Capítulo Único
All by yourself in your room
Where on earth do you go?
What the hell do you do?
I wanna know a lot more about you
estava a um passo de se estapiar no rosto. Simplesmente não podia acreditar que parte da sua vida agora era o maior clichê de todos!
Justo ela, gostando do melhor amigo?
Sem dúvida nenhuma n-ã-o ela.
No entanto, sozinha entre as quatro paredes de seu quarto ela era capaz de uma maior sinceridade consigo mesma e admitir que a SMS dele avisando-lhe da sua visita a fez sorrir diferente. Aquele sorriso que estala nos lábios sem aviso, e por algum motivo desconhecido você está sem fôlego. Esses sintomas estavam lhe acometendo com uma incômoda frequência nas últimas semanas. E igual quando se tem uma gripe fraca, não deu bola. Agora os sintomas a estavam desestruturando e comprometendo suas atividades diárias.
A culpa disso tinha nome, segundo nome e sobrenome: James Elliot Bourne.
Elliot... um nome de sonoridade bonita que ninguém... Não. não ia ficar babando pelo segundo nome quase nunca dito do rapaz.
Aqueles sentimentos a estavam assustando. Não exatamente pela lenga-lenga "nós somos bons amigos há séculos e não quero fuder com tudo" (havia isso também), mas pelo fato de que ela era -não-preciso-de-namorado-para-ser-feliz. E de todas as pessoas que bradavam o mesmo discurso, somente ela se manteu firme e verdadeira quanto ao significado daquelas palavras.
Ela estava de boa. De verdade.
Não dizia estar bem com a solteirice só porque estava desacompanhada e no fim engatava um namoro com o primeiro desesperado que aparecesse. Ela curtia um romance por um dia, talvez uns dias e depois tocava a vida dela à sós.
deixou sua cama com uma disposição incomum. Sabia que precisava sair do pijama, porém era necessário combinar consigo mesma de que se arrumaria para si e não de acordo com o que imaginava que James poderia gostar. Teve o aval de sua mãe aos cinco anos de idade para se vestir como queria e jamais abdicaria dessa autonomia. A voz que queria agradar aos outros nunca ganharia da voz que dizia para ela se deixar satisfeita.
Com isso bem claro, trocou a calça do pijama por um short jeans, pois senão todo o sangue, suor e lágrimas para conseguir sua tatuagem na coxa teriam sido em vão. E a camisetona largada foi substituída por uma camiseta básica preta em gola V. Os cabelos, apenas penteados com os dedos, o comprimento impedia coques de qualquer espécie, e eles tinham voz própria: nem lisos e nem cacheados, o meio termo. No rosto, nada (primers, bases, bb creams lhe davam claustrofobia), somente um toque de rímel invisível nos cílios para disfarçar os olhos que pareceriam menores quando ela pusesse os óculos. O óculos era o item no qual ela ousava, evitando armações sérias e clássicas sem graça. O de armação roxa foi o escolhido — talvez porque ele ainda lhe deixasse com cara de sabida.
Era assim que queria se expor ao mundo e a James — gostando ele ou não. O apartamento precisava urgentemente de uma geral de limpeza, mas se estressar quanto a esse assunto quando a visita era James era difícil. Ela deixaria a arrumação para quando seus pais a visitassem.
— Hey, . — um sorriso de boca fechada o acompanhava ao entrar.
— Hey! Sinta-se em casa...
O discurso foi logo interrompido por sua mão erguida com um caderno simples de capa mole. Seu tesouro pessoal: seu caderno de partituras e letras de músicas. Ciente do fato de que poucas pessoas tinha acesso àquele material exclusivo, sorriu torto, o ego inflado.
— É pra valer desta vez: Busted. Matt, eu... E o Charlie. — o sorriso crescia enquanto vez ou outra ele encarava o chão.
o parabenizou, com um sorriso que mal lhe cabia e empolgação na voz. Se havia alguém para lhe deixar mais animado ainda sobre alguma coisa, a pessoa mais certa para isso era ela. E James se deixava contagiar por ela ainda que se contivesse — Busted era sem dúvida o que de melhor havia acontecido a ele, e também o pior. Ele não queria ser magoado outra vez quanto a isso.
— Dá uma olhada e me diz o que acha, por favor?
— Hum! James Elliot Bourne inseguro sobre sua capacidade de escrever hits número um??
Debochou ela, tentando não se focar em como pronunciar Elliot a arrepiou. Sério, o que era aquilo?
— O quê você tem de bom hoje? — James perguntou e não esperou resposta da dona do apartamento, entrou na cozinha e verificou cada canto dela atrás de algo interessante para beliscar.
— Comprei Doritos ontem, mas escondi dos esfomeados que me visitam... — fingiu se incomodar com tal detalhe. Na verdade, sua mente se distanciava de tudo ao seu redor, mesmo de James e do caderno entregue por ele.
O que eram aquelas sensações que James provocava nela sem pedir licença ou permissão? Não, ele não podia fazê-la pensar que estava apaixonada por ele. Aquilo só podia ser um sentimento oportunista, como um resfriado, logo, nada crônico.
Embora aquela não fosse a primeira vez que se sentiu assim. E o que ela fez quanto a isso foi: nada. Passaria logo. O resultado foi Gaby, a ex-namorada de Bourne. E o que ela fez? Sentiu pena — do tipo raso, como quando você vai experimentar algo novo no seu restaurante favorito e justo aquele prato está em falta. Foi uma pena que durou dois dias e depois o sentimento se apagou.
Era de se esperar que ela pensasse que desta vez o mesmo iria ocorrer. Com o tempo aquelas sensações embaraçosas iriam descolorir.
— E então? — James sentou ao seu lado no sofá, vendo-a mastigar a ponta de seu dedão. Sua expressão corporal o mostrava calmo, em seus olhos, porém, residia sua apreensão.
foi obrigada a retornar, tinha de ler criticamente o conteúdo do caderno pois dela se esperava uma importante opinião. O loiro não buscava apenas uma massagem no próprio ego criativo (James Bourne já era foda, autor de vários hits número 1), queria ter certeza de que valia a pena mergulhar em Busted outra vez, sabendo o quanto se machucou com o anúncio do fim da banda. Não queria ser pego pelo turbilhão de expectativas e decepções.
— Você tem muitos sucessos aqui, Elliot!
— Quê...?? — O Doritos quebrou ao meio, com o rosto surpreso de Bourne voltado para . — Do que me chamou??
— Disse que a você tem sucessos nas mãos, J-a-m-e-s!— ela rolou os olhos.
— É estranho ouvir alguém me chamar de Elliot... — o rapaz coçou a nuca, ainda com expressão de estranhamento.
Sim, havia dito aquela mesma frase chamando-o apenas por Elliot. Dito sem pensar ou perceber. Entretanto, ela não seria feita de idiota pelas suas próprias palavras idiotas.
— Já entendi, J-a-m-e-s... — ela suspirou, censurando a parte de si que uma vez quis chamá-lo pelo segundo nome. — Gosto do que você tem aqui. Não deveriam perder tempo sobre se voltam ou não voltam... deveriam ir logo gravar! — entregou o caderno em suas mãos, vendo-o sorrir cabulosamente. Ele acovardado de se sentir feliz pelo Busted outra vez. — Masss...
o olhou de cima a baixo, criteriosa. Aquele não era mais o mesmo James Bourne de 2005, e pelo conteúdo das músicas que tinha acabado de ver, Busted manteria a mesma pegada musical, mas amadurecida.
— O quê foi? — questionou Bourne, com um leve balançar dos ombros e meio sorriso no rosto, parecendo se preparar para ouvir alguma piada sobre si.
— Bom, quando vocês eram o Busted, o Matt era o badboy que você namora e não conta pros pais, o Charlie era o playboy e você...
James mantinha o silêncio, comprimindo sem perceber os lábios, na expectativa de ouvir como ela o classificaria.
— O geek que sabia os passos de Michael Jackson. — James assentiu com um riso debochado pelo nariz. Ele também era o cara que escrevia a maior parte das músicas, nada que valesse a pena ser creditado.
— Certo, e daí?
James soou cauteloso. ajeitou-se no sofá, ficando em perna de índio.
— Essas músicas que você tem são ótimas, mas não tem mais a cara do Busted de tempos atrás. O som tá amadurecido, e vocês também. Já pensou na imagem de banda que vão apresentar agora?
O olhos azuis a encararam com surpresa, encarando a si mesmo.
— Isto... mesmo?? — abriu os braços, mas o sorriso de raposa de o fez suar frio diante da possibilidade de críticas. Não o olhava com desdém, no entanto não havia aprovação completa. Sem dúvida caia bem nele a camiseta de mangas três quartos de super herói da marvel e sua calça jeans clara, só que aquele era o James do dia-a-dia, não a figura de cantor.
Toda banda trabalhava compondo um estilo, uma assinatura para cada integrante. James não precisava mudar da água para o vinho, mas sim lapidar um pouco a imagem que passava.
deu de ombros, a meio sorriso.
— Você quem sabe, E... — inspirou nervosamente, estava prestes a chamá-lo de Elliot outra vez. — É só que, digamos, vai dar pra ver que vocês evoluíram! O Charlie mauricinho virou aquele playboy que você até perdoa por não te ligar no dia seguinte pelo charme; o Matt bad boy barato se tornou um pai fora do comum e que você sabe que curte um bdsmzinho; — ela piscou sapeca para um pasmo James. — e então temos você, J-a-m-e-s, o geek da banda que virou...
Quase não se via o espaço que separa os olhos e as sobrancelhas, tal era o estado de perplexidade de James. Era informação demais!
James a encarava, com a cara em completa perplexidade. Não sabia imaginar de onde e como tinha opiniões bem sólidas sobre os dois amigos. Embora a jovem sempre fosse bem sincera sobre suas especulações — e bem altas as suas taxas de acerto. Assim ficava difícil saber se eram apenas isso, ou se ela alguma vez se interessou por um deles.
— Se você quiser, posso te ajudar a descobrirmos quem você virou!
— Eu... não posso... ser eu? — James sorriu acanhado após dar de ombros, sem ver a real necessidade de se preocupar quanto àquilo.
— Você quem sabe. Mas até o Fletch vai sugerir que peçam a opinião de um consultor de imagem. E quem melhor do que sua amiga de uma vida quase inteira?! Pelo menos eu faria de graça!
O rapaz coçava a cabeça, preguiçoso em aceitar. Com certeza aquilo tomaria tempo. Ossos do ofício...
Quem diria que para estar em uma banda não basta apenas chegar e cantar!
— Tá bem! — ele cedeu em um suspiro desanimado. — Mas!! Nada muito esquisito, ok?
se agitou no sofá, pulando sentada no mesmo lugar e batendo palmas como uma criança feliz. Seu sorriso de satisfação entrava em dilema com o olhar maníaco (havia tempos que ela secretamente achava que James deveria dar um tapa na aparência). Não a entendam mal, ela via a James como alguém bonito — muito! — contudo, sua própria aparência nunca figurava posição de destaque em sua vida. Vendo-a de lado, James sorriu de canto, era sempre contagiante vê-la animada — embora ele fosse precisar de mais tempo para estar no mesmo nível de empolgação que ela.
— Muito bem, então, o primeiro que temos de fazer é...
estreitou os olhos, analisando a figura do rapaz, que se mostrou sem jeito com tanta atenção. Para ela foi desconcertante vê-lo corar de leve.
— É... bom... É! Vamos cuidar dessa barba!
If you wanna be mine
I wanna be yours as well
Before I lose my mind without you!
— Não sei não. — comentou James com voz arrastada enquanto encarava o letreiro da barbearia. A jovem o esperava ao pé da entrada, tombando a cabeça para o lado na esperança de que ele acreditasse nela.
— Vamos logo, bundão.
— Mas barba por barba, — ele alisava a sua barba comprida, cheia, de semanas sem fazer. — eu posso simplesmente tirar. Não é mais fácil?
— Ou você pode manter! Mas vai ter de cuidar um pouco dela... Uma coisa é barba, outra coisa é pelo de saco na cara.
James fez uma notória expressão de nojo, começando a rir em seguida do pensamento. Entrou finalmente, consolando-se mentalmente com a ideia de que não teria de abdicar em uma hora dos vários dias que vinha a cultivando sua barba.
— Vai querer algo no cabelo também? — perguntou simpático o funcionário enquanto passava pelo pescoço de James a capa protetora.
ponderou com um dedo nos lábios, passando a mão livre nas madeixas loiras levemente acastanhadas. Ela estava se deixando abstrair pela maciez dos cabelos de James, enquanto ele a estranhava silenciosamente. Eles não eram amigos cheios de não me toques, no entanto, Bourne não conseguia se lembrar de uma vez que o tivesse... tocado carinhosamente. Seu normal era uma bagunçada de leve em seus cabelos — não era agressivo, também não era carinhoso.
— Por mim deixa assim mesmo. — ela deu de ombros, já de volta a si e com as mãos bem guardadas nos bolsos detrás da calça jeans. — Ou apara só as pontas.
— Uma aparada não seria nada mal. — comentou o funcionário, tinha em mãos um pequena tesoura.
— Tá bem. — concordou James, tentando ver pelo reflexo do espelho o comportamento de . Ao seu ver ela lhe parecia normal, mas certamente não estava agindo normal como sempre.
James estava intrigado, só que era necessário estar certo sobre ela estar diferente — e que não fosse ele espelhando antigas esperanças.
— Agora sim!! — fez sinal positivo com ambos os polegares ao ver o resultado.
Pelo espelho, James inclinava sua cabeça em vários ângulos para conferir sua barba recém aparada e a ponta de seus cabelos cortadas. Era uma mudança significativa, mas não radical, o que deixou James mais aliviado.
— Curti. — comentou, as atenções e elogios de e do funcionário o deixavam sem jeito.
— Viu só como vale a pena? — ela lhe deu um peteleco na testa. — Confie em mim quando te digo algo.
O rapaz esperou, um quanto ávido, para ver se teria alguma reação similar a de antes. Não teve. Agiu perfeitamente como a amiga que sempre foi.
James não sabia se estava confuso ou se desejava estar confuso a respeito da moça. Não, ele não estava de repente se vendo apaixonado pela melhor amiga. Aquele sentimento sempre o rondou, a espera de um momento oportuno, pois não tinha vontade de namorar. Quando muito, tinha ficantes, e James não sabia se um caso de uma noite estragaria a dinâmica deles como amigos.
— Próxima parada: roupas! — ela lhe anunciou pelo reflexo do espelho.
— E aí? Vestiu legal? — perguntou batendo algumas vezes na porta do provador.
— Hunnn... Sim.
— Sai aí pra eu ver, besta!
Houve o som do trinco da porta e então a figura de James revelando-se em uma combinação com tênis preto de solado branco, calça jeans preta, camiseta amarelo claro e por cima uma jaqueta de couro de comprimento maior do que a média.
— E então, sentiu a inspiração que tive?
— Sim, o Batman. — voltou sua cabeça em direção ao espelho atrás de si, com suspirando satisfeita com sua "obra".
De soslaio, fingindo olhar a si mesmo, James a flagrou encarando-o de cima a baixo mordendo o lábio inferior — com uma expressão de desejo contido. Desejo por ele. Mesmo assim Bourne não fazia ideia do que havia acontecido para vê-la daquela maneira. Não podia ser a barba. Nem mesmo aquelas roupas.
Sabia bem que nas últimas semanas não houve nenhuma deixa romântica para despertar em algum sentimento que não fosse o de amizade.
O único fato diferente na vida de ambos era James, Matt e Charlie se reunindo como Busted. Era um grande acontecimento na vida de James e das saudosas fãs da banda. Um motivo para voltar a sorrir mais, como antes de o conhecer. Só que nada disso parecia ser motivo para tê-la agindo diferente naquele dia em particular. Com cara de quem fecharia a porta do provador atrás de si, os trancaria ali dentro sorrindo ladina, e se atracaria contra ele naquele pequeno espaço.
A desvairada fantasia estava tomando não só a mente, como também os sentidos do rapaz, que sentia seu rosto queimar, a respiração descompassar e um formigamento no corpo todo.
— Tá tudo bem aí? — ela perguntou com uma careta desconfiada. Não podia ser que James fosse claustrofóbico de repente.
— U-hum... — respondeu com dificuldade, engolindo em seco, mal sabendo disfarçar a ansiedade pela expectativa que criou.
Os ombros dela balançaram em uma risadinha censurada.
— Certo. Se troca então, maluco...
A porta se fechou, porém, com do lado de fora. O loiro girou o trinco e se encarou no espelho, uma espécie de repreensão silenciosa olhando em seus olhos. Não conseguiu conter um suspiro frustrado. O que estava acontecendo com ele?
— Aí está você!!
Um desligado James voltou-se na direção da voz que falava com ele. o encarava confusa por vê-lo no caixa da loja de roupas com o cartão de crédito em uma mão e uma sacola vermelha na outra.
— O que houve contigo? Você sumiu!
— Você quem sumiu. — deu de ombros, confuso estava ele com as suas alegações. — Eu te procurei, procurei e já que não achei, vim aqui pagar.
— Mas ainda não terminamos, criatura! — naquele momento James fixava um olhar mais atento a um emaranhado de roupas debaixo do ombro da moça.
— Você quer que eu prove tudo isso???
— Lógico! — sua objetividade era rude. — Não viemos comprar um look pra banda, viemos pra comprar vários.
James bufou com desânimo. Ele não estava a fim de provar um guarda roupa inteiro. Coçando a nuca, ainda tentou sair pela tangente:
— Deixa assim, . O que comprei já está bom...
Ele começou a andar, torcendo para que a amiga cedesse e o acompanhasse para fora da loja. Com o celular em mãos, deslizava seus dedos na tela freneticamente.
— Mas ainda nem começamos de verdade! E você não pode retomar o Busted com o Matt evoluído assim — ela lhe indicava uma foto recente de Willis postada no Instagram. E em seguida mudou para outra da conta de Charlie. —, o Charlie elegante desse jeito e você...
James cruzou os braços, pronto para ouvir qualquer crítica, mas já ciente de que não gostaria.
— Parecendo aqueles tios solteirões com camisa havaiana que em festas fazem a piada do "pavê ou pra cumê"!
Na tela do aparelho, agora havia uma foto dele. Os cantos da boca de James esboçaram um sorriso pastel, pois as roupas que vestia se encaixavam perfeitamente no perfil descrito por ela.
Era cômico, mas ao mesmo tempo, era ele, o que gostava de usar sem se preocupar com a opinião dos demais. O loiro sentia um gosto amargo em sua boca que dificultava o sorrir, ou melhor, um sentimento amargo começava a surgir nele.
— Vem, vamos garimpar só mais algumas coisas. — sorriu ela convidativa, já girando seus calcanhares para o interior da loja. — Eu vi uma camiseta linda, mas não sei se faz seu estilo, vamos ter de conferir... James? James??
I picture me by your side
But you're not letting me in
I wanna wrap my arms around you
Do lado de fora, o loiro marchava sozinho de volta para seu apartamento. Sentia-se retardado carregando aquela sacola. Se pudesse, se estapearia por ser tão burro! Caminhava vacilante pelas ruas magoado, envergonhado de que todos aqueles desconhecidos a sua volta pensassem o mesmo que a amiga: um velho esquisitão em roupas ridículas. Não havia como ter um pingo de interesse nele que não fosse o de amizade. Ridículo era ter de admitir para si mesmo que só alimentou a ideia porque no fundo ainda tinha esperanças de que um dia aconteceria algo entre eles naturalmente.
Nada aconteceria. Não com ele.
No bolso de trás da calça jeans sentiu o celular vibrar com uma ligação de . O loiro bufou, engolindo sua amargura, com raiva de si mesmo e mais ainda da amiga. James queria que e todos seus achismos idiotas sobre ele fossem para o inferno!
— Oi, !!! — gritou Charlie assim que viu a moça entrar na cafeteria parecendo apressada.
— Até parece que combinamos! — Matt comentou, impressionado por debaixo dos óculos escuros usados sem qualquer necessidade dentro daquele ambiente fechado.
— Olá...!
Apesar do meio sorriso pela surpresa, uma incerteza a incomodou quando notou que Charlie vestia uma camiseta igual ao que James comprou no dia anterior. Matt tinha também uma calça jeans muito parecida com a que ela escolheu para James, mas Willis parecia ser dono de todas as calças pretas em circulação no mercado.
— Falei que ia combinar comigo. Olha só como ela baba por mim! — Charlie bateu no braço de Matt empolgado, visivelmente falando sobre .
— Nem morta, Simpson! — a moça mostrou cara de superioridade.
Matt conteve uma risada espontânea, olhando para o chão:
— Sabemos por quem ela baba, né, dude.
— O quê está insinuando, palhaço?? — o acertou no braço, já ao lado deles, recebendo olhares não muito amistosos dos demais na fila. — Não estou babando por ninguém, apenas vi roupas idênticas a essas ontem e...
— Ah! Mas são as mesma sim. — Charlie pontuou, não deixando de ganhar um olhar zangado da moça por atravessar sua fala.
— Pegamos emprestado do Jimmy.
— Vamos ter um encontro duplo hoje, quer dizer, só o Charlie vai ter, eu vou com a Emma.
O olhar de seguia desconcertado sobre Charlie e Matt mesmo com a explicação. Então ela arriscou, sabendo que eles haviam se visto:
— Tá... Ele comentou algo com vocês sobre ontem? Porque aquele babaca me largou na loja enquanto eu o estava ajudando! E ele nem me responde às SMS ou ligações. Não tô entendendo esse gelo dele!
— Huuuuummm... — os dois a analisavam, estreitando os olhos, fazendo a moça arregalar os seus em estranhamento.
— Eu não notei nada nela. E você?
— Também não!
— Pfff! Parem de falar como se eu não estivesse aqui, palhaços. — ela perdia sua paciência com ambos.
— Ok, ok... — Matt pareceu voltar ao seu habitual jeito de ser: — Não leva pro pessoal, . Dê uns dias pra ele, que ele logo volta ao normal.
— Como não levar pro pessoal quando o problema é claramente com a minha pessoa?? — questionou ela impertinente. — Se vocês sabem o problema, me digam o que é! Assim posso me resolver com ele.
Os rapazes se entreolharam. Charlie pendia para o seu lado, mas Matt discordava. — É só esperar uns dois ou três dias. — disse o moreno, embora soasse incerto sobre o período de tempo estipulado.
ainda tentou buscar os olhos de Charlie e implorar silenciosamente que a ajudasse, mesmo sabendo que o loiro nada faria na presença de Willis.
A jovem suspirou frustrada por ter de acatar.
You've been giving up on me and I don't know why
Cause I'm so obsessed with your beautiful mess
— JAMES ELLIOT BOURNE!! ABRE A DROGA DESSA PORTA OU EU DERRUBO NO PÉ!!!
Era o dia seguinte. E havia decidido consigo mesma que não queria ter de esperar. Ela não engoliria passivamente o gelo que James estava dando nela.
Na porta do apartamento ela extravasava sua raiva com pontapés e murros que ecoavam pelo corredor do sétimo e último andar do pequeno prédio.
— Acho que a vizinhança toda não conseguiu te ouvir... — foi o que falou ele ao escancarar a porta, dando-lhe passagem. Ainda que estivesse com a cara fechada, sua expressão antipática não causava medo algum a .
— Hunf!! Foda-se a vizinhança... — disse azeda. Ela se colocou no meio da sala, com os braços cruzados. — Quero saber por que o senhor tem me evitado.
— Eu não...
— Nem me diga que não estava: você não me atende as ligações, ou meus SMS, ou minhas mensagens no Face. — conforme enumerava, sentia o grande incômodo que aquela rejeição estava lhe causando. Potencializado por certos sentimentos novos e secretos que ela não queria lidar naquele momento. Como seguir alimentando qualquer sentimento além da amizade com ele a evitando sem razão aparente?
James buscou no ar alguma palavra para começar a falar, tentativa que resultou nele bufando agoniado enquanto coçava sua nuca.
— Você agiu como um babaca comigo sem qualquer necessidade! — a moça acertou tapas nos braços e tronco do loiro.
— E você não foi, não??
— Tá maluco, onde? Eu me dispus a te ajudar, te levei a barbearia, depois pra loja de roupas... Cadê o meu erro?!
James via as narinas dilatas de , lutando com dificuldade para conter a raiva dentro de si. Internamente, o rapaz tentava resistir o ímpeto de se compadecer dela, dando-lhe total razão e assumindo inteiramente toda a culpa. Porém, mesmo aquele gesto dele não a faria magicamente mudar a forma como ela o via.
— FALA!! Diz pra mim qual foi meu erro, porque essa eu quero ouvir!
— Na próxima vez que ajudar alguém, não precisa acabar com a autoestima dela, ok? — nem de longe a resposta dele soava como uma rebatida ao questionamento dela.
—... quê...?
— É só juntar as peças que você vai ter o quebra-cabeça completo. — o loiro aconselhou, ele de fato não sabia como bater de peito contra . Ela fez uma careta confusa.
— Se liga nas merdas que você está falando, James! — subiu seu tom de voz, gesticulando com as mãos em igual intensidade. — Autoestima?? Fala sério! Já se olhou no espelho hoje, ou ontem, ou alguma vez na sua vida??
sacudiu a cabeça, desconcertada. A babaquice dele não a faria perder o controle sobre si.
— Vem conversar comigo quando souber de verdade o problema. — sentenciou ela, parecendo distante.
Agarrou a pequena bolsa que havia escorregado de seu ombro durante seu momento de exaltação e saiu do apartamento.
Sem cara feia. Sem batidas de portas violentas.
seguiu pelo corredor com o olhar fixo no chão. Não gostava do gelo recebido, mas não havia outro remédio senão se conformar e esperar até que James a procurasse.
James Bourne com problemas de autoestima? Desculpe, era difícil dela acreditar em algo assim.
Enquanto esperava o elevador chegar, fazia promessas a si mesma: esqueceria aqueles sentimentos estúpidos envolvendo a James. Quão patética ela poderia ficar se os deixasse crescer? Chegou a parecer emocionalmente desequilibrada enquanto discutia com Bourne, ridículo!
apertou outra vez o botão do elevador, desta vez mais frenética.
No outro extremo do corredor, onde ficava o apartamento de James, sons de golpes contra a porta aconteciam.
Se o loiro estava descontando sua frustração na porta, o faria por dias a fio, pois agora era sua vez de dar um longo e gélido gelo. Seria a rainha do gelo!
A ideia a divertia, rindo pelo nariz maldosa. Até que a porta do apartamento de James se abriu e ela instintivamente olhou em sua direção.
Com os braços cruzados, os olhos de se arregalavam enquanto se inclinava para trás de maneira defensiva.
Por que raios estaria James Bourne no corredor apenas (apenas!) com a jaqueta e os tênis que compraram no dia anterior?
Onde estavam sua calça e bom senso?
James marchou até ficarem frente à frente:
— Já passei do 30, , e não se ensina nada de novo a um cachorro velho. Goste você ou não, eu estou bem com quem eu sou...
—...Ok. — respondeu, com um resquício de desconcerto. A surpresa de ter James vestido daquela maneira levou toda a sua irritação embora. — Eu não estava tentando mudar você, tá bem? Se você prestasse atenção no que escolhi, veria que tem tudo a ver contigo. Só não parece de primeiro momento porque "subimos o nível".
Os olhos do loiro liam com atenção as feições da moça, que parecia bem mais tranquila agora em comparação com cinco minutos antes.
— A ideia de ir a barbearia surgiu porque sei que nesses tempos você tem gostado de estar barbudo... E nada te impede de ter uma barba bem cuidada, que te aviso, são muito mais sexy do que aquelas que o pessoal deixa crescer por si só. — ela cruzou novamente os braços ao final da fala, fazendo pose de petulante: — É com isso que você teve problemas, James? Parece mais birra...
O rapaz engoliu em seco o azedume que suas provocações lhe causavam.
— Você...
Os segundos entre a primeira e a segunda palavra pareceram infinitos.
O girar de uma chave em uma das portas dos vizinhos fez ambos saltarem. buscou pelo elevador, porém este já havia descido outra vez. Olhou com nervosismo para James, a presença dele ali no corredor com quase nada levantava muito mais intrigas e fofocas do que sua mente conseguia elaborar explicativas. E o idiota permanecia estático sem saber o que fazer!
A maçaneta girou e a porta já se abria quando empurrou James pelo peito, fazendo-o andar de costas de volta para seu apartamento. Ela fechou com um estrondo a porta atrás de si e procurou se encostar na parede ao lado da porta. Primeiro deram um suspiro de alívio e logo estava rindo silenciosamente com a mão lhe cobrindo a boca.
O primeiro motivo de sua risada residia no fato de que quem quer os olhasse, pensaria besteira. O segundo, as próprias besteiras que seu subconsciente a fazia se perguntar. Sobre o que James estaria ou não vestindo por debaixo da jaqueta, e como certas partes do seu corpo seriam sem nada para as cobrir ou como essas mesmas partes se acomodariam no tecido fino de uma boxer.
Rir descontroladamente era o melhor remédio para ideias pervertidas.
— .
Com os olhos quase em lágrimas de tanto rir, a moça mal escutou seu nome ser dito pelo rapaz. Ele a encarava como se estivesse em transe pela figura de .
— Sim... Jimmy? — respondeu com a voz ainda ofegante pela gargalhada.
A mão dele buscou pela dela, alcançando a outra em seguida, unindo-as lado a lado entre o tronco dos dois.
— , você gosta do jeito que eu sou?
Ela deu de ombros, desconfortável, buscando por motivos para fazer seu olhar se perder do dele. Senão a tentação para lhe roubar um beijo a deixaria louca.
— É claro que gosto, seu besta. Por que acha que somos amigos?
— Eu não posso mais ser seu amigo, . — o comentário a surpreendeu, fazendo-a estremecer. — Eu também não quero ser um amigo com benefícios. E eu sei que você não quer namorar. Mas hoje temos de resolver isso.
estava sem ação, confusa pois as palavras de James pareciam desconexas. E então sentiu um tranco em seus pulsos que uniu suas mãos mais ainda.
Ela estava com as mãos atadas por uma gravata. E James sorria por antecipação. sorriu de volta, copiando a expressão dele, ainda sem entender totalmente. — Jam-??
Conduzindo seus movimentos, fez seus braços passarem sobre a cabeça dele, os dedos sentindo as pontas do cabelo. A moça ficou sem fôlego, com sua respiração se chocando contra o rosto dele.
Ela buscava por seu olhar, não queria ser presunçosa sobre o que estava prestes a acontecer, mas ela também não era idiota. Nisso, James tentava manter sua compostura, ou pelo menos honrar o papel que Matt o aconselhara a fazer.
Com sua primeira namorada e demais casos que teve, as mulheres sempre tomavam a iniciativa, conduziam seus desejos e satisfaziam suas vontades. Não estava acostumado a ser o responsável, e parte de sua fantasia era que tomasse algum partido, mas, segundo o próprio amigo Willis:
" — A é bem resolvida então ela acaba parecendo do tipo dominadora... Mas vai por mim, à sós, eu sei que ela é doida pra ser bem dominada. "
" — Fala sério! Besteira total isso! — Charlie disse elevando a voz, como se denunciasse uma tentativa de golpe. "
" — Vai por mim, Jimmy boy. "
engoliu em seco, à espera de algo. O rapaz pareceu ter sua concentração de volta e mergulhou sua mão na nuca da moça, deixando os dedos se afundaram e entrelaçarem em seus cabelos. Como se prendesse as madeixas em um rabo de cavalo apenas com a mão, a trouxe para mais perto de si. Sem prerrogativa para selinhos, eles trocavam um beijo intercalado por suas línguas.
Para James parecia irreal o fato de ele ser capaz de usar uma mão nas cordas de seu violão, com a outra dedilhar uma melodia e com sua voz inventar uma canção. Era natural. Porém, mesmo com os anos de amizade, o rapaz sentia-se torpe ao tentar conduzir algo ali. Se sentia vacilar sobre como conduzir o beijo, embora estivesse no controle — ou apenas estivesse sendo gentil em fazê-lo acreditar nisso. era como um instrumento que ele desconhecia como tocar e, portanto, não era orgânico.
Ainda assim, quando ele separou o contato, pausando para respirarem, não ouviu dela qualquer reclamação de que estivesse no caminho errado.
O silêncio entre eles a torturava. desejava mais, ansiosa por saber o que mais James podia fazer com ela. Com quase trinta anos nas costas, o loiro ainda parecia um virjão que jamais dava o primeiro passo. E aquele James Bourne diante dela, a agarrando daquela maneira, estava dando muito mais do que um passo inicial.
— O que mais te deixo amarrar pra ganhar de prenda descobrir o que você está usando por baixo disso? — brincou sugestiva.
— Hun, veremos...
Limitou-se a responder. James respirou fundo, ele precisava concentrar forças.
— JAMES!!! — gritou assustada quando os braços dele a içaram pelas coxas. O coração dela palpitava, mas não de excitação, seu maior receio no momento era de cair e se machucar. James não era o tipo musculoso e ela não era musa fitness do Instagram vivendo a base de folhas. E se caísse, não teria capacidade de se proteger direito pelo fato das mãos estarem presas.
James riu do medo bobo dela, usando a parede atrás dela como apoio para que não a perdesse de seus braços. Afrouxou o agarre e suas mãos escorregaram na pele exposta (ela estava vestindo um shorts), deu um sobressalto, agarrando-se à nuca do rapaz o tanto que suas mãos podiam, até que ele voltou a segurá-la com força, as mãos cheias em seu bumbum.
Por um instante a moça estreitou seus olhos, rindo pelo nariz. Não tinha se dado conta da intenção dele.
O loiro inclinou-se sobre ela para retomar o beijo de antes, com as mãos no mesmo lugar, explorando a região sem pudores.
Desta vez a língua de James soube girar gentilmente sobre a de com maior naturalidade. Estavam ficando mais experientes um sobre o outro. Quando ficou difícil respirar outra vez, o loiro se afastou, deixando comprimindo seus lábios, insatisfeita.
Carregando-a, o rapaz andou pelo apartamento, com a moça prendendo-se a ele da melhor maneira possível. No entanto, contra todas as previsões negativas, Bourne a deixou de forma cuidadosa sobre o sofá. Nisso ele teve de conduzir os braços dela por cima de sua cabeça outra vez, agora o liberando do contato. suspirou contida, em um quase lamento pela distanciação entre eles.
Seus olhos se encontraram, marcados pelo desejo um no outro, a respiração dificultada pelas expectativas de ambos. James levou a mão ao zíper da sua jaqueta preta de couro que o vestia tão bem mesmo quando ele não vestia nada mais. Sem dar-se conta, prendeu a respiração ao ver pele e mais pele se revelar por debaixo da jaqueta. Um espetáculo que via de camarote, sem necessidade de esticar seu pescoço para garantir a melhor visão.
A jaqueta atingiu o chão com um som abafado e foi nesse momento que as maçãs do rosto de arderam por debaixo da pele. Era uma pequena decepção descobrir que o loiro ainda vestia uma boxer, censurando aquela região do corpo de rapaz. Em contrapartida, ela não consegui deixar de olhar descaradamente para a ereção que despontava por debaixo do tecido.
— Sua prenda.
confirmou com a cabeça, reprimindo em si qualquer vontade de rir por nervosismo.
— Então o que vai amarrar agora? — perguntou curiosa. Se ela ganhou o que havia pedido, haveria um pagamento, certo?
O corpo de James se contorceu de leve em uma risada fraca pelo nariz. Pousou uma mão sobre a nuca dela e se inclinou para beijar seus lábios, ainda sendo o que ditava como era e quando terminava o contato.
— Eu te amarro mais se você quer tanto. — o rapaz disse em sua orelha, arrepiando-a, tanto pela sensação como pela ideia em si.
Enquanto se beijavam, a boxer se juntou a jaqueta largada no chão. E quando James se endireitou, sua mão estava firme outra vez entre os cabelos da moça, pronto para fazê-la obedecer seus gestos. segurou sua respiração ao notar a tração em sua nuca em direção ao membro do loiro. Ela o olhou por um instante, temerosa de que o rapaz se animasse demais com aquilo — não ia ser legal acabar regurgitando ali, naquele momento, na frente dele.
Seus lábios se entreabriram, envolvendo-o no espaço cálido e úmido de sua boca.
James passou sua mão livre pela lateral de seu rosto, retirando alguns fios que teimavam em impedir a visão completa do rosto da moça. Ele precisava fazer uma concentração diferente ali. Alternar os fatos com pensamentos aleatórios, do contrário gozaria no rosto todo dela. Cada centímetro que a moça avançava com sua boca fazia seu membro pulsar mais dolorosamente. Mais alguns centímetros, e James a puxou gentilmente para trás. Um estalido se ouviu quando os lábios dela se desencostaram por completo. Embebido em saliva, foi mais fácil quando ele a tracionou outra vez. A partir daí fazia movimentos de vai e vem em seu membro, recebendo aprovação através dos afagos na região da nuca.
— D-deita no sofá. — foi preciso uma pausa para recuperar o fôlego e falar o mais normalmente possível para James.
o encarou com curiosidade pelo que viria a seguir segundo ele.
Silenciosamente, agradeceu pela mudança, pois a dor em seu maxilar para manter a boca bem aberta e não arranhá-lo com os dentes estava em um nível insuportável. Mesmo de mãos atadas, a moça as usou para limpar a saliva nos cantos da boca e discretamente massagear a região do queixo. Nisso flagrou o filete incolor de excitação vazar do membro de James. estendeu sua língua para fora, deslizando-a pela cabeça do membro e cerrando seus lábios em torno dele. Seus movimentos lentos e os gestos exagerados eram propositais.
— Merda.
O sorriso involuntário mal cabia em seu rosto. James caia em si de novo e de novo. Se piscasse talvez descobrisse que tudo não passou de um sonho, mas o boquete de era melhor do que um forte beliscão. Seu sorriso entortou nos instantes em que a observou. Antes que a moça erguesse seus joelhos apoiados no chão para voltar para o sofá, as mãos de James a envolveram pela cintura e costas, colando seus corpos. Não muito interessado em provar de si mesmo na boca de , o loiro cravou a si mesmo no espaço entre o ombro e a cabeça. A amizade de longa data o fazia ciente de que a parte mais sensível de era seu pescoço, o lugar perfeito para lhe fazer cócegas e seu desejo naquele momento era provocar o mesmo contorcionismo, mas com arrepios.
— J-a-m-e-s!!! — a voz dela saiu em um guincho, encolhendo-se. Os pêlos da barba dele roçavam em sua pele sensível.
E ela sabia que o ato era proposital.
Fazer aquilo era uma tremenda falta de sacanagem.
Uma mera respiração ou fungada próxima ao seu pescoço já eram suficientes para provocar na moça o arrepio típico das cócegas. E não havia escapatória, James a impedia de se mover com a mão espalmada em sua nuca, e com a outra segurava suas mãos atadas. Era um estímulo perturbador a língua de James percorrendo lentamente uma linha reta imaginária em seu pescoço. Lento, demasiadamente lento. Uma pequena sensação de prazer despontava mesclada ao arrepio das cócegas. Quando os dentes do rapaz se prenderam em sua orelha, pensou que o pior havia passado.
— Por que não me chama mais da outra forma? — questionou em seu ouvido. O ar das palavras rebatendo em sua orelha a fizeram se arrepiar o dobro, pois seus sentidos estavam em estado de alerta máximo após a breve sessão de tortura. Pela proximidade ela sabia dizer que o rapaz estava se divertindo rindo com as reações provocadas nela.
— Elliot... — disse em uma voz fingida de sedução. — Eu vou me vingar por isso, seu fdp.
James riu consigo mesmo antes de abocanhar novamente sua orelha. Suas mãos passearam pelo corpo dela até alcançarem a bainha do shorts, forçando uma rápida abertura do botão e do zíper e então reivindicando espaço para suas mãos entrarem ali. Shorts e calcinha deslizaram até onde o comprimento do braço de James permitiu. Com a peça de roupa entre os joelhos, girou para apoiar seus cotovelos no sofá logo atrás de si, para que assim pudesse passar as pernas sem cair. Mesmo assim ela quase se desequilibrou, deixando um suspiro de surpresa escapar, quando sentiu a língua de James percorrer sem avisos sua intimidade. Seus dedos se agarraram ao material do sofá, arranhando-o com as unhas, enquanto as mãos dele a seguravam pelo quadril, mantendo-a no lugar, e sua língua ia mais fundo em sua entrada.
O ar a sua volta parecia se tornar rarefeito, pois quase não encontrava ar para respirar. Deu um fraco gemido sofrido quando James parou de circundar os limites de sua entrada e inseriu por completo e de uma vez só seu dedo médio. Uma vez lá dentro, os músculos do ventre se fecharam em torno dele — ou tentaram, pois não ocupava assim tanto espaço. Com o dedo médio e o indicador dentro de si, a moça sentiu-se mais preenchida, engolindo em seco só de imaginar que James ocuparia espaço de verdade dentro dela.
A mão livre dele percorreu quadril, barriga e costelas até seu peito, forçando o sutiã a sair de seu caminho. James bufou: as roupas de tinham de ir de vez. O abandono repentino trouxe a moça insatisfação. E sua tentativa de protesto interrompida com o loiro passando o shorts por seus joelhos e o lançando longe, a camiseta foi sua inimiga declarada número dois, juntamente com o sutiã, só que havia um empecilho. As mãos atadas.
James se lembraria de reclamar de tais problemas com Matt, mas era mais provável que o amigo o culpasse por má logística. viu suas mãos livres por um breve momento (o suficiente para ver marcas levemente avermelhadas na região, fazendo-a sorrir em segredo pela lembrança que iriam significar), uma vez nua, a restrição voltou.
Segurando-a na região das costelas, ergueu-a até que conseguisse sentar-se no sofá. corou incomodamente, não havia o que esconder, seu corpo todo agora estava exposto e mais nenhum segredo guardava sobre si quando James entreabriu suas pernas. Os dois dedos voltaram, acrescido de mais um, enquanto sua boca a percorreu até encontrar seu ponto mais sensível: seu clitóris.
Não ter as mãos livres era ruim naquele momento, pois sentia a urgente necessidade de agarrar, arranhar algo. A passada de língua de James era tão precisa algumas vezes que ela passou a acreditar que quebraria a espinha na vez seguinte que seu corpo inteiro estremecesse de forma tão violenta.
— Elliot...
Ela o alcançou com uma das mãos em seus cabelos loiros, prendendo-os com força exagerada quando seus dedos e boca desfizeram todo e qualquer contato. O corpo de tremia de leve, estivera bem próxima de seu próprio ápice. Para ela a vontade maior era de xingar James de todos os nomes possíveis, mas antes que o fizesse, suas mãos percorreram todo o corpo dela e se colocou ao lado dela no sofá. Sua expressão era de satisfação silenciosa: saber que era capaz de deixá-la naquele estado, desejosa de mais da parte dele.
Ele a ajudou na movimentação, conduzindo braços e pernas até que estivessem frente à frente, os braços dela passando sobre sua cabeça e uma perna de cada lado dele. respirou fundo em antecipação.
As mãos dele se afundaram em seus cabelos, trazendo-a para um beijo mais tranquilo e intenso — ele não queria se esquecer como era beijá-la. Sua boca desceu pelo queixo, mordiscando o lugar, e pulou logo para a clavícula (seu pescoço ainda era território de tensão). As mãos dele desceram até a metade de suas costas, a pressão leve indicando o que ele queria que ela fizesse.
Quando se ergueu sobre seus joelhos, o bico de seu peito se chocou contra o nariz dele. Seus braços a envolveram em uma espécie de abraço, aproximando-a de si. A língua cálida de James circundou toda a região mais escurecida de seu seio, para então sugar apenas o bico enrigecido. Fã da sensação, forçava a região do seu busto contra o loiro. Quando sua boca se desgrudou com um sonoro estalido, a moça sentiu a região do seu ventre contrair de forma deliciosa. Foi a vez de James se concentrar no segundo peito, sem pressa, entretido com aquela oportunidade única de ter sua boca em cada canto de , provando todos os seus sabores. Os suspiros de se intercalavam em um espaço de tempo cada vez menor, James tinha suas mãos possessivamente sobre seu bumbum e o apertava com gosto, enquanto sua boca mordiscava e chupava seu peito como se ali pretendesse deixar alguma marca sua.
Embora gostasse daquele momento, a ansiedade começa a inquietar . Se dependesse somente dela, bastaria deixar a gravidade agir e sentar-se no colo de James, poucos centímetros separavam sua entrada de seu membro, no entanto, os braços dele a envolviam e a mantinham imóvel.
sofria e se deliciava com o dilema que era deixar James no papel de dominante.
— Deixa eu cavalgar em você... — viu nascer no rapaz um sorriso sacana com seu pedido. Ele ficaria mais do que satisfeito em atendê-la.
James acertou sua mão no quadril dela e com a outra alcançou seu próprio membro, fazendo a ponta deslizar displicente em sua intimidade até se encaixar na entrada dela. O simples gesto quase a fez subir pelas paredes pelo contato.
Com o lento descer de seu quadril, o membro de James ia ganhando centímetros dentro de . Suas mãos atadas pela gravata se prendiam ao material da cabeceira do sofá. Os cabelos caiam em cascata conforme ela pendia sua cabeça para trás, deixando-se aproveitar da sensação única de ter James pela primeira vez dentro de si. Extasiado, o loiro apreciava a visão que tinha de mordendo o próprio lábio, sentindo como os músculos do ventre dela lhe cediam espaço, aceitando a invasão.
Foi James quem a tracionou com ambas as mãos na base de seu quadril para que ela erguesse seu corpo e iniciasse movimentos rítmicos para cima e para baixo. Ela não podia fica simplesmente ali empalada nele, isso o deixaria louco!
Suas mãos sobre ela ajudaram a encontrar um ritmo o qual seguir bom para ambos. O ar voltava a parecer rarefeito entre eles. Os suspiros entrecortados de antes de se tornavam soluços curtos.
Mesmo com seus olhos nublados, o loiro ainda buscava pelo olhar de , queria vê-la em um estado de desejo semelhante ao seu. Porém, a moça parecia fugir propositadamente de seu par de olhos bem azuis. Ela não gostava de ser assistida fazendo caras e bocas de prazer, era constrangedor. Por isso deixava sua cabeça pender para trás, lançando gemidos contidos para o teto.
A mão do loiro correu pela lateral do corpo dela, passando por cintura, peito, ombro e pescoço até alcançar seu queixo.Traçando o caminho de seu lábio inferior com o nó do dedão. forçou sua boca em um pequeno selinho contra o polegar, momento que James aproveitou para invadir sua boca. Com o polegar como um anzol, teve de baixar sua cabeça, encontrando-se com os olhos de James. Uma dolorosa palpitação teve início, pois ela não sabia como lidar com James a olhando daquela maneira. Havia o puro e o simples desejo carnal, mas também o sentimento que complicava tudo, que fodia com tudo. Mesmo fechando seus olhos, a moça sabia que James a assistia atentamente, com aquele mesmo olhar.
Os movimentos de se tornavam cada vez mais rápidos, perdendo vez ou outra o ritmo de antes — a repetição a estava deixando sem forças. Talvez aquele fosse o preço a se pagar por uma posição que fazia base do membro de James se chocar deliciosamente com seu clitóris inchado pelas atenções recebidas antes. Nisso ela notou que nem mesmo a gravata enrolada em seus pulsos estava aguentando: o nó havia se soltado e suas mãos escapavam livres. Foi uma grata constatação.
Não foi de imediato que James notou a mão de , livre, e apoiada atrás de si, no joelho dele. Movimentando-se agora com maior destreza. A outra mão livre, fechando-se entre as madeixas de seu cabelo loiro.
— Alguém está se divertindo demais aqui. — brincou ele, acabando com a festa dela. Jogando o peso de seu tronco sobre ela, a desequilibrou, usando seus braços para tombá-la gentilmente de lado no sofá.
Ele buscou por um de seus pulsos livres, trazendo-o para suas costas, fazendo o mesmo com o outro pulso. As mãos dela foram unidas e o tecido da gravata foi enrolado várias vezes, presa com um nó mais forte e difícil de se desfazer.
— E já que você é mais quieta do que imaginei... — os sentidos da moça estavam tão despertos que o som das palavras se chocavam contra sua orelha e provocavam um arrepio gostoso. — Aqui está o que pediu.
Uma gravata estendida pelas mãos dele entrou em seu campo de visão, aproximando-se dela até ficar sobre a região de sua boca. James a estava amordaçando. Era sério aquilo?
não sabia bem ao que ele se referia com ela "ser mais quieta do que imaginara", ela só não gritava igual um gato no cio.
Com os braços imobilizados às costas, James a ajudou a acertar a posição de seu quadril sobre o móvel. Havia algo particularmente excitante em estar de mãos atadas, amordaçada e agora de quatro — algo que estava constatando ali, com a crescente expectativa de somar àquilo James a comendo por detrás. Foi difícil respirar com aquela ideia em mente.
O loiro a alisava pelas laterais de seu corpo, cada canto seu revelado. Uma visão que nem seus sonhos mais ousados tinham sido capazes de recriar. Garantiu que ela estivesse com o quadril bem levantado, e as pernas coladas — queria que o acesso à entrada dela estivesse dificultado, estreito.
— Que bundão, hein, ? — James observou sacana desde seu ponto de vista. E emendou um tapa em uma das laterais, não muito forte e nem muito fraco, apenas aquele permitido na intimidade de quatro paredes.
Mesmo com o tecido da gravata sobre as bochechas de , foi possível ver o tom vermelho brotar ali. Era o tipo de elogio que não estava acostumada a receber — ainda mais sobre aquela parte de seu corpo, e visto daquele ângulo.
Quando James se inseriu nela lentamente, fazendo seu corpo tremer um pouco, aquele foi o último gesto vagaroso de sua parte. Uma vez por completo dentro de , o loiro forçava investidas rápidas e ininterruptas. Bourne queria ouvi-la em alto e bom som.
Cada investida acabava com um choque do quadril de James no clitóris de . Seus gemidos tão contidos se transformavam em sonoros soluços, quase gritos.
A mão do loiro alcançou um dos peitos de que balançavam pela força aplicada contra si. A mão o envolvendo por completo, prendendo entre o indicador e o dedo médio o bico ereto. As mãos amarradas às costas, as tinha espalmadas contra o abdomen de James, inclinado sobre ela.
O loiro seguia obstinado em sua vontade de ouvir a voz dela preencher o cômodo — até porque, forçando seu quadril contra o dela com aquela vontade, ele mesmo não duraria muito. Só de saber que a tinha em seu sofá, sem nenhuma peça de roupa, comendo-a de quatro, toda molhada por causa dele... Aqueles fatos tão sólidos já o levavam com facilidade ao ápice.
James queria enganar a si mesmo com a ideia de que se aquela transa fosse a mais incrível na vida de , então ela ficaria mais um dia ao lado dele — talvez como namorada, namoesposa, ela podia decretar seus termos — até que o dia em que simplesmente se esqueceria de partir, de ir embora.
O loiro sentiu uma gorda gota de suor descer vagarosa pela lateral de seu rosto, seu limite físico estava chegando. Suas investidas às vezes eram descompassadas. A mão largou o peito de , desfazendo o bico do seio de refém, e seus dedos percorreram seu corpo, a mãozorra forçando caminho por entre as coxas coladas dela, tudo para conseguir dedilhar seu clitóris. sentiu um espasmo violento, em um movimento semelhante a um coice. A pequena região estava sensível, inchada, superestimulada e pulsando fortes sensações prazerosas. A gravata não a censurava mais quando deu seu gemido máximo, longo, profundo e de alívio — a pequena peça de roupa saiu de seu lugar enquanto seu rosto atritava contra o sofá. Sabia que sua maior expressão de prazer agora corria solta por suas pernas e se acumulava principalmente na mão de James, cuja respiração ofegante (quase asmática) batia em sua nuca. Da parte dele, sentiu seu corpo se contrair para um último (de um total de três) jato de gozo dentro dela. Não demoraria muito para que se misturasse ao dela, a ideia de um banho se tornava iminente.
James não tinha força suficiente nos braços quando decidiu por sair de dentro dela finalmente, por isso mesmo acabou tombando ao seu lado no sofá de qualquer jeito. Ela deixou que os músculos das pernas relaxassem, estendendo-as por completo até estar na horizontal sobre o móvel, mas ainda havia a questão de suas mãos.
— Ja-... Elliot? — ela o lembrou de suas mãos com um pequeno gesto. O rapaz se via relutante com a ideia, no entanto não restava nenhum bom motivo para mantê-la daquela forma.
O momento de euforia, viver pelos sentidos e sensações, havia acabado. Restava apenas a realidade. A cruel realidade onde nada impedia de ir embora.
— Obrigada. — ela se ajeitou no sofá, virando até ficar de barriga para cima. Cansada pelo esforço físico vigoroso de segundos atrás. Ela tinha seus olhos fechados pois James lhe lançava um irritante olhar de cachorro perdido na chuva.
— ...
— Shhhiuu... Agora é aquele momento que a gente relaxa e dorme. — disse sugestiva, sua voz em completa paz.
O loiro se moveu, encaixando a cabeça no espaço que ele mesmo criou abaixo do braço dela, fechando sua mão com suavidade sobre o peito dela.
— E quando eu acordar você ainda estará aqui?
— Eu vou ficando enquanto você deixar. — respondeu, sem jeito por dentro, mas isso não transparência em sua voz.
Era A conversa.
Algo de que nunca foi adepta, e James sabia.
— E se eu te quiser aqui pra sempre? Do nosso jeito?
Como pedir por um relacionamento da única mulher que ele sabia não querer nenhum?
A barriga de se contraiu em um riso sem gargalhadas.
— É só não me dar motivos pra partir. Daí eu fico... Do nosso jeito.
FIM
Nota da autora: (07/09/2017)
Hey, gente!!
Demorou séculos para conseguir separar um tempo para corrigir o HTML da fanfic XD
Espero que quem leia, goste! =3
E se gostar, please, deixe um comentário para eu saber, ok? Besitos!
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