High up in the Hollywood hills, taking violet pills
(Lá no alto de Hollywood Hills, tomando pílulas violetas)
Writing all of my songs about my cheap thrills.
(Escrevendo minhas músicas sobre minhas emoções baratas)
Eu olhava para seu corpo nu sobre o sofá da sala, seu peito subindo e descendo calmamente como se ele fosse um eterno anjo. Seus músculos relaxados, seu cabelo cobrindo metade do seu rosto, sua boca entreaberta buscando o ar, eu poderia dizer que ele era a perfeição em pessoa. Seus olhos estavam escondidos através das pálpebras fechadas. Suspirei derrotada por me dá conta de que eu amava aquele homem. Mesmo com todos os nossos problemas, , foi, era e sempre seria o amor da minha vida medíocre. Quem o visse assim adormecido, não diria que horas atrás, ele tinha acabado de se embebedar e tentar me bater. As aparências, elas tendem a enganar. Olhando assim, eu poderia dizer que minha vida daria uma boa canção, talvez algo romântico com um final trágico, ou talvez um rock bem pesado.
Encostada na janela de vidro da sala que dava para um imenso jardim, levei o cigarro que segurava nos dedos até os meus lábios, sugando toda a nicotina para dentro dos meus pulmões; a sensação que aquele cigarro dava, era como experimentar um baseado, meu corpo relaxava automaticamente, como se eu tivesse acabado de gozar. Soprei a fumaça no ar e respirei, me sentindo mais leve e calma, pronta para escrever uma música sobre a minha história. Aquela ideia estava martelando na minha cabeça quase a semana inteira, e só agora eu tinha tempo suficiente para escrevê-la. Já passava das 4hs da manhã, o sol estava nascendo no horizonte, suas luzes alaranjadas brilhando no mais profundo dentro do meu ser. Eu ainda não tinha pregado os olhos. Sentei diante da escrivaninha, peguei papel e uma caneta, e mandei ver na minha mais nova canção dramática. Quem iria deixar passar uma oportunidade tão grande de ter uma música minha em um dos seus álbuns? Depois de finalizar, teria que treinar o ritmo adequado para aquela letra.
Faltavam pouco mais de 30min para às 7hs da manhã, quando despertou assustado. Seu torso estava todo encharcado, seu rosto se contorcia como se estive sentindo dor, seus cabelos pingavam de suor e seus olhos , estavam vermelhos. Me levantei assustada da cadeira seguindo em sua direção.
– O que foi, ? – passei as mãos pelos seus cabelos molhados. Ele me encarou por um momento e se lançou nos meus braços, me abraçando com força. Começou a chorar desesperadamente, seu corpo forte estava trêmulo e gelado. Meu peito se apertou de um jeito tão forte que parecia que estavam o apertando nas mãos. Senti vontade de chorar junto com ele, eu não aguentava mais aquela pressão ao qual estava sendo mantida. – Shiiiii .. – sussurrei no seu ouvido. – Eu estou aqui, meu amor, tudo vai ficar bem. – ele continuou chorando baixinho, seu corpo indo e vindo como se eu estivesse o ninando. Depois de um longo tempo naquele casulo de dor, desespero e medo, ele falou:
– ... – murmurou meu nome em sinal de súplica. – Eu, eu .. Não me deixe –meus olhos se encheram de lágrimas de dor. Oh deus. Por que aquilo tinha que acontecer logo comigo? Eu era tão ruim assim? Tantas perguntas não respondidas. – Preciso sentir você, preciso saber que você não irá me deixar. –suspirei concordando.
Deixei com que ele me deitasse no sofá, seu corpo por cima do meu sem colocar força. , roçou seu nariz na minha bochecha fazendo com que arrepios antecipados dominasse o meu ser. Sua mão esquerda desceu pela lateral do meu corpo, ele parou na minha perna a erguendo para que enlaçasse sua cintura, começou a roçar sua pélvis contra a minha, fazendo movimentos circulares com o quadril. Suspirei alto com esse ato. Num movimento rápido, ele beijou minha boca com força e precisão. Nossas línguas travavam uma batalha uma contra a outra, suas sugadas exageradas me faziam querer gemer para que ele parasse. Empurrei seu peito com o máximo de força que conseguia quando ele mordeu meu lábio inferior com força, o gosto do sangue logo se espalhando pela minha boca. Mesmo assim nada o fazia parar. De repente, tudo começou a se tornar forte e agressivo demais naquele momento. Ele ergueu minha camisola, e sem que eu percebesse, me penetrou com brutalidade. Eu não usava calcinha para dormir. Gritei de dor ao senti-lo entrar e sair de dentro de mim com a mesma força que me penetrou.
– Para, – pedi quando ás lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. – PARA, CARALHO – gritei, fazendo com que ele me olhasse com um brilho estranho nos olhos.
"You're a hard man To loving on
( Você é um homem difícil de amar e eu sou)
A hard woman too to keep track of
( Uma mulher difícil de ser controlada)
You like the rage, don't do that
( Você gosta de ficar enraivecido, não faça isso)
You want your way, you make me so mad
(Você quer do seu jeito, você me deixa tão brava)
Got your gun, I've got my dad
(Você tem sua arma, eu tenho meu pai)"
– Sua puta – desferiu um tapa estalado no meu rosto. – Eu sou seu marido e você me proíbe de te comer? – arregalei meus olhos embaçados. Ele estava ficando louco, nunca tinha agido daquela forma comigo, mesmo quando ..
– O que está acontecendo com você, ? – perguntei chorosa. Meu rosto ardia, senti o canto da minha boca doer. Ele saiu de cima de mim com os olhos vermelhos, seu rosto estava transformado em pura ira.
– Não sei, porra. – gritou, passando as mãos nervosas nos cabelos.
– Você... você voltou a usar drogas? Foi isso? – desviou seus olhos de mim, olhando para o lado. Foi aí que sim, eu percebi isso com sua atitude tentando esconder o assunto, ele havia voltado a usar aquelas merdas. – Mas que porra, . Por que você tinha que ser tão fraco? – neguei com a cabeça, meus olhos viraram um mar de sofrimento em questão de segundos. Foram meses tentando tirá-lo desse vício que parece que não tem fim; não é possível que as minhas atitudes tenham sido em vão.
– Você vai me deixar, ? – sua voz saiu baixa; raiva, medo e um misto de horror estampado nas suas feições.
– Não sei, talvez eu resolva passar uns dias na casa do meu pai, só ..
– Nem ouse dar um passo até aquela porta. – ele me cortou. Meu corpo gelou ao notar sua arma em cima da mesa. Minha cabeça começou a girar como se eu estivesse numa roda gigante.
– Você está realmente ficando louco. – disse amarga. – Eu não aguento mais viver assim, . Ainda não percebeu que estou infeliz? – ele me encarou por um momento.
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
Is this happiness?
( Isso é felicidade?)
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
– Eu te amo tanto, – ele disse. A como eu adorava ouvir aquela declaração. Já fazia tanto tempo que ele não a pronunciava para mim que foi como se eu levasse um choque na alma.
– Então, me deixe ir – suas feições entristeceram.
– Não posso, não consigo deixá-la ir. Eu morreria sem você. – meu coração começou a bombear mais rápido, minha respiração se tornou desregular, dos meus olhos as lágrimas não paravam de cair nem por um segundo sequer.
High up in the Hollywood Hills, crushing violet pills
(Lá no alto de Hollywood Hills, esmagando pílulas violetas)
You've been trying to write a novel about your cheap thrills
(Você tem tentado escrever um livro sobre suas emoções baratas)
You think you're Hunter S. Thompson I think you're fucking crazy as the day's long
(você se acha o Hunter S. Thompson, eu acho você fodidamente louco com o passar do dia)
Man to man, heart to heart
(De homem pra homem, coração pra coração)
I love you but you drive me so far
(Eu amo você, mas você me deixa tão distante)
Wish you well on that star
(Desejo toda sorte a você)
– Você, não tem culpa se não aceitaram o seu livro, . – tentei passar calma, apesar de que aquilo era o que eu menos sentia naquele momento.
– Pare de tentar me enganar. – disse ríspido. Seus olhos iam de mim para sua arma quase o tempo todo.
– Não, eu realmente gostei do livro que você mandou pra editora. Se eles não quiseram publicar, é porque são burros.
– Já chega! – gritou batendo a mão na mesa. – Vamos parar com essa ladainha. – ele mordia o lábio compulsivamente. Era como se fosse uma tique nervoso. Seu rosto estava contorcido numa raiva sobrenatural. Nunca o tinha visto assim, nem quando descobrir sobre seu consumo obsessivo de cocaína. , não era mais o meu naquele momento, ele se transformou num lunático psicótico. Fazia algum tempo que eu havia percebido suas mudanças de humor, seus pesadelos com pessoas o seguindo, sua vontade compulsiva de beber todos os dias. De repente, me vi ali, sem saber como agir, sem saber a quem gritar por socorro. Então, falei a última e a mais verdadeira razão da minha vida.
– Eu te amo, . – murmurei. Vi seus olhos brilharem em desespero. –Sempre, para sempre irei te amar.
– Pare, . Eu sei o que você está tentando fazer. – fez sinal com a mão para que eu parasse.
– Estou sendo sincera contigo, . Se eu não te amasse, jamais aceitaria viver tanto tempo da minha vida sofrendo ao seu lado. – funguei triste.
– E os momentos bons que vivemos? Esqueceu? – perguntou, só que dessa vez ele segurou a arma na mão.
– Os momentos bons, eles são escondidos pelos momentos ruins. Eu te amo, mas, pra mim, não dá mais pra continuar. – ele voltou a me olhar nos olhos, outro brilho sombrio faiscando nas suas órbitas.
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
– Então você vai me deixar, é isso? – outra pergunta com seu tom frio.
– Você não ver que está ficando louco, ?. Uma hora diz que me ama, na outra aponta uma arma para mim. Não ver o quanto insano isso é? – ele riu irônico.
– Eu não estou louco. – sacudiu a cabeça negando. Meu deus. Senti meu corpo tremer involuntariamente. Eu nem sei como estava me aguentando de pé. Me aproximei dele o máximo que consegui só para poder olhar nos seus olhos uma última vez.
Witch Hazel, Witch Hazel
(Bruxa Hazel, Bruxa Hazel)
Betrayal, betrayal
(Traição, traição )
One gun on the table
(Uma arma na mesa)
Headshot if you?re able
( Atire na cabeça se for capaz)
– Vamos acabar logo com isso, . – ele apontou a arma na direção do meu peito. Notei o quanto a mão dele tremia. – Eu te amo! – soprei ainda o encarado.
– Vai ficar tudo bem, meu amor. – Ele disse. Uma lágrima solitária rolou pela sua bochecha, ele fechou os olhos com força.
Foi tudo tão depressa que nem me dei conta quando ouvi o disparo, e cair de joelhos no chão. Lagrimas não paravam de descer pela minha face. Ver o corpo de sem vida no tapete da nossa sala, foi como perder o ar, meu coração não me pertencia mais, pois a minha vida, a pessoa que eu mais amei no mundo, tinha tirado a própria vida na minha frente. Mesmo com toda mudança, mesmo com o vício eu o amava. Me deitei ao lado do seu corpo imóvel no chão, coloquei minha cabeça no seu peito e peguei a arma que estava na sua mão.
– Agora, ficaremos juntos para sempre, . – Mirei a arma na minha testa e...
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
Is this happiness?
(Isso é felicidade?)
Fim.
Nota da autora: (28/12/2015)
*mSe vocês gostarem da história, não deixe de comentar no final e fazer uma pessoa feliz. <3