Capítulo 1
Então, era assim que tudo terminou.
Meu estúpido coração quebrado e estilhaçado em milhares de pedacinhos.
Eu realmente não sei o que foi pior, perdê-lo ou me perder.
Eu ja deveria ter percebido que isso iria acontecer, afinal, desde o primeiro dia que eu o vi. Na verdade, provavelmente eu já sabia.
Seu sorriso debochado nos lábios, seus cabelos longos pretos como carvão, seu chapéu tão típico de sua personalidade, seu jeito de me olhar e me beijar. Meu coração errou uma batida, me apaixonar à primeira vista foi um grande erro.
Me apaixonar por foi um erro.
Soco a parede pela milésima vez naquele dia, tentando e falhando miseravelmente esquecer os momentos ao seu lado.
Fecho meus olhos e uma lágrima cai. Eu não tenho forças nem para enxuga-la, não vale majs a pena.
Flashback on
- Vamos, ! Vamos! - disse Aurora novamente enquanto tentava puxar meu braço, forçando-me a levantar.
- Ah, garota! Tudo bem, tudo bem... Mas eu saiba que você. - aponto diretamente em sua direção. - está me obrigando a ir, então não reclame da minha cara depois.
- Ok... Ok. - murmura, revirando os olhos em seguida.
Saímos de casa, me deparo com um carro vermelho, e alguns seres humanos... Muito confiantes, digamos.
- Então, você… - começo a falar.
- Sim, eu sabia que você não iria me deixar na mão. - completou sua fala, com uma piscada ligeira. Eu apenas rio, concordando. Então, entrei no carro.
- Partiu Califórnia?!
- Mas já estamos na Califórnia, Charles! - respondi, num tom óbvio ao meu amigo.
Ele deu de ombro, e ligou o rádio, aumentando o som.
Aurora e Hailey começaram a cantar a música em pleno pulmões. Eu apenas chacoalho minha cabeça, rindo e passo a observar a estrada.
Fazia alguns minutos que estávamos na estrada, e Charles insistiu para pararmos em algum posto de gasolina, para abastecer o carro, e abastecer nossa barriga também, acrescento mentalmente.
Ele e Aurora desceram, em seguida saí de dentro junto com Hailey.
- Ah, finalmente é sexta-feira viu! Essa semana foi intensa. - comentou, Aurora.
Encostei-me no carro e concordei com ela.
- Charles comentou com você sobre algumas pessoas que irão com a gente?
- Hum... Não, pensei que seria somente nós. - respondi.
- Ah, não... Não. Alguns amigos do norte da Califórnia virão também.
- Espero que eles sejam legais...
- Eles são! - exclamou. - Eu conheço alguns, e fica tranquila, você irá aproveitar muito.
Eu sorri, concordando.
Não demorou muito, e eles estavam voltando com várias sacolas na mão, Charles parou de repente e depois exclamou algo que não consegui ouvir, e pulou em animação.
Procurei com os olhos, na direção que o doido do meu amigo olhava. Paralisei.
O carro parou e de lá desceram uns garotos muito lindos. Lindos demais.
Eles estavam se aproximando na nossa direção e sorrindo.
Eu conhecia eles? Não. Mas o ser humano hoje em dia é tão maluco.
Hailey sorriu, e correu na direção dos garotos em seguida, pulou no colo de um deles. Os outros continuavam a andar.
Charles e Aurora se aproximou do carro também, e guardou as sacolas.
- E aí, caras?! - Um dos garotos do carro falou, animado.
Charles fechou a porta do carro e fez um toque com mãos junto com o estranho. Aurora e Hailey cumprimentaram eles, e finalmente acordei do meu transe.
- Olá, sou a . - falo calmamente, com as mãos estendidas para receber um aperto de mão.
Bom... Se eles fossem mais educados, talvez. Um dos garotos se aproximou, e encarou meu rosto. Abaixei minhas mãos, não muito feliz pelo vácuo que levei e sorri.
- Oi, sou e esses são os meus amigos, Connor e Greg. - o estranho responde e aponta para os outros.
- Prazer em conhecê-los.
- Prazer é todo meu.
Olho um pouco assustada para o garoto, e ele retribui o olhar com um sorriso no rosto. - Nós vamos entrar ali, já voltamos. - um dos garotos fala para o tal . O garoto apenas concorda sem ainda desviar seus olhos claros de mim.
Desfoco minha atenção do garoto na minha frente e me encosto no carro. Os outros começam a conversar. Aurora, Hailey e o tal .
Percebo que ele me olha às vezes, e viro minha cabeça para o outro lado, não resistindo e sorrindo também.
Aquele garoto era interessante, muito interessante.
Pego meus óculos de sol, e coloco, tentando me distrair.
- Sorrindo para o sol agora, linda?
Quase solto um grito, assustada pela voz rouca no meu ouvido.
Muito próxima de mim. Limpo minha garganta, e nego com a cabeça.
- Não, estava apenas pensando, nada demais. - dei de ombros.
- Sei...
- Você e seus amigos irão viajar conosco? - pergunto, tentando puxar assunto e não deixar que um momento constrangedor aconteça.
- Bom... Eles querem, mas não estou muito afim, infelizmente não me deram o direito de escolha, estou aqui... Forçado - falou, e riu em seguida.
- Eu também! - exclamo, numa estranha animação. - Digo, eu fui "forçada" também, meus amigos insistiram que deveríamos aproveitar o fim de semana, mas preferia estar em casa lendo livros. - suspirei quando acabo de falar, pensando nos meus xodós que são meus livros.
O garoto gargalhou, e passou as mãos por seus fios pretos, arrumando o chapéu em sua cabeça. - Você é daquelas que... Gosta de livros?
- Eu amo livro, e sim, sou uma dessas.
- Interessante... - sussurra.
- Por quê?
Ele riu levemente, e se aproxima de mim, parando de frente. Coloca uma mecha loira dos meus fios para trás e sorri novamente.
Eu poderia morrer ali mesmo!
Ele retira seu chapéu e coloca na minha cabeça, e sorri abertamente enquanto apertava a ponta do meu nariz, fazendo-me gargalhar.
- O que... - paro de falar, no momento em que sua mão retira meus óculos de sol, e encaro seus olhos claros e profundos.
Ele sustenta o olhar, e eu faço o mesmo, recusando-me a deixar de sentir o que seu olhar causava em mim.
Ele continua sorrindo, e eu apenas observo seu jeito. Seu sorriso, seu olhar, suas roupas, seu cabelo, seu chapéu que ficava irresistivelmente maravilhoso naquele garoto.
- Então... ? - uma voz me chama.
Ele então se afasta, e eu finalmente posso respirar.
- Oi, Charles.
Charles encara com um olhar estranho, enquanto o mesmo tinha as mãos no bolço da calça jeans e olhava para mim.
- Tudo bem, né?
- Claro!
Ele concorda, e volta a conversar com o grupo. continua me encarando, com seu irritante sorriso no rosto.
- O que foi?
Ele continua sorrindo, ignorando completamente minha pergunta.
- , por que fica me encarando assim?
- Assim como?
- Hum... Assim, estranho.
Ele não responde, mas continua sorrindo, então aproxima-se de mim, novamente.
Para diante de mim, sorrindo e as mãos no bolso da calça jeans.
- Venha comigo.
- Oi?
- Eu quero te conhecer, aceita passar esses dias comigo?
Ele estava falando sério? Realmente?
Começo a gargalhar, imediatamente. Mas paro, quando ele disfarça uma tosse, visivelmente incomodado.
- Você bebeu?
- Não vou repetir, você ouviu muito bem.
- Eu realmente não estou acreditando nisso. - comentou, ainda rindo um pouco.
- Estou falando sério, . – responde e cruza seus braços, destacando seus músculos e algumas partes de suas tatuagens.
Engoli em seco, e passo a entrelaçar minhas mãos, nervosa.
- ... Nós não nos conhece...
- Por esse motivo, podemos nos conhecer melhor.
- Não sei... - murmuro.
- Tudo bem, . Mas foi bom te conhecer, você é encantadora. - e despediu-se com um beijo na testa.
Fecho meus olhos com forças, tentando não cair no seu jogo de sedução barato, mas meu Deus! Ele me disse que eu sou encantadora.
Merda, merda, merda.
Por que ele mexeu comigo desse jeito apenas com minutos em sua presença?
Deixa de ser tola, . Ele não parece ser o tipo de cara que se importa com o coração de uma mulher, não mesmo.
Mas meu maldito coração, se atrai pelo erro. Como sempre.
- . - berro seu nome, quando vejo que ele entra no seu carro. Ele abre a porta e desce do carro, e eu corro até ele. Charles e Aurora estavam conversando, e me olham como seu eu fosse um ET, mas eu ignoro.
- Ei, . - respiro fundo, antes de continuar. - Eu... Talvez seja legal ter... Sua companhia, sabe?
Ele abre um sorriso maravilhoso, que faz meu coração bater mais forte e rápido.
- Será os melhores dias da sua vida, prometo.
- Não duvido disso.
Flashbacks off
Ah, se eu soubesse, teria evitado aquele momento.
Fui tão ingênua de pensar que com tudo seria diferente, e que ele não quebraria meu coração como fez diversas vezes.
Talvez eu tenha criado uma pessoa que ele nunca foi, na minha mente.
Flashbacks on
- O que quer?
- Um hambúrguer e uma coca.
- Traga dois, por favor - pede. O garçom apenas assente e se afasta.
de repente coloca os dois cotovelos na mesa e começa a me encarar, enquanto piscava os olhos sem parar.
Eu tento ignorar sua tentativa de me fazer rir, mas é impossível, provavelmente tudo é impossível de resistir quando o assunto é .
Então, começo a rir. Ele parece se divertir mais, e pega seu chapéu, colocando na minha cabeça e tapa meu rosto com o mesmo.
Eu continuo rindo e retiro o chapéu, colocando de volta no dono dele, e aproveito para alinhar alguns fios pretos caídos por sua testa. Minhas mãos teimosas acariciam o seu rosto, fazendo-o abrir um sorriso. Continuo com minha carícia e, num ato completamente irracional, beijo a ponta de seu nariz.
Ele fecha os olhos e continua sorrindo, então novamente meu lado maluco age, fazendo-me beijar suavemente seus lábios.
retribui o beijo e sua boca passa a explorar a minha com toda calmaria. Seus lábios são macios, e durante aquele gesto carinhoso, meu coração acelera e acho que surge as malditas borboletas no estômago.
Oh, não!
Finalizamos o beijo com um selinho demorado e um sorriso maravilhoso vindo de . Então ele se afasta e levanta do seu lugar, subindo em cima do sofá confortável, atraindo imediatamente a atenção de todos da lanchonete. Eu me encolho no meu lugar, tímida.
- Então, minha gente, eu só queria dizer que estou feliz hoje! Sério, estou feliz pra caralho! E essa felicidade eu devo somente à essa garota. - aponta o dedo pra mim, e eu me encolhi ainda mais. - Ela é incrível e uma imagem muito bela para os meus olhos. Venha aqui, ! Venha! - ele me chama, animado e ansioso. Eu olho em volta e as pessoas começam a me incentivar, eu apenas rio negando com a cabeça, e levanto. me ajuda a subir no sofá e me puxa para perto, fazendo minhas bochechas esquentarem - Ela é a garota, e se possível, a minha garota, pessoal! Olhem para esse rosto lindo e esse sorriso. Impossível não se encantar, não é? Então, eu apenas sou um mero ser humano, que se encantou por você, . - seu olhar voltou para mim, profundamente.
Eu sorrio feliz e aproxima nossos rostos, e me beija intensamente.
Ouço o som de palmas e assobios, mas nada me faz desgrudar os lábios dele, e ele puxa minha cintura e aprofundo o beijo.
- Ei, já chega! Tem um motel há um km daqui... - uma voz fala alto, arrancando risadas das pessoas presentes ali.
Separamos nossos lábios, e rimos juntos.
- Linda. - sussurra no meu ouvido, desce do sofá e me pega no colo. - Já disse que você é linda? Eu gargalho, e finalmente meus pés voltam ao chão novamente.
- Corre, !
Eu olho para os lados assustada pelo grito dele, e ele começa a correr.
Por reflexo, começo a correr também, assustada.
- ...
Ele para de correr e começa a rir. Fazendo-me parar imediatamente.
Que merda é isso?
- Voc... Você. - ele mal consegue pronunciar as palavras, pelo riso.
- Seu idiota.
- Desculpe, mas seu desespero foi a melhor parte. - e continua rindo.
- Há, há, muito engraçado. - reviro meus olhos, irritada.
Ele se aproxima e pega meu rosto entre suas mãos, beijando o canto da minha boca.
- 'Tá brava comigo?
- Estou, e muito.
- Fica não... Foi só uma brincadeira.
- De muito mal gosto por sinal.
- Sim, sim. Desculpas.
Eu sorrio, por que simplesmente não consigo ficar brava com ele.
- Vem, vamos embora.
Começamos a caminhar com as mãos entrelaçadas.
- Aqui ainda passa algum trem? - pergunto, olhando em volta para os trilhos.
Ele dá de ombros.
- Não sei...
Então, puxo ele e começo a andar nos trilhos, usando sua mão como apoio para não cair.
- E se um trem passasse agora...
- Vira essa boca pra lá! - exclamo horrorizada.
Ele ri e pula para o lado oposto do meu, começa a andar junto comigo com as mãos ainda juntas.
Depois, de algumas brincadeiras e boas risadas, entramos no carro.
Ele liga, e uma música de rock começa a tocar.
- Você curte isso? - pergunto, referindo à música.
Ele ri e abaixa o volume, virando-se para me olhar.
- Eu tenho uma banda de rock, linda.
- Mentira? - pergunto, com os olhos arregalados.
- Pensei que isso fosse meio óbvio não? Meu estilo, meu cabelo e tudo mais... O rock está nas minhas veias, linda. - ele pisca e sorri.
- Impressionante!
- Está admirada por eu ter uma banda?
- Estou... Não posso?
- Claro... Mas você nunca ouviu nada nosso, então não fique tão encantada assim.
- Então, por que não me mostra algo?
- Você quer? - pergunta, olhando-me profundamente.
Eu apenas assenti. Ele toca meu rosto e faz um carinho na minha bochecha.
- Então vamos lá, hoje os caras vão estar em uma casa noturna.
Ele para o carro em uma rua meio deserta, bem distante de alguma movimentação. Abro a porta e desço do carro, e logo ele também sai.
Em passos calmos, ele se aproxima e para em minha frente, com algo em mãos.
- O que...
Seus dedos me impedem de falar, ele faz um sinal de silêncio e eu obedeço.
- É pra você.
Então, revela um colar maravilhoso. O colar era lindo, com detalhes pequenos e dourado.
Eu fico sem reação. E ele se move indo atrás de mim, afasta meu cabelo e coloca o colar no meu pescoço, e finaliza com um beijo no meu ombro.
- Ficou lindo em você.
Eu sorrio envergonhada e passo a admirar o colar.
- Vou guardar para sempre.
- Será uma lembrança minha, e de nós.
Eu sorrio, mas não sei o motivo, sendo que ele estava me dizendo para guardar aquele presente como uma lembrança. Ele iria embora? Tudo se acabaria?
E claro que sim, eu sabia. Mas tentava ao máximo enganar meu coração tolo e apaixonado. - Agora vamos, uma plateia me espera.
Concordo, caminhamos até o fim da rua e viramos a esquerda e, no mesmo instante, eu vejo uma grande movimentação.
Entramos sem nenhum problema, até porque era o vocalista da banda que estaria hoje ali.
No mesmo instante que piso dentro do ambiente, o cheiro de bebida e cigarro se instala no ar. Luzes néon e a escuridão me deixam levemente tonta. apertou minha mão, mas não olha nos meus olhos, seus olhos estão focados em outra pessoa. Em outra mulher.
Essa mulher se aproxima sorridente em nossa direção, e para em frente dele, e quando abre a boca começando a falar, eu não consigo entender, pelo som e pela distração.
Suas mãos me distraíram totalmente de qualquer coisa a minha volta. Ela passa carinhosamente as mãos pelo braço de , e pisca demais enquanto assentia à qualquer coisa que ele dizia. Suas mãos sobem ao pescoço dele e suas unhas grandes arranham ali. não faz mais nada além de sorrir, e isso me irritava.
Então, felizmente a mulher vai embora, e eu respiro fundo.
- Aproveite o show. - ele fala no meu ouvido e se afasta imediatamente. Apenas manda um beijo no ar e caminha até o palco.
Som de guitarra, bateria, guitarra, bateria, me deixou desnorteada.
Não era chato, mas também não era a coisa mais legal do mundo.
E finalmente tudo acaba.
Respiro profundamente depois de fechar a porta do banheiro.
Chegamos em um hotel que ficava na beira da estrada e minha cabeça doía demais.
Jogo um pouco de água no meu rosto e inspiro novamente.
Meus olhos são atraídos para uma caixa de tinta.
Pego e leio atentamente, ainda estava nova. Quando penso em abrir, a porta do banheiro se abre e um sem camisa entra.
- Tinta? - pergunta confuso.
- Sim. - dou de ombros.
Ele ri e se aproxima, pegando a caixa nas mãos.
- Quer pintar?
E agora eu me encontrava com um novo visual. Completamente diferente.
- Toca pra mim? - pergunto, indicando o violão ao lado da cama.
Ele faz uma careta, mas cede, e pega o violão.
E começa a dedilhar algumas (notas, cifras) de Lost In Japan. Como eu simplesmente adoro aquela música, subo em cima da cama e começo a dançar de qualquer jeito.
E ele ri, mas continua a tocar.
E a cada vez que faço movimentos desengonçados, ele gargalhava.
E a música acabou, e eu reclamei.
- Mais uma.
- Não, não. Tive uma ideia melhor.
- Qual? - pergunto, e cruzo os braços.
- Apenas confie em mim, vamos.
- Antes quero um beijo seu. - falo.
Ele guarda o violão e, num piscar de olhos, seus lábios estão grudados com os meus. Nossos beijos eram intensos e provocadores. Eu não queria nunca mais soltar seus lábios.
Eu fico completamente surpreendida quando vejo que estamos em um estúdio de tatuagem. E mais ainda quando ele chega, chama alguém e me arrasta até uma sala. Ele iria mesmo fazer tatuagem à uma hora dessas?
- Quero algo escrito, mas não tive tempo para pensar, Tim. - ele comenta com o tatuador, que provavelmente já o conhece.
- Hum... Estou pensando.
- O que você sugere, ? - pergunta, diretamente para mim.
- Amor.
Falo a primeira coisa que veio em mente e arrependo logo em seguida, o olhar de é tão profundo e hipnotizante. Mas eu notei algo diferente ali, triste, decepção, talvez?
- Quero essa palavra, Tim.
O jovem tatuador apenas concorda em silêncio e começa seu trabalho.
Eu como boa curiosa que sou, aproximo e me sento na cadeira atrás dele, ficando tão próxima de sua nuca, mas ignoro qualquer vontade de beijá-lo.
O tatuador é rápido e estava finalizando a tatuagem.
- Ficou lindo, não?
- Maravilhosa, . - respondo sorrindo, não resisto e beijo seu rosto.
Eram 2:30 da manhã quando voltamos ao hotel novamente.
está ao telefone e seu olhar desde que saímos do estúdio é tão frio que prefiro não encara-lo.
- Ok, tudo bem. - ouço ele sussurrar.
Fico em silêncio, sem me mover ainda sentada na poltrona no canto do quarto.
- Beijo, linda. Amo você. - ouço o sussurro mais baixo, mas ainda consigo distinguir a frase. Eu não estava louca.
Engoli a vontade de chorar. Ele não merecia saber que era o motivo da minha tristeza nesse momento. E felizmente, ele desliga o telefone, e se joga na cama.
Dou um tempo para ele refletir, e aproximo hesitante.
- O que aconteceu?
Ele não me olha, continua com os braços jogados em cima do rosto.
- Agora não, .
- Precisa de algo? - ignoro completamente sua arrogância comigo.
- Espera um pouco, ok? - pede, e faz um gesto com as mãos.
Eu concordo em silêncio, e vou até o banheiro.
E lá choro desesperada pela estupidez do meu maldito coração.
Abro meus olhos lentamente e fecho no mesmo instante, pela maldita luz do sol batendo no meu rosto.
- Ah, desculpa. - ouço o murmúrio.
Levo um leve susto, e sem encará-lo, concordo.
- Bom dia, dormiu bem?
- Sim, muito bem. - respondo e vou até o banheiro.
Minutos depois de fazer minha higiene, volto para o quarto e encontro arrumado, com o seu chapéu na cabeça e suas roupas escuras.
- Vamos comer fora, nesse hotel nem café da manhã eles servem.
Entramos num estabelecimento que disse ser bom para tomar um café da manhã, mas aquilo estava mais para um boteco do que qualquer coisa.
E meus pensamentos estavam certos. Havia homens jogando na mesa de bilhar e alguns até bebendo.
Com os dedos entrelaçados, passamos por um grupo de homens que jogavam e, de repente, um deles grita com .
Olho assustada pelo grito repentino, e num piscar de olhos, os dois estão frente à frente, olhando duramente um para o outro.
- O que é isso? - pergunto a , mas sou completamente ignorada, pois sua atenção estava somente ao homem à sua frente.
E apenas em um movimento, o homem bate a cabeça dele na parede, fazendo o seu chapéu cair, não parecia abalado, pelo contrário, abriu um sorriso que apenas aumentou a raiva do homem.
Eu tento puxar , mas quem é puxada sou eu. Meu corpo é arremessado contra algo duro, e no mesmo instante, sinto mãos grandes segurarem meus braços, imobilizando-me.
recebe um soco na barriga e uma roda de homens fortes o rodeiam. Os homens parecem se divertir, e começa a jogar o corpo dele um contra os outros.
Começo a gritar pedindo para pararem, mas ninguém ouve. E então o corpo de é arremessado contra a mesa de bilhar. Ele reage, acertando uma das bolinhas da mesa no rosto de um dos homens e tenta se soltar dos braços do mesmo. Mas o homem aguenta firmemente a dor causada pela bolinha e joga o novamente. E uma sequência de socos nele começa, causando-me enjôo e raiva pela injusta do que estava acontecendo.
Jogam ele no chão e começam a chutar e pisar por todo o seu corpo.
Eu grito desesperada, mas ninguém me libera, ainda apertando-me entre seus braços fortes.
Depois de alguns longos minutos naquela tortura de ver a dor de enquanto apanhava, eles pararam. Sou jogada no chão e choro.
Os homens saem tranquilamente e olho para o lado, vendo cheio de sangue e hematomas pelo corpo.
Meu coração se aperta.
não quis me explicar o por que da briga, cortou-me friamente com um apenas "não é da sua conta" e eu me calei.
Seu rosto ainda estava um pouco inchado, mas nem isso o fazia parar. Ele ainda quis vir até a casa noturna novamente, mas eu não entendi o por que. Hoje ele não cantaria, e eu agradeci por isso.
Estávamos dançando ao som de Youngblood na pista de dança, e eu não via muita coisa, além de , cores, e escuridão.
Eu dançava, eu pulava, entregava-me toda ao som da batida.
sumiu da minha visão, fiquei preocupada, então procurei por todos os lado, tentando enxergar algo.
Meu mundo desabou. Meu coração bateu tão forte. Minhas pernas tremeram levemente.
Uma lágrima escapou, e eu não quis acreditar. Não, não.
estava aos beijos com outra garota. Apertava sua cintura num ato possessivo, e parecia muito certo sobre o que estava fazendo. Certo demais.
Puxava os fios de cabelos da garota e pude perceber um daqueles sorrisos maliciosos dele.
Saí correndo dali o quanto antes, com o coração batendo acelerado.
Agora estou aqui, olhando para o meu próprio reflexo derrotado e perguntando-me: por que fui tão tola de não ter seguido meu sexto sentido?
Assim, eu pouparia meu próprio sofrimento.
Ainda continuo sofrendo, mas aprendi minha lição.
Depois daquele dia, eu peguei minhas coisas no hotel e voltei pra casa. não se importou o bastante nem para me procurar.
Meu estúpido coração quebrado e estilhaçado em milhares de pedacinhos.
Eu realmente não sei o que foi pior, perdê-lo ou me perder.
Eu ja deveria ter percebido que isso iria acontecer, afinal, desde o primeiro dia que eu o vi. Na verdade, provavelmente eu já sabia.
Seu sorriso debochado nos lábios, seus cabelos longos pretos como carvão, seu chapéu tão típico de sua personalidade, seu jeito de me olhar e me beijar. Meu coração errou uma batida, me apaixonar à primeira vista foi um grande erro.
Me apaixonar por foi um erro.
Soco a parede pela milésima vez naquele dia, tentando e falhando miseravelmente esquecer os momentos ao seu lado.
Fecho meus olhos e uma lágrima cai. Eu não tenho forças nem para enxuga-la, não vale majs a pena.
Flashback on
- Vamos, ! Vamos! - disse Aurora novamente enquanto tentava puxar meu braço, forçando-me a levantar.
- Ah, garota! Tudo bem, tudo bem... Mas eu saiba que você. - aponto diretamente em sua direção. - está me obrigando a ir, então não reclame da minha cara depois.
- Ok... Ok. - murmura, revirando os olhos em seguida.
Saímos de casa, me deparo com um carro vermelho, e alguns seres humanos... Muito confiantes, digamos.
- Então, você… - começo a falar.
- Sim, eu sabia que você não iria me deixar na mão. - completou sua fala, com uma piscada ligeira. Eu apenas rio, concordando. Então, entrei no carro.
- Partiu Califórnia?!
- Mas já estamos na Califórnia, Charles! - respondi, num tom óbvio ao meu amigo.
Ele deu de ombro, e ligou o rádio, aumentando o som.
Aurora e Hailey começaram a cantar a música em pleno pulmões. Eu apenas chacoalho minha cabeça, rindo e passo a observar a estrada.
Fazia alguns minutos que estávamos na estrada, e Charles insistiu para pararmos em algum posto de gasolina, para abastecer o carro, e abastecer nossa barriga também, acrescento mentalmente.
Ele e Aurora desceram, em seguida saí de dentro junto com Hailey.
- Ah, finalmente é sexta-feira viu! Essa semana foi intensa. - comentou, Aurora.
Encostei-me no carro e concordei com ela.
- Charles comentou com você sobre algumas pessoas que irão com a gente?
- Hum... Não, pensei que seria somente nós. - respondi.
- Ah, não... Não. Alguns amigos do norte da Califórnia virão também.
- Espero que eles sejam legais...
- Eles são! - exclamou. - Eu conheço alguns, e fica tranquila, você irá aproveitar muito.
Eu sorri, concordando.
Não demorou muito, e eles estavam voltando com várias sacolas na mão, Charles parou de repente e depois exclamou algo que não consegui ouvir, e pulou em animação.
Procurei com os olhos, na direção que o doido do meu amigo olhava. Paralisei.
O carro parou e de lá desceram uns garotos muito lindos. Lindos demais.
Eles estavam se aproximando na nossa direção e sorrindo.
Eu conhecia eles? Não. Mas o ser humano hoje em dia é tão maluco.
Hailey sorriu, e correu na direção dos garotos em seguida, pulou no colo de um deles. Os outros continuavam a andar.
Charles e Aurora se aproximou do carro também, e guardou as sacolas.
- E aí, caras?! - Um dos garotos do carro falou, animado.
Charles fechou a porta do carro e fez um toque com mãos junto com o estranho. Aurora e Hailey cumprimentaram eles, e finalmente acordei do meu transe.
- Olá, sou a . - falo calmamente, com as mãos estendidas para receber um aperto de mão.
Bom... Se eles fossem mais educados, talvez. Um dos garotos se aproximou, e encarou meu rosto. Abaixei minhas mãos, não muito feliz pelo vácuo que levei e sorri.
- Oi, sou e esses são os meus amigos, Connor e Greg. - o estranho responde e aponta para os outros.
- Prazer em conhecê-los.
- Prazer é todo meu.
Olho um pouco assustada para o garoto, e ele retribui o olhar com um sorriso no rosto. - Nós vamos entrar ali, já voltamos. - um dos garotos fala para o tal . O garoto apenas concorda sem ainda desviar seus olhos claros de mim.
Desfoco minha atenção do garoto na minha frente e me encosto no carro. Os outros começam a conversar. Aurora, Hailey e o tal .
Percebo que ele me olha às vezes, e viro minha cabeça para o outro lado, não resistindo e sorrindo também.
Aquele garoto era interessante, muito interessante.
Pego meus óculos de sol, e coloco, tentando me distrair.
- Sorrindo para o sol agora, linda?
Quase solto um grito, assustada pela voz rouca no meu ouvido.
Muito próxima de mim. Limpo minha garganta, e nego com a cabeça.
- Não, estava apenas pensando, nada demais. - dei de ombros.
- Sei...
- Você e seus amigos irão viajar conosco? - pergunto, tentando puxar assunto e não deixar que um momento constrangedor aconteça.
- Bom... Eles querem, mas não estou muito afim, infelizmente não me deram o direito de escolha, estou aqui... Forçado - falou, e riu em seguida.
- Eu também! - exclamo, numa estranha animação. - Digo, eu fui "forçada" também, meus amigos insistiram que deveríamos aproveitar o fim de semana, mas preferia estar em casa lendo livros. - suspirei quando acabo de falar, pensando nos meus xodós que são meus livros.
O garoto gargalhou, e passou as mãos por seus fios pretos, arrumando o chapéu em sua cabeça. - Você é daquelas que... Gosta de livros?
- Eu amo livro, e sim, sou uma dessas.
- Interessante... - sussurra.
- Por quê?
Ele riu levemente, e se aproxima de mim, parando de frente. Coloca uma mecha loira dos meus fios para trás e sorri novamente.
Eu poderia morrer ali mesmo!
Ele retira seu chapéu e coloca na minha cabeça, e sorri abertamente enquanto apertava a ponta do meu nariz, fazendo-me gargalhar.
- O que... - paro de falar, no momento em que sua mão retira meus óculos de sol, e encaro seus olhos claros e profundos.
Ele sustenta o olhar, e eu faço o mesmo, recusando-me a deixar de sentir o que seu olhar causava em mim.
Ele continua sorrindo, e eu apenas observo seu jeito. Seu sorriso, seu olhar, suas roupas, seu cabelo, seu chapéu que ficava irresistivelmente maravilhoso naquele garoto.
- Então... ? - uma voz me chama.
Ele então se afasta, e eu finalmente posso respirar.
- Oi, Charles.
Charles encara com um olhar estranho, enquanto o mesmo tinha as mãos no bolço da calça jeans e olhava para mim.
- Tudo bem, né?
- Claro!
Ele concorda, e volta a conversar com o grupo. continua me encarando, com seu irritante sorriso no rosto.
- O que foi?
Ele continua sorrindo, ignorando completamente minha pergunta.
- , por que fica me encarando assim?
- Assim como?
- Hum... Assim, estranho.
Ele não responde, mas continua sorrindo, então aproxima-se de mim, novamente.
Para diante de mim, sorrindo e as mãos no bolso da calça jeans.
- Venha comigo.
- Oi?
- Eu quero te conhecer, aceita passar esses dias comigo?
Ele estava falando sério? Realmente?
Começo a gargalhar, imediatamente. Mas paro, quando ele disfarça uma tosse, visivelmente incomodado.
- Você bebeu?
- Não vou repetir, você ouviu muito bem.
- Eu realmente não estou acreditando nisso. - comentou, ainda rindo um pouco.
- Estou falando sério, . – responde e cruza seus braços, destacando seus músculos e algumas partes de suas tatuagens.
Engoli em seco, e passo a entrelaçar minhas mãos, nervosa.
- ... Nós não nos conhece...
- Por esse motivo, podemos nos conhecer melhor.
- Não sei... - murmuro.
- Tudo bem, . Mas foi bom te conhecer, você é encantadora. - e despediu-se com um beijo na testa.
Fecho meus olhos com forças, tentando não cair no seu jogo de sedução barato, mas meu Deus! Ele me disse que eu sou encantadora.
Merda, merda, merda.
Por que ele mexeu comigo desse jeito apenas com minutos em sua presença?
Deixa de ser tola, . Ele não parece ser o tipo de cara que se importa com o coração de uma mulher, não mesmo.
Mas meu maldito coração, se atrai pelo erro. Como sempre.
- . - berro seu nome, quando vejo que ele entra no seu carro. Ele abre a porta e desce do carro, e eu corro até ele. Charles e Aurora estavam conversando, e me olham como seu eu fosse um ET, mas eu ignoro.
- Ei, . - respiro fundo, antes de continuar. - Eu... Talvez seja legal ter... Sua companhia, sabe?
Ele abre um sorriso maravilhoso, que faz meu coração bater mais forte e rápido.
- Será os melhores dias da sua vida, prometo.
- Não duvido disso.
Flashbacks off
Ah, se eu soubesse, teria evitado aquele momento.
Fui tão ingênua de pensar que com tudo seria diferente, e que ele não quebraria meu coração como fez diversas vezes.
Talvez eu tenha criado uma pessoa que ele nunca foi, na minha mente.
Flashbacks on
- O que quer?
- Um hambúrguer e uma coca.
- Traga dois, por favor - pede. O garçom apenas assente e se afasta.
de repente coloca os dois cotovelos na mesa e começa a me encarar, enquanto piscava os olhos sem parar.
Eu tento ignorar sua tentativa de me fazer rir, mas é impossível, provavelmente tudo é impossível de resistir quando o assunto é .
Então, começo a rir. Ele parece se divertir mais, e pega seu chapéu, colocando na minha cabeça e tapa meu rosto com o mesmo.
Eu continuo rindo e retiro o chapéu, colocando de volta no dono dele, e aproveito para alinhar alguns fios pretos caídos por sua testa. Minhas mãos teimosas acariciam o seu rosto, fazendo-o abrir um sorriso. Continuo com minha carícia e, num ato completamente irracional, beijo a ponta de seu nariz.
Ele fecha os olhos e continua sorrindo, então novamente meu lado maluco age, fazendo-me beijar suavemente seus lábios.
retribui o beijo e sua boca passa a explorar a minha com toda calmaria. Seus lábios são macios, e durante aquele gesto carinhoso, meu coração acelera e acho que surge as malditas borboletas no estômago.
Oh, não!
Finalizamos o beijo com um selinho demorado e um sorriso maravilhoso vindo de . Então ele se afasta e levanta do seu lugar, subindo em cima do sofá confortável, atraindo imediatamente a atenção de todos da lanchonete. Eu me encolho no meu lugar, tímida.
- Então, minha gente, eu só queria dizer que estou feliz hoje! Sério, estou feliz pra caralho! E essa felicidade eu devo somente à essa garota. - aponta o dedo pra mim, e eu me encolhi ainda mais. - Ela é incrível e uma imagem muito bela para os meus olhos. Venha aqui, ! Venha! - ele me chama, animado e ansioso. Eu olho em volta e as pessoas começam a me incentivar, eu apenas rio negando com a cabeça, e levanto. me ajuda a subir no sofá e me puxa para perto, fazendo minhas bochechas esquentarem - Ela é a garota, e se possível, a minha garota, pessoal! Olhem para esse rosto lindo e esse sorriso. Impossível não se encantar, não é? Então, eu apenas sou um mero ser humano, que se encantou por você, . - seu olhar voltou para mim, profundamente.
Eu sorrio feliz e aproxima nossos rostos, e me beija intensamente.
Ouço o som de palmas e assobios, mas nada me faz desgrudar os lábios dele, e ele puxa minha cintura e aprofundo o beijo.
- Ei, já chega! Tem um motel há um km daqui... - uma voz fala alto, arrancando risadas das pessoas presentes ali.
Separamos nossos lábios, e rimos juntos.
- Linda. - sussurra no meu ouvido, desce do sofá e me pega no colo. - Já disse que você é linda? Eu gargalho, e finalmente meus pés voltam ao chão novamente.
- Corre, !
Eu olho para os lados assustada pelo grito dele, e ele começa a correr.
Por reflexo, começo a correr também, assustada.
- ...
Ele para de correr e começa a rir. Fazendo-me parar imediatamente.
Que merda é isso?
- Voc... Você. - ele mal consegue pronunciar as palavras, pelo riso.
- Seu idiota.
- Desculpe, mas seu desespero foi a melhor parte. - e continua rindo.
- Há, há, muito engraçado. - reviro meus olhos, irritada.
Ele se aproxima e pega meu rosto entre suas mãos, beijando o canto da minha boca.
- 'Tá brava comigo?
- Estou, e muito.
- Fica não... Foi só uma brincadeira.
- De muito mal gosto por sinal.
- Sim, sim. Desculpas.
Eu sorrio, por que simplesmente não consigo ficar brava com ele.
- Vem, vamos embora.
Começamos a caminhar com as mãos entrelaçadas.
- Aqui ainda passa algum trem? - pergunto, olhando em volta para os trilhos.
Ele dá de ombros.
- Não sei...
Então, puxo ele e começo a andar nos trilhos, usando sua mão como apoio para não cair.
- E se um trem passasse agora...
- Vira essa boca pra lá! - exclamo horrorizada.
Ele ri e pula para o lado oposto do meu, começa a andar junto comigo com as mãos ainda juntas.
Depois, de algumas brincadeiras e boas risadas, entramos no carro.
Ele liga, e uma música de rock começa a tocar.
- Você curte isso? - pergunto, referindo à música.
Ele ri e abaixa o volume, virando-se para me olhar.
- Eu tenho uma banda de rock, linda.
- Mentira? - pergunto, com os olhos arregalados.
- Pensei que isso fosse meio óbvio não? Meu estilo, meu cabelo e tudo mais... O rock está nas minhas veias, linda. - ele pisca e sorri.
- Impressionante!
- Está admirada por eu ter uma banda?
- Estou... Não posso?
- Claro... Mas você nunca ouviu nada nosso, então não fique tão encantada assim.
- Então, por que não me mostra algo?
- Você quer? - pergunta, olhando-me profundamente.
Eu apenas assenti. Ele toca meu rosto e faz um carinho na minha bochecha.
- Então vamos lá, hoje os caras vão estar em uma casa noturna.
Ele para o carro em uma rua meio deserta, bem distante de alguma movimentação. Abro a porta e desço do carro, e logo ele também sai.
Em passos calmos, ele se aproxima e para em minha frente, com algo em mãos.
- O que...
Seus dedos me impedem de falar, ele faz um sinal de silêncio e eu obedeço.
- É pra você.
Então, revela um colar maravilhoso. O colar era lindo, com detalhes pequenos e dourado.
Eu fico sem reação. E ele se move indo atrás de mim, afasta meu cabelo e coloca o colar no meu pescoço, e finaliza com um beijo no meu ombro.
- Ficou lindo em você.
Eu sorrio envergonhada e passo a admirar o colar.
- Vou guardar para sempre.
- Será uma lembrança minha, e de nós.
Eu sorrio, mas não sei o motivo, sendo que ele estava me dizendo para guardar aquele presente como uma lembrança. Ele iria embora? Tudo se acabaria?
E claro que sim, eu sabia. Mas tentava ao máximo enganar meu coração tolo e apaixonado. - Agora vamos, uma plateia me espera.
Concordo, caminhamos até o fim da rua e viramos a esquerda e, no mesmo instante, eu vejo uma grande movimentação.
Entramos sem nenhum problema, até porque era o vocalista da banda que estaria hoje ali.
No mesmo instante que piso dentro do ambiente, o cheiro de bebida e cigarro se instala no ar. Luzes néon e a escuridão me deixam levemente tonta. apertou minha mão, mas não olha nos meus olhos, seus olhos estão focados em outra pessoa. Em outra mulher.
Essa mulher se aproxima sorridente em nossa direção, e para em frente dele, e quando abre a boca começando a falar, eu não consigo entender, pelo som e pela distração.
Suas mãos me distraíram totalmente de qualquer coisa a minha volta. Ela passa carinhosamente as mãos pelo braço de , e pisca demais enquanto assentia à qualquer coisa que ele dizia. Suas mãos sobem ao pescoço dele e suas unhas grandes arranham ali. não faz mais nada além de sorrir, e isso me irritava.
Então, felizmente a mulher vai embora, e eu respiro fundo.
- Aproveite o show. - ele fala no meu ouvido e se afasta imediatamente. Apenas manda um beijo no ar e caminha até o palco.
Som de guitarra, bateria, guitarra, bateria, me deixou desnorteada.
Não era chato, mas também não era a coisa mais legal do mundo.
E finalmente tudo acaba.
Respiro profundamente depois de fechar a porta do banheiro.
Chegamos em um hotel que ficava na beira da estrada e minha cabeça doía demais.
Jogo um pouco de água no meu rosto e inspiro novamente.
Meus olhos são atraídos para uma caixa de tinta.
Pego e leio atentamente, ainda estava nova. Quando penso em abrir, a porta do banheiro se abre e um sem camisa entra.
- Tinta? - pergunta confuso.
- Sim. - dou de ombros.
Ele ri e se aproxima, pegando a caixa nas mãos.
- Quer pintar?
E agora eu me encontrava com um novo visual. Completamente diferente.
- Toca pra mim? - pergunto, indicando o violão ao lado da cama.
Ele faz uma careta, mas cede, e pega o violão.
E começa a dedilhar algumas (notas, cifras) de Lost In Japan. Como eu simplesmente adoro aquela música, subo em cima da cama e começo a dançar de qualquer jeito.
E ele ri, mas continua a tocar.
E a cada vez que faço movimentos desengonçados, ele gargalhava.
E a música acabou, e eu reclamei.
- Mais uma.
- Não, não. Tive uma ideia melhor.
- Qual? - pergunto, e cruzo os braços.
- Apenas confie em mim, vamos.
- Antes quero um beijo seu. - falo.
Ele guarda o violão e, num piscar de olhos, seus lábios estão grudados com os meus. Nossos beijos eram intensos e provocadores. Eu não queria nunca mais soltar seus lábios.
Eu fico completamente surpreendida quando vejo que estamos em um estúdio de tatuagem. E mais ainda quando ele chega, chama alguém e me arrasta até uma sala. Ele iria mesmo fazer tatuagem à uma hora dessas?
- Quero algo escrito, mas não tive tempo para pensar, Tim. - ele comenta com o tatuador, que provavelmente já o conhece.
- Hum... Estou pensando.
- O que você sugere, ? - pergunta, diretamente para mim.
- Amor.
Falo a primeira coisa que veio em mente e arrependo logo em seguida, o olhar de é tão profundo e hipnotizante. Mas eu notei algo diferente ali, triste, decepção, talvez?
- Quero essa palavra, Tim.
O jovem tatuador apenas concorda em silêncio e começa seu trabalho.
Eu como boa curiosa que sou, aproximo e me sento na cadeira atrás dele, ficando tão próxima de sua nuca, mas ignoro qualquer vontade de beijá-lo.
O tatuador é rápido e estava finalizando a tatuagem.
- Ficou lindo, não?
- Maravilhosa, . - respondo sorrindo, não resisto e beijo seu rosto.
Eram 2:30 da manhã quando voltamos ao hotel novamente.
está ao telefone e seu olhar desde que saímos do estúdio é tão frio que prefiro não encara-lo.
- Ok, tudo bem. - ouço ele sussurrar.
Fico em silêncio, sem me mover ainda sentada na poltrona no canto do quarto.
- Beijo, linda. Amo você. - ouço o sussurro mais baixo, mas ainda consigo distinguir a frase. Eu não estava louca.
Engoli a vontade de chorar. Ele não merecia saber que era o motivo da minha tristeza nesse momento. E felizmente, ele desliga o telefone, e se joga na cama.
Dou um tempo para ele refletir, e aproximo hesitante.
- O que aconteceu?
Ele não me olha, continua com os braços jogados em cima do rosto.
- Agora não, .
- Precisa de algo? - ignoro completamente sua arrogância comigo.
- Espera um pouco, ok? - pede, e faz um gesto com as mãos.
Eu concordo em silêncio, e vou até o banheiro.
E lá choro desesperada pela estupidez do meu maldito coração.
Abro meus olhos lentamente e fecho no mesmo instante, pela maldita luz do sol batendo no meu rosto.
- Ah, desculpa. - ouço o murmúrio.
Levo um leve susto, e sem encará-lo, concordo.
- Bom dia, dormiu bem?
- Sim, muito bem. - respondo e vou até o banheiro.
Minutos depois de fazer minha higiene, volto para o quarto e encontro arrumado, com o seu chapéu na cabeça e suas roupas escuras.
- Vamos comer fora, nesse hotel nem café da manhã eles servem.
Entramos num estabelecimento que disse ser bom para tomar um café da manhã, mas aquilo estava mais para um boteco do que qualquer coisa.
E meus pensamentos estavam certos. Havia homens jogando na mesa de bilhar e alguns até bebendo.
Com os dedos entrelaçados, passamos por um grupo de homens que jogavam e, de repente, um deles grita com .
Olho assustada pelo grito repentino, e num piscar de olhos, os dois estão frente à frente, olhando duramente um para o outro.
- O que é isso? - pergunto a , mas sou completamente ignorada, pois sua atenção estava somente ao homem à sua frente.
E apenas em um movimento, o homem bate a cabeça dele na parede, fazendo o seu chapéu cair, não parecia abalado, pelo contrário, abriu um sorriso que apenas aumentou a raiva do homem.
Eu tento puxar , mas quem é puxada sou eu. Meu corpo é arremessado contra algo duro, e no mesmo instante, sinto mãos grandes segurarem meus braços, imobilizando-me.
recebe um soco na barriga e uma roda de homens fortes o rodeiam. Os homens parecem se divertir, e começa a jogar o corpo dele um contra os outros.
Começo a gritar pedindo para pararem, mas ninguém ouve. E então o corpo de é arremessado contra a mesa de bilhar. Ele reage, acertando uma das bolinhas da mesa no rosto de um dos homens e tenta se soltar dos braços do mesmo. Mas o homem aguenta firmemente a dor causada pela bolinha e joga o novamente. E uma sequência de socos nele começa, causando-me enjôo e raiva pela injusta do que estava acontecendo.
Jogam ele no chão e começam a chutar e pisar por todo o seu corpo.
Eu grito desesperada, mas ninguém me libera, ainda apertando-me entre seus braços fortes.
Depois de alguns longos minutos naquela tortura de ver a dor de enquanto apanhava, eles pararam. Sou jogada no chão e choro.
Os homens saem tranquilamente e olho para o lado, vendo cheio de sangue e hematomas pelo corpo.
Meu coração se aperta.
não quis me explicar o por que da briga, cortou-me friamente com um apenas "não é da sua conta" e eu me calei.
Seu rosto ainda estava um pouco inchado, mas nem isso o fazia parar. Ele ainda quis vir até a casa noturna novamente, mas eu não entendi o por que. Hoje ele não cantaria, e eu agradeci por isso.
Estávamos dançando ao som de Youngblood na pista de dança, e eu não via muita coisa, além de , cores, e escuridão.
Eu dançava, eu pulava, entregava-me toda ao som da batida.
sumiu da minha visão, fiquei preocupada, então procurei por todos os lado, tentando enxergar algo.
Meu mundo desabou. Meu coração bateu tão forte. Minhas pernas tremeram levemente.
Uma lágrima escapou, e eu não quis acreditar. Não, não.
estava aos beijos com outra garota. Apertava sua cintura num ato possessivo, e parecia muito certo sobre o que estava fazendo. Certo demais.
Puxava os fios de cabelos da garota e pude perceber um daqueles sorrisos maliciosos dele.
Saí correndo dali o quanto antes, com o coração batendo acelerado.
Agora estou aqui, olhando para o meu próprio reflexo derrotado e perguntando-me: por que fui tão tola de não ter seguido meu sexto sentido?
Assim, eu pouparia meu próprio sofrimento.
Ainda continuo sofrendo, mas aprendi minha lição.
Depois daquele dia, eu peguei minhas coisas no hotel e voltei pra casa. não se importou o bastante nem para me procurar.
Fim.
Nota da autora: Oi, pessoal! Adorei escrever esse MV, espero que tenham gostado!
Amei criar o Jace! E vocês, gostaram dele? Hahaha comentem aí embaixo o que acharam! Beijos!
Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Amei criar o Jace! E vocês, gostaram dele? Hahaha comentem aí embaixo o que acharam! Beijos!