observava a paisagem imponente de Nova Iorque que se instaurava pela janela de sua sala. A cidade, sempre polvorosa, era banhada no momento por uma chuva torrencial. Ele estava perdido em pensamentos enquanto observava os pingos atingirem e rolarem por sua janela. Sua mente estava tão bagunçada como sua mesa cheia de documentos e pastas, papéis. Todos relacionados a processos criminais, inquéritos e diversos casos que, como delegado, ele deveria analisar cautelosamente.
Suspirou pesadamente enquanto tentava colocar sua cabeça no lugar. Sua consciência estava longe demais para que ele pudesse ser produtivo em seu trabalho. Mais especificamente, se concentrava em uma figura em particular. Uma figura que vinha tirando o sono de há mais de um ano e que povoava desde seus pensamentos mais leves até os mais sujos e obscuros. E essa figura, que lhe trazia dores de cabeça imensuráveis tinha nome e sobrenome: .
era famosa na delegacia e no próprio círculo policial de Nova Iorque. A garota, estelionatária de primeira linha com apenas 20 anos recém-completados, sempre conseguia se safar de seus crimes. Como? Ela fazia sua própria defesa, de forma a deixar promotores e juízes boquiabertos. Incluso o próprio , que acompanhava cada novo caso envolvendo-a com olhos de águia. Porém, não era só em seus crimes que estava interessado.
A garota despertava em sentimentos que aqueciam seu corpo e alma, com o seu jeito de fazer essas maldades parecerem boas. Era como se sentir-se mal parecesse ser algo bom. Se ele pudesse descrever o que sentia por ela em uma palavra, resumiria em loucura. Sim, ele era completamente louco por ela. Ele sabia que era do tipo de amor que poderia torná-lo um escravo, enviá-lo direto para seu túmulo... Porém isso não lhe era um problema. Ele precisava daquele amor.
era muito mais do que sua hábil inteligência e sua maneira desbocada e debochada de lidar com tudo. A garota emanava poder e fogo. Fogo. Ela era puro calor com alto poder de destruição. Seus olhos eram como dois caminhos ao infinito que formava sua alma rebelde. Seu andar era de alguém que sabia muito bem por onde pisava, e que tinha a confiança de um leão pronto para atacar. Suas palavras entoavam como uma música hipnotizante para qualquer pessoa que ouvisse, tanto que justificava seu sucesso em seus crimes e em sua própria defesa.
quase conseguia sentir o sabor de seus lábios tocando os dele, a textura quente e macia de sua pele, as mãos habilidosas que arranhavam, apertavam e acariciavam as partes certas de seu corpo, a voz que lhe era provocativa ao pé do ouvido, sussurrando frases com intenções sujas, seu interior úmido, quente e apertado...
- Delegado? – o homem assustara-se levemente ao ouvir a voz masculina do policial, mas manteve-se de costas, ainda observando a janela – Ela está aqui. Disse que gostaria de vê-lo.
O delegado não conseguira segurar o sorriso. É claro que ela apareceria. Já faziam três semanas desde seu último julgamento e ela não poderia deixar de passar por para provocá-lo. E provocar era algo no qual tinha especialidade em fazer. Era sempre assim: ela provocava e depois ia embora, o deixando louco.
- Mande-a entrar – ele respondeu – Sozinha – frisou, arrancando um riso do policial.
- Sim, senhor – ele respondeu, deixando o recinto e fechando a porta.
Os pelos de sua nuca se arrepiaram em antecipação. Os encontros com eram sempre carregados por uma tensão sexual e um ambiente de sedução que o deixava insano por dentro. Muito além disso, tudo em parecia atraí-lo como um imã, e de uma maneira tão natural que mal poderia explicar de forma correta utilizando-se de palavras. Tudo que ela emanava parecia seduzi-lo.
Era engraçada a forma como se articulava diante as situações e, desde que começou a acompanhá-la, nunca deixou de se surpreender com tamanha inteligência e habilidade. fazia parecer como se o mundo fosse todo dela e os outros fossem espectadores apenas aguardando seu papel de figurante e, quem sabe, coadjuvante. O homem se lembrava com clareza da primeira conversa que teve com antes de seu julgamento, no qual ela reclamava sobre Nietzsche ser a pessoa a qual ela mais repudiava em toda a história da Humanidade. Ou quando ela simplesmente criticou o positivismo durante um de seus discursos para dar embasamento a sua defesa. A postura que adquiria diante às situações parecia ser a mais incorretamente correta.
Ele foi tirado de seus devaneios quando ouviu os passos firmes adentrando o recinto e o fechar da porta, porém continuou de costas. conseguia sentir a sala se tornar um pouco mais quente. Ou, pelo menos, essa era a impressão dele. Ouviu a cadeira a qual estava colocada à frente de sua mesa, geralmente usada para interrogatórios, ranger com uma movimentação, provavelmente a de se sentando sobre ela do seu jeito desleixado. A garota observou de cima a baixo o homem que encarava a janela. Não resistiu em morder o lábio inferior ao reparar em como seus ombros ficavam largos naquela camisa, ou como aquela calça social realçava bem a bunda dele. Inclusive suas mãos adoravam ambas as regiões.
- E aí, velhote? – a garota desbocada entonou, apoiando suas pernas na mesa a qual parecia ter sido atingida por um furacão de tão bagunçada.
- Chamou quem de velhote? – ele respondeu com um tom de riso em sua voz, repuxando seus lábios em um sorriso leve, ainda sem encará-la.
- Tem mais alguém nessa sala? Talvez a presença do Mestre dos Magos seja demais para os meus sentidos de mera mortal – ela o cutucou com as palavras, sustentando um sorriso debochado em seu rosto.
virou-se para encará-la. Deparou-se com sentada na cadeira enquanto apoiava seus pés na pilha de casos que ele deveria estar analisando. Como sempre, ele se hipnotizara com sua beleza. Seus cabelos volumosos desciam em cachos, emoldurando seu rosto. O rosto que ele gostaria de ver ao seu lado todas as manhãs e que, agora, sustentava um leve sorriso. Ela vestia um sobretudo preto que cobria até metade das suas coxas, enquanto suas pernas esticadas em direção à mesa estavam desnudas e seus pés descalços. Ele logo notou também a bota que estava molhada pela chuva ao lado da cadeira.
Ele conhecia aquele sobretudo de outros carnavais. Ela sempre o usava quando via e ele sempre se surpreendia com o conteúdo coberto pelo pano grosso. Às vezes uma roupa mais provocante, às vezes apenas uma lingerie que ele destruiria com seus dentes se pudesse... Mas, dessa vez, ele sentia que nada havia entre ele e se não aquele maldito sobretudo.
, por outro lado, observava cuidadosamente cada detalhe em . Sua paixão por roupas pretas era admirável, ela nunca o vira vestindo outra cor. No entanto, ela o deixava extremamente sexy. Agora, com ele de frente, ela podia observar como os primeiros botões de sua camisa social estavam despretensiosamente despregados, mostrando levemente uma de suas tatuagens. A barba por fazer emoldurava seu rosto e como ela sentia falta se senti-la roçando pelo interior de suas coxas. Os braços tatuados cobertos pela camisa tinham um ar mais comportado, porém tão atraentes como quando estavam desnudos. As mãos grandes e ásperas que poderiam passear por seu corpo por horas sem que ela reclamasse.
- A que devo a honra de sua visita? – ele pergunta, recostando-se sobre a mesa ao lado das pernas de , e não resistindo em acariciar o tornozelo da garota. Ela, retirada de seus devaneios por sua vez, relembra o motivo da visita.
- Eu vou embora no trem das sete e meia – ela disse – Estou indo pra Hollywood.
- Você já me disse isso tantas vezes que estou tentado a acreditar desta vez – ele respondeu com um tom entediado, revirando os olhos.
- Dessa vez é sério – ela ergueu a sobrancelha – É minha hora de partir.
- Percebeu que não vou conseguir te encobrir por muito mais tempo, não é mesmo? – retirou sua mão do tornozelo de e rodeou a cadeira onde a garota estava, chegando a traseira para se inclinar e alcançar a altura da orelha coberta por cabelos volumosos e sussurrar – Golpista.
Uma gargalhada soou pelo recinto, que soava como música aos ouvidos de . A língua de umedeceu seus lábios de forma provocativa e lenta, enquanto ela virava a cadeira para encarar . A atenção dele, assim como seu olhar, desviaram-se para um toque intenso que subia por sua perna, resultante do pé de que roçava de seu tornozelo ao joelho.
- O que eu posso fazer se gosto de falar o que as pessoas querem ouvir e elas acreditam fácil demais em mim? – a garota fez um bico – Sem contar que eu sou um tipo de Robin Hood numa versão do século XXI, só que muito mais gostosa.
- Isso terei que concordar – ele encarou as pernas desnudas com um olhar ávido.
O olhar do homem subiu pelas pernas que, para sua infelicidade, deixavam de se mostrar a partir a sua coxa. Continuou a subir seu olhar, reparando no sobretudo preto que adornava o corpo que ele tanto ansiava. E ele sabia que ela não vestia nada por debaixo dele. Era típico de suas provocações e fazia parte do seu show. Ele respirou fundo, tentando manter-se controlado enquanto seus olhos deleitavam-se com o colo a mostra da garota. O pescoço, que ele ansiava em sentir o aroma. A boca, agora repuxada em um sorriso provocante, que ele gostaria de beijar fervorosamente sem julgamentos e até o fim de seus dias.
- Limpa a baba, neném – ela disse, fazendo com que voltasse a sua atenção ao normal – Tá escorrendo aí no canto. Mas, se você quiser, eu posso limpar para você – ela mordeu o canto do lábio, ainda sustentando o sorriso.
- ... – ele disse em tom de aviso, com a expressão sôfrega de quem gostaria de estar em outro contexto para poder arrancar aquele sobretudo.
- Tudo bem, vamos mudar de assunto antes que você sofra de bolas azuis – ela riu debochada, girando com a cadeira – Viu meu último julgamento? Amo deixar esses merdas daqui no chão.
riu nasalado, lembrando do ótimo argumento de , que mais parecia uma paráfrase do filme Gênio Indomável. era como Will Hunting, porém a vida real não lhe tornara uma gênia da matemática que se desviara levemente ao mundo dos delitos, e sim uma gênia do crime que se desviava levemente ao mundo da literatura. E, claro, ela não tem ninguém do MIT para lhe proporcionar uma carreira por seu talento ou algum psicólogo para desvendar seu temperamento ácido.
- Você precisa mudar esse seu jeito louco, em Hollywood não terão a nossa paciência – ele tentou instruí-la, mas percebeu que ela não dava conta do que ele lhe dizia, ainda girando com a cadeira – Está me ouvindo?
- Tá bom, papai – ela parou de girar e revirou os olhos em tédio.
- Se estou falando isso, é para o seu bem...
- E blábláblá – ela o interrompe, levantando da cadeira – Eu sei me cuidar, , e você sabe disso melhor do que ninguém – anda a passos lentos, extinguindo a curta distância entre ambos e ajeitando a gola da camisa de como desculpa para deixar suas mãos por perto dele – Vamos pular a parte do sermão... Eu estou com saudades.
fez menção de se inclinar para beijar o homem, porém ele virou seu rosto para o lado oposto. soltou um riso com o comportamento dele, porém não parou e beijou a linha de seu queixo, agora disponível a ela. Desceu seus lábios pelo pescoço de , que começava a fraquejar pouco a pouco. As mãos da mais nova desceram pelo peito dele, parando no cós de sua calça. Quando os dedos da mão direita dela começaram a descer em direção onde estava seu membro, pareceu acordar e segurou seu pulso.
- , não começa... – o homem ponderou mais para si mesmo do que para a garota em questão.
- Não me diga que o solteirão mais cobiçado da polícia de Nova Iorque tem alguém além de mim nos seus pensamentos – ela fez um bico, fingindo estar chateada.
- O que te faz pensar que você povoa meus pensamentos, ? – riu de sua audácia.
A garota mordeu o lábio e direcionou a mão livre para o volume afrente da calça social, indicando o que ela achava que era a prova de que povoava os pensamentos do homem mais velho. Ela sorriu maliciosa enquanto sua mão acariciava toda a extensão devagar. sabia que logo perderia o controle, então tratou de afastar-se bruscamente de , voltando a sua posição anterior, de costas para a janela.
- Isso me deixa tão triste, – ela fingiu chateação, se aproximando mais do homem à sua frente – Parece que estamos mais fingindo do que fazendo amor de verdade.
- Estamos no meu trabalho, se você não percebeu ainda – ele respondeu ainda de costas.
riu da inocência de ao não perceber que era exatamente onde ela queria estar e onde ela queria fazer aquilo. Ela se aproximou vagarosamente de , ficando logo atrás dele. Suas mãos automaticamente foram para seus ombros largos, massageando a região que parecia tão tensa no momento. permitiu se aproximar ainda mais, para sussurrar ao pé do ouvido de , o que sabia que faria muito efeito.
- Você pode fechar essas cortinas e me punir por ser uma garotinha tão malvada – ela disse manhosa, roçando seus lábios na orelha de – Me algemar seria uma ótima ideia, adoraria estar indefesa em suas mãos... Ou talvez não, adoraria arranhar suas costas enquanto você me fode naquela mesa depois de jogar toda aquela merda de papelada no chão – enquanto falava, suas mãos passeavam pelos ombros e costas do homem, que fechava os olhos e respirava fundo em deleite. Ela mesma, envolvida na provocação, observava o ambiente do escritório cercado apenas por vidros transparentes, para que ninguém os flagrasse ali – Mas será que eu iria conseguir segurar meus gemidos? Você fode tão bem, baby... Acho que não conseguiria. Provavelmente metade de Nova Iorque saberia o seu nome – desce suas mãos pelas costas de e agarra sua cintura, colando seus corpos. Seus dentes brincam com o lóbulo da orelha do homem, que está indefeso em suas mãos.
- Esse jogo é perigoso, – ele diz entre dentes, tentando esconder sua excitação.
- Prometi que iria te fazer subir pelas paredes, mas parece que não foi a única coisa que fiz subir por aqui – a mão direita de direcionou-se ao membro entumecido de , apertando-o levemente – E sabe de uma coisa? Não é só a sua janela que está molhada.
Em questão de segundos, só percebeu que estava imprensada com as costas na janela quando sentiu o contato gélido e bruto do vidro contra o pano de seu sobretudo. A respiração quente e levemente ofegante de batia em seu rosto e seus olhos castanhos estavam tomados pela luxúria. A mão esquerda de subiu lentamente pela coxa de , que se arrepiava pelo contraste entre as temperaturas de ambas as peles. Ao sentir o meio das pernas de desnudo, acariciou levemente sua intimidade, enquanto dirigia a outra mão para desabotoar o sobretudo que tanto o incomodava.
- É claro que você está sem nada por baixo... – ele disse com a voz baixa e sussurrada, abrindo o sobretudo, sem tirá-lo, ainda, do corpo da garota.
Ela apenas mordeu o lábio e suspirou enquanto os dedos dele brincavam com seus mamilos entumecidos. A mão que permanecia no meio de suas pernas começava a lhe massagear devagar seu clitóris, estimulando-a diretamente. , por vezes, escorregava seus dedos até a entrada molhada, apenas provocando e voltando para deslizar e massagear o ponto de prazer da garota. recostou sua cabeça na janela e entreabriu seus lábios, respirando um pouco mais pesado e deixando leves gemidos escaparem por vezes. Ele aproveitou-se da posição para distribuir beijos e mordidas pelo pescoço e colo expostos de .
- ... – ela gemeu.
estava tão mergulhado no momento quanto ela. Ele queria mais. Queria mergulhar sua cabeça entre as pernas dela, sentir seu sabor, fazê-la gozar em sua boca, em seus dedos, em seu pau. Foder a garota até que ambos esquecessem seus próprios nomes ou onde estavam. Sentir a boca de chupá-lo da maneira que só ela sabia como fazer. Assistir enquanto ela se contorcia de prazer abaixo dele. Ele sentia seu próprio membro necessitado de contato, mas não o faria antes de dar a o que ela precisava.
Os dedos dele deslizaram para o interior da garota, criando um ritmo de vai e vem enquanto a outra mão descia dos seios para se posicionar sobre o clitóris. Ambos os ritmos permaneceram constantes, enquanto a respiração de se tornava ainda mais pesada e suas mãos se fechavam em punhos contra a janela. sabia que ela não seguraria um gemido mais alto quando chegasse ao orgasmo e que, com certeza, alguém ouviria. Ele tratou de beijá-la de maneira voraz. Um beijo enérgico, sujo, intenso, que refletia o relacionamento deles até então. O gemido do orgasmo de saiu sufocado entre aquele beijo, porém ainda audível para , lhe trazendo satisfação. De qualquer forma, mesmo não ouvindo, pode sentir as contrações em seus dedos que estavam dentro dela. Ele sorriu entre o beijo, sentindo a respiração ofegante e quente da garota bater em seu rosto.
retirou seus dedos devagar de dentro de e afastou a mão que acariciava seu clitóris após diminuir a massagem aos poucos. Levou os dedos que estavam dentro da garota até sua própria boca e os sugou, sentindo o gosto que para ele era maravilhoso. , ainda um pouco grogue, pegou a outra mão de e a direcionou para sua boca, sugando os dedos que antes lhe estimulavam como se fossem a melhor coisa que teria em sua boca... Até então.
- Sente na cadeira sua cadeira, chefão – ela sussurrou – Vou te dar o seu prêmio.
Ele riu brevemente, direcionando-se para a sua cadeira e sentando-se enquanto abotoava seu sobretudo novamente e se recompunha. Ela caminhou devagar até a mesa, já fazendo seu cabelo em um coque alto. Ele se afastou um pouco da mesa onde estava para dar espaço a , que se pôs de joelhos diante a . Apenas aquela posição assumida por ela já fazia a cabeça dele rodar.
se aproximou das pernas de e levou suas mãos até os joelhos do homem, separando-os devagar. Subiu seu toque por ambas as coxas, esbarrando propositalmente no membro em evidência no pano e demorando-se em seu toque por ali. relaxou sobre a sua cadeira e fechou os olhos, ao passo em que ia liberando seu membro da calça e o acariciando antes de colocá-lo em sua boca. Ele suspira em alívio quando sente a boca quente e úmida envolver a glande e deslizar pela extensão de seu pau. Uma de suas mãos fixou-se no cabelo de , acariciando-o e, por vezes, puxando-o para ditar o movimento que gostaria.
estava em êxtase, de olhos fechados e largado na cadeira, sem perceber que um oficial se aproximava de sua sala até ouvir alguém bater na porta. Ele deu um pulo e viu o oficial Listing rindo pelo vidro do escritório. reclamou, mas logo congelou em sua posição. , pensando rápido, fez um gesto para que ela fosse para debaixo da mesa, enquanto ele se ajeitava para parecer um pouco mais “composto”. Deu a permissão para que Listing entrasse e ele assim o fez.
- – Listing cumprimentou com um aceno de cabeça, sendo devolvido por – Precisava tratar com você alguns assuntos, mas acho que atrapalhei o seu sono.
- Ah... – ele podia ouvir rindo baixo e apertando seu tornozelo. Ele só bateu o pé para mandá-la parar, tentando não chamar a atenção de Listing – Sabe como é, não tenho dormido muito bem – ele coçou a cabeça, apontando para os papéis em cima de sua mesa.
- Nem me fale – Listing se aproximou para sentar na cadeira a frente de , porém notou um par de botas pretas ao lado da cadeira – E essas botas?
Tanto como arregalaram os olhos.
- Rebecca pediu pra deixar aqui – ele lançou a primeira desculpa que lhe veio à mente – Ela estava em interrogatório e, como estavam molhadas, ela não quis guardar no armário e pediu pra deixar aqui. Sabe como é, até acabar meu horário de descanso, elas estariam pelo menos úmidas.
- Entendo... – Listing respondeu desconfiado – Bom, não vou atrapalhar seu descanso. Depois conversamos.
- Até mais tarde – acenou com a cabeça, observando todo o percurso de Listing até o final do corredor onde não mais poderia vê-lo – Sobe, pirralha – cutucou – É melhor você ir.
- Ei! – ela fez uma carranca pelo apelido – Quase hein, velhote?!
- Calada – ele respondeu, irritado por não ter finalizado como gostaria.
- Relaxa, delegado – levantou-se e apoiou-se sobre a mesa – Vá me ver antes de o trem partir hoje. Quem sabe não te faço um agrado além desse – a garota piscou pretenciosa e não pode deixar de rir.
- Você vai mesmo? – ele perguntou, levantando-se para se recompor e abotoar a calça.
- Sim, eu estava falando sério – arqueou a sobrancelha – Hollywood aguarda sua maior estrela no mundo do crime – ela gesticulou exageradamente, tentando dar um tom teatral e cômico ao que dizia, porém isso não foi o suficiente para evitar a carranca de – Relaxa, eu vou me cuidar.
Ela saiu de perto da mesa e pegou seu par de botas, sentando-se sobre a cadeira para calçá-las. andou pelo ambiente da sala, um pouco perdido em seus pensamentos novamente. Ele não mais veria , ela estava indo para o outro lado do país e, dessa vez, era de verdade. O que ele poderia fazer sobre isso? “Nada”, respondeu para si. deveria viver sua vida normalmente e ele não tinha nada a ver com isso.
- Promete que vai me ver antes de eu ir? – ela perguntou, acordando-o de seus devaneios. Ele virou-se para encará-la.
As mãos de foram ao rosto de , acariciando ambas as bochechas. Ela, por sua vez, fechou os olhos em deleite. aproximou-se de e depositou um selinho demorado em seus lábios.
- Eu não posso prometer – ele respondeu, sentindo uma retração no corpo de após a resposta negativa.
- Tudo bem – ela sorriu, porém parecia decepcionada – Então, acho que posso me despedir de você por aqui.
sequer teve tempo de pensar quando sentiu os braços de enlaçarem em sua nuca e seus lábios sendo pressionados em um beijo apaixonado. Ela o abraçava com paixão e a energia que fluía entre ambos parecia palpável. finalizou o beijo com uma leve mordida no lábio inferior do homem, logo se afastando.
- Te vejo por aí, velhote – ela piscou, abrindo a porta da sala e saindo sem olhar para trás.

(...)

sabia que não apareceria, mas sua mente insistia em gritar que ele viria para vê-la, pelo menos uma última vez. No entanto, nem o maquinista e nem os passageiros esperariam por esse momento e ela precisava atender o último chamado de embarque. Ela suspirou pesadamente e seguiu até a entrada do trem, entregando seu bilhete, adentrando e seguindo até a cabine que dividiria com mais quatro pessoas até Los Angeles.
Seu humor não estava o dos melhores. Ao mesmo tempo em que realizava seu sonho, estava frustrada por deixar para trás sem uma despedida decente. Jogou-se em seu assento e colocou seu fone de ouvido, encarando a paisagem da estação enquanto o trem não partia. A cabine logo encheu-se com as três pessoas restantes e o trem começou a andar.
não percebeu quanto tempo passara até que um dos passageiros lhe cutucasse e ela percebesse a presença de dois policiais de Nova Iorque em sua cabine. “Ah, caralho”.
- ? – o policial questionou a garota sentada no banco.
- De novo essa merda, Listing? Você sabe que sou eu – ela revirou os olhos – Todos vocês sabem.
- Eu preciso que os senhores deixem a cabine por alguns instantes – o policial se dirigiu aos outros três passageiros que ocupavam os assentos.
Os passageiros, temerosos e curiosos ao mesmo tempo, deixaram o recinto levando suas pequenas malas a tira colo e com um olhar julgador e pesado a figura de . A garota apenas deu de ombros e se acomodou melhor no banco, agora vazio, que ocupava, apoiando suas costas na janela e colocando suas pernas apoiadas no assento ao seu lado.
- O que foi? – ela perguntou, já com um tom entediado.
- Não sei o que você fez com o para ele inventar essa loucura, mas é melhor vocês não enrolarem muito e nem fazerem muito barulho.
Ele saiu da cabine, junto com os outros quatro policiais e ficou sem entender por alguns instantes. “O que eles estão fazendo?”, pensou. Contudo, suas dúvidas foram parcialmente sanadas quando viu adentrar a cabine e trancar a porta. Ela não pode deixar de sorrir quando o viu deslizando as cortinas das janelas que davam para o corredor, impedindo toda e qualquer visão de quem transitasse por ali.
- Vem cá, baby – ele disse em tom baixo, cruzando seus braços e adquirindo uma pose mais dura.
- Você ficou louco, não é, ? – ela disse sem tirar o sorriso do rosto, levantando-se e se aproximando do homem. Logo envolveu seus braços no pescoço dele e lhe deu um selinho breve.
- O que eu posso fazer? Estou perdendo a cabeça por sua causa – ele respondeu, direcionando suas mãos para a cintura dela – Eu nunca – ele paralisou a fala para direcionar seus lábios ao pescoço da garota – Nunca... Nunca... Nunca... Nunca mais fui o mesmo depois de você – o homem dizia enquanto intercalava sua fala com beijos e mordidas na pele de . Ela, já mole em seus braços, suspirava – Eu estou ficando louco por você, . E, dessa vez, você não vai me provocar e simplesmente ir embora.
- Tá esperando o que, delegado? – ela respondeu, fechando os olhos e com a voz já aveludada por deixar se levar pelo momento – Eu quero saber todos os meus direitos.
O trem seguiu seu percurso normalmente até a próxima parada e, dentro desse intervalo, era impossível para segurar seus gemidos enquanto a levava a loucura. Os barulhos dos gemidos e dos tapas estalados que ele dava não eram muito bem abafados pelas paredes finas entre as cabines. - “Mas é melhor vocês não enrolarem muito e nem fazerem muito barulho”. Falar com uma porta seria mais eficiente – bradou o oficial Listing.
- Deixa o aproveitar – respondeu o companheiro, com humor em seu tom de voz – Ele está nos devendo uma das boas.
- Uma não, várias.
Depois de um bom tempo, os barulhos finalmente se cessaram, correspondendo juntamente com o aviso do maquinista de que o trem chegaria a próxima estação em vinte minutos antes de seguir viagem para Los Angeles. e estavam ofegantes e suados, completamente destruídos, porém mantinham o sorriso de satisfação. admirou os traços da garota e seu cabelo desgrenhado espalhado pelo assento. Não resistiu e beijou carinhosamente a testa dela, que fechou os olhos ao ato de carinho.
- Nunca mais vamos nos ver de novo? – ele pergunta, acariciando a bochecha dela.
- Quem sabe no meu próximo julgamento em Los Angeles – piscou, rindo em seguida da expressão carrancuda de – Mas nenhum delegado vai me domar como você, meu bem.
- Quer dizer que domei a fera? – arqueou a sobrancelha.
- Ninguém doma a fera totalmente – respondeu, dando uma leve mordida no lábio inferior dele – Mas ela pode ter um domador o qual esteja mais disposta a colaborar.
- , você é oficialmente louca – ele riu, dando um selinho demorado em seus lábios.
- Só se for por você, delegado. Completamente louca por você.

Nota da autora: Sem nota.

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