- ! ! – gritava desesperada para que o homem a sua frente voltasse ao normal, tentando lhe conter. O médico chegaria em poucos minutos, mas não havia lhe enviado quaisquer ordens. apenas a olhava com olhos foscos, negros, dilatados.
De uma hora para a outra, ele havia se transformado em outra pessoa. Antes da situação começar, tudo estava tranquilo e normal; o jantar preparado, um filme bacana passando e os comentários sarcásticos de pelo ambiente, divertindo a esposa. No piscar dos olhos, estático. Depois, incontrolável.
Se rasgava com as unhas – que, sem sucesso, a mulher tentava manter longe do corpo -, batia a cabeça contra a parede, gritava aterrorizado e tremia por inteiro. Suas mãos não paravam quietas e ele já sangrava pelos diversos arranhões e, mais tarde, pelos buracos que a enorme quantidade de cabelo arrancada lhe proporcionou no coro cabeludo.
Seus olhos estavam perturbados; cheios de medo. Como se pudessem vê-lo tento um pesadelo horrível que ninguém mais poderia penetrar ou arranca-lo de lá.
Assim que a porta fez o barulho comum de abertura, o coração de se acalmou um pouco. O médico chegou correndo com mais dois funcionários e o segurou, amarrando-o contra uma espécie de maca, contendo todos os movimentos selvagens que fazia tentando se livrar do que acontecia. Um dos funcionários injetou algo em seu braço, fazendo que o enfermo perdesse, aos poucos, a força.
Não há palavras para descrever o quão devastada e assustada estava. Seu coração parecia ter sido triturado lentamente e a preocupação fora jorrada mais tarde, cobrindo-o. O médico lhe disse poucas frases, que ela não conseguia mais identificar pelo tanto que chorava.
Pôde notar, então, algumas palavras. Algo como crises, psiquiatria, fora de controle. Doença. Bipolaridade. Surto. Possível esq... esquizofrenia.
Quando já estava desmaiado, ela se sentiu fora de órbita. Como se visse a cenas com outros olhos, de alguém distante. Falavam com seu corpo, mas ela estava querendo mesmo era garantir que seu marido estava bem.
Por isso o deixou ir. Por isso assinou os papéis. Por isso, também, apareceu no dia seguinte durante os próximos meses.

- Já tomou seus remédios, querido? – sorriu de canto, limpando o criado mudo ao lado da cama que o querido estava deitado. Os movimentos circulares com o pano sob o móvel era observado atentamente por .
Sua atenção não se deslocou até a esposa sequer um segundo, mas ela se manteve com um sorriso cansado no rosto. Assim que se deu por satisfeita com a limpeza da área, parou a mão, hesitante. a olhou.
- Você parou por que eles estão te mandando parar? – sussurrou, como se fosse um segredo. Era, não era?
Com a mesma paciência de sempre, se sentou ao lado do marido. Evitando movimentos bruscos, fez sua voz mais adorável.
- Não há ninguém mandando nada – prometeu. Os olhos de semicerraram, desconfiados. Por mais que o médico já havia lhe dito que contar a verdade não iria ajuda-los em nada, e que poderia nunca mais ser capaz de parar de acreditar que estava sendo vigiado, não conseguia parar de tentar. Ela tentava, com esperanças, de que um dia o pesadelo acabasse.
O doutor também lhe contava que o máximo que conseguiria ali seria uma maneira de domar com uma doença. Para ela, seria uma forma de reaproximação do marido.
- Eu sei que você não acredita em mim. Mas eu sei que tem. Eu os vejo, Mi. Eu os vejo, ouço... eles me mandam mensagens. Eles nos gravam, - começou a ofegar – nos observam. E eu tenho certeza que estão te controlando – continuou seu famoso discurso.
Ela queria tanto ter reparado os sintomas antes. Buscado ajuda. Será que teria funcionado?
Os olhos de estavam sérios contra os dela, transparecendo uma verdade que ela quase acreditou. Ele tinha tanta certeza no que dizia. Ela tinha tanta certeza de que eram apenas alucinações.
- Não há ninguém me controlando, querido. Ninguém me mandou parar. Apenas parei porque acabou. Está tudo limpo, quer ver? – Ela guiou o olhar do outro até o móvel que reluzia a luz do sol que entrava pela janela próxima. Voltou sua atenção para o marido, que agora encarava a janela. – Viu? Não há motivos para continuar.
- Eles devem ter te mandado sinal pela janela – murmurou em resposta, segundos depois. Como se estivesse em um profundo pensamento, suas janelas se franziram concentradas. apenas suspirou devagar. – Alguma comunicação para você. Me ouça: você não pode ir para o lado deles, você me entendeu?
As mãos grossas e pesadas foram parar nas bochechas de sua esposa, segurando com preocupação de que ela não entendesse. Seus olhos expressavam seu amor e o medo que tinham.
- Eu não estou... – tranquilizou ela, levemente desesperada. Nunca iria ganhar essa eterna discussão? – Eu te prometo, nunca vão me corromper, ok? Tudo bem? Eu nunca irei te trair.
O foco dos olhos de novamente mudou. Agora, encarava um ponto fixo. Novamente, pensativo. Parecia ter acreditado um pouco no que tinha dito. Como se finalmente fosse convencido.
Ela se levantou devagar, sem tirar a atenção do outro. Pegou o pano e o liquido de limpeza. Assim que passou pela porta, devagar, para pegar os remédios que ele provavelmente não havia tomado – claro -, foi parada por uma simples frase:
- Por que você mente para mim?

- Um ano – murmurou para a amiga em tom de voz fraco. Fraco, assim como ela, tão fraca. Seu porto seguro era agora o colo da colega, que a abraçava com tanta força; como se pudesse doar sua energia para a outra. – Hoje completa um ano desde a descoberta.
- Você parece pior do que ele. – Alguns minutos se sucederam depois disso. Apenas os bipes das máquinas de soaram.
tinha plena consciência disso, é lógico. Mas simplesmente não encontrou uma resposta. Coisas como "quando nos casamos nos tornamos a mesma pessoas que os conjugues" e "sou a maior vítima da esquizofrenia" disputaram em sua mente, como possíveis respostas. Se sentiu horrível; o silêncio ganhou.
Silêncio, para si, já não era questão de paz como era quando era mais nova. não tinha mais paz em sua cabeça, nunca teria calma novamente no principal lugar que deveria ter. Seu silêncio era o espelho disso. Seu silêncio assustava, na verdade.
Era a indicação de que algo estava tão errado ao ponto de que ele não conseguisse transparecer. De todas as terapias que ela já pensou em tentar, nenhuma conseguia vencer seu silêncio.
Só soube que algo estava extremamente errado quando acordou com uma movimentação intensa na cama e sons de engasgos altos. Epilepsia.
- Eu sabia que seria difícil – respondeu, enfim. E sabia mesmo. Era horrível saber disso.
Doía até respirar no hospital, como se fosse mudar algo na vida de alguém ou contrair uma doença de lá; não só bactéria, mas também depressão de parentes de operados.
- E você continua aqui. Amor é quando você tem tudo para abandonar o outro e correr atrás da sua felicidade, mas fica. Porque não precisa de felicidade quando você não existe; e você só existe ao lado dele. Porque ele existe. – As palavras consolidarias acertaram em cheio o coração de , dando um pouquinho mais de força. Não era incomum receber palavras delicadas e significativas assim de seus colegas e familiares, mas elas nunca perdiam toda a magia e força.
acreditava que era porque precisava. E entendia o que queriam transmitir com isso. Capturava.
- Você imagina que um dia isso acabe? – A amiga perguntou, agora olhando para a outra atentamente. Sua expressão era curiosamente vazia, mas jamais seria capaz de entender a dor dela.
- O que quer dizer? Que ele morra? - disse a palavra destacada mais baixo, temendo que ele ouvisse por trás daquele sono profundo que lhe cobria agora.
A colega de hesitou.
- Não exatamente. Mais um... uma cura.
- O médico disse que se ele tomar os remédios certinhos poderíamos conseguir um avanço ao ponto de termos uma vida normal novamente, sem crises e...
- Eu não disse o médico – cortou. – Eu quero saber se você acredita que serão livres. Ouvi recentemente que alguns remédios não funcionavam e que vocês precisavam de outro, certo? Imagina não precisando de remédios?
se perdeu em pensamentos. Era uma realidade tão distante que era até mesmo cruel pensar isso. Era algo errado demais, desrespeitoso.
Sonhador demais.
- Ele nunca será o que era, Mi. Nunca mais. Talvez melhore, talvez seja racional novamente. Mas ele passou por algo difícil demais para ser superado. Onde você entra nisso?
a encarou, pensando seriamente na questão.
- Estarei aqui e o ajudarei a chegar até os dias lúcidos. E, juntos, superaremos qualquer coisa.
- Ele não po...
- Eu posso. Eu irei ajuda-lo. E, quando ele não conseguir mais, irei reerguê-lo e caminhar por nós dois.

O sorriso que ele dava era de orelha a orelha. Sempre que saía da terapia seguida de aulas de pintura, voltava sorrindo. Calmo. Livre. Como se naquela tinta a óleo pudesse abandonar todo o mundo e mergulhar em tons.
Sua esposa, , já havia chegado e ele se sentiu grato por tê-la por perto. Ela adorava as sessões, melhor parte de seu dia era quando voltava e o encontrava bem.
Nem sempre dava tudo certo. Mas isso não era motivos para morrer deprimido, não é mesmo? Caminhou até o carro e foi de encontro a ela, entrando no banco passageiro e dando um amoroso beijo. Beijo retribuído. Sorriso aumentou.
- Como foi, docinho? – ela questionou e saiu o mais rápido possível do estabelecimento. O lugar em questão lhe dava calafrios, apesar dos tons azuis e brancos serem pacíficos e trazer sensações de cura.
- Incrível. E lá em casa? Conte-me sobre seu dia – pediu, admirando de perfil. Suas sobrancelhas estavam franzidas pelo trânsito, algo que ele já esperava pela concentração. Entretanto, a feição dócil não saía.
- Bom, ajudei Katherine nas compras, conversamos o caminho todo sobre como o filho dela, Gale, está grande. Plantei mais algumas plantas no nosso canteiro e pintei aquela cômoda velha que guardávamos no sótão. – Olhou para assim que o sinal ficou vermelho e sorriu. – Ela poderá ser reutilizada novamente. Você não tem ideia do quanto ficou linda.
Ele sorriu, analisando-a. Sentiu algo ótimo por dentro.
- Tenho certeza de que fez um ótimo trabalho. – Ela concordou, fazendo ambos rirem.
Assim que chegaram à rua da casa, parou o carro. Confuso, o marido olhou para ela procurando respostas.
- Eu tenho uma surpresa para você.
saiu do carro, sendo seguida por um ansioso e cheio de expectativas. O jardim estava verde, destacando a entrada extremamente branca com tons transparentes de verde na enorme casa em que viviam. Entretanto, enquanto ainda se concentrava admirado na nova pintura, a esposa abria a porta e adentrava à casa.
Ela sabia que tinham pintado aquilo há semanas, mas só agora ele estava lúcido o suficiente para reparar. Ela aproveitou o momento de distração e seguiu até a escada.
- Querido? – chamou. sorriu, pedindo desculpa pela distração e seguiu em frente.
- Eu preciso que fique calmo. E feche os olhos, ok?
- Calmo? – sorriu desconfiado e ergueu uma sobrancelha. o admirou, sentindo-se em paz. Extremamente ansiosa pelo que estava prestes a acontecer, mas em paz.
Pegou a mão forte e pesada do homem e subiu as escadas, guiando-o até o destino final. Inconscientemente, ele tinha uma noção que estavam no segundo andar perto do quarto deles. Supunha que o local era próximo ao escritório, longe das escadas.
apertou carinhosamente a mão da outra, que retribuiu com um cafuné no dedão.
- Pode abrir – sussurrou, fazendo-o suspirar.
Assim que abriu, seu coração congelou. O escritório não era mais aquele depósito de papéis e computadores antigos; era decorado agora por paredes rosa claro e móveis brancos. O sentimento inundou seu corpo quando entendeu o significado de tudo aquilo.
Os olhos azuis focaram na barriga da esposa, e voltaram-se para o rosto. Incrédulos. Apaixonados.
Felizes.
Lúcidos.
- Então? – perguntou depois do silêncio que ele fez. Foi o limite de ; quando ele começou a chorar e a agarrou, abraçando com força e levando para o alto.
Sem poder se conter, gargalhou de alegria. Esperou para contar isso durante tanto tempo.
- Isso é sério? – Ele perguntou. Seu sorriso parecia querer rasgar o rosto. Talvez até fosse.
- Claro. Parabéns, papai - sussurrou no ouvido do outro, que ria como se não houvesse amanhã. Talvez não houvesse um amanhã tão feliz quanto aquele.

- Eu só quero te ajudar... – murmurou baixinho, fazendo carinho no rosto do esposo. estava deitado no seu colo, embaixo daquela árvore em que deram o primeiro beijo. O sol estava forte, impedindo que ele olhasse para outra coisa além do rosto de .
Não era como se ele quisesse fazer outra coisa, de qualquer modo.
concordou, respirando fundo. Ela tentava tão arduamente entrar no mundo horrível e escuro que ele vivia preso, como se quisesse compartilhar a tristeza que ele guardava. Era admirável, só provava o quanto o amava. Parte de si não conseguia negar: ele queria de todo o coração que ela não o amasse, para que não passasse por aquilo.
- Você não pode.
- Deixe-me tentar. Fazer parte do seu mundo. – Ele soltou uma risada pelas narinas, analisando-a de lado.
- É o último lugar que eu quero que esteja.

As notas do piano soaram tranquilas e melancólicas, fazendo o coração de quem as tocava latejar no peito. Tanto sentimentalismo ali dentro daqueles tons que tocavam, expressando o que não conseguia expressar.
Era um daqueles dias que não tinha mais forças para aguentar tudo aquilo.
- I paint my nails black, i dye my hair a darker shade of brown. Cause you like your women spanish dark strong and proud... - sua voz rouca cantarolava baixinho, seguindo aos poucos o som instrumental. - You paint the sky black. You said if you could have your way, you'd make a nighttime want today. So it'd suit the mood of your soul.
Se lembrava das coisas que haviam acontecido ao longo dos anos. Sua barriga tão cheia protegia uma criança inocente agora, não era só mais ela e ele. As coisas aconteceram tão rápido. Estava desmoronando aos poucos. O que estava fazendo com a própria vida? Isso importava?
- What can I do? Life is beautiful, but you don't have a clue. Sun and ocean blue, that magnificence. It don't make sense to you. - Seus dedos estavam mais ágeis, apertando as teclas como se a dor, fora a de sua alma, não existisse. – Black beauty...
Sentia como se fosse ontem que o diagnóstico havia sido feito. Sentia como se até ontem sua vida fosse perfeita, apaixonada. E agora um novo mundo tinha deslocado por cima de sua cabeça.
sempre foi o homem mais incrível que já conheceu em seu tempo na Terra. Fazia seu coração bater com mais força, seus dias mais vivos e lhe dava força quando precisava. Não pensou duas vezes em retribuir isso jamais.
Mas a questão era se algum dia não seria mais necessário. Se sentia horrível pensando nisso, como um assunto proibido. Mas pensava, mas sentia. Mas acreditava. Lá dentro, sonhava.
- I paint the house green. My wedding dress black leather too. You have no room for light, love is lost on you. I keep my lips red. To seem like cherries in the spring. Darling, you can't let everything seem so dark blue. - Se pegou chorando por sentir.
Agora ele não estava em casa, mas cada palavra que cantava era destinada a ele. Às vezes, seu maior desejo era poder curá-lo. Aprendeu a amá-lo assim, aprendeu a conviver. Agora, teriam uma filha que teria que fazer isso também.
Os dias lúcidos estavam diminuindo de quantidade. Os remédios já não tinham o mesmo efeito, e se encontrava encarando as paredes do hospital psiquiátrico, sem saída. Sem saber o que fazer, como resolver a situação.
Se sentia mal até por chorar, demonstrar fraqueza. Não deveria mostrar força? Transparecer força?
- What can I do? Life is beautiful, but you don't have a clue. Sun and ocean blue, that magnificence. It don't make sense to you.
O amor era algo que consumia. Que por mais difícil que fosse manter, alimentava. O que realmente a prendia era o quanto o amava e se fosse a pessoa que pudesse ajuda-lo, seria para sempre.
- Life is beautiful, but you don't have a clue.

Pílulas. Pílulas aos montes, caindo entre as aberturas dos dedos de . Pílulas de todas as cores e formatos, frascos quebrados no chão e sangue sendo derramado pelos cortes de suas mãos. Sabia a intensidade de suas escolhas; não a real. Sentia como se elas fossem simples, desaparecessem depois de feitas e não houvesse efeitos em sua vida real. Qual deveria tomar, mesmo?
A azul, duas vermelhas, amarelas e seis brancas? Qual, qual, qual? Pensa, pensa, pensa. Sua cabeça bateu em urgência contra a parede, forçando os pensamentos a acordarem.
Não quis fechar os olhos e descansar. Tinha medo do escuro interno e externo. Não encontrava o interruptor de luz e a única luz que adentrava ao quarto era a do poste da rua, através do vidro da janela.
Qual era o remédio que precisava, mesmo?
Uma guerra de pensamentos acontecia em sua mente, levando-o a loucura atrás de paz. Seus pensamentos. O que deveria fazer. Os conselhos de sobre o que deveria fazer. O que seus pais sempre diziam do certo e o errado, rosa e o azul, como e o que fazer. Vozes deles, lembranças. Pensamentos, lembranças. De uma vida em que ele conseguia ainda guarda-las.
Tinha que ser útil para algo. Mas deveria conseguir tomar seus remédios sozinhos. Deveria ter tomado quando estava lúcido. Quando foi, mesmo?
O horror lhe tomou e as sensações indescritíveis começaram. A coceira interna, a vontade de sair do próprio corpo e as batalhas surpresa o pegaram.
Estava preso. Onde diabos estava ? . . . O nome se repetia repleto de significados, da vida de ambos juntos. Repleto de amor, até perder o sentido e ele começar a chorar.
Não pelos cortes. A dor dos cortes ainda o deixavam um pouco dentro de si, dentro de um mundo onde existia realidade. Sanidade. Ele já não conseguia distinguir o que era cor e o que não era; quais eram. Sua cabeça parecia tão certa, mas tão confusa.
Como andar sem saber o rumo. Você sabe andar. Não sabe para onde. Mas por dentro acha que sabe. Mas... O raciocínio se perde, cai, a luz do poste ilumina seu choro silencioso.
Seu maior crime foi ter entrado em sua própria mente, aprofundado no mar de si mesmo. Agora, o que é que não era ele? Tinha tanto medo do escuro. Medo do que acontecia no escuro, do que poderia acontecer. Medo das sombras o pegarem e ferirem, fazerem com que o próprio seja parte delas.
As sombras dos cômodos avançaram contra , que se encolhia cada vez mais onde a luz batia. Pisava em remédios, caco de vidro, realidade. Apenas fugindo de seus medos, que os dominavam por dentro e fora.
Chorando como se pudesse expor toda a dor que andou sentindo, se manteve firme, se agarrando àquela brecha de luz que desaparecia aos poucos.
Luz. Queria luz. Queria salvação. Luz.
Um monstro interior lhe roubou a voz dos pensamentos, forçando-o a gritar. Outro monstro exterior da escuridão lhe roubou o corpo, puxando-o para si.
A luz se apagou por inteira, sendo engolida.
lutou. Jura que lutou. Ele acreditou naquela luta, naquele medo. Tentou tomar qualquer pílula que achou, na esperança de afastar aqueles demônios a tempo. Não foram muitas, mas ele tentou. Fugir. Pensar em outras coisas. lutou na pior batalha de sua vida.
Seu coração batia e ele ouvia como uma trilha sonora de um filme de terror. Não queria que parasse de tocar aquele som que era seu; mas queria. Aquele som fazia toda a bagunça dentro de si. Alimentava animais selvagens. Aquele som lhe fazia mal.
Preso dentro de sua própria mente, ele não conseguiu sair. Ele gritou, esperneou, mas sua mente perdeu contato com o corpo. Não reagia, não surtava. O silêncio lhe tomou e sufocou, tomando junto todas as expressões e força muscular.
queria poder dizer umas últimas palavras. Queria poder dizer para a esposa ser feliz. Que a amava. Que tentou não ser pego pelos homens que os atormentavam. Ele queria poder jurar mais uma vez que tudo ficaria bem enquanto a abraçava com amor, protegendo de todo o mal.
Temeu que não tivesse mais volta; mas no fundo sabia que não. Deveria estar morto, não sabia dizer. A morte era um silêncio assustador, onde o grito dele ecoava no vácuo e suas mãos apertavam e socavam as jaulas de sua própria existência.
Iria ver o sol novamente? Não importava.
Os olhos de , independente da cor, sempre claros, e o sorriso cheio de amor foram as últimas coisas em que pensou antes de se deixar levar pela força extrema que lhe puxava.

Fim



Nota da autora: Essa foi a primeira história que eu escrevi e comecei a chorar, então é especial para mim de uma forma absurda. Espero que a intensidade tenha chegado até vocês de alguma forma. Espero, também, que entendam o quanto esse final foi necessário.
Porque o amor suporta tudo.
OUTRAS FICS:

Em Andamento:
Rasgue-me - /fobs/r/rasgueme.html
Maps to You - /fobs/m/mapstoyou.html
Mulher Em Revolução - /fobs/m/mulheremrevolucao.html

Finalizadas:
04. I Knew You Were Trouble - /ficstape/04iknewyouweretrouble.html
Love, Sex and Magic - /mixtape/02lovesexandmagic.html{Em parceria com a Mari Monte!}
11. Star Girl - /ficstape/11stargirl.html
18. Do Watcha - /ficstape/18dowatcha.html
09. Transylvania- /ficstape/09transylvania.html
02. Just The Way You Are - /ficstape/02justthewayyouare.html
Amiga da Minha Mulher - /ffobs/a/amigadaminhamulher.html
Trouble Maker - /fobs/t/troublemaker.html {Em parceria com David Harris!}
03. Our First Time - /ficstape/03ourfirsttime.html





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