CAPÍTULOS: [capítulo único]





Mixtape: Olhar 43


Capítulo único


Acordei naquela manhã com uma ressaca horrível. Pelo menos eu estava em casa, o que era um bom sinal. Normalmente eu acordaria na casa de algum amigo, provavelmente Kevin, meu amigo de infância.
O corpo sobre o meu não era totalmente desconhecido, a garota dormia calmamente com o rosto apoiado em meu peito. Seus cabelos estavam desgrenhados e se espalhavam pelo seu rosto, deixando o que eu podia ver de sua pele delicada com um ar sereno.
estava na minha cama. Depois de dois anos de paixão platônica, ali estávamos.
Depois de dois anos, admirando-a pelos corredores, no refeitório, na sala de aula. E no ultimo ano do ensino médio, no ultimo mês do ultimo semestre, aqui estamos nós.
Nus na minha cama.
Lembrava-me da noite anterior. A última festa do ano, todos do colégio compareceram. Até quem não costumava frequentar essas festas estavam ali, como o caso da menina adormecida em meus braços.

Sexta-Feira 00h40min

Eu já estava alto por volta das onze, o dia seguinte seria sábado, não precisaria me preocupar com dor de cabeça ou algo do tipo. Já que é a ultima festa, façamos dela inesquecível.
Alguns amigos meus, já tinham se dispersado e encontrado a vitima da noite. Eu pelo contrário me encontrava sentado no bar da boate experimentando diversas bebidas ao invés de tentar ter alguma garota em minha cama. Você é patético, .
Uma moça de vestido azul curtíssimo se sentou ao meu lado. Olhei pro seu rosto embaçado graças aos diferentes drinks da noite e ela me lançou um sorriso. .
sorriu pra mim, mas não era o sorriso que ela costumava me mostrar quando a via por ai, tinha algo ali. Uma intenção a mais.

_Você não deveria estar dançando? – Perguntou perto do meu rosto pra que eu pudesse ouvi-la.
_Não é muito legal dançar sozinho, sabe? – Respondi com um sorriso fraco.
_Isso é um convite? – Aumentou seu sorriso.
_Só se você aceitar, se não, é só um comentário. – Respondi e ela riu.
_Sabia que você era engraçado. – Tomou o resto da cerveja que o barman tinha lhe servido quando ela se sentou ao meu lado.
_Sabia? – Ela ignorou minha pergunta se levantando e pegando minha mão.
_Vamos dançar! – Disse e me guiou até mais adentro da pista de dança.

Estávamos apenas seguindo o ritmo da musica, eu cambaleando levemente e ela fazendo movimentos hipnóticos com a cintura.
Tocava alguma música internacional que eu não me lembrava, mas parecia adorá-la.
Em algum ponto de sua coreografia, ela passou a me encarar fixamente com um sorriso de lado enquanto passava as mãos pelo corpo.

Seu corpo é fruto proibido
É a chave de todo pecado
E da libido, e prum garoto introvertido
Como eu, é pura perdição

A musica não era lenta, mas também não muito agitada e a forma que rebolava na minha frente, me olhando deixando claro que era pra mim, estava me deixando louco.

É um lago negro o seu olhar
É água turva de beber, se envenenar
Nas suas curvas derrapar, sair da estrada
E morrer no mar. (no mar)

Puxei-a pra mais perto e ela sorriu divertida.

_Gosta do que vê? – Perguntou pra mim e me encarava sem deixar o sorriso do rosto.

É perigoso o seu sorriso,
É um sorriso assim jocoso, impreciso,
Diria misterioso, indecifrável, riso de mulher

_Que pergunta boba. – Respondi e ela piscou pra mim e me puxou novamente, agora pra fora da multidão.

Não sei se é caça ou caçadora,
Se é Diana ou Afrodite, ou se é Brigite,
Stephani de Mônaco, aqui estou
Inteiro ao seu dispor. (princesa)

_Sabe , você é muito devagar.
_Oi?
_Dois anos e você não conseguiu notar que eu sou afim de você.
_E você é? – Ela me olhou sorrindo e virou ao barman pedindo um drink.
_Um Sex On The Beach por favor.
_Não vai me responder?

Ela começou um papo animado com o barman.

Pobre de mim, invento rimas assim
Pra você, e um outro vem em cima
E você nem pra me escutar

Mesmo conversando com o cara, ela mantinha sua mão apoiada na minha perna. Ela me perguntava algumas coisas entre um gole e outro.

_Você ainda escreve? – Perguntou mudando bruscamente o assunto. - Sempre adorei os poemas que você levava pras aulas de literatura. - Sorriu pra mim de forma tímida.
_Às vezes.
_Não pare, são incríveis.
_Você prestava atenção? – Perguntei esperançoso.
_Qual a parte do “eu sou afim de você faz dois anos” você não entendeu?
_Entender eu entendi, mas não consigo acreditar. – Ela revirou os olhos e encarei-a de lado.

Mas acabou, não vou rimar
coisa nenhuma
Agora vai, como sair
Eu já não quero nem saber
Se vai caber ou vão me censurar (o que será?)

Ela tinha um sorriso ladino, mesmo demonstrando estar impaciente com algo.
Olhei meu relógio, vendo o movimento da festa diminuindo e vários bêbados deixando o local.
Três da manhã, eu ainda não estava com um pingo de vontade de terminar a noite. Não sem terminando-a comigo.

_Vai ficar me olhando de lado até quando? – Perguntou depois de eu ter ficando observando-a por um tempo.
_Até você cair nos meus encantos e querer me beijar. – Falei presunçoso.
_Mas eu quero te beijar faz tempo. – Disse fazendo pouco caso.
_E por que não beija? – Perguntei chegando mais perto.
_Estou esperando você fazer isso primeiro. – Ela respondeu mordendo o lábio e dando um sorriso em seguida.

Segurei-a pela nuca e a aproximei de mim, vendo o sorriso ainda em seus lábios.

_Até que enfim. – Falei colando nossas bocas.

Depois de um tempo, o barman pigarreou ao nosso lado nos fazendo separar o contato de nossas bocas, mas , que se encontrava em meu colo, continuou ali, apenas se virando o rosto pra ele.

_Em que posso ajudar?
_Estamos fechando o espaço...
_Ah, claro. Vamos , estou curiosa pra conhecer sua casa. – Disse pegando minha mão e me guiando pra fora do lugar já vazio.

A noite se estendeu até o amanhecer no meu quarto.

Sábado 15h67min

_Bom dia, . – disse me despertando dos devaneios sobre a madrugada.
_Bom dia, . – Ela me lançou um sorriso amassado.
_Eu estou cansada, quantas horas são? – Perguntou sem fazer menção de se levantar.
_Quase quatro.
_Tenho que ir embora?
_Só se você quiser.
_Desse jeito vamos morrer aqui. – Falou sincera, mas escondeu o rosto em seguida.
_Vou tomar banho. Vem?
_Você é muito descarado, , nem parece o garotinho tímido que eu me apaixonei.
_Já passamos da fase da timidez, .
_Vou esperar você terminar. – Ela falou e se acomodou na cama quando me levantei.
_Certo.

Peguei minhas coisas e fui ao banheiro. Não sem antes dar uma ultima olhada na garota sonolenta na minha cama.

E pra você eu deixo apenas
O meu olhar 43,
Aquele assim meio de lado
Já saindo, indo embora, louco por você (princesa)

E ali eu notei que, não era só uma paixonite.
Eu era definitivamente e completamente louco por .
E era assim que eu queria passar o resto dos meus dias, tendo sempre aquela menina/mulher comigo.
Só me bastava saber se ela queria também.
Fim.



Nota da autora: Sem nota.




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