Capítulo Único
era a única presença a vagar pela floresta, cuja característica sombria reforçava-se ainda mais ao cair da noite. Ela embrenhava-se por entre as ramas das árvores e seus galhos, vez ou outra a natureza pregava-lhe peças e feria superficialmente seu corpo em diferentes regiões.
Seu corpo ardia de ódio, suas lágrimas emergiam de raiva e por entre suas pernas seu orgulho esvaía-se em forma viscosa e cor escarlate. Ele a tomara para si, penetrando seu corpo tão puro e casto como sua alma e perpetuando sua vilania em seu ser.
Se a Ordem da Igreja de Caçadores de Vampiros e Lobisomens descobrisse que ela não mais carregava sua pureza virginal, expulsariam-na terminantemente e suas chances de encontrar vingança seriam quase nulas.
A água do rio Eastwood encontrou-se com seu corpo e seus movimentos provocaram pequenas ondas que se propagaram de forma serena. Ela precisava eliminar as provas da violação que sofrera nas mãos daquele terrível vampiro, . O tocar em sua própria intimidade para limpar o sangue do hímen rompido, seu dedo médio atingiu seu clitóris e imediatamente, sem sua permissão, a pequena área contraiu-se e reviveu a situação brutal pela qual havia passado.
Os lábios de entreabriram-se pelo assombro. Parecia que ele ainda estava dentro dela: invadindo e explorando cada recanto daquele lugar até então virgem. Ela caiu de bruços sobre a margem do lago, a água tocando apenas um lado de suas pernas, arfando e permitindo-se sentir aquela sensação prazerosa da qual ela não se recordava quando foi tomada por aquele ser desprezível. Talvez esse fosse mais um dos inúmeros artifícios utilizados por vampiros, provocar uma dor insuportável e um grande prazer retardatário. Porém, em pouco tempo a sensação esvaiu-se, o calor incandescente que parecia emanar de sua região íntima apagou-se e sobraram apenas o frio e o orgulho ferido.
O vampiro ainda não era a maior das ameaças — tanto que por isso havia sido designado que o caçasse e o matasse, sendo que ela não era uma das caçadoras mais notáveis de toda a Ordem. Sendo assim, ela ainda podia conseguir sua vingança. Enquanto seu sangue flutuava na água do rio, jurava extirpar cada gota de sangue de — fosse dele ou usurpado de algum pescoço inocente.
Primeiro terminaria de livrar-se de qualquer vestígio de sangue, a Igreja não podia descobrir que seu voto de fidelidade a Ele fora involuntariamente rompido. Depois buscaria por um novo cinto de castidade para assegurar-se que ninguém questionaria sua conduta como uma boa freira e, por último, faria uma solicitação à Ordem para aprender magia e com ela tornar-se forte o suficiente para aniquilar aquele que a desgraçou a sua honra.
Nos oito anos que se seguiram, tornou-se profunda conhecedora do saber mágico, usando-o tanto para exterminar vampiros e lobisomens em nome da Ordem, como salvar suas vítimas. Mesmo percorrendo diversos condados e vilas, qualquer chance de encontrar parecia distante e por vezes pensou que o dia de sua retaliação jamais aconteceria.
Estava certa de que o mataria apenas se visse seus ardilosos olhos novamente. Isso se certos desejos não impedissem seu verdadeiro objetivo. Por isso, assim que soube onde se encontrava seu alvo, não perdeu tempo em encontrá-lo.
— Então, um vampiro puro sangue de casamento marcado?! — ela sorriu desdenhosa, achando graça na situação mencionada. — Acaso esqueceu-se sobre o que acontece quando seres vis tocam solo sagrado?
Sua aparição fora digna de assustar qualquer mortal, entretanto, ela estava lidando com um ser que podia sentir a presença de seus inimigos a quilômetros de distância. Nem mesmo a mais simples manifestação de contração dos músculos da face fora percebida por ao surgir, embora esse fosse um dos seus anseios.
Era tarde da noite, nem uma viva alma andava pelas ruas da cidade de Virgínnia. Todos repousavam tranquilos. não era portador de alma e muito menos tinha vida correndo por suas veias, enquanto podia ser considerada uma alma elevada por sua vocação para eliminar monstros nefastos da Terra em nome Dele.
, inabalado, seguiu pelo centro da praça da cidade em direção à moça. Tal atitude fez com que ela desse um grande salto e se postasse sobre a principal saída de água do chafariz desativado — belíssima construção circular e orgulho da cidade.
— Desde a última vez que nós interagimos, eu tornei-me mais forte. — o brilho da lua refletindo em seu olho cheio de malícia e seus dentes brancos contrastando com a escuridão da noite por entre um sorriso de diabrura. Por um segundo, o fôlego de foi capturado pela leve brisa da madrugada. — Não pense você que uma antiga e fraca maldição de uma velha bruxa da Ordem me fará algum mal.
— Então vejo que meu plano de vingança ainda pode seguir seu curso. — ela tentava manter a mesma ardilosidade que ele, sentia que não podia perder em nenhuma categoria, nenhum nível.
— Sangue por sangue. — suspirou. Parecia que aquela simples e curta palavra o inebriava. — Parece-me justo. O sangue de meu coração, o centro de meu corpo, pelo sangue de seu ventre, o centro da mulher. Chega a extasiar-me.
— Parece não temer a morte, monstro. — e ele de fato não parecia. De todos os vampiros imortais que ela exterminara, nenhum se conformava com o fim do fio invisível da vida. Vampiros eram humanos que não aceitaram a morte. — Vai aceitar a morte assim de tão bom grado?!
— E a senhorita parece desconhecer os problemas que viver para sempre acarreta. Apaixonar-se loucamente, acreditar que aquela merece passar a imortalidade ao seu lado para depois, muito amargamente, arrepender-se. Ver paixões perecerem por gripes, doenças, partos...
— Sou casada com Deus... — interrompeu e ao mesmo tempo foi interrompida.
— Então não sabe o que é o amor dos humanos! Eu sou o monstro, mas pelo visto sei mais do que a senhorita sobre o que é amar e esperar ser amado, ser rejeitado, ser iludido, ser incompreendido.
— Não acredito que saiba o que amar. Amar é divino!
— A menos que ame um humano.
— Tolice!
— Não te esqueça do livre arbítrio que Ele conferiu de início a cada ser humano. É algo inerente! Ainda que um venha a tornar-se um lobisomem ou um vampiro, ainda carregará essa característica. E ninguém neste mundo é capacitado a forçar o outro a retribuir seu amor. Não há poder ou magia capaz de realizar tal ato.
— E por acaso um ser como você é capaz de amar?! — desdenhou. Tudo o que ele dizia parecia soar ridículo.
— Muito mais do que a senhorita, tenha certeza, que exibe arrogância ao tratar desse assunto. É melhor que não percamos tempo falando sobre isso.
preparava-se para dar meia volta e seguir seu caminho por entre as ruas escuras de Virgínnia em pleno século 17. Sua saída fora interrompida pela figura de postando-se a sua frente com semblante provocador.
— Não, não, monstro... — sua delicada mão, mas forte para conjurar poderosas magias, pousou sobre o peito onde se encontrava um coração que não batia. — Quero algo. Por anos vaguei atrás da tua pessoa para sentir aquilo que nunca mais consegui sentir novamente. Seja feitiço, seja encantamento, ou maldição conjurada por aqueles da sua raça... Quero ver meu corpo outra vez contorcer-se baixo o êxtase originado no âmago de meu ser!
O rosto de contraiu-se em um sorriso e sua boca proferiu um riso baixo. O menosprezo por parte do vampiro fez de uma marionete de sua própria cólera: com uma pequena adaga escondida sob suas vestes, transpassou a região do abdômen as camadas de pele fria e sem vida de até o sangue evadir seu corpo e sujar seu belo e ostentoso traje de cavalheiro.
— Querida, saiba que tive muito trabalho para ‘armazenar’ tal preciosidade. — ele afastou-se dela o suficiente para que a lâmina não o invadisse mais, passou a mão sobre a recente ferida e levou alguns dedos empapados de sangue até a boca, sorvendo o espesso líquido vermelho. — Muito me admira que tenha utilizado uma arma branca incapaz de exterminar minha existência.
Ao terminar de sua fala, a ferida aberta e ensanguentada começou a cicatrizar — habilidade exclusiva dos vampiros, apenas instrumentos obtidos a partir da prata mais pura eram capazes de matá-los. pensou em rir do suposto equívoco de , mas esta não parecia demonstrar qualquer arrependimento.
— Oras, , com você morto não alcançaria meu objetivo. Por isso uma arma branca e forjada com prata barata. — ela brincava de rodopiar a adaga entre a ponta de seus dedos indicadores, quando a lâmina cortou seu dedo direito, ela o levou à boca, sugestiva.
sorriu ardiloso.
— O que era mesmo que disse? Que desejava sentir novamente aquela sensação que lhe proporcionei?
— Sim, mas desta vez... Eu controlarei a situação, ! — dito isso, os poderes mágicos aprendidos por através do “Mágico Livro de Feitiços, Encantamento e Maldições” arrastaram e o detiveram contra uma das três pilastras que serviam de sustentação para a grande bacia da fonte por onde a água costumava escoar.
Não havia algemas e nem cordas, apenas as fortes palavras mágicas de . E nem mesmo , com toda a sua força, conseguia escapar daquela armadilha. A aproximou-se e com a adaga rompia as vestes do vampiro, no sentido vertical, de cima para baixo. Garantiu de deixar suas calças caírem por entre as pernas. estava como ela desejava: preso e seminu.
Diferente da primeira vez, era ela quem detinha o controle. Agora era ela quem diria o que seria feito e como seria feito. Ela o subjugara.
Escondeu a adaga outra vez dentro da manga de seu vestido e com os dedos percorreu, primeiramente, o laço de seu corselet e depois seguiu desamarrando-o, até que seus seios estivessem expostos e iluminados pela luz da lua. Seus olhos mantiveram-se fixos aos de e este não estava encontrando dificuldades para excitar-se, mesmo com a situação inusitada — não aprovava por completo, mas com certeza era uma experiência da qual nunca tomara parte.
— Eu v-... — ele iniciou sua fala, mas quando o dedo indicador direito de passou por entre seus lábios, sua voz esvaiu-se. Ele não sabia ao certo se por magia ou pela mera necessidade de suspender sua própria fala e provar daqueles lábios fartos tão próximos de si.
Ele movia-se para conseguir beijá-la com ainda mais profundidade enquanto ela descobria a mecânica daquele ato: seus lábios eram tão virgens quanto seu ventre uma vez fora antes de deflorá-la. Ela descobria que igual àquela fatídica noite, assim que se afastava dele, ainda podia sentir seu toque, suas carícias. Aquilo só podia ser uma característica conferida aos vampiros. E necessitava de mais daquilo.
Cessou os beijos e deu um pequeno passo para trás, com sua mão esquerda reuniu o tecido de seu vestido e moveu-o de forma que sua outra mão pudesse ter acesso mais livre a sua entrada. Seus dedos foram de encontro ao seu clitóris e ao menor contato ele pareceu clamar por , aquele que um dia invadira a área de seu ventre sem ser convidado. Pela sua entrada vertia uma espécie de líquido espesso e com a propriedade de facilitar o acesso de .
garantiu mais uma vez que o vestido não atrapalharia suas pernas e com certa velocidade, para não perder o equilíbrio, ergueu sua perna e a colou ao corpo do vampiro, fazendo em seguida o mesmo com a outra e enroscando suas mãos atrás do pescoço dele. Suas pernas estavam flexionadas e com a pressão que fazia com os joelhos em ambos os lados da cintura de ela administrou erguer um pouco seu corpo até que as pontas de seus seios estivessem à altura de seu prisioneiro. Forçou seu seio direito contra a boca cálida dele, conforme sua língua percorria cada centímetro de pele, sentia um calor abrasador e sua respiração tornava-se ofegante.
Sem afrouxar os joelhos, deixou a boca de carente de seus seios tão sedosos e desenvolvidos e friccionou sua entrada sobre o membro ereto dele. Ambos quiseram urrar de prazer por aquele contato tão mínimo, mas capaz de descarregar violentas contrações de excitação — tiveram de conter-se, pois se encontravam no meio da praça da cidade.
Uma de suas mãos soltou-se de seu pescoço e foi descendo até que ela tocasse a si própria e com os dedos distanciasse os lábios de sua vagina para permitir que o membro de a adentrasse. Ele deliciava cada centímetro seu que era tragado para dentro da abertura cálida e estreita, comprimindo-o cada vez mais; ela sentia sua entrada ser alargada conforme recebia a desejada visita, seu membro atritando contra cada terminação nervosa sua e originando um novo choque de prazer.
Após estar completamente dentro de si, foi a vez de repetir o mesmo processo desde o zero — porém, ainda mais rápido e com mais ímpeto. Quando o membro de terminasse de entrar por completo e a ponta de seu membro atingisse o ponto interno máximo de , era o momento para uma estocada com mais furor e violência.
Os olhos de abriram-se e ela foi incapaz de reconhecer de imediato onde se encontrava. Estava num quarto e deitada sobre uma cama. Uma figura adentrou o lugar e ela remexeu-se na cama, ficando em posição de atacar com alguma magia caso fosse preciso.
— Bom dia, senhorita. — disse uma velha e inofensiva senhora. — Não pensei que acordaria tão rápido. Quando o médico disse-me que a encontraram largada na fonte da praça, imaginei que algo horrível houvesse acontecido.
A senhora carregava uma travessa com um copo de água e uma tigela com mingau.
— Café da manhã. Precisa de energia!
Sentindo a garganta realmente seca, a alcançou o copo e levou aos lábios, mas não sem antes dar um sorrisinho sarcástico pela forma como tudo terminara: abandonada novamente por aquele sujeito vil e ardiloso. Ouviu alguns sinos tocarem anunciando que algo sucederia na Igreja.
— Quem está se casando hoje? — perguntou após beber.
— Um casal adorável: o senhor e . — a senhora encaminhou-se em direção à porta. — Agora tente descansar, jovem.
Não havia tempo para descansar. tinha de completar sua missão: seu plano de vingança. Deixou as cobertas e a travessa de lado, aproveitou a janela aberta e por lá mesmo saiu em direção à Igreja, precisava interceptar o noivo antes da cerimônia.
Ao chegar à Igreja, notou sua desventura ao chegar após a entrada da noiva. Assim, que resolveu utilizar-se dos seus conhecimentos em magia. Levando o dedo esquerdo à boca, soprou-o como se fosse uma vela e em seguida falou junto a ele:
— Não se case com ela. Liberte-a da sina de conviver com um ser imortal, um monstro. Fique comigo e oferecerei-lhe total proteção: outros vampiros, lobisomens, a Ordem. Venha comigo...
Ela aguardou crente de que veria a imagem do vampiro surgir por entre as grandes portas de madeira da Igreja, mas tal expectativa não se realizou. Os sinos badalaram novamente e os sentimentos embaralhados de ódio e paixão de ganharam enfim uma unidade: raiva, rancor, repugnância.
Os noivos saíam da Igreja e seria possível até ver chamas de raiva nos olhos da , mas o olhar de parecia jocoso. Ainda com algumas pessoas da cidade cumprimentando aos recém-casados, o vampiro foi capaz de soletrar uma frase sua dita na noite anterior:
— Livre arbítrio.
Aquilo foi o suficiente para que ela recordasse ao que ele referia-se. “Não te esqueça do livre arbítrio que Ele conferiu de início a cada ser humano. É algo inerente! Ainda que um venha a tornar-se um lobisomem ou um vampiro, ainda carregará essa característica. E ninguém neste mundo é capacitado a forçar o outro a retribuir seu amor. Não há poder ou magia capaz de realizar tal ato”, foram as palavras dele. não podia conformar-se com aquilo.
Ela suspirou profundamente e baixou a cabeça, precisava concentração, juntou ambas as mãos e formou uma espécie de triângulo. A seguir, criou uma maldição para aquele que ela não aceitaria que estivesse com ninguém mais além dela:
— Do pó ao pó, das cinzas as cinzas... Amaldiçoo cada vampiro vil na face da Terra a tornar-se nada mais que pó, nada mais que cinzas, caso entregue seu coração a um reles mortal.
Com a força de sua maldição, o encantamento espalhou-se pelo mundo e, instantaneamente, todo vampiro apaixonado por um mortal começou a definhar até tornar-se uma pilha de cinzas carregadas pouco a pouco pelo vento.
A maldição baixou sobre sob o olhar apavorado de sua mulher e dos moradores da cidade. Viram a transformação do seu corpo já pálido secar, como se toda a água do seu corpo evaporasse e, logo, pequenas partes de seu corpo deslizarem como se fossem minúsculas pedras de areia até que todo não houvesse mais resquício do que minutos atrás era um homem. As pessoas rodeavam a uma montanha um acúmulo de cinzas, que desfazia-se com a brisa mais leve.
aproximou-se da multidão sem ser realmente notada, todos ainda apresentavam sinais de pânico por verem um homem aparentemente normal definhar em frente aos seus olhos. Postou-se logo atrás da ex recém-casada e agora recém viúva e tocou sua mão em uma das mechas do cabelo loiro da mulher. Pouco a pouco, de baixo para cima, a cor vermelho-sangue seguiu até a raiz.
— Bruxa! — gritou em falso, apontando para a moça, alterando o foco de atenção da população.
— Minha filha! Seu cabelo! — gritou desesperada a mãe.
— Vermelho! Vermelho cor de sangue! — gritou um.
— Só pode ser uma bruxa! — soava alto outra voz.
— Ela fez isso com o senhor !
— Bruxa! — incentivou uma vez mais. — Queimem a bruxa!
— Não! Por Deus, não! — gritou o pai em pânico.
— Não! Não! — gritava a moça, , enquanto tentava em vão soltar das diferentes mãos que a seguravam e passavam a arrastá-la.
Os cidadãos corriam para assistir — havia muito tempo não se via uma bruxa queimar —, muitos já traziam forcados e pedaços de madeira ardendo em chamas. O local escolhido foi o mesmo onde horas antes e mantiveram relações sexuais, e ela não pôde deixar de rir da coincidência. fora amarrada contra uma das pilastras do chafariz e pedaços de madeira eram arremessados contra ela.
— Socorro!
levou seu dedo esquerdo à boca, soprou-o mais uma vez como se fosse uma vela e disse para que somente ouvisse em sua mente:
— Amaldiçoarei toda sua família, nenhum descendente jamais se verá livre.
Enquanto todos voltavam suas atenções para , esta via com seus olhos arregalados que os cabelos de seu pai e sua mãe adquiriam a mesma tonalidade que os seus: vermelho cor de sangue. Ela sabia que assim que notassem, poderiam ser acusados de bruxaria também e queimados vivos.
— Fujam! Salvem suas vidas! — ela gritou com todo o ar que tinha de seus pulmões, sentindo as fagulhas incomodarem seu corpo e o calor envolvê-la. — Salvem meu ! Salvem meu !
Seus pais olharam apenas por mais um segundo sua filha ser consumida pelas chamas antes de tomarem filhos e filhas pelas mãos e correrem o mais rápido possível. A mãe continuou correndo com sua prole enquanto o marido desviou-se do caminho que levava para fora da cidade: ele precisava atender ao último desejo da filha.
Correu até a casa onde viviam e apressou-se em pegar com rapidez e, ao mesmo tempo, delicadeza o bebê . Garantindo ter pegado o necessário para cuidar da pequena criança, retomou o caminho para fora da cidade.
A atitude de chegou aos ouvidos do Conselho da Ordem e a puniram severamente. Não só por ser indiretamente culpada pela morte de , como também pelo uso indevido de seus conhecimentos mágicos para o mal. Os principais e mais poderosos componente da Ordem castigaram , exilando-a do Mundo dos Vivos.
Porém, ao se unir com outros exilados, eles conseguiram criar uma espécie de brecha para regressar temporariamente ao Mundo dos Vivos. Os degredados, assim como os espíritos daqueles que uma vez habitaram a Terra, conseguiam retornar no primeiro minuto de todo 31 de Outubro e esse período encerrava-se dia 02 de Novembro — dia dos Finados.
Constatando que a situação repetia-se ano após ano e que aqueles que regressavam deixavam traumas nos vivos pelos sustos ou pelas peças que pregavam, além de todo o prejuízo que acarretavam para as cidades por onde passavam, a Igreja resolveu criar uma categoria especializada para detê-los: a Ordem da Igreja de Combatentes contra as Forças do Mal.
Dentre os combatentes está o que vos conta esta história: . Criança bastarda originada da paixão secreta e desobediente de sua mãe mortal, , com um vampiro, . Durante alguns anos, para proteger a imagem da filha quando esta ainda estava viva, os pais de proclamaram-se como meus pais para toda a cidade de Virgínnia. O casamento entre e viria em decorrência do verdadeiro amor que partilhavam, e o filho bastardo poderia ser assumido quando iniciassem sua vida como casados em outra cidade. Mas no dia do casamento, o pobre infante tornou-se órfão aos três anos tanto de pai, quanto de mãe.
Porém, passados 18 anos — e consciente dos infortúnios pelos quais meus pais passaram antes de morrerem — alistei-me como um combatente em busca de uma coisa apenas: vingança.
Retirei mais uma vez meu relógio do bolso, meus companheiros estavam a postos para o meu sinal. Em breve a divisão entre o Mundo dos Vivos e o Mundo dos Espíritos seria quebrada e cabia a mim comandar meus homens para que pudéssemos expulsá-los outra vez para o lugar ao qual pertenciam. Os ponteiros indicavam 23h59min. Era hora. Hora de vingar-me por meus pais.
O vento passou a correr com violência, os animais ficaram quietos e amedrontados, as nuvens tornaram-se carregadas — como se fosse chover — o ambiente havia mudado. Aquilo indicava a abertura da fenda.
Galopando como uma amazona em um fantasma de um cavalo medieval, vi a assassina de meus pais liderar a chegada deles. E quando seus olhos pousaram sobre meus cabelos, soube que ela reconhecera-me pela cor vermelho cor de sangue dele. Ela sabia que eu deveria ser um descendente dos , mas ainda não havia como saber que eu era filho de — sua obsessão, aquele por quem ela tornara-se um legítimo anjo caído.
Era hora da vingança. Derramaria o sangue daquela bruxa sanguinária com a lâmina de minha espada abençoada, mas não a deixaria partir em definitivo deste mundo sem que soubesse quem eram meus pais. Dentre todos os combatentes ali presentes, eu era de fato o único capacitado a enfrentá-la, pois herdara de meu vampiresco pai algumas de suas características como, por exemplo, a agilidade incomum, a força descomunal e o poder singular de recuperar-me de qualquer ferimento. Sorri ansioso e dei ordem aos meus homens, não podíamos esperar mais:
— Meia-noite, homens! Halloween!
Seu corpo ardia de ódio, suas lágrimas emergiam de raiva e por entre suas pernas seu orgulho esvaía-se em forma viscosa e cor escarlate. Ele a tomara para si, penetrando seu corpo tão puro e casto como sua alma e perpetuando sua vilania em seu ser.
Se a Ordem da Igreja de Caçadores de Vampiros e Lobisomens descobrisse que ela não mais carregava sua pureza virginal, expulsariam-na terminantemente e suas chances de encontrar vingança seriam quase nulas.
A água do rio Eastwood encontrou-se com seu corpo e seus movimentos provocaram pequenas ondas que se propagaram de forma serena. Ela precisava eliminar as provas da violação que sofrera nas mãos daquele terrível vampiro, . O tocar em sua própria intimidade para limpar o sangue do hímen rompido, seu dedo médio atingiu seu clitóris e imediatamente, sem sua permissão, a pequena área contraiu-se e reviveu a situação brutal pela qual havia passado.
Os lábios de entreabriram-se pelo assombro. Parecia que ele ainda estava dentro dela: invadindo e explorando cada recanto daquele lugar até então virgem. Ela caiu de bruços sobre a margem do lago, a água tocando apenas um lado de suas pernas, arfando e permitindo-se sentir aquela sensação prazerosa da qual ela não se recordava quando foi tomada por aquele ser desprezível. Talvez esse fosse mais um dos inúmeros artifícios utilizados por vampiros, provocar uma dor insuportável e um grande prazer retardatário. Porém, em pouco tempo a sensação esvaiu-se, o calor incandescente que parecia emanar de sua região íntima apagou-se e sobraram apenas o frio e o orgulho ferido.
O vampiro ainda não era a maior das ameaças — tanto que por isso havia sido designado que o caçasse e o matasse, sendo que ela não era uma das caçadoras mais notáveis de toda a Ordem. Sendo assim, ela ainda podia conseguir sua vingança. Enquanto seu sangue flutuava na água do rio, jurava extirpar cada gota de sangue de — fosse dele ou usurpado de algum pescoço inocente.
Primeiro terminaria de livrar-se de qualquer vestígio de sangue, a Igreja não podia descobrir que seu voto de fidelidade a Ele fora involuntariamente rompido. Depois buscaria por um novo cinto de castidade para assegurar-se que ninguém questionaria sua conduta como uma boa freira e, por último, faria uma solicitação à Ordem para aprender magia e com ela tornar-se forte o suficiente para aniquilar aquele que a desgraçou a sua honra.
Nos oito anos que se seguiram, tornou-se profunda conhecedora do saber mágico, usando-o tanto para exterminar vampiros e lobisomens em nome da Ordem, como salvar suas vítimas. Mesmo percorrendo diversos condados e vilas, qualquer chance de encontrar parecia distante e por vezes pensou que o dia de sua retaliação jamais aconteceria.
Estava certa de que o mataria apenas se visse seus ardilosos olhos novamente. Isso se certos desejos não impedissem seu verdadeiro objetivo. Por isso, assim que soube onde se encontrava seu alvo, não perdeu tempo em encontrá-lo.
— Então, um vampiro puro sangue de casamento marcado?! — ela sorriu desdenhosa, achando graça na situação mencionada. — Acaso esqueceu-se sobre o que acontece quando seres vis tocam solo sagrado?
Sua aparição fora digna de assustar qualquer mortal, entretanto, ela estava lidando com um ser que podia sentir a presença de seus inimigos a quilômetros de distância. Nem mesmo a mais simples manifestação de contração dos músculos da face fora percebida por ao surgir, embora esse fosse um dos seus anseios.
Era tarde da noite, nem uma viva alma andava pelas ruas da cidade de Virgínnia. Todos repousavam tranquilos. não era portador de alma e muito menos tinha vida correndo por suas veias, enquanto podia ser considerada uma alma elevada por sua vocação para eliminar monstros nefastos da Terra em nome Dele.
, inabalado, seguiu pelo centro da praça da cidade em direção à moça. Tal atitude fez com que ela desse um grande salto e se postasse sobre a principal saída de água do chafariz desativado — belíssima construção circular e orgulho da cidade.
— Desde a última vez que nós interagimos, eu tornei-me mais forte. — o brilho da lua refletindo em seu olho cheio de malícia e seus dentes brancos contrastando com a escuridão da noite por entre um sorriso de diabrura. Por um segundo, o fôlego de foi capturado pela leve brisa da madrugada. — Não pense você que uma antiga e fraca maldição de uma velha bruxa da Ordem me fará algum mal.
— Então vejo que meu plano de vingança ainda pode seguir seu curso. — ela tentava manter a mesma ardilosidade que ele, sentia que não podia perder em nenhuma categoria, nenhum nível.
— Sangue por sangue. — suspirou. Parecia que aquela simples e curta palavra o inebriava. — Parece-me justo. O sangue de meu coração, o centro de meu corpo, pelo sangue de seu ventre, o centro da mulher. Chega a extasiar-me.
— Parece não temer a morte, monstro. — e ele de fato não parecia. De todos os vampiros imortais que ela exterminara, nenhum se conformava com o fim do fio invisível da vida. Vampiros eram humanos que não aceitaram a morte. — Vai aceitar a morte assim de tão bom grado?!
— E a senhorita parece desconhecer os problemas que viver para sempre acarreta. Apaixonar-se loucamente, acreditar que aquela merece passar a imortalidade ao seu lado para depois, muito amargamente, arrepender-se. Ver paixões perecerem por gripes, doenças, partos...
— Sou casada com Deus... — interrompeu e ao mesmo tempo foi interrompida.
— Então não sabe o que é o amor dos humanos! Eu sou o monstro, mas pelo visto sei mais do que a senhorita sobre o que é amar e esperar ser amado, ser rejeitado, ser iludido, ser incompreendido.
— Não acredito que saiba o que amar. Amar é divino!
— A menos que ame um humano.
— Tolice!
— Não te esqueça do livre arbítrio que Ele conferiu de início a cada ser humano. É algo inerente! Ainda que um venha a tornar-se um lobisomem ou um vampiro, ainda carregará essa característica. E ninguém neste mundo é capacitado a forçar o outro a retribuir seu amor. Não há poder ou magia capaz de realizar tal ato.
— E por acaso um ser como você é capaz de amar?! — desdenhou. Tudo o que ele dizia parecia soar ridículo.
— Muito mais do que a senhorita, tenha certeza, que exibe arrogância ao tratar desse assunto. É melhor que não percamos tempo falando sobre isso.
preparava-se para dar meia volta e seguir seu caminho por entre as ruas escuras de Virgínnia em pleno século 17. Sua saída fora interrompida pela figura de postando-se a sua frente com semblante provocador.
— Não, não, monstro... — sua delicada mão, mas forte para conjurar poderosas magias, pousou sobre o peito onde se encontrava um coração que não batia. — Quero algo. Por anos vaguei atrás da tua pessoa para sentir aquilo que nunca mais consegui sentir novamente. Seja feitiço, seja encantamento, ou maldição conjurada por aqueles da sua raça... Quero ver meu corpo outra vez contorcer-se baixo o êxtase originado no âmago de meu ser!
O rosto de contraiu-se em um sorriso e sua boca proferiu um riso baixo. O menosprezo por parte do vampiro fez de uma marionete de sua própria cólera: com uma pequena adaga escondida sob suas vestes, transpassou a região do abdômen as camadas de pele fria e sem vida de até o sangue evadir seu corpo e sujar seu belo e ostentoso traje de cavalheiro.
— Querida, saiba que tive muito trabalho para ‘armazenar’ tal preciosidade. — ele afastou-se dela o suficiente para que a lâmina não o invadisse mais, passou a mão sobre a recente ferida e levou alguns dedos empapados de sangue até a boca, sorvendo o espesso líquido vermelho. — Muito me admira que tenha utilizado uma arma branca incapaz de exterminar minha existência.
Ao terminar de sua fala, a ferida aberta e ensanguentada começou a cicatrizar — habilidade exclusiva dos vampiros, apenas instrumentos obtidos a partir da prata mais pura eram capazes de matá-los. pensou em rir do suposto equívoco de , mas esta não parecia demonstrar qualquer arrependimento.
— Oras, , com você morto não alcançaria meu objetivo. Por isso uma arma branca e forjada com prata barata. — ela brincava de rodopiar a adaga entre a ponta de seus dedos indicadores, quando a lâmina cortou seu dedo direito, ela o levou à boca, sugestiva.
sorriu ardiloso.
— O que era mesmo que disse? Que desejava sentir novamente aquela sensação que lhe proporcionei?
— Sim, mas desta vez... Eu controlarei a situação, ! — dito isso, os poderes mágicos aprendidos por através do “Mágico Livro de Feitiços, Encantamento e Maldições” arrastaram e o detiveram contra uma das três pilastras que serviam de sustentação para a grande bacia da fonte por onde a água costumava escoar.
Não havia algemas e nem cordas, apenas as fortes palavras mágicas de . E nem mesmo , com toda a sua força, conseguia escapar daquela armadilha. A aproximou-se e com a adaga rompia as vestes do vampiro, no sentido vertical, de cima para baixo. Garantiu de deixar suas calças caírem por entre as pernas. estava como ela desejava: preso e seminu.
Diferente da primeira vez, era ela quem detinha o controle. Agora era ela quem diria o que seria feito e como seria feito. Ela o subjugara.
Escondeu a adaga outra vez dentro da manga de seu vestido e com os dedos percorreu, primeiramente, o laço de seu corselet e depois seguiu desamarrando-o, até que seus seios estivessem expostos e iluminados pela luz da lua. Seus olhos mantiveram-se fixos aos de e este não estava encontrando dificuldades para excitar-se, mesmo com a situação inusitada — não aprovava por completo, mas com certeza era uma experiência da qual nunca tomara parte.
— Eu v-... — ele iniciou sua fala, mas quando o dedo indicador direito de passou por entre seus lábios, sua voz esvaiu-se. Ele não sabia ao certo se por magia ou pela mera necessidade de suspender sua própria fala e provar daqueles lábios fartos tão próximos de si.
Ele movia-se para conseguir beijá-la com ainda mais profundidade enquanto ela descobria a mecânica daquele ato: seus lábios eram tão virgens quanto seu ventre uma vez fora antes de deflorá-la. Ela descobria que igual àquela fatídica noite, assim que se afastava dele, ainda podia sentir seu toque, suas carícias. Aquilo só podia ser uma característica conferida aos vampiros. E necessitava de mais daquilo.
Cessou os beijos e deu um pequeno passo para trás, com sua mão esquerda reuniu o tecido de seu vestido e moveu-o de forma que sua outra mão pudesse ter acesso mais livre a sua entrada. Seus dedos foram de encontro ao seu clitóris e ao menor contato ele pareceu clamar por , aquele que um dia invadira a área de seu ventre sem ser convidado. Pela sua entrada vertia uma espécie de líquido espesso e com a propriedade de facilitar o acesso de .
garantiu mais uma vez que o vestido não atrapalharia suas pernas e com certa velocidade, para não perder o equilíbrio, ergueu sua perna e a colou ao corpo do vampiro, fazendo em seguida o mesmo com a outra e enroscando suas mãos atrás do pescoço dele. Suas pernas estavam flexionadas e com a pressão que fazia com os joelhos em ambos os lados da cintura de ela administrou erguer um pouco seu corpo até que as pontas de seus seios estivessem à altura de seu prisioneiro. Forçou seu seio direito contra a boca cálida dele, conforme sua língua percorria cada centímetro de pele, sentia um calor abrasador e sua respiração tornava-se ofegante.
Sem afrouxar os joelhos, deixou a boca de carente de seus seios tão sedosos e desenvolvidos e friccionou sua entrada sobre o membro ereto dele. Ambos quiseram urrar de prazer por aquele contato tão mínimo, mas capaz de descarregar violentas contrações de excitação — tiveram de conter-se, pois se encontravam no meio da praça da cidade.
Uma de suas mãos soltou-se de seu pescoço e foi descendo até que ela tocasse a si própria e com os dedos distanciasse os lábios de sua vagina para permitir que o membro de a adentrasse. Ele deliciava cada centímetro seu que era tragado para dentro da abertura cálida e estreita, comprimindo-o cada vez mais; ela sentia sua entrada ser alargada conforme recebia a desejada visita, seu membro atritando contra cada terminação nervosa sua e originando um novo choque de prazer.
Após estar completamente dentro de si, foi a vez de repetir o mesmo processo desde o zero — porém, ainda mais rápido e com mais ímpeto. Quando o membro de terminasse de entrar por completo e a ponta de seu membro atingisse o ponto interno máximo de , era o momento para uma estocada com mais furor e violência.
Os olhos de abriram-se e ela foi incapaz de reconhecer de imediato onde se encontrava. Estava num quarto e deitada sobre uma cama. Uma figura adentrou o lugar e ela remexeu-se na cama, ficando em posição de atacar com alguma magia caso fosse preciso.
— Bom dia, senhorita. — disse uma velha e inofensiva senhora. — Não pensei que acordaria tão rápido. Quando o médico disse-me que a encontraram largada na fonte da praça, imaginei que algo horrível houvesse acontecido.
A senhora carregava uma travessa com um copo de água e uma tigela com mingau.
— Café da manhã. Precisa de energia!
Sentindo a garganta realmente seca, a alcançou o copo e levou aos lábios, mas não sem antes dar um sorrisinho sarcástico pela forma como tudo terminara: abandonada novamente por aquele sujeito vil e ardiloso. Ouviu alguns sinos tocarem anunciando que algo sucederia na Igreja.
— Quem está se casando hoje? — perguntou após beber.
— Um casal adorável: o senhor e . — a senhora encaminhou-se em direção à porta. — Agora tente descansar, jovem.
Não havia tempo para descansar. tinha de completar sua missão: seu plano de vingança. Deixou as cobertas e a travessa de lado, aproveitou a janela aberta e por lá mesmo saiu em direção à Igreja, precisava interceptar o noivo antes da cerimônia.
Ao chegar à Igreja, notou sua desventura ao chegar após a entrada da noiva. Assim, que resolveu utilizar-se dos seus conhecimentos em magia. Levando o dedo esquerdo à boca, soprou-o como se fosse uma vela e em seguida falou junto a ele:
— Não se case com ela. Liberte-a da sina de conviver com um ser imortal, um monstro. Fique comigo e oferecerei-lhe total proteção: outros vampiros, lobisomens, a Ordem. Venha comigo...
Ela aguardou crente de que veria a imagem do vampiro surgir por entre as grandes portas de madeira da Igreja, mas tal expectativa não se realizou. Os sinos badalaram novamente e os sentimentos embaralhados de ódio e paixão de ganharam enfim uma unidade: raiva, rancor, repugnância.
Os noivos saíam da Igreja e seria possível até ver chamas de raiva nos olhos da , mas o olhar de parecia jocoso. Ainda com algumas pessoas da cidade cumprimentando aos recém-casados, o vampiro foi capaz de soletrar uma frase sua dita na noite anterior:
— Livre arbítrio.
Aquilo foi o suficiente para que ela recordasse ao que ele referia-se. “Não te esqueça do livre arbítrio que Ele conferiu de início a cada ser humano. É algo inerente! Ainda que um venha a tornar-se um lobisomem ou um vampiro, ainda carregará essa característica. E ninguém neste mundo é capacitado a forçar o outro a retribuir seu amor. Não há poder ou magia capaz de realizar tal ato”, foram as palavras dele. não podia conformar-se com aquilo.
Ela suspirou profundamente e baixou a cabeça, precisava concentração, juntou ambas as mãos e formou uma espécie de triângulo. A seguir, criou uma maldição para aquele que ela não aceitaria que estivesse com ninguém mais além dela:
— Do pó ao pó, das cinzas as cinzas... Amaldiçoo cada vampiro vil na face da Terra a tornar-se nada mais que pó, nada mais que cinzas, caso entregue seu coração a um reles mortal.
Com a força de sua maldição, o encantamento espalhou-se pelo mundo e, instantaneamente, todo vampiro apaixonado por um mortal começou a definhar até tornar-se uma pilha de cinzas carregadas pouco a pouco pelo vento.
A maldição baixou sobre sob o olhar apavorado de sua mulher e dos moradores da cidade. Viram a transformação do seu corpo já pálido secar, como se toda a água do seu corpo evaporasse e, logo, pequenas partes de seu corpo deslizarem como se fossem minúsculas pedras de areia até que todo não houvesse mais resquício do que minutos atrás era um homem. As pessoas rodeavam a uma montanha um acúmulo de cinzas, que desfazia-se com a brisa mais leve.
aproximou-se da multidão sem ser realmente notada, todos ainda apresentavam sinais de pânico por verem um homem aparentemente normal definhar em frente aos seus olhos. Postou-se logo atrás da ex recém-casada e agora recém viúva e tocou sua mão em uma das mechas do cabelo loiro da mulher. Pouco a pouco, de baixo para cima, a cor vermelho-sangue seguiu até a raiz.
— Bruxa! — gritou em falso, apontando para a moça, alterando o foco de atenção da população.
— Minha filha! Seu cabelo! — gritou desesperada a mãe.
— Vermelho! Vermelho cor de sangue! — gritou um.
— Só pode ser uma bruxa! — soava alto outra voz.
— Ela fez isso com o senhor !
— Bruxa! — incentivou uma vez mais. — Queimem a bruxa!
— Não! Por Deus, não! — gritou o pai em pânico.
— Não! Não! — gritava a moça, , enquanto tentava em vão soltar das diferentes mãos que a seguravam e passavam a arrastá-la.
Os cidadãos corriam para assistir — havia muito tempo não se via uma bruxa queimar —, muitos já traziam forcados e pedaços de madeira ardendo em chamas. O local escolhido foi o mesmo onde horas antes e mantiveram relações sexuais, e ela não pôde deixar de rir da coincidência. fora amarrada contra uma das pilastras do chafariz e pedaços de madeira eram arremessados contra ela.
— Socorro!
levou seu dedo esquerdo à boca, soprou-o mais uma vez como se fosse uma vela e disse para que somente ouvisse em sua mente:
— Amaldiçoarei toda sua família, nenhum descendente jamais se verá livre.
Enquanto todos voltavam suas atenções para , esta via com seus olhos arregalados que os cabelos de seu pai e sua mãe adquiriam a mesma tonalidade que os seus: vermelho cor de sangue. Ela sabia que assim que notassem, poderiam ser acusados de bruxaria também e queimados vivos.
— Fujam! Salvem suas vidas! — ela gritou com todo o ar que tinha de seus pulmões, sentindo as fagulhas incomodarem seu corpo e o calor envolvê-la. — Salvem meu ! Salvem meu !
Seus pais olharam apenas por mais um segundo sua filha ser consumida pelas chamas antes de tomarem filhos e filhas pelas mãos e correrem o mais rápido possível. A mãe continuou correndo com sua prole enquanto o marido desviou-se do caminho que levava para fora da cidade: ele precisava atender ao último desejo da filha.
Correu até a casa onde viviam e apressou-se em pegar com rapidez e, ao mesmo tempo, delicadeza o bebê . Garantindo ter pegado o necessário para cuidar da pequena criança, retomou o caminho para fora da cidade.
A atitude de chegou aos ouvidos do Conselho da Ordem e a puniram severamente. Não só por ser indiretamente culpada pela morte de , como também pelo uso indevido de seus conhecimentos mágicos para o mal. Os principais e mais poderosos componente da Ordem castigaram , exilando-a do Mundo dos Vivos.
Porém, ao se unir com outros exilados, eles conseguiram criar uma espécie de brecha para regressar temporariamente ao Mundo dos Vivos. Os degredados, assim como os espíritos daqueles que uma vez habitaram a Terra, conseguiam retornar no primeiro minuto de todo 31 de Outubro e esse período encerrava-se dia 02 de Novembro — dia dos Finados.
Constatando que a situação repetia-se ano após ano e que aqueles que regressavam deixavam traumas nos vivos pelos sustos ou pelas peças que pregavam, além de todo o prejuízo que acarretavam para as cidades por onde passavam, a Igreja resolveu criar uma categoria especializada para detê-los: a Ordem da Igreja de Combatentes contra as Forças do Mal.
Dentre os combatentes está o que vos conta esta história: . Criança bastarda originada da paixão secreta e desobediente de sua mãe mortal, , com um vampiro, . Durante alguns anos, para proteger a imagem da filha quando esta ainda estava viva, os pais de proclamaram-se como meus pais para toda a cidade de Virgínnia. O casamento entre e viria em decorrência do verdadeiro amor que partilhavam, e o filho bastardo poderia ser assumido quando iniciassem sua vida como casados em outra cidade. Mas no dia do casamento, o pobre infante tornou-se órfão aos três anos tanto de pai, quanto de mãe.
Porém, passados 18 anos — e consciente dos infortúnios pelos quais meus pais passaram antes de morrerem — alistei-me como um combatente em busca de uma coisa apenas: vingança.
Retirei mais uma vez meu relógio do bolso, meus companheiros estavam a postos para o meu sinal. Em breve a divisão entre o Mundo dos Vivos e o Mundo dos Espíritos seria quebrada e cabia a mim comandar meus homens para que pudéssemos expulsá-los outra vez para o lugar ao qual pertenciam. Os ponteiros indicavam 23h59min. Era hora. Hora de vingar-me por meus pais.
O vento passou a correr com violência, os animais ficaram quietos e amedrontados, as nuvens tornaram-se carregadas — como se fosse chover — o ambiente havia mudado. Aquilo indicava a abertura da fenda.
Galopando como uma amazona em um fantasma de um cavalo medieval, vi a assassina de meus pais liderar a chegada deles. E quando seus olhos pousaram sobre meus cabelos, soube que ela reconhecera-me pela cor vermelho cor de sangue dele. Ela sabia que eu deveria ser um descendente dos , mas ainda não havia como saber que eu era filho de — sua obsessão, aquele por quem ela tornara-se um legítimo anjo caído.
Era hora da vingança. Derramaria o sangue daquela bruxa sanguinária com a lâmina de minha espada abençoada, mas não a deixaria partir em definitivo deste mundo sem que soubesse quem eram meus pais. Dentre todos os combatentes ali presentes, eu era de fato o único capacitado a enfrentá-la, pois herdara de meu vampiresco pai algumas de suas características como, por exemplo, a agilidade incomum, a força descomunal e o poder singular de recuperar-me de qualquer ferimento. Sorri ansioso e dei ordem aos meus homens, não podíamos esperar mais:
— Meia-noite, homens! Halloween!
FIM
Nota da autora: Hey, people!! Espero que curtam a fiction. É a segunda que eu faço numa pegada mais 'restrita'. Espero que comentem para eu saber se levo jeito para a coisa XD
Sei que ela deve estar com partes bem resumidas e algumas vezes esm tantas informações, mas tive a ideia um tanto em cima da hora e também faltou tempo para poder 'desenvolver' melhor X.x
Mas até que gostei do resultado. Talvez, quem sabe, um dia eu poderia mexer na história e postá-la com maiores informações, mais completinha.
Bom, é isso :D
Bye-Bye!
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