muito menos por Danny! Essa parte estava legal na minha vida, Moço Aí de Cima, quando falei que queria mudanças, não quis dizer isso.
- Deu certo? – Danny perguntou.
- Si-sim! – Falei rapidamente, ajeitando minhas coisas de volta na mochila, com exceção do vestido que eu tinha tirado. – Já saio.
- Sem pressa. – Ele disse.
Fiz minhas necessidades e dei uma ajeitada nos cabelos, me olhando no espelho. Eu nunca me importei sobre isso, mas agora eu queria estar bonita para ele e essa é a pior coisa de todas! Ah, meu Deus! Eu estou ferrada! Eu estou ferrada! Saí logo em seguida e encontrei Danny sentado na cama, fazendo malabarismos com três bolas.
- Está livre para você. – Falei, deixando minha mochila no canto novamente.
- Ficou ótimo em você! – Ele disse e pressionei os lábios.
- Você usa roupas muito largas! – Estiquei a blusa nos lados, fazendo-o rir enquanto se levantava.
- Roupa de dormir é para ser confortável, melhor ainda se for sem nada. – Ele passou por mim e pressionei os lábios antes de ouvir a porta se fechar.
Dormir sem roupas com meu melhor amigo? Por que isso parecia incrivelmente interessante agora? Em outras situações eu sentiria nojo disso, mas agora... Merda!
Estiquei o vestido da noite na poltrona perto do armário e calcei os chinelos, olhando para a cama que Danny havia arrumado e senti meu corpo travar por alguns segundos. Iríamos dormir juntos? É isso mesmo? Eu me ferraria mais ainda hoje? Ah, droga! Pior que nem tinha como sair dessa, porque é algo que a gente faz com frequência, inclusive dormir abraçados, mas não quando meu coração parece uma batedeira perto dele.
Ele vai notar, certeza! Eu estou ferrada.
Sacudi a cabeça, colocando os cabelos atrás das orelhas e peguei meus remédios antes de sair do quarto. Fui até a cozinha e tomei os remédios com um pouco de água, tomando outro copo logo em seguida antes de voltar para o quarto, encontrando Danny fechando a porta do banheiro.
- Tudo certo? – Ele perguntou.
- Sim, só fui tomar meus remédios.
- Preciso tomar minhas vitaminas também, pode se ajeitando do lado que preferir, eu logo volto. – Ele falou, coçando a nuca e engoli em seco.
- Hum... Tem certeza de que não quer que eu durma no sofá? – Mordisquei meu lábio inferior e ele virou o rosto para mim de novo. – Digo, o dia foi longo hoje, você deve estar cansado.
- Não... Não! Não é a primeira vez que dividimos a cama, . Não vai ser a última. – Ele deu um curto sorriso. – E está quente, aqui tem ar-condicionado, vamos ficar mais confortáveis. – Ele abanou a mão, saindo do quarto e tive vontade de gritar “puta que pariu” o mais alto possível, mas me contive.
- “É algo normal, vai dar tudo certo”. – Sussurrei debochadamente antes de seguir até a sacada, puxando a cortina para fechar. – Eu estou ferrada.
Neguei com a cabeça, me sentando de um lado da cama e tentei limpar a cabeça para fazer minha oração noturna. Por algum motivo, eu incluí um pouco de claridade nessa bagunça que estava minha cabeça. Que pudesse me guiar para um caminho que eu descubra se é realmente amor ou só uma paixonite boba de uma mulher carente de 26 anos.
- Tudo certo aqui! – Danny voltou para o quarto, fechando a porta e o vi fechar a porta do banheiro e do closet antes de aparecer no quarto. – Vamos ligar isso, aqui fica meio quente pela manhã. – Ele pegou o controle, ligando o ar-condicionado.
- Como está a programação amanhã? – Perguntei, tentando manter a calma enquanto ele se sentava do outro lado da cama.
- Combinei com o Felipe a uma da tarde. – Ele disse, virando o corpo para dentro da cama. – Podemos tomar café da manhã no Hôtel de Paris ou dormir até mais tarde.
- Sim, claro! Seria legal! – Sorri, me deitando e ele fez o mesmo.
- Quer que coloque despertador? – Ele perguntou, ajeitando o travesseiro.
- Que horas são? – Perguntei.
- Uma e pouco. – Ele disse.
- Não é como se dormíssemos muito, Danny. Ficamos velhos. – Rimos juntos.
- Se você ainda estiver com remédio, você capota.
- Eu acho que não, acordei sozinha a tarde. – Ele assentiu com a cabeça.
- A gente vê quando acordar, então. – Ele disse. – Se dormir, a gente toma no sábado antes de ir embora.
- O voo para Rússia vai ser chato, não vai? – Perguntei, fazendo uma careta.
- Vai... – Ele suspirou. – Conexão noturna na Turquia. – Suspirei. – Isso sem contar a ida para Milão.
- Ao menos vamos passar na Itália, eu gosto de lá. – Comentei, virando o rosto para ele, percebendo que ele me olhava.
- Vamos para lá em setembro. – Sorri. – Mas vamos chegar em Sóchi quebrados.
- Você que me perdoe, mas eu vou tomar meu remédio sim. – Ele sorriu.
- Acho que para esse até eu vou tomar. – Ele disse e rimos juntos.
- É melhor dormirmos, amanhã vai ser outro dia cheio. – Comentei e ele assentiu com a cabeça antes de erguer a mão e bater no disjuntor.
- Boa noite, .
- Boa noite, Danny! – Falei, mordendo meu lábio inferior e virei meu corpo para a parede, sentindo-o se mexer na cama e relaxei quando ele não se aproximou.
Agora eu precisava relaxar e conseguir dormir. Só isso.
Franzi os olhos, sentindo um aperto forte na área da virilha e estava com vontade mijar. Que caralho! Eu não tinha ideia de que horas eram, mas meu corpo ainda estava cansado, eu não queria levantar agora, vai ser difícil voltar a dormir de novo.
Tentei ignorar esse aperto entre as pernas, mas a vontade foi mais forte, me obrigando a abrir os olhos. O quarto estava levemente claro por uma fresta da cortina e encontrei os olhos de fechados em minha direção. Ela dormia calmamente, com o cabelo caindo na bochecha e um braço em volta do travesseiro e outro caído em sua barriga.
Aquilo me fez sorrir e notei que minha mão estava apoiada em sua cintura, mantendo nossa proximidade e suspirei. Meu indicador foi em direção a sua bochecha, tirando o cabelo e sorri com seus lábios levemente abertos e a respiração saindo por eles. Eu só queria beijá-la, da mesma forma que eu quis beijá-la e abraçá-la várias vezes ontem.
Tinha sido realmente um dia perfeito, sair para jantar com ela, vê-la falando de forma apaixonada sobre sua carreira, perceber detalhes que passavam despercebidos durante os anos de amizade. É quase como se não tivesse muita coisa acontecendo em nossas vidas, quase como se pudéssemos ficar trancados nesse apartamento para sempre, só curtindo a presença um do outro.
Deus, como eu gostaria de algo assim.
Eu sei que não é fácil. Nossa amizade é muito longa e íntima para simplesmente fazer essa mudança. Não posso fazer nada na empolgação, por mais que eu quisesse apertar minhas mãos em suas coxas e beijá-la, eu preciso analisar meus sentimentos muito bem antes de fazer qualquer coisa, pois pode não ter volta.
Meus lábios foram para sua testa, dando um leve beijo ali e me lembrei da vontade de fazer xixi. Virei meu corpo na cama, afastando do calor do seu corpo e levei a mão até meu pênis, sentindo-o duro e me assustei ao olhar e perceber a ereção em meu corpo.
- Merda! – Olhei rapidamente em volta quando a voz saiu mais alta e ainda dormia e tentei me levantar devagar, deslizando meu corpo da cama e caí de joelhos. – MERDA! – Me levantei apressado, correndo em direção ao banheiro e bati a porta, encostando nela.
Olhei para baixo, vendo a ereção em evidência pelo short e senti minha respiração apressada. QUE MERDA! O QUE ESTÁ ACONTECENDO? ISSO NUNCA ACONTECEU ANTES! ISSO NÃO PODE ACONTECER.
- Danny? – Ouvi a voz de e meu corpo gelou. – Está tudo bem?
- Si-sim! – Falei rapidamente, trancando a porta. – Emergência! – Sacudi a cabeça. – Número dois! – Bufei.
Você não fala isso para a garota que você está gostando, cara! Porra! SEU IDIOTA!
Olhei para ereção novamente, respirando fundo e precisava de uma forma para relaxar isso sem... A forma tradicional.
Fechei os olhos, tentando pensar em coisas broxantes como calcinha bege, mal hálito, minha ex, mulher com bigode ou com braço peludo, mas nada disso realmente veio a minha cabeça. Em compensação, a cena de ontem, quando apertei minhas mãos em suas pernas para ajudá-la a sentar na murada veio em minha cabeça, e veio rápido demais. O polegar apertou a pele que aparecia dentro da fenda e a aproximação quando ela me abraçou.
Cara, eu deveria ter beijado ela ali mesmo! Era o momento perfeito! O lugar perfeito! Não tenho a mínima ideia do que faria depois disso, mas merda! Teria sido perfeito.
Olhei para os shorts novamente, ainda vendo a ereção e bufei. Eu vou ter que ir pelo modo tradicional e espero que alguém lá em cima me perdoe por isso. Seja Deus ou tio Alexander.
Pensar no pai dela? Não?
A ereção permanecia lá e respirei fundo. Passei as mãos pelo elástico da bermuda, deslizando-a pelas pernas junto com a cueca e encontrei minha ereção firme, me fazendo suspirar. Isso era loucura. Isso não podia acontecer! Isso é errado. Ela é minha melhor amiga. Eu com certeza vou para o inferno depois de hoje.
Deslizei a mão pelo meu pênis, soltando a respiração pela boca e fechei os olhos, mantendo um movimento devagar em meu pênis e apertei a outra mão no box, deixando minha cabeça ir longe.
Os últimos dias vieram em minha mente e só consegui pensar no sorriso de , nos lábios entreabertos, seus olhos me encarando de perto, suas mãos em minha nuca e como eu queria suas pernas ao redor de meu corpo, seus lábios colados nos meus e minhas mãos entre seus cabelos enquanto a pressionava contra a parede.
A mão foi deslizando com mais rapidez, fazendo a respiração acelerar com os movimentos e soltava a respiração devagar pela boca, evitando ao máximo fazer barulho. O calor começou a subir pelo meu corpo e soltei o box, puxando a blusa pelo pescoço, jogando-a no chão.
O sorriso de veio em minha cabeça de novo, além da intensidade e animação que falávamos sobre as coisas da sua carreira. Sua emoção com a ideia de um restante em City Beach e o largo sorriso que ela deu com a ideia, fazendo o meu só se alargar.
Meu corpo começou a pressionar na base da virilha e comecei a agilizar mais os movimentos, aumentando o atrito em minha pele e apertei a mão livre em meu pescoço, fechando-a ali. Soltei a respiração com força, pressionando os olhos.
O abraço de ontem veio em minha cabeça, quase como se eu sentisse seus braços ao redor de meu corpo e minha mão deslizando pelas suas costas, depois em sua bunda antes de passar rapidamente pelas suas coxas. Como eu queria fechar minhas mãos ali e erguer sua perna para minha cintura...
- Porra... – Suspirei, sentindo meu corpo relaxar com o gozo e soltei a respiração devagar pela boca.
Meu corpo relaxou aos poucos, enquanto eu ainda deslizava a mão úmida pela extensão de meu pênis e fui sentindo meu corpo normalizando aos poucos. Ergui meu rosto para o espelho, tendo meu reflexo quase de corpo inteiro ali e me senti um idiota.
Que merda tinha acontecido aqui?
Eu tinha acabado de me masturbar pensando na minha melhor amiga?
Merda! Eu estou ferrado.
Desencostei meu corpo da porta e fui até o vaso sanitário, abrindo-o devagar e apertei a descarga com força, enrolando alguns segundos antes de soltar e bater a tampa com força. Que idiota!
Aproveitei o corpo suado e o estado e segui direto para o banho, talvez alguns minutos fizessem eu esquecer um pouco de tudo, colocar a mente para pensar direito e não ter outra ideia estúpida de me masturbar pensando na minha melhor amiga.
Isso não se faz, cara.
Seu sorriso veio em minha cabeça novamente e abri os olhos, vendo as gotas caírem de meus olhos, nariz e queixo e suspirei. Eu desisto! Eu estou ferrado.
Terminei de tomar o banho com a cabeça fervendo e puxei a toalha com força do box, enrolando-a na cintura antes de sair do mesmo. Me sequei melhor do lado de fora e peguei minhas roupas no chão, respirando fundo.
Você consegue fazer isso. Você consegue!
- ?
- Oi! – Ela respondeu. – Está tudo bem?
- Sim, está! Eu tomei banho e preciso ir para o closet.
- Ok... – Ela disse e abri a porta do banheiro, segurando na junção da toalha antes de atravessar o curto corredor até o closet e me trancar lá dentro.
Passei desodorante e retoquei o perfume antes de virar para o armário. Peguei uma cueca limpa e coloquei uma bermuda e outra camiseta larga antes de jogar a cueca no cesto e dobrar o pijama, colocando no canto. Passei a toalha nos cabelos, tirando o excesso e me olhei no espelho dali.
- Você consegue, cara. Você é bonito, gostoso. Não é seu primeiro rodeio, cara. – Suspirei.
Por que eu sentia que era? Acho que eu estou mais nervoso agora do que no nosso primeiro beijo.
Empurrei a porta do closet de novo, voltando para o banheiro para deixar a toalha e aproveitei para escovar os dentes antes de voltar para o quarto, encontrando deitada na cama olhando para a parede do outro lado e sorri com suas coxas contraídas pelas pernas dobradas e nunca gostei tanto dos meus shorts de pijama como agora.
- Você pode olhar agora. – Falei e ela virou o corpo na cama, se sentando devagar.
- Está tudo bem mesmo? – Ela cruzou as pernas e me sentei na beirada da cama.
- Sim, está tudo bem. – Suspirei. – Só tive uma dor de barriga.
- Será que foi o sorvete? Não lembro de você pedir sem lactose. – Minha cabeça pensou rápido e seria a desculpa perfeita, apesar de ter tomado remédio antes de ir para o restaurante.
- Sim, acho que foi sim! – Suspirei. – Quando a natureza chama... – Ela riu fracamente, me batendo com o travesseiro. – Ai.
- Isso é nojento! – Ela disse, rindo.
- Todo mundo faz, . Até você! Te chama várias vezes por causa dessas comidas estranhas que você experimenta. Inclusive falou que ia virar flor uns dias atrás. – Ela abriu um largo sorriso.
- É, você tem razão. – Ela riu fracamente. – Mas eu me assustei, você gritou e a porta bateu com força. – Cocei a nuca, nervoso.
- Eu acabei batendo o pé na quina e a porta foi consequência. – Ela assentiu com a cabeça e dei um curto sorriso. – Dormiu bem? – Mudei de assunto.
- Sim, dormi sim. – Ela deu um curto sorriso, passando as mãos nos cabelos bagunçados, jogando-os para trás. – Você?
- Sim, é bom dormir na minha cama. – Ela assentiu com a cabeça.
- Não te atrapalhei? – Ela comentou.
- Não, nunca! – Disse, sorrindo.
- O banheiro está habitável? Pensei em tomar banho também. – Ela disse.
- Sim, sim... – Ri nervoso. – Está sim. – Abanei a mão. – Que horas são?
- 8:52. – Ela disse, rindo.
- Não quer dormir? – Perguntei. – O dia vai ser cheio.
- Não, estou bem. – Ela deu de ombros.
- Podemos ir ao Hôtel de Paris... – Ela abriu um largo sorriso.
- Sim, por favor! – Ela disse, rindo e sorri.
- Vai tomar seu banho, logo saímos. – Falei.
- Ok... – Ela pressionou os lábios, rindo sozinha antes de se levantar e acompanhei suas pernas em direção ao banheiro antes de fechar a porta, abrindo-a segundos depois. – Esqueci a mochila. – Ela a pegou no pé da cama antes de fechar novamente e fiquei rindo sozinho no meio da cama.
Capítulo 11
O clima no carro estava tenso. Danny estava se sentindo pequeno, como se o automóvel fosse gigante para ele, já Joe tentava manter a calma para não estourar com o menino e se arrepender minutos depois. Danny sabia que tinha errado e se sentia muito culpado por isso. Ele talvez preferisse que Joe falasse várias besteiras e o xingasse do que esse silêncio, mas pelo silêncio ele sabia que algo estava muito errado.
Quando o carro embicou na garagem dos Ricciardo, Danny esperou alguns segundos para seu pai falar alguma coisa, mas Joe não disse nada. Então Danny pegou sua mochila, ajeitando em um braço antes de abrir a porta.
- Desculpe, pai. – Ele falou em um sussurro antes de sair, fechando a porta em seguida.
Joe saiu logo atrás, a cabeça fervendo por tantas coisas que ele podia dizer ou não, mas só seguiu atrás do garoto, fechando o carro e colocando a chave na porta para que o menino pudesse entrar. Grace notou a presença dos dois, abrindo um largo sorriso, enquanto secava as mãos no avental em sua cintura.
- Então, como foi lá? – Ela falou, animada.
- Oi, mãe. – O sorriso de Grace sumiu com a voz apática do menino e a feição avermelhada de Joe. – Posso ir para o meu quarto?
- Mas o que...
- Pode! – Joe disse rapidamente e Daniel não esperou outro aviso antes de sair correndo pelo corredor de casa.
- O que aconteceu? – Grace perguntou, surpresa, e Joe soltou toda respiração que estava entalada no carro, enquanto passava a mão na testa.
- Ele foi péssimo no treino hoje. – Ele disse. – Ele não estava presente, Grace! Parecia que ele estava em outra realidade. Ele ficou em décimo sétimo hoje, de 18 corredores. Não tem como eu pedir licença no trabalho para levá-los nos testes se ele não tenta pelo menos lutar pelo primeiro lugar. Não temos condições de pagar isso.
- Calma, Joe, vai ver aconteceu alguma coisa e ele está chateado. – Grace disse, abraçando o marido pela cintura.
- Se ele quer seguir carreira nisso, ele precisa estar bem em todo momento, amor. Ele sabe o quão difícil é para nós pagar. Cada pneu novo, cada batida, cada uniforme, cada capacete, é difícil para nós e meu chefe está sendo compreensivo, mas até quando? Não posso pedir outro adiantamento, especialmente com ele assim, não dando resultados.
- Calma, amor! – Ela deu um beijo em sua bochecha. – Dê um tempo para ele se recuperar, vai ver aconteceu algo na escola também e ele não nos disse. – Ele suspirou. – Você não estourou com ele, estourou?
- Não, mas foi por pouco. – Ele suspirou.
- Deixa ele descansar, amanhã conversamos com ele melhor. – Grace deu um rápido selinho em seus lábios.
- Eu vou tomar banho. – Ele suspirou.
- Michele foi no cinema com a Alicia, somos só nós para janta. – Grace anunciou.
- Combinado. – Ele disse, seguindo por dentro do corredor.
Antes de seguir para o quarto dos fundos, Joe notou o fio do telefone da sala de televisão esticado no meio do corredor, entrando no quarto de Danny e suspirou. Sabia que o garoto tinha consciência de como fracassou hoje quando isso acontecia. Talvez uma boa e longa conversa com seja o que ele precisava.
Dentro do quarto, Danny estava sentado no chão, com as costas encostadas na cama, a ponto de só ser possível ver os cachos em sua cabeça se alguém entrasse. Seus dedos já tinham discado o conhecido número de e agora ele esperava que Helena passasse o telefone para a menina.
- Danny! – Ela disse, animada.
- Oi, ! – Ele suspirou, coçando o olho.
- Como foi lá? – Ela perguntou, animada, se jogando na cama.
- Não foi... – Ele suspirou.
- Como assim? – Ela perguntou e as lágrimas do menino escaparam pela bochecha.
- Foi muito ruim, . – Ele fungou forte. – Eu fui muito mal.
- Ah, mas essas coisas acontecem, Danny. Não dá para ser bom todo dia. – Ela tentou animar o menino.
- Eu sei, mas o papai tá bravo. – Ele passou as mãos nos olhos. – Ele não falou comigo o caminho inteiro de volta.
- Ah, Danny... – Ela suspirou. – Isso acontece, de verdade. Papai vive dando esses gelos comigo por causa da escola.
- Não acho que é assim, . Acho que acabou para mim...
- Como assim? – Ela perguntou, surpresa.
- Acho que ele não vai deixar eu correr mais. – Ele engoliu em seco ao pensar na possibilidade. – Ele não está falando comigo, ele vive falando de como tudo é caro nesse mundo... – Ele suspirou e estava perdida do que fazer nessa situação. Era difícil ver o amigo triste.
- Você quer que eu vá aí? – Ela sugeriu.
- Está tudo estranho aqui, melhor não. – Ele suspirou e ela pressionou os lábios.
- Não pensa assim, Danny. As coisas vão melhorar, você vai ver. Esteja atento no próximo treino e mostre para o seu pai que você quer muito isso. – Ele pressionou os lábios. – Vai ver você só estava desligado hoje...
- Eu não sei por que também. Não aconteceu nada... – Ele suspirou.
- Tem dias que a gente só não está bem. – Ela disse. – Vai ver você só precisa de um tempo para você...
- Ele não vai aceitar essa desculpa.
- Ele não precisa aceitar essa desculpa, Danny. Se não aconteceu nada e você está bem, aconteceu... – Ela disse com simplicidade. – Não ache que a corrida está perdida, ok?! Ainda tem muita coisa pela frente... – Ele suspirou. – Eu ainda quero ver meu amigo correndo como Coulthard, Schumacher e outros... – Ele sorriu.
- Você sabe...
- É claro que eu sei, Danny! Eu sou sua amiga, se você gosta de alguma coisa, eu também gosto. – Ela disse, fazendo o garoto sorrir. – E a gente vai fazer dar certo, ok?! Nem que a gente precise vender tortas na porta da escola.
- Não sabemos cozinhar, . – Ele disse.
- Ainda! – Ela disse, rindo. – Se for para ajudar sua carreira a decolar, a gente dá um jeito. – Ele sorriu. – Mas não desista.
- Obrigado por isso... – Ele deu um curto sorriso.
- Eu estou aqui para o que você precisar, Danny. – Ela sorriu, girando o corpo na cama. – Somos amigos, Danny! Para sempre.
- Para sempre. – Ele sorriu também.
- Já decidiu que categoria quer correr? – Ela perguntou.
- Acho que sim. – Ele disse, rindo.
- É? Qual? – Ela perguntou, animada.
- Fórmula Um! – Ele disse, sorrindo. – É a mais rápida, é a mais legal, a mais empolgante. – Ela riu em meio a um sorriso.
- É muito rápido. – Ela disse.
- Por isso que é a mais legal! – Ele disse rindo. – E eu vou chegar lá, ! Eu vou entrar na mesma lista de Jack Brabham e Alan Jones e vou ser um piloto de Fórmula Um australiano! Nem se for a última coisa que eu faça.
- Ok, vamos reduzir no drama... – Eles riram juntos. – Mas eu confio em você, Danny. E eu vou te apoiar no que você precisar. Nem que eu precise vender torta na porta da escola. – Ele riu.
- A gente tá rindo, mas talvez eu precise fazer algo para ajudar. – Ele suspirou. – Mas não sei o que.
- Barraca de limonada? – Ela falou em dúvida e ele riu fracamente.
- É... Talvez. – Ele suspirou. – Eu ainda tenho que encarar uma conversa com meu pai. – Ele coçou os olhos.
- Vai dar certo. Pode não ser fácil, mas fala para ele o que você sentiu e que você quer continuar. Ele vai entender. – Ele suspirou. – Depois disso você pode vir aqui em casa e a gente pode ver Shrek enquanto come pipoca. – Ele sorriu.
- É uma ideia muito boa. – Ele jogou a cabeça para trás. – Eu te ligo depois, pode ser?
- Claro! Eu tô fazendo lição de casa. – Ela disse.
- Se ficar tudo bem, eu falo que preciso pegar minha lição e passo aí mais tarde.
- Tudo bem, eu vou estar aqui. – Ela falou.
- ‘Brigado, . Tava precisando disso.
- Relaxa, Danny! Eu vou estar aqui para sempre. – Ele sorriu.
- Eu também. – Ele sorriu. – Tchau!
- Tchau!* – Ela disse antes de desligar o telefone.
Danny colocou o telefone no gancho de novo e suspirou, dando um curto sorriso antes de subir na cama, se jogando nela. sempre o fazia se sentir bem e estava feliz por isso. Joe também. Sabia que não deveria espionar seu filho, mas ouvir ele falar que estava com medo de perder tudo, o motivava a encontrar forças para ajudá-lo, não importa o quão cansado estivesse e o quão pesado eram os gastos, mas confiava em Daniel para fazer isso acontecer, mesmo com todos os sacrifícios.
*Daniel disse no podcast do Nico Rosberg que aconteceu algo similar a isso um dia e ele teve uma conversa dessa com um de seus amigos.
Abri o forno e puxei a torta de lá de dentro, suspirando com o cheiro de pêssego e coloquei-a na bancada, sorrindo com o resultado. Tirei as luvas das mãos, colocando-a em seu lugar. Abaixei meu corpo na altura da bancada para observar a massa dourada e me assustei quando Danny apareceu na porta.
- O cheiro está uma delícia! – Ele disse e me levantei, virando para ele, vendo-o abotoar a camisa xadrez por cima da camiseta preta.
- Está pronta. – Dei um curto sorriso, observando as calças pretas e o sapatênis cinza. – Não toca, eu vou colocar minha roupa.
- Só um pedacinho! – Ele tentou entrar na cozinha e apoiei a mão em seu peito, empurrando para trás.
- Está quente e não vou levar a torta com um pedaço faltando. – Falei, puxando a porta em seguida.
- Por favorzinho... – Ele fez um bico que normalmente eu não cairia, mas dessa vez eu logo cairia.
- Não! – Falei firme. – Eu vou me trocar e você fica longe da cozinha! – Empurrei seu peito até o outro lado da antessala antes de desviar para entrar no seu quarto.
- Pelo menos você vai parar de falar mal da cozinha. – Ele disse e ri fracamente, entrando no quarto, pegando meu vestido branco.
- É boa o suficiente para eu fazer uma torta... E só! – Falei firme, ouvindo-o rir e fui em direção ao banheiro. – Não toca na torta!
- Ok, ok! – Ele ergueu as mãos e dei um olhar mais firme nele antes de entrar no banheiro.
Fechei a porta e me livrei do short e blusa de Danny que tinha colocado depois do banho. Me aproximei do espelho, fazendo uma maquiagem mais leve somente com lápis de olho, máscara e um batom rosado. Está bem quente e não aguentaria ficar sei lá quantas horas de base e maquiagem completa no rosto.
Quando terminei, renovei o desodorante e o perfume, fui ao banheiro mais uma vez e coloquei o vestido ombro a ombro branco com algumas flores alaranjadas, com uma fenda também na perna esquerda. Penteei os cabelos e fiz um rabo de cavalo baixo, ajeitando os fiozinhos rebeldes com um pouco de laquê. Sorri com o resultado e ajeitei a área do busto, puxando o vestido um pouco mais para baixo.
Juntei minhas coisas na necessaire novamente e deixei-a no canto da pia antes de sair do banheiro. Andei pelo quarto, observando Danny jogado na poltrona e ele tirou os olhos do celular para virar para mim e fui até a cama, calçando as mesmas rasteirinhas de ontem e de hoje de manhã.
Andei até o closet de Danny, ajeitando a roupa mais uma vez, ajeitando os seios melhor no busto antes de sair do quarto. Danny olhava para mim com os olhos arregalados e pressionei os lábios em um curto sorriso.
- Estou bem? – Perguntei.
- Si-im. – Ele falou alongado, rindo em seguida. – Você está ótima. – Assenti com a cabeça.
- Obrigada. – Suspirei, pegando meu celular na mesa. – Pode levar? – Estiquei para ele. – Não tenho bolsos.
- Claro. – Ele disse, pegando o celular, fazendo nossas mãos tocarem rapidamente e meu corpo se arrepiou de uma forma estranha.
- Eu vou... Eu vou ajeitar a torta. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
Dei a volta, andando pelo apartamento até voltar para a cozinha e vi que a torta estava intacta. Abri algumas gavetas, procurando alguma coisa que eu pudesse levar e ao menos Grace havia equipado essa cozinha com alguns panos de prato. Abri a geladeira, pegando o chantili batido com pedacinhos de hortelã e coloquei devagar em cima da torta, formando uma camada fina, mas fofa em cima dela e sorri com o resultado. Peguei as folhinhas que sobraram de hortelã e ajeitei em cima dela.
- Está bonito. – Ouvi a voz de Danny e virei para ele, sorrindo. – Você tem jeito para essas coisas.
- É bom inventar de vez em quando. – Suspirei, passando a língua na colher de chantili. – Quer finalizar?
- Sim! – Ele falou animado demais e lhe entreguei a colher junto com a tigela.
Ajeitei a torta em cima do pano de prato e fiz uma trouxinha com ele, amarrando-o em cima da torta, colocando um palito de dente no meio da torta, para manter o pano levemente erguido, ao menos até chegar lá.
- Podemos ir. – Falei, virando para Danny que tinha o bigode sujo de chantili e aquilo me fez rir.
- O quê? – Ele perguntou, colocando a colher na boca mais uma vez.
- Está tudo branco, Danny! – Sorri.
- Onde? – Ele jogou as coisas na pia.
- No bigode. – Falei, indicando com a mão e ele levou a língua ao bigode. – Passa a mão! – Falei rindo.
- Onde? – Ele passou as mãos nas laterais e ri fracamente.
- Espera aí! – Falei, me aproximando dele e apoiei uma mão em seu ombro antes de passar a outra entre seu nariz e lábios, tocando-os levemente e me afastei em seguida. – Pronto. – Falei, rindo fracamente.
- Estou bonito de novo. – Revirei os olhos, colocando o dedo embaixo da água para limpar e peguei a torta.
- Vamos logo, narcisista. Vamos chegar atrasados. – Falei.
- É literalmente só atravessar o prédio. – Ele disse e ri fracamente.
- Vamos! – Falei firme e ele indicou a mão para eu passar.
Esperei alguns segundos para ele abrir a porta e saí à sua frente. Logo estávamos dentro do elevador e andando pela área térrea do condomínio. Literalmente atravessamos para o outro lado antes de entrar em outro elevador, mas dessa vez subimos somente até o primeiro andar. Logo saímos em um hall um pouco maior que do Danny com somente duas portas e ele tocou uma campainha.
- Eu estou bem para isso? – Perguntei, virando para Danny.
- Você está linda, . – Ele disse, dando um curto sorriso e assenti com a cabeça, vendo a porta se abrir, e Felipe Massa aparecer do outro lado.
- Ei, cara! Que bom que veio. – Ele disse em inglês e a mão dele estalou com a de Danny e eles se abraçaram.
- Agradeço o convite. – Danny disse. – Se lembra da ?
- Claro! É um prazer que pode vir. – Inclinei em direção ao mais baixo e trocamos dois rápidos beijos.
- O prazer é meu. – Sorri. – Eu trouxe uma torta.
- Ah, obrigado. Não precisava. – Ele pegou-a e pude relaxar os braços ao redor do corpo.
- Só aproveita! – Danny deu dois tapinhas nos ombros dele.
- Entra aqui. – Ele nos chamou com a mão e Danny fechou a porta antes de apoiar a mão em minhas costas e me guiou junto de Massa. – Olha quem está aqui. – Sorri ao ver a esposa de Felipe, outro homem e seu filho.
- Oi, oi. – Danny disse.
- Amor, você se lembra do Daniel. Essa é .
- Sua namorada? – A mulher disse e até eu fiquei em dúvidas do que responder nessa situação.
- Amiga... – Falei fracamente. – Só amiga.
- Somos melhores amigos desde criança. – Danny disse e a mulher veio em minha direção.
- Me desculpe... – Ela fez uma careta. – Vocês parecem um casal. – Ri fracamente.
- Não se preocupe. Não é a primeira vez. – Nos abraçamos rapidamente.
- Eu sou Raffa. – Ela sorriu.
- Prazer te conhecer. – Falei, rindo e ouvi a risada da criança, enquanto Danny o colocava em seus ombros.
- Esse é meu irmão Eduardo. – Felipe disse e estiquei a mão para cumprimentá-lo.
- Prazer conhecê-lo. – Sorri.
- E meu filho Felipinho! – Ele disse e o menino desdentado sorriu para mim, acenando com a mão enquanto Danny o virava de cabeça para baixo.
- Olá, tudo bem? – Falei em português, dando um sorriso.
- Você fala português? – Raffa perguntou, surpresa.
- Um pouco. – Falei novamente, vendo-a rir. – O suficiente para não passar fome e nem ser enganada. – Voltei ao inglês, ouvindo-a rir.
- Ah, isso é ótimo! Podemos fofocar longe dos homens depois. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Carinha, essa é . Minha melhor amiga. – Danny virou o garoto de uns sete anos, que usava um macacão da Williams, em minha direção e sorri.
- Oi, ! – Ele acenou e sorri, passando as mãos nos cabelos tigelinha dele.
- Oi, tudo bem? – Sorri.
- Tudo bem! – Ele sorriu. – Você é bonita.
- E você é um cara de pau! – Felipe falou, nos fazendo rir.
- Obrigada. – Sorri.
- Vem comer, gente! – Raffa disse.
- Eles trouxeram uma torta. – Felipe disse e Danny colocou o menino o chão.
- Ah, mesmo? Não precisava. – Raffa disse e Danny me olhou, sorrindo. – Ah, está linda.
- é chef profissional. – Danny disse e revirei os olhos.
- Mesmo? Isso é demais! – Raffa disse e Danny puxou uma cadeira para mim.
- É... – Sorri sem graça, apoiando a mão no braço de Danny antes de me sentar, ajeitando o vestido.
- Você tem um restaurante?
- Não...
- Ainda não! – Danny disse mais rápido do que eu, se sentando ao meu lado e ri fracamente.
- Planejando um. – Sorri. – Eu trabalho na parte de revisão de restaurantes.
- Crítica de jornais ou algo mais como o guia Michelin? – Felipe perguntou e fiquei surpresa com a informação.
- No guia Michelin, na verdade. – Falei, rindo.
- Uau, mesmo? – Felipe perguntou, surpreso.
- Sim, desde que eu finalizei a graduação praticamente. – Falei, rindo fracamente. – Como sabe do guia? Normalmente os amigos do Danny não são tão antenados assim. – Meu amigo riu ao meu lado.
- Eu estou pensando em abrir um restaurante tem alguns anos. – Ele disse.
- Ah, isso é legal! – Sorri.
- Sim, tenho alguns amigos na área e gosto bastante de comer bem, ir em restaurantes estrelados acabou sendo uma coleção. – Sorri.
- Nós fomos no Blue Bay ontem e eu amei demais. – Falei.
- É uma delícia lá! – Felipe disse.
- Agora fiquei nervosa, vou servir minha comida para uma revisora do guia. – Raffa disse, trazendo um refratário para mesa e ri fracamente.
- Não se preocupe com isso, eu estou de folga hoje. – Falei, sorrindo e eles riram.
- É difícil entrar na Michelin nessa posição? Digo, é algo tão prestigiado. – Felipe disse.
- Precisa ter muito mais conhecimentos sobre a parte técnica da comida, eu fui iniciada no fim da faculdade mesmo, depois é experiência... – Dei de ombros. – Tanto que estava comentando com Danny que sinto falta de criar. Realmente colocar a mão na massa, sujar as mãos e afins.
- Ano que vem vocês vão ter que ir para Austrália no restaurante dela. – Danny disse e dei um tapinha em seu ombro, rindo fracamente.
- São planos, quem sabe? – Sorri.
- Espero que gostem da minha comida, queria comprar algo, mas Felipinho insistiu. – Ela disse e sorri. – É strogonoff. – Ela sorriu.
- Está com uma cara boa. – Danny disse.
- Posso servir? – Ela ofereceu.
- Sim, por favor. – Falei, virando rapidamente para Danny, vendo-o sorrir.
- Amor, vou levar para conhecer lá fora. – Raffa disse e acenou de leve com a mão antes de seguir a esposa de Felipe e acompanhei-a de costas.
- Aceita um uísque, Daniel? – Virei para Felipe, precisando pensar alguns segundos antes de responder.
- Sim! Acho que uma dose não vai ser mal. – Ele riu fracamente.
- Bernie* diria para gente não dirigir alcoolizado, mas acho que não tem problema de você cair da sacada aqui! – Ele disse, se aproximando do pequeno bar e virei meu rosto para a porta que seguia para sacada e vi apoiada na marquise e seu vestido voava para trás, mostrando suas pernas. – Ok, desembucha.
- O quê? – Virei para Felipe novamente, vendo-o esticar o copo na minha direção.
- Desembucha! – Ele disse, rindo, se sentando no sofá em minha frente. – Você não tirou os olhos dela. E não é um olhar de amigos.
- Ah, cara. – Suspirei, dando um gole no uísque.
- O que aconteceu? – Puxei a respiração fortemente.
- Eu não sei, honestamente. – Virei o rosto para novamente. – Algo mudou...
- Uou! – Ele disse, rindo. – Você está brincando!?
- Queria! – Ri fracamente, apoiando o copo no braço da poltrona. – Mas algo aconteceu e... – Suspirei. – Eu comecei a vê-la de forma diferente e está uma bagunça. – Mordi meu lábio inferior.
- Quando começou? – Ele perguntou.
- Na China, eu acho. – Suspirei. – Ela estava falando com Alonso e eu tive uma crise de ciúmes muito estranha. – Ele gargalhou alto. – Sempre tivemos ciúmes um do outro, mas algo normal, sabe? Não querer dividir a atenção, mas não desse jeito. Eu surtei de verdade.
- Há quanto tempo são amigos? – O irmão de Felipe perguntou.
- 24 anos. – Suspirei.
- Merda! – Ele disse surpreso. – Você está ferrado!
- Eu sei! – Passei a mão no rosto, até os cabelos. – Eu estou percebendo coisas que eu nunca liguei antes e querendo fazer coisas que nunca quis antes.
- Como o quê? – Felipe perguntou, com um sorriso no rosto.
- Beijá-la. – Falei, ouvindo ambos gargalharem e senti meu rosto esquentar. – Não ria, eu sei que estou ferrado. – Virei o rosto para trás rapidamente.
- Elas estão lá fora com Felipinho. – Felipe disse e suspirei.
- Eu acordei com uma ereção hoje... – Eles gargalharam.
- Por causa dela? – Felipe perguntou, rindo.
- Sim! – Ri com eles. – Sempre dormimos juntos, mas nunca aconteceu nada. Até hoje... – Ele gargalhou alto. – Ah, merda! – Suspirei. – E ontem ainda, foi perfeito. Saímos para jantar, depois andamos no píer aqui, fomos tomar sorvete e eu estava completamente presente, prestando atenção em tudo o que ela falava, acompanhando seus movimentos, olhando sua boca... – Tombei a cabeça para trás. – Porra! – Ele gargalhou.
- Eu não quero colocar palavras na sua boca, mas isso está me parecendo amor, Daniel. – Felipe disse.
- Ah, merda! – Suspirei, virando o resto do uísque na boca, ouvindo-o gargalhar. – Eu já pensei nessa situação, mas não dá, cara.
- Por que não? – Ele disse, rindo. – É perfeito, cara!
- Como isso é perfeito? – Estiquei o corpo para colocar o copo na mesa de centro.
- Aposto que é a mulher que você mais conhece no mundo, você sabe o que ela gosta, o que ela não gosta, dá para encurtar bastante coisa. – Suspirei.
- Aí que tá, parece que eu não a conheço nada. – Cocei a cabeça, ouvindo ambos rirem. – É tão louco.
- Vai ver você só está prestando mais atenção. – Felipe disse.
- E ela? – Eduardo perguntou.
- Como assim? – Ouvi umas risadas e virei para trás, vendo colocando Felipinho de cabeça para baixo, fazendo o garoto gargalhar e sorri.
- Ela está na mesma sintonia que você?
- Eu não tenho ideia. – Suspirei. – Às vezes eu acho que ela me dá uns olhares diferentes, mas penso se não é algo de sempre que eu só estou prestando mais atenção agora.
- Ela não agiu de forma diferente? – Felipe perguntou.
- Não percebi. E se agiu, ela sempre escondeu as coisas muito bem de mim. – Ri fracamente. – Ah, cara, para. Não me dê esperanças. – Eles gargalharam.
- Está difícil assim? – Suspirei.
- Eu sofri ontem... – Rimos juntos. – Eu quase a beijei várias vezes ontem...
- Por que não? – Eduardo perguntou, rindo.
- São 24 anos de amizade, não é fácil. – Suspirei, virando para trás novamente. – E se eu beijá-la e ela não estiver sentindo o mesmo? – Neguei com a cabeça. – São 24 anos de amizade jogados no lixo.
- E se ela estiver sentindo o mesmo? – Felipe perguntou.
- Eu vou precisar de mais sinais do que isso. Não posso arriscar perder tudo por um achismo. – Eles riram fracamente.
- Ela é muito importante para você, certo? – Felipe perguntou.
- Muito... – Suspirei. – Não posso perdê-la. – Neguei com a cabeça.
- E nesses anos todos, nunca aconteceu nada entre vocês? – Eduardo perguntou.
- Nada! – Falei, rindo.
- Tipo, nunca?
- Bem... No geral, não, mas... – Ponderei com a cabeça. – Meu primeiro beijo foi com ela. – Falei rindo e eles gargalharam. – Mas éramos crianças e um idiota desafiou a gente naquelas brincadeirinhas de verdade ou desafio, e foi só!
- E não teve nenhum sentimento naquela época? Nenhum nervosismo?
- Nada, nada! – Ri fracamente. – Foi estranho por sermos amigos, mas é isso.
- Isso é loucura e estranho. – Felipe falou.
- Depois disso a gente se afastou um pouco, entramos naquela idade chata da adolescência, eu comecei minha carreira, ela foi para Sydney fazer faculdade, as coisas ficaram bagunçadas. – Ponderei com a cabeça.
- E nesses anos todos, vocês nunca sentiram nada? – Ri fracamente.
- Ela trabalha na Michelin, então ela viaja tanto quanto eu, nos encontramos praticamente em dezembro e janeiro, e somos amigos... Agora que as coisas ficaram bagunçadas.
- Está explicado, então. – Felipe disse, rindo.
- Como assim? – Franzi a testa.
- Ela está te acompanhando desde os treinos?
- Sim, sim, saímos da Austrália juntos e ela está indo comigo em qualquer lugar. – Suspirei. – É um acordo, ela me acompanha e eu a acompanho nos restaurantes para ela trabalhar também.
- Ah, cara! – Ele gargalhou. – É isso! Talvez você gostasse dela antes, mas nunca ficou tempo o suficiente para deixar esses sentimentos virem à tona. – Eles riram. – Agora vocês estão juntos nos GPs, treinos, viagens, jantares dela, dormindo juntos, você se apaixonou.
- Não usa essa palavra. – Falei rindo, virando o rosto para trás novamente, vendo e Raffa conversando em uma mesa. – Eu não tenho certeza de nada ainda. Espero que não seja nada. – Suspirei.
- Você vai ficar o ano inteiro com ela, cara! Isso só vai piorar. – Ele disse, fazendo seu irmão gargalhar e pressionei os lábios.
- Amigos normalmente se ajudam, cara, não vai me afundar mais ainda. – Ele riu.
- Eu estou te ajudando, cara! Você não tem noção do sorriso que está na sua cara enquanto fala dela. – Rimos juntos. – Ela está mexendo com você...
- Demais... – Suspirei, pressionando os lábios. – Ah, merda! Eu estou ferrado.
- Até quando vão ficar aqui em Mônaco? – Ele perguntou.
- Até amanhã. Depois vamos para Rússia, uma viagem meio chata e longa.
- É cedo, cara! Fica mais um pouco aí, tem meu aniversário na segunda-feira, depois vamos juntos para lá. – Suspirei.
- Você quer me torturar, né?! – Eles riram. – Meu apartamento é pequeno, cara, estamos dividindo a cama, ela está usando esses vestidos abertos em qualquer lugar que vamos... – Eles gargalharam mais alto. – Eu não chego vivo na Rússia assim.
- Mônaco é especial, talvez te ajude a descobrir o que está acontecendo de verdade. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Espero também. – Pressionei os lábios.
- Papai! Papai! – Virei o rosto, vendo Felipinho se aproximar e e Raffa olhavam em nossa direção.
- Fala, garoto! – Felipe começou a falar em português e não entendi as palavras de seu filho que falava rápido e em outro idioma. – Uhum, vamos sim! – Ele disse. – Daniel! – Virei para ele. – Vamos lá?
- Vamos! – Falei, me levantando. – Eu vou ganhar de você agora! – Indiquei o menino, fazendo-o rir.
- Não vai! – Ele gargalhou.
- Vamos lá, me mostre seu carro! – Falei e ele correu para o quintal e fui logo atrás, vendo e Raffa se levantando quando o garoto chegou até elas.
*Bernie Ecclestone é um empresário, dirigente esportivo e ex-piloto britânico de 91 anos. Em várias propagandas da F1, é usado "Bernie says think before you drive/drink".
- Amor, vou mostrar lá fora para . – Raffa disse quando me levantei e dei um aceno rápido para Danny, seguindo a esposa de Massa.
- Eu vou te mostrar meu carrinho, ! – O menino disse em português e sorri, sentindo-o segurar minha mão e andei ao seu lado, saindo para a sacada da casa dos Massa e vendo o píer em que eu e Danny ficamos até tarde da noite conversando ontem.
- Uau, vocês têm uma vista. – Comentei.
- Sim, eu gosto muito daqui. Da calmaria que isso dá. – Raffa disse e caminhei com Felipinho.
- Notei isso. – Suspirei. – Quase dá vontade de ficar aqui. – Ela sorriu.
- Por que não fica? – Raffa disse.
- Não tenho dinheiro para morar em Mônaco, Raffa. – Ri fracamente. – Meu emprego é muito bom, mas não o suficiente para viver aqui.
- Você pode ficar com o Daniel, dá para notar que são próximos. – Ri fracamente.
- Não sei, as coisas estão um pouco bagunçadas entre nós. – Suspirei.
- Mesmo? Achei vocês tão próximos. – Ela sorriu.
- ! ! – A voz de Felipinho saiu bagunçada e o vi andando no seu crazy kart pela sacada, me fazendo sorrir.
- Uau! – Fingi surpresa. – Esse é seu carro?
- É! – Ele disse, animado, estacionando ao meu lado e ri fracamente.
- Você vai ganhar do Danny com ele?
- Vou! – Ele disse, animado, saindo do carro.
- O Danny nem cabe em um carro desses. – Falei, rindo. – Você vai ganhar muito fácil dele! – Ele sorriu.
- Eu vou ser mais rápido. – Ele pulou, animado.
- Aposto que vai! – Sorri. – Posso te contar um segredo?
- Conta! – Ele disse e me abaixei para ficar da sua altura.
- O Danny é muito ruim do lado de fora da pista. – Pisquei, ouvindo-o rir.
- Oh! Isso é importante! – Ele disse, rindo. – Posso usar de vantagem.
- Com toda certeza. Não conta para ele que eu te contei. – Coloquei o dedo na boca fingindo silêncio.
- Combinado! – Ele disse, animado.
- E sabe o que mais? – Peguei-o no colo, ouvindo-o rir.
- O quê? – Ele apoiou as mãos em meus ombros.
- A gente ama crianças! – Girei meu corpo, segurando-o firme e ouvi sua gargalhada pelo local e abaixei-o, colocando-o de cabeça para baixo, ouvindo-o rir. – A gente tem um afilhado, sabia?
- É mesmo? – O ergui novamente, rindo com ele.
- Sim! Mas ele é pequenininho ainda. – O coloquei no chão. – Mas ele é bochechudo igual você. – Apertei as bochechas dele, fazendo-o rir.
- Mesmo? – Raffa perguntou.
- Sim, a irmã dele tem um filho e nos escolheu para batizar. – Sorri.
- Ah, isso é fofo! – Ela sorriu. – E vocês lidam bem com isso?
- Até demais! Nós dois ficamos 10 meses fora, então a gente monopoliza bastante quando vem, dá uma folga para minha comadre. – Falei, rindo fracamente.
- Filho, por que você não vai treinar? Logo chamamos o papai e o Daniel para virem correr. – Raffa disse.
- Tá bom! – Ele disse, animado, correndo até seu carrinho.
- Senta, ! – Raffa disse e ajeitei o vestido antes de me sentar em uma das cadeiras em volta da mesa de vidro. – Você e o Daniel são bem próximos, não?
- Desde antes dos três anos. – Falei.
- Uau! Isso é muito tempo.
- 24 anos. – Ri fracamente.
- Eu sei que vocês devem estar cansados de ouvir isso, mas é só amizade mesmo? – Ri fracamente.
- Olha, se você me perguntasse isso no mês passado, eu falaria sim, com toda certeza, mas agora eu não sei mais. – Suspirei, mordiscando meu lábio inferior, feliz pelo barulho do carro de Felipinho.
- Mesmo? – Ela perguntou, surpresa.
- Sim. – Neguei com a cabeça. – Eu não sei o que está acontecendo, desde que ele cortou o cabelo, meu coração começou a palpitar e achar ele bonito de verdade, sabe? Gato! – Ela riu fracamente. – Ontem fomos jantar, tudo foi muito perfeito. Parecia um encontro, mas não é a primeira vez que a gente faz isso. – Suspirei. – Sempre dormimos juntos, no sentido literal da palavra, mas ontem eu me senti nervosa por isso.
- Você está se apaixonando por ele, . – Engoli em seco.
- Isso não pode acontecer. – Falei, rindo de nervoso.
- Por que não?
- E se ele não sentir o mesmo? E se tudo for loucura da minha cabeça? Faz muito tempo que eu não namoro, Raffa, a gente fica meio carente. – Ela riu fracamente.
- Eu não entendo muito de relacionamentos, mas eu e Felipe nos conhecemos com 20 anos e vivemos por uns dois anos como amigos antes de começar um relacionamento. Não é tanto tempo quanto vocês, mas entendo um pouco do que é ter medo de dar o primeiro passo e a pessoa não retribuir.
- Eu penso nisso... – Suspirei. – São 24 anos de amizade, Raffa, eu tenho muito medo de dar errado. – Engoli em seco. – E eu não estou envolvida só com Danny, a família dele é a minha família. Nossos pais foram amigos desde que nós nos tornamos amigos e os pais dele me acolheram quando meus pais faleceram. Se algo der errado, não é só perder Danny, é perder tudo.
- Não acho que seria perder tudo, ele cuida de você como um gavião, . Você dá um passo, ele dá outro atrás...
- Mas isso desde sempre, não é muito novidade. Sempre fomos muito colados, na época do Ensino Médio nos afastamos um pouco por briguinhas de adolescente, mas no geral, sempre foi assim. – Suspirei.
- E nunca rolou nada entre vocês?
- Nada! – Falei firme. – Bem, uma vez nos beijamos, mas era aquelas brincadeiras de verdade ou desafio, então nem conto. – Ela riu fracamente.
- E não deu em nada ali?
- Eu tive dúvidas se eu gostava dele naquela época, mas tinha sido meu primeiro beijo, eu estava confusa. – Ela riu fracamente.
- E atualmente? Ele não mudou nada? Está agindo da mesma forma?
- Hum... – Ponderei com a cabeça. – Eu acho que ele está mais tenso ultimamente. Para tudo, sabe? Ele sempre foi meio louquinho, mas parece que ele está pensando mais. – Ponderei com a cabeça. – Ontem ele preparou o jantar perfeito, me levou para o píer, não são coisas que eu imaginava o Danny fazendo... Uma hora até tive a impressão de que ele ia me beijar, mas não... – Neguei com a cabeça e ela sorriu. – Estou confusa, de verdade. Ou estou vendo sinais onde não tem.
- Vai ver ele está sentindo o mesmo e está com os mesmos medos que você. Já que são amigos há tanto tempo. – Suspirei.
- É tão estranho isso acontecer só agora, sabe? Passamos por tanta coisa juntos e esse sentimento cresceu só agora. – Apertei minhas mãos uma na outra.
- Talvez faltasse um pouco de aproximação entre vocês. Um tempo realmente sozinhos para deixar esses sentimentos aflorarem.
- Talvez. – Mordisquei meu lábio inferior. – O que faria se estivesse no meu lugar?
- Eu não estou na sua pele e imagino que deva ser muito difícil, mas pensando no pouco que eu conheço o Daniel, ele é uma ótima pessoa e gosta muito de você. Sei que o medo de perder a amizade é grande, mas acho que vale analisar um pouco mais os movimentos dele antes de investir. Talvez você se surpreenda de forma positiva. – Ri fracamente. – Ou eu posso pedir para Felipe sondar do outro lado e te dar informações privilegiadas. – Gargalhei com ela.
- Ah, eu ia gostar de saber o que ele pensa. – Rimos juntos.
- Me dá seu número antes de você ir embora. – Ela piscou, me fazendo rir.
- Mamãe! Tá na hora, não tá?! – Felipinho falou.
- Vai chamar seu pai! – Ela falou e o garoto saiu correndo para dentro, me fazendo sorrir.
- Ele parece ser um ótimo menino. – Falei.
- Ele é! Um pouco tímido para fazer amigos, mas é. – Ela disse e virei o rosto, vendo os homens se levantando lá dentro. – Vou agradecer muito o Daniel por fazer isso por ele. O Felipinho o adora.
- Danny é um crianção, de verdade. – Ri fracamente. – E isso desde sempre, ele não cresceu. – Ela sorriu. – Mas acho que esse é um dos motivos de eu gostar dele. – Suspirei, me levantando ao ver os homens vindo para fora. – A gente tem um equilíbrio bom, eu sou mais séria e ele é assim desde sempre. – Suspirei.
- Par perfeito! – Raffa disse, me fazendo rir fracamente.
- Talvez. – Suspirei, vendo Danny vir sorrindo em minha direção.
- O que as mulheres estavam falando? – Ri fracamente.
- Eu vendi todas as suas fraquezas para o Felipinho. – Falei e ele arregalou os olhos, chocado.
- Oh, não! – Ele fingiu choque. – O que ele ofereceu em troca?
- Nada, ele é só fofo mesmo. – Dei de ombros.
- Mas eu também sou fofo. – Ele colocou as mãos no rosto, sorrindo e rimos juntos.
- Com um intervalo de 20 anos, mas ok. – Abanei a mão e ele me abraçou, dando um beijo em minha testa e sorri, vendo Raffa piscar em minha direção.
- Ok, como vamos fazer isso? – Ele perguntou, se virando para Felipe.
- Vem comigo, vamos organizar isso. – Felipe disse e Danny deixou mais um beijo em minha cabeça antes de seguir Felipe.
- Viu?! – Raffa disse e ri fracamente.
- Para! – Pedi, rindo.
- Vem, vamos sentar aqui! – Ela disse e fui até ela na mesa que estávamos antes.
- Danny, meu celular! – Pedi e ele colocou a mão no bolso antes de me entregar e corri para perto de Raffa.
Demorou alguns minutos, mas logo Danny e Felipinho apareceram com o mesmo crazy kart de Felipinho, além dos capacetes na cabeça, e Danny realmente quase não cabia no kart, me fazendo rir. Felipe ia fazer transmissão disso, então eu, Raffa e Eduardo, ficamos escondidas aqui fora. Eles dariam algumas voltas na parte coberta da sacada, próximo à porta e adorava como Danny realmente levava isso a sério.
- Eu vou começar a transmitir. – Felipe disse e ri fracamente, apoiando os braços na mesa. – Estamos ao vivo para o campeonato mundial de crazy kart! Do meu lado esquerdo, Felipinho Massa...
- Eh! – Aplaudimos o menino, me fazendo rir.
- E do lado direito, Daniel Ricciardo. – Danny colocou a mão no ouvido, chamando a pouca torcida, me fazendo rir.
- Uhul! – Gritei, aplaudindo-o e ele não se aguentava de tanto rir.
- Vamos decidir quem vai começar do lado bom com pedra, papel ou tesoura. – Danny e Felipinho tiraram e Danny ganhou. – Primeiro vamos fazer uma volta de apresentação para ver se a pista está ok, depois vamos começar a correr. Eu vou ser o diretor da corrida e vocês precisam seguir as regras. – Felipe disse. – Vamos começar.
Eles deram uma primeira volta e ri quando ambos começaram, Danny não cabia no carrinho, ele estava todo encurvado e deslizava no piso de azulejos do lado de fora. Esperava ao menos que ele se lembrasse que estava correndo contra um garoto de sete anos e o deixasse ganhar. Aproveitei para começar a filmar enquanto eles ajeitavam.
- Então a corrida terá 10 voltas. – Felipe disse quando ambos pararam na parte de novo. – Vou começar quando dizer “vão”. – Ele disse e ri com o sorriso de Danny. – Preparados! Não mostre seus dentes, Daniel... – Sorri com eles. – E vão!
Sorri quando Felipinho começou a corrida na frente e Danny não conseguia parar de rir com ele. Ambos deslizavam no piso de azulejos e Danny batia toda hora nas curvas, gargalhando disso. Quando chegou na última volta, ambos deslizaram e Danny gargalhou quando seu carro rodou, me fazendo sorrir.
- Felipinho ganhou! – Felipe disse e sorri.
- Uhul! – Aplaudi, animada, ouvindo a risada de Danny e ele fez uma careta ao levantar do carro.
- Oh! – Ele olhou para sim e ri, escondendo a boca com as mãos.
- Agora vamos para o pódio! – Felipe disse.
- Quer subir nas minhas costas? – Danny perguntou e Felipe traduzia algumas coisas, mas muitas ele entendia. – Volta da vitória.
Felipinho subiu nas costas de Danny e ele deu uma volta pela sacada, me fazendo sorrir e meu coração estava batendo muito forte. Merda! Danny sempre foi bom com o Isaac, mas eu não estava sentindo isso por ele na última vez que encontramos nosso afilhado, mas vê-lo brincando com Felipinho fazia meu coração apertar com a fofura.
- Vamos dar um oi para as garotas! – Danny se aproximou da sacada, fingindo acenar para uma plateia e mordisquei a ponta do meu dedo, rindo fracamente. Danny colocou o menino no chão e tirou o capacete, ajeitando seus cabelos.
- Algumas palavras pós-corrida, Daniel? – Felipe perguntou.
- Eu fiz a corrida perfeita, mas esse garoto é muito bom! – Ele disse, sorrindo, ajeitando os cabelos bagunçados.
- Cumprimenta ele, Felipinho! – Felipe disse e o garoto e Danny deram um cumprimento.
- Agora, no pódio. Pode subir aí. – Massa indicou a espreguiçadeira.
- Não vai quebrar, não? – Ri fracamente enquanto Danny subia.
- Em segundo lugar, Daniel Ricciardo! – Danny fingiu comemorar. – E ele ganha uma medalha. – Sorri, tirando algumas fotos de Danny. – E no primeiro lugar, Felipinho Massa é o campeão. – O menino subiu na outra espreguiçadeira, comemorando.
- Agora os prêmios. – Raffa disse e ela seguiu até Danny, colocando uma medalha em sua cabeça, depois cumprimentando-o.
- E para o primeiro lugar, o troféu de vencedor! – Raffa entregou um pequeno troféu para Felipinho, que pulou em comemoração.
Danny o pegou nos ombros, girando o garoto e eu não conseguia alargar mais o meu sorriso. Enquanto isso, Danny não conseguia parar de rir com isso.
- O champanhe, pai! – Felipinho disse.
- O champanhe! – Felipe falou como se esquecesse. – Vou pegar alguma coisa. – Ele disse, seguindo até a geladeira e Danny olhou para mim rindo e pisquei para ele sorrindo. – Aqui o champanhe! – Felipe deu uma garrafa de água para cada um. – Champanhe! – Felipe gritou e Felipinho e Danny foram para a sacada, jogando água lá embaixo.
- Tem muitas garotas lá embaixo. – Danny disse, rindo e revirei os olhos.
- Muito obrigado, Daniel! – Felipe disse. – Por vir até aqui fazer isso.
- Que isso, foi um prazer. – Danny sorriu. – Foi divertido. – Ele disse com um largo sorriso no rosto.
- Muito obrigado! Ele adorou! – Raffa falou.
- Foi um prazer, de verdade! – Falei. – Também foi uma desculpa para trazer para Mônaco. – Ela riu fracamente.
- Como se fosse muito sacrifício! – Ela disse, trocando um rápido abraço com Raffa.
- Pensa sobre segunda-feira! – Felipe disse, me abraçando. – Vai ver é a desculpa perfeita.
- É, é! Eu te mando mensagem! – Falei.
- Sua torta estava uma delícia! – Raffa disse, devolvendo meu refratário limpo. – Uma chef faz toda diferença! – Elas riram.
- Que isso! Obrigada por me receberem. – sorriu.
- Boa noite, gente! Manda um beijo para o Felipinho quando ele acordar. – Falei.
- Pode deixar! Obrigado mais uma vez por topar! – Felipe disse.
- Que isso, cara! Foi ótimo! – Nos cumprimentamos. – Boa noite.
- Boa noite! – Eles disseram e apoiei a mão nas costas de antes de finalmente passar pela porta. Felipe e Raffa esperaram que entrássemos no elevador antes de fechar a porta.
- Eles são ótimos. – disse, abraçando o refratário vazio e sorri.
- Sim, eles são. – Sorri, olhando para ela.
- Você foi muito bom com o Felipinho. – Ela disse, rindo.
- Ele é um pouco fechado, mas adoro esse garoto! Ele vive colando adesivos na minha Vespa, eu faço o mesmo... É legal! – Falei, vendo o elevador se abrir de novo e andamos pelo térreo do condomínio.
- E ele parece gostar muito de você. – Ela sorriu e assenti com a cabeça.
- Eles nos convidaram para o aniversário do Felipe na segunda. – Comentei, virando para ela, que virou o rosto para mim também. – Disseram para gente ir e vamos para Rússia na terça. O que acha?
- Eu estou contigo, Danny! O que quiser, eu estou dentro. – Ela deu um curto sorriso, me fazendo retribuir.
- É?! – Ela assentiu com a cabeça.
- Confesso que não estou muito animada em ir embora daqui. – Ela deu um curto sorriso. – É um lugar incrível.
- O convite está de pé sempre! – Falei, virando para ela. – Posso te dar uma chave se quiser.
- Não acho que vai ser a mesma coisa sem você. – Ela deu um curto sorriso.
- Eu sou demais, vai! – Ela gargalhou, me empurrando com o ombro e sorrimos juntos.
- Foi um fim de semana sensacional, Danny. De verdade. – Paramos na frente do elevador e apertei o botão. – O jantar ontem, o café hoje, até hoje à tarde... – Ela se apoiou na parede. – Foi muito bom.
- Podemos sair para jantar hoje também, se quiser. – Falei, encostando na parede também.
- Acho que eu prefiro algum delivery. – Ela disse, mordiscando o lábio. – Existe delivery em Mônaco, certo?
- Existe! – Falei, rindo, vendo o elevador se abrir e indiquei para ela entrar antes e fui logo atrás, apertando o botão para o décimo primeiro andar.
- Eu só quero um banho e colocar pijama de novo. – Ela disse, rindo.
- Você está muito bonita, . – Comentei, tentando parecer algo natural. – Ontem, hoje... – Ela deu um curto sorriso. – Não que você não seja sempre, só... – Ela riu comigo.
- As roupas da Red Bull não deixam muito espaço para ser criativa! – Ela comentou, sorrindo.
- Será que eles deixam esse vestido virar uniforme? – Perguntei e ela ergueu o rosto para mim.
- Ah, claro! Um primeiro vento e tudo vai para os ares. – Ela disse, rindo.
- Eu gosto disso. – Falei e ela me deu um soquinho no ombro. – O quê? Eu sou honesto! – Dei de ombros, vendo o elevador se abrir e saí primeiro.
- Ah, estou vendo! – Ela seguiu atrás de mim e gargalhei, virando o rosto para a porta e peguei a chave no bolso, abrindo-a e entrando primeiro.
- O que quer comer? – Perguntei, vendo-a seguir até a cozinha e fechei a porta.
- Não tenho ideia, na verdade. – Ela disse. – Preciso lavar essa louça... – Ela suspirou.
- Eu lavo, você cozinhou. – Falei. – Tem alguns cardápios nessa primeira gaveta. – Indiquei para ela. – Eu só quero tirar essa camisa.
- Eu quero me livrar desse vestido também. – Ela disse e pressionei os lábios, evitando falar algo bem impróprio.
- Vamos escolher a comida, depois você vai para o banho. Assim a gente só espera chegar. – Falei, desabotoando os botões um a um.
- Para uma cidade tão pequena, tem muita opção. – Ela disse, folheando os cardápios, apoiando o quadril no móvel e observei seu corpo no vestido mais uma vez e sorri.
- Esse daí só tem assados. – Indiquei o que ela pegou e ela o abriu. – O brisket* defumado deles é uma delícia.
- Brisket defumado assado com alho e batata temperada. – disse. – Merda! Parece bom. – Ela riu, virando o rosto para mim. – Eu não estava com fome até agora. – Rimos juntos.
- O que acha? – Perguntei em expectativa.
- Pela sua cara, você está louco para eu escolher isso. – Ela disse, me fazendo rir. – Pode pedir! – Ela me esticou o cardápio. – Eu vou tomar banho e pego se chegar. – Ela sorriu.
- Combinado! – Sorri e ela negou com a cabeça.
- Vai ficar com essa medalha? – Passei a mão nela e ri fracamente.
- Vou colocar na minha estante. – Indiquei-a e ela riu. – Isso se sair, mal entrou. – Rimos juntos.
- Achei legal da parte deles fazer algo quase real para o garoto. – Ela disse.
- É, o Felipe disse que queria fazer tudo certo, achei legal. – Falei, puxando a medalha para cima, prendendo-a em minhas orelhas e no nariz. – Ah! – Ela gargalhou.
- Ah, você é um tonto! – Ela se aproximou. – Abaixa sua cabeça. – Ela pediu e abaixei, sentindo-a puxar em minhas orelhas e meus olhos foram direto para seus seios e franzi a testa quando ela puxou.
- Ah, ! – Ela gargalhou.
- Seu nariz é grande! Puxa!
- Eu vou te mostrar o que mais é grande! – Falei sem pensar.
- DANIEL! – Ela começou a gargalhar e ergui a cabeça, sorrindo.
- Desculpe! Saiu sem querer. – Gargalhei, sentindo a medalha presa em meu bigode.
- Não acredito que você disse isso. – Ela me socou no ombro, me fazendo gargalhar mais alto. – Cadê a tesoura?
- Espera! Espera! – Falei rindo, puxando a medalha para cima, sentindo-a prender em meu nariz. – Ah! – Reclamei antes de tirar e gargalhava ainda. – Pronto!
- Eu vou tomar banho antes que você fale mais merda! – Ela me deu outro soco no ombro.
- Ah, ! Eu preciso do meu braço. – Falei, vendo-a rir enquanto seguia para o quarto.
- Eu quero molho com minha brisket. – Ela disse, séria. – De gorgonzola, se tiver!
- Eu vou pedir! – Abanei a mão, vendo-a fechar a porta e ri sozinho. – Vai nessa, idiota. Continua fazendo essas brincadeiras com fundinho de verdade para você ver. Vai dar merda, cara! Vai dar merda. – Suspirei, entrando na cozinha.
*Daniel vive falando que adora brisket, no Brasil é conhecido como peito bovino.
Suspirei, espiando pela janela o dia amanhecendo e pressionei os lábios. Eu estava apaixonada por essa cidade e não queria ir embora. Os sentimentos estavam misturados e deixavam meu peito bastante apertado, mas ficar essa semana aqui em Mônaco com Danny havia sido literalmente a melhor semana de muito tempo. A cidade, o tempo, os lugares, os restaurantes e fazer tudo isso com Danny... Deus! As coisas tinham ficado tão amplificadas que eu me sentia perdida, mas também tinha medo de ir para Rússia e ver esses sentimentos irem embora.
Virei meu corpo na cama, encontrando Danny dormindo e dei um curto sorriso. O cabelo mais comprido da cabeça caía um pouco em sua testa, os lábios estavam entreabertos, o rosto afundado no travesseiro e os braços cruzados. Levei a mão até seus cabelos, afagando os cachos e suspirei.
Eu só queria abraçá-lo, beijá-lo, me colocar entre seus braços e ficar trancada nesse apartamento pelo resto da vida, nem se for para somente ficar aqui, assistindo filmes, comendo e falando besteiras, como se o mundo externo não existisse.
Eu estou completamente apaixonada por ele e eu sei quão ferrada estou por constatar isso.
Como ele mesmo disse, ainda estamos em abril. Como eu vou viver até dezembro dessa forma? E pior, como eu vou viver depois disso? É amor? É paixão? Ele sente o mesmo? Não? Minha cabeça estava realmente fervendo e estou em dúvidas se ele estava agindo como o Danny de sempre e meu corpo estava vendo coisas que não existiam, ou se realmente existia algo.
Suspirei, deixando meu corpo cair na cama novamente e apoiei as mãos no peito, erguendo os olhos para o teto. Hoje iríamos para Rússia, seguir com os próximos GPs, mas antes tínhamos que ir até Milão, depois para Istambul e só então para Rússia, eu não estava tão empolgada para isso. Nem pela viagem, nem por sair daqui e cair na vida real novamente. Tudo estava bagunçado.
- Bom dia, gatinha. – Virei o rosto, vendo um Danny sonolento e ri fracamente.
- Bom dia. – Neguei com a cabeça, vendo-o bocejar.
- Vem sempre aqui? – Ele continuou a brincadeira.
- Sabe que não? – Virei o corpo para ele, abraçando o travesseiro.
- Deveria vir. – Ri fracamente.
- Quem sabe? – Suspirei e contraí a barriga quando ele me abraçou.
- Quem sabe. – Ele falou, sonolento, me puxando para si e ri fracamente.
- Danny! – O repreendi. – A gente precisa se preparar para ir embora.
- O despertador nem tocou ainda. – Ele disse, abrindo os olhos em seguida. – Ou tocou e eu não ouvi? – Ri fracamente.
- Não tocou ainda. – Falei, apoiando minha mão em seu braço. – Mas precisamos terminar de arrumar as coisas, só vamos voltar daqui um mês. – Ele me apertou mais contra si e senti sua respiração bater em meu rosto.
- Temos tempo. – Ele sussurrou meio sonolento e suspirei.
Meu coração parecia uma bateria em meu peito, o cheiro do seu perfume me deixava um pouco tonta e minha cabeça estava confusa, mas aproveitei que suas mãos estavam em minha cintura e deixei meu nervosismo de lado, passando meu braço pela sua cintura e apoiei a cabeça em seu peito, fechando os olhos.
Ele apertou as mãos com mais força ao redor de meu corpo, deslizando pela lombar e ficando perigosamente perto de minha bunda, me fazendo contrair a barriga. Isso não era nada de novo para nós, mas os últimos sentimentos faziam esse tipo de ação piorar para mim. Ele estava sendo o meu amigo Danny ou tinha mais coisa aqui?
Tentei relaxar meu corpo, desligar a mente de tudo o que estava acontecendo e até ouvi a respiração de Danny forte novamente, fazendo suas mãos relaxarem em meu corpo e ele tinha dormido novamente. Quando eu estava começando a relaxar, o despertador de Danny tocou e isso me fez suspirar em frustação.
- Ok, agora eu ouvi. – Danny disse, desanimado.
- Vamos lá, Danny. – Falei e ele grunhiu.
- Você tem remédio para mim? – Ele disse e ri fracamente.
- Sim, eu tenho. – Suspirei e senti um beijo em minha cabeça antes de ele esticar os braços para cima e aproveitei para deslizar pela cama para o outro lado.
Respirei fundo e me sentei na cama, coçando os olhos e joguei os cabelos para trás. Danny se mexeu ao meu lado, também se sentando e virei o rosto para ele. Ele bocejou e deu um curto sorriso para mim.
- Bom dia. – Falei.
- Bom dia. – Ele disse e inclinou o corpo em minha direção, dando um beijo em meu ombro. – Eu preciso ir ao banheiro. – Ele sussurrou antes de se levantar e assenti com a cabeça, ouvindo a porta do banheiro se fechar segundos depois.
Bocejei antes de me levantar e comecei a organizar as coisas ali. Tínhamos que sair até às 10 e, apesar dos meus toques, o apartamento ainda estava bagunçado e não aguentaria chegar aqui nessa bagunça novamente daqui um mês.
- Arrumando minha bagunça? – Ele falou ao sair do banheiro e ri fracamente.
- Alguém tem! – Dei de ombros e ele esticou as mãos.
- O dia vai ser longo, vem tomar café, depois a gente termina aqui. – Segurei suas mãos, sentindo-o me puxar.
- Você vai cozinhar? – Perguntei, rindo.
- Ah, eu sei fazer um ótimo omelete. – Ele dramatizou, me fazendo rir. – E torradas.
- Uau! – Falei, rindo.
- E posso espremer um suco de laranja fresquinho para você. – Ri fracamente, sentindo-o me puxar para fora do quarto.
- Nossa! Que avanço, hein?! – Falei, rindo.
- Tudo para minha mulher favorita do mundo. – Ele disse e aquilo me deixou entre sorrir e me deixar nervosa. – Agora senta lá na mesa que eu já levo para você. – Ele me guiou para a sala, me fazendo rir.
- O que aconteceu contigo? Acordou de bom humor? – Caminhei até a mesa e observei-o apoiar a cabeça no batente da porta.
- Talvez... – Ele fingiu pensar. – Só estou feliz. – Ele deu de ombros, sumindo na cozinha e suspirei, ocupando uma cadeira. Observei o forte sol lá fora, enquanto ouvia copos, panelas e reclamações de Danny, enquanto um leve cheiro de queimado invadia a sala. E acho que não era da comida.
Daniel
- Senhores passageiros, vamos aterrissar em Sochi, peço para colocar as poltronas na posição vertical novamente. – Ouvi as instruções da comissária e virei para o lado, vendo dormir abraçada ao seu corpo e os pés esticados.
Observei-a por alguns segundos e inclinei meu corpo mais para perto da beirada e passei a mão em seus cabelos, colocando atrás da orelha. Meu polegar deslizou pela sua bochecha, descendo para seu pescoço e ela virou o rosto em minha direção, resmungando.
- Ei, ! Vamos acordar. – Sussurrei, vendo-a abrir os olhos devagar. – Ei...
- Ei... – Ela deu um curto sorriso e afastei minha mão.
- Vamos pousar. – Falei, voltando para meu lugar.
- Chegamos finalmente? – Ela apoiou as mãos na poltrona e ergueu o corpo.
- Finalmente. – Falei, rindo e ela passou as mãos no rosto.
- Ah, cara, isso cansa demais. – Ela se espreguiçou.
- É, dessa vez judiou um pouco. – Falei, vendo-a ajeitar a poltrona e abaixar os pés. – Você está ok?
- Sim, só preguiça... E um pouco de sono. – Ela suspirou, apertando o cinto de segurança.
- A gente vai direto para o hotel e você volta a dormir.
- Acho que vou precisar comer algo, você comeu?
- Peguei a janta. – Falei. – Não tive coragem de te acordar, você estava dormindo tão bem. – Ela deu um curto sorriso.
- Eu fico meio drogada com esse remédio. – Rimos juntos e olhei para sua mão no braço da poltrona.
- Sei bem. – Falei, rindo.
- Que horas vamos chegar lá? – Toquei sua mão com a minha, acariciando devagar.
- 19:25, horário local. – Ela virou a mão para cima e entrelacei nossos dedos, dando um curto sorriso.
- Talvez eu possa comer, depois dormir. Aposto que vai ficar tudo meio bagunçado até amanhã.
- Eu tenho as prévias já amanhã, mas você pode descansar. – Falei.
- Eu nunca vim para Rússia, preciso aproveitar. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Algum restaurante em mente? – Perguntei.
- Honestamente, não. – Ela riu fracamente. – Nem pensei em pesquisar, na verdade. – Ela suspirou. – Mas a empresa tem alguns interesses, se não for para fazer uma revisão do zero, é uma confirmação de outro revisor, mas eu me viro. – Ela sorriu e assenti com a cabeça.
- Está baixando. – Falei.
- Ai, vamos lá. Terceiro pouso em 21 horas. – Ela disse e ri fracamente.
Apertei sua mão quando o avião baixou até o pequeno tranco quando as rodas tocaram no chão, me fazendo suspirar. Depois de uma semana incrível, estava voltando para a realidade de novo e tinha medo do que isso ia acontecer. Parte de mim tinha medo do que podia acontecer, mas parte de mim estava empolgado com esses novos sentimentos. Tinha tudo para dar errado, de verdade, mas é a pessoa mais incrível que eu conheci na vida, então só conseguia pensar: e se?
E se desse certo e eu conseguisse ter um relacionamento com a pessoa que mais me conhece no mundo?
Parte de mim sentia algo estranho no estômago, mas por outro... Era incrível pensar.
- Vamos lá! – Falei para e separei nossas mãos ao me levantar.
Peguei nossas mochilas no bagageiro, entregando para . Fomos os primeiros a sair assim que o liberaram e dei um aceno para as comissárias antes de sair do avião. Ajeitei o boné da Red Bull em minha cabeça e fez o mesmo enquanto caminhávamos a passos rápidos pelo aeroporto.
Paramos na fila da imigração e pegamos nossos passaportes. O de era tão cheio quanto os meus, mas tínhamos muitos carimbos diferentes, então era interessante comparar. Nos separamos para passar e a esperei do outro lado.
- Vamos esperá-los? – Ela perguntou ao me encontrar, guardando o passaporte na bolsa.
- Sim, claro! Acho que ele vai ficar em outro lugar. – Comentei, vendo Felipe se aproximar. – Vai para onde, cara?
- Radisson Collection. Você? – Ele perguntou.
- Radisson Blu. – Falei. – É perto, certo? Quer dividir?
- É, claro! – Felipe disse e indiquei com a cabeça, andando de volta pelo aeroporto.
Quando desembarcamos, fui parado por dois fãs para tirar algumas fotos e encontrei pouco à frente. Saímos do aeroporto e pegamos um táxi privado em direção ao complexo de hotéis perto do aeroporto e do circuito. Felipe entrou na frente e segui atrás com .
A distância era de uns sete quilômetros, mas tombou a cabeça para o lado e estava dormindo de novo antes de sairmos da área do aeroporto e sorri. Não sei como ela conseguia, honestamente, o remédio era forte, mas tive dificuldades em apagar como ela. Talvez eu estivesse pensando demais em tudo o que estivesse acontecendo.
- ! – Cutuquei-a, vendo-a erguer o rosto para mim. – Chegamos.
- Oh, merda! – Ela suspirou e empurrei a porta do carro.
- A gente se vê amanhã, cara! – Falei para Felipe.
- Até amanhã! – Nos cumprimentamos rapidamente. – Se cuidem.
- Pode deixar.
- Tchau, obrigada! – acenou e o taxista nos ajudou a tirar as mochilas do porta-malas. – Boa noite.
- Boa noite! – O taxista disse e apoiei uma mão nas costas de , seguindo com ela até o hotel.
- Esse é o hotel? – Ela falou, surpresa.
- É! – Falei, ouvindo-a rir.
- Uau! – Ela disse, rindo. – Talvez eu aproveite um pouco da piscina. – Sorri, seguindo com ela para dentro do hotel.
- Aproveita os hotéis bons, logo teremos os motorhomes. – Ela riu fracamente.
- Eu estou na Rússia, Danny! Eu posso ficar num sofá-cama que está ótimo! – Sorri, vendo Maria no lobby e suspirei.
- Obrigado pela semana, . – Falei, vendo-a virar o rosto para mim. – Foi legal.
- Foi muito bom. Obrigada! – Ela deu um curto sorriso. – Mas não acabou, Danny. Ainda tem mais. – Ela deu de ombros, me fazendo sorrir.
- Espero também! – Puxei-a com um braço, sentindo-a me abraçar pela cintura e dei um beijo em sua cabeça.
- Vamos descansar e voltar a nos divertir, ok?! – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Lesgo, baby! – Pisquei, vendo-a rir e reduzimos a distância até Maria. – Ei, Maria.
- Boa noite, senhores! – Ela disse. – Se divertiram? Descansaram?
- É, foi legal! – disse, sorrindo para mim.
- Vamos voltar a trabalhar? – Maria disse, me fazendo suspirar.
- É, vamos. – Falei, seguindo com ela e fomos até o elevador. – Michael está aqui?
- Sim, mas seu outro amigo foi embora. – Maria disse.
- Sim, ele mencionou. – Falei, entrando no elevador logo após e Maria.
- Eu tenho algumas entrevistas para você fazer. – Maria disse.
- Para hoje? – Perguntei.
- Se possível, a gente livra isso para amanhã. Temos a fã-fest. – Suspirei.
- Ok, me dá um tempo para falar com Michael e tomar banho? – Pedi.
- Claro! – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Posso ajudar em algo, se precisar. – disse e Maria assentiu com a cabeça.
- Você precisa dormir, . – Falei, rindo.
- Eu estou bem, Danny! Vamos trabalhar, ok?! Conseguir seu título mundial. – Sorri.
- Deus te ouça! – Falei, rindo e o elevador se abriu novamente. Fomos até a primeira porta e Maria abriu, entrando em um quarto similar ao da Austrália.
- Eu estou no fim do corredor à esquerda, vocês três do lado direito.
- Me dá uma hora, logo volto. – Pedi.
- Combinado. Querem comer algo? – Ela perguntou.
- A quer. – Falei.
- Posso pedir algo para vocês. – Ela disse.
- Eu como qualquer coisa que você pedir. – disse e Maria assentiu com a cabeça antes de seguir para o outro lado. Eu e fomos para o outro e ela deu dois tapinhas na porta com a luz ligada.
- Ei, olha eles ali! – Michael disse e cheguei enquanto ele e se abraçavam. – Como foi lá?
- Ah, foi ótimo, cara! – Cumprimentei-o. – Deu para relaxar um pouco.
- Que bom, vamos voltar ao trabalho? – Ele disse.
- Sim, vamos lá. – Suspirei.
- Eu vou tomar um banho, gente. – disse. – Quer escolher o quarto, Danny?
- Fica à vontade. – Falei e ela deu um sorriso antes de seguir para fora do quarto. Acompanhei-a pelo corredor, até ela entrar no quarto no final do corredor e fechar a porta.
- E aí, cara, como foi? – Michael perguntou e suspirei, entrando no quarto e fechei a porta devagar.
- Eu preciso te falar uma coisa! Eu preciso falar isso alto antes que eu exploda.
- Ei, cara! O que aconteceu? – Ele perguntou e suspirei, tirando a mochila dos ombros e deixando-a cair no chão.
- Eu estou ferrado! – Falei firme, tentando manter o tom de voz baixo.
- Por quê? O que aconteceu? – Ele perguntou e puxei a respiração forte, suspirando
- Você não vai zoar com a minha cara, vai? – Suspirei.
- Não, cara? O que está acontecendo? Você está me deixando assustado. – Ele disse e soltei a respiração forte.
- Eu estou apaixonado por .
- O QUÊ?! – Ele gritou, gargalhando em seguida. – Você está brincando... – Pressionei os lábios, vendo sua risada reduzir até o sorriso sumir. – Oh, cara, isso é sério?! Merda!
- É... – Falei em um suspiro. – Eu estou ferrado, certo? – Fiz uma careta.
- É... Acho que está. – Ele falou e suspirei. – O que aconteceu em Mônaco?
- Tudo e nada... Eu não sei. Eu estou perdido. – Suspirei. – Mas é... Eu estou me apaixonando por ela... – Engoli em seco e ele me olhou sério. – Fala algo, cara. Por favor... – Suspirei.
- O que você quer que eu fale? Você quer que eu fale algo?
- Sim! Qualquer coisa, por favor. – Suspirei. – Só para eu não sentir que estou em uma batalha perdida. – Cocei o cabelo.
- Bem, a única coisa que eu posso falar para você é: finalmente, hum?! – Ele disse, gargalhando e neguei com a cabeça. – Demorou um pouco, mas, ei, aqui estamos. – Suspirei.
- Ah, cara, eu não sei o que fazer. – Suspirei.
- Nem eu sei o que você pode fazer, mas não esperamos tanto para morrer na praia, né?! A gente dá um jeito. – Ele deu de ombros, rindo.
- Para de rir, por favor. Você não tem ideia de como eu estou surtado.
- Eu imagino! – Ele sorriu. – Ah, cara, você está fodido!
- Obrigado, cara! Obrigado. – Neguei com a cabeça, ouvindo sua gargalhada alta e neguei com a cabeça. – Eu vou tomar um banho!
- Vai lá! – Ele disse, tentando se segurar para não rir, mas a gargalhada estourou segundos depois.
Capítulo 12
Ele batucou a caneta na mesa, vendo o penúltimo aluno se levantar e andar direto para a professora e suspirou. Droga! Agora era o último e faltava essa questão e mais uma. Desviou o rosto para a questão de baixo, tentando lembrar um pouco mais sobre verbo condicional, mas nada vinha em sua cabeça. Parecia tão fácil na teoria, agora na prática...
Ele ouviu a cadeira da professora se mexer e ela foi até o quadro, mudando o número 10 para cinco e agora ele só tinha cinco muitos restantes para finalizar a prova e era o último em sala. Que droga! Sua mãe iria matá-lo.
É isso! “Iria” é conjugação condicional.
Voltou para a questão anterior, lendo-a com rapidez e assinalou a resposta correta, depois foi para a última e alterou as frases com o verbo condicional. Sua letra era bonita, mas agora parecia um rabisco estranho, mas deveria servir.
Quando ele finalizou, ele checou rapidamente se todas as perguntas tinham resposta – pois esqueceu disso na prova de história – e colocou a folha dentro do envelope. Juntou suas coisas, colocando tudo na mochila e jogou-a nas costas antes de seguir até a mesa da professora.
- Conseguiu fazer tudo? – A professora perguntou.
- Sim, tudinho! – Ele disse, lhe entregando o envelope.
- Perfeito, então. Pode ir! – Ela disse e ele assentiu com a cabeça, seguindo para fora da sala, respirando aliviado finalmente.
- Ei, Danny! Como foi? – Virou para lado, vendo Mike, aluno novo que entrou no começo do ano e que eles frequentemente se encontravam nos plantões de dúvidas.
- Acho que fui bem, um anjo desceu ao céu para me dar a resposta dessa última. – Ele disse, rindo.
- Eu acho que fui mal de novo. Vou pegar recuperação anual e minha mãe vai me matar. – Ele bufou.
- Espero que não. – Danny suspirou. – Minha mãe quer me tirar do kart e não dá, tem competição importante depois das férias.
- Vai passar as férias aqui? – Mike perguntou e ambos andaram pelo corredor vazio da escola.
- Não sei ainda, acho que sim, para continuar treinando. – Danny deu de ombros. – Você?
- Eu tenho boxe, mas vou visitar minha avó em Sydney...
- Ah, legal! A tem parentes lá. – Danny disse, ajeitando a mochila nas costas. – Falando nisso, você a viu?
- Fiquei te esperando, ela acabou rápido, né?! – Ele perguntou.
- Ela está indo bem na escola, minha mãe fala que ela ia mal por culpa minha. – Danny disse, rindo. – Talvez ela esteja certa.
- Talvez! – Mike disse, rindo. – Mas ela deve estar lá fora jogando com as meninas.
- Vamos lá! – Danny disse e eles seguiram para fora da escola, sentindo o sol forte queimar os olhos por alguns segundos.
O pátio da escola estava cheio. Agora, à partir da sexta série, eles tinham aulas a tarde, então todo mundo ficava ali, almoçavam na escola e enrolavam até as aulas da tarde, seja de educação física ou de artes. fazia parte da aula de cricket, e o time delas ia muito bem, inclusive em algumas competições com outras escolas, Danny não tinha paciência com esportes em grupo, então jogava tênis e fazia futebol nas aulas de educação física, mas era meio fominha.
Quando eles chegaram lá fora, estava do outro lado do campo de cricket junto de outras meninas da turma. Danny e Mike deixaram as mochilas na arquibancada e se aproximaram do campo. se dava bem tanto na posição de batsman, como na de bowler*, mas ela gostava de jogar a bola longe e era o que ela fazia agora. Em uma das tacadas, a outra menina não conseguiu pegar a bola e ela veio deslizando até os pés dos meninos.
- EI, DANNY! MANDA DE VOLTA! – gritou e o menino pegou a bola e deu um impulso, jogando-a para dentro do campo novamente.
A bola voou longe, um estralo foi ouvido e Danny caiu no chão em dor*, lágrimas deslizando de seus olhos e um grunhido saía de sua garganta. Mike, além de outros garotos em volta, começaram a gargalhar, não entendendo o que estava acontecendo. Em compensação, largou o taco no chão, correndo em direção a Danny, deslizando os pés na areia quando se aproximou dele.
- Danny! Danny! – Ela segurou a cabeça do menino. – O que aconteceu?
- ESTÁ DOENDO! – Ele gritou em dor. – Meu braço...
- O que aconteceu? – Ela disse, vendo-o segurar seu braço com força.
- Acho que quebrei... – Ele disse e ergueu o rosto para Mike que percebia que era algo sério.
- PARA DE FICAR OLHANDO E VAI CHAMAR AJUDA! – Ela disse, brava e Mike saiu correndo para dentro da escola. – Calma, Danny! A gente vai te ajudar! – A menina disse, afagando os cabelos do amigo.
- Está doendo muito... – Ele choramingou e a menina não teve nem coragem de tocar no braço dele, já que ele o segurava com muita força.
A comoção em volta de Danny aumentou de forma exponencial, logo outros alunos se juntaram em volta dele, depois os professores chegaram, até que uma ambulância entrou no campo da escola e Danny foi retirado do gramado. foi a primeira a entrar na ambulância, insistindo que acompanharia o amigo, junto deles, a coordenadora também foi.
Quando chegaram no hospital, Danny foi rapidamente levado para dentro e esperou na sala de espera junto da coordenadora. Ela mordiscava as unhas e andava de um lado para outro, esperando qualquer notícia do amigo.
- ! – A menina se virou quando viu Grace entrar correndo no hospital.
- Tia Grace! – A menina apressou os passos até Grace e abraçou-a fortemente.
- O que aconteceu? – Grace perguntou, preocupada.
- Eu não sei! Eu estava jogando com as meninas, a bola caiu no pé dele, ele jogou de volta e eu ouvi um estralo alto e ele estava caído no chão chorando. – Ela disse apressada.
- Alguém falou algo? Ele já apareceu? Jane, você está aqui! – Grace percebeu a presença da coordenadora do ensino fundamental II em pé atrás de .
- Não poderia deixar a menina vir sozinha. – Jane disse.
- Teve alguma novidade? – Grace perguntou apressada.
- Nada, mas acabamos de chegar. – Jane disse. – Ele vai ficar bem, senhora Ricciardo. Sente-se um pouco, quer um café?
- Não, eu quero ver meu filho! – Grace disse apressada.
- Calma, tia Grace. O Danny vai ficar bem. – segurou a mão dela, puxando-a para se sentar ao lado dela.
Era só o que dava para fazer agora. Grace esperava nervosa na sala de espera do hospital, Jane havia ido embora, sabendo que as duas crianças estavam seguras e esperava notícias deles em breve, já tinha ligado para sua mãe que também estava indo para o hospital o mais rápido possível, não preocupada com sua filha, mas preocupada com a amiga encarando essa sozinha com duas crianças.
- Senhora Ricciardo? – Um médico apareceu e Grace e se levantaram correndo.
- Sou eu! – Ela disse. – Cadê meu filho?
- Ele está bem. – O médico disse apressado. – Seu filho quebrou o úmero por causa de um cisto que se formou em seu braço.
- Como assim? – Ela perguntou, surpresa.
- É uma má-formação óssea que deixa o osso mais fino e pode quebrar com qualquer tipo de movimento brusco. – Ele explicou. – Ele disse que jogou uma bola, certo?
- Sim! – disse apressada.
- Ele poderia quebrar o braço só de apoiar o braço para levantar da cama. – Grace assentiu com a cabeça.
- E ele está bem? É sério? Precisa de cirurgia?
- Não, agora é só reconstrução óssea, ele vai precisar ficar de gesso por ao menos três meses, vai tomar remédio, vitaminas e vamos analisar com o tempo. – Ela assentiu com a cabeça.
- Eu posso vê-lo? – Ela perguntou.
- Sim, claro! Venham comigo! – Ele disse e não esperou convite especial, ela só seguiu Grace como se fosse irmã de Danny. – Ele está terminando de ser engessado. – Ele disse, indicando o quarto e Grace entrou apressada.
já tinha visto essa cena antes, mas, da última vez, ela estava sendo engessada e Danny entrava desesperado na sala. Depois que o susto passou, Danny estava falante como sempre, até ria do gelado do gesso enquanto era colocado em seu corpo, mas queria bater nele por dar esse susto.
- Ah, meu filho. – Grace o abraçou pela cabeça.
- Mãe! – Ele disse, surpreso.
- Vocês só querem me assustar. – Ela suspirou, acenando para o técnico.
- Eu tô bem, mãe! – Ele disse.
- Você assustou a gente! – disse.
- Não foi minha intenção. – Ele disse, fazendo uma careta.
- Como ele está?
- Ele está bem. – O técnico disse. – Precisa só esperar secar agora. Logo o médico volta para passar a receita para ele.
- Obrigada! – Grace disse, suspirando, vendo-o sair.
- Você tem noção como isso foi ridículo? – disse, se colocando do outro lado dele.
- É, eu sei. – Ele fez uma careta. – Foi um mico enorme.
- Foi! – Ela disse, rindo. – E a escola não vai deixar você esquecer tão cedo.
- Ah. Ainda bem que tem as férias. – Ele suspirou. – Ah, droga! O campeonato de kart, mãe!
- Esquece o campeonato de kart, Daniel! Você tem um cisto no seu braço, filho. A gente vai cuidar disso antes, depois a gente vê sobre o kart, ok?! Se aquieta! – Ela disse firme. – Você não tem noção como eu fiquei assustada.
- É, Danny, relaxa! – disse, séria. – A gente vai ver bastante filme nas férias. – Ela sorriu.
- Falando nisso, e a prova, como foi? – Grace perguntou e Daniel fez uma careta.
- Bem, eu acho. E eu falo sério dessa vez. – riu.
- Essa eu quero ver! – Ela brincou e Grace suspirou, negando com a cabeça.
- Fiquem aqui, eu vou ligar para o seu pai! – Ela disse e Grace saiu do quarto.
- Falando sério, você foi bem ou não? – sussurrou para ele.
- Acho que sim. – Ele disse. – Lembrei no último minuto. – Ela riu com ele.
- Esperamos, eu vou ficar aqui nas férias, não quero ficar uma semana sozinha porque você vai ter que fazer recuperação! – Eles riram juntos.
- A nota sai semana que vem, quero só ver. – Ele suspirou.
- Agora descansa, Danny, esse negócio é chato. – Ela disse, suspirando.
- É, percebi. – Ele suspirou. – As férias vão ser chatas.
- Vão! – Ela sorriu.
- Droga! – Ele suspirou, tombando a cabeça para trás.
- Relaxa, Danny! O que importa é sua saúde! – Ela disse. – A gente pensa nisso depois. – Ele assentiu com a cabeça, suspirando.
*Batsman e bowler: quem joga e quem recebe a bola no cricket, esporte tradicional na Austrália.
*Ele contou esse fato no "On the Sofa with Red Bull" em 2018.
- Eu meio que tenho... – Falei, antes de dar uma mordida no blini.
- Você não sabe nem o que é e vai comendo. – Maria disse fazendo uma careta.
- Isso é blini! – Disse como se fosse óbvio. – É uma panqueca mais fina com mel. Não tem como isso ser ruim. – Dei de ombros, molhando no mel mais um pedaço da pequena trouxinha antes de colocar na boca, lambendo os dedos em seguida. – Hum, delícia.
- Depois de um tempo com a , você aprende a valorizar um pouco mais a comida, Maria. – Michael disse e dei um curto sorriso.
- Não adianta valorizar se vocês são todos frescos. – Dei de ombros, bebendo mais um pouco do meu tradicional café com leite.
- É que você sabe de tudo... – Maria disse, rindo fracamente.
- Eu fiz uma faculdade bem completa. Eles ensinam sobre cultura e alimentação mundial. – Dei um curto sorriso, descansando a xícara.
- Qual? Le Cordon Bleu por acaso? – Ergui os olhos para Maria, dando um sorriso com os lábios pressionados. – ESPERA! VOCÊ FEZ LE CORDON BLEU? – Sua voz aumentou e Michael gargalhou na poltrona.
- Fiz. – Dei um curto sorriso. – E outros cursos complementares. – Dei de ombros.
- Não é à toa que você trabalha na Michelin. É a escola de cozinha mais famosa do mundo! – Maria continuou, surpresa.
- Eu sei! – Dei um curto sorriso. – Agradeço aos meus pais e aos pais do Danny por me permitirem isso. – Dei de ombros.
- Uau! Le Cordon Bleu! Agora até eu quero comer sua comida. – Ri fracamente.
- ! – Ouvi a voz de Danny e suspirei.
- Te garanto que você não vai se arrepender. – Pisquei para Maria, me levantando.
- ! – Ouvi sua voz de novo.
- Já volto. – Deixei o guardanapo na mesa antes de seguir pelo corredor.
- Que foi, Danny? Está quase na hora de irmos, quero terminar meu café! – Parei em frente à sua porta, abrindo-a e encontrei-o de cueca. – Ah, Daniel! – Puxei a porta de novo.
- Pode entrar! – Ele disse.
- Mas você está só de cueca! – Falei, mordiscando meu lábio inferior.
- Entra! E eu estou de boxer! – Ele disse e abri a porta devagar, colocando a cabeça devagar para dentro.
- Não é como se fizesse muita diferença. – Observei-o com a blusa da Red Bull, uma boxer vermelha, meias e sua calça jeans no chão. – O que é? – Suspirei.
- Eu preciso que você filme algo para mim. – Fechei a porta devagar.
- Vai finalmente entrar no mercado de filmes adultos? Se for, prefiro que outra pessoa faça isso. – Fiz uma careta.
- Há, há, há, engraçadinha. – Ele revirou os olhos e deu de ombros. – É um desafio de um patrocinador da Red Bull e eu preciso fazer.
- Ai, medo. – Suspirei.
- É meio ridículo...
- Mas estamos falando de você. – Falei e ele me mostrou a língua, me fazendo rir.
- Só segura a câmera. – Ele disse, me entregando o celular. – E fica aqui... – Ele me segurou pelos ombros, me puxando para o lado.
- Qual o desafio, Danny? – Perguntei, apoiando o quadril na bancada atrás de mim.
- Eu preciso colocar essa calça sem usar as mãos. – Ele disse e ri fracamente.
- Pega um moletom, nunca que suas calças apertadas vão entrar. – Disse, rindo.
- ! Me ajuda! – Ele disse e suspirei.
- Ok, ok... – Desbloqueei seu celular com o código 021089 antes de seguir para a câmera. – Você vai falar algo ou...
- Sim, vou falar algo e fazer.
- Ok, quando quiser. – Disse.
- Deixa eu só... – Ele foi até a calça, deixando-a mais certinha e foi inevitável não observar a área de seu quadril e o volume ali. Mordisquei meu lábio inferior e tentei conter meus pensamentos, mas era impossível. – Ok, podemos começar.
- Ok! – Falei rapidamente, olhando para a câmera. – Gravando... – Falei, apertando o botão de gravar.
- Ok, então, eu estou aqui para a Pepe Jeans para fazer o Get It On Challenge. – Ele disse e colocou os pés dentro da calça, antes de começar a se enfiar dentro dela.
Sabe aqueles momentos da vida que você acha que já viu de tudo, inclusive viu de tudo da pessoa que você mais conhece na vida? Pois então, eu estava muito enganada. Eu não sabia se eu arregalava os olhos enquanto ele se contorcia para dentro da calça, se jogando na cama ou se apoiando no armário lateral para fazê-la entrar ou se eu gargalhava.
De forma ou outra, acho que olhá-lo de cueca não era nada comparado com o que eu estava vendo aqui. Ele tinha algumas danças estranhas, mas, meu Deus! Acho que para minha paixonite ficar intacta, era melhor eu não ter visto isso.
- Consegui! – Ele disse, fechando o botão e puxando o zíper e comemorando em seguida.
- Metade da cueca está aparecendo, Danny! – Coloquei a mão na boca, evitando rir.
- Está bom! – Ele disse, rindo. – Cara, isso foi difícil!
- Acabou? – Perguntei, pressionando os lábios.
- Sim, acabei. – Apertei o botão para parar, finalmente deixando a risada escapar.
- ! – Ele me olhou.
- Eu preferia não ter visto isso. – Gargalhei, sentindo minhas pernas fraquejarem.
- !
- Não, espera! – Suspirei, respirando fundo. – Ah, merda! – Neguei com a cabeça, gargalhando alto. – Minha visão de você acabou de mudar! – Ele riu comigo.
- Foi tão ruim assim? – Ele fez uma careta e assenti com a cabeça.
- Foi, meu amigo! Demais! – Joguei a cabeça para trás, ouvindo-o rir. – Parece uma lagartixa.
- ! – Ele disse, rindo.
- Chama o Michael da próxima vez, por favor. – Neguei com a cabeça.
- Você é quem eu tenho mais intimidade. – Ele disse, rindo, puxando a calça, ajeitando-a direito agora.
- Eu sei, mesmo assim... – Neguei com a cabeça. – Isso foi horrível! – Falei, vendo-o rir.
- Termina de gravar só mais uma parte antes da gente sair.
- Vamos logo! Hoje você vai experimentar aquela proteção especial* no carro antes da fã-fest. – Falei.
- Vai ser depois! – Ele disse. – Assim não chego suado para falar com os fãs.
- Faz sentido, mas ainda tem chuveiro no seu vestiário. – Brinquei, vendo-o rir.
- Você me entendeu. – Ele disse, rindo.
- Entendi sim. – Sorri. – Agora vai! – Endireitei a câmera.
- Depois desse mico, a parte dois...
- Engraçadinha. – Ele disse e dei play.
- Gravando! – Falei.
*Em 2016 eles começaram a fazer alguns testes com o que viria ser o halo hoje.
Daniel
- Hum, talvez sim, porque sempre que estamos em casa, queremos ir muito bem por estar em casa, então Dani está animado e o restante da equipe também. Esperamos ter uma boa corrida. – O repórter assentiu com a cabeça.
- E saindo agora um pouco da Fórmula Um, sua empresa de karts está tendo um grande avanço no mundial da categoria...
- Sim, sim! Estamos empolgados por isso. – Sorri.
- E como foi a ideia de criar essa empresa? Inspiração de outros corredores como Alonso ou... – Observei se ajeitar no fundo da sala, cruzando os braços e sorri.
- Meu pai sempre esteve envolvido com corrida, então ele já estava montando algo dele, menor, sem muito investimento, mas quando eu consegui o contrato com a Red Bull, pudemos fazer maiores investimentos e entrar nessa categoria de cabeça. – Sorri, vendo tirar o boné e passar as mãos nos cabelos.
- E sobre vida pessoal, Daniel, temos visto bastante você saindo com uma mulher nova e... – Ri fracamente. – Sabíamos que tinha terminado com sua namorada, e agora? Como está o coração do honey badger?
- Ah, cara! – Ri fracamente, pensando em como responder isso, mas sabia que tinha que pensar em muitas variáveis para não falar merda. – A mulher que vocês têm visto comigo é minha melhor amiga de infância. – Percebi que ergueu o olhar para mim. – Ela está me acompanhando esse ano. – Sorri, olhando para ela.
- Então, podemos dizer que o coração do honey badger está vazio? – Ri, nervoso.
- É... Talvez. – Tentei evitar uma mordiscada nos lábios. – Está disponível, você nunca sabe o que vai acontecer. – Dei de ombros.
- Da última vez que conversamos, você tinha terminado com sua namorada e disse que era difícil namorar nessa profissão porque tirava o foco da corrida, isso mudou? – Suspirei.
- Acho que depende. – Ponderei com a cabeça, voltando a olhar para . – Se você estiver com uma pessoa que te apoia e estará sempre lá contigo, vale à pena. Se for alguém que te puxa para baixo, aí não compensa. – Vi sorrir e sorri com ela.
- Obrigado, Daniel! Te desejo muita boa sorte na corrida*. – Ele disse e sorri.
- Obrigado. – Trocamos um rápido cumprimento e dei um aceno para câmera.
- Terminamos. – O câmera falou e me levantei da cadeira junto do repórter.
- Obrigado pela entrevista.
- É sempre bom falar contigo. – Falei, cumprimentando-o enquanto o assistente me ajudava com o microfone.
- Contigo também. – Sorri. Dei um rápido aceno antes de seguir com Maria para o fundo da sala e vi desencostar o corpo da parede.
- Então, o coração do honey badger está ocupado? – Ela brincou e sorri.
- Ah, lá vem bomba para o meu lado. – Maria disse, se afastando e arregalei os olhos, pressionando os lábios.
- Ignore-a... É o que eu faço – Dei de ombros, vendo-a assentir com a cabeça.
- Mas é verdade? – Ela perguntou, mordiscando os lábios e tentei observar suas reações.
- Talvez sim... – Falei, analisando seus olhos. – Preciso saber mais antes de fazer merda. – Ela assentiu com a cabeça e apoiei minha mão na base de suas costas. – Não posso errar nisso.
- Você nunca erra, Danny. – Ela disse e dei um beijo em sua têmpora.
- Erro sim. E dessa vez eu não posso. – Suspirei, me afastando devagar. – Vamos lá fora. – Falei e ela seguiu um pouco à minha frente antes de sairmos da sala da imprensa. – Campo minado ali.
- Não é como se já não estivesse acostumado. – Ela disse, colocando os óculos novamente.
- Eu estou, mas eles estavam perguntando sobre você...
- Eu ouvi! – Ela disse, rindo. – Eu tento fugir dos fotógrafos por isso... – Ela comentou.
- ... – Olhei para ela.
- O quê, Danny? É verdade! Eu sei como eles vêm em cima de você. Evitar rumores desnecessários é o mínimo que eu posso fazer.
- Não te chamei para vir comigo para ficar preocupado com o que eles vão falar. – Disse firme. – Vamos nos divertir e damos as satisfações conforme for necessário, que tal? – Ela ergueu o olhar para mim, suspirando em seguida. – Somos amigos há anos, . Não é porque você ficou linda e gostosa... – Ela começou a rir. – Que eu vou mudar. – Ela riu fracamente.
- Você melhorou muito também, Danny.
- É, mas ainda temos aquela foto nossa de criança.
- Mais do que eu gostaria. – Ela me empurrou de leve pelo ombro e ri, vendo-a seguir para perto da minha equipe e suspirei.
- Presta atenção no que você fala, Daniel. Não vá ferrar tudo. – Sussurrei para mim mesmo.
- Vamos, Daniel! – Maria disse e segui até eles. – Vamos dar uma volta pelo circuito, depois falar com os fãs.
- Andando? – Perguntei.
- Precisamos ir um pouco mais rápido hoje, então vamos de carro. – Ela disse e virei para .
- Vai conosco? – Perguntei.
- Não, vou deixar vocês trabalhando. – Ela abanou a mão. – Eu vou procurar algo para comer, nos encontramos depois?
- Claro! – Falei e ela sorriu antes de dar um aceno e seguiu pelo paddock.
- Ela sempre está buscando algo para comer, né?! – Dani disse e ri fracamente.
- É. Não julgo. – Dei de ombros, seguindo com eles. – Até eu ia atrás de comida se pudesse.
- Vamos, garotos! – O assessor de Dani falou e seguimos logo atrás dele.
- Daniel... – Maria me chamou e olhei para ela, andando ao seu lado. – O que disse na entrevista, eu preciso saber de alguma coisa? – Suspirei.
- Não, não precisa. – Falei, coçando a cabeça por cima do boné.
- Digo, não te vejo com nenhuma outra mulher e se for algo entre você e a , não foi o que me falou no começo da temporada. – Suspirei.
- Maria, por favor. Muda de assunto.
- Eu preciso saber, Daniel. Não quero me meter na sua vida, mas realmente preciso saber para não terminar de forma ruim igual a outra e você sair falando que terminou por causa da carreira. – Puxei a respiração fortemente, soltando-a devagar.
- Não estou falando disso, Maria. Só estou pedindo para não falarmos disso agora, pelo menos até eu entender o que eu estou sentindo. – Apertei as mãos no rosto.
- Mas estamos falando da ? – Ela perguntou, entrando em minha frente e parei o passo. – Daniel...
- Maria... – Chamei-a da mesma forma.
- É, não é? – Ela disse e suspirei. – Como isso aconteceu?
- Maria, por favor. Não aconteceu nada ainda e eu não sei quando vai acontecer, mas não cria caso com o que não tem ainda. – Suspirei.
- “Quando”? – Ela disse um pouco mais alto. – Você está gostando dela de verdade... – Suspirei. – Daniel, como você deixou isso acontecer? – Suspirei.
- Eu não deixei nada acontecer, acho que a convivência fez isso por nós, só... Por favor. – Neguei com a cabeça. – Eu já estou confuso o suficiente. – Suspirei.
- Mas você quer fazer algo ou...? – Joguei a cabeça para trás, sabendo que não tinha mais para onde fugir.
- Parte de mim sim. – Assenti com a cabeça. – Mas parte de mim tem medo de acabar com a amizade e ela é importante demais para mim. – Ela suspirou. – Mas eu não vou fazer nada sem saber o que ela está sentindo também... – Ela passou a mão na testa, respirando fundo.
- Eu não sei o que dizer... – Ela suspirou.
- Não tenta encontrar, então. Por favor. – Neguei com a cabeça. – Eu não sei o que está acontecendo, eu estou tentando e quero descobrir, mas me deixa descobrir sozinho. – Suspirei. – Ela é minha melhor amiga, Maria, você já não acha que eu tenho dúvidas o suficiente?
- Acho que sim. – Ela disse, suspirando. – Eu vou tentar entender seu lado de jovem apaixonado e em dúvidas, mas você promete que me avisa se isso mudar? Por favor.
- Você vai ser a primeira a saber. – Falei e ela suspirou, assentindo com a cabeça.
- Vamos falar mais sobre isso depois. – Ela disse. – Vamos logo, temos hora. – Ela disse e saiu da minha frente, voltando a andar.
Depois desse papo conturbado, eu só tinha uma certeza: Maria com certeza não seria a primeira a pessoa a saber o que acontecia entre mim e . Ao menos não até eu ter certeza de que é sério e é estável.
Mas antes eu preciso descobrir o que eu estou sentindo, o que ela está sentindo e criar coragem de dar o primeiro passo.
Eu só precisava parar de falar besteira perto dela, mas era um tanto inevitável. está me deixando nervoso e isso é novidade.
Na verdade, o que não é novidade recentemente?
*Baseada em uma entrevista de 2017.
- Pode entrar! – Ouvi sua voz e empurrei a porta de seu vestiário, vendo-o subir o macacão para os ombros.
- Está quase na hora. – Falei, apoiando meu corpo no batente da porta, observando-o ajeitar o macacão e dei dois passos para dentro do vestiário.
- Vamos fazer isso funcionar. – Ele disse e segurei seu zíper, puxando-o para cima e ele sorriu, afastando as mãos de seu corpo.
- A pista está mais seca do que de manhã, mas está muito frio. – Fechei o velcro em seu pescoço e passei a mão em seu peito para colar outro lado.
- Eu coloquei uma blusa mais quente hoje. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Bom, sua mãe sentiria orgulho de você. – Rimos juntos e olhei em seus olhos, pressionando os lábios. – Não faça nada estúpido, pode ser?
- Nunca. – Ele sorriu, suspirando em seguida. – Por que veio me escoltar daqui hoje? Não que eu não tenha gostado, mas... – Ri fracamente e afastei um passo, vendo-o se afastar para sentar no sofá.
- O primeiro-ministro russo está lá na garagem. – Falei, cruzando os braços. – E eles estão literalmente onde eu fico, não quero ficar lá. – Ele riu fracamente, colocando seus sapatos.
- Você pode ficar no meu quarto. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Eu sei, mas gosto de ficar com sua equipe, eles são legais... – Cruzei os braços e vi a porta se abrir de novo, revelando Michael.
- Precisamos ir, Danny! – Mike disse.
- Dois minutos! – Ele subiu uma perna para o sofá. – Milagre Christian não ter implicado sobre você. – Danny comentou.
- Eu sou bem discreta, não causo problemas, até ajudo com uma coisa e outra. – Dei de ombros e ele ergueu o rosto, sorrindo.
- Você é incrível, . De verdade. – Sorri, mordiscando meu lábio inferior.
- Preciso fazer alguma coisa para eles. Você fala tanto da minha comida e eu nunca fiz nem uma torta para eles. – Ele riu fracamente.
- Se você der comida para eles, eles vão te amar mais ainda. – Ele se levantou e ri fracamente.
- Quem sabe em Mônaco? Não que eu consiga fazer muito na sua cozinha, mas...
- Você prometeu não falar mal da cozinha! – Ele disse esticando o dedo para mim e ri fracamente antes de empurrar seu braço.
- Ela só não é grande o suficiente. – Dei de ombros, vendo Michael pegar algumas coisas no armário, junto do capacete.
- Nem a do seu apartamento é. – Ele disse.
- Eu derrubei um quarto inteiro para aumentar minha cozinha, Daniel. Não fala da minha cozinha. – Rimos juntos.
- Ok, estou pronto. – Ele suspirou, sacudindo os ombros.
- Vamos lá, cara! – Michael disse e fui em direção à porta, abrindo-a e vi ambos saírem logo atrás. Descemos as escadas do motorhome da Red Bull, saindo no paddock que estava movimentado.
- Ei, Daniel! – Travei o passo, vendo Alonso e Button quase entrando na garagem da McLaren.
- Ei, caras! – Danny foi até eles e vi Michael entrar direto na garagem.
- Boa sorte! – Button falou.
- Vocês também. – Danny disse, cumprimentando-os.
- Bom te ver, . – Fernando disse e sorri, acenando com a cabeça.
- Você também! – Dei um curto sorriso.
- Ah, Jenson, essa é , minha amiga. – Danny disse e senti um pequeno aperto no peito. Não éramos nada ainda, mas esse “amiga” estava me irritando, especialmente depois de ontem, onde tive uma leve impressão de que ele disse que estava gostando de mim, mas posso estar vendo coisa onde não tem.
- Essa é a famosa , então. – O britânico se aproximou e sorri.
- Não estou gostando nada dessa fama! – Brinquei, vendo-os rir.
- Prazer em te conhecer. – Ele me deu um rápido abraço.
- O prazer é meu. – Dei um aceno de cabeça.
- Nos vemos depois? – Danny disse.
- Claro! – Eles disseram.
- Boa sorte! – Danny disse antes de me puxar pelo braço, me fazendo dar uma volta ao redor do corpo antes de entrar na garagem.
- Oh, vai devagar! – Pedi, rindo sozinha. – Eu não vou dar em cima do Jenson, relaxa. – Falei entre risos.
- Não, eu... – Ele parou, olhando para mim. – Não foi intenção, eu só... – Segurei sua nuca com as duas mãos, forçando-o a olhar para mim.
- Danny, não tem nada! – Falei, rindo. – Queria eu ter esse poder conquistador, mas não tenho... Eu não namoro desde a faculdade, Danny. Por favor. – Suspirei. – Não tem nada, ok?! Não precisa ficar me puxando de um lado para outro como se fosse uma boneca. – Falei sério.
- Desculpe, acho que estou um pouco na defensiva. – Ele suspirou.
- Não precisa ficar, ao menos não comigo. – Dei um curto sorriso, passando a mão nos cachos perto de sua nuca. – Uma coisa de cada vez, ok?! – Ele assentiu com a cabeça e dei um beijo em sua bochecha. – Vamos lá, tigrão! – Ele riu fracamente.
- Eu vou tentar não surtar de novo, ok?! – Assenti com a cabeça.
- Ok, mas sabemos que isso não é possível. – Puxei-o pelo braço, seguindo por dentro pelos corredores da garagem antes de empurrá-lo para dentro quando chegamos na curva. – Boa sorte!
- Aonde vai? – Ele apoiou a mão na divisão.
- Vou pegar um headphone para mim. – Falei, dando um sorriso.
Segui reto pelo corredor principal com um sorriso nos lábios e ri fracamente. Ok, acho que eu podia confirmar que tinha realmente alguma coisa acontecendo com ele também. Ele estava muito na defensiva e não era normal dele, mesmo comigo com outros caras. De uma forma ou de outra, só sei que estou muito empolgada em descobrir mais sobre isso. Só espero que não demore muito, porque eu realmente não sei se consigo investir em Danny, certeza que eu vou travar e que vai dar tudo errado.
Peguei um headphone perto da sala de telemetria e o coloquei-o antes de voltar até a garagem, vendo-a mais cheia. Danny fazia alguns treinos de reflexo com luzes e espiei se os chefes de estado estavam aqui antes de arranjar um espaço no meu cantinho de sempre.
Faltava uns 10 minutos para o início das classificatórias, então fiquei acompanhando a movimentação dos dois lados da garagem, além do treino de Danny. Eu estava caidaça por ele, mas adoro a atenção dele enquanto fazia esses testes de reflexos. Deixavam-no mais gato ainda, e era assim que eu sabia quão complicada eu estava.
Apesar que, depois da conversa que tivemos alguns minutos atrás, eu praticamente me declarei para ele. Ao menos disse que estava disponível para ele. Não sei qual era pior. Acho que meu julgamento está ficando completamente comprometido por causa dele e tenho uma leve impressão de que só vai piorar.
- ! – Danny me chamou e observei-o se aproximar do carro. – Fala o que você falou para mim. – Franzi a testa, vendo algumas pessoas olhando para nós. – Sobre a comida.
- Ah, Daniel! – Falei, rindo. – Ganha que eu trago. – Ri fracamente, vendo-o sorrir.
- Ela vai trazer comida para vocês quando eu ganhar! – Os mecânicos aplaudiram e deram alguns gritinhos.
- É, mas ele precisa ganhar antes! – Falei, piscando para Danny, vendo-o rir.
- Ah! – Os mecânicos reclamaram, me fazendo rir.
- Mancada, ! Mancada! – Danny disse e dei de ombros.
- Boa sorte! – Falei e ele assentiu com a cabeça antes de entrar no cockpit.
Suspirei, fazendo um rápido sinal da cruz e ergui meu corpo no banco novamente, focando em uma das várias televisões ali. Ouvi a estática do rádio começando e logo o barulho ficou mais alto quando Danny saiu com o carro e logo depois Kvyat. Esperava que Danny fizesse uma melhor posição, tivemos três corridas que ele bateu na trave, estava na hora de colocar essa bola para dentro.
Danny conseguiu o tempo de 1:38:091 na Q1, deixando-o em décimo lugar. Ericsson da Sauber, Haryanto e Wehrlein da MRT, Nasr da Sauber, Palmer e Magnussen da Renault foram eliminados dessa forma, um por um.
Na Q2, Danny conseguiu reduzir o tempo dele, ficando em 1:37:569, garantindo a vaga dele para a última parte das classificatórias. Com esse tempo, ele conseguiu reduzir sua posição para sétimo. Pena que ele perdeu o espelho direito dele em uma curva bem acentuada e não conseguiu melhorar esse tempo porque voltou para a garagem. Gutierrez e Grosjean da Haas, Hulkenberg da Force India, Button da McLaren e Sainz da Toro Rosso ficaram de fora da última parte.
Danny finalizou a Q3 em sexto lugar, dois à frente do que seu companheiro de equipe. Ele também conseguiu reduzir seu tempo para 1:37:212, mas estava longe de Nico Rosberg que conseguiu fazer o menor tempo na pista na Q2 com 1:35:337. Além de Rosberg, Vettel, Bottas, Raikkonen, Massa, Danny, Perez, Kvyat, Verstappen e Hamilton completaram o restante do grid. O último sem conseguir computar nenhum tempo.
Sexto não era o melhor tempo para começar a corrida, mas não era dos piores. O circuito daqui de Sochi também não era dos mais fáceis, tinha muitas curvas pequenas e próximas uma da outra. Tenha certeza de que Danny conseguia trabalhar com ele da melhor forma possível. Agora era descansar e se preparar para amanhã.
- Oh, caralho! – Falei, respirando fundo.
- Oh, calma aí! Está na defensiva por quê? – Ele perguntou e ajeitei o prato no meio da mesa. – Uh, mesa bonita.
- É para . – Falei, tentando acender a vela novamente.
- Hum, encontro? – Ele disse, rindo.
- Não oficialmente, mas é... – Dei de ombros.
- E por que não faz isso na sala? – Ele perguntou.
- Para Maria ficar enchendo o saco? Nem a pau! – Ri fracamente, ouvindo uma porta bater. – Deve ser ela, você pode, sei lá, cair fora daqui? – Ele gargalhou alto.
- Ah, cara! Não acredito que eu vivi para ver isso. – Ele saiu do quarto, puxando a porta de leve e corri para perto de um espelho.
Eu estou de pijamas, chinelos e os cabelos estão bagunçados, mas essa é forma que eu mais gosto de ver , especialmente quando ela está com as minhas roupas, então nada mais justo do que aproveitar esse momento.
- Danny! Você disse que ia pedir comida para mim... – Virei rapidamente para porta, tentando parecer relaxado enquanto ela abria para porta. – Ei... – Ela disse, confusa.
- Ei! – Dei um curto sorriso, me sentindo envergonhado.
- O que está acontecendo aqui? – Ela disse rindo e observei seus cabelos molhados e o pijama um pouco mais justo do que os meus.
- Eu pedi jantar para gente. – Dei de ombros. – Você não quis sair, então pedi indicação para o recepcionista do hotel e ele mandou umas comidas russas para gente.
- E essa vela? – Ela deu um curto sorriso.
- Só um toque... – Falei, vendo-a rir fracamente.
- Eu não estou vestida para isso. – Ela passou as mãos nos cabelos.
- Você está... – Me aproximei dela. – Era como eu queria mesmo. – Passei as mãos em seus braços, descendo até suas mãos. – É só um jantar... – Ela olhava em meus olhos e sabia que ela estava tentando estudá-los da mesma forma que eu fazia com seus olhos .
- Eu estou confusa sobre o que está acontecendo conosco, Danny. – Assenti com a cabeça.
- Também estou. – Suspirei, puxando-a para perto da mesa. – Só quero que saiba que eu quero descobrir. – Ela deu um curto sorriso e um aceno de cabeça. – Se você permitir, é claro.
- Sim... – Ela disse em um sussurro e peguei a flor em seu prato, esticando para ela.
- Não dava para eu ir à floricultura sem parecer suspeito, então eu peguei da decoração. – Ela riu fracamente e aproximou o nariz dela.
- Ao menos é de verdade. – Assenti com a cabeça.
- Você quer se sentar? – Puxei a cadeira dela e ela ajeitou seu short curto antes de se sentar.
- Nem parece você, Danny. – Ela comentou.
- Nem você. – Falei, dando a volta na pequena mesa de dois lugares e me sentando em sua frente. – Eu não sei como agir perto de você, . Eu... Eu estou perdido. – Ela assentiu com a cabeça, juntando o cabelo e enrolando-o antes de jogá-lo para trás.
- Daniel Ricciardo perdido perto de uma mulher? – Ri fracamente. – Eu também estou. – Ela mordiscou seu lábio inferior. – É como se uma outra área do meu cérebro tivesse aberto... – Assenti com a cabeça. – Estou com medo... – Segurei sua mão em cima da mesa.
- Não fique. – Pedi.
- Como não, Danny? Somos amigos por muito tempo para arriscar algo assim... – Neguei com a cabeça.
- Talvez... – Dei de ombros. – Mas não consigo fingir que algo não está acontecendo, . E você também está me olhando diferente...
- Eu não esperava que acontecesse, mas aconteceu...
- Eu sei. Só aconteceu. – Sorri. – Seu sorriso ficou mais bonito, seu cabelo mais brilhante, seu perfume mais forte... – Ela riu fracamente, enrugando as bochechas. – Só demorou 24 anos para eu ver isso, mas aqui estamos. – Ela suspirou.
- Parece loucura quando eu penso sobre isso... – Suspirei, entrelaçando nossos dedos.
- Sempre nos disseram, a gente só não viu. – Ela assentiu com a cabeça. – Vamos descobrir isso juntos, pode ser? Você é a mulher mais importante da minha vida, não sei viver sem você. – Ela deu um curto sorriso. – Mas também não posso fingir que nada está acontecendo.
- Eu sei, mas isso é muito estranho...
- Eu sei. – Rimos juntos. – Mas vamos conseguir. – Ela deu um aceno de cabeça. – E como o Danny e a de sempre, porque você de repente começou a falar menos... – Ela abriu um largo sorriso, rindo em seguida.
- Eu faço isso quando estou nervosa. – Ela suspirou, apertando minha mão.
- Só sou eu, o Danny.
- Eu sei, por isso mesmo. Se fosse qualquer outro cara, seria mais fácil. – Sorri.
- Coisas fáceis tendem a ser chatas. – Falei e ela riu fracamente.
- Talvez... – Ela deu de ombros. – Contanto que seja bom.
- Vou fazer tudo para ser. – Assenti com a cabeça, dando um curto sorriso.
- Você se lembra quando nos convidaram para fazer skydiving? – Ela comentou e franzi a testa.
- Sim, você disse não, eu fiquei de pensar e acabei desistindo. – Falei, ouvindo-a rir.
- Acho que estamos fazendo agora. – Abri um largo sorriso. – E talvez estejamos sem paraquedas dessa vez.
- Eu te pego se você cair. – Falei.
- Você sempre me pegou. – Ela disse, me fazendo sorrir, e desviou o olhar para a mesa. – Ok, o que você preparou para mim, Daniel? – Ri fracamente.
- Bem, eu sei que você gosta de experimentar coisas novas e a essa hora estaria em um restaurante sensacional se não fosse seu amigo fresco aqui...
- Não usa essa palavra. – Ela pediu e franzi a testa. – “Amigo”. – Ri fracamente. – Um mês atrás não teria problema, mas agora é estranho.
- Parece pouco. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- É! Mesmo com nossa história... Parece muito pouco. – Ela suspirou.
- Ok, deixa eu reformular a frase. – Falei, pigarreando, fazendo-a rir. – Você estaria em um restaurante sensacional se não fosse seu parceiro fresco aqui... – Ela gargalhou, jogando a cabeça para trás. – Então, eu escolhi algumas coisas que talvez nós dois gostássemos. – Abri a bandeja em cima da mesa, revelando três travessas. – Uma salada, uma entrada e um prato principal. – Mostrei os três. – Não faço a mínima ideia do que tem, mas o cara lá da recepção disse que é mais normal. – Ela riu.
- Está fácil, Danny. – Ela disse, indicando a salada. – Salada Olivier. Basicamente salada de maionese, parece ter ervilha, pepino, cenoura, ovo...
- Seguro! – Falei, vendo-a rir.
- Isso tem cara de ser Pelmeni, se não estiver enganada. – Ela indicou para os pequenos capeletti. – Massa recheada com carne moída, servido com manteiga e creme de leite.
- Gostoso para caramba! – Falei, ouvindo-a rir.
- E esse é o tradicional Frango à Kiev. – Ela sorriu. – Frango desossado frito, normalmente recheado com manteiga de ervas, pode ter outra coisa aqui.
- Viu?! Sabia que você poderia desvendar o que é. – Dei de ombros.
- Para alguém que tem alergia a algumas comidas, foi bem imprudente da sua parte. – Ri fracamente.
- Eu resolvi isso enquanto voltávamos do circuito, eu só pedi um jantar para minha ami... Parceira. – Rimos juntos.
- Isso não vai funcionar. – Ela sorriu.
- Eu não tive tempo de falar das minhas restrições. – Dei de ombros.
- Tirando o creme de leite e a manteiga, não acho que teremos nenhum susto. – Ela disse.
- Eu tomei meu remédio. Está fácil. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Atacar, então. – Ela disse e ri fracamente.
- É melhor você servir. – Falei e ela riu fracamente, pegando os talheres e eu tentava tirar os olhos dela, mas era impossível.
Domingo
Ontem havia sido muito estranho. Depois das classificatórias, ele foi fazer entrevista, depois voltou para a garagem, me puxou para ir com ele até o prédio da Force India para comemorar com Perez e Hulkenberg que estavam completando 100 GPs cada. Kvyat e Alonso também estavam lá, mas foi muito estranho. Danny sempre foi o extrovertido e animado entre nós dois, então me apresentou para ambos, além de Ocon* e os dois da Toro Rosso que eu já tinha encontrado na China.
Até aí, sem problemas, mas, quando voltamos para o hotel, fui tomar meu banho e, quando fui atrás dele, ele tinha montado uma mesa à luz de vela e pediu uma comida super deliciosa para aproveitarmos juntos. Foi fofo, fez meu coração bater forte e me deixou igual uma tonta apaixonada. Ao menos é bom ver que estamos na mesma sintonia, é bom saber que os sentimentos dele por mim também estão mudando e que não é coisa da minha cabeça, mas eu me sentia perdida. Da mesma forma que nosso beijo quando crianças.
Meu coração parecia uma batedeira, minhas mãos tremiam e eu ficava mais quieta e mais reclusa, tentando analisar todos os movimentos da outra pessoa. Procurando alguma brecha de que isso fosse dar errado, mas ainda não encontrei nenhuma. Parecia perfeito demais e aí que eu tinha medo.
- ... – Ele disse, me esticando o iPod e tradicionalmente coloquei-o no bolso da calça.
- Faça uma boa corrida, ok?! – Suspirei e ele se aproximou de mim.
- Pode deixar! A gente se diverte mais tarde. – Ele apoiou as mãos em meus ombros e suspirei, abraçando-o apertado.
- Espero que sim. – Suspirei, afastando nossos corpos e ele segurou meu rosto, dando um beijo em minha testa. – As câmeras, Danny. – Empurrei-o devagar pela barriga, fazendo-o rir.
- Eles estão mais interessados nos pneus. – Rimos juntos.
- Arrasa, tigrão. – Falei e ele riu comigo.
- Sabe que isso começa a dar um novo significado, né?! – Ele disse, me fazendo rir.
- Não inventa, Daniel! – Senti meu rosto esquentar, fazendo-o rir.
- Te vejo na linha de chegada! – Ele disse.
- Espero mesmo, faz tempo que eu estou querendo. – Sorri, me afastando alguns passos e ele riu fracamente.
- Hoje vai! – Ele sorriu e dei dois tapinhas nas costas de Nigel antes de me afastar.
Danny fez seu tradicional ritual dentro do carro, colocando o capacete por último e suspirei. O barulho dos motores ligando um a um começaram a incomodar e apertei o headphone mais firme na cabeça.
- Cheque de rádio, Daniel.
- Está frio para um caralho, galera! – Ri fracamente, negando com a cabeça.
- Pare de reclamar e se recomponha para sua amiga! – Sorri para Simon, esticando a mão para ele e tocamos os punhos. – 30 segundos. – Ele disse e suspirei.
Os mecânicos saíram de perto do carro e as luzes se acenderam antes de os carros saírem um a um. Aproveitei para sair junto com eles, atravessando para o pit lane, entrando na garagem antes dos mecânicos e segui para o fundo, me ajeitando em meu banco de sempre ao lado de Michael.
- Pronto? – Michael perguntou.
- Vamos lá! – Tocamos nossos punhos rapidamente e voltei a olhar uma das várias televisões.
Os carros voltaram para o grid, se organizando de volta em suas posições e fiz um sinal da cruz. As luzes começaram a aparecer uma a uma até que se apagaram, iniciando a largada. Todos os carros chegaram bem na primeira curva e tive a impressão de que Danny manteve a posição de largada. Quando chegou na segunda curva, as coisas ficaram mais complicadas.
Kvyat veio por trás, batendo em uma Ferrari, que acabou batendo em Danny, fazendo-o sair para fora da pista, junto de outros carros. Ele conseguiu recuperar por fora e, na terceira curva, Kvyat tocou novamente em outra Ferrari que, dessa vez, foi direto para o muro de contenção. As posições se atualizaram na tela e Danny tinha caído para décimo.
- Merda! Como ele está? – Perguntei apressada, ajeitando o microfone perto da boca e vi que agora Hulkenberg também estava fora. Além de que Sergio Perez tinha um pneu furado.
- Daniel, como está? – Simon perguntou e olhei para o lado, vendo a apreensão do lado de lá do pit lane e Michael me apertou pelo ombro.
- Muito dano, está sacudindo demais. – Ouvi a voz dele. – Preciso trocar a asa dianteira e sei lá o que mais.
- Box agora! – Simon disse, enquanto o safety car entrava na pista.
- Quem foi, Simon? Quem bateu em mim? – Danny perguntou.
- Seb. – Ele disse e olhei para Michael.
- Não foi Seb. – Falei.
- Não, mas não deixa muito melhor. – Michael disse e suspirei.
Danny apareceu nos boxes logo depois e ficaram uns 30 segundos cuidando de seu carro, fazendo diversas trocas, antes de ele ser liberado. Ele caiu para décimo sétimo, isso me deixou muito puta. Kvyat já tinha tido problema na China com entrada muito forte na primeira curva em Seb, agora isso? Vai saber quem mais teve problema com essa entrada rápida dele.
- Porra! – Suspirei.
- Respira, ! Está tudo bem. – Michael disse baixo.
- Sabemos que não está. – Falei no mesmo tom que ele. – Foi justo com Vettel. De novo. – Suspirei.
- Ao menos Danny está bem. – Ele disse e suspirei.
- Eu sei, mas é fodido. – Suspirei.
- Respira! Isso é péssimo para a equipe, quanto menos a gente falar, melhor. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Eu vou pegar um chá. Quer? – Perguntei e ele negou com a cabeça.
Segui até o bar, pedindo um chá para a pessoa atrás do balcão e voltei para o meu lugar. A caneca quente ajudou a manter as mãos mais quentes, apesar do sol lá fora, parecia que nevava dentro da garagem e tinha mais 45 voltas para eu sair daqui.
Eu só conseguia ouvir o rádio de Danny, mas aparentemente Kvyat teve 10 segundos de penalidade pela batida, então ele apareceu no boxe, não fizeram nada em seu carro e ele saiu. Eu estava nervosa e irritada. Danny tinha ido para quase último e estava difícil acompanhar. Era quase meio minuto de distância do décimo sexto lugar. Era muita coisa. Esperava que o carro estivesse bem, não queria vê-lo abandonando.
Na décima terceira volta, Danny conseguiu ultrapassar Sainz, pegando a décima sexta posição. Isso deveria me animar, mas ele precisava de mais, muito mais. Na décima sexta volta, ele conseguiu cair para décimo terceiro e o ânimo foi voltando aos poucos.
- Vettel está com Christian. – Michael disse e inclinei meu corpo para ver o pit wall e fiz uma careta.
- Vai dar problema. – Maria disse e olhei sugestivamente para Michael. Era ela quem estava dizendo, não eu.
10 voltas depois, Danny conseguiu chegar ao décimo lugar e meu corpo começou a relaxar. Já estava dentro da zona de pontos, mas ainda tinha 30 voltas para isso finalizar. Na vigésima nona volta, ele conseguiu chegar em nono, após passar Magnussen, mas só para ser passado por ele e por Grosjean novamente.
- Vamos, Danny! – Suspirei.
Na trigésima volta, ele aproveitou para fazer pit stop e foi outro pit stop relativamente lento. Não de 30 segundos quanto no começo da corrida, mas quase cinco. Ele conseguiu sair em décimo quinto lugar, se encontrando com Kvyat novamente e só queria que ele se afastasse ao máximo de seu companheiro de equipe para dar menos problemas possíveis.
Na trigésima quinta volta, Verstappen, da Toro Rosso, precisou abandonar a corrida por algum problema na unidade de energia. Já na trigésima sétima volta, Danny conseguiu ganhar mais uma posição, mas Kvyat continuava atrás dele e faltavam 16 voltas. Uma depois, Danny passou Ericsson e ganhou a vantagem com seu companheiro de equipe.
Danny travou nessa posição até a quinquagésima volta, quando ele finalmente passou Jolyan Palmer, ficando em décimo segundo lugar. Tinha duas voltas para ele conseguir pegar pelo menos a zona de pontuação. Depois de toda bagunça antes da corrida, acho que ao menos um ponto Danny merecia.
Rosberg acabou ficando em primeiro lugar novamente, seguindo de Hamilton e Raikkonen para completar o pódio. Depois vieram Bottas, Massa, Alonso, Magnussen, Grosjean, Perez, Button e só então Danny. Décimo primeiro lugar. Danny estaria muito puto e eu não julgo. Era difícil ver Danny irritado, mas dessa vez seria com estilo.
- ... – Virei para Maria. – Não vá com tanta pressa atrás do Danny, ok?!
- Por quê? – Perguntei.
- As coisas vão esquentar aqui hoje e é melhor você ficar de fora disso. – Assenti com a cabeça.
- Tudo bem, eu espero aqui. – Falei. – Ao menos assim não tenho chance de encontrar o Putin andando por aí. – Falei, ouvindo-a rir fracamente.
- É, ao menos isso. – Ela disse, se afastando.
*Esteban Ocon: atual piloto francês da Alpine, 25 anos. Em 2016 ele era reserva da Renault e teve sua primeira chance na Fórmula Um. Foi companheiro de equipe do Daniel em 2020.
- Obrigado. – Falei, coçando os olhos. – Eu vou direto para cama. – Falei para e Michael.
- Boa noite, cara. – Michael disse.
- Eu logo vou. – disse, apertando meu braço e assenti com a cabeça.
Segui pelo corredor, entrando no quarto do meio e fechei a porta. Deixei minha mochila cair perto da cama e tirei o casaco. Peguei meu moletom na bancada e fui até o banheiro. Tirei as roupas da Red Bull e coloquei a calça de moletom e uma camiseta por cima. Apoiei os braços na pia e liguei a torneira.
Eu odeio quando as corridas acabam dessa forma. Ela tinha praticamente acabado depois daquele incidente louco do Kvyat. Christian pediu para eu manter a calma, mas o que ele estava pensando? Segunda vez que ele fazia algo assim, e novamente com Seb. A reunião depois da corrida foi difícil, quase como respirar embaixo da água, então sabia que tinha mais coisa ali, só não tive coragem de perguntar, já tinha estourado um pouco demais.
Saí do banheiro, indo direto para cama e me joguei nela. Puxei o edredom, cobrindo até minha cabeça e fechei os olhos. Que porra! Para ajudar, fiquei fora da zona de pontos e fui para quarto no campeonato. Precisava recuperar esses pontos na próxima corrida, ao menos é na Espanha e dava para ter certa vantagem.
- Danny? – Ouvi a voz de antes de dois toques na porta. – Posso entrar?
- Você pode. – Falei, virando meu rosto para porta, vendo-a entrar no quarto já de moletom.
- Ah, Danny! – Ela fechou a porta, vindo para perto da cama e segurou a coberta antes de se sentar ao meu lado. – Não quero que fique assim.
- Eu só estou puto, mas não acho certo descontar em ninguém.
- Não precisa descontar em ninguém. – Ela apoiou a mão em minha cabeça, mexendo no meu cabelo. – Eu estou aqui por você, ok?!
- Essa é a melhor parte em te ter aqui, sabia? – Falei, apoiando a cabeça em sua coxa, suspirando com o carinho.
- Qual?
- Ter você para me consolar depois de uma corrida péssima. – Suspirei, relaxando com seu carinho.
- Ao menos agora eu sei o que você faz depois desses momentos e porque eu nunca consigo falar contigo.
- Eu não sou a melhor companhia agora. – Falei, suspirando.
- Eu sou sua amiga, Danny. Eu te vi nos seus melhores e piores momentos, eu estarei contigo para o que precisar, mesmo se você estiver chato. – Ri fracamente.
- Achei que não era mais para usar a palavra “amigo”. – Falei e ela riu fracamente, descendo a mão para minha nuca.
- Você precisa de uma amiga agora. – Ela disse e suspirei. – Eu estou aqui para isso. – Suspirei, sentindo meu corpo relaxar devagar.
- O que aconteceu na garagem? – Perguntei. – Depois da batida.
- Ficou um clima estranho. – Ela disse, ajeitando a coberta em cima de mim. – Eu estava brava, Mike pediu para eu me acalmar, mas eu não consegui olhar do outro lado da garagem dele. A família dele estava lá, não queria causar problemas.
- Você causando problemas por causa de mim? – Ri fracamente.
- Não seria a primeira vez, vai. – Ela disse e sorri.
- Não mesmo, mas queria ver se você ia subir nas costas dele e encher de porrada igual da outra vez. – Rimos juntos.
- Eles são russos, Danny. Você também vê os filmes. – Ri, erguendo minha cabeça, olhando para ela.
- Melhor não se meter com eles. – Falei.
- Exatamente. – Virei o corpo para o lado, deitando na cama.
- Deita aqui... – Pedi e ela deslizou o corpo pelo colchão, se deitando ao meu lado e passei meus braços ao redor da sua cintura antes de deitar em seu peito.
- Eu gosto do Daniel manhoso, tira aquela imagem daquele poderosão e gostosão que você coloca de vez em quando. – Ri fracamente, sentindo sua mão em meus cabelos de novo.
- Mas eu também sou poderoso e gostoso. Qual é. – Ela riu fracamente.
- Metido também. – Ela deu um beijo em minha cabeça, me fazendo sorrir.
- Eu estava pensando em você depois da batida. Você ficou bem?
- Uhum. – Ela fez um movimento com a boca. – Sobre a batida, foi tudo bem, Danny. Não foi forte, depois só fiquei brava mesmo. – Sorri. – Agora, se você tivesse algo mais sério, talvez eu tivesse surtado mais e de outra forma. – Assenti com a cabeça.
- Aposto que você já superou o trauma. Vai dar tudo certo da próxima vez. – Falei, apertando minhas mãos em sua cintura.
- Honestamente? Eu não quero descobrir. – A ouvi suspirar e ergui os olhos para ela. – Só mantenha dessa forma, ok?!
- Não se preocupe, também não quero descobrir. – Olhei em seus olhos, vendo-a dar um curto sorriso.
- Eu tenho que te contar algo. – Ela disse, acariciando meu rosto e tombei o rosto para o lado, deixando cair no travesseiro e ela se virou, ficando de frente para mim.
- O quê? – Perguntei.
- Acabei ouvindo Christian e Helmut conversando depois da corrida. – Ela pressionou os lábios. – Eles provavelmente vão tirar o Kvyat da equipe. – Arregalei os olhos.
- Mesmo? – Ergui o corpo rapidamente.
- Parece que sim. – Suspirei. – Helmut não parecia muito feliz e Christian mais escutava do que falava. Acho que estava levando uma bronca.
- Se eles tirarem o Kvyat da equipe, provavelmente vão mandá-lo de volta para a Toro Rosso. – Falei, pensando. – Quem será que vão trazer? Carlos ou Max? – Dei de ombros.
- Max abandonou a corrida pela trigésima volta por problema na unidade de energia. – Dei de ombros. – Carlos terminou atrás de você, se não me engano. – Ponderei com a cabeça.
- O GP da Espanha tem tudo para ser bagunçado, já estou até vendo. – Suspirei, tombando minha cabeça no travesseiro de novo.
- Calma, Danny. Temos duas semanas até lá. – Ela abraçou o travesseiro com os dois braços, aproximando o rosto do meu. – Descansa, ok?! Amanhã você tem seu descanso, seu relaxamento, na terça eles devem falar algo para você. – Suspirei, olhando seus olhos .
- Sabe o que eu gostaria de fazer agora? – Falei, passando um braço em sua cintura.
- O quê? – Ela perguntou, rindo.
- Ir para Mônaco e ficar lá contigo. – Ela riu fracamente.
- Estaremos lá até o fim do mês. – Ela sorriu.
- Mal posso esperar. – Sorri, olhando para ela e aproximei meu rosto do dela.
- Não faça isso agora... – Ela pediu. – Não quero que nosso primeiro beijo seja lembrado junto do desastre de hoje. – Ri fracamente.
- Você está certa. – Sorri e dei um curto beijo em sua bochecha. – Mas não se esqueça que é nosso segundo. – Ela mordiscou o lábio inferior.
- Você ainda lembra... – Ela disse.
- Meu primeiro beijo, não tem como esquecer. Não era um garanhão como hoje, mas... – Ela bateu em meu ombro. – Ai!
- Cala a boca. – Ela disse, rindo e passou o braço em minha barriga. – E desliga a luz. – Ela apoiou a cabeça em meu peito e ri fracamente.
Ergui a mão, batendo no disjuntor e passei meus braços pela sua cintura, apertando-a contra meu corpo. Deixei um beijo em sua testa e fechei os olhos, sentindo meu corpo relaxado, quase como se eu estivesse em cima de uma nuvem. Mas não, é só fazendo meu coração bater mais forte.
Capítulo 13
- Acho que vai ser só a gente mesmo, né?! – Déborah sussurrou. – Nós, Mike, Danny...
- E os amigos do Danny, Blake, Tom, Bruce, o Jason...
- Quem é Jason? – Ela perguntou.
- O namorado da Michelle! – disse como se fosse óbvio. – Ah, acho que eles começaram a namorar nas férias.
- O que joga cricket? – Déborah perguntou. – Do terceiro ano?
- Isso! – disse, sorrindo.
- Vai convidar alguma menina tirando nós três? E nem sei se a Michelle conta muito. – suspirou, dando uma olhada nos outros alunos da sala de aula.
- Nem a pau! – Ela negou com a cabeça. – Só os amigos dele, é aniversário dele.
- A gente fala com a Michelle e decide. – Déborah disse e assentiu com a cabeça.
- Será que as duas tagarelas aí do fundo podem ficar quietas? – ergueu o rosto para a voz nojenta e era óbvio quem era. – Estou querendo prestar atenção.
- É porque você não tem capacidade da fazer duas coisas ao mesmo tempo, né?! – respondeu, fazendo Déborah e os meninos em volta gargalharam.
- Olha aqui, ! – Jemma se levantou e a professora ergueu o corpo rapidamente.
- Olhar o quê? Você enfiar essa unha de porcelana na minha cara? – inclinou o corpo na mesa.
- Meninas, por favor! – A professora se colocou no meio da duas.
- A senhora disse que quem terminou o trabalho podia conversar baixo e eu terminei. – disse, dando de ombros.
- Mas não está falando baixo. – Jemma disse, se aproximando de e os olhos de Danny tinham travado na amiga.
- Estou sim, não é culpa minha se você tem a orelha do Dumbo e fica bisbilhotando na conversa dos outros. – disse, fazendo a risada de Danny ecoar pela sala, encadeando em várias outras risadas.
- , Jemma, por favor. – A professora tentou intervir de novo.
- Pelo menos os garotos gostam de mim, não de uma esquisitona como você. – franziu a testa.
- Caso você não tenha percebido, mas essa área inteira é dos meus amigos. – Ela deu de ombros, apontando para trás.
- É, como amiga, nunca como namorada. – Jemma riu, sozinha. – Maria João que fala, né?!
- Sua... – foi para cima de Jemma, mas a professora a parou.
- Segura a fera, professora, ela pode contaminar todo mundo com essa raiva. – já estava fervendo de raiva, mas a professora de ciências conseguia segurar firme.
- , Déborah, todo mundo que terminou a tarefa, para fora, agora! – A professora disse firme e bufou.
- Vem, . – Déborah pegou as duas mochilas e puxou a mão da amiga. – Vamos lá fora.
encarou os olhos de Jemma, vendo a patricinha sorrir em vitória e deixou sua amiga puxá-la para fora da sala. espumava. Não era a primeira vez que Jemma a chamava de homem pela amizade com os meninos, ela nem se importava, mas ela fazia questão de falar isso toda vez que ela estava perto dos meninos e tinha uma queda por um deles.
não tinha muito com o que se irritar, ela tinha mais amigos homens, fazia parte do time feminino de cricket da escola, mas ela não agia como menino e nem se vestia como menino. Não era culpa dela que a escola exigia uniforme e que nem todo mundo achava que era um desfile de modas para se maquiar sempre! Além de que eles nem tinham idade para essa maquiagem, mas por algum motivo, Jemma tinha os olhares de vários alunos da quinta até a oitava série.
- Eu vou matar ela! – saiu irritada da sala.
- Calma! Respira fundo! – Déborah disse, apoiando as mãos nos ombros da amiga.
- Eu vou matar ela! – A menina tentava não falar tão alto.
- Ela é uma idiota, você sabe disso!
- Argh! – A menina apertou o rosto, sentindo as lágrimas de raiva cegarem seus olhos e ela deixou seu corpo escorregar no chão, afundando o rosto nas pernas. – Eu odeio aquela menina!
- Respira fundo, . – Déborah pediu.
- ! – A menina ergueu o rosto, vendo Danny e Mike saindo da sala e ela suspirou, passando as mãos nos olhos. – Ah, !
- Eu estou bem! – Ela disse. – Só estou com raiva. – Ela suspirou e Danny se sentou ao seu lado, abraçando-a. – Eu estou bem.
- Já falei para você, para de se importar com o que essa idiota fala. – Ele falou contra seu ouvido. – Você é linda e ela é uma idiota! – sorriu.
- Obrigada, Danny. – Ela passou as mãos nos olhos e ele deu um sorriso. – Mas eu a odeio. – Ela bufou.
- Por que a gente não vai almoçar no centro? – Danny sugeriu. – A gente pode tomar sorvete naquele lugar que você gosta. – Ela deu de um curto sorriso, Danny sempre sabia como deixá-la feliz.
- Pode ser, só não quero vê-la tão cedo! – Ela suspirou, coçando o nariz.
- Vamos! Eu deixo você pegar três bolas! – Ele brincou, fazendo-a dar um curto sorriso. – Vamos!
não tinha tempo de pensar, ainda estava com a cabeça fervendo pelo que aconteceu dentro da sala, mas talvez esfriar a cabeça seja o que ela precisava. Ela levantou o corpo de má vontade e pegou sua mochila, colocando nas costas.
- Vamos sair desse buraco. – Danny disse e ela suspirou, assentindo com a cabeça.
- Vamos. – Ela ajeitou as alças da mochila e Danny abraçou-a pelos ombros antes de puxá-la pelo corredor da escola.
- 80 rublos. – A vendedora disse e contei o dinheiro, entregando no balcão e a garrafa tomou o lugar, depois o troco.
- Spasibo*. – Falei, fazendo a mulher sorrir e juntei as coisas de volta na mochila antes de seguir para perto novamente da equipe de Danny e de Felipe que estavam juntas.
Eu estava fora da conversa, estava me preparando para mais um voo longo, estava na hora de voltar para Barcelona, mas dessa vez para o GP. Me sentei na poltrona do salão de embarque VIP e peguei meu tradicional remédio para enjoo – e para dormir – na bolsa. Estava quase destacando o remédio da cartela, quando Danny o puxou de sua mão.
- Danny! – Ergui o olhar para o amigo.
- Hoje você não vai tomar isso. – Ele disse, guardando o remédio na bolsa.
- Qual é, Danny! É mais um voo longo, chato e difícil! Eu mereço dormir. – Me levantei, esticando a mão para ele.
- Não! – Ele disse firme. – Você vai aproveitar a viagem.
- Danny, por favor... – Tentei pegar a cartela de sua mão e ele colocou as mãos no bolso, virando o corpo para o lado contrário de onde eu tentava ir. – Daniel Joseph Ricciardo.
- Elizabeth Addams. – Ele falou do mesmo jeito e revirei os olhos. – Eu sou seu amigo, confia em mim.
- Ah, essa confiança de novo. – Revirei os olhos.
- Vamos, gente? – Virei o rosto, vendo Maria.
- Vamos? – Danny sorriu para mim e suspirei. – Prometo que vai valer à pena. – Ele esticou a mão e suspirei.
- Eu vou te matar no sono, Daniel. – Ignorei sua mão, seguindo por onde Maria foi, apertando as mãos nas alças da mochila.
A equipe de Danny e Felipe foram em frente e segui logo com eles. Passamos pelo balcão da companhia aérea, depois pela porta automática e franzi a testa ao sairmos na rua. Segui meu passo com eles e passamos por outra porta automática e estava na pista do aeroporto. O pessoal à minha frente andava quase em fila indiana, entrando em um jatinho.
- Porra! – Falei, entreabrindo os lábios com o pequeno avião e foi impossível não rir e sorrir ao mesmo tempo.
- Agora entende por que eu não queria você dormindo? – Ouvi a voz de Danny atrás de mim, além de sua mão em meu ombro.
- Vamos de jatinho? – Perguntei, rindo.
- Estava te devendo, né?! – Ele disse e sorriu. – Vem! Nem é grande coisa assim! – Ele me puxou pela mão e ri fracamente, seguindo com ele.
- Isso é o que pessoas que andam de jatinho falam. – Disse, apertando sua mão enquanto ele me puxava para a escada.
- Senhorita Addams... – Ele fez uma reverência exagerada quando chegamos à escada e ri fracamente antes de apertar o corrimão, me impulsionando para cima, subindo as escadas.
Uma comissária muito bonita estava na entrada da aeronave e dei um aceno de cabeça antes de entrar na área de assentos. Felipe, seu treinador e seu assessor se ajeitavam do lado esquerdo da aeronave e Michael fazia o mesmo do lado direito. O espaço era pequeno, claro, mas os bancos isolados de couro, as mesas, as toalhas quentes, o champanhe em cima das mesas e até o cheiro do local me mostrava que era incrível fazer parte daquela pequena e seleta turma de milionários. Mesmo que eu não fosse uma.
- Me dá sua mochila. – Danny pediu e tirei-a das costas, esticando e ele abriu o bagageiro, colocando sua bagagem, depois pegou a minha e colocou também. – Fica à vontade. – Ele indicou as poltronas.
- Pode ir na janela, sei que gosta. – Falei e ele se sentou na poltrona da janela e me sentei na do seu lado.
Para Michael, isso parecia normal, ele pegava seu iPad, seus fones de ouvido e dava até um gole no champanhe em sua frente. Eu me sentia um peixe fora d’água, era muito estranho. Fechei meu cinto de segurança e Danny pegou uma taça, me esticando e dei um curto sorriso ao pegar.
- O remédio com o champanhe ia te derrubar mais ainda. – Ele disse, pegando a outra taça e ri fracamente.
- Ou fazer um cancelar o outro. – Falei e ele riu fracamente.
- À nós? – Ele sugeriu com a taça inclinada na minha.
- À um bom fim de semana. – Falei e ouvi o tilintar.
- Enchanté. – Ele disse, me fazendo rir e dei um gole no champanhe, suspirando com o sabor suave.
- É... Isso é bom. – Suspirei e sorriu.
- Sabia que ia gostar. Quer tirar uma foto? – Ele puxou o celular do bolso e sorri. Inclinei meu rosto para perto do dele e ele fez o mesmo, apertando o botão algumas vezes.
- Nessa poltrona, talvez eu durma até sem remédio. – Comentei, apoiando a taça na mesa.
- Aproveita, . – Ele disse e assenti com a cabeça.
Demorou ainda alguns minutos para a pequena tripulação fazer as últimas preparações para voo. Sabia o esquema de um voo comercial normal, agora um particular em um jatinho não tinha nem ideia. Enquanto isso, eu acabei terminando com o champanhe, o que foi bom, pois a comissária retirou tudo o que estava solto das mesas antes de dar algumas rápidas instruções de segurança e sabia que estávamos prontos para a decolagem.
- Não estranhe na decolagem, tá? – Danny sussurrou para mim. – Pelo avião ser menor, ele sacode um pouco mais. – Assenti com a cabeça, respirando fundo. – Pode segurar minha mão se quiser.
- Você quer que eu segure sua mão? – Brinquei, virando o rosto para ele com um sorriso nos lábios e rimos juntos.
- É claro! – Ele disse, esticando a mão para cima e apoiei a minha em cima da sua, deslizando meus dedos entre os seus, entrelaçando-os. Tombei minha cabeça para seu ombro e suspirei.
O avião começou a andar após alguns minutos e apoiei a outra mão no braço da poltrona e esperei em silêncio, ouvindo conversas rápidas entre Felipe e seu assessor. O avião ficou parado na pista lateral por alguns segundos antes de alinhar e foi aí que ouvi o barulho do motor ligando, indicando que seria agora.
Endireitei meu pescoço, apertando a mão de Danny e senti o avião começar a correr na pista. Só nessa corrida deu para notar o sacudir mais forte do avião, fazendo minha mão apertar com força a de Danny. Eu queria falar um palavrão, mas estava me contendo para não parecer a apavorada andando de jatinho pela primeira vez.
Quando o avião levantou voo, o sacolejar continuou, fazendo minha cabeça doer e pressionei os olhos, mantendo a cabeça pressionada para trás. Se aquilo continuasse mais um pouco, eu enjoaria e não tinha visto saquinho de vômito na poltrona da frente.
- Respira. – Danny sussurrou a ponto de sentir sua respiração em minha orelha. – Logo nivela. – Ele apertou minha mão e soltei a respiração devagar pela boca. – Só mais uns minutos.
Ele fez um carinho de leve em meu braço com a outra mão enquanto o sacolejar continuava e demorou cerca de uns 10 minutos para tudo se acalmar, como se não tivesse acontecido nada. Notei que minha respiração estava pesada e eu a soltava com força pelo nariz. Danny continuava apertando minha mão e acariciando meu braço.
- Melhor? – Ele perguntou e assenti com a cabeça, respirando com força.
- Deus! Isso é horrível! – Suspirei, vendo Mike sorrir para mim, me fazendo suspirar.
- O avião maior tem mais espaço para absorver a carga, agora o pequeno não. Quando chove é pior, mas acho que não vamos ter mais problemas. – Suspirei.
- Espero que não. – Relutantemente soltei a mão de Danny e apertei a cabeça com as duas mãos. – Minha cabeça pesa uma bigorna.
- Logo melhora. – Ele falou.
- É por isso que eu tomo remédio para enjoo, porque foi quase! – Falei, ouvindo-o rir fracamente.
- Eu deixo você tomar depois. – Ele disse. – Na verdade, não deixo, a próxima é Mônaco, a viagem é mais rápida.
- Quanto tempo até a Espanha? – Perguntei.
- Umas sete horas. – Fiz uma careta.
- Ai, Danny, muito tempo. – Ele riu fracamente.
- Tem sempre um jogo, um filme, alguma coisa para fazer.
- Acho que eu aceitava dormir. – Suspirei.
- Você pode deitar a poltrona ou encostar em mim. – Ele deu um largo sorriso sacana e ri fracamente.
- Não posso nem falar que tem algo a ver com seus sentimentos, você sempre foi filho da mãe assim. – Ergui o separador de poltrona e me deslizei mais para perto dele, apoiando a cabeça em seu ombro.
- Minha mãe tem muito orgulho disso. – Ele brincou, me fazendo rir.
- Você é ridículo, Daniel Ricciardo. – Falei.
- E você gosta de mim desse jeitinho. – Ri fracamente.
- Onde eu fui me meter, né?! – Suspirei e ele apoiou a mão em minhas costas.
Fazia muito tempo que não ficava acordada em um voo e talvez preferisse não estar. Pelo tamanho do avião, tinha muito mais turbulência do que um voo normal e já tinha vindo para cá na ida e o voo da KLM não tinha sacudido tanto assim. Mas tinha o conforto, é claro. Além do espaço para as pernas, o serviço de bordo excepcional e poder literalmente erguer os pés no colo de Danny, eram só um dos pontos positivos.
Eu acabei tirando algumas sonecas, joguei um pouco de baralho com Danny, Felipe e o assessor dele, conversamos bastante e fizemos sessões ridículas de fotos, isso fora da turbulência, que eu ficava um pouco mais tensa, enquanto os outros pareciam acostumados com isso. De uma forma ou de outra, chegamos no aeroporto de Barcelona por volta das três da tarde no horário local.
O pouso também foi um tanto turbulento, acho que por voar um pouco mais baixo do que os aviões maiores, ele sacudia mais. A vantagem é que a imigração espanhola nos encontrou dentro do avião e liberou a entrada de todos antes mesmo de descer do avião. Esse é o conforto dos milionários.
O desembarque foi feito pela pista e entramos na sala de desembarque VIP do aeroporto. Nos despedimos da equipe de Felipe, apesar de saber que os encontrariam amanhã mesmo, e Maria nos guiou para fora do desembarque. Danny empacou com alguns fãs e o esperamos até Maria, sem paciência como sempre, tirá-lo dali. Seguimos para o lado de fora do aeroporto e um carro nos esperava.
- Vamos deixar vocês no hotel e depois vou para o motorhome. – Maria disse.
- Michael vai ficar no hotel também? – Virei para ele.
- Sim! – Ele assentiu com a cabeça.
- Ah, que ótimo. – Ri fracamente.
- Assim você pode descansar e nos encontramos amanhã, que tal? – Danny disse e assenti com a cabeça. – Ao menos você pode dormir normalmente, não desmaiar como sempre. – Ri fracamente.
- Tonto! – Falei e ele deu um beijo em minha cabeça.
- Se vocês precisarem de algo também, só falar com a gente, o hotel fica a 10 minutos do circuito, eu mando o carro mais cedo. – Maria disse.
- Tudo bem, agradeço. – Falei, dando um curto sorriso.
Do hotel ao circuito era por volta de 10 minutos, agora do aeroporto para o hotel demorou um pouco mais, cerca de meia hora. A vantagem é que passamos perto da Sagrada Família, mas já tinha conseguido visitá-la durante os treinos pré-temporada, inclusive rezar bastante para que nada de errado acontecesse. Tirando o acidente de Alonso na primeira corrida, estava indo bem.
- Chegamos. – Maria disse quando o carro parou. – A reserva está no nome de vocês mesmo.
- Quer que acompanhe vocês? – Danny perguntou.
- Não, que isso! Você também precisa descansar. – Falei, vendo Michael sair primeiro e tirei o cinto de segurança. – A gente fala no WhatsApp. Descansa também, amanhã o dia começa cedo. – Dei um curto sorriso e ele assentiu com a cabeça. – Dorme bem. – Colei meus lábios em sua bochecha, vendo-o sorrir.
- Você também. – Ele sorriu.
- Obrigada, Maria. Boa noite.
- Boa noite. – Ela falou e me arrastei para fora do carro, vendo Michael esticar minha mochila. – Tchau! – Falei, acenando e vi o carro sair, com Danny acenando pelo vidro de trás.
- Agora somos nós. – Michael falou.
- Vamos, Mike! – Suspirei, seguindo para dentro do B&B Hotel Barcelona Mollet.
O hotel não era tão luxuoso e nem grande quanto dos outros lugares, mas nunca tinha ficado nesses tipos de hotéis antes e não era agora que ficaria mal-acostumada. Ele era similar aos que eu ficava durante minhas viagens, se a cama e o chuveiro fossem bons, não precisava de mais nada. Só queria um banho relaxante e deitar um pouco, já que não dormi no voo e o fuso-horário estava meio bagunçado.
Ao menos colocaram eu e Michael em dois quartos diferentes, somos amigos há anos, mas não tenho a mesma intimidade que tenho com Danny. Bem menos, na verdade, pensando nos últimos acontecimentos.
- Eu vou descansar, a gente se fala mais tarde. – Falei, na porta do meu quarto.
- Claro! Pretende sair para jantar? – Ele perguntou.
- Não sei ainda. – Suspirei. – Te aviso se for.
- Combinado! – Ele assentiu com a cabeça. – Boa noite, .
- Boa noite, Mike! – Falei e abri a porta do quarto.
A decoração do quarto era simples, em tons de cinza. Tinha uma cama de casal no meio dela, uma pequena mesa com uma poltrona laranja no canto do quarto e uma pequena porta escondia o banheiro. Suspirei, deixando minha mochila no canto da cama e tirei meus tênis e o sutiã antes de pular na cama. Levantei o corpo para pegar o celular na mochila e esperei conectar no Wi-Fi, vendo as diversas notificações surgirem e vi uma mensagem de Danny.
“Já se acomodaram aí?”
“Sim, deitei uns minutos, mas devo tomar um banho antes.”
“Pensando bem, acho que da próxima vez você pode ficar no motorhome comigo, ele é maior do que eu lembrava.” – Ri fracamente, respondendo de novo.
“Nunca foi problema dividir cama contigo, por que seria agora?” – Sorri.
“Garanto que agora é bem mais legal!” – Ri fracamente, negando com a cabeça.
“Quem sabe no próximo GP?” – Mordisquei o lábio inferior.
“O próximo é em Mônaco, vamos dividir minha cama mesmo!” – Sorri, sentindo meu rosto arder.
“Mal posso esperar!” – Respondi, rindo sozinha com a mensagem enviada.
“Maria está ferrando meus sonhos e quer que eu vá trabalhar um pouco.”
“É para isso que estamos aqui, Danny. Se comporte!”
“Sempre!” – Ri fracamente. – “Nos falamos depois?”
“Sim, estarei aqui”. – Enviei, suspirando.
Vi a mensagem ficar azul, mas a resposta não veio em seguida. Suspirei, deixando o celular cair na cama e ri fracamente, mordiscando os lábios. Droga! Agora estou sorrindo para o celular! Estou querendo realmente dividir a cama com ele com outros interesses! Qual vai ser a próxima? Merda! Eu estou verdadeiramente ferrada.
*Obrigado em russo.
Daniel
Deus! Isso é loucura! Eu estou caidinho por ela e não sei nem como tudo começou. De repente ela se tornou a mulher mais incrível, bonita, sexy, engraçada, carinhosa e eu estava louco para beijá-la, apertar minhas mãos por dentro de sua roupa e dormir ao seu lado de forma que eu possa deixar meu corpo responder aos seus instintos sem ficar constrangido por isso ou achar que vou para o inferno.
Bom, eu ainda posso ir, se o pai dela estiver lá em cima prestando contas com o Senhor Todo Poderoso, ele provavelmente não vai me mandar nem para o Purgatório, vai ser direto. Mas espero que tio Alex veja como eu estou apaixonado de verdade pela sua filha. Como Michael disse, é um finalmente, certo? Faz tantos anos, já ouvimos de tantas pessoas a pergunta de “são só amigos mesmo?” ou “aquela é sua namorada?” e agora eu estava louco para responder não e sim.
E tudo isso aconteceu em menos de um mês.
Merda! A vida funciona rápido mesmo.
Saí do banheiro, seguindo até a pequena sala e puxei minha mochila, abrindo-a e conferi rapidamente as últimas coisas. Peguei minha mochila de viagem, pegando meu crachá e passaporte. Coloquei o primeiro no pescoço, o segundo na mochila e juntei meu celular nela também. Ia me sentar na poltrona quando ouvi um barulho de carro e fui até a porta do motorhome, abrindo-a e vi ser a primeira a sair dele.
Ela estava com a mesma roupa da Red Bull de sempre, mas diferente da calça ou do short jeans, ela estava com uma saia vermelha que deixava boa parte de suas pernas para fora e um All-Star sem meia. Ela tinha alisado os cabelos mais uma vez e os óculos de sol pareciam deixá-la mais bonita ainda, ou eu que estou um bobo apaixonado.
- Me sinto no filme da Família Buscapé. – Ela disse, me fazendo rir e desci os degraus, andando até ela. – Mas tem seu charme.
- Oi. – Sorri, abraçando-a pela cintura e ela mordiscou o lábio inferior.
- Oi. – Ela falou perto do meu ouvido, respirando perto dele e vi Michael rindo atrás dela. – Dormiu bem?
- Poderia ter dormido melhor. – Falei, erguendo o rosto, ouvindo-a rir. – E você?
- Não desmaiei, mas deu para dormir a noite toda. – Ela deu um curto sorriso.
- Vocês saíram ontem à noite? – Perguntei, cumprimentando Michael com um estalo de mãos.
- Nem, eu fiquei de preguiça e acabei pedindo serviço de quarto. – disse e Michael assentiu com a cabeça.
- Eu estava precisando descansar um pouco também. – Michael disse.
- Posso entrar? – perguntou.
- Claro! – Dei espaço para ela entrar e subi os degraus logo atrás dela. – Uau, é grande! Quando você disse, pensei naquelas caravans, não em um negócio desse tamanho. – Ela andou pela sala, beirando a bancada. – Tem até forno!
- É bem completo, eu reclamei demais para você. – Falei, vendo-a rir fracamente. – Deixa eu te mostrar. – Indiquei com a cabeça. – Aqui na porta tem freezer, geladeira, forno, controle de ar-condicionado. – Indiquei logo atrás. – Aí tem armários com utensílios e algumas comidas, máquina de café, sofá, poltronas que dá para puxar se tiver mais gente. Teto solar. – Indiquei para cima, vendo-a rir. – Tem um minibar ali. – Indiquei para baixo. – Mas eu não fico aqui.
- Isso é demais. – Ela disse, rindo e puxei sua mão pelo pequeno corredor.
- Do lado direito tem um guarda-roupa, do lado esquerdo tem banheiro. – Abri a porta escondida. – O chuveiro é gostoso. – Sussurrei para ela, vendo-a rir e senti um tapa em meu braço, me fazendo gargalhar. – Aqui em cima tem o quarto. – Subi as poucas escadas em sua frente. – Cuidado com a cabeça... Cama... – Ela veio logo atrás. – Deveria ter arrumado.
- Sempre, né?! – Ela apoiou a mão em meu ombro, se mantendo levemente inclinada.
- Tem uma TV, mas nunca usei. – Ela riu fracamente.
- É bem confortável. – Ela disse e pisquei para ela.
- É, dá para se divertir. – Ela riu fracamente.
- Idiota! – Ela falou, descendo as escadas.
- Aí aqui embaixo... Empurra essa porta. – Ela o fez e desceu as escadas em minha frente. – Tem uma bicicleta de cross, aqui que tem uma pista boa para andar aqui atrás. – Ela riu fracamente. – Dá para fazer ginástica, alongamento.
- Estou impressionada. – Ela sorriu. – Se bobear, é maior do que o hotel.
- Mais ambientes que o hotel tem! – Michael falou, fazendo-a rir.
- O hotel é gostoso. – disse. – Mas aqui é bom também. – Ela mordiscou o lábio inferior, me fazendo suspirar.
- Você precisa parar de fazer isso. É sexy! – Pedi, vendo-a rir.
- Não é de hoje! – Ela deu de ombros, voltando a subir as escadas. – Bom, acho que precisamos ir.
- Começar o dia com reunião. Que delícia! – Falei, pegando minha mochila e ela desceu as escadas, saindo do motorhome.
- Não é estranho mudar de companheiro de equipe no meio da temporada? – Ela comentou e dei uma rápida olhada em volta antes de sair com ela.
- Até é, mas acontece. Depende do desempenho do piloto, algum escândalo, acontece... – Desci as escadas. – Eu tive minha primeira chance por isso. Substituíram o Narain Karthikeyan no meio da temporada e eu entrei.
- Verdade! – Ela virou o rosto para mim! – Eu fui, não fui?
- Foi, foi no dia que descobrimos seu trauma. – Ela fez uma careta.
- Oh, verdade. – Fechei o motorhome.
- Fiquei com eles até o final do ano, aí entrei na Toro Rosso em 2012, pontuando logo na primeira corrida.
- Que orgulho! – Ela disse, me fazendo rir. – Vemos que deu certo, né?!
- Única coisa boa da HRT*. – Michael disse, me fazendo rir fracamente.
- Vocês alugaram um carro? – Perguntei, procurando o motorista.
- Cortesia da Maria. Acho que ela gosta de mim. – disse.
- Ao menos ela gosta de alguém! – Michael disse, nos fazendo rir. – Vamos, eu dirijo!
- Vamos! – Falei, vendo abrir a porta de trás, então fui na frente com Michael.
Em poucos minutos estávamos no paddock. Michael estacionou na área da equipe e nós três saímos do carro. Falei rapidamente com os fãs, tirando algumas fotos e dando alguns autógrafos antes de passar junto de Michael e pelas catracas para dentro do paddock.
Caminhamos lado a lado pela extensão do local e cumprimentei alguns colegas e outros corredores enquanto seguíamos até o prédio da Red Bull. Max Verstappen foi escolhido como meu novo companheiro de equipe depois dos problemas com Kvyat. Eu e Max nos conhecemos há muito tempo, desde a equipe júnior da Red Bull. Ele tem bastante talento. No ano passado conseguiu ficar em 10 corridas na área de pontuação, duas sendo em quarto lugar. Nesse ano, ficou dentro da zona de pontuação em três corridas e abandonou na Rússia, ironicamente.
Só tinha uma coisa que me preocupava com ele: a idade. Ele é oito anos mais novo do que eu, vai fazer 19 anos no meio de setembro. Diferente de Kvyat que era cinco ou Seb que é dois mais velho. Apesar de virmos da mesma área da Red Bull, ele sempre foi muito mais novo do que eu para conversamos de igual para igual. Não tinha ideia do que esperar, além de que falam que ele é um pouco explosivo. Eu costumo me dar bem com todo mundo, então vamos ver no dia a dia.
Entramos direto na casa da árvore e já reconheci de cara algumas pessoas novas ali. Não era ano novo, mas podia considerar uma nova vida. Espero que o garoto nos ajude a ganhar o campeonato de construtores.
- Bom dia. – Falei, entrando na sala de reunião e vi Max junto de seu pai, Jos Verstappen, ex-piloto.
- Daniel! – Christian veio até mim. – Bom te ver.
- Bom te ver também! – Demos rápidos cumprimentos. – Como estão as coisas?
- Tudo certo? Se lembra do Max? – Ele bateu a mão nas costas do mais novo.
- É claro! – Falei, rindo, estalando a mão na de Max e o abracei. – Ei, Max!
- Ei, Daniel! – Ele disse e sorri.
- Pronto para começar a somar pontos? – Brinquei.
- É, é claro! – Ele disse, animado.
- Daniel, você conhece Jos, certo? – Christian indicou seu pai.
- É claro! É um prazer revê-lo. – Estiquei a mão, sentindo-o apertar.
- O prazer é meu! – Dei um curto sorriso.
- Esses são e Michael. – Indiquei-os e ambos deram um curto sorriso.
- Olá, tudo bem? – deu um curto sorriso.
- Então é esse seu nome? – Max disse, rindo.
- É, Addams! – Ela disse, sem graça.
- Hum, interessante. – Ele disse e senti que a raiva estava começando a dar sinais. – Você podia me dar seu telefone e sairmos, que tal? – Ele tentou ser galanteador e olhou para Michael, depois para mim antes de suspirar.
- Eu não quero ser rude, mas primeiro: qual sua idade? – Coloquei a mão na boca para evitar uma risada. – Segundo: eu estou comprometida. – Virei o rosto mais rápido que o esperado para ela, vendo-a me dar um curto sorriso. – Mas é um prazer te conhecer, espero que você ajude a equipe! – Ela se virou para mim. – Posso esperar lá fora? – Ela sussurrou para mim.
- Claro! – Falei rapidamente, vendo ela e Michael voltarem pelo mesmo caminho que tínhamos vindo.
- Eu disse algo errado? – Max perguntou.
- Algumas coisas. – Fui honesto e seu pai lhe deu dois tapinhas nas costas.
- Acho que começar na equipe nova dando em cima da namorada do seu companheiro de equipe não é algo bacana. – Jos disse e pressionei meus lábios.
- Ela não é minha namorada... – Ponderei com a cabeça.
- Ainda! – Jos disse e Christian gargalhou.
- Garanto que ele quer. – Christian disse.
- Ei! Que complô é esse? – Falei, rindo.
- Você não me engana, Daniel! – Senti dois tapas nos ombros. – Mas isso não é papo para agora, vamos conversar um pouco, vocês dois têm divulgação logo mais. – Ele disse e suspirei, sacudindo a cabeça.
- Desculpe se eu te ofendi de alguma forma. – Max disse em seu sotaque forte.
- Não, está tudo bem, cara! – Falei. – Mas seria legal você pedir desculpa para ela depois, para não ficar um clima estranho.
- Ah, é, é, pode deixar! – Ele assentiu com a cabeça.
- Vamos lá, meninos? – Christian disse e indiquei com a mão para Max ir na frente, seguindo para uma cadeira, cumprimentando os engenheiros antes de colocar o headphone na cabeça.
*A primeira chance de Daniel na Fórmula 1 foi em 2011 pela antiga equipe Hispania Racing Team. Ele estreou no GP de Silverstone e correu 11 vezes com eles, sem pontuar em nenhuma delas. Em 2012 foi para a Toro Rosso por fazer parte da equipe júnior da Red Bull Racing.
- Claro! – Abri, vendo-o sentado no sofá com o macacão até a cintura e a parte de cima com a segunda pele branca.
- Eles estão prontos. – Falei, me apoiando no batente da porta e ele suspirou.
- Estava falando com minha mãe, eles vão para Mônaco.
- Mesmo? – Sorri. – Isaac também?
- Sim, Isaac também. – Ele sorriu, se levantando e retribuí. – Preciso ver como vamos ficar todo mundo no apartamento.
- A gente dá um jeito, você tem colchões, o sofá é confortável... O problema é um bebê de um ano e meio, mas a gente se resolve. – Me aproximei dele, chutando a porta com o pé para fechar enquanto ele puxou o macacão para cima.
- Tem uns dias ainda, vou falar com Maria, mas depois da corrida tem testes ainda. – Ele fez uma careta e ajudei-o a desenrolar o macacão em seus ombros, puxando o zíper para cima. – Você vai me deixar mal-acostumado.
- Como? – Perguntei, colando os velcros.
- Alguém cuidando de mim... – Ele me segurou pela cintura.
- Não faz tanto tempo que você terminou com aquela chata lá... – Falei, olhando em seus olhos.
- É... Mas era bem diferente. – Ele aproximou o rosto do meu. – Mas eu realmente não quero falar sobre ela agora. – Ri fracamente, passando as mãos em seus ombros e ele roçou o nariz em minha bochecha.
- E nem sobre nós. Você tem que trabalhar, Danny. – Subi uma mão pela sua nuca.
- Só mais um minuto... – Ele sussurrou e virei meu rosto para o seu, sentindo nossos narizes tocarem e meu coração começou a bater forte em meu peito.
- Danny... – Sussurrei, sentindo suas mãos deslizarem pelo meu corpo e podia sentir seus lábios tocando levemente nos meus, mas por algum motivo eu estava hipnotizada pelos seus olhos.
- Eu quero muito isso... – Ele suspirou e assenti com a cabeça.
- Eu também... – Não conseguia pensar em mais nada, também não conseguia soltar seu corpo, estava presa nele.
- , eu... – Me assustei com a batida na porta, me fazendo pular para trás.
- VAI DEMORAR AÍ? – Ouvi a voz de Maria e respirei fundo, apoiando a mão no peito.
- Um dia eu vou matá-la. – Danny sussurrou para mim e ri fracamente. – Já vou! – Ele falou mais alto, se virando para pegar seu capacete.
- Faça uma boa classificatória. – Falei. – A gente resolve isso depois. – Disse e ele sorriu, passando a mão livre em minha cintura, me puxando para perto de si.
- Bom saber que estamos com a mesma ideia, . – Ele falou antes de pressionar os lábios em minha bochecha, me fazendo rir.
- Nos damos certo até nisso. – Empurrei-o de leve, vendo-o abrir a porta e Maria estava parada lá na frente.
- Vamos ganhar isso? – Danny sorriu, saindo do vestiário e ri fracamente, saindo logo atrás dele e puxando a porta.
- Ainda não decidi se eu gostei de você ou não. – Maria me disse, me encarando com os olhos pressionados.
- Espero que tenha gostado, vou ficar aqui o ano inteiro! – Sorri, vendo-a rir.
- Vamos logo! – Ela disse e segui um pouco atrás de Danny, vendo-o atravessar o paddock até a garagem, movimentando o corpo como se estivesse dançando, me fazendo rir. – Ao menos ele está animado...
- Ele sempre está animado. – Suspirei, entrando na garagem.
- Lesgo, baby-y-y! – Ouvi a voz de Danny e fui em direção até a parede pegar um headphone antes de seguir para a garagem, vendo Danny abraçando uma mulher.
- Bom te ver também! – Ela disse, se afastando e Danny olhou para mim.
- Ah, deixa eu te apresentar uma pessoa. – Ele virou para mim. – Geri*, essa é , minha... – Ele virou para mim e ponderei com a cabeça. – Garota! – Rimos juntos. – , essa é Geri, esposa do Christian. – Ele me indicou a ruiva e sorri para a mais baixa.
- Oi, prazer te conhe... – Olhei bem para a mulher, ouvindo minha voz sumindo devagar e a reconheci. – Meu Deus, você é a Ginger Spice. Geri Halliwell! – Ela riu.
- Sim, sou eu. – Ela sorriu.
- Meu Deus! Seu chefe é casado com a Ginger Spice. – Virei para Danny, dando um tapinha em seu ombro.
- É, eu já passei por esse surto. – Ele disse, me fazendo rir.
- Me desculpe, eu só... – Tentei me acalmar.
- Não se preocupe, é sempre bom encontrar fãs. – Ri fracamente.
- É, Spice Up Your Life é um hino! – Ela sorriu.
- Obrigada! – Ela sorriu. – Você é a garota do Daniel? – Ela perguntou baixo, me fazendo rir.
- Hum... – Ponderei com a cabeça. – Oficialmente somos amigos de infância, mas...
- Hum, um amor está crescendo? – Ela disse, rindo.
- É, algo está mudando. – Fiz uma careta.
- Boa sorte para vocês. Vocês são fofos. – Ri fracamente.
- Obrigada... – Mordisquei meu lábio inferior.
- ! – Virei para Daniel. – Não vai falar?
- Não mesmo! Ginger Spice está aqui! – Falei, vendo-o rir e abanou a mão antes de entrar no cockpit.
- Encontrou uma fã, Geraldine? – Christian disse, me fazendo rir.
- Vocês poderiam ter me preparado para isso, todo mundo. – Falei, ouvindo Geri rir.
- Ah, existem coisas que não se misturam... , certo?
- Sim. – Sorri. – Mesmo não misturando, você é casada com um chefe de equipe da Fórmula Um, mostra completamente o contrário. – Ela riu fracamente.
- É verdade...
- Vamos lá, rapazes! – Christian disse, saindo da garagem e esperei do outro lado da garagem, vendo a equipe de Max também se preparando.
Ao menos ele veio se desculpar pelas cantadas baratas em cima de mim. Mesmo se eu não estivesse caidinha pelo companheiro de equipe dele, a diferença de idade me incomoda bastante. Ele era mais novo de quando Danny começou, é estranho.
- Eu vou ficar ali do lado. – Falei para Geri e ela sorriu. Estava achando-a incrivelmente simpática, além dos anos terem feito muito bem para ela.
- Melhor amiga da Spice Girl? – Michael sussurrou para mim.
- Por que vocês não me contaram? – Sussurrei.
- Eu nem lembrava, honestamente. Aposto que Danny também não. – Ri fracamente.
Meus ouvidos reclamaram do barulho e apertei as mãos no fone, vendo Danny sair da garagem, segundos depois Max saiu ao lado. Me sentei no banco de sempre, com Mike ao meu lado e olhei para uma das várias telas.
Durante a Q1, Danny conseguiu um tempo de 1:23:749, conseguindo passar com folga para a Q2, sendo que muitos pilotos mal atingiram a casa do 1:23. Ele ficou em quarto na primeira parte, dois décimos atrás de seu novo colega de equipe, esperava que ele conseguisse recuperar. Os primeiros eliminados foram Palmer, Massa, Ericsson, Nasr, Wehrlein e Haryanto, ocupando os décimos sétimos até vigésimo segundo lugar no grid.
Na Q2, Max foi mais rápido do que Danny novamente e comecei a ficar intrigada pelo garoto que todos estavam falando, talvez a troca fosse justa, já que os valores de Kvyat nunca me chamaram atenção, mas isso me deixava preocupada por Danny. Meu... Garoto ficou em quinto nessa segunda etapa com 1:23:585, quase dois milésimos abaixo da primeira etapa. O alemão Hulkenberg, Button, Kvyat Grosjean, Magnussen e Gutiérrez foram os eliminados nessa segunda etapa.
Já na Q3, fiquei um pouco mais tensa, pois Danny fez o segundo melhor tempo logo na primeira volta, ficando abaixo somente de Rosberg com 1:22:680, quatro décimos abaixo de Nico, finalmente conseguindo duas posições à frente de Max. Tinha tudo para ficar assim, até Hamilton ter vantagem melhor do que todos com 1:22:000. Minha respiração ficou pesada até o final da Q3, quando consegui finalmente relaxar que Danny ficou entre os três e começaria no camarote para a corrida de amanhã!
- Isso, garoto! Parabéns! – Ouvi Christian pelo fone.
- Obrigado, caras! Vamos finalizar isso amanhã! – Danny disse.
As duas Mercedes de Hamilton e Rosberg ocuparam a primeira fileira, as duas Red Bull a segunda, e as duas Ferrari a terceira. Em seguida veio Sainz com a Toro Rosso, Pérez com a Force India e Alonso com a McLaren para completar o grid.
- Isso! – Falei, animada, batendo na mão de Michael. – Lesgo-o-o!
- Lesgo-o-o! – Ele disse, rindo.
*Geri Halliwell, ou Horner no mundo da Fórmula 1, é a antiga Ginger Spice das Spice Girls e esposa de Christian Horner desde 2014.
- Eu acho que ainda precisaremos de um pouco mais, mas em alguns circuitos pode ser o ideal. – Falei. – Aqui, por exemplo, ainda teve 0,6 segundos de distância de Lewis, então não acho que estávamos esperando essa diferença da melhora, mas nos coloca mais perto. Em Mônaco e Budapeste, alguns circuitos mais curtos, talvez nos dê uma dimensão melhor das coisas.
Terminei, vendo o jornalista assentir com a cabeça e esperei as perguntas passarem para Lewis, Nico e voltarem para mim.
- Daniel, você disse que não precisa de mais motivação em geral como um piloto de F1, mas com um novo colega de equipe animado deve ter tido um efeito hoje, então como você vai se preparar para a corrida de amanhã tanto estrategicamente para você e coletivamente na equipe? – Suspirei.
- De novo, eu digo que não preciso de motivação extra porque eu já tenho minha própria motivação. Eu amo o esporte, amo a competição, então enquanto eu tiver algo que eu possa competir, eu sempre vou estar no maior nível de motivação, mas ter o Max de companheiro é outro desafio. No momento, ele é o piloto mais visado pela idade e pelas conquistas, pensando nos pilotos novos aqui no paddock, ele mostrou isso nas classificatórias hoje. – Assenti com a cabeça. – É bom para mim por causa do desafio e para me comparar com outros pilotos. Eu acredito que ele seja rápido e hoje consegui uma melhor volta, mas vamos ver o resto da temporada, mas é, é empolgante. – Sorri, vendo o pessoal rir.
Lewis e Nico responderam mais algumas perguntas, eu respondi outras sobre Max e talvez ficar em terceiro hoje não era o ideal, era uma vantagem para a corrida, mas não tinha muita paciência para respostas sobre os outros. Ele foi melhor do que eu na Q1 e Q2, ele é um piloto novo e várias expectativas em cima dele, mas podiam deixar para perguntar isso para ele, por enquanto eu não tenho com o que me preocupar.
- Obrigado, senhores. – Encerraram a coletiva e nos levantamos, seguindo para a sala lateral, encontrando nossos assessores.
- Deve ser um saco ser você hoje, hein?! – Lewis brincou, me fazendo rir.
- Ainda é sensacional, mas faz parte.
- É sempre assim em mudança de piloto, ainda mais da forma que foi. – Nico disse, dando um tapinha em meus ombros.
- Logo algo mais interessante acontece e eles esquecem. – Lewis disse.
- Sim! – Ri fracamente e Maria indicou com a cabeça. – Nos vemos, caras!
- Eu vou contigo! – Lewis disse e Angela, sua assistente pessoal, e o assessor da Mercedes nos seguiram.
Saímos do prédio da FIA e senti a diferença de luz incomodar meus olhos. O paddock estava mais vazio de quando eu entrei e precisava me arrumar e fazer ainda algumas entrevistas, mas estava empolgado em encontrar novamente e continuar o que quase aconteceu no vestiário.
- Ei, quem eu estava procurando! – Vi Alonso se aproximar.
- Ei, Nando! – Falei, cumprimentando-o.
- Parabéns pelas posições. – Ele disse, abraçando Lewis em seguida.
- Obrigado! – Eu e Lewis falamos juntos.
- Quem estava procurando? Eu ou ele? – Perguntei.
- Os dois, na verdade! – Ele disse. – Vocês gostam de festas, certo?
- Sim! – Lewis disse mais rápido do que eu.
- Faz tempo que eu não vou em uma, mas sim. – Falei, rindo.
- Eu sou sócio em uma balada aqui de Barcelona e vai ter uma noite especial hoje pela Fórmula Um, local discreto, sem imprensa, só convidados discretos e mulheres bonitas... – Ele disse, me fazendo rir. – Seus nomes estão na lista, chama MOOG*.
- Você vai? – Perguntei.
- É claro! – Ele disse, rindo. – Chamei um pessoal também, tentar relaxar antes de amanhã.
- Posso levar acompanhante? – Perguntei.
- Claro, traga sua “amiga”. – Ele fez aspas com as mãos, me fazendo rir.
- Hum, então tem algo a mais aí? – Lewis disse, rindo.
- Ah, cara, não começa! – Neguei com a cabeça.
- Ah, Daniel! Conta aí! – Lewis brincou, me fazendo rir.
- Ah, cara, cala a boca! Nada aconteceu ainda! – Falei, rindo.
- Ainda! – Nando disse, rindo.
- Você talvez tenha me dado uma ótima desculpa para tirar esse “ainda”.
- AH, GAROTO! – Eles me deram tapinhas nas costas, me fazendo rir.
- Eu tenho que ir. – Sorri. – Tenho que me preparar para a festa. – Eles riram.
- Danny boy vai se dar bem hoje! – Nando disse, rindo.
- Espero que sim! – Gargalhei, seguindo para perto de Maria novamente.
- Alguém está muito feliz hoje. – Maria disse e ri fracamente.
- Eu sei e sei que estou ferrado também, mas também estou empolgado com isso. – Falei, rindo.
- Você está ferrado, de verdade. – Ela disse e virei o rosto para ela.
- Quais os seus motivos para achar que eu estou ferrado? – Perguntei.
- Ela é incrível, para valer. – Ela disse, me fazendo rir. – Mas você provavelmente está pensando na amizade.
- Tento não, mas é impossível... – Suspirei, segurando-a pelo braço, parando de andar. – Eu não tenho a mínima ideia do que fazer. – Falei. – Somos amigos há anos e... – Suspirei. – Alguma sugestão?
- Não namorei meu amigo de infância, porque era uma menina... – Ri fracamente. – Mas no seu caso... Acho que se você quiser seguir em frente, te indico a ser o mais bondoso e carinhoso possível. – Ela suspirou. – Pode funcionar, mas pelos anos de amizade, tem chance de ser ruim ou não dar certo.
- Não foi esse tipo de conselho que eu pedi. – Falei, vendo-a rir.
- Só seja bondoso com ela. Aposto que ela tem as mesmas dúvidas do que você. – Ela franziu os lábios e assenti com a cabeça.
- Obrigada, Maria. Acho que essa é a primeira vez que você é legal de verdade. – Ela negou com a cabeça.
- Consigo ver como está perdido com isso, mas também está animado, talvez seja uma boa coisa para você.
- Espero que sim... – Falei, deixando a frase no ar, entrando no prédio da Red Bull e vi e Michael pelo vidro da cantina, me fazendo sorrir.
- EI! – Ouvi sua voz quando ela se levantou, vindo em minha direção e ela passou os braços em meus ombros, pulando em meus ombros, me fazendo sorrir e abraçá-la pela cintura. – Terceiro! Isso é incrível! – Rimos juntos e afundei o rosto em seu ombro, aproveitando o abraço. – Vai ser bom para competir amanhã.
- Sim! – Falei, rindo e ela colocou os pés no chão, apoiando as mãos em meus braços.
- Isso é incrível, Danny! – Ela abriu um sorriso e sorri. – Estou esperando pelo pódio. – Sorri.
- Eu também. – Foquei em seus olhos e ela mordiscou os lábios mais uma vez.
- Você realmente precisa de um banho. – Ela disse, rindo e me empurrou de leve para trás, saindo de meus braços.
- Eu cheiro como rosas, ! Se acostume.
- É, dá para sentir! – Ela riu, virando o corpo para a mesa e Michael se levantou.
- Parabéns, cara! – Nos cumprimentamos em um abraço. – Vamos lutar amanhã!
- Sim! – Falei, rindo. – Lesgo, baby! – Falei.
- Quer comer algo? – perguntou e abri o macacão, tirando as mangas antes de descer até minha cintura.
- Eu tenho algumas entrevistas ainda. – Suspirei.
- Sim, você tem! – Maria falou e ri fracamente.
- Já vou! – Apoiei as mãos na mesa. – Me escutem, Fernando nos convidou para uma balada a noite.
- Isso é o que eu estou falando. – Michael disse e eu e rimos juntos. – A gente parece três velhos indo dormir antes das dez, fala sério. – Ri com eles.
- É, temos que ser honestos com isso, nossas noites não estão muito animadas. – disse, rindo.
- Posso tentar melhorar para você... – Sorri, virando meu rosto para ela.
- Daniel! – Ela disse, empurrando meu rosto de volta, me fazendo rir.
- Ah, cara, deveria dizer que já estou acostumado com essas cantadas baratas suas, mas é estranho ver você flertando com a . – Michael disse, me fazendo rir.
- Acredite, eu sei! – disse, me fazendo rir.
- Então, todos de acordo?
- Sim! – Eles falaram juntos, rindo.
- Combinado! Decidimos depois o horário, mas eu pego vocês! – Falei.
- Claro! Vai lá! – disse e sorri, dando uma piscadela para dela, vendo-a negar com a cabeça e segui para perto de Maria.
- Ok, vamos botar para foder! – Falei e ela revirou os olhos, seguindo para o outro lado e dei de ombros antes de seguir com ela.
*Apesar de existir essa boate em Barcelona, não tem ligação nenhuma com Alonso.
Sempre conheci o Danny amigo, sempre cuidadoso, preocupado, divertido, mas nunca conheci o Danny intenso. Deus! Como eu nunca vi antes? Seus olhos estavam fixos nos meus desde que viemos para a pista e suas mãos caminharam para minha cintura de imediato, mantendo meu corpo perto do seu. Minhas mãos já estavam em seus ombros, deslizando para seu peito de vez em quando e mantendo uma distância de segurança de seu corpo.
Nenhum dos dois deu o primeiro passo ainda, seu nariz roçava no meu de vez em quando, sua respiração tocava meu pescoço e ombro quando ele se aproximava, deixando meu corpo mole como se estivesse drogado, mas ele ainda não avançou.
Sempre o zoei pelas suas ficadas e abordagens baratas com as mulheres, mas sabia que estávamos em um novo território e, como ele disse, não tinha margem para erro. Tínhamos que ir no nosso tempo, apesar dos seus lábios extremamente convidativos e meu corpo anestesiado, mas seria tonta se dissesse que não estava extremamente feliz com essa situação.
O mais engraçado de tudo era que Danny não dançava animado como fazia em toda e qualquer oportunidade, inclusive em várias baladas que fomos quando mais novos. Seu corpo estava quase travado junto do meu, movimentando os quadris e joelhos conforme eu me movimentava. Até nisso ele estava contido e me deixava mais na expectativa.
- Eu preciso de um minuto... – Falei, aproximando minha boca de sua orelha.
- O QUÊ? – Ele falou alto.
- EU PRECISO DE UM MINUTO! – Minha voz saiu um pouco mais audível e ele fechou mais o braço em minha cintura.
- Quer uma bebida? – Ele perguntou, tocando minha orelha com seus lábios e só consegui assentir com a cabeça.
- Não tequila! – Falei, afastando meu rosto e ele assentiu com a cabeça.
- Já volto! – Ele disse, deixando um beijo em meu rosto e se afastou um pouco, fazendo meu corpo tensionado relaxar quando ele me soltou.
- Merda! – Suspirei, sentindo minha respiração acelerada e passei as mãos nos cabelos, sentindo a testa suada e acompanhei-o desviar das pessoas para ir até o bar. – Merda! – Ri fracamente, abrindo um sorriso.
Afastei meu corpo do meio das pessoas, indo para trás e me sentando no braço de um sofá que tinha ali. Eu me sentia cansada como se eu tivesse dançado muito ou tido o melhor amasso da minha vida, mas era só meu corpo tensionado com tudo o que estava acontecendo. Será que Danny podia ser um bom amante? As grandes mãos, os longos dedos e as veias saltadas sabiam me abraçar e me segurar com firmeza. O polegar na parte de cima das costas e os outros dedos deslizando em meu quadril com força.
Merda! Já estou pensando besteira aqui.
Ri com meus pensamentos, negando com a cabeça e virei o corpo para a área VIP da balada de Alonso. O lugar era bem legal, bem cheio, mas conseguia se tornar um pouco discreto com a quantidade de clubes na cidade. Não é à toa que Barcelona é conhecida como a cidade das festas.
Franzi a testa ao encontrar Michael e ri sozinha ao vê-lo beijando uma mulher da metade da altura dele, deixando o corpo do treinador completamente inclinado para frente. Ele deve estar bem mais bêbado do que eu e Danny juntos, mas ao menos estava dando para se divertir um pouco. Com essa vida corrida e agitada, a vida pessoal ficava um pouco de lado.
- ¡Hola, gatita! – Virei o rosto, na esperança de ser Danny, mas tinha outro cara ali.
- Ah, hola. – Falei, levemente decepcionada, me fazendo suspirar.
- ¿Estás sola? – Suspirei.
- Eu estou bem, obrigada. – Falei, virando o rosto à procura de Danny.
- Você quer algo para beber? – Ele mudou para o inglês e suspirei.
- Eu estou bem, obrigada. – Repeti, cruzando os braços em volta do corpo.
- Qual é, gatinha, me diga seu nome antes de me chutar. – Ele disse e suspirei.
- Eu não estou interessada, cara! – Falei. – Nada interessada, na verdade.
- Me dá um beijo que eu te deixo em paz... – Ele disse, tentando segurar meu rosto e desviei com pressa.
- Não me toca, por favor. – Pedi.
- Não precisa ser difícil assim, gatinha... – Virei o rosto para o bar, procurando por Danny e fiquei na ponta dos pés, procurando por ele e meu corpo travou.
Da mesma forma que tinha um idiota em cima de mim, tinha alguém em cima dele, mas diferente de mim, ele não parecia interessado em se livrar da loira que cochichava alguma coisa em seu ouvido.
Meu corpo travou e um gosto ruim chegou à minha boca, fazendo meu estômago revirar e tentei manter minha cabeça fora do ciúme repentino. Ele pode estar tentando se livrar dela também, ele pode estar esperando pelas bebidas... Não posso deixar o bichinho do ciúme falar mais alto, não agora.
- Ei, gatinha... – Minha mente voltou para realidade, virando o rosto para o insistente e ele tinha as mãos em minha cintura.
- Você pode fazer o favor de... – Tentei pedir, mas ele segurou minha nuca e colou nossos lábios. Suas mãos me apertaram com força e minhas mãos tatearam seu corpo, até chegar em seu rosto, empurrando-o para trás. – O que está pensando? – Falei, irritada.
- Qual é, gatinha! Vai se fazer de difícil?! – Ele tentou se aproximar e virei minha mão em seu rosto no automático, vendo-o mudar a expressão de chocado e minha respiração estava acelerada.
- Não toca em mim.
- Você não deveria ter feito isso... – Ele falou, se aproximando de mim, mas alguém segurou-o pelo pescoço.
- Não se atreva! – Suspirei ao ver Michael atrás do cara, segurando-o em uma chave de braço. – Não se atreva! – Ele repetiu e ergueu o olho para mim. – Você está bem?
- Sim... – Assenti com a cabeça, respirando fundo.
- ! – Virei o rosto, vendo Alonso se aproximar. – Você está bem?
- Sim, agora eu estou. – Suspirei, sentindo-o me segurar pelo braço.
- Sai daqui agora! – Fernando disse.
- Quem vai me mandar? Um baixinho como você? – O cara perguntou, rindo.
- Caras... – Alonso disse e vi dois seguranças mais altos do que Michael se aproximarem. – Por favor...
Demorou para Michael soltá-lo, desconfiado do que o cara ia fazer, mas relaxei meu corpo quando os dois seguranças o puxaram para fora. Meu coração palpitava no meu peito e na minha cabeça só passava no que é que poderia ter acontecido se Michael não tivesse por perto.
- Você está bem, ? – Michael se aproximou e me sentei no braço do sofá de antes, passando as mãos em meu rosto. – Ele fez algo contigo?
- Ele me beijou, mas... Eu estou bem. – Apoiei a mão no peito.
- Aqui... – Fernando me esticou uma garrafa de água. – Me desculpe por isso, tem alguns caras que hijo de la putana. – Ele disse e virei quase metade da garrafa de água para dentro.
- Eu estou bem, eu só preciso respirar... – Falei baixo, sentindo Michael me abraçar pelos ombros.
- Onde está Danny? – Ele perguntou. – Vocês estavam juntos, não? – Ele perguntou.
- Ele foi pegar bebida para gente, mas... – Me levantei, procurando-o no lugar da antes, ficando na ponta dos pés, mas o lugar que ele estava antes estava vazio. – Ele sumiu. – Suspirei.
- Eu vou procurar por ele. – Michael disse.
- Não, só fica aqui... – Suspirei. – Eu quero ir embora.
- Fica com ela, eu vou procurá-lo. – Alonso disse e assenti com a cabeça. – Só respira, ok?!
- Obrigada... – Dei um curto sorriso e ele afagou minha cabeça antes de se afastar.
- Eu estou aqui, ok?! – Michael disse e assenti, apoiando minha cabeça em sua barriga, suspirando.
- Não sei o que aconteceria se você não tivesse aparecido.
- Não pensa nisso. – Ele disse. – Vamos achar o Danny e ir embora daqui.
- Desculpe por acabar com sua festa. – Ele riu fracamente.
- É... – Ele deu de ombros. – Mas você é mais importante. – Sorri.
- Obrigada. – Suspirei. – Não falo tanto, mas você é meu amigo também, Michael.
- Agora que você e Danny estão mudando esses títulos, quem sabe eu não pego o posto de melhor amigo dos dois lados? – Ri fracamente, suspirando.
- É, quem sabe? – Suspirei, bebendo mais um gole de água.
Merda!
é gostosa para caralho e eu estou me controlando muito para não reduzir essa distância e beijá-la aqui mesmo.
Sim, eu posso beijá-la aqui, o ambiente pede, ela está extremamente solta sob minhas mãos, está movimentando seus quadris no ritmo da música e minhas mãos já escaparam diversas vezes para sua bunda durante seus movimentos. Mas merecemos mais. Não quero que nosso primeiro beijo... Bom, segundo, na verdade... Mas quero que seja mais interessante e memorável que o primeiro. Tinha uma diferença de 13 anos, mas precisava ser perfeito.
Apesar de tudo, as palavras de Maria palpitavam em minha cabeça. E se fosse ruim? E se toda essa expectativa fosse ruim? E se fosse como beijar uma parede? Eu estava com medo, mas não podia errar. Não com ela. Mas com a palpitação crescente em meu peito e corpo, não tinha dúvidas de que seria perfeito. Até o cheiro de seu perfume me inebriava.
Meus lábios já tinham tocado seu rosto algumas vezes, descido para seu pescoço e o ombro descoberto pelo decote do vestido. Eu sentia meu corpo relaxado pelas diversas sensações, mas também me sentia travado, eu dançava mais do que isso, mas agora só queria manter meu corpo colado no dela, aproveitando o momento.
- Danny... – Ela sussurrou em meu ouvido, mas foi difícil entender.
- O QUÊ? – Falei alto.
- EU PRECISO DE UM MINUTO! – Ela falou mais alto e desviei o rosto de seu pescoço para olhar em seus olhos novamente.
- Quer uma bebida? – Ofereci, dando um curto beijo em sua orelha e sua cabeça mexeu positivamente.
- Não tequila! – Ela disse, me fazendo rir e olhei em seus olhos por mais alguns segundos.
- Já volto! – Falei e pressionei meus lábios em um leve beijo em sua bochecha próximo ao seu ouvido, antes de afastar as mãos de seu corpo devagar.
Meus olhos focaram nos seus por mais alguns segundos e dei um curto sorriso antes de desviar o olhar, atravessando por entre algumas pessoas até chegar no bar. Meus olhos ficaram em por mais alguns segundos, me fazendo rir de como fui estúpido por tanto tempo em não ver o quão incrível ela é.
Merda! Isso é louco!
- O que posso te servir? – O barman perguntou.
- Algo para o calor! – Falei, rindo, sentindo meu corpo suar e nem acho que é do clima da boate, é de .
- Rebujito, que tal? – Ele sugeriu e apoiei os cotovelos no balcão.
- O que é? – Perguntei.
- Vinho de maçã, Seven Up e muito gelo! – Ele disse.
- É, claro! Dois! – Falei, rindo fracamente e virei meu corpo para novamente, procurando-a no meio das pessoas, sorrindo ao encontrá-la.
- Ei... – Virei o rosto, encontrando uma loira se apoiando ao meu lado no balcão. – Uma Bud. – Ela falou para o barman, virando o rosto para mim. – E seu telefone. – Ri fracamente.
- Uau, direta! – Falei, negando com a cabeça.
- A vida é curta para ficar de enrolação. – Ela disse, recebendo sua cerveja e ri fracamente.
- É, você está certa, mas não hoje. – Dei de ombros.
- Você é Daniel Ricciardo, certo? – Ela disse.
- Sim... – Ri fracamente.
- Estava te olhando com sua amiga...
- Minha garota. – A corrigi rapidamente, gostando como isso saiu na boca.
- Não me pareceu o caso. – Ela disse, passando a mão nos cabelos alisados. – Gelado demais. – Ela apoiou a mão em meu peito e desci o olhar para o local.
- Suas bebidas... – O barman colocou as duas bebidas arroxeadas no balcão.
- Eu tenho que ir, minha garota está me esperando... – Dei de ombros.
- Você quer dizer aquela garota? – Ela indicou com o dedo e virei o rosto, procurando entre as pessoas e observei um cara grudado em seu pescoço. – Foi rápido...
Um gosto ruim chegou à minha boca e foi como se eu tivesse levado um soco no estômago. Não, isso não estava acontecendo. não faria isso, ela não era assim. Minha cabeça começou a trabalhar mais rápido do que meus olhos e peguei a taça que o barman tinha acabado de colocar no balcão e virei um longo gole dela.
- Que sede! – A loira disse, rindo, movimentando um chiclete na boca e suspirei. – Sabe... Tem outros peixes no mar. – Ela apoiou a mão em meu ombro, subindo devagar e virei o rosto novamente para , vendo-os se beijando. – Uau! Ela é boa!
- Merda!
Eu me sentia o maior idiota do mundo.
Vai ver não estávamos na mesma sintonia como eu pensava. Na verdade, não estávamos mesmo. Eu planejava formas carinhosas e fofas de darmos nosso primeiro beijo e ela beijava o primeiro cara que estava na sua frente.
Não acredito nisso. Fui idiota com a pessoa que eu mais deveria conhecer no mundo.
- Desculpe, gatinho. – A mulher disse e virei o restante da bebida.
Sabe o quê? Nós dois podemos jogar esse jogo, .
- Quer sair daqui? – Perguntei para loira, pegando uma nota de cem euros na carteira e coloquei no balcão.
- É claro. – Ela disse, sorrindo. – Aonde vamos?
- Me siga. – O sorriso sacana voltou ao meu rosto e puxei-a pela cintura, procurando as escadas para o primeiro andar.
Desviei das pessoas, vendo os seguranças ajudar a abrir um cordão para eu chegar na saída da festa. Entreguei o bilhete para o valet e passei as mãos na cintura da loira. Ela sorriu, mordiscando o lábio inferior e ignorei as imagens de fazer isso em minha cabeça e colei nossos lábios, sentindo-a pressionar as mãos em meus ombros.
- Hum, isso é bom. – Ela disse, rindo.
- Pode ser melhor. – Ri fracamente, vendo o carro estacionar e o valet me entregar a chave. – Vamos lá.
Capítulo 14
- Danny, Michael, Blake, vem! – Jemma os chamou, animada com a mão.
- O que vão fazer? – Mike perguntou.
- Verdade ou desafio! – Luka disse.
- Hum, isso é interessante! – Daniel disse, rindo, deixando sua lata de Coca-Cola na mesa e se aproximou deles. Peyton e Addison, do grupinho de Jemma, além de Charlie, Luka e Toby ocupavam a roda.
- Ah, não! Tem muito garoto, tá louco! – Blake disse, rindo. – Sempre dá merda!
- Precisamos de mais garotas! – Michael disse e Daniel deu uma olhada em volta, encontrando e Déborah conversando perto da piscina.
- ! – Danny gritou, fazendo a menina olhar. – Vem!
- Ela não! – Jemma reclamou e o garoto se virou para a menina.
- Se ela não participar, eu também não participo. – Ele deu de ombros e a menina revirou os olhos.
- Ah, tá bom! – Ela disse, se sentando na roda que se montava.
- O que foi? – perguntou, se aproximando de Danny.
- Vamos jogar verdade ou desafio, vem também, Déb! – Ele disse para a outra menina.
- Ah, eu odeio essas brincadeiras! – Déborah suspirou.
- Vamos, vai ser legal! – Michael disse. – Que mal pode ter? – Déborah não respondeu, mas na sua cabeça só passava que meninos podiam ser bem maldosos.
- Vem, Arya! – Blake chamou a menina também.
- Tem que intercalar menina e menino. – Jemma falou como a sabida do jogo e ficou feliz por poder fugir da menina e se colocou entre Danny e Michael.
- Tem alguma regra? – Peyton perguntou.
- Nada perigoso, eu espero. – disse.
- Para de ser medrosa! – Jemma disse e a fuzilou.
- , por favor... – Danny cochichou para ela, fazendo-a virar o rosto para o amigo. – Relaxa.
- Eu tô relaxada. – Ela disse, suspirando.
- Todo mundo sabe como joga, né?! – Jemma disse, pegando uma garrafa KS. – Boca pergunta, fundo responde. Você não pode escolher duas verdades seguidas. – revirou os olhos. Ao menos não estava na direção de Jemma, não tinha chances de a garrafa cair nas duas juntas e ela pedir algum desafio maldoso.
- Ok... – , Déborah e Arya disseram, desanimadas.
- Vamos lá! – Luka e os meninos pareciam animados.
- Vou girar! – Jemma disse, colocando a garrafa no centro da roda, girando-a. A expectativa reinou entre eles até a garrafa parar.
- Blake pergunta para Peyton.
- Verdade ou desafio? – Ele perguntou.
A brincadeira começou calma. A maioria das perguntas era baseada no que eles aprontavam na escola ou se era verdade que alguém estava apaixonado por outra pessoa, deixando Michael e Déborah em maus lençóis quando o Michael precisou admitir que estava apaixonado pela menina, fazendo um coro alto ecoar pela sala.
Blake também se ferrou ao precisar pular na piscina gelada, devido ao clima estranho de outubro. Ao menos tinha cobertas na casa de Peyton que vieram muito a calhar para o garoto que não parava de bater o queixo. Déborah também foi pega alguns minutos depois, precisando ficar sete minutos dentro do armário com Michael, o que criou uma comoção geral de “se o desafio é para mim, é permitido envolver outra pessoa da roda?” E a resposta foi um quase unânime sim.
estava se livrando de todas as chances possíveis, quando a garrafa chegava nela, era para ela perguntar, e quando a ponta estava virada, acabava atingindo Michael ou Daniel, fazendo a menina dar um longo suspiro. Pena que ela não esperava estar envolvida na verdade ou no desafio de outra pessoa.
- Luka pergunta para Danny. – Toby anunciou.
- Verdade ou desafio? – Ele perguntou e Danny suspirou.
- Desafio! Vamos lá! – Ele disse, rindo, batendo as mãos uma na outra.
- Hum, deixa eu pensar... – O garoto fingiu pensar. – Prova que você e a são só amigos e dá um beijo nela.
- O QUÊ? – A voz da menina saiu alta demais, mas Danny também ficou chocado com o desafio.
- Mas o desafio é para ele, não para mim. – Ela disse ainda assustada.
- A gente já falou disso, . – Luka disse.
- Se valeu comigo, vai ter que valer contigo também, amiga. Desculpe. – Déborah disse, mas tinha que assumir que foi bom ficar sete minutos no armário com Michael. Foi bem... Produtivo.
- Está tudo bem, . É só um beijo, não é nada. – Danny disse, tentando parecer forte pelos dois, mas seu coração estava palpitando por dentro.
é a melhor amiga dele, amigos não se beijam, não tem nada a ver. Ele não era apaixonado pela sua melhor amiga, nunca foi e sabia que nunca seria, não tinha nada a ver, mas ele sentia uma salivação excessiva em sua boca e o nervosismo falava mais alto, então tinha que provar que não era nada.
- Vai, ! – Os meninos disseram.
- Para de enrolar, sua chata! – Jemma disse, revirando os olhos.
- Está ok, . – Danny disse baixo, tentando acalmar a menina. – Não é nada.
- Ok... – Ela disse fracamente.
Além de toda questão da amizade de 11 anos entre eles, tinha a questão de que nunca tinha beijado antes e não esperava que seu primeiro beijo fosse assim. As pessoas não sabiam, mas Danny também nunca tinha beijado antes. Tinha um boato que ele beijou uma menina da oitava série no ano passado, mas sabia que era mentira, agora o restante da escola acreditava fielmente nessa história e o menino, que não é bobo nem nada, deixou a história rolar por entre as turmas.
- Vai ser rapidinho. – Ele sussurrou e ela assentiu com a cabeça.
- Para de enrolar e beija logo! – Jemma disse, irritada.
Danny olhou para o rosto da amiga e deu um curto sorriso. De todas as meninas da escola, sempre foi a mais bonita. Não se importava tanto com aparências quanto Jemma e nem em aparecer suada após o treino de cricket ou educação física. Os cabelos estavam compridos na sétima série, deixando as ondas começarem a aparecer mais e isso fazia outros garotos começarem a olhar para ela, como era o caso de Toby que estava nervoso na roda pelo fato.
Outra pessoa que também estava nervosa na roda era Jemma. Um dos motivos de ela odiar , era a relação dela com Danny. Secretamente, a patricinha da escola tinha uma paixonite pelo melhor amigo de e odiaria ver esse beijo. Por que não desafiaram para ele beijá-la? Droga.
- Aqui vou eu, . – Danny sussurrou para , tentando deixar o frio na barriga de lado e apoiou as mãos nos ombros da amiga, aproximando o rosto do dela.
A menina fechou os olhos quando a respiração do garoto tocou seu rosto e sentiu o nariz do menino tocar o seu primeiro, fazendo-o rir fracamente pelo seu nariz avantajado. Ele tentou alongar mais alguns segundos, tentando talvez aproveitar seu primeiro beijo, mesmo que fosse com .
- Vai logo! – Jemma reclamou mais uma vez e o menino transformou os lábios em um bico antes de pressionar seus lábios no de .
O selinho durou cerca de cinco segundos, mas parece que o tempo parou um pouco para ambos. Era uma situação estranha para eles, por causa da amizade, mas até que o beijo não foi tão ruim como esperava. Não foi como receber um beijo de Michelle ou algo assim, foi até que prazeroso.
Ele descolou os lábios após alguns segundos, abrindo os olhos junto da menina. Ela tinha os olhos mais arregalados e as bochechas quentes de vergonha, mas tinha algo estranho com seu corpo. Danny deu um aceno com a cabeça antes de soltar as mãos dela devagar. foi incapaz de falar ou fazer qualquer coisa, mas juntou as mãos perto do seu corpo.
- Pronto! – Danny disse. – Quem é o próximo? – Michael e Déborah olhavam os amigos de forma nervosa. Eles tinham expectativa de ambos serem realmente apaixonados pelo outro, mas ficaram decepcionados quando o beijo findou. Talvez sejam só amigos mesmo.
- Você gira! – Peyton disse e Danny se inclinou no meio da roda, virando a garrafa.
O jogo acabou se seguindo sem mais desafios difíceis ou que deixavam qualquer um desconfortável, mas não fazia mais diferença para . Ela ficou quieta o restante do jogo, somente observando se a garrafa não cairia nela, o que caiu uma vez, a qual ela usou uma carta de verdade ao contar o que realmente aconteceu para o técnico Carr ser demitido do time de cricket. Ele foi pego com uma aluna do terceiro ano no banheiro.
Fora isso, ela não falou mais nada. Danny também estava quieto, mas sabia fingir um pouco melhor do que a amiga, usando sua carta de brincalhão para despistar.
Eles não sabiam ainda, mas esse beijo bagunçaria muito a cabeça deles. Só faltavam descobrir quando e nem quanto.
- Até eu vou enchê-lo de porrada. – Michael disse.
- Ah, que noite horrível! – Apertei as mãos na cabeça. – Era melhor ter visto filme e dormido antes das dez.
- Nem fala! – Mike suspirou. – Parecia que você e o Danny iam finalmente sair do zero a zero!? – Ri fracamente, lembrando das mãos de Danny em meu corpo.
- É, talvez... – Sorri, passando a mão na testa. – Se aquele idiota não tivesse aparecido.
- Você está bem mesmo? – Mike perguntou, preocupado.
- Sim, estou. – Assenti com a cabeça. – Foi só um susto. – Suspirei. – Ainda bem que você e o Alonso estavam lá.
- Não acredito que tem homens assim ainda. – Ele sussurrou e assenti com a cabeça.
- Acho que é exatamente o motivo que eu não vou em lugares assim... Prefiro ficar solteira do que enfrentar idiotas. E normalmente eu não tenho você para dar uma chave de braço no cara. – O amigo riu fracamente.
- Esperava não precisar usar, mas para alguma coisa precisa servir essas coisinhas aqui... – Michael mostrou os bíceps, me fazendo rir.
- Você não é tão metido quanto Danny, mas chega perto! – Falei, suspirando em seguida.
Apesar das brincadeiras, minha cabeça estava longe. Eu tinha uma teoria que não estava muito animada em dividir com Michael, mas na minha cabeça só passava a imagem de Danny conversando com aquela loira. Não vi nada de comprometedor, mas o sumiço de Danny me deixava com a pulga atrás da orelha e esperava honestamente que isso fosse mentira.
Ter certeza de que Danny é igual aos outros caras seria uma decepção enorme e não sabia se conseguiria lidar com isso. Seja seus sentimentos amorosos por ele ou até pela amizade. Ele não estava lá quando eu mais precisei. E se Michael ainda estivesse com a mulher? E se Fernando não estivesse por perto? Mal sabia o que aconteceria comigo.
- Ele está aqui. – Michael disse e inclinei a cabeça para baixo, vendo a luz do motorhome ligada e meu estômago revirou.
- Pode esperar? – Perguntei para o taxista e ele assentiu com a cabeça.
- Quer que eu vá? – Michael perguntou.
- Não, tudo bem... – Falei, empurrando a porta do carro e Michael saiu do outro lado.
- , tem certeza de que você...
- Não. – Disse rapidamente, olhando para Michael e respirei fundo. – O que você sabe?
- Nada, mas... – Ele deu de ombros.
- Como ele é, Michael? – Perguntei, engolindo em seco. – Você sabe disso mais do que eu... – Ele ponderou com a cabeça.
- Ele tem momentos. – Ele disse. – Tem dias que não tem nada, mas tem dias que...
- Eu vou me machucar, não vou? – Perguntei, pressionando os lábios.
- Eu não sei, . – Ele disse, mas meus olhos se encheram de lágrimas só na expectativa. – Deixa que eu vou e...
- Não! – Neguei com a cabeça, puxando a respiração. – Se tudo não passou de uma brincadeirinha dele, é melhor eu acabar logo com isso. – Passei as costas da mão no nariz.
- Eu deveria te impedir, mas...
- Você é meu melhor amigo também. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
Suspirei, me aproximando da porta do motorhome e vi minha mão tremer ao se aproximar dela. Fechei os olhos por alguns segundos, tentando manter minha cabeça limpa, tentando pensar de que não tínhamos nada, tentando me manter sã e confirmar comigo mesma de que tudo não passava de excitação.
Não tínhamos nada.
Não éramos nada...
Só amigos...
Talvez...
Ignorei os nós dos dedos e bati a lateral da mão, socando-a com mais força do que o esperado e dei um passo para trás. A mão de Michael apertou meus ombros e sabia que tinha algo de errado. Se Michael estava preocupado comigo, é porque tinha algo muito errado. Ele não colocaria Danny no fogo por causa de mim. A amizade de ambos ainda é mais forte.
Não tive resposta e minhas mãos bateram com mais força na porta, socando-a até a mão doer e ouvi alguns barulhos lá dentro e tive a esperança de ele estar só dormindo aqui, mas seu sumiço ainda era estranho.
A porta se abriu com força e dei mais um passo para trás para desviar dela. Meu olhar foi direto para Danny, me fazendo engolir em seco. A contraluz demorou para meu rosto identificar, mas deu para notar seu peito nu, a calça aberta, além dos cabelos bagunçados. Seus olhos foram as primeiras coisas que eu notei e ficou uma competição silenciosa de quem falaria algo antes.
Várias coisas se passaram em minha cabeça. Eu podia dizer qualquer coisa, começar xingando-o ou empurrando ele para dentro, mas eu simplesmente não consegui. A “amiga” sumiu e a “garota” apareceu. Tudo estava estranho.
- Vem logo! – Uma voz fina falou antes de nós dois e a tal loira apareceu atrás dele somente de lingerie.
- Uau! – Minha voz saiu rápida.
- , eu... – Danny falou.
- Estamos na mesma sintonia, né?! – Falei, rindo sarcasticamente, dando um passo para trás, sentindo meus olhos ferverem com as lágrimas.
- , o que... – Ele desceu os degraus do motorhome.
- É, homens são sempre homens, não?! – Falei, dando mais passos rápidos atrás.
- O que está dizendo? Eu só fiz o que você fez. – Ele disse e neguei com a cabeça.
- Vai se foder, antes que eu me esqueça. – Falei, sentindo as lágrimas deslizarem pelo meu rosto. – Na verdade, acho que isso já aconteceu.
- O que está dizendo? – Ele tentou me puxar pelo braço, mas minha mão foi com força em seu rosto, estalando um tapa pela segunda vez na noite.
- Não se atreva a falar comigo. – Falei entredentes, sentindo meu corpo encostar no táxi e virei o rosto com pressa, entrando no banco da frente e tranquei a porta. – Me tira daqui, por favor.
- ! – Danny ainda bateu no vidro do carro.
- Vai! – Falei firme para o motorista e ele colocou o carro em movimento.
- ! – Ouvi sua voz forte, mas deslizei o corpo para baixo e as lágrimas grossas desceram pela minha bochecha.
Ela puxou minha blusa, jogando-a para trás e nossos lábios se pressionaram mais uma vez. Ela já tinha se livrado do vestido que usava e me pressionava no sofá, distribuindo beijos em meu rosto e pescoço.
Eu estava trabalhando no automático, mas minha cabeça não estava lá. No meio do caminho eu havia me arrependido de trazê-la para cá e não conseguia pensar em como me livrar dela e ir falar com .
Ela foi uma filha da mãe em ficar com outro cara enquanto eu estava lá e talvez eu devesse dar o troco para ela, mas eu não conseguia entrar no clima. Eu não estava empolgado, eu não estava excitado e eu só conseguia pensar em quando passava as mãos pela mulher. Não era o mesmo corpo. Não era nada parecido, na verdade.
Eu estou apaixonado por e isso fazia minha cabeça bagunçar cada vez mais.
- Está tudo bem? – A loira perguntou, se sentando em meu quadril e soltei a respiração forte.
Porra, nenhuma ereção. Ela é gostosa, caramba!
- Sabe... Acho que eu... – Suspirei, sentindo-a deslizar os beijos pelo meu pescoço. – Eu acho que deveríamos parar.
- Por quê? – Ela jogou os cabelos para trás.
- Eu não estou no clima... – Suspirei.
- Deixa eu tentar te colocar no clima. – Ela deslizou a mão pela minha barriga, descendo até minha calça e fechei os olhos, tentando aproveitar o momento.
Eu já estou aqui mesmo, que mal tem? já se divertiu, está na minha vez também...
Apesar de internamente saber que não deveria fazer isso.
Fechei os olhos, sentindo suas mãos descerem pela minha barriga, me fazendo contraí-la. Tentei limpar minha cabeça quando me assustei com algumas batidas na porta. Meus olhos se arregalaram e olhei para a loira.
- Merda! – Falei baixo e fiquei travado por alguns minutos.
- Está esperando mais alguém? – Ela perguntou e fiquei levemente travado.
Merda! E se fosse ? E se fosse Maria? MERDA!
Ouvi as batidas na porta ficarem mais forte e ergui meu corpo com pressa, empurrando-a para o lado. Fui até a porta, respirando fundo diversas vezes antes de descer um degrau e apoiar a mão na maçaneta. De repente um medo surgiu em meu corpo e só consegui abrir a porta com rapidez, encontrando e Michael lá fora.
Eu engoli em seco, esperando que ela falasse alguma coisa, mas seu olhar estava assustado demais para falar algo e sabia que eu estava ferrado. Eu não tinha o que dizer, minha cabeça estava uma bagunça e eu não sabia o que dizer. Era como se o tempo tivesse congelado para mim.
- Vem logo! – Ouvi a voz da loura e fechei os olhos quando senti suas mãos em minhas costas.
- Uau! – disse, rindo sarcasticamente.
- , eu... – Minha voz sumiu, eu não tinha o que dizer. Na verdade, eu tinha muito o que dizer, só não saía.
- Estamos na mesma sintonia, né?! – Ela disse sarcasticamente, dando um passo para trás.
- , o que... – Desci os degraus, pisando no chão.
- É, homens são sempre homens, não?! – Ela disse, se afastando de mim.
- O que está dizendo? Eu só fiz o que você fez. – Falei, tentando me aproximar dela.
- Vai se foder, antes que eu me esqueça. – Sua voz saiu dura e vi uma lágrima em sua bochecha. – Na verdade, acho que isso já aconteceu. – Ela se afastou.
- O que está dizendo? – Me aproximei dela, tentando segurá-la pelo braço e senti sua mão bater com força em meu rosto, fazendo o local arder.
- Não se atreva a falar comigo. – Sua voz saiu falhada e ela entrou com pressa no carro.
- ! – Me aproximei do carro, batendo algumas vezes e o carro saiu com pressa. – ! – Minha voz ficou mais alta enquanto o carro saía pela estrada de terra. – Que merda está acontecendo? – Virei para Michael.
- Você que me diga! – Ele disse, cruzando os braços. – Você quer que eu te dê os parabéns ou enfie a mão do outro lado para ficar igual? – Ele falou sarcasticamente.
- Que merda você está dizendo?
- Sério? A loira? – Ele indicou a porta. – Desculpe, nada contra você, mas talvez seja melhor você ir embora agora. – Passei as mãos nos cabelos. – Que merda você estava pensando, cara?
- Que merda você está falando? Eu não estou entendendo nada! – Falei.
- Sério? Você e no maior clima lá na balada e aí você vai embora para dormir com outra mulher? Sei que você tem seus momentos, mas achei que pelo menos com a sua amiga você fosse diferente. – Ele disse firme.
- Ah, e você fala isso para mim? Falou isso para ela enquanto ela estava agarrada ao cara lá na festa? – Falei e ele pressionou as mãos nos olhos.
- Ah, você viu isso. – Ele disse.
- É, eu vi. – Suspirei.
- Eu estou a um passo de enfiar a mão na sua cara. – Ele disse, irritado e dei um passo automático para trás. – Aquele idiota assediou a ! – Ele disse bravo. – Se não fosse eu e o Alonso, só Deus sabe o que aconteceria com ou onde ela estaria agora.
- O quê? – Senti o gosto ruim em minha língua.
- É... – Ele suspirou. – Você deve ter visto o beijo, mas não foi do jeito que você está pensando, cara. – Puxei a respiração com força, sentindo as lágrimas ferverem meus olhos. – Eu imobilizei o cara e Alonso se aproximou depois e...
- Eu fiz merda, não fiz? – Falei, puxando a respiração com força.
- Sim! Bonito ainda! – Ele disse.
- AH, MERDA! – Soquei a porta, sentindo a mão doer.
- E eu não tenho a mínima ideia de como você vai corrigir essa merda. – Michael disse.
- Para onde ela foi? – Perguntei.
- Eu não sei, para o hotel? Ela me abandonou aqui também, preciso arranjar um jeito de ir para lá. – Ele disse.
- Eu preciso ir atrás dela, caramba. – Falei rápido, entrando no motorhome, encontrando a loira. – Olha, me desculpa, mas você precisa ir embora. Eu vou chamar um táxi para você, eu... – Peguei minha blusa no chão.
- DANIEL! – Corri até a porta, vendo Maria ao lado de Michael só de robe.
- Agora não! Por favor! – Falei, apressado, suspirando.
- Que porra você fez, Daniel? – Ela perguntou.
- Se não for para ajudar, por favor, não atrapalha! – Pedi quase implorando, pegando o celular e a chave do carro.
- Ele viu com um cara, pensou tudo errado, dormiu com outra mulher e a viu, mas ela não teve nada com o outro cara. – Michael explicou.
- Eu não dormi com ela. – Falei firme.
- Ah, menos mal, mas tinha a intenção. – Michael disse.
- Você não está ajudando, cara! – Falei firme.
- Não vou passar a mão na tua cabeça, cara! Você fez merda. – Ele disse.
- Eu preciso consertar isso, pode chamar um táxi para ela? Eu vou atrás da . – Pedi para Maria.
- Você tem corrida em menos de 13 horas, Daniel! – Ela disse firme.
- Até você explicar que focinho de porco não é tomada, vai ser difícil. – Michael disse.
- MICHAEL, VOCÊ NÃO ESTÁ AJUDANDO! – Falei firme.
- Espero que saiba o que está fazendo, Daniel.
- Vemos que não sabe! – Michael disse.
- Eu vou te deixar aqui se você não ficar quieto. – Falei firme, destravando o carro.
- Até que não seria mal. – Ele disse, olhando para a loira e revirei os olhos.
- Vamos! – Puxei-o pelo braço, seguindo até o carro. – Entra logo e cala a boca!
- Isso vai ser impossível! – Ele disse enquanto eu entrava no carro.
Mas vejo que estava errada. Ele não passa de um pegador, filho da puta que brincou comigo. Justo comigo! Talvez eu devesse ter ficado em Perth, mantido nossa amizade de nos ver por dois meses e ficar separado o restante do ano e evitar que tudo o que aconteceu nessas últimas semanas, acontecesse.
Talvez eu devesse ter decidido sozinha meus problemas e não criado mais. Em uma noite, eu não perdi só um possível amor. Eu perdi meu melhor amigo, minha família, meu afilhado e um possível amor. Minha mãe nunca me ensinou a criar fantasias, mas talvez eu devesse ter ficado na minha. Ao menos não doía como agora.
Eu não lembro se eu paguei o táxi, não lembro de andar pelo lobby do hotel e nem de subir no elevador, mas eu quase caí dentro do quarto quando consegui abrir a porta. Minhas pernas pareciam ter perdido os movimentos e era como se todo meu corpo não tivesse ossos.
Minhas mãos alcançaram a cama e apoiei a cabeça ali, deixando o choro ficar mais audível agora. Depois de tudo o que tinha acontecido nessa noite, tinha que ter a cereja do bolo ainda. Acho que por isso que nunca gostei de cerejas, era uma coisa linda com o propósito principal de decoração e nem era tão gostosa.
Talvez o idiota da balada poderia me dar ao menos um bom sexo, o que era melhor do que uma noite chorando com a cabeça doendo. E eu nem tinha bebido o suficiente para esquecer. Ergui o olhar para o frigobar, na esperança de ter alguma bebida alcóolica, mas meu corpo rejeitou essa ideia na mesma hora.
Eu precisava de uma amiga agora e minha amiga mais próxima era Michelle, mas não queria discutir os problemas sobre o irmão dela, sendo que ela nem deve saber o que estava acontecendo entre a gente. Ao menos espero que não. Poderia ficar longe de Daniel, mas ainda visitar ela e meu sobrinho.
Quando as lágrimas cessaram um pouco e as bochechas estavam com aquela casquinha seca, eu tentei pensar com mais clareza. Não que fosse possível fazer isso agora, mas eu não queria mais problemas, eu não queria ficar aqui, eu só queria ficar em casa... Eu só queria minha mãe agora.
As lágrimas subiram à garganta de novo e forcei engoli-las, não era hora para ficar triste por mais esse motivo. Inclinei meu corpo até a mesa de cabeceira, pegando meu celular que ficou ali, e desbloqueei-o. Passei os olhos pelas diversas mensagens, limpando notificação por notificação, procurando o nome de alguém que não estivesse envolvido na história.
Entrei em meu Instagram, vendo algumas mensagens não lidas e vi uma de Déborah Morales, ex-namorada de Michael da época da escola. Éramos muito amigas no ensino médio, mas a vida nos mandou para lados diferentes quando fomos para faculdade.
Abri a foto e era uma reação ao story que eu tinha colocado mais cedo com a Ginger Spice:
“Olha ela, finalmente aproveitando os frutos dessa amizade, hein? 👏👏”
Suspirei, pressionando os lábios. Mal ela sabia que menos de 12 horas depois dessa foto, tudo virou uma bagunça e parecia que eu não estava vivendo o mesmo dia, quiçá a mesma realidade. Rolei o dedo pela minha agenda de contatos, esperando que eu ainda tivesse seu telefone e fiz algumas contas rápidas na cabeça. Era por volta de duas da tarde para ela. Esperava que ela pudesse me atender.
Apertei a chamada e coloquei o telefone no ouvido, ouvindo-o tocar algumas vezes antes de ouvir sua voz.
- Olha, não morre mais! – Ela disse, animada e suspirei.
- Ei, Déb! – Falei baixo.
- E aí, menina? Vi que você está acompanhando o Daniel! Que milagre aconteceu, hein?! – Suspirei, sentindo as lágrimas pressionarem novamente e tentei conter a respiração, mas ela acabou saindo forte demais. – ? Está tudo bem?
- Não... – Falei baixo.
- O que aconteceu, amiga? Fala comigo! – Notei seu tom de voz mudar.
- Eu não quero explicar agora, mas eu preciso de uma amiga. – Suspirei, apertando as pernas perto do corpo.
- Claro, amiga! Eu estou aqui. – Ela disse e suspirei, sentindo as lágrimas voltarem a cair.
- Eu estou apaixonada pelo Danny... – Ela escutou com calma. – E tudo estava indo bem, achei que ele estivesse sentindo o mesmo, mas aí ele dormiu com outra mulher... – Soltei a respiração com força.
- Ah, amiga! – Ela falou. – Ah, meu Deus! Que idiota! – Ela disse. – Que merda que ele fez?
- A gente foi numa balada, e achei que ele estava sentindo o mesmo, mas quando eu me afastei, ele ficou com outra mulher e foi embora com ela... – Minha voz saiu fina, fazendo as lágrimas deslizarem novamente.
- Ah, ! Não acredito nisso! – Ela disse. – Faz muito tempo que isso começou?
- Não... – Falei, sentindo a respiração sair pesada. – Um mês ou dois... – Suspirei. – Eu estou o acompanhando nas corridas e aconteceu...
- Ah, amiga... – Ela fez a voz mais fina.
- Eu estou completamente apaixonada por ele, Déb... – Suspirei.
- E ele sabe disso?
- Sabe... – Suspirei. – Ele disse que estava sentindo o mesmo, mas... – Neguei com a cabeça, apertando o rosto na cama novamente. – Eu sou uma idiota. É claro que isso não ia dar certo.
- Você não é idiota, , não tem nada a ver. – Ela falou.
- Tem sim... 24 anos, Déb! 24 anos! E isso acontece agora. Justo agora quando eu já estou passando por outros problemas...
- Algo aconteceu? – Ela perguntou mais rápido.
- Não, nada sério. Só estou pensando em sair da empresa e ele estava me ajudando com isso, me ajudou com meu trauma, a gente se aproximou e... – Suspirei.
- Ah, amiga! Não tenho nem o que dizer, fui pega de surpresa, na verdade. A gente sempre achava que vocês teriam algo e ver vocês dois juntos me deixa feliz demais, mas não com isso...
- Eu não sei o que fazer, Déb. Eu não consigo olhar para ele. Eu não quero ficar mais aqui, eu não...
- Onde você está?
- Barcelona. – Suspirei.
- Amiga! Que horas são?
- Três da manhã, mas a gente estava em uma balada e aí ficou essa bagunça toda. – Suspirei.
- Você deveria tentar dormir. – Ela disse.
- Como se eu fosse conseguir. – Suspirei.
- Que merda, ! – Ela disse.
- Eu só quero ir para casa, mas aí vou ter que explicar para família dele o que está acontecendo e eu não quero... – Ela suspirou.
- Você está aí pela Red Bull?
- Sim... – Suspirei, passando a mão livre no rosto.
- Você tem dinheiro? Para pagar uma passagem? Você pode passar um tempo comigo aqui em Auckland. – Suspirei.
- Sim, eu tenho, eu só... Não consigo pensar nisso agora. – Suspirei.
- Tenta dormir, amiga. Toma um remédio, descansa e, se você ainda quiser vir, compra a passagem que eu te pego no aeroporto no horário que você quiser. – Assenti com a cabeça, suspirando.
- Obrigada... – Suspirei. – Obrigada por me ouvir.
- Sempre, ! – Ela disse. – Apesar da distância e do pouco contato, somos amigas, se lembra? É para esses momentos que a gente serve. – Suspirei, assentindo com a cabeça.
- Me fala como estão as coisas aí, qualquer coisa para me distrair... – Suspirei.
- Ah, nada relevante agora, acredite, mas quero que venha me visitar, você sempre vem na pressa... – Dei um curto sorriso.
- Eu vejo suas fotos com as focas, me deixa feliz que tenha dado certo. – Suspirei.
- E você? Quer sair da Michelin? – Suspirei.
- Há umas semanas eu decidi sair e abrir um restaurante em Perth, agora nem sei mais. – Passei a mão na boca com excesso de saliva.
- Pensa melhor, amiga. Está tudo muito recente. Deixa a água baixar, fala com ele e...
- ? – Dei um pulo, ouvindo algumas batidas na porta. – ! Fala comigo, é o Daniel.
- Merda. Ele está aqui! – Me afastei da porta, como se fosse evitar a porta de abrir.
- Danny?
- É... – Sussurrei.
- , por favor, abre a porta. Fala comigo! – Pressionei os lábios, me encostando na parede oposta à porta. – Eu sei que fiz merda, por favor, fala comigo.
- Ele quer falar comigo... – Suspirei.
- Você quer falar com ele? – Déb perguntou.
- Agora não... – Suspirei.
- Então ignora. – Ouvi mais batidas.
- , por favor!
- Ele não vai parar! – Sussurrei.
- Você está no hotel?
- Sim... – Falei em um suspiro.
- Vai para o banheiro e tranca a porta.
- ! – Ouvi a voz dele. – Me desculpe, eu fodi tudo. Michael me contou o que houve e quero saber se você está bem. – Engoli em seco, apoiando a mão na porta do banheiro. – Por favor, . Eu não dormi com aquela mulher, eu... Cala a boca, Michael! – Suspirei, pressionando os lábios. – Eu tinha a intenção sim, mas eu não consegui, não quando eu só penso em você! Merda, ! – Ouvi outras batidas na porta.
- ¡Cállate! Hay gente con ganas de dormir. – Ouvi outra voz e imaginei que tivesse sido do meu vizinho de porta.
- ¡Perdon! – Danny disse. – Fala para ele que estou tentando falar com a mulher que eu amo... – Meu coração palpitou.
- Eu não falo espanhol! – Michael gritou.
- ? – Ouvi a voz de Déb e soltei a respiração presa.
- Ele disse que eu sou a mulher que ele ama. – Engoli em seco.
- Uau! As coisas estão sérias, então?
- Eu não sei de mais nada. – Suspirei.
- Você só tem duas opções, . Deixá-lo entrar ou esperar a raiva passar. Você acha que está pronta para enfrentar essa conversa agora? – Ela perguntou e minha cabeça parecia pesar mais. Era o acontecido, as batidas na porta, esse susto agora. Tudo estava misturado.
- Não... – Sussurrei.
- Então vá para o banheiro e ignore o que ele está falando.
- ... Vamos, Wandinha. Fala comigo, por favor... – A voz de Danny ficou mais baixa e suspirei.
Virei o rosto para a cômoda e peguei a cartela do meu remédio de enjoo e entrei no banheiro, fechando a porta. O som não foi abafado completamente, ainda era possível ouvir as batidas na porta, mas ao menos abafou o som de sua voz.
- Pronto... – Falei para Déb.
- Agora coloca uma música e respira fundo. Eu estou aqui para você. – Assenti com a cabeça.
- Obrigada, Déb. – Suspirei.
- Sempre que precisar, amiga.
Me sentei no vaso sanitário e apoiei a cabeça entre as pernas, respirando fundo. Além da dor de cabeça, eu ainda tinha mais essa para lidar. Talvez por ter me apaixonado rápido demais, fez com que todos os sentimentos viessem muito rápido também.
Quando eu disse que queria empolgação, realmente não era esse tipo.
Daniel
- Acho que sim. – Suspirei e ele segurou minhas mãos, me ajudando a levantar e sentia meu corpo inteiro doer. – Ah, merda! – Estralei as costas, esticando as mãos para cima, ouvindo alguns ossos do meu corpo estalar.
- A Maria me ligou, cara. Você tem corrida em sete horas, Daniel. – Suspirei. – A gente precisa começar o treino.
- Eu não estou pensando muito nisso, de verdade. – Falei, fazendo alguns alongamentos nos braços. – Ela não me respondeu, cara. Você acha que ela está aqui mesmo?
- A gente perguntou no lobby. Ela está aqui, ela só realmente não quer falar contigo agora. Dê um tempo para ela também. – Ele disse, dando um tapinha em meu ombro. – As coisas já estão aquecidas demais, dê um tempo para ela.
- Até quando, cara? A próxima corrida é em Mônaco, eu estava pensando em fazer uma coisa especial para ela...
- Se acalma! – Ele disse firme. – Dá um tempo para ela, de verdade. Você precisa fazer seu alongamento, se arrumar e ir para o paddock. Eu vou tentar falar com ela e levá-la lá também. – Suspirei.
- Ela não vai, cara! Ela já não foi quando brigamos por causa do Alonso, imagina agora. – Suspirei.
- Você está pensando demais, vamos! – Ele me puxou e suspirei, sentindo-o me puxar para dentro de seu quarto. – Eu vou terminar de me arrumar e logo saímos. Senta aí e fica quieto. – Suspirei, me sentando na cama e deixei meu corpo cair para trás.
Minha cabeça estava doendo, eu tinha dormido no chão por umas três ou quatro horas e não tinha aparecido e nem respondido as minhas mensagens. Ao menos sabia que ela estava bem quando vi o online em seu nome, mas ela não respondeu e nem visualizou minha mensagem.
Quando Michael ficou pronto, saí relutantemente da frente de seu quarto, sem antes bater mais algumas vezes na sua porta, mas fui ignorado mais uma vez. Voltamos para o motorhome, vendo a agitação diária de corrida já na área dos trailers. Maria também estava lá e me deu aquele olhar que eu conhecia bem. Ela não estava nada feliz com tudo, mas não tinha como lidar com tudo isso e mais Maria irritada. Compensaria na corrida.
Michael me deu alguns minutos para eu tomar banho e comer alguma coisa e fizemos meus alongamentos no gramado do lado de fora. Tentei focar no motivo principal de estarmos aqui hoje, mas só conseguia pensar se eu não tinha destruído tudo ontem à noite. Nossa amizade, minhas chances de ficar com uma mulher bacana e minha sanidade também.
- Como está? – Ergui o rosto, olhando para Maria e me levantei.
- Eu estou bem. – Falei aleatoriamente. – É claro que não, mas você está me perguntando se eu estou bem para correr e eu estou. – Dei de ombros.
- Você pode não acreditar, mas eu me preocupo com o seu bem-estar. – Suspirei, passando as mãos no short de tactel. – Conseguiu falar com ela?
- Não, ela não abriu a porta. – Ela assentiu com a cabeça. – Você falou com ela?
- Não, eu dormi ontem à noite, diferente de você. – Suspirei.
- Está tão na cara?
- Não, mas eu vi vocês chegando. Você não dormiu aqui. – Suspirei.
- Obrigado por me ajudar com a loira... – Ela assentiu com a cabeça.
- Que eu não precise fazer isso de novo. – Ela disse. – E tenho que dizer que você deu sorte, mas a mulher era uma Maria gasolina. – Suspirei. – Ela faria isso com qualquer um.
- A culpa foi minha, eu podia ter dito não, mas fiquei com raiva com a e chamei ela para vir comigo. – Ela assentiu com a cabeça.
- E por que você fez isso? O que fez? – Suspirei.
- No final, ela não fez nada, era um idiota que estava a assediando, mas eu os vi se beijando e...
- Achei que só as mulheres criassem realidades que não existem. – Suspirei.
- Seria melhor. – Falei, negando com a cabeça. – Mas deixa isso para lá, eu vou tentar falar com ela de novo.
- Eu sei que as coisas não estão fáceis, mas tenta ao menos fingir que nada aconteceu. – Ela disse. – Dietrich Mateschitz* vai estar lá hoje e vai querer conversar.
- Ah, pior dia possível! – Suspirei.
- Vamos lá, lover boy! Vocês são amigos há 24 anos, certo? Ela vai falar com você... Eventualmente. – Revirei os olhos.
- Obrigado. Isso ajuda muito, de verdade. – Ela deu de ombros.
- Se arruma! – Ela disse e assenti com a cabeça.
Não demorou muito para eu seguir para dentro do circuito e com a quantidade de compromissos pré-corrida, quase deu para esquecer o que estava acontecendo... Quase! Não ter ao meu lado ou só encontrando-a interagindo com os mecânicos ou meus colegas, me irritava um pouco.
As horas foram passando e eu ainda tinha esperança de que apareceria ali e ao menos me deixasse vê-la antes da corrida, mas não. Até a hora de sair da garagem para o desfile dos pilotos, ela não tinha aparecido no circuito, muito menos na garagem.
- Vamos, Daniel! – Maria disse e suspirei, virando para Michael.
- Vai! Aproveita! – Ele disse e passei as mãos no cabelo, abrindo um largo sorriso e segui junto de Maria, encontrando Max e seu assessor no meio do caminho.
- Ei, Daniel! – Max disse, com uma lata de Red Bull na mão.
- Ei! – Falei, seguindo lado a lado.
- Empolgado com a corrida?
- Sempre! – Falei, dando uma risada fracamente, mas acho que eu não sabia mentir.
- Vamos lá! – Max disse e pressionei os lábios, encontrando outros pilotos pelo meio do caminho, todos seguindo para a mesma direção.
- Ei, Daniel! – Vi Fernando e Jenson se aproximar.
- Ei, cara! – Cumprimentei ambos com rápidos abraços e eles fizeram o mesmo com Max.
- Onde você se meteu ontem, cara? – Fernando perguntou. – Encontrou o pessoal?
- Ah, cara, você não tem ideia da merda que deu ontem à noite. – Suspirei, ajeitando o cabelo.
- Mais? Porque eu não me conformo com o que aconteceu com a . Peço desculpas por isso. O cara é um idiota...
- Não, cara, Michael disse que deu tudo certo. – Suspirei.
- Não falou com ela? – Ele perguntou.
- Não. – Suspirei. – Foi um desencontro de informações. Achei que ela estava beijando o cara, eu fiquei com uma garota, ela viu e...
- Ah, cara! Você não fez isso! – Ele disse e suspirei.
- É, eu fiz. – Neguei com a cabeça. – Aí eu fui atrás dela, ela não me atendeu, eu dormi sentado no corredor do quarto dela e...
- Pô, cara! – Ele disse e assenti com a cabeça.
- É. – Suspirei. – Para ajudar eu descubro o que o cara fez e só está somando para eu me sentir o pior cara do mundo.
- Não sei nem o que dizer para fazer você se sentir melhor, cara, mas deixa ela pensar um pouco. Vai dar tudo certo. – Suspirei.
- É, o problema é só que ela não veio, o que não é nem surpresa. – Cocei a cabeça.
- Me desculpe, cara. Tente extravasar sua raiva na corrida. – Suspirei, soltando a respiração fortemente.
- É, eu preciso ficar focado, vou tentar falar com ela de novo depois. – Falei e ele deu dois tapinhas em meus ombros.
- Vou torcer por você. – Ele disse e pressionei os lábios, entrando na garagem da FIA.
Tentei colocar meu melhor sorriso e cumprimentei alguns colegas de equipe, antes de seguir até o fundo da garagem, encontrando Grosjean, Massa e um intruso ali, me fazendo sorrir. Talvez dê um ânimo.
- Ei, carinha! – Falei para Felipinho. – Está perdido aqui?!
- Ei, Danny boy! – Cumprimentei Felipe, depois segui para Grosjean.
- E aí, carinha? – Estiquei a mão para ele, sentindo-o bater na minha mão. – O vencedor aqui!
- Hi, Danny! – Ele disse e abracei-o rindo fracamente.
- Bom te ver, carinha! – Baguncei seus cabelos, sorrindo. – Como estão as coisas? – Perguntei, endireitando meu corpo.
- Tudo bem e aí? – Felipe perguntou.
- É, está tudo certo. – Falei, ponderando com a cabeça.
- É? Tem certeza? – Felipe perguntou e ri fracamente.
- Só alguns problemas. – Suspirei.
- Cadê sua amiga? – Felipinho perguntou e dei um curto sorriso.
- Ela não está aqui hoje. Esse é o problema! – Falei para Felipe.
- Brigaram? – Ele perguntou.
- Pior! – Neguei com a cabeça.
- Oh... – Ele fez uma careta.
- Vamos, caras! Façam fila! – Virei para os organizadores da FIA.
- Te explico depois. – Falei, suspirando. – Vamos lá, carinha? – Perguntei para Felipinho.
- Sim! – Ele disse, animado, me fazendo dar um curto sorriso.
*Dietrich Mateschitz: é o co-fundador da marca Red Bull em 1984. Ele comprou a equipe Jaguar Racing em 2004, transformando-a em Red Bull Racing e sendo o primeiro responsável pelo sucesso da marca no automobilismo hoje, seja na F1 ou em outras categorias.
Peguei meu celular ao lado e abri o WhatsApp, procurando pelo número de Maria. Talvez fosse muito cara de pau, mas talvez ela conseguisse uma forma mais rápida de chegar em Auckland. Ponderei com a cabeça por alguns segundos e escrevi algumas palavras.
“Ei, Maria, sabe como eu posso chegar em Auckland sem ficar 40 horas em trânsito?” – Enviei, respirando em seguida. – “Aconteceu um imprevisto no trabalho, vou precisar ir para lá”.
Não tínhamos nenhuma amizade, mas podia contar com uma relação de mulheres, não é? Danny provavelmente não contou nada para ela, sei que eles não têm tanta relação assim, então poderia contar com um pouco de ignorância da parte dela.
Meu rosto desceu para o relógio do notebook e faltava poucos minutos para as três da tarde e aquilo me fez suspirar. É claro que eu queria ver a corrida, é claro que eu queria ver Danny. Claro que eu também gostaria de estar ali no paddock, mas minha cabeça estava uma bagunça.
Depois de dormir mais do que meu remédio de enjoo permite, ainda acordei com dor de cabeça, mas isso foi resolvido com um pouco de comida. Mandei mensagem para Michael, perguntando sobre Danny e ele disse que Danny dormiu no corredor esperando que eu aparecesse. Meu coração apertou por isso, ele não podia deixar nossos problemas afetar o desempenho dele nas corridas. Essa foi a condição quando decidi vir.
Me sentia encurralada sobre o que fazer, eu queria falar com ele, mas também queria ir para casa, nem que fosse para ser consolada pela minha amiga ou tentar evitar perguntas de Grace. A raiva tinha passado, mas agora eu sentia mágoa. Mágoa por ele não vir falar comigo quando me viu com aquele cara e, pior, usar isso como desculpa para ficar com uma qualquer minutos depois.
Quem ele pensa que eu sou?
Da mesma forma que eu tinha uma visão diferente dele quando comecei a acompanhá-lo, pelo jeito ele também tinha minha.
Liguei a televisão, procurando pelo canal de esportes até achar a corrida. A câmera estava focada em Max e depois mudou para Danny, me fazendo respirar fundo. Por que eu comecei a achar esse homem bonito? Como foi possível isso acontecer em tão pouco tempo?
Neguei com a cabeça, vendo os carros saírem para a volta de apresentação e fiz meu tradicional sinal da cruz, me fazendo suspirar. Os carros voltaram para o grid, se organizando e vi as luzes se acenderem uma a uma.
- Arrasa, tigrão! – Falei, vendo as luzes se apagarem e os carros largarem.
Danny conseguiu manter sua posição durante a largada, mas seu companheiro de equipe acabou perdendo uma posição para Kimi Raikkonen. Quando o caos da largada parecia ter passado, Rosberg, que tinha passado Hamilton na largada, seguiu em frente, mas, após subir em cima do kerb, acabou deslizando no gramado, entrou na pista de novo, colando em Nico, empurrando os dois carros para fora da pista.
- Que merda! – Arregalei os olhos, chocada com o que tinha acontecido, sentindo meu coração bater mais forte, mas ambos estavam bem.
A vantagem é que Danny agora liderava a corrida, mas a corrida acabou para as duas Mercedes no meio da primeira volta. Deus! Isso vai dar muito problema! O replay passou algumas vezes e a roda dianteira esquerda de Hamilton parece ter tocado em Rosberg, fazendo-o deslizar na grama e bater nos dois carros.
Merda!
O safety car foi liberado e saiu na quarta volta de 66. Ao menos eles bateram e os carros foram empurrados para a caixa de brita, o que deixou poucos resquícios na pista. Durante as 10 primeiras voltas, as ultrapassagens para terceiro lugar estavam animadas, mas o novo companheiro de equipe de Danny estava a menos de dois segundos dele e isso me deixava apreensiva. Tinha mais 58 voltas para a corrida acabar e muito podia acontecer.
Pela décima volta, vários pilotos começaram a ir para os pits stop e estava perdida quanto as estratégias e informações sobre a pista. Não tinha tanta ideia de tudo o que acontecia, mas estando na garagem, com tantas informações, dava para ter uma melhor noção. Danny foi uma das pessoas a ir para os boxes e saiu em sexto lugar, deixando Max liderando a corrida momentaneamente, já que ele também foi para os boxes.
Outros pilotos também foram para os boxes e Danny subiu para a terceira posição na décima terceira volta. Uma volta depois, na área do grid de largada, Danny conseguiu subir para segundo lugar, ficando a 16 segundos de Vettel que liderava a corrida, Grosjean estava na sua cola a menos de dois. Parece que mesmo todos os problemas dessa noite, Danny continuava bastante focado e me deixava feliz por não ter culpa nisso.
Na décima quinta volta, Vettel parou nos boxes e Danny voltou a liderar a corrida, me fazendo sorrir e notei que estava torcendo por ele mais uma vez. Ai, como eu sou tonta. Acho que esse é outro motivo de eu não namorar, ficava interessada muito rápido. Apesar que a curiosidade em ser Danny, talvez falasse mais rápido.
Será que ele realmente não tinha dormido com a mulher ontem? Ele estava de calça ainda e ela estava com o conjunto completo de lingerie. Ainda tinha o agravante de ele ter tido a intenção de dormir com ela, mas por que será que ele não seguiu em frente? Ai, minha cabeça!
Desviei o rosto para a televisão novamente, vendo que Hulkenberg abandonava a prova na vigésima segunda volta por um pequeno incêndio na parte de trás do seu carro. A bandeira amarela foi acionada e ficou até a vigésima oitava volta. Nesse período, Danny não podia respirar, pois Max estava a menos de um segundo dele e Vettel menos de um e meio. Qualquer deslize, ele seria facilmente ultrapassado.
No final da bandeira amarela, Danny foi para os boxes de novo, saindo em quarto lugar, atrás de Verstappen, Vettel e Raikkonen. Agora era correr atrás da compensação. Quando Vettel foi para o pit stop, Danny subiu para terceiro novamente. Na trigésima segunda volta, Danny cravou a melhor volta da corrida com 1:28:974, espero que continuasse assim. Na volta seguinte, ele baixou o tempo para 1:28:885, mas minha felicidade durou literalmente alguns segundos quando Vettel bateu o tempo com 1:28:137.
Na trigésima quinta volta, foi a vez de Verstappen fazer seu pit stop, saindo em quarto lugar e Danny subiu para segundo, menos de sete segundos atrás de Raikkonen que liderava a corrida. Uma volta depois, Danny se transformou no líder da corrida quando Kimi foi para os boxes. Observei pela estratégia de pneus que Danny estava com a estratégia macio, médio, macio, já Verstappen fazia macio, médio e médio, e sabia que a equipe estava tentando duas coisas diferentes.
Na vigésima terceira volta, Danny foi pela terceira vez para o pit stop e trocou por pneus médios e deu para perceber qual estratégia estava dando mais certo. Ele saiu em quarto e tinha 20 voltas até o final da corrida. Era sete segundos entre ele e Verstappen, dava para ele recuperar.
Na quadragésima volta, Alonso acabou abandonando a corrida, mas aparentemente por problema técnico. Ao menos isso. Deu para notar o quão irritado ele e o pessoal da McLaren estavam. Depois de bons anos com Button, parecia que a equipe inglesa não estava indo tão bem e lembro o quão fascinado pela McLaren Danny era quando criança.
Durante várias voltas, nada mudou entre os quatro primeiros lugares, o novato da Red Bull estava fixo no primeiro lugar, seguido pelas duas Ferrari de Kimi e Vettel, depois vinha Danny que mantinha a distância de menos de um segundo de Vettel.
Na quinquagésima volta, Danny tentou um movimento ousado ao tentar ultrapassar Vettel pela direita, fazendo os carros se chocarem, mas acabou saindo da pista um pouco, precisando recuperar, com isso, Vettel recuperou o espaço e isso não afetou a colocação.
- Merda!
- Que merda ele está pensando? Ele veio em cima do meu carro! – O rádio de Seb foi ligado na TV. – Estamos correndo ou jogando pingue-pongue?
- Merda, Vettel, você é mais metódico do que eu pensava. – Neguei com a cabeça.
Na sexagésima volta, Danny tentou novamente, mas travou as rodas, evitando fazer um movimento mais firme. Na sexagésima quinta volta, uma surpresa nada agradável, Danny tinha um pneu furado.
- Gente, eu tenho um puncture! – Ele disse e pressionei os lábios.
- Você só pode estar me zoando! – Suspirei, vendo Danny entrar no pit stop, saindo em quinto lugar, mas conseguiu voltar para quarto logo na saída.
A corrida acabou aí com comemoração da Red Bull pela vitória de Max, o piloto mais jovem de todos a conseguir uma vitória na Fórmula Um e, mais interessante ainda, em sua primeira corrida na equipe principal.
Merda, Danny deveria estar se sentindo um desastre. Liderar a corrida por bastante tempo mesmo, para acabar em quarto, quase perder a posição por uma péssima estratégia de pneu e, pior, ver seu novíssimo companheiro de equipe levantar o troféu. Merda! Isso era fodido demais.
Fui ao banheiro rapidamente, liberando a vontade de fazer xixi desde a quadragésima volta e voltei a me sentar na cama, acompanhando a câmera seguir pelos pilotos enquanto eles seguiam para o pit lane, e pelos três vitoriosos até a garagem da FIA.
Neguei com a cabeça vendo as pontuações dos pilotos e Danny agora havia empatado com Vettel em quinto lugar no campeonato, mas o alemão ficava em quarto lugar pela melhor posição. Merda! Hoje não podia ser pior.
A câmera mudou para as entrevistas em segundo plano enquanto Max, Kimi e Vettel se preparavam para subir no pódio. Danny foi literalmente o primeiro a aparecer na área da imprensa dessa vez. Talvez por eu não segurá-lo em um forte abraço quando eu estava lá. Ironicamente, era o que eu mais queria fazer agora.
- Danny, me fale sobre a corrida, depois de tudo, deve ter sido difícil ver seu companheiro de equipe no pódio...
- Não acho que seja difícil ver Max no pódio, é difícil para mim não estar no pódio, essa é a grande decepção hoje. – Mordisquei meu lábio inferior com a barba feita para a balada ontem. – Eu estava liderando e a Mercedes teve seus problemas na primeira volta. Nós fizemos uma estratégia de três paradas, fizemos a última muito tarde, os outros carros estavam fazendo as trocas, achamos que deveríamos fazer, mas tinha três carros para passar com pneu muito desgastado, é frustrante pensar que poderíamos ter vencido hoje.
- Vocês trocaram porque outros times estavam trocando?
- Não sei, não falei com ninguém ainda. Eles estão aproveitando o pódio agora, mas não entendo por que eu... Normalmente quem lidera tem a melhor estratégia, mas não funcionou hoje. – Pressionei os lábios, sentindo meu coração apertar pela força em lidar com isso de forma sarcástica sem parecer rude.
- E você ainda teve um puncture no final também, foi por contato na barreira?
- Não acho que teve nenhum contato, talvez seja pelas tentativas de ultrapassagem, talvez não, são situações que nunca vamos saber o que aconteceu de verdade. – Apertei as mãos no travesseiro.
- Você tentou fazer ótimas ultrapassagens em Seb no final, me explique suas tentativas agora no final da corrida.
- O frustrante é que não acho que precisamos estar em uma posição de fazer isso, acho que deveríamos ter liderado a corrida inteira se tivéssemos feito a melhor estratégia, mas com Seb a caminho do pódio e de uma potencial vitória, eu tentei ultrapassar e aparentemente ele falou que eu fui um pouco agressivo no rádio... Típico. – Gargalhei alto, cobrindo as mãos com a boca.
- Ah, cara! Foi direto mesmo. – Ri fracamente, ouvindo meu celular apitar e peguei-o, vendo que Maria tinha respondido.
“Claro, posso checar para você. Te dou uma resposta assim que possível. Está tudo bem?” – Ela respondeu e suspirei, deixando meu corpo cair na cama.
Não tinha a menor ideia. Parecia que agora eu me sentia pior por não estar lá no circuito com Danny após esse desastre de corrida. Acho que conseguiu ser pior até do que da Rússia, apesar do melhor resultado.
Estava na hora do meu menino brilhar e eu tinha algumas horas para decidir se o veria brilhar pessoalmente ou na televisão de casa.
*Kerb: em termos simples: é todo traçado que fica em volta da pista, pintado de branco e vermelho.
Peguei minha mochila no chão, colocando-a nas costas e o celular, olhando rapidamente se tinha alguma notificação, mas só da minha família, nada de e isso estava me incomodando demais. Até quando ela me daria gelo? Precisamos conversar, temos que ir para Mônaco em alguns dias e eu tinha esperança de que pudesse consertar tudo lá.
- Estou pronto. – Falei para Michael.
- Vamos resolver isso. – Ele disse e fui até a porta, abrindo-a.
O paddock estava mais vazio depois do fim da corrida, mas eu ainda tinha um último compromisso antes de poder ir embora. Atravessei a rua até a garagem novamente e deixei minha mochila com Michael antes de ir até o pit lane, encontrando a equipe se organizando para tirar fotos com Max pela vitória.
- Ei, não esquece de mim! – Brinquei.
- Daniel! – O pessoal falou empolgado e fui até Max.
- Parabéns, cara! – Nossas mãos estalaram e dei um abraço nele.
- Obrigado, Daniel! – Ele disse. – Sinto por você...
- Não, está tudo bem! – Falei, sentindo o gosto amargo na boca.
- Achei que não fosse aparecer. – Christian disse, esticando a mão e ele me puxou para baixo. – Vem logo!
Ri, me sentando entre Christian e Max e olhei para o fotógrafo. Enquanto as pessoas comemoravam, eu tentei entrar na delas, pelo bem da equipe, mas minha cabeça não estava lá. Uma bola de pelos parecia estar presa na minha boca e eu só conseguia pensar em . Depois de algumas fotos, consegui me levantar, ajudando Christian também, ouvindo mais gargalhadas do pessoal.
- Vamos para reunião? – Christian perguntou.
- Podemos fazer amanhã? – Perguntei. – Eu tenho uma coisa um pouco mais urgente para falar.
- Está tudo bem?
- Está, mas você provavelmente sentiu falta de alguém hoje... – Ele olhou em volta.
- Sua amiga. – Assenti com a cabeça. – Ela está bem?
- Sim, sim, eu volto mais tarde se for preciso, mas...
- Temos amanhã! – Ele disse e acenei com a cabeça, em agradecimento.
- Obrigado! A gente se fala! – Dei dois tapinhas em seus braços, me virando para Michael e peguei minha mochila novamente.
- Daniel! – Ouvi uma voz mais fina e virei o rosto na expectativa, mas encontrei Maria.
- Ei, Maria. Eu estou indo encontrar a . – Suspirei. – Tentar, pelo menos.
- Eu vim falar exatamente sobre ela. – Ela disse.
- Conseguiu falar com ela? – Perguntei.
- Ela me mandou mensagem. – Ela me mostrou o celular. – Ela me pediu uma passagem para Auckland.
- AUCKLAND? – Franzi a testa. – Ela não pode ir embora! – Passei as mãos nos cabelos. – E que merda ela quer fazer na Nova Zelândia? – Suspirei.
- A Déborah. – Michael disse.
- O quê? – Virei para ele.
- Minha ex, a Déborah mora em Auckland, elas são amigas ainda, não? – Arregalei os olhos.
- MERDA! E o que você respondeu? – Virei para Maria.
- Falei que veria para ela, acho que ela pensou que eu não sei da história e tentou usar uma desculpa de trabalho.
- Eu tenho que ir para o hotel. Nos falamos depois?
- Claro! Me mantenha informado! – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Vamos? – Chamei Michael.
- Claro! – Ele disse e corri para dentro da garagem novamente, seguindo pelo paddock, até o estacionamento.
Fiquei feliz por já ter passado algumas horas do fim da corrida e consegui sair do estacionamento mais rápido e sem precisar dar atenção aos fãs. Os adorava demais, mas eu tinha uma pessoa em especial que eu precisava cuidar agora. Provavelmente a pessoa mais importante da minha vida desde sempre.
Quando estacionei, acabei subindo na calçada, mas não tive paciência para ajeitar e pulei do carro. Michael me acompanhou e apertei o botão do elevador diversas vezes antes de notar que o do lado já estava no térreo. Subi os andares batendo o pé apressadamente no chão e trombei com a porta quando saí mais rápido do que ela abriu.
- Me deseje sorte! – Pedi e ele suspirou.
- Boa sorte. – Ele disse e me aproximei da porta do quarto de novamente e suspirei, batendo os nós na madeira algumas vezes.
- Quem é? – Ouvi sua voz, fazendo meu corpo suspirar em alívio.
- Sou eu... Danny. – Falei baixo e ela ficou em silêncio por alguns segundos.
- O que você quer? – Ela perguntou e apoiei a testa na porta.
- Falar contigo. Ver você... – Fechei os olhos. – Me desculpar pelo que houve ontem... E que você não vá para Auckland.
- Maria te contou...
- Sim! – Suspirei. – Ela sabe de tudo, . Por favor, deixa eu te ver. Eu não sou esse cara.
- Você foi ontem... – Ela respondeu.
- Eu sei e eu fui um idiota. – Suspirei. – Eu não deveria ter feito aquilo. Eu estava cego de ciúmes, mas eu me senti um completo idiota depois que me contaram o que aconteceu contigo. Eu só queria cuidar de você e enfiar um soco na cara do idiota que tocou em você. – Engoli em seco, sentindo o gosto ruim na boca. – Por favor, deixa eu te ver... Me dá outra chance.
- Eu não sei o que fazer, Danny. Dói muito... – Pressionei os lábios.
- Eu sei, dói em mim também. – Suspirei, encarando a porta. – Por favor, deixa eu te mostrar que isso não passou de um mal-entendido que juntou com ciúmes e eu fui um babaca momentâneo. – Suspirei. – Por favor... Eu ainda não sei o que está acontecendo conosco, , mas eu estou louco para descobrir. – Fechei os olhos, somente ouvindo o silêncio.
Virei para Michael que ainda me encarava e ele deu de ombros, me fazendo suspirar e engoli em seco. Dei um passo para trás, erguendo minha cabeça e pigarreei, tendo uma ideia estúpida, mas talvez apelasse para o lado sentimental.
- So she said “what's the problem baby?” – Comecei a cantar baixo, mais lento que o normal. – What's the problem? I don't know, well maybe I'm in love, love. Think about it every time, I think about it, can't stop thinking 'bout it. – Suspirei, aproximando o rosto da porta. – How much longer will it take to cure this? Just to cure it cause I can't ignore it if it's love, love, makes me want to turn around and face me, but I don't know nothing 'bout love… Oh-oh!
- Isso é golpe baixo... – Notei sua voz mais perto e dei um curto sorriso.
- É, eu sei. – Falei. – Só me dê uma chance, . A próxima corrida é em Mônaco, eu estava preparando algumas coisas para gente... – Suspirei. – Se mesmo assim você não acreditar em mim ou querer nunca mais me ver, eu saio da sua vida para sempre... – Me assustei, vendo uma fresta da porta se abrir com o trinco de segurança esticado.
Vi seu rosto aparecer pela fresta, os olhos vermelhos e algumas lágrimas deslizando pela sua bochecha. Dei um curto sorriso, focando meus olhos nos dela e só queria acabar com essa distância, mas vê-la ali já fazia meu coração se acalmar.
- Essa é a pior parte. – Ela falou, pressionando os lábios. – Eu não sei mais viver sem você, Danny. – Ela suspirou. – Desde antes de estar apaixonada por você. – Dei um sorriso com essas palavras. – Você é tudo para mim. Meu amigo, minha família, sua família é minha família... – Assenti com a cabeça.
- Eu sempre vou estar aqui para você, . Da forma que você quiser. – Pressionei os lábios. – Mas gostaria de dar um avanço na nossa relação, se possível. – Ela pressionou os lábios, assentindo com a cabeça, mordiscando os lábios.
- Você... Você dormiu com aquela mulher? – Neguei com a cabeça.
- Não. – Suspirei. – Porque eu não conseguia parar de pensar em você. – Ela fechou a porta e virei para Michael. – O que eu falei de errado? – Ele deu de ombros e a porta se abriu novamente.
- Nada... – Ela disse, pressionando os lábios e suspirei, observando-a de corpo inteiro e suspirei.
Short e camiseta regata não ficavam bem em todo mundo, mas sabia fazer isso com maestria. Os pés estavam descalços, os cabelos armados e o rosto limpo, com exceção dos olhos vermelhos, mas ela continuava me provando que é a mulher mais linda do mundo.
- Ah, ! – Suspirei. – Sinto muito.
- Estamos fodidos, certo? – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Provavelmente. – Suspirei. – Mas eu vou estar aqui por você para o que é que você precisar. Em todo sentido da palavra. – Ela assentiu com a cabeça. – Eu não sei mais viver sem você... – Ela pressionou os lábios. – De um jeito ou de outro.
- Eu não sei também... – Ela disse e suspirei.
- Eu preciso te abraçar. – Ela assentiu com a cabeça e entrei no quarto, passando os braços em volta de seu corpo e fechei os olhos.
Suas mãos subiram para meus ombros e afundei meu rosto em seu pescoço. O cheiro de baunilha estava lá e pressionei meu nariz em seu pescoço, gravando o cheiro que eu mais gosto do mundo. Meu corpo relaxou novamente e podia ficar aqui pelo resto da vida, só com ela em meus braços.
Ela se afastou devagar e mantive as mãos em sua cintura enquanto ela erguia o rosto para mim. Os olhos avermelhados me incomodavam ainda, mas ao menos as lágrimas tinham secado. Segurei sua nuca, afagando seus cabelos e passei o polegar em sua bochecha. Aproximei meu rosto do dela e ela virou o rosto para o lado, me fazendo pressionar meus lábios em sua bochecha.
- Vamos devagar, ok?! – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Ok, mas, por favor, não vá para Auckland, fica comigo. – Ela confirmou com a cabeça, apoiando as mãos em meu peito.
- Não faça isso de novo. – Ela pediu. – Não me machuca.
- Não. – Neguei com a cabeça. – Eu realmente não sei viver sem você, . Seja como amigos ou... – Suspirei. – Eu acho que estou apaixonado por você. – Ela deu um curto sorriso.
- Eu ouvi o que você falou ontem. – Ela pressionou os lábios e senti meu rosto esquentar. – Isso é o que mais está confuso para mim.
- É... – Falei, rindo fracamente.
- Vamos descobrir juntos, ok?! Para valer. – Assenti com a cabeça, colando os lábios em sua bochecha mais uma vez e desci as mãos até sua cintura. – Sinto muito sobre a corrida. – Ela disse e suspirei.
- É, não vamos falar sobre isso agora. – Pedi. – Foi um desastre.
- Sinto por não estar lá. – Assenti com a cabeça.
- Não faça isso também. – Pedi. – Eu não sei mais fazer isso sem você. – Ela assentiu com a cabeça.
- Isso é dependência. – Ela brincou, me fazendo sorrir.
- Eu sei. E é assim que eu sei que estou ferrado. – Ela sorriu, assentindo com a cabeça e me assustei com a batida da porta e virei o rosto para ela. – Acho que Michael cansou de assistir. – Ela riu fracamente.
- Ele estava aqui ainda? – Ela perguntou.
- Sim. – Falei, deslizando a mão pelo seu corpo. – Ele me contou o que houve contigo. O filho da puta fez algo contigo? – Ela negou com a cabeça.
- Não, eu estou bem. – Ela suspirou. – Ele só me beijou, mas Michael deu uma chave de braço nele e conseguiu segurar o cara.
- Não acredito que esse filho da puta te beijou antes de mim. – Ela riu fracamente.
- Não se preocupe, você foi o primeiro de sempre. – Ela apoiou a cabeça em meu ombro e sorri.
- Ao menos nisso eu preciso ter uma vantagem. – Dei um beijo em sua cabeça, apoiando a minha nela.
Capítulo 15
- Eu não sei se eu quero ir, mãe. Acho que não estou me sentindo bem. – A menina disse.
- Você não querendo encontrar o Danny? Com certeza está passando mal. – Helena atravessou o quarto, seguindo até a filha e colocou a mão na testa dela, mas não tinha nada de diferente.
- Não é isso, eu só não tô bem. – Ela disse, fingindo uma tosse em seguida que foi pega por Helena no segundo seguinte.
- Aconteceu alguma coisa entre você e o Danny, filha? Faz um tempo que ele não vem aqui. – Helena perguntou.
- Não aconteceu nada, mãe! – A menina falou um pouco rápido demais. – Ele só tá ocupado com as corridas e eu com o time, só isso.
Helena olhou fixo para a menina com os olhos apertados e tentou desviar o olhar de sua mãe. Era uma péssima mentirosa, mas estava entrando em desespero ao encontrar Danny depois do que aconteceu na festa de aniversário da Arya. Ela se sentia estranha, com borboletas no estômago e sua cabeça voltava sempre ao beijo.
Ele tinha sido seu primeiro beijo na vida. Danny tinha beijado ela e ela quase conseguia sentir os lábios dele nos seus ainda, além das suas mãos em seus braços. Ele era sempre muito cuidadoso com ela e não foi diferente disso, mas ela não sabia o que fazer depois do que houve. Tentou desconversar com Déborah quando ela perguntou e aproveitou a primeira carona para voltar para sua casa após a festa, mas não parava de pensar nisso.
- Eu não sei o que está acontecendo, não sei se vocês brigaram, mas você não vai perder a festa da Grace. Você tem cinco minutos para se vestir e ir para baixo. – Helena disse séria, saindo do quarto e a menina de 14 anos recém-feitos, suspirou longamente.
Ela se levantou, desanimada e foi até o vestido pendurado no cabide, colocando por cima da calcinha e sutiã de bolinhas rosas. Ela colocou as sandálias e passou um gloss nos lábios antes de soltar os cabelos do rabo de cavalo frequente e jogá-los para trás. Ela se incomodava um pouco com os cabelos armados, a maioria das meninas tinham cabelos lisos, mas ela achava que combinava com ela.
Talvez tivesse dado mais do que cinco minutos para ela descer, mas os pais sorriram quando ela chegou lá embaixo. A mãe ajeitou o vestido levemente torto e jogou os cabelos da menina para trás.
- Linda! – Ela sorriu. – Não é, Alex?
- A menina mais linda do mundo! – Alex disse e a menina deu um curto sorriso. São seus pais e é trabalho deles dizer isso, mas ela se sentiu mais relaxada.
Todos entraram no carro e seguiram até a casa da família Ricciardo, no tradicional número três. não tinha ideia de como agir. Não era mentira que ele estava ocupado com os treinos de kart e ela com o time de cricket, mas eles nem se olharam durante as aulas, então sabia que Danny se sentia incomodado também, apesar de tentar acalmá-la antes do beijo.
A família de Danny estava em peso quando chegaram na casa deles, até gostava, conhecia todo mundo, então podia perder alguns minutos falando com os avós, tias e primos até realmente encontrar Danny e Michelle.
- Que bom vê-los! – Grace disse e entrou devagar pelo quintal da casa, fazendo questão de ser a última, podendo realmente analisar o território.
- Feliz aniversário! – Helena disse, abraçando a amiga, entregando o presente.
- Ah, obrigada! – Elas deram um longo abraço, depois Alex fez o mesmo. – Fiquem à vontade, gente! Está um pouco bagunçado aqui.
- Feliz aniversário, tia Grace! – disse, abraçando Grace e a mais velha não se conformava por ela e Daniel já terem passado ela em altura.
- Obrigada, meu amor! – Ela estalou um beijo na bochecha da menina. – Danny está ali fora com as crianças. – Ela indicou para fora e a menina não estava tão empolgada em chegar lá.
- Vai, filha! Resolvam o que vocês têm para resolver. – Helena empurrou a filha pelas costas e a menina suspirou.
- Eles estão brigados? – Grace sussurrou e Helena deu de ombros.
- Pelo jeito sim. – Helena cochichou.
andou o mais lentamente possível, mas ficou feliz pelos avós italianos de Danny reconhecê-la, até algumas tias que estiveram lá no Natal do ano passado. Todos falaram como a menina estava linda e crescida, deixando-a levemente envergonhada, mas ao menos mais gente achava isso, então deveria ser verdade.
Quando ela chegou lá fora, ela suspirou. As meninas estavam com Michelle ao redor da piscina e, perto do fliperama de Joe, os meninos. Ela reconheceu os cabelos de Danny no meio dos meninos e suspirou. Talvez ir até as meninas fosse a melhor escolha.
- ! – Seu rosto se contorceu em uma careta quando ouviu a voz do amigo e tentou aliviar ao virar para ele, vendo-o correr em sua direção. – Você veio!
- Ei, Danny. – Ela disse, sentindo suas mãos tremerem.
- Faz tempo que a gente não se fala. – Ele disse.
- É... – Ela suspirou.
- É por causa do... – Ele ponderou com a cabeça. – É, não é? Eu não devia ter feito isso e...
- É... – Ela disse.
- Podemos conversar sobre isso? Como adultos? Eu não perguntei se você queria ou se você se sentia confortável com isso... – Ela assentiu com a cabeça. – Vem cá! – Ele disse, puxando-a pelo braço e ambos seguiram pela lateral da casa de Danny, até as escadas da entrada e ambos passaram pela porta de tela. Ela sabia o caminho que estavam fazendo e logo entraram no quarto de Daniel. – Pronto. – Ele fechou a porta e ela se encostou na parede. – Fala comigo. Você sumiu, a gente não faz isso...
- É estranho, Danny! Foi muito estranho! – Ela disse e ele suspirou.
- Não é, . Foi só um beijo. – Ela engoliu em seco.
- Foi meu primeiro beijo, Danny! Da vida! – Ela abaixou o rosto, evitando olhar para o amigo. – Eu não queria que fosse assim... – Ele olhou para ela.
- Desculpa. – Ele falou baixo. – Eu deveria ter negado contigo...
- Nunca gostei desses jogos por isso. Não tem nada a ver. – Ela disse. – E a Jemma faz isso de propósito.
- Ela não fez nada, , eu que te chamei e foi o Luka que deu o desafio. – Ele suspirou. – Eu só não achei que você ia ficar mal depois.
- E como você está bem com isso? Também foi seu primeiro beijo. – Ela disse. – Eu sei que você não beijou a Marjorie no ano passado.
- Não conta isso para ninguém. – Ele pediu e ela revirou os olhos.
- Sério que você está preocupado se alguém souber que é mentira? A própria Marjorie não está nem aí com isso. – Ela revirou os olhos. – Maior povo chato, irritante... – Ela foi falando, andando até a cama do menino e se sentando nela.
- É bom com as meninas... – revirou os olhos.
- E eu sou o quê? Um pato? Se eu estivesse a fim de você e descobrisse que era mentira, eu te acharia um idiota. – Ela disse. – Não que não seja. – Ele riu, lhe mostrando a língua.
- Viu? Não tem por que você ficar chateada, já estamos falando besteira como sempre. – Ele foi até ela, se sentando ao seu lado.
- Mas não dá para agir como se nada tivesse acontecido, Danny. – Ela disse.
- Dá sim, . – Ele segurou sua mão em seu colo. – Nada aconteceu, certo? – Ele virou para ela. – Ou você se apaixonou? – Ela franziu a testa. – Eu sei que sou irresistível, mas... – A menina o empurrou com as duas mãos, fazendo-o cair da cama e ambos gargalharam.
- Idiota. – Ela disse e ele riu, se ajeitando no chão.
- E pensa bem, ao menos nosso primeiro beijo foi entre a gente. – Ele deu de ombros. – Não tem como ser ruim.
- Foi estranho. – Ela fez uma careta.
- É porque somos amigos. – Ele disse. – Com o tempo a gente vai se esquecer. E eu peço desculpas de novo, não deveria ter entrado na deles.
- Não mesmo. – Ela disse, pressionando os lábios.
- Ao menos vai ser uma história engraçada para contar para os filhos. – Ele disse, rindo.
- Não mesmo! – Ela disse rapidamente. – Isso vai ficar só entre nós. Eles já nos zoam sem motivo, imagina se eles souberem disso? A gente não vai ter paz. – Ele ponderou com a cabeça.
- É, você está certa. Minha avó vai começar a organizar nosso casamento hoje mesmo.
- Eca! – Ela fez uma careta e foi aí que teve certeza de que tudo não se passava de empolgação.
- Mas você me desculpa? – Ele perguntou, se arrastando até ela. – Não queria te chatear.
- Desculpo. – Ela disse e ele se levantou, abraçando a amiga que passou os braços pela sua cintura. – Está tudo bem.
- Daniel, eu já não disse... – Ambos se afastaram com Joe abrindo a porta. – Ah, é você, .
- Ei, tio Joe! – acenou. – Estamos só conversando.
- Desculpe! – Ele disse. – Não fiquem escondidos aí, tem mais gente aqui, deem atenção, vão brincar, por favor. – Ele disse antes de sair.
- Brincar? – Danny virou para menina. – Que idade eles acham que a gente tem ainda?
- Vai saber. – Ela deu de ombros e se levantou.
- Mas não seria nada mal jogar um pouco de fliperama. – Ela ponderou com a cabeça.
- Vamos lá! – Ela disse, rindo, saindo antes dele pela porta.
Apesar do primeiro estranhamento, o beijo não havia sido estranho por eles serem amigos, como achavam, e sim por ter sido o primeiro beijo de cada um, mas eles não sabiam disso ainda.
- Vamos foder tudo, galera! – Ele disse, animado e neguei com a cabeça.
- Vamos! – Maria disse e segurei nas alças da minha mochila, seguindo Maria e Henrique pela pista do aeroporto. Logo senti a mão de Danny em minhas costas e dei um curto sorriso para ele, sentindo-o beijar minha cabeça logo em seguida.
Seguimos pela pista por alguns metros até seguir pela parte coberta. Chegamos na parte coberta e achei que todos seguiriam para dentro do salão de desembarque, como eu e Danny fizemos para pegar o trem para Mônaco da última vez que estivemos aqui, mas eles seguiram beirando a sala de desembarque pelo lado de fora.
- Aonde vamos? – Cochichei para Danny.
- Você vai ver. – Ele disse e franzi a testa.
- O que está escondendo de mim? – Sussurrei.
- Mônaco está muito cheia para chegar de trem. – Ele disse, piscando para mim e fiquei confusa.
Andamos por mais alguns metros antes de entrar em um prédio com uma nova sala de embarque e virei o rosto para a parede “transporte particular de helicóptero” e meus olhos se arregalaram talvez até demais.
- Vamos de helicóptero? – Perguntei, assustada.
- Surpresa! – Ele disse e entreabri os lábios.
- Merda, Danny! Isso é louco! – Falei. – Eu não tenho coragem de andar nisso, não. – Senti meu passo parar e algumas pessoas nos olharam.
- Ah, você vai sim! – Ele me puxou pelo braço.
- Eu nunca andei nisso antes, pelo amor de Deus! – Falei, abraçando à uma pilastra.
- Você nunca tinha andado de jatinho também. – Ele disse e ri de nervoso.
- E vemos que eu odiei! – Falei e ele me abraçou pela cintura, me puxando. – Daniel!
- Vem! – Ele disse, arrastando meus pés.
- Daniel! – Choraminguei, ouvindo-o rir perto de meu ouvido.
- Vem logo! – Ele disse e meus pés voltaram para o chão, ainda arrastados. – Você vai adorar!
- Não vou, não! – Falei, andando devagar e Michael ria de mim. – Você deveria ter me falado.
- É, mas eu tentei fazer surpresa...
- Você precisa parar de fazer isso. – Suspirei. – Foi por isso que você não deixou eu tomar o remédio?
- Não, a viagem dura uma hora e 15, você ia dormir o resto do dia inteiro, qual é! – Ele me empurrou e comecei a subir as escadas mais finas. – A gente precisa aproveitar, esqueceu? – Gemi, sentindo-o me empurrar pelo quadril e apoiei as mãos no corrimão, me forçando a subir mais rápido. – Abaixa a cabeça quando sair pela porta. – Ele disse.
Fiz uma careta quando Michael estava lá em cima segurando a porta e por ela eu via o terraço e ouvia uma batida quase como um pássaro gigante... As pás do helicóptero. Engoli em seco e Danny me empurrou para chegar no mesmo andar e meus cabelos soltos foram para os ares imediatamente. Meu corpo girou quase 180 graus no terraço e vi o helicóptero, me fazendo engolir em seco, além da equipe de Max já entrando.
É maior do que eu pensava.
- ISSO É LOUCO! – Minha voz saiu mais alta, mas Danny nem tentou responder, ele só me segurou pela cintura de novo, me empurrando em direção ao helicóptero e acho que estava começando a enjoar e eu nem tinha entrado lá.
Um homem me ajudou com a mochila e entreguei a ele no automático antes de outro me esticar a mão para eu subir. Max e sua equipe ocuparam os quatro bancos da frente, então nos sobraram os quatro de trás. Maria já ocupava uma ponta, então me sentei no segundo do meio, Danny veio ao meu lado e Michael finalizou o banco antes de fechar a porta.
Meu corpo estava travado e eu acho que tremia mais agora do que tudo o que tinha acontecido em Barcelona comigo e Danny. Danny esticou o cinto de segurança e o passou pelo meu corpo e o fechou com firmeza, depois ele puxou um headphone do teto e colocou em meu ouvido, fazendo o som abafar um pouco.
- Me ouve? – Ouvi a voz de Danny e assenti com a cabeça. – Tenta relaxar! – Ele disse e suspirei. Sua mão tocou a minha e entrelacei nossos dedos com pressa, além de segurar com a outra mão, ouvindo-o rir. – Eu estou aqui. – Ele disse e assenti com a cabeça.
Apesar do helicóptero visivelmente já em funcionamento, demorou alguns minutos para os pilotos terminarem de se organizar e deu para ouvir tudo isso do fone em minha orelha. Era loucura! Eu só conseguia pensar em: o que eu estou fazendo aqui?
- Pronto para decolar! – Ouvi o piloto e eu pressionei as mãos de Danny.
- Vamos mudar... – Ele disse, segurando minha mão com sua outra e passou a direita em minhas costas, me puxando para si.
Não tem como eu descrever uma decolagem de helicóptero, ele simplesmente começou a subir, mas ele não tinha a mesma estabilidade de um avião, então o vento ou o que fosse, fazia a aeronave mexer mais do que eu estava acostumada. Quando o helicóptero começou a virar, ficando levemente inclinado, minhas mãos procuraram Danny com mais força, abraçando-o pela cintura, ouvindo-o rir.
- Respira! – Ele disse e afundei o rosto em seu ombro, sentindo-o acariciar minhas costas.
Pelos primeiros cinco ou seis minutos, eu não consegui aproveitar nada. Talvez eu estivesse pagando maior mico se os outros conseguissem ouvir minha voz, mas não fui informada que eu tinha que encarar essa situação, achava que viríamos de trem de novo.
- , você vai querer ver isso. – Danny disse. – Olha! – Ele disse, acariciando minhas costas e suspirei, olhando para o lado de Maria, ainda apertando a mão de Danny e a vista era de tirar o fôlego.
Eu não tinha noção da velocidade que um helicóptero andava, mas já estávamos em Mônaco, sobrevoando o porto principal, baixando a altura cada vez mais. Não podia negar que a vista era simplesmente maravilhosa, mas eu não tinha a capacidade de me mexer para tirar o celular do meu bolso ou fazer qualquer outra coisa.
Minhas mãos apertaram mais quando o helicóptero virou mais uma vez, fazendo a péssima inclinação me dar dor de cabeça e estávamos indo em direção ao porto perto da casa de Danny, onde ficamos conversando da última vez que viemos. Identifiquei o heliponto e começamos a baixar devagar até que estivéssemos no chão.
O pouso também não foi nada confortável. Ele colocou um dos “pés” no chão, depois outro, dando uma leve cambaleada antes de parar. A porta se abriu e vi o primeiro pessoal sair. Danny tirou o fone de minha orelha e guardou-o em cima enquanto eu tirava o cinto e sua mão me puxou para fora. As pás ainda giravam, então os cabelos voaram novamente e abaixei a cabeça enquanto um homem entregava minha mochila.
Segurei-a pela alça enquanto me afastava da aeronave e consegui finalmente respirar quando entramos em uma escada similar à da vinda. Michael descia em minha frente e Danny me empurrou pela cintura até o andar de baixo, em uma pequena sala.
- Você está bem? – Ele perguntou e suspirei, ainda zonza.
- Acho que estou um pouco tonta. – Suspirei, passando a mão na cabeça.
- Só respira, ok?! – Ele disse, segurando meu rosto com as mãos e assenti com a cabeça antes de sentir um beijo em minha testa. – Mas ao menos foi divertido, vai?
- Você precisa parar de me fazer surpresas, Daniel! – Falei, ouvindo-o rir.
- Ah, mas é tão legal!
- Me dá uma flor... Ou um chocolate! Também é legal! – Ele riu fracamente e ouvi o restante do pessoal descer e Danny me abraçou pela cintura, me mantendo perto dele e tinha que admitir que estava adorando esse novo Daniel.
- Ok, gente, vocês têm o dia de folga hoje. – Henrique disse. – Nos encontramos amanhã as oito aqui mesmo para ir para a estação da Red Bull. Descansem que o fim de semana é corrido. – Danny e Max assentiram com a cabeça.
- Daniel, você tem como ir? – Maria perguntou.
- Eu estou há um quarteirão de casa, qual é! – Ele disse, nos fazendo rir.
- Cuidado! Nos falamos depois. – Maria assentiu com a cabeça e Danny confirmou.
- Vamos? – Danny perguntou para mim e Michael.
- Claro! – Michael disse.
- Até mais, gente! Nos falamos amanhã! – Danny disse e acenei com a mão.
- Tchau! – Falei para o pessoal, seguindo com Danny e Michael para fora da sala, atravessando alguns corredores antes de finalmente colocarmos nossa cara no sol.
- Pessoal já chegou? – Michael perguntou e peguei meus óculos, colocando no rosto.
- Já sim, estão todos em casa. – Danny disse.
- Ah, cara, minhas pernas estão tremendo ainda! – Falei, ouvindo Danny rir.
- Quer ir nas minhas costas? – Danny ofereceu e ri fracamente.
- Não seria nada mal, mas acho melhor aliviar suas costas para o fim de semana. – Ele riu fracamente, mas me puxou pela mão, me trazendo para perto de si.
- É rápido, qualquer coisa eu te carrego! – Ri fracamente.
- Pode deixar! – Andamos pela rua, atravessando a divisa de França para Mônaco.
- Sua família sabe, Danny? – Michael perguntou e virei o rosto para ele.
- Sobre o quê? – Ele perguntou e franzi a testa.
- Que vocês estão de grude aí! – Ponderei com a cabeça e Danny virou o rosto para mim.
- Eu não falei nada. – Disse rapidamente.
- Eu também não. – Ele falou e fiz uma careta.
- Sua mãe e sua irmã vão surtar. – Michael disse e rimos juntos.
- Eu estou surtando. – Falei, ouvindo ambos rirem.
- Eu causo isso nas pessoas. – Danny disse e revirei os olhos.
- Idiota! – Empurrei-o pelo ombro e ele me puxou de volta, passando o braço em meu ombro.
- Ah, nem vem! – Ele deu um beijo em minha bochecha, me fazendo rir.
- Eu não acho que estou pronta para encarar sua família agora. – Falei, honesta. – Nada aconteceu oficialmente, né?! – Pressionei os lábios.
- Não? – Michael perguntou. – Porra, Daniel, você é lento!
- Cala a boca! – Ele falou, me fazendo rir. – Eu sou romântico, ok?!
- É, bem vimos em Barcelona. – Ele foi sarcástico e virei o rosto para ele. – Cedo para fazer piadas?
- Muito! – Danny disse, sério e chegamos na entrada do prédio de Danny. – Podemos manter isso entre nós até a gente descobrir o que é. O que acha? – Assenti com a cabeça. – E isso vale para os caras também, Michael! – Ele disse, sério. – Vai dar merda contar para eles.
- E quando não dá? – Michael disse e Danny revirou os olhos.
- Tente ser discreto, então, ok?! – Falei, andando pelos corredores do prédio. – Você está mais grudento do que antes.
- Ah, não gosta de grudento? – Ele me abraçou pelo pescoço, me fazendo colar em seu corpo e gargalhei alto.
- É, esse já é o Daniel amigo de novo. – Falei, apertando sua barriga, obrigando-o a contrair os braços e fui a primeira a entrar no elevador.
- Vamos nos divertir, galera. – Danny disse e suspirei, sentindo o elevador se mexer e logo as portas se abriram novamente.
Danny saiu na frente com Michael e fui logo atrás, andamos pelo corredor e Danny destravou a porta de seu apartamento, abrindo-a devagar e entrou. Michael e eu fomos logo atrás e pude ouvir um curto grito.
- AH, MEU FILHO! – Ouvi a voz de Grace e ri fracamente, seguindo com eles e vi os pais de Danny, Michelle, Jason, além de Blake e Tom.
- Fala aí, galera.
- Ah, ! – Michelle veio em minha direção. – Ah, que bom te ver em maio! – Rimos juntas.
- Melhor do que em dezembro, vai! – Rimos juntas e apertei-a.
- Muito melhor! – Grace disse e abracei-a logo em seguida. – Que delícia te ver, querida! E sorrindo! – Rimos juntos.
- Está sendo divertido. – Apertei-a fortemente e vi o sorriso sacana de Daniel atrás dela.
- Ah, falei que seria bom! – Ela disse, animada e abracei Joe.
- Está sendo ótimo, eu e já tivemos várias ideias para o ano que vem. – Danny disse e franzi a testa em sua direção. – O restaurante!
- Ah, sim! – Falei, rindo. – Estamos conversando ainda, mas não quero mais ficar na Michelin. – Suspirei.
- Faça o que te fizer feliz, querida. – Joe disse, sorrindo.
- É e faça comida para nos fazer feliz. – Jason disse e ri, abraçando-o rapidamente.
- É claro! – Falei antes de seguir para Blake e depois para Tom.
- Está faltando um carinha. Cadê Isaac? – Danny perguntou.
- Está no seu quarto, dormindo. – Michelle disse.
- Ah, quero vê-lo. – Falei, fazendo um biquinho.
- Vão lá. – Ela disse e Danny me puxou pela mão e rimos juntos antes de seguir até seu quarto e Isaac dormia espaçado no meio da cama com o bumbum gordo de fralda para cima.
- Ah, meu bebê! – Fiz um biquinho, me aproximando e me sentei no canto da cama, passando a mão em seus cabelos. – Ele está crescendo rápido demais. – Suspirei.
- É, ele está. – Senti as mãos de Danny em meus ombros.
- Ele está chamando vocês de titi e titi Daniel... – Virei para Michelle. – Está animado em ver vocês.
- Ah, meu amorzinho. – Inclinei meu rosto para ele, dando um beijo em suas bochechas gostosas. – Titi tá aqui.
- Sem monopolizar! – Danny disse, rindo e sorri.
- Não, a gente divide bem. – Falei e trocamos um sorriso cúmplice.
- Oi, bebê! – disse, fofa, fazendo Isaac abrir um sorriso para ela. – Oi, meu amor! – Sorri com ela e inclinou o rosto para dar um beijo na cabeça de Isaac e sorriu para mim.
- Conseguiram fazê-lo dormir? – Ergui o rosto, vendo Michelle.
- Ah, a intenção era essa? – Falei, fazendo-a revirar os olhos.
- Ele precisa dormir, gente. – Ela disse, suspirando.
- Como vamos fazer? – Ouvi a voz de Grace. – Você precisa dormir bem para amanhã.
- Vocês preferem ficar aqui ou ir para o hotel? – Perguntei, me levantando também.
- Eu até toparia ir para o hotel, mas o Isaac não desgrudou de vocês desde que chegaram. E vocês também não ajudaram fazendo-o dormir. – Michelle disse.
- Ah, detalhes. – disse e Isaac foi engatinhando até ela, abraçando-a. – Oi, meu amorzinho!
- Bom, tem a bicama no meu quarto também, só puxar. – Falei. – Dá para vocês quatro ficarem lá, os meninos vão para o hotel e eu e a ficamos no sofá. – Olhei para ela que deu um sorriso e tentei não parecer tão empolgado em ficar sozinho na sala com ela.
- Eu aceito! – Ela disse, rindo. – Esse sofá é muito confortável!
- Para mim tá de boa! – Blake disse.
- Tem certeza, filho? Você precisa descansar, dormir bem. – Grace disse.
- Eu durmo bem em qualquer lugar, mãe. Relaxa. – Falei. – E real, esse sofá é bom. Não paguei caro à toa.
- Esperamos que não. – disse e ela se levantou com Isaac em seu colo.
- Bom, melhor irmos, então! – Tom disse. – Deixar vocês relaxarem também.
- Sim, temos o fim de semana inteiro juntos. – Joe disse.
- E eu venho amanhã cedo para o seu treino. – Michael disse e me levantei com eles.
- Claro! Claro! Deixa eu levá-los até a porta. – Falei.
- Boa noite, gente! – disse.
- Boa noite! – Eles disseram.
- A gente vê seus horários. Você não vai para a pista amanhã, certo? – Blake perguntou.
- Não, mas vou ficar fazendo entrevistas e mais um monte de coisa na estação da Red Bull, é onde a festa está. – Eles riram.
- É para lá que vamos, então. – Blake disse rindo e abri a porta do apartamento.
- Vamos conversando. – Falei e cumprimentei os três antes de eles seguirem até o elevador. Eles acenaram mais uma vez antes de entrar no elevador. Bati a porta e voltei para dentro do apartamento.
- Ele não vai, amor! – Jason disse e vi abraçando Isaac.
- Deixa ele comigo e com o Danny! – disse e me encostei no batente. – A gente o deixa entre nós dois, ele não vai cair. – Isaac apertava , me fazendo sorrir.
- Eu não sei o que está acontecendo, mas deixa ele conosco, mana! – Falei.
- O Isaac não me solta! – disse, rindo. – Ele precisa dormir. – Ela deu um beijo em sua cabeça.
- Quelo a titi ! – Ele disse e fez um biquinho fofo.
- Titi tá aqui, amor da minha vida. – Eles riram e aquilo me fez sorrir. – Por que vocês não vão arrumando as camas? Se arrumando? Depois eu deixo o Isaac com o Danny enquanto vou me arrumar.
- Tem certeza? – Mi perguntou.
- Ah, por favor, Michelle! Vai! – Ela disse, empurrando minha irmã e meus pais, Michelle e Jason saíram da sala e ri para .
- Você está realmente aproveitando ele, hein?! – Falei, me aproximando dela.
- Para quem o viu ao nascer e depois aproveitou só dois meses nas férias, fico feliz em poder aproveitar mais. – Ela disse e passei as mãos nos cabelos de Isaac. – Ele é o amorzinho da minha vida.
- Ah, ele é o amor da sua vida? – Perguntei, fazendo-a rir.
- Não apresse as coisas, Daniel. – Ela sussurrou e sorri, assentindo com a cabeça.
- Eu vou arrumar o sofá. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
Fui até o pequeno quartinho, pegando um conjunto de roupa de cama e alguns travesseiros antes de voltar para sala. andava pela sala quase dançando com Isaac, ninando-o devagar. Sei o quão apaixonado eu estou por essa mulher, mas parecia que qualquer coisa me deixava mais apaixonado ainda.
Deus! Onde eu estava me metendo?
Deixei os itens de cama em cima da mesa e fui até o sofá, puxando a extensão das três partes. Ajeitei o lençol por baixo e coloquei dois travesseiros de forma perpendicular ao sofá e outros dois no meio, uma na cabeça e outro no pé.
- Acha que ele cai daqui? – Perguntei e negou com a cabeça.
- Esperamos que não. – Ela disse baixo e ri fracamente.
- Eu fico do lado de fora. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Ele está quase dormindo. – Ela disse, com a cabeça apoiada na dele.
- Vou me trocar, depois trocamos. – Falei.
- Uhum! – Ela disse e fui até meu quarto, dando um toque antes de entrar.
- Posso usar o banheiro? – Perguntei.
- Claro, filho, vai lá! – Minha mãe disse, dobrando a coberta de cima da cama.
- Tem certeza de que não quer que eu e Jason fiquemos lá? – Mi perguntou, saindo do banheiro.
- Não, está tudo bem, mana! Relaxa! – Peguei meu pijama no closet, antes de fechar a porta.
- Está quente também, não tem ar lá...
- Relaxa! – Falei. – Somos os mais novos, a gente se vira! – Falei. – Depois o Michael tira os nós das costas. – Eles riram e fui até o banheiro.
Me troquei, mijei, escovei os dentes e dei uma olhada em meu rosto. Passei as mãos em meus cabelos, dando um curto sorriso e chequei o hálito, rindo fracamente com meus pensamentos antes de sair do banheiro.
- Boa noite, gente! – Falei, me aproximando de meus pais.
- Boa noite, filho! – Minha mãe disse, dando um beijo em meu rosto.
- Boa noite. – Retribuí. – Michael deve chegar por volta das sete para o treino. – Dei um abraço em meu pai.
- Tudo bem. Eu devo acordar meio junto. – Minha mãe disse.
- A gente vai se falando. – Dei um beijo em Mi e um rápido abraço em Jason.
- Se vocês precisarem de banheiro, por favor, entrem! – Minha mãe disse e ri fracamente.
- Pode deixar, mãe. – Sorri. – A vem se trocar logo mais.
- Tudo bem, filho. – Sorri.
- Boa noite. – Falei acenando antes de sair do quarto. Voltei para a sala e encontrei sentada no sofá, enquanto fazia carinho em Isaac deitado. – Ele dormiu? – Perguntei baixo.
- Sim! – Ela disse no mesmo tom. – Eu vou me trocar.
- Claro! – Assenti com a cabeça e ela se levantou. Ela passou por mim, fazendo um carinho em meu braço e saiu da sala.
Fui até a sacada e fechei a cortina, sabendo que acordaria com a claridade delas no primeiro sinal de raio solar. Fui até o sofá, me deitando em um canto e observei meu sobrinho e afilhado dormindo com uma paz incrível. As bochechas gordas, os lábios em um pequeno bico e posso dizer que ele é o amorzinho da minha vida também.
Não sei o que faria sem esse carinha. Dividi-lo com era a melhor coisa de todas.
Ouvi um pouco da conversa deles por cima, além de algumas risadas de antes de ouvir a primeira porta se fechar e logo ela apareceu na sala. Os shorts curtos me fizeram sorrir de cara. Ela fechou a porta e desligou a luz antes de vir até o sofá. Ela engatinhou por ele, até se colocar de bruços ao meu lado e sorri, vendo seus cabelos caírem na lateral de seu rosto.
- Oi, tigrão. – Ri fracamente.
- Oi, linda! – Ela virou o corpo para o lado, se deitando direito e sua mão foi para a barriga de Isaac.
- Esse não eram seus planos, não é? – Ela falou baixo e apoiei um braço no sofá, erguendo o rosto para vê-la melhor.
- Ser babá do Isaac? Não mesmo. – Rimos juntos. – Mas é bom passar um tempo com ele. – Ela assentiu com a cabeça.
- Vamos aproveitar com eles, temos o resto do ano depois. – Assenti com a cabeça e inclinei meu corpo, pulando Isaac, e colei meus lábios em sua testa.
- Ah, nem pensar que você vai ficar grudada no Isaac pelo fim de semana inteiro. – Falei, vendo-a sorrir. – Eu tenho planos para nós.
- Outra surpresa que vai me fazer morrer de medo? – Ela perguntou e sorri.
- Espero que não. – Falei, sorrindo. – Mais animada do que ficar com seu amorzinho aqui. – Ela riu fracamente.
- Você vai ficar com ciúmes do Isaac? Desiste! Você não ganha dele. – Ri fracamente, passando a mão em seus cabelos.
- Eu sei, mas eu posso ser mais legal do que ele. – Ela mordiscou o lábio inferior. – Mais divertido...
- Daniel! – Ela virou o rosto para mim e deu um sorriso, negando com a cabeça.
- Só dizendo...
- É, sei bem! – Vi suas bochechas enrugadas, me fazendo sorrir. – Quem não conhece que te compre, Daniel. – Sorri.
- Você que está pensando besteira. – Falei, rindo e senti sua mão em minha barriga.
- Culpa sua, preciso dizer. – Ela disse, suspirando e olhei-a por cima dos cabelos de Isaac, vendo-a sorrir.
- Nesse caso, eu nem me importo – minha mão foi até a sua. – Só quero ficar contigo. Com ou sem Isaac. – Segurei sua mão, entrelaçando os dedos e deslizei minhas pernas para as suas e ela fez o mesmo, entrelaçando-as.
- Vamos fazer um bom fim de semana e aproveitar, que tal?
- Aproveite a calmaria antes da loucura de amanhã, tá? É insano! – Falei.
- Não se preocupe, eu estou contigo. – Sorri e ela se mexeu no sofá. – Cuidado com essas pernas amanhã de manhã, ok?! Não quero sua mãe surtando. – Ri fracamente.
- Já dormimos abraçados antes, . – Falei. – Agora não é diferente. – Suspirei. – Apesar de eu querer. – Ela riu fracamente.
- É... Eu também. – Sorri, sentindo-a apertar os dedos nos meus e acariciei seus cabelos.
- Por acaso você dormiu ontem? – Michael perguntou e tirei os óculos de sol do decote antes de colocá-los no rosto.
- Dormi. – Falei.
- Vocês não fizeram nada com o Isaac lá, fizeram? – Michael disse.
- Oh! – Danny empurrou-o, fazendo-o gargalhar. – Respeita, pô!
- O Isaac começou a se mexer por volta das três da manhã, eu estou toda dolorida. – Falei, caminhando entre os dois.
- E ela não me acordou. – Danny disse.
- Ele foi para cima de mim, Danny! Não ia te acordar à toa. Hoje o dia vai ser cheio. – Falei.
- Mas o seu também vai ser cheio. Ou você acha que eu vou deixar você tirar uma soneca sequer? – Rimos juntos e neguei com a cabeça.
- Com tantas pessoas em cima de você, você nem vai notar meu sumiço! – Disse, rindo, franzindo o rosto quando chegamos no porto e a luz do sol ficou mais forte.
- Você que se engana. – Ele disse e ri fracamente. – Vamos! – Ele indicou a cabeça e fomos com ele.
O porto estava bem mais cheio do que no dia anterior, tinha muito mais barcos e iates do que no dia interior. A rua de Danny estava vazia, mas estávamos relativamente mais afastados do fervo do GP. Andamos pela extensão do porto, até chegar no píer e não demorou para encontrar uma lancha – simples, devo dizer –, com a decoração da Red Bull, e Maria estava do lado de fora.
- Bom dia! – Ela disse.
- Bom dia, Maria! – Falamos juntos.
- Prontos para começar? – Ela disse e senti a mão de Danny em minhas costas.
- Não vai dizer que tem medo de barcos também? – Ele sussurrou para mim e ri fracamente.
- Não, de barcos não. – Falei. – Sempre gostei de mar, esqueceu?
- Nunca! – Ele sorriu e esticou a mão para mim e segurei-a antes de pisar na parte de trás da lancha e afundei meu pé para baixo ao sentir a movimentação do barco e me sentei de um lado.
Danny se jogou ao meu lado e Michael se sentou com Maria. O capitão colocou a lancha em movimento, me fazendo sorrir com o vento em meu rosto. Ah, como eu sentia falta de praia. Danny apertou meu braço e deslizei meu corpo até ele, entrando em seu abraço e ele me apertou contra si.
Consegui aproveitar os 10 minutos de passeio na maior calmaria. Minha mão foi para sua coxa, em cima da tatuagem que ficava a mostra pela bermuda e ele apertou o braço em mim, dando um beijo em minha têmpora, me fazendo sorrir. Meu olhar passou pelo de Maria e ela tinha os olhos revirados, me fazendo rir fracamente.
Eu não sabia exatamente o que esperar ao ir de barco para o paddock, mas eu não esperava nada do que eu encontrei. O prédio da Red Bull não era um prédio, igual nos outros GPs, ELE ERA UMA ESTAÇÃO FLUTUANTE GIGANTESCA! Parecia um cruzeiro de tão grande que era.
- Uau! – Falei, rindo, me levantando e Danny esticou a mão para eu sair da lancha. – Isso é demais! Agora entendo quando você fala que aqui é a festa.
- Hoje é para estar mais calmo, mas a Red Bull investe nessas coisas. – ele disse.
- Isso é incrível! – Falei, rindo, pisando no píer e não dei cinco passos até entrar na estação da Red Bull.
O prédio tradicional do paddock ficava no primeiro andar, tinha um bar, cantina e algumas mesas distribuídas. O prédio era maior do que os que eu estava acostumada, além dos dois andares, tinha um terraço com uma área mais privada para os pilotos e convidados. Já na área externa, mais alguns bares, cantinas, diversas mesas espalhadas, sem contar a famosa piscina com sofás à sua volta inteira, um telão de um lado e uma mesa de DJ em um canto.
Surpresa e abismada era a palavra certa para isso tudo. Era sensacional!
- Daniel! – Virei o rosto com ele. – Entrevistas! – Maria disse.
- Não dá nem para eu relaxar uns minutos? – Ele perguntou, me fazendo rir.
- Vai trabalhar, criança! – Empurrei-o de leve pelo ombro.
- Você vai ficar bem? – Ele perguntou.
- É claro! Vou tomar um café, comer alguma coisa, a gente se encontra daqui a pouco. – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Até mais! – Ele disse sorrindo e ri fracamente.
- Me acompanha para um café? – Michael perguntou.
- Só se for duplo! – Falei, ouvindo-o rir.
Seguimos pelo terraço do segundo andar, ficando em volta das piscinas e um assistente veio livrar meus ombros e os de Michael das mochilas. Seguimos até o bar que ficava perto da baía e peguei um capuccino muito gostoso e um lanche de prosciutto com muçarela de búfala. Preciso dizer que era muito bom ter certeza que eu comeria bem em qualquer cantina que eu andava nesses lugares.
Não demorou muito para que Danny aparecesse na área da piscina. Primeiro para tirar algumas fotos, o que devo dizer que ele ficava gato demais nesse sol de começo de dia, a bermuda mais relaxada e suas tatuagens na coxa que eu amo tanto. Inclusive a primeira tatuagem que fizemos juntos está nessa mistura do barco com o “no regrets, only memories” e da corredora, o coração onde metade é um fouet e a outra metade é o número 3 de Danny, cozinha e Fórmula Um juntos. A minha está na costela, na lateral direita, na linha do sutiã. É em homenagem a nossa amizade.
Além dessa, dividimos também uma rosa dos ventos, para mostrar que não importa em que parte do mundo estamos, sempre estaremos juntos. A de Danny está no tornozelo direito e a minha na parte de trás da minha coxa esquerda, perto do joelho. Talvez essas tatuagens acabem tendo um novo significado se realmente conseguirmos lidar com um relacionamento em cima de uma amizade longa como a nossa.
Depois das fotos, Danny foi para dentro, trocou por uma calça jeans e começou as entrevistas. Algumas no sofá, outras perto do píer e algumas de costas para os iates ancorados ali. Isso era sensacional, devo dizer. As entrevistas acabaram sendo meio iguais, mas Danny era bom para falar com literalmente qualquer pessoa, então sempre acabava ficando legal, mas até me interessei quando o pessoal da Fórmula Um chegou para fazer o Grill the Grid com ele, agora as coisas ficariam interessantes.
- Você vai se apresentar, ler as perguntas, fazer uma pausa entre elas e responder. – A mulher disse, entregando algumas fichas para ele, enquanto outra mulher passava um pó em seu rosto.
- Ok, quando quiser! – Ouvi sua voz e até levantei meu corpo do sofá para vê-lo melhor.
- Preparados... Gravando! – O câmera disse.
- Ok, então este é o Grill the Grid com Daniel Ricciardo, aquele cara bonito da Austrália aparentemente, eu não sei. Ouvi algumas vezes. – Revirei os olhos, rindo fracamente.
- Como você vai lidar com esse ego dele? – Michael perguntou em um sussurro.
- Da mesma forma que eu já lido. – Dei de ombros. – Acho ele um tonto e dou risada. – Rimos juntos.
- Quem se juntou a você no pódio na sua primeira vitória na F1? – Ele leu, fazendo uma pausa. – Nico Rosberg e Sebastian Vettel.
- Muito bem!
- Quem eram os três corredores da Red Bull em 2005? – Ele seguiu para próxima. – Eu vou dizer... Vitantonio Liuizzi... Christian Klien e David Coulthard.
- Completamente certo.
- Bo-om! Arrasei! – Ele disse, rindo.
- Eu não sei, talvez o fato de sermos tão diferentes foi o que fez nossa amizade funcionar. – Sussurrei para Michael. – Tem uma parte de mim que tem medo de ser empolgação, mas acho que não.
- Ele estava surtado quando me contou que estava apaixonado por você. – Ri fracamente. – Foi logo que voltaram de Mônaco.
- Acho que aquela viagem foi um divisor de águas e fomos para o mesmo lado. – Suspirei.
- Algo aconteceu? – Ele perguntou. – Fisicamente, digo.
- Não... A gente só saiu para jantar, curtimos o dia, dividimos a cama, nada de novo, mas foi especial. – Suspirei. – Você não deve querer ouvir isso.
- Ah, acredite, eu quero! – Ele disse, rindo. – Espero ao menos uns 14 anos por isso. – Sorri.
- Demoramos muito? – Virei para ele.
- Talvez... – Ele ponderou com a cabeça. – Ou talvez seja o tempo exato para vocês. Eu e a Déborah namoramos na escola e não deu certo para vida. – Ele deu de ombros.
- Pensa muito nela? – Perguntei.
- Às vezes, terminamos meio estranho pela faculdade dela, mas não acho que tenha muito o que fazer. – Ri fracamente.
- Só não tem jeito para morte, Mike. Fala com ela. Manda um “oi” e vê o que vai rolar. Para quem viaja o ano inteiro, Auckland nem é tão longe. – Ele riu fracamente.
- Você está certa.
- Sempre! – Brinquei, virando o rosto para Danny novamente.
- O que “Mellivora Capensis” é conhecida por? – Ele franziu a testa. – Hum, você me pegou nessa.
- É uma coisinha, é um animal. – A produtora falou.
- Ah, não diga que é um honey badger. – Ele disse, me fazendo rir.
- É!
- Sério?! – Ele falou, empolgado. – Desculpe, honey badger, não me machuque por isso. – Ri fracamente. – Eu deveria saber.
- Bom, Daniel, você ficou em terceiro no nosso quadro, entre Max e Marcus Ericsson.
- Hum, sabe, ficar em primeiro nesse quiz é um insulto, ninguém quer ser o melhor na escola. Eu poderia ficar na liderança, mas não quero, quero ser o garoto legal, então... Vou me contentar com terceiro e ficar de boa. – Ri fracamente.
- O mais engraçado é que tirando algumas piadas, ele não age assim comigo. – Ri fracamente.
- A frase “é a e o Danny” faz sentido nesses casos. – Ele disse. – Vocês vivem em um mundo seus, fico imaginando agora. – Ri fracamente.
- É... Vamos ver. – Sorri, vendo Danny se livrar do microfone. – É um novo território para nós dois, ninguém quer errar...
- Duvido que vão. São vocês. – Ri fracamente.
- Obrigada por ser um amigo, Mike.
- Desde 2002! – Sorri, assentindo com a cabeça.
Daniel
- WOHO-O-O! – Minha voz saiu mais alta.
- Pare de gastar pneu, box agora! – Gargalhei alto, guiando o carro pelas diversas curvas de Mônaco até entrar no pit lane apertado e parar na frente da garagem da Red Bull.
- Isso foi bom, caras! – Falei, rindo, vendo os mecânicos virem até o carro e colocarem o carro de ré de volta na garagem.
- Muito bem, Daniel! – Ouvi a voz de Christian antes de sua risada.
- Vamos manter assim no sábado! – Falei, desconectando os fios, tubos e tirando os cintos de segurança antes de me impulsionar para cima, batendo a mão na de Simon.
- Muito bom, Daniel! – Ele me abraçou enquanto eu saía do cockpit e gargalhei.
- Foi incrível, caras! – Desconectei o capacete do HAMS antes de puxar o capacete da cabeça.
- Como está o carro? – Simon perguntou.
- Está fantástico! – Falei, rindo. – A downforce está muito maior, o carro se manteve bem firme nas curvas. – Ri fracamente. – Talvez teremos uma boa chance no sábado. – Puxei a balaclava.
- É assim que fala. – Ri fracamente, procurando minha família pela garagem e encontrei com Isaac em seu colo, me fazendo sorrir.
- Quem é aquele? – Ela me indicou, sacudindo Isaac. – Quem é?
- Titi Daniel! – Ele disse, rindo, me fazendo rir.
- Titi Daniel foi bem hoje! – beijou a bochecha gorda de Isaac. – Titi Daniel vai ganhar a corrida.
- Ah, que Deus te ouça! – Falei, rindo.
- Titi Daniel! – Isaac esticou os braços para mim.
- Deixa o titi tirar isso, está quente para caramba! – Abri o zíper do macacão, descolando os velcros e tirei os braços, deixando-o cair na cintura. – Vem cá! – Peguei-o no colo, fazendo-o rir.
- Você está todo suado! – Minha mãe disse, me fazendo rir.
- Nesse calor, até ele está todo suado! – Falei, dando um beijo na bochecha dele. – Uma piscina seria boa agora, hein?! – Brinquei com Isaac.
- Piscina! Piscina!
- Ai, Daniel! – me empurrou.
- O quê? O mar tá ali, não precisamos necessariamente de uma piscina, apesar de ter uma pertinho daqui, ali na curva 14. – Falei e ela riu, aproximando o rosto de Isaac.
- O titio é bobo, né, amor? – Ela fez cócegas na barriga dele, fazendo-o rir e depois apertou a minha, me fazendo inclinar.
- Ai! – Disse, rindo, vendo-a seguir para dentro do corredor.
- Bom treino, filho! – Meu pai me cumprimentou e trocamos um meio abraço. – Vamos conseguir uma boa classificação no sábado.
- Vamos! – Sorri. – Cadê Michelle e Jason?
- Foram para o paddock club com os meninos. – Minha mãe disse. – Aqui está um pouco cheio.
- E o Isaac? – Ela riu.
- A não solta dele ou ele não solta dela, é uma conjunção de fatos. – Ela disse, me fazendo rir.
- Esse menino é apaixonado pela titi ! – Falei, ouvindo-o rir.
- Ao menos tenho certeza de que daqui uns 20 anos, eu terei um namorado que me ama incondicionalmente. – Ela voltou, me fazendo rir. – E que baba um pouco em mim agora, mas dá para dar um desconto. – Neguei com a cabeça, vendo-a sorrir.
- Daniel! Entrevista! – Maria apareceu atrás de e ri fracamente.
- Eu vou contigo e fico com Isaac! – disse. – Aproveito e pego um sorvete nesse calor! – Ri fracamente.
- Sovete! – Isaac disse, animado e pegou-o de meu colo.
- Ah, você quer sovete? Vou te levar num lugar sensacional que o titi Daniel me levou! – Rimos juntos.
- Eu já volto! – Falei para meus pais.
- Nós vamos lá no paddock club com o pessoal, nos encontramos depois? – Minha mãe disse.
- Claro! Subo lá assim que possível! – Falei.
- Dá tchau para o vovô e para vovó! – disse, fazendo cócegas na barriga de Isaac.
- Chau! – Isaac acenou, me fazendo sorrir.
- Vem! – Chamei-a com a cabeça e seguimos até a frente da garagem, antes de sair para o sol das quatro da tarde.
- Agora entendo por que gosta daqui. – disse um pouco à frente e ri fracamente. – O barulho é incrível e realmente não parece que estamos no mesmo lugar de um mês atrás. – Sorri.
- Acho que comecei a gostar mais depois de te trazer aqui. – Ela riu fracamente, negando com a cabeça.
- É o mínimo que você pode fazer. – Ela brincou, colocando Isaac no chão.
- É, aí eu preciso ouvir você falar para os meus pais que ele vai ser o único homem que vai te amar incondicionalmente! – Ela me olhou inclinada para frente enquanto segurava as mãos de Isaac.
- Declarando seu amor por mim, Daniel? – Ela sussurrou e senti meu rosto esquentar.
- Não seria a primeira vez! – Falei rapidamente e ela riu.
- Nunca nesse tipo de relação. – Ela disse. – Esse caminho é novo para gente, e não sei mais fazer piadas sobre isso.
- É uma linha fina demais, não é? – Ela assentiu com a cabeça.
- Me pergunto se ainda vou ter meu melhor amigo se isso der errado. – Ri fracamente.
- Você sempre vai me ter, . De um jeito ou de outro. – Falei e ela pegou Isaac novamente antes de erguer o corpo.
- Me pergunto se vamos agir assim se algo der errado. – Ela olhou em meus olhos.
- Espero que não precisemos descobrir. – Ela suspirou.
- Já dizendo que vamos ficar juntos para sempre? – Ri fracamente.
- Para de analisar minhas palavras! – Ela gargalhou, me empurrando pelo ombro.
- Está difícil não. – Abracei-a pelos ombros, andando com ela pelo pit lane.
- Às vezes eu esqueço que você me conhece há tantos anos.
- Ah, só alguns... – Ela disse, relaxada.
- Mas ao menos uma verdade eu disse... – Falei, rindo.
- Qual? – Ela perguntou.
- Vamos ficar juntos para sempre... – Ela virou o rosto para mim. – De um jeito ou de outro. – Ela riu fracamente.
- Espero que esteja certo. – Ela disse, me fazendo sorrir.
- O casalzinho aí pode ficar quieto por alguns minutos? – Maria falou à nossa frente. – Ou o quase romance de vocês vai ser capa dos sites de Fórmula Um amanhã mesmo!
- É melhor nós... – indicou e assenti com a cabeça, abaixando minha mão de seu ombro. – Vamos deixar o titi trabalhar um pouco?
- Não! – Isaac disse, me fazendo rir.
- Não? Mas eu posso te levar para tomar sorvete! – disse.
- Sim! – Isaac disse, animado, nos fazendo rir.
- Safado! – Falei, rindo. – Já volto! – Falei e ela assentiu antes de eu seguir com Maria.
- Preciso dizer, vocês são fofos. – Maria disse, me fazendo rir. – Mas parece ver alguém andando na corda bamba! – Ela gargalhou e revirei os olhos. – Pelo amor de Deus, sai desse zero a zero logo. – Sua gargalhada ecoou mais alto e pressionei os lábios.
- Amanhã temos o dia livre, vou resolver isso. – Ela riu fracamente.
- Vou até ficar de olho no céu, vai que tem alguns fogos de artifício... – Empurrei-a pelo ombro, fazendo-a gargalhar. – Mas não se esqueça do Amber Lounge. – Franzi o rosto.
- Já tinha esquecido. – Suspirei antes de parar em frente aos microfones da imprensa.
- Daniel, sentimos que você teve muito mais hoje do que só o motor da Renault, o que diz sobre o treino hoje?
- Foi algo 99 por cento meu, outro por cento foi do carro... – Eles riram. – Não, eu gosto bastante daqui e...
Estava difícil dormir ao lado desse homem com os lábios entreabertos sem poder beijá-lo, mas tia Grace acordava antes do sol, morria de medo de ela nos pegar na sala. E eu não sabia explicar isso para mim, imagina para ela. Precisávamos dar um passo a mais em nossa relação e esperava que fosse hoje.
O vestido de hoje era um rosado bem forte, no estilo dos outros que eu usei quando vim aqui, mas intencionalmente mais curto. Era estranho, mas estava gostando muito de ser desejada por Danny. Tinha uma sensação estranha de ser algo proibido, mas também aquele ardor pelo corpo.
Calcei a rasteirinha e me levantei. Peguei o lacinho de cabelo e refiz o rabo de cavalo, mantendo-o firme e abaixei os vários fiozinhos rebeldes com laquê. Era a única forma de verdade que eu conseguia domá-los atualmente. O cabelo ficaria duro pelas próximas horas, mas depois me resolveria com isso.
Juntei todas as minhas coisas e saí do banheiro. Michelle estava no quarto dando mamadeira para Isaac e ela pressionou os lábios impressionada com minha roupa e ri fracamente, só dando de ombros. Sem perguntas, sem respostas. Atravessei o pequeno apartamento de Danny e minha visão era totalmente diferente da quando eu fui me arrumar. Os meninos também estavam lá.
- Hum, ei! – Falei, vendo os olhos se virarem para mim.
- UAU! O que está acontecendo aqui? – Jason foi o primeiro a brincar e pressionei os olhos, virando para Danny que tinha os olhos arregalados.
- Está linda, hein, querida? – Grace disse e sorri. – Para que a arrumação toda?
- Hum... – Fui pega desprevenida.
- A gente precisa sair para almoçar, né?! – Danny falou antes de mim, pressionando os lábios em seguida. – Tá gata, hein, ? Mas ai se algum cara se aproximar de você enquanto estiver conosco! – Ele tentou manter o tom sério e só revirei os olhos. Não precisa desse teatro também.
- Para de falar assim com a menina! – Tia Grace disse. – Está maravilhosa, . Aproveita e encontra um monegasco. – Ri fracamente, passando na frente de Danny para chegar na mochila.
- É, talvez eu encontre. – Falei, revirando os olhos e Danny pressionou os lábios.
- Me desculpe... – Ele sussurrou.
- Aonde vamos, filho? – Joe perguntou enquanto guardava minhas coisas.
- A área de Monte Carlo está lotada, pensei de ficarmos por aqui em Fontvielle, Jardin Exotique, até em Les Moneghetti. – Ele disse.
- A não tem nada para indicar? – Blake perguntou e ergui o rosto para ele.
- Não, não tem. – Falei. – Minha jurisdição é outra. – Me sentei na cadeira mais perto, cruzando-as e dei um sorriso irônico para Danny. – Apesar de que aposto que tem um McDonald’s aqui.
- Podemos ir ao A’TREGO, ele é 10 minutos daqui e discreto. – Daniel tentava contornar minhas ironias.
- Eu preciso me arrumar, então. – Tia Grace disse e suspirei, virando meu rosto para os lados.
- Vai lá! – Abanei a mão.
Suspirei, vendo o apartamento virar mais bagunça do que já estava e demorou mais uns 30 minutos até realmente todos estarem prontos. Minha sorte foi que meu afilhado correu em minha direção e fiquei brincando de cavalinho com ele em meu colo e sua risada era meu melhor remédio.
- Acho que podemos ir. – Tom disse e ergui os olhos para todos na sala.
- Claro, vamos descendo! – Daniel disse e me levantei com Isaac em meu colo.
- Está gostoso o colinho da titi? – Brinquei com ele, sentindo-o me abraçar pelos ombros e dei um curto beijinho em sua cabeça, com medo de seus cabelos loiros ficarem avermelhados. – Pega para titi. – Indiquei minha bolsa e inclinei seu corpo, vendo-o pegar e rimos juntos quando ele se desequilibrou. – Não faz isso. – Apertei em meus braços, fazendo-o rir. – Ainda te derrubo de cabeça e o que a gente faz, hein?! Não dá para colar! – Ele gargalhou, me fazendo rir.
- Não! – Ele disse entre gargalhadas e pressionei meus lábios em seu rosto, vendo a marca, ouvindo-o rir.
- Vou te deixar cheio de marca de beijinho! – Beijei-o novamente, ouvindo-o rir.
- ! – Virei o rosto para Daniel, vendo que só tinha nós três na sala. – Você vai?
- É, claro... – Passei minha bolsa a tiracolo pela cabeça antes de andar em sua direção, sentindo-o me puxar pela cintura. – Daniel...
- Me desculpe, ok?! – Ele sussurrou. – Não era minha intenção que todo mundo fosse junto, mas não consegui achar uma desculpa plausível.
- Não estou brava por isso, estou irritada com esse seu teatro. – Virei Isaac em meu colo. – Não precisa disso.
- Eu normalmente faria isso com os caras... – Ele disse.
- Não faz. – Neguei com a cabeça.
- Titi ! – Isaac resmungou.
- Está muito feio. – Suspirei.
- Posso ao menos dizer que você está linda? – Ele se aproximou.
- Não precisa, eu sei. – Falei, desviando dele com Isaac.
- A-a-ah! – Ouvi sua voz e ri fracamente, ouvindo a risada de Isaac comigo e vi que todos já tinham descido.
Apertei o botão do elevador e vi Daniel sair pela porta, trancando tudo.
- Você vai me fazer subir pelas paredes, ! – Ele disse e ri fracamente.
- Bom saber disso. – Dei de ombros, passando o polegar na bochecha de Isaac, tentando limpar, mas parecia que ficava pior.
- Sabe, eu poderia te beijar agora...
- Se você me beijar agora, não tem motivo nenhum para estar esperando tanto. – Falei e ele suspirou.
- Eu ia te levar para o iate agora. – Ele disse e entrei no elevador quando a porta abriu, vendo-o entrar logo atrás.
- Não vai ser fácil se livrar deles, Danny. – Dei de ombros. – E eles estão aqui por você. – Falei, suspirando.
- Deixa que eu cuido disso, ok?! Me desculpe sobre hoje, mas talvez consigamos mais tarde.
- Você tem sei lá o que na Amber Lounge. – Falei e ele fez uma careta. – Você ainda está trabalhando, Danny, não dá para deixar para lá.
- Eu vou encontrar um jeito! – Ele disse, saindo de costas do elevador. – Eu preparei algo para nós... De verdade. – Suspirei, seguindo logo atrás dele e coloquei Isaac no chão. – Mas quero que seja especial. – Segurei uma mão dele e Daniel fez o mesmo do outro lado.
- Já é especial, Danny. – Falei. – Somos nós. – Andamos pelos corredores do prédio. – Acredite em mim, não tem como ser mais especial.
- Isso é um desafio? – Ri fracamente.
- Você que sabe. – Disse, rindo e ele sorriu.
- Deixa comigo, ok?! – Ri fracamente, saindo pela frente de seu prédio, encontrando o pessoal.
- Ah, meu bebê! – Michelle disse, fofa. – Eu preciso tirar uma foto disso, não se mexam! – Ri fracamente, parando antes do primeiro degrau enquanto Michelle pegava o celular.
- Agora entendi o batom vermelho. Olha as bochechas do Isaac! – Jason disse, rindo.
- Eu tentei tirar e só piorou! – Eles riram comigo.
- Sorriam! – Mi disse e abri um largo sorriso. – Isaac! – Ela o chamou. – Olha para mamãe!
- Mamá! – Ele disse, animado, rindo em seguida e perdi a concentração, rindo com ele.
- Isso, meu amor! – Mi disse, rindo. – Olha para mamãe!
- Pronto? – Danny perguntou.
- Pronto! – Mi disse e relaxei o rosto. – Eu tenho lencinho aqui.
- Vou precisar de bastante. – Falei, rindo.
- Um pulão, hein?! – Daniel disse. – Vai, ! Um, dois, três! – Puxei Isaac de um lado, Danny fez o mesmo do outro e Isaac pulou os cinco degraus da frente do prédio, gargalhando em seguida. – Vem com o padrinho! – Ele se abaixou para pegar Isaac e sorri.
- Para onde vamos? – Blake perguntou.
- Para esquerda, em direção ao porto. – Ele disse. – Só ir! – O pessoal começou a ir na frente e fui um pouco mais atrás com ele. – Vamos nos divertir um pouco.
- está conosco em maio, filho! Não tem coisa melhor para mim. – Tia Grace disse, nos fazendo rir.
- Vemos quem é a pessoa mais importante dessa família. – Falei, ouvindo algumas risadas, mas dessa vez Danny só sorriu.
- E você, Daniel? Está cuidando dela? Está fazendo tudo direito? – Eu e rimos com minha mãe.
- Ah, relaxa, tia Grace, eles nem se desgrudam. – Michael disse e escondeu os lábios com o guardanapo e suas bochechas se enrugaram.
- Assim que é bom! – Minha mãe disse. – Falei que te faria bem, querida. – sorriu à minha frente e retribuí.
- É, está sendo muito bom.
- E as crises? Passaram? – Minha irmã perguntou.
- Não tivemos de novo. – disse. – Mas não tivemos nenhum outro acidente como o da primeira corrida, espero não descobrir. – Ela tomou um gole de seu suco pelo canudo e sorri.
- Está indo tudo bem. – Falei.
- É, tirando na Espanha, mas... – Chutei Michael por baixo da mesa. – A-a-a-ah, mas está tudo bem. – Ele tentou desconversar e revirei os olhos.
- O que aconteceu na Espanha? – Minha mãe perguntou.
- Não foi nada, um idiota queria ficar comigo, me beijou à força... – abanou a mão. – Mas os meninos estavam por perto e me ajudaram.
- Vocês não a deixaram sozinha para cair na farra, né?! A Espanha tem muitos casos de tráfico de mulheres. – Minha mãe disse, brava e eu e Michael engolimos em seco.
- Não, tia Grace, eles só tinham ido pegar uma bebida. – disse, me olhando por cima da taça e sustentei o olhar. – O Mike lhe deu uma chave de braço que foi até engraçado. – Ela e Michael riram juntos e me forcei a rir junto para não ficar sem graça.
- Ah, bom mesmo... – Vi meu celular iluminar e uma mensagem chegou.
“Não se esquece de passar aqui na estação um pouco. 30 minutos e eu te libero”. – Era Maria e isso me fez suspirar, a tarde estava tão gostosa.
“Estou mandando a lancha e uma troca de roupa para o Port de Cap-d’Ail, chega aí em 10 minutos”.
- Ah, droga. – Suspirei.
- O que foi? – perguntou.
- Maria pedindo para eu dar um pulo na estação da Red Bull. – Suspirei.
- Ah, mas você precisa mesmo ir? – Ela perguntou.
- Você pode ir comigo, se quiser, é rápido, só fazer uma média. – Falei, colocando o último pedaço do petit gateau para dentro.
- A gente vai para balada, não vai? – Blake perguntou. – Não vim até aqui para ficar trancado no hotel.
- É, pô! – Tom disse.
- Vamos! Vamos sim! É hoje, por sinal. – Fiz uma careta. – Vai ser até bom eu ir falar com a Maria, então, aproveito e pego os ingressos.
- Aí sim! – Blake disse antes de virar o restante de sua cerveja.
- Você vai comigo, ? – Perguntei. – Você é a que está mais bonita. – Ela riu fracamente.
- Claro! – Ela deu um curto sorriso.
- Vocês se importam? – Perguntei, virando para meus pais.
- Não, filho! Que isso! Você precisa trabalhar! A gente se encontra mais tarde. – Minha mãe disse e assenti com a cabeça.
- Nós logo vamos também, eu também quero ir para festa, mas preciso colocar o Isaac para dormir antes. – Michelle disse, nos fazendo rir.
- Combinado, mana! – Ri fracamente. – Vocês ficam à vontade, tá? Eu pago a conta.
- Não se atreva! – Minha mãe disse.
- Não, filho, dessa vez é com a gente! – Meu pai disse.
- Eu vou pagar a conta! – Falei devagar, empurrando a cadeira para me levantar. – Vocês paguem o resto. – Indiquei . – Te espero lá na porta.
- Claro! – Ela disse, também se levantando.
Me encaminhei até o balcão e quitei a conta da mesa inteira, além de deixar um extra para o que mais eles pudessem consumir e uma boa gorjeta. Esperei vir até a porta e eu queria realmente me jogar no mar e me afogar. Ela estava incrivelmente linda com esse vestido e estava mais ainda com o batom vermelho em seus lábios, que havia ficado nas bochechas de Isaac após os beijos e na taça após a primeira bebida. Era para estarmos no iate agora, curtindo um momento só nosso, mas não era fácil se livrar da minha família.
- Vamos? – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Claro. – Sorri e ela seguiu à minha frente. Dei outro aceno para minha família, recebendo vários acenos e saí com ela.
- Foi bom... – Ela disse e bufei alto, jogando a cabeça para trás.
- Era para ser melhor. – Suspirei, caminhando pela extensão do porto.
- Temos tempo, Danny. – Ela virou o rosto para mim, dando um curto sorriso. – Não precisa tirar o pai de ninguém da forca, não. – Ri fracamente.
- Diz isso para meu corpo. – Falei e ela franziu a testa.
- Você quer dizer... – Ela indicou meu quadril com o olhar.
- Sim! – Falei, ouvindo-a gargalhar.
- MENTIRA?! – Ela disse, rindo, escondendo a boca com as mãos.
- É... – Suspirei. – Você está me afetando, . – Ela jogou a cabeça para trás.
- Oh, meu Deus! Não acredito! – Ela disse, rindo.
- É... – Pressionei os lábios. – E você rir assim não ajuda muito. – Ela mordiscou a língua.
- Me desculpe, mas isso nunca aconteceu. – Ela disse.
- Nada disso aconteceu, . – Suspirei. – É um território novo para todos nós. – Encontrei a lancha da Red Bull. – Mas gostaria que você não ficasse zoando minhas necessidades sexuais. – Ela riu fracamente.
- Nunca, Danny. É só interessante ver como as coisas mudam de uma hora para outra. – Ela deu de ombros. – Também nunca tinha te achado bonito e sexy, agora...
- Você me acha bonito e sexy? – Falei e ela riu fracamente, virando o rosto para mim.
- É... – Ela parou de andar. – Começou depois do seu corte de cabelo desastroso. – Dei um curto sorriso. – Foi ali que algo mudou. – Sorri.
- Eu não sei quando mudou, mas...
- Você teve uma ereção por causa de mim, Daniel. – Ela abriu um largo sorriso e rimos juntos. – Quando aconteceu?
- Ah, cara...
- Qual é! Eu mereço saber! Se eu estava contigo, eu deveria ter percebido. – Suspirei.
- Da última vez que estávamos em Mônaco, que eu falei que tive uma emergência e fui ao banheiro...
- Que você caiu e...
- Sim...
- Oh, cara! Não acredito! – Ela disse, rindo.
- Para você ver, eu acordei daquele jeito. Então a culpa foi toda sua. – Rimos juntos.
- Acho que começamos a sentir algo pelo outro relativamente junto. – Assenti com a cabeça.
- É, algo assim, mas eu sempre te observei, . Você tem pernas sensacionais e uma bunda...
- Eu ainda sou sua amiga, Daniel! – Ela disse, me fazendo rir.
- E nunca tivemos pudores para falar dessas coisas. – Ela riu fracamente.
- Você está certo, mas ainda tem um tom estranho. – Ponderei com a cabeça.
- Sim, um pouco, mas é um estranho bom. – Pressionei meus lábios em sua bochecha, ouvindo-a rir e segui até perto da lancha da Red Bull. – Boa tarde.
- Boa tarde. – O capitão disse.
- Maria que te mandou?
- Sim! – Ele disse. – Entra aí! – Ele disse e estiquei a mão para e ela entrou na lancha antes de mim e fui logo atrás. – Ela te deixou isso. – Ele indicou um saco lacrado e reconheci o uniforme da Red Bull.
- Vamos lá! – Falei e ele se virou para os controles e a lancha se colocou em movimento.
Puxei a camiseta para cima e troquei pela camiseta da Red Bull, depois o casaco e o boné. Percebi o olhar de em mim e ela piscou com um olho antes de dar de ombros, me fazendo rir. Me sentei ao seu lado e passei o braço em seu ombro.
- É isso que está dizendo?
- Exatamente. – Ela disse, me fazendo rir e puxei-a para perto de mim.
Tinha mais vento hoje e sabia que o tempo estaria diferente para as classificatórias amanhã e talvez para a corrida. Um pouco de chuva, provavelmente, mas ao menos estava mais fresco para compensar o sol pesado. Quando nos aproximamos da estação da Red Bull, vi como estava cheio.
- Uau! – comentou e suspirei.
- É, talvez demore mais do que 30 minutos aqui. – Suspirei.
- Talvez até eu aceite um pouco de álcool agora. – Ela fez uma careta.
- Eu vou fazer o que eu preciso o mais rápido possível e a gente foge aqui. – Falei.
- Está tudo bem, Danny! Vai trabalhar. Eu me viro. – Ela suspirou e a lancha parou na entrada da estação e Maria nos esperava.
- Obrigado, cara! – Falei para o piloto e saí primeiro, esticando a mão para .
- Uau, . Você está linda! – Maria disse.
- Obrigada! – Ela disse, pressionando os lábios.
- Está cheio, né?! – Comentei.
- Bastante! – Maria disse. – Só quero que você dê uma volta, uma interagida com as pessoas, patrocinadores, etc... Talvez algum repórter te pare e só. Não quero você cansado no Amber Lounge.
- Falando nisso. – A parei. – Eu preciso de sete convites para o after-party. – Falei.
- Fácil! – Ela deu de ombros. – E você tem um acompanhante no Amber Lounge.
- Ah, mesmo? – Sorri.
- É. Só um, então enquanto você estiver ocupado, a pessoa vai ficar sozinha, mas é por 30 minutos ou menos. – Virei para , sorrindo.
- O quê? – Ela perguntou, me olhando.
- Quer ir ao Amber Lounge? – Perguntei.
- O que é isso? – Ela olhou de mim para Maria.
- Um evento extremamente exclusivo que possui em alguns GPs. – Ela disse. – Só os mais ricos, mais famosos e mais exclusivos vão. Costuma ser uma festa enorme à noite no enorme iate deles, mas também tem o desfile de modas que é em parceria com uma instituição de caridade, então tem o desfile, leilões, vista especial para a corrida, os mais incríveis shows. – Ela deu de ombros. – A mesa mais cara para o jantar custa 26 mil euros.
- O QUÊ?! – disse, rindo. – Merda! – Ri com ela.
- É, mas eu não vou em nada disso. Bom... Só no desfile, mas é algo que eu não consigo fugir. – Falei.
- Ele faz graça, mas ele gosta.
- Aparecido do jeito que é. – sorriu. – Não acredito que você vai desfilar.
- A gente abre o desfile, depois fugimos para balada. – Ela riu fracamente.
- E você quer que eu vá? – Ela perguntou.
- Acredite, você é a única do grupo que sabe agir de acordo nesses lugares. – Ela riu fracamente.
- Mas que roupa eu vou? Que tipo de evento é isso?
- Traje a rigor. – Maria disse.
- Eu não tenho roupa para isso, eu só trouxe vestidinhos assim... – Ela mostrou sua roupa.
- Acho que eu posso te ajudar com isso. – Maria disse. – Amber Lounge possui diversos parceiros. – Ela segurou pelo braço.
- Aonde vocês vão? – Perguntei.
- Às compras! – Maria disse.
- E o que eu faço? – Movimentei os braços.
- Interaja e sorria! – Maria disse antes de sumir com pela rampa de entrada da estação da Red Bull.
Capítulo 16
- Eu não sabia se você gostava de mim. – A patricinha da escola ficou levemente corada pelo anúncio repentino.
- Eu gosto. – Ele disse, rindo. – Desde a terceira série. – O menino sempre tão animado e extrovertido parecia manteiga derretida perto da menina.
- Será que a gente pode fazer isso mais vezes? – Ela disse e ele assentiu com a cabeça, segurando as mãos da menina e colando os lábios novamente.
As mãos dela apertaram em seus ombros, trazendo o menino para perto e ele acabou apertando-a contra a parede de trás da quadra da escola. Ambos não tinham muita experiência para o beijo se alongar mais, os 14 e 15 anos eram uma fase totalmente desastrada, no beijo também.
- ALUNOS, VAMOS COMEÇAR! – A voz da professora os distraiu, fazendo ambos se separarem.
- A gente continua isso depois. – Ele disse, sorrindo. – Sorvete depois da escola?
- Uhum... – Ela disse, sorrindo. – Combinado. – Ela disse, rindo.
- CADÊ O DANIEL?! – A professora falou mais alto.
- Nos vemos depois! – Daniel disse, rindo, com um largo sorriso nos lábios.
Ambos saíram por lados diferentes. A quadra da escola estava cheia de alunos do nono ano até o décimo segundo*. Daniel se aproximou da roda da professora de educação física e se colocou entre o grupo de amigos que o olhavam confusos e ele abanou a mão, como se dissesse que explicaria depois.
- Ah, finalmente apareceu! Você também, senhorita Boskovic. – virou o rosto para Daniel, prestando atenção nos lábios avermelhados do amigo e franziu a testa. Era só o que faltava. – Nós vamos fazer um pequeno campeonato de netball* hoje. Times mistos. Quero grupos de sete, quem sobrar, vai precisar dar cinco voltas ao redor da escola. – A professora disse, séria.
Não precisou que ninguém dissesse nada, o grupinho de sempre com Daniel, , Michael, Déborah, Blake e Tom se juntaram rapidamente. Faltava só uma pessoa para se juntar ao grupo e era sempre a mesma coisa.
- Chama a Jemma. – Danny disse.
- Para perder de novo? – disse sem se importar com o nojo de sua voz. – Essa menina não sabe segurar uma bola. – revirou os olhos.
- Eu ouvi isso, Maria João. – Jemma disse e se virou.
- Por acaso eu menti em alguma coisa? – disse. – Você está mais preocupada se vai quebrar suas unhas. Ou devo dizer garras? – disse, sarcástica.
- MENINAS, PAREM AGORA! – A professora gritou, enjoada de falar sempre a mesma coisa quando eram essas duas.
- Qual é, . Ela é boa no netball. – Daniel disse.
- Se ela estiver dentro, eu estou fora. – deu de ombros, dando alguns passos para trás.
- ! – Déborah chamou a amiga.
- Eu vou correr, professora! – anunciou antes de se afastar da quadra.
- Não! Você é a nossa melhor jogadora! – A professora tentou argumentar quase em um gemido, mas a menina ignorou. – O que está acontecendo aqui? – Ela olhou para o grupinho de sempre.
- Eu estou fora também. – Déborah disse antes de sair correndo atrás da amiga.
- Eu vou atrás delas. – Michael também anunciou antes de correr atrás da namorada.
- Eu não vou correr! – Blake anunciou.
- Os quatro, para fora da minha quadra! – A professora disse séria aos restantes.
- Mas eu não fiz nada! – Daniel disse.
- Fora agora! – Ela disse firme e o garoto tombou a cabeça para trás, seguindo para a arquibancada.
- Sua amiga é muito dramática. – Jemma disse.
- Você também a provoca. – Daniel foi honesto. – Não dá para vocês duas ficarem assim.
- Eu não fiz nada dessa vez. – Ela tentou se defender, mas Daniel preferiu não responder. Cedo demais para a primeira briga de ambos.
- Se você valoriza sua amizade com a , vai atrás dela. – Tom disse. – Aproveita e conta o que estava fazendo atrás da quadra. – O garoto revirou os olhos. – Já te avisando... Ela vai te matar! – Ele disse, gargalhando, antes de se sentar na arquibancada com Blake.
- Não vai jogar? – Blake perguntou para Arya e ela negou com a cabeça.
- O livro está mais legal. – Ela mostrou o novo Harry Potter e o garoto logo se interessou.
- Já volto. – Daniel disse, subindo as escadas de dois em dois até encontrar Déborah na parte de cima.
- Cadê ela? – Ele perguntou.
- Correndo! – Ela disse. – Mike foi atrás dela. – Ela suspirou. – Acho que ela se escondeu lá em cima, eu faria o mesmo. – A menina negou com a cabeça.
- O que deu nela, hein?! – Danny perguntou e Déborah olhou chocada para ele.
- Você só pode estar de brincadeira, né?! – Ela disse o mais sarcástica possível. – A Jemma? Você sabe o quanto a odeia ela!
- Mas do que você está falando? – Ele tentou desconversar e a menina revirou os olhos.
- Todo mundo viu vocês dois saindo de trás da quadra. Só tem um motivo para ir lá! – Ela revirou os olhos.
- Não é culpa minha se ela não gosta dela, eu vou fazer o quê? Parar de viver por ela? – Ele perguntou, irritado.
- Uau! – Déborah disse, rindo. – Essa foi de graça! – Ele suspirou.
- Saiu errado. – Ele disse.
- A não ficou com o Toby só porque ele falou mal do seu nariz. – Ela disse firme. – Que bela forma de agradecer, hein?! – Ela negou com a cabeça. – Bem que ela disse que você estava estranho.
- Ela disse isso? – Ele perguntou, apressado. – Nada mudou... Eu...
- Você não precisa falar isso para mim, Danny. É para ela. – Ela deu de ombros. – Mas pelo que eu a conheço, ela não vai querer falar contigo tão cedo. Ainda mais com essa boca vermelha aí. – Ele passou as costas da mão na boca, mas era avermelhado do beijo, nada que saísse rápido.
- Eu preciso tentar. – Ele disse antes de correr pela rua da escola.
Ele procurou pelos amigos nos mais diversos cantos. Procurou na piscina, na área das crianças, depois por entre os prédios, até achar ambos no parque da escola. Ela se balançava e Michael estava ao seu lado.
- ... – Daniel a chamou e o olhar de ambos seguiu para o menino.
- Eu não quero falar contigo! – Ela disse, se levantando do balanço.
- Por favor, não aconteceu nada! – Ele disse, se aproximando e a menina parou o passo. – Não sei que show é esse que você está fazendo...
- SHOW? – A garota andou em direção a ele. – SHOW É O QUE EU VOU FAZER AGORA! – Ela empurrou-o pelos ombros, fazendo-o cambalear alguns passos. – DE TODAS AS MENINAS DA NOSSA SALA, DE TODAS AS MENINAS DO ENSINO MÉDIO, VOCÊ TINHA QUE FICAR JUSTO COM ELA?
- Por favor, fala baixo. – Ele pediu e Michael se afastou alguns passos, querendo ficar longe dela.
- AGORA VOCÊ PEDE PARA EU FALAR BAIXO? – Ela o empurrou novamente. – SÓ NA NOSSA SALA TEM 37 MENINAS! E VOCÊ FOI FICAR COM A ÚNICA QUE EU NÃO SUPORTO! – Ela disse, irritada, empurrando-o mais uma vez.
- , por favor... Isso já faz anos, não tem nada a ver essa birra entre vocês...
- BIRRA? – Ela o empurrou mais uma vez, fazendo-o tropeçar em um banco e cair de costas na grama. – Eu amo a sua mãe, mas por que você não vai para puta que te pariu? – Ela disse, irritada, se afastando alguns passos. – Fala para professora que eu fui embora, Mike. Obrigada pela conversa. – Ela disse, sumindo para dentro do prédio do ensino médio.
- Que porra aconteceu aqui? – Daniel perguntou, irritado, olhando para Mike.
- Você foi um péssimo amigo e ficou com a única garota da escola que a sua melhor amiga odeia. – Mike disse, pressionando os lábios.
- Eu não fiz nada de errado, vai... – Michael revirou os olhos.
- Devo lembrar o Toby?
- Por que todo mundo fala dele? – Daniel perguntou, irritado.
- Porque é a melhor comparação de todas. – Ele deu de ombros.
- Me ajuda a levantar... – Daniel esticou a mão.
- Não! – Mike disse antes de passar pelo amigo, voltando a descer até a quadra.
- Que merda! – Daniel suspirou.
*Na Austrália, eles não possuem separação do Ensino Fundamental para o Médio, mas possuem 4 anos no "ensino médio", os levando até a 12ª série.
*Netball é similar ao basquete, jogo muito comum entre os países da Commonwealth.
Mônaco, 2016
Quando eu falo que minha vida é relativamente confortável, eu digo algo bem menos do que isso, nunca comprei uma roupa desse tipo, no máximo quando Danny acaba mandando uns presentes muito legais que sei que nunca vou poder retribuir.
Mas usar um vestido lindíssimo da Chanel e um par de sapatos da Jimmy Choo era algo que nunca pensei em usar na vida. O melhor de tudo é que foi presente da organização do evento por eu ser acompanhante de Daniel Ricciardo, mas tive a impressão de que Maria falou algo a mais para eles e me tornei namorada dele antes da hora.
Isso não era algo que eu me importava agora, o vestido longo era rosa claro e discreto. Tentei pegar um modelo mais delicado para chamar o mínimo de atenção possível. O sapato era um pouco mais chamativo, um rosa mais forte e um detalhe na ponta, mas eu estava me sentindo uma Barbie.
Eu acabei me virando com o cabelo e a maquiagem. Michelle fez um coque em meus cabelos, prendendo com a echarpe que vinha com o vestido, eu me virei com a maquiagem e com a depilação. O evento começava de dia, então escolhi tons nudes para também manter o mais discreta possível.
Observei meu corpo no espelho de corpo inteiro que Danny tinha no closet e dei um curto sorriso. Eu pareço uma princesa de verdade. Espero só não tropeçar, cair e nem rasgar o vestido. Nunca fui muito desastrada, sempre tive as mãos firmes, mas nunca estive em um evento desses. Acho que meu último foi na colação da faculdade.
Peguei a pequena bolsa do mesmo tom dos sapatos e coloquei atrás da orelha uma mecha deixada propositalmente para fora do penteado. Os sapatos bateram pelo piso e abri a porta do quarto antes de seguir até a sala, encontrando Danny e sua família.
- O que acham? – Perguntei, evitando mordiscar os lábios e vi o sorriso se abrir no rosto de todo mundo e Danny entreabrir os lábios, surpreso.
- Amiga, você está um arraso! – Michelle falou, animada, se levantando, rimos juntas. – Ah, meu Deus! – Ela segurou minha mão, me rodando ao redor do corpo e ri fracamente.
- Você está linda, ! – Tia Grace falou, me fazendo sorrir.
- Ela sempre foi linda! – Tio Joe disse por cima e dei um curto sorriso. – Vai arrasar todos os solteiros. – Rimos juntos.
- Eu só preciso de um. – Sorri, virando meu rosto para Danny, que parecia ter travado.
- Filho, o que acha? – Grace perguntou e Danny tinha os olhos e lábios entreabertos, olhando fixamente para mim e estava gostando desse olhar em mim, mas era o olhar do Danny apaixonado, não do Danny melhor amigo.
- A titi tá linda-a-a! – Isaac pulou no sofá, me fazendo sorrir.
- Não pula nela! – Michelle falou, me fazendo rir.
- A está sempre linda. – Danny pareceu destravar e abracei Isaac.
- Cuida dela, titi Daniel! – Isaac disse e Danny se aproximou de mim.
- Eu cuido, carinha. – Daniel deu um toquinho de mão em Isaac.
- Você vai se arrumar lá? – Perguntei, notando o moletom da Red Bull.
- Sim! – Ele disse. – Tem camarim, cabeleireiro, tudo. – Ele disse e assenti com a cabeça. – Vamos? – Ele estendeu a mão, dando um sorriso sacana.
- Claro! – Sorri. – Pegou minhas roupas?
- Na mochila! – Ele ergueu sua mochila e assenti com a cabeça. – Estamos indo, gente!
- Não se esqueça de mandar mensagem! – Michelle disse.
- Eu mando! Coloca esse carinha para dormir, hein?! – Danny bagunçou os cabelos de Isaac. – Dorme, hein?!
- Não! – Isaac disse, pulando no sofá.
- Não te dou mais sorvete, hein?! – Danny o ameaçou, me fazendo rir.
- Vamos, Daniel! – O puxei pelo braço, ouvindo-o rir.
- Tchau, família! Nos falamos mais tarde. Mãe, pai, não esperem acordados! – Ele disse.
- Falou o cara que vai estar de pé antes das seis da manhã e que provavelmente vai encontrar a assessora na festa. – Falei, vendo-o revirar os olhos.
- Até mais! – Ele disse mais uma vez, me fazendo rir.
- Tchau, gente, até mais tarde! – Falei, acenando.
- Divirtam-se! – Eles disseram e segui à frente, abrindo a porta do apartamento e saindo por ele.
Fui à frente, apertando o botão do elevador e Danny saiu do apartamento, colocando a mochila nas costas. Ele parou ao meu lado e esperamos mais alguns segundos até a porta se abrir. Entrei em sua frente e ele bateu a mão no botão do térreo.
- Ok, agora eu posso falar! – Ele se virou para mim, me abraçando pela cintura, me fazendo gargalhar. – Você está extremamente gata, Addams! – Apoiei as mãos em seus ombros.
- Eu bem vi sua cara de tonto! – Falei e ele deu um beijo em minha bochecha.
- Será que eu consigo fugir da Maria? Eu te levo para o iate agora e...
- E o quê? – Perguntei, rindo.
- Ah, você realmente não quer saber o que eu estou pensando agora. – Senti mais um beijo em meu pescoço, me fazendo rir.
- Imagino que não seja algo que melhores amigos deveriam pensar. – Rimos juntos.
- Não mesmo. – Ele subiu os beijos para meu rosto. – Mas sério, será que a Maria vai notar? – Vi o elevador se abrir, me fazendo rir.
- Vai e vai atrás de você! – Empurrei-o de leve pelos ombros. – Vamos, lover boy.
- Droga! – Ele sussurrou e segui para fora do elevador.
- Aguenta esse corpo aí, Daniel! Depois que seus pais forem embora, nós podemos continuar por aqui. – Dei de ombros.
- Me surpreendo como o corpo feminino é diferente. – Ele disse, me fazendo rir.
- Não muito. – Dei de ombros. – Agradeço ao bojo do vestido. – Pisquei para ele, ouvindo-o rir.
- Ah, cara! Estamos ferrados! – Ele disse e vi Maria encostada em um carro.
- Falei que ela ia te achar! – Virei para Danny e ele riu fracamente.
- Falei que você ficaria incrível! – Sorrimos e trocamos um rápido abraço. – Está incrível!
- Ei, Maria! – Danny falou.
- Vamos? – Ela disse.
- Lesgo-o-o! – Ele falou, animado e ri fracamente, vendo Maria abrir a porta para mim e entrei no carro e Danny entrou do outro lado.
O desfile seria no Le Méridien Beach Plaza, perto do restaurante Blue Bay, então sabia que chegaríamos lá em cerca de 10 ou 15 minutos de carro, mas esqueci que a cidade estava lotada, então demoramos quase meia hora para atravessarmos Mônaco, até chegar no resort em si e eu já fiquei abismada do lado de fora, imagina lá dentro.
- Informações em cinco minutos, galera! – Maria se virou para nós. – Daniel, você vai entrar no hotel e seguir para os camarins. , você está linda demais e vai passar pelo tapete vermelho...
- Mas por quê? – Perguntei alto demais. – Eu não sou ninguém.
- Você é a chef de cozinha Addams e namorada do nosso garotão aqui. – Entreabri os lábios e Daniel gargalhou ao meu lado.
- Ah... Olha... Tem muita informação errada nessa frase. – Falei.
- Você pretende abrir o restaurante e, se vocês dois não namorarem, eu juro que o Daniel vai aparecer morto dentro da garagem. – Ele arregalou os olhos.
- Vimos que eu não sou preferência nem na minha equipe. – Ri fracamente.
- Eu vou levar a até o lugar dela e te encontro lá dentro. – Maria disse e Daniel assentiu com a cabeça.
- Tudo para eu não aparecer morto na garagem! – Danny disse antes de sair do carro e minha gargalhada ecoou no carro.
- Eu falei sério! – Maria disse antes de sair do carro e ri fracamente.
Ela abriu a porta para mim e me senti incomodada por alguns minutos. Já tinha visto tantos fotógrafos assim, especialmente na entrada do paddock, mas o foco deles sempre era os meninos, mas agora o amontoado de fotógrafos estavam virados para mim e eu não sabia o que fazer.
- Vem, não é aqui ainda! – Maria me indicou o caminho e abaixei o rosto, seguindo com ela. – Cabeça erguida, ! Cabeça erguida! – Ela disse e suspirei, erguendo o rosto e tentei manter a calma, seguindo com ela.
- Acredite, cara, não vai ficar melhor do que isso! – Ele gargalhou e me aproximei do espelho, vendo o topete que ele tinha feito com meus cachos e joguei um em especial para trás, sentindo o cabelo levemente grudento por causa do laquê.
- Acredite, sei bem o que é isso! – Ele disse e tinha o cabelo cacheado assim como eu.
- Eu desisti! – Ri fracamente, me levantando. – Obrigado!
- Sem problemas! – Ele disse e andei até meu lado do camarim, vendo o restante dos pilotos prontos ou quase prontos. Peguei a gravata borboleta e ri fracamente. Oh, Deus, e agora?
- Precisa de ajuda? – Outro homem se aproximou.
- Com toda certeza! – Entreguei para ele.
- Com licença. – Ele ergueu a gola da camisa social e colocou a gravata ao redor de meu pescoço e logo tinha uma gravata borboleta preta perfeita combinando com o terno azul marinho com preto. – O que acha?
- Estou gato! – Falei, ouvindo-o rir.
- Muito, senhor! – Ele disse e rimos juntos. – Você pode se juntar ao restante dos pilotos. – Ele indicou para um lado e vi Ocon, Ericsson, Haryanto Wehrlein, Palmer e Nasr.
- Eu estou nervoso, nunca fiz isso. – Ocon disse, me fazendo rir.
- Eu fiz uma vez e não sirvo para isso. – Suspirei, me olhando no espelho. – Pelo menos é legal.
- Legal são as gatinhas aqui. – Palmer disse, nos fazendo rir e eu realmente só queria uma mulher que estava aqui.
- Senhores... – Viramos o rosto para uma mulher mais velha que se aproximou com uma prancheta. – Vim passar algumas informações para vocês. – Ela disse e prestamos atenção. – A ordem de entrada vai ser essa com Ricciardo, Ericsson, Wehrlein, Ocon, Haryanto, Nasr e Palmer. Vocês vão entrar, formar uma fila aqui atrás da passarela, esperar alguns segundos, depois vai sair um de cada vez. A passarela tem o formato de cruz, então vocês vão para o lado esquerdo, depois para frente, para o lado direito antes de voltar para posição inicial. Quando todos voltarem, vocês saem pelo outro lado. Entendidos? – Todos pareceram confirmar com a cabeça. – Ótimo, temos cinco minutos. Venham comigo.
A seguimos pelos corredores dos camarins e os outros pilotos pareciam muito interessados nas diversas modelos que se arrumaram ali de lingerie ou de biquini, mas pela primeira vez, eu não queria nem saber. Estava mais interessado na mulher de vestido rosa claro que estava na plateia. E que mulher! Não sei o que me segurou para não beijá-la ali na frente dos meus pais quando a vi. Merda! Ela está incrível.
- Os cantores vão entrar e vocês vão logo atrás. – A mulher falou e assenti com a cabeça.
Eu sempre fui de chamar atenção, desde a época da escola, me dei muito bem no desfile de 2014, mas estava nervoso hoje e talvez a culpa fosse totalmente de . Ainda parece estranho como as coisas mudaram entre nós. É como se tivéssemos duas vidas, uma pelos últimos 23 anos e outra nesse ano.
- Ricciardo, você pode ir. – Ela disse e assenti com a cabeça, vendo o organizador na outra porta, indicar com a mão.
- Um segundo. – Ele pediu.
- Abrindo nosso desfile de modas, por favor, recebam, os pilotos de Fórmula Um desse ano. – Uma apresentadora disse. – Daniel Ricciardo. – Outro organizador indicou com a mão e respirei fundo antes de subir os dois degraus e saí para a luz do fim do dia, encontrando os diversos convidados ali.
Os aplausos e gritos começaram e foi inevitável não sorrir. Atravessei a parte horizontal do palco, me colocando do outro lado e a apresentadora continuou a chamar nome por nome, fazendo meus colegas se colocarem um por um ao meu lado. Meu olhar procurou discretamente por , mas, como sempre, tinha muita gente.
Quando ela chamou Palmer, que foi o último, uma música de desfile começou a tocar e um cantor ocupou parte do palco. Trocamos um rápido aceno e sabia que era a minha deixa. Forcei minhas pernas a não agirem como gelatina e comecei a caminhar pela passarela. Encontrei uma extensão do palco à minha esquerda e parei, alargando o sorriso para os fotógrafos, ouvindo alguns gritos da plateia e logo mudei de posição, seguindo até o fundo, fazendo outra parada.
Dessa vez meu sorriso ficou mais largo quando encontrei entre as pessoas e ela tinha um sorriso no rosto também, talvez estivesse rindo um pouco. Ela me aplaudiu junto das outras pessoas antes de eu precisar me virar para trás novamente. Passei pela outra separação da passarela antes de voltar para o começo do palco.
O restante dos pilotos desfilou, mas eu não conseguia tirar os olhos de . Ela estava literalmente em um dos melhores lugares dali, perto de algumas pessoas talvez importantes, mas não consegui desviar meu rosto do de . Deus! Será que falta muito para isso acabar?
Meu pedido foi atendido quando Palmer voltou novamente e demos uma última caminhada pela passarela. Consegui sorrir para mais uma vez, vendo-a dar uma piscadela para mim antes de eu seguir para dentro junto do restante dos caras.
- Ufa! – Ocon falou quando entramos, me fazendo rir.
- Respira, cara! – Dei dois tapinhas em seus ombros, fazendo-o rir.
- Você se dá bem nessas coisas, eu sou péssimo! – Ele disse.
- Foi ótimo, vai! – Ri fracamente.
- Poderia ser pior. – Pascal disse e rimos juntos.
Voltamos juntos para a área que estávamos e algumas modelos sorriram para mim. Isso até poderia acontecer, se eu estivesse em outra situação, mas só quero que isso acabe logo e que eu possa ficar com de novo.
Ainda tem a balada mais tarde e já sei que vai ser uma festa nada confortável para mim. Poderia ser o momento perfeito para dançarmos juntinhos e acabar com essa distância, mas sei também a quantidade de câmeras que possuem nesses lugares, além da presença de Michelle. Fugir para o iate agora parecia uma boa ideia.
- Oi, Daniel!
- AH! – Me assustei com Maria. – Você não cansa, não?
- Uh, se acalma, irritadinho. – Puxei a gravata borboleta para fora, colocando-a na minha poltrona.
- Desculpe, eu estava pensando em outra coisa. – Suspirei.
- Não faz isso. – Maria disse.
- O quê? – Ela pegou a gravata e colocou em volta de meu pescoço novamente.
- Eu preciso me trocar. – Falei.
- Eu sei, mas espera dois minutos. – Ela disse, se apoiando na parede e franzi a testa.
- Por quê? – Perguntei, notando que abri a boca mais do que deveria.
- Só dois minutos. – Ela disse, olhando em seu relógio e eu sentia que meu cérebro estava se atrofiando aos poucos. – Dois minutos...
- Pelo amor de Deus...
- Ah, aí está! – Ela disse e virei o rosto para onde ela dizia e vi desviando das pessoas e abri um sorriso. – Não é todo dia que você fica bonito assim. – Ela me deu um toquinho de ombro, me fazendo rir.
- Bonito sim, mas de terno, não. – disse, se aproximando de mim, me fazendo sorrir.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei, apertando minhas mãos em sua cintura.
- Você não achou que eu fosse assistir ao desfile inteiro, certo? Ainda mais que vocês foram os primeiros. – Rimos juntos.
- Mas você está tão linda e...
- E você pode me ver aqui. – Ela disse por cima, me fazendo sorrir. – Eu adorei o terno. – Rimos juntos.
- Passo pelo namorado de uma chef de cozinha? – Ela riu fracamente, escondendo seu rosto em meu ombro.
- Você passa de qualquer jeito. – Ela disse fracamente e sorri, sentindo o cheiro de baunilha. – Você está lindo. – Abracei-a apertado.
- Você também. Até parece que somos comportados assim, né?! – Ela se afastou de mim sorrindo.
- Encontre alguém que possa fazer ambos. – Sorri.
- É. – Assenti com a cabeça, dando um curto beijo em sua bochecha. – Eu encontrei você...
- É, vocês são fofos, mas acho que minha diabetes estourou. – Ouvi Maria e virei o rosto para o lado.
- O que você ainda está fazendo aqui? – Perguntei.
- Evitando que algum fotógrafo tire fotos de algo que não deva? – Ela falou sarcástica e suspirei. – É, eu ainda estou trabalhando.
- Que horas é a festa? – Perguntei.
- Começa às oito. – Ela checou seu relógio. – Está começando agora.
- Mas a gente não vai chegar às oito, não vai ter ninguém ainda. – Falei.
- Não se esqueça que amanhã tem...
- Classificatória, eu sei, relaxa! Seis horas eu estou de pé, mas chegar lá agora é piada. Nem o príncipe está lá. – Falei.
- O príncipe vai estar lá? – perguntou rapidamente.
- É, mas são vários ambientes. – Ri fracamente. – A gente pode se trocar em casa, né?!
- Por que você não aproveita o evento um pouco? Coloca essa gravata de novo e vai dar uma volta com . Tem comidas incríveis aqui, eu sei que ela gosta. – riu fracamente. – Sei que sabem ser discretos. – Ponderei com a cabeça, virando para .
- Você quer? – Perguntei.
- Ficar aqui ou voltar para seus pais e um Isaac que talvez não tenha dormido? – Ela perguntou e ri fracamente.
- Me ajuda com isso. – Pedi, puxando a gravata do pescoço.
- Por que você acha que eu sei dar nó de gravata? – Ela perguntou.
- Porque você é uma chef de cozinha e é mais culta do que eu? – Rimos juntos. – Por quê? Não sabe?
- Sei, mas foi tão automático que me perguntei como você sabia. – Ela disse, me fazendo rir e ergueu a gola da minha camisa.
- Um pré-conceito? – Falei, rindo.
- Talvez, mas isso quem me ensinou foi meu pai mesmo. – Ela disse e sorri, procurando pelos seus olhos enquanto ela dava o nó.
- Não é meu iate, mas garanto que é bem melhor.
- Daniel, isso não é um iate, é um transatlântico. – Falei, olhando para os vários andares do iate que estava iluminado com luzes neon.
- É, também não exagera. – Ele disse, me apertando pela cintura e desviei o corpo.
- Eles estão logo chegando, para! – Segurei firme sua mão, mantendo-a afastada de meu corpo.
- Desculpe, mas você está linda demais. – Ele afundou o rosto em meu pescoço, me fazendo rir e empurrei-o de volta. Realmente, o short preto curto de cintura alta e o body vermelho haviam sido uma boa escolha.
- Daniel! – O repreendi. – Se não for sua irmã, que já era para estar aqui, são os diversos fotógrafos que vão adorar em ter uma manchete quentinha. – Passei a mão em seu boné virado para trás e ajeitei a camisa xadrez que ele usava por cima da camiseta branca.
- Eu não estou nem aí para eles. – Ele disse, dando um beijo em minha bochecha e empurrei-o de leve quando outros faróis me cegaram.
- Finja que não estou aqui, ok?! – Pedi, ouvindo-o rir sarcasticamente.
- Depois da última vez? Não mesmo. – Ele disse.
- Não vamos ter problemas aqui hoje, né?! – Perguntei baixo, tentando manter a voz acima da música, mas sem que sua irmã e cunhado pudessem ouvir.
- Não. – Ele disse, sério. – Eu não vou te soltar, . E estou pronto para socar o primeiro monegasco que sorrir para você. – Ri fracamente.
- Também não exagera. – Falei baixo.
- Você vai ver. – Ri fracamente, virando meu rosto para ele.
- Você está bonito também, Danny. – Falei e ele piscou, me fazendo rir.
- Só para você! – Neguei com a cabeça.
- E aí, galera? Mamãe quer se divertir! – Michelle disse, animada, nos fazendo rir.
- Lesgo, mamma! – Brinquei, sentindo-a me abraçar de lado.
- Cadê aqueles atrasados? Demoram mais para se arrumar do que a gente! – Ela disse, me fazendo rir.
- Ela não sai faz tempo, deem um desconto. – Jason pediu.
- Isaac dormiu? – Perguntei.
- Sim, mas ele se acostumou com o sofá, então mamãe e papai vão dormir lá e vocês dormem na sua cama quando voltarem. – Mi disse.
- Ah, eles fizeram isso de propósito, aposto. – Daniel disse.
- Você realmente precisa de uma boa noite de sono, maninho. – Michelle disse e concordei com ela. – Amanhã é um dia importante.
- Eu sei, só... – Ele suspirou.
- Fala aí, galera! – Blake, Tom, Alex e Michael apareceram.
- Oi, gente! – Falamos.
- Prontos para festejar? – Blake falou um pouco mais alto.
- É, não exagera! – Falei, rindo.
- Vamos, dona chata, eu deixo você dançar comigo! – Blake me segurou pela cintura, me fazendo rir e andamos juntos pelo píer.
Danny deu uma rápida olhada para mim e dei um aceno de cabeça, deixando-o andar à frente e antes de pisar na passarela que levava até o iate, ele me soltou. Eu estava nessa vibe de Grand Prix de Mônaco há quatro dias, estava acostumada com os iates, com alguns famosos perdidos aqui e ali, mas eu nunca tinha entrado em um iate desse tamanho. Era loucura, de verdade.
Um homem me esticou a mão para entrar no iate e dei um sorriso e um aceno de cabeça. Seguimos quase em fila indiana pela lateral esquerda até no final dele, onde dava para ver todo Port Hercule, o porto mais importante de Mônaco, na região de Monte Carlo. Quando viramos, alguns fotógrafos estavam acumulados ali e sorri quando Danny se colocou na frente deles, no banner de propaganda.
Estava cada dia mais difícil fingir minha queda por ele, mas acho que o Daniel despojado era meu favorito, apesar de conhecer muito bem o Danny de macacão e o de terno, que estava incrivelmente sexy no desfile hoje.
- Vem! Vem! – Danny chamou com a mão.
- Não! Não! – Falei, negando com a cabeça.
- Vem! – Tom me puxou pelo ombro, enquanto o restante do pessoal se colocava na foto e acabei ficando entre Tom e Michelle. Fiquei levemente intimidada pela quantidade de fotógrafos, mas dei um sorriso, sentindo alguns flashes em meu rosto antes de nos separarmos!
- Lesgo-o-o-o-o! – Danny disse, empolgado e ri fracamente, seguindo com o pessoal logo atrás dele.
Seguimos pelas indicações que os próprios corredores nos levavam e subimos algumas escadas até chegar realmente na festa. Luzes neons, negras e de LED deixavam o ambiente bem intimista e a música aqui dentro era muito mais alta do que parecia no píer. Tinha uma apresentação no palco onde lindas dançarinas faziam uma dança sensual, todos os bares tinham barmen fazendo verdadeiras obras de arte nas bebidas, além de outros pilotos de corrida perdidos entre as pessoas. O lugar era gigantesco.
As instruções haviam sido dadas no hotel dos meninos: se manter dentro da área VIP para evitar contato com os fotógrafos, mas estava confusa do que era área VIP aqui e não. Um iate exclusivo me parecia VIP no geral. A piada ficou no ar quando falei isso com Danny. Acabei seguindo o pessoal quando entramos na área VIP, que era na parede externa de onde estávamos, onde não era possível ter acesso à lateral aberta do barco. A vantagem é que tinha alguns sofás, poltronas e mesas e sabia que podia relaxar ali.
- Boa noite, senhor, bebidas? – Um garçom se aproximou.
- Oito shots de tequila! – Ele disse, indicando com os dedos.
- Você não deveria beber! – Falei para Daniel, aproximando o rosto de seu ouvido.
- Uma dose! – Ele disse. – E você também.
- Você é uma péssima influência! – Brinquei, ouvindo-o rir e senti sua respiração em meu ouvido.
- Descobriu só agora? – Empurrei-o de leve, rindo com ele.
- Imaginei que estivessem aqui! – Virei o rosto, vendo Alonso.
- Nando! – Eles se abraçaram.
- Senhorita ! – Ri fracamente, abraçando-o pelos ombros.
- Bom te ver. – Falei, vendo-o sorrir.
- Não exagera na bebida, hein?! – Ele brincou, nos fazendo rir.
- Divirta-se! – Falei e ele deu um aceno, apoiando a mão na cintura de uma mulher e se afastou também.
- Danny! – Virei o rosto e vi o garçom servindo a tequila nos oito shots e suspirei.
- Obrigado! – Danny agradeceu a ele, colocando uma nota de alguns euros em sua mão antes do homem sair dali.
- Cada um pega um! – Michael me estendeu um shot e suspirei.
- A uma classificação e uma boa corrida! – Blake disse.
- YEAH! – Falamos, rindo e puxei a respiração antes de virar o shot na boca, fazendo uma careta com o gosto forte e abaixei o shot na pequena mesa alta.
- Ok, faz tempo! – Michelle disse, nos fazendo rir. – Mas a mamãe aqui precisa dançar! – Ela disse, puxando Jason pelo pescoço e ri quando ambos foram para a pista de dança, onde uma música da Rihanna tocava.
- Michelle não vai nem levantar amanhã. – Comentei com Danny.
- Não mesmo! A mamãe ali vai ficar de ressaca! – Ele disse, me fazendo rir e senti sua mão em minhas costas. – Quer dançar?
- É? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça. – Ok! – Sorri e ele me puxou pela mão.
Olhei rapidamente para trás, vendo o restante dos caras ficarem ali e Danny se infiltrou no meio das pessoas, me segurando pela cintura assim que paramos. Diferente do desfile em que eu estava de salto e me deixava um pouco mais alta do que ele, agora nossas alturas regularam pelo All-Star sem meia em meu pé. Conforto é tudo para esse tipo de festas.
Minhas mãos foram para seus ombros quando ele apertou as mãos em minha cintura, tocando um pouco da minha bunda e ergui meus olhos para os seus. A luz tinha tons de rosa e azul neon, mas seus olhos castanhos tinham aquele brilho, tornando-os levemente esverdeados e eu amava demais.
Foi diferente da Espanha. Ao invés de nossos corpos travados, eles começaram a se mexer de forma mais rápida e até Danny começou a dançar de verdade dessa vez, fazendo nossos quadris se chocarem de vez em quando. Diferente da Espanha, tinha menos troca de olhares. Dava para passar como amigos dançando, mas seus olhos nos meus me dariam vontade de beijá-lo e começaríamos um clima com todos nossos amigos e familiares perto.
E não acho que Michelle esteja bêbada o suficiente para se esquecer de nós dois nos beijando.
Independentemente do que fosse acontecer até o resto da noite, eu não precisavs mais sair dos braços de Danny e nem de seus lábios tocando esporadicamente meu pescoço.
Daniel
- Droga! Está tão bom... – Ela assentiu com a cabeça, sorrindo.
- O pior vai ser dividir quarto com sua irmã. – Fiz uma careta.
- Acordar meus pais e obrigá-los a ir para o quarto está fora de cogitação? – Perguntei.
- Totalmente! – Ela disse, rindo antes de se afastar. – Já volto. – Assenti com a cabeça, vendo-a sumir por entre as pessoas.
Ri fracamente e virei o rosto, voltando para a pequena mesa que estávamos usando de ponto de referência e encontrei Michael, Blake, Tom e Alex ali, jogados nos sofás.
- Já cansaram? – Perguntei, me sentando no braço da poltrona de Blake.
- Pô, cara, uma hora cansa! – Alex comentou, me fazendo rir.
- Ah, eu preciso dormir um pouco, mas dava para eu ficar mais um tempo aqui. – Falei rindo, procurando por entre as pessoas.
- Você e a estão com um pique que eu nunca vi! Tá louco! – Blake comentou e ri fracamente. – Até eu peguei alguém hoje e você não.
- HÁ! Nem imagino o porquê. – Michael falou mais alto e virei o rosto para ele.
- Cala a boca! – Falei, dando um chute e ele encolheu as pernas.
- Qual é, cara, eles merecem saber! – Ele disse, rindo e suspirei.
- Porra, Michael, cala a boca. – Dei um tapa em seu ombro, ouvindo-o gargalhar. – Não tem nada.
- Ah, tem! – Ele disse, rindo. – Você está meio lento, mas tem sim. Ou devo lembrar do “estou apaixonado por ela”?!
- Ah, porra. – Tombei a cabeça para trás.
- Espera! Estamos falando de quem? – Alex perguntou.
- Espera... – Blake virou para mim, arregalando os olhos. – ?
- Cala a boca! – Pedi, empurrando-o pela cabeça.
- OH! OH! OH! VOCÊ ESTÁ APAIXONADO PELA... – Tapei sua boca com a mão, ouvindo somente o som abafado.
- Dá para calar a boca? Ninguém mais sabe e não quero que a Michelle saiba assim e nem agora.
- COMO ISSO ACONTECEU? – Tom gritou. – Vocês são amigos há sei lá quantos anos. – Suspirei, tirando a mão da boca de Blake.
- Vocês prometem que não vão falar para Mi e nem zoar com a por isso?
- Por quê? Ela não sabe? – Alex perguntou.
- Ah, sabe! – Michael disse, rindo.
- Você cala a sua boca ou eu te demito agora mesmo. – Falei e ele ergueu as mãos, rindo em seguida.
- Spoiler: ela também está. – Michael disse e revirei os olhos.
- OH! – Os caras riram.
- Então é isso que estava acontecendo ali, cara! – Blake disse, rindo. – Achei estranho mesmo. – Suspirei.
- Eu não sei, foi natural, só aconteceu. – Dei de ombros e eles me olharam com sorrisos no rosto. – Podem parar de me olhar assim?
- Não mesmo, cara! É a melhor notícia de todas! – Tom disse, rindo. – Vocês são amigos desde bebês praticamente, a gente sempre achava que uma hora vocês iam ficar juntos, porque naquela época que você namorou a Jemma, ficou óbvio demais.
- É, cara! – Blake disse, rindo.
- Não era óbvio. – Virei para eles. – Era?
- Ah, qual é, cara, ela parou de falar contigo por três anos, era óbvio. – Ele gargalhou em seguida.
- Enfim, estamos descobrindo o que isso é ainda, sem perder a amizade, então gostaria que vocês não comentassem sobre isso. – Pedi.
- É, especialmente que eles não chegaram nos finalmente ainda e ter essa galera aqui em volta não ajuda em nada. – Michael disse.
- Cara, você é bocudo para caramba, hein, puta que pariu! – Ele gargalhou alto e neguei com a cabeça.
- Ah, cara, te garanto que todo mundo aqui torceu, em algum momento, por vocês dois, inclusive seus pais e sua irmã, então deixa o pessoal aproveitar. – Ele disse relaxado e revirei os olhos.
- Por favor, não falem para Michelle e nem para os meus pais. Eles vão surtar e tá tudo meio incerto ainda. – Pedi.
- Se você tivesse falado no começo da festa, talvez tivéssemos algum problema, mas agora a bebida já passou. – Alex disse.
- Relaxa, Danny, seu segredo tá salvo conosco. – Assenti com Blake.
- Se vocês derem uma folga para eu sair só com ela, agradeço também. – Pedi, sorrindo.
- É, o garotão tá arranjando um lugar para o primeiro beijo deles. – Michael disse e dessa vez o chutei para valer. – AH!
- Cara! Vocês não se beijaram ainda? – Blake perguntou, rindo.
- Você era mais rápido, cara. – Tom disse, rindo.
- Se fosse qualquer outra mulher do mundo, cara, seria fácil, mas é a . Tem muita coisa para levar em conta. – Suspirei. – Não posso perder a amizade dela.
- Pensando nesse ponto... – Alex concordou comigo e vi aparecer na multidão e sorrir quando se aproximou.
- Ok, podemos ir! – Ela disse, parando em nossa frente, colocando as mãos na cintura. – O quê? Tem papel higiênico na minha bunda? – Ela virou o rosto e franzi a testa. – Por que vocês estão sorrindo assim? – Ela perguntou e virei o rosto para os caras, vendo todos dando sorrisos mal-intencionados para elas.
- Ah, eu odeio vocês. – Me levantei, andando até . – Eu contei para eles.
- VOCÊ CONTOU PARA ELES? – A voz de ficou mais alta e assenti com a cabeça.
- Nós amamos isso, honestamente! – Blake disse, rindo. – Espero desde o ensino fundamental. – Ela revirou os olhos.
- Danny, a gente não tinha...
- Eu sei, mas o bocudo do Mike...
- Quanto você bebeu? – Ela perguntou para Mike e ele deu de ombros, fazendo-a negar com a cabeça. – Seus pais...
- Eles prometeram não contar e espero honestamente isso. – Apertei-a pela cintura e ela apoiou as mãos em meu peito.
- Ah, Daniel. – Ela reclamou.
- Foi o Michael. – Expliquei de novo, fazendo-a suspirar.
- Ah, Italiano! Eu vou te... – Ela o chutou de longe, me fazendo rir. – Nós precisamos ir. – Ela suspirou enfim e assenti com a cabeça antes de dar um beijo em seu rosto.
- Eu vou falar com Mi. – Ela assentiu com a cabeça e virei o rosto para os caras. – Vocês vão ou vão ficar? Eu preciso dormir pelo menos umas três horas.
- Acho que dá para ir. – Blake disse, virando para o restante que assentiu com a cabeça.
- Eu vou com certeza. – Michael disse. – Preciso estar na sua casa até sete.
- Sim! – Assenti com a cabeça e os caras se levantaram.
Encontrei Michelle e Jason namorando na sacada e até me senti mal por interromper esse momento deles. Em casa eles precisavam se dividir entre os trabalhos, Isaac e meus pais. Eles acabaram indo conosco e pegamos os táxis da mesma forma de ida. Michael, Blake, Tom e Alex foram para o hotel e eu fui com , Mi e Jason para o apartamento de volta.
Meus pais já dormiam no sofá com Isaac e eu sempre me sentia mal quando isso acontecia. Não que o sofá fosse ruim, mas meus pais já tinham passado dos 50. Eu me virava depois, eles não.
- Querem ir se trocando? Eu vou dar uma olhada no Isaac. – Mi disse.
- É, claro! – disse e assenti com a cabeça. Fomos em direção ao quarto e ambas as camas estavam arrumadas. – Pode ir. – Ela disse, apoiando a mão em seu ombro.
- Eu vou rápido. – Falei, colando meus lábios em sua bochecha e ela sorriu.
- Foi legal hoje. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Sim, foi. – Rocei meu nariz no dela. – Poderia alongar mais...
- Você precisa dormir. Amanhã é um longo dia.
- É, eu sei. – Suspirei, me afastando. – Já saio. – Ela assentiu e passei no closet para pegar meu pijama antes de entrar no banheiro.
Mijei antes de lavar o rosto e troquei a roupa da festa pela bermuda de moletom e a camiseta larga. Joguei um pouco de água no rosto e escovei os dentes antes de sair. Michelle e Jason já estavam no quarto e saiu do closet com seu pijama colado e dei um curto sorriso antes de ela entrar no banheiro.
- Tento ser discreto de manhã. – Falei.
- Relaxa, Danny! – Mi disse. – A gente se vira, ok?! Faça o que precisa fazer. – Assenti com a cabeça.
Liguei o ar-condicionado antes de deitar na cama e não demorou para que saísse do banheiro. Ela se deitou ao meu lado e vi Michelle e Jason seguirem para o banheiro e ri fracamente.
- Ela vai tomar um banho. – disse. – Eu deveria fazer o mesmo, mas eu estou muito mole. – Deitei ao seu lado, puxando o lençol para cima de seu corpo.
- Amanhã você toma. Você precisa dormir também, o dia foi cheio. – Apoiei a cabeça no travesseiro, aproximando o rosto dela.
- Eu sei. – Ela suspirou. – Amanhã vai ser mais. – Suspirei. – Que horas é o terceiro treino?
- Meio-dia, e a classificação é as três. – Ela assentiu com a cabeça.
- Vai dar tudo certo. – Ela sorriu. – Essa é sua pista favorita, não é?
- É. Eu mando aqui! – Ela riu, claramente mole. – Quero ver se consigo minha primeira vitória aqui, mas para isso preciso de uma boa classificação.
- Vamos fazer um bom espetáculo, ok? – Inclinei meu corpo para deixar um beijo em sua bochecha e ela sorriu, segurando minha mão por baixo do lençol e sorri, entrelaçando nossos dedos.
- Boa noite, .
- Boa noite, Danny. – Ela disse, suspirando.
Diferente de todas as classificatórias em que eu estive até hoje, eu nunca senti o clima tão pesado na garagem quanto hoje, inclusive nos treinos de quinta-feira.
Na hora do almoço, enquanto eu tentava não passar mal pelo calor, Vettel acabou ficando com o melhor tempo, Rosberg com o segundo e Danny com o terceiro. Ainda não entendia muitas das coisas, mas sei o quão fechado é o circuito aqui e que as ultrapassagens são difíceis, ainda mais entre os primeiros. Ele precisa ser o melhor.
Eu e Danny mal conversamos. Ele me acordou para se despedir e vim perto das 11 com seus pais e o resto dos caras. Michelle estava virada da noite passada, os óculos escuros não saíram do rosto desde o começo de dia e ela estava bem mal-humorada. Em compensação, Isaac não saiu do meu colo ou de Grace desde que chegamos aqui, mas o calor também o deixava incomodado, então ele estava um pouco agitado.
- Titi Daniel! – Isaac gritou quando Daniel entrou na garagem e suspirei ao vê-lo com o macacão abaixado na cintura e a segunda pele branca colada em seu corpo.
- Fala aí, carinha! – Ele bagunçou os cabelos de Isaac e deu um beijo em sua cabeça, me olhando por cima de nosso afilhado. – Oi.
- Oi! – Falei, rindo. – Pronto?
- Nasci pronto! – Ele disse e suspirei, assentindo com a cabeça e ele puxou meu rosto para dar um beijo em minha testa. – Coragem, ! – Suspirei.
- Eu sei, eu só... – Neguei com a cabeça. – Eu vi seu novo capacete e eu odiei. – Falei, dando de ombros e ajeitei Isaac em meu colo.
- Você sabe do que eu gosto. – Ele piscou e ri fracamente, preferindo não dizer nada com sua mãe ao meu lado, mas a loira peituda com a barriga a mostra de seu novo capacete não era nada parecida comigo.
- Arrasa, tigrão. – Falei, séria e ele assentiu com a cabeça.
- Pode deixar. – Ele falou em um suspiro.
Ele abraçou seus pais e os caras, que estavam amontoados do lado de dentro do bar, antes de seguir para perto de Simon e Christian. Do outro lado da garagem, Max também havia chegado e fazia as mesmas preparações. A garagem em Mônaco era menor, então sabia que não dava para ficar todo mundo aqui na bagunça da corrida de amanhã.
Quando o contador estava perto do zero, Danny tirou minha visão de seu corpo ao subir o macacão e deu uma última olhada para nós antes de entrar no cockpit. Retribuí o gesto, apertando Isaac em meu corpo e suspirei. Eu me sentia estranha, estava com uma adrenalina no corpo, mas aquele receio de algo acontecer parecia maior do que normalmente. Não era um medo de um possível acidente, era medo de ele se decepcionar.
Ele não falava, mas ele estava muito empolgado com essa corrida e, baseado no histórico e nos treinos, tinha tudo para dar certo, porque eu o conheço, ele estava guardando algo para o fim, tenho certeza.
Os barulhos dos motores ficaram mais altos e não me importei devido ao fone, mas apertei a mão livre ao redor da cabeça de Isaac e o pressionei contra meu corpo, sentindo-o me abraçar com força.
- Titi! – Ele reclamou e apertei minha boca em sua cabeça.
- Calma, logo passa! – Falei baixo e fiz um rápido sinal da cruz. – Vamos, Danny!
Quando o pit lane foi aberto, o som dos carros perto da garagem reduziu e Isaac pareceu relaxar um pouco mais e se impulsionou em meus ombros para tentar ver em alguma televisão o que estava acontecendo. Não sei se ele entendia algo, mas tinha curiosidade com os carrinhos passando rapidamente.
Não estava nem com dois minutos da Q1 e Nasr teve um problema de motor e deram uma bandeira vermelha. Isso era um péssimo começo. Pensando em Mônaco, iria demorar um pouco para tirarem o carro dali, limparem o óleo da pista e liberarem a pista novamente. E Danny não tinha nem saído da garagem ainda.
Quando liberaram a pista, Grosjean da Haas foi o primeiro a fazer seu tempo e os números começaram a aparecer na tela. Eu já não estava me aguentando de nervosismo, em ver o carro de Danny estacionado na minha frente e aquele rádio silencioso.
Eu sei que tudo é estratégia, mas caramba! Vai logo!
O relógio estava chegando perto dos 11 minutos e Hamilton fez 1:14:831, Danny tinha feito dois centésimos a menos no segundo treino, o melhor tempo do fim de semana inteiro. Era possível! Eu sei! O dia foi bom ontem, nos divertimos para caramba, ele está sim levemente virado, porque eu ainda estou e dormi umas três horas a mais do que ele, mas era possível.
Faltava 10 minutos para acabar quando Danny saiu da garagem e sua primeira volta o deixou literalmente em último lugar dos 19 pilotos, Verstappen ainda estava na garagem do outro lado. Eu já estava começando a morder a ponta do meu dedo novamente e isso não era bom.
- . – Me assustei, virando para Michelle. – Deixa comigo. – Ela pegou Isaac em seu colo.
- Titi! – Isaac resmungou, estigando os bracinhos para mim.
- A gente vai comer, titi não vai sair daqui. – Ela disse, dando um beijo nele e acho que o sono e calor o pegaram, fazendo-o apoiar a cabeça em seu ombro.
Voltei a prestar atenção na classificação e Danny finalizava sua segunda volta, cravando em 1:14:912. Isso o deixava em quarto lugar na classificação, mas era bom o suficiente para ele esperar aqui na garagem novamente. Precisava abaixar para 1:14:607, como fez na quinta-feira. Seria o melhor e melhor do que Hamilton.
Verstappen apareceu na tela, fazendo sua volta. Ele já tinha feito alguns pequenos erros nos treinos, fazendo os mecânicos trabalharem mais em seu carro. Foi com esse receio que as chances de uma boa classificação dele acabaram na curva 16. Ele não conseguiu desviar do balanço do carro ao subir na zebra e foi com tudo com a roda direita para a barreira de proteção.
- ARGH! – Os mecânicos reclamaram e pressionei os lábios.
Olhei para sua família e ninguém parecia feliz. Do outro lado, Helmut Marko começava a ficar mais avermelhado. Era quase como se eu não conseguisse respirar aqui. Pelas imagens, o carro estava muito ferrado, é impossível para ele volte para a classificatória, mas esperamos que os mecânicos consigam arrumar o carro até amanhã. Sem fim de semana para eles.
Danny voltou para a garagem após isso e ficou conversando com Simon quando a pista foi liberada novamente. Ele vai guardar o melhor para fim. Eu bem conheço o amigo aparecido que eu tenho.
Além de Verstappen e Nasr, Wehrlein, Haryanto, Palmer e Ericsson acabaram ficando fora da próxima etapa. Danny não saiu do cockpit em nenhum momento e ficou conversando com seu engenheiro e se hidratando durante esse tempo, mas não dava para ouvir sua voz nem pelo rádio. Ele sabia o que precisava fazer.
Quando faltava dois minutos para o começo do Q2, ele voltou a se arrumar, e era como se a palpitação voltasse quando os primeiros carros começaram a sair das garagens. Dessa vez Danny não demorou e saiu logo em seguida. Meu ouvido ardeu por alguns segundos antes da tensão voltar.
O primeiro melhor tempo foi de Kvyat, com 1:27:029, ruim, comparado com a primeira etapa, mas me surpreendi quando todos os outros foram piores do que ele, inclusive Danny com 1:34:447. Ele precisa melhorar isso urgentemente!
Vamos lá, Daniel! Coloca as manguinhas de fora.
Quando Kvyat refez a volta dele, desceu para 1:14:819 e foi aí que o jogo começou novamente. Sainz o passou, depois Vettel, Hamilton, até finalmente aparecer o número do Danny da tela com 1:14:357, atrás das duas Mercedes. Hamilton conseguiu baixar para 1:14:056, fazendo o novo melhor tempo do fim de semana.
Danny estava satisfeito com seu tempo quando voltou para a garagem e, realmente, ninguém parecia superar os tempos, a ordem se manteve, até quando Bottas e Massa entraram faltando somente seis minutos para o final.
Eu parecia uma bateria, o coração parecia explodir do peito nos últimos minutos. Danny estava incrivelmente calmo, se manteve dentro do carro novamente, conversava com Simon e Michael o entregava a garrafa de Red Bull frequentemente. Eu queria correr até ele, abraçá-lo... Não sei o que falaria, mas meus pés estavam colados no chão, como se eu não existisse. Seus pais estavam da mesma forma.
Eles fizeram a troca de pneus para super macios e Danny saiu da garagem novamente para conseguir passar o tempo de Rosberg com 1:14:357, quatro centésimos a frente. Isso em uma volta. Tinha tudo para ele conseguir sua primeira pole. Até meu lado pessimista parecia estar quieto hoje.
A Q2 finalizou com Vettel passando o Danny em um centésimo e Rosberg passou todos ao fazer 1:14:043. Isso deixou todo mundo irritado. A briga com as Mercedes ainda vai ser grande na última parte.
Magnussen, Grosjean, Massa, Button, Gutierrez e Bottas ficaram fora dessa penúltima parte e agora era a hora de Danny mostrar literalmente tudo o que ele tinha escondido dentro desse macacão. Ou eu mesma o pegaria pelo pescoço.
Para a Q3, ele foi literalmente o primeiro a sair. O barulho nem me importava mais, e ele era o primeiro quando liberaram o circuito e juntei minhas mãos, aproximando da boca e mordi a pele de cima do dedo indicador.
Logo de início, o carro de Hamilton deu problema, mas ele não tinha nem saído, então os mecânicos o levaram de volta para a garagem. Danny começou sua primeira volta assim que passou da marca de largada e ficou em terceiro lugar após Hulkenberg e Alonso completarem suas voltas e foi caindo com Vettel e Perez.
- Vamos, Danny! – Sussurrei, apertando minhas mãos mais forte, vendo-o começar outra volta.
As imagens da câmera não estavam focadas nele no começo, então não tive uma visão geral de tudo, mas quando a câmera focou nele na entrada do túnel, deu para perceber que ele estava igual um foguete.
Respira, ! Respira!
O carro deslizava por cima das zebras, fazendo o carro levantar um pouco nas laterais e o coração parecia pular junto.
- Vamos, Daniel! Vamos! – Suspirei.
Quando ele passou da largada, o susto foi enorme quando seu nome foi para o primeiro lugar e subiu para 1:13:622.
- PORRA! – Os mecânicos e seus pais comemoraram com aplausos e eu estava travada e trêmula.
- Viva aí? – Sua mãe perguntou, gargalhando e ri nervosa.
- Ainda sim. – Suspirei, olhando os números subindo aos poucos, mas Danny continuava em primeiro lugar. Isso era perfeito!
Danny voltou para a garagem, mas ninguém fez grandes comemorações e Danny também não saiu do carro. Tinha prova ainda. Ele fez troca de pneus mais uma vez antes de sair novamente. Ainda tinha três minutos e meio e sabia que ele ainda conseguia reduzir esse tempo. Especialmente pegando um pouco do vácuo* do Hamilton que tentava fazer um tempo após o problema na saída da Q3.
Hamilton conseguiu ficar em terceiro lugar, Rosberg em segundo e Danny não conseguiu melhorar seu tempo, mas quem se importa agora? É a primeira pole* da carreira dele, aqui em Mônaco, no circuito favorito dele e eu estou aqui. Não podia ser melhor.
- P1, Daniel! P1! – Ouvi a voz de Christian em meu ouvido e passei o braço ao redor dos ombros da Grace, sentindo meus olhos se encheram de lágrimas.
- WO-O-O! YEAH! – Os gritos de Danny saíram no fone e Grace e Joe me abraçaram, o sorriso não saía mais do rosto. – Minha vez! Finalmente a porra da minha vez! – Ele disse alto e gargalhei com o pessoal.
Michael se aproximou em seguida, me fazendo rir e abracei-o apertado, sentindo os outros meninos entrarem no abraço e nossas risadas se misturaram com a do restante do pessoal. Meu corpo finalmente relaxou e eu estava literalmente nas nuvens.
- Ele conseguiu! – Falei, rindo, sentindo a voz falhar no meio do caminho.
- Ele conseguiu! – Michael falou contra meu ouvido, me fazendo rir e sorrimos quando afastamos nossos rostos. – Respira, ! Respira! – Ri fracamente.
- Acho que eu aceito aquela bebida agora! – Falei.
- Todos nós! – Virei para Christian que apareceu atrás de nós e ele apoiou a mão em meu ombro e me abraçou junto de Joe e Grace. – Parabéns! – Ele disse, rindo e sabia que estava falando com Joe e Grace, mas eu não me importava.
Hoje talvez seja o dia mais importante da carreira dele e eu mal vejo a hora daquela coletiva acabar para gente comemorar de verdade. Talvez com um pouco menos de álcool do que ontem, mas nunca precisamos disso para nos divertir, não é agora que vai começar.
*Pegar vácuo: os carros vão tão rápido que acabam criando uma barreira de ar por onde eles passam, isso faz com que o carro de trás ande quase sem nenhuma resistência, fazendo a velocidade do carro de trás ser maior.
*Pole position: a pessoa que larga em primeiro lugar em uma corrida.
- Obrigado, Daniel! – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Obrigada! Obrigada! Agora o Daniel precisa descansar! – Maria me empurrou pelo ombro para fora da área da imprensa e ri fracamente.
- Ah, cara! Estou cansado de verdade! – Falei, rindo.
- É isso o que uma pole faz! – Ela sorriu. – Ah, cara! Estou tão feliz por você! – Rimos juntos. – Todos, na verdade. – Sorri.
- Você falou sério quando disse que eu posso descansar agora? – Perguntei.
- Sim! – Ela disse, rindo. – Você vai ter que estar as oito na garagem amanhã cedo, mas o pessoal acha que você merece descansar um pouco depois de hoje. – Sorri.
- Parece loucura, Maria! – Falei,, rindo, cumprimentando alguns colegas que eu encontrava pelo meio do paddock.
- Ah, Danny boy! – Nando me abraçou apertado, me fazendo rir e senti alguns tapas em minhas costas. – Parabéns!
- Obrigado! – Falei, rindo, abraçando Jenson logo em seguida.
- Arrasa, garoto! – Rimos juntos.
- Amanhã! – Falei, rindo, voltando a andar com Maria.
- Ah, garoto! Amanhã é seu dia! – Maria falou, rindo e gargalhei alto.
- KI! KI! KI! EI! EI! EI! – Gritei e ela me empurrou, me fazendo gargalhar. – Lesgo, Mary!
- Ah, cara! – Gargalhei, entrando na garagem da Red Bull, atravessando os corredores para dentro.
- Aqui está nosso garoto! – Nigel foi o primeiro a me abraçar e ouvi os gritos do restante do pessoal e alguns aplausos.
- Obrigado, cara! – Falei rindo e Simon estava logo atrás dele!
- Aí, Danny boy! – Ele me abraçou apertado. – Chegou, hein?!
- Chegou, cara! – Gargalhei, vendo meus pais sorrindo logo atrás dele.
- Ai, filho! – Minha mãe falou quando abracei ambos juntos e fechei os olhos. – Seu momento chegou! Ah, estou tão feliz. – Sua voz afinou, me fazendo rir.
- Ah, mãe! Não precisa chorar! – Ela riu e passou as mãos no rosto quando se afastou.
- Eu sou emotiva, para! – Ela me deu um tapinha em meu ombro e Michelle estava ao seu lado.
- Ah, garoto! – Ela me apertou fortemente, me sacudindo pelos ombros e gargalhei. – Essa eu vou ver de camarote!
- Desacelera! Desacelera! Tenho 78 voltas amanhã ainda! – Ri com ela.
- E vai aproveitar todas as 78! – Ouvi outra voz e vi atrás dela e meu sorriso só alargou. – É isso que eu estou falando! – Ela disse e soltei Michelle antes de apertá-la contra meu corpo. – Ah, Danny! – Ela me abraçou fortemente pelos ombros e ri quando ela passou as pernas pela minha cintura e apertei as mãos em sua cintura. – Você conseguiu! Você conseguiu! Você conseguiu!
- Eu consegui! – Falei, rindo, tentando parecer calmo na frente dos outros. – E você está aqui comigo... – Sussurrei, dando um beijo em seu ombro.
- E nunca mais vou te deixar. – Ela disse baixo, colocando os pés no chão novamente e consegui olhar em seus olhos. Ela deu uma piscadela e sorri, mordendo o lábio inferior.
- AH, GAROTO! – Michael me tirou do nosso mundo e senti os quatro pularem em meus ombros e meu corpo sacudir mais do que dentro do carro com os abraços, tapas e empurrões deles.
- DANNY BOY VAI ARRASAR EM MÔNACO! – Blake gargalhou.
- Ok! Ok! Ok! Eu preciso estar vivo para arrasar em Mônaco! – Falei, os sentindo pararem de me empurrar e eles gargalharam.
- Parabéns, cara! – Minha mão e a de Michael estalaram e nos abraçamos propriamente agora. – Foi incrível!
- Para valer! – Blake disse exagerado atrás, me fazendo rir e o abracei em seguida. – Amanhã você vai fazer história nessas ruas!
- Já está na hora, hein?! – Ouvi a voz de um mecânico, me fazendo rir.
- Amanhã é nosso dia, garotos! – Falei, rindo e vi Christian se aproximar.
- Amanhã é seu dia, Daniel! – Nossas mãos estalaram e o abracei em seguida. – Foi perfeito! Parabéns!
- Obrigada, Christian! – Falei rindo, sentindo-o apertar minhas costas e vi Max atrás dele.
- Ei, garoto!
- Parabéns! – Ele disse, dando um tapinha em minhas costas. – Sorte sua que eu não estava lá.
- Ah, cara. – Falei e o pessoal gargalhou. – Dá um tempo antes de me passar, novato! – Brinquei e ele riu.
- Parabéns, cara! Seu tempo foi incrível! – Ele disse e rimos juntos.
- Obrigado! – Sorri, encontrando outros mecânicos atrás dele. – Caras!
- AGORA VAI, DANIEL! – Alguns gritaram juntos e ri alto, passando por todos eles, dando um forte abraço em cada um.
- Eu não conseguiria isso sem vocês, caras! Obrigado! – Falei, andando por eles.
- Agora é melhor você voltar para casa, dormir e não beber nada! Sua cabeça precisa estar perfeita amanhã! – Maria disse mais alto, nos fazendo rir.
- Ah, vou garantir que isso aconteça! – Minha mãe disse e sorri.
- Ah, mãe! Pega leve! – Brinquei e ela riu.
- Ah, eu estou muito orgulhosa do meu bebê! – Bati a mão na testa, ouvindo o pessoal rir.
- Não é nem novidade, Danny! – disse e neguei com a cabeça.
- Ok, eu vou me trocar antes que minha mãe comece a me fazer passar vergonha. – Falei, rindo.
- Daqui a pouco ela tira aquela foto na banheira da bolsa e eu quero ver! – Michael disse e gargalhei.
- Ah, essa até eu quero ver! – Nigel disse, me fazendo rir.
- Obrigado, caras! Vocês são incríveis! Amanhã nós terminamos isso! – Falei e eles gritaram em meio a aplausos.
- Descansa! Nos falamos amanhã cedo! – Christian disse, sério e assenti com a cabeça.
- Pode deixar! Estarei aqui antes do sol nascer. – Falei, sério.
- Estaremos aqui! – Um dos mecânicos falou e fiz uma careta. O carro de Max estava ferrado, seria uma longa noite para eles.
- Eu vou tomar um banho rápido, me trocar e podemos ir embora. – Falei ao me aproximar da minha família.
- Claro! – Eles disseram.
- Eu sei que você precisa descansar, mas a gente pode comemorar, né?! – Michael perguntou, rindo.
- É claro! – Sorri.
- Algo discreto? Na sua casa? – Minha irmã sugeriu.
- Pizza e refrigerante? – Brinquei, fazendo-os rir.
- Como quando eram crianças! – Minha mãe disse e aquilo me fez sorrir.
- Onde está Isaac? – Perguntei.
- Na sua salinha aqui. – Michelle disse. – Vou pegá-lo, ele capotou, tadinho.
- Está muito quente! – comentou. – Eu daria tudo para pular naquela piscina! – Sorri.
- Me deem 15 minutos. Encontro vocês no estacionamento.
- Combinado! – Minha mãe disse e sorrimos.
Acenei para minha equipe mais uma vez e me deu um sorriso fofo antes de eu seguir para fora da garagem novamente e pelo paddock. Michael foi comigo, como sempre, mas dessa vez ficou lá fora. Aposto que Isaac já estava em seu colo. Quando voltei para o meu vestiário, fui direto para o banho, mas só o suficiente para tirar o suor do corpo. Eu estava bastante ligado ainda, precisava de muito para me relaxar ainda.
Coloquei a tradicional blusa da Red Bull, a bermuda e o tênis. Enfiei tudo de volta na minha mochila e saí com Michael dali. Pela caminhada para fora do paddock, ainda encontrei outros pilotos, chefes de outras equipes, além de fãs e eu me sentia realmente nas nuvens. Era bom ver até meus rivais felizes por mim.
Demorou muito para isso chegar.
Parei no estacionamento para falar com alguns fãs ali antes de entrar no carro com Michael e os caras. Eles quase estouraram as caixas de som com a altura, mas eu estou extasiado demais para reclamar. Eu estou em Mônaco, com meus amigos, minha família, e acabei de conseguir minha primeira pole.
- Onde eu estaciono? – Blake perguntou quando nos aproximamos de meu prédio.
- Entra na garagem! Terceiro subsolo! – Falei. – Tem umas vagas para visitantes. – Ele assentiu com a cabeça, guiando o carro para dentro da garagem, descendo até onde falei. – Ali, do lado do meu pai. – Indiquei o outro carro estacionando e Blake parou ao lado.
- Ah, aqui estão eles! – Minha mãe disse e vi saindo com Isaac em seu colo. Eu sei que pareço um idiota, mas eu não conseguia parar de sorrir quando via essa mulher, principalmente quando ela está com Isaac.
- Eu espero que tenha ótimas pizzarias aqui em Mônaco porque eu estou com fome! – Ela disse, rindo.
- Também, mal comeu no almoço. – Meu pai disse.
- Eu estava nervosa, mas nada que um pedaço de pizza cheio de queijo não melhore. – Rimos juntos.
- chef ou... – Jason perguntou.
- Ah, não! A chef nem vai aparecer quando a pizza chegar. – Ela brincou, nos fazendo rir.
- Vamos subir e a gente pede. – Michelle disse e ela chamou o elevador.
- Claro. – Falei, parando ao lado de e chequei Isaac. – Ele dormiu? – Perguntei.
- Sim, Mi acha que ele está um pouco quente, vamos dar um banho e colocá-lo no ar um pouco para ver se é febre ou só calor mesmo. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Não vai ser nada. – Dei um beijo nos cabelos de Isaac.
- Me dá ele aqui, ! – Mi pediu e entregou-o devagar.
- Cuidado com a cabeça! – Ela disse e Isaac logo estava com a cabeça no colo da minha irmã.
- Gente! – Meu pai chamou e ele já segurava o elevador com minha mãe lá dentro. Vi Michael, Blake, Alex, Jason e Mi entrando, o espaço acabando e isso me deu uma ideia.
- A gente vai depois. – Falei e olhou para mim. – Esperamos o próximo.
- Ok, nos vemos lá em cima! – Alex disse antes de apertar o botão e a porta se fechou devagar.
- Vem! – Puxei pela mão.
- Ei! Aonde vamos? – Ela perguntou enquanto a puxava para a escada. – Nem pense que eu vou subir 11 andares de escada! – Ela disse. – 15 se contar o subsolo.
- Vem! – Falei, rindo, puxando-a comigo e ela suspirou antes de vir.
- O que está planejando, Daniel? – Ri fracamente, notando o receio em sua voz só pela forma que ela me chamou.
- Não vamos ter essa chance novamente, . – Falei rindo, subindo os degraus rapidamente, até sair pela porta do segundo subsolo.
- Que chance? – Ela perguntou e segurei em sua cintura com as duas mãos, forçando-a a parar. – O quê? – Ela olhou para mim, confusa.
- O que me diz sobre dar uma escapada? – Perguntei e ela riu fracamente.
- Dos seus pais? – Ela perguntou, rindo.
- De todos! – Perguntei e ela abriu um largo sorriso. – Não teremos essa chance de novo até eles irem embora.
- Mas o que eles vão dizer? – Ela apoiou os braços em meus ombros.
- Os caras são inteligentes, eles vão perceber e arranjar uma desculpa. – Falei e ela mordiscou o lábio inferior. – O que me diz?
- É bem tentador! – Ela disse, rindo e pressionei meus lábios em sua bochecha. – Ok!
- Lesgo, baby-y-y-y! – Falei, ouvindo-a rir e puxei-a novamente pela mão.
Continua...
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