O Começo do Verão
Mais um dia trabalhando nesse maldito clube. Eu odiava ter que passar as férias servindo mesas, limpando o chão, limpando piscina, ajudando na cozinha e, a pior parte, olhando esse monte de gente rica esnobando dinheiro. O único deles que sempre me tratou bem foi o . Até hoje não sei o motivo, mas ele era bem educado comigo.
- . Mais um verão aqui.
- Olá . Bem vindo de volta. Deseja alguma coisa?
- Sua companhia em um banho de piscina.
- Eu não posso. Estou trabalhando. – Pausei para revirar os olhos. – Sua garota está vindo aí. Te vejo por aí.
era muito bonito, impossível não reparar, mas tinha um gosto um tanto peculiar para garotas. Todas as namoradas de verão eram louras e esqueléticas.
Estava recolhendo alguns copos sujos de algumas mesas e fui interrompida pela garota desse verão do .
- Empregada. Me traga um suco!
- Aqui trabalhamos com “por favor” e “obrigada”.
- Anda logo garota! Quer perder o seu emprego? Traz logo o suco.
Eu odeio gente que se acha superior por ter mais dinheiro. Fui buscar o suco na cozinha e voltei apressada para atender a riquinha patética. Ela me olhava com desprezo, já estava com ela e tentava ser simpático, se aproximar e eu não entendia o motivo disso. Me afastei do casal e estava retornando a cozinha quando fui puxada por .
- Ai, mas o que... – Quem disse que eu consegui reagir?
- , podemos conversar?
- Levei o suco errado? – Perguntei com um tom irônico.
- Não. Ignora essa garota. Já tem uns 3 verões que vejo você trabalhou aqui e você roubou totalmente minha atenção. Podemos sair depois do seu expediente? Por favor.
- Eu não sou garota pra você, . Não insista nisso.
O verão estava só começando e ele estava disposto. A gente se cruzava propositalmente todos os dias e aquilo estava ficando irritante. Talvez devesse dar uma chance a ele.
- TA BOM! Você venceu! A gente sai. Uma vez. Não me leve a esses lugares de riquinho. Te vejo as 19h.
- Obrigada por concordar. Nos vemos a noite.
Eu estava esperando por ele impaciente. Ele não era pontual? Ponto negativo. Peguei o telefone e nenhuma mensagem. Até que ele apareceu sem camisa e com uma toalha nos ombros.
- Mas você não está pronto?
- Estou. Nosso encontro será bem aqui, na piscina.
- Eu não posso. Aqui é meu local de trabalho e se for pega aqui, posso ser demitida.
- Não se preocupe quanto a isso.
Ele deixou a toalha em uma cadeira e deu um salto em direção a piscina. Eu estava apenas congelada admirando aquele corpo divino. Ele saiu da piscina e me convidou para entrar. Recusei imediatamente.
- Não faça carregar você nas costas.
- Você não teria essa coragem.
Assim que terminei essa frase minhas coisas já estavam no chão e eu era levada para a piscina pelos braços de . Saltamos na piscina e eu estava desacreditada por estar realmente ali dentro.
- Eu nem acredito que você realmente fez isso comigo. Como eu vou voltar pra casa assim?
- Não volta. Fica aqui. Comigo.
- Eu não sou como as garotas que você namora, . Eu sou empregada do clube onde você trabalha.
- Isso não faz a menor diferença pra mim, . Só fica comigo.
- Por que eu? Você sabe quantas garotas pode ter.
- Você é diferente. Não é interesseira, nem ao menos se importa se as pessoas são podres de ricas ou não. Você é boa, especial...
- Eu não sou garota pra você, . Eu tenho que ir...
Antes que pudesse ir ele veio em minha direção e me agarrou para um beijo intenso do qual eu não conseguia (nem queria) me soltar. Ele transmitia sinceridade através do beijo e eu correspondia na mesma intensidade. Talvez ele realmente fosse diferente da laia rica em que ele se misturava. Talvez eu pudesse dar uma chance. Eu nem sabia mais no que pensar, eu só queria mais beijos como aquele.
- ... – Eu tentava dizer. – . Me convenceu. Posso dar uma chance para o riquinho.
- Não me chama assim, vem cá. – Me puxou pra mais um beijo e assim terminamos aquele momento.
No dia seguinte, os comentários já estavam rolando por todo o clube. Quem era a garota do clube que o desejado estava interessado? Eu sabia de quem estavam falando, afinal era eu mesma, . Fazia cara de paisagem e mudava de assunto sempre que a oportunidade surgia. Eu aceitei dar uma chance ao , contanto que ninguém soubesse, então ele apenas dizia que estava comprometido. Todas as noites a gente se encontrava para aproveitar uma parte diferente do clube, era divertido.
- Você é boa na sinuca, que surpresa.
- As garotas que você namorava só sabem segurar pau de selfie? Alguma delas já segurou um taco como esse? – Ele negou. – Sou a primeira, então. Veja como se faz.
Disse dando uma tacada e acertando tranquilamente o buraco em que havia mirado.
- Eu me surpreendo a cada dia com você. Ou melhor, a cada noite. – Ele disse me dando um selinho.
- Já tem um mês que estamos saindo assim? Pensei que ia desistir.
- Eu sou bem insistente sequer saber. – Dizia enquanto me abraçava.
De longe pude ver uma movimentação estranha. Pensei ter visto uma pessoa correndo ao ser notado, apenas ignorei. Estava cismada demais. Eu mal sabia o que viria a seguir.
Um tempo depois nos despedimos e eu fui me preparar para o dia seguinte. Não morava muito longe do clube então fui a pé.
No dia seguinte, muitos rostos me encaravam desde a entrada do clube até a administração onde precisava bater o ponto. Eu não estava entendendo nada, apenas cumprimentava as pessoas educadamente. Pude ver que quando passava algumas pessoas escondiam alguns papéis. Consegui com muito esforço arrancar esses papéis da mão de um dos funcionários e quase caio pra trás ao olhar. Eram fotos minhas e do , de diversos encontros, que ocorriam no clube todas as noites.
- QUEM TIROU ESSAS FOTOS? – Berrei no meio da sala dos funcionários. Ninguém se manifestou. – Tudo bem, então.
Me retirei da sala e fui andando até o . Eu estava irada o suficiente para pegá-lo pelo pescoço e matá-lo ali mesmo.
- EU AVISEI QUE ISSO NÃO DARIA CERTO. – Gritei jogando as fotos em sua direção. Ele me olhou espantado.
- Você sabe que não fui eu que fiz isso, não sabe? – Eu assenti. Mas precisava achar um culpado. De longe ouvi algumas risadas e lá estava a antiga namorada de verão do rindo com as amigas. Eu já sabia de onde aquilo tudo teria vindo.
- Belas namoradas você arruma. – Apenas dei as costas e voltei ao trabalho.
Os olhos dos funcionários continuavam na minha direção. Senti uma cutucada de leve, tirando minha distração.
- , por favor, na sala da administração.
Meu emprego estava em jogo. Que ótimo. Agradeceria a quem se fosse demitida? Ao ? A mim mesma? A loura oxigenada?
Bati na porta antes de entrar e ouvi o diretor me concedendo entrada.
- Me chamou? Posso ajudar.
- Senhorita , serei breve. Você sabe das regras. Nenhum funcionário pode se envolver com um associado do clube. É exatamente esse tipo de problema que queremos evitar. Sinto lhe dizer, mas está demitida.
Mas que maravilha. Demitida, mal falada, falta mais alguma coisa querido universo? Não queria saber a resposta.
Saí andando em direção ao já com minhas coisas em mãos.
- Fui demitida. Tenho que ir.
Tentei me despedir discretamente e apenas fui embora.
O Fim do Verão
Até que as coisas estavam boas. Apesar de ter perdido o emprego, eu estava bem com o , sempre íamos ao clube juntos. Nunca ia me acostumar a entrar ali apenas para curtição. Sempre entrei ali buscando trabalho, da hora que entrava até a hora que saía, trabalhava igual a um burro de carga, mas o salário era bom.
Eu sempre me dei bem com os funcionários do clube, era estranho pedir coisas a eles, mas eu era muito bem tratada. achava divertido o jeito que tratava os funcionários, mas entendia que eu estive ali também, então fazia o máximo para que todos eles tivessem boas gorjetas e o trabalho não fosse de todo mal.
- Você tem tratado muito bem os funcionários aqui. – Eu comentei.
- Eu nunca tive muita proximidade com esse lado da moeda, ter você me faz repensar muitos conceitos que já tive e dos quais me arrependo.
Era bom estar com ele. Melhor do que imaginei. As pessoas comentavam, ele me ensinou a não me importar.
Saindo da piscina e indo em direção à mesa, comecei a ouvir leves cochichos. Olhei em volta e mais uma vez aquela loura oxigenada estava me encarando com suas discípulas. Eu precisava me controlar ou voaria nela a qualquer momento. Vi que ela estava se aproximando e comecei a fazer uma contagem regressiva e respirar fundo.
- , você por aqui. Onde está o lindo do ?
- Eu nasci grudada com ele por acaso?
- É o que parece, vocês dois estão juntos o tempo inteiro. É um milagre ele ainda não ter se cansado.
- Cansado de que?
- De você. – Ela dizia como se fosse óbvio. – O está passando o tempo. Você não achou que ele estava com você por sentimentos, não é? É só caridade.
Tentei responder, mas as palavras sumiram. Dei as costas e decidi ir atrás do . Andei um pouco até encontra-lo.
- . – Ele sorriu ao me ver. – Você joga tênis também?
- Não. Podemos conversar? Em particular.
- Está tudo bem? Você está bem?
- Só me escuta. Eu preciso dizer algo que está em minha mente. Sobre nós. – Ele assentiu para que eu prosseguisse. – Isso tudo não parece certo. Estamos tentando, mas sempre algo vem contra nós.
- Do que você está falando.
- Shhh... Não me interrompa, é tão difícil dizer tudo isso. Mas precisamos seguir em frente. Separados. Eu simplesmente não pertenço a esse mundo que você vive. Espero que entenda. Quem sabe não possamos nos encontrar algum dia?! Mas esse dia não é hoje.
- E quanto a nós? Todo esse verão... Não foi nada?
- Não quero deixar tudo para trás. Mas é preciso. Estou indo, você vai ficar bem.
- , e quanto a nós?
- E quanto a mim?
- Eu vou sentir sua falta. – Dissemos juntos como se estivéssemos cantando.
- , não...
- , você vai ficar bem.
- Por que você tem que ir?
- Eu não pertenço a esse lugar!
- Estou tentando entender, mas não consigo.
- Me desculpa, .
- Espera, . Vamos conversar. Não vai.
Eu comecei a me distanciar dele. Involuntariamente. Eu queria estar com ele, mas aquela maldita garota loura estava certa. Eu era um amor de verão. Uma caridade.
Aquela conversa se repetia inúmeras vezes na minha cabeça. Eu nunca fui boa em despedidas. Eu só tinha que seguir meu caminho e não faz parte dele. Nossos mundos são diferentes demais.
- A plebeia que brinca de princesa está chorando? – Lá vem ela outra vez.
- O que você quer?
- Ele te deixou, não foi? Eu tentei avisar...
- Não. Exatamente o contrário. – Eu a interrompi. – Eu o deixei. Era muito pra mim.
- Me surpreendi com você, . Pensei que fosse mais resistente.
Não quis responder. Apenas dei as costas e fui em direção a saída do clube. Tentava disfarçar e controlar o choro enquanto caminhava, mas já estava atraindo olhares demais. Comecei a ouvir uma voz que eu sabia bem de quem pertencia chamar meu nome.
- . . Não vá.
O táxi que havia pedido chegou rapidamente e eu abri a porta para entrar.
- ...
- ... – Foi só o que consegui dizer antes de fechar a porta e sumir.
Fim!
Nota da autora: Alô alô gente bonita. Quem tem saudades de High School Musical? Eu morro de saudades das músicas. Cada letra é um hino e trouxe essa pra vocês. Espero que gostem. XOXO, Iana
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