Capítulo Único
Destino, ao que indica tem sua origem no latim, indicando pela formação do prefixo "de" com o substantivo "stanare". Destanare (destino) é geralmente concebido como uma sucessão inevitável de acontecimentos relacionados a uma possível ordem cósmica. Portanto, segundo essa concepção, o destino conduz a vida de acordo com uma ordem natural, segundo a qual nada do que existe pode escapar.
E ele conduziu tudo para dessa vez balançar as estruturas de ambos, mas principalmente a dela.
O fogo estava se aproximando...
Com o passado morando ao lado, o que seria: a segurança do medo ou o amor?
Após um belo banho relaxante, saí do banheiro secando e ajeitando a toalha no cabelo calmamente; segui até meu closet, escolhendo uma de minhas melhores lingeries. Preta rendada foi a escolhida da vez, que combinava com um vestidinho soltinho, que também combinava com o clima agradável do dia.
Naquele dia eu não pretendia de forma alguma sair de casa, somente aproveitar a paz do meu lar e minha própria companhia, sem correria e problemas na cabeça.
E infelizmente a paz e o silêncio não duraram muito tempo, barulhos altos vinham do lado de fora, mais especificamente da casa ao lado. Curiosa como sou, fui até a janela e constatei que se tratava de um caminhão não muito grande, aqueles próprios para mudança residencial. Agora já estacionado na casa do vizinho — que há muito tempo estava sem ninguém morando —, alguns homens então abriram o baú do caminhão e de lá começaram a retirar coisas e mais coisas dali de dentro.
Conforme as mobílias iam aparecendo, eu ficava um pouco mais curiosa — eu não ficava o tempo todo na janela, eu saía e voltava de vez em quando —, sobre quem seriam meus mais novos vizinhos ou vizinho(a). Era difícil dizer se seria uma família ou alguém solteiro, mas, pelo meu pequeno conhecimento em decoração, podia até deduzir que poderia ser alguém solteiro.
Deixando a curiosidade de lado, me desgrudei de vez da janela, voltando para o sofá.
Dois dias depois de toda a agitação da mudança na casa ao lado, eu continuava curiosa sobre o novo dono da casa, que ainda não havia aparecido. A garagem continuava vazia sem nenhuma presença de carro, as janelas e cortinas da casa continuavam fechadas e de lá de dentro não vinha nenhum barulhinho sequer, dado sinal de vida humana presente ali. Eu assumia que a curiosidade era grande e que algumas vezes eu me pegava observando pela janela, porém ao mesmo tempo eu tentava me conter.
Ao despertar me espreguicei e sem muita coragem me forcei a me levantar da cama, rumei para o banheiro, mas antes parei de frente a porta que dava para a varanda do meu quarto, abri a cortina blecaute e assim as portas. Saí por um momento para fora, respirando um pouco de ar puro misturado com um pouco de poluição. Voltei a entrar dentro do quarto, quando parei e voltei para fora, me deparando com as janelas e cortinas da casa ao lado abertas, finalmente o novo, ou novos, vizinho havia dado o ar de sua graça.
Após fazer tudo o que precisava, inclusive tomar um belo banho e me trocar, desci para a cozinha, colocando café quentinho e feito na hora em minha garrafa térmica; peguei as chaves da casa e do carro, minha bolsa, calcei meus saltos altos e saí rumo ao trabalho.
Após um dia cansativo de trabalho, mesmo que tenha sido o tempo todo somente dentro do escritório, eu estava acabada, e não via a hora de chegar em casa tirar os saltos que começavam a esmagar meus dedinhos, e tomar um belo banho relaxante. Porém meus planos seriam adiados por mais uns minutos, quando me deparei com um pacote em minha porta o qual era endereçado para meu vizinho recém chegado.
Aproveitei que já estava do lado de fora de casa e ainda estava arrumada, para levar o pacote até ele.
Parando em frente à porta da casa ao lado, dei uma breve arrumada no cabelo após um dia cheio de trabalho, e então não tardei em tocar a campainha, segurando com segurança o pacote em mãos.
Segundos depois a porta foi aberta e no mesmo instante meu coração quase saiu pela minha boca. A minha mente deu um pane, enquanto tentava entender a probabilidade daquilo acontecer.
E por mais que eu me esforçasse, não conseguia não reparar nos músculos dos braços dele, que eram ressaltados pela camiseta branca que vestia, e os cabelos molhados me deram vontade de chorar. Minha mente viajou para certos momentos do passado, fazendo minha respiração falhar, e meus batimentos cardíacos se elevarem.
Eu não conseguia acreditar ainda.
Era realmente ele?
Engoli em seco, me recompondo e tentando não demonstrar minha recaída perante aquele estranho nada estranho.
— Boa noite. — me segurei para não gaguejar ou simplesmente soltar um “como?” — Deixaram uma caixa para você na minha casa.
— Obrigado. — ele ainda continuava o mesmo, bonito, sensual, e principalmente com aquele toque de mistério em seu olhar. O mesmo olhar que me prendeu anos atrás.
Esperei mais alguns segundos somente o observando, esperando uma reação de sua parte ao talvez me reconhecer. Mas nada aconteceu, dando outro pane em minha mente.
— Tudo bem.
Se ele disse ou ia dizer alguma coisa, não ouvi, pois me apressei em voltar para casa.
Quando entrei em casa, fechei a porta, voltando a me perguntar: “como?” e “por quê?”, enquanto retirava os saltos altos e os colocava com certa força no chão.
Aquilo só podia ser brincadeira.
Rapidamente corri até a janela, abri bem pouco da cortina, espiando o vizinho. O pouco que consegui ver foi ele abrindo a caixa, mas logo sumiu do meu campo de visão.
— Não é possível que esse filho da mãe não saiba quem sou eu. — Desviei meu olhar da janela quando escutei um miado, era o Floquinho perto de mim querendo, com certeza, saber o que estava acontecendo. — Não faz tanto tempo assim, Floquinho, eu não mudei ao ponto de estar irreconhecível. As únicas coisas que mudaram foram a cor e o comprimento do meu cabelo.
Saí da janela, ajeitando as cortinas, peguei meu gato no colo e fui para meu quarto para enfim tomar um banho. Coloquei Floquinho no chão, retirando minha roupa e entrando no chuveiro em seguida.
A todo momento eu pensava nele, mesmo que não querendo, o que era impossível. E isso trazia à tona o passado. E as seguinte duas palavras piscavam em neon em minha mente, “e agora?”
O sol naquele dia brilhava tão lindamente que eu não poderia deixar de aproveitar, seria quase uma ofensa. Cheguei na área da piscina, tirei meu roupão e entrei na água, que estava maravilhosa.
Fiquei por um tempo nadando de um lado para o outro, para enfim retornar para a borda; passei as mãos pelo cabelo retirando o excesso de água de parte do cabelo. Abri meus olhos e de cara me deparei com ele de frente para a janela de vidro do escritório dele, me observando atentamente. Instantaneamente me veio uma enorme vontade e coragem de provocá-lo. Coragem, pois eu sabia muito bem o que acontecia depois, quando o provocava, e naquele momento eu estava muito ansiosa por aquilo.
Dei um último mergulho e, enquanto saia da água pela escada da piscina, eu ajeitava meu biquíni mantendo meu olhar sempre nele; em cada movimento que eu fazia com calma, eu colocava o máximo de sensualidade que eu podia. Passei as mãos pelo cabelo mais uma vez, tirando o excesso de água de ponta a ponta.
Seus olhos não se desviavam em momento nenhum de mim, e eu, mesmo de longe, podia ler em seus olhos tamanho fogo que ele guardava para mim.
De um lado para o outro eu me virava na cama, enquanto tentava dissipar de minha mente aquela memória, e de meu corpo o calor que se instalou.
Dias já haviam se passado e eu ainda não havia conseguido me acostumar com a ideia de quem era meu vizinho.
Um comichão começou a tomar de conta dentro de mim, e eu lutava para não ceder àquilo. Se assim o fizesse, seria mergulhar ainda mais, de cabeça, em um passado que não fazia mais parte de mim. Porém fui fraca o suficiente, me levantei da cama e fui até uma parte escondida de meu closet, onde ali mantinha em segurança — dentro de um baú pequeno de madeira — memórias de épocas felizes, muito felizes e nada fáceis também.
Cartas, poemas, fotos e pequenas lembranças dos momentos mais importantes da minha vida. Que infelizmente não durou tanto como havia sido prometido, ao assinar aquele documento.
Documento que agora em minhas mãos era a prova da realização de um sonho, que talvez tenha sido realizado precipitadamente.
Todas aquelas fotos de momentos tão lindos entre nós inundaram minha mente de lembranças que não nos preocupamos em registrar, mas somente viver. Trouxe à tona toda a felicidade que eu sentia.
Aquelas antigas fotos — não tão antigas — me tornavam consciente de quanto tempo havia passado e da vida interessante que eu tive. E por um momento quis voltar no tempo, para antes, onde todas aquelas fotos não eram apenas memórias.
Com um suspiro guardei todos os momentos de volta no baú, o colocando no lugar seguro onde sempre esteve.
Retornei para a cama, agora enfim conseguindo dormir.
— Floquinho?!
Eu chamava meu gato; já havia o procurado pela casa toda e até no quintal, mas ele havia sumido. Comecei a entrar em desespero quando percebi que ele não estava em nenhum de seus esconderijos, nem camuflado por aí pela casa. E pior ainda que, mesmo com o som da ração sendo colocada na tigela e eu o chamando para comer, ele não apareceu, coisa que era infalível.
Eu já não sabia mais onde procurar, quando então a campainha começou a tocar. Ao abrir a porta, me deparei com o novo vizinho.
— Acho que esse gato é seu. — em seus braços estava Floquinho, tranquilo.
— Graças a Deus, Floquinho. — O peguei do colo do vizinho e dei um abraço no meu gato, que miou meio incomodado — Onde você o encontrou?
— Ele estava deitado no meu gramado. Pela coleira deduzi que podia ser seu.
— Obrigada por trazer ele. — Coloquei o gato no chão dentro de casa, e pude enfim observar melhor o homem à minha frente. Ele vestia uma camiseta preta básica e uma calça jeans.
Com os braços cruzados realçaram um pouco de seus braços fortes. Seu rosto continha uma expressão tranquila, ele não sorria mas não parecia bravo.
Era difícil conseguir desvendar suas ações e principalmente o que ele podia estar pensando. E isso sempre me deixava intrigada.
— A propósito, me chamo . — Eu não conseguia desviar meus olhos dele, e eu queria muito desvendar o que havia por trás de seu olhar; eu sabia algumas partes, mas já havia se passado tanto tempo.
— . — Ele era tão bom em disfarçar o que sentia quando não queria demonstrar. Mas aprendi a ler alguns de seus vacilos, mesmo que tão imperceptíveis, e ali pude ver um leve sorriso quando pareceu ter a certeza de algo na qual tinha dúvida.
— Até mais, .
Meu nome ficava tão bem quando saía da boca dele, e em certos momentos ficava ainda melhor.
— Até. — Engoli em seco com os pensamentos.
Fiquei observando ele até que entrasse em sua casa, entrando na minha e fechando a porta. Me recuperei e fui até meu gato, que estava deitado tranquilo no chão da sala.
— Floquinho, por que você fugiu? Você nunca fez isso antes. — Ele somente continuou me observando, até que soltou um miado em sua defesa. — Você é um gato muito doido, sabia?!
Dias depois da fuga rebelde do meu gato, eu não vi muito meu vizinho, só de vez em quando, quando ele estava saindo e eu saía também ou vice e versa. Mas também estava decidida a tentar deixar tudo aquilo para lá e continuar seguindo minha vida como antes estava fazendo.
Ao estacionar meu carro em frente de casa, desci do mesmo indo até o porta malas e ali me deparando com muitas sacolas de supermercado. Quando havia feito as compras não parecia ter tudo aquilo de sacolas e coisas.
Fiquei por um momento só encarando aquele tanto de coisas, enquanto tentava criar coragem de levá-los para dentro de casa, e para ajudar aquele dia eu estava exausta.
Meu olhar, que antes estava concentrado no porta malas do carro, agora estava sobre a porta de entrada da casa do vizinho. Mais especificamente no meu vizinho, que estava vestindo apenas uma bermuda jeans, deixando livremente à mostra seus braços e peito fortes, que acabavam com meus sentidos.
Ele enfim percebeu que eu o encarava e seus olhos foram até mim, dando um pequeno aceno de cabeça. Me recompus da distração daquela visão e acenei com a cabeça também, e assim ele entrou na casa.
— Você precisa parar com isso, . Tenha foco. — disse para mim mesma em voz alta, respirando fundo, fechando os olhos e esfregando minha testa.
Se fazia dois meses que ele havia se mudado para ali, era muito, e eu já não conseguia mais lidar com as malditas lembranças. Mas ainda tinha esperança que, conforme o tempo passasse mais um pouco, elas já não tivessem o mesmo efeito.
Reuni então coragem e como uma lesma levei parte da compra para dentro de casa; quando voltei no carro para pegar mais uma parte, meu vizinho reapareceu, dessa vez com camiseta, ainda bem. E aquilo foi um tapa na minha esperança, como esquecer uma pessoa que vai e vem bem do meu lado?
— Vejo que precisa de ajuda.
Eu até pensei em negar, estar longe dele seria o melhor e mais seguro para minha sanidade, mas, se eu o fizesse, naquele mesmo dia eu não levaria toda a compra para dentro.
— É. Acho que sim. — e então ele pegou o restante da compra que faltava; fechei o porta-malas, travando o carro, e o segui para dentro da minha casa. — Obrigada, eu ia demorar um século para trazer tudo. Estou exausta hoje.
Me encostei na ilha da cozinha, respirando fundo mais uma vez e colocando meus dedos indicadores e médio nas pálpebras de meus olhos fechados, os apertando de leve.
Eu não conseguia entender o por que de tanto cansaço.
— Você está bem?
— Acho que sim. Só cansada.
— Isso pode ser início de gripe.
— Gripe agora não seria uma boa ideia. — ri um pouco amargurada.
— Sei de um chá que pode ajudar. Se quiser, posso fazer para você.
— Eu adoraria.
Me sentei em uma das cadeiras da ilha e em silêncio o observei atentamente enquanto preparava o chá.
Lembranças me invadiram novamente e eu tentei disfarçar para que ele não percebesse. Eu sentia falta de momentos como aquele, mais do que qualquer coisa.
Me recordei então do dia que nos conhecemos.
Era um sábado à noite, o dia em que uma amiga havia me feito prometer ir em um evento no qual eu não estava muito afim. E esse evento era um desfile de moda, o qual não era sobre as coleções dela, e eu não gostava muito de moda e ir em desfiles, assumo que não tenho muita paciência. Mas mesmo assim fui, por ela.
Sentei na cadeira da terceira fileira, que estava reservada para mim, e fiquei ali olhando tudo um pouco entediada; a música que tocava até que ajudava um pouco, pois era animada.
Percebi uma pessoa sentada ao meu lado na cadeira, porém não dei muita bola. Até que então essa pessoa puxou assunto comigo.
"Vejo que não está muito interessada nisso tudo." — olhei, então; a pessoa e era um cara, muito lindo por sinal.
"Na verdade não".
"Por que está aqui?" — um sorrisinho brincava no canto de sua boca.
"Acabei prometendo para uma amiga que vinha".
"Interessante". — somente disse aquilo e desviou sua atenção de mim para a passarela, onde iniciava o desfile, me deixando curiosa.
O evento ocorreu, e, quando acabou o desfile, minha intenção era ir direto para casa, mas minha amiga simplesmente insistiu para que eu conhecesse o responsável pela coleção. Assim fiz, enquanto o cara que estava sentado ao meu lado, antes mesmo de o desfile acabar, havia saído e não tinha voltado.
Conversando com minha amiga e o estilista, viajei por um momento, enquanto corria meus olhos pelo lugar. Em um local mais afastado conversando com duas pessoas, estava o cara que antes estava sentado ao meu lado, ele realmente era muito bonito.
Percebendo que eu o observava há um tempo, seu olhar foi até mim; ele não sorriu ou disse algo, somente levantou sua taça, como se brindasse a mim ou algo do tipo. Não esbocei nenhuma reação, fiquei sem saber o que fazer.
No fim, o encontrei do lado de fora quando enfim consegui ir embora e ele me parou.
Saímos algumas vezes e quando vi já estava perdidamente apaixonada.
Ele carregava consigo um ar de durão e mulherengo, mas quando estávamos juntos ele era super atencioso e aberto. O mistério que ele carregava no olhar e em seu jeito me prendeu mais do que eu havia imaginado.
Saí das lembranças quando ele se virou para mim, com a caneca em mãos.
— Camomila. Ótimo para estresse. — Ah, esse chá de camomila.
— Obrigada. — dei o primeiro gole. Ele fazia chá como ninguém, em geral ele cozinhava muito bem.
— Um banho quente em seguida pode ajudar também.
— Obrigada mais uma vez.
Ele se limitou em somente assentir com a cabeça e saiu pela porta da frente.
Um chá e um banho bem quente e relaxante, era tudo o que eu estava precisando naquele dia.
Ao organizar meu closet, que eu novamente havia conseguido deixar uma bagunça, revia peças na qual há muito tempo não usava, porém uma peça íntima vermelha em especial, que eu nem sabia que ainda tinha guardada, me despertou coisas e lembranças, me causando um frio na barriga.
No elevador eu e ele estávamos rumo a um jantar dos investidores na empresa de ; eu me mantinha plena e com postura.
Porém uma coisa me despertou a curiosidade, ao meu lado vi se remexendo e estranhei, mas me mantive na minha. Levei um pequeno susto quando ele se pôs na minha frente sorrindo de forma que eu sabia que ele iria aprontar.
Dito e feito.
Mantive meu olhar fixo no seu, enquanto esperava para saber o que ele faria, e só então senti seus dedos tocarem com delicadeza as minhas coxas, por baixo do vestido.
— O que está fazendo? — Consegui manter minha voz firme mesmo que com seu simples toque me deixou quase sem ar.
— Nada demais. — Sua voz saiu mais baixa e rouca.
Ele levemente subia as mãos por minha coxa, me causando arrepios, não quebrando em momento nenhum o contato visual.
— Você está tão gostosa.
Suas mãos chegaram em minha bunda, onde ele apertou com certa força, me fazendo morder meu lábio inferior e arfar, arrancando dele um sorriso mais que satisfeito.
Não contente com aquilo, seus dedos se agarraram nas laterais da calcinha que eu usava, me deixando surpresa quando ele começou a baixá-la.
Ele estava se divertindo demais com aquilo, principalmente com o perigo de sermos pegos a qualquer momento. O elevador continuava subindo até a cobertura, correndo o risco de alguém entrar em algum andar, e a câmera do elevador nos observava a todo o momento.
Minha calcinha caiu em meus pés, o fazendo se agachar e a pegar assim que levantei meus pés. Em sua mão ele segurava aquela peça de roupa íntima, deixando bem à mostra para a câmera de segurança.
O perigo, o fato de estarmos sendo observados e o calor do momento o divertia muito, o atiçando mais ainda aquilo.
— Isso. Fica comigo. — Falou bem próximo ao meu ouvido, me fazendo estremecer. O auge foi ao terminar a frase, morder o lóbulo de minha orelha, me fazer pulsar.
O cretino queria acabar comigo, e não demoraria para conseguir aquilo.
O elevador apitou na cobertura e ele simplesmente saiu, como se há segundos atrás nada tivesse acontecido naquele elevador, como se a minha calcinha não estivesse no bolso frontal de sua calça social.
Enquanto eu respirei fundo, ajeitando meu vestido, pigarreei me forçando a recobrar a postura.
Durante a comemoração ali no apartamento estava rolando tudo bem, exceto por uns momentos em que , conversando com uns amigos um pouco mais afastado de onde eu estava, às vezes me lançava olhares, onde ali tudo dizia o que em nosso apartamento iria acontecer mais tarde. Aquele ato no elevador não provocou somente a mim, mas também mexeu com os sentidos de .
Após retirar os meus saltos e relaxar com o contato do meu pé no chão frio do nosso apartamento, me virei para ir até o quarto tirar enfim meu vestido, mas parei no mesmo lugar quando assim me deparei com à minha frente. Seu olhar direcionado a mim era profundo e eu podia perceber claramente que ali continha puro desejo expresso neles.
Antes que eu pudesse abrir minha boca para proferir uma frase completa, sua mão direita já estava na curva de meu pescoço me puxando para ele, enquanto sua mão esquerda segurava firmemente meu quadril, seu corpo forte me pensava sobre a parede.
Sua boca agora colada à minha esquentava meu corpo em resposta ao seu contato.
Sua mão passeava livremente e desenfreadamente por meu corpo todo, apertando as partes mais sensíveis e estimulantes que eu tinha. Quando enfim parou em uma coxa minha, ele apertou com mais firmeza, logo após levando sua mão até meu bumbum, levantando e levando consigo parte da saia do vestido que eu usava, me causando arrepios.
Soltei o ar pesadamente quando senti os seus lábios na curva do meu pescoço, ele depositava beijos molhados por ali, me fazendo instantaneamente fechar os olhos, e meus dedos se apertaram com força no tecido da camisa branca que ele ainda vestia.
Quando pensei em me render aos seus toques e beijos, já me contorcia entre seu corpo e a parede.
Seus longos dedos deslizavam pela pele do meu ombro e braço, levando consigo a alça do meu vestido vermelho, e por onde seus dedos passavam beijos eram deixados ali. Quando dei por mim, a peça de roupa que eu vestia já estava ao chão, e seus beijos agora eram dedicados em meu colo.
Eu não conseguia mais responder por minhas ações, tudo em mim gritava e queimava por ele.
Eu queria seguir para a parte mais divertida e alucinante de toda aquela provocação, porém eu sabia que ele estava adorando aquilo, principalmente a parte de me deixar queimando por ele e consequentemente ter minha redenção.
O toque dele nublava meus sentidos.
Cada pressão maior de seu corpo ao meu me fazia morder meu lábio inferior e perder parte da minha respiração.
Mas daquela vez eu faria diferente, virei nossos corpos, agora mantendo preso na parede, que ficou surpreso e gostou daquela ação de minha parte, estando evidente em seu sorriso safado.
Me mantive séria enquanto olhava no fundo de seus olhos o desafiando a resistir aquilo, e ele se manteve firme e não desviou o olhar por um único momento sequer. Sua curiosidade e ansiedade do que eu faria estavam bem expressos em seu olhar.
Agarrei cada parte de sua camisa branca e com força, por conta do desejo, puxei cada lado para lados opostos, fazendo alguns dos botões voarem e os olhos de flamejarem.
Ainda olhando em seus olhos, minha mão direita desceu por seu peitoral, passando com mais força minha unha em sua pele, vendo-o falhar na respiração com aquilo. Subi novamente minhas mãos, quando quase cheguei onde ele tanto queria, o fazendo grunhir de frustração.
Era bom fazê-lo provar do próprio veneno. Era tão divertido.
Cortei o contato visual quando, bem pertinho do seu rosto, ameacei beijá-lo mas desviei para seu pescoço, grudando meus lábios naquela região e distribuindo beijos, que fui descendo, trilhando um caminho para seu peitoral e barriga, chegando em fim onde ele demonstrava bem o tanto que me desejava e me esperava.
Suas mãos agarradas em meu cabelo com certa força, eu sentia com uma mão ali, seu peito subir e cair com a respiração rápida. Aprovações eram proferidas em formas de palavrões e gemidos da parte de .
Desgrudei meus lábios dele, voltando a olhá-lo, e pude perceber seus lábios entreabertos e pele avermelhada pelo bom trabalho que eu havia realizando.
Com a mão direita pegou em cada lado de meu rosto e me ergueu até ele, me beijando ferozmente e mordendo meu lábio em seguida. Voltando a me prensar na parede e arrancando um gemido meu, não somente pelo choque térmico da parede fria em minha pele quente, mas consequência do contato de nossos corpos agora tão profundo e íntimo.
Ele não esperou ou pensou mais um segundo sequer para quebrar qualquer mínima distância que havia entre nós.
Minha cabeça se mantinha apoiada na parede, uma mão de me segurava pela cintura enquanto a outra firmemente se mantinha entrelaçada a minha que também estava apoiada na parede, era a forma de conseguir impulso para os movimentos.
Nosso suor se misturava junto com os nossos suspiros profundos, em um batimento mais rápido de nossos corações, nossos corpos relaxaram.
Ainda um pouco contrariada, porém precisando muito, fui até a casa do meu vizinho, batendo em sua porta; meu gato havia sumido novamente e eu sabia que ele estava lá.
Passou um tempinho, ele não atendeu a porta pensei até em dar meia volta e voltar para casa, logo meu gato voltava para casa também, mas ao mesmo tempo resolvi insistir mais uma vez e bati na porta, e outra vez ele não atendeu. Desisti de vez e ia voltando para casa quando eu vi a portinha de madeira lateral da casa do vizinho meio aberta; tentei resistir em não fazer aquilo, mas foi mais forte que eu.
Fui entrando com cautela a passos pequenos; se alguém me pegasse, poderia me acusar de invasão e eu não queria aquilo.
— Oi, alguém em casa? — Entrei boa parte do quintal. — ? Entrei porque vi a porta lateral aberta.
Quando eu cheguei totalmente no quintal, vi que o gato, como sempre, estava deitado no gramado tranquilamente. E o que me assustou, me fazendo arregalar os olhos, foi ver algo boiando na piscina, para ser mais exata parecia ser alguém, vulgo .
Sem pensar duas vezes, pulei na piscina para socorrê-lo com o coração aflito por algo ter acontecido com ele. Chegando até ele, peguei em seu rosto pronta para retirá-lo de lá e prosseguir com os primeiros socorros, porém me assustei com o susto que levou.
— ? — Ainda assustada e confusa, nadei para um pouco longe dele.
— O que aconteceu? Você não se afogou? — A vergonha agora se misturava com a confusão.
— Não, eu estou bem.
— Não acredito. Pensei que...
— Algo tinha acontecido?
Me apressei em sair da piscina.
— , espera. — ele também saiu da piscina, me alcançando e segurando em meu pulso.
— O quê? — perdi parte do ar quando vi próximo demais, tão próximo seu rosto do meu que eu podia sentir sua respiração. Seu cabelo molhado, sua respiração rápida.
— O que fazia aqui?
Só percebi que estava segurando a respiração quando tentei retomar meu controle e soltei o ar.
— Nada demais. Só vim pegar meu gato.
Ele parecia querer dizer mais alguma coisa, porém se limitou em somente assentir com a cabeça. Suas mãos continuavam em meus pulsos, e onde sua mão estava começava a formigar, não por estar apertando com força, mas por simplesmente estar me tocando. E aquilo começava a espalhar calor pelo resto do meu corpo.
Eu não podia continuar ali, estar próximo demais dele daquela forma, com a sua boca a poucos centímetros da minha, era perigoso demais. Soltei meu pulso de suas mãos com calma e me afastei, peguei Floquinho no colo, que ficou um pouco agitado por eu estar molhada, e saí daquele quintal.
Eu podia sentir meu coração batendo em meus ouvidos, pelo simples fato de ter me tocado de forma tão simples.
Uma agitação gigante por uma pessoa que eu jurava já ter superado.
Fechei a porta com o pé, soltando meu gato no chão e tirando minhas roupas molhadas enquanto caminhava até a lavanderia de casa e me xingava, incrédula por ainda me preocupar com ele e sentir todas aquelas coisas.
Eu não conseguia acreditar que havia ficado aflita pela possibilidade de algo ter acontecido a ele.
Eu já o tinha superado há muito tempo, decidi esquecê-lo no passado.
E o que ele era?
Ele era aquele que saiu da minha vida todos aqueles anos atrás.
Quando os papéis do nosso divórcio foram assinados, há 4 anos, para ser exata. E ele se mudou para Los Angeles.
E agora eu percebo que ainda continuo presa no passado, ou o passado preso a mim.
— Você precisa parar de fugir, Floquinho. Ainda mais para a casa ao lado.
Ele me olhava como se entendesse, mas eu sabia que não iria adiantar de nada. Ele iria continuar fugindo para a casa do vizinho.
— Ai, Floquinho, não aguento mais essa vida de ter que faxinar a casa.
Parei por um momento para fazer carinho na pelagem branca do meu gato, que estava aconchegado no braço do sofá.
Parando para pensar, haviam se passado uns 3 dias desde o incidente da piscina e eu não tinha visto meu vizinho sair ou entrar em casa; ainda estava um pouco envergonhada e incrédula comigo mesmo por conta daquele dia.
Desisti de pensar sobre aquilo tudo e voltei com a faxina na casa; com jeitinho arrastei o móvel para varrer, mas não consegui conter um grito de horror ao me deparar com aquilo.
Subi no sofá e nos momentos seguintes a porta de entrada da minha casa foi aberta e apareceu com cara de assustado e em alerta.
— Que gritos foram esses ?
— Uma barata. — Falei apontando para ela, quase chorando com a possibilidade de que ela pudesse ir para cima de mim.
Ele me lançou um olhar desacreditado por meu drama com um inseto, e principalmente por estar em pé em cima do sofá enquanto a barata se mantinha paradinha no mesmo lugar, ela parecia estar me desafiando e se preparando para atacar.
Com agilidade, sem medo e de forma fácil, pisou nela, quando dei um grito agoniado ao ver que ela ainda mexia as patinhas e as anteninhas.
— Está morta. — Se aproximou, me estendendo sua mão para me ajudar a descer do sofá.
— Certeza que ela morreu mesmo? — Aceitei sua mão, me certificando antes que era seguro.
Fui descer do sofá e, graças a não sei quem, pisei em falso no chão e ia parar de boca no mesmo se não fosse por , que me segurou.
Fiquei tão assustada de início e me mantive parada onde estava, de frente para , que me olhava atentamente.
Tentei a todo custo manter a pose firme e não deixar que dentro de mim percebessem que eu estava nos braços de , e perto demais outra vez de sua boca. Mas foi inevitável, principalmente quando suas mãos foram até meu rosto e dali tirou parte dos meus cabelos que haviam caído quando quase levei o tombo.
Eu não podia me deixar levar pelo seu olhar tão atento a mim, que me deixava extasiada, ou seu toque tão singelo em meu rosto, que me remetia ao passado.
O passado onde muitas noites, ao dormir, ele parava e me analisava com tanta calma que meu coração se aquecia. Seu olhar que continha mistérios me mostrava seu amor e devoção a mim. Uma enorme saudade na qual eu não poderia me arriscar a me deixar levar.
Com dificuldade me recompus, ele percebeu também o que estava acontecendo ali, ou quase aconteceu, e se recompôs também.
pegou a vassoura, varrendo a barata para pá e em seguida a levando até o lixo da lavanderia.
— Obrigada pela ajuda, Floquinho. — Olhei indignada para o meu gato, que não se moveu um milímetro sequer, mesmo com aquela agitação toda. Ele até me olhou como se dissesse: "não é minha obrigação, humana". — Compre um gato, eles disseram. Ele caça os ratos e insetos indesejados. A minha veio com defeito só pode, olha isso, nem se moveu do lugar.
Falei indignada, desta vez para .
— Ele é um bom garoto.
Meu gato ficou todo manhoso pra cima dele enquanto o mesmo fazia carinho em sua pelagem. Logo após, o gato desceu do sofá, saindo da sala se achando com o fato de o defender.
— Estou perdendo meu respeito com ele.
— Eu acho que não.
— Estou sim e a culpa é sua.
— Por que minha?
— Porque toda vez que ele foge para a sua casa você dá petiscos para ele.
— Eu já tinha guardado. — Levantou as mãos em defesa.
— Sei que comprou exclusivamente para ele.
— Não tem como saber.
— Isso não é justo. Quando ele foge já sei onde procurá-lo.
simplesmente não disse mais nada.
Minhas lágrimas se misturavam com a água do chuveiro enquanto inevitavelmente me lembrava do dia horrível que havia tido. Todos os desaforos que havia ouvido de pessoas e nem retrucar me defendendo tinha conseguido; já não estava bem ao acordar e, enquanto escutava por um erro que não tinha cometido, me sentia pequena e mais cansada.
Mais uma crise de ansiedade que enfrentava sozinha, e para ajudar não pude deixar passar uma lembrança que em uma das crises estava comigo me acalmando.
Cheguei em casa aos prantos e tão cansada, que para o nosso quarto fui a passos tão lentos que não sei como cheguei no cômodo. Deitei em nossa cama encolhida, tentando a todo custo controlar meu choro.
Senti uma mão passar por meus ombros levemente e constatei que era , ele então assim apareceu em meu campo de visão, agachado no chão.
— Amor, o que aconteceu? — Com sua voz calma, porém preocupada, meu choro se intensificou.
— Eu não consigo. — E realmente não conseguia, o ar não chegava em meus pulmões direito.
— Eu estou aqui, respira devagar e fundo. — Ele fazia e eu repetia o seu gesto, olhando em seus olhos. Agora ambos sentados na cama.
Quando estava um pouco mais calma, ele segurou em minhas mãos me ajudando a levantar dali.
— Vou te ajudar a tomar um banho. Irá te acalmar.
Eu não merecia ele, me ajudou a tirar a minha roupa, entrou comigo embaixo do chuveiro na água morna e, com a esponja, esfregava cada parte do meu corpo com calma e tamanha devoção que foi impossível a ansiedade não passar.
Com carinho ele passava a esponja com bastante espuma em meus ombros e costas, em seguida jogando água. Para fechar, depositou beijos ternos em meus ombros, me fazendo lembrar que eu não estava sozinha naquilo, e me fazendo agradecer tanto a Deus mentalmente por ter ele comigo naquele momento difícil, e por sua paciência em cuidar de mim com tanto amor.
Ele quem me ajudou a me secar e me trocar; não fizemos o jantar como de costume, ele pediu comida, onde na sala de estar comemos enquanto assistimos a um filme.
Em seus braços fortes adormeci, acordando pouco depois com chacoalhar suave por estar ainda em seus braços, que me levavam para a cama no colo. O sono veio mais forte e gostoso ao estar na cama embolada nas cobertas, e nos braços da pessoa que eu mais amava. Meu refúgio, meu porto seguro, meu marido.
Ainda embaixo do chuveiro, meu choro se intensificou com essa lembrança, e junto o peso da culpa e da frustração por nosso casamento ter fracassado, quando eu tínhamos tudo para dar certo.
Bom, talvez quase tudo.
E agora ele morava ao lado, me fazendo recordar e sentir isso toda vez que olhava a casa vizinha, quando o via sair ou entrar em casa.
Um lembrete constante dos momentos bonitos que eu tinha e que agora não os tenho mais.
Meus olhos se arregalaram e no mesmo instante larguei com tudo os cestos das roupas sujas que eu tirava de um e colocava no outro, para em seguida levá-la até a lavanderia no andar de baixo. Mas isso foi interrompido quando escutei um barulhinho constante, como de um apito, e só então lembrei que havia colocado um bolo para assar e o esqueci ali.
Na metade das escadas pude sentir um forte cheiro de queimado e a fumaça preta já tomava conta de todo o andar de baixo.
Desesperada por uma tragédia maior acontecer, corri até o forno, o desligando e o abrindo em seguida, recebendo muita fumaça no rosto.
— Mas que porcaria. — Falei entre tosses.
Fui até o armário do lado oposto do fogão, o abrindo e pegando panos de prato, tirei a assadeira do forno quase me queimando; o coloquei na pia e comecei a chacoalhar o pano no ar, na tentativa de dissipar a fumaça. Nesse momento a porta principal foi aberta e no susto me virei para contornar a bancada ir até a sala de estar, porém, como uma sortuda sem sorte que sou, ao abrir o armário não fechei em seguida, resultando em uma indo de encontro na porta e batendo a testa com tudo.
— Ai, que merda. — Na hora coloquei a mão no local, verificando se havia cortado, mas estava normal.
— , está tudo bem? — Assustado, se aproximou, principalmente ao ver o meu incidente com a porta.
— Sim, estou. Só esqueci o bolo no forno. Aí. — Com simples toque minha testa doía.
— Se sente no sofá. Vou tentar tirar parte dessa fumaça daqui.
Nem retruquei, estava com um pouco de dor demais para cuidar da fumaça naquela hora.
Quando enfim ele conseguiu dissipar parte da fumaça dali de dentro, abriu o freezer e dali pegou um pacote de ervilhas congeladas.
— Foi uma batida feia, hein. — Se sentou na mesinha de centro na minha frente, e com cuidado colocou o saco de ervilhas em minha testa.
— Mal chegou e já descobriu que tem uma vizinha desastrada e azarada. — Soltei uma risada nasalada, me entregando aquela verdade, e ele sorriu. — Bem-vindo ao bairro.
— Terei que ser mais atento com minha vizinha, para que ela não morra tentando cozinhar outra vez. — Sorri ao vê-lo dar um sorriso.
Não posso mentir dizendo que havia esquecido como o sorriso dele era bonito, porque na verdade seu sorriso sempre ressurge em minha mente, das memórias arquivadas.
Pleno sábado de manhã, dia do meu tão merecido descanso, e o meu vizinho faz o favor de me acordar colocando o som dele no alto. Acordei irritada com ele, com vontade de invadir aquela casa e quebrar aquele som na cabeça dele. Mas somente me limitei a contar até 10 respirando fundo; fui até a sacada do meu quarto, que dava para os fundos do meu quintal e consequentemente para o quintal do vizinho também. E ali estava ele, sem camisa e com uma bermuda, seus braços estavam ressaltados pelos movimentos que fazia ao limpar a piscina. Distraído, ele assobiava no ritmo da música, e, para minha sorte, sua concentração no que fazia era tanta que ele não havia percebido a minha presença ali, observando e ao mesmo tempo babando em seu corpo tão maravilhoso e nostálgico.
Me toquei, no fim, da merda que eu estava fazendo e entrei às pressas em casa, correndo para o chuveiro na água gelada.
Aquele era um dia especial para mim, era meu aniversário de 27 anos, e eu, mesmo sozinha, às vezes gostava de comemorar, principalmente indo ao shopping comprar mimos para mim mesma, almoçando ou jantando fora; isso quando os meus amigos não aprontavam algo, o que era raro não acontecer.
E aquele dia não seria diferente.
Já de noite retornei para a casa, com várias sacolas de compras, cabelo renovado e pele ainda mais bonita. Um dia totalmente dedicado a mim.
Coloquei a chave na fechadura da porta principal de casa e já notei um bilhete colado ali na porta, era do meu vizinho pedindo para encontrá-lo no quintal de sua casa porque precisava muito falar comigo. Mesmo um pouco desconfiada, coloquei as compras dentro de casa e segui para a casa de .
Nem bati na porta, fui entrando direto pelo portãozinho lateral de madeira, que dava direto para o seu quintal.
Percebi de cara que o ambiente ali estava diferente, música clássica tocava baixinho, as luzinhas e luz da piscina estavam acesas e, quando olhei para o pergolado, uma mesa para dois estava arrumada com luzes de velas.
Eu havia ido até ali no momento errado, ele estava com alguém ou à espera de alguém.
E, mesmo não querendo, aquilo de alguma forma me incomodou.
— ?! — Levei um pequeno susto com ele me chamando atrás de mim.
— Desculpa. Vejo que vim no momento errado. Você deve estar esperando alguém, é que vi o bilhete na minha porta e...
— ! — Ele me interrompeu, sorrindo. — Você veio no momento perfeito.
— Eu...
— Feliz aniversário, ! — Minha única reação foi abrir minha boca uns centímetros perante aquela surpresa. Ele sabia que era eu, mas principalmente se lembrava do meu aniversário. — Eu jamais esqueceria do seu aniversário. E principalmente de você.
— Eu. Eu não sei o que dizer.
— Não precisa. E a propósito seu cabelo ficou lindo.
Podem me chamar de maluca, mas eu quis chorar naquele momento. Ele sempre foi muito atencioso e muito observador, principalmente na época em que éramos namorados e casados, assim como estava sendo naquele momento que nos reencontramos.
— Obrigada, .
— Vem, senta aqui. — Foi até a cadeira, puxando-a para mim.
Ao longo do jantar não falávamos quase nada, somente trocamos olhares, com pensamento em tudo. Ele conseguiu baixar ainda mais minha guarda com aquela surpresa maravilhosa, eu ainda não tinha palavras.
Após o jantar, ele levou os pratos e não permitiu que eu o ajudasse, trazendo em seguida um bolo, e, enquanto cantava parabéns para mim, me permitiu olhar com outros olhos além da raiva ou da incredulidade, infelizmente com isso senti a mesma coisa quando nos conhecemos e éramos tão apaixonados.
— Faz um pedido. — Ele disse em tom baixo, se apoiando na mesa com os cotovelos, assim se aproximando um pouco mais de mim.
Fechei meus olhos e ali fiz um pedido com a vela se apagando em seguida. Se aquilo se realizasse, será que realmente seria uma boa ideia?
Fomos casados por um tempo, mas chegou em um ponto no qual não estava mais dando certo aquela relação, então, com o consenso de ambos, nos separamos e cada um seguiu o seu caminho. Não existe e nunca existiu mágoa alguma, mas era difícil para mim vê-lo depois de tanto tempo, e o mais engraçado era ele ser meu vizinho. E com isso, ao invés de continuar seguindo em frente como antes eu estava fazendo, percebi que ainda sinto algo por .
Mas ao mesmo tempo eu deveria imaginar que não seria tão simples prosseguir, eu era perdidamente apaixonada por ele, fui casada com ele por um ano e meio, juntos ficamos por três anos e meio. Vivemos tantas coisas, tantas aventuras, momentos românticos que não seria tão fácil apagar.
Nos quatro anos em que fiquei sem vê-lo e ter notícias, claro que as lembranças de nós dois estavam presentes. Principalmente no começo, quando ele se mudou, e então reconstruí minha vida, e agora que ele voltou essas lembranças são mais frequentes do que eu gostaria.
Foi incrível o tempo que eu e passamos juntos, mas isso passou, não deu certo uma vez, possivelmente não daria uma segunda. Precisava continuar seguindo em frente.
— Obrigado de novo por tudo, . — Ele apenas sorriu e eu me levantei, pronta para voltar para casa, ele então se levantou também e veio para mais perto de mim.
Não segurei meu impulso e simplesmente o abracei. Podendo assim constatar outra coisa, ele fazia muita falta, mais do que eu imaginava.
E aquilo poderia me arruinar em algum momento.
E eu precisava saber como e porquê.
— Como me encontrou aqui? — não estávamos abraçados, porém ainda perto.
— Não vou negar. Voltei na intenção de te ver de novo, eu só não esperava que minha vizinha seria justamente você.
— Por quê?
— Senti sua falta, .
Não disse mais nada, eu não sabia o que dizer perante aquilo.
Onde eu pensei que seria um ponto final, na verdade era apenas uma vírgula.
Com nossos olhares conectados, me deu um friozinho gostoso na barriga. Ainda mais ao vê-lo se aproximando cada vez mais de mim. Nossas bocas estavam tão perto, em poucos centímetros poderia matar parte da saudade que eu estava dele, poderia reviver as sensações incríveis que só ele e com ele eu sentia.
A sanidade me deu um toque de que aquilo poderia não ser uma boa ideia, então interrompi aquele clima antes que algo acontecesse que eu poderia me arrepender depois.
— Obrigada mais uma vez por isso. — Me afastei dele, seguindo o caminho da minha casa.
— Até.
Me virei para ele sorrindo, que também sabia.
— Até.
Após a surpresa para mim no meu aniversário, eu vivia aquele momento constantemente, cada detalhe do lugar, dos sorrisos e principalmente dos olhares. Cada palavra dita eu pensava e repensava.
Não sabia o que fazer exatamente, tentava imaginar como seria vê-lo de novo agora sabendo que ele havia voltado por mim. Tinha meus receios de como seria dali para frente depois daquela conversa, mas ao mesmo tempo eu não iria me cobrar ou me forçar algo, iria continuar como antes. Eu só não queria passar novamente pelo que passei ao vê-lo ir embora anos atrás.
Como de praxe todo sábado de manhã, rego as plantas que ficam na entrada de casa, plantas na qual não precisam ser regadas diariamente.
Com cuidado jogava água e com a outra mão livre eu mexia nas folhas, estava distraído no que fazia quando minha atenção foi para o carro que adentrava a garagem do vizinho. O carro preto com isofilme todo preto me impossibilitava de ver com certeza quem era, porém assim que o carro foi estacionado e a pessoa desceu do veículo neste momento foi que me atenção ficou totalmente nele.
usava uma calça jeans de lavagem escura, camisa social branca para fora da calça e os três primeiros botões abertos, e um tênis branco.
Assim que fechou a porta do carro, uma mão segurava o celular, chaves e carteira, com a outra mão livre ele retirou os óculos escuros.
Minha sorte era que eu estava agachada, se não teria caído, minhas pernas com certeza falhariam, mas de qualquer forma me perdi naquela visão. Como eu poderia superar se o fogo morava bem ao lado?
Percebi que estava viajando demais olhando ele e o mesmo já havia percebido, pois acenou para mim com a cabeça e no mesmo instante voltei minha atenção para a planta que regava, percebendo assim que havia a regado demais; coloquei a mão entre as folhas e, desastrada como sou, soltei um grito quando senti algo me picar.
— Ai, que droga. — Chacoalhei a mão quando começou a arder.
, vendo aquilo, se aproximou, se agachando ao meu lado e pegando a minha mão, analisando a mesma.
— Você viu o que te picou?
— Acho que foi uma abelha.
— Você tem alergia a abelha, .
— É, eu tenho, né?! Eu estava meio perdida naquilo.
— Vem. Vamos para o hospital.
A todo o momento me ajudava, no caminho do hospital quando dava ele verificava se estava inchado a minha mão e como eu estava. E no hospital ele quem passou parte dos meus dados para preencher a ficha, me guiou para tomar um antialérgico junto com o médico, a todo momento estava atento em como eu me sentia, com medo de algum momento minha garganta trancar, o que não aconteceu.
— Com o antialérgico não tem mais perigo. Ela agora só precisa descansar, pois ficará um pouco grogue.
— Obrigado, doutor. — agradeceu por mim.
Eu estava consciente, porém um pouco mole pelo antialérgico.
Chegando na minha casa, me ajudou a sair do carro e me levou até o quarto, me deitando na minha cama.
Era tão bom tê-lo do meu lado e cuidando de mim novamente, volto a repetir a falta que ele tanto fazia.
— Obrigada, .
— Descansa. — Me cobriu e, antes que ele pudesse sair do quarto, segurei em sua mão, o impedindo.
— Até hoje me pergunto onde erramos o caminho, para que nosso casamento fracassasse.
— Não foi um fracasso, porque fomos muito felizes.
Com seu rosto próximo, a saudade de observar seus lindos olhos de tão perto me consumiu, como antes eu tanto fazia.
— Talvez nosso erro tenha sido achar que seria sempre rosas, e não nos preparamos para os espinhos. — Fechei uns segundos meus olhos, sentindo o peso do sono. — Eu te amava, .
Soltei seu braço, enfim me rendendo ao sono.
— Eu sempre te amei, .
Meio atordoada, escutei ao longe ele me dizendo algo e em seguida um beijo terno sendo depositado em minha testa.
Mesmo tempos depois eu ainda me perguntava se a última frase que havia escutado, antes de pegar no sono no dia do incidente com a abelha, havia sido um sonho ou se realmente ele havia dito aquilo. De certa forma aquilo me perturbava, pela simples possibilidade de saber que ele ainda me amava, assim como eu ainda o amava.
Passei uma última vez o pincel de rímel em meus cílios e verifiquei como estava; com batom já ao lado, o peguei, abrindo, e assim eu passei. Esfreguei meus lábios um no outro unificando melhor o batom, em seguida passei meu dedo médio em torno do meu lábio para tirar qualquer resquício de batom borrado.
Com tudo pronto verifiquei uma última vez no espelho a roupa, maquiagem e cabelo. Com tudo em ordem peguei a bolsa de mão e saí de casa.
Assim que pisei o pé na casa já encontrei uma conhecida, a cumprimentei rapidamente e adentrei mais no local que não tinha muitas pessoas, não era uma típica festa com som nas alturas e muita bebida.
Com uma taça de bebida já em mãos e no bar, corri meus olhos por todo o local, parando o meu olhar em uma única pessoa. De início fiquei surpresa com a sua presença ali, então lembrei que fazia sentido, pois os anfitriões da festa eram amigos nossos em comum.
percebeu meus olhos sobre ele e assim me olhou, ele não acenou ou sorriu largamente. Somente fixou seu olhar no meu por um tempo, me fazendo arrepiar quando o seu olhar desceu devagar por meu corpo todo.
A festa estava muito boa, havia muitas pessoas as quais eu conhecia e havia batido um bom papo, principalmente algumas pessoas na qual eu não via há um tempo. Sentada em um grande puff quadrado e branco, eu bebi mais uma taça de champanhe, quando um amigo de que eu não via a muito tempo e que tinha sido padrinho do nosso casamento se aproximou e se sentou ao meu lado.
— . Quanto tempo. — Sorri largamente em retribuição, eu realmente estava muito feliz em vê-lo.
— Marcos. Como é bom te ver de novo.
— Como você está?
— Sobrevivendo. — demos risada.
— Sendo sincero, não acreditei quando soube que você e se separaram.
— Pois é, acontece.
— Mas fico feliz em saber que está bem, . deu a volta por cima.
Estávamos conversando de certa forma próximos um do outro até demais, de forma totalmente amigável e respeitosa.
Meu olhar caiu sobre o bar em uma pessoa específica, . Ele bebericava seu drinque com os olhos cravados em nós.
— Foi realmente bom te ver de novo, . — Voltei minha atenção para Marcos, que agora estava ainda mais perto, porém não me incomodei. O que me deixou surpresa mesmo foi o beijo demorado que ele depositou em minha bochecha em seguida. Mas também não me incomodei, pois sabia que ele estava somente sendo gentil e amigável.
Automaticamente meu olhar novamente foi para , no bar, que continuava a nos observar atentamente e eu pude sentir a intensidade e peso de seu olhar. Ele estava mais sério que antes, largando o copo na bancada do bar com certa força, por sorte não quebrando. E aquilo deixou bem explícito a mim e quem observava o tamanho incômodo que sentia ao ver eu e Marcos tão próximos.
Ele passou por nós agora sustentando seu olhar intenso somente em mim.
Eu tentava desacreditar, mas eu sabia muito bem o que existia por trás daquela sua atitude.
Como as horas já estavam bem avançadas, constatei que era hora de voltar para casa, me despedi dos anfitriões e saí da casa. Do lado de fora, chegando em meu carro, vi que estava ali também indo para seu carro.
Nossos olhares se cruzaram e ali ainda tinha a mesma intensidade, de quando observava eu e Marcos. Nenhum dos dois disse nada, sustentei o olhar até abrir a porta do meu carro, entrar e assim dar partida, seguindo o meu caminho.
Um grito alto escapou de minha garganta quando a escuridão tomou conta do banheiro, às pressas desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. Com cuidado para não escorregar fui até o andar de baixo e vi então que tudo estava apagado, não era exatamente em minha casa, mas em outras casas da vizinhança também. Na rua, ou talvez no bairro todo, havia acabado a energia.
Com dificuldade vasculhava as gavetas da cozinha atrás de velas, o que estava bem complicado pela escuridão, e meu celular havia ficado no andar de cima em meu quarto.
Pela segunda vez no dia e em um curto espaço de tempo, levei outro susto. Esse ainda pior por se tratar de alguém me chamando naquela escuridão.
— Não queria te assustar. — disse iluminando cômodo com sua lanterna.
— Ok, tudo bem. — Estávamos quites, ele entrava em minha casa pela porta sem bater e eu entrava na dela pela porta lateral do quintal.
— Te ouvi gritar, e vim ver se havia acontecido algo.
— Foi só o susto da falta de energia. — Voltei a vasculhar as gavetas.
— Precisa de ajuda? — No momento que ele disse aquilo consegui encontrar um pacote com velas.
— Encontrei.
Acendi duas velas e só então reparei me olhando de baixo a cima, estranhei e foi aí que me lembrei que estava somente de toalha.
Não disse nada, somente corri até meu quarto, colocando uma roupa.
Voltando para o andar de baixo pensei que havia voltado para a casa, mas o encontrei sentado em meu sofá com uma taça de vinho em mãos, outra na mesinha de centro com a garrafa ao lado.
— Um vinho para te ajudar a recuperar dos sustos. — Ele parecia sério, mas tinha um pequeno sorriso no canto dos lábios.
— Obrigada. — Peguei a outra taça que ele segurava, me oferecendo, e me sentei ao seu lado no sofá.
Ficamos em silêncio por um tempo, porém ambos sabíamos que ainda precisávamos conversar sobre muitas coisas, principalmente depois da festa de aniversário e da festa dos nossos amigos. Para minha sorte quem começou, porque eu não sabia como eu o faria.
— Acho que ainda temos assuntos inacabados.
— Temos. — Pensei por um tempo no que dizer exatamente e por onde começar. - Por que foi para Los Angeles?
Ele não me olhou, continuou com o seu olhar somente no líquido em sua taça, e eu sabia que ele iria evitar a verdade.
— Só me diga a verdade, por favor.
— Pela frustração do nosso divórcio. — Ele ainda não me olhava.
— Pra mim também foi frustrante, mas eu não fugi. Com sua ida senti como se eu fosse um peso em sua vida. Parecia que não sentia nada, parecia que não se importava.
Finalmente pude colocar para fora o que tanto me consumiu, o acontecimento seguinte após o nosso divórcio.
Foi doloroso para mim vê-lo colocando as malas no carro e indo embora, poucas horas depois de assinarmos os papéis. Mesmo que tenha sido uma decisão de ambos, a ida dele daquela forma mexeu comigo, me deixando chateada e confusa.
— A intenção nunca foi te fazer sentir assim.
— Mas me senti. E eu não conseguia entender. — Ele enfim me olhou nos olhos e sustentou olhar enquanto falava:
— Só porque não demonstrei demais, ou disse que doeu, não significou que eu não senti ou não me importei.
As palavras dele foram como um baque para mim, e meu coração pesou.
— Você teve a chance de fazer algo, mas ficou parado.
— Você também teve a chance. Ambos não fizemos nada.
— Romper. Foi nossa melhor escolha...certo?
— Acho que sim. — Voltou a focar sua atenção no líquido vermelho na taça e eu soube que ele não estava tão certo daquilo.
Não consegui dizer mais nada para ele, e enquanto levava a garrafa para a pia junto com as taças, assim as lavando, continuava pensando no que havia sido dito momentos atrás.
Voltei a me lembrar de sua presença em casa quando eu o senti se aproximando de mim, e senti seu corpo se colar ao meu. Meu coração acelerou em resposta ao seu contato.
— Senti muita falta disso. — Me arrepiei com sua voz baixa próxima ao meu ouvido.
— Do quê? — perguntei tentando não demonstrar o efeito que ele ainda causava em mim, mas ele sabia muito bem.
— Ver seu corpo respondendo ao meu toque.
Sem pressa alguma passou as pontas de seus dedos pela pele desnuda do meu braço, tive que me apoiar ainda mais na pia pois minhas pernas começaram a falhar. O pior foi quando sussurrou ao pé do meu ouvido:
— Se soubesse o que tanto quero fazer com você, não estaria somente arrepiada.
Ao terminar a frase arranquei minha vergonha e dei tchauzinho para a razão, me virando para ele ficando a milímetros de seu rosto, que à luz de velas era ainda mais lindo e perfeito.
— Por que não me mostra? — Sussurrei em resposta, e posso jurar que vi seus olhos nublando perante o desafio.
Sua atitude seguinte foi pegar em minha nuca e me puxar para ele, selando nossos lábios.
Como eu estava errada ao pensar tempos atrás, que se um dia o beijasse novamente não sentiria nada. E pior, que eu nunca mais iria sentir algo por ele, eu sentia sim, sentia tudo ainda. Da raiva ao desejo, tudo sussurrava seu nome.
Quanto mais o beijo se aprofundava, mais nossas línguas se misturavam e nossos corpos começavam a incendiar.
Sua mão foi para a minha coxa apertando e indicando que eu pegasse impulso, e fosse para seu colo entrelaçando minhas pernas em seu quadril, e assim o fiz. Dando poucos passos chegamos a mesa, me colocou sentada ali parando o beijo por um momento, arrancando assim minha blusa sem pensar uma única vez se quer.
Quando a peça de roupa passou pela minha cabeça tive um pequeno momento de sanidade, percebendo o que estava acontecendo ali, mas perdi as palavras de protesto quando ele segurou firmemente uma parte lateral do meu pescoço e rosto, olhando fundo em meus olhos.
— Diga-me a quem você pertence. — Seu dedo foi parar em meus lábios, onde passava por eles com calma. Soltei um suspiro pesado, quando o senti brincar com a parte interna das minhas coxas, chegando bem próximo de um lugar perigoso que tanto implorava por ele. — Vamos, , me diga. Gosto de te ouvir dizer.
Como eu iria dizer algo se seu toque me arrancava as palavras me deixando zonza?
— A você.
— A quem, ? Não te ouvi direito. — Sua voz sussurrada ao pé do meu ouvido, com seu toque tão provocativo, não ajudava em minha sanidade.
— A você, . Somente a você.
— Boa menina. — Me derreti com seu toque onde pulsava por ele. Ele olhava em meus olhos não querendo perder um segundo sequer de meu prazer por total responsabilidade sua.
ainda me conhecia tão bem, mesmo depois de anos sabia onde e como me tocar. Sabia certinho, de cor, como me provocar e me deixar rendida a ele.
Eu odiava de certa forma ter que admitir, mas meu corpo, de fato, ainda pertencia a ele. O desejo ardente que eu sentia era por ele, somente por ele.
Sua atenção voltou ao meu colo e lábios, quando em meus olhos e rosto viu eu me entregar.
Eu ainda ardia por ele, eu ainda precisava dele em mim.
Agarrei no cós de sua calça jeans e não tardei em abrir o botão e zíper, puxando a peça para que fosse ao chão e levando com ela todo o restante de roupas que ele usava.
Um sorriso de canto escapou dos lábios dele quando constatou que enfim nada mais estava entre nossos corpos.
Minha respiração falhou, e minha cabeça foi para trás soltando um gemido que saiu baixo, quando ele acabou com o distanciamento entre nós dois. E enterrou sua mão em meus cabelos.
O ver arfar meu nome, ver que cada gota de suor seu era derramado comigo, saber que o motivo de seu prazer era eu, somente eu. Me deixava extasiada.
Na manhã seguinte acordei com a luz do Sol invadindo meu quarto, senti beijos e dedos deslizarem pela pele de minhas costas toda exposta.
Estava de barriga para baixo na cama, deitada para os pés da mesma sem lençol ou roupas me cobrindo.
Eu sabia que havia muito o que assimilar sobre aquela noite, depois de tantos anos havíamos dormido juntos novamente. Mas somente me permiti então aproveitar o carinho e devoção de a mim, então depois, só depois, pensaria sobre todo o ocorrido e tentaria imaginar como seria e o que faria dali para frente.
Dei um pulo de susto quando ouvi meu vizinho soltar um grito, o que mais parecia um urro de raiva seguido por vários xingamentos.
Estranhando tamanha raiva fui até a casa — que como quase sempre — entrei pelo portão lateral, e fui seguindo a voz de até que fui parar na lavanderia e quando olhei aquilo não sabia se ria ou se corria para ajudá-lo.
— Parece que está com problemas. — Atrai sua atenção até mim.
— E dos grandes.
Adentrei a lavanderia alagada por conta da torneira quebrada, com muito cuidado para que não houvesse um acidente e eu escorregasse. De fininho fui até o registro na parede, até tentou me ajudar mas somente escutei o som dele indo ao chão, e soltando um palavrão pela dor causada. Consegui por fim alcançar o registro e fechá-lo.
Quando a cachoeira parou de jorrar pela torneira, consegui voltar minha atenção para , que ainda estava no chão, reclamando das costas e que poderia ter quebrado algo.
O ajudei a levantar com cuidado e sair da lavanderia sem mais acidentes acontecerem. Coloquei ele sentado no sofá e fui pegar o kit de primeiros socorros.
Sentei novamente ao seu lado eu fui levantar sua camiseta quando eu peguei olhando para mim com cara de safado.
— Se quer tanto outro daquele é só pedir.
— Idiota. Anda levanta a roupa e deixa eu ver o machucado. — E dessa vez fez o que eu pedi.
— Não é nada sério. Somente estava um pouco vermelho, nada preocupante. Foi mais um susto.
— Fico aliviado.
— Está vendo, não precisava de tudo aquilo.
— Eu poderia estar morrendo.
— Você estava sendo dramático.
— Que rude, .
Após ele estar mais recuperado e com menos dor, voltamos à lavanderia, vendo de fato o estrago, que ao mesmo tempo não era nada muito trágico, porém daria um certo trabalho puxar toda aquela água.
Olhei para ele, que olhou para mim desanimado.
— Isso aí, garotão, mãos à obra.
Peguei um rodo e entreguei outro para ele, começando o trabalho.
No final, com a lavanderia seca, guardei o rodo e fiquei olhando o bom trabalho feito por um tempo. Foi quando percebi se aproximando e dessa vez ficando bem mais próximo de mim.
— O que foi? — ele estava muito sério, sério demais.
A cada passo que ele dava em minha direção eu dava um passo para trás, até que fiquei encurralada entre ele e a máquina de lavar.
— Essa roupa está molhada, melhor colocar pra secar. — sua voz estava rouca, não deu tempo de assimilar nada pois ele já segurava na barra da minha camiseta e a tirou de meu corpo, sem me deixar protestar.
Vi sua mandíbula travar quando a roupa saiu de meu corpo e ele pode ver que ali embaixo não tinha mais nada, como um sutiã.
Seus olhos foram até os meus, o que me fez prender a respiração com a intensidade na qual ele me olhava, sua mãos direita foi para meu pescoço o segurando com leveza, e com seu dedo ele deslizou com calma do meu pescoço até meu colo, fechei os olhos por um breve momento, onde ali ele brincou com suas mãos.
Foi a vez de seus lábios fazerem o mesmo trajeto, do meu pescoço direto para meu colo, onde depositava com calma e destreza beijos e carinhos. Eu mordia meu lábio inferior, fechando novamente meus olhos e me apoiando na máquina com as mãos, eu somente aproveitava as sensações que ele me causava, e o fogo que subia por meu corpo todo.
Os beijos em meu colo pararam e seus lábios foram até os meus me beijando com urgência.
Resistir?
Essa palavra já nem existia mais em meu vocabulário.
Arranquei com pressa a camiseta que ele usava, e desabotoei a bermuda que ele usava. Com somente a cueca no corpo, coloquei meus dedos sutilmente alguns centímetros dentro do cós da peça íntima, brincando com o autocontrole de , que arfava enquanto se apoiava na máquina com uma mão.
— Você quer mesmo brincar, não é? — dei de ombros soltando o cós de sua cueca. — Então vamos brincar.
Sem que eu assimilasse os movimentos, ele pegou em minha cintura e com um braço me puxando para ele e agarrando minhas pernas em seu quadril, foi para dentro da casa e me colocou deitada no sofá. Se deitou por cima de mim, me beijando mais uma vez, parando segundos depois e trilhando um caminho de beijos em meu pescoço, colo, barriga e pé da barriga, arrancou minha calça jeans sem ensaios.
Restando somente uma única peça de roupa, na qual ele fez questão de me provocar, como eu havia feito com ele na lavanderia. Eu ansiava muito por seu próximo passo, e ele fazia questão de me olhar enquanto com calma retirava a peça, passava a peça de roupa pelas minhas pernas com calma demais, me deixando ainda mais ansiosa.
Pensei que seu ato a seguir seria o que eu desejava, mas eu estava bem enganada ele voltou a se deitar sobre mim, pegando meu lábio inferior com os dentes os soltando em seguida.
— Não fica assim, meu amor, você terá o que quer mas não agora. — sorriu perverso de lado.
— Por favor, . — eu não conseguia falar, minha palavras saíram em um sussurro baixo.
— O que quer?
— Você!
— Deixa eu ver se você realmente merece. — seu corpo causou um atrito alucinante contra o meu, me fazendo quase choramingar por ele.
Minha cabeça foi para trás, e minhas unhas cravaram em suas costas quando sem nenhuma peça de roupa no caminho, nossos corpos se uniram.
O som de nossos suspiros altos preenchiam aquela grande sala de estar, nossas testas coladas víamos um ao outro totalmente entregue aquele momento.
Um gemido mais alto e explodimos, nos rendendo ao torpor.
Mais uma vez o safado do meu gato tinha fugido, e era a única lógica por eu não conseguir encontrá-lo em nenhum canto da casa.
E com certeza ele tinha fugido para a casa do safado do meu vizinho. Respirei pesadamente me preparando para ir até a casa ao lado, fazia uns dias que não nos víamos e consequentemente não acontecia nada.
O caminho até lá fui chamando por Floquinho e como de costume entrei no quintal de pela porta de madeira lateral, quem visse acharia que eu estava invadindo outra vez e talvez fosse, mas eu não iria tocar a campainha toda vez que meu gato fugisse. O que acontecia por volta de três a quatro vezes na semana.
Chegando nos fundos encontrei Floquinho deitado toda aconchegado na grama, de frente para que estava deitado largado na espreguiçadeira. agora eu entendia porque meu gato ia até ali, um safado reconhecendo e fazendo companhia para outro safado.
— Olá, vizinha.
— Vim pegar meu gato e arrastá-lo para a casa.
— Ele parece bem.
— Não sei mais o que fazer para ele parar de fugir para cá.
— Relaxa, .
— Tô te falando, este gato é ingrato. Dou todo amor e carinho para ele, e ele prefere o vizinho do que a dona que o adotou.
Meu gato miou como se dissesse: "finalmente entendeu, humana", e eu estreitei os olhos para ele.
— Não fique encucada com isso.
— Não tem como não ficar.
— Senta aqui, , e toma uma cerveja comigo. — Decidi ceder e me sentei na espreguiçadeira ao seu lado, pegando a cerveja que ele me oferecia.
As coisas estavam indo bem, conversamos, rimos e bebemos a cerveja, até que percebi que já havia álcool demais no meu sangue. Não estava tonta, porém estava um pouco pensativa e alegre demais.
— Você já tentou diminuir o ritmo, e observar o mundo como ele realmente é? — me perguntou após minha sessão de lamentações.
— Eu tento, mas minha vida é um caos.
— O problema, , é que você quer ter o controle de tudo. E isso é exaustivo.
— Mas você acha mesmo que estamos no controle de nossas vidas, em geral? Ou você acha que apenas pensamos que estamos?
— Acho que somente pensamos estar. Não podemos controlar tudo.
— Assim como não conseguimos controlar a ruína do nosso casamento. — o olhei e ele deu de ombros.
— Acho que nos apaixonamos muito rápido, para perceber no que estávamos nos metendo.
— Do que você mais sente falta?
— De todos os momentos bons que passamos juntos.
— E o que mais?
— Quer mesmo saber?
— Claro!
— Das nossas loucuras na cama. Mas agora estamos relembrando esses momentos.
— É, não podemos negar que — tomei um longo gole da cerveja — a nossa lua-de-mel foi uma loucura de bom, assim como das outras vezes.
— Um brinde ao que fazíamos tão bem. — Batemos de leve nossas garrafas uma na outra.
— Agora. Se você pudesse enviar uma mensagem para um mundo inteiro, o que diria em 30 segundos?
— Que provavelmente já bebemos álcool suficiente pelo resto da noite. — ri de sua resposta. - Estamos pensando em coisas doidas demais.
me seguiu na risada, até Floquinho concordou miando.
Acordei no susto quando algo macio passou em meu rosto, esfreguei o local constatando de que se tratava do meu gato.
— Você quer comida, né, Floquinho?! — Me levantei me espreguiçando e só então percebi que estava completamente nua, arregalei meus olhos olhando ao redor. Definitivamente aquele não era o meu quarto e nenhum outro cômodo da minha casa.
Ao voltar meus olhos para a cama encontrei deitado de bruços também sem roupas, eu não sabia se ria ou se choramingava. Tinha acontecido depois de uns dias, e dessa eu não conseguia me recordar de nada. De como tinha sido e como tinha acontecido.
E enquanto pensava já havia acordado me olhando com cara de confuso, surpreso mas com a apreciação do que tinha acontecido.
— Você se lembra de alguma coisa, do que aconteceu? — Perguntei a ele que se enrola no lençol.
— Não. Só me lembro de quando sugeri que havíamos bebido o bastante. — Comecei a pegar parte das minhas roupas espalhadas pelos cantos do quarto. — Onde vai?
— Preciso ir para casa. Preciso dar comida ao Floquinho.
Eu não consegui encontrar de jeito nenhum meu vestido.
— Você não precisa ir agora.
— Nos vemos depois. Ele daqui a pouco me mata pela ração. — Antes que eu pudesse sair do quarto ele segurou meu pulso me puxando, cambaleei e só não cair pois me segurou em seus braços. Não pude falar nada pois no segundo seguinte ele me beijou.
Voltei para casa após recolher meu vestido no chão da cozinha, e me joguei no sofá mas não pude ficar muito tempo pois Floquinho no chão me olhava, e miava a todo momento pedindo ração.
— Vamos lá, querido, vou te dar comida. — O peguei no colo inda até sua ração e tigela.
Enquanto lavava a louça tentava a todo custo me lembrar o que havia acontecido, mas era difícil.
Almocei e voltei a me jogar no sofá, dessa vez colocando um filme para distrair meus pensamentos.
Em um lampejo e graças a uma cena mais quente que começava no filme, consegui me lembrar de algumas partes da noite passada.
Um suspiro de ansiedade escapou de meus lábios quando ele me virou de costas contra a parede, e abriu o zíper do meu vestido de uma só vez. Estremeci ao sentir o ar gelado tocar minha pele nua, mas em seguida se esquentou quando senti os lábios de em meu pescoço depositando beijos molhados ali.
Suas mãos fortes foram até meus cabelos, os agarrando com força e domínio, logo após os puxando me arrancando um suspiro de satisfação, levando minha cabeça para trás, para mais perto de seu rosto facilitando o acesso de sua boca até a minha, onde os selou com ferocidade.
Minhas mãos espalmadas na parede e seus braços me segurando, me impedia de cair ao sentir minhas pernas falharem, ao sentir brincar com o cós da peça íntima que eu usava.
Seu toque era delirante e o meu ser todo desejava ele ardentemente.
Quase chorei quando só consegui lembrar daquela parte, tudo bem que já foi o suficiente para meu corpo esquentar, porém eu queria me lembrar do restante, da parte mais enlouquecedora daquilo tudo.
Eu iria continuar tentando me lembrar, mas enquanto isso ainda continuava me questionando, se ele também se lembrava de alguma dessas partes.
Colocando a camisa e abotoando somente alguns botões, caminhei até a varanda do meu quarto e me debrucei sobre o guarda corpo, olhando por um momento o céu com poucas nuvens e o sol fraco da manhã.
Respirei fundo com a sensação maravilhosa que eu tinha por dentro, felicidade era o nome.
Eu me sentia transbordando novamente, sei que era por conta de , o mesmo cara na qual eu tentava superar a anos. O mesmo cara na qual eu sabia o que sentia, mas que ainda estava tudo confuso. Mas eu só me deixava amar e ser amada, sem pensar demais.
Talvez esse tenha sido meu erro.
Mas era bom tê-lo perto, como naquele momento, ao acordar e ir até a varanda onde eu estava, me abraçar por trás e depositar beijos em meu pescoço.
— Mas qual luz abre a sombra deste balcão? — Ele não proferiu um bom dia, como de praxe, mas sim citava Romeu e Julieta de Shakespeare, me deixando intrigada. — Eis o Oriente é Julieta, e o Sol! Oh, e a minha mulher e o meu amor.
Me virei para ele sorrindo largo, e recebendo seu sorriso em resposta, me beijando em seguida.
— Incrível jeito de dar bom dia. — eu devia ter entendido os sinais.
— Sei que sou incrível.
— Você é um idiota.
— Em primeiro lugar, eu sei. Em segundo lugar, que rude. — Ri, segurando em seu rosto e o beijando.
A passos lentos e aos beijos voltamos para a cama.
Mais momentos como aquele, de paixão intensa e carinhos na cama depois, se sucederam por mais tempo. Uma parte de mim até tentava dizer para que eu resistisse, poderia não ser realmente uma boa ideia, mas eu o amava e o desejava demais para parar.
— espera, não vai embora assim.
Fui atrás dele quando o mesmo já estava do lado de fora da minha casa.
— Estou pronto para tentar de novo, e se você estiver estou aqui. É só dizer, . — Abri minha boca para dizer, mas nenhum som saia. — O que tudo isso significa ou significou para você?
— Eu não sei o que pensar, , as coisas tomaram um rumo inesperado, quando eu vi que era você morando ao meu lado. Depois de tantos anos que não nos víamos, você estava tão perto. Nos aproximamos e tudo isso aconteceu. — ele continuava em silêncio apenas me olhando, esperando que eu continuasse pois ele sabia que eu ainda tinha coisas para dizer. — Eu só queria que entendesse que não é fácil para mim. Momentos atrás a nossa história era somente lembranças e de repente elas não são mais somente lembranças. E agora como posso ter certeza de que dessa vez pode realmente dar certo?
Eu segurava a todo o custo as lágrimas.
— O que você faria, , se não tivesse medo?
Eu não sabia como responder aquilo, eu amava sim, o meu coração ainda pertence a ele mas tudo começou a acontecer de forma tão rápida, que ao assimilar ainda não fazia sentido.
Pode ser medo? Talvez, mas eu só precisava de uma garantia que mais uma vez, eu não iria perdê-lo no começo. E Nenhum de nós dois infelizmente poderíamos dar essa garantia um ao outro.
— Se fugir quando estiver com medo. Não saberá como será e pode perder a felicidade que dessa vez pode ser pra valer.
— Aí que está, , pode ser. Não é uma garantia. Doeu demais por um ponto final e te ver partir da primeira vez, eu não quero ver isso acontecer outra vez.
— Dessa vez sou maduro o suficiente para saber o que quero e persistir nisso. Não iria embora nas primeiras dificuldades, não mais, .
Ele parecia estar sendo bem sincero. Sim, eu podia ver verdade em seus olhos em suas palavras. Mas eu ainda temia por um futuro incerto mas na qual também dependia de mim.
— É só decidir, o que você mais quer ou medo.
Então ele virou as costas e saiu, não o olhei ir, apenas mantive meus olhos vidrados na rua clara e vazia à minha frente. suas palavras martelavam em minha cabeça, eu estava em guerra com a insegurança.
Me perguntando a todo o momento: arriscar por amá-lo, ou me manter na segurança de provavelmente não ter que vê-lo partir outra vez?
,
Sei que talvez dizer tudo isso em uma carta não seja tão boa ideia assim, mas não tenho tempo, estou indo daqui a pouco. Então quero dizer que talvez você tenha razão, tenho me deixado levar pelo medo e o conforto de não sentir a dor ao te ver partir mais uma vez.
Você sabe que ainda o amo, mesmo nesse tempo que tudo o que tinha de você eram fotos e lembranças.
Eu desejo voltar a ser sua plenamente, assim como eu quero que seja meu plenamente, como já aconteceu em um passado (não tão distante!).
Antes que eu seja obrigada a novamente me habituar com sua dolorosa ausência (agora sendo ainda mais difícil), me proponho a deixar o medo e seguir meu coração, que por você bate com tanto amor.
Proponho que ambos dediquem tudo para que isso seja para sempre, e que quando o medo vier a gente se lembre o porquê decidimos tentar outra vez.
Quando acharmos que estamos fracassando outra vez, a gente se lembre o quanto nos amamos, ao ponto de não desistirmos.
Eu quero isso, , então te proponho nesses sete dias que estarei ausente, a entender se quer realmente isso.
E está tudo bem se a resposta for não agora, eu irei te entender.
Volto em breve.
Sete dias contando de agora.
Com amor, .
Deixei a carta para ele em sua caixa de correio no momento em que estava saindo para ir ao aeroporto, tive que escrever aquela carta pois não iria conseguir conversar com ele pessoalmente havia descoberto que teria que viajar, muito em cima da hora.
Sei que podia esperar voltar de viagem, mas era um daqueles momentos em que você fica agoniada precisando falar o mais rápido possível.
Meu coração realmente estava decidido no que ele queria, e precisava dizer isso a .
Horas depois que eu havia chegado em meu destino, eu estava no quarto terminando meu trabalho daquele dia quando escuto batidas frenéticas na porta me assustando por um momento mas correndo para atendê-la. Quando eu tive uma surpresa inesperada ao ver , ali parado.
Eu não consegui dizer nenhuma palavra por um momento tentando processar o fato dele estar ali na minha frente.
— , o que faz aqui?
— Eu não pude esperar, . Sete dias é muito tempo. Eu te amo e preciso de você.
Antes que eu pudesse dizer alguma palavra ou proferido um som mínimo que fosse, ele me tomou em seus braços e me beijou.
O futuro pode parecer incerto, mas faríamos dar certo.
Desta vez um ponto final não era uma possibilidade.
FIM.
Nota da autora: Sem nota.
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