Capítulo Único
Sou Bernardo, um cara de 34 anos, um professor de literatura que aos 17 já sofreu uma decepção amorosa, que muitos por aí além dos trinta nem sonharam em passar. Você deve estar se perguntando: “Cara, já fez dezessete anos, supera! Não conheceu ninguém para amar nesse tempo todo?” Eu te respondo: Sim. Mas um coração ferido não volta amar assim de uma hora para outra, e quando se é jovem a intensidade das coisas parece ser dobrada. Afinal nosso passado não pode ser apagado, mesmo depois de você construir um futuro.
- Bom dia, alunos! Hoje quero falar sobre o trabalho que valerá metade da nota final! Serei o exemplo que deverão seguir. – antes de continuar ajeitei minha pasta sobre minha mesa. – Bom, o que eu quero de vocês é que me contem um conto. Algo que aconteceu na vida de vocês. Vamos encerrar este ano com sentimentos descrevidos em apresentações!
- UAU! – exclamou uma aluna. – Achei demais essa ideia professor! Já quero começar.
- Assim que eu gosto, animação! Então por hoje teremos uma aula diferente, nesses dois períodos. Guardem seus cadernos, pois hoje será uma espécie de hora do conto!
Me ajeitei na cadeira, para então começar minha história. Seria uma grande experiência dividir a história do meu primeiro amor com meus queridos alunos. Amor esse que aconteceu anos atrás nesta mesma escola, onde agora leciono.
- Meus caros alunos, essa é a história de um jovem Bernardo solitário, que não foi de um todo ruim, teve seus belos momentos. Não sei explicar meu encontro com Alice, foi algo tão profundo, se isso de outras vidas realmente existir, acredito que já tínhamos algum tipo de ligação desde sempre. – tomei um gole de água e continuei. - Preparados para conhecer minha história tristemente linda?
- Manda a ver! – um aluno que parecia bem curioso disse e a sala seguiu em apoio.
- Então, meus alunos e alunas, ajeitem suas cadeiras e vamos conhecer o amor de Bernardo e Alice. – enfim ia começar a contar uma das minhas mais belas lembranças. Ah, aquele jardim....
Colégio Martines, segundo ano. Agosto de 2001.
Toda escola tem um lugar secreto, ao menos a minha tinha. Era um jardim nos fundos da escola, costumávamos chamar de “O Jardim Secreto Martines”. Poucas pessoas iam nesse jardim, mas uma em especial ia todos os dias. O nome dela é Alice, minha colega de classe. Estudo com ela desde o primeiro ano, - aliás, eu reprovei e por isso agora sou meio “velho” para estar no segundo ano. Mas agradeço por reprovar, assim conheci Alice. - mas minha maldita timidez nunca deixava eu avançar, pelo menos em uma amizade sólida, nunca passei das interações de sala e os cumprimentos formais, porque eu tinha educação, claro. Dava sempre meu jeito de escapar dos meus amigos para ir observá-la, ela é tão linda, com certeza poderia ser uma fada. Me parecia que ela tinha elegido aquele local para ser seu canto da leitura. Ela sorria e as vezes chorava enquanto lia suas histórias. Em um desses dias em que a espiava, sem querer tropecei em uma pedra e ela acabou percebendo minha presença. Eu quis me bater por isso.
- Ei! – exclamou ela. – Tudo bem com você? – ela veio ao meio encontro demonstrando preocupação.
- Estou bem, obrigado. Er.. eu... é... – as palavras não saiam, mas que bela bosta em Bernardo, parabéns. – Me desculpe interromper sua leitura.
- Ah, tudo bem! – ela disse e sorriu. – Você gosta de ler? Eu amo!
- Leio as vezes. Tenho um pouco de preguiça, admito. – disse e ri fraco.
- Eita, Bernardo. Devíamos mudar esse hábito. – Alice enrugou a testa ao fazer uma cara pensativa. Adorável. – Que tal você escolher um livro e vir passar os 20min de intervalo aqui comigo, lendo?
Aquela proposta foi como um soco no meu estomago. Ela estava sendo tão simpática comigo, não poderia ser um escroto e dizer que não. Respira, Bernardo!
- Eu adoraria. – disse e sorri o mais amigável que consegui. Definitivamente eu era um desastre com garotas.
O sinal tocou e nos encaminhamos para sala e, bem óbvio que, quando chegamos juntos, já houve um tumulto entre meus amigos.
- Olha, olha! Descobrimos o porquê de você sempre sumir nos intervalos. – Jefferson disse fazendo uma cara maliciosa.
- Tem nada a ver o que vocês estão pensando. Menos. – amava meus amigos, mas o grau de idiotices deles as vezes me estressava.
Passei o resto da aula meio disperso, só pensava em Alice e como as coisas aconteceram num piscar de olhos. Dá para acreditar que vamos ficar juntos por 20min todos os dias, em um lugar que nem as crianças gostam de ficar, ou seja, seremos só nós dois. Será que agora eu tomo coragem e me declaro? Tenho 17 anos, preciso agir com maturidade, pelo amor de Deus! E além disso preciso de um livro para levar e ler com ela. Mas qual?
- Sandro! Ei. – chamei meu amigo no sussurro, a professora de artes era uma megera e se me pegasse de conversa, com certeza ia levar um sermão e pagar mico na frente da turma.
- Que? Quer que a professora nos dê um sermão? Fala logo. – Sandro era um medroso!
- Tem alguma dica de livro pra mim? Você lê bastante. – perguntei.
- Harry Potter é perfeito para você. Já que tem preguiça de tudo, é uma história incrível para te prender no livro. – Sandro disse e logo voltou a copiar a matéria do quadro. Assenti e fiz o mesmo que ele.
Após a escola fui a uma livraria e comprei o primeiro livro da saga, estava empolgado! Chegando em casa, almocei a comida que minha mãe tinha deixado no pote, após a refeição deixei tudo lavado. Porque eu tenho amor à vida e minha mãe brava é algo que me dá medo. Subi para o quarto, tirei o uniforme e coloquei uma calça de pijama confortável e fiquei sem camisa mesmo, largadão. Achei melhor começar a ler um pouco, para não parecer um pateta na frente de Alice, que parecia tão inteligente e familiarizada com os livros.
Na manhã seguinte o que eu mais queria é que chegasse o horário do intervalo. E acho que os céus estavam do meu lado, pois um professor havia faltado e teríamos um período vago e isso significava mais tempo com Alice no Jardim Secreto Martines.
O sinal tocou e eu sai apressado para o Jardim, como sempre, despistei meus amigos e fui encontrar Alice. Cheguei, mas não a chamei logo de início, queria olhá-la. Notei que hoje ela estava sem seu livro e estava distraída brincando com seu anel. Hm, ela parecia impaciente. Caramba, ela estava me esperando e eu aqui enrolando. Respirei fundo e me mostrei a ela, que me recebeu com um sorriso.
- Ora, ora! Você apareceu. – disse ela se levantando do chão.
- Achou que eu ia furar com você? Sou um cara de palavra. – disse e rimos juntos.
- Olhando aqui, temos 15 minutos ainda. Então, o que você trouxe para lermos? – Alice tinha um tom curioso na voz, tentando espiar qual livro havia escolhido.
- Harry Potter e a Pedra Filosofal. – respondi sua pergunta.
- Ual! Eu amo essa saga, vou me divertir relendo com você. Venha. – Alice disse e me puxou pela mão até que sentássemos aonde ela estava antes.
- Como assim, você vai reler comigo? Não vejo você com um livro. – perguntei.
- Ué, você vai ler pra mim! – Alice disse e por um momento eu petrifiquei. Eu ia gaguejar, isso não iria dar certo. – Comece, por favor. – ela disse e ajeitou sua postura para que não lhe doesse as costas de ficar sentada no chão.
- Se eu errar ou gaguejar, por favor não ria.
- Não vou, prometo.
Li as duas primeiras páginas, nas quais ela sempre comentava alguma frase e isso ia me empolgando a continuar. Mas o sinal tornou a tocar e estragou nosso momento.
- Temos um período vago hoje, poderíamos continuar depois? – a esperança de um tempo calmo ao lado de Alice me aquecia o peito.
- Adoraria! Agora vamos, antes que a professora de matemática nos deixe na rua, sabe como ela é. – Alice disse e se levantou rapidamente. Ofereceu sua mão para me ajudar a levantar. E quando isso aconteceu, não pude deixar de mirar bem em seus olhos, o que a fez corar levemente e sorrir pequeno. Seguimos rapidamente para sala e por um segundo não ficamos para fora.
E então continuo essa hora do conto ou paro aqui e passo o trabalho da nota final para vocês? – perguntei para minha classe.
- Continua “sor”, pelo amor do pai! – uma aluna se manifestou e foi seguida dos outros para pedir que eu continuasse. – Queremos saber o que vai rolar com o seu eu jovem e a menina Alice! – ela parecia realmente empolgada.
- Ok! Vamos continuar então!
Colégio Martines, segundo ano. Novembro de 2001
Gostaria de dizer que estou feliz em entrar em férias, que desta vez não reprovei, conseguirei passar direto e que, se Deus quiser, ano que vem eu me formo. Mas isso significa que ficarei longe de Alice nesses meses, sem nossos encontros, suas risadas e falatório entre uma leitura e outra, realmente aquele jardim esquecido da escola virou nosso lugar. Ainda continuamos com a saga de Harry Potter, agora estávamos no terceiro livro. Era mais um daqueles dias de sorte que ficávamos com um período vago e Alice repousava sua cabeça em meu ombro acompanhando minha leitura, mesmo que eu estivesse lendo em voz alta. Finalizei a página e percebi que ela não estava mirando as letras na página que eu acabara de ler e sim, olhava pra mim. Acho que ela não esperava que eu a pegasse no flagra.
- Ei. – exclamei. Deixei meu livro de lado e busquei seu olhar, com o dedo indicador levantei seu queixo, assim erguendo seu rosto para que me olhasse. – Talvez, eu tenha demorado demais para fazer isso. Mas agora, já chega de perder tempo. – dito isso tomei coragem e a beijei.
O beijo pegou-a de surpresa, mas ela se entregou ao nosso doce momento. Nada de beijo desentupidor de pia, apressado, era aquele clima de primeiro beijo, de carinho, eu poderia tocar as nuvens naquele exato momento. Ela cortou o beijo e se levantou, ficando de costas.
- Me desculpe, acho que não deveria ter lhe beijado. Er... – minha mente deu um branco e travou. Vamos Bernardo, joga as cartas na mesa, logo! – Olha Alice, eu gosto de você já tem um tempo e me desculpe se te ofendi, ou passei da conta. Juro que não foi minha intenção. – então ela se virou e sorriu pra mim e se aproximou.
- Sabe, você fica fofo nervoso. – O QUÊ? Alice sabia dos meus sentimentos? Ela sentia o mesmo por mim? Eu era um poço de nervos e dúvidas. – Espero um momento assim desde que começou a ler em voz alta pra mim. Não peça desculpas, está tudo bem e eu gostei. – novamente ela sorriu e me abraçou.
- Então podemos namorar? – eu nem medi minhas palavras, apenas saíram. Agora que Alice corre de mim, só nos beijamos uma vez e eu já quero namorar em uma época que todo mundo só fica.
- Por mim, tudo bem. – ouvindo ela dizer que aceitava namorar comigo, me fez sorrir feito um bobo. Eu tinha uma namorada e era a menina por quem eu estivera apaixonado nesses dois anos. Acho que minhas férias não seriam mais solitárias.
- Gente, o professor era romântico! Ai, que príncipe. O Senhor tem filhos? Me apresente. – uma das minhas alunas comentou e arrancou gargalhadas dos colegas.
- Corrigindo, eu sou romântico! Meu único filho já é comprometido, senhorita Gonçalves. Sinto em lhe falar. – disse. – Vejo que estão empolgados com minha história sobre meu amor da adolescência. Estão conseguindo entender como quero as apresentações dos trabalhos? Nada de contar ao seco, quero sentimentos. Literatura é arte não uma coisa robótica. - Ouvi um “sim, professor” e prossegui com a história, que agora ficaria um tanto melancólica.
Colégio Martines, terceiro ano. Março de 2002
Essas férias foram as mais incríveis da minha vida! Estou dizendo isso porque visitei os pontos turísticos do Brasil? Não. Estou dizendo isso porque viajei para o exterior? Também não. Estou dizendo isso por passar as férias lendo no quintal da minha casa com a Alice. Bom, e namorando também. Como diz o Gus, personagem de um dos livros que lemos e que até tem um filme sobre, que inclusive assistimos nas férias: “Estou em uma montanha-russa que só vai para cima, amigão.” Agora estamos voltando para escola e enfim cursar o terceiro ano e nos formar. Para esse ano Alice estabeleceu que leríamos mais livros sobre fantasia e romance, já que era o que me prendia mais a leitura e ela gostava bastante.
- Estou chateado que nos colocaram em classes diferentes, bem no último ano. – sério, eu estava muito irritado com isso.
- Eu vou estudar na sala do lado, não faça drama, ok!? – Alice disse e ficou na ponta dos pés para me dar um selinho e seguir pra sua sala.
- Nos vemos no intervalo. – a deixei ir e sorri pra ela.
As coisas estavam indo bem entre nós dois, mas não podia negar que Alice andava estranha, muitas vezes ficava distraída nas nossas leituras e ela não era assim. Agora era raro termos períodos livres que coincidissem com nossos horários, visto que eu era de uma turma e ela de outra. Não sei se para meu azar ou sorte, hoje coincidiu de termos períodos vagos no mesmo horário e claro que fomos para o jardim da escola. Alice foi ao banheiro e deixou sua mochila comigo, abri para pegar seu caderno e escrever uma mensagem na capa quando um papel caiu de dentro do caderno.
“Documentos necessários para transferência.” O que? Alice vai sair da escola? Mas por quê? É o terceiro ano! E nós?
Alice retornou e arregalou os olhos quando viu que eu estava com o papel na mão.
- O que significa isso? Você vai embora? Quando ia me dizer? – minha cabeça estava rodando.
- Calma! Eu ia te dizer no momento certo. – Alice tinha uma expressão triste, eu nunca vi essa expressão antes.
- Então, agora me explica o que está acontecendo.
- Meu pai, conseguiu uma grande chance de emprego no exterior e nós vamos nos mudar daqui a dois meses. – ela disse e ficou olhando para os seus pés. Algo me dizia que ela queria chorar.
- Fora do país? Definitivo? Mas e seus planos de cursar artes na maior faculdade do Estado? Mas.. – Eu teria que me afastar dela? Era isso?
- Minha vida será no Canadá. Já conversei com meus pais sobre viver com a minha avó por aqui e ir visitá-los sempre que puder, mas foi tudo inútil. Eles já tem tudo certo. Onde vamos morar, minha escola, possíveis universidades, eles tem TUDO pronto. – Alice disse e fungou.
- Por favor não chore. – a puxei para meus braços e a abracei apertado. Isso não poderia estar acontecendo. – Podemos dar um jeito. Namoros à distância existem aos montes.
- Não será possível continuarmos com essa relação. Meu pai, ele tem outros planos pra mim. – Alice disse e se soltou do meu abraço.
- O que quer dizer com isso? Vai me dizer que ele te comprometeu com outra pessoa como nossas gerações passadas faziam? – ri fraco, mas foi de nervoso.
- Claro que não! É só que, indo morar no exterior, terei oportunidades que aqui nunca terei. E se eu continuar com você, não estarei livre para focar no que sempre quis. E nem você, entende? – ela segurou minhas mãos e continuou. – Eu sempre gostei de você, de estar com você. Mas o quão maçante seria eu estar lá e você aqui? Te amo e não quer transformar nossa história num drama.
- Olha pra mim! – segurei seu rosto entre minhas mãos. – Vamos namorar a distância sim e vamos aproveitar esses dois meses como nunca antes, entendeu? – Alice suspirou e assentiu.
Aqueles dois meses foram tão bem aproveitados, eu vivia cada dia como se fosse o último, ao lado dela. Era como se tivéssemos em uma bolha, isolados do mundo e que nada nem ninguém podia nos separar. E então chegou o dia que eu menos esperava, o dia que ela iria pra longe, eu não pude fazer nada. Até tentei conversar com o pai dela, mas nada adiantou. Tudo havia sido decidido. Mas eu ainda tinha o fio de esperança que mesmo longe poderíamos ficar juntos.
- Eu preciso ir. Você vai ficar bem, sim!? – ela dizia enquanto eu via seus olhos marejados.
- Eu tentarei. Não quero que vá. – a puxei para os meus braços como se aquilo fosse resolver alguma coisa.
- Bernardo... – ela se afastou um pouco para me olhar, ficou na ponta dos pés e me beijou. Nosso beijo doce de despedida. E com um longo selinho ela desgrudou seus lábios dos meus e eu senti um buraco se formando em meu peito. – Tome. Quero que fique com ele. Eu sempre estarei com você, toda vez que olhar para ele. – era o anel que ela nunca tirava, o qual me lembro perfeitamente de observá-la por tantas vezes brincar com ele em seu dedo.
Ouvimos uma buzina, era o táxi com seus pais, a estavam chamando, era hora de ir para o aeroporto.
- Não esqueça, que meu primeiro amor, o meu amor sempre será você. – dito isso, depositei um beijo em sua testa, nos olhamos mais uma vez e ela se distanciou, entrou no carro e foi embora. E eu fiquei lá, com lágrimas molhando meu rosto e sabendo que aquela minha história de amor teve seu ponto final. Algo me dizia, que tudo isso tinha uma inverdade. Havia algo que ela não me contou e talvez eu nunca saiba.
- Professor, pelo amor de Deus! Que triste um amor tão fofo acabar assim. Garota ridícula, não quis lutar e superar obstáculos para ficarem juntos. – minha aluna parecia indignada. No seu lugar também estaria, se não soubesse anos depois o que realmente levou Alice a tomar tal decisão.
- É a vida, senhorita Mendes. A vida toma rumos diferentes dos que traçamos no início. Repassando! Entenderam o trabalho que deve ser entregue e apresentado?
- SIM! – todos responderam.
- Semana que vem passarei o cronograma para seguirmos com o trabalho! Vamos dividir, para que dê tempo de todos compartilharem suas histórias. Estão dispensados.
Estava arrumando minha mala, quando decidi dar um pulo no jardim, fazia anos que não ia lá. Chegando lá, como eu havia pensado, o jardim estava mal cuidado, nem de longe era o lindo lugar de Alice. Peguei a corrente que carregava o anel que ela me deu há anos como pingente, com um suspiro, olhei pro céu e disse:
- Eu sinto sua falta. Mas sou imensamente grato por ter me ensinado a amar e fazer com que minha paixão pelos livros, que veio através de você, possa ser meu trabalho e que eu possa inspirar pessoas com nossa história. Triste, mas que eu considero, ter sido o tempo certo para ser inesquecível.
Soube mais tarde que Alice sofria de uma doença rara e ter ido para o Canadá foi sua única chance de sobreviver, mas infelizmente, minha doce Alice se foi e eu fiquei com as lembranças que me aqueciam o coração e me ajudaram a superar sua partida. E seu gesto de me poupar me revoltou no começo, eu andava pelas ruas sem rumo, deprimido, mas depois de um tempo compreendi que ela queria que nós continuássemos a ser os mesmos em nossos corações.
“E você, já viveu um grande amor que mesmo que não tenha sido possível vivê-lo com um felizes para sempre, conseguiram deixar em si mesmos, marcas de felicidade que jamais serão esquecidas?”