FFOBS - MV: I'm Not the Only One, por Vicky F. (Candy)

Finalizada em: 15/05/2019
Music Video: I'm Not the Only One

Capítulo Único

- Caio, eu já disse para você... Por que ainda faz tudo desse jeito? - O homem perguntou, balançando a cabeça de um lado para o outro com as mãos enfiadas nos cabelos.
- Me desculpe, senhor... Mas não foram minhas escolhas. - Caio argumentou. - Sabe que mesmo que eu queira uma coisa, ela sempre acaba escolhendo a outra. - Ergueu as mãos em obviedade.
- Se fizesse o que eu digo, ela teria escolhido o que deve escolher... - Levantou-se e foi na direção do outro. - Eu vou ter que reportar isso e não sei se consigo te defender desta vez.
- Droga, cara... Digo... Sim, senhor. - Caio levantou e andou cabisbaixo até a porta. - Só me avisa o que decidirem. - Pousou as mãos na maçaneta e respirou fundo antes de sair.
- Caio... Você é bom no que faz, meu amigo. - Segurou os ombros do rapaz e o colocou de frente para si, estava com pena do amigo. Sempre soube que os casos de Caio eram difíceis, mas este conseguiu superar todas as expectativas de fracasso. - Só pegou o caso mais difícil de todos os tempos.
- Eu sei... Mas pensei que se eu fizesse como Gabriel, teria sucesso.
- Amigo... Ninguém é igual à ninguém. Não poderíamos prever que, do sucesso de Gabriel, viria o fracasso de Caio... - Brincou e Caio riu. - Você só precisa criar sua própria estratégia. Deixá-la escolher por si própria não funciona, então por que não pensa em uma forma de fazê-la querer escolher o que você quer?
- Você quer dizer... Manipulá-la? - Questionou o amigo, mas apenas recebeu seu silêncio. - Não sei, isso é arriscado e vai contra as regras da instituição.
- Não, Caio. Manipulação é com a concorrência e seríamos punidos só de pensar nisso. - Caio coçou o queixo enquanto acompanhava o amigo. Queria saber onde ele chegaria com tudo isso, mas tinha medo de até onde ele poderia ir, afinal, estava falando com o filho do chefe. Nunca sabia quando estava sendo testado ou quando o homem falava a verdade. - Mas e se você encontrasse uma forma dela ver a si mesma naquela situação?
- Tipo... um fantasma? - Caio estava confuso. Ninguém conseguia fazer isso, mesmo que tentasse muito.
- Assim, eu acho que nem meu pai conseguiria. - O homem riu. - Mas e se fosse um reflexo? Se ela, por exemplo, se olhasse no espelho e começasse a enxergar a vida dela como se fosse uma espectadora? - Ergueu as sobrancelhas e abriu um largo sorriso quando percebeu que Caio, enfim, chegara onde ele queria. Dera uma nova perspectiva ao rapaz e, podia jurar, ele finalmente conseguiria completar sua tarefa. Sairia do limbo e alcançaria o patamar que sempre desejara.
Caio sorriu largo e abraçou o amigo.
- Jesus, já sei como vou fazer. Obrigado. - Virou-se para sair, mas pareceu lembrar de outra coisa e voltou-se para o amigo. - Mas acho que vou precisar da autorização do seu pai. Me ajuda com isso?
- É claro, meu amigo. Com todo o prazer. - Abraçou Caio e foram porta afora atrás de seu pai. Precisaria convencê-lo de dar uma última chance à Caio. O rapaz merecia e precisava e ele não seria o cara a lhe negar ajuda.


***



acordou mais cedo que o costume naquele dia, estava incomodada com a distância de na noite passada.
Há anos que o homem e ela mantinham um ritmo sexual frio. Se tocavam e se amavam, pelo menos, uma vez na semana, mas a mulher notara que já faziam dias que ele não a procurava. Podia jurar que o homem estava bravo com ela, mas seu comportamento parecia normal.
Olhou o homem, ainda dormindo, ao seu lado e pôs-se a levantar. Desceu as escadas ainda pensando no que poderia fazer para atrair novamente a atenção do marido e foi para a cozinha. Colocou a água para ferver e voltou para o quarto, caminhando para o closet e começando a separar as roupas de trabalho do marido.
Sua rotina era a mesma desde que casara com . Levantava, separava a roupa do marido, acordava o marido - pois o barulho estridente do despertador o deixava mau-humorado - e, enquanto o homem tomava seu banho e se vestia, ela ia para a cozinha preparar-lhe o café da manhã. Ajudava-o com o nó da gravata, beijava-lhe os lábios ao despedir-se do homem e, da porta, observava-o dirigir-se à um novo dia de trabalho.
Quando o carro do homem sumiu no fim da rua, voltou para a cozinha e começou a lavar a louça suja do café. Ouviu os gritos e risadas dos filhos da vizinha e olhou pela janela. Sorriu, admirada com a inocência e fragilidade das crianças. Percebeu também seu próprio reflexo na janela e sentiu uma angústia em seu peito.
"É por causa das crianças" pensou ela. Sempre quisera ter filhos, mas estava sempre ocupado demais e dizia que ainda não poderia ser o pai que seus filhos mereciam.
Secou as mãos e foi buscar as roupas sujas do dia anterior. O blazer cinza do homem estava jogado nas costas da poltrona do quarto fora puxado pela mulher com pressa, fazendo cair um papel de um dos bolsos.
franziu as sobrancelhas, um tanto confusa, e abaixou-se para pegar.
Antes, porém, de abrir o papel, sentiu uma brisa atingir seu corpo e, por instinto, olhou em volta não avistando nada.
"Corrente de ar idiota." pensou ela, sorrindo de sua estupidez. Por que teria medo do vento?
Voltou sua atenção para o papel, era uma nota fiscal. O nome "Preteritas" enfeitava o cabeçalho, seguido de outras informações que deixaram a mulher confusa. Ali havia a data de ontem, um horário no meio da tarde e uma suíte comprada.

Suíte 202
Reservada para duas horas, com acréscimo de duas horas e quinze minutos.
U$$ 250
Entrada: 14h15
Saída: 18h30

conhecia esse lugar. já a levara nesse motel algumas noites que ela achava que deveriam fazer algo diferente. Então, ele a levava para jantar, geralmente em algum restaurante próximo à orla, caminhavam de mãos dadas por alguns poucos minutos, voltavam para buscar o carro no restaurante e passavam toda a noite debaixo dos lençóis da suíte 202 do Preteritas.
O fato estranho da situação é que estava em casa nesse horário e deveria estar em uma reunião do trabalho. Um frio percorreu a espinha de . Finalmente a confirmação de suas desconfianças, a estava traindo e ela não soube dizer como se sentia: Humilhada, enfurecida ou aliviada.
Saber que, enfim, poderia se livrar deste casamento inútil e fracassado, lhe trazia paz, mas as circunstâncias que os levariam ao fim, deixava a mulher com raiva.
Raiva de ter dedicado tanto tempo àquele casamento, raiva de ter sido uma excelente esposa para aquele merda de homem, raiva por não ter sido suficiente.
De repente, olhou para o espelho assustada. Ela já tinha vivido esse dia. Não era a primeira vez que descobria a sujeira do marido e parecia sempre voltar ao mesmo dia de sempre.
Num estalo, ela se lembrara dos dias anteriores. Sempre escolhia perdoar o marido e seguir em frente, na esperança de se tornar aquilo que o marido esperava e precisava.
Se ela escolhia dar uma nova chance ao casamento, por que então ela estava vivendo o mesmo dia há vários dias?
Será que ela estava fazendo algo errado?
Ou será que ela estava fazendo certo demais?
E foi nesse momento que ela percebeu: não podia perdoá-lo... Não dessa vez... Não depois do que viu. Decidiu, enfim, libertar a si mesma.
Num acesso de raiva, largou as roupas sujas que carregava e foi ao closet. Pescou o vestido branco e imaculado que usara no dia do sim e a raiva de ter sido enganada por tanto tempo explodiu dentro de si. Com a mesma tesoura que costumava usar para consertar as roupas do desgraçado, picotou todo o tecido branco, observando-o desfazer-se em suas mãos, mas ainda não era suficiente. Juntou todas as roupas do homem e levou para a área da piscina. Voltou para a sala e pegou o whisky mais caro - e o favorito - do homem e o isqueiro que ele usava para fumar charutos.
Serviu um copo para si, acendeu um dos cigarros que costumava fumar escondido e despejou o líquido sobre a roupa, ateando fogo logo em seguida. Observando-as queimar, percebeu que as lágrimas que desciam pelas bochechas transformavam-se em alívio. Sentou-em uma das espreguiçadeiras e, bebendo seu whisky e fumando seu cigarro, ela soube que era uma nova chance de recomeçar. Iria juntar suas coisas, colocaria na mala do carro e partiria para uma nova jornada.
Em busca do amor?
Talvez.
Em busca da felicidade?
Sempre.
Porque viver com lhe ensinara que, com todo seu dinheiro, ele poderia lhe dar tudo o que quisesse. Mas felicidade? Não estava incluso em seu pacote.
Mas ela não faria isso... Não hoje.
Hoje ela esperaria por ele, jantar posto na mesa, uma única muda de roupas restante esperando por ele em sua poltrona... E ela!

Uma semana depois

"A polícia de Heathrow procura por , suspeita de golpear o marido , pelo menos, 78 vezes.
A suspeita está desaparecida desde a última quinta-feira (16), quando supostamente o homem foi assassinado. Os detetives trabalham com a hipótese de um crime passional, pois foram encontrados recibos de motel, que investigado, mostrou imagens do homem com outra mulher.
O corpo foi encontrado dois dias depois pelo vizinho do casal que afirma ter visto o homem entrar numa noite e não sair mais, mas a esposa ter ido e ainda não ter retornado.
As investigações seguem até que se prove que não foi esposa que cometeu o crime."







FIM



Nota da autora: Oi oi pessoal, muito obrigada por chegarem até aqui. Fico muito feliz toda vez que eu escrevo algo e gosto o suficiente para postar porque eu tenho um seríssimo problema de odiar tudo que eu escrevo. E saber que tem gente que lê as coisas que saem da minha cabeça, mesmo tendo um monte de outras histórias fantásticas, me deixa muitíssimo feliz. Muito obrigada a vocês e também às minhas lindas críticas: Letícia e Kaylane. Vocês que me fazem postar tudo, porque se fosse por mim, nada disso estaria na internet. Obrigada à minha beta, Liih, que caiu de paraquedas na minha fic. Você é incrível e uma fofa. ❤️ Não posso deixar de sempre agradecer à Mari Monte, que eu perturbo diariamente com as minhas dúvidas bobas. Agradecer também ao meu grupo de amigas virtuais que são mais presentes que minha parentada toda junto, vocês são parte de mim. Obrigada, Lolas, amo vocês ❤️ E acho que é isso. Obrigada de novo à vocês leitores, xoxo.



Ô Vicky, não tem nem o que agradecer. Foi um prazer betar sua história! Espero que os leitores gostem tanto quanto eu. ♥
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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