Por: Adriane Viz Veiga | Beta: Flavinha | Revisão por Sofia Queirós



Animação era a palavra que me descrevia no momento. Estava terminando de ajeitar minhas malas para viajar. Havia conseguido juntar um dinheiro e ir conhecer lugares novos. Iria conhecer a Califórnia desta vez. Não via a hora de embarcar no avião e chegar lá. Tudo pronto me despedi com um beijo de todos em casa e rumei para o aeroporto. Meu trabalho tinha rendido frutos e estava a caminho de uma das praias mais perfeitas.
Quando comecei a reparar onde estava dei-me conta que o táxi estava parando. Saí dali carregando aqueles carrinhos de bagagem e me direcionei ao local onde faria o check in. Por sorte era cedo e não enfrentei fila alguma. Em segundos estava devidamente sentada e de olhos fechados na minha poltrona. Se me perguntarem como foi á viagem não saberei responder.
Caí no sono ao decolarmos e acordei quase na hora de desembarcar. Bem, positivo se pensar direito. Levantei após os avisos e me dirigi á saída. De tão distraída que estava não notei alguém parado a minha frente e esbarrei com tudo na pessoa. Fechei os olhos esperando encontrar o chão, mas isto nunca aconteceu.
Desconfiada, abri os olhos e prendi a respiração. Deparei-me com um par de olhos azuis preocupados. Fitei o chão e reparei que estava nos braços dele e sem me conter, corei fortemente. Discretamente me mexi e ele me soltou, mas como não estava preparada quase caí outra vez.
Como no momento anterior fui pega por aqueles braços em torno de minha cintura. E cometi o maior erro de fitá-lo nos olhos. Queria agradecer, mas minha voz não saía de jeito nenhum. Olhei para baixo e me ajeitei arrumando minhas roupas. Saí de perto simplesmente sussurrando um: “Obrigada pela ajuda”.
Ao ver que ele não mais me veria corri e pedi que o aeroporto providenciasse um táxi para me levar até o hotel. No instante em que sentei no carro pareci sair do transe e revi a cena. Robert Pattinson. Eu havia visto o Robert e fugido? Qual era o meu problema? Imaginara milhões de vezes como seria e em nenhuma deles eu tinha feito algo assim. Muito pelo contrário.
Cansada desta discussão que não tinha mais valia fechei os olhos e encostei-me no carro. Outra vez a viagem foi rápida e o senhor idoso avisava-me ter chegado aonde queria. Paguei a corrida e caminhei para descobrir o meu quarto. Tive a agradável surpresa ao notar que ficaria num chalé na beira da praia.
Em poucos minutos desfiz a mala e tomei consciência de um pequeno problema. Esqueci a mala de mão dentro do avião depois de ver em quem tinha batido. Ótimo! Balancei a cabeça, pois agora não tinha o que fazer. Alguém pode tê-la pego. Por engano ou não. Procurei nas minhas coisas e fiquei aliviada ao constatar que meus documentos estavam seguros.
Olhei minha roupa no espelho eu usava um short jeans e uma blusa tomara-que-caia vermelha com uma rasteira da mesma cor que a blusa. A roupa estava de acordo com a praia então ia dar uma volta. Tranquei a porta e guardei a chave no bolso. Caminhar na areia é muito relaxante ainda mais enquanto a brisa passava mexendo em meus cabelos. Sensação deliciosa. Sempre gostei disso.
Andei por um bom tempo até reparar que o sol estava muito forte. Hora de voltar para o chalé, tomar um banho e sair para comer. Rapidamente estava pronta e indo em direção a cidade a pé. O tempo fresco era muito agradável para caminhar observando o verde em volta de mim. O vento passava trazendo uma mistura de fragrâncias de flores diferentes. E, curiosamente, todos se combinavam.
O percurso terminou na porta de um restaurante de aspecto caseiro. Alguns casais sentados próximos aproveitando o cenário perfeito para um romance. Suspirei e afastei a tristeza de mim. Sentei em uma mesa na qual poderia observar o mar do lado de fora. O constante vai e vem das ondas deixavam-me hipnotizada. A garçonete fez um pigarro para chamar minha atenção e então me desculpei e pedi a comida.
Enquanto me perdia na vista não reparava o tempo que estava levando para conseguir comer. Em questão de minutos, pelo menos a mim pareceu, a minha refeição chegou me mostrando estar faminta. Sorri agradecendo a garçonete e me deliciei na comida que tinha um aroma maravilhoso. Sem mais o que fazer ali me levantei e voltei para o hotel.
Segui rumo ao meu chalé e tive uma surpresa ao parar diante dele. Um rapaz de cabeça baixa estava sentado no primeiro degrau da escada. O cabelo desarrumado e pelo tom me lembrara o Robert, mas isto seria impossível, não seria? Fiz um barulho na garganta, mas ele continuou parado. Respirei fundo e tentei falar com a voz mais tranquila do mundo.
-Com licença? Está tudo bem?
Ele ergueu os olhos e meu coração disparou feito um doido. Deu-me um sorriso torto e meu pobre coração perdeu uma batida. Depois desta tenho certeza que ele ouviu. Levantou-se e me estendeu a mala de mão. Olhei espantada por ele ter se dado ao trabalho de devolver a bolsa de alguém que nem mesmo conhecia.
- Está sim. Acho que esqueceu isto, não?
Disse-me com a sua voz rouca e com um sorriso outra vez se formando em seus lábios. Peguei a mala ainda meio atônita.
-Ah, obrigada. Estava achando que nunca mais a encontraria.
-É. Você deu sorte.
Sim, ele não tinha a noção do quanto eu tive sorte. Robert havia vindo até aqui para devolver a minha bagagem. Sorri para ele e dei um passo para ir guardar a mala quando ele segurou minha mão e falou.
- Muito prazer, Robert Pattinson.
-Oi, sou . Prazer.
Passei por ele e o mesmo me acompanhou com os olhos sem falar nada. Deixei minha bolsa lá dentro e voltei para a varanda onde o encontrei exatamente como antes. Nem sequer mudara de posição.
- Ah, posso te ajudar?
-Quer dar uma volta?
Meu coração disparou alucinado. E eu sabendo que minha voz não sairia mais que um sussurro apenas assenti para ele.
- Rob...
Ele me fitou e me perdi em seus olhos azuis.
- Desculpe.
-Não tem problema. – sorriu-me – Pode me chamar assim.
Neste instante continuei caminhando para que ele não visse o tom avermelhado na minha pele branca. Para isto encarava o chão. Não sei ao certo se esperava que ele se abrisse ou se procurava um lugar onde enfiar a cabeça. Uma mão segurou meu braço e senti a sua pele macia. Fitei por uns segundos a sua mão enquanto uma corrente elétrica percorria meu corpo em uma velocidade incrível.
Afastei meus olhos de sua mão e olhei para seu rosto. Estávamos perto demais. Se eu esticasse meu braço poderia tocá-lo, mas não faria isso. Respirei fundo antes de fitá-lo mais uma vez.
Lifehouse:
http://www.youtube.com/watch?v=xhdN3rndQwo

Everytime I see your face
(Sempre que vejo seu rosto)
My heart takes off on a high speed chase
(Meu coração acelera)
Now don't be scared, it's only love
(Agora não se assuste, é apenas amor)
Baby, that we're falling in
(Baby, que estamos sentindo)


Como das outras vezes meu coração acelerou e minhas pernas ficaram bambas. Seu olhar prendia o meu. Eu queria falar tantas coisas, porém nenhuma parte do meu corpo parecia querer me obedecer. Abri minha boca e fechei umas duas vezes e nenhum som saiu. Bufei e olhei para o lado. O mar estava se agitando parecia estar em sincronia com as batidas descompassadas do meu coração.

This is now
(Isso foi agora)
Yeah you have changed everything
(Você mudou tudo)


Ele segurou meu queixo me fazendo não ter saída a não ser olhar em seu rosto. Lentamente ele foi aproximando seu rosto do meu. Eu desejei que esse sonho nunca acabasse. Era o melhor de todos os tempos. Passou uma das mãos pelo meu rosto enquanto a outra enlaçou minha cintura como havia feito na primeira vez que nos vimos. Quase cai e coloquei minha mão em seu peito. Pude escutar que o coração dele estava no mesmo estado que o meu.

I would never do you wrong
(Eu nunca iria errar contigo)
Or let you down or lead you on
(Ou te desapontar, ou te prender)
Don't look down, it's only love
(Não desconsidere isso, é apenas amor)
Baby, that we're falling in
(Baby, que estamos sentindo)

I'm standing in your driveway
(Estou na sua estrada)
It's midnight and I'm sideways
(É meia-noite e estou indo de um lado para o outro)
I had to find out if you feel the same
(Querendo saber se você sente o mesmo)


-Quero ficar com você. - disse-me baixinho.

Won't be easy, have my doubts too
(Não será fácil,também tenho minhas dúvidas)
But it's over without you
(Mas já era, sem você)
I'm just lost, incomplete
(Estou perdido, incompleto)
Yeah you feel like home, home to me
(Sim, você me faz sentir em casa)


Senti sinceridade em suas palavras e eu tinha a prova disto. Minha mão permanecia sobre seu peito. Nossos corações pareciam interligados. Encostei minha cabeça em seu peito enquanto admirava o mar e sentia o aroma perfeito de sua pele. Eu estava me sentindo uma boba apaixonada. Sim, eu o amava. Desde sempre, mas agora tê-lo assim era melhor do que sonhei.

All those nights I stayed away
(Todas aquelas noites que fiquei ausente)
Thinking of all the ways to make you mine
(Pensando em todos os modos de te ter)
All of those smiles will never fade
(Todos aqueles sorrisos nunca irão desaparecer)
Never run out of ways to blow my mind
(Nunca irão embora, para me enlouquecer)


Lembrei-me de quantas noites eu sonhara com ele ou conversara com minhas amigas sobre isto. Não havia mais saída. Devia saber disto desde o momento em que pus meus olhos nele sentado na varanda do meu chalé. Um sorriso se formou em meus lábios e foi acompanhado por ele.
- Now don't be scared, it's only love that we're falling in.
Escutar estas palavras em seu sotaque incrível, fez arrepiar todos os pêlos do meu braço. Fato percebido por ele. Beijou minha testa, desceu para meu pescoço arrancando um suspiro de meus lábios.
- Don't look down, it's only love.
Sussurrou-me ao pé do ouvido enquanto fazia agora o caminho inverso. Seus lábios em contato com a minha pele dava uma sensação maravilhosa. Por um momento ele parou e eu levantei meus olhos tentando entender o que tinha acontecido. Vendo minha expressão que devia estar bem engraçada. Acariciou meu rosto com as costas da mão.
Puxei-me por ela e começou a me conduzir de mãos dadas pela praia que se estendia a nossa frente. Nunca pude imaginar o quão perfeita seria a minha viagem. O quanto descobria ser inesquecível e simplesmente sem ter como ser explicada através de palavras. O sol agora se pondo dava um ar mais romântico ao que nos encontrávamos.
Trouxe meu corpo para junto do seu e me abraçou dando-me tempo para entender melhor a confusão que estava meus pensamentos. Ou quem sabe apenas esperando meu coração voltar a pulsar de uma forma normal. Aos poucos o único barulho que escutávamos era das ondas batendo na terra e o meu coração se aquietando a cada segundo.
Agora o som na qual podíamos nos concentrar era o do mar, por fim, eu havia voltado à normalidade. Só não pude imaginar que seria por tão pouco tempo, pois no segundo seguinte o Robert virou-me de frente para ele e uniu os nossos lábios. O gosto, a textura, tudo era mais do que perfeito. Outra vez meu coração perdeu uma batida e eu ofeguei.
Desta vez arrancando um sorriso que notei por ainda estarmos com os lábios colados. E devo dizer que por mim não os separaria mais de jeito algum. Um pouco relutante me afastei lembrando-me de necessitarmos de ar. Respiramos nos olhando profundamente mostrando o sentimento através de nossos olhos. E o momento terminou com a frase que eu mais queria ouvir.
- I have to say: I love you. (Eu tenho que te dizer: Eu amo você.)


** FIM **