Capítulo Único
Chicago, 01 de junho de 2007; 21:34h
— Eu sinto muito, mas eu não vou conseguir ir até lá, Clarissa. — disse Kelly, já começando a ficar irritado com o tom inquisitivo de sua produtora. Ele entendia o medo dela de ele ficar no holofotes de novo, principalmente pelos motivos errados. Ele havia errado e ele já havia admitido isso para si mesmo e para quem mais havia pedido que ele se retratasse e, hoje, tentava levar uma vida tranquila. Clarissa queria que ele pegasse o avião e voasse para Vegas para a inauguração de uma fundação de proteção ao meio ambiente ou qualquer coisa assim. Ele não se importava, só fazia o que fosse acrescentar coisas boas à imagem que ele mesmo havia feito de si próprio e acabara caindo na boca do povo, mas dessa vez não tinha como ele voar de Chicago até Vegas e depois de volta para Chicago para começar os ensaios da turnê Double Up que começava em um mês.
— Bob, você precisa. Isso só vai acrescentar na sua carreira e na sua imagem. Fora que você disse que vinha. O que eu vou falar para os organizadores? — disse ela. Kelly suspirou e olhou através da janela de sua cobertura em Chicago. Viu seu reflexo na noite iluminada e se viu bem mais velho do que gostaria de estar aparentando. Viu seu semblante fechado enquanto segurava o celular na orelha esquerda, apertando o diamante que ali ele havia colocado há tanto tempo e que já estava tão acostumado que era como se fosse parte de seu próprio corpo. Aquela raiva que já era tão familiar para si mesmo começou a crescer dentro dele.
— O que você vai falar para eles? — indagou ele, com raiva — Diga… Diga a eles o que tiver que dizer, eu não posso ir! — disse ele grosseiramente e se arrependeu logo em seguida, quando percebeu o silêncio que se instaurou na linha. Ele sabia de tudo o que ela estava lhe falando, mas não tinha como ir e dessa vez não era desculpa esfarrapada. Mais ou menos. Ela havia dito que sairia do trabalho e viria diretamente para a casa dele para passarem a noite, mas, por causa do plantão, avisara ele há poucos minutos que não poderia ir, então acabou que já era tarde demais para voltar atrás.
— Claire — disse ele, suspirando e tentando não parecer muito com uma criança mimada, como ela costumava falar. —, não tem como eu ir, sinto muito.
Ele tinha era que agradecer de Claire ter se mantido do lado dele, mesmo depois de tudo, mas ele sabia que ela não estava do lado dele só porque ele a pagava bem (muito bem, considerando o aumento que tivera que dar a ela depois do último processo). Clarissa continuava do lado dele porque se importava com ele e não queria que ele jogasse a carreira dele no lixo, apesar de já ter feito bem pior do que isso.
— Tudo bem, Bob… Vou ver o que eu faço aqui. — disse ela com um tom desapontado e um tanto ríspido na voz.
— Me avisa. — pediu Kelly.
— Okay. — respondeu ela e desligou.
Kelly sentou em seu sofá e acendeu um charuto, sentindo o peso do mundo em seus ombros. Ele estava bem consciente de que, se sentia-se assim, a culpa era total e inteiramente dele, mas mesmo assim cansava. Pensou em ligar para ela, mas ela havia dito que ia fazer plantão na TBS hoje e não poderia atender. Ela havia se tornado seu mundo e ele realmente achava que tinha conseguido encontrar a pessoa certa para ele. Ela o entendia, acreditava no que ele falava, conseguia ver seus mais profundos pensamentos e sentimentos… E o pequeno Tyler era como um raio de sol em sua vida. Ela significava tudo para ele. Kelly pensava em pedi-la em casamento no fim da sua turnê e ele faria de tudo para ser o melhor casamento da década.
Falando em casamento, ele já tinha a ideia perfeita de quem seria seu padrinho: um amigo querido do qual ele mal havia tempo de conversar, mas que, ao mesmo tempo, conseguia arranjar um tempinho pelo menos a cada mês para ir até sua casa em Atlanta jogar uma partida de basquete na quadra dele.
Pegou o telefone e procurou o número. Seu aparelho Sony Ericsson K320 prateado brilhava na sala mal iluminada, enquanto apertava a seta para baixo, a faixa azul destacando os contatos…
Shanee
Twon
Studio
Usher. Selecionar. Chamar…
Atlanta, 01 de junho de 2007; 21:29h
— Jay, não dá, cara! — disse Usher meio cabisbaixo. Ele realmente queria ir no evento de DJ’s que estava tendo em Miami, mas dessa vez não dava mesmo.
— Ush, saiu um rumor que você viria e agora eles estão em euforia. — disse Jason.
— Mas, Jason, não tem como mesmo, você sabe disso. Daqui quinze dias eu tenho que estar em Cleveland para a abertura do jogo do time de basquete, eu tenho o lançamento do perfume em Nova York semana que vem e o álbum sai em novembro. E você, mais do que eu, sabe que eu tenho 5 músicas prontas e o quanto falta para terminar. Não é fisicamente possível fazer tudo isso em tão pouco tempo.
— É, eu sei. — disse Jason — Vou ver o que eu faço.
— Me avise, tá bem?
— Beleza, cara!
Usher sentou na cadeira do escritório em sua casa. Pensou em ligar para ela, mas pensou que, por estar com T.J. esse fim de semana, achou que ela não atenderia. Ele lembrava como o pequeno morria de ciúmes da mãe e o celular dela estaria bem longe nesse momento. Eles tinham combinado de sair, mas o pai do menino teve algum imprevisto no trabalho ou alguma coisa assim e eles tiveram que trocar o fim de semana.
Ush sentou na sua cadeira de couro do escritório e ficou olhando as estrelas da janela. Pegou uma garrafa de vinho e abriu, olhando a janela e pensando nela. Ela tinha sido uma pessoa um tanto quanto… única em sua vida. Ela apareceu quando ele menos esperava, numa festa em que ele estava indo decidido a pegar o maior número de garotas que ele pudesse. A maioria se aproveitava dele pela grana e pelo status, mas ele nem se importava mais. Mas quando ela apareceu, Usher, que achou que ela seria somente mais uma, caiu por ela como pouquíssimas vezes acontecera em sua vida. Jamais que ele deixaria isso aparecer, ele sempre foi famoso por ligar o botãozinho do “foda-se”, mas o que ele sentia era real. Fora que ele sempre preferiu mostrar seus sentimentos por ações do que por palavras, então…
Divagando sobre sua vida enquanto girava o anel em seu dedo e, consequentemente, pensando nela, ele ouviu seu celular tocar com o nome de um grande amigo na tela:
Chamando
KELL’S
— Yo, Ush! — Saudou Robert Kelly, o cantor mundialmente conhecido como RKelly.
— E aí, Kellz? — respondeu o amigo, feliz.
— Quero te apresentar para uma garota. Acho que realmente a amo. — confidenciou Kelly.
— Jura? — perguntou Usher, surpreso que ele estava pensando exatamente nisso nesse momento, e em como ela ficaria contente em conhecê-lo.
— Mano, ela é demais! — ele estava se derretendo, só de pensar nela.
— Calma, cara — riu Ush —, há quanto tempo você a conhece? Não deve ser muito, né? Eu nem sabia que você estava namorando.
— Tem uns 7 meses já… — respondeu — Ela trabalha em uma emissora famosa, a gente não queria dar muita bandeira.
— Hm… sei — riu Usher.
— Tá, enfim, me deixa falar dela. — respondeu o amigo, animado. Usher revirou os olhos. Oh, céus, ele parecia um adolescente contando do seu primeiro beijo.
— Ela tem mais ou menos 1,60m e tem uma bunda, que, cara… Ela me deixa nas nuvens! Fora que ela sabe disso e quando ela rebola, nossa... — disse ele, sonhador.
Usher deu risada, mas dessa vez a risada não foi tão sincera. Ele estava acostumado com as brincadeiras um pouco explícitas demais do amigo, mas o problema não era esse. Existiam inúmeras mulheres de 1,60m e que tivessem um quadril grande… não era o estereótipo de beleza americana, inclusive várias meninas fazem cirurgia para reduzir o quadril, mas quantas tem um bundão e se orgulham disso? E se ela estava namorando com ele, ela não era uma pessoa com uma situação financeira diferente da dele. Kelly sempre procurava meninas do mesmo nível social para que não houvesse interesse e se aproximasse dele por causa da sua fortuna, então uma cirurgia dessas não seria empecilho, caso ela quisesse mudar.
— Droga! — reclamou Usher baixinho, mas o amigo estava tão entusiasmado contando sobre a tal garota, que ele duvidava que Kelly teria ouvido.
— Ela dirige um Durango preto e na placa está escrito “Angel”. Ela não é demais? — tagarelava ele.
— O quê? — Usher estava inconformado. Como tantas coisas poderiam ser tão parecidas? A única pessoa que ele já conhecera que dirigia um Durango era ela. E na placa realmente estava escrito “Angel”. Não... não era possível.
— Ela tem uma tattoo no tornozelo e vai na academia todos os dias. — ele riu — Pior que a gente uns anos atrás quando você resolveu vir morar em Chicago, lembra?
— Lembro, lembro sim… — disse Ush lentamente. Não pode ser.
— Ah, ela nasceu na Peace Street, na Carolina do Norte, mas hoje mora na 17th Street aí na Geórgia, então às vezes fica difícil de a gente se ver com muita frequência. — todos, absolutamente todos, os alarmes da cabeça de Usher estavam soando. — Ela começou a me chamar de Kel e eu chamo ela de TT… cara, ela é…
— Uou, uou, uou… Espera um minuto, mano. — disse Usher. Ele precisava fazer algumas confirmações, não havia essa possibilidade. Tudo batia, todas as informações… não… — Ela tem filho?
— Sim. — respondeu Kelly, sem entender.
— Ela gosta de ir na Waffle House e acha que, se não for uma vez por semana, ela diz que a semana não está completa?
— Sim. — respondeu novamente Kelly, entendendo cada vez menos onde o amigo queria chegar.
— Ela tem uma pintinha linda do lado esquerdo da boca? — disse Ush, sentindo um aperto no peito.
— Mano, quê? — disse Kelly, espantado. Como que ele sabia de tudo isso?
— Ela estudou na Georgia Tech? Fez gestão lá?
— Sim.
— Trabalha na TBS?
— Sim. — respondeu novamente atônito.
— Mano, eu não acredito nessa merda… Bosta!! — esbravejou Ush do seu lado da ligação.
Kelly olhava para a janela da sua sala, com todas as luzes da cidade piscando na sua frente. A cada segundo e a cada palavra do amigo as coisas faziam menos sentido.
— Cara, me diz o que tem de errado, do que caralhos você tá falando? Eu sou seu amigo, pode me falar o que está pensando. — disse Kelly, mas não tinha certeza se ele queria ouvir.
— Mano, eu não sabia que você estava falando dela. — disse Usher.
— Então isso quer dizer que você a conhece?
— Se eu a conheço? Como o pastor da igreja aqui perto conhece a palavra do Senhor.
E então caiu a ficha de Kelly e ele falou junto com Usher:
— Estamos saindo com a mesma garota.
— Estamos saindo com a mesma garota.
Um minuto quase inteiro de silêncio se passou em que um só ouvia a respiração do outro.
O charuto de Kelly já tinha até se apagado e Usher ficou tão ansioso que já havia bebido metade da garrafa.
— Mano, como assim? — perguntou baixinho Kelly, saindo do transe enquanto pegava o cortador para tirar a ponta do seu charuto e acendê-lo novamente.
— Eu não sei, cara… e eu tava gostando tanto dela.
— Você? Eu ia pedir ela em casamento quando a turnê terminasse. — disse Kelly, desgostoso.
— O que a gente vai fazer? — perguntou Usher.
Kelly pensou por um momento. Já estava na hora de eles se encontrarem para o jogo de basquete mensal deles.
— Posso ir para a sua casa? Chego amanhã e você me busca no aeroporto? Parece que a gente tem muito o que conversar. — disse Kelly.
— Tudo bem. — respondeu Usher. Ele também pensava que seria melhor resolver isso cara a cara do que pelo telefone. — Você vem de jato?
— Vou, eu preciso testar ele, porque ele passou por umas revisões. E de Chicago pra Atlanta não é uma distância tão longa assim.
— Tudo bem, te vejo amanhã. Eu realmente não consigo acreditar que a gente está saindo com a mesma garota.
— Eu também não, cara… eu também não. — disse Ush — Até.
Ambos desligaram a ligação e ficaram tentando entender a situação.
Usher desistiu de pensar. Depois de tomar o que havia sobrado da garrafa de vinho, o álcool começava a lhe subir à cabeça. Amanhã ele veria o que faria quanto à isso com Kelly. Hoje, ele já não queria pensar em mais nada. Decidido isso, desligou o celular para não atender caso ela ligasse, tirou a camiseta e se jogou na cama, caindo no sono quase imediatamente.
Chicago, 01 de junho de 2007, 23:20h
Com Kelly, não foi tão simples assim. Ele estava tão embasbacado com essa história que acabou por deixar o charuto apagar novamente. Ficou olhando hipnotizado para a cidade à sua frente, tentando entender o que aconteceu. Sentiu uma raiva crescer no peito, mas não podia deixar ela tomar conta de si novamente. Já fizera muita coisa errada e não queria que isso o tomasse de novo. Ele respirou fundo e se dirigiu ao banheiro da sua suíte no andar de cima. Tomou um banho gelado para se acalmar e nem vestiu nada ao deitar, estava com a cabeça cheia demais. Precisava confirmar algumas outras informações com Usher, mas essas já bastavam para ele saber que havia sido enganado. Começou a se lembrar de quando a conhecera, em uma festa em Chicago mesmo.
Flashback on
Chicago, 26 de agosto de 2006; 19:07h.
Kelly entrou na casa e viu os músicos que cantavam e tocavam com ele nos shows. Era uma festa na casa de um dos backing vocals do George Michael, Lincoln Jean-Marie. Era sabido que ele era inglês e era tão difícil ele vir para sua mansão em Chicago, em Wrigleyville, que suas festas eram internacionalmente famosas no meio artístico. Era uma White Party, ou seja, todos estavam de branco e era na piscina. Kelly já cresceu os olhos até a área da piscina, procurando as meninas que certamente estariam de biquíni branco.
Por ser horário de verão ainda, estava de dia e o clima muito quente, então ele estava vestido com uma roupa leve branca, calça e camiseta de malha com uma camisa branca por cima e uma boina também branca. Os diamantes brilhavam em suas orelhas, como de costume, e o óculos de sol da Ray Ban de lentes marrons davam o toque final.
Conversou um pouco com alguns colegas. Era uma festa beneficente, os fundos iam para alguma instituição que ele não se importava. Clarissa o havia feito ir, mas ele não ligava qual era a boa ação. A imprensa não estava mais no pé dele como costumava ficar e Kelly sabia que a maioria dos paparazzi tinha coisa mais importante para fazer, como se preocupar com o boato de que a Beyoncé apareceria era verdadeiro ou não.
Kelly conversou com alguns amigos, riu de algumas piadas, desviou perguntas de alguns jornalistas e ficou observando as meninas na piscina bebendo. Foi quando ele, sentado em um banco perto de onde as bebidas eram servidas, ouviu uma voz suave pedindo um Stone Rose Cocktail e um doce perfume lhe invadiu as narinas, fazendo-o virar-se.
— Gostei, quero o mesmo. — disse ele, olhando diretamente para ela. Ela era linda, morena, baixinha, um corpo violão. Vestia um biquíni branco asa-delta com uma saia de retalhos pendurados. O cabelo preto escorria pelas costas e as lentes azuis não ficavam forçadas, pareciam naturais. A maquiagem não era forte e chamava um pouco a atenção o lindo sinal que ela tinha do lado esquerdo do lábio superior.
— Você gosta de cranberry com cereja? — perguntou ela.
— Adoro. — respondeu ele.
— Tiana Jones. — ela estendeu a mão para ele.
— Robert Kelly — respondeu ele, pegando sua mão e depositando um beijo em seu pulso —, mas as pessoas me chamam de Kelly. Me acompanha? — perguntou ele, indicando algumas cadeiras do lado de fora, na beira da piscina.
— Claro. — disse ela com um sorriso que fez as pernas dele quase derreterem. Quase.
Kelly pediu a garrafa de vodka cranberry e se sentou com ela em duas espreguiçadeiras brancas separadas por uma mesinha.
— E então? Veio acompanhada? — perguntou ele, direto. Não valia perder tempo com alguém comprometida, mesmo que ela fosse tão gata a ponto de ele perder o fôlego.
— Não, vim mais a trabalho do que diversão. — disse ela.
— Sério? — perguntou.
— Sim. — respondeu ela — A TBS veio fazer uma transmissão da festa e eu estava aqui para organizar os repórteres e as atividades, mas agora já acabou e me dei ao luxo de pegar uma bebida.
Ela deu um sorriso lindo, que encantou Kelly. Conversaram amenidades, dando risada e se conhecendo melhor enquanto Kelly não deixava o copo dela ficar vazio.
Já eram 22:42h quando começou a tocar SexyBack do Justin Timberlake e ele a chamou para dançar, coisa que ela prontamente concordou. Ela dançava sensualmente, segurando uma das mãos de Kelly em seu quadril enquanto a outra repousava em seu pescoço. Ela virou de costas e empinou a bunda e Kelly já não tinha mais consciência de seus atos com a garota. Espalmou uma mão em sua barriga, extinguindo toda e qualquer distância que poderia haver entre seus corpos e pressionando seu corpo no dela. Kelly beijou seu pescoço e sentiu Tiana ofegar. Já não dava mais para aguentar, ele acabaria por fazer alguma loucura em público e aí todos os dias em que havia ficado fora da mídia para manter sua carreira em paz, iriam ralo abaixo.
Tiana sorriu e se virou, ficando de frente para ele. Aproximou seus lábios dos dele e disse:
— O que acha de irmos até o meu apartamento? — sussurrou ela em seu ouvido, mordendo o lóbulo da sua orelha.
— Eu te levo para o meu, o que acha? — respondeu Kelly.
Tiana avançou em sua direção, selando seus lábios em um beijo apertado, respondendo sua pergunta. Ele não perdeu tempo então e puxou-a pela mão até a sua Mercedes C216, indo com ela até sua cobertura no The Magnificent Mile ou, como todos os moradores de Chicago chamavam, Mag Mile.
Conversavam sobre músicas e sobre as celebridades que Tiana já havia entrevistado para a TBS. Em momento algum, Kelly tirou sua mão sobre a coxa da menina, que fazia questão de olhar para ele e dar um sorriso cada vez que ele a apertava. Ele estava realmente tentando se controlar, mas sua calça tinha ficado apertada demais para ele conseguir raciocinar direito. Foi quando chegaram na garagem do prédio que ele avançou para a boca de Tiana, pedindo passagem com sua língua, que lhe foi cedida prontamente. Ela apertava seus dedos na nuca dele, fazendo-o soltar alguns grunhidos de aprovação.
Com muito esforço e uma força de vontade que ele não achou que tinha, Kelly terminou o beijo calmamente, depositando selinhos nos lábios de Tiana e puxando seu lábio inferior. Ele saiu do carro sem falar nada, somente dando a volta e abrindo a porta do carro para ela, ajudando-a a sair do veículo. Deu o alarme e se dirigiram ao hall do elevador, que já se encontrava no andar. Ao abrir a porta, Kelly apertou o botão do 20º andar, onde ficava a sua cobertura, que acabava por ocupar todo o andar. No momento em que a porta se fechou, ele prensou Tiana contra a parede do cubículo, extinguindo todo o espaço que havia entre eles. Ele colocou a mão em sua coxa e a subiu, encaixando-a em sua cintura, enquanto a provocava fazendo movimentos atiçando a menina, que agora beijava e chupava seu pescoço, deixando pequenas marcas que ele sabia que estariam ali pela manhã.
Quando eles ouviram o sinal que mostrava que eles tinham chegado ao andar dele, se separaram, ela um pouco vermelha e com a respiração pesada. Kelly a puxou pela mão enquanto ela olhava para a parede de vidro que era a janela da sala dele e dava vista para a cidade de Chicago inteira.
— Uau. — disse Tiana, olhando boquiaberta para a janela — Que vista!
— Gostou? — disse Kelly, abraçando-a por trás e beijando-a no pescoço.
— Hmmm…— suspirou ela, fechando os olhos e inclinando o pescoço para lhe dar mais espaço.
— O que acha de conhecer meu quarto? — sussurrou ele, seu hálito batendo em seu ouvido e vendo sua pele arrepiar. Ela se virou para ele e o beijou e eles foram se beijando até o quarto dele.
Flashback Off
Chicago, 01 de junho de 2007; 23:54h
Relembrando do dia em que se conheceram, a raiva cresceu dentro de Kelly e ele socou a parede da cabeceira da cama, deixando no gesso a marca de seus dedos. Afundou a cabeça no travesseiro e tentou esquecer essa situação.
Atlanta, 02 de junho de 2007; 10:12h
Usher levantou-se da cama e olhou no relógio. Se arrastou para fora da cama e foi ao banheiro. Kelly havia mandado um SMS dizendo que chegaria perto das 11:00h no aeroporto, então ele tinha que correr. Mas a cabeça dele latejava e só pedia que ele voltasse direto para a cama. Ele suspirou enquanto escovava os dentes na frente do espelho. Tudo bem que ele não a conhecia muito bem e que eles estavam saindo há algumas semanas, mas, pelas descrições do amigo, ele tinha certeza quase absoluta que ela era realmente a mesma garota.
Cuspiu a pasta com desgosto na pia e enxaguou a boca. Colocou um terno branco com uma camisa preta e um lenço vermelho no bolso do paletó. Calçou seu sapato de couro preto e pegou os óculos de sol de lentes marrons.
Passou na estante da sala e pegou o controle do portão da garagem. Lá ele escolheria qual carro ele usaria para pegar Kells no aeroporto. Acabou por escolher o Aston Martin Vanquish. No caminho até o aeroporto, foi se lembrando como conhecera TT. Fazia menos de um mês que ele estava saindo com ela e também não era como se ele soubesse todos os detalhes da vida dela, mas ele perguntou para Kelly coisas que ele achava que seriam chave para confirmar sua suspeita. As chances de serem verdade eram mínimas, mas ele tinha certeza.
Flashback on
Atlanta, 12 de maio de 2007, 23:48h
Usher estava no bar da Sanctuary Night Club. Ali rolava alguma festa de alguma celebridade que Usher não se lembrava, mas ele não se importava. Havia ido pelas bebidas e pelas garotas que estariam lá, com toda certeza. Já havia ficado com 3, mas nenhuma deu uma boa energia para que terminassem a noite juntos. Havia ido até o bar atrás de algum drink diferente e estava olhando três meninas jogando algum jogo de cartas e comemorando quando sentiu alguém ao seu lado olhando diretamente para ele. Ela era um pouco menor que ele, um cabelo preto liso preso em um rabo lateral, argolas de prata na orelha, uma calça de cintura baixa larga que deixava parte de sua barriga de fora, exibindo um piercing no umbigo que tinha uma borboleta pendurada. Mas o que mais lhe chamou a atenção foi o pequeno sinal que ela tinha do lado esquerdo da boca.
— Eu acho que vou pedir um drink, o que você vai querer? — perguntou ela para ele, puxando papo.
Ush ficou intrigado com tamanha atitude. Isso era legal e ele resolveu partir para cima dela, afinal já estava bêbado mesmo, que mal faria?
— Quero um martini e você?— perguntou ele, se aproximando da moça.
— Hmm… quero um Cosmopolitan — disse ela, abrindo um sorriso lindo para ele.
Usher a olhou de cima a baixo, a medindo.
— Ótima escolha, babe. — chamou o barman e fez os pedidos. — Qual seu nome?
— As pessoas me chamam de TT. — disse el,a pegando a bebida e a levando a boca. Simples gesto que fez Usher lamber os lábios.
— Tudo bem, TT. — disse ele passando os dedos pelo braço desnudo dela — Alguém já te falou o quanto você é linda?
TT deu risada e deu um passo à frente, deixando seu rosto a centímetros do dele.
— E alguém já disse que você é maravilhoso?
Usher suspirou, sentindo um pequeno choque descer pela espinha.
— Você tem namorado? — perguntou Usher. Ela era o pecado em forma de gente, se ela tivesse namorado, ele não ia querer encrenca. Ele estava bêbado, não burro.
— Não. — disse ela sem hesitar.
Ele deu um risinho de lado e então se aproximou da garota, lhe dando um beijo e sentindo um pequeno resquício da vodka em seus lábios. Pediu passagem com a língua para aprofundar o beijo, que lhe foi prontamente concedida.
TT cortou o beijo e desceu seus lábios pelo maxilar e pescoço dele. Subiu ao seu ouvido e sussurrou:
— Me leva pra casa?
— Com prazer, gata. — disse Usher, sorrindo e a puxando pela mão.
Flashback off
Quando Kelly aterrissou com o jato, Usher já o esperava. Ele desceu do avião e foi ao encontro do amigo. Usher o esperava encostado no carro. Quando desceram e se encontraram, bateram as mãos e se abraçaram.
— E aí, cara? — perguntou Usher — Que barra, hein?
— Nem me fale. — respondeu Kelly, entrando no carro.
— Então, eu conheci ela em uma festa em Atlanta. — disse Usher — Sabe aquela balada que eu te levei da última vez que você veio aqui? A Sanctuary?
— Sei, sim. — respondeu Kells — E eu a conheci em uma festa em Chicago. Teve uma festa do Jean-Marie e eu tava lá de boas, pool party e tal… e as garotas, oh, meu Deus, era o paraíso… todas com aqueles biquininhos brancos, minúsculos… você sabe do que eu estou falando?
Usher deu risada. Era bom que eles ainda conversassem, Kelly era um bom amigo e Ush gostava de ter ele por perto.
— Sei. — disse ele, rindo.
— Daí ela apareceu, parecia uma pintura de tão linda. Peguei uma garrafa de vodka cranberry e fiquei com ela na beira da piscina. Cara, ela parecia uma deusa! — disse Kelly com as mãos na cabeça.
Usher assentiu, concordando com o amigo.
— Ela veio até mim, você acredita? Ficou puxando papo e tudo. Eu perguntei se ela tinha namorado e ela disse que não, sem hesitar um segundo!
— Então deve ser alguma coisa da música que tava tocando, porque ela disse o mesmo pra mim, no meio da festa, enquanto nós ríamos e eu continuava comprando bebidas para ela. Eu não deixava o copo dela ficar vazio! — Kelly estava começando a se alterar. Mas era de se esperar. Usher estava decepcionado com ela também.
— Então, cara, aí ela veio e falou no meu ouvido “você pode me levar em casa?”
— Pra mim também! — exclamou Kelly — Cara, em Chi ela falava a mesma coisa!
— Não brinca! — disse Usher apertando o volante e tentando se concentrar na estrada que voava à sua frente.
— E eu achei que ela falava sério quando dizia que me amava. — Kelly balançou sua cabeça em negação.
— Cara, e eu que achei que o corpo dela me chamava quando ela dizia “eu te quero”?
Chegaram na garagem de casa de Usher e ele estava parado no portão, esperando o mesmo abrir para que guardassem o carro.
— Cara, dá uma olhada.. eu até tenho uma foto no meu celular — disse ele, pegando seu Sony W580 com uma foto dela de top preto e calcinha preta na cama dele. O cabelo em cachos caindo como cascata por seus ombros.
Kelly pegou seu Sony Vaio VGN e o abriu, mostrando a foto de plano de fundo, que era ela com uma camisa social branca dele e uma cueca boxer preta também dele e mostrou para Usher.
— Olha isso, cara… olha o shorts no fundo, é o mesmo. — apontou Kelly.
Eles suspiraram juntos e, quando chegaram na casa, Usher ofereceu uma bebida para ele, que foi solicitada como um whiskey. Usher encheu dois copos, colocou gelo e o seu a seu amigo, sentando-se com ele no escritório, nas duas poltronas de couro.
— Cara, eu simplesmente não consigo acreditar que a gente tá saindo com a mesma garota… eu achei que ela era alguém em quem eu podia confiar. — disse, cabisbaixo.
— E ela esteve jogando duplo com nós dois. — disse Kelly, balançando a cabeça em negação. — Você tem noção de que eu ia pedir ela em casamento?
— Eu tenho... Tenho sim. — disse Usher.
Depois de um momento em silêncio, eles conversaram sobre outros assuntos, perguntando sobre suas respectivas carreiras e famílias. Sempre foram bons amigos e, por isso, um conhecia a família do outro.
Conversaram bastante, quando Usher o chamou para jogar basquete, o que eles sempre faziam sempre que se encontravam.
Foram se trocar, Usher colocou uma camiseta sem mangas cinza e uma bermuda de moletom da mesma cor e Kelly uma camiseta amarela e uma bermuda preta. Também acrescentou uma faixa de pano de toalha na testa, pois odiava o suor escorrendo-lhe pelo rosto.
Jogaram um pouco quando Usher falou dela novamente:
— Ela disse que ela tinha Yeah como toque de celular, sabia? Percebeu alguma coisa do tipo?
— Você tá falando do celular rosa?
— Não, do azul.
— Cara, ela disse que esse estava desligado! Como assim? — ficou tão chocado que esqueceu do jogo e Usher lhe roubou a bola. E ele só ficou olhando, estava sem reação. Como alguém poderia fazer isso?
Jogaram mais um pouco e sentaram-se próximos à parede para beber água e descansar.
— É óbvio que ela esteve brincando com a gente… — disse Usher.
— Ush, ela estava constantemente mentindo, você quer dizer. — respondeu Kelly com o tom de voz meio ácido.
— Não gosto do jeito que ela tem levado as coisas.
— Eu também não.
— Kells, o que você acha que a gente deveria fazer sobre isso? Não dá pra nenhum de nós já chegar na voadora com dois pés no peito dela sem ter conversado ou qualquer coisa.
Kelly pensou por um instante e teve uma ideia. Não sabia se daria certo, né, mas não custava tentar.
— Faremos assim: liga para ela do telefone fixo, assim eu posso ficar na outra linha ouvindo e ela não vai saber.
— Ahaaa, isso vai ser bom. — respondeu Usher, gostando do plano. Se ele antes estava magoado, agora sentia uma raiva crescente e um grande sentimento de vingança dentro dele.
— Mano, a gente vai acabar com essa farsa dela. Daí você vai chamá-la para sair com você. Escolhe um restaurante que já tenha levado ela. A gente espera ela chegar e sentar na mesa e aí aparecemos nós dois e ela não vai saber o que fazer.
— Isso vai dar muito certo, é o plano perfeito! Ela vai ficar com uma cara de pata choca quando nos vir juntos! — disse ele, rindo.
Resolveram colocar o tal plano em ação. Se ela estiver em Chicago daria tempo ainda de ela pegar o avião até Atlanta.
Subiram e cada um tomou um banho e trocou de roupa. Desceram e pediram comida chinesa pelo telefone, até porque nenhum dos dois havia comido o dia todo.
Comeram conversando sobre basquete e as últimas partidas da NBA. Quando terminaram, Usher pegou o telefone e fez a bendita ligação. Kelly havia pego o aparelho sem fio da sala e agora estava com Usher no escritório, enquanto ele usava o telefone do cômodo.
— Alô?
— Oi, babe… tudo bem? — perguntou Usher.
— Oi, querido. Tudo sim e com você?
Usher viu as mãos de Kelly se fecharem em punhos e suspirou.
— Tudo ótimo! E então, está aqui em Atlanta?
— Não, hoje tive de vir para Chicago. Ontem fiquei cuidado do T. J. e do Tyler. Daí eles dormiram aqui e eu os deixei com a minha irmã, porque esse é o fim de semana dela de folga, para poder vir trabalhar. Eles vão para a casa da nossa mãe à noite. Precisavam de mim na filial de Chicago.
— Ah, sim, claro, tudo bem, sem problemas. Eu estava aqui pensando se a gente poderia ir jantar no La Grotta… você acha que consegue vir? Eu te busco no aeroporto.
— Claro que consigo! Devo sair daqui em uns 20 minutos. Saio e vou direto para o aeroporto. Eu te mando mensagem avisando quando eu estiver no avião.
— Tá perfeito, babe…
— Até mais tarde.
— Até.
Ambos desligaram o telefone e Usher virou para Kelly.
— Agora resta esperar ela chegar. Quer ir ver um filme? Tem o último filme do Bourne.. ou o novo do Hannibal, o que acha?
— Pode ser — disse Kelly e deu de ombros —, só vou arrumar minhas coisas lá em cima.
— Okay.
Kelly subiu até o quarto que ele dormia quando ia para a casa de Usher e pegou seu celular. Desde que conversara com Usher no dia anterior, ele havia desligado o aparelho, o ligando somente para mostrar a foto dela para o amigo e desligando-o logo em seguida.
Haviam 15 mensagens de Tiana e 7 ligações perdidas, também dela. As mensagens variavam de “onde você está?” até “por que você não me atende?”. Ele suspirou e não respondeu. Deitou-se na cama tentando esfriar a cabeça e a única coisa que passava em sua mente era a primeira vez que ela havia dito a ele que o amava. Ele colocou as mãos nos olhos e tentava esquecer, mas, de tanto lutar contra, acabou por deixar as imagens virem. Só para doer mais um pouquinho.
Flashback on
Chicago, 30 de maio de 2007, 22:23h
Já faziam 7 meses que eles estavam juntos e Tiana mais ficava no apartamento dele do que no dela. Pro dela, ela só ia nos fins de semana em que o pequeno Tyler ia dormir com ela. Por trabalhar sem horário fixo, o menino acabava por morar na casa da mãe dela com o primo mais velho, Tommy, filho da irmã dela. Kelly nunca conhecera sua família, mas TT tinha planos para isso, pois ela havia dito a ele que o aniversário da mãe estava chegando e queria apresentar ele para a família, assim como a irmã, que também queria apresentar o novo namorado para todos.
Kelly estava no quarto assistindo TV quando ele ouviu a porta bater e TT falar alto:
— Querido, cheguei! Onde você está?
— No quarto, amor!
Ela foi até o cômodo e Kelly já estava à sua espera. Se escondeu atrás da porta e assim que ela entrou, ele a abraçou de costas, fazendo-a dar um pulo de susto.
— Kelly!!
— Eu estava com tanta saudade sua. — disse Kelly enquanto beijava o pescoço dela. Ele parou quando sentiu um aroma doce vindo das sacolas que ela trazia nas mãos.
— O que é isso?
Ela deu risada e levantou a sacola mostrando waffles da Waffle House.
— Mulher, você é perfeita! — disse ele, a abraçando mais forte ainda. Ele pegou a sacola de waffles e deixou em cima da cômoda, já voltando a agarrá-la. Ela se virou para beijá-lo e ele então a prensou contra a parede, a beijando profundamente e de uma forma extremamente carinhosa.
TT largou a bolsa e as sacolas que carregava no chão. Quando sua bolsa caiu aberta no chão, caíram para fora dois aparelhos celulares, um rosa e um azul. Kelly viu e se soltou dela.
— Que foi? — perguntou ela, confusa com a parada súbita.
— Por que você tem dois celulares?
— Porque o azul é do trabalho e o rosa é meu particular. Qual o problema? — ela estava um pouco na defensiva. Isso foi estranho para Kelly. Ele não sabia disso.
— Nenhum. Por quê? Deveria ter algum problema? — disse, cruzando os braços.
Ela deu risada e se abaixou para pegar os aparelhos. Ligou o azul e deu na mão dele.
— Olha, pode olhar. Não tem nada demais, só mensagens e e-mails do trabalho.
Kelly pegou os aparelho e olhou a caixa de entrada e saída de e-mails e SMS. Realmente, eram só e-mails de reuniões ou sobre ideias sobre o programa que ela estava assessorando na TBS.
— Hm. — reclamou Kelly, se sentando na cama.
— Ah, para com isso, tem ciúmes do que?
Ele não respondeu, só pegou ela no colo e a jogou na cama com uma certa brutalidade, ficando por cima e subindo seu vestido até sua cintura.
— Você é minha, baixinha. De mais ninguém. — rosnou ele em seu ouvido e isso a fez arrepiar.
Kelly puxou o vestido mais pra cima até o tirar por completo da menina, o jogando em algum lugar desconhecido do quarto. Ele beijava o pescoço dela e apertava a bunda dela, enquanto ela se esforçava para tirar a camiseta dele.
— Você é tão gostosa. — sussurrou Kelly no seu ouvido e ele viu seu pescoço se arrepiar.
Ela deu impulso e o virou na cama, ficando por cima. A lingerie dela de renda branca contrastava lindamente com sua pele morena e Kelly sempre ficava babando. Ela se remexia sobre seu membro já endurecido e ele estava quase gozando só com ela em cima dele daquele jeito. Ele apertou seus seios, com os olhos fechados, só curtindo a sensação do corpo dela no dele, quando ela se levantou e ele ficou sem entender. Ela deu a volta na cama e o abraçou por trás, passando as mãos delicadas por seu peitoral, descendo até onde estava o cós da sua calça de malha. Adentrou sua mão na peça de roupa e acariciou o membro dele, fazendo com que ele soltasse o ar pesadamente, soltando-o logo em seguida e fazendo o caminho contrário com a mão, arranhando a pele dele e o fazendo sentir arrepios.
Ela beijou o pescoço dele e encostou os lábios em seu ouvido:
— Eu te amo, Kelly. E sou sua.
Kelly gelou e se virou.
— Sério? — perguntou.
— Sim. De todo meu coração — respondeu ela.
Ele então praticamente pulou nela e eles fizeram amor a noite toda.
Flashback off
Atlanta, 02 de junho de 2007; 18:45h
Kelly só ouvia os ecos da voz dela no fundo da sua mente. “Eu te amo, Kelly”, “de todo meu coração”, “sou sua”.
Ele suspirou e não sabia o que fazer. Ele que dera o plano para Usher, mas não sabia se daria certo e nem se ele queria que desse certo.
Resolveu escolher sua roupa, precisava estar elegante. Acabou por pegar um terno grafite com uma camisa e gravata da mesma cor.
— KELLS! CADÊ VOCÊ, CARA?
Escandaloso até não poder mais, Usher gritava por ele no andar de baixo.
— JÁ ESTOU DESCENDO!
Deixou tudo separado e desceu para a sala.
~•~
Enquanto Kelly subiu para arrumar as coisas dele, Usher se lembrava de uma noite particularmente quente que passara com TT.
Flashback on
Atlanta, 24 de maio de 2007, 02:45h
Usher a observava dormir depois do que ele poderia chamar de uma das melhores transas da sua vida. Ela dormia de bruços abraçada com o travesseiro e com o lençol cobrindo somente sua bunda. Usher passou os dedos levemente por suas costas e ela abriu os olhos.
— Desculpe — disse ele baixinho —, não queria te acordar.
— Não me acordou. — disse ela, abrindo um sorriso.
Usher não conseguiu não sorrir de volta para ela.
— Você é linda demais… — disse, continuando com o carinho. Desceu até a base das costas da menina e ali ficou. Ela levantou e deitou por cima dele por debaixo do lençol que os cobria.
— Só linda? — disse ela, com a voz transbordando luxúria.
Usher encheu a mão e deu um tapa de cada lado das nádegas de TT.
— Linda e gostosa.
Ela começou a se movimentar em seu membro que já começava a ganhar sinal de vida enquanto beijava seu pescoço. Usher então resolveu provocá-la e a virou na cama, ficando por cima. Ele puxou a perna dela até que a mesma ficasse encaixada em seu quadril. Ele beijava o pescoço dela enquanto acariciava os seios dela. Ela gemia baixinho e ele tentava se manter no controle da situação. Ele subiu os beijos até a orelha dela e mordeu o lóbulo.
— O que você quer? — perguntou ele baixinho.
— Eu quero você — respondeu ela.
Ele então a invadiu com força e de uma vez, fazendo-a arquejar e erguer as costas. Se movimentava com força e rápido e os gemidos dela eram tudo o que ele queria ouvir. Ambos chegaram aos seus ápices e ela deitou a cabeça em seu peito, ambos adormecendo rapidamente.
~•~
No dia seguinte, Usher acordou com um cheiro doce lhe invadindo as narinas. Quando abriu os olhos, TT estava sentada na cama dele, assistindo TV baixinho enquanto comia waffles em uma embalagem da Waffle House.
— Bom dia, babe. — disse ele.
Ela se virou e terminou de engolir antes de responder.
— Bom dia, gato. — disse, sorrindo.
Usher estava bestificado com a beleza simples e natural da menina. Ela estava com o cabelo preso em um nó no topo da cabeça e usava sua calcinha preta da noite anterior é uma camisa social branca dele.
Usher suspirou. Era bom ele tomar cuidado, ou acabaria se apaixonando.
Flashback off
Atlanta, 02 de junho de 2007, 18:43h
Usher balançou a cabeça, tentando se livrar dessas lembranças um tanto quanto dolorosas, sabendo que ela estava namorando seu amigo ao mesmo tempo em que ficava com ele.
Olhou para a TV e o filme já estava começando.
— KELLS!! CADÊ VOCÊ? — gritou ele para o amigo.
— JÁ ESTOU DESCENDO! — logo veio a resposta dele.
Kelly desceu e sentou-se no outro sofá.
Vendo o filme e cansado da viagem e do jogo, Kelly acabou adormecendo rapidamente e Usher não ficou atrás. Quando eram 21:05h, Usher acordou sentindo o celular vibrar em cima de sua barriga. Era ela.
— TT! Chegou já?
— Sim! Eu te mandei mensagem quando eu entrei no avião, mas você não me respondeu.
— Desculpe, liguei um filme e acabei dormindo no sofá. Você trouxe muita bagagem?
— Não, quando eu estou com você, eu nunca preciso de roupas. — riu ela — Por quê?
— Então vai direto para o La Grotta, te encontro lá.
— Tudo bem, sem problemas. Beijos.
— Beijo. — respondeu Usher, olhando para Kelly e se sentindo um pouco culpado.
Ele jogou uma almofada em Kelly, que acordou no susto.
— QUE? QUE FOI?
Usher deu risada do amigo.
— Vai se arrumar. TT tá no aeroporto, está indo direto pro restaurante.
— Ah, tá.. tá bom. — disse Kelly ainda meio aéreo. Se levantou e foi direto para seu quarto. Usher deu risada de novo e também subiu, indo para sua suíte também se arrumar.
Usher colocou uma camisa branca e um terno preto, com abotoaduras de ouro com ônix. Colocou um óculos escuros de lentes marrom.
Esperava Kelly na sala e quando o amigo chegou, nem conversou direito com ele. Ambos estavam nervosos e seguiram um acordo não verbal que era melhor não conversarem.
Usher pegou o Aston Martin novamente e dirigiu silenciosamente com Kelly ao seu lado até o restaurante.
Quando chegaram, Usher perguntou para o maître se TT já havia chegado e ele assentiu, levando-os para a mesa em que ela estava. Quando ambos a avistaram, sentiram faltar-lhes o ar, mas seguiram com o plano. Usher chegou e se apoiou na cadeira em frente à dela com Kelly ao seu lado. Ambos tiraram os óculos e a encararam. Ela estava com uma cara chocada e totalmente boquiaberta em ver os dois ali, e Usher já ia começar a falar alguma coisa quando outra moça se fez presente, olhando o celular cor-de-rosa em suas mãos, sem nem prestar atenção onde andava ou de quem falava.
— Aí, Ti, não sei por que ele não fala comigo. Eu não fiz nada e ele não me atende! E você ainda tem que me trazer pra esse jantar com o seu namorado e eu precisando ficar em casa pra ver se ele me atende. — ela tagarelava e simplesmente sentou-se sem nem ao menos olhar para os dois homens que estavam chocados com a atitude da moça.
— Tiana, olha pra cima — disse TT.
Quando a moça fez questão de largar o celular e olhar pra cima, deu um pequeno grito.
— Kel!! — ela disse e correu para abraçá-lo.
Kelly não se mexeu. Ele estava bestificado com o que ele estava vendo e estava tentando se convencer de que aquilo não era um sonho.
— Querido, por que não me respondeu? Eu estava aflita atrás de você!
— Eu… eu… — ele não conseguia formular uma frase completa, mas Usher acabou por soltar a pergunta que estava martelando na cabeça de ambos:
— Vocês são gêmeas?
TT deu risada e Tiana pareceu ofendida.
— É claro que somos gêmeas, o que você esperava?
Kelly a levou até a cadeira ao lado da irmã e a fez sentar em meio a questionamentos por parte dela.
Usher e Kelly olhavam para elas e comparavam os sinais:
O celular de cada uma das duas em cima da mesa? O de TT era azul e o de Tiana era rosa. Confere.
O sinal do lado esquerdo da boca das duas? Confere.
Cabelos pretos? Confere.
Ambos olharam debaixo da mesa. Tattoo de dragão na perna direita das duas? Confere.
TT foi quem se pronunciou quando o silêncio começou a ficar incômodo.
— Foi por isso que eu trouxe você, Ti. Ush me ligou do nada me pedindo pra vir aqui, sabendo que eu tinha que passar o fim de semana com T.J. ou em Chicago. E você havia dito que Kelly havia sumido sem motivos e do nada. Eu associei o fato ao Ush ter fotos de Kelly em sua casa. E também lembrei que você um dia havia dito que seu namorado era amigo do Usher. Bom, aqui estamos nós. — disse ela acelerada e com um pouco de vergonha.
Usher pegou uma cadeira e se sentou. Viu que Kelly não havia se mexido e puxou uma cadeira para ele sentar-se ao seu lado.
Usher começou a falar:
— Antes de tudo: TT, qual seu nome?
Ela deu uma risada gostosa.
— Tiara Jones. E essa é a minha irmã, Tiana Jones. — e Tiana deu um risinho tímido.
— Vocês se importam se a gente fizer algumas perguntas para vocês?
— Não, vá em frente. — disse Tiara.
— Vocês duas tem um Durango?
— Sim. Preto e com uma placa escrito Angel. Foi um presente do nosso avô quando nós completamos 18 anos. — respondeu Tiana
— Tá bom, e vocês duas tem filho?
— Sim também. Meu filho se chama Thomaz, mas nós o chamamos de Tommy, ou T.J., como ele gosta de ser chamado. Thomaz Jones é o nome dele. O filho da Tiara se chama Tyler e é 3 anos mais novo que Tommy.
— E essa tattoo aí? Por que vocês têm as tatuagens iguais? — perguntou Kelly
— Isso foi uma aposta na faculdade. A gente tinha conhecido dois irmãos gêmeos também é andávamos nós quatro juntos o tempo todo. Um dia nós fizemos uma aposta que eu não lembro nem o que era, mas, se nós ganhássemos, eles teriam que fazer uma tatuagem onde nós escolhêssemos e o desenho que nós escolhêssemos. Se eles ganhassem, seria o contrário. No final nós perdemos e eles escolheram o dragão no tornozelo. — explicou Tiara.
— E vocês estudaram juntas na Geórgia Tech?
— Sim. — responderam juntas.
— E trabalham na TBS?
— Eu trabalho na filial de Atlanta. — disse Tiara. — faço serviços internos, reportagens e essas coisas. Tiana é quem vai fazer as coberturas e organização de eventos.
Usher estava com as mãos na boca e não conseguia acreditar no que ele estava ouvindo. Kelly estava totalmente atordoado. Como assim elas eram gêmeas? Ou melhor, como assim ela era duas?
— Eu vou levar minha irmã no banheiro e vocês tentem entender o que está acontecendo aqui. Já voltamos. — disse Tiara, carregando a irmã até o banheiro.
Usher olhava para Kelly e Kelly olhava para Usher sem saber como agir.
— Elas não são a mesma garota. — disse Kelly.
— Não. — respondeu Usher.
— Então não tinha mentira nenhuma?
— Pelo visto, não.
Elas voltaram e se sentaram.
— O que aconteceu? — perguntou Tiana. — Por que estão os dois aqui juntos?
Eu liguei para ele para falar de você. Daí eu falei tudo isso o que o Usher perguntou e ele respondeu e aí ele perguntou mais coisas e tudo batia. — disse Kelly.
— E eu não sabia seu nome, TT. — disse Usher, olhando para a moça. — ele disse que ela se chamava Tiana, T, tals…
— E qual o problema de vocês com o Waffle House? Vocês só vivem disso? — perguntou Kelly, exasperado.
Tiana e Tiara riam juntas. Tiana se levantou e sentou no colo de Kelly.
— Eu jamais trairia você. Entenda isso. Eu falei aquele dia e acho que você não se tocou: eu te amo. Não te troco por nada. — disse ela com as mãos no rosto dele. Se aproximou e lhe deu um selinho.
— Isso tudo é muito estranho. — disse Usher. — Vocês não são só idênticas, vocês se vestem parecido, vocês agem parecido… tem alguma coisa aí que não seja igual uma da outra?
Tiara fez uma cara pensativa e foi até ele. Pegou sua mão sem dizer uma só palavra e colocou em sua barriga, fazendo-o sentir o piercing no umbigo por baixo do vestido dourado que usava.
— Eu tenho no umbigo e Tiana tem na orelha.
Tiana afastou o cabelo revelando uma pequena argola prateada presa na parte superior da sua orelha.
— Outra aposta? — perguntou Kelly.
— Não. — Tiana riu — Só não queria furar minha barriga mesmo.
Ficaram conversando horas sobre suas semelhanças até que, no final, quando o restaurante estava quase fechando, Tiana se ergueu com a taça de champanhe na mão e disse:
— Quero propor um brinde a uma linda amizade que começa agora.
Todos ergueram suas taças e brindaram a um momento que começou confuso, mas que depois se ajeitou de uma forma perfeita, dando início a uma amizade longa e duradoura.