Finalizada em: 12/05/2018
Music Video: Shawn Mendes - Treat You Better

Prólogo


— Eu não tô acreditando nisso, ele machucou você de novo? — perguntei indignado, ela abaixou a cabeça — , você precisa terminar com esse cara, você...
— Eu não posso, , eu gosto dele. — disse, dando de ombros.
— Você não vê que ele não te respeita? Olha só isso! Isso é prova de amor? Pra mim só prova que ele não presta! — falei, apontando pras marcas no pescoço dela.
— Ele só me segurou com um pouco de força, só isso. — disse, cobrindo as marcas com a mão.
— Você merece coisa melhor, , muito melhor. — falei, me levantando e começando a andar de um lado pro outro.
— Tipo quem, ? Quem é o cara certo? — perguntou. Eu suspirei e passei a mão no cabelo:
— Alguém que saiba te respeitar, garotas como você merecem um cavalheiro. — falei, ela riu:
— Em que século você vive? Cavalheiros não existem mais. — disse, mexendo no cabelo — Eu não tenho mais ninguém, , você sabe, eu só tenho ele. — disse ela, dando de ombros e se sentando na minha cama. Eu respirei fundo e me abaixei de frente pra ela, pra poder olhá-la nos olhos.
— O fato de a sua mãe ter morrido não significa que ninguém se importe com você. — falei.
, eu...
— Eu me importo! — falei, era agora ou nunca — Eu posso tratar você muito melhor que ele! Eu estou aqui, , eu gosto de você. — falei. Ela me olhou como se não acreditasse, então eu juntei coragem e a beijei, ela ficou estática por um momento, mas então correspondeu, eu já estava comemorando por dentro quando ela se afastou abruptamente — ... — comecei, mas ele me impediu de continuar colocando um dedo nos meus lábios.
— Não fala nada, eu preciso... Preciso de ar. — disse e se levantou, praticamente correndo pra fora do apartamento. Eu me sentei no chão. Será que fiz certo em jogar tudo isso em cima dela desse jeito? Eu já gostava dela há tempos, não suportava a ideia daquele nojento não a tratando direito, mas eu sempre fui o melhor amigo...
Me levantei e fui até o sofá, me joguei nele e fiquei olhando pro teto por um instante, talvez eu tenha me precipitado em dizer tudo pra ela assim, em beijá-la sem consentimento, mas eu não podia mais guardar isso só pra mim. Não aguento mais ter que vê-la chorando, perdendo tempo com aquele babaca, ele não é o cara certo pra ela, por mais que ela diga que eu estou errado, é só olhar pra ela, ela está desperdiçando o tempo chorando por ele, ela merece alguém melhor, pode até não ser eu, mas com certeza qualquer outra pessoa seria melhor que ele. Preciso fazer alguma coisa, não posso deixar isso continuar acontecendo, eu prometi pra mim mesmo que ia cuidar dela, desde o dia em que me apaixonei, eu prometi que não a deixaria sozinha, e não vou, não com aquele babaca.
Me levantei e fui até o banheiro, tirei a camisa e joguei um pouco de água no rosto, me encarando no espelho em seguida. Preciso pensar em alguma coisa, talvez dizer tudo o que eu disse pra ela não tenha sido a abordagem mais inteligente, mas eu não vou conseguir nada com ela se continuar aqui me lamentando, não é?
Ouvi um barulho no corredor e me virei, passos, vesti a camisa outra vez e sai do banheiro, indo até a porta. Os passos passaram na frente da minha porta e então eu ouvi a porta do apartamento ao lado abrindo, era o apartamento dela. Me apressei e fui até a parede do meu lado e me encostei nela pra ouvir, essa parede separava o meu quarto do dela, sempre deu pra escutar tudo do outro lado. Dessa vez, escutei choro, ela está chorando de novo, por ele. Bati na parede com raiva, até quando isso vai durar?


Capítulo Único


Eu precisava de ar. Não consigo acreditar no que eu acabei de ouvir, é claro que eu já sabia que o se importava comigo, afinal ele é meu melhor amigo, mas gostar de mim? Pensando bem, isso nem é tão estranho, ele nunca gostou do meu namoro com o , talvez esse seja um dos motivos, talvez...
— Hey! Gata! O que tá fazendo passeando por aí essa hora? — ouvi a voz do . Olhei pro lado e vi que ele estava no carro dele, dirigindo devagarinho ao meu lado na rua, estava tão distraída que nem notei o barulho do carro — Que cara é essa?
— O que você tá fazendo aqui? — fui direta, ele me lançou um sorriso safado:
— Vim me desculpar por hoje de manhã, não acho que eu tenha feito nada demais, mas, pela sua cara, você acha. — disse, eu suspirei. Hoje de manhã ele tinha sido agressivo comigo, só pra variar.
— Eu disse que eu não queria nada hoje, você não tinha o direito de tentar me forçar. — falei. Eu tinha dito não pra ele hoje de manhã, falei que não queria dormir com ele, não naquela hora, então ele, com raiva, tinha me segurado pelo pescoço com força e me jogado na cama, o que deu origem às marcas que viu.
— Que seja, entra aí, vamos conversar direito vai, princesa. — disse, se inclinando no banco e abrindo a porta do carona pra mim. Eu suspirei e entrei, ele deu a volta com o carro e parou no estacionamento da área de apartamentos onde eu morava — Vai mesmo ficar com essa cara? Esquece isso, vai... — disse, passando a mão na minha coxa, eu tirei a mão dele de lá — O que é agora?
— Tô cansada do seu jeito, , você faz merda e depois aparece como se nada tivesse acontecido, que tipo de namorado é você? — perguntei.
— Ah, já sei, aquele seu amiguinho andou falando merda de mim de novo, não foi? — disse, ficando nervoso e batendo as mãos no volante.
— Isso não tem nada a ver com ele, tem a ver com a gente, olha isso, você acha que isso não é nada? — perguntei, mostrando as marcas no meu pescoço pra ele, ele olhou sem dar muita atenção.
— Isso? Já vi pior. — disse. Já chega.
Eu desci do carro e fui pra casa. Não acredito que nem um pedido de desculpas sincero ele é capaz de fazer!
Subi as escadas e entrei no meu apartamento, me jogando na cama e soltando um suspiro. O que eu tô fazendo? Talvez o esteja certo, talvez o não seja o cara certo, mas então por que eu não consigo terminar com ele? Basta ele aparecer e se dizer arrependido que eu derreto, como vou terminar com ele assim? Esse pensamento me fez chorar. Eu estou presa, presa na situação errada.
Ouvi um barulho alto na parede e dei um pulo de susto, era a parede que ligava meu quarto ao do . Ele me ouviu chorando. Fechei os olhos e passei a mão no cabelo. Só espero que ele não venha aqui me dizer o que eu já sei, que eu não devia estar chorando pelo , não quero ouvir outro discurso dele agora, não depois do beijo, aquele beijo... Ele só me deixou confusa. Se eu gosto do , então por que gostei tanto do beijo do ? Eu só posso estar ficando maluca! Talvez eu só precise de um banho, isso, um banho é o melhor agora, vai me ajudar a pensar melhor.
Fui até o banheiro, tirei as roupas e entrei embaixo do chuveiro, deixei a água correr pelo meu corpo enquanto eu pensava. não tem só partes ruins, ele já me fez coisas boas, quando nos conhecemos, ele não era como é agora, ele era gentil. Quando eu olho pra ele, de algum jeito, eu ainda vejo aquele cara, por isso nunca consigo terminar com ele, talvez o cara que eu conheci ainda esteja lá em algum lugar, eu sei que ele não é tão ruim quanto parece, mesmo que às vezes ele possa parecer grosseiro, eu sei que o cara por quem eu me apaixonei ainda está lá em algum lugar.
Depois de alguns minutos embaixo do chuveiro, eu resolvi sair do banho, me sequei, vesti um pijama e me joguei na cama. O que eu ainda não sei é como vão ficar as coisas entre mim e o depois de hoje, não quero perder meu melhor amigo, não posso.

...

Acordei com o toque do meu celular, esfreguei os olhos e procurei por ele na cama, logo o achei e o atendi:
—Alô? — falei.
— Boa tarde, gata. — ouvi a voz do do outro lado. Tarde? Tirei o celular do ouvido e vi que, pra variar, eu tinha dormido demais — Vai ficar com raiva de mim pro resto da vida ou vai sair comigo? — perguntou, eu me sentei na cama.
— Sair pra onde? — perguntei. Escutei a voz do Jake, melhor amigo dele, no fundo da gravação.
— Só desce aí vai, vai ser divertido, prometo. — disse, eu passei a mão no cabelo e suspirei:
— Tô descendo.
Desliguei o celular e me levantei, coloquei uma roupa qualquer e fui pro banheiro escovar os dentes, passei a escova no cabelo e desci. Ele estava sentado em cima do capô do carro dele junto com o amigo.
— Gata, você tá gostosa hoje. — disse, me puxando quando eu me aproximei.
— Ela tá sempre gostosa, já falei, você precisa aprender a compartilhar as coisas com os amigos. — disse Jake, me olhando com malícia. Eu o olhei sem acreditar no que estava ouvindo:
— Cala a boca, mané, ela não é uma coisa, é minha garota, agora entra na sua lata velha e vamos logo.
— Não é justo só você ter o direito de pôr a mão nessa bundinha. — disse Jake. riu e apertou minha bunda.
— Só minha. — sussurrou no meu ouvido. Apesar da situação escrota, eu me arrepiei, o que me fez ficar com raiva.
— Menos pornô e mais ação, bora! — disse Jake, entrando no carro dele. e fomos pro carro dele.
— Pra onde a gente vai? — perguntei, colocando o cinto.
— Jake viu um lugar legal pra fazer racha, nós vamos conferir se dá mesmo pra correr lá. — disse, dando partida no carro e seguindo o Jake
— Racha de novo, ? — perguntei, eu já tinha dito que não gostava disso:
— Ah, gostosa, não vai entrar nessa de mina chata não, né? Pra isso já basta minha mãe. — disse.
— Não gosto disso. — Falei, ele riu:
— E de que isso me importa? — perguntou. Eu fiquei quieta, quando ele fica babaca desse jeito, é o melhor a se fazer. — Ah, , vamos brigar de novo? Esquece isso, vai? É só uma corrida. — disse, colocando a mão na minha perna:
— É perigoso. — falei, ele riu:
— Não pra mim. — disse. Ele parou o carro no que parecia ser o estacionamento de uma fábrica abandonada, ele e Jake desceram, eu desci também — Boa, o lugar é ótimo! — disse ele, olhando ao redor.
— Eu disse, aqui é ótimo, se a gente se acostumar a correr aqui, vamos ganhar uma boa grana. — disse Jake. subiu em cima do capô do carro e abriu os braços.
— É claro que vamos ganhar, nunca perdi corrida nenhuma, não é agora que eu vou começar. — disse. Nisso eu senti uns pingos de chuva, olhei pra cima e vi que o céu estava praticamente tomado por nuvens, sorriu — Chuva, melhor ainda, vamos correr? — perguntou.
— Só se for agora! — Concordou Jake. desceu do capô e eu olhei pra ele, indignada.
— Você ficou maluco? Racha na chuva? — falei, ele riu:
— Fica mais emocionante, vamos, gata, entra aí. — disse, apontando pro carro, eu neguei com a cabeça:
— Não vou ficar aqui e ver você se matar por uma idiotice dessas. — falei e dei as costas pra ir embora, ele me segurou pelo braço:
— Não fica assim, princesa, se você estiver do meu lado eu vou dirigir melhor. — disse sorrindo. Eu puxei meu braço de volta, ele se ajoelhou na minha frente e abraçou minha cintura — Fica, vai? Você sabe que eu preciso de você. — disse, encostando a cabeça na minha barriga — Você sabe que eu sou louco por você, não sabe? — disse meloso. Isso sempre me derrete. Eu passei uma mão nos cabelos dele.
— Você é o maior chantagista que eu conheço, sabia? — perguntei, ele se afastou de mim.
— Isso é um sim? Você fica? — perguntou, eu assenti. Não podia deixar ele se matar, se eu não estiver aqui, tem mais chances de ele fazer besteira.
— Sabia que ia acabar te convencendo. — disse, convencido. Então ele levantou e me beijou. Eu senti uma coisa estranha, não foi como todas as vezes que eu o beijo, foi... Diferente, como se, pela primeira vez, faltasse alguma coisa, o que me deixou confusa, o que estava faltando dessa vez? Nós nos separamos e ele me puxou pela mão em direção ao carro:
— Vai correr ou não, ? — perguntou Jake quando nos aproximamos. Eu apoiei as mãos no capô do carro e olhei ao redor. Talvez não seja tão perigoso correr aqui, não é? Eles já correram em lugar pior.
— Quantas voltas? — perguntou .
— 3? É meu número da sorte. — disse Jake.
— Como quiser, mas não vai ter sorte que te salve de comer poeira. — disse , abrindo a porta do carro pra mim, eu entrei e ele a fechou em seguida, dando a volta no carro e entrando do lado do motorista — Vamos nessa. — disse, dando partida.
Ele e Jake pararam os carros lado a lado e então começaram a correr. Eles estavam dando voltas em uma espécie de poste que tinha no meio do lugar, terminou a primeira volta. Talvez eu tenha exagerado, ele corre muito bem, não preciso ficar tão preocupada. Na segunda volta eu estava até me divertindo, mas foi aí que a coisa começou a ficar estranha:
— Que tal dar um susto nele? — perguntou , rindo:
— Susto? — perguntei sem entender. Ele acelerou e, ao invés de passar do outro lado do poste, ele resolveu passar entre o poste e o carro do Jake. Quando terminou a manobra, ele caiu na risada:
— Você viu a cara de susto dele? Achou que eu ia bater! — disse, achando graça.
— Eu também achei! Você ficou doido?! — perguntei, me segurando no banco. Ele acelerou mais ainda e saiu do estacionamento onde estávamos, indo pra rua.
— Eu tô tentando me divertir, parece que você não sabe o que é isso! — disse, pisando ainda mais fundo no acelerador, percebi que estávamos indo pro meu apartamento.
— Pra se divertir precisamos estar vivos! Você podia ter nos matado! — gritei. Ele brecou o carro no estacionamento na frente dos apartamentos.
— Não seja imbecil, é claro que eu não ia matar ninguém. — disse ele, rindo. Isso só me deixou mais nervosa, eu soltei o cinto e comecei a abrir a porta, ele me segurou pelo braço — Hey, não fica brava, foi engraçado. — disse, ainda rindo.
— Engraçado?! Talvez tentar se matar pra você seja engraçado, mas pra mim não é! Enquanto você quiser se matar sozinho, que se dane, mas me levar junto? Pode esquecer. — falei, puxando meu braço e descendo do carro.
— Me liga quando deixar de ser careta! — gritou ele do carro. Eu passei a mão no cabelo e apressei o passo. Eu não deveria ter ido, deveria ter ficado em casa, onde eu estava com a cabeça pra sair com ele depois de ontem?
Subi as escadas correndo e fui pro meu apartamento, me jogando na cama assim que entrei. Era geralmente nessa hora que eu ia ao apartamento do desabafar com ele, dizer o quanto o tinha sido um idiota, daí ele me diria que ele não é pra mim, e eu diria que não posso dar o fora no cara que eu gosto. Mas não posso fazer isso agora, se declarou pra mim, só agora eu consigo entender como deve ter sido horrível pra ele me ouvir falar do meu relacionamento com outro cara, talvez eu não tivesse aguentado se estivesse no lugar dele, ele sempre me deu apoio, sempre esteve comigo, mesmo gostando de mim, ele era realmente um amigo perfeito, do tipo que toda garota sonha, eu tinha certeza que ele também podia ser um namorado perfeito, mas...
! — ouvi alguém me chamando na porta, me levantei da cama e fui atender, era a Julie, uma amiga — O me ligou e disse que você precisava de companhia feminina, pelo visto ele estava certo. — disse, me analisando. Eu e Julie não éramos assim muito próximas, mas, por ser tanto amiga minha quanto do , ela sempre acabava de intermediadora entre nós quando brigávamos. Nós não brigamos dessa vez, mas ele não podia vir aqui hoje como se nada tivesse acontecido ontem, então ligou pra ela.
— Talvez. — admiti. Ela riu e entrou, fechando a porta logo depois.
— Você não vai ficar aqui com essa cara, não mesmo, vamos sair. — disse, me puxando pela mão até a cama e me fazendo sentar.
— Sair pra onde? — perguntei. Ela passou as mãos nos meus cabelos, os arrumando e depois tirou um rímel da bolsa:
— Um bar, uma balada, qualquer lugar, não vou deixar você nessa deprê aqui sozinha. — disse, começando a me maquiar.
— Não podemos ficar aqui e comer sorvete? — perguntei, ela riu e guardou o rímel de volta na bolsa:
— Cara nenhum merece que uma garota ganhe uns quilos por ele, vamos. — disse, me fazendo levantar e praticamente me arrastando pra fora do apartamento, me levando pro carro dela — Você vai ver, depois de tudo, você vai me agradecer. — disse ela, piscando pra mim enquanto dava partida no carro.
Depois de tudo o que aconteceu nos últimos dois dias, eu preciso mesmo me distrair. Ela me levou em uma boate não muito longe da minha casa, não tivemos problema pra entrar, Julie tem uma excelente tática pra nunca ser barrada em boates, ela sempre namora os seguranças — Vem, vamos dançar. — disse, me puxando, nós fomos pro meio da pista e começamos a dançar. Foi quando vi algo que não gostei, eu vi o encostado em uma parede no canto da boate, dançando com uma garota, eles estavam quase se beijando. Eu comecei a abrir caminho entre as pessoas.
! Onde você vai? — gritou a Julie. Ao ouvir meu nome, e a garota olharam pra mim.
— O que é isso?! — perguntei, olhando de um pro outro. Ela me deu um sorrisinho e foi embora.
— Calma, gata, eu só estava me divertindo. — disse como se aquilo fosse normal.
— Se divertindo? — perguntei, o empurrando na parede — O estava certo, você não presta. — falei, me virando e indo embora.
— Pelo menos ela sabe se divertir! — disse ele, eu me virei e o olhei bem. Finalmente eu entendi, o cara que eu conheci, de quem eu gostava, não está mais aqui, não tem mais nada que eu possa fazer por ele.
— Acabou. — falei e comecei a abrir caminho entre as pessoas de novo. Quero sair daqui.
— Não precisa explicar, eu vi tudo, vamos embora. — disse Julie, me abraçando de lado. Nós saímos e fomos pro carro — Babaca, não consigo acreditar nisso, eu sempre soube que ele era um idiota, mas aquilo? Passou dos limites. — disse, dando partida e indo pro meu apartamento.
— Se importa de não falar sobre isso? Não sei por que demorei tanto pra perceber que ele não presta. — falei, cruzando os braços e me encolhendo no banco.
, eu sei que não é o momento de falar isso, mas como você ainda não tinha percebido que ele não presta? O cara é grosso, agressivo, como assim, ?
— Quando eu o conhec,i ele não era assim, ele era gentil, eu achava que aquele cara ainda estava lá em algum lugar. — me justiquei.
— E hoje foi a prova de que não estava? — perguntou.
— Se estiver também, não me importa, já chega, não vou mais aguentar isso, não dá mais. — falei, ela suspirou:
— Eu sinto muito. — disse, colocando a mão na minha perna. Eu olhei pra ela e abri um sorriso triste:
— Eu também.
— Não se chateia com isso, você vai encontrar alguém melhor, talvez esse alguém já esteja bem perto, você vai ver. — disse, dando uma piscadinha. Ela estava falando do , eu suspirei. Talvez eu devesse mesmo dar uma chance pra ele, ele com certeza merece isso, mas não quero pensar nisso agora. Ela estacionou o carro e olhou pra mim — Quer que eu suba com você ou quer ficar um pouco sozinha? — perguntou, eu respirei fundo.
— Valeu, mas preciso ficar um pouco sozinha. — falei, soltando o cinto:
— Força, garota, foi melhor assim. — disse.
— Eu sei. — falei, abri a porta e desci.
Subi pro meu apartamento e me joguei na cama de novo. Meu Deus, que dia foi esse? Ouvi barulho de carro lá embaixo, não dei muita atenção, até que ouvi algo que parecia um carro cantando pneu.
— Hey! Então chegou o babaca. — ouvi a voz do , achei estranho. Eu acabei de terminar com ele, o que ele tá fazendo aqui? — Tá achando que vai roubar minha garota e ficar numa boa? — Como? Corri pra janela e vi que ele estava falando com o , merda.
— Quer dizer que ela terminou com você? Melhor pra ela, finalmente percebeu que estava com o cara errado. — disse ele. parecia bêbado, nada de bom acontece quando ele fica assim. Ele gritou e partiu pra cima do , eu corri pra fora, descendo as escadas o mais rápido que eu podia.
— Você vai ver por que ninguém se mete comigo! — gritou ele, transtornado. Eu terminei de descer as escadas e corri até os dois:
, para! Você vai matar ele! ! — gritei, tentando segurá-lo. No meio da briga, ele me deu uma cotovelada, com a força do golpe, eu caí no chão. Ele parou e se virou pra mim:
... — eu coloquei a mão no rosto, onde ele tinha me acertado:
— Vai embora daqui. — falei firme.
, qual é...
— Vai embora! — gritei — Acabou! Que parte disso você não entendeu?! — falei, me levantando e o empurrando — Vai embora! Nunca mais aparece aqui!
— Então é assim? Vai me trocar por ele? — gritou.
— Eu já devia ter feito isso há muito tempo, sai daqui! — gritei, o empurrando outra vez. Ele olhou de mim pro e riu:
— Eu vou, mas é você quem tá perdendo. — disse, mandando um beijinho, eu só consegui sentir nojo. Olhei pro , corri até ele, ele estava caído no chão.
, você tá bem? — perguntei, me abaixando ao lado dele. A surra não tinha sido tão feia quanto eu tinha pensado, pelo menos não aparentemente, ele estava com a bochecha vermelha, um lado dos lábios machucado e um corte na sobrancelha, estava feio, mas podia ser pior.
— Melhor impossível. — disse ele sorrindo, eu ri.
— Como você pode falar isso? — falei, ele pegou minha mão.
— Eu pararia o tempo por você, isso não foi nada, e além do mais você finalmente terminou com ele. — disse, rindo.
— Culpa sua. — falei, ele olhou sem entender.
— Minha?
— Se você não tivesse me beijado, talvez eu nunca tivesse me tocado. — falei, o olhando nos olhos. O beijo realmente tinha mudado alguma coisa, talvez sem isso eu não tivesse tido coragem de terminar, mesmo com o sendo o babaca de sempre, talvez eu nunca tivesse percebido o que estava bem diante de mim.
— Se tocado do que?
— De que ele não era o cara certo pra mim. — falei, ele abriu um sorriso lindo. Como foi que eu nunca tinha olhado direito pra esse sorriso?
— Até que enfim. — disse.
— Vamos pra dentro, tenho que dar um jeito nisso. — falei, passando a mão de leve na bochecha dele. Ele assentiu e eu me levantei, o ajudando em seguida. Eu o ajudei a subir as escadas e o levei pro apartamento dele, o ajudando a sentar na cama e indo até o banheiro. Peguei a primeira toalha de rosto que encontrei e a molhei um pouco, voltando pro quarto e me sentando do lado dele em seguida.
— Acho que vou acordar moído amanhã. — disse ele rindo, eu passei a toalha de leve no corte da sobrancelha dele:
— Me desculpa por isso, o só veio aqui por minha culpa. — falei.
— Não foi sua culpa.
— É claro que foi, eu já devia ter terminado esse namoro há muito tempo. — falei, ele pegou minha mão.
— Podemos esquecer isso agora? — perguntou, eu assenti. Não quero falar do — O que vai acontecer com a gente? — perguntou, eu continuei limpando os machucados dele. Ele sempre esteve aqui, do meu lado, como eu pude ignorá-lo por tanto tempo? Pela primeira vez, desde que o conheci, eu olhei pra ele de verdade, eu sempre tinha achado ele bonitinho, mas agora... Era como se do nada ele tivesse se tornado minha personificação de cara perfeito. Sem pensar muito, eu me inclinei e lhe dei um selinho. Quando nos afastamos, ele suspirou — A espera valeu a pena, estamos bem? — perguntou, me olhando nos olhos.
— Estamos ótimos. — falei. Ele sorriu e me puxou, me beijando de novo. Eu larguei a toalha e passei os braços pelos ombros dele. Eu devia ter percebido antes, ele é o cara certo, sempre foi.


Fim.



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus