13 de Novembro, 2016
Quando eu olho nos seus olhos, eu posso ver um amor reprimido.
Mas, querida, quando te abraço. Você não sabe que eu sinto o mesmo?
– Acho que alguém teve uma ótima noite – disse sorrindo maliciosa
– O que seria uma ótima noite? Se forem as que eu tenho, então, cara colega, tenho que lhe desapontar – mexi no meu café aleatoriamente
– Qual é, ? E esse sorriso enorme no rosto?
– Eu não posso deixar meu pessoal atrapalhar meu profissional, não é porque um é uma merda que devo trazer para o outro.
– Outch! Eu não precisava dessa – falou erguendo as mãos em rendição – o que foi dessa vez?
– O de sempre: "estou atrasado" – fiz sinal de aspas com as mãos.
– Então por que não chuta ele logo? – questionou.
– Eu não sei – respirei fundo – acho que o comodismo sempre foi meu companheiro nessa relação.
– Ei, você nunca ficará sozinha, tá legal? Você tem a mim e eu não quero que você sofra, você não chegou até aqui pra desistir, você é mais forte que do pensa – limpou minhas lágrimas.
– Tudo bem... bom, vamos parar com esse choro que minha hora de almoço já se foi.
– Vou falar com o Richard, esses nossos horários não estão me agradando – reclamou
– Boa sorte com sua cirurgia – dei um beijo em sua testa e fui rumo à minha ala.
– Tia – Kevin, um garoto de seis anos, me gritava
– Como vai, senhor Bruce Wayne? – apertei seu nariz
– Shii! Não pode falar alto, vão me descobrir – cobri a boca – Mamãe disse que o papai vai me fazer uma surpresa bem grande – seus pequenos olhos brilhavam.
– Eu quero que me conte tudo dessa surpresa mais tarde, meu amor – Kevin era uma criança maravilhosa, há cerca de um ano ele caiu do balanço de um parquinho e ficou desacordado, então quando foi trago para o hospital foi descoberto um tumor em seu pequeno cérebro – A tia agora vai ter que ir para a sala dela, mas qualquer coisa puxe a cordinha vermelha.
O dia passou rápido ali sem nenhuma emergência pelo resto da tarde, nem sinal de , faltavam apenas minutos para o horário acabar e minha mente vagou por onde estaria , provavelmente em algum canto sempre atrasado, o fato era que tudo já estava acabado e eu só enxerguei agora.
– – fui tirada dos meus pensamentos – ainda aqui, querida?
– Acho que dormi em pensamentos, melhor eu ir, deve estar preocupado – vi um sorriso amarelo surgir dos lábios de Richard.
– Até mais, filha
13 de Novembro, 2016 - 21h00min
Pois nada dura para sempre e ambos sabemos que corações podem mudar.
– Onde você estava? – me perguntou
– Bom, naquela festa do hospital que eu tinha te falado há dois meses
– Achei que você não quisesse ir
– Não queria, mas ficar sozinha também não era uma opção – falei andando na direção do quarto sendo seguida pelo mesmo.
– Eu cheguei mais cedo hoje e pensei se você queria ir ao cinema, mas você não estava, seu celular só caia na caixa de mensagem, fiquei preocupado.
– Não há motivos para se preocupar, eu estava com .
– Sempre com – bufou
– Você poderia ter ligado para o Richard, ele saberia lhe responder.
– Ele não gosta de mim se você se lembra, seria mais um motivo para ele odiar seu genro adotado.
– Sua família também não gosta de mim e nem por isso eu não ia às festas de família para escutar elas falarem que você estava magro, cansado e blá...
– Tudo bem... eu, eu pedi o jantar. – Falou desconcertado olhando para o celular.
– Não vou querer, obrigada. – gritei do banheiro pronta para escovar os dentes. Assim que cheguei ao quarto pude notar o vazio, peguei meu pijama e me deitei sentindo logo em seguida a cama se afundar ao lado e um braço me puxar ao seu encontro.
– Talvez eu precise de férias – olhei curiosa – pra curtir mais esses momentos – falava enquanto desenhava algo em minhas costas. – passei tempo demais me dedicando àquele escritório, acho que mereço.
– Hm – emiti qualquer som, a fim de ignorar o rumo daquela conversa.
- Poderíamos viajar. O que acha?
– Acho que sim, tenho que ver no hospital – falei querendo acabar com aquele assunto
– Você trabalha demais, deveria pedir ferias – bufou – eles não lhe dão férias.
– Não me dão férias? – Foi impossível não ter outra reação – eu sempre tiro ferias, e sabe no que se resumem elas?! Em ficar em casa como se fosse um móvel de canto, que ninguém percebe – levantei em direção ao banheiro.
– , eu. – bati a porta com força, cortando as palavras seguintes. Sabe qual era a verdade, a verdade é que eu suspeitava que tivesse outra e o amor que eu sentia por ele me cegava. Após um tempo no banheiro, voltei para o quarto na esperança de encontrá-lo dormindo.
- Quer conversar? - perguntou
- Sobre? - respondi com outra pergunta.
- O que quiser.
- Como chegamos nisso? - perguntei vendo-o confuso. - Como chegamos nesse desastre de relacionamento? - O encarei. - Você nem ao menos fica em casa, não conversa comigo, não dá satisfação, não liga para dizer se está bem. - vomitei tudo que estava preso.
- Eu... Eu não sei. - falou confuso. - Eu passo o dia no escritório.
- O dia, a noite. - comecei.
- Eu só estou tentando garantir nosso futuro. - disse.
- Como você quer garantir nosso futuro se nem ao menos estamos tendo um presente? - questionei.
- Eu.. - tentou argumentar.
- Quando foi a última vez que saímos? Ou que vimos um filme em casa? - não obtive resposta. - Nem eu mesma me lembro disso. Como vamos levar isso para frente, se nada funciona.
- Vou tentar pegar férias e podemos fazer algo junto. - respondeu como se fosse algo simples.
-Isso não resolverá se você continuar a ser frígido. - virei para o outro lado da cama.
- Eu prometo que vou tentar trazer as coisas de volta. - notei sinceridade em suas palavras. - Eu vou mudar.
- Você já me traiu, alguma vez. - perguntei o que tanto queria.
- Não, que pergunta é essa? - desconversou.
- Por que de estar nervoso? - virei para seu lado.
- Não estou nervoso, só achei estranho. - disse evitando me olhar.
- Então o cheiro de perfume feminino nas suas roupas há um mês não quer dizer nada?
- Eu vejo pessoas todos os dias, tenho reunião, posso ter cumprimentado alguém e o cheiro ficado. - explicou
- O batom? - perguntei esperando seu argumento.
- Batom? Que batom? - arqueou a sobrancelha.
- Na blusa azul.
- Deve ter sido ao cumprimentar alguém na pressa. - segurou meu rosto. - Ei, eu não tenho nenhum motivo para te trair, acredite em mim. Amanhã será um novo dia e tudo voltará como era antes. - beijou minha testa. - Boa noite.
-Boa noite. - respondi.
15 de Novembro, 2016
Nós já passamos por isto há muito, muito tempo. Simplesmente tentando matar a dor, oh, sim.
– O que você vai fazer, ? – questionou enquanto almoçávamos.
– Eu ainda não sei, e se tudo não passar de um engano? – disse esperançosa
– Oh Deus! Eu não quero estragar seu relacionamento, mas quantas provas a mais você quer? – houve um silêncio – Você tem que escolher entre tomar uma atitude ou deixar isso para lá.
– Eu preciso pensar no que fazer – Eu já tinha tudo pensado, cada passo a seguir, tudo bem arquitetado. – Deixar para lá me parece o mais sensato.
– Espero que você saiba o que está fazendo, minha amiga. – saiu em direção ao seu bloco. O fato era que andava muito misterioso, chegava tarde e tinha um cuidado em especial com o seu celular, tirando algumas ligações no telefone de casa a sua procura.
17 de Novembro, 2016
Então, se você quiser me amar, então, querida, não se reprima.
Acordei sozinho na cama e sentindo um cheiro de chocolate enfestando o apartamento, levantei e fui rumo ao banheiro, tomando um rápido banho e seguindo em direção àquele delicioso aroma.
– Bom dia. – falei ainda entrando na cozinha
– Bom dia – respondeu enquanto se lambuzava de massa do bolo
– Acho que mereço um pouco – falei enquanto me aproximava dela
– Sem chances de dividir – falou se esquivando enquanto lambia o dedo, sorrindo marota.
– Eu quero muito um pouco e não vai ser fácil desistir – falei indo em sua direção, enquanto a mesma ameaçava fuga.
- Sai, - gritava enquanto corria envolta da mesa. - Eu não irei dividir com você. - disse quando a encurralei perto da geladeira.
- Não seja egoísta, o que custa? - exclamei e no segundo seguinte recebendo uma meleca de massa no rosto. - Você não fez isso. - falei tentando parecer bravo, passando os dedos em minha bochecha. - Corre.
- O que? - perguntou confusa.
- Isso vai ter troco. - peguei a vasilha de sua mão, ela pareceu entender o que aconteceria depois e disparou a correr.
- Venha aqui. - chamei. - Você não irá correr para sempre.
- Você disse para correr, é isso que estou fazendo. - respondeu rindo. Após correr por quase todo apartamento, a peguei quase se trancando no banheiro.
- Te peguei. - exclamei.
- Clemência. - pediu.
- Eu não tive clemência, mocinha. - falei passando massa em seu nariz.
- Aí, meu Deus. - disse antes de aquilo tudo virar bagunça e ficarmos tudo sujos. - Meu cabelo está duro. - mostrou uma mexa.
- Tenho bolo até na orelha. - limpei o local. - Eu te amo. - falei sorrindo.
- Eu também te amo. - sorriu e me abraçou. E assim ficamos até a campainha tocar.
Ou simplesmente vou acabar indo embora
Na fria chuva de novembro.
19 de Novembro, 2016
Todo mundo precisa de um tempo para si mesmo
Você não sabe que precisa de um tempo
Sozinha?
– Está pronta, querida? – perguntou pela terceira vez.
– Só falta o batom que deixei em algum lugar – falei procurando dentro do guarda–roupa
– Vamos, que eles já estão nos esperando.
– Só espero que Nathan não de muitos problemas após beber. – falei enquanto apertava o brinco em minha orelha.
– Você sabe que ele sempre faz isso. – riu – Senhora. – abriu a porta como um cavalheiro
– Lembra aquela vez que Rachel ficou literalmente presa no arbusto do gastrobar? – assentiu com a cabeça. – Seria hilário se dono não tivesse chamado a polícia.
– Foi mais hilário a cara da minha mãe ao saber que fui preso por tentativa de assalto a um arbusto.
– Nem me lembre, fiquei de castigo um mês por aquele mal entendido.
– Chegamos.
– Um Karaokê? Algo inusitado.
– Você vai adorar
A noite passou rapidamente, muitas risadas e muito desconforto quando pegava o microfone para suas performances. Como nos velhos tempos de nossas adolescências.
22 de Novembro, 2016
Sei que é difícil manter o coração aberto, quando até mesmo todos os amigos pareçam te machucar.
– Merda – xinguei em voz baixa para não acordar , que dormia, o que foi em vão.
– O que foi, ? – perguntou ainda sonolento.
– Estou atrasada – falei enquanto procurava meu celular naquela bagunça.
– Fica aqui comigo – deu espaço na cama
– Não posso, tenho exames importantes hoje e amanhã é minha folga. Além do mais, temos um jantar na casa da sua mãe amanhã.
- Ficarei aqui, na esperança de você voltar. - respondeu esparramado na cama.
(...)
Segui em direção ao meu bloco, tentando não ser percebida.
- Doutora Young? - uma voz disse atrás de mim.
- Ei, , quase me matou de enfarte. - coloquei a mão no peito
- Sabemos que minha função é bem ao contrário. - riu. - E então, se atrasou?! - jogou verde.
- O trânsito estava lentíssimo. - exclamei sem reação.
- Terrível isso. - falou em deboche.
- Sim. - concordei.
- Bom, tenho uma cirurgia em trinta minutos, nos vemos depois? - assenti em resposta. – E, , fico feliz que vocês estejam bem. - logo em seguida saiu me deixando seguir meu caminho.
22 de Novembro, 2016
O jantar parecia que nunca iria sair, já estávamos ali há uma hora e meia, o que me deixava surpresa era simplesmente a mãe de não ter feito nenhum tipo de comentário irônico ou que deixava explicito que minha presença desagradava. Tirando a parte em que a prima dele sempre se jogava em cima, estava tudo correndo bem.
- Então, , como vão as coisas no hospital? – meu sogro perguntou tentando ser simpático.
- Vão bem, embora alguns pacientes com tratamentos difíceis – fui interrompida por , a prima sem noção da família.
- Não vamos falar de pessoas doentes antes do jantar, que desagradável.
- tem razão. – disse minha sogra – Até por que o jantar já está na mesa. O jantar ocorreu com algumas risadas e um papo amigável de todos. Enquanto todos foram para sala, mãe de pediu que a ajuda-se com a louça, algo que prontamente atendi.
- Sabe, conversou bastante ontem e hoje comigo sobre esse jantar. - disse puxando assunto. - Ele me fez ver o quanto infantil eu estava sendo esses anos todos. - me entregou um prato. - A verdade é que eu sempre fui controladora com a vida de meus filhos, Nathan fez tudo que eu ditei. - soltou uma risada sem graça. - Se casou com a mulher que eu queria, me deram netos maravilhosos.
- Eu não estou entendendo aonde a senhora quer chegar? - respondi confusa.
- A questão é que desde que você chegou nessa família eu tive preconceito com você e não escondi. – revirou os olhos - Eu idealizei meu se casando com a , uma moça de uma boa família e então apareceu você, uma órfã.
- Se for me ofender novamente eu vou embora - a interrompi novamente.
- Não, eu irei ofendê-la. - disse me olhando. - Eu sempre te olhei com olhos maus e nunca lhe dei uma chance de mostrar como você era. Você faz bem para o meu filho, eu deveria te agradecer por isso e quero que me desculpe por tudo.
- Eu nunca entendi esse ódio gratuito que a senhora demostrava, claro que te desculpo, você é mãe do meu marido temos que ter uma boa relação.
- Obrigada. - me abraçou. - Vá para sala com todos, eu termino aqui e já vou. - e assim sai da cozinha me sentindo um tanto quanto confusa.
(...)
- O que tanto você e minha mãe conversaram na cozinha? - disse fechando a porta de casa.
- Ela estava falando sobre o comportamento dela comigo e me pediu desculpas.
- E você? - perguntou
- Eu não sabia o que falar, fui pega de surpresa. - falei enquanto tirava os sapatos.
- A perdoou?
- Sim, achei sincero o que ela me disse. - Falei observando ele vir ao meu encontro.
- O que acha de mudarmos de assunto? - falou rouco em meu ouvido.
- Acho uma ótima ideia. - me virei alcançando seus lábios. Senti seus dedos apalpando meu seio, coberto por um fino tecido. Sua ereção estava nítida, passei levemente minha mão sobre o local, o fazendo arfar. Logo nos livramos de todas aquelas peças atirando as em qualquer lugar daquele cômodo.
Porque nada dura para sempre
Nem mesmo a fria chuva de novembro.
25 de Novembro, 2016
- Ai, meu deus, onde arrumou essa calça? - perguntei dando crises de risos
- Aluguei. - respondeu fazendo pose
- Tenho a impressão que em algum momento ela vai rasgar, bem na sua bunda.
- E todos terão uma bela visão.
- Vamos logo para eles não perderem esse momento, então. O caminho até o local da festa foi silencioso. Quando chegamos ao local, pude notar o quão cheio estava. Nas poucas vezes que ele falou sobre as festas da empresa eu sempre imaginara algo formal e para poucos, me enganei.
- Vamos até a mesa perto de o palco cumprimentar meus amigos? - perguntou.
- Sim. - assenti, o acompanhando.
- Boa noite. - os cumprimentou, sendo respondido logo em seguida. - Esta é minha esposa . - apresentou-me.
- Ei, sou a Rachel e esse é meu marido John. - disse animada apontando para o marido. A festa foi passando rapidamente entre danças, drinks e uma boa conversa.
- Alguém quer mais bebida? - Meu marido levantou rapidamente perguntando.
- Um mojito pra mim. - respondeu um de seus colegas de trabalho.
- E você, princesa? - me perguntou
- Um Martini.
- Já volto. - falou logo se perdendo na multidão. Passaram alguns bons minutos e nada dele voltar, já estava preocupada e as pessoas um tanto quando impacientes sem as bebidas.
- Eu já volto. - Levantei nem dando tempo de resposta seguindo na mesma direção que tinha ido.
(...)
- , já disse para me deixar em paz. - exclamou
- Eu não vou fazer isso até você largar dela para ficar comigo. - tentou segurá-lo pela blusa.
- Não vou largar da por você, entenda, garota.
- Se você não se separar daquela mosca morta, eu vou até ela e conto tudo. - segurou seu rosto.
- Vai contar o que? - debochou - Você está louca, nós não temos nada e nunca vamos ter, entenda de uma vez por todas.
- O que tivemos foi o que então? - e a dúvida em relação de alguma traição foi instalada.
- Não tivemos nada. - rosnou
- Tem certeza? - perguntou a ele. - Então o que foi aquele beijo no seu escritório? O que foi aquilo depois da saída do trabalho?
- Aquilo não significou nada para mim. Você ligava na minha casa, pedia amigas para ligar me procurando tentando fazer intriga, me pressionava o tempo todo, você disse que se eu te desse um beijo me deixaria em paz. - passou a mão pelos cabelos. - E foi o que eu fiz, mas você me deixou em paz? - exclamou - Não, você foi mais além.
- Você se acha o correto colocando a culpa de uma traição em mim, você acha que ela vai acreditar nisso? - falou irritada.
- Não, a culpa é minha e eu assumo, quem tem compromisso sou eu. Fui totalmente trouxa, deveria ter dito para ela o que estava acontecendo, certamente teríamos juntos pensando em algo para dar um basta nessa situação.
- E então o que vai ser? - perguntou olhando para suas unhas.
- Eu não vou cair novamente nas suas tramas. - Me escondi venho ele passar apressado. Fui em direção ao banheiro mais próximo, precisava ligar para .
- Alô? - eu disse fechando a porta.
- ?
- Sim. - respirei fundo. - Eu preciso te contar algo - gaguejei.
- Você está chorando? - sua voz sonolenta logo deu lugar à preocupação.
- Não... Ainda.
- O que aconteceu? Onde você está? - me bombardeou
- Eu estou naquela festa da empresa. - pausei. - Eu estava indo procurar o porque ele estava demorando a voltar do bar, então escutei uma discussão dele com a prima perto do banheiro masculino.
- Prima? A ? - perguntou surpresa. - O que ela estaria fazendo ai?
- Eu não sei, talvez atrás dele, o fato é que eu ouvi toda a conversa ou parte. - fiquei em silêncio lembrando o que ocorrera há minutos atrás. - Ele me traiu com ela. - falei de uma vez. - Eu não posso acreditar no que eu ouvi.
- Eles te viram?
- Não, eu me escondi. - respondi tentando limpar as lágrimas.
- Vem pra cá, quer que eu a busque?
- Não, eu acho melhor eu ir para casa. - eu não sabia o que fazer naquele momento. - Ele disse que foi só uma vez, porque ela estava pressionando e ele foi um canalha e tentou resolver da pior maneira. Embora eu suspeitasse da traição, eu não poderia imaginar que era com ela, ele sempre a cortava na minha frente, que burra eu fui. - exclamei.
- Mas você passou por cima e vocês continuaram juntos. - disse tentando amenizar a situação. - Ele mudou por você, com quem agora não faz diferença. - Eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo.
- Faz toda diferença, antes eu era cega de amor, eu tinha medo de ficar sozinha no mundo porque eu era órfã. - fiz uma pausa. - Agora eu sou forte, não preciso mendigar nenhum sentimento de ninguém.
- Eu não estou dizendo para se oprimir, você pode conversar com ele, esclarecer.
- Eu estou com a cabeça cheia, vou para casa. - fiz uma pausa. - Depois nos falamos, tchau. - não esperei sua resposta, abri a porta e fui em direção ao espelho retocar a maquiagem. Saí do local o mais depressa que pude indo ao seu encontro no bar.
- Onde você estava? - perguntou-me
- Eu fui te procurar. - o senti tenso. - Como não achei, fui ao banheiro. - expliquei.
- Tudo bem, eu encontrei uns amigos no caminho. - mentiu.
- Quero ir embora, minha cabeça está latejando. - coloquei a mão na testa.
- Tudo bem, só vamos nos despedir do pessoal, pode ser? - segurou minha mão.
- Pode.
Mas amores sempre vêm e amores sempre vão
E ninguém tem certeza de quem vai desistir hoje
E ir embora
27 de Novembro, 2016
- Posso entrar? – disse assim que bati na porta.
- Claro, querida. – disse guardando seu óculo. – E então, o que deseja?
- Eu queria resgatar uma ferias deixada para trás.
- Vocês vão viajar? - perguntou
- O que? – não entendi.
- Você e , vão viajar para algum lugar? - -
- Não, eu quero apenas fazer uma viajem para me acalmar.
- Você está bem? - me olhou preocupado.
- Sim, só muitos casos ultimamente e muitas mortes. - tentei justificar. - Eu sei que essa profissão está sujeita a isso a todo o momento, porém eu estou muito tensa.
- Tem certeza que é só isso?
- Sim. - Tentei fazê-lo acreditar.
- Você sabe que gosto muito de você. - segurou minhas mãos. - Nos conhecemos na faculdade, vi tudo que você passou para chegar até aqui, te acolhi como minha filha e você sabe que você é minha filha sim.
- Eu sei, eu agradeço tudo que o senhor fez por mim. Por ter me ajudado desde quando eu fiquei sem onde morar, ir sem comer para faculdade e então você surgiu me ofereceu casa, me ''adotou''. Muito obrigada. - limpei minhas lágrimas.
- Eu vou ligar para Matilde anotar suas férias, então. - Limpou suas lágrimas. - Eu te amo muito, minha filha, sempre o que precisar eu estarei aqui. Estarei esperando por você para me contar o que está acontecendo quando estiver pronta.
- Eu também te amo muito, pai. - Levantei. - Prometo te contar depois.
29 de Novembro, 2016 – 10h00min
– Você vai mesmo ir embora? – me questionou assim que entrou em minha casa.
– É final de novembro, , é o final de tudo – disse enquanto arrumava as malas
– Não precisa ser assim, olha para mim, . – Continuei o que estava fazendo – Olha para mim, . Olha, ! – A encarei com os olhos cheios de lágrimas – Não me diga que tudo isso não passou de uma vingança, não me diga que você não o ama mais. Você está louca, , pelo amor de Deus!
– Eu não estou louca, , isso não existe mais, o amor foi morto e não foi uma vingança. – respirei fundo. – Eu não aguento mais, , eu não aguento mais fracassos – chorei enquanto abraçava meus joelhos.
– , não faz isso, dê–lhe outra chance, ele está mudado.
– Eu não posso, sinto muito. – logo em seguida ouvi a porta bater
Olá, você pode me ouvir?
Estou na Califórnia, sonhando sobre quem costumávamos ser.
Quando éramos mais jovens e livres
Eu esqueci como era antes do mundo cair aos nossos pés
Há uma diferença entre nós
E um milhão de milhas
Tudo ali me sufocava, aquele cheiro, aquelas fotos, aqueles sorrisos, tudo que um dia já existiu e que hoje só restaram as cinzas e uma memória dolorosa. O adeus nunca dito, mas que sempre ficou preso em minha garganta agora gritava e me arranhava para sair, eu não voltaria atrás jamais, permaneci um bom tempo olhando todos os detalhes daquele quarto.
Olá do outro lado da linha
Pelo menos eu posso dizer que eu tentei te dizer
Me desculpe por partir seu coração
Mas não importa claramente isso não te machuca mais
Escutei o taxi buzinar, eu iria embora sem magoas, sem ressentimentos e eu voltaria, voltaria quando estivesse pronta, voltaria para minha vida, minhas crianças e meus amigos.
– Para onde a senhorita vai? – Perguntou arrumando o retrovisor.
– Santa Barbara Aeroporto, por favor. – pela janela do carro pude notar as pequenas gotas de chuva caindo, tudo estava normal... era novembro.
Anymore
29 de Novembro, 2016 – 19h00min
Por
– Senhor , poderia assinar esses papéis? – minha secretária falava ao entrar na sala
– Olga, poderia ser outro dia?! Eu agora tenho que ir pra casa – falei arrumando meu cabelo, sorridente – Vou passar em uma floricultura e a chamar pra jantar, hoje fazemos três anos de casamento.
– Vai, meu filho, então na quarta estará na sua mesa – eu estava tão feliz, esse último mês pude perceber o quão babaca eu estava sendo com . Eu havia errado pensando que se fizesse o que me pedia ela nos deixaria em paz, agi como um tolo esse tempo todo me afastando de , me remoendo com toda aquela culpa. Estacionei o carro em uma floricultura próxima ao nosso apartamento, escolhi um buquê de rosas vermelhas, parecia que quanto mais eu me aproximava de casa mais eu estava longe. Na verdade eu estava ansioso para vê–lá, dizer o que eu a neguei por tanto tempo, ama-la e recuperar o tempo perdido. Assim que estacionei o carro percebi que o porteiro vinha em minha direção.
– Senhor , essas encomendas chegaram hoje para o senhor
– Estranho, elas deveriam ir para o escritório – franzi o cenho
– Eles tentaram entregar lá, mas como não foram recebidos, veio para o endereço secundário – falou enquanto analisava as caixas.
– Poderia pegar mais tarde? – perguntei quase sem esperar a resposta
– Claro – mal escutei a sua voz e sai em direção ao elevador, apertando o número dezessete umas duas vezes.
Assim que entrei em casa havia um silêncio total, a cozinha estava vazia, na sala alguns retratos caídos no chão, vidros esparramados para todo chão e o nosso retrato da mesinha estava deitado me aproximei e o virei, sua aliança com um pedaço de papel com aquele nome, . Ela havia descoberto.
– ! ! – peguei aquele papel e sua aliança – , você está ai em cima? Eu estou indo ai! – mesmo temendo o que poderia ter acontecido, subi os degraus com esperança de ser apenas um mal entendido – , me diga que é brincadeira! – abri a porta do quarto e ele também estava vazio, espalhado pela cama ainda restavam fotografias de nosso casamento e seu cheiro estava impregnado por todo local e que eu tinha certeza que demoraria a sair, sair daquele cômodo, das roupas da cama, mas nunca sair da minha cabeça, guarda-roupa aberto e sem nenhuma peça. Não haveria volta, esse era um "adeus" e não um "até logo", não havia perdedores e nem ganhadores, apenas corações machucados.
E nós dois sabemos que corações podem mudar
(...)
Mas amores sempre vêm e amores sempre vão
E ninguém tem certeza de quem vai desistir hoje
E ir embora
(...)