CAPÍTULOS: [Único]





Mixtape: Olivia


Última atualização: 13/12/2016

Único


18 de fevereiro de 2016

Harry’s POV
- Sabes que não vamos poder usar o nome dela não é? – perguntavam-me enquanto analisavam a minha mais recente composição. – Não fica bem na métrica da música e, além disso, devias dar lugar a que os fãs imaginem alguém.
- Sim, claro. – concordei. – Eu entendo que é importante esse processo de identificação. Claro que sim.
- Então compreendes que, se lhe dermos o nome de alguém relacionado connosco, acabamos com a hipótese de se conseguir imaginar outra pessoa, certo? – um dos meus companheiros de banda perguntou suavemente.
- Claro. Devemos dar um nome que não seja tão fácil de associar. Eu sei. – admiti.
- Alguma ideia?
- Olivia? Acho que ficaria bem na música.
- Olivia soa perfeito.
Sorri aliviado. Eu queria realmente que aquela música estivesse no álbum, queria mostrar-lhe que a amava e que nada do que passáramos poderia alterar isso, queria surpreendê-la, queria ser alguém merecedor de uma pessoa assim ao meu lado.

6 Dias Antes
Harry´s POV

penteava os seus longos cabelos castanhos em frente do espelho da casa-de-banho do meu quarto, prontinha para se meter na cama. O seu cenho franzido dizia-me que ela ainda estava a pensar na última discussão que tivéramos há minutos atrás. Ela parecia levar-me ao meu limite, deixar-me doido, esbofetear-me com palavras que eu sabia serem verdadeiras. Se calhar, era por isso mesmo que doíam tanto, não havia como negar muito daquilo que a minha namorada me dizia. Observei cada pequeno gesto que ela fazia recordando a forma como ela, sem erguer o seu tom de voz, parecia ter gritado comigo acusatoriamente. Não a podia censurar, ela tinha razão.
- Amor – chamei de mansinho, esperando que ela já tivesse acalmado. – Anda deitar-te.
- Já vou. - respondeu sem nem sequer me encarar enquanto pegava na escova dos dentes que tinha em minha casa e abria a torneira.
Os minutos pareceram passar arrastados enquanto eu me deixei apenas ficar ali a olhá-la naquela ato tão simples do quotidiano. Ela era maravilhosa até nos gestos pequenos, até com a boca cheia de espuma branca, os cabelos amarrados no alto da cabeça e o pijama enorme vestido. Ela nem sequer pedira uma das minhas camisolas como era habitual e, simplesmente, tinha ido procurar aquele pijama que estava esquecido no fundo do meu armário tal era a falta de uso que ela lhe dava. Vi-a regressar e deitar-se ao meu lado na enorme cama. O seu corpo ocupava apenas um cantinho e as suas costas voltadas para mim eram a mensagem de que eu precisava para saber que ela ainda não queria conversar. Esperei que ela adormecesse, demasiado covarde para a puxar para os meus braços e poder ser rejeitado, e apaguei a luz enquanto pegava no meu pequeno caderno e me dirigia à sala, deixando um beijo suave na testa da menina adormecida. Era tarde e ligar para qualquer um dos meus amigos parecia idiota. Sabia que eles compreenderiam aquilo que eu estava a sentir, também eles passavam por problemas semelhantes sempre que ousavam ter uma relação. Porém, eu não me sentia com forças para ouvir alguém dizer que tudo ia ficar bem quando eu sabia que existia uma forte probabilidade de isso nem sequer vir a acontecer. Estar na maior boyband da atualidade era tudo de bom e, simultaneamente, trazia consigo algumas consequências caóticas para os nossos dias. Era maravilhoso fazer aquilo que amava, contudo, eu perdia muito daquilo que se passava na vida das pessoas que partilhavam a sua vida comigo, fossem elas a minha família, os meus amigos ou, no caso, aquela que eu achava realmente ser a mulher da minha vida.
Fitei a porta entreaberta do quarto e lembrei-me da forma como ela me dissera sem qualquer eufemismo que eu não seria capaz de lhe dar o suficiente. Conhecia melhor do que a palma da minha mão, estávamos juntos há quase um ano e, para mim, ela já era aquela pessoa sobre a qual lemos nos filmes e que, supostamente, tem uma conexão mental tão grande contigo que parece que a conhecemos desde sempre. É, por mais piroso que isso soasse e ainda que eu não tivesse acreditado nisso inicialmente, era essa pessoa que parecia conseguir ler-me. Cada pedacinho de mim encontrava-se exposto perante ela e, por isso, dilacerara-me compreender que, talvez, eu não estivesse a fazê-la tão feliz quanto aquilo que pretendia. A minha namorada era uma pessoa simples e bastante humilde que não queria presentes, detestava que eu gastasse o meu dinheiro com ela e não precisava de grandes demonstrações de afeto materiais. Não. A chave para o coração dela residia nas pequenas ações e eu, nesse domínio, andava a falhar miseravelmente. Na discussão de mais cedo, ela dissera que, ultimamente, não sentia qualquer esforço da minha parte. Eu já não mandava mensagens sempre que podia, eu não ligava todos os dias antes de adormecer, eu tinha-me esquecido de lhe desejar boa sorte para o seu exame de condução, eu não lhe perguntava pela Universidade fazia tempo… A minha rotina andava demasiado corrida e eu estivera em tour até há bem pouco tempo e não soubera lidar com a distância e com as inseguranças normais que alguém que namorasse comigo poderia sentir. Aparentemente, agora, até os amigos dela lhe tinham metido na cabeça que eu a deixaria assim que pudesse ou encontrasse uma modelo famosinha por aí. Mal eles sabiam que eu jamais pensaria trocar a garota que, agora, se encontrava profundamente adormecida no meu quarto.
Voltei a pegar no meu caderno e abri numa página em branco. Eu estava a precisar de deitar aquilo que sentia para fora do meu peito, caso contrário, sentia que o mais provável era sufocar com a quantidade de coisas que me pareciam estar a consumir de fora para dentro. Os primeiros três versos saíram naturalmente e eu reli o que tinha escrito:
“Remember the day when we've given up
When you told me I didn't give you enough
And all of your friends were saying I'd be leaving you.”


Eu não tinha como dizer que ela tinha desistido de nós e, no entanto, eu tremia com a perspetiva da manhã seguinte. O que aconteceria quando ela acordasse? Não estava preparado para a perder, eu nunca estaria. Ela dissera todas aquelas coisas mas eu nunca estaria suficientemente bem sem ela, nunca. Eu podia não ser capaz de lhe dar tudo aquilo que ela desejava, podia ter a pior das rotinas mas eu queria que o que tínhamos resultasse.
~

O sol bateu no meu rosto e eu fui despertado pelos raios suaves que entravam pela enorme janela. Um pequeno movimento bastou para que eu entendesse que acabara por adormecer no sofá enquanto tentava compor alguma letra de música que me fosse dar algumas horas de sossego. Não existiam quaisquer sinais de no espaço e eu soube que ela ainda não saíra do quarto. Dirigi-me à cozinha e comecei a preparar-lhe o café da manhã. Queria desculpar-me e, sobretudo, queria ser o namorado que ela merecia. Entrei no meu quarto, carregando a bandeja que equilibrava dois copos de sumo de laranja, torradas com compota e salada de fruta, apenas para me deparar com a visão dela e anotando mentalmente mais dois versos daquela música que eu esperava que tivesse um final feliz.
“She's lying in bed with my t-shirt on
Just thinking how I went about it wrong”

encontrava-se de costas para a porta deitada de barriga para baixo na cama. As suas pernas despidas balançavam no ar e eu pude vislumbrar que ela vestia apenas a sua roupa interior e uma das minhas t-shirts que nela parecia ficar enorme. A renda preta da peça minúscula que ela envergava fez-me engolir em seco. Os seus cabelos estavam caídos para um dos lados e eu percebi que ela ouvia música enquanto lia algum dos meus livros que devia ter achado na estante. Era uma visão de cortar a respiração e eu comecei a questionar como é que eu tinha deixado as coisas chegarem a este ponto e como é que não tinha conseguido ser cuidadoso com ela que merecia o mundo inteiro. Seria sempre um louco apaixonado por ela. Sempre. Estava marcado por ela de forma irreversível e nada do que pudesse acontecer faria com que ela algum dia saísse da minha vida completamente. Droga, eu nem queria ponderar sequer que ela pudesse deixar os meus dias. Não podia. Era insensato querer isso.
Deixei o tabuleiro do meu lado da cama e contornei-a até me agachar ao seu lado. Ela notou a minha presença e tirou os phones, afastando o seu iPod para o outro lado e voltando-se na minha direção.
- Bom dia, meu amor. – eu disse, respirando fundo e ganhando coragem para lhe falar. – Como dormiste?
- Mal. – ela encarou o chão e fez um biquinho nos seus lábios rosados. – Acordei a meio da noite e achei que ias voltar para a cama mas tu não voltaste. Eu não estava a conseguir adormecer novamente e admito que fui demasiado orgulhosa para te ir chamar, então, fui buscar uma das tuas t-shirts e voltei para a cama.
Sorri ao ouvi-la confessar aquilo. não era pessoa de grandes palavras no que respeitava a assuntos deste género e, no entanto, sem dizer muito, deixara-me saber que ela precisara do meu cheiro para adormecer.
- Essa é a t-shirt que tu estragaste. – gargalhei, olhando a nódoa de vinho tinto que marcava o tecido.
- É. – ela sorriu, olhando também a mancha avermelhada no tecido cinza. – Eu gosto dela. Nem sabia que tu ainda a tinhas mas esse foi um bom dia. Ótimo até!
Aquele sorriso nos seus lábios foi o suficiente para que eu me debruçasse e deixasse um beijo neles. voltou a sorrir entre o beijo e eu levantei-me do chão, sentando-me na cama ao seu lado e iniciando um beijo longo que rapidamente ganhou vida parecendo demonstrar-lhe tudo aquilo que sentia. Estávamos ali e éramos apenas nós os dois.
~

Encontrava-me na parte abrigada do meu terraço. A chuva caía nas ruas londrinas e eu queria compor mais um pouco do que iniciara na noite anterior. Se terminasse a tempo, talvez ainda a pudesse incluir no nosso novo álbum e desse mais um contributo para o mesmo. Queria que esta música não fosse um beco sem saída, queria poder realmente mostrá-la. Começava a imaginar mil sinfonias, diversos acordes e tudo aquilo de que eu precisava era de inspiração que me permitisse dar continuidade a todo o processo criativo.
saíra apressadamente para a conferência a que tinha que assistir na Universidade, andava atarefada com os mil problemas que tinha que resolver com os trabalhos do curso e tudo parecia ocorrer intensamente na vida dela. Tínhamos vidas muito distintas que se ensarilhavam de maneiras que nem mesmo eu sabia como é que acabávamos por resolver, éramos os dois muitíssimo ocupados e, ainda assim, ela era tudo no mundo. Escrevinhei no caderno os versos em que tinha pensado quando a encontrara no quarto naquela manhã e ao lembrar-me da t-shirt arruinada pela nódoa de vinho, não pude evitar sorrir ao recordar o momento.

Flashback ON
Encontrava-me na sala de estar do pequeno apartamento de . Ela morava num daqueles andares que são estúdios em pleno centro da cidade onde tudo era movimentado e a vida parecia passar a correr. Sempre preferira a zona mais recatada da cidade para residir mas gostava daquele espaço tão dela. Saíamos há algum tempo e estávamos a conhecer-nos. Ela era nossa fã e eu nem sequer sabia muito bem como a encontrara. Lembrava-me vagamente de ter saído para ir às compras quando voltara da tour já que não tinha nada em casa e queria cozinhar e, ironicamente, o destino fizera com que esbarrasse nela e na sua melhor amiga. Os seus olhos arregalaram-se imenso e ela pareceu estacar na rua. Theresa, a sua amiga, é que entabulou conversa contando como apreciavam a nossa música e como nunca “nem num milhão de anos” tinham pensado que encontrariam um de nós. Acabei por as seguir nas redes sociais depois de abraçar apertado cada uma delas e a partir daí, nem sei bem como, comecei a conversar com ela e as coisas simplesmente foram acontecendo.
- Em que estás a pensar? – ela entrou na sala interrompendo os meus pensamentos e fazendo com que a olhasse.
- Em como foi engraçado ver-te com vergonha quando nos conhecemos. – elucidei aceitando o copo de vinho que ela me estendia e vendo um sorriso nos seus lábios impecavelmente pintados de vermelho.
- Lá vais tu começar a rir de mim. – ela gargalhou, animada. – Eu tenho lá culpa de ter conseguido aquilo com que todo o mundo sonha e de justamente tu me teres aparecido na rua.
- A tua expressão foi tão engraçada, a sério. Eu fico a revivê-la na minha mente. – levantei-me pronto para a imitar naquele dia.
Simulei uma expressão de choque e ela começou a correr atrás de mim com um dos travesseiros que ela tinha dispostos no seu sofá de modo a dar-me com ele na cabeça. Corríamos e ríamos os dois com os nossos copos de vinho na mão até que ela, como sempre distraída, tropeçou nos sapatos que deixara na entrada. Nem sequer tive tempo de reagir e, como me tinha virado para a encarar uma vez que não havia mais qualquer outro lugar para onde fugir, vi a bebida espalhar-se pelo tecido da minha t-shirt cinzenta manchando-a da cor de carmim.
Flashback OFF

Era inevitável não sorrir perante tudo aquilo. Completamente. Eu jamais esqueceria o sorriso debochado com que ela me dissera logo depois que nódoas de vinho não saíam com facilidade. Era, nódoas de vinho não saíam facilmente, ela tinha razão, mas, ao pensar naquele momento, um outro verso surgiu claramente na minha mente:
“This isn't the stain of a red wine
I'm bleeding love”

Mais do que uma nódoa de vinho, aquilo que eu sentia por ela deixara uma marca profunda. Não, não tinha estragado nada tal como aquilo fizera. Absolutamente nada. Era somente um sentimento tão intenso que eu tinha que a mais pura certeza de que nunca me abandonaria, assim como, aquela mancha nunca largaria o cinza da minha velha t-shirt.
~

O meu dia livre rapidamente chegara ao fim e eu ainda não tinha estado novamente com . Eu sabia que ela ainda estava magoada com o facto de eu não ter assumido logo no momento que ela tinha razão e que eu, ultimamente, não estava a ser o melhor namorado do mundo. Depois de ter uma enorme conversa com Niall ao telemóvel, eu (que já sabia que tinha errado totalmente feio com ela) ainda fiquei com a consciência mais pesada. Os meses em tour tinham sido muitíssimo complicados para nós. Eu estava constantemente rodeado por inúmeras mulheres bonitas que, muito embora não estivessem nem perto de igualar a perfeição da minha namorada, acabavam por gerar um enorme falatório. Eu perdera conta dos boatos que tinham existido, de tudo o que tinha corrido mal, da quantidade de mesquinhices que tinham sido publicadas acerca de possíveis romances que eu estava a ter. Ignorara com sucesso os comentários rudes que até mesmo as minhas fãs mandavam para uma menina que, noutros tempos, tinha sido exatamente como elas. Fizera vista grossa às tentativas de algumas mulheres para ficarem comigo, ao que isso gerara. Fiz de conta que tudo estava bem na minha relação e dei tão por garantido o amor que ela sentia por mim por eu próprio ter noção do amor intocável que sentia por ela que fui deixando de fazer aquelas coisas mais básicas e importantes de, por exemplo, perguntar como foi o dia. Ao falar com o meu amigo, reparei na quantidade de coisas que eu já não sabia sobre a minha própria namorada. Não sabia com que amigos andava na Universidade, não sabia o seu horário de aulas, não sabia se ela já tinha o tema do seu trabalho final. Não tinha ideia se ela aprendera a lidar melhor com aquilo que era dito por ela namorar comigo. Eu desleixara-me totalmente. E, pensando bem nisso, eu podia entender todos os motivos que ela tinha para estar para lá de triste com a minha atitude. Até eu estava.
Decidido a recompensa-la pela forma inútil como me estava a comportar, saí para o final de tarde londrino e caminhei pelas ruas movimentadas. Eu já tinha a ideia de tudo o que queria fazer, faltava apenas pôr em prática.

’s POV
A chuva começara a cair assim que entrei no táxi que me deixaria em casa do Harry. As coisas não estavam nada bem entre nós e eu nem sequer sabia dizer aquilo que o tinha feito perder o interesse por mim. Era exatamente isso que eu sentia: que ele tinha perdido o interesse e o encanto que algum dia sentira por mim. Mais do que qualquer outra coisa no mundo, isso deixava-me abalada. Observei as luzes da cidade pela janela do carro em movimento. Uma música suave tocava na rádio e eu pude distinguir a voz de Stevie Wonder, sorrindo como uma idiota ao lembrar-me de todas as vezes em que Harry cantava músicas do mesmo para mim. Namorar com alguém que tinha o estatuto de celebridade não era fácil, eu soubera disso desde o início quando entrara naquela aventura que era a nossa relação. Sabia que ia ser difícil e sabia que com a correria agitada que era a rotina dele, que seria normal que ele, um dia, se cansasse de tentar manter uma relação. Não era novidade para ninguém, e muito menos para mim, que ele estava constantemente rodeado por mulheres bonitas, muitas das quais ele considerava amigas e que ele era um poço sem fundo de educação e de valores que qualquer mulher prezava. Sentia-me orgulhosa por poder caminhar ao lado dele de cabeça erguida e saber que era a mim que ele me amava. No entanto, existia tanto por dizer entre nós que eu tinha a mais plena das certezas de que, por mais cansada que pudesse estar, de hoje a conversa que precisávamos de ter não ia passar.
Meti a chave que ele me dera na porta e, depois de encher o meu peito de ar e respirar tão fundo como já não me recordava de fazer há anos, girei-a na fechadura e preparei-me para enfrentar aquilo tudo de frente. Esperava, honestamente, que não tivesse que enfrentar um fim já que eu nunca saberia como me despedir dele. Afinal, como dizemos adeus à nossa própria existência? A enorme casa encontrava-se sossegada e todas as luzes estavam apagadas. Estranhei aquela ausência de movimento. Quando saíra para a Universidade naquele dia, Harry tinha-me dito que ficaria por casa a compor. Este era apenas mais um dos muitos momentos em que ele se tinha esquecido de me avisar que, afinal, os seus planos tinham mudado. Ele passava poucos dias na cidade e era tão bom saber que ia chegar a casa e ia ter o abraço dele mesmo ali à minha espera para me lembrar que tudo estava na ordem certa no mundo. Larguei as chaves na mesinha da entrada e tirei o meu casaco deixando-o no cabide. Descalcei-me e segui em direção à biblioteca dele. Era o meu lugar favorito da mansão em que ele vivia e era onde me sentia mais confortável. Alguns dos livros que ele fora adquirindo com o tempo, eu sabia que ele os tinha apenas por minha causa e que os fora comprando por saber o apreço que eu sentia por eles. Caminhei às escuras pelo corredor, conhecendo já de cor cada passo que se podia dar o que era dizer muito para o tamanho da casa dele. Acendi a luz e aquilo com que me deparei deixou-me extasiada.
Harry encontrava-se no centro da sala, iluminado por uma luz fraca que parecia refletir-se na forma de milhares de estrelas pelo espaço. Eu nunca saberia como é que ele tinha conseguido a proeza de o fazer mas, na verdade, toda a sala parecia o céu. Os seus cabelos bagunçados foram a primeira coisa em que reparei logo depois de olhar os seus olhos brilhantes que pareciam queimar-me com a intensidade com que me olhavam. Ele abriu os braços e eu acabei por deixar que a minha concentração escapasse da sua figura e avaliasse o que estava ali a acontecer. De uma ponta à outra das grandes estantes que se erguiam quase até ao teto, Harry pendurara várias cordas quase como se fossem estendais. Aproximei-me da primeira, analisando os pedaços de papel que nela se encontravam presos com molas de madeira. Polaroids. Ele cobrira aquele lugar de polaroids. Nossas. Todas as fotografias que alguma vez tínhamos tirado juntos, fosse sozinhos ou com amigos ou família, encontravam-se dispostas pelo espaço. Ele imprimira cada uma delas em formato de polaroid, escrevendo datas ou expressões no fundo de cada uma delas.
- O que é tudo isto? – questionei enquanto dava dois passos na sua direção.
- Eu… - ele pareceu claramente atrapalhado. – Eu queria que soubesses que eu me lembro de tudo, que não deixei nenhum traço da nossa história escapar de dentro de mim e, sobretudo, que eu ainda me importo e muito contigo. Connosco.
Ele aproximou-se de mim e estendeu-me um embrulho. Peguei nele e pousei em cima da enorme secretária de mogno que se encontrava atrás dele. Eu não podia simplesmente esquecer o que andava a sentir ultimamente. Não podia de modo algum ignorar os meus sentimentos e o jeito como me tinha sentido um caco ultimamente, um peso na vida dele.
- Nós precisamos de conversar. – falei decididamente.

Harry’s POV
Olhei a minha namorada, estupefacto. Ela cruzara os braços e sentara-se num dos enormes cadeirões que preenchiam a biblioteca. Eu esforçara-me para lhe fazer uma surpresa que, apesar de aos olhos de muitos não ser nada de especial era, certamente, algo de que ela gostaria derivado do seu amor por polaroids, pela biblioteca, por livros e, acima de tudo, por ter pensado que aquilo de que ela precisava era de que eu mostrasse que ainda me lembrava de cada pormenor que me fizera amá-la. Eu tinha realmente achado que ela apenas estava a precisar de sentir que eu a valorizava. Avaliando a expressão do seu rosto no momento, eu já só podia ver como, provavelmente, eu estivera enganado. Sentei-me nervosamente no cadeirão em frente a ela e esperei que ela começasse a falar.
- Obrigada por isto. – ela disse suavemente, indicando com um gesto o espaço.
- Não tem importância. – até tinha mas eu não estava em posição de dizer coisa alguma. – Então, o que me queres dizer?
pareceu pensar por um longo momento e inspirou profundamente, encarando-me de seguida.
- Eu… - começou, travando-se de seguida.
- Diz o que tens a dizer, por favor. Diz agora, amor. – pedi tentando não soar desesperado. – Eu tenho a impressão de que vais embora. Vais deixar-me.
- Harry, eu…
- Tudo bem. Eu entendo. Não tenho sido o melhor dos namorados. Na verdade, se eu pensar bem no assunto, eu nem tenho sido um namorado de todo. Não tenho perguntado nada sobre a tua vida e passo a vida a correr de um lado para o outro. Acredita que eu compreendo se estiveres cansada de namorar comigo, compreendo perfeitamente. Quem sou eu para julgar aquilo que sentes? – respirei fundo e prossegui, debruçando-me para agarrar nas suas mãos macias e geladas. – Eu sei que o que parece é que eu ando distante e que já nada disto tem importância para mim… Mas, , por favor acredita que isto é tudo o que importa. Quando fico muito tempo sem te ver, o tempo torna-se irrelevante. Eu nem te sei explicar. Parece que ligo o piloto automático e apenas deixo que a vida aconteça até poder voltar para ti. É como se me deixasse adormecer no tempo até te ter nos meus braços de volta.
- Harry, eu acredito nisso tudo. Sabes que acredito. – ela tinha os olhos marejados e a sua voz sempre tão forte e decidida parecia fraquejar. – Só que, tu sabes, as coisas que fazemos e o modo como agimos, trazem sempre consequências que, se não se espelharem na nossa vida, podem perfeitamente manifestar-se na vida dos outros. E, por mais que me custe, tudo o que tu fizeste ao longo destas semanas em que pareceste mal te lembrar que eu existo, que te amo e que fico à tua espera sempre que vais, tiveram consequências em mim. Eu sinto-me magoada. Posta de lado. Sinto-me um peso para ti. E eu não quero ser um peso na tua vida, meu amor. Nunca quis.
Então era isso. Eu achara, por um breve e belo momento, que tudo aquilo em que eu pudesse ter errado com ela me seria desculpado assim que eu falasse. Mas, o que eu não vira, é que as marcas que eu tinha deixado na personalidade dela eram demasiado profundas. sempre fora segura de si mesma e, ali à minha frente, eu via que o que eu conseguira com a minha falta de dedicação era criar um muro, uma barreira atrás da qual ela se refugiava para evitar mostrar ao mundo que se sentia insegura. As consequências que eu tanto temera, os pesadelos que eu tivera a cada noite, tinham ganho vida.
- Mas, amor, temos volta a dar? – o desespero era tão evidente no meu tom que me assustou.
Ela sorriu e levantou-se aproximando-se de mim novamente.
- Tu sabes que eu preciso de pensar e de endireitar a minha cabeça. E também sabes que és tudo aquilo que eu amo e com que me preocupo. Hoje, eu só preciso de me esclarecer a mim mesma, Harry. Preciso de saber se é isto que quero. Acima de tudo, preciso de saber que tu me amas e eu não tenho sentido isso. – ela segurou o meu queixo e voltou-o na sua direção. – Eu sinto muito mas, por agora, eu preciso de pensar em mim e de deixar de sentir que sou um peso na tua vida. Não posso estar bem com uma pessoa quando, para começar, não estou bem comigo mesma.
Vi-a virar costas e deixar o espaço. Não sabia o que fazer, o que dizer, o que pensar e, por isso, deixei-me estar sentado por longos minutos. Talvez horas. Perdi a noção. A mulher da minha vida saíra pela porta fora e eu nem sequer tinha ideia se tinha sido algo definitivo.

’s POV
Nunca nada me custou tanto como deixar aquela casa. Quando entrara nela, não tivera essa intenção. Mesmo quando acreditara que ele se tinha esquecido de mim outra vez, eu nunca pensara em deixá-lo. Quando vira a surpresa que ele preparara com todo o cuidado enquanto eu tinha estado nas conferências da Universidade, eu vacilei até nos motivos pelos quais não me sentia bem nos últimos dias. Apenas quando ele expusera tudo o que eu sentia é que eu percebi. Percebi, tal como uma epifania, que o maior problema não residia no Harry e na forma como ele tinha conseguido desleixar-se na nossa relação. Não, nada disso. O maior problema estava naquilo que eu sentia e que estava tão mal resolvido. Eu precisava de me afastar dele para sentir falta. Afastar-me realmente. Sem ter a presença dele nos meus dias mesmo que de uma forma mais incompleta. Eu precisava de sentir que ele me amava independentemente de tudo e, ultimamente, eu já não tinha a certeza se essa necessidade advinha dos erros que eu sabia que ele cometera ou do facto de eu me sentir insegura com todos os aspetos da minha vida atual e ter esta necessidade quase absurda de ser ainda mais e mais amada. Eu tinha que descobrir isto. Tinha que compreender a causa para poder fazer frente ao problema. Não lhe podia dizer que a causa era ele quando, na mais singela das verdades, ela até podia ser eu. E só entendera isso quando ouvira as palavras dele.
Caminhei pelas ruas durante uns tempos até decidir que devia apanhar um táxi e voltar para o meu apartamento. Era tarde e eu tinha aulas cedo e não podia dar-me ao luxo de andar por aquelas ruas quase desertas já que Harry sempre escolhera morar numa parte mais calma da cidade e não no centro da vida. O apartamento pareceu-me ainda mais solitário do que o habitual. Talvez por saber que, naquela noite, eu não tinha necessidade de estar ali sozinha. Acendi as luzes e fui até à cozinha preparar um chá enquanto olhava o meu telemóvel. Nenhuma mensagem. Nada. Tudo estava quieto. Só desejava que a minha cabeça estivesse igual.

Harry’s POV
Eventualmente, durante aquela noite, apercebi-me de que ela não ia voltar. Estava sozinho numa casa enorme e tudo o que eu tinha que fazer era conceder-lhe espaço e tempo. Olhei o embrulho que ela deixara em cima da mesa sem nem sequer o abri e decidi que pediria a um dos rapazes para o deixar em casa dela no dia seguinte. Eu não o queria e tinha comprado especialmente a pensar nela e em tudo o que ela me fazia sentir. Não ia ficar com ele arrumado na minha secretária, secretária essa que eu nem usava e que se encontrava ali em casa para ela poder trabalhar sempre que lhe apetecesse, mesmo quando eu estava fora e tudo porque sabia como ela apreciava o sossego que sentia na biblioteca de minha casa. A minha casa que eu via como nossa já que sempre que eu estava em Londres, fazia-me companhia e nunca saía de perto de mim porque todo o tempo era pouco e todos os momentos eram escassos.
Levantei-me e obriguei o meu corpo a arrastar-se até à cozinha, onde abri o frigorífico e peguei numa cerveja. Nem era hábito meu beber assim mas, hoje, precisava. Voltei para a sala e encontrei o meu caderno pousado em cima do sofá onde o deixara quando saíra na pressa de ir imprimir as fotografias. Peguei nele e abri na página onde eu havia começado a rabiscar a letra que pretendera que entrasse no nosso novo álbum. Pensei na conversa toda que tivéramos e escrevi mais uns versos baseados naquilo. Ainda não tinha um final para aquela composição, porém, do que via, não me parecia que fosse algo de que eu fosse gostar. Rabisquei com a caneta e nem precisei de alterar nenhuma palavra e observei os traços que a tinta preta deixara na página branca:
“Say what you're feeling and say it now
'Cause I got the feeling you're walking out
And time is irrelevant when I've not been seeing you
The consequences of falling out
Are something I'm having nightmares about
And these are the reasons I'm crying out to be with you”

~

Dois dias passaram sem que ela me dissesse algo ou evidenciasse qualquer sinal de que eu ainda existia na vida dela. Estava a começar a desesperar. Louis passara em casa dela para lhe deixar o presente que eu tinha comprado mas ela não estava ou não abriu a porta. Era provável que tivesse ido ver a mãe e matar saudade ou que estivesse apenas a aproveitar para trabalhar na Universidade já que não iria querer usar a minha biblioteca. Encontrava-me no estúdio e Julien já me tinha dito que eu precisava realmente de me concentrar pois as minhas partes não estavam a ficar tão bem quanto podiam. Gravava pela quarta vez a mesma música e tudo o que conseguia fazer era estragar e ter que repetir. Niall entrou no espaço, provavelmente cansado de me ver fazer asneira, e passou o braço em redor dos meus ombros.
- Vamos tomar um café, Styles. Não vais a lado nenhum assim.
Concordei e segui-o para fora do espaço cabisbaixo. Do nada, todas as estúpidas canções de corações despedaçados passaram a fazer sentido na minha cabeça, tudo soava perfeito, tudo dizia a verdade. Andrea, a secretária lindíssima que trabalhava no estúdio, trouxe-nos o café e alguns biscoitos que eu não comeria. Já nem sabia o que era ter fome. Para ser sincero, eu já nem sabia o que era ter necessidade de coisa alguma.
- Então, mate? Queres conversar? – ele perguntou descontraidamente, pegando no pote do açúcar.
- Nem sei, Niall. Não há nada que eu te possa dizer que tu já não saibas. – suspirei. Sentia-me acabado. – Sinto a falta dela. Não é igual. Nada é igual.
- Compreendo. Conhecendo os dois, eu sei que isto ainda tem volta. A ama-te. Ela não vai conseguir ficar muito tempo afastada. – sorri levemente com aquelas palavras. Niall esforçava-se por me fazer sentir melhor quando tudo o que eu queria era desaparecer. – Tens que te concentrar na tua vida e dar-lhe tempo para fazer o mesmo com a dela.
- Quanto tempo? – questionei, passando uma das mãos pelo cabelo num ato nervoso. – Já passaram dois dias e ela ainda nem sequer parece ter sentido a minha falta. Não me disse nada. Não atendeu qualquer chamada. Droga! Ela nem sequer se deu ao luxo de enviar uma mensagem. Uma simples mensagem. Acho que não estou a pedir demasiado.
- Tu, melhor do que ninguém, conheces a tua namorada…
- Se é que ainda lhe posso chamar isso.
- Esse nem sequer é o ponto. Tu conheces a e sabes que o mais provável é que ela tenha deixado o telemóvel abandonado em casa e tenha ido estudar. Enfiar a cabeça nos livros é sempre a solução dela para tudo.
Quase tive vontade de rir ao ouvir aquilo. Era verdade. sempre tivera essa necessidade de se refugiar nos livros e não era, de facto, surpreendente que ela tivesse deixado tudo em casa e apenas estivesse a estudar. Ignorar o mundo era algo que ela fazia com tanta facilidade quando precisava, quase como se estivesse em constante meditação ou num retiro espiritual no centro da cidade. Ela era assim. Única.
Voltamos para as gravações e, ainda que tenha corrido melhor, eu sabia que estava longe de estar perfeito. No dia seguinte, depois de uma noite bem dormida, eu gravaria tudo novamente. Os rapazes tinham razão e eu precisava de me concentrar. Tudo o que me faltava era perder o meu sonho logo após perder a pessoa que amava.
~

Voltava para o carro carregando as sacas do supermercado. A minha dispensa vazia obrigara-me a fazer este desvio para ter algo para comer em vez de ir a um restaurante ou ligar para qualquer um dos meus amigos. Apetecia-me estar sozinho entre as minhas coisas e sem fazer nada, sem ter que dar explicações ou fingir que estava tudo ótimo na minha vida. Abri a mala e pousei tudo quando, do outro lado da rua, vi tudo aquilo que queria ver.
- CAT! – gritei, caminhando na direção oposta do parque de estacionamento.
A garota que tentava em vão tirar um carrinho de compras da fila em que se encontrava, sacudiu o seu cabelo castanho com algumas ondas e olhou-me estupefacta. Apercebi-me imediatamente do erro que cometera. Aquela não era a minha . Não era de todo. A minha mente apenas quisera jogar traiçoeiramente comigo.
- Desculpa. Pensei que eras outra pessoa. – murmurei sem jeito.
- Oh meu deus! És o Harry Styles! – ela exclamou, arregalando os olhos azuis que denunciaram não ser a minha namorada. – Eu sempre te quis conhecer. Aii olhem para isto! Que vergonha! Estou aqui a falar sem parar. Eu... Posso dar-te um abraço?
Sorri-lhe apesar da desilusão que tivera ao perceber que ela não era de todo quem eu queria encontrar. Aquele era o meu trabalho afinal de contas e pessoas como aquela garota eram quem me permitia viver o meu sonho. Apertei-a contra o meu peito e senti os seus braços envolverem-me, fazendo-me perceber que eu estivera até agora a precisar de alguma demonstração de afeto, de um abraço que me dissesse que tudo ia ficar bem. Assim que consegui retomar o meu caminho, os meus pensamentos pairavam a uma velocidade alucinante. A que ponto é que eu tinha chegado para a imaginar? Aliás, para a confundir? Eu realmente achara ver nos modos, no aspeto, na figura da outra menina. Eu quisera acreditar que era ela. A minha mente bizarra quis que eu pensasse nela, quis que eu a visse, quis que eu parasse de sentir a falta dela. A ideia para um novo verso surgiu com o vendaval que se dava dentro de mim. Manobrei o carro e encostei-o ao passeio, recebendo algumas buzinadelas de protesto pela minha condução inesperada. Ignorei tudo aquilo com sucesso e retirei o meu caderno do porta-luvas, o caderno que se estava a revelar um companheiro fiel e o melhor confidente ao qual eu podia recorrer. Mais uma vez, como já vinha sendo hábito vi os meus pensamentos ganharem vida no papel:

“When you go and I'm alone
You live in my imagination
The summertime and butterflies
All belong to your creation
I love you, that's all I do
I love you”


Ver aquela garota na rua e confundi-la, trouxera-me sentimentos que eu sabia que apenas provocava em mim. Aqueles poucos metros que corri até ela foram suficientes para que milhões de borboletas surgissem no meu estômago, borboletas que tinham adormecido desde que ela deixara a minha casa naquela noite. Com ela era fácil sentir mais do que borboletas. Ela fazia com que surgisse dentro de mim a selva inteira, mais umas quantas florestas tropicais e, se pensasse bem no assunto, até os animais que habitavam o mais profundo dos oceanos ganhavam vida dentro de mim. tinha esse poder. O sorriso dela aquecia-me por dentro e dava sentido a uma velha frase que eu lera algures sobre, em pleno inverno, sentir que existia em mim um verão invencível. Ele existia quando ela estava por perto. Todas aquelas sensações que se têm no verão, de liberdade, de força, de energia, de felicidade… Todas as expectativas boas que surgem com essa estação… Todas as flores, todas as cores, todos os perfumes, todo o cheiro de maresia na pele… Surgiam quando ela estava comigo. Eu amava-a. Era essa a verdade. A mais pura, plena e única verdade. Amá-la era tudo o que eu fazia. E, então, rematei:
“I love you, .”
~

Atualidade – 18 de fevereiro de 2016

- A letra está ótima mas continua a faltar algo. – Julien disse. – Precisamos de um refrão forte.
Depois de cinco longos dias perdido sem saber lidar com a ausência de , eu fora escrevinhando coisas sem sentido. Quando percebera que tudo o que eu sabia fazer era amá-la e voltei para casa depois do encontro no supermercado, eu apenas me deixara ficar fechado até que Louis me tinha feito sair de casa e voltar ao estúdio. Hoje. Eu não queria e não podia ter pessoas a perguntarem-me por que motivo ela andava tão sozinha pelas ruas londrinas com marcas de choro na sua bonita face e eu parecia ter olheiras que nunca mais acabavam provocadas por noites e noites mal dormidas. As especulações nas redes sociais já tinham começado e eu não me encontrava na capacidade de enfrentar o mundo quando nem eu mesmo sabia como enfrentar o problema. Louis entrara em minha casa sem sequer bater à porta e encontrara o meu caderno aberto em cima do balcão da cozinha onde me esquecera dele. Uma simples olhadela naquilo que estava escrito bastou para que me arrastasse porta fora e, por isso, ali estava eu naquela reunião marcada à última da hora, mostrando uma música incompleta tal como tudo parecia estar no meu quotidiano.
- Queres usá-la? Acho que isto é uma pergunta que precisa de ser feita. – Niall olhou-me preocupado. Ele sabia que aquele caderno era algo muito privado e pessoal, era onde eu descarregava tudo o que tinha dentro de mim e, naquele momento, encontrava-se a ser analisado por vários pares de olhos atentos a cada rabisco que eu fizera naquelas páginas.
- Bem, eu… - estava a hesitar por quê? Eu já tinha decidido que queria usar esta composição desde que a começara. – Sim, eu queria incluí-la no álbum. Achas que ainda é possível? – questionei Julien.
- Claro que sim. Ainda nos faltam algumas para terminar e esta, sinceramente, está ótima.
- Queria algo assim com um toquezinho que soasse a Beatles. Talvez uns trompetes? – elucidei, lembrando-me do gosto musical de e de como ela era doida por aquela banda britânica.
- Trompetes? Tu bateste com a cabeça. – alguém gargalhou na sala.
- Antes de qualquer outra coisa, Harry, precisamos do refrão. – Julien lembrou sempre paciente com as nossas exigências e devaneios.
- Bem, eu queria qualquer coisa com bastante impacto. Queria mostrar que ele ama mesmo, mesmo, mesmo a… Olivia. – demorei para me lembrar do nome que tínhamos dado à garota da música.
- Queres dizer o quanto amas a ? – Louis, como sempre, fez piada da desgraça alheia para descontrair o ambiente.
- Essa era justamente a frase que eu mudava. – Niall disse, olhando o caderno. – Não deixava esse “I love you, Olivia”.
- Vamos tirar dez minutos. Tomar café, quem quiser fumar um cigarro também pode ir e encontramo-nos aqui outra vez. Que dizem? – Liam propôs. Ele tinha ficado calado até ao momento, pensativo. Ele era um ótimo compositor e, com toda a certeza, que estaria a pensar num modo para resolvermos aquela peça do puzzle.
Caminhei sem grandes expectativas ou animação até ao terraço do altíssimo edifício espelhado onde gravávamos. Uma chuva miudinha caía do céu cinzento e o ar encontrava-se pesado como se ameaçasse trovoada. Suspirei ao recordar-me da forma com a gostava de ficar apenas no sofá em dias assim, enroscada numa manta abraçada a mim a ver filmes ou a ler um bom livro com uma caneca fumegante de chá. Questionei-me se ela estaria a fazer aquilo naquele momento. Estupidamente, abri o caderno como se o simples gesto fosse trazer-me a inspiração de que precisava para os versos que faltavam. Compor era um processo demoroso. A inspiração ia e vinha em ondas instáveis e nem sempre os trabalhos que queríamos ver finalizados e aproveitados eram aqueles que davam frutos. Por mais que a minha mente implorasse para que aquela música entrasse no rumo certo, algo em mim estava realmente preso. Eu não sabia o que mais devia dizer. Os momentos em que escrevera algo para ela, tinham surgido após momentos com ou relacionados com ela como quando pensara tê-la visto. Agora, longe dela e sem nem sequer sofrer partidas da minha mente conturbada, eu estava totalmente sem rumo. Ouvi passos e a risada inconfundível de Niall, assim como os protestos de Tomlinson. Os meus três amigos aproximaram-se sorridentes.
- Hey! – Payno deixou a mão sobre o meu ombro, apertando-o levemente. – Vai dar certo. É lógico que vai dar certo.
- A música está quase pronta, Harry. – Louis notou, encolhendo os ombros. – Nem posso acreditar que estavas trancado em casa sem vir trabalhar nisto.
- Obrigado por teres ido tirar-me de lá. – agradeci sincero, vendo-o sorrir e descartar o agradecimento com um gesto.
- É para isso que servem os amigos ou não?
- Tu nem és amigo de ninguém. – Niall brincou, levando um tapa de seguida na testa. – Autch!
- Vamos ao que interessa, crianças. – Louis voltou a falar depois de acertar em Niall. – O que é que tu querias mesmo, mesmo dizer-lhe com esta letra?
- Que a amo.
- Tem como seres mais piroso?
- Não. Não tem. – Liam riu. – Além disso, que mais é que, neste momento, lhe querias dizer?
- Podes ser sincero, H. Nós não vamos encher-te a paciência, nem vamos julgar-te pelo que nos disseres. – ver Niall falar seriamente era tão raro que eu soube que tinha mesmo ali um momento para pensar sobre as coisas e não pensar nelas sozinho. Talvez fosse exatamente isso aquilo de que precisava. Aqueles eram os meus três melhores amigos e eles podiam ajudar-me.
- Que os dias sem ela não têm feito sentido nenhum. Que fico a lembrar-me do brilho, da cor, da intensidade dos olhos delas com medo de me esquecer de como eram sempre que olhavam para mim. Eu só sinto a falta dela. É como se a minha existência… - interrompi-me quando a ideia daquilo que faltava para o refrão surgiu na minha cabeça clara como água.
Arranquei o caderno das mãos de Liam que pegara nele para reler o que tinha sido escrito até então e tirei a caneta que se encontrava presa nas folhas do mesmo, começando a riscar e mostrando-a seguidamente aos três idiotas que me olhavam com sorrisos que indicavam que sabiam que eu já tinha conseguido escrever alguma coisa.

“I live for you, I long for you, Olivia
I've been idolizing the light in your eyes, Olivia
I live for you, I long for you, Olivia.”


Olhei-os na expectativa de saber o que achavam já que as suas expressões faciais não deixavam revelar nada.
- Eita! – Niall foi o primeiro a quebrar o silêncio enquanto eu lhes tirava o caderno das mãos assim que vi os pingos de chuva molharem as folhas delicadas do mesmo. – Isto, sim, foi inspiração momentânea e que faltava na música. Está ótimo.
- Sim, eu concordo. Está bom mesmo! Bom trabalho. – Liam sorria abertamente e Louis apenas acenou em concordância.
Regressámos à sala de reuniões onde Julien e mais algumas pessoas já nos esperavam. Sentei-me na cadeira e esperei que todos terminassem as suas conversas paralelas. Os meus amigos inquietos iniciaram um tópico qualquer entre os três e eu apenas me deixei ficar a ouvi-los sem que, na verdade, ouvisse alguma coisa. Como é que seria possível que ela não visse as coisas que me fazia? Como é que era possível que ela não acreditasse ainda que eu amava quando isso era justamente tudo o que fazia? Em mais um acesso de inspiração rebuscado peguei no caderninho velho que me acompanhava para todo o lado e escrevi o pré-refrão baseado nestas dúvidas que tinham acabado de me ocorrer:
“Please believe me, don't you see
The things you mean to me?
Oh I love you, I love you
I love, I love, I love

Louis inclinou-se e espreitou, lendo atentamente o que eu tinha acrescentado.
- Está perfeito, mate. Troca só o “” por “Olivia” e fica tudo certo.
O resto da reunião foi ocorrendo sem que ninguém apontasse mais nada ao trabalho que eu tinha vindo a fazer. Conversamos mais um tempo sobre o resto do álbum e quando a noite já se encontrava cerrada do lado de fora da janela, demos o dia por encerrado e arrumamos todos os papéis que se encontravam espalhados. Chamei Julien assim que uma ideia parva me surgiu. Eu era mestre em fazer tudo acontecer errado e em tentar que as coisas dessem certo para elas apenas darem ainda mais errado, porém, eu tinha que tentar, nem que fosse só mais uma vez fazer a minha namorada (ou ex-namorada, nem sabia dizer) entender que tudo aquilo que eu fizera não fora por falta de amor, que ela não tinha que se sentir insegura, que ela era a única nos meus dias e que nem sequer era um problema dela, eu é que me tinha deixado afundar pelo trabalho e pela rotina e fora deixando para depois aquilo que eu tivera a certeza que nunca deixaria de fazer parte da minha vida.
- Claro que sim, Harry. Acho que somos capazes de fazer isso rapidamente. – Julien concordou logo depois de me ouvir. – Queres fazer isso agora?
- Não tem problema? – eu não queria estar a privar ninguém de ir para casa viver a sua vida só para eu conseguir resolver a minha.
- Problema nenhum. – ele disse voltando a acender as luzes do estúdio.
Sorri satisfeito. Se tudo desse certo, eu seria capaz de lhe mostrar que não fazia sentido nenhum estar afastado.
~

Conduzi pela cidade durante horas e horas depois de descobrir que não estava em casa. Nem em casa, nem na faculdade e muito menos na minha própria casa. Começava a ficar desesperado quando me lembrei que estava a ser um idiota por ainda não a ter procurado em casa dos pais. Ficava nos arredores de Londres, num local mais sossegado e era uma pequena moradia de paredes cor de tijolo e enormes janelas brancas. Sabia de cor cada pedaço da vida dela que me dera ao trabalho de conhecer e, por isso, foi com a maior das facilidades que em vinte minutos cheguei a casa dela. A luz do quarto que fora e seria sempre seu naquela casinha modesta encontrava-se acesa e pela janela pude vislumbrar a sombra de alguém que se penteava. Não ia hesitar. Atirei umas pedrinhas com toda a cautela apenas para chamar a atenção dela e vi-a abrir as portadas e espreitar para o exterior sem receio de que fosse um qualquer lunático. Bem, era justamente isso que eu devia parecer àquela hora da noite, quase madrugada! olhou-me intrigada.
- Harry? – ela parecia incrédula por me ver ali parado.
- Sim, amor. Eu… Espera, eu não vou dizer nada. Eu vou… Espera.
Dirigi-me até ao carro e inseri o cd da demo do instrumental da nova música que Julien me ajudara a preparar. Provavelmente, algumas coisas seriam alteradas mas eu tinha que lhe mostrar. Mesmo que fosse contra todo e qualquer contrato que eu algum dia preenchera, eu tinha que lhe mostrar aquilo. A música era como melhor me exprimia e como aquilo que eu queria dizer ganhava vida sem parecer absurdo e ela era a maior e melhor inspiração que podia existir.

’s POV
Encontrava-me no meu quarto em casa dos meus pais a pentear o cabelo em frente do meu velho espelho. Tinha achado na caixa do correio do meu apartamento, o embrulho que Harry me dera antes de eu o deixar sozinho no meio de tantas e tantas fotografias de ótimos momentos passados entre nós. Rasgara o embrulho com pressa, sentindo a falta dele a cada minuto que passava e vi que era um exemplar da primeira edição de “Pride and Prejudice” da Jane Austen. Era o meu romance preferido e eu nunca saberia onde é que ele tinha conseguido uma cópia tão rara como aquela. Mais do que isso, era o livro que Harry me encontrara a ler quando se encontrara comigo no dia em que me pedira em namoro. Dentro dele vinha apenas um bilhete a dizer:
“Eu não esqueci nada. Eu não me esqueci como os teus óculos te escorregavam pelo nariz e os cabelos estavam todos arrumados só para um lado. Eu não me esqueci da forma como envolvias o copo enorme de chá com as duas mãos e sopravas embaciando as lentes. Eu não me esqueci que me atrasei e te dei uma desculpa perfeita para continuares a ler o teu romance favorito. Eu não me esqueci que te comecei a amar assim que os meus olhos pousaram nesse teu arzinho de nerd sabichona que merece o mundo. Amo-te muito, H.”
Aquilo mexera com o meu sistema e correra para casa dos meus pais para evitar correr para os braços dele num ato de teimosia impensado. Espantei-me ao ouvir as pedrinhas baterem na vidraça quando, finalmente, o meu coração parecia ter sossegado um pouco. Abri a janela sem querer acreditar naquilo que os meus olhos traiçoeiros presenciavam. Vi Harry dirigir-se ao carro e colocar uma música qualquer para tocar. Era tarde e ele deixou o volume de modo a que eu pudesse ouvir e eu soube que ele tinha acordado os meus pais quando os passos ressoaram pela casa. Podia realmente ter-me dado ao trabalho de lhes gritar e dizer que era o Harry a fazer-me alguma espécie de surpresa mas a voz rouca do rapaz que eu amava arrancou de mim qualquer ideia que eu pudesse ter de fazer barulho e interromper aquele momento.
“Remember the day we were giving up
When you told me I didn't give you enough
And all of your friends were saying I'd be leaving you
She's lying in bed with my t-shirt on
Just thinking how I went about it wrong
This isn't the stain of a red wine, I'm bleeding love”

Ouvi cada palavra com toda a atenção do mundo. Eu lembrava-me perfeitamente daquele dia em que ele achou que eu queria desistir de tudo, em que eu lhe disse que ele não me estava a dar o suficiente e em que lhe confessei que os meus amigos achavam que ele me ia deixar. Nenhuma das nossas últimas conversas tinha abandonado a minha mente nos últimos dias e lidar com aquilo era tão difícil como passar num exame para o qual eu nada sabia. Olhei para mim mesma e notei que, apesar de tudo, existiam pormenores que nunca mudariam. Harry estava lindo e maravilhoso, cantando com aquela voz que só podia fazer milhões de arrepios bons percorrerem a minha espinha e eu, desengonçada como sempre, vestia uma das suas velhas t-shirts. Tinha-a guardado no meu armário e não consegui deixar de dormir com ela por achar que tinha o perfume dele entranhado. Algo que não mudou desde que ele possivelmente me vira deitada na cama com a t-shirt manchada de vinho vestida. Vinho. Uma mancha de vinho que nunca mais saíra. Sorri ao ouvir o que ele tinha cantado. E Harry continuou.
“Please believe me, don't you see
The things you mean to me?
Oh I love you, I love you
I love, I love, I love Olivia”

Olivia? Eu não entendia o nome no final da música mas devia ter sido algo estético sobre o qual eu nem perderia o meu tempo a pensar quando tudo o que queria era ouvi-lo.
“I live for you, I long for you, Olivia
I've been idolizing the light in your eyes, Olivia
I live for you, I long for you, Olivia”

Os seus olhos pareciam querer dizer um mundo infinito de coisas e o sentimento que ele punha em cada frase que cantava deixava-me a desejar que aquele momento nunca acabasse.
“Say what you're feeling and say it now
'Cause I got the feeling you're walking out
And time is irrelevant when I've not been seeing you
The consequences of falling out
Are something I'm having nightmares about
And these are the reasons I'm crying out to be with you”

Soube imediatamente e sem ter que analisar muito que ele escrevera aquilo assim que eu deixara a sua casa. Harry era uma constante bomba relógio de sentimentos e emoções positivas que precisava de deitar cá para fora e devia ter sentido a necessidade de escrever sobre aquela conversa terrível que me levara a tentar afastar-me dele.
“Please believe me, don't you see
The things you mean to me?
Oh I love you, I love you
I love, I love, I love Olivia

I live for you, I long for you, Olivia
I've been idolizing the light in your eyes, Olivia
I live for you, I long for you, Olivia”

Repetiu o refrão e eu só queria saltar da janela e atirar-me para o pescoço dele para nunca mais o largar.
“When you go and I'm alone
You live in my imagination
The summertime and butterflies
All belong to your creation
I love you, that's all I do
I love you”

Ouvir aquilo foi o suficiente para que as minhas lágrimas caíssem impiedosamente. Harry declarava-se a mim de uma forma tão bonita e singela que eu não fui capaz de controlar a avalanche de sentimentos que me consumiram. Eu queria enganar quem? Eu só queria estar com ele. Isso era absolutamente tudo. Tal como ele dizia na letra que eu tinha a certeza que ele escrevera, tudo o que eu fazia era amá-lo. Tudo. Desde o dia em que o conhecera.

Harry’s POV
Cantei o último refrão vendo os olhos de cheios de lágrimas. Foi incapaz de conter a emoção justamente naquela que era a minha parte favorita da música. A parte que a descrevia tal como ela era, tal como era tudo o que ela representava, verão e borboletas, um amor profundo e inigualável.
“I live for you, I long for you, Olivia
I've been idolizing the light in your eyes, Olivia
I live for you, I long for you, Olivia”

A música preparava-se para os seus acordes finais quando eu a olhei e percebi o pedido que até então fora silencioso mas que estava patente em tudo aquilo. Queria gritá-lo. Queria que fizesse parte de todo este sentimento que transpus para uma letra que eu esperava que fosse entendida e, por isso, cantei de improviso a última frase que encaixou perfeitamente em tudo o resto:
“Don’t let me go.”

Epílogo
6 anos mais tarde

’s POV
Preparava-me para sair de casa com Sophia. Já lhe tinha penteado os cabelos cacheados e preparado a mochila com o lanche para ela levar para o infantário.
- Quando é que o papá chega? – a minha filha de quatro anos perguntou.
- Amanhã, filha. Amanhã. – sorri, enquanto apertava o cinto de segurança dela que já estava na cadeirinha.
Contornei o carro e sentei-me ao volante, ligando o rádio. Invariavelmente, um dos CD’s do Harry começou a tocar. Sophia tinha crescido sem me deixar ouvir mais nada, provavelmente porque, quando o pai estava fora, era a forma que ela tinha de se sentir próxima dele. Os primeiros acordes de Olivia soaram e dei por mim a suspirar feliz. Não tinha sido fácil esta jornada. Nada fácil. Ser casada com Harry era, muitas vezes, uma provação nos mais diversos sentidos. Ele viajava imenso, ele fazia tours, ele continuava a ter imensas mulheres a desejarem ter pelo menos uma noite com ele. Porém, por mais que existissem coisas difíceis de suportar, eu sabia, no mais profundo do meu ser, que qualquer que fosse o preço a pagar para o ter na minha vida, eu estava mais do que disposta.
“I live for you, I long for you, Olivia
Don’t let me go
Don’t let me go.”

Tantos anos passados e Harry parecia continuar sem acreditar que a pessoa que tinha sorte era eu. Porque continuava a amá-lo, porque continuava a viver por ele, a existir por ele e por esta família que começamos a criar, porque continuava todos os dias a pedir para que ele não me deixasse. Porque ele seria sempre e para sempre, por mais que isto fosse redundante, o sentimento de verão e as borboletas esvoaçantes que nunca me abandonavam.
Fim.



Nota da autora: Olá a todas  Obrigada por lerem a minha fanfic. Sou portuguesa e, por isso, peço desculpa se encontrarem diferenças. Espero mesmo que gostem! Comentários e sugestões, podem deixar aqui que eu ficarei feliz de responder e ler todos eles.
Muito obrigada de novo!
Cate xx


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