Fairytales Are True
História por Raíssa Farias | Revisão por Sofia Queirós


A tarde estava linda, o céu estava perfeito, as flores do campo embelezavam o bosque deixando-o mais colorido, o bosque "deles". As árvores faziam sombras enormes, e encostada numa delas havia uma menina sentada com as pernas cruzadas, nitidamente impaciente.
balançava a perna para cima e para baixo, apoiando a cabeça em um braço e uma cara de emburrada. Esperava seu melhor amigo, que pela primeira vez em anos estava atrasado. Ele nunca atrasara, e isso a preocupava. E também irritava, afinal ela odiava esperar, odiava se atrasar, odiava tudo que não estava "dentro dos horários". E ele sabia, sempre fazia de tudo para não irritá-la.
Ela olhava para a fronteira dos reinos co-irmãos na esperança de vê-lo chegar cavalgando e lindo como sempre. Com aquele sorriso que fazia todas as plebéias suspirarem. Ele nunca atrasara, argh, aquilo estava acabando com ela.
Nem quando era apenas um principezinho. E sonhava com o dia que se tornaria um rei. Ele prometia pra todos que seria melhor que seu pai. Nada com que ela se preocupasse, nem a deixasse eufórica, afinal essa coisa de governar reinos era com os rapazes.
Também não atrasou quando começou a amadurecer, e começou a zanzar pelos dois reinos junto com Zeus, seu cavalo. E continou não atrasando...
Até hoje.
Pelo menos eles não tinham barreiras para a amizade. Seu pai, o Rei Wilhelm, era muito amigo do pai dele, o Rei Frederick. Os reinos viviam em harmonia, era como se QUASE fossem um só.
Logo ia escurecer, e mais ela se preocupava. Ela nunca viu o crepúsculo sem estar com ele, não que ela lembre. Se ela não estava com ele, é realmente algo bem insignificante para ser lembrado, certo?
Então ela ouviu um barulho de galopadas entre as árvores. Levantou-se ansiosa e ficou esperando algo sinistro, talvez ele estivesse machucado ou gravemente ferido, ou sei lá, talvez até algo pior. Mas não, ele apenas estava com cara de tacho.
Nem aquele sorriso ele tinha no rosto.
- Muito bonito, Sir. . – disse cruzando os braços e fazendo carinha de brava.
- Me perdoe, senhorita. – ele disse, descendo do Zeus e sentando no lugar que antes sentara. A menina, por sinal, estranhou a formalidade de como ele a tratou.
- , o que foi? – ela perguntou. Sentou-se de frente para para poder encará-lo.
- Nada. – ele apenas disse balançando a cabeça negativamente.
- , eu te conheço... Não me venha com essa historia de "nada"! – a menina falou.
- Sabe o que aconteceu, ? SABE? A pior coisa que poderia acontecer! – ele falou, deixando transparecer raiva. Ele queria chorar.
Mas não na frente dela.
- Mas o quê? ... FALA LOGO, isso tá me irritando! – ela perguntou impaciente.
- Seu pai arranjou o seu noivo! – ele fez questão de pronunciar aquela palavra com desprezo. Afinal, ela não PODE casar!
- Jura? Quem? – ela perguntou horrorizada. Ela não gostaria de casar com ninguém além dele. Ninguém era mais lindo, fofo, amigo, inteligente e cavalheiro. Ele era o príncipe perfeito.
Mas ela não podia esquecer de um detalhe. Ele não havia gostado. Isso poderia significar várias coisas... Mas havia uma delas que ela tinha esperança que fosse.
- O Príncipe Caspian. – ele falou olhando para um ponto que não fosse o rosto dela. Como ela poderia casar com aquele sujeito?
- Hm, até que ele é bem bonito... – ela decidiu provocar. Deu resultados, afinal ele bufou. Ela vibrou por dentro. – Mas como você sabe?
- Seu pai está lá no castelo agora. Eu ouvi uma conversa entre ele e meu pai. Ele está marcando um jantar com as famílias e chamou a nossa. Humph, ridículo.
- O quê?
- Eu não vou presenciar essa palhaçada! – ele falou indiferente. Claro que aquilo não passou indiferente, aquilo não era indiferente, para nenhum dos dois.
- Como assim ? É o meu noivado! – falou, fingindo não acreditar. Óbvio que ela não casaria com o Caspian. Ele não era nem metade da perna do .
Mas ela estava amando toda a ceninha de ciúmes que ele armava sem perceber.
- Não interessa , e daí que é o seu noivado? Acho que é exatamente por isso que eu não vou! – ele falava sem pensar. E não se importava, afinal, ele queria mesmo era que ela soubesse de tudo.
- Nunca pensei que ouviria isso de você, . Só queria entender o porquê de toda essa grosseria comigo. – ela não queria mostrar que havia ficado chateada, mas era impossível ela esconder algo do . Ele a conhecia melhor que ela mesma. Aquela conversa estava indo longe demais.
- Desculpa . Não queria te magoar. Eu só... – será que ele estaria preparado pra falar?
- Só... ? – ela o estimulou a continuar.
- Só perdi a cabeça, foi isso! – não, ele não teria coragem. Ele não era aquilo tudo que ela pensava.
- Perdeu a cabeça, ? Ah que legal, quem tá ridículo agora é você! – ela falou perdendo a paciência. Ela levantou-se e foi para mais perto de Zeus. Não queria olhá-lo, estava chateada. Poxa, ela já não disse que não iria casar? Ok, não, ela só pensou, mas o que importa?
- , me desculpe! Eu não quis te magoar, você sabe que eu não sou assim! – se achava um idiota. A última coisa que ele queria era magoá-la.
- Sei? – ela perguntou, tentando inutilmente imitar aquela carinha que ele faz quando levanta a sobrancelha esquerda.
- Sabe? – ele fez a carinha que ela tentava fazer. Ela riu.
- Awn, não consigo brigar com você! – o abraçou apertado. Ela o amava demais.
- Nem eu. É horrível! – ele disse. Depois de uns segundos quietos, ele resolveu falar. Falar aquilo que ele já deveria ter falado há muitos anos. – ... Preciso te contar algo.
- Pode falar. – ela respondeu, soltando-o do abraço para poder olhar em seus olhos.
Ele respirou fundo, nunca havia dito aquilo para garota nenhuma tão verdadeiramente que seu estômago chegava a embrulhar.
- Eu te amo!
- Awn , eu também te amo, você sabe bem disso! - "Até mais do que você imagina!", pensou.
- Não, não desse jeito. Eu... Eu te amo! Você é mais que a minha melhor amiga, você é a garota que eu quero ver todo dia quando acordar pro resto da minha vida. Não quero que você case com o babaca do "Caspa" ou o que seja! Quero que se case comigo!
se achava um idiota. Pensou que disse as palavras de uma maneira muito rude, não é assim que uma menina gostaria de receber uma declaração de amor, é?
estava nervosa. Seu coração estava a ponto de sair pela boca e voar pelos ares – sem exageros. Ele a amava! Ele a amava!
- , eu... Eu também te amo... Desse jeito. – ela disse, timidamente.
Ele então começou a se inclinar. "OMG, ele vai me beijar!" – estava eufórica, não conseguia acreditar que o garoto que sempre sonhou, um verdadeiro príncipe, a amava! Então ele disse:
- ...
- O quê? – foi a única coisa que a menina conseguiu dizer, sua respiração ofegava.
- , acorda!
- Oi?
- O filme já acabou!
- Que filme...? – eu murmurei, manhosa, enquanto me aconchegava mais no colo de .
- O seu "filme favorito da infância"! Tão legal que você até dormiu!
- Aham, agora cala a boca que eu quero dormir! – falei imponente. Às vezes ele resmunga TANTO que parece um velho.
- Sério , daqui a pouco eu tenho que ir embora... Vamos, levanta logo daí!
- Não !
- Sério... Vou te empurrar se você não levantar!
- Tsc... Tá bom.
POW!
- O QUÊ? QUANDO? PUTA QUE PARIU , VOCÊ BEBEU? VOCÊ "DEU UMA CHEIRADA"? CARALHO MANO!
- Ei, boca suja! Tá aprendendo isso com quem, mocinha?
- Ah, toma no meio do teu...
- HEY, dá pra parar? Eu te avisei, se você não quis me ouvir o problema é seu.
- Tsc, tá, tá, tá! – Cara eu detesto ser acordada, isso me irrita, isso me deixa muito irritada e NADA melhora meu mau humor. Principalmente desse jeitinho meigo que o me acordou, own ele é um AMOR.
- Com o que você tava sonhando? – ele perguntou um pouco despreocupado enquanto mexia no celular.
Ahh, o meu sonho. O meu sonho louco e retardado que mais parece historinha dos Irmãos Grimm que qualquer outra coisa. Tá, mas o que eu falo? Eu não vou contar o que REALMENTE aconteceu, pelo amor de Deus, ele vai me achar uma louca e ainda vai descobrir o que eu realmente sinto e isso não é nada legal.
- Ah, foi uma mistura de contos de fadas e eu não sei mais o quê! Nada de mais...
- Você disse o meu nome... Eu estava nele?
- Se eu disse seu nome era porque você tava né?
Ele revirou os olhos. Ele já estava acostumado com meu mau humor por ser acordada. Por que ele SEMPRE me acordava.
- Tá, mas eu quero saber o que aconteceu no sonho.
- E se eu não quiser contar? – perguntei já ficando nervosa. Uma tática errada, pois eu sabia que ele só iria se interessar mais.
- Aí eu vou desconfiar que tenha alguma coisa a mais nesse sonho...
- Ah, eu nem lembro direito, eu sei que nós éramos dois príncipes e tal.
- Essa coisa de Barbie como Rapunzel mexeu com seu psicológico...
- Ah, e eu nem vi o filme todo... – falei com tristeza na voz. Eu adoro esse filme, fez a minha infância. E quando, como num passe de mágica, ele vai passar na TV, eu durmo.
Passe de mágica? , acorda pra vida, mulher!
- Gostou dele?
- Dele quem? – perguntou com uma cara de "HEIN?".
- , você me deixou falando SO-ZI-NHA? – falei dramaticamente.
- Não, você não tava falando nada...
- Tsc... Enfim, gostou do filme?
- Ah... Mais ou menos. Pra uma menina, ele é bem legal.
- Ah, que bom saber que você gostou! – aham, ele gostou, só não que admitir.
- Eu não disse que gostei! – ele falou ofendido.
- , eu te conheço muito bem pra saber que você gostou!
- Tsc, esqueci que você mora dentro do meu cérebro. – ele deu um tapinha na testa.
- Ah, vai pastar! – ele me deu um beijinho na testa enquanto eu resmungava mudando de canal feito paranóica procurando algo na tv que eu realmente não sabia.
- Tá, eu preciso mesmo ir agora, tenho reunião. Amanhã a gente se fala.
- AMANHÃ? , COMO ASSIM AMANHÃ? Tá louco?
- Se você tá falando daquele jantar ridículo do Jared...
- É, to falando disso mesmo. Não me diz que você não vai...
- , eu não tenho o que fazer lá!
- Tem sim!
- O quê?
- Me fazer companhia! – abri um sorriso de orelha a orelha imitando uma criança feliz.
- Garota, você vai quebrar o controle remoto!
Visualizem a cena, , parado na entrada do meu apartamento com a porta escancarada atrás, eu de frente pra ele mudando de canal freneticamente sem nem olhar pra TV.
- Ah, relaxa... É exercício pro dedo... E aí, vai fazer algo mais tarde gatchenho? – disse, dando uma piscadinha.
- Tsc, NÃO . – ele disse se virando para ir embora.
- Então tá, se eu desaparecer, for assaltada ou qualquer outra coisa terrível vai pesar na sua consciência por não ter me feito companhia. – Sim, ponho logo terror psicológico.
- Pode deixar, vou vingar sua morte. – dei um tapa no braço dele enquanto ele ria. Ele saiu do meu apartamento com aquele sorriso perfeito e antes de fechar a porta me deu uma piscadinha. AAAAH, ele um dia me mata. Isso é bem clichê, mas que ele mata, mata.
Agora, eu tenho que pensar naquela bostinha de jantar do Jared. Infelizmente eu tenho que ir, afinal ele salvou minha vida. Ele ficou no meu pé desde aquele incidente e agora eu me vejo na obrigação de aturar o mala. E hoje é aniversário dele.
E ele disse que eu poderia chamar quem eu quisesse, e eu chamo aquele poço de ingratidão do . Sim, ingrato. Ingrato porque eu nasci pra dar um "up" na vida dele – como se ele precisasse ENFIM... – e ele deveria beijar meus pés por isso.
Bom, eu teria me conformar que o , é ingrato e que eu iria pra esse maldito jantar sozinha. Separei tudo, roupa, maquiagem, acessórios... E fui me arrumar.
Nunca estive tão animada pra sair.
O jantar na verdade seria num restaurante super chique. Chegando à budega, vi que de chique não tinha nada, o lugar tava tão cheio quanto churrasco na laje, se você ignorar os saltos Laboutin, as bolsas da Chanel... Enfim, tava tão cheio que eu devo ter demorado uns 10 minutos só pra achar o Jared.
Ou ele ter me achado.
- ! Pensei que você não viria...
- Jared, eu cheguei na hora marcada! – falei, ou melhor, saiu mais um gemido estranho porque ele não me abraçou, me apertou e eu não consegui falar direito.
- Mesmo assim. Bom, eu quero que você conheça alguns amigos...
- Eu já não conheço todos os seus amigos...? – ele saiu me puxando sem nem me ouvir. Deus, que grude, o que eu fiz pra merecer? Ah claro, fiz o favor de não prestar a atenção e quase ser atropelada por um caminhão.
- , esses são Bill, Jason, Clark e ... – ele me apresentou a mais quatro dos trilhões de amigos que ele tinha.
- Prazer. – eu disse, cumprimentando um de cada vez até chegar no ... Argh, esse nome me lembra o . E isso me lembra que ele não veio comigo, que OU ele está em casa, OU está perdidinho pronto para ser atacado por alguma biscate.
- Que bom ver que você ainda está a salvo. – alguém colocou a mão no meu ombro. Eu já sabia que era ele não pela voz, mas pelo respirar. Tá, parei.
- ! AH, NEM ACREDITO QUE VOCÊ VEIO! – disse, pulando no pescoço dele e o abraçando bem apertado. É, dali não saio, dali ninguém me tira.
- Eu fiquei com muito medo de você sair sozinha há esta hora. Você poderia desaparecer, ser assaltada ou qualquer coisa terrível que pudesse pesar na minha consciência por não te ter feito companhia. – eu ri boba, só por ele ter lembrado de tudo que eu falei.
- Ah, nem precisava se preocupar, eu sabia que você vingaria minha morte... – dessa vez nós dois rimos juntos.
Então, pra acabar com a minha magia, Jared pigarreia atrás de nós.
- Bom, não precisava se preocupar , eu já salvei ela uma vez, posso muito bem salvar de novo.
Cara, me senti uma donzela em perigo agora. Muito ridículo, quem vê pensa que eu sou uma retardada que da dois passos e tropeça. Tsc, E DAÍ SE EU FOR? Ninguém tem nada a ver com isso! Emputeci.
- Mas felizmente Jared, um raio não cai no mesmo lugar duas vezes. – TOOOOOMA TROUXA. UM PONTO PRO ! E ZEEEERO PRO JARED.
Não sei por que eu ainda aturo esse maleta!
- Ahn, o que você faz aqui ? – ele perguntou rudemente. Antes que o abrisse a boca pra responder, eu disse.
- Ah Jared, você disse que eu poderia convidar quem eu quisesse então... Não me faça passar vergonha. – disse dando uma risada nervosa. Bom, se o não pode ficar, eu também não posso!
- Não se preocupe , ele não fechou restaurante só pra ele, não vejo problema de ficar aqui. Se importa se eu sentar em outra mesa? – Jared abriu a boca incrédulo, mas respondeu tentando não passar nenhum vestígio de raiva.
- Não precisa, eu não vejo problema em você ficar com a gente. Só espero que não traga sua horda de fãs e papparazzis. Vamos lá pra mesa. – ele disse e puxou minha mão com força. Consegui com o outro braço puxar o e fomos andando em correntinha.
Chegamos até uma área mais pro fundo do restaurante, onde havia cinco mesas juntas. Quase todas as cadeiras haviam sido ocupadas. Havia duas cadeiras vazias no centro, e algumas vazias nas pontas.
- ... Aqui! – Jared me indicou uma das cadeiras do centro. Olhei para o , tipo, ele ia ficar sozinho? Ele deu de ombros e antes que eu falasse algo ele foi se sentar numa das cadeiras da ponta, ao lado de uma loira bonitona que ficou o comendo com os olhos. Ih baranga, vai caçar teu rumo!
Sentei na cadeira ao lado de Jared e sorri para todos que estavam ali. Eu conhecia algumas pessoas, e não era porque eu estava incomodada que eu teria que ser ignorante.
Olhei para o , ele parecia normal, apenas não dava muita trela para a menina que estava sentada ao lado dele e tentava a todo custo puxar assunto.
- Jared, você não nos apresentou ao seu amigo?
- Amigo? Que amigo?
- Ei , eu sou a Linda, prima do Jared. Não se preocupe, falta de educação não é mal de família!
deu um sorrisinho de lado meio tímido, mas muito lindo.
- Prazer. – ele disse.
- Mas me fala , ah, eu posso te chamar de , né? – ele assentiu – Então, me fala, de onde você conhece o Jared. Bom, porque ele não parece ser do tipo popular que anda com os astros de Hollywood.
Com uma prima dessas, quem precisa de inimigos? PFF, WHO CARES?
- Olha aqui, Linda, eu valho muito mais que qualquer astrozinho por aí valeu? – Bill falou.
Linda deu uma pausa dramática e deu de ombros sussurrando "não sou amiga dele mesmo" e voltando a atenção para o , que assistia a cena com um sorriso divertido.
- Na verdade, eu vim acompanhando a , ela é a minha melhor amiga. – AIN, eu amo quando ele me chama de "melhor amiga". Tudo bem, eu preferiria que fosse "namorada", mas é melhor isso do que nada.
Então, o papo foi rolando, e toda a atenção foi voltada para o , que timidamente respondia todas as perguntas. Aquilo estava enlouquecendo o Jared, mas tudo bem, eu até entendo ele.
Se coloque na posição dele: é seu aniversário e você convida o garoto que você gosta. Daí ele aparece com a menina que você mais odeia, e de repente todo mundo só dá atenção para ela e você fica esquecida. É bem triste.
Eu obviamente daria chilique, mas como todos os meus amigos me amam e eu não sofro desse mal... Apenas tento entendê-lo.
Por mais que ele seja um mala.
Percebendo que se não fizesse algo continuaria sendo ignorado, num ato totalmente deliberado, Jared se levantou e bateu uma colher numa taça.
Se eu soubesse o que aconteceria a seguir, teria o impedido antes que ele cogitasse a ideia.
- Sei que a conversa está muito boa, mas eu preciso da atenção de todos os presentes para fazer um anúncio. Na verdade é mais um pedido, mas de qualquer forma...
Ele deu de ombros dando um sorriso de lado, que eu acharia muito fofo se não fosse por ele estar tentando imitar o . Ah, eu nem sei se ele estava tentando imitar, mas enfim...
Todos olhávamos para ele ansiosamente, PO, FALA LOGO SUA BICHA GAY!
- Bom, irei aproveitar esse momento onde estão reunidos não só todas as pessoas que julgo queridas, como o melhor amigo da que acredito ser MUITO especial para ela.
- Dá pra parar de enrolar Jared? CONTA LOGO! – Linda disse levemente irritada. Já que ele tava de lerdeza peguei meu copo de suco de morango ao leite que tava uma delicinha, hahaha.
- Então, ... Você quer se casar comigo? - OOI? Cuspi tudo que tava na minha boca, eca, foi muito nojento, e eu fiquei com vergonha OH GASH, WHO CAAAAARES? ELE ME PEDIU EM CASAMENTO!
- Ca... Ca... Casar? Jared... Eu... – eu não conseguia formular uma frase coerente. Tipo, MY GASH. Ele enlouqueceu de vez!
- Sei que é muito cedo, mas nunca é tarde! Sei que nosso amor é forte, casando, namorando, ficando... – MEIO CEDO? NUNCA NEM SELINHO EU DEI NESSE CARA! AH NÃO, ELE TÁ ME ZOANDO, CARA, NÃO ACREDITO, É MENTIRA ESSA PORRA, SÓ PODE.
- Jared, você tá brincando comigo, né? – dei uma risada nervosa – Cara, isso não é legal!
Ele se ajoelhou e olhou profundamente em meus olhos.
- Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida.
OOOOPA, TROPECEI E CAÍ DE CARA!
- Eu... Eu... Deus! – eu voltei a não formular frases coerentes.
- Não precisa falar nada! – outro sorriso torto u.u – Todos sabemos o que você quer dizer. – e antes que eu pudesse dizer algo pra que ele não entendesse errado, ele puxou meu rosto para um beijo que eu diria como um bom desentupidor de pia.
Todos na mesa aplaudiam e gritavam a cena do novo casalzinho formado, e minha células se desesperavam só de imaginar isso. Mas ele me apertava e eu não conseguia me mexer, foi muito tenso, o pior beijo da minha vida!
Quando ele me soltou, olhei para o lado logo buscando meus olhinhos , mas onde seu dono estava da última vez estava apenas uma cadeira vazia.
- ? – quase que não sai, foram tantas emoções que eu tava até tremendo.
- Eita, beijou um e chamou pelo outro, que decepção Jared! – algum amigo do Jared falou, mas eu não faço a mínima de quem foi porque eu realmente não queria saber.
- Desculpa Jared, mas eu não vou casar com você! Eu não posso, quero dizer, eu não quero! Quero apenas ser sua amiga, e não sei quem colocou na sua cabeça que a gente poderia ser algo a mais. Me desculpe, mas agora eu preciso ir.
Sem esperar resposta da mesa que acabara de ficar silenciosa e tensa, saí correndo do restaurante. Não sabia exatamente para onde ir, por isso fui vagando por varias ruas gritando pelo nome dele.
Até que eu senti alguém puxar meu braço.
Por um minuto pensei ter sido o , até sentir algo na minha cabeça e alguém sussurrar com uma voz medonha que definitivamente não era a do :
- Passa tudo ou estouro teus miolos!
DIO SANTO! Ai Jesus, o que eu faço numa situação dessas? Porra, eu não posso pensar muito tipo, ELE TEM UMA ARMA E NÃO TEM MEDO DE USÁ-LA.
Minhas mãos gelaram e meu coração quase ia pra fora da boca. O pivete então bateu com a arma na minha cabeça, o que meu deu vertigem e eu quase caí.
- Anda logo, porra!
- C-calma! – meus lábios tremiam de medo enquanto eu desenrolava a alça da bolsa que estava em meus dedos de maneira desesperada.
- Não é calma não, tia, é agora!
Logo que eu ia passar a minha bolsa, e já me preocupava como voltaria pra casa sem nem saber onde eu estava – se eu estivesse viva pra voltar pra casa -, um vulto atacou o pivete, que ao invés de reagir com a arma apenas tentava se livrar dos socos e chutes que o desconhecido dava.
A arma voou de sua mão, e eu vi que na verdade era uma arma de brinquedo. Um pouco mais aliviada e receosa pela briga que acontecia, não sabia se corria ou se ficava pra ajudar e agradecer meu anjo da guarda.
Até que eu reconheci que o vulto preto na verdade era o . Meus olhos se arregalaram e dei dois passos à frente para me meter no meio da briga. Mas antes que eu pudesse fazer algo, soltou o pivete, que saiu correndo com o nariz escorrendo sangue.
Olhei para o , e ele me observava enquanto tentava normalizar sua respiração ofegante. Só de imaginar o meu numa briga, já dá até arrepios.
- O que foi isso? – perguntei, enquanto eu pegava minha bolsa que estava ignorada jogada na calçada. Ignorei o fato de ter sido quase assaltada.
- Você está bem? – ele disse ignorando minha pergunta. Eu apenas assenti. – Que bom. Pelo menos era só um pivete, não coisa pior.
Meu corpo até estremeceu ao pensar num estuprador. Ao invés de dar minha bolsa, eu daria outra coisa. Minhas pernas amoleceram e eu quase caí se não tivesse me segurado. Qual foi , desde quando você é molenga desse jeito?
- , você não tá bem. – ele concluiu.
- Não, é sério, eu tô beleza. Talvez seja a pancada que ele me deu, só isso. Você pode me soltar, eu não vou cair.
Ele me olhou sério, mas me soltou. Eu estava tendo algumas vertigens, mas acredito que logo vão passar. Não vou num hospital ocupar os médicos com essa besteira. Eles têm mais o que fazer.
- , meu filho, você não me respondeu?
- Respondi o quê?
- O que foi aquilo? Você apareceu no maior estilo Homem-Aranha. E Deus, desde quando você bate em alguém daquele jeito?
Ele deu AQUELE meu sorrisinho torto que NINGUEM sabe fazer igual e respondeu:
- Não sei, acho que eu fiquei nervoso demais, só isso. Bom, acho melhor você voltar logo pro restaurante, seu noivo deve estar preocupado.
Outra vertigem. Puta que pariu.
- Noivo? Eu nem namoro, , como vou casar?
- Não sei, mas sei que o Jared deve estar ligando pro FBI uma hora dessas. – ele riu, uma risada nervosa de quem não achou graça.
- Pelo amor de Deus, ! Eu não tô noiva de ninguém! – ele começou a andar da direção que eu vim e disse:
- Vamos logo . Já está tarde, e eu preciso ir embora. Não vou te deixar sozinha na rua, então eu te levo até lá. – ele disse sem olhar no meu rosto.
- , espera! – falei sem me mover um palmo de distancia. – Por que você não gostou quando o Jared me pediu em casamento? Aliás, e se eu aceitasse? Você saiu do restaurante de uma maneira não muito educada.
- Como se fossem se importar comigo, tinha gente preocupada em ocupar a língua com outra coisa além de suco de morango ao leite.
- , eu não acredito que você disse isso!
- E é mentira?
- É! É UMA MENTIRA MUITO IDIOTA! – agora eu gritava no meio da rua – SE NÃO FOSSE POR EU ME IMPORTAR, NÃO TERIA SIDO QUASE ASSALTADA AGORA! PORQUE EU ESTAVA PREOCUPADA COM MEU MELHOR AMIGO QUE SUMIU DO NADA! – seja forte , não chore.
Já era, as lágrimas eram impossíveis de conter naquele momento. Eu chorei como nunca chorei na minha vida, acho que todas as lágrimas que eu contive ao longo dos anos resolveram aparecer agora.
Eu não enxergava nada, e mal conseguia abrir o olho. Foi quando eu senti braços quentes me envolvendo, e então eu me senti mais tranquila, sabendo que a causa de todo meu choro era esse ser que tentava me acalmar. Eu soluçava alto enquanto me apertava mais contra seu peito.
- , me desculpe. Por favor, eu sei, sou um babaca, eu não devia ter falado aquilo. Só me perdoe ok? Por favor.
- ... – eu falei em meio a soluços. – Por que tudo isso?
- Eu... – ele começou a falar, enquanto respirou fundo. – Eu não sei exatamente.
- Não sabe exatamente?! , você não era assim. Tudo bem, eu não vou ficar com o Jared, mas você me dava o maior apoio pra ficar com alguém. E quando aparece alguém que gosta de mim você dá ataque. Pelo amor dos deuses, isso TEM que ter explicação.
- ... – ele não conseguiu terminar a frase.
- O quê?
- Eu te amo.
Meu coração saltou, mas isso sempre acontecia quando ele dizia que me amava.
- Eu também. – foi a única coisa que eu consegui falar.
- Não... Eu te amo mesmo. Não como o amigo que eu sempre fui. Eu gosto de você, eu amo você, eu quero que você seja minha.
E é agora que eu morro?
- Mas, eu já era sua há muito tempo. Eu só estava esperando você dar o sinal pra eu poder dizer isso. – abri um sorriso em meio às lágrimas e notei que ele também sorria. – Eu te amo. – sussurrei. E então ele me beijou. Um beijo calmo, e mais esperado do que filho de mulher quarentona grávida pela primeira vez.
Meu coração estava acelerado, mas eu estava mais feliz do que alguém poderia ficar. Agora eu me sentia completa. E não era um sonho, e ninguém me acordou na parte boa.
Separamos-nos e então ele me olhou. E sem dizer uma palavra, ele pegou minha mão e me puxou para irmos embora. Nada que acontecesse agora tiraria aquele sorriso do meu rosto.
Talvez a vida real seja injusta, talvez ela não seja perfeita. Mas isso não quer dizer que você não pode ser feliz. A felicidade vem das poucas coisas, dos pequenos gestos, das simples palavras, de certos detalhes... Talvez nossa vida não seja certa, ou diferente. Talvez a diferença que falte tenha que partir de você.
Talvez contos de fadas sejam verdadeiros. Acredite.
THE END.

N/A: Hey shawtys, vocês nem imaginam o quanto eu estou feliz por terminar uma fic! Tudi bem, foi uma oneshort, MAS E DAÍ? PFF, WHO CARES? Enfim, espero que vocês tenham gostado e se divertido tanto quanto eu me diverti escrevendo. Foi maravilhoso. Quero agradecer a Mizi e a Brubru que me aturaram no msn e betaram essa fic pra mim, OBRIGADA MENINAS, SEM VOCES EU NÃO SEI O QUE SERIA DE MIM!
Então amores, espero que tenham gostado, por favor COMENTEM. Criticas são sempre bem-vindas.
Beijos, até a próxima fic!
@raissafarias