MV: You In Me

Última atualização: 14/02/2018
Music Video: Kard - You In Me

Capítulo Único


Eu encarei meu quarto e respirei fundo. Meu coração disparou e meu corpo ficou mole; a sensação de encarar aquela cama que já tinha sido meu ninho de amor me deixou com náusea, saber que ali eu vivi momentos inesquecíveis, vivi os melhores anos da minha vida com a pessoa que eu amava. Aquele quarto que presenciou juras de amor e promessas de uma vida juntos, promessas de que tudo sempre estaria ali, que tudo sempre ia se encaixar perfeitamente.
Mas promessas foram feitas para serem quebradas, e você quebrou todas as que me fez, você destruiu todos meus sonhos, acabou com toda a esperança de um presente e de um futuro juntos. Você, que eu tanto amei, que eu dediquei anos da minha vida, fui sua esposa perfeita. Eu estive do seu lado quando você passou pelos seus demônios, eu estive ao seu lado quando tudo que você tocava a mão virava pó. Eu que te apoiei nas suas escolhas, eu que me escondi do mundo por anos para que você vivesse seu sonho, eu que te apoiei mesmo vendo todas aquelas garotas agarradas a você, porque você prometeu me amar e nunca me abandonar.
Eu te entreguei minha vida e você me deu as costas. Será que não consegue enxergar como você me machucou? Eu te entreguei meu coração e você o esmagou com suas palavras afiadas, você o dilacerou com suas ações. Será que você não enxerga que meu único erro foi te amar? Meu único erro foi me entregar a você, te pôr em um pedestal e beijar seus pés. Você me deu uma vida só para arrancar tudo de mim com seu coração de gelo.
Você lembra quando dizia que meu amor era o bem mais precioso que você tinha? Quando isso mudou? Quando você começou a achar que nosso relacionamento foi feito para chegar ao fim?
Eu te amei como ninguém, te dei carinho, paixão, segurança, estabilidade, um filho. Eu carreguei o fruto do nosso amor por meses, você prometeu a nós dois que nunca nos abandonaria. A vida o tirou de nós e você jurou não me abandonar. Por que você sempre faz promessas que não pretende cumprir?
Eu estou olhando para você sentado no sofá agora, encolhido como se estivesse envergonhado, mas eu sei que você não está, eu sei como você está com raiva por ter que passar por todo esse processo de separação. Mas você acha mesmo que eu iria deixar você sair ileso dessa?
Nosso amor foi perfeito aos olhos da mídia, mas a perfeição não pôde manter este amor vivo. Você acabou de sorrir para o meu pai e dizer que eu não poderia ter te amado melhor, mas não foi o suficiente? Eu estive por doze anos ao seu lado, eu fui sua estrutura e sua musa inspiradora. E hoje eu sou apenas o seu antigo amor?
A vida é feita de escolhas. Você me deixou no escuro por meses, deixou-me pensar que era uma fase, deixou-me achar que você estava passando por outra onda depressiva na sua vida, e eu ainda me mantive ao seu lado, sorrindo para as câmeras, acenando e engolindo tudo que jogavam sobre nós. Você jogou a culpa em mim, culpou meu amor, culpou minha dedicação, eu sinto muito, mas você é o culpado, você.
Eu sinto muito por você ter me visto assim, quebrada. Mas a culpa disso é sua. Você costumava dizer que estava sozinho até me encontrar, mas e agora? Agora você vai me abandonar?
Amor, eu sinto muito por isso, mas eu nunca seria capaz de te deixar partir, não seria capaz de te ver nos braços de outra. Eu não sou forte o suficiente para te ver escapar pelos meus dedos. Sua decisão espelhou a minha, você me fez dependente do seu amor, você me fez essa pessoa doente por você. Logo eu que sempre tive meu amor próprio em primeiro lugar.
Você não vê o que está acontecendo bem embaixo dos seus olhos? Você não me vê morrendo enquanto você me deixa? Você não sente a vida esvaindo-se do meu ser sempre que me olha com seus olhos frios, os mesmos olhos que me aqueciam e revelavam sua alma para mim. Você me matou por dentro, quebrou cada pedaço do meu ser.
E você acha mesmo que vai sair rindo dessa? Você acha que tudo que fiz por você vai ficar assim?

Três dias depois…
Sentei no sofá e encarei a porta da sala. O silêncio era mortal.
Eu fiz minhas escolhas e sabia que tudo estava em seu devido lugar agora. Meu amor estava ao meu lado, e tudo estava devidamente perfeito. Bebi um pouco do vinho em meu copo, olhei na direção da escada e sorri.
Meu corpo formigou de alegria ao ver meu marido descer as escadas, carregando o cesto de roupas. Ele vestia apenas uma calça jeans, e a visão de seu corpo definido me deixou totalmente alerta de sua presença.
– Já terminei com suas roupas, querida. – sorriu e sentou à minha frente. – , eu estou começando a ficar tonto novamente.
Eu me levantei e o ofereci um pouco do vinho que eu tomava, ele me olhou por um segundo e suspirou, pegando a taça da minha mão.
. O homem que roubou meu coração e o fez seu, aquele que jurou me amar.
– Quando isso vai acabar? – ele perguntou, levantando da poltrona e segurando meu rosto em suas grandes mãos.
– Não vai, querido, ainda temos cerca de três frascos do antídoto. – sorri e segurei seus braços. – E, quando isso acabar, vamos honrar nossos votos de casamento.
Ele fechou os olhos e eu sorri.
– Na saúde e na doença. – beijei seu maxilar e subi os beijos para sua bochecha. – Na riqueza e na pobreza. – fiquei na ponta dos pés e encostei meu nariz no seu. – Por todos os dias das nossas vidas. – sussurrei e ele agarrou meu cabelo.
– Até que a morte nos separe, vadia. – me beijou e eu sorri contra sua boca.
Ele me odiava, eu sentia todo seu ódio por aquele beijo. O jeito como ele segurava meu pescoço e a forma como mordia meus lábios mostrava que seu maior desejo era me ver sofrer. sabia que, se não jogasse meu jogo, sua vida chegaria ao fim. Ele sabia que sua vida estava nas minhas mãos, e ele me odiava por isso.
Arranhei suas costas nuas e ele gemeu, mordendo-me novamente em seguida. Suas mãos desceram até minha bunda e ele a agarrou com força, fazendo-me arfar.
– Você deveria ter sido safada assim quando éramos casados, talvez eu não tivesse enjoado tão fácil. – eu ri dele e cravei minhas unhas em sua nuca.
– Nós ainda somos casados. – chupei seu pescoço e ele me empurrou contra a parede com força.
– Eu odeio você. – colou seu corpo no meu e uma de suas mãos prendeu meu pescoço com força.
– Você pode me odiar à vontade enquanto me fode. – sussurrei e ele soltou meu pescoço.
puxou minha camisola para fora do meu corpo e me encarou completamente nua na sua frente.
– Você dá muita sorte de ser gostosa. – ele colou a boca em meu pescoço e apertou meu seio direito. – Porque você é louca.
– É, eu sei disso, e a culpa é toda sua. – abri sua calça jeans e a empurrei para baixo. – Agora cala sua boca.
Ele voltou a me beijar e eu retribui. puxou minhas pernas para sua cintura e eu rocei em seu membro por cima da cueca que ele vestia. Eu senti meus olhos se encherem de lágrimas e não aguentei segurar, meu corpo tremia enquanto ele distribuía beijos por todo meu pescoço. Eu odiava que tudo aquilo fosse necessário, eu só queria amor, eu só queria que ele me amasse e estivesse sempre comigo.
enfiou seu dedo dentro da minha intimidade e eu arfei sôfrega. Meu corpo respondia aos estímulos feitos por ele, mas minha mente só conseguia me dizer que o que eu estava fazendo era horrível, minha mente me mostrava que eu era um lixo de pessoa. Gemi quando ele massageou meu clitóris e apoiei meu rosto na curva do seu pescoço.
se desdobrou e me penetrou logo depois de abaixar a cueca.
Eu voltei a chorar e ele apertou mais ainda seu domínio em minhas coxas.
– Eu sinto muito. – sussurrei em seu ouvido e ele riu.
– É tarde demais para lamentar por suas escolhas. – ele continuou a me foder. – Você matou nós dois, você nos condenou a essa vida de merda, agora aguente as consequências.
me encarou e eu me desfiz em seus braços quando o orgasmo me atingiu, ele continuou estocando dentro de mim e, logo em seguida, seu próprio orgasmo foi anunciado.

Dois anos antes…
, você pode, por favor, atender esse telefone! – falei, enquanto lavava a louça.
levantou xingando do computador e caminhou, arrastando-se até o telefone.
Nos últimos meses, nossa vida era assim. Eu fazia plantões noturnos no hospital, trabalhava em seu novo CD na frente do computador 90% do tempo, e nós dois nos dividíamos para dar amor e atenção ao , nosso menino de apenas dois anos, durante às tardes.
– Alô? – coçou o rosto e escutou o que falavam do outro lado da linha. – Isso mesmo.
ficou em silêncio e eu o encarei, secando minhas mãos na calça jeans. Seu rosto ficou inexpressivo e ele se apoiou na parede, respirando fundo.
– O que aconteceu? – aproximei-me dele e ele esticou o braço, puxando-me contra seu corpo.
– Okay, eu estou a caminho. – falou com a voz embargada e eu comecei a tremer.
– O que aconteceu, ?
– A van do se envolveu em acidente, eles precisam que levemos os documentos dele. – me soltou e eu o encarei, confusa.
– Como assim? , como o está? – indaguei, seguindo-o pela casa, enquanto ele subia em direção ao nosso quarto.
– Eu não sei! – ele trocou o casaco e me jogou um sobretudo. – Pegue roupas quentes para o e os documentos dele, rápido! Vou esquentar o carro.
saiu correndo escada abaixo e eu peguei minha bolsa, seguindo em direção ao quarto do meu menino. Arrumei algumas roupas quentes e corri escada abaixo até a garagem.
segurou minha mão quando entramos no hospital e eu reconheci alguns pais de outras crianças que frequentavam a mesma van que .
– Vou até a recepção, tenta descobrir alguma coisa com os outros pais. – se afastou, indo até a recepção do hospital.
Caminhei até o grupo de pais reunidos e me aproximei devagar. Meu corpo tremia e minha visão estava um pouco embaçada pelas lágrimas.
– Oi, alguma notícia? – abracei uma das mães que chorava e ela se desfez em meus braços.
– Ainda não. Disseram que encaminharam todas as crianças à emergência e que, quando tiverem notícias, chamarão os pais aos poucos. – um dos homens que estava encostado na parede respondeu, calmo.
– E não deram nenhuma notícia? Não é possível! – comecei a perder o pouco de controle que eu estava mantendo até o momento.
– Fiz a ficha dele. – me abraçou por trás e eu me aconcheguei em seus braços.
Duas horas se passaram e nenhuma notícia foi dada. Nós já tínhamos tentado de tudo. A recepção do hospital estava lotada, o acidente em que a van tinha se envolvido era um engavetamento que fez cerca de quarenta vítimas. Os familiares e amigos de todos envolvidos no acidente lotavam toda a entrada do hospital, e eu já não conseguia manter a calma.
estava do nosso lado, dando apoio ao e a mim. Eu já tinha chorado e gritado com algumas enfermeiras, clamando por informações sobre o meu bebê, mas nada era informado.
– Eu não aguento mais esperar! – murmurou, agarrando-se ao meu corpo trêmulo, e o abraçou de lado, tentando passar sua solidariedade.
– SENHORAS E SENHORES, AQUI EU TENHO UMA LISTA COM O NOME DOS ENVOLVIDOS DO ENGAVETAMENTO E SUA SITUAÇÃO ATUAL. PEÇO QUE TENHAM CALMA E SIGAM NA DIREÇÃO INDICADA AO LADO DO NOME DE CADA PACIENTE. AQUELES QUE O NOME NÃO CONSTAR NA LISTA, PEÇO QUE AGUARDEM MAIS ALGUNS MINUTOS. – uma enfermeira disse alto e todos se movimentaram em direção à lista.
– Deixa que eu vou olhar. – me soltou e se enfiou no meio da multidão que cercava o papel com as informações.
Meu corpo tremia e me abraçou, tentando me acalmar.
As pessoas foram se dispersando pelos corredores do hospital e caminhou em nossa direção, passando as mãos pelos cabelos.
– O nome dele não está na lista. – eu voltei a chorar e ele me puxou para os seus braços, acariciando meus cabelos. – Vamos esperar. Vai ficar tudo bem, amor.
Meu coração doía e eu sentia cada célula do meu corpo derreter sem as notícias sobre meu filho. tentava se manter calmo, mas suas mãos tremiam em minhas costas e sua respiração era irregular.
Dois casais se aproximaram de nós e eu os reconheci sendo pais de dois coleguinhas de .
– O nome do filho vocês também não estava na lista? – perguntou, cumprimentando um dos homens à nossa frente.
– Não, espero que deem notícias logo, não aguento mais de angústia. – a mulher loira à minha frente falou, agarrando-se ao marido.
Uma enfermeira morena caminhou na direção em que eu e os outros familiares estávamos e nós nos aproximamos dela, angustiados.
– Você tem notícias sobre meu pai? – uma garota ruiva perguntou e a enfermeira engoliu em seco.
– Eu gostaria de dizer que eu sinto muito por dar esse tipo de notícia a vocês. – ela disse e eu me agarrei ao braço de . – Nessa lista estão os nomes das vítimas fatais do acidente. Eu sinto muito mesmo.
A enfermeira pregou a lista na parede e, em seguida, uma série de gritos foram escutados, choros incessantes e caos se espalharam rapidamente. e eu nos aproximamos da lista, agarrados um ao outro na esperança de que Deus não faria aquilo com nossa família, na esperança de que nosso menino estivesse bem e apenas aguardando-nos para que fôssemos para casa.
começou a passar o dedo pela lista e eu o acompanhei com os olhos até que meu mundo desmoronou.
.
Meu menino estava morto.
Senti meus joelhos tremerem e minha visão escureceu por alguns segundos. me segurou mais forte pela cintura e eu me permiti ser segurada por ele.
– Eu quero ver meu filho. – falei, indo na direção da enfermeira.
– Senhora, nós vamos liberar a entrada assim que possível. – ela falou calmamente, tentando ser o mais sensível possível, mas naquele momento nada podia amenizar a dor em meu coração.
– EU QUERO VER MEU FILHO! – gritei e tentei passar pela porta da emergência. – . SOLTE-ME, EU QUERO MEU FILHO. – debati-me nos braços de , que tentou me segurar e me acalmar. – É O MEU MENINO QUE ESTÁ LA DENTRO, SOLTE-ME!
! – me pegou dos braços de e eu encarei seu rosto inchado. – Fica calma, por favor.
– O meu menino, , eu preciso ver o meu menino. – ele segurou meu rosto e escorregou até o chão, mantendo-me em seus braços. – É mentira, ele não pode ter morrido, eles não podem ter tirado meu menino de mim.
– Eu sinto muito. – enfiou o rosto no meu pescoço e nós choramos juntos.

Atualmente…
– O que você acha que destruiu nosso relacionamento? – perguntei, mordiscando outro pedaço de carne e engolindo-o lentamente.
– Você quer a lista completa? – riu e bebericou o vinho em sua taça. – Você se transformou em uma pessoa impossível de conviver. – ele deu de ombros e eu ri.
– Eu perdi meu filho, , o que você esperava? – ele revirou os olhos e me encarou, sério
– Eu também perdi meu filho, e Deus sabe o quanto isso destruiu minha alma, mas eu não me transformei nessa pessoa fria que você se tornou. – ele apoiou os braços na mesa e me desafiou com os olhos. – Você virou um monstro.
Eu ri e ele me olhou sério. Meu corpo tremeu em uma gargalhada maior e eu revirei os olhos, encostando-me na cadeira.
– Você só pode estar brincando comigo. – falei e virei o resto do meu vinho. – Você virou a pessoa mais fria do universo depois que se foi. Você me largou sozinha enquanto eu sofria pela morte do meu filho!
– Nosso filho! E se você não se lembra, você quis que eu ficasse longe, você me afastou, . Se você ficou sozinha, a culpa é toda sua. – Ele bateu a mão na mesa e os pratos tremeram em cima da mesma.
– EU ESTAVA SOFRENDO! – gritei, levantando-me.
– E EU TAMBÉM! EU TAMBÉM ESTAVA DE LUTO! – levantou, jogando a cadeira longe de seu corpo.
– Você não devia ter me abandonado, sua obrigação era estar ao meu lado! – falei, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto e minha garganta arder. – Você é meu marido e tinha que me apoiar!
– Eu te apoiei! Quem você acha que cuidou de você toda vez que você bebeu até ficar inconsciente? Eu sempre estive aqui por você, e você nem se quer reconhece isso!
– Você me traiu!
– EU NUNCA TE TRAÍ, PORRA! DEPOIS DA MORTE DO VOCÊ FICOU LOUCA! EU NUNCA NEM SEQUER PENSEI EM TE TRAIR! – ele tomou fôlego e continuou. – A ÚNICA COISA QUE EU FIZ DEPOIS QUE O MORREU FOI TENTAR TE MANTER SÃ! E QUANDO VOCÊ ME FEZ DESISTIR, EU SÓ TENTEI VIVER A MINHA VIDA!
– Eu senti você me abandonar! Eu não sou louca! – sentei-me na cadeira e segurei meus cabelos, puxando-os, tentando fazer o inferno em minha mente passar.
– Você é sim! Você deixou o luto te consumir e preferiu me transformar no vilão da sua estória, mas sua própria mente foi quem destruiu nosso relacionamento. – agarrou minhas mãos e me puxou para perto do seu corpo. – Você tentou convencer a si mesma que eu tinha destruído nossa relação, de que eu era o monstro traidor, mas, querida, foi você que fez tudo isso, foi você que desistiu de nós dois.
Eu me afastei dele e caminhei para a sala, joguei-me no sofá e deixei meu corpo afundar no desespero que me consumia. se aproximou e sentou na poltrona à minha frente. Ele se esticou, pegando o porta-retratos de cima da mesinha, e o encarou, sorrindo.
– Nós éramos o casal perfeito. Eu sempre entendi que eu deveria te dar seu espaço para pôr sua mente no lugar. Eu vi você se afundar no luto, e eu te juro que tentei de tudo por nós dois. – ele suspirou e fechou os olhos, encostando a cabeça no encosto da poltrona. – Eu nunca pensei em te abandonar, porque isso seria uma atitude horrível. Eu escolhi te amar, e eu sabia que era errado te deixar mesmo quando você já não ligava para minha existência. Você me culpa por tudo que você tem passado, mas a culpa não é minha.
– É sim, a culpa é toda sua!
– Não é não. Você quis continuar indo aos eventos que eu era obrigado a ir e depois gritava comigo, dizendo que eu não respeitava seu momento. , eu largaria tudo por você, mas você não quis, e, agora que eu decidi seguir em frente, você simplesmente decidiu que o melhor a se fazer é dar fim a nossas vidas!
– EU SÓ QUERO NOSSA FAMÍLIA UNIDA DE NOVO. – gritei, levantando, e ele gargalhou. – Você não pode me culpar por tentar!
– Você acha mesmo que vai para onde o está? Amor, você vai direto para o inferno depois do que você fez. – eu levantei e caminhei com raiva até o armário em que eu escondia os antídotos necessários para evitar o veneno de tomar conta dos nossos corações. – Que porra você está fazendo?
caminhou apressado em minha direção e eu destranquei o armário, pegando o pequeno frasco com o líquido azul. Virei-me na direção de e ele me olhou, confuso.
, o que você está fazendo? – ele se aproximou e eu sorri, tomando a decisão mais difícil da minha vida.
– Dentro desse frasco tem o antídoto certo contra o veneno nos nossos corpos, e eu tenho um jogo para propor a você. – falei, aproximando-me, e colei meu corpo ao seu. – Você já deve estar sentindo os efeitos do veneno novamente. Eu não quero que você me odeie, . Eu amei você por tempo suficiente para acreditar quando você diz que tentou de tudo por nós, eu acredito que eu cedi totalmente ao luto e transformei nossas vidas nessa merda que ela está.
– O que você vai fazer? – ele perguntou, aproximando-se e segurando meu rosto. – Nós podemos ir até um hospital, , eles vão saber o que fazer e ambos vamos ficar bem. Eu vou procurar um ótimo médico para você, e juntos nós vamos sair dessa. – eu sorri para ele e o abracei.
– Roleta-russa. – sussurrei e ele me afastou do seu corpo assustado
– Você está zoando com a minha cara. – se afastou, passando as mãos pelos cabelos, e eu caminhei até a gaveta onde eu sabia que a arma registrada no nome dele ficava.
Peguei-a, verificando o número de balas, e esvaziei, deixando apenas uma. me encarou e eu tentei passar convicção para ele. Meu corpo tremia, e eu destravei a arma em minhas mãos e a apontei na direção dele.
– VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO. – veio em minha direção e o cano da arma ficou em seu peito. – Acaba logo com isso. – eu respirei fundo e fechei meus olhos. – ANDA, ACABA COM ESSA PORRA LOGO!
– Eu te amo. – sussurrei e ele riu.
– Atira logo!
Apertei o gatilho e o silêncio tomou conta da sala. Minha respiração e a dele estavam aceleradas, e eu tranquei a respiração, agarrando-me ao corpo dele. ficou em silêncio e me segurou, apertando nossos corpos um contra ao outro. Minha visão estava turva e eu senti meus joelhos começarem a falhar.
– Nós vamos ao hospital, e tudo vai ficar bem. – sussurrou e eu me agarrei a ele. – Eu vou cuidar de você.
Tudo começou a ficar lento ao meu redor e eu sorri. A arma entre nossos corpos agora estava apontada para mim, e eu não pensei duas vezes em puxar o gatilho.
O barulho do disparo fez tudo ficar mais real. A dor trouxe todo meu instinto de sobrevivência à tona e eu me agarrei aos braços de , que xingava, tentando se manter em pé quando seu corpo também cedia aos efeitos do veneno em sua corrente sanguínea. Ele se arrastou até o sofá e sentou, colocando-me em seu colo, enquanto pressionava a ferida em meu estômago.
– Vai ficar tudo bem. – ele beijou minha testa. – Eu vou cuidar de você.


Epílogo


Encarei a fachada azul a minha frente e sorri, calmo. Meu coração e mente estavam tranquilos enquanto eu caminhava pelos corredores brancos e amarelos daquele lugar. Eu me sentia leve por finalmente estar ali com boas notícias, por estar ali sem que meu coração doesse a cada despedida.
Eu sorri, sentando-me na sala de espera, e fechei meus olhos, lembrando-me dos acontecimentos de três anos atrás, do desespero que senti quando vi os paramédicos invadirem minha casa e arrastarem o corpo sem vida da mulher que eu amava dos meus braços. Lembrei-me da sensação sufocante que senti até que pude ter todo o antídoto correndo em meu corpo, fazendo-me sentir apenas a necessidade de ter notícias sobre como minha prioridade. Eu sorri mais ainda quando o médico chamou pelo meu nome e me acompanhou até o quarto em que estava sentada na cama, sorrindo para mim.
– Fico feliz de ver vocês indo embora juntos. – O médico ao meu lado falou e eu o encarei. – Eu estava de plantão no hospital do centro quando vocês chegaram há três anos, e quando veio transferida para cá, eu fiz questão de cuidar do caso dela. Fico feliz que agora vocês vão poder seguir em frente e serem felizes.
– Eu agradeço por tudo que o senhor fez por ela. Obrigado por ter cuidado tão bem da minha mulher. – apertei sua mão em cumprimento e ele sorriu, despedindo-se de , que ainda estava sentada na cama.
Eu me encostei no batente da porta e a encarei, sorrindo. Seus cabelos estavam longos e muito escuros, seus olhos tinham um brilho que eu não via há muito tempo. Ela umedeceu os lábios e abriu o sorriso brincalhão pelo qual eu me apaixonei quinze anos atrás.
– Obrigada por não desistir de mim. – ela levantou, alisando o vestido azul em seu corpo, e eu pisquei para ela.
– Pronta para voltar para o mundo real?
– Você vai estar ao meu lado? – ela perguntou suavemente.
– Sempre. – segurei suas mãos e joguei sua mala em meus ombros.
Puxei seu corpo de encontro ao meu e nós caminhamos para fora do Instituto de psiquiatria que ela tinha ficado internada nos últimos anos.
– Então eu estou pronta para tudo.


Fim.



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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