CAPÍTULOS: [1]





Should I Stay Or Should I Go






Última atualização: 20/06/2017

Capítulo 1


Se eu for, haverá problemas
E se eu ficar, haverá o dobro
Então você tem que me dizer
Devo ficar ou devo ir?
Should I Stay or Should I go – The Clash

Eu nunca saberia dizer com certeza o exato momento em que eu perdi não apenas a sanidade mental, como qualquer resquício da dignidade e responsabilidade que me restavam. Ou talvez eu apenas nunca os tivesse tido em primeiro lugar. Afinal, era muito mais fácil manter a postura de pessoa inteiramente madura ao invés de assumir o seu verdadeiro papel como a porra louca da família.
De qualquer forma, ali estava eu. Parada em frente à porta de vidro fosco que levava ao setor de Tecnologia da Informação da empresa, muito provavelmente prestes a protagonizar a cena mais ridiculamente vergonhosa da minha vida e a mandar aquele mais querido foda-se não apenas para o meu emprego como também a toda a estabilidade financeira que eu havia conquistado nos últimos três anos. Tudo para provar um ponto às minhas amigas e ganhar uma aposta.
Pensando bem, a ideia de que eu nunca fora inteiramente responsável agora me soava cada vez mais provável.
Deixando escapar um suspiro pesado, apertei o notebook contra o peito mais uma vez, sentindo-me profundamente arrependida por ter negado a dose do whisky que Alice oferecera dez minutos mais cedo, quando ela e Marlene surgiram para me desencorajar de tentar cumprir o combinado que havíamos feito em meio a muitas doses de tequila no último final de semana.
Obviamente que eu poderia ter aceitado - fosse o álcool ou a oferta de desistência -, mas se havia algo que eu odiava mais do que lidar com as propagandas que surgiam a cada cinco minutos quando eu tentava assistir os episódios das minhas séries na televisão, esse algo era, sem dúvidas, a imagem de garotinha frágil que as pessoas costumavam atribuir a mim até o final de minha adolescência.
Pobre , com seus cabelos indomáveis, baixa estatura e problemas familiares. Tão indefesa e incapaz de cuidar de si mesma sem ajuda.
Bom, universo, considerando meu atual cargo de parceira júnior em uma das empresas de advocacia mais importante do país aos vinte e quatro anos, aqui vai o meu mais belo foda-se para você.
E provavelmente para esse mesmo emprego fodidamente maravilhoso.

- Vamos lá, . Você consegue. - Falei baixo ao encarar o reflexo distorcido que o vidro proporcionava, uma ridícula tentativa de transmitir ao meu interior a mesma postura decidida que eu adotava em meu exterior.

Falar era sempre muito mais fácil do que de fato fazer.
Parte de mim também estava bastante surpresa por ninguém ter aparecido ainda, fosse para me expulsar do local ou para perguntar se estava perdida e precisava de ajuda. Estava tão acostumada com o movimento constante no setor de processos legais que a monotonia e silêncio no sétimo andar estavam começando a me causar leves calafrios.
Vamos fingir que os arrepios eram causados pela minha primeira vez naqueles corredores e não pela expectativa de finalmente encontrar em um ambiente que não fosse o escritório que eu compartilhava com minhas duas amigas. Existe um limite de vezes que você pode infectar seu notebook com os mais aleatórios vírus sem chamar atenção para o fato de que tudo o que você quer mesmo é foder o cara da T.I.
Não que as meninas já não tivessem presenciado a tensão sexual que nos rondava sempre que ele aparecia ao meu socorro - vide a aposta ridícula que havíamos feito enquanto estávamos bêbadas - mas porque qualquer, qualquer tipo de relacionamento amoroso entre funcionários era terminantemente proibido. O que tornava a situação toda muito mais excitante e a tarefa de não clicar nos infinitos links errados que vibravam na minha tela ao tentar baixar a mais nova atualização do The Sims, muito mais complicada.
Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu infinitamente mais atraído por alguém apenas por saber que aquilo era proibido.

- ? - Chamei, logo após finalmente reunir a coragem suficiente para empurrar a porta e adentrar o ambiente vazio, ocupado somente por uma série de escrivaninhas pretas que contrastavam com as paredes brancas daquela área tão tecnológica e distinta do restante do prédio.

Repeti o chamado alguns segundos depois ao notar o silêncio que se seguiu. Já passava das dezenove horas e o expediente já havia sido finalizado para a grande maioria dos funcionários do meu setor - o que me levava a crer que a situação era a mesma para todas as outras áreas. Talvez eu tivesse sido sortuda o suficiente para não encontrar ninguém.
Alice e Marlene não poderiam me forçar a assumir a limpeza do apartamento pelo próximo mês se o alvo de nossa aposta não estivesse no recinto quando eu tivesse ido procurá-lo. Eu poderia culpar as forças cósmicas por essa e então prosseguir com a minha vida como se nada tivesse acontecido.

- Srta. ?

Ou não.
O rapaz, que se encontrava no extremo oposto do cômodo, pareceu bastante surpreso por me ver ali e eu não podia culpá-lo, nem eu estava acreditando na minha própria cara de pau.
“Certo, . Hora de fingir que você veio até aqui para salvar seu computador e não para sair do zero a zero”. Eu precisava provar para minhas amigas que não era sempre a pessoa passiva em meus relacionamentos e que podia sim tomar atitude ao invés de esperar pela manifestação dos outros. Minha dignidade dependia - e muito - do sucesso do diálogo que viria a seguir.
E o meu emprego, do total oposto.

- Oi! - Cumprimentei sem graça, aproximando-me com cuidado para não cometer nenhum acidente que me levasse a pisar em falso e acabar dando de cara com o chão. - Eu sei que é tarde, você está muito ocupado?

Por favor, diga que sim. Por favor, diga que sim.

- Na verdade não. - respondeu, parando de digitar algo em seu computador para então me fitar com certa preocupação no rosto. Ao notar o aparelho que eu carregava, no entanto, não conseguiu esconder um sorriso torto. Maldito seja o universo por concentrar tamanha sexualidade num único ser humano. - O que aconteceu? Não me diga que abriu outro email da sua tia.

O cretino sabia tão bem quanto eu - e provavelmente qualquer um que se desse ao trabalho de prestar atenção - que meus chamados não eram frutos apenas do meu uso descuidado da internet. A tensão que se estabelecia a cada vez que ele se inclinava sob minha mesa para salvar minha máquina podia ser sentida até na portaria do edifício comercial.
Pelo menos era aquilo que eu imaginava, afinal, porque outro motivo se daria ao trabalho de aparecer à minha porta toda santa vez que eu surgia com uma emergência ao invés de simplesmente me dizer pelo interfone “por acaso você já tentou ligar e desligar o aparelho?”, assim como ele fazia com todos os outros? A atitude desentendida dele ao me vê ali não enganava ninguém. não só tinha plena noção do que estava acontecendo como ainda tinha a cara de pau de me provocar quanto a isso.

- Na verdade, não. - Respondi, fingindo que não havia notado o olhar divertido que ele lançara em minha direção e pousando o notebook em sua escrivaninha mesmo sem convite. - Mas eu recebi esse aviso sobre atualização do software. – Comentei, apontando para um balãozinho que surgira em minha tela. - E em seguida um alerta do antivírus, então achei mais seguro checar antes de ir para casa.
- Fez bem. - Ele confirmou com uma piscadela e então me fitou diretamente nos olhos com tamanha intensidade que eu precisei de certo esforço para esconder os arrepios que me atingiram. Filho da mãe. - Eu posso dar uma olhada agora ou você pode deixar e eu verifico no final de semana.
- Imagina. - Falei espantada, sem realmente acreditar no que ele estava oferecendo. - Eu moro do outro lado da cidade, jamais faria você passar por todo esse trabalho só por causa de um vírus.

Meu comentário arrancou uma risada rouca dele.

- Não, . - negou com a cabeça em descrença e eu logo senti a incômoda e familiar ardência espalhar-se por minhas bochechas. - Eu quis dizer que posso ficar com o seu computador até segunda-feira, se não quiser esperar.
- Ah! - Exclamei sem pensar e se antes eu havia corado por imaginar ter sido rejeitada, agora eu não tinha dúvidas de que o motivo era a vergonha por enxergar segundas intenções em uma inocente oferta de prestação de serviços.

Se existisse algum prêmio de maior fora da atualidade, eu com certeza seria uma excelente concorrente. Além de sem noção, eu estava soando ridiculamente desesperada.

- Não me importo de esperar. - Respondi por fim. A ideia de que pudesse se aventurar em meio à minha pasta de memes e fotos aleatórias durante sua folga não me soando nem um pouco apelativa.
- Tudo bem. - Ele soltou um suspiro, passando uma das mãos descuidadamente pelos fios já bagunçados de seus cabelos em seguida. A cena, além de aumentar o calor que eu já sentia, também me deixou bastante consciente do fato de que talvez eu estivesse lhe incomodando. - Eu interfono para a sua sala quando terminar.
- Já terminei por hoje. - Comentei, sem esconder o alívio em saber que teria dois dias livres pela frente. - Você se importa de eu esperar por aqui?
- Nem um pouco. - concordou com uma expressão calorosa e então fez sinal para que eu me sentasse também.
- Obrigada. - Agradeci, puxando uma das cadeiras de rodinha para mais perto e sentando-me à sua frente. - Não duvido que a McGonagall me dê algum serviço extra, caso me encontre pelos corredores depois do expediente.
- Tem razão, é mais seguro ficar por aqui. - riu fraco ao voltar-se para o meu notebook. Ele não precisou perguntar sobre a senha, tamanha era a frequência com a qual vinha trabalhando em minha máquina nos últimos meses.

Ele passou uma das mãos pelo cabelo de forma distraída enquanto com a outra usava o mousepad e eu me pus a observar sua feição concentrada.

- Não é um cavalo de troia dessa vez. - Ele disse bem humorado, fazendo menção ao vírus com o qual eu vinha infectando minha máquina com frequência.
- Essa é novidade. - Fingi estar surpresa, o aviso a que eu me referira antes nem existia. Eu duvidava muito que pudesse encontrar qualquer coisa fora do normal. - Algo grave?
- Parece que não. - Ele permaneceu sem desviar a atenção da tela. A forma como seus olhos contraíam-se por detrás das lentes de contato lhe atribuíam tamanho charme que eu não duvidava que pudesse suspirar caso continuasse o observando por muito mais tempo. - Seu software está atualizado, tudo em ordem por aqui.
- Ótimo. - Agradeci ao passo em que fechava a tampa do computador e o estendia em minha direção. - Muito obrigada, .
- Sempre ao seu dispor, senhorita.

Céus, aquela frase, aquele sorrisinho que transparecia inocência e prontidão em seu rosto. Não era possível que eu fosse a única a notar o duplo sentido algum ali.
Tomada de uma coragem que eu não fazia ideia de onde surgira, eu me impedi de andar em direção à porta, atraindo sua atenção.

- Tem um pub muito legal a algumas quadras daqui.
- É mesmo? - indagou com o cenho franzido em uma ridícula tentativa de fingir não entender o objetivo daquela afirmação em específico.

Tentei não rolar os olhos ao perceber que teria de ser mais direta do que aquilo.
Aparentemente, eu precisaria ser mais explícita do que aquilo.

- Sim e eu estava pensando… - Seus olhos encontraram os meus e eu sabia que estava corando outra vez. - Nós podíamos ir lá, qualquer dia desses.

arregalou um pouco os olhos, parecendo surpreso com a minha ousadia em realmente verbalizar a proposta.

- Senhorita ... - Ele começou a dizer, soando um tanto chocado e sem palavras. Foi a minha vez de arquear as sobrancelhas em sua direção, apenas esperando o que viria a seguir. - Nós somos colegas de trabalho.

Estava aí a frase que me impedira de aproximar-me dele desde o início. Desnecessário dizer que parecia muito mais conformado com a existência dessa proibição do que eu jamais estivera.

- Sim, é claro. - Deixei escapar uma risada nervosa antes de levantar e apanhar o notebook. - Onde é que eu estava com a cabeça, não é mesmo?

Provavelmente enfiada no mesmo buraco que toda a minha dignidade.

- Eu sinto muito, . - disse, fitando-me com preocupação evidente. - Mas são as normas.
- Eu sei. - Suspirei cansada, preparando-me para reunir os resquícios de amor próprio que me restavam para dar as costas e caminhar em direção à porta. Eu não havia dado três passos quando a indignação me atingiu. Afinal, se não pretendia levar aquilo adiante, por que raios havia correspondido aos flertes desde o início?

Foi nesse momento que eu resolvi jogar a merda toda no ventilador.

- Quer saber? Eu não sou inocente, . É claro que eu sei que qualquer envolvimento entre funcionários é proibido. - Meu tom de voz subiu algumas oitavas e arqueou uma das sobrancelhas ao me ver pousar o notebook sobre sua mesa uma outra vez. - Mas você sabe tão bem quanto eu que ninguém respeita essa merda! Por Merlin, o supervisor de finanças tem um caso com a coordenadora de administração há anos e ninguém nunca falou nada! E talvez você seja responsável demais para fazer como eu e arriscar jogar tudo para o alto só por causa de uma maldita tensão sexual que existe entre a gente. Mas eu sei que você não é idiota, , você sabe que tem alguma coisa acontecendo aqui e se segue me provocando mesmo sabendo que não vai ceder por respeito às regras, então você não passa de um tremendo cretino. Porque por Merlin, , eu sou humana! E diferente de você, eu não vou conseguir aturar esse joguinho por muito mais tempo sem tomar alguma atitude. Então que o universo me ajude, , mas eu preciso que você saia do meio termo e me diga o que quer, porque pra mim tudo se resume a duas palavras. Mas a escolha é sua, : vou ou fico?

O silêncio prosseguiu durante alguns segundos, enquanto nos fitávamos. O meu peito subindo e descendo enquanto eu arfava na tentativa de recuperar o ar e controlar a expectativa que me consumia.

- Bom, acho que tenho a minha resposta. - Murmurei, sem esconder a frustração ao abaixar-me para pegar o notebook outra vez e seguir rumo à porta.
- Você fala demais, . - A voz soou tão baixa que ao virar em sua direção e notá-lo tão próximo de mim, pude sentir todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.
- E você age de menos, . - Provoquei incapaz de decidir se fitava seus olhos ou sua boca, entreaberta e chamativa.
- É isso o que você acha? - Ele sussurrou em um tom desafiante, arqueando uma sobrancelha ao retirar o computador de meus braços para então pousar suas mãos em minha cintura.

Estávamos tão próximos que eu não duvidava que minhas pernas pudessem declarar anarquia e levar-me ao chão, incapazes de sustentar o peso do meu próprio corpo.

- Eu não acho, . - Respondi no mesmo tom petulante, antes de aproximar-me o suficiente para morder seu lábio inferior e puxá-lo com mais força do que o necessário. - Eu tenho certeza.

A intensa troca de olhares durou apenas um instante e pareceu ser o incentivo que lhe faltava. Pois no momento seguinte nossos corpos se encontraram e foi como se tudo explodisse à minha volta.
Sem hesitar, entreabri os lábios e permiti que aprofundasse o beijo que já começara intenso. As minhas mãos, que começaram calmas e pousadas em seus ombros, agora acariciavam sua nuca, sentindo os pequenos fios de cabelo da região arrepiarem-se ao toque e com um gemido rouco, me puxou pela cintura para ainda mais perto.

- Continua com a mesma opinião, senhorita ? - Ele sussurrou em meu ouvido momentos depois, mordiscando o lóbulo da minha orelha apenas para observar os arrepios que aquilo me causaria.

Golpe baixo, . Golpe baixo.

- Vou precisar de mais incentivo do que isso. - Provoquei com a voz rouca e em resposta pude sentir a mão que passeava pelo meu quadril aventurar-se por cima de minha saia de cintura alta e apertar minha bunda.
- Vou me certificar de providenciá-lo, então. - terminou com um sorrisinho safado e não pensei duas vezes antes de puxá-lo para ainda mais perto por um dos puxadores de sua calça e ocupar sua boca com a minha outra vez .Eu já podia sentir sua ereção crescendo contra minha pelve e aquela mísera constatação fora capaz de levar à minha mente as mais sacanas das imagens.

A mão que estava ocupada em sentir minha bunda então subiu desde o quadril, até a cintura e costelas, explorando o território por cima das roupas até encontrar meu seio escondido pelo tecido da camisa social que eu usava. As camadas de tecido de forma alguma inibiram que o calor em minha intimidade aumentasse, o que me levou a empurrá-lo para que eu mesma pudesse abrir os botões e facilitar os toques em minha pele.
Em um infame lapso de sanidade mental, implorei aos deuses que ninguém se atrevesse a entrar naquele andar, pois agora que havíamos começado, eu duvidava muito que houvesse algo no universo capaz de me fazer tirar as mãos de cima de .
Ouvi os sons de coisas sendo afastadas e caindo ao chão - eu honestamente esperava que meu notebook não estivesse no meio delas - antes de me puxar pela cintura e me colocar sentada sobre a mesa, ocupando o lugar entre minhas pernas para então eu pudesse beijá-lo outra vez.
Sem nem abrir os olhos, tateei com as mãos até encontrar os botões de sua camiseta, abrindo-os um de cada vez enquanto ele mesmo me puxava cada vez mais contra a si e eu pudesse sentir a ereção já formada perigosamente próxima de minha intimidade já pulsante. Ao terminar o trabalho, o afastei por um momento para que eu ao menos pudesse admirar a figura com quem eu vinha fantasiando há tantos meses.
Minhas mãos desceram pelo seu peitoral desnudo de , demorando-se em cada um dos músculos de seu abdômen até que meus olhos encontrassem seu rosto. Os óculos tortos, pupila dilatada, cabelos bagunçados e lábios inchados eram uma das visões mais excitantes que eu já havia visto em toda a minha vida,

- Para alguém que trabalha com computadores, você certamente não faz jus ao estereótipo, . - Comentei surpresa, arrancando-lhe uma risada baixa enquanto ele balançava a cabeça em negativa e se aproximava de mim outra vez.
- Você trabalha com a lei, . - respondeu, suas mãos tateando pelas minhas costas com tamanha maestria que eu só notei que ele havia aberto o feixe de meu sutiã quando as alças afrouxaram sob meus ombros. - Deveria saber melhor do que ninguém que não pode confiar em estereótipos.

A última parte veio em forma de um sussurro rouco acompanhado de um pequeno chupão em meu pescoço e sem conseguir pensar propriamente, cruzei as pernas ao redor de sua cintura. Lambi os lábios em antecipação antes de tirar a camisa e o sutiã de uma só vez e puxá-lo pelo queixo de encontro a mim uma outra vez, em um beijo feroz e vergonhosamente desesperado.
Suas mãos envolveram meus seios e o gemido que se seguiu foi tão espontâneo que pude notar seus lábios contraindo-se contra os meus em um sorriso antes dele intensificar as carícias em um mamilo. Um gemido saiu de minha garganta enquanto eu tateava cegamente em busca do volume entre suas pernas e o acariciava por cima do tecido.
deixou escapar um grunhido rouco que me deixou ainda mais excitada, desgrudando os lábios dos meus para então descer em direção ao meu colo. Sua língua circulou minha auréola antes de mordiscar meu mamilo e puxá-lo levemente com os dentes e eu arfei sem fazer questão de esconder o quão prazerosa era a sensação de sua boca sob o meu corpo. Eu arranhei com força suas costas ao sentir as mãos que antes passeavam por minhas coxas por fim aproximarem-se de minha intimidade.

- Meia calça, . Sério? - soou incrédulo ao finalmente dar-se conta de que havia algo impedindo seu progresso.
- Estamos em pleno outono. - Tentei me justificar, erguendo o quadril para que ele pudesse encontrar o elástico do tecido fino. - Sou humana, também sinto frio.

Ele riu antes de deslizar a meia e a calcinha pelas minhas pernas, abaixando-se para retirar também o par de sapatos de salto alto que atrapalhavam a etapa final do processo. Ele parecia prestes a arremessá-los para o outro lado do cômodo quando mudou de ideia e os encaixou novamente em meus pés.
Eu não o julgava, a ideia de sexo com salto também soava excitante demais para mim.

- O que você está… - Comecei a perguntar, ao vê-lo colocar os óculos sobre a mesa e dar um sorriso sacana em minha direção, mas fui interrompida pelos lábios dele indo de em minha panturrilha, me arrancando suspiros e arrepios conforme seu rosto subia por minhas coxas e minha pele entrava em contato com a sua barba por fazer.

O calor em minha intimidade pareceu aumentar ainda mais com a constatação que estava para vir.

- Tão molhada, Srta. . - provocou após afastar minhas pernas e deslizar dois dedos pela minha boceta, ainda sem tocar propriamente aonde deveria. Rolei os olhos com a enrolação, apenas para fechá-los com força em seguida ao senti-lo beliscar levemente meu clitóris entre seus dedos. - E pensar que nós mal começamos.
- Você também não está muito diferente, . - Lancei um olhar em direção à evidente ereção em meio às suas calças. - E pensar que eu mal encostei em você.

Sem que eu pudesse continuar com as provocações, no entanto, ele deslizou aqueles mesmos dois dedos para dentro de mim e me beijou com vontade a fim de abafar o gemido alto que eu deixara escapar.
Seus lábios então deixaram os meus lábios para distribuir beijos pelo meu pescoço, arrancando suspiros e gemidos baixos ao continuar me masturbando, de forma que eu fui obrigada a retirar as mãos de seus ombros para apoiá-las na superfície da escrivaninha ao ser atingida por uma nova onda de prazer capaz de fazer meus músculos se contraírem. A posição acabou por expor ainda mais o meu colo e não demorou a dirigir-se outra vez para meus seios, chupando-os com vontade antes de voltar a descer pelo meu tronco e finalmente dar atenção ao local que eu desejava desde o início.
A língua de foi de encontro ao meu clitóris e se eu imaginava ter visto estrelas antes, não se aproximava em nada daquilo que eu sentia naquele momento. Levei as pernas até seus ombros e arqueei ainda mais as costas ao tê-lo chupando àquele ponto em específico de meu corpo. Involuntariamente forcei sua cabeça para que aumentasse a intensidade dos movimentos. Estava próxima demais do orgasmo e pensar claramente estava se mostrando uma tarefa cada vez mais impossível a cada vez que a língua de movia-se pela minha intimidade.
Os gemidos então começaram a se tornar mais difíceis de controlar e eu me encontrei mordendo o interior de minhas bochechas para não acabar gritando. Meus músculos começaram a se contrair e minha respiração acelerou quando a onda de prazer começou a invadir todo o meu corpo. Quando meu clitóris foi sugado uma última vez e eu atingi o clímax, me encontrei pedindo aos deuses que, pelo bem do meu emprego, ninguém mais se encontrasse naquele andar.

- Isso foi… - Tentei sem sucesso encontrar palavras que pudessem descrever o que estava sentindo.
- Incentivo o suficiente? - arqueou uma sobrancelha antes de limpar o canto da boca com os dedos e aproximar-se para me beijar outra vez, agora com muito mais calma do que no início.

Ao ter suas mãos guiando as minhas em direção à sua ereção, no entanto, seu pedido estava bastante implícito.
Deixei escapar um sorriso ao abrir os olhos e deparar-me com sua feição torturada, puxando seu lábio inferior com os dentes antes de empurrá-lo um pouco para que eu pudesse me levantar, ajeitar minha saia e então trabalhar em abrir o seu cinto. Abaixei suas calças até os joelhos, encontrando a boxer branca que escondia seu pau e, mordendo o interior de minha boca em ansiedade, puxei o elástico com os dedos, revelando aquela obra-prima dos deuses que implorava pelo meu toque.
Sem pensar muito, empurrei em direção a uma das cadeiras de rodinhas, o que o fez deslizar um pouco para longe de mim, em uma cena tão cômica que ambos acabamos rindo. Mas quando finalmente me aproximei, vestindo nada além da saia social e sapatos de salto alto, a feição no rosto corado mudou do descontraído para o tenso e eu pude notá-lo engolindo em seco devido à expectativa.

- Pobre, . - Comecei a dizer antes de ajoelhar entre suas pernas e tatear levemente com as unhas desde seu pescoço até sua virilha, sentindo uma enorme satisfação em tê-lo arrepiando-se sob o meu toque. - O dia inteiro sentado ao computador resolvendo problemas alheios, sempre tendo de perguntar se já tentaram desligar e ligar o aparelho. - Minhas mãos acariciaram suas bolas e o grunhido que escapou de sua garganta me dizia que a enrolação o estava matando. - Sempre tendo de ajudar a moça do quinto andar que não consegue passar uma semana sem infectar o notebook com um cavalo de troia. - Subi uma delas para o membro absurdamente duro à minha frente e logo comecei a massageá-lo, sem nunca quebrar o contato visual. - Sempre flertando de volta, mas nunca realmente tomando atitude. - Aumentei a intensidade dos movimentos e tentei não sorrir ao vê-lo jogar a cabeça para trás e fechar os olhos com força. - Aposto que se arrepende agora.

não teve oportunidade para responder, pois no momento seguinte minha boca juntou-se às minhas mãos e ele estava ocupado demais em controlar os grunhidos para formular uma frase coerente. Eu lambi toda a extensão de seu membro antes de abocanhá-lo e começar a movimentar-me devagar e não demorou até que suas mãos enroscassem-se em meus cabelos, tentando me fazer acelerar. Eu o senti contrair-se sobre mim e aquele foi o sinal que eu precisava para saber que era hora de interromper a atividade antes que estragasse toda a brincadeira.
Desnecessário dizer que expirou frustrado.

- Eu não aguentei todo esse tempo para ter você gozando só com os meus lábios, . - Disse em um tom provocativo ao levantar-me e puxar seu rosto de encontro ao meu em um selinho. Sua feição torturada seria cômica caso eu não me sentisse tão à beira da explosão quanto ele. - Você vai fazer jus ao meu esforço e me foder como nunca fodeu ninguém antes.

Ao término de meu pequeno discurso, eu segui em sua direção, sentando-me sob seu colo antes de beijá-lo com ainda mais intensidade do que antes. Eu podia sentir sua ereção pulsante contra minha bunda e a forma possessiva como ele apertava minha cintura fez com que ambos gemêssemos quando ele sugou minha língua e eu rebolei levemente sobre ele. Cansada de joguinhos, finalmente ergui o tronco a fim de que ele pudesse retirar minha saia do caminho e me penetrar quando um lampejo de racionalidade surgiu em minha mente, me fazendo parar.

- Camisinha, . - Lembrei-o e ele arregalou os olhos, parecendo tão surpreso quanto eu ao apontar em direção à escrivaninha que ocupávamos antes.

Eu estava prestes a sair de seu colo quando segurou minha cintura com mais força e levantou-se comigo em seus braços. Ele me colocou sobre a superfície outra vez antes de abrir uma das gavetas e apanhar sua carteira, retirando de lá uma embalagem metálica e a abrindo.
Observei-o por alguns segundos até que ele voltasse até mim e me beijasse outra vez, agora com muito mais calma do que antes. Enlacei as pernas em sua cintura e o puxei para ainda mais perto, mordiscando seu lábio inferior quando suas mãos voltaram a descer em direção à minha intimidade, encontrando-a mais uma vez úmida e tão pulsante quanto a sua. Ele acariciou meu clitóris mais uma vez enquanto eu me preocupava em guiar sua ereção até a minha entrada e quando o senti me penetrando, gememos em uníssono.
A posição não era das melhores, me fazia morder os lábios cada vez que nossos corpos se encontravam, em um ritmo lento que estava me levando à loucura, mas apenas aquilo não era suficiente. Tentando melhorar a situação, empurrei-o para que eu pudesse me levantar e seguir em direção à cadeira que antes ocupávamos. Quando por fim pude sentar sobre seu colo outra vez, não demorei a deslizar sobre seu membro duro, sentindo cada um de meus músculos contraírem-se para se adaptar à presença dele.
Eu abracei seus ombros, voltando a beijá-lo antes de iniciar movimentos lentos e profundos e levou as mãos até a minha cintura, guiando-a de forma que eu pudesse intensificar o ritmo e a frequência das estocadas. Por um momento tive a sensação de que estava no paraíso e ninguém havia se lembrado de me avisar sobre a minha morte.
Quebrando o beijo para grudar sua testa contra a minha, levou uma de suas mãos ao meu seios e passou a massageá-lo, provavelmente porque estava próximo de gozar e queria que eu terminasse primeiro. Qualquer que fosse o motivo, funcionou, pois ao senti-lo acariciando meu mamilo enquanto eu subia e descia em seu colo, não demorou para que o calor começasse a aumentar em minha pelve e eu pudesse sentir o formigamento que antecedia o orgasmo.
Ciente de que ainda nos encontrávamos na empresa, levei minha boca até seu ombro, mordendo-o levemente na tentativa de abafar o gemido que sucedeu o clímax e apertou com mais força minha cintura, impedindo que eu parasse de me movimentar sobre ele. Pouco depois, pude senti-lo contraindo-se dentro de mim e com um grunhido rouco, relaxou contra a cadeira, puxando-me de encontro a seu peito para que pudéssemos recuperar o fôlego.

- Eu não acredito que finalmente transei com o cara da T.I. - Quebrei o silêncio com o primeiro comentário que me veio à cabeça, afastando-me o suficiente para que eu pudesse observar suas feições.

riu antes de responder.

- Eu não acredito que você pegou três cavalos de troia só porque queria sair comigo. - Ele rebateu incrédulo e eu ri também, escondendo meu rosto agora corado de vergonha.
- Eu que não acredito que peguei três cavalos de troia e mesmo assim, você não me chamou para sair.
- De qualquer forma, aqui estamos nós: suados e satisfeitos. - concluiu, seus dedos agora passeando tranquilamente pelas minhas costas nuas em um carinho que parecia ser inconsciente.
- E possivelmente desempregados. - Lembrei-o com certo pesar. Ainda sem acreditar que eu havia arriscado tudo por conta de um desejo carnal e uma aposta feita em meio a muita tequila.
- Não olhe para mim, foi você quem me deu o ultimato. - Ele pareceu um pouco ofendido. - “Vou ou fico”, lembra?

A sobrancelha arqueada no aguardo da confirmação me fez sorrir.

- Sim, não disse que me arrependo.
- Eu também não, . - murmurou, puxando-me pelo queixo para mais um selinho. - Eu também não.

Fim.



Nota da autora: (20/06/2017) Oi, tudo bem? Espero que tenha gostado dessa one-shot e se divertido não apenas lendo como relembrando todas as músicas maravilhosas que entraram nesse Mixtape de Classic Rock.
Eu também escrevo uma long no ffobs, ela se chama Present Perfect e caso você tenha curiosidade em passar por lá, vai ser mais do que bem vindo! E se quiser falar comigo em alguma rede social, você também pode me procurar no twitter @rvolcov !
Mais uma vez, torço para que tenha gostado e chorado pelo menos um pouquinho.
Ps: eu não disse por onde ;*




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