Capítulo Único
Não havia um só jovem que não estivesse contando os dias para a festa no lago para comemorar o tão aguardado Spring Bank Holiday, mas naquela noite, null null e seus amigos tinham um motivo a mais para comemorar. Haviam sido convidados para tocar na festa, que costumava receber vários turistas e tinha uma visibilidade que, agora, era mais que necessária como um incentivo para a banda de garagem que tinham.
O garoto estava animado, cantarolando o refrão da música que tocariam mais tarde na frente do espelho enquanto arrumava os cabelos. Nada podia abalar seu bom humor e a sensação de orgulho que enchia seu peito. A não ser, claro, as batidas apressadas na porta.
— null, filho! — o senhor null chamava apressado. — Preciso da sua ajuda.
— No que? — null perguntou enquanto assistia o pai limpar o rosto coberto de graxa e suor.
— Sua irmã acabou de ligar, o carro dela quebrou no caminho pra cá. Ela está sozinha na rodovia… Preciso que fique na oficina enquanto vou socorrê-la.
null arqueou as sobrancelhas.
— Mas pai, agora a noite ninguém vai vir arrumar carro, é feriado! Estão todos no lago e eu também vou daqui a pouco, eu e os caras vamos tocar...
— Claro que não! — o homem ralhou, descendo as escadas e correndo para pegar as chaves da picape — Não viu o que aconteceu com sua irmã? Estão todos vindo para a festa, meu filho.
O mais novo empalideceu, faltavam menos de quarenta minutos para o horário marcado no lago, era impossível que seu pai fosse e voltasse dentro desse tempo.
— Mas pai…
— Mas nada, filhão. Carros quebram, nós ganhamos dinheiro e você continua tendo um lugar para ensaiar o barulho de vocês. — sugeriu, fazendo com que o filho mais novo assentisse contrariado.
null e o pai tinham um trato: ele o ajudava sempre que necessário na oficina e em troca, ganhava um local para o McFly ensaiar. Mesmo que o chateasse muito não poder ir a festa do lago, os amigos ainda poderiam ir sem ele. O importante era ter um lugar para ensaiar e guardar os instrumentos e claro, que sua irmã fosse socorrida.
Ele discou o número de null arrasado, há essa altura os garotos estavam provavelmente a caminho, visto que a casa dos null era a mais próxima do lago. Em dois toques, null atendeu animado.
— Fala mate, estamos chegando em alguns minutos. — ele disse rápido, null pode ouvir o som do rádio e da conversa de null e null ao fundo — Sabe como o null é lerdo no volante, por isso a demora…
Um ouch se fez audível, provavelmente null recebera um pedala do motorista.
— Pelo menos eu dirijo! — null rebateu ao fundo. — Estamos chegando, null!
— Tenho más notícias. — null confessou sem rodeios, ouvindo os amigos desligarem o rádio.
— Puta merda, cara. O que foi? — a voz de null pareceu mais alta, provavelmente null havia colocado o no viva voz.
— Meu pai teve que sair para socorrer minha irmã na estrada e eu vou ter que ficar na oficina.
— O QUE? — null gritou e então null ouviu o eco da buzina se duplicar na ligação e no lado de fora de sua casa.
— Pera aí, abre o portão que a gente já tá aqui. — null pediu e então logo os quatro caminhavam em direção a oficina, que ficava na garagem dos null.
— Isso é sério? — perguntou null chateado.
— Vocês sabem do trato. Já é uma vitória enorme meu pai ter aceitado a banda e ter nos concedido a oficina para ensaiar…
A animação dos quatro beirava o clima de um enterro.
— Sim, não é legal abusar da boa vontade dele. — null sentou-se do outro lado do balcão onde ficava o caixa.
— Mas vocês deveriam ir, é uma oportunidade única e eu não me perdoaria em prejudicar a banda. — null disse e os outros três se entreolharam para logo em seguida começarem a falar ao mesmo tempo.
— Você é idiota, null?
— É claro que nós não iremos sem você, não seria a mesma coisa.
— Você vai ficar aqui pela banda e nós iremos ajudar!
Não que null não soubesse, mas aquilo o fez sorrir, afinal, tinha os melhores amigos que alguém poderia querer.
Duas horas haviam se passado e o espírito de união se dissipara completamente, dando um lugar privilegiado ao tédio. Nenhum carro havia chegado ali precisando de conserto. null cochilava sentado em cima dos pneus velhos, null parecia distraído demais analisando uma alavanca de freio, null folheava pela décima vez uma das revistas automotivas que estava espalhada no balcão enquanto null tentava conseguir um pacote de chips na máquina de vendas automática.
— Acho que deveríamos abaixar o portão até a metade e ensaiar, já que não vem ninguém… — sugeriu null assim que desistiu de pegar o pacote de batatinhas depois de um período em silêncio. Os outros três murmuraram respostas em aprovação.
— Vamos pedir uma pizza? — implorou null, abandonando a revista de volta no balcão — Eu tô morto de fome!
— Boa ideia, pede do telefone lá de casa. — null jogou as chaves para o mais novo, que as pegou e se levantou prontamente.
null seguiu para abaixar o portão de aço, mas um carro vermelho surgiu em alta velocidade, buzinando. null olhou para os amigos, que correram até o portão para ver o tamanho do problema que chegava e se arruinaria os planos recentes.
— Oi! — a dona do Austin mini 1989 conversível se levantou, saltando do carro por cima da porta e colocando os pés descalços no chão. Os garotos não precisavam olhar um para o outro para saber o que pensavam, somente uma reação era aceitável quando ela estava por perto: se tornar um completo idiota.
null null era conhecida no colégio, na cidade e em qualquer lugar que pisasse. Era impossível não reconhecer seus cabelos médios e brilhosos, o olhar instigante e o corpo curvilíneo inconfundível. Naquela noite ela vestia um short jeans e uma blusa tomara que caia cinza. null sentiu uma cotovelada na costela vinda de null e então voltou a prestar atenção no que a garota dizia.
— Ahn, você… Pode repetir por favor?
— Eu estava indo para o lago e senti o volante meio pesado, puxando pra esquerda, sabe? — ela disse novamente, encostando-se na lateral do carro enquanto esbanjava um sorriso lindo. — Achei melhor verificar pra não ficar na mão na hora de ir embora.
— Fez bem. — null abaixou ao lado do automóvel, concluindo que o problema era mesmo o que ele já imaginava — O seu pneu está furado, poderia causar um acidente feio se você não tivesse percebido.
— Meu Deus! Mas isso é fácil de resolver?
— É sim, na verdade não vai demorar quase nada. — null olhou para o relógio, que marcava 20h, e então olhou para os amigos, que ainda encaravam null como se essa fosse um alienígena (muito bonito, diga-se de passagem).
— Nós vamos pedir a pizza então, você vai precisar de ajuda? — perguntou null, torcendo para que o amigo dissesse sim.
— Na verdade não, é só o tempo da pizza chegar. — null deu de ombros. Os três deram a volta no carro para entrar na casa, até que null não pudesse mais vê-los, gesticulando e cochichando para o amigo.
A única coisa que null realmente entendeu foi o “você nunca vai pegar ela!” e na verdade riu, mandando o dedo do meio para os demais. De qualquer forma, não era como se ele tivesse essa expectativa, só torcia para que conseguisse arrumar o pneu sem passar nenhuma vergonha na frente de null.
O que não foi um plano bem-sucedido visto que assim que ele mostrou o dedo médio para os amigos null arqueou a sobrancelha olhando para trás apenas para presenciar null, null e null correndo para dentro da casa antes do portão de aço ser fechado. Aquela foi a primeira vez na noite que null se segurou para não pedir que a garota ligasse o carro e passasse por cima dele.
— Não liga, eles são idiotas. — sorriu amarelo antes de tirar a jaqueta e amarrá-la na cintura. null riu, deveria estar acostumada com as pessoas se tornarem mais abobalhadas quando ao lado dela.
— Eu pensei que encontraria vocês no lago. — ela saiu do caminho para que null pudesse trabalhar.
— Na verdade eu também pensei que iríamos, mas acabou dando tudo errado. — ele riu enquanto posicionava o macaco para suspender o carro.
— É realmente uma pena... — lamentou null se desencostando e caminhando para mais perto do rapaz, que se distanciou rapidamente indo até a mesa onde estavam os equipamentos — Eu estava ansiosa pelo show de vocês.
— Ahn? — null achou que estava delirando, o que fez com que ele derrubasse uma de suas ferramentas no chão. — É mesmo?
A garota riu baixinho o observando com cautela, ele era tão desastrado que chegava a ser fofo.
— Vocês tocam bem, null. — a loira cruzou os braços, sorrindo. — Não sei explicar, mas algo em vocês me faz lembrar dos Beatles.
null riu com o elogio, voltando para perto do automóvel.
— Acho que é pelo fato de sermos quatro também. — ele deu de ombros, modesto.
— Isso é óbvio. — ela negou com a cabeça enquanto ria também. — Eu me refiro ao som de vocês, sabe? Não me peça para explicar, eu entendo de música tanto quanto entendo física quântica… Mas a vibe do som de vocês é muito boa, parece com a deles.
Enquanto o garoto desparafusava a roda, ele sentiu um sorriso bobo surgir em seus lábios, então pigarreou e virou seu rosto de modo que null não pudesse vê-lo com cara de idiota.
— Ahn, muito obrigado… Eu fico realmente feliz que curta nosso som.
Ela assentiu e então null tornou a se concentrar no que fazia.
— Aquela máquina funciona? — questionou, apontando para a máquina de salgadinhos e bebidas. null olhou para onde ela apontava e então assentiu.
— Digamos que ela escolhe com quem quer funcionar… — comentou, envergonhado. Já havia pedido para o pai ligar para o responsável efetuar a troca da máquina problemática, mas o velho, teimoso e mão de vaca que era, se recusava a pagar a taxa cobrada para tal. — Ela engoliu o dinheiro do meu amigo agora a pouco.
— Vou tentar a sorte… Minha boca está salivando por uma Bud. — ela deu de ombros, não era como se o dia pudesse se tornar pior do que já estava mesmo. null continuou rodando a chave de roda enquanto seu olhar estava na garota que olhava para a máquina como se fosse uma incógnita.
null sorriu e deu uns pulinhos animados depois de uns segundos, abaixando para pegar a cerveja.
— Sua máquina maluca ainda me deu um saquinho de chips. — ela abriu o saquinho como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo que não sabia o quanto queria até ganhar de fato.
— Acho que essa era a batata que null queria agora a pouco… — ele franziu o cenho encabulado, afinal o amigo havia passado mais de meia hora tentando pegar o saco enquanto null não levara nem um minuto. — Como você conseguiu?
— Na verdade eu só apertei o botão… — a loira deu de ombros e então caminhou até onde null estava, levando uma das batatinhas até a altura dos lábios dele. — Aceita?
Com aquele olhar e sorriso, null suspeitava que se ela pedisse para que ele caminhasse pelado até o lago ele iria de bom grado. Sem tirar os olhos dela, tudo que ele fez fora abrir a boca e receber o salgadinho. Ela repetiu o ato algumas vezes e então se sentou na mesa que havia perto do carro para beber sua cerveja gelada e terminar de comer.
— Não querendo ser intrometida, mas já sendo, porque odeio ficar em silêncio… — null começou, depois de uns minutos — O que deu errado para que vocês não fossem tocar na festa?
— Ah… — null finalmente desencaixou o pneu sorrindo sem graça — Meu pai teve um imprevisto, minha irmã acabou ficando presa na rodovia com o carro quebrado e como ele ajuda a gente sempre eu não pude negar.
— Puxa... — ela murmurou ao vê-lo suspirar triste — Mas é como dizem né, às vezes as coisas não dão certo para que oportunidades maiores surjam.
— Assim eu espero. — null comentou soltando ar pelos lábios, o que acabou saindo como uma risada descrente.
— Você está ajudando sua família, null. — ele jurou ter sentido os pelos de sua nuca arrepiando ao ouvir a voz divertida de null dizendo seu apelido — Certamente seu pai vai lembrar disso e não vai te obrigar a ir para uma faculdade a todo custo, essa é a maneira dele dizer que te apoia.
Fora a vez dela rir desanimada.
— O seu vai?
— Ah vai… Ele quer que eu me torne uma advogada como todo o resto da família, acha que essa “história” de ser perfumista não vai dar em nada. — ela rolou os olhos, amassando a latinha.
— Perfumista, é? — null levantou uma das sobrancelhas, surpreso para dizer o mínimo. null null era realmente peculiar.
— Eu sei… Completamente inusitado. — ela riu caminhando para a máquina novamente — Fui aceita em uma faculdade de direito na França, mas o que meu pai nem sonha é que fui aceita em uma das mais tradicionais escolas de perfumaria lá. O plano é viajar, falar que vou me matricular para direito quando na verdade estarei me tornando a perfumista que sempre sonhei e só pisar aqui de novo quando estiver formada e com minha marca consolidada.
— É um plano arriscado. — comentou o garoto, assistindo-a se virar com duas cervejas dessa vez.
— Eu não faço apostas pequenas, null. — null caminhou até ele e lhe ergueu uma das latas.
— Eu não posso aceitar, mas obrig…
— Vai sim, anda logo. — ela movimentou a lata mais uma vez — Não é a mesma coisa que beber depois de tocar na festa, mas já é algo.
null engoliu em seco, claro que era algo. Qualquer cara daria tudo para estar tomando uma cerveja e conversando com ela. Ele nunca acreditou em sorte ou azar, mas reconhecia que às vezes a vida o presenteava com oportunidades ótimas. E bem aquela era uma das grandes, uma pela qual sonhara durante todo o colegial, não tinha como recusar.
Que null era linda era óbvio, afinal bastavam olhos funcionais para constatar tal fato. null suspeitava que até mesmo se não pudesse enxergar saberia disso. Ela era mais que bonita, algo inexplicavelmente contagiante e hipnotizante exalava dela, suspeitava que fosse a confiança ou até mesmo sua simples presença. Mas de qualquer forma, bastaram alguns minutos para que ele soubesse que aquilo não era tudo.
null conversara com ele sobre vários assuntos enquanto eles aproveitavam as cervejas e ele terminava de trocar o pneu, desde como o goleiro do Manchester United fora péssimo no último jogo do campeonato até um debate sobre se as coisas futurísticas de “De Volta Para o Futuro” realmente existiriam em 2015. null ouvia com atenção, tinha ótimos argumentos e ria até mesmo das piadas toscas dele. Os dois conversaram por horas, constatando esse fato apenas quando a última latinha fileira da máquina era resgatada.
— Se importa em dividir? — a garota perguntou, assim que se encostou ao lado dele no capô do carro vermelho. null riu negando, mesmo que pela lata de cerveja seria um prazer experimentar o gosto da boca de null null.
Aquilo era ridículo, claro, o que o fez condenar os próprios pensamentos assim que eles surgiram. Mas tudo só pareceu piorar quando ela gargalhou, fazendo-o constatar que o pensamento havia sido imperceptivelmente verbalizado em voz alta.
— Me conte em suas orações o que acontecer em 2015 porque estou indo ali me matar de vergonha… — ele coçou a nuca, tinha certeza de que sua cara agora estava roxa. null o olhou, limpando as lágrimas de tanto rir.
— Existem outros modos de você experimentar minha boca, null. — ela se aproximou dele respirando fundo após a crise de riso — Foi até bom você ter mencionado.
Os olhos de null viajaram até os lábios do garoto, que ainda estava preso nos próprios pensamentos, tentando raciocinar as últimas palavras dela. null se aproximou mais, até que seus lábios se tocassem em um beijo urgente.
As mãos de null seguiram incertas pelas costas de null até que finalmente se tornaram hábeis e firmes na medida que foram de encontro com a cintura dela. Com o beijo se tornando cada vez mais intenso e faminto, null aproveitou para erguê-la pela cintura e então sentá-la na lataria vermelha. A loira abriu as pernas em meio a um suspiro para que ele pudesse se aproximar mais.
Os beijos de null se transferiram para o lóbulo da orelha e então fizeram um lento trajeto até o pescoço do garoto, que já brincava com a barra da blusa dela, ora ameaçando tirá-la, ora massageando em movimentos circulares a pele de sua cintura com os dedos. Entretanto as mãos dela foram mais rápidas, erguendo a camiseta dele e então a própria blusa cinza de maneira impaciente em seguida, deixando que seus seios fossem contemplados pelo garoto até que ele erguesse a mão para apertar um deles, enquanto levava os lábios até o pescoço da loira. E então fora a vez dos beijos dele travarem um caminho torturante até que finalmente seus lábios chegassem a um dos mamilos dela, o que gerou um gemido de satisfação na garota.
null, que mantinha uma mão apoiada no automóvel e outra perdida nos cabelos de null, puxou ainda mais os fios, guiando seus lábios na direção dos dela em outro beijo ainda mais quente que o primeiro. Suas mãos agora desabotoavam agilmente os botões da calça dele que praticamente suspirou de alívio quando essa caiu por suas pernas, visto que a peça já estava apertada.
Outro suspiro — esse muito mais sôfrego que o anterior — escapou pelos lábios de null quando a mão de null acariciou toda a extensão de seu membro lentamente até a base, para então envolvê-lo. Seus movimentos eram lentos e intensificavam vez ou outra, como se ela tivesse a intenção apenas de torturá-lo. A garota inverteu a posição que se encontravam, ficando de frente para ele e então contornando toda a extensão de seu membro com a língua enquanto lhe olhava, repetindo lentamente a ação até que ele implorasse para que ela o chupasse. null obedeceu, envolvendo-o com a boca e sincronizando os movimentos com o da mão que contornava a parte que não cabia ali e também carecia de atenção. Ela repetiu os movimentos com rapidez enquanto ele a guiava com as mãos ao envolver os cabelos dela em uma espécie de coque desajeitado entre os dedos. Mas subitamente null se afastou, fazendo com que ele olhasse para ela indignado.
— O que? Achei que só quisesse experimentar minha boca, null. Vai ter que se esforçar muito mais para ganhar a experiência completa.
Mas null estava brincando com fogo se achava que ela era quem se divertiria com o prazer dele. Aquilo só servira para inflamar a vontade que ele sentia de fazê-la gemer alto e implorar por mais a cada toque dele.
null não a respondeu, apenas a segurou pela cintura mais uma vez a empurrando em direção do capô e deslizando o short jeans e a calcinha branca de renda pelas pernas dela. null nem mesmo percebeu o momento em que ele desabotoou a peça, mas o momento que os dedos dele entraram em contato com seu clitóris certamente foram bem claros em sua mente graças a corrente de prazer que parecia eletricidade correndo por todo seu corpo.
Tudo isso pareceu ser completamente esquecido por null quando o garoto se abaixou e contornou toda a sua intimidade com a língua, para então começar a mesclar entre massagear o clítoris e absorver o gosto dela enquanto a chupava com vontade. Quando percebeu que o corpo dela começava a ficar mais tenso e seus gemidos mais rápidos, null se levantou e a ergueu junto consigo, de maneira que as pernas dela se entrelaçassem em sua cintura com desenvoltura e rapidez. A expressão da garota era de agonia, ela queria matá-lo por impedir que ela chegasse a seu ápice. null apertou as nádegas dela com um sorriso maldoso nos lábios.
— Ainda não vou te deixar gozar, null… — diferente de todo o restante da noite, a voz de null esbanjava segurança e seus olhos brilhavam. — Mas posso te deixar escolher onde quer que eu te foda.
null engoliu seco, não por ter se arrependido de ter invocado esse lado dele com tanta provocação, mas sim por estar completamente inebriada pela atmosfera de tensão que ambos se encontravam.
— E se eu quiser que seja aqui e depois dentro do carro? — null retribuiu o sorriso malicioso dela e então foi até onde suas calças estavam em busca de um preservativo.
Não que ela se importasse antes, mas qualquer resquício de pudor ou controle que ela estivesse tentando exercer sobre seus gemidos fora completamente abolido quando ele a sentou novamente na ponta do capô do carro, forçou o corpo contra o dela e deslizou seu membro por sua entrada úmida e pulsante. Fora inevitável não soltar um grito alto.
— Caralho null… — murmurou enquanto iniciava os movimentos lentamente com os olhos fechados, ele não esperava que ela fosse tão apertada. null soltou um gemido sofrido, perguntando-se como iria fazê-la gritar de prazer se em míseros segundos seu corpo já se encontrava em ebulição.
Ela o envolveu com as pernas, permitindo que ele se movimentasse melhor dentro dela e aquilo bastou para que ele se perdesse dos próprios pensamentos, entregando-se completamente ao momento e aumentasse a velocidade. Não demorou para que eles fossem para dentro do carro, null deitou o banco do passageiro, permitindo que null tivesse mais espaço para montar em seu membro rígido.
A quem estava querendo enganar, era mil vezes melhor quando ela assumia o controle.
Poucas coisas na vida poderiam ser explicadas na vida e certamente a habilidade de null cavalgando sobre ele com tanta destreza e agilidade não era uma delas. Ela alternava entre movimentar-se para frente e para trás, rebolar e sentar, entrando e fazendo menção de sair, levando-o à loucura. null se sentou, agarrando-a pela cintura e puxando seus cabelos até que eles se sintonizassem em uma frequência perfeita de movimentos e permaneceram ali, desfrutando da sensação inebriante do corpo um do outro e gemendo desde palavras desconexas, palavrões e seus nomes até o momento em que aproveitaram um orgasmo intenso e incomparável juntos.
— Isso foi… — null começou assim que caiu deitada sobre a lateral do corpo dele, buscando palavras para explicar.
— Foi. — concordou null simplesmente. Eles poderiam ficar anos tentando encontrar palavras para intensidade das sensações desfrutadas ali e não conseguiriam chegar a uma conclusão, muito menos entorpecidos e cansados pelo sexo.
— MEU DEUS, SÃO TRÊS DA MANHÃ. — ela gritou se sentando no banco e olhando pela janela para o relógio preso na parede. — Isso porque só iria demorar meia hora, em null?
Eles gargalharam juntos e então saíram do carro para se vestir.
— Quanto eu te devo? — perguntou null, indicando o pneu com a cabeça.
— As cervejas, o orgasmo e a promessa de que isso vai acontecer de novo devem bastar. — ele deu de ombros, enquanto a segurava pela cintura e envolvia os lábios dela em mais um beijo.
— Isso vai acontecer de novo… — null sussurrou e então lhe deu mais um selinho — Mas mesmo assim, quero pagar pelo pneu.
Ele sabia que se comprasse a briga, ficariam ali pelo resto da madrugada e ela certamente venceria, então bufou e disse o preço pela troca, alinhamento e balanceamento do pneu. null pagou e então entrou no carro, procurou algo no banco de trás e então voltou a se sentar no banco do motorista com um livro de química em mãos. Ela anotou algo, rasgou e lhe entregou o pedaço de papel com cadeias orgânicas no verso.
— Você é doida? E se algum professor cobrar isso? — questionou null rindo e se apoiando na janela.
— Relaxa aí null, a formatura é daqui a menos de quinze dias. Certamente o desenho de uma feniletilamina não fará falta. — ela gargalhou enquanto apertava e movimentava as bochechas dele para os lados. — Qualquer coisa eu falo que meu cachorro comeu.
Ela parou de balançar o rosto dele e o puxou para mais perto, selando seus lábios mais uma vez em um beijo rápido, porém não menos intenso. E então ligou o carro.
— Nos vemos depois.
Depois de arrumar as ferramentas e apagar as luzes, null finalmente entrou em casa. Lembrou-se dos amigos e correu até a sala, dando de cara com os três adormecidos nos sofás com as três caixas de pizza fechadas em cima da mesinha de centro. Ele caminhou lentamente, abrindo a primeira caixa e deparando-se com a mesma vazia. Era óbvio que eles não tinham esperado por ele, afinal a última tarefa na oficina acabou durando bem mais do que imaginava.
— Porra dude, até que enfim. — murmurou null não exatamente acordado. — Que horas são?
— Três e meia. — respondeu null finalmente encontrando um pedaço solitário de pizza de na última caixa da pilha.
null inspecionou o amigo assim que ele se jogou ao seu lado no sofá.
— Você tá cheirando a cerveja. — null fez uma careta tampando o nariz — E sua calça tá pelo avesso.
— Tem como vocês calarem a porra da boca? Tô tentando dormir! — null se sentou bruscamente no outro sofá, acordando null que estava ao seu lado.
Os olhos assustados do rapaz se tornaram mais tranquilos assim que se acostumaram com a claridade da sala e então recaíram em null
— Cara você tá com um chupão no pescoço…
— NÃO! — null gritou, endireitando-se no sofá — Você pegou ela?
null mordeu o pedaço de pizza e deu de ombros, evitando olhar para os amigos e aquilo aparentemente foi o necessário para que os outros três surtassem.
— Dude ela é incrível! — null deu um tapa forte em seu ombro.
— Eu não acredito que você pegou aquela garota! — null jogou uma das almofadas no amigo. — Você é um sortudo filho da puta!
— E aí, como foi? — null questionou e null o encarou com uma careta.
— Vocês são o que agora, um bando de fofoqueiros?
— Você acha que o McFly é movido pelo que? — o mais baixo perguntou — Pela fofoca, cara! Agora conta logo como foi.
null riu resignado, sabia que não tinha escapatória. E mesmo que tivesse, talvez contar para alguém tornaria aquilo que ocorrera horas atrás mais real, visto que o garoto ainda se pegava questionando se tudo fora um mero cenário ilustrativo de sua mente.
Três dias se passaram e com eles a semana escolar se iniciara novamente. null e null não tinham nada para reclamar, afinal trocavam mensagens e olhares pelos corredores todos os dias. O garoto estava adorando seja lá o nome do status de relação que eles tinham — algo entre uma recém-amizade e um possível porém ainda mal desenvolvido affair.
Naquela tarde null ficara responsável mais uma vez pela oficina, dessa vez para que seu pai pudesse levar sua irmã até o campus da universidade dela. O movimento não estava lá dos melhores, mas aquilo era até bom, já que o garoto conseguia fazer tudo com calma e sem o estresse habitual do ambiente.
Ele terminava de trocar as pastilhas de freio do golf que o dono deixara ali pela manhã, quando novamente o Austin mini vermelho conversível parou na calçada. Não que ele estivesse criando expectativas, mas null percebeu um sorriso bobo lhe surgir nos lábios quando viu o carro. Ele só não esperava que além de null, o capitão do time de futebol do colégio Adam Fittipaldi descesse praticamente colado na garota.
null tentava ao máximo não cultivar ódio gratuito pelas pessoas, mas com Adam era praticamente possível. null desconfiava até que nunca existira no mundo alguém tão folgado, inconveniente, egocêntrico e grosseiro do que o capitão. Ele vivia atormentando e obrigando a galera nerd a fazer as tarefas dele, vivia praticando bullying a torto e a direito e, para completar, adorava bancar o amigo de todos quando na verdade seu único objetivo era se beneficiar.
— Fala amigão. — o loiro saudou, levantando a mão para que null o cumprimentasse.
O garoto, entretanto, não se moveu mantendo a expressão fechada.
— Fui estacionar o carro da gata e acabei dando uma amassadinha na lataria sem querer, ela disse que viria aqui para resolver, mas eu decidi vir também já que fui o responsável pelo estrago…
— Preciso ver o estrago para ver se conseguimos resolver aqui ou se terão que procurar outro lugar. — ele disse, se levantando do banco onde terminava o golf.
— Qual é null, quebra essa pra mim… — murmurou o jogador fazendo com que null, que caminhava passos à frente para avaliar o carro, rolasse os olhos. — Estamos juntos a apenas três dias, preciso mostrar pra null que consigo resolver as coisas.
null olhou de Adam para null, que parecia completamente desconfortável com a situação enquanto analisava as placas e os objetos da decoração, e riu. Embora o outro rapaz fosse burro demais para distinguir um null de ironia, ele tinha certeza de que null havia entendido.
— Três dias é? Parece sério.
— Sim, a gata aqui realmente me fisgou. — Adam a puxou para perto de si, e null lhes ofereceu um sorriso cínico.
— Puxa que legal! Meus parabéns, então. — ele disse finalmente terminando de olhar o carro. Mesmo se pudesse não arrumaria, mas realmente Adam era um péssimo motorista e havia feito um estrago e tanto na lataria do carro. Provavelmente havia pedido para alguém da autoescola quebrar uma para ele também. — Sinto muito cara, mas não temos equipamento suficiente pra resolver isso aqui.
— Poxa cara, mas…
— Ele já disse que não tem como resolver aqui. — null se pronunciou pela primeira vez interrompendo o namorado — Podemos ir agora?
Adam a olhou irritado por ser contrariado e então bufou, pegando-a pela mão e a arrastando na direção do carro. null olhou a cena de maneira desconfortável, mas sabia que null era bem grandinha e bem inteligente para escolher com quem se relacionar. Não cabia a ele se intrometer e dizer algo, então entrou para dentro da oficina novamente determinado a tentar pegar uma cerveja da máquina de vendas automática.
Não teve muito tempo para ficar sem pensar no assunto, já que logo os amigos apareceram para o ensaio e fora inevitável não perceber que null parecia desconfortável com algo. Eles o lembraram de como null costumava mesmo ser alguém com o espírito livre, completamente livre de rótulos e amarras, mas também lamentaram sobre ele tê-la perdido.
— Dude ela é tão bonita, lamento por ter dado tudo errado. — null disse, batendo no ombro do amigo tentando confortá-lo, embora aquilo só piorasse tudo. Eles não tinham nada, mas era claro como aquela garota havia bagunçado o pequeno mundo de null null mais que qualquer outra já fizera na vida.
— É cara… — ele murmurou levando a lata de cerveja aos lábios — Eu também.
Os anos haviam sido, no geral, gentis para o McFly, e naquele ano seus integrantes estavam ainda mais determinados a fazer tudo dar certo depois do período de pausa que tiveram. Afinal, como null sempre gostava de lembrar: a banda era para a vida e eles deviam isso a seus fãs.
A segunda parada da pequena tour — depois de Londres, claro — era Paris e eles se sentiam animados em finalmente voltar aos palcos. null resolvera viajar antes para aproveitar alguns dias antes do show e então, atravessando a Boulevard Haussmann avistou um pequeno engarrafamento se formando graças a uma moça sentado no meio fio com um mini cooper do ano, quebrado.
Fora inevitável não arregalar os olhos quando ele a reconheceu. Seus cabelos estavam um pouco mais longos e mais claros, seus pés — diferente da última vez — eram calçados por sapatos caros de salto alto. null não sabia dizer se era sorte — ou azar, visto que as circunstâncias eram extremamente parecidas —, mas era adepto a aceitar as oportunidades que a vida lhe entregava, então decidiu descer do táxi que estava e tentar ajudar a moça que lhe tirara noites de sono e o ar dos pulmões anos atrás.
— Você realmente gosta de carros vermelhos, null. — constatou ele assim que se aproximou, fazendo com que a mulher tomasse um susto e se levantasse de imediato.
— null? — ela murmurou, apertando os olhos em uma tentativa de confirmar que não estava maluca — null null?
— E você é null null, com o pneu furado mais uma vez. — ele sorriu. — Já ligou para o guincho?
A mulher apenas fizera uma careta fracassada negando com a cabeça enquanto erguia o celular apagado.
— Hoje não é um dia de sorte. Eu tentei ligar, mas meu celular está descarregado. Tenho um pneu reserva no porta-malas, mas não tenho a mínima ideia de como trocar. E como se não bastasse, estou atrasada.
null a olhou atentamente, buscando por detalhes que haviam mudado e na realidade, quase nada mudara. Ela continuava tagarela e ainda era dona de uma beleza estonteante.
— Você tem o pneu e as ferramentas? Posso fazer isso em meia hora…
null ergueu o olhar para o rapaz, sua pressa não lhe permitia rir das coincidências.
— Isso não vai te atrapalhar?
— Eu creio que posso atrasar meu passeio por alguns minutos.
Ela assentiu grata enquanto abria o porta-malas e permitia que null pegasse tudo que precisava. Ele se abaixou na altura do pneu e começou a desparafusar a roda com rapidez.
— Faz muito tempo que não nos vimos… — murmurou ele, virando o olhar da roda para ela que piscou algumas vezes, ainda não acreditando na situação esquisita em sua frente.
— Ahn, sim… — ela se apoiou ao carro, perto de onde null estava — Passamos por 2015 e os carros ainda não voam.
null ergueu o olhar para ela, rindo alto e então assentiu. Então ela também se lembrava.
— Eu juro que tentei manter as esperanças, mas depois de 2012 soube que não aconteceria.
— Eu imagino. Foi difícil pra mim aceitar isso também. — null fez uma expressão de sofrimento e então o acompanhou na risada — Soube da turnê de vocês, fico feliz que voltaram.
— Ah, sim. Vamos tocar no sábado à noite. — ele disse, tirando o pneu furado — E você? Perfumista?
null sorriu orgulhosa.
— Sim! Consegui dobrar meu pai e bem, hoje tenho minha marca.
— Meus parabéns! — null disse um pouco mais alto devido à euforia sincera que suas palavras lhe causaram — Sempre soube que daria certo.
Eles continuaram se atualizando sobre a vida um do outro e dessa vez, depois de realmente trinta minutos, o pneu estava devidamente trocado.
— Estou indo na direção da Champs-Élysées, quer carona? — questionou null.
— Ah, eu agradeço, mas vou por outro lado. — ele sorriu fraco.
— Certo, então faz o seguinte… — ela entrou dentro do carro, vasculhou o porta luvas e então escreveu algo em um papel — Esse é o endereço da minha loja, vou deixar um presente pra você lá, pode passar para pegar quando estiver livre.
null olhou para o pedaço de papel e então lhe deu um sorriso fraco e envergonhado.
— Não precisa null…
— Não enche null, é minha forma de agradecer. — ela sorriu sincera, colocando o cinto — Preciso ir agora, mas obrigada!
null assistiu o carro se distanciar, enquanto ainda sentia a sensação esquisita típica de um déjà vu e então analisou o papel mais uma vez. Ele só conseguiu passar no endereço três dias depois, pela tarde.
A fachada da loja era sofisticada e o ponto onde ela se encontrava era em uma das ruas mais movimentadas de Paris, ao lado de várias outras marcas renomadas. null já ouvira falar da marca Mystical, até mesmo tinha visto seu último comercial protagonizado por uma modelo famosa que ele não se lembrava do nome, mas nunca imaginara que a marca era de null. Entrou na loja, entregou o papel para a atendente que sorriu e foi até os fundos, voltando com uma caixa de presente.
No hotel, null gargalhou quando lera o bilhete deixado junto com o perfume e as velas aromatizadas. E então entendeu por que se sentiu instantaneamente conectado com o cheiro que inundou o quarto assim que a caixa fora aberta, suas notas eram de um misto de madeira, menta e algo como uma fruta cítrica.
“Hey null, por muitos anos imaginei sua reação ao saber que o meu perfume mais famoso é o que criei inspirado em você. Se está rindo e fico feliz que tenha guardado nossas recordações com tanto carinho quanto eu. Esse é meu telefone, espero que possamos nos ver de novo e que dure bem mais do que meia hora.
Com carinho, null.”
Então ele soube, que o reencontro não fora mera coincidência. Era o início de algo com aquela garota cujas memórias ele nunca esqueceu.
FIM
Nota da autora: Hm... Oi... Olá? KKKKKKK Eu não sabia que precisava ter esse surto até realmente tê-lo! Espero que tenham gostado dessa fic que me tirou o sono, mas que no final saiu. Preciso agradecer minhas amigas perfeitas Thaís, Elena, Victoria, Isabela e Amy e também, claro para a minha amiga que inspirou a personalidade dessa pp incrível, espírito livre, mística e empreendedorah: Diandra! Amo vocês migas, obrigada pela ajuda de sempre! Obrigada a você que leu e que embarcou nessa comigo também, se você gostou não esqueça de deixar todo seu amor aqui embaixo nos comentários, pelas redes sociais ou, caso o Disqus esteja instável, você pode clicar AQUI. Vejo vocês na próxima!
Com amor, Ju ❤️
Com amor, Ju ❤️

