Capítulo Único
1999
Quando ele era pequeno, gostava de observar o céu no fim da tarde em Gwangju. Entre a imensidão rósea, grandes nuvens que pareciam flocos de algodão doce em tons de azul flutuavam pela brisa, salpicadas por pequenos pontos brilhantes das estrelas que surgiam conforme o dia dava espaço à noite.
Espiralando em uma coreografia graciosa entre as nuvens, os grandes olhos dele se arregalavam, deslumbrados, ao encontrar o único meio de transporte capaz de dar asas aos homens, permitindo-os flutuar junto com as aves no céu: o som de um avião cortando a superfície azul com seu rastro esbranquiçado sempre conseguia colocar um grande sorriso sincero nos lábios dele.
Por isso, naquela noite, apesar de estar se despedindo de sua mãe – que tinha que viajar novamente para outro país a trabalho – não conseguia parar quieto de empolgação enquanto observava todos os cantos do aeroporto.
Nas outras vezes que sua mãe viajara, ele não fora se despedir dela por lá. Era muito jovem, ficaria muito cansado, o horário do voo era péssimo... Qualquer dessas desculpas que os adultos inventam para impedir uma criança de fazer algo que realmente quer.
Mas, daquela vez, fora diferente. Ele não sabia por que e, sinceramente, não queria entender o motivo. Estava feliz de estar ao lado da sua mãe, de poder abraçá-la antes que ela entrasse em seu avião e de poder visitar um aeroporto pela primeira vez.
- , não corre por aí, ok? – O pai dele perguntou, deixando-o sentado em uma cadeira de espera preta. – Preciso ajudar sua mãe com as malas e o check-in. Posso confiar em você para se comportar?
- Pode sim! – Ele respondeu sorrindo enquanto balançava as pequenas pernas para cima e para baixo no ápice da animação. – Prometo!
- Já voltamos, meu lindo. – E a mãe dele afagou lentamente os cabelos do filho, deixando um livro nas mãos dele, começando a caminhar para o balcão de check-in logo em seguida.
Ou pelo menos era isso que achava. Não fazia idéia do que era um check-in e todas aquelas pessoas aglomeradas em volta daquele balcão deveriam estar fazendo a mesma coisa.
Ele deu de ombros, começando a folhear o livro que ela deixara com ele. Mas não conseguia focar durante muito tempo... Após alguns segundos com o nariz enfiado entre as páginas levemente amareladas, os olhos dele começavam a se aventurar pelas bordas do livro, observando o mundo à sua volta com curiosidade.
conseguia ouvir os aviões decolando e pousando, porém não conseguia vê-los. Sentia as pessoas conversando e caminhando à sua volta, observava enquanto algumas passavam nas várias lojas e nos restaurantes que compunham o ambiente do aeroporto.
Tudo aquilo dava um sentimento de inquietude dentro do coraçãozinho do menino. Ele queria viajar, conhecer outros lugares, ver outras cidades... Queria flutuar entre as nuvens, deslizar pelo ar como um pássaro. Queria sentir a empolgação de se sentar em uma daquelas grandes poltronas estofadas enquanto o avião corria pela pista, tomando fôlego para alçar voo e deslizar pelo céu – as estrelas brilhando em volta como pequenos vagalumes dançando pela imensidão azul.
Última chamada para o voo...
Aquele anúncio o fez abrir os olhos e retornar à cadeira de couro negro do aeroporto.
deu um pequeno sorriso. Um dia ele ainda iria viajar bastante, flutuando entre as nuvens. Ele ia, ele ia. Pelos confins do mundo, ele brincaria entre as nuvens até chegar ao seu destino.
- ...? – Ele ouviu uma voz distante chamando-o, deparando-se com sua mãe sorrindo para ele e estendendo a mão. – Vamos?
- Vamos! – E o menino não conseguia conter a empolgação. Segurando a mão grande e aconchegante da mãe com uma de suas pequenas mãos macias, começou a caminhar ao lado dela com seus passinhos curtos e apressados, enquanto ela somente dava passos calmos e relativamente lentos.
- Quando eu voltar, você vem me buscar também, ? – Ela perguntou com um sorriso plácido nos lábios, sabendo que ele ficaria mais do que contente em aceitar aquela oferta.
- Com certeza, mãe! – O menino respondeu segurando a mão dela com mais força. – Sempre venho te trazer e te buscar, quando quiser!
A mulher somente riu da empolgação do filho. Caminharam pelos corredores de pessoas, cada uma indo para um destino diferente, com histórias diferentes esperando para se encerrar ou começar. Somente a mãe dele sabia para onde estavam indo: a seguia sem ao menos questionar. Estava muito contente e deslumbrado para perguntar sobre a logística de um aeroporto.
Além disso, ela sabia o que ele mais queria ver naquele dia.
- Tenho mais algumas coisas para resolver antes de ir, filho... – Ela comentou repentinamente, abaixando-se em frente a . Em seguida, fez um sinal com a cabeça para algo que estava ao lado deles. – Por que você não vai para lá? Assim, eu e seu pai conseguimos ficar de olho em você.
- Para lá, onde...? – Mas, antes que ele pudesse terminar de perguntar, olhou para o lado e viu ao que ela estava se referindo.
observou a enorme janela que se erguia a sua frente. E, ao lado de fora, nada mais, nada menos que a pista de pouso e decolagem, repleta de aviões fazendo sua coreografia para alçar voo.
Ele olhou da janela para a mãe.
- Posso...?
- Claro! – Ela respondeu rindo, soltando as mãos do filho.
imediatamente saiu correndo para a janela – e, antes de voltar aos seus preparativos para embarcar, a mãe dele ainda continuou um tempo ajoelhada no chão, observando-o. Ela tinha certeza que aquele pequeno menino ainda ia voar muito alto. Mais até do que os aviões que ele tanto amava.
Naquele momento, entretanto, nada daquilo importava muito para . Era a primeira vez que ele via um avião tão perto e o menino não queria saber de desgrudar os olhos. O barulho das turbinas era alto até mesmo na sala de espera e já causava certo frio na barriga dele.
só conseguia imaginar como deveria ser estar dentro de um avião daqueles.
- Uau... – Ele ouviu a voz de uma garota repentinamente ao seu lado.
Quando se virou, encontrou uma menina, grudada ao vidro da janela, assim como ele. Ela tinha as duas mãos espalmadas na superfície, segurando desajeitadamente uma Barbie como podia. As mangas da blusa bordô quase cobriam as pequenas mãos da menina e os cabelos escorriam pelos ombros – presos por algumas presilhas em formato de borboletas somente para que a franja não caísse no rosto. Os olhos dela eram enormes e refletiam as estrelas no céu, bem como o brilho das asas dos aviões.
Além disso, os olhos dela estavam tão deslumbrados quanto os dele.
- São tão grandes...! – Ela comentou, fazendo com que seu hálito quente embaçasse o vidro.
- Eu nunca tinha visto tão de perto também! – respondeu, voltando a atenção para os aviões do lado de fora. – É sua primeira vez num aeroporto?
- Sim! – A menina respondeu, finalmente começando a observá-lo. De tudo que podia notar em , a característica que mais lhe marcou foi o sorriso sincero que o menino tinha nos lábios. – Minha tia vai viajar para Paris! Quis vir para me despedir dela e conhecer os aviões! São tão lindos...!
- Você já se imaginou voando em um deles? – O menino perguntou de volta, empolgado. Sinceramente, estava feliz de ver que não era o único empolgado com todo aquele esplendor à sua frente.
- Já! Não vejo a hora! – A menina se virou para ele, segurando a Barbie com as duas mãos e abrindo um enorme sorriso. – Quero viajar o mundo todo! Atravessar as nuvens de algodão doce e conhecer todos os lugares que tenho direito!
- Eu também! – E agora quem estava empolgado de conversar era ele. – Para todos os países, todos os destinos que eu quiser!
- Como se realmente tivéssemos asas para voar! Os aviões seriam as nossas asas! – Quando ela disse isso, os dois abriram os braços e começaram a brincar, fingindo que estavam planando pelo ar. Quando finalmente pararam, somente trocaram olhares e começaram a rir.
- Podemos viajar juntos! – Ele comentou com seu sorriso sincero ainda estampado nos lábios. Em seguida, apontou para a coreografia que ainda acontecia ao lado de fora. – Porque sabe, um dia eu vou ter um avião desses!
- Jura? Você me leva pra dar uma volta? – Ela tinha os olhos brilhantes, realmente acreditando nas palavras dele.
- Claro! Você sempre vai ser minha convidada de honra! – E ele segurou a mão dela de brincadeira, fazendo uma leve reverência. – Qual é o seu nome?
- . – A menina respondeu com um sorriso, as bochechas coradas com aquele menino simpático que ela dera sorte de encontrar no aeroporto. – E o seu?
- . Não vai esquecer?
- Seu nome é muito bonito para esquecer. – deu um sorriso gentil ao fim da frase, fazendo com que ele começasse a corar. – E você não vai se esquecer do meu?
- Além de bonito, seu nome é diferente. Não vou esquecer nunca! – Em seguida, ele piscou para ela. – E que tipo de pessoa eu seria se esquecesse a minha convidada de honra? Nós vamos planar juntos pelas nuvens, !
Ela começou a rir imediatamente enquanto ele novamente abria os braços e saia planando pela sala de espera. A menina o imitou, seguindo-o e mal se lembrando que tinha levado a própria Barbie para lhe fazer companhia enquanto aguardava todos os trâmites da viagem.
- !
- !
Os dois finalmente pararam de brincar quando ouviram seus nomes sendo chamados ao mesmo tempo. Trocaram olhares em frente à janela e sorriram, acenando um para o outro.
- Te vejo entre as nuvens, então? – Ela perguntou antes de ir embora.
- Prometo que sim, ! Entre as nuvens! – Ele respondeu e ambos saíram correndo de volta para suas famílias.
18 Anos Depois
- Aish...! Você não acha que já comeu o suficiente desses negócios pra uma vida toda...? – perguntou enquanto segurava o celular com uma mão e dava a passagem para a moça do check-in no balcão no qual ele se encontrava.
Já era madrugada – precisamente duas e vinte e cinco da manhã. Por conta da produção de uma das suas músicas próprias e independente do grupo, não teve a oportunidade de viajar junto com todos os amigos à Europa, precisando encontrá-los lá com dois dias de diferença – tempo suficiente para que ele terminasse de produzir a track que desenvolvia no momento.
Então lá estava ele, de madrugada, vestindo uma calça jeans qualquer, uma blusa regata velha com um casaco que parecia três vezes maior que ele por cima e um par de tênis surrados; um boné escondendo o cabelo e uma echarpe cinza enrolada na mochila, caso ficasse com muito frio.
- Obrigado...! – Ele sussurrou para a moça do check-in, ganhando um sorriso em resposta, logo que ela terminou de fazer o que precisava.
- Ah, eu esqueci de comprar quando estava no aeroporto, tenha piedade de mim! – respondeu do outro lado da linha, suspirando. – Por favor! Eu te dou o dinheiro quando você chegar aqui.
- Ah, não precisa, eu compro pra você... Daqui a pouco você vai virar uma bola te tanto comer esse chocolate! – tentou parecer bravo, mas não conseguiu conter uma breve risada no fim da frase.
- Obrigado, -ssi! – E claro, tentou ser o mais simpático possível depois daquela. – Você demora quanto tempo pra chegar aqui?
- Não sei... – O amigo respondeu suspirando, observando o painel de voos enquanto se aproximava da sala de espera. O lugar estava praticamente deserto. Muito parecido com a vez que ele fora a um aeroporto pela primeira vez para se despedir da mãe antes que ela viajasse. – Vários voos pra Europa estão atrasados e há uma grande possibilidade de atrasarem o meu também.
- Mas já é de madrugada aí, não? Por que tanto atraso?
- Boa pergunta. Pelo que ouvi, teve algum problema na pista hoje à tarde e isso atrasou todos os voos até agora... – Dizendo isso, deixou a própria mochila em uma das cadeiras de espera feitas de couro negro. – Já sabe, né? Hoje é meu dia de tomar chá de aeroporto.
- Como se você não gostasse! – respondeu com uma breve risada ao fim da frase, fazendo sorrir também. – Mais tempo pra aproveitar as lojas de conveniência!
- Eu vou comprar seu chocolate, não precisa ficar trazendo o assunto de cinco em cinco minutos! – riu, sem conseguir acreditar na cara de pau do amigo. Ouviu rindo brevemente do outro lado, mas logo o som se dissipou.
- Falando sério agora, se cuida um pouco e vai relaxar. Sei que você tem trabalhado muito nas suas músicas, então sei lá... – O amigo suspirou, dando de ombros. – Aproveita esse tempo que você tem aí sozinho. Dá pra fazer muita coisa em um aeroporto.
- Obrigado, vou aproveitar sim... – E se espreguiçou enquanto falava. – Eu tava precisando de um tempo mesmo. A gente se fala quando eu chegar aí, ok?
- Ok. Vai entrar no modo avião?
- Com certeza. Depois que eu desligar aqui, ninguém me acha. – deu uma breve risada, fazendo com que o amigo também risse. – Até.
- Até.
E, logo que terminou a ligação, colocou seu aparelho em modo avião, enfiando-o em algum lugar esquecido da mochila e deixando-o por lá. Agora só o pegaria quando extremamente necessário ou absurdamente entediado.
Ele colocou as mãos nos bolsos do casaco e suspirou, observando a sua volta. Caminhou casualmente até a grande janela que dava para a pista de pouso e decolagem – seu lugar preferido para observar o aeroporto. Tudo estava silencioso. Já era muito tarde na madrugada para ter uma movimentação intensa, portanto havia pouquíssimas pessoas andando por lá.
Ou melhor, na espera para os voos, havia exatamente ele e mais uma pessoa. Só.
Pessoa esta que só começou a prestar atenção, pois a moça andava de um lado para o outro, falando consigo mesma.
- Eu me odeio. Essa é a resposta. É por isso que estou fazendo isso. – Ela murmurava consigo mesma. Aquilo fez com que ele franzisse as sobrancelhas, somente tentando entender o contexto daquelas frases desconexas. – Não há outra explicação. Por qual outro motivo eu iria me meter a entrar num avião completamente sozinha? Eu tenho que ter uma veia masoquista. Única explicação viável...
/ Um pequeno sorriso começou a brincar nos lábios de . Só de ouvir aquilo, ele já tinha uma breve idéia do que estava acontecendo com aquela moça. Observou com curiosidade enquanto ela gradualmente se aproximava da enorme janela na qual ele se encontrava.
- “Eu vou para Paris”, “vai me fazer bem”, “será meu grito de liberdade, minha viagem de emancipação”... – Ela dizia para si mesma, ridicularizando os próprios comentários que havia feito para se convencer de que aquela viagem era para acontecer. – Só que né, esqueci um pequeno detalhe: preciso pegar um avião para ir à Paris. E preciso pegar completamente sozinha.
Ela parou de falar logo que chegou à janela. Quando a respiração da moça já embaçava o vidro, ela suspirou, fechando os olhos – como se estivesse aterrorizada demais só de observar os aviões do lado de fora.
- O que diabos eu tenho na cabeça...? – A moça finalmente perguntou para si mesma e descansou a testa no vidro gélido, com um pequeno baque.
teve que se controlar ao máximo para reprimir uma breve risada. Não podia negar que achara aquela cena, no mínimo, adorável.
- Sabe... Se você escutar música, pode acalmar um pouco antes de voar. – Ele comentou, sem conseguir ficar sem sorrir, ao menos.
A moça somente soltou um gemido sofrido, ainda de olhos fechados, sem desgrudar a testa do vidro.
- Música é a única coisa que faz sentido pra mim, mas acho que nem isso consegue me ajudar agora... – E o sofrimento escorria de cada palavra que ela proferia. deu uma pequena risada, sem conseguir mais se segurar.
- Então você tá escutando a música errada. Você nunca voou antes?
- Já voei uma vez, com a minha tia, quando tinha uns catorze ou quinze anos... – Ela suspirou, finalmente se virando para observá-lo. – A viagem durou no máximo uma hora e eu me senti uma sardinha planando em um negócio que pesa toneladas. Algo completamente contra as leis da física.
Com isso, os olhos deles se encontraram. tinha a impressão que já vira aquele brilho antes, mas não conseguia dizer exatamente de onde era. Enquanto isso, a moça somente pensava que aqueles olhos gentis não lhe eram estranhos.
- É só você não pensar nas leis da física. – Ele respondeu rapidamente, piscando para ela e arrancando um primeiro sorriso dos lábios da moça.
- Pelo visto, você gosta de voar.
- Sempre sonhei com isso, sim... – suspirou, voltando a atenção para a pista de pouso. Começou a sorrir consigo mesmo quando se lembrou daquele dia em que era somente um menino deslumbrado, observando a coreografia de aviões pela primeira vez. – Sempre quis “brincar entre as nuvens”...
- Eu também... – A moça suspirou, apoiando as mãos no vidro da janela. – Só não achei que teria tanto medo.
voltou o olhar para respondê-la, porém suas palavras ficaram presas na própria língua assim que a viu daquela maneira. Ele imediatamente foi transportado para seu primeiro aeroporto, com aquela menina que conhecera em uma sala de embarque como a que se encontravam. A moça que estava ao seu lado agora parecia uma versão adulta daquela menina e ele não pôde deixar de sorrir largamente com aquela visão ao ser tomado por um sentimento de nostalgia.
- O que foi? – Ela perguntou repentinamente, fazendo-o finalmente notar que estava encarando-a a um bom tempo.
- Ah, nada... – respondeu ainda sorrindo, um tanto envergonhado, com as bochechas tomando um leve tom rosado. – Você me lembrou uma menina que conheci há muito tempo atrás em um aeroporto. Ela estava deslumbrada com os aviões.
- Provavelmente era mais corajosa do que eu...
- Não sei. Pra mim, precisa ter bastante coragem para resolver viajar sozinha como você resolveu fazer agora. – Ele deu de ombros, novamente colocando as mãos nos bolsos do casaco. – Ela me prometeu que viajaria comigo quando eu a chamasse, nunca disse que viajaria sozinha...
- Seria bom ter alguém pra voar comigo. – A moça rebateu, os dois caindo em um silêncio que durou somente alguns breves segundos. Ela deu uma pequena risada. – Quando eu era pequena, conheci um menino num aeroporto que me falou que voaria junto comigo... Que nos veríamos entre as nuvens. Seria bom ter uma companhia assim.
franziu as sobrancelhas. Ele já tinha ouvido aquilo. Ele já tinha vivido aquilo. Há muito tempo atrás, em outro aeroporto, mas ele tinha certeza que aquela não era a primeira vez que tinha aquela conversa.
- Por um mero acaso ele prometeu que te levaria com ele como convidada de honra...?
E foi a vez dela de franzir as sobrancelhas, observando-o com curiosidade.
- Sim... Porque um dia, ele teria um avião desses. – A moça apontou para o outro lado da janela.
Os dois trocaram olhares durante alguns segundos, tentando compreender se o que achavam que estava acontecendo realmente estava acontecendo.
- ... ... – começou a murmurar, como se estivesse tentando tirar algo do fundo da própria mente. Os olhos dela se arregalaram, parecendo os olhos de uma criança. – ...?
- ...? – Ela perguntou tentativamente, logo que confirmou com a cabeça que o nome que ele acabara de falar estava correto.
- Não acredito...! – E ele tinha um sorriso enorme no rosto, completamente incrédulo com aquela situação.
- Qual a chance de isso acontecer...?! – A própria moça não conseguia acreditar.
Os dois permaneceram ainda durante alguns segundos em um silêncio sem palavras, até tomar uma atitude.
- O seu voo também está atrasado?
- Todos estão, se não me engano. – comentou, apontando para o painel de voos.
De fato, ao lado de todos os voos, os dois só conseguiam ler uma palavra em vermelho: DELAYED.
- Você quer tomar um café? – Ele perguntou, o coração acelerado e o sorriso sinceramente desengonçado. – Acho que temos tempo para isso.
- Não posso tomar café... – A moça respondeu pensativamente, sorrindo para ele logo em seguida. – Mas aceito um chocolate.
Com isso, os dois somente trocaram sorrisos, enquanto os aviões alçavam voo por entre as estrelas na janela à frente.
1 Ano Depois
- Você foi sozinha pra Paris. Dessa vez, vai me ter ao seu lado! – piscou para a namorada, enquanto caminhavam lado a lado no aeroporto.
Ela suspirou de maneira sofrida enquanto arrastava a mala, sinceramente tentando arranjar animação no próprio coração.
- É mais fácil quando você fala...! – resmungou, observando o painel de voos com um par de olhos apreensivos.
- Estamos indo pro Japão, minha linda... Não é tanto tempo de voo assim. – Dizendo isso, usou o braço que não arrastava a mala para enlaçar os ombros de e trazê-la mais para perto de si, aninhando-a em um abraço aconchegante enquanto andavam. – Eu sei que com você tenho que ir devagar. Um passo de cada vez.
Assim, a puxou ainda mais próxima de si e beijou o topo da cabeça de , sentindo contra os lábios aqueles cabelos sedosos que tanto amava. Ela, por outro lado, somente riu da atitude dele, adorando cada segundo, enquanto as bochechas tomavam um tom levemente escarlate.
- Ah, você ainda fica vermelha quando eu te beijo assim? – perguntou para provocar, porém tinha nada além de carinho nos olhos. O que a fez ficar ainda mais vermelha.
- Fazer o quê, amor? É isso que você faz comigo. – deu de ombros, com uma risada levemente nervosa. – Pelo menos me distrai do avião...
- Então se for assim, vou te beijar durante o voo todo... – Ele murmurou no ouvido dela, o braço prendendo-a fortemente contra si. A namorada somente lançou um olhar de poucos amigos para .
- . Se comporta. – Ela respondeu categoricamente, já sabendo o que aquele ser humano tinha em mente. – Eu pretendo chegar ao Japão sem ser expulsa por uma companhia aérea por atentado ao pudor. Larga mão de ser indecente.
- Hmmm, e até parece que a senhorita não é nem um pouco indecente. – Ele rebateu com um sorriso um tanto safado nos lábios. – Eu só tô querendo te relaxar, meu amor.
- É. Pode deixar pra ter toda essa bondade no coração e me relaxar no hotel, quando já estivermos novamente seguros em terra firme, meu chuchu. – Ela comentou de maneira até seca, enquanto caminhava para o check-in, fazendo-o balançar a cabeça e rir.
Era a primeira vez que iam voar juntos. ainda não cumprira sua promessa de criança de levá-la para viajar em um avião só dele, mas não tinha esquecido daquilo. Normalmente, somente ia se despedir dele nos aeroportos, mas, naquele dia, tinha tomado coragem para viajar. sabia que teria que dar suporte a ela em relação ao aeroporto em si e também no quesito emocional. Mas, para ser sincero, estava adorando cada segundo daquilo.
Uma coisa era sonhar. Outra coisa era dividir esse sonho com alguém. Principalmente com alguém que se ama. Ele não podia pedir por algo mais, não podia esperar algo melhor. Cada dia que passava, era eternamente grato por tudo que alcançara e conquistara, jamais conseguindo imaginar como aquilo poderia ficar melhor. A vida dele já era tudo que ele sempre quisera, mas parecia que ficava cada vez melhor.
E poder dividir aquilo com ela, a menina que sonhara em voar junto com ele quando era criança, era muito mais do que poderia ter desejado.
Segurando a mão de , ele a guiou pelo aeroporto, orientando-a sobre tudo que tinham que fazer. Quando ficaram sentados na sala de embarque, ele também não soltou da mão dela. E quando se acomodaram nos assentos do avião, começou a delinear os desenhos das veias das mãos de , mudando a atenção dela dos sons das turbinas para o leve toque calmante dele. Quando seus olhos se encontraram, ele sorriu para ela, brilhando como um raio de sol.
- Vai ficar tudo bem, .
A moça imediatamente sorriu de volta, fechando os olhos e apoiando a cabeça no ombro do namorado. Sim, ela sabia que ficaria tudo bem. Simplesmente por conta do fato de que ele estava ali com ela. Sempre que estava presente, tudo ficava bem. Era uma regra da vida dela, portanto não havia com o que se preocupar. Ela estava nervosa à toa.
Isso facilitou com que facilmente pegasse no sono enquanto apoiada nele. não tinha a intenção de acordá-la, afinal, gostava de vê-la plácida em um sono tão profundo. Porém, a moça pedira a ele, antes do voo, que a chamasse quando estivessem sobrevoando o Japão. Assim, com um beijo na testa e carinhos na bochecha dela, ele a acordou, apontando para a janela logo que ela o encarou com seus grandes e cansados olhos brilhantes.
- Já chegamos, . Olha que lindo. – deu espaço para que ela se apoiasse sobre ele e conseguisse observar a paisagem pela janela.
- Uau...! Isso é maravilhoso, ! – exclamou, apoiada nas pernas dele e observando o lado de fora como uma criança que vê algo pela primeira vez. A noite estava escura e a cidade inteira iluminada. A moça imediatamente começou a sorrir, ainda deslumbrada. – Parecem estrelas! Diversas estrelas em um manto aveludado...!
- Viu? – E nisso, ele a abraçou como pôde, apoiando a cabeça no ombro dela e ficando o mais próximo que conseguia do rosto da namorada. – Estar entre as nuvens não é tão ruim assim, não...?
olhou para o lado, pronta para dar alguma resposta esperta e cheia de personalidade – e esperava por isso. Porém, quando ela encontrou o sorriso plácido e sincero que ele tinha nos lábios, os olhos repletos de carinho e nada mais do que a calmaria que ela precisava em seu coração para aguentar uma viagem como aquela, as palavras sumiram na ponta da língua da moça e ela somente fechou a boca, sorrindo de volta. Ficou observando o namorado durante um tempo antes de voltar a falar.
- Com você, nada é ruim, . – comentou, sentindo um leve calor subir ao rosto.
- Nem com você. Agora... – Ele levou os dedos para a bochecha dela, o frio da própria mão se contrastando com o calor escarlate do rosto de . – Você está ficando corada?
- Para de me perturbar por causa disso! – Ela imediatamente cobriu as bochechas com as mãos, fazendo-o rir.
- Eu não acredito que você ainda tem vergonha de falar essas coisas! – se divertia como nunca, enquanto somente se endireitava na poltrona e fazia questão de não olhar para ele. – Quer dizer que essa vai ser uma noite de beijos e declarações de amor, então?!
- Só porque você quer ficar me perturbando durante o resto da eternidade! – A moça rolou os olhos, balançando a cabeça. – Pra mim, podia muito bem ser uma noite de comida de hotel e filmes legais enquanto embrulhados em um cobertor!
- Ah, mas aí não é tão divertido...! – E claro, ele teve que abraçá-la. – Apesar de que os filmes não parecem uma má idéia...
E, quando foram notar, o avião já tinha pousado, correndo suas ágeis rodas negras pela pista da mesma cor, iluminada somente por alguns pontos de luz e sinalizada com tinta amarela.
repentinamente se virou para o namorado, pasma e boquiaberta.
- Você... É... Genial. – Ela comentou, ainda sem conseguir acreditar.
demorou um pouquinho, porém sorriu em seguida, admitindo. Levantando-se da poltrona, segurou as mãos da namorada para ajudá-la a se colocar em pé.
- Eu tinha que fazer com que você se distraísse de alguma maneira, não? – E, dizendo isso, a segurou pelos ombros, a fim de guiá-la enquanto a seguia de porto por trás.
Afinal, nada na vida distraía como uma boa conversa. Por sorte, era bom de conversa, principalmente com ela. As palavras fluíam com naturalidade, os pensamentos nunca eram rejeitados – mas sim discutidos. Ele sabia que aquela conversa seria o suficiente para fazer com que se desligasse até o momento do pouso.
Assim, os dois chegaram rapidamente à esteira para reaver suas malas no aeroporto.
E era ali que sabiam que iriam se divertir.
- Ah, pode se sentar e assistir, porque você vai gostar de ver. – comentou arregaçando as mangas do casaco. – A maior negação do século para pegar malas em um aeroporto: , diga olá à sua namorada!
Ele somente riu enquanto ela se distanciava. Não acreditava que ela seria tão ruim quanto estava falando. Quando viu a própria mala, a tirou da esteira, colocou-a no chão e ficou observando de braços cruzados, um sorriso de admiração brincando nos lábios.
avistou a própria mala. Decidida, a moça caminhou até a esteira. observava atentamente.
E, quando ela segurou a alça da mala, ele finalmente entendeu. E começou a rir até não querer mais.
- Eu avisei! – exclamou enquanto praticamente corria junto com a mala, tentando puxá-la da esteira, porém falhando em todas as tentativas. Por causa disso, ela tinha que andar na velocidade da mala, em pequenos passinhos que a faziam parecer uma gueixa correndo atrás de algo que tinha caído no chão.
não conseguia parar de rir daquela cena. Realmente acreditava que ela estava exagerando, porém, ao ver aquela cena, percebeu que a moça não lhe dissera nada além da verdade.
- Ei, ei, calma...! – Ele pegou a mala de , segurando a alça por cima da mão da namorada. Ela ainda correndo com seus passinhos e ele tentando parar de rir. – Deixa que eu faço isso, você vai acabar derrubando tudo...!
Com um puxão rápido, conseguiu finalmente colocar a mala no chão, perto dos pés da namorada. olhou para ele e deu um sorriso plácido, que fez até com que ela fechasse os olhos.
- Obrigada, amor! – Ela até cantou um pouco a última palavra, o que demonstrou a ele que a moça realmente estava agradecida por aquilo.
- Você. É. Muito. Fofa! – Ele a puxou para perto de si com um braço e começou a caminhar pelo aeroporto, os dois juntos e arrastando as próprias malas ao lado. – Mais tarde eu mordo essas suas bochechas. Agora só precisamos achar um táxi pra ir pro hotel...
- Em primeiro lugar, você não vai morder bochecha nenhuma. – respondeu categoricamente, fazendo-o sorrir. já esperava aquilo. O que não esperava era que a namorada parasse no meio do aeroporto, segurando-o pela barra do moletom. – Em segundo lugar... Acho que tem um restaurante aqui dentro, não...? A gente realmente precisa ir pro hotel tão rápido...?
Inicialmente, ele a observava sem entender muito bem. Porém, quando terminou sua última pergunta, abriu um de seus sorrisos que podia clarear até o mais escuro dos dias.
- Não, . Não precisamos. – E, dizendo isso, a abraçou novamente, começando a caminhar com sem um rumo definido pelo aeroporto que tinham acabado de chegar.
6 Meses depois
- Você devia parar de se preocupar tanto! Vem sentar aqui, ! – chamou a moça com as mãos, porém ela somente balançou a cabeça. – Temos champanhe! Certeza você vai se acalmar um pouco!
- Obrigada. Eu tô feliz aqui no meu cantinho, ... – suspirou, observando as nuvens do lado de fora. A noite estava tão escura que ela só conseguia enxergar manchas negras, as estrelas como os únicos pontos de luz eventuais entre a escuridão.
- Eu trago ela aqui, pode deixar... – comentou com uma breve risada e caminhou pelo corredor apertado até as poltronas nas quais a namorada se encontrava. Logo que se aproximou, o olhar de se mudou para ele, fazendo-o sorrir. – Tá tudo bem?
- Eu odeio aviões... – Ela murmurou suspirando, tirando os pés da poltrona e dando espaço para que ele se sentasse, ficando de frente para o namorado.
- Se eu me lembro bem quando a gente se conheceu, você adorava. – respondeu com um pequeno sorriso tímido brincando no canto dos lábios. – Você não via a hora de voar junto comigo.
- Pois é, que criança tonta eu era. – respondeu de maneira analítica, fazendo-o dar uma boa risada.
- Você ainda gosta. Só tem que se acalmar. – Ele constatou e segurou as mãos dela com cuidado, puxando-a para mais perto de si. – Aqui, vem cá...
Assim, pegou uma das mãos de e pousou no próprio peito, sobre seu coração. Sabia que uma das coisas que a acalmava era a batida de seu coração e que ela adorava sentir aquela melodia. Quando viu que um sorriso estava prestes a surgir nos lábios da namorada, colocou cuidadosamente a mão livre sobre o coração dela, olhando-a nos olhos assim que percebeu o que ele estava fazendo.
- E agora respira... – disse com a voz baixa e aveludada, seu sorriso gentil que chamara a atenção dela desde o primeiro dia em que se viram já suavemente na sua boca. – Vou ficar aqui durante horas se você precisar.
Com esse comentário, deu uma breve risada e fechou os olhos, pressionando a mão sobre o peito dele com um pouco mais de força. acariciava lentamente os dedos da mão dela sobre o próprio peito, observando a expressão calma que tomava o rosto da namorada.
Ele literalmente estava planando por entre as nuvens.
- Lembra de ontem à noite...? – Ele murmurou, fazendo-a imediatamente abrir os olhos.
E, assim que olhou para ele, encontrou os olhos cor de chocolate de , observando-a sugestivamente, porém de maneira carinhosa – enquanto um leve sorriso pairava sobre os cantos dos lábios dele.
Na noite anterior
- Eu quero morder alguém! Que coisa, galera mais estúpida que só me faz passar nervoso! – estava quase arrancando os próprios cabelos.
tinha certeza que logo todos aqueles fios maravilhosos iam sumir da cabeça da namorada se ela continuasse daquela maneira.
- Como que alguém consegue defender uma coisa dessas? Como, ? Me responde como?! – Ela agitava a tal defesa de um lado para o outro, finalmente jogando o maço de papel sobre a mesa e bufando ao colocar as mãos na cintura.
- Não vale a pena se estressar por pessoas assim, ... – Ele comentou com um pequeno sorriso compreensivo nos lábios. – Você só vai acabar com a sua saúde à toa. Além disso, é o seu trabalho, não?
- Sim, é o meu trabalho. Mas eu estou tentando fazer do mundo um lugar melhor enquanto este embuste... – E ela apontou para o maço de papel, fazendo-o rir com a escolha de palavras. – Só quer ganhar dinheiro em cima de crimes contra a humanidade. Isso me irrita.
- Na verdade, você não está irritada com isso... – a seguia pelo quarto, tratando de pegar a tal defesa logo que os dedos de se aproximaram do maço para voltar a lê-lo. – Você está irritada com o fato de que essa defesa te atingiu. Esse cara te atingiu. E você se deixou ser atingida.
imediatamente abriu a boca para refutar – uma mão na cintura enquanto a outra já estava com o dedo levantado, pronta para argumentar. Porém, as palavras secaram assim que ela tentou movimentar os lábios. Após alguns segundos, lá se encontrava ela, com cara de pastel, completamente indignada e ele com aquele sorriso gentil e olhar compreensivo.
- Você precisa relaxar.
- Eu preciso trabalhar.
- Não. Não precisa, não... – respondeu rindo enquanto balançava a cabeça. Fez questão de colocar a defesa no lugar mais alto que conseguiu encontrar, para que ela não alcançasse sem a sua ajuda. Em seguida, segurou a mão da namorada. – Esquece. A gente vai entrar de férias e faz tempo que não tiramos férias juntos. Aliás, faz tempo que não nos aproveitamos. O que você acha de lidarmos com as coisas de maneira devagar hoje...?
- Devagar...? – franziu as sobrancelhas, tentando compreender o que ele queria dizer. Apesar disso, não oferecia resistência: enquanto caminhava até a cama, ela o seguia sem questionar.
- Quero aproveitar você. Vem cá. – E, dizendo isso, ele se sentou na cama, puxando-a para que a namorada se sentasse no colo dele.
Com uma perna de cada lado do corpo de , finalmente se sentou e resolveu se acalmar, puxando a blusa que usava para cima a fim de que esta não se embolasse na cintura e a deixasse mais confortável. Ele pousou as mãos quentes sobre as coxas nuas e levemente geladas da namorada, observando calmamente cada detalhe do rosto dela.
- Você confia em mim, não...? – perguntou praticamente em um sussurro, já subindo uma de suas mãos para o peito dela e pousando-a sobre o coração de .
- Você sabe que sim. – Ela sussurrou de volta, colocando a própria mão no peito dele para sentir a batida do coração de .
Ele a puxou mais para perto de si, procurando o máximo de contato entre os dois. Assim que ela estava mais próxima, apoiou a própria testa contra a testa de , ambos fechando os olhos e focando somente na respiração. Após um bom meio minuto daquela maneira, conseguiram sincronizar as respirações e logo sentiam como se fossem uma só energia – como se estivessem no mesmo estado de espírito. Era como se estivessem voando, pairando sobre as nuvens e navegando entre as estrelas.
- Me incomoda... Que esse pessoal fale mal de mim. – comentou silenciosamente, em um tom que só ele conseguia escutar, devido à proximidade. – Que falem que eu sou idealista demais... Sonhadora demais.
- Também me incomoda quando as pessoas falam mal de mim... – respondeu no mesmo tom, subindo uma das mãos vagarosamente até a cintura dela e começando a acariciá-la com movimentos circulares na pele exposta. – Mas esse pessoal é infeliz e sozinho, enquanto estamos aqui, juntos. Além disso, você é sonhadora... Se não fosse, não teria chegado aonde chegou, assim como eu.
- Porque nós dois sempre sonhamos em voar, não? – Ela suspirou, enlaçando os dedos nos cabelos macios do namorado, massageando a nuca dele enquanto somente respiravam, ainda com a mão livre sobre o coração do outro. – E como você sempre diz, a inveja impede os outros de alçar voo.
- Exatamente. – Ele comentou com um breve sorriso. – Você aprende rápido.
E, com isso, finalmente tocou os lábios dela com os próprios. Não era um beijo carregado de desejo como era de se esperar, mas sim um beijo leve e confortável, como a brisa de um fim de tarde que acaricia a pele antes do gélido vento noturno. Beijando-a novamente, escorregou a mão por debaixo da blusa dela, somente para repousá-la sobre o coração da namorada logo em seguida, contente em sentir o contato da pele.
Abrindo os olhos quando seus lábios se separaram, tirou a mão livre da nuca dele, tirando os feixes de cabelo do rosto de que já começavam a cair sobre seus olhos. Ele sorriu em agradecimento, observando-a calmamente, assim como ela fazia com ele.
Já que era para levarem as coisas de maneira devagar, aproveitariam cada momento – nem que fosse somente para se observar e guardar as feições do outro com o objetivo de nunca se esquecer.
E a única coisa que acordou de seus pensamentos foram os dedos de em seus lábios, acompanhando o seu desenho, enquanto a única coisa que conseguiam escutar eram suas respirações pesadas e batimentos cardíacos mais acelerados que uma escola de samba, como ela diria.
segurou a mão de , beijando as pontas dos dedos dela diversas vezes.
- Eu te amo, .
Ela olhou para ele com um sorriso escondido no fundo dos olhos, sentindo-se confortável como nunca se sentira antes.
- Eu também te amo, .
No avião
- Eu me pergunto... – comentou brevemente, fazendo-a abrir os olhos e voltar das memórias da noite anterior. – Quando você vai parar de ter medo de voar.
- Provavelmente quando você menos esperar. – comentou com uma leve risada, fazendo-o sorrir.
- Agora... Você aceita uma taça de champanhe? – Foi só ele perguntar que ela lançou um olhar não muito feliz. – Vamos, ! Falei pra todo mundo que ia conseguir te levar até lá. Eles também querem passar tempo com você.
- Eu sei... – E ela suspirou, derrotada. – Você tem razão. Vamos lá. Pequenos passos, não?
- Exato. Pequenos passos.
Sorrindo, segurou a mão da namorada e não soltou até que estivessem novamente em “terra firme”.
3 meses depois
- Eu não sei como você consegue dirigir pra pegar um avião logo em seguida. – comentou enquanto se espreguiçava ao lado de . Estava se sentindo uma sardinha em lata e nem tinham entrado no avião ainda.
Voo esse que os levaria para a maravilhosa ilha de Oahu, lugar que os dois sempre quiseram visitar. O único problema é que ficariam dentro do avião por, no mínimo, oito horas – o que, obviamente, gerou um discurso de sobre falência renal.
Na verdade, ela fizera o discurso mais por obrigação do que qualquer outra coisa: sabia que, para viajar, teria que enfrentar aviões e tudo ficava mais fácil se ela tivesse o braço de para agarrar quando sentisse alguma turbulência.
- Ossos do ofício, querida. Além disso... – E ele parou de falar durante algum tempo, enquanto dava ré para estacionar o carro. Finalmente tinham chegado ao aeroporto deserto naquela noite de outono. – Você sabe que eu relaxo no avião.
- É, sei... – Ela terminou de se espreguiçar, estalando o pescoço de um lado para o outro. Logo que sentiu o motor do carro parar de vibrar e ouviu o barulho das trancas das portas se abrindo, a moça já pegou a mochila que carregaria para cima e para baixo naquela noite. – Vamos?
- Espera só um pouco... – Ele suspirou, o braço apoiado para fora do carro enquanto observava as estrelas no céu noturno. – Você sabe que eu gosto quando o mundo fica silencioso assim à noite.
Ela somente sorriu, fechando os olhos e apoiando a cabeça no banco do carro, ouvindo somente o som das próprias respirações e dos aviões decolando à distância. Deixando a mochila no chão, decidiu que poderia sim esperar. Poderia esperar quanto tempo ele quisesse. Não importava o que acontecesse, quando ele abrisse os olhos, ela sempre estaria lá.
pareceu notar aquele tipo de pensamento irradiando dela. Quando se deu satisfeito com as estrelas no céu, passou a observar a estrela que estava sentada ao seu lado – calma, de olhos fechados e com um sorriso esmaecido no rosto.
Parecendo notar que ele a observava bobamente, abriu os olhos, sorrindo ao encontrar o namorado ficando com as bochechas levemente avermelhadas após ser pego por ela enquanto a admirava.
- Já quer ir? – Ele perguntou, ainda sorrindo e tentando esconder o tom escarlate nas maçãs do rosto.
- Pode ser. Nós já estamos atrasados.
- Bom, o avião é meu. Nunca estaremos atrasados. – piscou para ela, fazendo com que imediatamente desse uma breve, porém proveitosa, risada. Em seguida, um sorriso provocativo surgiu nos lábios dele. – E aí? Nervosa?
Mas nada no mundo poderia tê-lo preparado para a resposta.
- Não.
Os dois se encararam por longos três segundos após a resposta de .
- Ter você junto comigo me acalma, . E também... – E foi a vez dela de piscar para . – Voar não é tão ruim assim.
sentiu um calor no coração que ele próprio denominou como orgulho. Após tanto tempo, tantos voos e tantas aventuras, finalmente superara aquele medo – que ele considerava bobo, porém nunca deixou de prestar suporte a ela.
E então ele sorriu, daquela maneira que fazia com que ela conseguisse enxergar claramente a sinceridade dos sentimentos no coração de – fazendo-a sorrir igualmente.
- Agora podemos ir, não, ? – perguntou piscando para ele e pulando para o banco de trás, enquanto ainda continuava a falar. – Só preciso colocar meu all star, deixei aqui atrás...
- Ok. Sem problemas... – respondeu calmamente e, assim que ela se acomodou no banco de trás, ele a seguiu.
- Sabe... Normalmente eu faço isso porque sou pequena. Olha o seu tamanho, . – A moça comentou com uma sobrancelha erguida, fazendo-o rir.
- Pelo menos eu alcanço o liquidificador no armário da cozinha...! – E ele caiu de maneira levemente desajeitada ao lado dela no banco de trás. até desistiu de colocar o all star para focar no rosto do namorado e entender o que ele estava fazendo.
- Olá. Ao que devo o prazer da sua presença? – Ela perguntou claramente brincando, reprimindo um sorriso no canto dos lábios.
- Eu estou feliz por você, . – respondeu de maneira direta, mal dando tempo para que pensasse antes de beijá-la. Ele fez questão de demorar no beijo, fazendo-a largar tudo e segurar nas lapelas de sua jaqueta escura, suspirando quando ele finalmente se separou dos lábios da namorada. Logo que o fez, apoiou a própria testa na dela, ambos permanecendo de olhos fechados. – Eu quero ficar sempre com você. Não acho que a gente tenha se encontrado anos depois em um aeroporto por um mero acaso...
- Foi o Fio Vermelho do Destino? – perguntou de volta, fazendo-o dar uma breve risada enquanto acariciava o rosto dela.
- O que liga as almas gêmeas que ficam destinadas a se encontrar? – Ele comentou, no que ela confirmou com a cabeça. – Se você acredita...
- Eu sei que você acredita, . Não adianta mentir para mim.
Ele riu brevemente do comentário, descendo uma mão para a coxa da namorada, enquanto a observava calmamente.
- Acredito. E acho que foi exatamente isso que fez com que nós nos encontrássemos novamente.
- E com que você cumprisse a sua promessa. – piscou para ele, referindo-se ao voo que pegariam ainda naquela noite: no avião de , só ele e ela, com destino ao Hawaii.
- Exato. – E, com um puxão rápido, fez com que ambos deitassem no banco de trás do carro, ele sobre ela, voltando a beijar a namorada logo em seguida.
- A gente vai se atrasar... – Ela murmurou por entre os lábios dele, claramente sem se importar muito com aquilo.
parou de beijá-la e se distanciou levemente do rosto de , olhando-a nos olhos. Em seguida, acariciou o rosto da namorada com a ponta dos dedos, em um toque gentil e carinhoso.
- O avião pode esperar.
Quando ele era pequeno, gostava de observar o céu no fim da tarde em Gwangju. Entre a imensidão rósea, grandes nuvens que pareciam flocos de algodão doce em tons de azul flutuavam pela brisa, salpicadas por pequenos pontos brilhantes das estrelas que surgiam conforme o dia dava espaço à noite.
Espiralando em uma coreografia graciosa entre as nuvens, os grandes olhos dele se arregalavam, deslumbrados, ao encontrar o único meio de transporte capaz de dar asas aos homens, permitindo-os flutuar junto com as aves no céu: o som de um avião cortando a superfície azul com seu rastro esbranquiçado sempre conseguia colocar um grande sorriso sincero nos lábios dele.
Por isso, naquela noite, apesar de estar se despedindo de sua mãe – que tinha que viajar novamente para outro país a trabalho – não conseguia parar quieto de empolgação enquanto observava todos os cantos do aeroporto.
Nas outras vezes que sua mãe viajara, ele não fora se despedir dela por lá. Era muito jovem, ficaria muito cansado, o horário do voo era péssimo... Qualquer dessas desculpas que os adultos inventam para impedir uma criança de fazer algo que realmente quer.
Mas, daquela vez, fora diferente. Ele não sabia por que e, sinceramente, não queria entender o motivo. Estava feliz de estar ao lado da sua mãe, de poder abraçá-la antes que ela entrasse em seu avião e de poder visitar um aeroporto pela primeira vez.
- , não corre por aí, ok? – O pai dele perguntou, deixando-o sentado em uma cadeira de espera preta. – Preciso ajudar sua mãe com as malas e o check-in. Posso confiar em você para se comportar?
- Pode sim! – Ele respondeu sorrindo enquanto balançava as pequenas pernas para cima e para baixo no ápice da animação. – Prometo!
- Já voltamos, meu lindo. – E a mãe dele afagou lentamente os cabelos do filho, deixando um livro nas mãos dele, começando a caminhar para o balcão de check-in logo em seguida.
Ou pelo menos era isso que achava. Não fazia idéia do que era um check-in e todas aquelas pessoas aglomeradas em volta daquele balcão deveriam estar fazendo a mesma coisa.
Ele deu de ombros, começando a folhear o livro que ela deixara com ele. Mas não conseguia focar durante muito tempo... Após alguns segundos com o nariz enfiado entre as páginas levemente amareladas, os olhos dele começavam a se aventurar pelas bordas do livro, observando o mundo à sua volta com curiosidade.
conseguia ouvir os aviões decolando e pousando, porém não conseguia vê-los. Sentia as pessoas conversando e caminhando à sua volta, observava enquanto algumas passavam nas várias lojas e nos restaurantes que compunham o ambiente do aeroporto.
Tudo aquilo dava um sentimento de inquietude dentro do coraçãozinho do menino. Ele queria viajar, conhecer outros lugares, ver outras cidades... Queria flutuar entre as nuvens, deslizar pelo ar como um pássaro. Queria sentir a empolgação de se sentar em uma daquelas grandes poltronas estofadas enquanto o avião corria pela pista, tomando fôlego para alçar voo e deslizar pelo céu – as estrelas brilhando em volta como pequenos vagalumes dançando pela imensidão azul.
Última chamada para o voo...
Aquele anúncio o fez abrir os olhos e retornar à cadeira de couro negro do aeroporto.
deu um pequeno sorriso. Um dia ele ainda iria viajar bastante, flutuando entre as nuvens. Ele ia, ele ia. Pelos confins do mundo, ele brincaria entre as nuvens até chegar ao seu destino.
- ...? – Ele ouviu uma voz distante chamando-o, deparando-se com sua mãe sorrindo para ele e estendendo a mão. – Vamos?
- Vamos! – E o menino não conseguia conter a empolgação. Segurando a mão grande e aconchegante da mãe com uma de suas pequenas mãos macias, começou a caminhar ao lado dela com seus passinhos curtos e apressados, enquanto ela somente dava passos calmos e relativamente lentos.
- Quando eu voltar, você vem me buscar também, ? – Ela perguntou com um sorriso plácido nos lábios, sabendo que ele ficaria mais do que contente em aceitar aquela oferta.
- Com certeza, mãe! – O menino respondeu segurando a mão dela com mais força. – Sempre venho te trazer e te buscar, quando quiser!
A mulher somente riu da empolgação do filho. Caminharam pelos corredores de pessoas, cada uma indo para um destino diferente, com histórias diferentes esperando para se encerrar ou começar. Somente a mãe dele sabia para onde estavam indo: a seguia sem ao menos questionar. Estava muito contente e deslumbrado para perguntar sobre a logística de um aeroporto.
Além disso, ela sabia o que ele mais queria ver naquele dia.
- Tenho mais algumas coisas para resolver antes de ir, filho... – Ela comentou repentinamente, abaixando-se em frente a . Em seguida, fez um sinal com a cabeça para algo que estava ao lado deles. – Por que você não vai para lá? Assim, eu e seu pai conseguimos ficar de olho em você.
- Para lá, onde...? – Mas, antes que ele pudesse terminar de perguntar, olhou para o lado e viu ao que ela estava se referindo.
observou a enorme janela que se erguia a sua frente. E, ao lado de fora, nada mais, nada menos que a pista de pouso e decolagem, repleta de aviões fazendo sua coreografia para alçar voo.
Ele olhou da janela para a mãe.
- Posso...?
- Claro! – Ela respondeu rindo, soltando as mãos do filho.
imediatamente saiu correndo para a janela – e, antes de voltar aos seus preparativos para embarcar, a mãe dele ainda continuou um tempo ajoelhada no chão, observando-o. Ela tinha certeza que aquele pequeno menino ainda ia voar muito alto. Mais até do que os aviões que ele tanto amava.
Naquele momento, entretanto, nada daquilo importava muito para . Era a primeira vez que ele via um avião tão perto e o menino não queria saber de desgrudar os olhos. O barulho das turbinas era alto até mesmo na sala de espera e já causava certo frio na barriga dele.
só conseguia imaginar como deveria ser estar dentro de um avião daqueles.
- Uau... – Ele ouviu a voz de uma garota repentinamente ao seu lado.
Quando se virou, encontrou uma menina, grudada ao vidro da janela, assim como ele. Ela tinha as duas mãos espalmadas na superfície, segurando desajeitadamente uma Barbie como podia. As mangas da blusa bordô quase cobriam as pequenas mãos da menina e os cabelos escorriam pelos ombros – presos por algumas presilhas em formato de borboletas somente para que a franja não caísse no rosto. Os olhos dela eram enormes e refletiam as estrelas no céu, bem como o brilho das asas dos aviões.
Além disso, os olhos dela estavam tão deslumbrados quanto os dele.
- São tão grandes...! – Ela comentou, fazendo com que seu hálito quente embaçasse o vidro.
- Eu nunca tinha visto tão de perto também! – respondeu, voltando a atenção para os aviões do lado de fora. – É sua primeira vez num aeroporto?
- Sim! – A menina respondeu, finalmente começando a observá-lo. De tudo que podia notar em , a característica que mais lhe marcou foi o sorriso sincero que o menino tinha nos lábios. – Minha tia vai viajar para Paris! Quis vir para me despedir dela e conhecer os aviões! São tão lindos...!
- Você já se imaginou voando em um deles? – O menino perguntou de volta, empolgado. Sinceramente, estava feliz de ver que não era o único empolgado com todo aquele esplendor à sua frente.
- Já! Não vejo a hora! – A menina se virou para ele, segurando a Barbie com as duas mãos e abrindo um enorme sorriso. – Quero viajar o mundo todo! Atravessar as nuvens de algodão doce e conhecer todos os lugares que tenho direito!
- Eu também! – E agora quem estava empolgado de conversar era ele. – Para todos os países, todos os destinos que eu quiser!
- Como se realmente tivéssemos asas para voar! Os aviões seriam as nossas asas! – Quando ela disse isso, os dois abriram os braços e começaram a brincar, fingindo que estavam planando pelo ar. Quando finalmente pararam, somente trocaram olhares e começaram a rir.
- Podemos viajar juntos! – Ele comentou com seu sorriso sincero ainda estampado nos lábios. Em seguida, apontou para a coreografia que ainda acontecia ao lado de fora. – Porque sabe, um dia eu vou ter um avião desses!
- Jura? Você me leva pra dar uma volta? – Ela tinha os olhos brilhantes, realmente acreditando nas palavras dele.
- Claro! Você sempre vai ser minha convidada de honra! – E ele segurou a mão dela de brincadeira, fazendo uma leve reverência. – Qual é o seu nome?
- . – A menina respondeu com um sorriso, as bochechas coradas com aquele menino simpático que ela dera sorte de encontrar no aeroporto. – E o seu?
- . Não vai esquecer?
- Seu nome é muito bonito para esquecer. – deu um sorriso gentil ao fim da frase, fazendo com que ele começasse a corar. – E você não vai se esquecer do meu?
- Além de bonito, seu nome é diferente. Não vou esquecer nunca! – Em seguida, ele piscou para ela. – E que tipo de pessoa eu seria se esquecesse a minha convidada de honra? Nós vamos planar juntos pelas nuvens, !
Ela começou a rir imediatamente enquanto ele novamente abria os braços e saia planando pela sala de espera. A menina o imitou, seguindo-o e mal se lembrando que tinha levado a própria Barbie para lhe fazer companhia enquanto aguardava todos os trâmites da viagem.
- !
- !
Os dois finalmente pararam de brincar quando ouviram seus nomes sendo chamados ao mesmo tempo. Trocaram olhares em frente à janela e sorriram, acenando um para o outro.
- Te vejo entre as nuvens, então? – Ela perguntou antes de ir embora.
- Prometo que sim, ! Entre as nuvens! – Ele respondeu e ambos saíram correndo de volta para suas famílias.
18 Anos Depois
- Aish...! Você não acha que já comeu o suficiente desses negócios pra uma vida toda...? – perguntou enquanto segurava o celular com uma mão e dava a passagem para a moça do check-in no balcão no qual ele se encontrava.
Já era madrugada – precisamente duas e vinte e cinco da manhã. Por conta da produção de uma das suas músicas próprias e independente do grupo, não teve a oportunidade de viajar junto com todos os amigos à Europa, precisando encontrá-los lá com dois dias de diferença – tempo suficiente para que ele terminasse de produzir a track que desenvolvia no momento.
Então lá estava ele, de madrugada, vestindo uma calça jeans qualquer, uma blusa regata velha com um casaco que parecia três vezes maior que ele por cima e um par de tênis surrados; um boné escondendo o cabelo e uma echarpe cinza enrolada na mochila, caso ficasse com muito frio.
- Obrigado...! – Ele sussurrou para a moça do check-in, ganhando um sorriso em resposta, logo que ela terminou de fazer o que precisava.
- Ah, eu esqueci de comprar quando estava no aeroporto, tenha piedade de mim! – respondeu do outro lado da linha, suspirando. – Por favor! Eu te dou o dinheiro quando você chegar aqui.
- Ah, não precisa, eu compro pra você... Daqui a pouco você vai virar uma bola te tanto comer esse chocolate! – tentou parecer bravo, mas não conseguiu conter uma breve risada no fim da frase.
- Obrigado, -ssi! – E claro, tentou ser o mais simpático possível depois daquela. – Você demora quanto tempo pra chegar aqui?
- Não sei... – O amigo respondeu suspirando, observando o painel de voos enquanto se aproximava da sala de espera. O lugar estava praticamente deserto. Muito parecido com a vez que ele fora a um aeroporto pela primeira vez para se despedir da mãe antes que ela viajasse. – Vários voos pra Europa estão atrasados e há uma grande possibilidade de atrasarem o meu também.
- Mas já é de madrugada aí, não? Por que tanto atraso?
- Boa pergunta. Pelo que ouvi, teve algum problema na pista hoje à tarde e isso atrasou todos os voos até agora... – Dizendo isso, deixou a própria mochila em uma das cadeiras de espera feitas de couro negro. – Já sabe, né? Hoje é meu dia de tomar chá de aeroporto.
- Como se você não gostasse! – respondeu com uma breve risada ao fim da frase, fazendo sorrir também. – Mais tempo pra aproveitar as lojas de conveniência!
- Eu vou comprar seu chocolate, não precisa ficar trazendo o assunto de cinco em cinco minutos! – riu, sem conseguir acreditar na cara de pau do amigo. Ouviu rindo brevemente do outro lado, mas logo o som se dissipou.
- Falando sério agora, se cuida um pouco e vai relaxar. Sei que você tem trabalhado muito nas suas músicas, então sei lá... – O amigo suspirou, dando de ombros. – Aproveita esse tempo que você tem aí sozinho. Dá pra fazer muita coisa em um aeroporto.
- Obrigado, vou aproveitar sim... – E se espreguiçou enquanto falava. – Eu tava precisando de um tempo mesmo. A gente se fala quando eu chegar aí, ok?
- Ok. Vai entrar no modo avião?
- Com certeza. Depois que eu desligar aqui, ninguém me acha. – deu uma breve risada, fazendo com que o amigo também risse. – Até.
- Até.
E, logo que terminou a ligação, colocou seu aparelho em modo avião, enfiando-o em algum lugar esquecido da mochila e deixando-o por lá. Agora só o pegaria quando extremamente necessário ou absurdamente entediado.
Ele colocou as mãos nos bolsos do casaco e suspirou, observando a sua volta. Caminhou casualmente até a grande janela que dava para a pista de pouso e decolagem – seu lugar preferido para observar o aeroporto. Tudo estava silencioso. Já era muito tarde na madrugada para ter uma movimentação intensa, portanto havia pouquíssimas pessoas andando por lá.
Ou melhor, na espera para os voos, havia exatamente ele e mais uma pessoa. Só.
Pessoa esta que só começou a prestar atenção, pois a moça andava de um lado para o outro, falando consigo mesma.
- Eu me odeio. Essa é a resposta. É por isso que estou fazendo isso. – Ela murmurava consigo mesma. Aquilo fez com que ele franzisse as sobrancelhas, somente tentando entender o contexto daquelas frases desconexas. – Não há outra explicação. Por qual outro motivo eu iria me meter a entrar num avião completamente sozinha? Eu tenho que ter uma veia masoquista. Única explicação viável...
/ Um pequeno sorriso começou a brincar nos lábios de . Só de ouvir aquilo, ele já tinha uma breve idéia do que estava acontecendo com aquela moça. Observou com curiosidade enquanto ela gradualmente se aproximava da enorme janela na qual ele se encontrava.
- “Eu vou para Paris”, “vai me fazer bem”, “será meu grito de liberdade, minha viagem de emancipação”... – Ela dizia para si mesma, ridicularizando os próprios comentários que havia feito para se convencer de que aquela viagem era para acontecer. – Só que né, esqueci um pequeno detalhe: preciso pegar um avião para ir à Paris. E preciso pegar completamente sozinha.
Ela parou de falar logo que chegou à janela. Quando a respiração da moça já embaçava o vidro, ela suspirou, fechando os olhos – como se estivesse aterrorizada demais só de observar os aviões do lado de fora.
- O que diabos eu tenho na cabeça...? – A moça finalmente perguntou para si mesma e descansou a testa no vidro gélido, com um pequeno baque.
teve que se controlar ao máximo para reprimir uma breve risada. Não podia negar que achara aquela cena, no mínimo, adorável.
- Sabe... Se você escutar música, pode acalmar um pouco antes de voar. – Ele comentou, sem conseguir ficar sem sorrir, ao menos.
A moça somente soltou um gemido sofrido, ainda de olhos fechados, sem desgrudar a testa do vidro.
- Música é a única coisa que faz sentido pra mim, mas acho que nem isso consegue me ajudar agora... – E o sofrimento escorria de cada palavra que ela proferia. deu uma pequena risada, sem conseguir mais se segurar.
- Então você tá escutando a música errada. Você nunca voou antes?
- Já voei uma vez, com a minha tia, quando tinha uns catorze ou quinze anos... – Ela suspirou, finalmente se virando para observá-lo. – A viagem durou no máximo uma hora e eu me senti uma sardinha planando em um negócio que pesa toneladas. Algo completamente contra as leis da física.
Com isso, os olhos deles se encontraram. tinha a impressão que já vira aquele brilho antes, mas não conseguia dizer exatamente de onde era. Enquanto isso, a moça somente pensava que aqueles olhos gentis não lhe eram estranhos.
- É só você não pensar nas leis da física. – Ele respondeu rapidamente, piscando para ela e arrancando um primeiro sorriso dos lábios da moça.
- Pelo visto, você gosta de voar.
- Sempre sonhei com isso, sim... – suspirou, voltando a atenção para a pista de pouso. Começou a sorrir consigo mesmo quando se lembrou daquele dia em que era somente um menino deslumbrado, observando a coreografia de aviões pela primeira vez. – Sempre quis “brincar entre as nuvens”...
- Eu também... – A moça suspirou, apoiando as mãos no vidro da janela. – Só não achei que teria tanto medo.
voltou o olhar para respondê-la, porém suas palavras ficaram presas na própria língua assim que a viu daquela maneira. Ele imediatamente foi transportado para seu primeiro aeroporto, com aquela menina que conhecera em uma sala de embarque como a que se encontravam. A moça que estava ao seu lado agora parecia uma versão adulta daquela menina e ele não pôde deixar de sorrir largamente com aquela visão ao ser tomado por um sentimento de nostalgia.
- O que foi? – Ela perguntou repentinamente, fazendo-o finalmente notar que estava encarando-a a um bom tempo.
- Ah, nada... – respondeu ainda sorrindo, um tanto envergonhado, com as bochechas tomando um leve tom rosado. – Você me lembrou uma menina que conheci há muito tempo atrás em um aeroporto. Ela estava deslumbrada com os aviões.
- Provavelmente era mais corajosa do que eu...
- Não sei. Pra mim, precisa ter bastante coragem para resolver viajar sozinha como você resolveu fazer agora. – Ele deu de ombros, novamente colocando as mãos nos bolsos do casaco. – Ela me prometeu que viajaria comigo quando eu a chamasse, nunca disse que viajaria sozinha...
- Seria bom ter alguém pra voar comigo. – A moça rebateu, os dois caindo em um silêncio que durou somente alguns breves segundos. Ela deu uma pequena risada. – Quando eu era pequena, conheci um menino num aeroporto que me falou que voaria junto comigo... Que nos veríamos entre as nuvens. Seria bom ter uma companhia assim.
franziu as sobrancelhas. Ele já tinha ouvido aquilo. Ele já tinha vivido aquilo. Há muito tempo atrás, em outro aeroporto, mas ele tinha certeza que aquela não era a primeira vez que tinha aquela conversa.
- Por um mero acaso ele prometeu que te levaria com ele como convidada de honra...?
E foi a vez dela de franzir as sobrancelhas, observando-o com curiosidade.
- Sim... Porque um dia, ele teria um avião desses. – A moça apontou para o outro lado da janela.
Os dois trocaram olhares durante alguns segundos, tentando compreender se o que achavam que estava acontecendo realmente estava acontecendo.
- ... ... – começou a murmurar, como se estivesse tentando tirar algo do fundo da própria mente. Os olhos dela se arregalaram, parecendo os olhos de uma criança. – ...?
- ...? – Ela perguntou tentativamente, logo que confirmou com a cabeça que o nome que ele acabara de falar estava correto.
- Não acredito...! – E ele tinha um sorriso enorme no rosto, completamente incrédulo com aquela situação.
- Qual a chance de isso acontecer...?! – A própria moça não conseguia acreditar.
Os dois permaneceram ainda durante alguns segundos em um silêncio sem palavras, até tomar uma atitude.
- O seu voo também está atrasado?
- Todos estão, se não me engano. – comentou, apontando para o painel de voos.
De fato, ao lado de todos os voos, os dois só conseguiam ler uma palavra em vermelho: DELAYED.
- Você quer tomar um café? – Ele perguntou, o coração acelerado e o sorriso sinceramente desengonçado. – Acho que temos tempo para isso.
- Não posso tomar café... – A moça respondeu pensativamente, sorrindo para ele logo em seguida. – Mas aceito um chocolate.
Com isso, os dois somente trocaram sorrisos, enquanto os aviões alçavam voo por entre as estrelas na janela à frente.
1 Ano Depois
- Você foi sozinha pra Paris. Dessa vez, vai me ter ao seu lado! – piscou para a namorada, enquanto caminhavam lado a lado no aeroporto.
Ela suspirou de maneira sofrida enquanto arrastava a mala, sinceramente tentando arranjar animação no próprio coração.
- É mais fácil quando você fala...! – resmungou, observando o painel de voos com um par de olhos apreensivos.
- Estamos indo pro Japão, minha linda... Não é tanto tempo de voo assim. – Dizendo isso, usou o braço que não arrastava a mala para enlaçar os ombros de e trazê-la mais para perto de si, aninhando-a em um abraço aconchegante enquanto andavam. – Eu sei que com você tenho que ir devagar. Um passo de cada vez.
Assim, a puxou ainda mais próxima de si e beijou o topo da cabeça de , sentindo contra os lábios aqueles cabelos sedosos que tanto amava. Ela, por outro lado, somente riu da atitude dele, adorando cada segundo, enquanto as bochechas tomavam um tom levemente escarlate.
- Ah, você ainda fica vermelha quando eu te beijo assim? – perguntou para provocar, porém tinha nada além de carinho nos olhos. O que a fez ficar ainda mais vermelha.
- Fazer o quê, amor? É isso que você faz comigo. – deu de ombros, com uma risada levemente nervosa. – Pelo menos me distrai do avião...
- Então se for assim, vou te beijar durante o voo todo... – Ele murmurou no ouvido dela, o braço prendendo-a fortemente contra si. A namorada somente lançou um olhar de poucos amigos para .
- . Se comporta. – Ela respondeu categoricamente, já sabendo o que aquele ser humano tinha em mente. – Eu pretendo chegar ao Japão sem ser expulsa por uma companhia aérea por atentado ao pudor. Larga mão de ser indecente.
- Hmmm, e até parece que a senhorita não é nem um pouco indecente. – Ele rebateu com um sorriso um tanto safado nos lábios. – Eu só tô querendo te relaxar, meu amor.
- É. Pode deixar pra ter toda essa bondade no coração e me relaxar no hotel, quando já estivermos novamente seguros em terra firme, meu chuchu. – Ela comentou de maneira até seca, enquanto caminhava para o check-in, fazendo-o balançar a cabeça e rir.
Era a primeira vez que iam voar juntos. ainda não cumprira sua promessa de criança de levá-la para viajar em um avião só dele, mas não tinha esquecido daquilo. Normalmente, somente ia se despedir dele nos aeroportos, mas, naquele dia, tinha tomado coragem para viajar. sabia que teria que dar suporte a ela em relação ao aeroporto em si e também no quesito emocional. Mas, para ser sincero, estava adorando cada segundo daquilo.
Uma coisa era sonhar. Outra coisa era dividir esse sonho com alguém. Principalmente com alguém que se ama. Ele não podia pedir por algo mais, não podia esperar algo melhor. Cada dia que passava, era eternamente grato por tudo que alcançara e conquistara, jamais conseguindo imaginar como aquilo poderia ficar melhor. A vida dele já era tudo que ele sempre quisera, mas parecia que ficava cada vez melhor.
E poder dividir aquilo com ela, a menina que sonhara em voar junto com ele quando era criança, era muito mais do que poderia ter desejado.
Segurando a mão de , ele a guiou pelo aeroporto, orientando-a sobre tudo que tinham que fazer. Quando ficaram sentados na sala de embarque, ele também não soltou da mão dela. E quando se acomodaram nos assentos do avião, começou a delinear os desenhos das veias das mãos de , mudando a atenção dela dos sons das turbinas para o leve toque calmante dele. Quando seus olhos se encontraram, ele sorriu para ela, brilhando como um raio de sol.
- Vai ficar tudo bem, .
A moça imediatamente sorriu de volta, fechando os olhos e apoiando a cabeça no ombro do namorado. Sim, ela sabia que ficaria tudo bem. Simplesmente por conta do fato de que ele estava ali com ela. Sempre que estava presente, tudo ficava bem. Era uma regra da vida dela, portanto não havia com o que se preocupar. Ela estava nervosa à toa.
Isso facilitou com que facilmente pegasse no sono enquanto apoiada nele. não tinha a intenção de acordá-la, afinal, gostava de vê-la plácida em um sono tão profundo. Porém, a moça pedira a ele, antes do voo, que a chamasse quando estivessem sobrevoando o Japão. Assim, com um beijo na testa e carinhos na bochecha dela, ele a acordou, apontando para a janela logo que ela o encarou com seus grandes e cansados olhos brilhantes.
- Já chegamos, . Olha que lindo. – deu espaço para que ela se apoiasse sobre ele e conseguisse observar a paisagem pela janela.
- Uau...! Isso é maravilhoso, ! – exclamou, apoiada nas pernas dele e observando o lado de fora como uma criança que vê algo pela primeira vez. A noite estava escura e a cidade inteira iluminada. A moça imediatamente começou a sorrir, ainda deslumbrada. – Parecem estrelas! Diversas estrelas em um manto aveludado...!
- Viu? – E nisso, ele a abraçou como pôde, apoiando a cabeça no ombro dela e ficando o mais próximo que conseguia do rosto da namorada. – Estar entre as nuvens não é tão ruim assim, não...?
olhou para o lado, pronta para dar alguma resposta esperta e cheia de personalidade – e esperava por isso. Porém, quando ela encontrou o sorriso plácido e sincero que ele tinha nos lábios, os olhos repletos de carinho e nada mais do que a calmaria que ela precisava em seu coração para aguentar uma viagem como aquela, as palavras sumiram na ponta da língua da moça e ela somente fechou a boca, sorrindo de volta. Ficou observando o namorado durante um tempo antes de voltar a falar.
- Com você, nada é ruim, . – comentou, sentindo um leve calor subir ao rosto.
- Nem com você. Agora... – Ele levou os dedos para a bochecha dela, o frio da própria mão se contrastando com o calor escarlate do rosto de . – Você está ficando corada?
- Para de me perturbar por causa disso! – Ela imediatamente cobriu as bochechas com as mãos, fazendo-o rir.
- Eu não acredito que você ainda tem vergonha de falar essas coisas! – se divertia como nunca, enquanto somente se endireitava na poltrona e fazia questão de não olhar para ele. – Quer dizer que essa vai ser uma noite de beijos e declarações de amor, então?!
- Só porque você quer ficar me perturbando durante o resto da eternidade! – A moça rolou os olhos, balançando a cabeça. – Pra mim, podia muito bem ser uma noite de comida de hotel e filmes legais enquanto embrulhados em um cobertor!
- Ah, mas aí não é tão divertido...! – E claro, ele teve que abraçá-la. – Apesar de que os filmes não parecem uma má idéia...
E, quando foram notar, o avião já tinha pousado, correndo suas ágeis rodas negras pela pista da mesma cor, iluminada somente por alguns pontos de luz e sinalizada com tinta amarela.
repentinamente se virou para o namorado, pasma e boquiaberta.
- Você... É... Genial. – Ela comentou, ainda sem conseguir acreditar.
demorou um pouquinho, porém sorriu em seguida, admitindo. Levantando-se da poltrona, segurou as mãos da namorada para ajudá-la a se colocar em pé.
- Eu tinha que fazer com que você se distraísse de alguma maneira, não? – E, dizendo isso, a segurou pelos ombros, a fim de guiá-la enquanto a seguia de porto por trás.
Afinal, nada na vida distraía como uma boa conversa. Por sorte, era bom de conversa, principalmente com ela. As palavras fluíam com naturalidade, os pensamentos nunca eram rejeitados – mas sim discutidos. Ele sabia que aquela conversa seria o suficiente para fazer com que se desligasse até o momento do pouso.
Assim, os dois chegaram rapidamente à esteira para reaver suas malas no aeroporto.
E era ali que sabiam que iriam se divertir.
- Ah, pode se sentar e assistir, porque você vai gostar de ver. – comentou arregaçando as mangas do casaco. – A maior negação do século para pegar malas em um aeroporto: , diga olá à sua namorada!
Ele somente riu enquanto ela se distanciava. Não acreditava que ela seria tão ruim quanto estava falando. Quando viu a própria mala, a tirou da esteira, colocou-a no chão e ficou observando de braços cruzados, um sorriso de admiração brincando nos lábios.
avistou a própria mala. Decidida, a moça caminhou até a esteira. observava atentamente.
E, quando ela segurou a alça da mala, ele finalmente entendeu. E começou a rir até não querer mais.
- Eu avisei! – exclamou enquanto praticamente corria junto com a mala, tentando puxá-la da esteira, porém falhando em todas as tentativas. Por causa disso, ela tinha que andar na velocidade da mala, em pequenos passinhos que a faziam parecer uma gueixa correndo atrás de algo que tinha caído no chão.
não conseguia parar de rir daquela cena. Realmente acreditava que ela estava exagerando, porém, ao ver aquela cena, percebeu que a moça não lhe dissera nada além da verdade.
- Ei, ei, calma...! – Ele pegou a mala de , segurando a alça por cima da mão da namorada. Ela ainda correndo com seus passinhos e ele tentando parar de rir. – Deixa que eu faço isso, você vai acabar derrubando tudo...!
Com um puxão rápido, conseguiu finalmente colocar a mala no chão, perto dos pés da namorada. olhou para ele e deu um sorriso plácido, que fez até com que ela fechasse os olhos.
- Obrigada, amor! – Ela até cantou um pouco a última palavra, o que demonstrou a ele que a moça realmente estava agradecida por aquilo.
- Você. É. Muito. Fofa! – Ele a puxou para perto de si com um braço e começou a caminhar pelo aeroporto, os dois juntos e arrastando as próprias malas ao lado. – Mais tarde eu mordo essas suas bochechas. Agora só precisamos achar um táxi pra ir pro hotel...
- Em primeiro lugar, você não vai morder bochecha nenhuma. – respondeu categoricamente, fazendo-o sorrir. já esperava aquilo. O que não esperava era que a namorada parasse no meio do aeroporto, segurando-o pela barra do moletom. – Em segundo lugar... Acho que tem um restaurante aqui dentro, não...? A gente realmente precisa ir pro hotel tão rápido...?
Inicialmente, ele a observava sem entender muito bem. Porém, quando terminou sua última pergunta, abriu um de seus sorrisos que podia clarear até o mais escuro dos dias.
- Não, . Não precisamos. – E, dizendo isso, a abraçou novamente, começando a caminhar com sem um rumo definido pelo aeroporto que tinham acabado de chegar.
6 Meses depois
- Você devia parar de se preocupar tanto! Vem sentar aqui, ! – chamou a moça com as mãos, porém ela somente balançou a cabeça. – Temos champanhe! Certeza você vai se acalmar um pouco!
- Obrigada. Eu tô feliz aqui no meu cantinho, ... – suspirou, observando as nuvens do lado de fora. A noite estava tão escura que ela só conseguia enxergar manchas negras, as estrelas como os únicos pontos de luz eventuais entre a escuridão.
- Eu trago ela aqui, pode deixar... – comentou com uma breve risada e caminhou pelo corredor apertado até as poltronas nas quais a namorada se encontrava. Logo que se aproximou, o olhar de se mudou para ele, fazendo-o sorrir. – Tá tudo bem?
- Eu odeio aviões... – Ela murmurou suspirando, tirando os pés da poltrona e dando espaço para que ele se sentasse, ficando de frente para o namorado.
- Se eu me lembro bem quando a gente se conheceu, você adorava. – respondeu com um pequeno sorriso tímido brincando no canto dos lábios. – Você não via a hora de voar junto comigo.
- Pois é, que criança tonta eu era. – respondeu de maneira analítica, fazendo-o dar uma boa risada.
- Você ainda gosta. Só tem que se acalmar. – Ele constatou e segurou as mãos dela com cuidado, puxando-a para mais perto de si. – Aqui, vem cá...
Assim, pegou uma das mãos de e pousou no próprio peito, sobre seu coração. Sabia que uma das coisas que a acalmava era a batida de seu coração e que ela adorava sentir aquela melodia. Quando viu que um sorriso estava prestes a surgir nos lábios da namorada, colocou cuidadosamente a mão livre sobre o coração dela, olhando-a nos olhos assim que percebeu o que ele estava fazendo.
- E agora respira... – disse com a voz baixa e aveludada, seu sorriso gentil que chamara a atenção dela desde o primeiro dia em que se viram já suavemente na sua boca. – Vou ficar aqui durante horas se você precisar.
Com esse comentário, deu uma breve risada e fechou os olhos, pressionando a mão sobre o peito dele com um pouco mais de força. acariciava lentamente os dedos da mão dela sobre o próprio peito, observando a expressão calma que tomava o rosto da namorada.
Ele literalmente estava planando por entre as nuvens.
- Lembra de ontem à noite...? – Ele murmurou, fazendo-a imediatamente abrir os olhos.
E, assim que olhou para ele, encontrou os olhos cor de chocolate de , observando-a sugestivamente, porém de maneira carinhosa – enquanto um leve sorriso pairava sobre os cantos dos lábios dele.
Na noite anterior
- Eu quero morder alguém! Que coisa, galera mais estúpida que só me faz passar nervoso! – estava quase arrancando os próprios cabelos.
tinha certeza que logo todos aqueles fios maravilhosos iam sumir da cabeça da namorada se ela continuasse daquela maneira.
- Como que alguém consegue defender uma coisa dessas? Como, ? Me responde como?! – Ela agitava a tal defesa de um lado para o outro, finalmente jogando o maço de papel sobre a mesa e bufando ao colocar as mãos na cintura.
- Não vale a pena se estressar por pessoas assim, ... – Ele comentou com um pequeno sorriso compreensivo nos lábios. – Você só vai acabar com a sua saúde à toa. Além disso, é o seu trabalho, não?
- Sim, é o meu trabalho. Mas eu estou tentando fazer do mundo um lugar melhor enquanto este embuste... – E ela apontou para o maço de papel, fazendo-o rir com a escolha de palavras. – Só quer ganhar dinheiro em cima de crimes contra a humanidade. Isso me irrita.
- Na verdade, você não está irritada com isso... – a seguia pelo quarto, tratando de pegar a tal defesa logo que os dedos de se aproximaram do maço para voltar a lê-lo. – Você está irritada com o fato de que essa defesa te atingiu. Esse cara te atingiu. E você se deixou ser atingida.
imediatamente abriu a boca para refutar – uma mão na cintura enquanto a outra já estava com o dedo levantado, pronta para argumentar. Porém, as palavras secaram assim que ela tentou movimentar os lábios. Após alguns segundos, lá se encontrava ela, com cara de pastel, completamente indignada e ele com aquele sorriso gentil e olhar compreensivo.
- Você precisa relaxar.
- Eu preciso trabalhar.
- Não. Não precisa, não... – respondeu rindo enquanto balançava a cabeça. Fez questão de colocar a defesa no lugar mais alto que conseguiu encontrar, para que ela não alcançasse sem a sua ajuda. Em seguida, segurou a mão da namorada. – Esquece. A gente vai entrar de férias e faz tempo que não tiramos férias juntos. Aliás, faz tempo que não nos aproveitamos. O que você acha de lidarmos com as coisas de maneira devagar hoje...?
- Devagar...? – franziu as sobrancelhas, tentando compreender o que ele queria dizer. Apesar disso, não oferecia resistência: enquanto caminhava até a cama, ela o seguia sem questionar.
- Quero aproveitar você. Vem cá. – E, dizendo isso, ele se sentou na cama, puxando-a para que a namorada se sentasse no colo dele.
Com uma perna de cada lado do corpo de , finalmente se sentou e resolveu se acalmar, puxando a blusa que usava para cima a fim de que esta não se embolasse na cintura e a deixasse mais confortável. Ele pousou as mãos quentes sobre as coxas nuas e levemente geladas da namorada, observando calmamente cada detalhe do rosto dela.
- Você confia em mim, não...? – perguntou praticamente em um sussurro, já subindo uma de suas mãos para o peito dela e pousando-a sobre o coração de .
- Você sabe que sim. – Ela sussurrou de volta, colocando a própria mão no peito dele para sentir a batida do coração de .
Ele a puxou mais para perto de si, procurando o máximo de contato entre os dois. Assim que ela estava mais próxima, apoiou a própria testa contra a testa de , ambos fechando os olhos e focando somente na respiração. Após um bom meio minuto daquela maneira, conseguiram sincronizar as respirações e logo sentiam como se fossem uma só energia – como se estivessem no mesmo estado de espírito. Era como se estivessem voando, pairando sobre as nuvens e navegando entre as estrelas.
- Me incomoda... Que esse pessoal fale mal de mim. – comentou silenciosamente, em um tom que só ele conseguia escutar, devido à proximidade. – Que falem que eu sou idealista demais... Sonhadora demais.
- Também me incomoda quando as pessoas falam mal de mim... – respondeu no mesmo tom, subindo uma das mãos vagarosamente até a cintura dela e começando a acariciá-la com movimentos circulares na pele exposta. – Mas esse pessoal é infeliz e sozinho, enquanto estamos aqui, juntos. Além disso, você é sonhadora... Se não fosse, não teria chegado aonde chegou, assim como eu.
- Porque nós dois sempre sonhamos em voar, não? – Ela suspirou, enlaçando os dedos nos cabelos macios do namorado, massageando a nuca dele enquanto somente respiravam, ainda com a mão livre sobre o coração do outro. – E como você sempre diz, a inveja impede os outros de alçar voo.
- Exatamente. – Ele comentou com um breve sorriso. – Você aprende rápido.
E, com isso, finalmente tocou os lábios dela com os próprios. Não era um beijo carregado de desejo como era de se esperar, mas sim um beijo leve e confortável, como a brisa de um fim de tarde que acaricia a pele antes do gélido vento noturno. Beijando-a novamente, escorregou a mão por debaixo da blusa dela, somente para repousá-la sobre o coração da namorada logo em seguida, contente em sentir o contato da pele.
Abrindo os olhos quando seus lábios se separaram, tirou a mão livre da nuca dele, tirando os feixes de cabelo do rosto de que já começavam a cair sobre seus olhos. Ele sorriu em agradecimento, observando-a calmamente, assim como ela fazia com ele.
Já que era para levarem as coisas de maneira devagar, aproveitariam cada momento – nem que fosse somente para se observar e guardar as feições do outro com o objetivo de nunca se esquecer.
E a única coisa que acordou de seus pensamentos foram os dedos de em seus lábios, acompanhando o seu desenho, enquanto a única coisa que conseguiam escutar eram suas respirações pesadas e batimentos cardíacos mais acelerados que uma escola de samba, como ela diria.
segurou a mão de , beijando as pontas dos dedos dela diversas vezes.
- Eu te amo, .
Ela olhou para ele com um sorriso escondido no fundo dos olhos, sentindo-se confortável como nunca se sentira antes.
- Eu também te amo, .
No avião
- Eu me pergunto... – comentou brevemente, fazendo-a abrir os olhos e voltar das memórias da noite anterior. – Quando você vai parar de ter medo de voar.
- Provavelmente quando você menos esperar. – comentou com uma leve risada, fazendo-o sorrir.
- Agora... Você aceita uma taça de champanhe? – Foi só ele perguntar que ela lançou um olhar não muito feliz. – Vamos, ! Falei pra todo mundo que ia conseguir te levar até lá. Eles também querem passar tempo com você.
- Eu sei... – E ela suspirou, derrotada. – Você tem razão. Vamos lá. Pequenos passos, não?
- Exato. Pequenos passos.
Sorrindo, segurou a mão da namorada e não soltou até que estivessem novamente em “terra firme”.
3 meses depois
- Eu não sei como você consegue dirigir pra pegar um avião logo em seguida. – comentou enquanto se espreguiçava ao lado de . Estava se sentindo uma sardinha em lata e nem tinham entrado no avião ainda.
Voo esse que os levaria para a maravilhosa ilha de Oahu, lugar que os dois sempre quiseram visitar. O único problema é que ficariam dentro do avião por, no mínimo, oito horas – o que, obviamente, gerou um discurso de sobre falência renal.
Na verdade, ela fizera o discurso mais por obrigação do que qualquer outra coisa: sabia que, para viajar, teria que enfrentar aviões e tudo ficava mais fácil se ela tivesse o braço de para agarrar quando sentisse alguma turbulência.
- Ossos do ofício, querida. Além disso... – E ele parou de falar durante algum tempo, enquanto dava ré para estacionar o carro. Finalmente tinham chegado ao aeroporto deserto naquela noite de outono. – Você sabe que eu relaxo no avião.
- É, sei... – Ela terminou de se espreguiçar, estalando o pescoço de um lado para o outro. Logo que sentiu o motor do carro parar de vibrar e ouviu o barulho das trancas das portas se abrindo, a moça já pegou a mochila que carregaria para cima e para baixo naquela noite. – Vamos?
- Espera só um pouco... – Ele suspirou, o braço apoiado para fora do carro enquanto observava as estrelas no céu noturno. – Você sabe que eu gosto quando o mundo fica silencioso assim à noite.
Ela somente sorriu, fechando os olhos e apoiando a cabeça no banco do carro, ouvindo somente o som das próprias respirações e dos aviões decolando à distância. Deixando a mochila no chão, decidiu que poderia sim esperar. Poderia esperar quanto tempo ele quisesse. Não importava o que acontecesse, quando ele abrisse os olhos, ela sempre estaria lá.
pareceu notar aquele tipo de pensamento irradiando dela. Quando se deu satisfeito com as estrelas no céu, passou a observar a estrela que estava sentada ao seu lado – calma, de olhos fechados e com um sorriso esmaecido no rosto.
Parecendo notar que ele a observava bobamente, abriu os olhos, sorrindo ao encontrar o namorado ficando com as bochechas levemente avermelhadas após ser pego por ela enquanto a admirava.
- Já quer ir? – Ele perguntou, ainda sorrindo e tentando esconder o tom escarlate nas maçãs do rosto.
- Pode ser. Nós já estamos atrasados.
- Bom, o avião é meu. Nunca estaremos atrasados. – piscou para ela, fazendo com que imediatamente desse uma breve, porém proveitosa, risada. Em seguida, um sorriso provocativo surgiu nos lábios dele. – E aí? Nervosa?
Mas nada no mundo poderia tê-lo preparado para a resposta.
- Não.
Os dois se encararam por longos três segundos após a resposta de .
- Ter você junto comigo me acalma, . E também... – E foi a vez dela de piscar para . – Voar não é tão ruim assim.
sentiu um calor no coração que ele próprio denominou como orgulho. Após tanto tempo, tantos voos e tantas aventuras, finalmente superara aquele medo – que ele considerava bobo, porém nunca deixou de prestar suporte a ela.
E então ele sorriu, daquela maneira que fazia com que ela conseguisse enxergar claramente a sinceridade dos sentimentos no coração de – fazendo-a sorrir igualmente.
- Agora podemos ir, não, ? – perguntou piscando para ele e pulando para o banco de trás, enquanto ainda continuava a falar. – Só preciso colocar meu all star, deixei aqui atrás...
- Ok. Sem problemas... – respondeu calmamente e, assim que ela se acomodou no banco de trás, ele a seguiu.
- Sabe... Normalmente eu faço isso porque sou pequena. Olha o seu tamanho, . – A moça comentou com uma sobrancelha erguida, fazendo-o rir.
- Pelo menos eu alcanço o liquidificador no armário da cozinha...! – E ele caiu de maneira levemente desajeitada ao lado dela no banco de trás. até desistiu de colocar o all star para focar no rosto do namorado e entender o que ele estava fazendo.
- Olá. Ao que devo o prazer da sua presença? – Ela perguntou claramente brincando, reprimindo um sorriso no canto dos lábios.
- Eu estou feliz por você, . – respondeu de maneira direta, mal dando tempo para que pensasse antes de beijá-la. Ele fez questão de demorar no beijo, fazendo-a largar tudo e segurar nas lapelas de sua jaqueta escura, suspirando quando ele finalmente se separou dos lábios da namorada. Logo que o fez, apoiou a própria testa na dela, ambos permanecendo de olhos fechados. – Eu quero ficar sempre com você. Não acho que a gente tenha se encontrado anos depois em um aeroporto por um mero acaso...
- Foi o Fio Vermelho do Destino? – perguntou de volta, fazendo-o dar uma breve risada enquanto acariciava o rosto dela.
- O que liga as almas gêmeas que ficam destinadas a se encontrar? – Ele comentou, no que ela confirmou com a cabeça. – Se você acredita...
- Eu sei que você acredita, . Não adianta mentir para mim.
Ele riu brevemente do comentário, descendo uma mão para a coxa da namorada, enquanto a observava calmamente.
- Acredito. E acho que foi exatamente isso que fez com que nós nos encontrássemos novamente.
- E com que você cumprisse a sua promessa. – piscou para ele, referindo-se ao voo que pegariam ainda naquela noite: no avião de , só ele e ela, com destino ao Hawaii.
- Exato. – E, com um puxão rápido, fez com que ambos deitassem no banco de trás do carro, ele sobre ela, voltando a beijar a namorada logo em seguida.
- A gente vai se atrasar... – Ela murmurou por entre os lábios dele, claramente sem se importar muito com aquilo.
parou de beijá-la e se distanciou levemente do rosto de , olhando-a nos olhos. Em seguida, acariciou o rosto da namorada com a ponta dos dedos, em um toque gentil e carinhoso.
- O avião pode esperar.
Fim.
Nota da autora: God bless!
Olá, meu povo! Curtiram essa fic super rápida? Hahaha eu não ia escrever, mas fiquei escutando Airplane em looping no trabalho e tentei descobrir o que ela me lembrava. Sempre que escuto, fico com um sentimento de nostalgia e não sabia o motivo...
Até que um dia eu lembrei. A primeira vez que eu fui a um aeroporto, para ver os aviões e me despedir da minha tia que ia para Paris. Infelizmente não conheci o amor da minha vida, mas gostei de imaginar essa história rápida.
Lembrem-se sempre de alçar voo e ignorar qualquer um que te puxa para baixo. Essas pessoas não valem a pena.
Ah, e se alguém souber uma maneira de se acalmar durante uma viagem de avião, sou toda ouvidos, pois realmente morro de medo. Além disso, sou toda ouvidos a todos os tipos de comentário! Respondo sempre que conseguir!
E é isso! Espero que gostem e tenham o mesmo sentimento de nostalgia confortável com essa fic que eu tenho ao ouvir a música! É uma história para embalar somente bons sonhos entre as nuvens ;D
PS: Ah, e segue meu grupo no facebook pra que vocês fiquem de olho nos meus próximos projetos – tenho mais alguns ficstapes para entregar e sempre atualizo por lá! Tem espaço pra todo mundo, sempre procuro conversar bastante com o pessoal que faz parte e realmente vou ficar feliz de vê-los por lá: https://www.facebook.com/groups/558784227519925/?ref=bookmarks.
Disclaimer: Essa história é protegida pela Lei de Direitos Autorais e o Marco Civil da Internet. Postar em outro lugar sem a minha permissão é crime.
Não gosto de falar essas coisas, mas como já tive problemas antes, acho bom deixar avisado. Nem tudo que tá na internet é do mundo, minha gente. Quer postar em outro site? Fala comigo! Eu não mordo! Hahaha a gente vê de me dar o crédito e linkar para o original aqui no FFObs! Só me mandar um e-mail ou pedir aí nos comentários!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Olá, meu povo! Curtiram essa fic super rápida? Hahaha eu não ia escrever, mas fiquei escutando Airplane em looping no trabalho e tentei descobrir o que ela me lembrava. Sempre que escuto, fico com um sentimento de nostalgia e não sabia o motivo...
Até que um dia eu lembrei. A primeira vez que eu fui a um aeroporto, para ver os aviões e me despedir da minha tia que ia para Paris. Infelizmente não conheci o amor da minha vida, mas gostei de imaginar essa história rápida.
Lembrem-se sempre de alçar voo e ignorar qualquer um que te puxa para baixo. Essas pessoas não valem a pena.
Ah, e se alguém souber uma maneira de se acalmar durante uma viagem de avião, sou toda ouvidos, pois realmente morro de medo. Além disso, sou toda ouvidos a todos os tipos de comentário! Respondo sempre que conseguir!
E é isso! Espero que gostem e tenham o mesmo sentimento de nostalgia confortável com essa fic que eu tenho ao ouvir a música! É uma história para embalar somente bons sonhos entre as nuvens ;D
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Disclaimer: Essa história é protegida pela Lei de Direitos Autorais e o Marco Civil da Internet. Postar em outro lugar sem a minha permissão é crime.
Não gosto de falar essas coisas, mas como já tive problemas antes, acho bom deixar avisado. Nem tudo que tá na internet é do mundo, minha gente. Quer postar em outro site? Fala comigo! Eu não mordo! Hahaha a gente vê de me dar o crédito e linkar para o original aqui no FFObs! Só me mandar um e-mail ou pedir aí nos comentários!