Capítulo Único
null suspirou quando o Uber saiu da Vinte e Três de Maio, indo na direção do Parque Ibirapuera. Mandou uma mensagem para null, avisando que em breve estaria em casa e que ele não precisava se preocupar com a possibilidade de ser abandonado em uma sexta-feira a noite. Estava completamente exausta depois de uma semana infernal dentro do escritório, a dor de cabeça era tanta que mal conseguiu se concentrar para terminar uma planta que precisava ser entregue ainda naquela noite, o que a fez ficar além do expediente que terminava cinco da tarde, indo até as oito em ponto, quando deixou o projeto pronto em cima da mesa do chefe e foi a última a sair do escritório, deixando somente o segurança noturno por ali. Apesar da exaustão, null aceitou tomar um chop antes de se dar por vencida e passar o final de semana na cama.
Em seus plenos vinte e oito anos, null dividia um apartamento espaçoso ao lado do Parque Ibirapuera com null, o melhor amigo gay desde os tempos da faculdade de arquitetura. Tinham passado a morar juntos quando null e null de divorciaram, no começo daquele mesmo ano, coincidindo com a volta de null para o Brasil, depois de passar uma longa temporada na Itália com o ex-namorado europeu. Dois corações partidos ocupavam bem o espaço do apartamento e um consolou o outro, fosse nas noites no sofá vendo comédias românticas ou indo para as boates que se espalhavam no eixo Augusta-Paulista. Independente disso, null já estava pronta para outra e vinha se correspondendo no Tinder com um advogado que morava na Vila Madalena, mas que só tinha chamado null para sair naquela noite, motivo pelo o qual null estaria sendo arrastada para o Genuíno Chopp em menos de duas horas, uma das choperias favoritas de null por se localizar em um antigo casarão, com as mesas espalhadas pelo jardim charmoso e todo o ar rustico que ela tanto gostava.
Se distraiu em seus próprios pensamentos ao ponto de só se dar conta onde estavam quando o carro estacionou na frente do prédio. Sorriu para o motorista, agradecendo a viagem feita enquanto saia do carro, não fazendo a menor ideia de qual era o modelo. null nunca tinha sido muito ligada em modelos de carro, estava plenamente feliz com o próprio que proporcionava tudo o que ela precisava e só não o tinha usado naquela semana por ele ter passado uns dias na oficina.
— Oi, Seu Jeziel. Como foi o movimento por aqui?
null particularmente adorava o porteiro do prédio. Era um senhorzinho de idade, esposo da síndica, muito carismático e que sempre trazia balas de café para null na segunda-feira. Apesar da conversa entre os dois se resumir em banalidades quase sempre, já que mal tinham tempo para parar e conversar, null já o considerava um amigo.
— Boa noite, menina null. Tudo muito que bem por aqui.
Trocaram poucas palavras e alguns sorrisos simpáticos enquanto null esperava pelo elevador, o único em funcionamento enquanto os outros dois estavam em manutenção. Quando o elevador chegou, null apertou o número do décimo andar, escutando a musiquinha irritante que fazia a sua cabeça latejar mais uma vez, provocando uma careta na mulher. Não demorou para chegar no apartamento, encontrando null sentado no sofá em uma pose que poderia ser descrita como afetada.
— Time goes by so slowly, i don’t know what to do... — cantarolava a música da Madonna enquanto o dedo indicador batia em cima do relógio dourado perfeitamente colocado no pulso direito.
null riu, colocando a bolsa relativamente pesada em cima do sofá enquanto passava para a cozinha, indo diretamente para a geladeira em busca de uma garrafa de água gelada. null veio logo atrás, encostando o ombro esquerdo no que poderia ser o batente de uma porta inexistente que separava a cozinha da sala de estar, os braços cruzados na frente do peito. Estava vestindo somente um roupão réplica da Victoria Secrets, chinelos com pelos e o cabelo loiro e longo caindo molhado até os ombros. Se null não fosse completamente lésbica, e null completamente gay, provavelmente até poderia se sentir atraída pelo ator.
— Não me olhe assim. Vou tomar um banho, me arrumar e podemos ir, prometo demorar o mínimo possível.
— Escuta aqui, chica... — disse zombeteiro, forçando um sotaque latino que não existia. null gostava de brincar com as origens de null, que tinha nascido na Espanha e por lá permanecido até os dez anos de idade, tendo lembranças bem vividas de seu país de origem.
O discurso que veio em seguida fez com que null corresse para o banheiro o mais rápido que conseguiu, trancando a porta de suíte para impedir que o amigo furioso a arrancasse dali pelos cabelos. Separou a roupa que usaria na noite em cima da cama, os tons de branco, dourado e laranja entrando em perfeito contraste. Tomou o banho mais rápido de toda a sua vida, mas o bastante para fazer a musculatura das costas relaxar e dar tempo de massagear o couro cabeludo de forma relaxante. Voltou para o quarto e colocou Love On The Brain para trocar enquanto passava a lingerie rendada pelo corpo, sorrindo para o reflexo do próprio corpo na frente do espelho.
Aprender a amar o próprio corpo gordo tinha sido um processo extremamente doloroso, mas que tinha trazido ganhos o bastante para que null não se arrependesse um minuto se quer disso. Vestiu a calça branca com rasgos propositais, passando em seguida a regata na cor de um laranja quase terroso pelos ombros e colocando por cima um colar dourado que pendia até abaixo dos seios. Se apressou em secar o cabelo loiro ondulado e em fazer uma maquiagem que destacasse os olhos cor de mel, o perfume adocicado que usava se espalhando pelo quarto ao mesmo tempo que vestia os sapatos de salto.
Saiu do quarto logo depois de pegar a bolsa carteira, encontrando um null boquiaberto na sala, perfeitamente vestido como de costume, os cabelos loiros escorridos caindo na frente dos ombros e dando a eterna aparência de surfista.
— Minha Nossa Senhora das sapatonas femininas… — riu alto da reação do amigo, batendo no peito dele com a bolsa em uma clara brincadeira.
— Vamos encontrar o seu príncipe encantado, ande.
Para a situação não ficar desconfortável, Pedro, o cara do Tinder, tinha prometido levar uma amiga para apresentar para null. Sabia que o máximo que aconteceria seria um papo agradável entre as duas, mas era melhor do que ficar sozinha em uma vela eterna enquanto null se entregava aos beijos que vinha esperando a quase um mês.
— Menina, te contei que a vizinha nova mudou? — perguntou em um tom de fofoca, que fez a mais baixa erguer uma sobrancelha perfeitamente delineada enquanto segurava a porta do elevador.
— É bonita?
Depois de todos aqueles meses de separação, null já tinha se acostumado com o desespero de Pedro em arranjar uma nova pretendente para a amiga, que não beijava ou tinha qualquer contato sexual desde a dolorosa separação com null. Afogava incansavelmente as emoções no trabalho, se sentindo cada vez mais próxima da posição de sócia que tanto desejava. Ao menos a mágoa e raiva que carregava no peito serviam para dar um gás no trabalho.
— Seu tipo. — null disse com um sorrisinho malicioso, fazendo null rir mais uma vez enquanto entravam no elevador.
Se despediram mais uma vez de Seu Jeziel, que deu as devidas recomendações, tratando os dois como se fossem duas crianças travessas. O Uber levou os dois para a choperia, que ficava um pouco para trás do endereço do apartamento, dando um bom caminho até lá, mas que valia totalmente a pena. A Joaquim Távora concentrava parte da animação que a Vila Mariana poderia oferecer em uma sexta, sempre com barzinhos lotados e tocando música alta. null tinha passado bons momentos por ali ao lado de null, quando ainda eram felizes e os olhares representavam uma troca de amor, desejo e ternura, não a frieza com a qual o relacionamento inevitavelmente acabou.
Quando chegaram na choperia, null foi na frente, guiando o caminho até uma mesa no canto, relativamente perto do bar, que oferecia um banco de madeira que seguia por toda a parede, e consequentemente para as mesas alinhadas ali, além das duas costumeiras cadeiras. Kiss Me Thru The Phone tocava no bar, o que fez null cantarolar um tanto quanto animada, rindo com null nervoso ao se deparar com um bombadinho careca mas de barba longa, de camisa social e calças jeans. null nunca entenderia a queda do amigo por homens carecas e com cara de que substitui refeições por whey protein.
— Menina... Mas é digno de todos os meus mais íntimos sonhos...
O sussurro do amigo fez null gargalhar alto, imediatamente cobrindo a boca com uma das mãos enquanto tentava se controlar. null sempre tinha sido mais sonhador, procurando por um romance que tirasse o ar e fosse digno das telas de cinema. null buscava por estabilidade. Foi a primeira a cumprimentar Pedro com um beijo no rosto, se sentando no banco de madeira e deixando null propositalmente com a cadeira para si, ficando o mais próximo possível de Pedro. Os dois pareciam velhos conhecidos, engatando em um papo animado e sem o mínimo de vergonha, sempre incluindo null na conversa.
— Minha amiga se atrasou um pouco, desculpem. Ela acabou de se mudar para São Paulo e ainda está voltando a se acostumar depois de alguns anos longe, mas se recusa a usar o GPS. — o tom envergonhado de Pedro, como se estivesse em falta com null, fez a loira balançar a cabeça em clara negação. Se divertiria da mesma forma se continuassem somente os três ali.
Vem garçom, sai garçom, a torre de chopp foi servida, assim como as porções pedidas. null e Pedro conversavam intimamente enquanto null dava um tempo somente para os dois, ocupada demais revezando a boca entre o copo e petiscos com limão, o dedo indicador deslizando pela tela do celular enquanto checava o feed do Instagram, vacilando ao ver uma foto de null recém-postada ao lado de uma tal de Marta, até então completamente desconhecida por null. Empurrou o celular na mesa, se servindo de mais um copo e mandando a gelada para dentro sem cerimonias.
Ela e null tinham começado a namorar quando as duas começaram um estágio em uma empresa renomada de São Paulo, trabalhando no mesmo turno, mas sempre batendo cabeça no trabalho. null tinha sido sua grande paixão estável, diferente dos romances tórridos, mas extremamente rápidos, com os quais estava acostumada. Não que esses casos fossem ruins, pelo contrário, sempre tinham animado seus sábados a noite, quando o desejo falava mais forte do que a própria razão. Um, inclusive, nunca tinha saído de sua mente mesmo depois de todos aqueles anos, como se a lembrança dos momentos íntimos ainda estivessem marcados em sua mente como os melhores orgasmo que já tinha tido... Não que isso importasse agora, quando via null já em outro relacionamento, seguindo completamente em frente, enquanto null não sabia por onde começar a voltar a ter uma vida sexual ou amorosa.
Estava ocupada demais tentando resgatar em sua memória quem poderia ser aquela Marta, a Marta com um braço enlaçando o corpo de sua ex-mulher como se já fossem amigas íntimas, quando levou um susto com o som do copo de vidro se espatifando no chão, dando de cara com um null boquiaberto encarando algo a sua frente. Pedro se adiantava, chamando o garçom para cuidar da bagunça e trocar o copo do companheiro, estranhando a reação de null, que gaguejava sem parar, olhando agora com os olhos arregalados para null. Ela não entendeu nada daquela confusão até virar o corpo para o lado, encarando a mulher com quem tinha tido as melhores noites de sexo durante todos os seus vinte e tantos anos.
Foi só então que ela notou a ruiva entrando na choperia, o terninho azul-escuro indicando que vinha diretamente do trabalho, como muitos que estavam ali. Os olhos esverdeados passaram pela mesa, a sobrancelha ruiva se levantando ao dar de cara com null e a expressão sumindo ao ver null ali. Os cabelos ruivos cortados na altura dos ombros e a ausência de maquiagem ou qualquer algo que remetesse mais a feminilidade continuavam presentes, assim como a expressão série e de superioridade no rosto repleto de sardas. As pernas de null vacilaram ao encarar o rosto sério, se lembrando dos memoráveis momentos em que a tinha visto enfurecida, o que só endurecia mais a sua expressão. O desejo antigo voltando a atingir como uma avalanche, provocando um arrepio na espinha só de pensar em como aquela mulher continuava mexendo com sua imaginação e só bastava olhar para ela ali, parada na sua frente, para saber disso.
Tinha tido um tórrido romance extremamente erótico com null durante os primeiros anos de faculdade. A relação entre as duas se resumia única e exclusivamente a sexo violento em todos os lugares possíveis durante um bom tempo... Até começarem a deixar a brutalidade de lado, passando a fazer amor. E continuaram fazendo amor em todos os lugares possíveis, null descobrindo prazeres e posições que nunca tinha pensado em arriscar, sendo levada a novos e desconhecidos níveis de prazer que faziam suas pernas tremerem e o corpo convulsionar em orgasmos intensos. null tinha pedido por espaço, null tinha dado e quatro meses depois, após o ano novo na casa de null em Itaipava, fugindo da muvuca do Rio de Janeiro, foi deixada com um bilhete em cima da cama que só dizia que null estava partindo para a Alemanha em uma transferência da empresa.
null tinha ficado desolada. Sua autoestima foi por água a baixo, passou meses choramingando até esquecer null completamente, a única coisa que ficava eram as noites incríveis de sexo que tinham tido ao longo daqueles dois anos. A atração entre as duas era algo inegável, null sentia como se possuísse fogo liquido nas veias sempre que os corpos se encostavam, os beijos de null a fazendo se arrepiar sempre que se permitia lembrar do gosto dos lábios, as pontas dos dedos correndo pela parte interna das coxas e o som dos gemidos quando null a tocava exatamente como ela desejava...
— O que está acontecendo aqui? null, você conhece null?
— null, amiga, eu juro que não sabia...
— Pedro, acho que é melhor eu ir para casa...
Foi desperta de suas lembranças eróticas com as três pessoas confusas e quase exaltadas a sua frente, o tom de voz alto, mas não o bastante para virarem a atração principal do estabelecimento. A confusão de vozes fez com que null soltasse o ar de forma exasperada, precisando sair dali para que pudesse conter o desejo despertado dentro de si. Ergueu o corpo, pegando a bolsa em punho e virando o restante do copo cheio de chop. Foi encarada por três rostos agora surpresos, a confusão de vozes parando por um instante.
— Cállate! — disse, o sotaque espanhol forte em cada sílaba. Sempre que ficava nervosa acabava misturando os idiomas. — Preciso ir ao banheiro, prometo que volto logo... Não me sigam. — disse, apontando a bolsa para null, que mantinha a expressão surpresa no rosto enquanto tentava se levantar para seguir null.
Abriu espaço entre as mesas, seguindo para o banheiro feminino de forma apressada. Não estava atordoada por qualquer suposto sentimento de paixão ou amor que voltara assim que null estava diante dela, como costumava acontecer nos filmes e livros por aí, mas sim pelo desejo que continuava sentindo pela mulher. Mesmo depois de uma infinidade de anos continuava sentindo o corpo ferver ao encarar os olhos dela, os mesmos olhos que se transformavam em um olhar quase felino quando os corpos estavam se misturando em um roçar prazeroso e bagunçava os lençóis. null sentia vontade de se atirar nos braços da mulher só de lembrar da sensação que era.
Seguiu afetada para a pia de mármore negro, pousando a bolsa ao lado do corpo enquanto abria a torneira da pia, deixando a água gelada molhar as mãos, que não tardou a levar para a nuca. Apertou ali com força, fechando os olhos e suspirando alto enquanto as lembranças voltavam como um turbilhão, assim como o arrepio ao lembrar como se entregava completamente aos toques de null. Tinha tantos momentos guardados na memória, diferente do sexo sem sentimento por um prazer satisfatório que tinha tido ao longo da vida ou o mesmo sexo suave, suave demais e moderado demais, que tinha tido com null. Com null tinha vivido momentos que nunca cogitaria... E que só experimentara com ela.
Estava pensando em como voltar para a mesa e encarar o restante da noite ao lado daquela mulher que despertava nela um desejo incontrolável e que parecia ser infinito, quando sentiu o corpo sendo empurrado em direção de um dos box do banheiro. Gemeu surpresa ao sentir os lábios raivosos sobre os seus, abrindo os olhos em seguida para encarar uma null já tão conhecida por ela. Surpresa, mas extremamente deliciada com aquela ação, que a fez sentir o coração batendo forte contra o peito, o corpo todo esquentando ao mínimo contato. Abriu passagem para a língua apressada que invadia sua boca, os lábios se movendo de maneira quase grosseira, sem se importar em machucar. A gostosa brutalidade já tão conhecida por ela. null se entregou completamente àquele beijo, esquecendo de qualquer pensamento que tinha tido antes disso e que poderia demonstrar resistência.
Gemeu baixo ao sentir os dedos se enroscando por baixo do cabelo, apertando com força na região da nuca e dando um puxão forte que a fez deixar a cabeça pender para trás, os lábios cheios se afastando e sussurros excitantes saindo em um tom de voz baixo enquanto sentia os beijos raivosos seguindo para o pescoço, os cabelos loiros sendo puxados com violência sempre que decidia ao menos tentar erguer o rosto. Sentiu a língua alheia passando pela pele do pescoço, seguindo para a altura da orelha esquerda, onde lambeu, mordeu e chupou, fazendo um arrepio percorrer o corpo de null.
— null... Eu... Para... — as palavras saiam de forma desconexa enquanto sentia o corpo magro da outra, que era visivelmente mais alta, a pressionando ainda mais contra a parede fria.
— Vou parar antes que você me faça rasgar isso aqui agora mesmo. — disse em um tom de reprovação, a ponta dos dedos traçando linhas imaginárias na barriga de null antes de puxar o tecido do sutiã rendado para enfatizar o que tinha sido dito.
Foi então que null pode se dar conta onde estavam, no reservado para deficientes, dando muito espaço para as duas. Olhou para null com uma visível raiva, saindo do torpor causado pelo desejo e beijo eletrizante, que tinha despertado em null as sensações adormecidas durante todos esses anos. Tinha sentido o corpo queimar, respondendo aos toques da mais velha quase sem folego, sem apresentar a menor resistência que fosse. Mas tinha que encarar o fato de que não podia, depois de todo aquele ponto, voltar para o ritmo de antes, como se nada tivesse acontecido, a raiva adormecida também voltando junto.
— Sua prepotência consegue ser tão grande quanto o desprezo que eu sinto por você. — disse em um tom de voz firme, empurrando a mulher pelos ombros para tentar se afastar. A resposta veio em um tapa certeiro na face direita do rosto, em seguida pela mão firme que a segurava pelo pescoço que não a apertava, apenas segurava como se quisesse ser firme.
— Desprezo foi a última coisa que eu senti aqui, null... — o tom de voz rouco espalhou um tremor pelo corpo da loira, a violência empregada mandando pontadas já conhecidas para o ventre dela.
— null, eu vou gritar.
— Sim, meu bem. Eu sei que você vai. — o sorriso malicioso preenchendo os lábios finos, fazendo null amolecer por poucos segundos.
O tom de voz cafajeste veio ao mesmo tempo em que a ruiva cuidava de posicionar uma das pernas em meio as de null, erguendo o suficiente para pressionar o joelho contra o meio das pernas da garota, friccionando a intimidade enquanto um sorriso se espalhava pelos lábios outra vez, de malicioso passando para satisfeito. O gemido de null veio como uma confirmação para o que null já sabia e naquele momento a loira desistiu de tentar lutar contra o antigo desejo, ignorando todas as possibilidades ruins que passavam por sua mente enquanto empurrava o quadril para frente e em seguida para trás, visivelmente se esfregando contra a coxa de null.
— Quer continuar tentando resistir? — o tom de voz foi sussurrado em seu ouvido, seguido por uma mordida leve na orelha.
Gemeu em resposta, a excitação crescente se espalhando pelo corpo. Os cabelos loiros bagunçados davam um ar quase selvagem ao rosto normalmente doce, o que sempre tinha deixado null completamente excitada. Se null ao menos soubesse do quanto tinha sentido falta dela durante aquele tempo, como nenhuma outra mulher parecia satisfazer null da mesma forma... A mulher soltou null em seguida, passando os dedos pelos próprios cabelos ruivos e habilidosamente os prendendo no alto da cabeça, encarando null em seguida, que permanecia contra a parede, agora com o rosto coberto pelos cabelos loiros enquanto tentava organizar os próprios pensamentos.
— Baby, não... — a voz de null assumiu um tom doce, puxando o rosto da menor pelo queixo, acariciando ali em um claro pedido para que os olhares se encontrassem. O uso do antigo apelido a fazendo quase desistir de tudo mais uma vez e se atirar nos braços dela.
— Não quero tudo de novo, null.
O tom de voz visivelmente magoado fez a ruiva vacilar, sentindo um pesar no peito. Nunca se perdoaria por ter sido incrivelmente estúpida com uma mulher tão incrível e que nunca tinha deixado de desejar.
— Me deixa te amar como antes...
Aquilo foi o bastante para null erguer novamente o rosto, se entregando ao beijo apaixonado que veio em seguida, a fazendo suspirar e enlaçar o pescoço alheio com os braços. Deixou que os lábios se envolvessem mais uma vez, as mãos passeando pelo corpo que tinha tanto sentido falta, apertando-a contra si, as línguas se envolvendo em um roçar lento, a mão esquerda de null acariciando seus seios ainda por cima do tecido da blusa em um claro gesto possessivo enquanto se recusavam a afastar os lábios até que fossem obrigadas a recuperar o folego agora inexistente.
null tentou se arrumar o máximo possível, voltando a colocar a parte da frente da regada dentro da calça jeans branca, passando as mãos pelos cabelos ondulados. Saiu do banheiro de mãos dadas com null, passando na frente da mesa dos amigos, ocupados demais em um beijo tórrido, sem o menor pudor, ocupados demais para notar que as duas escapuliam dali o mais rápido possível. Seguiram para o carro de null, null sentindo a ansiedade tomar conta do corpo. A única coisa que desejava naquele momento era poder sentir novamente o corpo de null contra o seu.
— Na sua casa ou na minha?
— Nenhum dos dois. — a frase fez null virar surpresa para null, com uma interrogação gritante no olhar. — Tem um motel novo aqui por perto... Eu te ensino o caminho.
O caminho até o Illusion Motel foi silencioso a não ser pela música que tocava na rádio. null não costumava gostar de frequentar motéis, não gostava do clima do espaço, sempre se sentia envergonhada quando era atendida e frequentemente pensava se não era melhor andar com lençóis, travesseiros e cobertas na bolsa ao invés de usar o do estabelecimento, mas não conseguiu pensar em nada disso naquele momento, enquanto olhava para null dirigindo e acariciava a coxa da mulher enquanto ela dirigia. Quando viu, já estava sendo agarrada no elevador por null faminta, os lábios devorando a pele do pescoço da mais nova, que gemia em resposta, se entregando totalmente. Não se importaram com as câmeras quando a agarração mudou para o corredor, se arrastando entre beijos pela parede até chegar na suíte no mesmo instante que os respectivos celulares tocavam. Se afastaram para atender, ainda paradas no corredor. null falava com null, enquanto null falava com Pedro, ambas explicando o que para elas parecia óbvio.
— null... Não, eu não sei... — sussurrava, sentindo um aperto em cima da bunda em seguida, indicando a pressa de null. — Ai... Tchau, null. — disse, desligando assim que, novamente, foi pega pelos cabelos.
null sussurrava palavras que seriam inadmissíveis fora do contexto que se encontravam, fazendo null se arrepiar por inteira enquanto abria a porta do quarto de forma atrapalhada. Choramingou ao sentir os cabelos sendo puxados com força, a cabeça pendendo para o lado enquanto os beijos molhados se espalhavam pela nuca livre, seguindo pelo pescoço enquanto null se mantinha atrás dela, as mãos a tocando de maneira possessiva, passando por cada centímetro do corpo de null, deixando claro o desejo ardente que sentia em cada marca avermelhada que deixava. null estremecia nos braços da mulher, movendo o corpo em resposta, em um transe enquanto se mantinha entorpecida de desejo, sem conseguir pensar corretamente, envolvida pelas carícias da mulher. Não sabia se era certo, muito menos se era seguro, mas naquele momento só desejava continuar sendo tocada.
Arrancou o terninho de null assim que se virou, as bocas novamente se envolvendo enquanto as mãos de null passavam pelo corpo de null com o mesmo fervor com o qual era tocada. As roupas se espalharam pelo chão, fazendo com que null caísse sobre a cama ainda vestindo a calcinha rendada, mas null já perfeitamente nua e o corpo encaixado em cima dela. O corpo da mais velha atraiu o olhar de inegável desejo da loira, que apertava o corpo alheio com força, as unhas curtas pintadas de branco cravadas contra a pele da mulher.
— Minha latina... Quero te amar sem pressa... — sussurrou, tocando null ainda por cima do tecido da calcinha, sentindo a umidade inegável que existia ali. — Mas você não me ajuda a manter o controle.
— Você não é tão forte quanto antes, então. — provocou, não se deixando afetar pelos dedos que corriam por cima do tecido úmido, quase arrancando gemidos da loira.
A resposta veio em forma da mordida forte que recebeu no ombro, fazendo com que um gemido manhoso escapasse pelos lábios inchados depois dos beijos violentos. Nunca tinha sido do tipo sadomasoquista ou coisa do tipo, mas com null tinha descoberto que misturar um pouco de dor e prazer não era nada do qual devesse correr. null beijou por cima da marca de mordida, a ponta da língua correndo por ali antes de voltar os beijos para o pescoço de null, se demorando ali enquanto as mãos apertavam as coxas da mais nova, correndo os dedos pela pele dela.
null sentia o corpo inteiro respondendo a cada mínimo toque que recebia, se movendo sobre a cama, as mãos correndo pelas costas de null, arranhando e deixando listras avermelhadas para trás como se pudesse demonstrar a impaciência diante de tanta tortura. Perdeu o ar quando os lábios da mulher envolveram um dos seios enquanto a mão direita acariciava o outro, os dentes raspando pelo mamilo já endurecido, chupando com força e movimentando a língua ali repetidas vezes. null só deixou os seios da loira de lado quando viu os mamilos tomando um tom avermelhado, visivelmente inchados pelos toques bruscos. Não se importaria de colocar o pé um pouco no freio, não deixar que a saudade falasse tão alto, mas null gemia e se contorcia na cama de forma tão instigante que simplesmente não conseguia se controlar.
Os cabelos ruivos foram envolvidos pelos dedos da mais nova quando os lábios passaram a tocar o ventre dela, null sendo empurrada para baixo em um pedido silencioso, mas exigente como só a dona dele sabia ser. A ruiva abriu um sorriso malicioso contra a pele da barriga de null, onde beijou e mordeu cada centímetro, querendo deixar claro que adorava e desejava cada parte do corpo dela mesmo que soubesse o quanto a outra era segura com isso.
— Pede, baby. Quero te ouvir... — pediu em um tom de voz rouco pelo desejo, fazendo com que o corpo inteiro de null se arrepiasse ao escutar a mulher.
null odiava implorar, null amava ouvir os gemidos manhosos, o tom de voz carregado de tesão e as palavras inapropriadas que acabavam escapando pelos lábios da loira em momentos como aquele. Os dedos da ruiva driblaram o tecido da calcinha, passando a acariciar o sexo de null sem pressa alguma em uma massagem intensa que fez com que o corpo da mais nova se arqueasse na cama.
— null...
— Pede, baby. — repetiu, se mantendo calma enquanto puxava a calcinha para baixo com força, se livrando da última peça de roupa existente no corpo de null.
— Me fode agora, por favor...
O tom de voz manhoso fez com que null perdesse o restante de paciência que tinha, os dedos invadindo null com uma lentidão quase dolorosa, gemendo ao sentir o quanto a mais nova estava completamente pronta depois das provocações anteriores e a gostosa massagem no clitóris. O quadril da loira se movia em reboladas rápidas, contrastando com os movimentos lentos que os dedos de null seguiam, a tocando por dentro e afastando os dedos sempre que null gemia mais alto e o corpo estremecia, alternando assim com os movimentos circulares no clitóris sensível.
— null, por favor... Assim é injusto demais.
O tom de voz de súplica fez com que null envolvesse os lábios dela em um beijo bruto, mas apaixonado. A mão de null apertou a nuca da ruiva com força, arranhando as costas dela ao sentir os movimentos dentro de si ganhado intensidade. null ia com força como sabia que null gostava, os gemidos altos e o estremecer do corpo quando a ponta dos dedos pressionavam mais seu ponto mais sensível deixando claro que não demoraria para gozar. null desceu uma das mãos por entre o emaranhado dos corpos suados se roçando, passando a acariciar a intimidade de null com a mesma intensidade com que era tocada. O gemido rouco em seu ouvido a fez se arrepiar por inteira, intensificando os movimentos dos dedos na mesma medida que sentia o próprio prazer crescendo dentro de si.
Não demorou para que as duas se entregassem juntas ao prazer, os corpos estremecendo, se abraçando enquanto gozavam juntas, se deixando levar pelas sensações de prazer que tanto tinham sentido falta. Quando null abriu os olhos, se recuperando do prazer intenso que tinha sentido em um único orgasmo, null estava atrás de si, a abraçando assim, os lábios tocando seu ombro em um arrastar de beijos lentos.
— Dios... — foi tudo o que conseguiu dizer, sem saber como expressar o que tinha sentido com aquilo tudo.
— Senti falta dos seus gemidos manhosos, de deixar esse corpo gostoso com as minhas marcas... — dizia, desferindo um tapa forte o bastante para sentir a mão ardendo.
null respondeu em um gemido surpreso, empinando a bunda contra o corpo de null, como se pedisse por mais. Ambas sabiam como se davam bem nesse aspecto. A sequência de tapas doloridos em cima da bunda e coxas grossas da loira foi acompanhada por uma sequência de gemidos altos de null e o desejo de null aumentando ao ver a mulher tão entregue e excitada assim. Era uma pena que o enroscar dos corpos estivesse delicioso demais para ter coragem de levantar em busca de um apetrecho para então dar o que sabia que null desejava, mais do que os tapas ardidos que então tornava o atrito de peles no local dolorido.
Sentiu os dedos de null envolvendo seus cabelos, os enrolando na palma da mão e puxando em um aperto forte e nada carinhoso. Voltaram a se amar em seguida, os dedos da ruiva invadindo o corpo de null com força, sem se preocupar em machucar e se deixando levar pelos gemidos altos e o corpo que estremecia em seus braços. Ao mesmo tempo null sentia uma das pernas de null sendo jogada em cima de seu corpo, o rebolado atrás de si fazendo com que a intimidade da mais velha roçasse em cima da bunda surrada em reboladas rápidas, indo no mesmo ritmo que os movimentos dentro de null, os gemidos roucos em seu ouvido fazendo com que a loira se derramasse em um novo orgasmo intenso que a tirou completamente do chão e a deixou sem folego.
Gemeu chorosa ao sentir as unhas curtas de null em seu quadril, cravando ali com força enquanto continuava a roçar com força contra a bunda de null, gemendo roucamente de prazer no ouvido da loira, que se deliciava completamente com a situação.
— Vem, null... Goza pra mim, me deixa sentir... — pediu, passando a rebolar para ajudar nos movimentos, o aperto em seus cabelos se intensificando em resposta.
null não precisou ouvir o pedido delicioso uma segunda vez. Gemeu alto, o rosto contra os cabelos loiros, a mão agarrando o seio alheio com força enquanto não parava de rebolar em momento algum, estremecendo em um orgasmo intenso e derramando todo o prazer que sentia no corpo de null.
null perdeu a noção de tempo enquanto continuaram naquela cama, rolando de um lado para o outro na cama de casal, o sexo bruto e intenso deixando marcas nos corpos e os gemidos altos mais se parecendo com gritos de prazer quando a intensidade era tanta que fazia com que perdessem o ar. Dormiram exaustas quando já era quase dia, as rodadas de sexo fazendo com que não se preocupassem com mais nada, acabando por dormirem ali, abraçadas, com os corpos completamente colados como tinha sido durante toda aquela noite.
A loira despertou mais cedo, os raios de sol que entravam pela cortina fechada a fazendo acordar, se desvencilhando do abraço apertado de null, que continuavam dormindo profundamente. Saiu enrolada em um lençol, abrindo a porta par adentrar a sacada do quarto, o celular em mãos para tentar se comunicar com null, torcendo para conseguir se comunicar com o amigo que raramente acordava em um sábado antes do meio dia.
— Garota, onde você se enfiou? — o tom de voz de null fez com que null acreditasse que a noite também tinha sido boa para o amigo.
— null, como foi que isso aconteceu... — disse em um tom confuso, passando nervosamente a mão livre pelos cabelos loiros.
— Ah meu bem, quer que eu conte sobre o portal no qual você entrou quando foi para aquele banheiro e acabou passando a noite com a boca na botija?
null não pode evitar o riso ao ouvir o amigo, que não demorou para contar sobre a noite incrível que tinha tido no apartamento de Pedro. Dizia estar apaixonado, só não sabia ainda se era pelo homem incrível que Pedro era ou pelo sexo maravilhoso. Continuaram conversando por mais alguns minutos antes de desligar, combinando de se encontrarem no apartamento para almoçar ao meio dia e descansarem antes de decidir o que fariam naquela noite.
Quando voltou para o quarto, notou a falta da ruiva na cama. O barulho no chuveiro indicava que ela estava no banho, dando tempo o bastante para null pensar na noite anterior. Tinham feito sexo de forma apaixonada e nada doce, assim como sempre tinham gostado, os corpos estremecendo de prazer e o gozo intenso e delicioso. null não se arrependia nem um pouco do que tinham feito, mesmo que não fossem mais se ver depois daquela noite. Sempre tinha sido sobre sexo, somente sexo, e agora não seria diferente disso. Decidiu se deixar levar completamente pelo desejo que sentia, entregando nas mãos do destino e aproveitando do prazer que conseguiam proporcionar uma para a outra de forma deliciosa como tinham feito na noite passada.
Sorriu ao ver a mulher ruiva saindo do banheiro enrolada em uma toalha, os cabelos avermelhados completamente molhados caindo em cima dos ombros cheios de sardas. Foi até a mulher, deixando o lençol cair no caminho e envolvendo o corpo dela com os braços, rindo baixo ao ver o sorriso lindo e surpreso no rosto de null.
— Bom dia, minha latina. Acordou de bom humor, foi?
— É que eu dormi ao lado de uma mulher maravilhosa, depois de uma noite mais maravilhosa ainda...
— Dormiu, foi? — o sorriso de null a derretia inteira, e até poderia ter continuado com aquele momento cheio de ternura se não fosse pelos seios da ruiva roçando nos seus, ainda cobertos pela toalha.
Se beijaram apaixonadamente, com um carinho e calma que não tinham tido na noite anterior. Em algum momento a toalha de null caiu no chão e o corpo nu e molhado da ruiva caiu na cama, as posições da noite anterior se invertendo ao null acabar se encaixando por cima, os lábios passando pelo pescoço de null, correndo pelos seios onde demorou de forma prazerosa, o próprio prazer aumentando ao ouvir os gemidos em resposta.
null não era acostumada a ser tocada, gostava mais de dar prazer do que receber, mas a relatividade de null a fazia sentir um prazer imenso que não se permitia sentir com outras mulheres. Em meio aos beijos deliciosos por todo o seu corpo e os lábios se envolvendo de forma apaixonada, acabou de joelhos no chão, a parte de cima do corpo deitada em cima da cama e o quadril empinado para cima, se oferecendo completamente para os lábios e mãos famintos de null.
null beijou inteiramente as costas da mulher, mordendo em pontos específicos e sorrindo contra a pele de null ao ouvir os gemidos baixinhos e a excitação presente em seus dedos enquanto acariciava a ruiva no meio das pernas, se deliciando em como despertava prazer facilmente. As mãos de null envolveram a bunda da mais velha, apertando com força e separando para que pudesse escorregar a boca, a língua tocando o anus em movimentos circulares que provocaram um prazer intenso em null. A ruiva sentiu o corpo inteiro relaxando e estremecendo, gemendo alto e agarrando os lençóis enquanto o corpo era dominado pela sensação imensa de prazer.
A loira beijou e lambeu enquanto os dedos tocavam a intimidade de null em um ritmo lento, entrando e saindo enquanto gemidos vacilantes e o tremor do corpo anunciando o orgasmo intenso que se seguiu, os gemidos altos da mulher fazendo o desejo de null aumentar, que não parou de tocar a mulher em momento algum, se deliciando com o prazer da mulher e por pouco não se entregando novamente a um novo orgasmo sem se quer ter sido tocada.
As horas seguintes, assim como na noite anterior, foram de um prazer imenso e orgasmos avassaladores. Precisaram tomar banhos separadas quando se deram por momentaneamente satisfeitas, a dorzinha gostosa no corpo, e na própria intimidade, deixando claro para null o quanto tinha sentido prazer nas últimas horas, provavelmente muito mais do que nos últimos anos. Foram embora perto das onze da manhã, null insistindo em pagar a conta, bem como levar null para casa, que não se recusou em momento algum, aproveitando para trocar beijos agora carinhosos com a mulher durante todo o caminho de volta até a Vila Mariana.
— Para onde agora?
— Moro no condomínio perto do Ibira. — disse, usando o apelido do parque conhecido entre os paulistanos.
— Não sabia que seriamos vizinhas de andar.
null disse com uma tranquilidade que contrastava com a expressão chocada de null, que só conseguia pensar em como o destino resolvia a sacanear repetidas vezes. Então ela era a vizinha bonita que null tinha comentado na noite anterior... Mesmo que ele não reconhecesse a mulher, seja lá qual fosse o motivo disso, mostrava as artimanhas que a vida tinha para juntar duas pessoas, mesmo que fosse apenas para momentos deliciosamente carnais. Entraram pelo elevador no estacionamento, uma eternidade se passando até que conseguissem chegar no décimo andar por diversas vezes travarem o elevador para trocarem beijos e carícias por cima das roupas. Foi difícil para que as duas conseguissem se separar, mesmo que o espaço que agora separava as duas não fosse nada comparado a distância de anos entre Brasil e Alemanha.
— Quer jantar hoje?
O convite fez um sorriso surpreso se espalhar pelo rosto de null, que mal conseguia acreditar no que andava acontecendo nas últimas horas.
— Claro... Onde?
— Aqui em casa. Cozinho para você... — a forma sacana com que null disse isso, deixando claras suas segundas intenções, tornou o convite ainda mais irrecusável.
— Tudo bem. As oito?
— Nove. Tchau, vizinha.
Quase se despediram sem um novo beijo se não fosse por null a agarrando na porta quanto null já tinha começado a girar a chave e pegar na maçaneta, fazendo a loira se derreter completamente, entrando no apartamento vizinha com um sorriso abobado no rosto e uma sensação deliciosa percorrendo o corpo.
Depois de tanto tempo null continuava sendo pega pelas surpresas que null arranjava e pelas armações do próprio destino. E não poderia gostar mais disso do que naquele momento.