I'm Yours
História por Aline Patzz | Revisão por Sofia Queirós


Capítulo 01 – À Primeira Vista

’s POV

Já fazia cerca de seis meses que eu havia me mudado para Londres para estudar inglês. Tinha feito alguns amigos de outros países no curso de idiomas e alguns britânicos também. Apesar de eu estar em uma casa de família, passava mais tempo pelas ruas da cidade do que com a minha “família” propriamente dita. Claro que tinha os dias e eventos que ficava em casa, mas toda a energia dos meus 24 anos não conseguia me manter afastada dos agitos da movimentada capital britânica.
Assim que terminei a faculdade eu decidi que queria viajar e aproveitei o momento, enquanto ainda não tinha nenhum compromisso mais sério como um emprego ou um namorado. Ficaria em Londres por um ano e estava adorando tudo aquilo, estudava na parte da manhã e trabalhava em um café na parte da tarde – não ganhava muito, mas já ajudava nas minhas despesas pessoais.
- , vai ter uma festinha na casa do John hoje à noite. Topas? – perguntou Hank, meu melhor amigo.
- Putz, Hank, justo hoje à noite? Tinha combinado de ir ao teatro com o Harry e a Claire.
- Ah, mas vai começar mais tarde. Será que você não consegue ir?
- Hum, vou ter que perguntar a eles, ok? Quem mais vai?
- Ah, tem uma galera lá do café, a Susan e a Jess, e uns outros amigos do John.
- Beleza. Vou falar com meus “pais” e depois te dou um toque, ok?
- Ok.
Hank foi o primeiro britânico que conheci, depois de Harry e Claire, quando cheguei a Londres. Ele também trabalhava num café e, se existe alguma coisa parecida com amizade à primeira vista , foi o que aconteceu conosco. Eu desci as escadas até a sala e encontrei Harry sentado no sofá.
- Harry, que horas você acha que a gente volta do teatro?
- Por quê?
- Ah, o Hank me convidou para uma festinha e...
- Isso ainda vai dar namoro, heim! – ele comentou brincalhão.
- Vai nada! Ele gosta da tal da Susan e você sabe que eu não quero nada sério com ninguém, estou aqui pra curtir minha vida um pouco. – e me larguei no sofá ao lado dele. – E aí, a que horas a gente volta?
- Ah, acho que até umas 22h a gente já voltou.
- Beleza! – exclamei e ele riu. Harry era muito legal. Aliás, ele e a Claire não poderiam ser mais perfeitos para mim: não eram aquele tipo de casal que ficava colocando restrições na minha vida, mas sempre interagiam, tentavam me colocar a par das melhores atrações culturais e davam o maior apoio para as minhas diversões individuais. E acho que isso se dava devido a dois motivos principais: eles eram mais jovens, Harry tinha 35 anos e Claire tinha 30; e eu já tinha 24, ou seja, não era nenhuma adolescente irresponsável.
Logo depois desse nosso diálogo, Claire chegou do trabalho.
- Quer uma ajudinha aí, mãe? – enfatizei a palavra e ela gargalhou.
- Claro filhinha, vem ajudar sua mamãe. – nós três caímos na gargalhada.
- Vou numa festa depois do teatro, com o Hank, ok? – era mais um comunicado do que um pedido, mas eu achava legal avisar sobre meus planos, afinal, eles eram de certa maneira responsáveis por mim.
- Você e esse Hank, heim! – e ela esticou a cabeça para Harry, na sala.
- Ah, Claire, você também não! – e ambos riram. – Quer saber, bem que vocês podiam vir também, né? Vai ser uma festinha na casa de um amigo do Hank. Daí vocês vão ver como ele fica todo derretido pela Susan e quem sabe não se conformam que não somos nada além de amigos?
Eles se olharam por um minuto e logo pude perceber que já tinham outros planos para a noitada sem mim em casa.
- Quem sabe outro dia... – e eu não pude conter outra gargalhada. Eles eram tão joviais quanto eu e isso era o que fazia nossa relação dar muito certo.
Liguei para o Hank e disse que a festa estava fechada. Ele ficou todo empolgado e combinamos que ele me encontraria na saída do teatro, pois a casa do seu amigo não era longe de lá.
Tudo acertado, fui tomar meu banho e me arrumar para o teatro. Não era uma super peça, mas eu aproveitaria para estrear meu novo cachecol. Estávamos no começo do outono, e eles nem sentiam tanto o frio, mas como uma boa brasileira que sou, eu não conseguia gostar muito de temperaturas abaixo de 15 graus. Esse era um dos pontos que mais divertiam meus amigos europeus.
A peça foi muito legal, algo como “a comédia da vida privada”, e Harry e Claire se divertiram bastante com as situações ilustradas. Conforme previsto, a peça acabou por volta das 21h45min e logo Hank apareceu para me pegar. Harry e Claire desejaram bom divertimento e eu retribuí o desejo, deixando-os um pouco envergonhados. Hank achou graça e fomos para a casa de John.
Há meio quarteirão já dava pra ouvir a música na casa e eu cutuquei Hank, num sinal de que a noite prometia. Entramos, mas nem tinha tanta gente ainda. Logo encontramos um pessoalzinho conhecido e começamos a conversar, à base de cerveja, vodka e uísque. Não demorou muito para a casa ficar meio lotada e a curtição rolar solta. Hank estava flertando forte com Susan e, com mais um ou dois copos de cerveja, ela cederia à investida. Eu estava feliz por Hank, mas ao mesmo tempo um pouco impaciente, porque ainda não tinha me interessado por ninguém na festa. Bom, pelo menos não até aquele momento.
Foi quando John entrou na sala onde estávamos, sendo seguido por quatro amigos. Digamos que nessa hora meu queixo teve uma ligeira queda: eles eram lindos! Lindos não, maravilhosos; dois tinham cabelos escuros, e dois tinham cabelos claros. Apesar de sempre ter me interessado mais por morenos do que por loiros, um desses “loiros” prendeu minha atenção completamente: era alto, não era do tipo musculoso, mas dava pra ver que era forte, os cabelos castanho-claros com um toque de bronze, olhos de um azul-esverdeado puxando um pouco para um tom meio acinzentado, o nariz com um leve desvio, conferindo-lhe um charme todo especial e a boca repuxada num sorriso torto de tirar o fôlego. Hank me deu uma cotovelada quando viu minha reação.
- Fecha a boca, mulher! Até parece que nunca viu um homem na vida.
- Bom... – eu balancei a cabeça. –...acho que desse jeito nunca vi mesmo.
Ele soltou uma gargalhada divertida e chamou por John, indicando nossa posição. Enquanto eles vinham na nossa direção, olhei novamente para aquele rapaz que tinha chamado a minha atenção, ele me encarava fixamente com um meio sorriso encantador. Tive a nítida sensação de já tê-lo visto em algum lugar.

Rob’s POV

- Fala John! – eu exclamei depois de ver quem era.
- E aí, estrelinha! – ele debochou do outro lado da linha. – Ow, vou dar uma festa em casa essa noite. Tá afim de aparecer?
- Festa é? – eu ri. – Mas que tipo de festa? Daquelas mais comportadas ou daquelas “pegação geral”?
- Ah, moleque! Olha pra minha cara! Você acha que vou dar festinha em casa e vai ser comportada?
- Ah, então beleza. Tô dentro.
- Viu, avisa os caras pra mim. Tenho que correr atrás das bebidas.
- Falou. Até a noite então!
John era um grande cara, mulherengo demais com certeza, mas era gente boa. Eu tinha acabado de chegar de Los Angeles depois de uma maratona de filmagens para um filme de vampiro, entrevistas e tal. Acho que merecia um pouco de diversão com meus amigos. Liguei pros caras: Jack, Paul e David e marcamos de chegar mais ou menos juntos. A mulherada iria à loucura com nosso quarteto chegando. Eu não me acho lá um cara tão bonito assim, mas todo mundo me contradiz, então acho que minha percepção deve estar meio deturpada. Tirei com cochilo à tarde – nossa, como era bom poder relaxar um pouco – e só fui acordar perto da hora de ir pra casa do John. Me arrumei, os caras passaram aqui e fomos juntos.
Chegamos e algumas meninas acabaram me reconhecendo do outro filme, estavam todas melosas e querendo me seduzir, mas isso era para mais tarde, antes daria um role geral para sondar o ambiente. Os caras também estavam todos empolgados, pois a casa do John estava repleta de gatas.
- Ah, certeza que vamos nos dar bem hoje. – falou o David.
- Certeza mesmo. Já viu quanta gatinha tem por aqui? – esse foi o Jack.
- Ow, será que o John convidou os amigos lá do café? Um tal de Hank tem umas amigas mó gatas. – comentou Paul.
- Sei lá, mas a gente pode perguntar pro próprio John. – eu disse apontando para ele, que chegava onde estávamos. – Fala John! A festa está bombando heim, cara!
- Aê, rapaziada. Tá massa, né. – ele falou orgulhoso. – E aí, o que queriam perguntar?
- O Paul queria saber você chamou o pessoal do café. – disse Jack.
- Ah, chamei sim. O Hank e as meninas devem estar lá na outra sala. Vamos lá.
Seguimos o John através das pessoas até passarmos pela porta para a outra sala. Como aquilo estava abarrotado de gente! Onde será que o John arrumou tanta gente? Bom, continuamos andando e então eu vi uma moça, cara, que linda! Só um pouco mais baixa que eu – e eu sou alto – um corpo lindo – nem era magra, nem gorda, tinha curvas, e que curvas diga-se de passagem – olhos alegres e uma boca – Meu Deus, que boca é aquela? – muito convidativa. Ela estava olhando fixamente para mim enquanto o John procurava pelo tal Hank. Será que tinha me reconhecido também? Não parecia, mas eu acho que não me importaria se tivesse. Então vi o John acenando para um cara que estava ao lado daquela gata – não, gata não, ela era mais que isso – e começamos a ir na direção deles – ah, esse deve ser o tal Hank.

’s POV

- Grande Hank! – disse John e fez um cumprimento com as mãos. – Hei, meninas! – e nos deu um beijo rápido na bochecha. – Pessoal, esses são meus amigos: Jack, Paul, David e Rob.
- E aí, caras! – respondeu Hank super enturmado já. – Eu sou o Hank e essas são Susan, Jess e . – e ele foi apontando para cada uma de nós quando falava os nomes. Pelo canto do olho pude ver a Jess toda derretida para o tal do Paul – que era gatíssimo também – mas também reparei que o tal Rob continuava com os olhos em mim.
- E aí, estrangeira! – falou John batendo seu copo no meu. – Curtindo o estilo de vida inglês?
- Opa! – eu respondi na hora, com entusiasmo. – Tirando o frio, não tenho do que reclamar. – todos soltaram uma risada e ele me deu uma olhada dos pés à cabeça, daquelas que a gente sabe exatamente o que está se passando na sua mente. Fingi que não percebi e tomei um gole da minha cerveja, virando meu rosto para o lado e foi quando percebi que o Rob tinha percebido o ocorrido e tentava esconder um riso divertido. Não pude deixar de rir também. Logo percebi que Hank, meu porto seguro, tinha puxado a Susan de lado, me deixando sozinha por um momento e voltei a olhar para o Rob. Ele sorriu outra vez.
- E aí, ouvi o John dizer que é estrangeira. De onde você é? – ele perguntou.
- Sou brasileira. Terminei a faculdade e vim pra cá aprimorar meu inglês.
- Ah, legal. E no que se formou?
- Arquitetura. – como era difícil resistir àquele sorriso. – Bom, você, pelo sotaque, é daqui mesmo, né? O que faz da vida?
Houve uma pausa, ele parecia meio relutante em falar. Acendeu um cigarro, me oferecendo outro, mas eu recusei – eu não fumo, mas também não sou daquele tipo radical que reclama a cada dois minutos quando tem algum fumante no mesmo ambiente – e fiz uma expressão de interrogação, esperando pela sua resposta.
- É, bom, sou ator.
- É mesmo? Puxa, que legal! – minha reação pareceu exagerada demais e tentei me controlar. – Estava no teatro antes de vir pra cá. Acho uma profissão muito bacana.
- Ah, valeu.
- E você trabalha com o quê: teatro, cinema, TV?
- Ah, bom já fiz as três coisas.
- Isso foi muito esclarecedor. – eu ri. – Eu tenho a sensação de que já te vi em alguma coisa, mas não tenho muita certeza.
- Bom, talvez tenha visto. – e ele parecia se divertir com minha falta de memória.
- Ah, qual é? Não vai me dar uma dica?
- Comecei com teatro e fiz alguns trabalhos para TV britânica. Mas acho que esses você não vai conhecer mesmo. – e deu uma risada debochada. – Meu papel de maior destaque até agora foi um filme com atores britânicos.
- Essa é a dica? – eu franzi a testa num misto de risada e incredulidade. Ele apenas assentiu. Eu apertei meus olhos, como a gente faz quando quer mesmo se lembrar de alguma coisa, mas nada me veio em mente e desisti momentaneamente. – Ainda vou me lembrar de onde eu te conheço. – e ri derrotada. Ele apenas riu divertido, me encarando com olhos sedutores.
Um frenesi percorreu todo o meu corpo: eu não era muito do tipo que sai ficando com qualquer um que vê pela frente, mas se aquele Rob me desse mole, essa minha “regra” seria quebrada sem nenhuma dor de consciência. Dei mais um gole na minha cerveja, ele me encarou com mais intensidade ainda e mordi o lábio inferior quando ele deu um passo na minha direção, mas bem nessa hora a Susan me puxou para um canto, quase desesperada. Eu apenas fiz uma expressão de sinto muito para o Rob e fui ver onde era o incêndio.

Rob’s POV

- Grande Hank! – e John fez um cumprimento com as mãos. – Hei, meninas! – e foi lá dar um beijo rápido nas bochechas delas. – Pessoal, esses são meus amigos: Jack, Paul, David e Rob. – ele disse apontando para cada um de nós, que acenamos com as cabeças.
- E aí, caras! – respondeu Hank super enturmado já. Gostei dele. – Eu sou o Hank e essas são Susan, Jess e . – e ele foi apontando para cada uma delas quando falava os nomes. Pude ver que a tal de Jess olhou toda derretida para o Paul – ah, se deu bem, mó gatinha a menina – mas não era ela que me interessava, era a tal de . Voltei a olhar para ela e reparei que ela continuava com os olhos em mim.
- E aí, estrangeira! – falou John batendo seu copo no dela. – Curtindo o estilo de vida inglês?
- Opa! – ela respondeu com o que parecia ser entusiasmo. – Tirando o frio, não tenho do que reclamar. – Sua voz era linda e tinha senso de humor. Ah, qual é, Rob? Até parece que nunca viu uma mulher antes na sua vida! Porra, o pior é que acho que daquele jeito eu nunca tinha visto mesmo. Nós rimos da brincadeira dela, e então percebi que eu não era o único interessado nela, já que o John só faltou tirar a roupa dela com os olhos. Ela percebeu isso, mas fingiu não perceber – ele não percebeu isso não? Tapado! – tomou mais um gole de cerveja e acabou virando o rosto para meu lado. Putz, pego no flagra! Tentei segurar um riso, mas não deu muito certo e ela percebeu que eu tinha presenciado a cena toda. Ela riu também. Depois deu uma olhada ao redor, como se procurasse o amigo, mas este já tinha saído com a outra menina, e por um segundo ela pareceu se sentir sozinha. Eu me mexi minimamente e ela olhou para mim de volta, sorri e me aproximei mais.
- E aí, ouvi o John dizer que é estrangeira. De onde você é? – só podia ser de outro lugar mesmo.
- Sou brasileira. Terminei a faculdade e vim pra cá aprimorar meu inglês. – ela respondeu. Ah, brasileira. Parece que os boatos fazem mesmo jus àquele país. Foco, Rob.
- Ah, legal. – que resposta foi essa? Ficou tapado também? Deixa eu corrigir logo. – E no que se formou?
- Arquitetura. – ela sorriu de volta com um sorriso lindo. – Bom, você, pelo sotaque, é daqui mesmo, né? O que faz da vida? – ela perguntou. Merda, não quero dizer que sou ator. Vai saber o que ela vai achar?
Acendi um cigarro e ofereci outro a ela, tentando ganhar tempo, mas ela não aceitou. Bom, pelo menos não é dessas chatas que implica com cigarros quando não fuma. Ela fez uma expressão interrogativa e como não tinha pensando em mais nada respondi a verdade.
- É, bom, sou ator.
- É mesmo? Puxa, que legal! – ela teve uma reação meio exagerada e eu ri por dentro. Se estivesse mais claro aqui acho que daria pra ver se ela ficou vermelha ou não. – Estava no teatro antes de vir pra cá. Acho uma profissão muito bacana.
- Ah, valeu. – eu respondi simplesmente.
- E você trabalha com o quê: teatro, cinema, TV?
- Ah, bom já fiz as três coisas. – bom, acho que ela não me reconheceu mesmo.
- Isso foi muito esclarecedor. – ela riu e continuou. – Eu tenho a sensação de que já te vi em alguma coisa, mas não tenho muita certeza.
- Bom, talvez tenha visto. – e não consegui segurar um riso divertido. Ela não me conhece. Então seu interesse é genuíno, não está simplesmente atrás do ator.
- Ah, qual é? Não vai me dar uma dica?
- Comecei com teatro e fiz alguns trabalhos para TV britânica. Mas acho que esses você não vai conhecer mesmo. – dei uma risada debochada. – Meu papel de maior destaque até agora foi um filme com atores britânicos. – vamos forçar um pouquinho sua memória.
- Essa é a dica? – ela franziu a testa num misto de risada e incredulidade. Fiz que sim com a cabeça e vi que ela estreitou os olhos, tentando mesmo se lembrar, mas deu um sorriso desapontado. – Ainda vou me lembrar de onde eu te conheço. – ela disse, e a encarei com meu melhor olhar 43, não fazia mesmo questão que ela se lembrasse.
Ela me encarou mais uma vez e eu fiquei quase sem fôlego. Como podia existir alguém assim? Depois do filme do Harry Potter eu comecei a ter maior visibilidade e passei a ir a mais festinhas e tal. Eu nunca fiz muito o estilo pegador, aliás, sou mais pra tímido do que pra garanhão, mas estava tentando melhorar um pouco isso. Ok, não chovia mulher na minha horta, mas também não era muito difícil conseguir companhia. Ainda mais nesses últimos tempos lá nos EUA, quando eu saía com o elenco do novo filme. O Kellan e o Jackson eram dois pegadores de primeira e nos divertimos bastante por lá. Agora, essa menina – menina! Até parece! – essa mulher era diferente de tudo o que eu já tinha encontrado. Era segura de si, sabia jogar charme e estava conseguindo prender minha atenção direitinho. Ah, se ela me der mole por mais um tempo. Ela tomou mais um gole de cerveja e reforcei meu olhar sedutor, acho que funcionou, porque ela mordeu o lábio inferior. Dei um passo na sua direção, mas uma doida a puxou tão rápido que nem vi da onde ela saiu. A só me deu um olhar de “desculpe” e desapareceu da minha vista.

’s POV

- Credo, Susan! O que foi?
- Eu fiquei com o Hank! – ela disse com uma entonação que não consegui identificar.
- Putz, finalmente! – eu exclamei rindo. – Mas, o que foi? Não curtiu?
- Pelo contrário! Curti muito!
- E o que diabos você está fazendo aqui então? – eu perguntei entre risos.
- Ele quer... é, você sabe... achar um quarto ou alguma coisa assim. – ela parecia indecisa, animada, receosa e excitada; tudo ao mesmo tempo.
- E você...? – eu a encorajei a continuar.
- Eu também quero! Mas, sei lá, ele não vai me achar fácil demais ou coisa assim?
Eu fiz que não com a cabeça e indiquei com o olhar a Jess, que estava no maior pega com o Paul, num canto da cozinha. Ela olhou para a amiga e depois para mim de volta.
- Susie, somos todos adultos aqui, e esse negócio de ser fácil demais é tão relativo. Quem somos nós para julgar os impulsos e desejos de outra pessoa? Tudo bem que talvez a Jess devesse procurar um quarto, já que o que eles estão fazendo é quase um atentado ao pudor. – ri sem nenhum tipo de julgamento. – Agora você e o Hank? Fala sério! Tenho certeza de que ele não é do tipo que faz cenas tórridas perante uma platéia, deve estar querendo privacidade para vocês. – e eu ri com a reação de seus olhos ao entenderem que não tinha nada de mais naquilo. Sem contar que o Hank era doido por ela e teria todo o tato necessário para não estragar as coisas, mas isso eu preferi manter para mim mesma.
Ela saiu toda saltitante atrás do Hank e lascou o maior beijo nele quando o encontrou. Ele olhou para mim com o canto dos olhos e pude ver uma expressão de agradecimento ou alguma coisa assim enquanto ele segurava na mão dela e subia uma escada abarrotada de pessoas se pegando. Eu só balancei minha cabeça rindo e terminei aquela cerveja, pegando outra logo em seguida. Antes de ir para Londres eu não curtia muito cerveja, mas acabei me acostumando com a bebida e acho que até podia dizer que gostava; claro que ainda tinha minhas preferências como caipirinha e tequila, mas como a grana era curta, só tomava de vez em quando.
Voltei a caminhar pela casa, encontrando uma ou outra pessoa conhecida, procurando por um certo ator, mas não o vi e acabei parando para conversar um pouco com algumas pessoas. De repente o som ambiente mudou e passou do rock para dance, as luzes da casa foram apagadas e algumas luminárias acesas, fazendo com que o clima lembrasse um pouco uma boate. Eu fechei os olhos por um momento, entrando no clima – adorava musica eletrônica – e comecei a dançar junto com o grupinho em que estava. Foi então que uma mão musculosa envolveu minha cintura me fazendo girar e ficar a centímetros de seu rosto: John.
- Wow! Calma aí. – eu tentei parecer descontraída. – Álcool e giros geralmente não combinam muito bem. – e me afastei um pouco, ainda rindo. O John era um cara bonito, alto, olhos e cabelos castanhos, um corpo bem desenhado – e era exatamente o tipo que eu gostava – mas naquele momento não era bem em seus braços que eu desejava estar.
- E aí, curtindo a balada?
- Com certeza. – eu respondi imediatamente, já pensando em como faria para me livrar dele sem dar muito na cara. O John era legal, confesso até que já tinha passado pela minha cabeça ficar com ele em outras noites, mas depois de conhecer o Rob, ele tinha caído de nível na minha lista de prioridades. – Mas eu perdi o Hank. Você não o viu por aí, viu?
- Não. Não vi. – ele disse tentando se aproximar novamente. Eu fingi não perceber isso, disse que iria procurá-lo e saí andando sem olhar para trás.
Depois de alguns passos eu percebi que o John já estava flertando com outra garota e relaxei, recostando-me num pilar. Ouvi uma sonora gargalhada e me virei curiosa.
- Essa foi a segunda fuga da noite. – ele disse dando uma tragada em seu cigarro.
- Pois é. – eu respondi encabulada. – E foi a segunda vez que você foi testemunha. – mas ele não pareceu ficar sem jeito com minha observação.
- Fazer o que se eu e ele temos interesses em comum. – e ele me olhou dos pés a cabeça, parando os olhos estrategicamente na minha boca, depois deu aquele sorriso torto e abaixou a cabeça, mordendo o lábio inferior, como se estivesse com vergonha.
Uma onda de excitação percorreu meu corpo inteiro: aquele cara, super gato, tava dando mole pra mim? E tinha alguma coisa nele, um magnetismo, sei lá, que não me deixava prestar atenção em mais nada, nem em ninguém. Eu acabei repetindo o gesto de morder o lábio com um meio sorriso e ficou um silêncio estranho no ar. Tomei mais um gole da minha bebida, fechei os olhos sorrindo quando uma nova música começou e deixei que meu corpo se movimentasse junto com a batida. Quando abri os olhos, Rob estava perigosamente perto de mim, então enlacei seu pescoço, convidando-o a dançar comigo e ele logo passou a mão livre pela minha cintura, seus olhos vagavam pelo meu rosto, freqüentemente parando em minha boca. Eu me deixei levar por aquele flerte, e provoquei um pouquinho, umedecendo os lábios com a língua. Foi ele quem quebrou o gelo:
- Parece que você curte dance music. – e aproximou-se do meu ouvido para dizer tal frase, o que me fez arrepiar com seu hálito em minha pele.
- Curto sim. E gosto muito dessa música. – eu disse aproximando-me do seu rosto, deixando que meus lábios roçassem sua pele de propósito. Pude sentir um leve tremor em seu corpo e sorri. – Essa garota tem uma voz legal. Lizzy Pattinson, não é? – afastei-me para ver sua expressão e ele riu, achando alguma coisa muito engraçada, e depois concordou comigo. E foi aí que minha ficha caiu. – Cedric! – eu quase gritei. – Claro, é daí que te conheço: Harry Potter. Você é Robert Pattinson!
- Ufa! Já estava começando a achar que não tínhamos feito nenhum sucesso no Brasil.
- Engraçadinho. – e eu fiz uma careta. – Foi mal, eu é que sou meio desligada mesmo.
- Relaxa. Acho até divertido esse negócio de ainda ser meio anônimo. Sei lá, virar uma celebridade me parece um pouco assustador. – eu apenas assenti com a cabeça.
- Vocês... – apontei para ele e para o ar, indicando a música. – ...são parentes ou não tem nada a ver?
- Ela é minha irmã. – e se divertiu ainda mais.
- Ah. – foi a única coisa que consegui dizer.
- Mas e aí, por que está fugindo do John? – e existia uma curiosidade maliciosa naquela pergunta.
- É... bom... vamos apenas dizer que as intenções que ele tem em relação a mim não são exatamente as mesmas que eu tenho em relação... a ele. – e enfatizei aquela última parte quando percorri seu corpo com meus olhos e me demorei alguns segundos a mais em sua boca, sorrindo sedutoramente.

Rob’s POV

Fiquei me perguntando para onde a amiga tinha levado a , já tinha até começado a andar na direção em que elas haviam desaparecido, mas me segurei. Calma, Rob. Até parece que está desesperado pra ficar com ela. Daqui a pouco vocês se esbarram por aí.
- Hei, Rob! – disse Jack. – Viu o David por aí?
- Vi nada. – respondi sem interesse. – Aliás, nem ele nem o Paul.
- Ah, cara, o Paul dá dando uns pegas numa das amigas do Hank. Acho que é Jess o nome. – ele parou um pouco. – Bom, vou dar mais um role por aí. Ver se pego alguma gata.
- Vai lá, cara! – foi o que consegui dizer.
Era engraçado como a festa perdia toda a graça sem aquela mulher por perto. Ela tinha um jeito de olhar, um jeito de se movimentar que me deixava louco. E quando sorria então? Fala sério! Dei mais umas voltas e parei meio de lado num pilar que tinha por lá. Logo depois disso o ritmo mudou e passou de rock para dance. Não era exatamente meu ritmo predileto, mas não faço cara feia não. As luzes foram apagadas e algumas luminárias se acenderam, acho que o John tentou imitar o ambiente de uma boate, mas ainda faltava um pouco para conseguir isso. De repente, enquanto eu olhava pro nada, topei com ela, dançando numa rodinha de amigos. Puta merda, que jeito era aquele de dançar? Então me mexi para ir até ela.
Só que o John foi mais rápido que eu e quando vi, ele já tinha virado ela e estava quase beijando a garota. Ela se afastou um pouco, rindo, mas nitidamente desconfortável com a situação. Que cara mais tapado. Ok, ele já deve ter tomado todas e mais um pouco, mas até uma criança perceberia que ela não quer nada com ele. Eles conversaram por dois minutos então ela conseguiu se safar e veio vindo para minha direção. Mas, aparentemente, ela não percebeu que eu estava ali. Quando ela entrou em meu campo de visão, soltei uma gargalhada gostosa. Ela se virou e me viu.
- Essa foi a segunda fuga da noite. – eu disse dando uma tragada em meu cigarro.
- Pois é. – ela respondeu encabulada. – E foi a segunda vez que você foi testemunha. – uau! Na mosca.
- Fazer o que se eu e ele temos interesses em comum. – era agora, tinha que deixar minhas intenções claras, e a olhei dos pés a cabeça, parando meus olhos estrategicamente naquela boca que me chamava. Vi que ela me analisava também, então dei aquele sorriso que deixa todas as mulheres tontas e abaixei minha cabeça, mordendo o lábio inferior, fazendo charme para parecer que estivesse com vergonha.
Ela nitidamente ficou interessada e repetiu o meu gesto, mordendo o próprio lábio e sorrindo logo em seguida. Era ela que fazia charme agora? Até onde iria esse joguinho de sedução? Ela tomou mais um gole da bebida e sorriu quando uma nova música começou a tocar, fechando os olhos e deixando que seu corpo se movimentasse com a batida. Eu não conseguiria me segurar mais, dei dois passos em sua direção ficando a poucos centímetros do seu corpo, quando ela abriu os olhos e, de modo decidido, colocou os braços ao redor do meu pescoço, convidando-me a dançar com ela. Apesar de não ser muito bom com dança, eu passei uma mão pela cintura dela – céus, como era bom sentir aquela proximidade toda – e observei seu rosto, indo dos olhos ao colo e parando na boca. Ela estava escancaradamente flertando comigo quando resolveu umedecer os lábios com a língua – calma Rob, ela quer brincar, vamos brincar – então eu resolvi falar alguma coisa.
- Parece que você curte dance music. – e me aproximei do seu ouvido para dizer tal frase, e sabia que aquilo faria com que ela se arrepiasse.
- Curto sim. E gosto muito dessa música. – ela disse aproximando-se do meu rosto, deixando que seus lábios roçassem minha pele de propósito. A filha da mãe era tão boa naquilo quanto eu e não pude impedir que meu corpo tremesse levemente. Ela pareceu sorrir com a reação que causou em mim. – Essa garota tem uma voz legal. Lizzy Pattinson, não é? – heim? Ah, ela conhece minha irmã então. Dei uma risada divertida. E então ela teve o insight. – Cedric! – ela falou mais alto, quase gritando. – Claro, é daí que te conheço: Harry Potter. Você é Robert Pattinson!
- Ufa! Já estava começando a achar que não tínhamos feito nenhum sucesso no Brasil. – eu disse, mas não sabia se estava realmente aliviado por ela ter descoberto. E se ela mudasse comigo por causa disso?
- Engraçadinho. – ela disse fazendo uma careta. – Foi mal, eu é que sou meio desligada mesmo.
- Relaxa. Acho até divertido esse negócio de ainda ser meio anônimo. Sei lá, virar uma celebridade me parece um pouco assustador. – e era a mais pura verdade. Eu morria de medo de perder minha vida, minha liberdade. Ela apenas assentiu com a cabeça.
- Vocês... – e apontou para mim e para o ar, como se estivesse indicando a música. – ...são parentes ou não tem nada a ver?
- Ela é minha irmã. – e não consegui segurar outra gargalhada. Ela era hilária.
- Ah. – foi a única coisa que ela disse. Resolvi mudar o rumo da conversa.
- Mas e aí, por que está fugindo do John?
- É... bom... vamos apenas dizer que as intenções que ele tem em relação a mim não são exatamente as mesmas que eu tenho em relação... a ele. – ela enfatizou o “a ele” percorrendo meu corpo com seus olhos, o que me fez arrepiar de imediato, e então se demorou mais em minha boca. Eu engoli em seco e ela sorriu sedutoramente. Abri minha boca para falar, mas John surgiu do nada e a arrastou, fazendo sinal para que eu o seguisse. Eu ia matar aquele cara inconveniente.

’s POV

Ele ia dizer alguma coisa, mas fomos interrompidos pelo John, que praticamente me arrastou pela cintura, chamando o Rob e nos levando para outra sala, menor e vazia.
- Agora, meus amigos, hora da tequila! – ele anunciou e fechou a porta atrás de nós. Na sala estávamos apenas eu, Rob e John.
- Estou vendo segundas intenções nesse seu olhar, John? – perguntou Rob.
- Relaxa, cara! Só quero ver o quanto ela agüenta. – e dirigiu o olhar para mim.
- Como assim? Quer me deixar de porre com tequila, John? – eu perguntei curiosa. – Para quê?
- Está com medo, estrangeira? – ele retrucou pretensioso. Rob pareceu desconfortável.
- Não. De maneira alguma. – pausa. – Deveria? – meu olhar passou por Rob e vi sua expressão.
- Claro que não. – John disse depois de uma sonora gargalhada. – E aí, vamos brindar à festa? – ele disse enchendo os copinhos com a bebida e nós três viramos ao mesmo tempo. Ele deu uma torcida de nariz e me olhou, esperando que eu fizesse o mesmo, mas como eu gostava de tequila e sempre que podia bebia uma dose, eu era até que forte em relação a seus efeitos embriagantes, e seu gosto picante era agradável. Ele serviu mais duas doses e então disse, depois de não conseguir ver em mim nenhum esboço de embriaguez:
- Ela é forte! – cutucou Rob com o cotovelo. – Que tal apimentarmos isso aqui com um joguinho?
- Qual é? Ainda não entendi por que quer me ver bêbada.
- Ele só está curioso. – Rob tentou intervir, mas ele sabia que eu sabia das intenções de John.
- E aí, topa um joguinho, ou é demais pra você?
- Que espécie de jogo?
- Humm..... – ele balbuciou.
- Eu nunca. – apressou-se Rob. – Alguém começa uma frase com “eu nunca fiz alguma coisa”, se você já fez você toma um gole de tequila, se não fez, não toma nada. – ele piscou para mim.
Sentamos lado a lado no sofá enquanto John se sentou na poltrona a nossa frente. Copinhos de tequila a postos, eu comecei.
- Eu nunca tomei um porre de tequila. – nós três viramos nossos copos.
- Eu nunca me esqueci das coisas depois de um porre de tequila. – disse Rob e outra vez nós três entornamos os copinhos.
- Eu nunca fumei nada ilícito. – disse John e foi o único a beber.
- Eu nunca injetei nada. – disse Rob e novamente o John foi o único a beber.
- Eu nunca....
- Ah, cara isso está muito fraco. Agora é a vez da versão sacanagem. – disse John, com um olhar que ele pretendia que fosse malicioso, mas que já estava inebriado pela mistura de todas as bebidas que ele já tinha tomado. – Eu nunca vi um filme pornô. – nós três rimos e bebemos a tequila. – Meninas assistem filme pornô? – ele parecia intrigado, mas eu apenas ignorei o comentário, contudo isso meu deu uma idéia para a pergunta.
- Eu nunca bati uma vendo filme pornô. – eles me olharam incrédulos enquanto eu apenas ria e virava meu copo de tequila. Arqueei uma sobrancelha e eles viraram seus copos. Não sou hipócrita a ponto de me envergonhar por ser segura quanto a minha sexualidade e meus desejos. Aliás, sou uma mulher bem liberal e sempre disposta a novas experiências.
- Eu nunca assisti filme pornô acompanhado. – disse Rob e dessa vez só John bebeu.
- Eu nunca paquerei um homem. – disse John e só eu bebi.
- Eu nunca flertei com uma mulher. – eu disse e me diverti com o sorriso safado deles quando eu também bebi.
- Caraca! – John exclamou. – Acho que tenho que visitar o Brasil. – e nós três soltamos gargalhadas. Eu senti uma leve tontura e sabia que, apesar da resistência, logo eu sentiria o álcool dominar meu cérebro se eu não parasse logo com aquilo. Ele emendou outra pergunta. – Eu nunca beijei uma mulher. – e pude ver certa decepção em seus olhares quando eu não bebi.
- Que foi? Tão achando que só tem perversão no Brasil, é? – e rimos mais uma vez. Olhei para o Rob, para tentar decifrar sua expressão e vi que a cada resposta que eu dava, ele me desejava mais. Se o John não estivesse ali, eu o agarraria ali mesmo, já que meus sentidos morais já não estavam totalmente no comando àquela altura da história.
- Eu nunca me senti atraído por uma pessoa desconhecida. – disse Rob olhando diretamente em meus olhos, como se estivesse lendo meus pensamentos, e nós três bebemos. Foi exatamente nessa hora que o John fez uma careta, colocou uma mão no estômago e outra na boca e saiu correndo porta afora, nos deixando sozinhos na sala. Nos encaramos fixamente, eu umedeci meus lábios outra vez, sentindo meu coração acelerar com a expectativa, e ele mordeu o lábio inferior, olhando insistentemente para minha boca.
- Eu nunca me senti tão atraído por uma brasileira. – ele me encarava, chegando mais perto.
- E eu nunca desejei tanto alguém como desejo o ator britânico que está sentado bem ao meu lado. – e não deu tempo de fazer mais nada.
Ele puxou meu rosto de encontro ao seu e sua boca procurou pela minha urgentemente. Nos beijamos quase ferozmente, com uma necessidade tamanha, como se um não pudesse viver sem o outro. Suas mãos passearam pela lateral do meu corpo ao mesmo tempo em que as minhas deslizaram por suas costas. Ele jogou seu corpo sobre o meu, me fazendo deitar sobre algumas almofadas que estavam no sofá, prendendo-me ali com o peso de seu corpo. Sua boca percorria meu pescoço, meu colo, voltando para minha boca num desejo incontrolável. Eu emaranhava meus dedos naqueles cabelos rebeldes, puxando sua boca com mais força contra a minha, enquanto sua língua acariciava a minha. Ele forçou seu corpo contra o meu e pude sentir o quanto ele me desejava. Deslizei minha boca para o seu pescoço e dei uma leve mordidinha no lóbulo de sua orelha. Ele soltou um gemido de prazer. Eu envolvi seu quadril com minhas pernas, forçando ainda mais seu corpo de encontro ao meu e arranhei, por cima da roupa, suas costas com minhas unhas. Ele deslizou a mão por baixo da minha blusa, fazendo menção de tirá-la e foi bem nessa hora que alguém abriu a porta nos interrompendo. Soltei um “sai daqui” enquanto Rob soltava um “agora não”, mas a pessoa não se mexeu.
- Foi mal, pessoas, mas temos que vazar. A polícia está vindo aí. – disse Hank.
- Polícia? – eu consegui perguntar depois de um momento.
- É. Algum vizinho reclamou de som alto, baderna e essas coisas. Vamos!
Olhei pro Rob e vi em seus olhos a mesma frustração que havia nos meus. Nos levantamos e já estávamos na sala quando ele bateu a mão na testa:
- Eu tenho que encontrar os caras. – me puxou para um último beijo cheio de terceiras, quartas e quintas intenções, delineando meus lábios com sua língua. Eu me esqueci dos policiais por um segundo.
- Ok, ok, crianças. Depois vocês se falam, ok? – disse Hank. – Vem . – e me puxou para longe do Rob.
Saímos por uma porta lateral e seguimos rua abaixo. Ainda pudemos ver as luzes azuis e vermelhas quando dobramos uma esquina.
- Cara! Não acredito que isso foi acontecer bem naquela hora! – eu resmungava para mim mesma.
- Relaxa, gata! – ele disse apertando meus ombros. – Vocês ainda terão muitas oportunidades para terminar o que começaram. – e havia malicia em sua voz.
- Ah é. Você diz isso porque já tinha feito sua festinha particular, né?! – e ri lhe dando uma cotovelada. – Aliás, como foi tudo aquilo?
E passamos todo o caminho de volta conversando sobre nossos encontros e desencontros.

Rob’s POV

Eu os segui até o escritório, então ele fechou a porta atrás de nós e disse:
- Agora, meus amigos, hora da tequila!
- Estou vendo segundas intenções nesse seu olhar, John? – eu perguntei, quando me lembrei das outras vezes que ele fez isso.
- Relaxa, cara! Só quero ver o quanto ela agüenta. – e dirigiu o olhar para ela.
- Como assim? Quer me deixar de porre com tequila, John? – ela parecia curiosa. – Para quê?
- Está com medo, estrangeira? – ele retrucou pretensioso. Não gostei daquilo. Não gostei mesmo. Se ele forçar qualquer coisa, pode se preparar para uma boa briga. Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Brigar com um amigo por causa de uma garota que eu nem conheço direito? Ela interrompeu meus pensamentos.
- Não. De maneira alguma. – pausa. – Deveria? – seu olhar passou por mim e percebi que ela viu minha expressão.
- Claro que não. – ele disse depois de uma sonora gargalhada. – E aí, vamos brindar à festa? – ele disse enchendo os copinhos com a bebida e nós três viramos ao mesmo tempo. Ele deu uma torcida de nariz e logo olhou para ela, como se esperasse que ela fizesse o mesmo, mas não foi o que houve. Pude ver uma certa decepção em seu olhar e confesso que também me surpreendi um pouco. Mas o que não me surpreendia naquela mulher? Ele serviu mais duas doses e então disse, depois de não conseguir ver nela nenhum esboço de embriaguez:
- Ela é forte! – e me cutucou com o cotovelo. – Que tal apimentarmos isso aqui com um joguinho?
- Qual é? – ela parecia impaciente. – Ainda não entendi por que quer me ver bêbada.
- Ele só está curioso. – eu respondi, mas sabia que ela sabia das intenções de John.
- E aí, topa um joguinho, ou é demais pra você? – ai, cara, isso não vai prestar.
- Que espécie de jogo?
- Humm..... – ele balbuciou.
- Eu nunca. – eu me apressei antes que ele resolvesse apelar para verdade ou desafio ou strip poker. Tudo bem que não era uma má idéia, mas não faria isso com ela; pelo menos não na frente de uma terceira pessoa. – Alguém começa uma frase com “eu nunca fiz alguma coisa”, se você já fez você toma um gole de tequila, se não fez, não toma nada. – expliquei e depois pisquei para ela.
Sentamos lado a lado no sofá enquanto John se sentou na poltrona a nossa frente. Copinhos de tequila a postos, eu ia começar, mas ela foi mais rápida e disse:
- Eu nunca tomei um porre de tequila. – nós três viramos nossos copos. Ok, ela tinha entendido a brincadeira.
- Eu nunca me esqueci das coisas depois de um porre de tequila. – eu disse e outra vez nós três entornamos os copinhos.
- Eu nunca fumei nada ilícito. – disse John e foi o único a beber.
- Eu nunca injetei nada. – eu disse, numa provocação ao John por tempos passados, e novamente ele foi o único a beber.
- Eu nunca.... – ela começou, mas foi interrompida. Como ele gostava de interromper as coisas, não?
- Ah, cara isso está muito fraco. Agora é a vez da versão sacanagem. – disse John, e eu sabia que ele apelaria para coisas sexuais, na tentativa de deixá-la constrangida. – Eu nunca vi um filme pornô. – nós três rimos e então ela também bebeu a tequila. – Meninas assistem filme pornô? – ele parecia intrigado, e eu podia fazer a mesma pergunta. Talvez ela não fosse tão santinha quanto parecia. Ela claramente ignorou o comentário dele.
- Eu nunca bati uma vendo filme pornô. – como é? Ela realmente disse o que achei que ela disse? Cara! Eu estava boquiaberto. Eu com medo de ela ficar constrangida e ela me solta uma dessas! Isso vai ser divertido. Ela riu divertida e virou o copo de tequila, depois nos olhou com uma expressão “vocês não vão beber?” e viramos nossos copos.
- Eu nunca assisti filme pornô acompanhado. – eu disse, já que ela quer brincar. Ok, ok, a tequila já está subindo, essa deusa está sentada ao meu lado e estamos falando de sacanagens. Isso não vai prestar. Só o John bebeu a tequila.
- Eu nunca paquerei um homem. – disse John e só ela bebeu.
- Eu nunca flertei com uma mulher. – ela disse e, outra vez para nosso espanto, ela bebeu. Logo depois deu um sorriso malicioso em minha direção. Eu to ficando maluco, pensei antes de virar minha tequila ao mesmo tempo que o John.
- Caraca! – John exclamou. – Acho que tenho que visitar o Brasil. – e nós três soltamos gargalhadas. Ele emendou outra pergunta. – Eu nunca beijei uma mulher. – ah, agora eu queria ver. Se ela responder que sim, não sei o que vou fazer. Bebi a minha rapidamente, o John também, mas ela não. Confesso que minha expressão foi de decepção.
- Que foi? Tão achando que só tem perversão no Brasil, é? – ela realmente era hilária. Ela me encarou, tentando decifrar minha expressão e pude perceber que ela sabia que estava me deixando maluco ali. A expressão dela também me dizia isso, que quanto mais o tempo passava, mais atraída ela estava. Não era uma coisa que dava para explicar. Era desejo, com certeza, mas não só isso. Ela tinha alguma coisa a mais que me prendia, que me chamava.
- Eu nunca me senti atraído por uma pessoa desconhecida. – eu disse olhando diretamente em seus olhos, será que desvendaria mais alguma coisa? Sua expressão denunciou que ela pensava a mesma coisa que eu. Ah, se o John não estivesse aqui! Palavras com certeza não seriam mais necessárias. Eu esperava por sua resposta e ela virou o copo no mesmo momento que nós dois. Foi exatamente nessa hora que o John fez uma careta, colocou uma mão no estômago e outra na boca e saiu correndo porta afora, nos deixando sozinhos na sala. Obrigado por ter ouvido minhas preces! Nos encaramos fixamente, ela umedeceu os lábios outra vez, meu coração deu um pulo com aquilo e a excitação percorreu todo o meu corpo. Mordi meu lábio inferior, olhando insistentemente para sua boca.
- Eu nunca me senti tão atraído por uma brasileira. – e encarei seus olhos, me mexendo no sofá e ficando muito, muito perto dela.
- E eu nunca desejei tanto alguém como desejo o ator britânico que está sentado bem ao meu lado. – e era tudo o que eu precisava ouvir.
Puxei seu rosto de encontro ao meu e sua boca procurou pela minha urgentemente. Nos beijamos quase ferozmente, com uma necessidade tamanha, como se um não pudesse viver sem o outro. Eu tinha que desenhar aquele corpo em meus braços, então deslizei minhas mãos pela lateral do seu corpo ao mesmo tempo em que as mãos dela deslizaram por minhas costas. Não tive dúvidas e joguei meu corpo sobre o dela, deixando que ficasse acomodada nas almofadas do sofá, prendendo-a com o peso do meu corpo. Ao me encostar naquele corpo abaixo do meu, vibrei de desejo e excitação. Era muito óbvio o quanto eu a queria. Percorri aquele pescoço esguio e macio, desci para seu colo e clavícula e voltei fazendo o mesmo caminho e beijei aquela boca com um desejo quase incontrolável. Ela emaranhou seus dedos em meus cabelos, puxando minha boca com mais força contra a sua, enquanto nossas línguas se acariciavam. Forcei mais um pouco meu corpo contra o dela e vi que ela podia sentir o quanto eu a desejava. Ela deslizou sua boca para o meu pescoço e deu uma leve mordidinha no lóbulo de minha orelha. Não consegui segurar e soltei um gemido de prazer. Eu não esperava aquilo, mas ela envolveu meu quadril com suas pernas, forçando ainda mais meu corpo de encontro ao seu e arranhou minhas costas, como se quisesse rasgar minhas roupas. Eu deslizei a mão por baixo da sua blusa, sentindo sua pele macia e quente se arrepiar, e comecei a subir a mão, fazendo menção de tirar a peça de roupa e foi bem nessa hora que alguém abriu a porta nos interrompendo. Ela soltou um “sai daqui” entrecortado, enquanto eu berrei ofegante um “agora não”, mas a pessoa não se mexeu.
- Foi mal, pessoas, mas temos que vazar. A polícia está vindo aí. – disse Hank.
- Polícia? – ela perguntou depois de um momento de respiração.
- É. Algum vizinho reclamou de som alto, baderna e essas coisas. Vamos!
Ela me olhou e viu em meus olhos a mesma frustração que havia nos seus. Com muita má vontade nós nos levantamos e já estávamos na sala quando me lembrei dos caras e bati na testa com a mão. Ela me olhou espantada:
- Eu tenho que encontrar os caras. – mas não deixaria de dar pelo menos mais um beijo nela. Puxei-a para meu corpo, num último beijo cheio de terceiras, quartas e quintas intenções, delineando seus lábios com minha língua. Por um instante nos esquecemos do motivo de estarmos nos separando bem naquela hora.
- Ok, ok, crianças. Depois vocês se falam, ok? – disse Hank. – Vem . – e a tirou dos meus braços, levando-a para longe.
Precisei de alguns segundos para me recuperar e me lembrar do porque não estar saindo de lá com ela: ah é, os caras e a polícia. Não deu um minuto e dois policiais invadiram a residência. John já estava indo na direção deles, então não me incomodei em ir recebê-los. Teve um pouco de falação, até que os ânimos se acalmassem e os policiais fossem embora. Eu estava sentado numa poltrona, com meu cigarro numa mão e um copo de cerveja na outra, e só conseguia ver uma coisa na minha frente: .
- Cara! O que foi tudo isso? – disse John, vindo para meu lado.
- Pois é, o que foi tudo isso...
- Hei, você está bem? Cadê a gostosa da ?
- Hum?
- A , cadê a gata?
- Ah, o Hank a levou embora.
- Tudo certo aí?
- Ahã. Acho que só estou meio bêbado. – mas não era de bebida.
Logo Jack e David apareceram e se juntaram a nós. O Paul já tinha ido embora muito antes, com a tal de Jess. Aquele foi o sortudo da noite. Terminei aquele cigarro, virei o copo de cerveja e voltei para minha casa.


Capítulo 02 – A Balada

’s POV

Levei o maior susto quando o despertador tocou naquela manhã de quinta-feira: mas que diabos! Bati no botão de desligar e botei o travesseiro por cima da cabeça. Tudo estava meio confuso e aos poucos fui me lembrando do motivo de estar tão acabada: a festinha na casa do John. E logo em seguida me veio a lembrança do Rob. Putz, que cara era aquele? Ou será que foi tudo um sonho muito bom? Ai, sei lá! Só sei que só queria voltar a dormir, mas ouvi batidas na porta e Claire colocou a cabeça pra dentro do quarto:
- Não vai levantar não?
- Não! – eu disse com voz rouca e manhosa. – Quero dormir o dia todo!
- Caramba! A festa deve ter sido boa mesmo. – ela veio e tirou o travesseiro da minha cabeça. – Mas agora a senhorita tem que levantar e ir pro curso. Ninguém mandou ir pra gandaia no meio da semana. – e sua voz era quase de deboche com minha ressaca.
Ela me deu dois cutucões e eu acabei levantando. Tomei uma chuveirada rápida para acordar de vez e fui pro bendito curso. Comi alguma coisa com minha colega espanhola na hora do almoço e fui correndo para o café. O movimento foi normal durante a tarde e perto da minha hora de sair, Hank apareceu por lá.
- Hei, gata!
- Hei, gato!
- Que moleza é essa, saiu mais cedo hoje foi?
- Pois é, fiz só uma hora de almoço. Vou sair com a Susie. – e ele revirou os olhos.
- Ah, garoto! – eu ri, lhe dando um tapa no braço. – Quer dizer que a noite de ontem rendeu mais do que só uma noitada, heim!
- Pois é. – ele estava todo felizinho. – Acho que agora aquela tonta resolveu perceber que eu existo mesmo.
- Só se ela fosse muito cega, né. – ri debochada. – Já te falei: você é o namorado perfeito. Se a gente não tivesse ficado tão amigo logo de cara, eu teria me apaixonado por você.
- Putz, me senti agora, heim! – ele riu descaradamente. – Pra você dizer isso, você que nunca se interessa de verdade por ninguém... acho que devo ter meu valor. – e rimos alegremente.
Meu turno acabou e ele me esperou para me acompanhar até o metro, onde nos separaríamos.
- Mas e você? – ele me olhou um pouco mais sério. – Afinal o que foi que rolou com o tal Robert?
- Putz, sei lá, cara! – e suspirei confusa. – Rolou uma coisa muito forte, uma química quase explosiva, mas sei lá. Não dá pra confiar na primeira impressão assim: movida a álcool e numa festa onde todo mundo quer pegar todo mundo.
- Mas... e se vocês se encontrarem de novo?
- Vai saber! – e ri quando paramos na plataforma onde seguiríamos para direções opostas. – Mas que seria bom terminar aquilo que começou ontem, ah isso seria. – soltamos uma gargalhada divertida e nos despedimos, cada um seguindo para seu trem.
Ninguém tinha chegado ainda quando entrei em casa, então subi para meu quarto e fui ver meus emails. Minha mãe tinha me mandado praticamente uma bíblia e algumas amigas também queriam notícias. Respondi tudo e uma idéia surgiu na minha mente: ele era ator, então devia ter alguma coisa na net sobre ele. Digitei o nome num buscador e logo surgiram as primeiras páginas de fãs.
- Caraca! Acho que eu tava perdida em outro mundo mesmo. Esse Rob é até que famosinho. – eu disse em voz alta. – Ah, se essas fanzinhas soubessem como ele tem pegada... – parei meus pensamentos no exato momento em que escutei passos na escada e logo Harry apareceu na porta.
- Falando sozinha, é?
- Pois é. De vez em quando isso acontece. – abaixei a tela do notebook e fui saindo do quarto em direção à escada. – Eu te alertei sobre isso na primeira semana que estava aqui. – e soltamos uma divertida risada.
Sentei na frente da TV e fiquei zapeando os canais até que ele se sentou lá comigo. Perguntou sobre a festa, eu fiz alguns comentários apropriados e só. Não ia contar para ele do pega que tinha dado, né! Logo Claire chegou e fui ajudá-la com o jantar. Ficamos conversando mais um pouco na sala e depois eu subi. Estava morta de cansaço pela noite mal dormida que meus planos eram apenas dormir. Tinha me esquecido que o computador estava ligado e me sentei-me à mesa para verificar novamente meus emails, mas a tela ainda estava no buscador com o nome do Rob. Corri os olhos pelas notícias sobre ele: ator britânico no papel do vampiro mais cobiçado dos últimos tempos .
- Um vampiro? Do que diabos é essa história? – e passei a pesquisar sobre a tal história romântica entre um vampiro e uma adolescente. Nem vi o tempo passar enquanto me envolvia com minha pesquisa: eu adorava histórias sobre vampiros e me repreendi por ter deixado essa de lado; mas daria um jeito nisso dando uma escapulida a uma livraria no dia seguinte. Desliguei o computador e fui dormir.
Na manhã seguinte a rotina no curso foi igual – eu estava gostando, mas achava que minhas horas no café eram mais produtivas, enfim – e antes de ir para o meu trabalho, passei na livraria e comprei meu exemplar de Twilight: começaria aquela leitura à noite. Era mais ou menos quatro da tarde, eu estava de costas, tirando um café, quando ouvi uma voz familiar.
- E aí, estrangeira!
- John! – eu sorri.
- Tudo jóia contigo?
- Tudo certo. – eu respondi. – Ou, e aí, o que deu na sua casa na outra noite? Muita complicação?
- Ah, nem. Os tiras que foram lá são meus conhecidos. Nem deu nada não. – ele fez uma pausa. – Mas você desapareceu de lá.
- Ah, pois é. Eu achei o Hank e acabamos indo embora.
- Pô, nem pra se despedir!
- Ah, claro. – eu debochei. – Você estava ruim lá no banheiro. Não ia interromper aquele momento.
- Putz, verdade, né. Acho que misturei demais.
- Você acha? Eu tenho certeza.
- Por falar nisso, você é forte, heim. Quantas doses de tequila você tomou?
- Ah, sei lá! – eu disse rindo. – É que eu gosto de tequila, e quase não tinha bebido nada. Só isso.
- Sei. – ele me deu outra olhada com segundas intenções. – Viu, a galera tá combinando de ir pra balada hoje à noite. Tá afim?
- Balada é? – eu ri. – Não sei. Onde? A que horas? Quem é “a galera”? – tentei parecer despreocupada.
- Ah, a gente pensou em ir lá na AKA (n/a: essa balada existe mesmo em Londres) lá pelas 20:30h. – ele obviamente não falou quem era a galera, e eu não ia insistir na pergunta.
- Bom, não vou dar certeza, mas acho que pode ser que eu apareça. – sorri. – Vou falar com o Hank e depois te avisamos, ok?
- Bom, beleza. – ele se despediu e foi em direção à porta. Assim que tive uma folga, liguei pro Hank e combinamos de nos encontrar no metro, depois do trabalho.
- Hum. AKA é? – ele balbuciou. – Balada forte! Você está a fim de ir?
- Ahã. E você?
- Certeza. Só preciso ver com a Susie. Mas acho que não tem erro não. – aí ele olhou mais atentamente para mim. – Ele vai estar lá?
- Quem?
- Como quem? Seu atorzinho.
- Não sei. – respondi. – Quando perguntei pro John quem era a galera, ele desconversou. Não insisti.
- Por que não?
- Ah, Hank! Você já viu como ele me olha, né. Não quero dar esperança pro garoto, mas também não preciso ficar anunciando aos quatro ventos que meu interesse é no amigo dele.
- Ahá! – ele soltou.
- Ahá o quê? – ele me pegou desprevenida. – Você sabe das minhas intenções com o Rob.
- Acho que sei até melhor do que você mesma. – ele soltou uma gargalhada.
- Besta. – mas não pude deixar de rir com ele.
Despedimo-nos e combinamos de nos encontrarmos na casa dele.

Rob’s POV

Já estava quase na hora do almoço quando finalmente decidi abrir os olhos. Tinha demorado muito para dormir depois da festa do John. E quando finalmente dormi, fiquei sonhando com ela. ! Eu realmente não sei explicar o que foi que aconteceu naquela festa. Eu não sou assim, não sou esse tipo de cara que sai pegando a primeira mulher que vê pela frente, e muito menos um mulherão daqueles. Mas o olhar dela, a segurança que ela passava, a certeza de que ela também queria, tudo isso me estimulou a agir como agi. Confesso também que não estou muito acostumado a encontrar garotas tão livres de preconceitos. Geralmente as que encontro ou são recatadas demais, ou são do tipo “pegadoras” – o John chamaria de “vadiazinhas”. Mas ela era diferente, não tinha nenhuma aura vulgar ao seu redor. Ela era assim e pronto: decidida, segura, dona do próprio nariz. Eu realmente gostei daquilo nela. Apesar de não termos trocado nem meia dúzia de palavras na noite anterior, eu sentia que ela era assim.
Com muito custo saí do quarto e fui para a sala.
- Noite agitada? – perguntou Lizzy.
- Ah... um pouco. – eu sorri. – Cadê todo mundo?
- Hum, foram fazer compras. Mamãe arrastou a Vic e o pai para o shopping. – e riu divertida.
- Ok. – e fui para a cozinha caçar alguma coisa para comer.
Minha irmã logo saiu e fiquei em casa sozinho, mas não por muito tempo. Meu agente me ligou e queria me encontrar para falar sobre o filme, marketing e tal. Deixei um recado sobre a mesa da sala e fui ao encontro dele. Passamos a tarde inteira e um pedaço da noite organizando a agenda: eu teria uns ensaios para algumas revistas e logo começariam as premieres do filme.
Voltei para casa logo depois do jantar e fiquei navegando na internet à procura de sites sobre mim. Ok, sei que isso é meio narcisista, mas quero saber o que as pessoas dizem sobre mim. Fiquei sem saco depois de um tempo, deitei em minha cama e resolvi ver um filme para chamar o sono. Funcionou e apaguei na metade do mesmo.
Acordei mais cedo naquela sexta e pude passar a manhã com meus pais e minha irmã Victoria, já que a Liz tinha viajado para um trabalho. Almoçamos juntos e depois eles saíram para seus afazeres.
- Fala estrelinha!
- Hei, John. Firmeza?
- Firmeza. Escuta, tô agitando a galera pra gente ir à AKA essa noite. Tá afim?
- Hum. – outra balada organizada pelo John. Será que ele a chamaria? – Beleza cara! Com quem você já falou?
- Ah, falei com os caras. O Paul ia falar com a gatinha dele e chamar o Hank e as meninas.
- Beleza então. A que horas?
- Ah, lá pelas 20:30h. O que acha?
- Perfeito. Até depois então.

’s POV

- Cheguei pessoas! – eu anunciei ao entrar em casa.
- Demorou hoje. – disse Claire que estava largada no sofá.
- Pois é. Fiquei tagarelando com o Hank no metro e perdi a noção da hora.
- Esse Hank de novo, heim! – exclamou Harry com um ar malicioso.
- Harry! – eu exclamei me largando na poltrona. – Ele está com a Susan. Eles ficaram na festinha de quarta e estão meio que “in love”.
- Sei, sei. – ele resmungou.
- Bom, por falar nele, vamos pra AKA essa noite. Estão a fim de ir?
- Balada outra vez? – Claire fez uma expressão de reprovação. – Não acha que está gandaiando demais não?
- Ah, Claire. Sexta à noite! E está um tempo tão bom hoje. Vai dizer que não se anima a dançar numa noite dessas?!
- Bom, vendo por esse lado...
- Vamos também. – eu insisti. Mas nenhum dos dois deu sinal de vida. – Bom, pensem aí, vou tomar um banho e me arrumar.
Subi, escolhi minha roupa e fui tomar meu banho. Será que ele vai? E se for, será que vai querer alguma coisa comigo? E se ele estiver com outra pessoa? Ah, cala a boca, ! A troco de quê você está se martirizando? Pelamordedeus, é só um cara! Mas é gato, heim! E como tem pegada, fala sério! Ah, sossega! Daqui a pouco você está lá e descobre, mulher! Roupa, maquiagem, dinheiro, celular: tudo certo! Desci as escadas e encontrei Harry e Claire na mesma posição de antes.
- Bom, família, fui! – eles acenaram quase que imperceptivelmente. – Gente, ressuscitem, por favor! – e fechei a porta rindo. Não demorei muito para chegar na casa do Hank e encontrá-lo junto com Susan e Jess.
- Vamos lá, pessoas?
- Alguém está animada, heim! – disse Jess. – Será que é por causa de outro alguém?
- Não tem a ver com ninguém, Jess. Só estou animada pra dançar. – e entramos os quatro no carro da Susan.
Quando chegamos, o clima já estava ótimo, o DJ inspirado e as pessoas animadas. Logo encontramos John, Jack, David e Paul, que logo foi seqüestrado pela Jess.
- Tá faltando um, não está não? – disse Hank, satisfazendo minha curiosidade.
- Ah, o Rob não vem. Acho que surgiu uma reunião de última hora. – disse John. Houve um silêncio momentâneo na rodinha.
- Vou para o bar, alguém quer alguma coisa? – ninguém respondeu e fui sozinha. Fiquei remoendo o anúncio do John de que o Rob não viria e isso me deixou menos animada. Até estranhei um pouco isso, pois geralmente não me envolvia com os carinhas com quem ficava. Tudo bem que o negócio com a gente foi forte, mas até aí, Londres é enorme e as chances de eu esbarrar com ele eram pequenas. Então não tinha que ficar chateada por ele não aparecer. Mas seria tão bom encontrar com ele outra vez. E quem sabe eu até poderia conversar com ele ao invés de só dançar, beijar, pegar. Ai, ai. Bom, pedi minha smirnoff ice e quando me virei, topei com John.
- E aí, estrangeira!
- E aí!
- Ou, tá gata hoje, heim.
- Valeu.
- Impressão minha ou ficou chateada que o Rob não veio? – hum, dei tanto na cara assim, é? Bom, eu poderia simplesmente negar, mas não foi o que acabei fazendo de fato, quem sabe se eu desse uma indireta nele, ele não pararia de me xavecar?
- Não chateada, frustrada acho que é a palavra certa. Tinha uma... coisa pra falar com ele, só isso.
- É? E... não dá pra... falar essa coisa pra mim, não? – e ele praticamente me prensou contra o balcão.
- Desculpe, John. É algo só entre nós dois mesmo. – bom, eu teria que ser mais eficiente do que isso.
- Tem certeza? – e apertou minha cintura. – Não posso mesmo ajudar?
- Não. – eu olhei secamente para ele. – E eu agradeceria muito se você não... insistisse nisso. – afastei sua mão da minha cintura e voltei para a nossa rodinha. Acho que agora ele entendeu o recado, pois não me encarou mais.

Rob’s POV

De repente meu dia ficou muito melhor. Sei que parecia coisa de adolescente, mas só de imaginar vê-la à noite eu fiquei totalmente animado. Só um tapado como eu não pegaria o telefone dela, nem tinha conseguido nenhuma outra informação sobre ela a não ser que era brasileira e se chamava . Estúpido! Mas tudo bem, essa noite eu resolveria isso.
Claro que a tarde resolveu se arrastar, pensei em ligar pro Paul umas não sei quantas vezes, pra saber se tinha falado com eles ou não, mas desisti disso também. Resolvi sentar ao piano e tocar alguma coisa para fazer o tempo passar mais depressa, e funcionou. Toquei por algumas horas sem nem perceber. Quando decidi parar já tinha ficado escuro, fui tomar um banho e me arrumar. Nunca na minha vida tive problemas para escolher uma roupa. O que diabos essa garota estava fazendo comigo? Eu estava quase pronto quando meu telefone tocou: meu agente.
- Ah, não. Impossível essa noite.
- Mas Robert, temos que acertar mais alguns detalhes e...
- Não podemos fazer isso amanhã? Já tenho um compromisso agora à noite. – mas não teve jeito. Eu estava furioso com a situação. Liguei pro John e avisei que não iria mais: reunião de trabalho de última hora. Terminei de me arrumar e chamei um táxi – não estava num clima muito bom para dirigir, se bobear, era até capaz de atropelar alguém.
Se fosse em qualquer outro dia da minha vida eu estaria bufando de ódio naquele momento. Eu estava dentro de um táxi, a meio caminho do escritório do meu agente quando o mesmo me ligou desmarcando a nossa reunião de última hora. Houve alguns problemas com uma das revistas e eles não chegariam a tempo em Londres. Eu estaria puto com essa indecisão toda, mas o fato era que eu poderia ir pra balada e encontrá-la por lá. Pensei em avisar que estava indo, mas desisti da idéia: queria surpreendê-la.
Avisei ao motorista que iríamos para outro destino e ele logo colocou o carro na direção correta. Demoramos mais de meia hora para chegar, mas finalmente desci na frente da boate.
Havia um pouco de fila, mas ser famosinho tem suas vantagens e não precisei esperar para entrar. O local estava lotado, o DJ muito bom e o clima totalmente convidativo. Eu estava no mezanino e passei os olhos pelo local procurando por ela, ou por alguns dos meus amigos que pudessem me dizer onde ela estava. Demorei um pouco para achá-la: estava dançando com Jack e David. Vi que ela foi para o bar e rapidamente desci as escadas para não perder os caras de vista, mas os perdi mesmo assim.
Quando cheguei perto de onde eles estavam, ela tinha voltado e tinha ficado meio chateada ao ver que estava sozinha. Mas então ela deu uma longa inspirada, um gole em sua bebida, fechou os olhos e sorriu. Começou a movimentar seu corpo na mesma batida da música e se entregou aos prazeres da dança. Era simplesmente fascinante vê-la dançar. Não resisti e fui até ela.

’s POV

Eu deixei que o episódio do bar caísse no meu esquecimento e me concentrei na música, no ambiente, na minha bebida. O tempo passou, Hank e Susan desapareceram, assim como Jess e Paul. Fiquei dançando na pista com David e Jack, já que o John estava atracado com uma loira numa das paredes do lugar. Eu fui ao bar novamente e quando voltei os meninos tinham desaparecido. Ótimo! Agora eu estava dançando sozinha no meio da pista. Tudo bem, a música estava ótima mesmo, então dei um longo gole na minha ice, fechei os olhos e acompanhei a batida da música.
- Deveria ser crime dançar dessa maneira tão sensual. – uma voz masculina familiar e desejada surgiu em meu ouvido no mesmo momento em que braços fortes envolveram minha cintura, pressionando meu corpo contra o seu. – Você corre perigo de ser atacada a qualquer momento. – um choque percorreu meu corpo todo e um arrepio desceu pela minha coluna. Eu me virei em seus braços e coloquei-me de frente para ele.
- E deveria ser crime falar dessa maneira sedutora no ouvido de alguém distraído. – e eu aproximei minha boca de seu ouvido. – Você corre o risco de causar um enfarte em alguém.
Ele deu aquele sorriso torto maravilhoso, me olhou dos pés à cabeça.
- Eu poderia causar um enfarte em você?
- Eu poderia ser atacada por você?
Não precisávamos de respostas para aquelas perguntas, sabíamos exatamente quais eram as respostas. Eu passei meus braços em torno do seu pescoço e ele estreitou os braços em volta da minha cintura, colando nossos corpos. Ele deslizou a boca até meu ouvido, dando uma leve mordidinha no lóbulo da minha orelha, eu gemi baixinho, depois veio roçando os lábios e o queixo, com uma barba de uns dois dias, pela linha da minha mandíbula até que encontrou meus lábios sedentos e nos beijamos urgentemente.
O beijo estava delicioso, exatamente com ele, mas tivemos que nos afastar para respirar, caso contrário morreríamos sufocados um nos lábios do outro.
- Oi. – ele disse todo faceiro.
- Oi. – eu respondi ainda meio zonza. – Achei que não viria. Ou pelo menos foi o que o John falou.
- Pois é. Eu não vinha mesmo, mas minha reunião de última hora foi cancelada de última hora e acabei vindo pra cá.
- Que bom que sua reunião inesperada não rolou. Ele me afastou mais um pouco e me fez girar para que me visse. Eu senti seus olhos me analisando e fiquei feliz quando vi sua expressão: desejo. Tomou um gole da minha bebida, acendeu um cigarro e disse com um meio sorriso extremamente safado:
- É até obsceno ficar tão linda assim.
- Bom... algumas pessoas gostam de um pouco de obscenidade. – e sorri maliciosamente.
- Sem sombra de dúvidas. – e me puxou para mais um beijo.
Fomos interrompidos por Hank, que já estava meio alto e não tinha percebido que estávamos um pouco ocupados.
- Rob, cara, você apareceu! – eu o fuzilei com o olhar, Rob riu.
- Pois é, cara.
- Que bom. Já estava até triste de ver a dançando sozinha. – ai, eu mataria o Hank na primeira oportunidade.
- Hei! Não preciso de companhia para me divertir... – olhei pro Rob que parecia meio confuso. – ...mas acompanhada sempre fica muito melhor. – e dei uma piscadinha. Ele riu de novo, balançando a cabeça de um lado pro outro.
Logo o restante das pessoas apareceu na roda e nosso momento particular foi pro espaço. O DJ estava muito bom, só tocando as melhores músicas e eu resolvi me diverti dançando. Adoro dançar, sempre gostei; meio que me desconecto do mundo quando estou curtindo uma música, e não ligo muito pra como estou dançando: simplesmente deixo a batida me levar. Eu sabia que meu jeito de dançar parecia mais ousado para eles – se estivesse no Brasil, ninguém nem perceberia direito – e tirava um pouco de proveito disso, provocando o Rob de vez em quando. Mais algumas músicas rolaram e começou uma sessão flashback, rolaram alguns clássicos da “era disco” e então começou a tocar “Gia - Despina Vandi”. Eu simplesmente amo essa música; tem um quê árabe que lembra dança do ventre – que eu sabia dançar muito bem – e então me soltei na melodia. Todos na nossa roda pararam para me ver dançar, mas eu dançava para uma única pessoa: Rob. Eu podia ver seus olhos arderem de desejo a cada movimento de quadril, ou cada deslize de dedos ou a cada olhar mais penetrante. Eu terminei a música estendendo a mão para ele, e ele me puxou para junto de seu corpo, sussurrando em meu ouvido:
- Você está me deixando completamente louco.
- Essa é a idéia. – eu sussurrei de volta, parando meu olhar em sua boca.
Pudemos ouvir alguns “uhús” atrás de nós, mas eu não desviei meu olhar. Ele deu um sorriso encabulado e então me afastei um pouco, rindo também.
- Cara, ficou muito quente aqui. – disse Hank puxando a camisa, como se estivesse se abanando. – Vou pro bar, alguém quer alguma coisa? – e olhou direto para mim.
- Vou com você. – eu disse, quase com medo daquele olhar.
- Mulher, o que foi aquilo? – ele finalmente disse quando chegamos ao balcão.
- O que foi o quê? – eu fiz minha cara mais inocente.
- Ah, fala sério! – ele revirou os olhos. – Você tem idéia do que fez com todos os machos daquela roda?
- Todos, Hank? – e eu não pude deixar de rir, divertida.
- Ugh... é... bom... é, todos os machos da roda. – ele parecia enfezado.
- Jura que foi tão bom assim? Fazia tanto tempo que não dançava.
- Caraca! Imagina então se não fizesse. – ele sacudiu a cabeça rindo, eu me senti lisonjeada.
- Mas o que foi afinal? Você não me trouxe aqui para elogiar minha dança.
- Não. – ele ficou mais sério. – É que fiquei com medo do olhar do John. Cara, parecia que ele ia te atacar ou alguma coisa assim.
- Ah. – eu exclamei.
- E não era só você que ele ia atacar, ele fuzilava o Rob também.
- Hum. – pausa. – Mas o que você quer que eu faça? Já falei pra ele que não tô afim dele. Achei que tivesse ficado claro.
- Bom, é só um toque, ok? Se for fazer outra dancinha pro Rob, vai para um lugar mais escondido, ok?
- Hank! – e eu não conseguia segurar o riso. – Não precisa exagerar, vai. E além do mais, foi você que trouxe a galera pra onde nós dois estávamos, aliás, bem no meio de um beijão.
- Ops. Foi mal. Mas, enfim, só fica ligada, ok?
- Podexá. – e voltamos para nossa rodinha.

Rob’s POV

- Deveria ser crime dançar dessa maneira tão sensual. – eu disse encostando minha boca em seu ouvido ao mesmo tempo em que enlaçava sua cintura, trazendo-a para perto de mim. – Você corre perigo de ser atacada a qualquer momento. – e pude sentir que ela tremeu ao meu toque. Ela então se virou em meus braços e ficou de frente para mim, com um olhar malicioso e um sorriso estonteante nos lábios.
- E deveria ser crime falar dessa maneira sedutora no ouvido de alguém distraído. – então ela se aproximou lentamente do meu ouvido e sussurrou. – Você corre o risco de causar um enfarte em alguém.
Não consegui me conter e abri aquele sorriso sedutor, olhando-a de cima a baixo.
- Eu poderia causar um enfarte em você? – perguntei ingenuamente, mas adorando aquela declaração entrelinhas.
- Eu poderia ser atacada por você? – e ela me olhou sedutoramente.
Não precisávamos de respostas para aquelas perguntas, sabíamos exatamente quais eram as respostas. Ela envolveu meu pescoço em seus braços e eu apertei-a mais contra meu corpo, aniquilando qualquer espaço entre nossos corpos. Então deslizei minha boca até seu ouvido e dei uma leve mordidinha no lóbulo da sua orelha, ela gemeu baixinho, e depois fui roçando os lábios e o queixo pela linha da sua mandíbula até que encontrei seus lábios e nos beijamos urgentemente. Foi um beijo no estilo “desentupidor de pia”, necessário, intenso, delicioso. Mas tivemos que nos afastar para respirar, pois eu já estava completamente sem fôlego.
- Oi. – eu disse então, olhando melhor para ela.
- Oi. – ela respondeu e pareceu estar meio zonza. – Achei que não viria. Ou pelo menos foi o que o John falou.
- Pois é. Eu não vinha mesmo, mas minha reunião de última hora foi cancelada de última hora e acabei vindo pra cá. – e ainda bem que isso aconteceu. Estou devendo uma pro cara aí de cima.
- Que bom que sua reunião inesperada não rolou. – e ela sorriu, parecendo concordar com meus pensamentos. Eu a afastei um pouco e a fiz girar para que eu pudesse vê-la melhor. Ela tinha um sorriso feliz quando terminou o giro e percebi que era por causa da minha cara de admiração, de desejo. Tomei um gole da sua bebida, acendi um cigarro e disse com um meio sorriso extremamente safado:
- É até obsceno ficar tão linda assim.
- Bom... algumas pessoas gostam de um pouco de obscenidade. – e ela sorriu maliciosamente.
- Sem sombra de dúvidas. – eu respondi puxando-a para mais um beijo.
Fomos interrompidos por Hank, que já estava meio alto e não tinha percebido que estávamos um pouco ocupados.
- Rob, cara, você apareceu! – ela olhou para ele fuzilando-o com o olhar, eu só pude rir.
- Pois é, cara. – respondi animado.
- Que bom. Já estava até triste de ver a dançando sozinha. – nossa, era melhor ele calar a boca ou ela o mataria na primeira oportunidade.
- Hei! Não preciso de companhia para me divertir... – e olhou para mim, que estava com uma cara de confusão: como assim não precisava de companhia para se divertir? – ...mas acompanhada sempre fica muito melhor. – e me deu uma piscadinha. Ah bom! E ri de novo, balançando minha cabeça de um lado pro outro. Definitivamente ela não existe.
Logo o restante das pessoas apareceu na roda e nosso momento particular foi pro espaço. O DJ estava muito bom, só tocando as melhores músicas e ela voltou a dançar. Eu não sou muito bom nesse negócio de dançar, então passei a observá-la ao meu lado. Ela tinha um jeito bem ousado de dançar, bem longe do nosso tradicional “um pra lá, um pra cá”. Hora ou outra ela enlaçava meu pescoço ou ficava de costas para mim, me provocando, mas até aí ainda estava suportável. Foi então que começou uma sessão flashback: rolaram alguns clássicos da “era disco” e então começou a tocar uma música que misturava dance com música árabe – acho – e fez muito sucesso na época em que foi lançada. Minha irmã mesmo ficou viciada na música e foi aí que a se soltou na melodia. Todos na nossa roda pararam para vê-la dançar, mas ela dançava somente para mim. Cada vez que ela jogava o quadril, ou fazia movimentos sinuosos com os braços e as mãos, ou cantava olhando diretamente para mim, uma onda de excitação percorria meu corpo. Ainda bem que eu estava de calça jeans! Meus olhos ardiam de desejo e eu seria capaz de atacá-la bem ali. Dei uma longa tragada em meu cigarro e em seguida um gole na minha cerveja, descartando o copo no chão mesmo. Cara, ela sabia mesmo como provocar. E então ela finalizou a música fazendo uma pose onde estendeu o braço para mim, numa posição de convite. Eu não tive dúvidas e a puxei para junto de mim, segurando em sua cintura e colando minha boca em seu ouvido:
- Você está me deixando completamente louco.
- Essa é a idéia. – ela sussurrou de volta, parando seu olhar em minha boca.
Pudemos ouvir alguns “uhús” atrás de nós, mas ela simplesmente não desviou o olhar, fazendo com que eu quase perdesse as estribeiras. Fechei os olhos e dei um sorriso encabulado e só então ela se afastou um pouco, rindo também.
- Cara, ficou muito quente aqui. – disse Hank puxando a camisa, como se estivesse se abanando. – Vou pro bar, alguém quer alguma coisa? – e percebi que olhou direto para ela.
- Vou com você. – ela disse em seguida.
Eu não sabia se estava feliz ou não com aquela saída estratégica que o Hank providenciou. Mas talvez tenha sido melhor, porque se ela ficasse mais um minuto ali do meu lado, eu não responderia por mim. E talvez não fosse nada bom para minha carreira ser flagrado em meio a um atentado ao pudor.
Eles não demoraram muito, e ela parecia mais comportada. Será que aquele relance em seu olhar foi preocupação? Estranho. Mas ela voltou a dançar ao meu redor, de maneira não tão provocante assim e eu fui recuperando o controle do meu corpo.
Porém isso não demorou muito, porque depois de algumas músicas mais leves, começou uma outra; ela olhou para mim com aquela cara de safada outra vez, pegou minha mão e me puxou para uma parede, embaixo do mezanino: um lugar mais escondido. Deus do céu, o que ela pretendia fazer agora?

’s POV

Ainda rolou um monte de música boa e então começou “Buttons – The Pussycat Dolls”, outra música que eu simplesmente adorava dançar. Hank viu minha expressão, enquanto eu pegava a mão do Rob e ia para uma parede perto do banheiro feminino. Ele tinha uma expressão de curiosidade e malícia juntas, que me deixaram mais animada ainda para dançar. Eu o encostei na parede e comecei a dançar na sua frente, sempre olhando em seus olhos, que ardiam outra vez. Mas dessa vez não esperei que a música acabasse para beijá-lo com desejo; e ele não me decepcionou. Seu beijo era intenso, molhado, quente; suas mãos apertavam minha cintura – não passavam daí, como aconteceria com a maioria dos brasileiros – e puxava meu quadril de encontro a seu corpo. Eu bagunçava ainda mais seu cabelo revolto e deslizava minha boca para seu pescoço, traçando o caminho com minha língua. Estávamos bem empolgados no nosso “pega”, mas aí me lembrei do que Hank falou e me afastei um pouquinho. Ele percebeu.
- Que foi?
- Só lembrei que estamos em público, apesar de parecer que não. – e sorri olhando ao redor teatralmente.
- Hum. Verdade, né. – ele pareceu decepcionado, mas parecia compreender também. – Eu estaria sendo cafajeste demais se sugerisse que saíssemos daqui?
- Eu estaria sendo fácil demais se aceitasse sua sugestão?
- Não nos tempos de hoje. – ele riu sedutoramente. Eu não me contive e soltei uma sonora gargalhada.
- Homens! Falam qualquer coisa para conseguirem o que querem.
- Ah, claro, como se só eu quisesse alguma coisa aqui.
- Vamos sair logo daqui. – eu disse dando um beijo mais comportado. – Só preciso dar um toque pro Hank. – ele concordou comigo e fomos andando, de mãos dadas, até nosso grupinho.
O lugar já estava mais vazio, então não foi difícil localizá-los. Estávamos na metade do caminho quando a coisa se complicou um pouco: John, que estava muito bêbado, deu um puxão no meu braço, me fazendo soltar da mão do Rob num tranco só. Num segundo ele tinha me puxado para junto do seu corpo e tentou me dar um beijo, mas eu consegui desviar o rosto.
- Ai, John! Me solta! – eu berrei tentando me livrar dos seus braços, mas o cidadão era forte.
- Solta ela, John. – Rob grunhiu puxando a mão de John da minha cintura. Ele só deu um empurrão na mão do Rob, mas foi o suficiente para que Hank me puxasse.
- Ah, qual é? Também quero me divertir com essa aí. Pelo que já pude perceber, ela não tem preconceitos.
- Cala essa boca, John. – eu cuspi. – Você não sabe nada de mim.
- Ah, sei sim. Sei que é uma vadiazinha.
Nessa hora Rob, que estava tentando manter a calma, estourou e deu o maior soco na boca do John, que caiu sentado no chão da balada.
- Não fala assim da minha garota, imbecil.
- Bom, se você quer ficar com essa aí, à vontade. Otário. – Rob ia partir pra cima do John outra vez, mas eu segurei em seu braço.
- Vamos embora. Ele está bêbado. Não vale à pena. – ele só passou o braço pelo meu ombro e seguimos para fora.
- Que vontade de arrebentar aquele idiota.
- Relaxa, Rob. Isso não ia adiantar em nada.
- Mas ele te chamou de...
- Eu sei do que ele me chamou. – suspirei e parei a seu lado. – E talvez a culpa seja minha mesmo.
- Como assim? – e foi o Hank quem perguntou, confuso.
- Eu me esqueci de onde estou por um momento. Lá no Brasil somos mais soltos mesmo, e eu nunca liguei de dizer o que penso, ou fazer o que me dá vontade. Sei a impressão que passei pro John. Mas eu não sou isso que ele falou.
- Claro que não é. – Rob disse. Eu abaixei minha cabeça. – Hei... – ele puxou meu rosto para cima. – Não é sua culpa as pessoas não entenderem seu modo liberal ou o fato de seguir sua própria cabeça. – eu apenas sorri timidamente.
- Verdade, mulher. – disse Hank. – Não vai se deixar abater só por causa de um imbecil.
- Foi mal, meninos. – e inevitavelmente uma lágrima estúpida escapou dos meus olhos. – Prometo que vou me comportar melhor, ok?
- Ah, eu vou voltar lá e dar uma surra naquele miserável. Quem ele pensa que é pra te fazer chorar e...
- Rob! – eu segurei seu braço. – Deixa pra lá, ok? Já tivemos emoções demais por uma noite, e não quero que você se meta em enrascadas às vésperas da estréia do seu filme, ok? – os dois pararam para me olhar e eu sorri. – Que foi? Achou que eu não descobriria sobre o filme do vampiro, é?
- Mas você nem sabia quem eu era direito três dias atrás.
- Eu sei, mas fiquei curiosa. Não posso?
Nós três rimos e foi aí que senti falta da Susan. Hank explicou que ela tinha recebido uma ligação e voltou para casa mais cedo.
- Bom, não sei vocês, mas eu já encerrei minha noite por aqui. Acho que vou pra casa. – disse Hank. – Você vem comigo? – e a pergunta era para mim.
- Eu te levo. – Rob respondeu rápido demais. – Se você quiser, claro. – pausa. – E se você não se importar, Hank.
- Por mim, pode ir com ele, gata. Estou pertinho do metro e em dois tempos chego em casa. – e ele piscou para mim.
- Bom, então tá. – eu disse. – A gente se fala amanhã, gato. – e dei um beijo no rosto do Hank.
- Falou! Até mais, Rob. Leva minha amiga direitinho pra casa, heim!
- Pode deixar, Hank. Até mais.
Ele voltou a envolver meu ombro com seu braço e fomos andando em direção a um ponto de táxi.
- Não dirijo quando vou para a balada e sei que vou beber. – ele disse ao ver minha expressão curiosa.
- Que responsável que ele é. – eu ri debochada. – Gostei disso.
Entramos num táxi, eu disse o endereço ao motorista e o trajeto não demorou nem dez minutos.
- Chegamos. – eu anunciei. – Te convidaria para entrar, mas acho que Harry e Claire não iam gostar muito da idéia.
- Tudo bem. – ele concordou gentilmente. – Não quero te colocar em nenhuma enrascada. – riu e me deu um beijo fofo. – Nos falamos amanhã, pode ser?
- Claro. – eu disse já saindo do carro.
- ?! – ele chamou. – Você ainda não me passou seu telefone. – e riu; eu sacudi a cabeça rindo também – ai, que estúpida, acorda ! – e falei o número para ele.
- Boa noite, Rob.
- Boa noite, .
Tentei não fazer barulho ao entrar em casa e dois minutos depois estava estatelada em minha cama pensando em tudo o que tinha acontecido naquela noite. Definitivamente tinha algo mais rolando entre Rob e eu do que simples desejo. O modo como ele me defendeu do John, o jeito como enfatizou o “minha garota”, a preocupação com o fato de ele ter ferido minha integridade moral. Eu ainda não sabia o que sentia, mas estava gostando muito daquele cuidado todo, talvez gostando até demais. E como ele era lindo, Meu Deus! Definitivamente não era só desejo. Eu já estava quase dormindo quando recebi uma mensagem no meu celular: Quer almoçar comigo amanhã? Podemos passar um tempo juntos, conversar e tal. O que acha? Eu respondi no mesmo momento: Perfeito. Como faremos? E ele respondeu em seguida: Passo aí às 13h, ok? Durma bem. Um beijo. E eu respondi: Estarei te esperando. Sonhe com os anjos. Beijo. Se bem que depois desse convite, quem sonharia com anjos seria eu!

Rob’s POV

Ela me encostou na parede e começou a dançar na minha frente, sempre olhando em meus olhos, que já ardiam de desejo outra vez. Movimentava seu corpo mais sensualmente do que na outra dança – como aquilo era possível? – o que me deixou mais excitado ainda. Eu sabia, pelo olhar dela, que ela estava tão excitada quanto eu e minha teoria foi comprovada quando ela simplesmente voou para minha boca, antes mesmo da música acabar, com uma sede quase insaciável. Eu retribuí na mesma intensidade, segurando em seu pescoço enquanto ela apertava minha cintura. Beijei-a com mais vontade ainda, deslizando minhas mãos para sua cintura e puxando-a para meu corpo, fazendo com que nossos quadris se encaixassem. Ela entrelaçou as mãos em meus cabelos bagunçando-os e então deslizou sua boca pelo meu pescoço, fazendo o desenho do trajeto com sua língua. Oh, God! Eu não agüentaria por muito mais tempo. Apertei-a com mais força ainda contra meu corpo e ela deu um suspiro de prazer. Mas então alguma coisa aconteceu e ela desacelerou, afastando-se um pouco de mim.
- Que foi? – perguntei confuso.
- Só lembrei que estamos em público, apesar de parecer que não. – e sorriu olhando ao redor teatralmente.
- Hum. Verdade, né. – não era possível, não havia ninguém ao nosso redor dois segundos atrás. Respirei fundo e sabia que ela estava certa. Mas e aí? Como ficaríamos? Não dava pra simplesmente puxar o freio de mão, ali, naquela hora. – Eu estaria sendo cafajeste demais se sugerisse que saíssemos daqui?
- Eu estaria sendo fácil demais se aceitasse sua sugestão?
- Não nos tempos de hoje. – ainda bem que estamos no século 21 e várias barreiras foram quebradas. Sorri sedutoramente. Mas ela soltou uma gargalhada divertida que não combinava muito com meu olhar.
- Homens! Falam qualquer coisa para conseguirem o que querem. – não pude segurar o riso também.
- Ah, claro, como se só eu quisesse alguma coisa aqui. – e ela sabia que eu estava certo.
- Vamos sair logo daqui. – ela disse dando-me um beijo mais comportado. – Só preciso dar um toque pro Hank. – eu assenti e fomos andando, de mãos dadas, até nosso grupinho.
O lugar já estava mais vazio, então não foi difícil localizá-los. Estávamos na metade do caminho quando alguma coisa aconteceu. Num segundo estava atrás de mim, segurando minha mão e no segundo seguinte houve um tranco e ela não estava mais. Quando me virei para ver o que tinha acontecido topei com ela presa nos braços do John, que tentava beijá-la. Ah, filho da puta. Ela desviou o rosto a tempo de impedir o beijo e berrou:
- Ai, John! Me solta! – eu podia ver que ela tentava se libertar, mas o idiota a segurava com força.
- Solta ela, John. – eu grunhi chegando junto e puxando a mão dele da cintura dela. Ele só deu um empurrão em minha mão, tentando me afastar, mas Hank já estava do meu lado e bastou esse afrouxamento para que ele a tirasse de lá. Já falei que fui muito com a cara desse Hank?
- Ah, qual é? Também quero me divertir com essa aí. Pelo que já pude perceber, ela não tem preconceitos.
- Cala essa boca, John. – ela cuspiu enojada. – Você não sabe nada de mim.
- Ah, sei sim. Sei que é uma vadiazinha.
Ah, não! Quem esse idiota acha que é para chamar a minha garota de vadia? Nem pensei, simplesmente fechei minha mão em punho, canalizando toda a energia acumulada em meu corpo naquela hora, e mandei no meio da boca dele. Nem senti a dor e o filho da puta caiu sentado no chão.
- Não fala assim da MINHA garota, imbecil. – minha voz estava quase irreconhecível pela raiva que eu estava.
- Bom, se você quer ficar com essa aí, à vontade. Otário. – ah, agora ele me pagaria, mas senti uma mão em meu braço. Era ela.
- Vamos embora. Ele está bêbado. Não vale à pena. – ela tinha razão. Não valia mesmo à pena acertar aquele idiota mais uma vez. Passei o braço pelo seu ombro e seguimos para fora.
- Que vontade de arrebentar aquele idiota. – eu disse já do lado de fora.
- Relaxa, Rob. Isso não ia adiantar em nada. – ela parecia triste.
- Mas ele te chamou de...
- Eu sei do que ele me chamou. – ela suspirou e parou ao meu lado. – E talvez a culpa seja minha mesmo.
- Como assim? – e foi o Hank que perguntou, confuso.
- Eu me esqueci de onde estou por um momento. Lá no Brasil somos mais soltos mesmo, e eu nunca liguei de dizer o que penso, ou fazer o que me dá vontade. Sei a impressão que passei pro John. Mas eu não sou isso que ele falou.
- Claro que não é. – eu disse quase indignado com o que ela acabava de dizer. Por que ela pensaria isso? Ela abaixou a cabeça, um pouco envergonhada talvez. – Hei... – disse, puxando seu rosto para cima. – Não é sua culpa as pessoas não entenderem seu modo liberal ou o fato de seguir sua própria cabeça. – ela sorriu timidamente, sem de fato acreditar naquilo.
- Verdade, mulher. – disse Hank. – Não vai se deixar abater só por causa de um imbecil.
- Foi mal, meninos. – ela disse e vi uma singela lágrima escorrer pelo seu lindo rosto. Filho da puta idiota. – Prometo que vou me comportar melhor, ok?
- Ah, eu vou voltar lá e dar uma surra naquele miserável. Quem ele pensa que é pra te fazer chorar e...
- Rob! – ela segurou meu braço. – Deixa pra lá, ok? Já tivemos emoções demais por uma noite, e não quero que você se meta em enrascadas às vésperas da estréia do seu filme, ok? – como assim? O cara acabou de xingá-la e ela está pensando no meu filme? Hank também parecia confuso. Ela sorriu. – Que foi? Achou que eu não descobriria sobre o filme do vampiro, é?
- Mas você nem sabia quem eu era direito três dias atrás. – o rumo da conversa tinha mudado completamente. Ela fez isso. Um minuto atrás eu queria arrancar a cabeça daquele idiota e agora ela quer falar do filme que vai estrear!
- Eu sei, mas fiquei curiosa. Não posso? – ela realmente era maravilhosa. Nós três rimos e então ela olhou pro Hank e perguntou pela Susan. Ele explicou que ela tinha recebido uma ligação e voltou para casa mais cedo.
- Bom, não sei vocês, mas eu já encerrei minha noite por aqui. Acho que vou pra casa. – disse Hank. – Você vem comigo? – perguntou diretamente para ela.
- Eu te levo. – respondi rápido, antes que ela decidisse tirar de mim mais alguns momentos em sua presença. Mas, e se ela quisesse ir embora com o amigo? E se tivesse ficado chateada com o que aconteceu lá dentro? E se não quisesse ficar mais comigo. Achei melhor me certificar. – Se você quiser, claro. – ah, e tinha que ver com o Hank também, afinal ele era o amigo. – E se você não se importar, Hank.
- Por mim, pode ir com ele, gata. Estou pertinho do metro e em dois tempos chego em casa. – e vi que ele piscou para ela. Ele estava do meu lado!
- Bom, então tá. – ela disse animada. – A gente se fala amanhã, gato. – e deu um beijo no rosto do Hank.
- Falou! Até mais, Rob. Leva minha amiga direitinho pra casa, heim!
- Pode deixar, Hank. Até mais.
Passei meus braços ao redor de seu ombro outra vez e fomos andando em direção a um ponto de táxi.
- Não dirijo quando vou para a balada e sei que vou beber. – achei melhor explicar, já que ela estava com uma cara de interrogação. Isso, sem mencionar que meu destino original naquela noite era um escritório.
- Que responsável que ele é. – e soltou uma risada debochada. – Gostei disso. – e senti aprovação e carinho em sua voz.
Entramos num táxi, ela disse o endereço ao motorista – e eu fiquei repetindo algumas vezes para decorar – e o trajeto não demorou nem dez minutos.
- Chegamos. – ela anunciou quando o carro parou em frente a um sobradinho simpático. – Te convidaria para entrar, mas acho que Harry e Claire não iam gostar muito da idéia.
- Tudo bem. – eu concordei, já que o clima de romance tinha ido para o espaço mesmo. – Não quero te colocar em nenhuma enrascada. – sorri e a beijei ternamente, querendo que o beijo ficasse com um gosto de quero mais. – Nos falamos amanhã, pode ser?
- Claro. – ela disse já saindo do carro.
- ?! – será que ela era desligada assim mesmo ou foram os acontecimentos da noite? –Você ainda não me passou seu telefone. – sorri educadamente. Ela sacudiu a cabeça rindo e me passou o número.
- Boa noite, Rob. – ela disse com uma voz meiga.
- Boa noite, . – eu repeti com a voz mais carinhosa que consegui.
Esperei até que ela fechasse a porta e segui para minha casa. No fim, até que não morávamos tão longe um do outro: cerca de meia hora de carro, num dia sem trânsito. Entrei em casa sem me preocupar muito com o barulho e fui correndo para minha cama. Me joguei lá e fiquei pensando naquela noite. Definitivamente eu e ela tínhamos alguma coisa. E não era só desejo, só tesão. Eu gostava muito do jeito dela rir, da perspicácia, da alegria. Eu tinha que vê-la novamente. Peguei o celular e olhei o horário. Será que ela já estaria dormindo? Bom, não custa arriscar, não é mesmo? Quer almoçar comigo amanhã? Podemos passar um tempo juntos, conversar e tal. O que acha? Fiquei esperando ansiosamente pela resposta, que veio logo em seguida: Perfeito. Como faremos? Ah, que felicidade. Respondi na hora: Passo aí às 13h, ok? Durma bem. Um beijo. E veio mais uma mensagem: Estarei te esperando. Sonhe com os anjos. Beijo. Ah, eu sonharia. Sonharia com ela a noite toda. Seus olhos, sua boca, seu sorriso. Ops, isso não são imagens de anjos e sim de diabinhas. E senti que meu “amigo” lá de baixo tinha se animado outra vez. Concentrei-me mais nas imagens daquela noite e dei vazão ao desejo que tinha sido reprimido. Com certeza seria mil vezes melhor com ela, mas na atual situação... Dormi como um bebê depois disso e inevitavelmente sonhei com ela.


Capítulo 03 – O Encontro

’s POV

Acordei com o cheiro de café que subia da cozinha. Me estiquei toda na cama, espreguiçando-me dengosamente e olhei para o relógio: 8:15h. O que estava acontecendo comigo? Nunca fui de acordar sozinha pela manhã, ainda mais bem disposta e em pleno sábado. Dei uma risadinha interna e lembrei do sonho bom que tive naquela noite. Era com ele, obviamente, e meu sorriso se alargou com a imagem de seu rosto. Ah, não! Isso que estou sentido são borboletas no meu estômago? Que não seja isso, que não seja isso, que não seja isso! Eu não podia me apaixonar por ele. Não por ele! Pelo pouco que tinha lido na internet, o filme prometia ser um sucesso absoluto e logo ele seria o mais novo galã de Hollywood. Não podia me apaixonar por ele, para depois ser descartada. Mas era tão bom quando estava com ele. E não estou falando só da parte física; essa sem dúvida era ótima, mesmo sem termos ido até o fim, eu sabia que tínhamos muita, muita química. Estou falando da sensação boa de estar ao lado dele, da segurança que ele me passa, da fluidez com que as palavras saem. Ah, Deus! Estou me apaixonando por ele! E novamente a imagem de seu rosto com aquele sorriso torto invadiu minha mente e sorri outra vez.
Decidi que já estava na hora de levantar, tomei uma chuveirada e desci para a cozinha. Encontrei meu casal favorito na mesa e ambos olharam espantados para mim:
- O que diabos você está fazendo de pé a essa hora? – perguntou Harry.
- Caiu da cama ou o quê? – disse Claire.
- Credo, gente! Até parece que é algo de outro mundo eu acordar cedo. – e eu ri, porque era exatamente isso que parecia.
- Ok. Sente-se aqui agora mesmo e pode desembuchar! – disse Harry com um olhar animado. – O que foi que aconteceu ontem?
Nossa, será que eu estava tão transparente assim? Não pude evitar que meus lábios se repuxassem em um sorriso encabulado. Sentei-me na mesa, pegando uma fatia de torrada e passando geléia.
- Ah, foi alguma coisa muito boa. – disse Claire animada também. – Você nunca come nada no café da manhã. Anda! – e ela quicava na cadeira. – Conta logo!
- Vocês dois são terríveis. – eu disse rindo da animação deles. – Ok, ok. Vou contar. Mas se segurem ok?
Ambos debruçaram sobre a mesa, se aproximando mais, como se eu fosse contar um segredo, e eu desembestei a falar dos ocorridos na festa de quarta e na da noite anterior.
- Você está saindo com o Cedric? – disse Claire afobada. – O futuro Edward Cullen?
- Acho que sim. – e disse essas palavras pausadamente. Ela conhecia a história do livro? Por que será que nunca falou sobre isso?
- Que Edward Cullen? Aquele do livro de vampiro? – ele olhou para Claire e quando ela assentiu. – Droga! Logo teremos que sair fugidos de casa. – mas sua expressão era divertida.
- Calma gente! O filme nem saiu ainda! Quem garante que vai ser tudo isso? – e me peguei pensando que talvez isso fosse um motivo de preocupação. – E a gente nem tem nada sério, só ficamos duas vezes. Quem garante que estaremos juntos quando esse filme estrear? – e senti uma certa tristeza ao pensar nessa hipótese.
Ambos me olharam e começaram a rir na mesma hora. Fiquei com cara de interrogação, porque nenhum deles resolveu explicar o súbito ataque de riso. Achei melhor nem dar bola e continuei comendo minha torrada. Terminamos a refeição e eu lavei a louça, depois subi para o quarto, arrumei toda a bagunça que deixei antes de sair na noite anterior e só então reparei que fazia um dia lindo. Muito atípico para Londres no outono. Abri a janela e dei bom dia ao dia. Meu Deus! Alguém me interne! O que está acontecendo comigo? Olhei então para minha escrivaninha e vi o tal livro que tinha comprado no dia anterior. Peguei-o e fui correndo para o pequeno quintal que tinha no fundo, largando-me numa das espreguiçadeiras, e então comecei a ler a tal história.
Honestamente, não vi o tempo passar. Só fui conseguir sair do transe da história quando meu celular começou a apitar: 12h. Droga! Como assim não vi o tempo passar? Preciso me arrumar. Saí correndo e comecei a olhar desesperadamente para o armário.
- Onde é o incêndio? – perguntou Claire entrando no meu quarto.
- Não sei o que vestir.
- Mas aonde você vai?
- Eu não falei? – olhei espantada para ela. Será que me esqueci de falar que almoçaria com o Rob? – Vou almoçar com ele.
Ela fez uma cara de espanto, depois deu um gritinho – como se tivesse 15 anos outra vez – e colocou-se ao meu lado, também olhando para o armário. Depois de uns 20 minutos, mais ou menos, conseguimos decidir por algo casual, mas chique: um jeans, uma sapatilha creme com um pouquinho de salto, uma camisa branca com mangas ¾ e um casaqueto de linha bege. Fiz uma maquiagem básica e natural e prendi os cabelos num rabo de cavalo estrategicamente displicente. Pronto! Acho que estava apresentável para um almoço com ele. Peguei minha bolsa e fui para a sala.
- Uau! – exclamou Harry depois de assobiar um “fiu-fiu”. – Onde você vai?
- Vou almoçar com o Rob.
- Hum. – ele fez uma expressão extremamente safada e depois soltou uma sonora gargalhada. Fiz minha cara de interrogação – parecia que era o dia das expressões interrogativas – e ele disse, ainda rindo. – Depois de te ver, é bem capaz dele dispensar o prato tradicional e fazer de você o prato principal.
- Harry! – eu exclamei quase indignada. Ok, não era uma má idéia, mas ele não precisava exteriorizar seus pensamentos tão claramente.
Dois minutos depois a campainha tocou e eu respirei fundo. Harry e Claire ficaram sentados no sofá, só rindo de soslaio. Abri a porta e lá estava ele com aquele sorriso torto, os olhos brilhando e uma singela rosa vermelha nas mãos. Quase me derreti toda com aquela cena. E como estava lindo, meu Deus! Foi involuntariamente que eu abri um largo sorriso.

Rob’s POV

Eu estava dormindo tranquilamente, sonhando com ela, quando um barulho ensurdecedor surgiu em minha mente na forma de um guitarzilla (n/a: imaginem uma guitarra vermelha e preta na forma do Godzilla, ok?). Claro que acordei com um pulo na cama: mas que diabos era aquilo? Sem abrir os olhos para saber que horas eram, eu tentei afinar os ouvidos para descobrir o que era aquilo e então um solo de guitarra invadiu o ambiente.
- ELIZABETH PATTINSON! – berrei puto da vida.
Imediatamente o som parou e em seguida ela colocou a cabeça para dentro do meu quarto.
- Que foi?
- Como assim “que foi”? O que foi perguntou eu! Não percebeu que eu estava dormindo não?
- Rob! Eu te disse que ensaiaria essa manhã. Você não fez nenhum comentário contra quando eu falei. E de mais a mais, já passa das 11h da manhã!
- Heim? Onze horas?
- É, bela adormecida! Se você tem memória curta não é problema meu! Estou voltando para o meu ensaio!
Não podia acreditar que tinha dormido tudo isso. Eu tinha planejado acordar cedo para deixar tudo organizado para nosso almoço. Mas que droga! Levantei num pulo e fui para o chuveiro para terminar de acordar. Coloquei uma roupa mais velha e fui para o telefone fazer minha “lição de casa”. Depois de um tempo Lizzy apareceu novamente no meu quarto. Um surto de culpa invadiu minha mente.
- O que foi aquilo agora a pouco?
- Putz, Liz, me desculpe. Eu realmente fui um idiota. É que estava dormindo tão bem que me esqueci completamente do seu ensaio, aliás, eu tinha algumas coisas para fazer hoje cedo, mas esqueci e...
- Hei, Rob! – ela sorriu ao me interromper. – Calma aí. Não precisa explicar nada não. – e riu outra vez. – Aliás, o que deu em você? Nunca me explica nada mesmo.
- Ah... – eu me atrapalhei. – É só que... – balancei a cabeça negativamente. – Realmente, não tenho que te explicar nada mesmo.
- Quem é ela?
- Como assim?
- Ah, qual é! Você está todo atrapalhado, está até me dando explicações, ligou para aquele restaurante no parque e tudo. – e olhou mais diretamente para mim, com um sorriso sapeca. – Isso só pode ter mulher por trás.
- Me deixa, Liz.
- Ah, eu sabia! Me conta, por favor! Faz tanto tempo que você não se interessa por ninguém.
- Liz... – e meu tom já saiu mais suplicante do que bravo. Mas ela me olhou com tanta animação que era até maldade não falar nada. – Ok. Se as coisas saírem bem hoje, eu te conto tudo depois, ok?
- Jura?! Ai, que fofo! Meu irmão está apaixonado! – e ela quicava na beirada da minha cama.
- Menos, Liz, ok? – e eu já sorria também.
Ela já estava parada na porta quando se virou:
- Não se esqueça de levar flores. A maioria absoluta de nós adora receber flores. – e saiu saltitante pelo corredor.
Passei a olhar meu guarda-roupa e já estava quase gritando pela Liz outra vez, mas desisti da idéia: seria dependência demais e mostraria o quão inseguro eu estava para aquele encontro. Olhei pela janela e vi que fazia um dia lindo, até incomum para a época do ano, então optei por uma calça cáqui, um sapatênis marrom escuro e uma blusa de linha azul oceano. Olhei para o relógio: 12:20h. Dei tchau para a família e fui correndo para a garagem, saindo com meu Audi A3 preto.
No caminho parei em uma floricultura e outra onda de indecisão me percorreu – cadê a Liz nessa hora? – no meio de tantas flores. Depois de uns minutos analisando cada arranjo – como era possível existir tantas flores no mundo? – acabei decidindo por um único botão de rosa vermelha. Seria pouco? Mas e se eu chegasse com um buquê enorme e ela não gostasse? Vou arriscar na rosa mesmo.
Cheguei na frente da casa e meu coração parecia que saltaria do peito. Fechei os olhos, respirei fundo algumas vezes e quando os abri estava um pouco – só um pouquinho - mais calmo. Saí do carro e caminhei concentrado até a campainha. Meus dedos tremiam – mas que diabos, Robert! Vocês já se pegaram duas vezes seguidas e em nenhuma delas ficou nervoso, por que ficar desse jeito agora? – então respirei mais uma vez e apertei o botão.
Não sei quanto tempo se passou – se segundos ou horas – e então a porta se abriu. Ela estava estonteante. Todo o nervosismo passou no exato momento em que a vi e imediatamente – quase involuntariamente – um sorriso se abriu em meu rosto.

’s POV

- Exemplo perfeito da invejada pontualidade britânica! – eu disse sorridente.
- Não poderia quebrar uma tradição tão antiga, não acha? – ele também riu. – Para você. – ele disse timidamente estendendo o botão de rosa.
- É linda! – eu alarguei meu sorriso. – Obrigada.
- Nem chega perto da sua beleza.
- Ok. Me deixou corada agora. – e sentia minhas bochechas queimarem. – Volto num segundo. – e entrei correndo colocando o botão num copo com água. Dei uma espiada rápida para o sofá e ambos, Harry e Claire, não conseguiam conter tanto divertimento. – Prontinho. Vamos?
Ele me acompanhou e eu parei ao lado da porta. Ele começou a rir, divertido.
- O que foi?
- Está lendo mentes e pretende me levar para almoçar? – foi aí que me toquei que estava parada diante da porta do motorista. Maldita mão inglesa!
- Antes fosse. – sorri, mas queria que um buraco se abrisse embaixo dos meus pés. – Vocês e essa mania de dirigir do lado errado do carro e da rua.
- Venha. – ele estendeu o braço e me conduziu ao lado do passageiro, abrindo e depois fechando a porta para mim.
Enquanto ele dava a volta no carro eu respirei o mais profundamente que conseguia. Presta atenção, sua tonta! Essa foi a primeira e última gafe, heim! Olha lá!
- E aí, onde vamos almoçar? – eu perguntei quando ele entrou no carro e este finalmente se moveu.
- Hum, tem um restaurante que eu gosto muito, no Hyde Park. Já foi lá?
- Fui uma vez logo que cheguei, com Harry e Claire, mas não para almoçar.
Ele apenas assentiu com um sorriso e voltou a prestar atenção no caminho. Obviamente estávamos ambos nervosos com a situação, já que era a primeira vez que estávamos conversando de fato. Nossos outros dois encontros foram totalmente explosivos, com poucas palavras e muitos toques; e naquela hora as coisas eram exatamente ao contrário: pouquíssimos toques e algumas palavras. Não demorou muito e chegamos ao parque. Ele parou no estacionamento do restaurante, que ficava de frente para o lago, e logo fomos recepcionados. Seguimos por entre algumas mesas e então eu vi uma mesa mais afastada, bem ao lado do lago.
- O que acha? – ele quase sussurrou ao meu ouvido.
- Perfeito. – eu respondi encantada. Ele sorriu ao meu lado.
O garçom se aproximou, anotou nossos pedidos e logo trouxe duas taças de champanhe.
- Um brinde. – ele disse faceiro.
- A que vamos brindar? – eu estava curiosa.
- Ao nosso primeiro encontro. – e ele parecia ansioso pela minha reação.
- Ao nosso primeiro encontro. – eu respondi com um sorriso feliz e cheio de expectativas. Tocamos nossas taças delicadamente e demos um gole na bebida.
Sei que depois disso, a conversa fluiu muito melhor, parecia que o gelo tinha finalmente desaparecido e pudemos perceber como tínhamos afinidades. Durante todo o dia falamos sobre tudo: desde nossas vidas até alguns segredos trancafiados a sete chaves. Eu me sentia totalmente à vontade com ele. Depois do almoço fomos dar uma caminhada pelo parque, ele segurava minha mão às vezes, delicadamente, e depois, mais para o fim da tarde, resolvemos andar de pedalinho no lago.
- Nossa, fazia muito tempo que não andava de pedalinho. – eu disse quando descemos do barco.
- E eu, então! – ele riu. – Nem me lembro quando foi a última vez.
- Obrigada, Rob. – e olhei mais fundo em seus olhos. – Hoje está sendo um dos melhores dias da minha vida.
- Eu é que tenho que te agradecer. – ele deu um meio sorriso. – Você não sabe como está sendo importante, para mim, ter esse tempo com você.
Ele então segurou meu rosto com uma das mãos e foi aproximando seu rosto lentamente. Meu coração dava pulos em meu peito, esperando por aquele momento. Ele afagou minha bochecha com o polegar uma fração de segundo antes de nossos lábios se encontrarem em um beijo doce, suave, quase inocente. E foi tão bom! Sentir aqueles lábios macios nos meus, a respiração quente e úmida, a textura da sua pele. Intensificamos um pouco o beijo, deixando que nossas línguas se encontrassem, permitindo que nossos gostos se misturassem, que fôssemos nos descobrindo aos poucos. Ele se afastou um pouquinho, permanecendo ainda com os olhos fechados por um instante e então sorriu para mim. Sorri de volta e ele me abraçou carinhosamente. Eu só podia estar sonhando mesmo. As borboletas em meu estômago estavam numa enorme revoada, batendo as asas todas ao mesmo tempo, fazendo com que eu sentisse que poderia voar, se quisesse.
- Venha. – ele disse subitamente, com um sorriso arteiro.
- Para onde? – eu perguntei, mas ele já me puxava de volta ao carro.
- Quero compartilhar outra coisa com você.
- O quê? – eu perguntei curiosa.
- Você vai ver. – e apenas sorriu largamente.
Só quando já estávamos bem perto eu entendi o que ele queria: bem à nossa frente estava The London Eye. Descemos do carro e eu me apoiei no mesmo para poder vê-la até o topo.
- Já veio aqui? – ele perguntou.
- Não. Quando vim com o Harry e a Claire estava muito cheio e desistimos.
- Com medo? – ele parecia divertido.
- Não. Acho que não. – sorri e fomos para a bilheteria. Não havia muitas pessoas naquele horário e conseguimos entrar em uma cápsula onde tinham somente mais três pessoas.
Ficamos parados numa das extremidades e então Londres foi surgindo lentamente abaixo dos nossos pés. Nem tenho muitas palavras para descrever o passeio. Rob ficou atrás de mim, uma das mãos no corrimão e a outra em minha cintura. Eu me inclinei levemente para trás e fiquei apoiada em seu corpo. Como era bom e aconchegante ali. Aos poucos as luzes da cidade foram se acendendo e outro espetáculo começou. Eu adorava as cidades à noite, o brilho das luzes me atraía tanto quanto a um inseto noturno e eu ficava quase hipnotizada.
- Gostando? – ele sussurrou ao meu ouvido. Não sei se era a intenção dele, mas seu hálito em meu pescoço liberou uma quantidade enorme de adrenalina em minha corrente sanguínea e imediatamente meus pelos se eriçaram. Como ele mexia comigo!
- Nem tenho palavras para descrever o quanto. – eu finalmente disse, inclinando minha cabeça para lhe dar um beijo no rosto. Então eu me aconcheguei melhor em seu tórax e ele me envolveu com os dois braços, apoiando o queixo em meu ombro e soltou um longo suspiro. – E você?
- Mais do que pode imaginar. – e apenas sorriu.
Depois de mais um tempo o passeio acabou e já estávamos combinando onde jantaríamos, quando seu celular tocou. Ele ainda tentou argumentar alguma coisa, mas aparentemente tinha perdido aquela “batalha”.
- Sabe a reunião de ontem que foi cancelada? – ele disse com uma expressão quase de revolta, eu apenas assenti. – Foi marcada para agora a noite. E receio que nenhum evento milagroso fará com que seja cancelada novamente.
- Não se preocupe, Rob. Sei que tem compromissos a cumprir. – eu sorri, mas por dentro estava triste por ter que me separar dele. – Já tomei grande parte da sua agenda hoje. – tentei ser engraçada.
- Ah, com certeza. Foi sem dúvidas a pior tarde da minha vida. – e fez uma careta divertida.
O caminho de volta a minha casa foi mais silencioso, mas não aquele silêncio constrangedor da ida, estávamos à vontade. Ele estacionou na rua, mas não fez menção de sair do carro. Então, olhou diretamente em meus olhos e passou uma das mãos em meu rosto, repetindo o gesto daquela tarde.

Rob’s POV

- Exemplo perfeito da invejada pontualidade britânica! – ela disse sorridente. Que sorriso era aquele?
- Não poderia quebrar uma tradição tão antiga, não acha? – e também ri, então lembrei-me da flor em minhas mãos. – Para você. – minha voz quase não saiu enquanto estendia a flor para ela.
- É linda! – ela disse e aparentemente gostou, pois alargou aquele sorriso que ilumina sua face. – Obrigada.
- Nem chega perto da sua beleza. – e era a mais pura verdade.
- Ok. Me deixou corada agora. – ela disse assim que percebeu que suas bochechas estavam vermelhas – linda! – mas então ela disse, antes de sair correndo porta adentro. – Volto num segundo. – fiquei parado na porta sem saber se deveria entrar ou não, estava totalmente sem graça parado ali diante da porta. Pude ouvir uma risadinha baixa e em seguida ela reapareceu. – Prontinho. Vamos?
Acompanhei-a até o portão e então ela se dirigiu para o lado direito do carro. Não consegui conter meu riso.
- O que foi? – ela parecia confusa com meus risos.
- Está lendo mentes e pretende me levar para almoçar? – e então ela se deu conta de que estava parada diante da porta do motorista.
- Antes fosse. – ela sorriu, mas tinha ficado vermelha, encabulada provavelmente. – Vocês e essa mania de dirigir do lado errado do carro e da rua. – não estava agüentando, mas controlei o riso.
- Venha. – eu disse indo a seu socorro. Estendi meu braço e a conduzi ao lado do passageiro, abrindo e depois fechando a porta para ela, a fim de me certificar de que estava do lado certo dessa vez.
- E aí, onde vamos almoçar? – ela perguntou quando entrei no carro e coloquei-o em movimento.
- Hum, tem um restaurante que eu gosto muito, no Hyde Park. Já foi lá?
- Fui uma vez logo que cheguei, com Harry e Claire, mas não para almoçar.
Assenti e voltei toda minha atenção para o trânsito. Não que as ruas estivessem muito movimentadas, mas ainda me sentia meio desconfortável. Aliás, ambos obviamente estávamos nervosos com a situação: aquela era a primeira vez que estávamos conversando de fato e não nos atracando em sofás ou pistas de dança. O parque não era muito longe e as ruas livres agilizaram ainda mais o trajeto. Parei no estacionamento e o garçom com quem eu havia conversado veio nos receber. Seguimos por entre algumas mesas e então eu vi a nossa mesa arrumada: estava um pouco mais afastada, bem ao lado do lago. Fiquei satisfeito.
- O que acha? – perguntei baixinho, quase sussurrando em seu ouvido.
- Perfeito. – ela respondeu, parecia encantada. Sorri puxando a cadeira para ela.
Nem dois minutos depois o garçom voltou para anotar nossos pedidos e trouxe as duas taças de champanhe.
- Um brinde. – eu disse animado.
- A que vamos brindar? – ela estava curiosa.
- Ao nosso primeiro encontro. – ops, será que deveria ter dito isso? Será que foi sério demais?
- Ao nosso primeiro encontro. – ela finalmente respondeu com um sorriso feliz e cheio de expectativas. Tocamos nossas taças delicadamente e demos um gole na bebida.
A meu ver esse foi o gesto que finalmente quebrou aquele gelo, aquela tensão que existia entre nós e nossa conversa passou a fluir muito melhor. Conforme o tempo passava pudemos perceber que tínhamos afinidades, e cada vez mais eu me encantava com aquela mulher. Era muito fácil conversar com ela e quando dei por mim, falávamos de coisas até que bem intimas para dois “desconhecidos”. Decidimos fazer um pequeno passeio pelo parque, andando até Kensington Gardens – às vezes eu segurava em sua mão, e ela pareceu gostar tanto disso como eu estava gostando – e na volta decidimos passear de pedalinho pelo lago.
- Nossa, fazia muito tempo que não andava de pedalinho. – ela disse divertida quando descemos do barco.
- E eu, então! – exclamei rindo. – Nem me lembro quando foi a última vez.
- Obrigada, Rob. – ela disse olhando profundamente em meus olhos. – Hoje está sendo um dos melhores dias da minha vida. – completou.
- Eu é que tenho que te agradecer. – e muito, já que estava nas nuvens com ela ao meu lado. Dei um meio sorriso sincero. – Você não sabe como está sendo importante, para mim, ter esse tempo com você. – eu disse chegando mais perto de seu corpo.
Eu tinha que fazer aquilo, tinha que beijá-la naquele momento mágico. Então eu segurei seu rosto com uma das mãos e fui me aproximando de seu rosto lentamente. Eu tinha quase certeza de que ela podia ouvir os saltos que meu coração estava dando em meu peito. Nunca tinha ficado tão nervoso assim com uma garota; lutei para manter minha respiração sob controle enquanto chegava ainda mais perto de seus lábios. Fiz um leve carinho com meu polegar em sua bochecha, então fechamos os olhos e nossos lábios se encontraram finalmente. Foi um beijo doce, suave, quase inocente. Um dos melhores beijos que já dei! Sua textura era tão macia, tão quente, tão convidativa que acabamos por intensificar aquele beijo, e nossas línguas se encontraram delicadamente, se reconhecendo e se moldando uma à outra. Foi um momento extremamente excitante. Logo depois eu me afastei um pouco para poder olhá-la e sorri ao ver que aquilo tinha sido tão bom para ela quanto tinha sido para mim. Abracei-a com ternura para tentar manter aquele momento ali, para sempre. Enquanto sentia o perfume de seus cabelos tive uma idéia, então quebrei aquele abraço e disse, antes de puxá-la de volta ao carro.
- Venha. – e eu tinha um sorriso arteiro nos lábios.
- Para onde? – ela apenas perguntou.
- Quero compartilhar outra coisa com você.
- O quê? – ela estava curiosa.
- Você vai ver. – e sorri. Logo ela saberia.
O caminho até a London Eye não era longo, mas não daria para fazê-lo a pé. Quando ela percebeu o rumo que pegávamos, sorriu. Estacionei e abri a porta para que ela saísse. Ela apoiou-se na porta e jogou a cabeça para trás, tentando absorver toda a estrutura.
- Já veio aqui? – perguntei.
- Não. Quando vim com o Harry e a Claire estava muito cheio e desistimos. – seus olhos estavam encantados.
- Com medo? – imaginava que não, mas não custava me certificar não é?
- Não. Acho que não. – ela gaguejou um pouquinho antes de sorrir e fomos para a bilheteria. Não havia muitas pessoas naquele horário e conseguimos entrar em uma cápsula onde tinham somente mais três pessoas.
Eu já tinha ido lá algumas vezes, mas sempre era diferente; e eu adorava a experiência. Lentamente a cidade foi surgindo abaixo de nossos pés: era um espetáculo lindo. Coloquei-me de pé atrás dela, apoiando uma das minhas mãos no corrimão e pousando a outra em sua cintura e então ela inclinou-se um pouco para trás, apoiando-se delicadamente em mim. A sensação de tê-la em meus braços foi indescritível. Aos poucos as luzes da cidade foram se acendendo, criando outro cenário deslumbrante. Percebi que seus olhos brilhavam de felicidade.
- Gostando? – sussurrei em seu ouvido. A reação a esse meu gesto foi imediata e senti que ela ficou arrepiada. Não tinha sido minha intenção – pelo menos conscientemente – mas confesso que fiquei satisfeito por provocar nela as mesmas reações que ela provocava em mim.
- Nem tenho palavras para descrever o quanto. – ela finalmente disse, inclinando sua cabeça para beijar meu rosto. Ela se aconchegou mais em meu peito e não pude evitar envolvê-la completamente em meus braços. Abaixei um pouco a cabeça, apoiando meu queixo em seu ombro e então soltei um longo suspiro prazeroso. – E você? – ela perguntou interessada.
- Mais do que pode imaginar. – eu apenas sorri.
O tempo passou rápido demais e quando vi o passeio já tinha terminado. Eu realmente não queria que aquele dia acabasse e começamos a combinar onde jantaríamos, mas fomos interrompidos pela droga do meu celular. Ah, da próxima vez que estivermos juntos, vou deixar essa coisa desligada! Infelizmente era meu agente dizendo que a reunião da noite anterior seria naquela noite. Ainda tentei argumentar, mas não teve jeito. Eu teria que cancelar meu jantar e terminar meu dia no paraíso mais cedo.
- Sabe a reunião de ontem que foi cancelada? – finalmente eu disse e minha expressão, com certeza, era de revolta. Ela apenas assentiu, encorajando-me a prosseguir. – Foi marcada para agora à noite. E receio que nenhum evento milagroso fará com que seja cancelada novamente.
- Não se preocupe, Rob. Sei que tem compromissos a cumprir. – ela sorriu, mas o sorriso não chegou até seus olhos. – Já tomei grande parte da sua agenda hoje. – ela tentou fazer piada, e eu tentei acompanhar.
- Ah, com certeza. Foi sem dúvidas a pior tarde da minha vida. – fiz uma careta divertida. Mas estava triste por ter de fazer isso.
Não falamos muito no caminho de volta a sua casa, mas esse silêncio não foi constrangedor, apenas não era necessário dizer nada e estávamos à vontade com aquilo. Estacionei na frente do sobrado, mas não fiz menção de sair, ainda não queria me separar dela. Então, olhei diretamente em seus olhos e passei uma das mãos em seu rosto, repetindo o gesto daquela tarde.

’s POV

Meu coração estava no ritmo de uma escola de samba em pleno desfile de segunda-feira. Já tínhamos nos beijado outras vezes – aliás, beijos que nem foram tão delicados assim – e mesmo assim estava mais nervosa do que se fosse a primeira vez. Eu me inclinei um pouco mais para frente e ele veio em minha direção. Ele também parecia nervoso – estávamos parecendo dois adolescentes, seria até cômico, mas não naquela hora – e pude sentir sua respiração levemente ofegante. E foi aí que nossos lábios se encontraram outra vez. Aquele beijo começou terno, como o do parque, com nossas bocas se reconhecendo, nossas respirações se acostumando uma com a outra, eu abri levemente meus lábios e ele entendeu o convite para o encontro de nossas línguas. Minha mão subiu para seu rosto, envolvendo seu pescoço e nuca e ele pressionou seus lábios mais forte contra os meus.
Com muito esforço me afastei alguns centímetros, para ver sua expressão e encontrei em seus olhos o mesmo desejo que havia nos meus. Ele pareceu reconhecer a mesma coisa em meu olhar e então deixamos que aquele sentimento nos dominasse. Com uma rapidez espantosa ele enlaçou sua mão em minha cintura, me puxando para junto de seu peito e diminuindo em muito a distância entre nossos corpos. Eu joguei meus braços ao redor do seu pescoço, emaranhando minhas mãos naqueles cabelos cor de mel e forçando seu rosto contra o meu. Esse beijo foi muito mais intenso e não havia nervosismo nenhum nele. Era incrível como nossos lábios se encaixavam perfeitamente, como nossas línguas estavam na mesma sincronia, como suas mãos – que agora deslizavam em minhas costas – sabiam exatamente aonde ir para despertar os mais secretos instintos. Apesar de não ser exatamente confortável dar uns amassos em um carro – principalmente por causa do câmbio e do freio de mão – conforto era no que menos pensávamos naquela hora. Ele passou a deslizar as mãos pelo meu quadril, descendo pela parte externa da minha coxa e depois voltando, para minha cintura e costas. Eu também já tinha deixado seus cabelos de lado por um momento e passeava minhas mãos pelas suas costas, e podia sentir a musculatura definida e contraída. Desci mais um pouco, pela sua cintura e voltei para cima, explorando seu abdômen e peitoral – PelamordeDeus, o que era aquilo? Tudo no seu exato lugar, rígidos e fortes – até alcançar seu pescoço e segurar seu queixo em minhas mãos. Então ele desceu as duas mãos para meu quadril e quando vi, estava quase sentada em seu colo.
- Com certeza isso se enquadra em atentado violento ao pudor. – eu disse sem fôlego, afastando-me para respirar.
- Honestamente não estou muito preocupado com leis morais nesse exato momento. – ele disse da forma mais sedutora possível.
Eu vi seu olhar percorrer meu pescoço e descer para meu colo e para os botões da minha blusa. Ele tirou as mãos do meu quadril subindo naquela direção, mas eu o impedi. Sua expressão foi de confusão, mas quando ele viu o meu sorriso malicioso – sim, adoro fazer isso com eles – a confusão desapareceu. Eu levei minhas mãos até os botões e desabotoei o primeiro, muito calmamente. Ele estreitou os olhos. Passei para o segundo botão e ele engoliu em seco quando começou a ver o contorno dos meus seios. Foi então a vez do terceiro botão e ele mordeu o lábio inferior ao ver o movimento de respiração ofegante em meu peito. Foi demais para ele – e para mim também, tenho que confessar – e então ele jogou seus lábios contra meu pescoço, para fazer com a língua o caminho que tinha feito momentos antes com os olhos. Voltei a bagunçar seus cabelos enquanto ele descia lentamente os lábios entreabertos do meu pescoço para meu colo, desenhando o contorno saliente da clavícula, antes de descer mais um pouco. A sensação de seus lábios ali era maravilhosa – mais que maravilhosa, quase inebriante – e não consegui conter um gemido de prazer.
Ele voltou para minha boca, percorrendo o mesmo caminho da descida e eu ataquei seus lábios com ferocidade, sugando sua língua e mordendo o lábio inferior. Senti suas mãos me apertarem mais nas costas e desci minha boca para sua mandíbula, indo até o lóbulo de sua orelha e dando uma leve mordida ali. Foi a vez de ele gemer. Voltei a desenhar seu pescoço com a ponta da minha língua, descendo até a altura do decote da sua camisa e voltando para sua boca, que pedia pela minha urgentemente. Desci minhas mãos pelas laterais do seu corpo, até encontrar a barra da blusa e comecei a puxá-la para cima lentamente. E foi bem nessa hora que meu maldito celular tocou. Pelo toque eu sabia quem era: Hank. Dei um longo suspiro, sem dar maior importância ao aparelho e voltei a beijá-lo. Finalmente o barulho parou.
- Onde eu tinha parado mesmo? – perguntei de modo safado.
Ele apenas sorriu maliciosamente e reconduziu minha mão para a barra da sua blusa. E então o maldito telefone começou a tocar outra vez.
- Não é possível. – eu quase grunhi parando minha mão onde estava e encostando a minha testa na dele.
- Deixa tocar. – e seu tom era quase suplicante. Ah, eu deixaria mesmo.
E voltei a beijá-lo, ele emaranhando suas mãos em meus cabelos, pressionando minha boca contra a sua. Quando o incidente já estava quase esquecido, o telefone tocou outra vez.
- O que é? – eu berrei ao colocar o telefone no ouvido. – Tomara que seja alguma questão de vida ou morte.
- Ops. Acho que atrapalhei alguma coisa.
- Hank!
- Depois a gente se fala. – e o filho da mãe desligou. Eu queria morrer! Ou melhor, eu queria matar, mas matar da maneira mais demorada possível, uma morte com requintes de crueldade.
- Rob eu...
- Tá tudo bem. – ele disse ainda sem fôlego. Depois sorriu e me olhou. – Talvez tenha sido uma interferência divina.
- Como?
- Eu tenho que ir embora. A maldita reunião começa em 20 minutos.
- Mas que droga! – eu exclamei alto demais. Ele riu. – Desculpe, eu não...
- Shiii. – e pôs o indicador em meus lábios. – Amanhã a gente vai ter tempo para fazer isso com calma. – eu sorri.
- E eu faço o quê com tudo... isso que estou sentido? – ele soltou uma risada nervosa.
- E você acha que não tenho essa mesma dúvida? – e rimos juntos.
Ficamos mais alguns minutos em silêncio, dando tempo para nossos corpos voltarem a um ritmo normal.
- Então, a que horas te pego amanhã?
- Amanhã? – e um golpe atingiu meu peito. Ele tinha dito isso dois segundos atrás, mas eu não tinha percebido direito. – Amanhã não posso. Desculpe. – e ele não fazia idéia como era difícil recusar aquele convite. – Estarei fora o dia todo com o Harry e a Claire. – pude notar a decepção em seus olhos.
- Não tem possibilidade de adiar esse compromisso? – ele ainda tinha uma esperança no olhar.
- Corta meu coração dizer isso, mas não. Vamos passar o dia com os pais da Claire. – olhei para baixo, sentindo uma grande frustração.
- A que horas vocês chegam? – ele perguntou com um brilho nos olhos.
- Acho que lá pelas 20h já estaremos de volta. – eu disse. O que será que está se passando em sua cabeça? – Por quê? – eu perguntei.
- Teremos a noite toda então. – ele disse finalmente, sorrindo largamente.
- Com certeza. – eu abri um largo sorriso.
- Fechado então. Eu te ligo um pouco antes para combinarmos tudo, ok? – e o sorriso tinha voltado a seus olhos.
- Perfeito. – eu sorri de volta. – Você precisa ir.
Ele me puxou então para um último beijo, que foi mais inocente e suave, pois sabíamos que se resolvêssemos apimentar qualquer coisa, nenhum dos dois sairia daquele carro naquela noite.
- Boa noite, Rob. – eu disse me virando para abrir a porta.
- ?
- Sim?
- A blusa. – ele sorriu divertido.
- Ops. – eu disse olhando para baixo e já fechando os botões.
- Isso é muita maldade. – ele disse num meio sorriso.
- Se é.
- Boa noite, linda. – e me deu mais um selinho antes que eu fechasse a porta do carro. Acenei após abrir a porta da sala e só aí ele foi embora.

Rob’s POV

Eu não sabia como ela estava, mas eu tinha certeza de que meu coração saltaria pela boca a qualquer segundo. Já não tínhamos passado dessa fase de nervosismo pré-beijo? Já tínhamos nos beijado algumas vezes, alguns de modo quase indecente, então que diabos era esse nervosismo todo? Ela inclinou levemente o corpo em minha direção, e eu me senti um pouco mais confiante. Então finalmente nossas bocas se encontraram num beijo suave, quase inocente, mas ela abriu os lábios e eu entendi que era um convite para avançar um pouco, deixando que nossas línguas se encontrassem. A mão dela subiu para meu rosto, envolvendo meu pescoço e nuca e eu pressionei meus lábios mais fortemente contra os dela. Ela conseguia me deixar louco com um simples beijo, não queria nem ver quando as coisas ficassem mais picantes. Ou melhor, queria sim, e muito!
Delicadamente ela se afastou alguns centímetros, e encontrei-a observando minha expressão, meus olhos. De início não entendi, mas quando olhei mais atentamente para o fundo daqueles olhos, pude ver que ela ardia de desejo, exatamente como eu e então deixamos que aquele sentimento nos dominasse. Imediatamente eu enlacei sua cintura com minha mão, puxando-a para junto de meu peito, diminuindo em muito a distância entre nossos corpos. Era tão bom sentir aquele corpo junto ao meu. Ela então jogou seus braços ao redor do meu pescoço, emaranhando suas mãos em meus cabelos e puxando meu rosto contra o seu. Aquele beijo foi quase como o primeiro que demos: seguro, decidido, ardente. Deslizei minhas mãos para suas costas, passeando meus dedos sobre a blusa e sentindo como seu corpo reagia ao meu toque. Apesar de estarmos no carro – o que não era exatamente um exemplo de conforto – nossos movimentos não estavam tão reprimidos assim. Decidi descer minhas mãos para seu quadril e depois para sua coxa e depois, lentamente, fiz o caminho inverso. Nesse meio tempo ela também havia começado a explorar o meu corpo, desenhando os músculos das minhas costas e depois descendo e voltando a subir, dessa vez pela frente do meu corpo, delineando meu abdômen e meu peitoral – nunca fui um cara forte, dotado de grandes músculos desenvolvidos, mas também não era aquele tipo magro raquítico – e subindo para meu pescoço, para segurar meu rosto em suas mãos. Eu já não tinha mais muito controle sobre minhas mãos, e quando vi já a estava puxando pelo quadril, querendo trazê-la mais ainda para junto de mim.
- Com certeza isso se enquadra em atentado violento ao pudor. – ela disse com a respiração entrecortada, afastando-se um pouquinho para respirar melhor. Eu não podia dizer que também não estava naquele estado.
- Honestamente não estou muito preocupado com leis morais nesse exato momento. – eu disse. Tendo uma mulher dessas comigo, nesse momento, não tenho cabeça para pensar em moral.
Parei para olhá-la e meus olhos foram puxados para seu pescoço esguio e depois para seu colo e depois para o quase imperceptível decote da sua blusa. Eu tinha que começar a explorar aquela região, seu peito arfava em movimentos largos, me convidando. Tirei as mãos de seu quadril e comecei a subi-las em direção a blusa, mas ela segurou minhas mãos. Como assim? Não vai dizer que está rápido demais, pelo amor de Deus! Mas então prestei atenção em sua expressão e vi malícia transbordando de seus olhos e daquele sorriso hipnótico. Ah, que crueldade! Ela levou as mãos até os botões e desabotoou o primeiro, muito calmamente. Minha respiração se acelerou e estreitei meus olhos. Ela passou para o segundo botão, num movimento tão lento que era quase torturante e então percebi o contorno dos seus seios. Meu “amigo” de baixo queimou e engoli em seco. Foi então a vez do terceiro botão, que deu caminho para mais detalhes daquela região, fazendo com que minha respiração acelerasse ainda mais e mordi meu lábio enquanto observava aquele movimento da sua respiração também ofegante e não agüentei. Minha boca pedia, implorava por aquela região toda e joguei-me em seu pescoço, dando um beijo e depois molhando a região com minha língua, enquanto descia em direção a sua clavícula e desci mais um pouco, para o contorno daqueles seios maravilhosos. Ela emaranhava meu cabelo enquanto eu fazia esse percurso e não conseguiu conter um gemido de prazer quando dei mais um beijo ali.
Aquele gemido chamou minha atenção para sua boca e voltei para ela, percorrendo o mesmo caminho da descida, mas antes mesmo de eu chegar a seu queixo ela abaixou o rosto e atacou meus lábios com ferocidade, sugando minha língua e mordendo o lábio inferior. Céus! Apertei-a com mais força em meus braços, prensando nossos corpos, então ela decidiu descer seus lábios pela minha mandíbula até chegar a meu ouvido e então mordiscou o lóbulo da minha orelha. Não segurei um gemido. Ela estava me deixando completamente maluco. E não desistiu aí não, descendo mais a boca, em direção ao meu pomo de Adão e descendo até o decote da minha blusa, molhando esse caminho com sua língua. Voltou rapidamente para minha boca, que suplicava pela sua, e enquanto isso foi descendo as mãos pelas laterais do meu corpo, até encontrar a barra da blusa e começar a puxá-la para cima lentamente. Eu já estava quase me mexendo pra agilizar a retirada da peça quando um maldito celular tocou. Não! Não! Não! Não atende! E, como se ouvisse minhas súplicas ela ignorou o aparelho e voltou a me beijar. Finalmente o barulho parou.
- Onde eu tinha parado mesmo? – ela perguntou de modo safado.
Eu não tinha capacidade de falar nada, apenas sorri maliciosamente e reconduzi sua mão para a barra da minha blusa. E então o maldito telefone começou a tocar outra vez.
- Não é possível. – ela quase grunhiu parando sua mão onde estava e encostando a sua testa na minha.
- Deixa tocar. – eu consegui dizer, num tom quase suplicante.
Ela concordou e voltou para minha boca, enquanto eu enroscava meus dedos em seus cabelos macios e puxava sua boca para a minha, em outro beijo mais do que urgente. Quando o incidente já estava quase esquecido, o telefone tocou outra vez.
- O que é? – ela berrou ao colocar o aparelho junto ao ouvido, a respiração ofegante e os olhos fechados. – Tomara que seja alguma questão de vida ou morte.
A outra pessoa falou alguma coisa rápida e ela disparou um nome quase com raiva:
- Hank! – ah, filho da mãe! Eu estava gostando de você até agora. Já mudei totalmente minha opinião, seu desocupado! Tinha que ficar atrapalhando a curtição dos outros? Mas então, num lampejo de consciência, eu me lembrei da reunião que aconteceria dali alguns minutos. Recostou a cabeça no banco do carro. – Rob eu...
- Tá tudo bem. – eu disse ainda sem fôlego. Não era verdade, não estava tudo bem porque eu queria estar te beijando ao invés de falando, mas sorri e olhei para ela. – Talvez tenha sido uma interferência divina.
- Como? – ela estava completamente atônita.
- Eu tenho que ir embora. A maldita reunião começa em 20 minutos. – ah, como eu não queria ter que dizer aquilo.
- Mas que droga! – ela exclamou. Pelo visto ela também não. Sorri. – Desculpe, eu não...
- Shiii. – eu não podia deixar que ela se desculpasse ou se lamentasse, afinal, se não fosse o Hank, na certa seria meu agente alguns minutos depois, perguntando onde diabos eu estava. Pus o indicador em seus lábios. – Amanhã a gente vai ter tempo para fazer isso com calma. – ah, de amanhã ela não me escapava. Eu sorri.
- E eu faço o quê com tudo... isso que estou sentido? – ah, só você, né? Não tem idéia de como é que meu “amigo aqui” está! Minha risada saiu meio nervosa.
- E você acha que não tenho essa mesma dúvida? – era bom poder falar qualquer coisa para ela. Rimos juntos.
Sabíamos que nada mais aconteceria dali para frente, então apenas ficamos mais alguns minutos em silêncio, dando tempo para nossos corpos voltarem a um ritmo normal.
- Então, a que horas te pego amanhã? – disse com minha respiração numa freqüência normal.
- Amanhã? – ela disse como se tivesse levado um soco ou algo do gênero. – Amanhã não posso. Desculpe. – aquilo me nocauteou também. Não estava preparado para aquilo. Ela deve ter reparado nisso, pois logo explicou. – Estarei fora o dia todo com o Harry e a Claire.
- Não tem possibilidade de adiar esse compromisso? – eu ainda tinha uma esperança no olhar.
- Corta meu coração dizer isso, mas não. Vamos passar o dia com os pais da Claire. – e quando vi sua reação, olhando para baixo com uma expressão de frustração, meu coração quase parou: ela estava tão decepcionada quanto eu. Mas uma luz se acendeu:
- A que horas vocês chegam? – que seja cedo, que seja cedo!
- Acho que lá pelas 20h já estaremos de volta. – ela disse. – Por quê? – e havia esperança em seu tom.
- Teremos a noite toda então. – eu disse finalmente.
- Com certeza. – ela abriu um largo sorriso.
- Fechado então. Eu te ligo um pouco antes para combinarmos tudo, ok? – e minha decepção foi embora quase que completamente.
- Perfeito. – ela sorriu de volta. Fez uma pausa. – Você precisa ir. – ah, como eu não queria ir.
Puxei-a então para um último beijo, mais controlado, caso contrário eu mandaria aquela reunião pro espaço.
- Boa noite, Rob. – ela disse virando-se para abrir a porta.
- ?
- Sim?
- A blusa. – e não pude deixar de sorrir com aquele colo à mostra.
- Ops. – ela disse olhando para baixo fechando os botões.
- Isso é muita maldade. – eu disse com um meio sorriso.
- Se é. – ela concordou prontamente.
- Boa noite, linda. – e a puxei para mais um selinho antes que ela fechasse a porta do carro. Esperei que estivesse com a porta aberta para sair de lá. Já estava muito difícil deixá-la ir embora.

Capítulo 04 – Expectativa

’s POV

Harry e Claire estavam na sala quando entrei; me olharam com muita curiosidade.
- Já, já eu conto. Só preciso de um segundo, ok? – mas não esperei pela resposta.
Fui correndo para meu banheiro e parei diante do espelho, apoiando-me na pia. Apesar de termos diminuído o ritmo naqueles últimos minutos, eu ainda tinha um frenesi de hormônios percorrendo minha corrente sanguínea: meu coração estava muito acelerado, minha respiração ofegava só de pensar naquele homem e sentia meu corpo todo pedindo por ele. Abri o chuveiro e entrei debaixo da água – que deixei mais para morna do que para quente, já que não teria coragem de tomar um banho gelado – para tentar me acalmar de vez. No inicio, o toque da água em minha pele ainda me fazia me arrepiar inteira, mas aos poucos fui recobrando o controle sobre meu corpo e, depois de uns 15 minutos, eu já era uma pessoa regida pela razão e não pelos hormônios. Coloquei meu pijama e desci para a sala, secando os cabelos com uma toalha.
- O que aconteceu com você? – foi Claire quem perguntou.
- Você está bem? Ele fez alguma coisa errada? – esse foi o Harry, com algum instinto paternalista.
- Calma, gente. Está tudo bem. – eu soltei, largando-me no sofá. - É só que... Meu Deus, eu vou enlouquecer se a gente não conseguir ficar juntos e sozinhos por um tempo suficiente.
Foi Harry quem soltou uma gargalhada muito divertida, depois de entender o que eu havia dito.
- Bom, na primeira vez foi a polícia, na segunda foi uma briga e agora, o que foi?
- Hank. – eu disse simplesmente.
- Como assim? – perguntou Claire.
- Ele ligou três vezes seguidas para meu celular! – e minha expressão, com certeza, era de incredulidade. – Se a pessoa não atende na primeira, muito menos na segunda, é de se imaginar que esteja ocupada, não acham?
- Mas e aí, você atendeu na terceira? – Harry.
- Tive que fazê-lo, né. A concentração já tinha sido quebrada mesmo. Mas nem sei o que ele queria, pois não dei chance dele falar.
- Pobre Hank.
- Claire! – pausa. – Pensando bem... Preciso ligar para ele depois. – e percebi que minha raiva tinha passado.
Harry ia dizer alguma coisa, mas achei melhor parar de falar sobre isso com eles. Daqui a pouco eles assumiriam o papel de pais mesmo e era capaz de quererem conhecer oficialmente o Rob. Não que fosse uma péssima idéia, mas eu queria antes ter mais alguma certeza – se é que eu tinha alguma – sobre nós dois. Perguntei o que tinha para o jantar e, diante das opções, acabamos optando por pedir uma pizza. Felizmente não demorou muito para chegar – só depois de falar em comida foi que percebi que estava faminta – e então decidi ligar para o Hank.
- Me perdoa, me perdoa, me perdoa! – ele repetia sem respirar.
- Calma, Hank. – eu sorri. – Não estou mais com vontade de te matar.
- do meu coração! Não podia imaginar que estava te atrapalhando.
- Eu sei. Fui muito grossa com você. Desculpe.
- Amigos outra vez?
- Amigos.
- E então, o que foi que aconteceu hoje? – e contei a ele meu sábado maravilhoso.
- E ficamos combinados de nos encontrarmos amanhã à noite. Então, pelamor-de-tudo-que-é-santo, não me liga amanhã à noite.
- Mas nem em caso de morte. – ele riu. Mas depois seu tom ficou mais sério um pouco. – Como você está?
- Eu não sei, Hank. Apaixonada, apavorada, encantada, amedrontada... e mais um monte de adjetivos terminados em “ada”.
- E como você o sente? Conseguiu captar alguma coisa?
- Hum... aparentemente ele está como eu.... tudo terminado em “ado”. – ri e depois suspirei. – Tenho tanto medo de me machucar outra vez. E ao mesmo tempo quero tanto viver isso.
- Calma, gata. – ele sorriu. – Eu gosto dele. – isso, para o Hank, era como dizer que sentia que as coisas dariam certo, que tudo ficaria bem.
- Gato, agora preciso dormir. Sei que é cedo, mas acho que desde quarta não tenho uma noite de sono decente.
- Vai lá, e tenha bons sonhos. – terminamos aquela ligação e dois minutos depois eu estava capotada em minha cama.

Rob’s POV

Olhei para o relógio e tinha menos de 15 minutos para chegar até o escritório. Respirei fundo e constatei o óbvio: não estava em condições de ir para lá naquele exato momento.
- Steve? Surgiu um probleminha e...
- Por favor, Robert, não me dê uma desculpa para não vir e...
- Não é isso. Só queria dizer que vou me atrasar um pouco.
- Ah, ok. Estaremos te esperando. Enquanto isso, adiantarei a parte chata para você.
- Obrigado. Não demorarei.
Finalmente dei partida no carro e arranquei. Claro que tínhamos conseguido colocar pelo menos a respiração em ordem, mas e o resto? Meu corpo pedia pelo dela, minha mente se inundava com imagens de seus olhos, seu sorriso, sua carinha de felicidade com coisas simples como um passeio numa “roda-gigante”. Eu precisava daquela mulher, e não era só no sentido físico. Foi tão difícil deixar que saísse do carro, tão difícil não sentir sua presença ao meu lado. Bom, sei que acabei dirigindo durante uns 40 minutos, até ter me recuperado completamente.
Antes de ir para a reunião, acabei parando em um drive-thru e comendo um lanche. Só depois percebi como estava com fome. Cheguei mais centrado ao escritório do Steve e já encarei a coisa pegando fogo. Foram cerca de três longas horas discutindo as próximas entrevistas, os próximos ensaios fotográficos, as premieres do filme, além de debater sobre próximos trabalhos, a expectativa com o lançamento do filme, e etc. Sei que estava exausto ao término da reunião. E tenho que confessar que em vários momentos eu me peguei passeando pelo parque e na London Eye. Por mais que eu me esforçasse, não conseguia simplesmente desviar meus pensamentos.
- Bom... – disse Steve. – Então nos vemos amanhã no aeroporto.
- Amanhã?
- É, Rob. Vamos para Los Angeles amanhã.
- Não. Não íamos para lá só na segunda?
- Disse bem, íamos. Mas mudamos os planos. Não lembra disso não?
- Hum...
- Onde estava com a cabeça, Robert?
- Mas amanhã eu não posso.
- Você PODE! – ele disse meio estressado. – Acabou de assinar um contrato. Portanto, nos vemos no aeroporto às 22h. Boa noite.
Eu estava atônito. Não. Não podia ser! Respirei fundo e sim, podia. Definitivamente não posso participar de mais nenhuma reunião depois de me encontrar com ela. Tenho que tomar essa precaução, senão daqui a pouco estarei assinando contrato pra fazer papel principal em filme pornô. Nada contra, só não é meu estilo de filme. Suspirei enquanto entrava no carro e decidi chegar o mais rápido possível em casa, para pensar em como dar essa notícia a ela.
- Demorou, filho. – disse minha mãe.
- É. O Steve me segurou até agora numa reunião. Vou para os EUA amanhã.
- Não parece muito animado. Está tudo bem?
- Sim. Só estou cansado. Boa noite, mãe.
Entrei em meu quarto e desabei na cama. O rosto dela, com seu sorriso doce e divertido, pairava em minha mente. Como será que ela reagiria? Ficaria muito chateada?
- Está dormindo?
- Não, Liz.
- Posso entrar?
- Claro. O que quer?
- Como assim? Quero saber como foi seu dia romântico. – ah, é. Tinha prometido contar a ela. Sentei-me na cama e olhei para minha irmã impaciente. – Ih! Pela sua cara não foi nada bom. – ela comentou.
- Não é nada disso. Foi bom, foi muito bom. – e um sorriso involuntário se formou em meu rosto.
- Então... por que a cara feia de dois segundos atrás? – e então eu contei a história para ela. Como tínhamos nos conhecido e nossa tarde perfeita. Eu posso confiar inteiramente em minhas irmãs então não me incomodo em compartilhar com ela algumas coisas e detalhes – mas só alguns.
- E foi isso: tínhamos combinado de nos vermos amanhã à noite, mas eu estarei em um avião para Los Angeles. – e disse isso com um pesar.
- Ai, Rob! Você está perdidamente apaixonado!
- Eu sei.
- Está com medo?
- Morrendo. – e ri descrente. – Nunca pensei que me sentira assim. E a gente se conhece há, o quê, três dias? Quanta ironia.
- Rob. Aproveita, meu irmão. Se joga! Seja feliz! – ela piscou para mim. – E tenho certeza que ela vai entender isso. Se ela for metade do que você está falando, ela vai entender. – ela me mandou um beijo e foi para a porta.
- Liz? – ela me olhou. – Obrigado. – ela fez uma careta engraçada e fechou a porta atrás de si, me deixando só.

’s POV

Nem percebi a noite passar, de tão cansada que estava. Só fui me dar conta que estava na hora de acordar porque Claire veio me chamar para o café.
- Ê, dorminhoca! Hora de acordar!
- Hum? Não... – eu resmunguei baixinho.
- Vamos. – ela disse com uma voz doce. – Ainda teremos uma hora de viagem até a casa dos meus pais.
- Já vou. – eu disse colocando o travesseiro sobre a cabeça.
- Você que sabe, mas se continuar assim, chamarei o Harry pra vir te acordar.
- Ok, ok! Você venceu! – eu disse com um meio sorriso. O jeito mais fácil que Harry tinha para me fazer sair da cama era me atacar com cócegas, como se eu fosse uma criança de cinco anos. Descobri isso já na segunda semana que estava aqui, e desde então nunca mais deixei que ele me acordasse.
Tomei uma chuveirada rápida e peguei uma barra de cereal, para mastigar no caminho até a charmosa Andover. Era uma cidadezinha super fofa, com riachos, lagos, grandes espaços verdes e uma cultura bem tradicional; essa era a segunda vez que eu ia para lá. Os pais da Claire eram super simpáticos e muito curiosos a respeito do Brasil.
Como eu previ, o dia foi muito agradável. Minha felicidade só não era plena porque um certo alguém ficou invadindo minha mente de tempos em tempos. Fiquei imaginando o que ele estaria fazendo, como estaria sendo seu dia, como fora a reunião. Conforme o tempo passava e o fim do dia se aproximava, uma ansiedade inquietante passou a dominar quase todos os meus sentidos. Não via a hora de estar em casa novamente, receber sua ligação e nos vermos mais à noite. Ah, aquela noite! Só de imaginar seus lábios nos meus, suas mãos em minha pele... ui! Saímos de lá por volta das 18:30h e a viagem de volta foi muito mais demorada. Harry se divertia com minha impaciência e não deixou de dizer duas ou três gracinhas nesse meio tempo.
Mal o carro entrou na garagem, eu já tinha subido para meu quarto, para escolher minha roupa. Tinha que ser “A” roupa! Escutei o telefone, mas sabia que ele ligaria em meu celular, então não me apavorei.
- Toc toc. – disse Claire um momento depois.
- Oi.
- Eu e o Harry estamos saindo. A Melanie, aquela minha colega de trabalho, ligou nos convidando para jantar com eles.
- Que bom, Claire. Vocês realmente precisam sair mais. – sorria sinceramente.
- Você vai ficar bem aqui?
- Claro que vou. Mesmo porque, nem pretendo ficar muito tempo por aqui.
- Sei, sei. – ela riu. – Juízo, heim, mocinha!
- Pode deixar, mãe! – ela me deu um leve tapa na bunda, eu mostrei a língua para ela e depois nos desejamos bom divertimento ao mesmo tempo.
Olhei novamente para o relógio: 20h. Ele já deveria ter ligado. Escutei o carro sair novamente da garagem e me vi sozinha em casa. Mil coisas estavam passando pela minha cabeça naquela hora, mas não conseguia organizar nenhuma delas de modo decente em minha mente. Eu estava olhando para o relógio de dois em dois minutos, o que me deixava mais aflita ainda. Foi então que meu celular tocou.

Rob’s POV

Minha noite de sono não foi das melhores, acordei várias vezes durante a noite e acabei ficando exausto e mal-humorado pela manhã. Mas precisava me concentrar em como contar a ela que estaria fora por uma semana inteira sem magoá-la. Três dias? Em apenas três dias eu havia me apaixonado por ela. E ela? Será que estaria apaixonada por mim também? O que será que ela sentia? Eu tinha que descobrir isso. Só não sabia como.
- Liz?
- Fala Rob.
- Como a gente sabe quando alguém gosta da gente?
- Com medo dela não estar de quatro por você, irmãozinho?
- Já vi que foi uma péssima idéia te contar as coisas.
- Hei, Rob! Calma. – pausa. – Só quis descontrair.
- Foi, mal. – tratei logo de me desculpar com minha irmã, ela não tinha nada a ver com meus problemas. – Tive uma noite de cão.
- Por quê?
- Sei lá. Só não dormi bem. – ela assentiu. – E aí? Alguma dica?
- Hum... como ela fica quando vocês estão juntos? Tipo, toda alegrinha, rindo à toa, com os olhos brilhando?
- Hum... acho que sim, talvez.
- Ah, então relaxa. Ela já está apaixonada também.
- Você acha? – e meus olhos se iluminaram.
- Ahã. – ela me deu um beijo na testa. – Aê, maninho! Arrebatando corações! Agora preciso ir. Até o fim de semana! – será que a Liz estava certa? E se ela estivesse mesmo gostando de mim? Ah, seria perfeito!
Incrível como apenas a possibilidade dela sentir o mesmo que eu foi suficiente para meu humor melhorar. Nem resmunguei tanto para fazer a mala – e olha que não gosto de fazer mala! O dia foi passando, já estava com tudo pronto para a viagem e logo seria a hora de falar com ela. Uma corrente de adrenalina percorreu meu corpo quando o relógio marcou 19h. Eu ainda tentava ensaiar o que dizer, como dizer, tentava inutilmente me preparar para uma reação negativa. Eu olhava para o celular, começava a discar o número, mas desistia logo em seguida. Tentei tocar algumas músicas no violão, para tentar me acalmar, mas nem isso funcionou muito. Olhei outra vez para o relógio: 20h. Ok, ela já deve estar em casa. Vou ligar! Mas outra idéia passou pela minha mente.
- Tchau família, até sexta-feira. – pausa. – Vic? Busca meu carro no aeroporto depois? Preciso fazer uma coisa antes de embarcar.
- Ok, Rob. Boa semana!
Saí quase cantando pneus e em 20 minutos estava parado na frente da casa dela. Desci do veículo e disquei o número dela.
- ? – eu disse ansioso. Palhaço, quem mais seria?
- Rob! Tudo bem? – ah, como sua voz era linda!
- Tudo certo. Preciso falar com você. – não consegui colocar muita alegria na minha voz quando pensei no que diria.
- O que foi? Você está sério. – então ela já conhecia as variações da minha voz.
- Estou aqui do lado de fora, pode vir aqui?
- Claro. – e seu tom foi preocupado.
Dois segundos depois ela abriu a porta e apareceu na soleira, vestindo uma camiseta e calça jeans. Quando nossos olhos se encontraram, ela sorriu.
- Oi! – ela disse ao se aproximar e me deu um rápido selinho.
- Oi. – respondi e minha voz saiu repleta de tristeza por ter que deixá-la por uma semana inteira.
- O que faz aqui? Não tínhamos combinado que você me ligaria? – ela disse isso de modo descontraído, mas podia ver que havia preocupação e receio em seus olhos.
- Podemos conversar um minuto?
- Claro. Quer entrar? Harry e Claire não estão.
- Claro. – não esperava que ela estivesse sozinha em casa. Não sei se isso era bom ou mau sinal. O clima estava muito pesado e ela obviamente havia percebido. Nem bem nos sentamos no sofá e ela disparou, reta e direta:
- Ok, o que está acontecendo? Você está sério e... triste. Desembucha. – e deu um leve sorriso depois da última palavra.
- Teremos que adiar nosso encontro dessa noite. – consegui dizer finalmente. E como odiava ter que fazer aquilo. Fiquei esperando sua reação.
- Hum. Isso eu percebi, caso contrário você não estaria aqui nesse momento. – ela forçou outro sorriso. – O que houve?
- Estou embarcando para Los Angeles daqui a pouco. – pausa. Não conseguia olhar em seus olhos. – Isso ficou decidido na reunião de ontem à noite, eu tentei adiar, mas essa viagem estava prevista no contrato, então...
- Rob? – ela me interrompeu. Forcei-me a encarar aqueles lindos olhos e não encontrei a mágoa que esperava, que temia tanto. – Esse é o motivo então? Não teremos nosso encontro romântico porque você estará a alguns mil pés de altitude?
- Hum... isso. – minha voz agora soou confusa, acho.
- Ok. – ela fez uma pausa, e parecia aliviada quando falou novamente. – Você quer me matar do coração, né?
- Como? – eu estava mesmo confuso agora.
- Você fez todo esse suspense só porque teremos que adiar nossa... diversão por mais uns dias? – e não havia raiva em sua expressão, e sim um lindo sorriso sincero.
- Não está chateada?
- Bom, um pouquinho, talvez. Mas perto do que você me fez pensar nesses últimos minutos, fico até feliz que seja só isso. – jura? Jura mesmo? Ah, que alívio!
- Você não sabe como é bom ouvir isso. – finalmente consegui dizer, depois relaxar e conseguir finalmente sorrir. – No que você pensou?
- Hum... que talvez você tivesse vindo aqui dizer algo como “olha, isso foi muito legal, mas não estou mais interessado” ou alguma coisa assim. – heim? Ela pirou?
Só pude abraçá-la forte por alguns instantes e depois beijar sua testa.
- Nunca diria uma coisa dessas. Não quando o que estou sentindo é exatamente o contrário.
- Bom, suspense desfeito, será que você pode me dar um beijo de reencontro decente? Aquele lá fora nem pode ser considerado um beijo. – ela é incrível. Maravilhosa.
- Você é quem manda. – eu disse sorrindo. Então segurei seu rosto em minhas mãos e a puxei para junto de meu corpo, num beijo apaixonado, intenso, profundo. Afastei-me então, para olhá-la melhor.
- Bem melhor agora. – ela disse, acariciando meu rosto.
- Desculpe. Fiz papel de idiota. Mas estava com medo de que você não fosse aceitar. Essa minha rotina é meio complicada. – e bota medo nisso.
- Não tem do que se desculpar. Temos nossos compromissos. Faz parte do pacote. – ela conseguia fazer piada até disso. Sorriu alegremente para mim.
- Você não existe. – foi o que consegui dizer, enquanto descia meu dedo pelo seu nariz perfeito.
- Quanto tempo vai ficar por lá?
- Essa semana. Devo voltar na sexta-feira.
- Hum..... e, a que horas é seu vôo?
- Às 22h. Por quê? – respondi e imediatamente ela olhou para o seu relógio, que marcava 20:30h.
- Só queria saber por quanto tempo eu poderia desfrutar da sua presença. – e deu aquele sorriso malicioso que eu adorava. Sabia que todos os meus medos tinham passado e que ela era mais do que especial.
Eu a puxei para mim novamente, dando um beijo muito mais intenso que o anterior, deixei que minha língua desenhasse o contorno da sua boca, fiz alguns movimentos para sugar de leve seus lábios e enrosquei meus dedos em seus cabelos, mantendo-a ali comigo. Meu coração já estava disparado outra vez, mas não era mais de medo ou de receio. Era de emoção, de desejo. Ela então jogou seu corpo por cima do meu, desviando sua boca para meu pescoço e voltando para meus lábios com uma urgência incrível, enquanto isso eu a segurava com mais força contra meu corpo. Céus! Como eu tinha necessidade dela! Como aquela mulher em meus braços alienava todos os meus sentidos! Desci, então, minhas mãos até encontrar a barra da camiseta, e comecei a puxá-la para cima, vagarosamente.
- Rob? – ela descolou seus lábios dos meus por um segundo.
- Sim? – mas eu não consegui ficar longe deles. Ela afastou-se dois milímetros outra vez:
- Temo que se você continuar com essa idéia, vai perder seu avião.
Ah, ela estava certa. Acho que era meu subconsciente tentando dominar minha razão, para que eu perdesse mesmo aquele vôo e realizasse todos os meus desejos. E sabia que tinha que parar, mas era quase impossível. Subi a blusa só mais um pouquinho, sentindo por mais uma fração de segundo aquela pele macia em minhas mãos e então comecei a rir – não sei se de nervoso ou de frustração.
- Por que tem sempre alguma coisa nos impedindo?
- Não faço idéia. – ela disse, levantando-se e sentando do outro lado do sofá. Foi muito custoso deixar que ela fizesse isso. – Realmente não faço idéia.
Também me ajeitei no sofá, respirando profundamente algumas vezes, na inútil tentativa de controlar meus impulsos. Decidi que teríamos que falar de qualquer coisa para que eu não a atacasse novamente. Perguntei então como fora seu dia e ela contou que os pais da Claire moravam em Andover – que fica a mais ou menos uma hora daqui de Londres. Fizeram uma pequena caminhada pelo centro da cidade, e depois por um dos parques, enfatizando que o cenário ela lindo.
- Qualquer dia você tem que me levar lá. – eu disse.
- Será um prazer. – ela sorriu para mim.
- , tenho que ir. – eu finalmente disse, com muito custo.
- Eu sei. Mas só Deus sabe como eu queria que não fosse. – e aquele era também o meu desejo.
- Não marque nada no final de semana que vem. Eu vou te seqüestrar.
- Pode deixar. Estarei ansiosa por esse crime.
Então nos levantamos e ela me acompanhou até o carro. Abracei-a com força, ficamos alguns instantes com as testas encostadas, então ela me deu um beijo suave antes de eu partir. Segui para o aeroporto com dois sentimentos opostos em meu coração: tristeza por ter que deixá-la e felicidade por ter certeza de que ela era a mulher da minha vida.

’s POV

Voltei para dentro de casa depois que ele seguiu para o aeroporto e fiquei parada em pé olhando para a sala. Ainda havia uma aura quase mágica ali e me recordei da última meia hora. Lembrei da tensão que estava sentindo ao descer os degraus da escada, do arrepio que percorreu minha espinha, de como meu rosto se abriu involuntariamente em um sorriso quando abri a porta e nossos olhares se encontraram e de como estava com medo de que ele tivesse aparecido para me dar um fora.
E depois, o alívio que foi quando ele disse que estava lá para me dizer que nosso encontro teria que ser adiado. Ok, eu não queria adiar aquele encontro, eu tinha necessidade dele, mas dentre as inúmeras hipóteses que se passavam na minha cabeça naquela hora, eu realmente tinha que ficar aliviada por ser apenas mais um adiamento da nossa diversão. Pude ver que ele também estava muito tenso, parecia até culpado por ter que me fazer esperar mais alguns dias, mas eu entendia perfeitamente que estava saindo com um cara compromissado, ainda mais às vésperas do lançamento do filme. Ele foi um bobo – fofo, claro – mas bobo por pensar que eu realmente ligaria para aquilo ou não aceitaria. Até parece!
E por fim veio a melhor parte, quando “fizemos as pazes” e pudemos desfrutar de alguns minutos a sós. Lembrei-me detalhadamente daquela parte da noite, quando ele me beijou novamente dando um beijo muito mais intenso que o anterior. Sua língua desenhava o contorno da minha boca, dava leve sugadinhas em meus lábios, enquanto suas mãos se embrenhavam em meus cabelos. Um frenesi invadiu meu corpo e acabei me jogando por cima dele, desviando minha boca para seu pescoço e me concentrando em sentir seu cheiro. Voltei para sua boca com uma necessidade incrível, enquanto ele apertava minhas costas. Ah, Deus! Como ele era gostoso! Como conseguia me tirar do sério, despertar todas as células do meu corpo! Ele então desceu as mãos até encontrar a barra da minha blusa, começando a subi-la vagarosamente.
Tive que interromper aquele carinho, com muito custo era claro, porque senão, eu não o deixaria sair daquela sala a tempo de pegar o avião. Passamos mais um tempo conversando, contei como foi o meu dia e, por fim, ficamos combinados de que eu seria seqüestrada por ele no final de semana que vem. Nem posso esperar por esse crime hediondo! Eu o acompanhei até o carro e nos despedimos com um beijo suave.
Meu olhar voltou para a sala e eu decidi subir para meu quarto. Eu ainda não estava com sono, então decidi voltar para o livro que tinha começado na manhã anterior e sabia que ele era perfeito para o papel do vampiro protagonista.

Capítulo 04 – Expectativa

’s POV

Harry e Claire estavam na sala quando entrei; me olharam com muita curiosidade.
- Já, já eu conto. Só preciso de um segundo, ok? – mas não esperei pela resposta.
Fui correndo para meu banheiro e parei diante do espelho, apoiando-me na pia. Apesar de termos diminuído o ritmo naqueles últimos minutos, eu ainda tinha um frenesi de hormônios percorrendo minha corrente sanguínea: meu coração estava muito acelerado, minha respiração ofegava só de pensar naquele homem e sentia meu corpo todo pedindo por ele. Abri o chuveiro e entrei debaixo da água – que deixei mais para morna do que para quente, já que não teria coragem de tomar um banho gelado – para tentar me acalmar de vez. No inicio, o toque da água em minha pele ainda me fazia me arrepiar inteira, mas aos poucos fui recobrando o controle sobre meu corpo e, depois de uns 15 minutos, eu já era uma pessoa regida pela razão e não pelos hormônios. Coloquei meu pijama e desci para a sala, secando os cabelos com uma toalha.
- O que aconteceu com você? – foi Claire quem perguntou.
- Você está bem? Ele fez alguma coisa errada? – esse foi o Harry, com algum instinto paternalista.
- Calma, gente. Está tudo bem. – eu soltei, largando-me no sofá. - É só que... Meu Deus, eu vou enlouquecer se a gente não conseguir ficar juntos e sozinhos por um tempo suficiente.
Foi Harry quem soltou uma gargalhada muito divertida, depois de entender o que eu havia dito.
- Bom, na primeira vez foi a polícia, na segunda foi uma briga e agora, o que foi?
- Hank. – eu disse simplesmente.
- Como assim? – perguntou Claire.
- Ele ligou três vezes seguidas para meu celular! – e minha expressão, com certeza, era de incredulidade. – Se a pessoa não atende na primeira, muito menos na segunda, é de se imaginar que esteja ocupada, não acham?
- Mas e aí, você atendeu na terceira? – Harry.
- Tive que fazê-lo, né. A concentração já tinha sido quebrada mesmo. Mas nem sei o que ele queria, pois não dei chance dele falar.
- Pobre Hank.
- Claire! – pausa. – Pensando bem... Preciso ligar para ele depois. – e percebi que minha raiva tinha passado.
Harry ia dizer alguma coisa, mas achei melhor parar de falar sobre isso com eles. Daqui a pouco eles assumiriam o papel de pais mesmo e era capaz de quererem conhecer oficialmente o Rob. Não que fosse uma péssima idéia, mas eu queria antes ter mais alguma certeza – se é que eu tinha alguma – sobre nós dois. Perguntei o que tinha para o jantar e, diante das opções, acabamos optando por pedir uma pizza. Felizmente não demorou muito para chegar – só depois de falar em comida foi que percebi que estava faminta – e então decidi ligar para o Hank.
- Me perdoa, me perdoa, me perdoa! – ele repetia sem respirar.
- Calma, Hank. – eu sorri. – Não estou mais com vontade de te matar.
- do meu coração! Não podia imaginar que estava te atrapalhando.
- Eu sei. Fui muito grossa com você. Desculpe.
- Amigos outra vez?
- Amigos.
- E então, o que foi que aconteceu hoje? – e contei a ele meu sábado maravilhoso.
- E ficamos combinados de nos encontrarmos amanhã à noite. Então, pelamor-de-tudo-que-é-santo, não me liga amanhã à noite.
- Mas nem em caso de morte. – ele riu. Mas depois seu tom ficou mais sério um pouco. – Como você está?
- Eu não sei, Hank. Apaixonada, apavorada, encantada, amedrontada... e mais um monte de adjetivos terminados em “ada”.
- E como você o sente? Conseguiu captar alguma coisa?
- Hum... aparentemente ele está como eu.... tudo terminado em “ado”. – ri e depois suspirei. – Tenho tanto medo de me machucar outra vez. E ao mesmo tempo quero tanto viver isso.
- Calma, gata. – ele sorriu. – Eu gosto dele. – isso, para o Hank, era como dizer que sentia que as coisas dariam certo, que tudo ficaria bem.
- Gato, agora preciso dormir. Sei que é cedo, mas acho que desde quarta não tenho uma noite de sono decente.
- Vai lá, e tenha bons sonhos. – terminamos aquela ligação e dois minutos depois eu estava capotada em minha cama.

Rob’s POV

Olhei para o relógio e tinha menos de 15 minutos para chegar até o escritório. Respirei fundo e constatei o óbvio: não estava em condições de ir para lá naquele exato momento.
- Steve? Surgiu um probleminha e...
- Por favor, Robert, não me dê uma desculpa para não vir e...
- Não é isso. Só queria dizer que vou me atrasar um pouco.
- Ah, ok. Estaremos te esperando. Enquanto isso, adiantarei a parte chata para você.
- Obrigado. Não demorarei.
Finalmente dei partida no carro e arranquei. Claro que tínhamos conseguido colocar pelo menos a respiração em ordem, mas e o resto? Meu corpo pedia pelo dela, minha mente se inundava com imagens de seus olhos, seu sorriso, sua carinha de felicidade com coisas simples como um passeio numa “roda-gigante”. Eu precisava daquela mulher, e não era só no sentido físico. Foi tão difícil deixar que saísse do carro, tão difícil não sentir sua presença ao meu lado. Bom, sei que acabei dirigindo durante uns 40 minutos, até ter me recuperado completamente.
Antes de ir para a reunião, acabei parando em um drive-thru e comendo um lanche. Só depois percebi como estava com fome. Cheguei mais centrado ao escritório do Steve e já encarei a coisa pegando fogo. Foram cerca de três longas horas discutindo as próximas entrevistas, os próximos ensaios fotográficos, as premieres do filme, além de debater sobre próximos trabalhos, a expectativa com o lançamento do filme, e etc. Sei que estava exausto ao término da reunião. E tenho que confessar que em vários momentos eu me peguei passeando pelo parque e na London Eye. Por mais que eu me esforçasse, não conseguia simplesmente desviar meus pensamentos.
- Bom... – disse Steve. – Então nos vemos amanhã no aeroporto.
- Amanhã?
- É, Rob. Vamos para Los Angeles amanhã.
- Não. Não íamos para lá só na segunda?
- Disse bem, íamos. Mas mudamos os planos. Não lembra disso não?
- Hum...
- Onde estava com a cabeça, Robert?
- Mas amanhã eu não posso.
- Você PODE! – ele disse meio estressado. – Acabou de assinar um contrato. Portanto, nos vemos no aeroporto às 22h. Boa noite.
Eu estava atônito. Não. Não podia ser! Respirei fundo e sim, podia. Definitivamente não posso participar de mais nenhuma reunião depois de me encontrar com ela. Tenho que tomar essa precaução, senão daqui a pouco estarei assinando contrato pra fazer papel principal em filme pornô. Nada contra, só não é meu estilo de filme. Suspirei enquanto entrava no carro e decidi chegar o mais rápido possível em casa, para pensar em como dar essa notícia a ela.
- Demorou, filho. – disse minha mãe.
- É. O Steve me segurou até agora numa reunião. Vou para os EUA amanhã.
- Não parece muito animado. Está tudo bem?
- Sim. Só estou cansado. Boa noite, mãe.
Entrei em meu quarto e desabei na cama. O rosto dela, com seu sorriso doce e divertido, pairava em minha mente. Como será que ela reagiria? Ficaria muito chateada?
- Está dormindo?
- Não, Liz.
- Posso entrar?
- Claro. O que quer?
- Como assim? Quero saber como foi seu dia romântico. – ah, é. Tinha prometido contar a ela. Sentei-me na cama e olhei para minha irmã impaciente. – Ih! Pela sua cara não foi nada bom. – ela comentou.
- Não é nada disso. Foi bom, foi muito bom. – e um sorriso involuntário se formou em meu rosto.
- Então... por que a cara feia de dois segundos atrás? – e então eu contei a história para ela. Como tínhamos nos conhecido e nossa tarde perfeita. Eu posso confiar inteiramente em minhas irmãs então não me incomodo em compartilhar com ela algumas coisas e detalhes – mas só alguns.
- E foi isso: tínhamos combinado de nos vermos amanhã à noite, mas eu estarei em um avião para Los Angeles. – e disse isso com um pesar.
- Ai, Rob! Você está perdidamente apaixonado!
- Eu sei.
- Está com medo?
- Morrendo. – e ri descrente. – Nunca pensei que me sentira assim. E a gente se conhece há, o quê, três dias? Quanta ironia.
- Rob. Aproveita, meu irmão. Se joga! Seja feliz! – ela piscou para mim. – E tenho certeza que ela vai entender isso. Se ela for metade do que você está falando, ela vai entender. – ela me mandou um beijo e foi para a porta.
- Liz? – ela me olhou. – Obrigado. – ela fez uma careta engraçada e fechou a porta atrás de si, me deixando só.

’s POV

Nem percebi a noite passar, de tão cansada que estava. Só fui me dar conta que estava na hora de acordar porque Claire veio me chamar para o café.
- Ê, dorminhoca! Hora de acordar!
- Hum? Não... – eu resmunguei baixinho.
- Vamos. – ela disse com uma voz doce. – Ainda teremos uma hora de viagem até a casa dos meus pais.
- Já vou. – eu disse colocando o travesseiro sobre a cabeça.
- Você que sabe, mas se continuar assim, chamarei o Harry pra vir te acordar.
- Ok, ok! Você venceu! – eu disse com um meio sorriso. O jeito mais fácil que Harry tinha para me fazer sair da cama era me atacar com cócegas, como se eu fosse uma criança de cinco anos. Descobri isso já na segunda semana que estava aqui, e desde então nunca mais deixei que ele me acordasse.
Tomei uma chuveirada rápida e peguei uma barra de cereal, para mastigar no caminho até a charmosa Andover. Era uma cidadezinha super fofa, com riachos, lagos, grandes espaços verdes e uma cultura bem tradicional; essa era a segunda vez que eu ia para lá. Os pais da Claire eram super simpáticos e muito curiosos a respeito do Brasil.
Como eu previ, o dia foi muito agradável. Minha felicidade só não era plena porque um certo alguém ficou invadindo minha mente de tempos em tempos. Fiquei imaginando o que ele estaria fazendo, como estaria sendo seu dia, como fora a reunião. Conforme o tempo passava e o fim do dia se aproximava, uma ansiedade inquietante passou a dominar quase todos os meus sentidos. Não via a hora de estar em casa novamente, receber sua ligação e nos vermos mais à noite. Ah, aquela noite! Só de imaginar seus lábios nos meus, suas mãos em minha pele... ui! Saímos de lá por volta das 18:30h e a viagem de volta foi muito mais demorada. Harry se divertia com minha impaciência e não deixou de dizer duas ou três gracinhas nesse meio tempo.
Mal o carro entrou na garagem, eu já tinha subido para meu quarto, para escolher minha roupa. Tinha que ser “A” roupa! Escutei o telefone, mas sabia que ele ligaria em meu celular, então não me apavorei.
- Toc toc. – disse Claire um momento depois.
- Oi.
- Eu e o Harry estamos saindo. A Melanie, aquela minha colega de trabalho, ligou nos convidando para jantar com eles.
- Que bom, Claire. Vocês realmente precisam sair mais. – sorria sinceramente.
- Você vai ficar bem aqui?
- Claro que vou. Mesmo porque, nem pretendo ficar muito tempo por aqui.
- Sei, sei. – ela riu. – Juízo, heim, mocinha!
- Pode deixar, mãe! – ela me deu um leve tapa na bunda, eu mostrei a língua para ela e depois nos desejamos bom divertimento ao mesmo tempo.
Olhei novamente para o relógio: 20h. Ele já deveria ter ligado. Escutei o carro sair novamente da garagem e me vi sozinha em casa. Mil coisas estavam passando pela minha cabeça naquela hora, mas não conseguia organizar nenhuma delas de modo decente em minha mente. Eu estava olhando para o relógio de dois em dois minutos, o que me deixava mais aflita ainda. Foi então que meu celular tocou.

Rob’s POV

Minha noite de sono não foi das melhores, acordei várias vezes durante a noite e acabei ficando exausto e mal-humorado pela manhã. Mas precisava me concentrar em como contar a ela que estaria fora por uma semana inteira sem magoá-la. Três dias? Em apenas três dias eu havia me apaixonado por ela. E ela? Será que estaria apaixonada por mim também? O que será que ela sentia? Eu tinha que descobrir isso. Só não sabia como.
- Liz?
- Fala Rob.
- Como a gente sabe quando alguém gosta da gente?
- Com medo dela não estar de quatro por você, irmãozinho?
- Já vi que foi uma péssima idéia te contar as coisas.
- Hei, Rob! Calma. – pausa. – Só quis descontrair.
- Foi, mal. – tratei logo de me desculpar com minha irmã, ela não tinha nada a ver com meus problemas. – Tive uma noite de cão.
- Por quê?
- Sei lá. Só não dormi bem. – ela assentiu. – E aí? Alguma dica?
- Hum... como ela fica quando vocês estão juntos? Tipo, toda alegrinha, rindo à toa, com os olhos brilhando?
- Hum... acho que sim, talvez.
- Ah, então relaxa. Ela já está apaixonada também.
- Você acha? – e meus olhos se iluminaram.
- Ahã. – ela me deu um beijo na testa. – Aê, maninho! Arrebatando corações! Agora preciso ir. Até o fim de semana! – será que a Liz estava certa? E se ela estivesse mesmo gostando de mim? Ah, seria perfeito!
Incrível como apenas a possibilidade dela sentir o mesmo que eu foi suficiente para meu humor melhorar. Nem resmunguei tanto para fazer a mala – e olha que não gosto de fazer mala! O dia foi passando, já estava com tudo pronto para a viagem e logo seria a hora de falar com ela. Uma corrente de adrenalina percorreu meu corpo quando o relógio marcou 19h. Eu ainda tentava ensaiar o que dizer, como dizer, tentava inutilmente me preparar para uma reação negativa. Eu olhava para o celular, começava a discar o número, mas desistia logo em seguida. Tentei tocar algumas músicas no violão, para tentar me acalmar, mas nem isso funcionou muito. Olhei outra vez para o relógio: 20h. Ok, ela já deve estar em casa. Vou ligar! Mas outra idéia passou pela minha mente.
- Tchau família, até sexta-feira. – pausa. – Vic? Busca meu carro no aeroporto depois? Preciso fazer uma coisa antes de embarcar.
- Ok, Rob. Boa semana!
Saí quase cantando pneus e em 20 minutos estava parado na frente da casa dela. Desci do veículo e disquei o número dela.
- ? – eu disse ansioso. Palhaço, quem mais seria?
- Rob! Tudo bem? – ah, como sua voz era linda!
- Tudo certo. Preciso falar com você. – não consegui colocar muita alegria na minha voz quando pensei no que diria.
- O que foi? Você está sério. – então ela já conhecia as variações da minha voz.
- Estou aqui do lado de fora, pode vir aqui?
- Claro. – e seu tom foi preocupado.
Dois segundos depois ela abriu a porta e apareceu na soleira, vestindo uma camiseta e calça jeans. Quando nossos olhos se encontraram, ela sorriu.
- Oi! – ela disse ao se aproximar e me deu um rápido selinho.
- Oi. – respondi e minha voz saiu repleta de tristeza por ter que deixá-la por uma semana inteira.
- O que faz aqui? Não tínhamos combinado que você me ligaria? – ela disse isso de modo descontraído, mas podia ver que havia preocupação e receio em seus olhos.
- Podemos conversar um minuto?
- Claro. Quer entrar? Harry e Claire não estão.
- Claro. – não esperava que ela estivesse sozinha em casa. Não sei se isso era bom ou mau sinal. O clima estava muito pesado e ela obviamente havia percebido. Nem bem nos sentamos no sofá e ela disparou, reta e direta:
- Ok, o que está acontecendo? Você está sério e... triste. Desembucha. – e deu um leve sorriso depois da última palavra.
- Teremos que adiar nosso encontro dessa noite. – consegui dizer finalmente. E como odiava ter que fazer aquilo. Fiquei esperando sua reação.
- Hum. Isso eu percebi, caso contrário você não estaria aqui nesse momento. – ela forçou outro sorriso. – O que houve?
- Estou embarcando para Los Angeles daqui a pouco. – pausa. Não conseguia olhar em seus olhos. – Isso ficou decidido na reunião de ontem à noite, eu tentei adiar, mas essa viagem estava prevista no contrato, então...
- Rob? – ela me interrompeu. Forcei-me a encarar aqueles lindos olhos e não encontrei a mágoa que esperava, que temia tanto. – Esse é o motivo então? Não teremos nosso encontro romântico porque você estará a alguns mil pés de altitude?
- Hum... isso. – minha voz agora soou confusa, acho.
- Ok. – ela fez uma pausa, e parecia aliviada quando falou novamente. – Você quer me matar do coração, né?
- Como? – eu estava mesmo confuso agora.
- Você fez todo esse suspense só porque teremos que adiar nossa... diversão por mais uns dias? – e não havia raiva em sua expressão, e sim um lindo sorriso sincero.
- Não está chateada?
- Bom, um pouquinho, talvez. Mas perto do que você me fez pensar nesses últimos minutos, fico até feliz que seja só isso. – jura? Jura mesmo? Ah, que alívio!
- Você não sabe como é bom ouvir isso. – finalmente consegui dizer, depois relaxar e conseguir finalmente sorrir. – No que você pensou?
- Hum... que talvez você tivesse vindo aqui dizer algo como “olha, isso foi muito legal, mas não estou mais interessado” ou alguma coisa assim. – heim? Ela pirou?
Só pude abraçá-la forte por alguns instantes e depois beijar sua testa.
- Nunca diria uma coisa dessas. Não quando o que estou sentindo é exatamente o contrário.
- Bom, suspense desfeito, será que você pode me dar um beijo de reencontro decente? Aquele lá fora nem pode ser considerado um beijo. – ela é incrível. Maravilhosa.
- Você é quem manda. – eu disse sorrindo. Então segurei seu rosto em minhas mãos e a puxei para junto de meu corpo, num beijo apaixonado, intenso, profundo. Afastei-me então, para olhá-la melhor.
- Bem melhor agora. – ela disse, acariciando meu rosto.
- Desculpe. Fiz papel de idiota. Mas estava com medo de que você não fosse aceitar. Essa minha rotina é meio complicada. – e bota medo nisso.
- Não tem do que se desculpar. Temos nossos compromissos. Faz parte do pacote. – ela conseguia fazer piada até disso. Sorriu alegremente para mim.
- Você não existe. – foi o que consegui dizer, enquanto descia meu dedo pelo seu nariz perfeito.
- Quanto tempo vai ficar por lá?
- Essa semana. Devo voltar na sexta-feira.
- Hum..... e, a que horas é seu vôo?
- Às 22h. Por quê? – respondi e imediatamente ela olhou para o seu relógio, que marcava 20:30h.
- Só queria saber por quanto tempo eu poderia desfrutar da sua presença. – e deu aquele sorriso malicioso que eu adorava. Sabia que todos os meus medos tinham passado e que ela era mais do que especial.
Eu a puxei para mim novamente, dando um beijo muito mais intenso que o anterior, deixei que minha língua desenhasse o contorno da sua boca, fiz alguns movimentos para sugar de leve seus lábios e enrosquei meus dedos em seus cabelos, mantendo-a ali comigo. Meu coração já estava disparado outra vez, mas não era mais de medo ou de receio. Era de emoção, de desejo. Ela então jogou seu corpo por cima do meu, desviando sua boca para meu pescoço e voltando para meus lábios com uma urgência incrível, enquanto isso eu a segurava com mais força contra meu corpo. Céus! Como eu tinha necessidade dela! Como aquela mulher em meus braços alienava todos os meus sentidos! Desci, então, minhas mãos até encontrar a barra da camiseta, e comecei a puxá-la para cima, vagarosamente.
- Rob? – ela descolou seus lábios dos meus por um segundo.
- Sim? – mas eu não consegui ficar longe deles. Ela afastou-se dois milímetros outra vez:
- Temo que se você continuar com essa idéia, vai perder seu avião.
Ah, ela estava certa. Acho que era meu subconsciente tentando dominar minha razão, para que eu perdesse mesmo aquele vôo e realizasse todos os meus desejos. E sabia que tinha que parar, mas era quase impossível. Subi a blusa só mais um pouquinho, sentindo por mais uma fração de segundo aquela pele macia em minhas mãos e então comecei a rir – não sei se de nervoso ou de frustração.
- Por que tem sempre alguma coisa nos impedindo?
- Não faço idéia. – ela disse, levantando-se e sentando do outro lado do sofá. Foi muito custoso deixar que ela fizesse isso. – Realmente não faço idéia.
Também me ajeitei no sofá, respirando profundamente algumas vezes, na inútil tentativa de controlar meus impulsos. Decidi que teríamos que falar de qualquer coisa para que eu não a atacasse novamente. Perguntei então como fora seu dia e ela contou que os pais da Claire moravam em Andover – que fica a mais ou menos uma hora daqui de Londres. Fizeram uma pequena caminhada pelo centro da cidade, e depois por um dos parques, enfatizando que o cenário ela lindo.
- Qualquer dia você tem que me levar lá. – eu disse.
- Será um prazer. – ela sorriu para mim.
- , tenho que ir. – eu finalmente disse, com muito custo.
- Eu sei. Mas só Deus sabe como eu queria que não fosse. – e aquele era também o meu desejo.
- Não marque nada no final de semana que vem. Eu vou te seqüestrar.
- Pode deixar. Estarei ansiosa por esse crime.
Então nos levantamos e ela me acompanhou até o carro. Abracei-a com força, ficamos alguns instantes com as testas encostadas, então ela me deu um beijo suave antes de eu partir. Segui para o aeroporto com dois sentimentos opostos em meu coração: tristeza por ter que deixá-la e felicidade por ter certeza de que ela era a mulher da minha vida.

’s POV

Voltei para dentro de casa depois que ele seguiu para o aeroporto e fiquei parada em pé olhando para a sala. Ainda havia uma aura quase mágica ali e me recordei da última meia hora. Lembrei da tensão que estava sentindo ao descer os degraus da escada, do arrepio que percorreu minha espinha, de como meu rosto se abriu involuntariamente em um sorriso quando abri a porta e nossos olhares se encontraram e de como estava com medo de que ele tivesse aparecido para me dar um fora.
E depois, o alívio que foi quando ele disse que estava lá para me dizer que nosso encontro teria que ser adiado. Ok, eu não queria adiar aquele encontro, eu tinha necessidade dele, mas dentre as inúmeras hipóteses que se passavam na minha cabeça naquela hora, eu realmente tinha que ficar aliviada por ser apenas mais um adiamento da nossa diversão. Pude ver que ele também estava muito tenso, parecia até culpado por ter que me fazer esperar mais alguns dias, mas eu entendia perfeitamente que estava saindo com um cara compromissado, ainda mais às vésperas do lançamento do filme. Ele foi um bobo – fofo, claro – mas bobo por pensar que eu realmente ligaria para aquilo ou não aceitaria. Até parece!
E por fim veio a melhor parte, quando “fizemos as pazes” e pudemos desfrutar de alguns minutos a sós. Lembrei-me detalhadamente daquela parte da noite, quando ele me beijou novamente dando um beijo muito mais intenso que o anterior. Sua língua desenhava o contorno da minha boca, dava leve sugadinhas em meus lábios, enquanto suas mãos se embrenhavam em meus cabelos. Um frenesi invadiu meu corpo e acabei me jogando por cima dele, desviando minha boca para seu pescoço e me concentrando em sentir seu cheiro. Voltei para sua boca com uma necessidade incrível, enquanto ele apertava minhas costas. Ah, Deus! Como ele era gostoso! Como conseguia me tirar do sério, despertar todas as células do meu corpo! Ele então desceu as mãos até encontrar a barra da minha blusa, começando a subi-la vagarosamente.
Tive que interromper aquele carinho, com muito custo era claro, porque senão, eu não o deixaria sair daquela sala a tempo de pegar o avião. Passamos mais um tempo conversando, contei como foi o meu dia e, por fim, ficamos combinados de que eu seria seqüestrada por ele no final de semana que vem. Nem posso esperar por esse crime hediondo! Eu o acompanhei até o carro e nos despedimos com um beijo suave.
Meu olhar voltou para a sala e eu decidi subir para meu quarto. Eu ainda não estava com sono, então decidi voltar para o livro que tinha começado na manhã anterior e sabia que ele era perfeito para o papel do vampiro protagonista.

Capítulo 05 – Wish you were here

’s POV

- Já em casa? – Harry perguntou aparecendo na porta do meu quarto.
- Credo! – eu dei um berro com o susto que levei. – Quer me matar do coração?
- Desculpe. – ele riu baixinho. – Achei que você tivesse nos ouvido chegar.
- Não. – eu disse mais calma, sorrindo. – Fiquei entretida aqui com o livro que não ouvi vocês. O jantar foi legal?
- Foi sim. Mas repetindo a pergunta: já em casa?
- Nem saí, para ser honesta.
- Por que não? O que houve? Vocês não brigaram não é? – essa foi a Claire.
- Não, não brigamos. Surgiu uma viagem de ultima hora e tivemos que adiar nosso encontro.
- E, você está bem com relação a isso? – ela parecia preocupada.
- Tudo bem. Ele veio aqui, conversamos. Está tudo certo. – Harry ia falar alguma coisa, mas resolvi que já tinha dado informações demais. – Gente, vou dormir. Nem tinha reparado que já era tão tarde.
- Ok. – ambos disseram. – Boa noite.
Deixei o livro na mesinha de cabeceira e me aconcheguei na minha cama. Ainda fiquei um tempo pensando nessa loucura toda e acabei adormecendo. Sonhei com a historia do livro, com ele como Edward e eu no papel da Bella – protagonista feminina. No meu sonho as coisas eram mais picantes, vamos dizer assim, e lá pelo menos nós conseguimos matar aquele desejo que nos consumia desde a nossa primeira troca de olhares.
Tenho que confessar que minha semana foi muito monótona. Falei com Hank na segunda e contei toda a historia, John apareceu na cafeteria na terça e pediu desculpas, dizendo que tinha sido um completo idiota, que não deveria sair por aí julgando as pessoas e tal. No fim acabei desculpando, mas sabia que nossa relação nunca mais seria a mesma.
Era quarta-feira e parecia que ainda era segunda, do jeito que o tempo estava se arrastando. Resolvi acompanhar Hank, Susan, Jess, Paul, Jack e David numa pizzaria naquela noite, já que todos estavam empolgados.
- Será que vou parecer carente demais se mandar uma mensagem para ele? – perguntei discretamente para o Hank.
- É isso que seu coração está pedindo? – ele me olhou.
- Implorando desesperadamente. – eu sorri.
- Então por que ainda não o fez? – ele riu. – Bobinha!
Eu adorava o Hank. Ele era daqueles caras que te entendem, te dão força ou um puxão de orelha – dependendo do caso – e não te julgam. Ah, e apesar dele ter um lado mais sensível, ele não era gay. Fora por isso que nos identificamos tanto. E era por isso que eu estava muito feliz com o anuncio do namoro dele com a Susie. Ela era muito legal também, mas nunca chegamos a ser verdadeiras amigas. Engraçado isso, eu sempre tive mais facilidade para fazer amizade com meninos. Peguei meu celular e escrevi: Querido Rob. Não sei se estou sendo precipitada ou não, só queria dizer que sinto saudade. Meus dias têm se arrastado por aqui. Volta logo! XO, . Reli a mensagem umas duas vezes e apertei a tecla send. Confesso que me espantei com a rapidez com que a resposta chegou: Querida . Não faz idéia da alegria que foi receber sua mensagem. Também estou com saudade. Muita saudade. Meu tempo também está passando devagar demais. Não vejo a hora de te encontrar. XO, seu Rob. Eu praticamente quicava na cadeira depois de ler essa mensagem.
- Meu Deus do céu! O que foi que ele respondeu pra você ficar nesse estado? – Hank cochichou. Eu mostrei a mensagem para ele, e ele abriu um largo sorriso para mim. – Aê, gata! Ganhou o coração dele!
Fui dormir super feliz naquela noite, lia e relia sua mensagem, e ficava imaginando como ele estaria, o que estaria vestindo, o que estaria fazendo. Àquela altura, já tinha terminado o livro e mal podia esperar pelo livro seguinte. Se o filme fosse metade do livro, seria um sucesso absoluto. Os dois dias seguintes correram como os outros: lentos e sem graça.
Conforme tinha combinado com meu chefe, ficaria até mais tarde também naquela sexta, para poder matar o sábado – eu trabalhava sábado sim, sábado não e, como no anterior eu estava de folga, teoricamente esse eu deveria trabalhar, mas consegui convencer meu chefe e fiz hora extra todos os dias da semana para livrar aquele sábado – mas estava aérea demais pensando na chegada do Rob. Ele disse que voltaria na sexta, mas não disse o horário, então minha ansiedade aumentou depois das 18h.
Voltei para casa, mas não consegui me concentrar em nada. Fui para a net checar emails e tal, mas nem isso me distraiu. O tempo foi passando, e comecei a pensar que ele chegaria tarde e nosso encontro só se daria no dia seguinte. Fui para a sala, vi TV com Harry e Claire, depois vimos um filme, e então, frustrada e decepcionada, fui para meu quarto. Já passava das 23:30h quando meu celular tocou:
- Te acordei?
- Rob! – eu quase gritei. – Já chegou?
- Finalmente eu cheguei, eu diria. – e sua voz estava bem cansada.
- O que houve?
- Congestionamento nos aeroportos americanos, conseqüentemente todos os vôos atrasaram. Eu deveria ter chegado no máximo às 18h.
- Que droga isso. – putz, então ele poderia ter planejado alguma coisa para hoje, mas foi frustrado também. – Mas que bom que chegou. – e animei minha voz.
- E aí, livre para ser seqüestrada esse fim de semana? – ele animou sua voz também.
- Livre, leve e solta. – eu gargalhei. – Onde será meu cativeiro?
- Não posso dizer. – ele disse brincalhão. – Não vou correr o risco de alguém resolver te salvar das minhas garras.
- Pode ficar tranqüilo quanto a isso. Todos os meus defensores estão avisados de que sou cúmplice do meu próprio seqüestro. – e ri divertida.
- Melhor assim. Passo para te pegar às 12h, ok?
- Perfeito. – senti que ele ia desligar. – Rob?
- Hum?
- Que bom que voltou. – pausa. – Senti sua falta.
- Também senti a sua. Não sabe o quanto.
- Boa noite, meu querido.
- Goodnight, my angel.
Oh, God! Eu achei que não conseguiria dormir aquela noite, tamanha fora minha empolgação ao ouvir sua voz. Fiquei muito tempo imaginando o que ele estaria aprontando para nós, e depois entendi que nada importava, apenas o fato de que estaríamos juntos.

Rob’s POV

Dirigi sem a mínima atenção até o aeroporto, deixando o carro onde tinha combinado com Vic, e fui para o saguão. Duas meninas me reconheceram e vieram pedir autógrafo, fui simpático com isso, afinal, era por causa dos fãs que os filmes faziam sucesso. Tinha que, no mínimo, ser gentil com elas. Não demorou muito e Steve me encontrou.
- Que cara desanimada, Rob! Nem parece que está indo se encontrar com o elenco para sessões de fotos.
- É só que essa viagem me pegou num momento não muito favorável, só isso. Estarei mais animado para as fotos.
- Ok, então. Quer falar sobre isso?
- Não, Steve. Ainda não. – logo nosso vôo foi chamado e embarcamos para LA.
Confesso que depois que dormi e encontrei o pessoal, fiquei mais animado mesmo. Eles são muito brincalhões, principalmente o Kellan e o Jackson. As meninas também são muito divertidas, principalmente a Ashley, que é meio palhacita também. Tínhamos dois ensaios marcados naquela semana um na terça e outro na quinta. A segunda foi utilizada para descanso e organização de tudo.
Na terça foi o primeiro ensaio, mas nesse éramos somente eu e a Kristen. Ela percebeu que eu estava meio murchinho, mas apesar de termos nos tornado amigos durante as gravações, não quis compartilhar com ela a falta que estava sentindo da . Na quarta estávamos todos num shopping no final da tarde quando recebi uma mensagem dela: Querido Rob. Não sei se estou sendo precipitada ou não, só queria dizer que sinto saudade. Meus dias têm se arrastado por aqui. Volta logo! XO, . Fiquei radiante na mesma hora, parecia criança. Li mais uma vez a mensagem antes de mandar minha resposta: Querida . Não faz idéia da alegria que foi receber sua mensagem. Também estou com saudade. Muita saudade. Meu tempo também está passando devagar demais. Não vejo a hora de te encontrar. XO, seu Rob. Aparentemente ninguém notou o ocorrido, exceto a Kris:
- Já até imagino o que está acontecendo. – ela dizia com cara animada de cúmplice. – Você vai me contar tudo.
- Ok. Depois. – ela assentiu e voltamos para o clima do grupo. Eu tinha ganhado o dia com aquela mensagem.
Mais à noite, eu e ela ficamos conversando no hotel e eu contei o que acontecia. Ela ficou feliz por mim, dizendo que sabia como era isso, que mesmo morando na mesma cidade que seu namorado, Michael, era complicado estarem juntos o tempo todo e tal. Ela foi bem legal e eu me senti melhor desabafando com ela. Sonhei com minha linda naquela noite e comecei a planejar nosso fim de semana.
Na quinta, antes de sair para o ensaio, liguei para Liz, contei o que tinha planejado e ela encarregou Vic de fazer tudo, já que sairia para alguns shows. Meu ânimo estava muito melhor e todo mundo reparou. Eu disse apenas que estava mais descansado. Jantei com o pessoal e ficamos conversando até quase a hora de eu ir para o aeroporto – meu vôo saía às 3h da manhã da sexta e só chegaria em Londres às 18h da tarde de sexta, esse fuso horário acaba com a gente. Mas mesmo assim estava animado pois veria minha e isso compensava tudo. Só que, o destino resolveu pregar uma peça em mim e tive que enfrentar quase quatro horas de atraso em NY. Acabei chegando em Londres perto das 23h e meus planos para aquela noite foram por água abaixo. Depois de falar rapidamente com minha família, voei para meu quarto. Estaria tarde demais para ligar para ela? Ela estaria chateada por eu não ter chegado mais cedo? Peguei o aparelhinho em minhas mãos e disquei seu número.
- Te acordei? – foi a primeira coisa que consegui perguntar.
- Rob! – ela exclamou animada. – Já chegou?
- Finalmente eu cheguei, eu diria. – será que minha voz estava cansada demais?
- O que houve? – ah, com certeza ela percebeu. Sua voz estava um pouco preocupada. - Congestionamento nos aeroportos americanos, conseqüentemente todos os vôos atrasaram. Eu deveria ter chegado no máximo às 18h.
- Que droga isso. – ela fez uma constatação, no começo parecia frustrada, mas depois isso passou. – Mas que bom que chegou. – sua voz já era mais animada. Ufa! Nenhum dano causado.
- E aí, livre para ser seqüestrada esse fim de semana? – ah, só de imaginar passar o fim de semana com ela, qualquer cansaço desaparecia completamente.
- Livre, leve e solta. – ela soltou uma gargalhada divertida. – Onde será meu cativeiro?
- Não posso dizer. – até parece que eu contaria. – Não vou correr o risco de alguém resolver te salvar das minhas garras.
- Pode ficar tranqüilo quanto a isso. Todos os meus defensores estão avisados de que sou cúmplice do meu próprio seqüestro. – ela parecia divertida.
- Melhor assim. Passo para te pegar às 12h, ok?
- Perfeito. – pausa. – Rob?
- Hum?
- Que bom que voltou. – pausa. – Senti sua falta.
- Também senti a sua. Não sabe o quanto.
- Boa noite, meu querido.
-Goodnight, my angel. – hum, isso dá música, heim!
Desliguei o telefone e desmaiei em minha cama. Estava mesmo cansado da viagem e, no fundo, foi até bom acontecer o que aconteceu, pois poderia descansar para curtir todos os momentos com ela no dia seguinte.

’s POV

Depois de muito custo eu finalmente dormi. Meus sonhos foram regados a imagens de seu rosto, o som da sua voz e uma infinidade de surpresas que ele estaria preparando. Acordei cedo, devia ser umas 8:30h da manhã.
- Bom dia, família!
- Meu Deus! – exclamou Harry. – É o fim dos tempos! Olha esse sorriso a essa hora da manhã!
- Ah, Harry! – eu mostrei a língua. – Larga do meu pé, chulé! Não posso acordar feliz não?
- Não liga não, ! – e Claire se juntou a mim numa risada gostosa.
- A que horas ele vem?
- Às 12h. – respondi. – Mas nem adianta perguntar para onde vamos porque ele não me disse. – espreguicei-me na cadeira. – A única coisa que sei é que hoje e amanhã seremos só nos dois.
- Meu Deus! – ele voltou a exclamar. – Ela está completamente apaixonada. Não pensei que veria isso acontecer!
Eu nem me dei ao trabalho de responder. Estava feliz demais para deixar que isso me aborrecesse. E, afinal, era verdade mesmo: eu estava completa e perdidamente apaixonada por ele! Tomei meu café da manhã e voltei para o quarto para arrumar a pequena mala. Ele não tinha dito para onde iríamos, mas como a previsão do tempo era praticamente igual para todo o país: céu quase limpo e temperaturas baixas, eu consegui organizar uma mala pequena e versátil. Isso, sem falar que seriam apenas um dia e meio. Sei que depois de uma hora, mais ou menos, estava com tudo pronto.
E esse intervalo de duas horas até ele chegar, eu passei entre a TV e o computador, indo e vindo desses algumas vezes, quase matando o Harry e a Claire de tanta aflição.
- Ok, estamos saindo para almoçar. – disse Harry. – Bom divertimento, . – e me deu um beijo na testa.
- Brigada, Harry.
- Juízo, heim mocinha! – disse Claire vindo me abraçar. Isso foi meio “mãe”, mas beleza. – E liga pra gente se precisar. Nos vemos amanhã à noite. – depois me deu um abraço forte e um beijo na bochecha.
- Divirtam-se também. – eu disse, acenando da porta da casa.
Voltei para dentro, desliguei o computador, trouxe a mala para a sala e fiquei sentada no sofá, sem conseguir prestar atenção ao que passava na TV. Algum tempo depois, quando eu já até tinha me entretido com o desenho que passava, finalmente a campainha tocou. Dei uma ajeitadinha no cabelo antes de abrir a porta e então topei com ele. Não tenho palavras para descrever como foi vê-lo ali. Acho que inebriante ainda ficaria longe. Ele deu mais um passo em minha direção, os olhos fixos nos meus e então eu simplesmente o abracei com todas as minhas forças.

Rob’s POV

Eu realmente estava muito cansado, pois nem me mexi na cama: do jeito que deitei, fiquei. Acordei muito bem disposto, por voltas das 8:30h da manhã. Apareci na cozinha e minha mãe me recebeu com um beijo na bochecha depois de rir da minha cara de sono.
- Achei que dormiria o dia inteiro hoje. – ela disse.
- Não. Vic ou Liz não te contaram que tenho um compromisso esse fim de semana?
- Ah, sim. Elas disseram. Só não disseram quem é a felizarda. – ela fez uma pausa. – E você, não vai me dizer não?
- Depois. Tudo vai depender desse fim de semana. – e na mesma hora me deu um frio na barriga.
- Vai dar tudo certo. Quem não se apaixonaria por você?
- Quer que eu faça uma lista? – e rimos da brincadeira.
Terminei meu café e fui arrumar minhas coisas para nossa rápida viagem. Coloquei somente duas mudas de roupa na mala, já que estaríamos de volta no dia seguinte à noite, separei o presente que tinha comprado para ela – tomara que ela goste! – e quando olhei, tudo já estava pronto. Não levei nem uma hora para fazer isso. É, acho que estou começando a pegar prática nesse negócio de fazer mala. A ansiedade estava tomando conta de mim outra vez, então fui para o piano. É incrível como a música me relaxa. Estava no meio de uma música quando uma melodia invadiu minha mente e foi ganhando vida: do nada eu estava compondo. Nada muito complexo, apenas algo delicado e cristalino.
- Então é assim que a mocinha é? – Vic perguntou do nada, me dando o maior susto.
- Hum?
- Essa música de agora, é a tradução em melodia da sua.... dessa moça?
- Acho... acho que sim. – respondi finalmente, depois de avaliar o que minha irmã tinha dito. – O que achou?
- Linda! – e sorriu para mim. – Espero muito que ela seja assim mesmo. Fico muito feliz em te ver assim. – disse e depois me deu um beijo na testa, deixando-me com meus pensamentos.
Quando olhei novamente no relógio já estava na hora de sair. Despedi-me dos meus pais e fui até sua casa. Bateu um nervosismo na hora de tocar a campainha, mas respirei fundo e coloquei esse sentimento de lado. Apertei o botão e logo ela abriu a porta. Foi a melhor sensação do mundo vê-la ali, depois desses dias todos. Estava com meus olhos fixos nos dela quando dei um passo em sua direção e então ela veio para um abraço, segurei-a em meus braços com todas as minhas forças.


Capítulo 06 – Sábado de Amor

’s POV

Eu ainda estava agarrada em seu pescoço quando finalmente consegui dizer alguma coisa:
- Oi. – eu disse sussurrando em seu ouvido.
- Oi. – ele respondeu, também com sua boca em meu ouvido.
Foi só depois disso que consegui me afastar e olhar novamente para seu rosto – como eu tinha sentido falta daqueles olhos! E daquela boca e dele inteiro! Ele me olhava do mesmo modo quase, como se estivesse lendo meus pensamentos e concordando com todos eles. Subi minha mão, que estava em seu ombro, para segurar seu rosto, sorri e fui me aproximando para um beijo de reencontro. Outra vez ele leu meus pensamentos – isso está meio Edward – e veio de encontro aos meus lábios, saudosos e sedentos. Não foi um super beijo, mas foi o suficiente para eu ficar totalmente consciente de sua presença e das sensações que aquele homem me provocava.
- Que saudade eu estava disso. – ele disse finalmente, depois do nosso beijo terminar.
- Nem me fale. – eu concordei sorrindo. Eu ia falar para ele não fazer mais isso, mas mudei de idéia no meio do caminho. – E aí, onde será meu cativeiro?
- Curiosa! – ele deu um toque na ponta do meu nariz. – Venha então, vamos saciar essa curiosidade! – eu só voltei para pegar minha mala e fechar a porta.
Ele levou a mala para o carro, fez questão de abrir a porta do passageiro para mim – tentando evitar outro momento constrangedor? – e finalmente o carro entrou em movimento.
- Não vai mesmo me dizer para onde estamos indo? – perguntei dois minutos depois.
- Não. – ele sorriu divertido. – Só vou dizer que vamos para o sul.
- Ok. Fazer o que então? – e ri. – Quer saber? Não importa. Desde que fiquemos juntos. – ele afagou minha bochecha, deu um sorriso torto maravilhoso e então colocou os óculos de sol. PARA TUDO! Eu ainda não o tinha visto de óculos escuros e quase enfartei. Mordi o lábio, dei um meio sorriso e virei para a paisagem urbana.
- O que foi? – ele perguntou curioso.
- Nada não. – e alarguei meu sorriso bobo. – E então, como foi o passeio pela América? – e passamos quase todo o caminho conversando sobre esses nossos dias afastados.
Eu também fiz charme, colocando meus óculos escuros e pude ver um sorriso de entendimento em seu rosto. Acho que finalmente ele entendeu meu quase surto de antes. Estávamos numa estrada tranqüila, de mão dupla, seguindo por uma região mais aberta. Nossa viagem não durou mais do que 50 minutos e então avistei a placa com o nome da cidadezinha: East Grinstead.
- Estamos quase chegando. – ele disse, ao reparar na minha expressão curiosa.
- Tudo bem. – eu disse animada.
Andamos mais alguns quilômetros e então eis que surge a placa de uma pousada e, como ele foi diminuindo a velocidade, eu finalmente soube que esse era nosso destino. A pousada era composta por cinco construções: quatro chalezinhos super simpáticos e uma construção um pouco maior, que logo descobri ser a parte social, com restaurante, uma pequena sala para reuniões, uma sala de TV com lareira e uma pequena biblioteca. Fizemos o check-in na recepção e fomos informados de que o almoço já estava servido. Deixamos que um dos funcionários levasse nossas malas para um dos chalés e nos encaminhamos para o restaurante. Havia apenas mais um casal almoçando lá, o que nos deu mais privacidade.
- Já estou adorando meu cativeiro. – eu disse quando o garçom se afastou para buscar nossas bebidas.
- Mesmo? – ele riu. – Isso porque você não viu a sala de tortura. – ele gargalhou.
- Ah, com certeza. – eu ri também. – Será terrível ser torturada por você. – ele puxou minha mão para beijá-la, e só a soltou quando nossas bebidas chegaram.
- Ao nosso fim de semana! – ele disse erguendo sua taça de vinho.
- Ao nosso fim de semana! – eu concordei e brindamos.
Nosso almoço foi muito agradável: a comida estava uma delícia, assim como o vinho. Saímos da mesa por volta das 14h e finalmente fomos conhecer nosso chalé. Era uma gracinha: em madeira pintada de branco pelo lado de fora, com os detalhes em um vinho escuro, quase marrom. Havia um pequeno terraço em frente á entrada principal, com grades de madeira entalhada, e jardineiras com flores de muitas cores. Ao entrarmos, tive outra surpresa com a delicadeza da decoração toda em tom de creme, móveis rústicos em madeira. No andar de baixo havia uma pequena sala, um lavabo e uma cozinha e no andar de cima era o quarto e o banheiro principal. Havia uma varanda na porta do quarto, que dava para a paisagem ao fundo da pousada: campos verdes, pinheiros e mais pinheiros, além de outras árvores que começavam a mudar de cor por causa da estação do ano. Podia-se ver um lago também, e um pequeno jardim. E no horizonte havia o céu, que estava de um azul maravilhoso.
- É perfeito. – eu disse simplesmente. – Parece saído de um conto de fadas.
- Princesas merecessem castelos de conto de fadas. – ele sussurrou me abraçando por trás, deixando que seu queixo repousasse em meu ombro.
Eu girei em seu abraço, colocando-me de frente para ele e olhei fundo naqueles olhos azul-esverdeados.
- Só preciso do meu príncipe. O resto são detalhes. – e então aproximei-me daqueles lábios macios para um beijo cheio de sentimento. Ele me apertou mais forte em seus braços e correspondeu imediatamente ao meu beijo, deixando bem claro que concordava comigo. Mas aí ele se afastou:
- Venha, quero te mostrar o jardim. – eu fiz uma expressão que continha uma mistura de frustração, desejo e confusão. Aí ele emendou. – A sessão tortura fica para mais tarde um pouco. – e riu, me dando um selinho e me arrastando escada abaixo.
Fomos então andando pelo gramado e chegamos ao jardim: possuía muitas espécies de flores, um laguinho no centro com uma pontezinha que passava por cima. Nem sei quanto tempo ficamos ali, passeando, conversando, namorando, brincando. Era maravilhoso ter aquele tempo com ele, poder desfrutar da sua presença, brincar de pega-pega.
- Preciso te falar uma coisa. – eu disse quando estávamos parados no meio da ponte.
- O que você quiser. – ele me abraçou e tirou uma mecha de cabelo que cruzava meu rosto. Eu olhei bem fundo daqueles olhos hipnotizantes.
- Eu estou completamente apaixonada por você. – ele deu o sorriso mais lindo do mundo e seus olhos também sorriram.
- E eu, por você. – ele disse. Meu coração disparou de tanta felicidade e então ele acariciou meus lábios com seu polegar, antes de me puxar para um beijo totalmente entregue à paixão. Nós nos abraçamos depois, e eu pude ouvir que seu coração martelava tão rápido quanto o meu.
Um vento gelado soprou por nós e eu me escondi mais em seus braços.
- Acho que está na hora de entrarmos. – ele disse rindo, enquanto esfregava meus braços na tentativa de me aquecer. Atrás de nós o sol se punha majestoso.

Rob’s POV

Nosso reencontro foi repleto de saudade e felicidade. Como eu senti falta daquela face luminosa, daqueles olhos profundos, daquela boca cativante, dela por inteiro! Eu sorri quando percebi que nossos pensamentos estavam sincronizados e que ela pensava exatamente a mesma coisa que eu: que era horrível ficarmos longe um do outro. Finalmente nos beijamos e aquele beijo não foi como os costumeiros beijos arrebatadores aos quais já estávamos nos acostumando, foi mais sutil, servindo mais para fazer com que ficássemos totalmente conscientes da presença um do outro.
Depois disso fui colocar a mala no carro, que não estava tão pesada, coisa que estranhei um pouco já que ela era uma mulher – já tive comprovação de que mulheres sempre levam o mundo dentro das malas de viagem – mas, afinal, com o que eu não me surpreendia com ela? Fiz questão de abrir a porta – uma por cavalheirismo, outra para tirar um sarro da cara dela com o episódio anterior (fazer o que se sou humano também?) – e coloquei o carro em movimento.
Ela ficou perguntando por um tempo se eu não ia dizer para onde iríamos e eu não cedi, não querendo estragar toda a diversão. Ela fez um biquinho, mas logo se conformou e passou a observar a paisagem. Conversamos sobre minha estadia na América e depois de um tempinho, ela mexeu na bolsa tirando seus ósculos de sol, limpando as lentes na flanela e acertando-o no rosto. Meu Deus do céu, como ela ficava ainda mais linda de óculos escuros! Nenhuma top model se compara a ela! Foi aí que entendi a atitude dela antes, quando EU coloquei os meus óculos. Dei um sorriso “ah, agora sim”. Ok, fui meio lerdo, mas não imaginei que ela ficaria toda animada com um simples óculos escuro. A estrada era tranqüila, pista simples, mas o tráfego era mínimo e a paisagem quase rural. Depois de mais ou menos 50 minutos passamos pela entrada da cidade e foram somente mais alguns quilômetros para chegarmos ao nosso destino: uma pousadinha charmosa no meio da Inglaterra. Eu já tinha vindo aqui outra vezes, não com namoradas – ops, ainda preciso pedi-la em namoro para oficializar nossa relação – e conhecia bem os encantos daquele lugar. Reencontrei um dos funcionários mais antigos, que me reconheceu e fez um discreto sinal confirmando que estava tudo certo para minha surpresa. Ela não percebeu nada disso. Parecia mais entretida com a arquitetura do local. Fizemos o check-in, fomos almoçar e finalmente matei sua curiosidade a levando até nosso chalé. Ela analisava tudo com olhos profissionais e emotivos ao mesmo tempo. Era lindo vê-la concentrada nas coisas, deliciando-se com cada descoberta, com cada surpresa escondida nos detalhes quase imperceptíveis aos outros. Depois de constatar que ela tinha mesmo gostado do nosso “ninho de amor” – ok, isso foi gay, mas enfim, estou apaixonado – nos entregamos a mais um beijo, ainda no chalé eu a convenci a conhecer o jardim. Eu ainda tinha planos a serem cumpridos antes de nos entregarmos à paixão que nos consumia.
Seguimos pelo gramado que ainda estava verde e chegamos ao jardim que estava um pouco mais bonito do que minha última lembrança: tinham plantado mais espécies de flores e acrescentado uma ponte de madeira e ferro sobre o laguinho dos peixes. O tempo passou rápido demais enquanto ficamos por lá. Conversamos mais – nunca faltava assunto para nós – resolvemos brincar de pega-pega, namoramos um pouco também. Era um momento perfeito. Estávamos parados sobre a ponte, olhando os peixes quando ela disse que estava apaixonada por mim e foi a melhor coisa que eu poderia ter ouvido naquele momento. Eu retribuía a declaração, vendo que ela também tinha ficado extremamente emocionada e fiz a única coisa que cabia ali: delicadamente acariciei seus lábios, que ainda estavam abertos em um sorriso, e então a puxei para um beijo cheio de paixão e alegria. Abracei-a com tanta força, querendo tê-la ali, comigo, para sempre. Ela encostou a cabeça em meu peito e tive certeza de que ela podia ouvir meu coração batendo acelerado e descompassado.
Um vento gelado soprou por nós e ela imediatamente se escondeu em meus braços. Esfreguei seus braços na tentativa de aquecê-la e, enquanto voltávamos para nosso chalé, percebi o sol se pondo no horizonte.
Eu a desviei quando ela quis entrar no prédio principal da pousada, pois sabia que lá dentro eles estavam arrumando o cenário que eu tinha planejado. Ela implicou um pouquinho, querendo saber o que eu estava aprontando, mas eu me mantive firme. Fui para o banho primeiro, pois queria ter tempo para me arrumar e deixar tudo certo no quarto para quando ela saísse do banho. Tudo certo, a água ainda caía do chuveiro, então fui para a varanda do quarto. A noite estava um pouco fria, mas não exageradamente – estávamos tendo sorte com o tempo naqueles dias. Finalmente o chuveiro foi desligado e escutei a porta se abrindo, mas não me mexi.
- Rob? – ela perguntou me procurando. Respirei fundo e surgi pela porta da varanda, ficando a alguns metros dela.
- Aqui, . – eu disse e pude ver sua expressão de surpresa.
- O q... o quê é isso? – ela gaguejou, o que me deixou lisonjeado, já que sua expressão era de admiração.
- Um terno? – foi o que eu disse sorrindo, não contendo meu divertimento pela sua expressão.
- Ah! – pausa. – Claro! Como se eu não soubesse disso. – outra pausa. – Deixe-me reformular a pergunta: para quê tudo isso? – ela era hilária, mesmo confusa. Dei outro sorriso largo, realmente me divertindo com aquilo.
- Ah, claro! – sorri. – Temos um jantar agora. Tomei a liberdade de lhe comprar isso. – eu disse apontando para o vestido pendurado em um cabide na porta do armário. – Espero que goste.
- Eu... eu... é lindo! – ela gaguejou outra vez. E aquilo soou para mim como um sim. Ufa!
- Que bom que gostou. – eu disse aproximando-me dela e roçando os lábios perto do seu ouvido. – Estarei te esperando lá na sala. – Seria uma espera muito ansiosa, pois queria ver o quão linda ela ficaria, mas sabia que ela precisava de um tempo para se recuperar e se arrumar.
- Ahã. – foi a única coisa que ela respondeu.
Desci as escadas e me sentei numa poltrona na sala. Eu podia ouvi-la se mexendo pelo quarto e toda a minha atenção estava concentrada naquele cômodo. Eu tinha que me manter firme ainda, pois a noite estava só começando e eu queria que as coisas saíssem perfeitas. Meu coração estava disparado, mas eu respirava para manter minha sanidade. Só de imaginar o que ela estaria fazendo, qual peça de roupa estaria vestindo, se estaria passando batom naqueles lábios macios e quentes, fazia com que meu corpo entrasse em outro nível de sensibilidade. Senti, então, uma fragrância amadeirada, mas doce e fresca inundando o ambiente e aquilo deixou meus sentidos mais conscientes ainda da presença daquela mulher maravilhosa a metros de mim. Ouvi um toque surdo no primeiro degrau da escada e em seguida já estava ao pé da mesma. A imagem que vi foi indescritível.
- Você está deslumbrante! – eu disse e foi o máximo que consegui expressar com palavras. Ela estava mais que isso, muito mais.
- Culpa sua. – ela respondeu brincalhona.
Estendi meu braço para que ela descesse o último degrau, fiz com que desse um giro para eu observá-la melhor e finalmente a conduzi até a porta. Um vento frio nos envolveu quando saímos do chalé e eu contornei sua cintura com o braço. Quando chegamos perto da entrada do restaurante eu tapei seus olhos.
- Ah, Rob! Qual é? – ela ria.
- Surpresa é surpresa, . – eu disse sussurrando ao seu ouvido. Imediatamente ela cedeu.
Conduzi-a gentilmente alguns passos, posicionando-a a meio caminho de nossa mesa e então liberei sua visão. Ela fez uma expressão de incredulidade com encantamento e admiração. Eu também passei os olhos pelo local e pude me certificar de que tudo saíra melhor do que a encomenda. Olhei novamente para ela, quando os músicos começaram a tocar, e sabia que meu olhar era de ansiedade e expectativa para saber se ela tinha gostado.
- Isso faz parte da sessão de tortura?
- Com certeza.
- Então já estou odiando. – ela sorriu acariciando a lateral do meu rosto. Outra onda de excitação percorreu meu corpo com esse toque e eu precisei me lembrar de como é que se respirava. Ela chegou mais perto do meu rosto, inclinando-se para falar ao meu ouvido. – Está mais do que perfeito. Obrigada.
- Você merece isso... e um pouco mais. – e então a convidei para dançar. Eu não era bom em dança isolada, mas em matéria de dança de casal, até que eu me saía bem.
Depois da dança seguimos para a mesa e demos inicio ao nosso jantar. Os músicos tocaram quase o tempo todo, apenas melodias suaves e românticas. Pelo brilho em seus olhos, eu sabia que ela estava feliz e isso era tudo o que importava para mim: que ela estivesse feliz. Não falamos muito durante o jantar, não era necessário, bastava olharmos nos olhos um do outro para sabermos exatamente como nos sentíamos. Logo terminamos o jantar e novamente a tirei para dançar. Nada de movimentos complexos de dançarinos profissionais, nos concentramos no básico “dois pra lá, dois pra cá”, e eu sabia que era mais que suficiente. Lembrei-me de uma das últimas cenas do filme que eu tinha acabado de gravar e decidi repeti-la. A Kris que não me ouça, mas foi mil vezes melhor com minha doce e bela . Quando terminei aquele movimento ela se aproximou e me beijou, primeiro delicadamente, mas depois o beijo ganhou mais urgência, quando ela passou sua língua sobre meus lábios, desenhando-os, e um tremor de desejo percorreu meu corpo todo. Sabíamos que estava na hora de ficarmos realmente sozinhos.

’s POV

Enquanto eu deixava a água cair em meu corpo, fiquei pensando no que Rob estaria aprontando: primeiro, fez com que desviássemos do prédio central quando voltamos ao chalé e depois fez questão absoluta de tomar banho primeiro olhando-me com um brilho muito sapeca nos olhos. Terminei meu banho, vesti o roupão e a curiosidade ainda estava incrustada em minha pele. Só quando chamei por ele e ele apareceu incrivelmente lindo e ele disse que tínhamos um jantar é que comecei a entender – ou pelo menos achei que tinha entendido – alguma coisa. Ele havia me comprado um lindo vestido preto juntamente com um par de sandálias e me deixou à vontade para eu me trocar, sem deixar de me provocar antes, era claro, dizendo que me esperaria na sala. Não foi a frase e sim o modo como a pronunciou que me deixou completamente zonza. Era incrível como aquele seu tom de voz me fazia perder todo o controle sobre meu corpo.
Ele desceu as escadas e eu consegui recobrar um pouco da minha consciência. Olhei mais uma vez para o vestido – era lindo – e corri então para minha mala – ah, que sorte ter trazido aquele conjunto novo de lingerie e minhas maquiagens e alguns brincos – e fui colocando tudo na cama. Vesti a lingerie e uma onda de empolgação percorreu meu corpo quando o imaginei tirando aquela peça, respirei fundo e voltei a me arrumar. As sandálias serviram perfeitamente, assim como o vestido. Prendi o cabelo com um coque displicente, mas charmoso, optei por brincos compridos em prata e logo a maquiagem estava pronta também. Entrei numa nuvem de perfume e então encarei o espelho: eu tinha que confessar que estava linda. O vestido era um longuete com a saia levemente rodada, possuía um decote V leve na frente e na parte de trás o decote era bem profundo. As alças finas cruzavam em X na parte mais alta das costas, deixando muita pele à mostra. Peguei um casaco e comecei a descer os degraus. Logo ele apareceu para me apreciar. Fez um elogio que me deixou encabulada, mas ao mesmo tempo me sentindo a mulher mais poderosa do mundo e finalmente ele estendeu o braço para me conduzir até a porta, mas antes me fez girar, para me ver completamente, e depois envolveu minha cintura enquanto íamos para o restaurante.
Obviamente ele não me deixou entrar diretamente no restaurante, querendo fazer mais uma surpresa e conseguiu, pois quando finalmente abri os olhos me deparei com o amplo salão que estava completamente mudado. Todas as mesas foram retiradas, existindo apenas uma, com duas cadeiras e na extremidade oposta à mesa estavam três homens – um com um violino, outro com um violoncelo e o terceiro sentado a um piano – que começaram a tocar uma sutil melodia. Depois que eu dei meu aval, ele sorriu largamente e me tirou para dançar: Moonlight Serenade.
Eu devia estar sonhando, só podia ser sonho. Um jantar romântico, numa pousada super charmosa, sem celulares ou amigos para atrapalhar: apenas nós dois. Só sei que se fosse sonho, não queria acordar nunca mais. Não falamos muito durante o jantar, não era necessário, bastava olharmos nos olhos um do outro para sabermos exatamente como nos sentíamos. Terminamos o jantar e ele novamente me tirou para dançar; era somente “dois pra lá, dois pra cá”. Suavemente ele inclinou meu corpo para trás e desceu sua boca até meu pescoço; e um arrepio que não tinha nada a ver com frio percorreu cada centímetro do meu corpo. Voltei a ficar ereta, e o beijei; primeiro sutilmente e então passei a delinear seus lábios com minha língua. Pude sentir um tremor por seu corpo e ele me olhou intensamente. Sabíamos que estava na hora de ficarmos realmente sozinhos.
Quando chegamos na porta do restaurante percebemos que havia começado a chuviscar. Em qualquer outra situação eu soltaria um “que ótimo” totalmente irônico e talvez até fechasse a cara, mas naquele momento, nem que um furacão passasse por nós eu me abalaria. Rob tirou o paletó e fez menção de jogá-lo em meus ombros, para me proteger – fofo – mas eu olhei com um ar maroto e saí correndo na chuva, deixando que as gotas de água entrassem em contato com minha pele.
- Mas o quê...? – ele soltou, mas eu já estava um pouco longe para ouvir o final da frase.
Eu o ouvi entrar debaixo da chuva também e vir ao meu encalço, e não contive uma risada gostosa quando lembrei que a chave do chalé estava com ele. Quando ele me alcançou, eu diminuí o ritmo e ele me passou, parando na varanda do chalé com um olhar incrédulo:
- O que diabos você está fazendo?
- Tomando banho de chuva. – eu simplesmente respondi, chegando lentamente na varanda.
- Venha logo, sua maluquinha! – e ele ria da minha idéia. – Vai pegar uma pneumonia desse jeito. – e a porta já estava aberta.
Eu não respondi, apenas me joguei contra seu corpo molhando-o e fazendo-o se arrepiar com a temperatura do meu corpo. Beijei-o intensamente, molhando seu rosto e depois, quando separei nossos lábios, suguei uma gota de água que escorria pelo seu pescoço. Ele suspirou. Fui me dirigindo para dentro do chalé:
- Diz agora que essa idéia não foi boa.... – e deixei meu casaco cair no chão, enquanto começava a subir os degraus da escada.
No segundo seguinte ouvi a porta se fechar com força e ele me puxou de volta para seus braços.
- Hei! O torturador aqui sou eu. – e avançou para minha boca num beijo de tirar o fôlego.
Eu confesso que nem vi como aconteceu, mas quando me dei conta, ele me tinha em seu colo e me carregava escada acima. Eu aproveitei e fui tirando as sandálias, deixando-as pelo meio do caminho. Ele me sentou na cama e afastou-se um segundo para olhar para mim. Seu olhar estava carregado de desejo e outra coisa, havia ali outro sentimento, mais terno, mais emocional do que a necessidade física que tínhamos um do outro. Mas eu ainda não sabia exatamente o que era.
Eu passei meus olhos por todo o seu rosto, pelos cabelos levemente molhados e bagunçados, pelos olhos novamente, pela linha da mandíbula e queixo e finalmente parei em sua boca, que estava entreaberta num meio sorriso. Ela me chamava e eu não resisti, ataquei-o novamente, com desejo, com urgência, com sede; e ele retribuiu na mesma intensidade, jogando uma das mãos em minha cintura e a outra em minha nuca, puxando-me para mais junto ainda de seu corpo. Nossas línguas se encontravam e se perdiam, nossos lábios se completavam e eu finalizei aquele beijo com uma mordida leve em seu lábio inferior.
- ... – ele ofegou e eu estremeci ao ouvir meu nome naquele sussurro.
Afastei-me um pouco e comecei a desfazer o nó da gravata. Com um movimento rápido tirei aquela peça. Ele mordeu o lábio num meio sorriso. Fui abrindo botão por botão da sua camisa, mas não a tirei naquela hora. O vislumbre daquele tórax fez minha pele inteira se arrepiar. Ele avançou para meu pescoço, lambendo e beijando cada centímetro de pele ali, provocando sensações realmente boas. Ele então soltou meu cabelo, e o gelado dos fios encostando em minha pele quente produziu outra onda de excitação. Ele voltou seus lábios para meu pescoço, e foi dando beijos até minha nuca, fazendo o caminho de volta com a ponta da sua língua quente e úmida. Eu engoli em seco.
Ele se afastou um pouco, olhando mais uma vez para mim, então abaixou uma das mãos e rapidamente se livrou dos sapatos e das meias. Nossas respirações estavam ofegantes e então eu deslizei a camisa por seus braços, deixando à mostra todo o seu tronco. Deus, como ele era “lindo, tesão, bonito e gostosão”! Suspirei só de olhar para ele. Ele voltou para minha boca, em outro beijo urgente e quando eu percebi, ele tinha me jogado no meio da cama e passado uma das minhas pernas por seu quadril. Suas mãos estavam apoiadas ao lado do meu corpo e pude ver aqueles músculos funcionando enquanto ele abaixava o corpo pressionando o meu sob seu peso.
Nessa hora pude sentir todo o desejo que ele tinha por mim, pois o volume entre suas pernas era enorme. Abri meus lábios em um riso de prazer com aquilo. Joguei meus braços em suas costas e fui passeando a ponta dos meus dedos por toda aquela superfície, vez ou outra passando as unhas, de leve, só para sentir sua pele se arrepiar. Ele estava novamente em meu pescoço, deslizando aqueles lábios firmes por toda sua extensão; então decidiu explorar meu colo e minha clavícula e foi dando leves beijos até chegar a meu ombro, voltando e fazendo o mesmo caminho até o outro lado. Eu aproveitei um desses momentos de concentração e virei nossos corpos, sentando em seu quadril e ficando por cima de seu corpo. Minha visão inebriou-se com aquela paisagem e minha boca implorava por aquele tronco nu. Entrelacei nossas mãos e, conforme ia me abaixando, fui prendendo suas mãos nas laterais de seu corpo.
Beijei sua boca novamente e desci para o pescoço, fiquei um tempo ali e depois passei a seu tórax, e fui descendo mais um pouco, pelo seu abdômen definido até encontrar a fivela do cinto. Sem desgrudar o queixo de sua pele, olhei para ele e pude ver um olhar de aprovação pelo que faria a seguir. Ergui meu corpo, soltei suas mãos e passei a soltar o cinto e desabotoar a calça. Levantei um pouco meu quadril quando ele também levantou o dele para que a calça descesse e logo depois a mesma escorregou por suas penas, revelando aquelas coxas firmes e musculosas. Definitivamente suas roupas escondiam a perfeição daquele corpo. De repente, num movimento que nem vi direito, ele tinha me colocado de volta no colchão e agora era ele quem estava sentado sobre mim.
Ele se inclinou para me beijar, com muito desejo e urgência, mas de modo suave. E, imitando meus movimentos, desceu pelo meu pescoço e mais um pouco, até chegar no decote do vestido – pois é, eu ainda estava vestida – e concentrou-se ali um pouco. Passando de um lado a outro, contornando toda a região onde o tecido encontrava com minha pele com a língua. Minha respiração ficou mais ofegante e ele riu deliciado com isso. Suas mãos então desceram pelas minhas pernas e lentamente ele foi subindo o vestido. OMG! O toque de seus dedos com a pele da minha coxa me fez soltar um gemido baixo e prazeroso. Ele deu um jeito de passar o vestido pelo meu quadril e subiu mais um pouco, deixando minha calcinha à mostra. Seu quadril pressionava o meu e a presença “dele” ali fez outra grande onda de energia percorrer meu corpo.
Foi aí que ele passou uma das mãos pela minha cintura e me levantou, colocando-me sentada. Eu enredei meus braços em seu pescoço e nossos lábios em um longo beijo quente e excitante. Ele voltou a subir as mãos pela lateral do meu corpo, levando o vestido consigo e logo depois meu tronco também estava nu, colado ao seu. Suas mãos passeavam agora livremente pela pele das minhas costas, provocando arrepios por todo o corpo.
- Rob... – eu sussurrei baixinho em seu ouvido e depois mordisquei sua orelha.
- Ah, ... – ele respondeu ofegante e me deitou novamente no colchão.
Levantou seu tronco novamente para me olhar e deliciou-se com as curvas dos meus seios. Tocou-os delicadamente, fazendo o contorno com a ponta dos dedos e depois com seus lábios e língua. Oh, Deus! Desceu então até meu umbigo e ficou brincando ali por uns instantes e então escorregou seu corpo mais para baixo, para poder deslizar as mãos pela minha calcinha e tirá-la delicadamente. Seus lábios começaram perto do meu joelho e foram subindo vagarosamente pela parte interna da minha coxa. Nessas alturas minha respiração já estava muito alta e entrecortada com todas as sensações que eu sentia ao mesmo tempo. Ele chegou “lá”, beijou minha virilha e eu soltei outro gemido, não tão baixo, enquanto ele voltou a subir pela minha barriga. Não sei quando ele se livrou da sua boxer e colocou a camisinha, mas logo senti seu “amigo” completamente livre, fazendo pressão em minhas coxas.
- Eu preciso de você. – eu disse finalmente, sussurrando muito baixo e apertando seu corpo contra o meu.
- ... – foi o que ele conseguiu dizer antes de me possuir.
Os movimentos foram lentos no começo, mas logo ficaram mais fortes e ritmados. Eu o sentia inteiramente em mim, pulsando de prazer. Eu já não controlava mais meus gemidos e ele também não se preocupou em não demonstrar o quanto estava gostando daquilo. Meu corpo tremia de prazer, de desejo, de necessidade. Eu cravei minhas unhas em suas costas e ele jogou a cabeça para trás quando explodimos num frenesi de sensações e emoções e sentimentos.
Ele ainda estava em mim, nossos corpos encharcados de suor; ele me beijou mais uma vez e então colocou sua boca em meu ouvido:
- Eu amo você.
Olhei em seus olhos e vi toda a verdade naquelas palavras e entendi que esse era o sentimento que eu tinha visto antes: amor.
- Eu amo você. – eu repeti, com toda a verdade e toda a felicidade que eu sentia naquela hora. Ele me beijou outra vez e então se largou ao meu lado por dois minutos, para recuperar o fôlego perdido momentos antes. Depois ele me puxou para junto de seu corpo, e ficamos ali, deitados em conchinha, apenas assimilando tudo o que tinha acontecido.

Rob’s POV

Ok, a sorte com o tempo tinha nos abandonado um momento. Eu tirei meu paletó para colocar em seus ombros, mas ela me deu um olhar arteiro e disparou pela noite chuvosa. Disparei atrás dela perguntando o que ela estava fazendo e logo me abrigando na varanda do nosso chalé, mas ela fez doce e ficou lá, brincando na chuva. Tudo bem que logo em seguida ela se jogou contra meu corpo, me molhando enquanto me beijava intensamente. Ela é maluca, só pode! Ah, mas que maluquice deliciosa! Do mesmo jeito que começou aquele beijo, ela o terminou, olhando-me e então percebeu que uma gota de água escorria pelo meu pescoço. Não teve dúvidas e sugou-a com os lábios e a língua quente. Soltei um suspiro de prazer. Ela se afastou de mim e dirigiu-se para dentro do chalé começando a se despir. Minha razão já não comandava mais nada e, assim que fechei a porta avancei para sua boca num beijo de tirar o fôlego.
Como ela estava na escada, aproveitei e já enlacei suas pernas, pegando-a em meus braços e comecei a subir os degraus. Ela me olhava sorrindo e tirou as sandálias, largando-as em qualquer parte do chão. Coloquei-a sentada na cama e me afastei um pouco para olhá-la: molhada, quente, arrepiada, ardendo de desejo. Ah, como eu a desejava, como queria possuir aquele corpo, passar meus lábios por cada centímetro de pele. E como eu a amava, oh céus, como eu a amava!
Ela me fitava também, observando meus traços, meus cabelos, minha boca. Quando ela parou por mais de um momento em minha boca eu sabia o que se passava em sua mente, e era o mesmo que se passava na minha. Ela me atacou – no melhor sentido – novamente, com desejo, urgência, sede; e eu retribuí com a mesma intensidade, sedento por seus lábios, pela sua pele quente e macia, pelo seu hálito de fruta. Passei uma das mãos em sua cintura e a outra foi parar na sua nuca, puxando-a para mim, para junto do meu corpo que ansiava pelo dela. Nossas línguas se encontraram quase com fúria, brincado de esconde-esconde, pedindo uma pela outra. Ela terminou aquele beijo com uma mordida leve em meu lábio inferior.
- ... – sussurrei ofegante. Eu não estava em condições de falar nada, mas queria que ela soubesse que ela era a responsável por todo o prazer que eu estava tendo ali. Ela estremeceu ao ouvir meu sussurro.
Ela então se afastou um pouco e começou a desfazer o nó da minha gravata com grande habilidade e em meio segundo a peça já estava fora do caminho. Mordi meu lábio num meio sorriso de excitação. Ela passou então aos botões – ela gostava de botões – e foi rapidamente abrindo-os, um por um, até que minha camisa estivesse toda aberta. Mas ao contrário do que imaginei, ela não a tirou naquela hora. Olhou por entre a fenda da camisa aberta e vi seu corpo se arrepiar. Foi então minha vez de atacá-la e fui para seu pescoço esguio e molhado; concentrei-me ali, beijando-a e lambendo cada pedacinho da sua pele. Seu corpo estremeceu levemente com o toque da minha boca, me deixando mais excitado ainda. Queria que ela sentisse tanto prazer quanto eu estava sentindo. Lembrei-me então de que seu cabelo ainda estava preso naquele coque provocante e soltei a presilha, fazendo com que caísse sobre seus ombros e imaginei que o gelado dos fios em sua pele quente provocaria mais prazer. Acertei, pois ela sorriu. Voltei a concentrar minha atenção ao seu pescoço – devo ter herdado isso do Edward – e fui caminhando em direção a sua nuca, com beijos suaves. Voltei o caminho deslizando minha língua e ela engoliu em seco.
Afastei-me um pouco, olhei para ela, livrei-me dos sapatos e das meias e senti nossas respirações ofegarem mais um pouco. Ela entendeu onde eu queria chegar, pois logo deslizou suas mãos pela minha camisa, descendo-a pelos meus braços e deixando meu tronco despido. Observou-o por um momento, com olhos de cobiça, de desejo e suspirou. Aquilo foi o suficiente para eu voar até seus lábios em outro beijo quase desesperado e, enquanto isso eu desci uma das minhas mãos pela sua perna, procurando a metade da coxa e quando encontrei, ergui sua perna ao mesmo tempo em que sua cintura e a joguei no centro da cama, mantendo sua perna presa ao meu quadril. Apoiei minhas mãos no colchão, ao lado do seu corpo e fui aproximando-me lentamente até pressionar meu corpo contra o seu.
O meu “amigo” já estava todo animado e implorava pelo corpo daquela mulher, mas ali, com ela em meus braços e sabendo que nada no mundo nos interromperia, eu decidi levar todo o tempo que fosse necessário. Quando pressionei mais meu corpo contra o seu, eu soube que ela tinha me percebido e vi um sorriso inundar sua face ao constatar o tamanho do meu desejo. “Ele” pulsou de prazer. O que ela não fazia com apenas um sorriso! Foi então que ela jogou seus braços em minhas costas, deslizando aqueles dedos finos e compridos por toda a extensão da região, arranhando-me de vez em quando – oh, céus, ela está me deixando louco – fazendo minha pele se arrepiar por onde seus dedos passavam. Não agüentei e voltei a seu pescoço, e depois desci para seu colo, beijando cada milímetro de pele, sentindo seu arfar e me encaminhando pela clavícula, chegando até seu ombro e depois voltando, para fazer o mesmo trajeto até o outro lado. Nessa hora de concentração, ela fez força com seu corpo, girando sobre mim e me colocando por baixo de suas pernas. Seu quadril estava sobre o meu e sua - ahn, e “ela” – pressionava o meu “amigo”. Eu estava no paraíso! Olhei para a mulher sentada sobre mim, seus olhos maliciosos, ardentes, sua boca obscena. Ela era linda demais! Decidiu então entrelaçar nossas mãos e, conforme ia inclinando seu tronco, ia descendo nossas mãos, até que as minhas estavam presas contra o colchão.
Ela beijou minha boca novamente, com ânsia, mas depois se deixou deslizar pelo meu pescoço, dedicando um pouco de atenção ali, passeando os lábios e roçando a ponta da língua. Seu quadril se movimentava minimamente, mas era o suficiente para torturar ainda mais meu “amigo”. Depois de um tempo ela desceu sua boca ávida pelo meu tórax, provocando arrepios de tesão enquanto seus lábios delineavam meus músculos. Ela passou então para meu abdômen, beijando cada espaço da minha pele e me deixando mais maluco ainda. Minha respiração estava alta e ela sabia o que estava me provocando. Desceu mais um pouco e então encontrou meu cinto e o cós da calça. Sem desgrudar o queixo de minha pele, ela me olhou – respira! Respira! Respira! – e então ergueu o corpo, desenlaçou nossas mãos e foi diretamente para a fivela do cinto, livrando-se dele rapidamente; e depois passou aos botões da calça – ela realmente gosta de abrir botões – descendo o zíper com muita facilidade. O sutil contato de seus dedos com o meu “volume” fez com que uma onda de adrenalina percorresse todo o meu corpo. Ela então ergueu um pouco o quadril, convidando-me a fazer o mesmo e em poucos segundos minha calça tinha ido para o chão também e fiquei apenas com minha boxer, enquanto ela ainda estava completamente vestida. Eu tinha que empatar aquela situação, então nos girei e fiz com que ela ficasse novamente por baixo do meu corpo, apoiando meu quadril sobre o dela.
Inclinei-me para beijá-la, com muito desejo e urgência, mas sem tanta força para não machucá-la. Passei da boca para o pescoço e desse para o colo e, então, mais para baixo um pouco, até encontrar o decote do vestido. Rocei meus lábios pela extensão do tecido e podia sentir o contorno daqueles seios macios e quentes, que me chamavam. Sua respiração ficou mais rápida e entrecortada e sorri deleitando-me com aquilo. Ela era sensacional, muito melhor do que eu poderia imaginar. Estava na hora já de tirar aquele vestido, então desci minha mão pela sua perna – e que pernas ela tinha – lentamente, atento a sua reação e comecei a subir o vestido. Ela soltou um gemido baixo e prazeroso, o que me fez perder o foco por dois segundos. Depois eu nos ergui ao mesmo tempo para passar o vestido por entre nossos corpos e finalmente sua lingerie foi revelada. Agora eram apenas duas peças de roupa – finas, diga-se de passagem – que separavam nossos corpos desejosos. Propositadamente pressionei um pouco mais meu quadril contra o seu, provocando outra onda de excitação pelos nossos corpos. Ela mordeu o lábio e fechou os olhos momentaneamente.
Passei uma das mãos pela sua cintura e a puxei para que ficasse sentada e mais perto de mim. Ela enredou seus braços em meu pescoço, enquanto sua boca moldava-se à minha num beijo muito excitante. Eu comecei a subir minhas mãos pela lateral do seu corpo, levando junto o vestido e então, finalmente, aquela peça também foi para o chão. Nossos corpos estavam colados, e eu podia sentir sua pele conta a minha, quente e macia. Aproveitei a ausência de tecido e deslizei minhas mãos livremente pelas suas costas e fui sentindo as ondas de arrepios que isso provocava nela.
- Rob... – ela sussurrou baixinho em meu ouvido e depois mordiscou minha orelha.
- Ah, ... – eu soltei numa lufada ofegante e quase, mas quase mesmo, perdi o controle total.
Deitei-a de volta no colchão, com nossos corpos ainda grudados e só então ergui meu tronco, para poder observá-la. Não tenho palavras para descrever o quanto ela era linda. Minhas mãos seguiram involuntariamente para seus seios, tocando-os sutilmente e pude sentir como estavam firmes de desejo. Contornei-os com a ponta dos dedos e depois abaixei meus lábios, para acariciá-los com a boca e com a língua. Ela soltou outro gemido leve com isso. Depois de ficar um pouco ali, fazendo carinho, desci pelo centro até chegar ao umbigo e dediquei mais alguns instantes ali. Suas mãos em meus cabelos indicavam que ela estava muito, muito excitada. Resolvi que já estava na hora de descer mais um pouco, então afastei meu corpo e fui descendo minha mão e arrastando comigo sua última peça de roupa. Minha boca estava perto de seu joelho, então resolvi subir por aquele caminho, pela parte interna da coxa, bem lentamente. Sua respiração estava bastante ruidosa, denunciando toda sua excitação e então cheguei até “ela” com muita delicadeza. Dei um beijo em sua virilha e ela não segurou outro gemido, dessa vez não tão baixo, o que me animou ainda mais. Nessa hora eu me livrei da minha boxer e rapidamente cacei minha carteira na mesinha de cabeceira, colocando a camisinha, porque sabia que aquela era a nossa hora, nosso momento. Voltei para meu percurso, subindo minha boca pela sua barriga e pelos seus seios. Finalmente cheguei a sua boca novamente, coloquei-me inteiro sobre seu corpo e pressionei meu quadril sobre o dela, tomando ciência da posição em que nossos corpos estavam.
- Eu preciso de você. – ela disse muito baixo – mas o suficiente para que eu a ouvisse – e me apertou forte contra seu corpo.
- ... – eu soltei antes de possuí-la. Oh, céus!
Os movimentos foram lentos no começo, mas logo ficaram mais fortes e ritmados. Eu pressionava todo o meu corpo contra o dela naquele movimento sincronizado, sentido as reações do corpo dela e do meu próprio – inundado de prazer, desejo, necessidade, tesão. Ela cravou suas unhas em minhas costas praticamente no mesmo momento em que meu corpo teve a última contração forte e explodimos praticamente juntos naquele orgasmo maravilhoso.
Eu a tinha para mim, completamente minha. Nossos corpos estavam encharcados de suor e eu ainda não conseguia me desligar dela, ainda precisava senti-la em mim. Beijei-a uma vez mais e então disse, deixando minha boca em seu ouvido, com todo o sentimento que eu tinha por ela:
- Eu amo você.
Ela me olhou nos olhos e viu toda a verdade naquelas palavras. E foi o que eu vi em seu olhar também.
- Eu amo você. – ela repetiu pausadamente, olhando em minha alma.
Eu a beijei outra vez e então me larguei ao seu lado por dois minutos, só para recuperar o fôlego. Rapidamente me desfiz do preservativo e quando já estava mais controlado eu a puxei para junto de mim, em posição de conchinha, apenas para contemplarmos tudo o que tinha acontecido.



Capítulo 07 – Madrugada Tórrida

’s POV

Não sei ao certo quanto tempo ficamos ali, abraçados, apenas nos curtindo.
- Essa foi a pior sessão de tortura que já tive em toda minha vida! – eu disse aconchegando-me mais em seus braços.
- Mesmo? – ele perguntou rindo. – Então acho que fiz um bom trabalho.
- Convencido! – eu ri, virando-me para dar um beijo em seus lábios.
- Mas você não fica longe não, viu?
- Ah não? Quer dizer que sou uma boa torturadora também? – e minha voz estava divertida.
- Ah, com certeza! Sofri muito também. – e ambos caímos na gargalhada.
Ajeitei-me na cama, ficando de barriga para cima, para poder olhar melhor para ele. Ele também se ajeitou, apoiando-se em um dos cotovelos, enquanto a mão livre afagava meu rosto. Eu não disse nada, apenas queria olhar para ele, memorizar sua feição, inebriar-me com a sua presença. Ele me olhava ternamente também, e fiquei imaginando se ele também estaria fazendo isso ao contornar meu rosto, meus olhos, meu nariz, minha boca.
- Você é tão linda! – ele disse com uma voz doce.
- Se continuar a repetir, é capaz que eu acredite. – eu sorri.
- Boba! – ele me deu um beijo na testa. Eu acariciei seu rosto e depois me levantei da cama. – Hei! Onde pensa que vai?
- Como diria a Bella... – eu sorri. – ...preciso de um momento humano. – e gargalhei.
Entrei no banheiro e me olhei no espelho por um momento: o reflexo da felicidade. Eu estava tão feliz, como há muito não ficava. E o culpado era aquele ser lindo e maravilhoso deitado naquela cama. Como aquilo tinha sido maravilhoso! Nem nos meus melhores sonhos esse nosso momento tinha sido tão bom. E olha que eu tenho uma imaginação muito fértil! Voltei depois de uns dez minutos e ele estava deitado na cama de barriga para cima, com os braços cruzados atrás da cabeça, parcialmente coberto pelo lençol branco. Os olhos estavam fechados e ele parecia dormir tranquilamente. Ainda fiquei de pé um momento, admirando toda aquela beleza, todo aquele homem à minha frente. Uma descarga de hormônios percorreu meu corpo e um arrepio desceu pela minha coluna; involuntariamente eu mordi meu lábio inferior. Subi devagar na cama e fui me aproximando dele; pousei minha cabeça em seu tórax e comecei a desenhar seu abdômen com a ponta dos dedos, bem de leve. Sua respiração mudou de freqüência e eu soube que ele estava acordado, mas não parei meu movimento, descendo e subindo meus dedos pela região.
- Eu não continuaria se fosse você. – ele disse com um tom brincalhão e malicioso ao mesmo tempo. Levantei meus olhos até ele e sorri seduzindo-o. – A menos que queria ficar mais algumas horas acordada. – e eu já podia ver o desejo em seus olhos outra vez.
- E quem disse que estou com sono? – eu ri umedecendo meus lábios e subindo meu corpo para poder beijar sua boca uma vez mais.

Rob’s POV

Eu estava adorando tê-la ali em meus braços; poder sentir o calor da sua pele, o cheiro de seus cabelos, os movimentos da sua respiração. Ficamos um bom tempo assim, apenas sentido a presença um do outro. Foi então que ela deu uma risada baixa e começamos a conversar sobre nossas “habilidades de tortura”. Como se todo aquele prazer que sentimos momentos antes fosse algo muito ruim. Eu adorava seu senso de humor e presença de espírito, além de outras coisas, obviamente.
Ela se mexeu na cama, saindo da posição de conchinha para se deitar de costas e virou seu rosto em minha direção. Eu me acomodei também, deitando de lado e apoiando um dos cotovelos na cama. Passei minha mão livre sobre seu rosto, fazendo um carinho e ela sorriu com isso. Não dissemos nada por um tempo, apenas nos olhamos enquanto deslizava meus dedos pela sua face, contornando os olhos, o nariz, a boca – ah, aquela boca! Como ela era linda! E eu disse isso a ela, que fez piada mais uma vez, acho que mais por charme do que por qualquer outra coisa.
Ela entrou no banheiro depois de uma frase que fazia alusão ao primeiro livro da saga – e consequentemente ao filme que eu acabara de gravar – e eu repassei aquelas últimas horas: tinha sido muito, mas muito melhor do que eu poderia um dia ter imaginado. Ela era perfeita e nós dois juntos fazíamos uma combinação perfeita. Deitei de costas, passando as mãos atrás da cabeça e fechei os olhos para desfrutar das imagens de seu rosto enquanto ela não voltava. Como podia isso? Nos conhecíamos a tão pouco tempo e eu já sabia que ela era a razão da minha existência. Senti uma pressão no colchão e sabia que ela tinha voltado, mas ainda fiquei com os olhos fechados, tentando adivinhar seu próximo movimento. Ela deitou sua cabeça em meu peito e com uma das mãos começou a desenhar os contornos do meu abdômen muito sutilmente. Uma descarga de adrenalina invadiu meu corpo numa rajada só e senti minha respiração se acelerar, assim como meu coração. Ela ainda desceu e subiu os dedos algumas vezes.
- Eu não continuaria se fosse você. – eu disse com um tom brincalhão, mas a malícia e o desejo invadiram as palavras. Ela levantou os olhos até mim e vi que ali também havia desejo. – A menos que queria ficar mais algumas horas acordada. – e dei aquele sorriso que ela tanto gostava.
- E quem disse que estou com sono? – ela riu, umedecendo os lábios e subindo para minha boca que já estava sedenta pela dela.
Ainda não era hora de descansar. Não depois das várias tentativas frustradas das outras noites. Nos entregamos àquele beijo luxuriante e delicioso. Ela não estava com pressa nenhuma naquela hora, e nem eu, devo admitir. Sua língua quente contornou o desenho dos meus lábios e depois ela voltou para um beijo lento e profundo, extremamente sexy. Minhas mãos já estavam em sua nuca e costas e ela terminou aquele movimento sugando meu lábio inferior e o prendendo entre seus dentes por alguns instantes. Puta merda, cada vez aquilo ficava melhor! Não segurei um gemido.
Ela encarava meus olhos com muita intensidade e eu via o ardor da paixão nos seus, era uma visão mágica e totalmente afrodisíaca. Eu subi um pouco minha cabeça, para lhe beijar o queixo e fui depositando vários beijinhos na extensão do seu pescoço enquanto ela jogava levemente a cabeça para trás e mordiscava o próprio lábio. Eu nos coloquei sentados, frente a frente e brinquei com seus cabelos enquanto ela fazia o mesmo com os meus e depositava selinhos em todo o meu rosto.
Eu segurei novamente em sua nuca e trouxe seus lábios de volta ao meus, iniciando mais um beijo de tirar o fôlego. Eu queria sentir o gosto adocicado da sua língua misturado ao meu próprio gosto e investi num beijo lento também enquanto ela enroscava os braços em meu pescoço, me puxando para junto de si. Eu a apertei com força contra meu tronco, sentido seus seios encostarem-se a meu peito e sua respiração começar a ficar ofegante. Lentamente fui descendo nossos corpos até que fiquei sobre ela e desviei meus lábios para sua mandíbula e fui escorregando ali até encontrar sua orelha. Eu suguei seu lóbulo, dei selinhos em toda a região e finalizei o carinho ali com nossa tradicional mordidinha, o que a fez soltar outro gemido gostoso.
Deixei que uma das minhas mãos descesse pelo seu corpo, acariciando cada centímetro da lateral do seu corpo, e desci mais um pouco, pela parte externa do quadril e coxa. Ela tremeu com isso e riu em meus lábios aprovando o carinho. Suas mãos dançavam em minhas costas me provocando ondas de eletricidade e me estimulando a continuar as carícias. Eu cobri toda a extensão do seu pescoço, lentamente, dançando minha língua e roçando meus lábios por ali. Voltei para seus lábios em um beijo profundo no mesmo momento em que passei minha mão para a parte interna da sua coxa, muito perto da virilha e fiz pressão ali. Ela imediatamente ofegou e prensou seu corpo contra o meu com mais desejo ainda.
Gentilmente cheguei minha mão até “ela” e ofegou novamente, mordendo meu lábio inferior e sorrindo em seguida. Afastei nossos rostos para poder olhar em seus olhos e vê-los ardentes de paixão. Iniciei movimentos lentos e precisos e ela avançou novamente para minha boca, com muita urgência. Aumentei um pouquinho o ritmo em seu clitóris e em seguida introduzi um dedo nela.
- Rob... – ela gemeu em meu ouvido arqueando levemente o corpo.
Sua reação provocou uma descarga de adrenalina em meu organismo e eu senti um imenso prazer ao vê-la sentir prazer. Foi minha vez de atacar sua boca deliciosa e eu fui aprofundando o beijo conforme movimentava meus dedos dentro dela. Eu a senti tremer sob meu corpo e sabia que logo ela chegaria ao êxtase. E era justamente essa minha intenção: proporcionar a ela todo o prazer do mundo. Acelerei meus movimentos enquanto abandonei momentaneamente seus lábios e passei aos seios, beijando-os, lambendo-os e chupando-os e então senti a contração em seu corpo no mesmo momento em que ela não segurou um sonoro e delicioso gemido. Ah, que delícia fazer minha amada feliz!
Ela então puxou meu queixo até que nossos lábios se encontraram e beijou-me suavemente, com a respiração ainda ofegante, mas com muito carinho. Eu saí de dentro dela e aprofundei aquele beijo delicioso. Meu “amigo” estava implorando por atenção e como se lesse minha mente, ela nos girou na cama e ficou por cima, pressionando-me contra seu corpo molhado. Oh, God! Senti-la sobre mim era maravilhoso. Então ela debruçou-se sobre mim e passou a atacar meu pescoço, mandíbula, lóbulo da orelha e lábios. Seu quadril movimentava-se lenta e minimamente, pressionando meu “amigo”, o que me deixava nas nuvens. Ela sabia que era isso que estava causando em mim, então apenas continuava, prolongando meu prazer. Ela decidiu então descer seus carinhos e pousou os lábios em meus mamilos, arrancando-me um suspiro grave e deliciado. Ficou ali um pouco, enquanto uma das suas mãos desceu até minha coxa e apertou-a com vontade. OMFG! Desse jeito eu não agüento! Foi minha vez de ofegar e morder o lábio e ela riu satisfeita. Desceu o corpo mais um pouco, saindo de cima do meu quadril e deixando meu “amigo” a sua mercê. Enquanto seus lábios resolveram brincar com meu umbigo, ela envolveu meu membro com uma das mãos e começou a fazer movimentos de vai e vem lentamente. Prendi minha respiração mais uma vez e agarrei o lençol entre meus dedos, tentando me controlar mais um pouco. Ela percebeu meu quase desespero e para me “ajudar”, desceu os lábios até meu amigo. Eu quase gozei quando senti seu toque quente e úmido. Ela desceu a mão até meus testículos em chamas e deslizou a língua por toda a minha extensão.
- ..... eu não....... – eu não conseguia articular a frase inteira. Queria dizer que não conseguia agüentar mais, mas minha capacidade de fala estava seriamente comprometida.
- Camisinha. – ela praticamente ordenou e eu consegui alcançar minha carteira ao lado da cama, enquanto ela distribuía beijos em minha cabeça.
No segundo seguinte eu entreguei a embalagem a ela, que a abriu rapidamente e posicionou o preservativo desenrolando-o com a boca até a base. Puta que pariu! E foi então que a senti sobre mim novamente, descendo lentamente enquanto eu a penetrava quase dolorosamente. Ela apoiou as mãos em meu peito e foi aumentando o ritmo, acompanhada por mim, que estocava com vontade. Desci minha mão até encontrar sua “menina” e passei a estimulá-la também, segurando ao máximo para que tivéssemos nosso orgasmo juntos. Ela então jogou o corpo mais para trás. OMFG! Eu gemi tão alto quanto ela quando atingimos o ápice juntos.
- Uau! – ela disse ofegante em meu ouvido enquanto dava beijinhos em meu rosto.
- Uau. – eu disse, acariciando suas costas molhadas de suor e beijando sua testa.

’s POV

O beijo que dei nele foi lento e profundo, pois que queria sentir sua língua dançando com a minha, mas sem pressa. Ele já tinha uma das mãos em minha nuca, enquanto a outra fazia traçados imaginários em minhas costas. Ainda dediquei alguns momentos àquele beijo até que resolvi parti-lo sugando seu lábio inferior antes de dar uma mordida de prazer. Ele gemeu com isso, o que me deixou mais empolgada ainda.
Encarei seus lindos olhos verdes, vendo o quanto ele precisava de mim e o quanto eu precisava dele. Depois de tantas tentativas, estava mais do que na hora de tirarmos esse atraso, né? Ele subiu o rosto em minha direção e alcançou meu queixo e depois foi descendo, percorrendo toda a extensão do meu pescoço enquanto eu jogava minha cabeça para trás, para saborear aquele carinho. Ele então nos colocou sentados, um de frente para o outro e entrelaçou nossas pernas, enquanto resolveu brincar com meu cabelo e eu distribuía selinhos por todo aquele rosto perfeito. Era tão bom esse carinho mais lento, mais cuidadoso, muito mais excitante.
Sua mão subiu dos meus cabelos e ele envolveu minha nuca, levando minha boca de encontro a sua e me beijando profundamente, quase do mesmo modo que o beijo que eu tinha iniciado: lento, decidido, e terrivelmente delicioso. Nossos gostos se misturaram num sabor perfeito. Meu corpo tinha vontade própria quando eu estava com ele, então meus braços foram parar em seu pescoço e eu o puxei o mais perto possível do meu corpo, tocando nossos peitos nus e arfantes.
Cuidadosamente ele foi se jogando sobre mim, deixando que seu peso me pressionasse e eu pude sentir toda sua excitação pressionar minha “menina” enquanto ele escorregava seus lábios pela minha mandíbula até chegar a minha orelha e eu sabia o que viria a seguir. Ele ajeitou o lóbulo entre seus lábios e o sugou lentamente, fazendo meu corpo tremer com isso. OMG, isso é muito bom! Depois ele depositou selinhos em toda a extensão ali e finalizou com a mordidinha. Não teve como – e nem tinha motivo para isso – segurar e soltei um gemido gostoso com aquilo. Rob sorriu.
Aquele sorriso tinha uma conotação extremamente safada e logo em seguida ele começou a descer uma das mãos pela lateral do meu corpo, acariciando sutilmente, quase como uma pluma, o que me provocava tremores de prazer com seu toque. Ele desceu até a parte externa da minha coxa e então passou a mão para o lado interno, apertando-me firmemente no mesmo momento em que me dava outro beijo apaixonado e profundo. Puta merda! Eu prendi minha respiração com o frenesi que aqueles dois movimentos sincronizados provocaram em meu corpo. Eu sentia como se uma corrente elétrica passasse por cada célula do meu corpo. Meu instinto seguinte foi de apertar suas costas com minhas mãos e puxá-lo o máximo possível para mim.
Ele sorriu com aquilo e deslizou a mão para cima, até encontrar minha “menina” molhada e desesperada por carinho. Ele a envolveu completamente em sua mão e fez uma leve pressão, o que foi suficiente para outro choque elétrico e eu mordi seu lábio inferior, sorrindo logo depois. Rob afastou um pouco nossos rostos, olhando fundo em meus olhos e eu pude ver que ele estava se deliciando com o fato de me proporcionar prazer. Aquilo foi extremamente intenso de se ver e em seguida ele passou a movimentar seus dedos de modo lento e preciso. Oh, fuck! Eu engoli em seco e logo depois avancei para sua boca, quase a devorando. Minhas mãos ainda iam dos cabelos às costas e voltavam aos seus fios, sem muito sentindo nesses movimentos quase desesperados. Ele entendeu meus sinais e quando eu menos esperava introduziu um dedo em mim.
- Rob! – eu gemi em seu ouvido arfando e arqueando o corpo em sua direção.
Pelamordedeus! Esse homem quer me matar desse jeito! Estou ficando completamente maluca aqui. Aparentemente minha reação desencadeou uma onda de excitação nele, pois ele atacou minha boca de modo voraz e deliciosamente sexy, enquanto introduzia mais um dedo em mim me fazendo tremer. Eu já estava perto de chegar ao orgasmo e ele não dava nenhum sinal de que iria parar antes de me fazer ir às nuvens. O que eu achava maravilhoso, né?! Ele desceu sua boca pelo meu pescoço e foi parar em meus seios enquanto aumentava o ritmo dos movimentos de seus dedos. Minhas mãos estavam em seus cabelos enquanto ele chupava meus mamilos e movimentava-se cada vez mais rápido até que ele veio. OMFG! Senti todo o meu corpo se contrair e explodir num orgasmo maravilhoso enquanto eu gemia alto e gostoso.
Eu ofegava muito e queria sentir seus lábios nos meus, então puxei seu queixo para mim e o beijei ternamente, como se agradecesse todo o prazer que ele estava me proporcionando. Ele saiu de mim e aconchegou-se melhor sobre meu corpo para aproveitar todos os ângulos daquele beijo. Senti seu “amigo” sobre mim, pressionando meu corpo e sabia que agora era a hora dele. Depois de todo o carinho que ele dedicou a mim, era sua vez de ser levado ao paraíso. Eu nos girei e fiquei por cima, posicionando-me sobre “ele” e deixando que sentisse toda a excitação que minha “menina” emanava. Ele engoliu em seco e eu me alegrei com aquilo. Deitei-me sobre ele, pois sabia que fazendo isso mudaria os pontos de pressão sobre “ele”, o que provocaria prazer, e me dediquei a beijá-lo desde o pescoço e orelha até a mandíbula e seus magníficos lábios.
Enquanto fazia isso, aumentava e diminuía a pressão do meu quadril sobre o dele e via que ele estava gostando, pelas expressões que passavam por seu rosto. Decidi descer um pouco e parei meus lábios sobre seus mamilos, alternando de um para outro, dedicando-lhes toda a atenção necessária. Dava leves beijinhos, envolvia-os com minha língua e sugava lentamente, o que fez com que Rob suspirasse e gemesse deliciosamente. Ainda dando atenção ao seu tórax, eu desviei uma das minhas mãos e desci até encontrar sua coxa e resolvi fazer com ele exatamente o que ele tinha feito comigo: desci a mão para a parte interna e apertei-a com vontade. Percebi sua respiração falhar e ele mordeu o lábio inferior, fazendo com que minha excitação ganhasse novo fôlego e eu também já estava pronta para mais.
Foi aí que resolvi sair de cima de seu quadril e deslizei meu corpo mais para baixo, deixando seu “amigo” livre para todos os meus desejos. Meus lábios desceram até seu umbigo e dediquei mais um precioso tempo ali, brincando com minha língua e deixando o Rob cada vez mais maluco. Enquanto fazia isso, subi minha mão que ainda estava em sua coxa até envolver seu membro totalmente e passei a masturbá-lo lentamente. Seu corpo tremeu inteiro com meu carinho e o vi agarrar os lençóis na tentativa de segurar seu momento de prazer. Eu me senti estimulada com aquilo e abandonei seu umbigo, deixando que meus lábios encontrassem a cabeça do seu membro e depositei ali um beijo quente e úmido. Rob tremeu mais uma vez e sua respiração ficou falha novamente enquanto ele gemia gostoso. Feliz da vida que estava conseguindo satisfazê-lo, eu desci a mão até seus testículos e pude notar como estavam quentes e desci minha língua por toda a extensão do seu membro pulsante.
- ..... eu não....... – ele grunhiu e eu sabia que ele não agüentaria por muito mais tempo.
- Camisinha. – eu ordenei e enquanto ele a buscava, eu voltei a dar beijinhos em seu “amigo”.
Logo em seguida ele me estendeu o pacote, eu abri rapidamente e a posicionei, desenrolando-a com a boca até a base do seu pênis. Ele fechou os olhos e franziu os lábios e eu sabia que era a hora. Posicionei-me sobre ele e fui descendo lentamente, direcionando-o até que ele me penetrou completamente. OMG! Aquilo era bom demais! Apoiei-me em seu peito e ele enlaçou meu quadril ajudando no movimento. Fui aumentando o ritmo e ele estocava gostoso, enquanto eu sentia o orgasmo chegando. Ele deslizou ambas as mãos até meu clitóris e o estimulou, me ajudando a ficar pronta e então ele chegou. Puta que pariu! Meu corpo inteiro se contraiu juntamente com o dele, que arqueou e eu joguei o meu corpo um pouco para trás, aumentando nosso prazer. Gememos juntos sonoramente com aquela explosão de prazer.
- Uau! – eu disse ofegante, jogando meu corpo sobre o dele e beijando seu rosto.
- Uau. – ele disse, acariciando minhas costas molhadas de suor e beijando minha testa.
Saí de cima dele e me larguei na cama momentaneamente, enquanto ele jogava a camisinha fora e logo voltei a me aconchegar em seu peito arfante, ouvindo seu coração a mil por hora. Finalmente estávamos extasiados e esgotados, e adormecemos ao som da chuva suave da Inglaterra.



Capítulo 08 – Domingo de Paixão

Rob’s POV


Eu estava deitado de costas na cama, me abraçava, deitada de bruços sobre meu tórax. Ela ainda dormia profundamente, mas não resisti ao chamado de sua pele e muito levemente, passei a desenhar a linha da sua coluna. Fiquei alguns minutos fazendo esse carinho, até que senti sua respiração ficar mais leve e soube que ela tinha acordado. Ela fez um pouquinho de manha, e então deu um beijo em meu peito. Fechei meus olhos ao sentir seus lábios em minha pele.
- Bom dia, Bela Adormecida! – eu disse com um tom carinhoso e sem interromper o carinho.
- Humm..... bom dia, príncipe encantado! – ela respondeu e, pelo toque, senti que colocava o queixo em meu peito. Estaria olhando para mim? Sorri com a idéia.
Senti-a saindo de cima de mim e abri os olhos para olhá-la: espreguiçava-se e logo sentou-se ao meu lado.
- Nossa, estou faminta! – ela disse, como se fosse algo absurdo de se sentir.
- Também! – exclamei. – Depois de tanta energia gasta, uma hora tem que repor, né? – não tinha como não me divertir com ela.
- Pois é, né. – ela sorriu. – Repor para gastar tudo novamente. – eu já ia puxá-la para um beijo, mas ela foi mais rápida e se levantou da cama, indo na direção do banheiro.
Fiquei com a imagem de seu corpo nu pelo quarto, e decidi me levantar também. Fui até a porta da varanda e olhei para o dia lá fora: lindo, um pouco gelado, mas nada insuportável. A imagem do seu rosto veio novamente a minha mente e eu sabia o que eu queria: tornar oficial nossa relação. Eu já a amava demais para ficar apenas com encontros casuais. Mas, será que ela não me acharia um idiota de pedi-la em namoro? Não seria antiquado demais para o século 21? Fui tirado dos meus pensamentos quando ela me abraçou por trás, encostando seu corpo no meu, e passando suas mãos em minha cintura. Entrelacei-as, para mantê-la ali para sempre.
- No que está pensando? – ela perguntou.
- Em nada. Só contemplando o momento. – eu disse, covarde demais para falar com ela naquela hora. Puxei sua mão para cima e lhe dei um beijo suave.
Ela retribuiu o beijo, encostando os lábios em minhas costas e depois foi se trocar. Meu estomago deu uma resmungada também e fui me arrumar. Depois de uns minutos já estávamos a caminho do restaurante.
- Nossa, não tinha tanta fome assim pela manhã há muito tempo! – ela sorriu antes de morder uma torrada com geléia.
- Mesmo? E por que será essa mudança de comportamento? – perguntei divertido.
- Hum... nem faço idéia. – pausa para um gole no suco de laranja. – Mas e aí, qual a programação para a tortura de hoje?
- Bom. – eu precisava me decidir e lembrei de Wych Cross, seria perfeito lá. – Tem um lugar aqui perto que quero te levar. – ela já estava esboçando a pergunta, então eu me adiantei. – Mas nem adianta perguntar, pois não vou dizer o que tem lá.
- Isso é tão injusto. – ela fez uma cara emburrada enquanto soltava o ar e encostava-se na cadeira.
- Não fica assim. – eu pedi, segurando sua mão. – Vai valer à pena.
- Acho bom mesmo. – mas ela já não estava mais brava. Até tinha um sorriso leve nos olhos.
Voltamos para o quarto e ela começou a olhar pelo ambiente e começou a sorrir. Segui seu olhar e percebi a bagunça de roupas espalhadas pelo chalé inteiro. Parece que ficamos um pouco impacientes com roupas na noite passada. Fui até ela e beijei sua testa carinhosamente. Ela já tinha percebido que eu estava mais calado, mas ainda não era a hora de falar nada.
Passamos a arrumar as roupas espalhadas e, como tínhamos acabado de comer e já passava das 11h, combinamos de comer mais tarde. Saímos da pousada e eu peguei a estrada para a loja de rosas que tinha menos de 20 minutos dali.
- Onde estamos? – ela perguntou quando entramos no estacionamento.
- À primeira vista é uma espécie de floricultura, mas não é só isso. – eu apenas sorri com a curiosidade dela.
Estacionamos e fomos até o lugar. O local era uma floricultura, mas também uma loja de materiais de jardinagem e possuía um dos mais belos roseirais da região. Suas rosas eram famosas em todo o Reino Unido. E o diferencial era que os clientes podiam passear despreocupadamente entre os pés de rosa. Eles chamavam de passeio sensorial, ou alguma coisa assim. Logo os olhos da estavam brilhando e ela se entregou aos corredores de flores. Claro que ela era a mais linda de todas, mas acho que soaria brega demais dizer isso naquela hora. Passamos algumas horas ali, ela observava a tudo e eu a observava.
- Obrigada! – ela disse, pulando em meu pescoço e me pegando desprevenido. – É encantador.
- Disponha. – eu disse sorrindo, hipnotizado por aqueles olhos. – Adoro ver esse brilho nos seus olhos. – ela me deu um beijo terno e então alguma coisa a interrompeu, pois ela olhou para o relógio. Seus olhos pareciam incrédulos, então também chequei as horas: 15:30h.
- Acho que já passamos bastante da hora do almoço, né? – não contive o riso.
- Pois é. Nem percebi, acredita? – ela parecia meio confusa.
- Claro que acredito. Venha, tem uma cafeteria aqui. – e circundei sua cintura.
Fomos para a tenda do chá – como eles costumavam chamar o local – e optamos por um chá da tarde. Mais algumas horas e estaríamos tomando o chá das 5. Ela estava entretida com o chocolate quente, mas não tirava os olhos de mim. Sabia o que viria a seguir.
- Rob? – pausa – O que foi?
- Hum... – ok, eu não teria mais escapatória.
- Você está meio aéreo. – e sorriu. – O que foi?
- ... – céus, como vou perguntar isso?. – ...eu preciso te fazer uma pergunta.
- Claro. Do que precisa? – ela se ajeitou melhor no banquinho, eu respirei profundamente.
- Eu... é... – eu gaguejei. Isso, panaca! Vai pedi-la em namoro e gagueja! Só você mesmo, Robert Pattinson!
- O que foi, Rob? Está me deixando nervosa. – eu podia ver a aflição em seus olhos, então decidi e disparei numa lufada só.
- Quer ser minha namorada?
- Se eu quero ser sua namorada? – ela sorriu. Oh, céus, ela sorriu. Mas ela ainda não tinha respondido. Assenti para que continuasse. – Claro que sim, meu querido! – pude finalmente relaxar um pouco. Ela tinha dito sim!
Ela saiu do banquinho onde estava e parou ao meu lado, e então me deu um baita beijo, e eu não pude resistir aos seus lábios nos meus. Apertei sua cintura, mas alguém raspou a garganta – ops, local público em plena luz do dia – e ela se afastou.
- Ops! – ela disse corando.
- Então você aceita mesmo? De verdade?
- Não, de mentira! – e abriu ainda mais aquele sorriso lindo. – Claro que aceito, seu bobo! Por quê? Por acaso passou por essa sua cabecinha que eu não aceitaria?
- Er... bom... eu só, estava com medo, sei lá. – eu gaguejei outra vez!
- Criatura! – ela pegou meu rosto em suas mãos delicadas. – Eu amo você! Como poderia não aceitar? – ah, era tão bom ouvir aquilo dela. Meu sorriso abriu-se sozinho e a abracei forte, muito forte, temendo que aquele momento fosse um sonho.
- Eu amo você também. Muito. – consegui dizer finalmente. Íamos começar outro beijo, mas ela se afastou um pouquinho, indicando as pessoas. Ah é, claro, pessoas ao redor. Mas tudo bem. Ela tinha aceitado! Sorri indo em direção ao caixa e depois voltamos para o carro, seguindo de volta a Londres.

’s POV

Eu estava deitada de bruços, sobre seu peito quando acordei com seu toque suave na linha da minha coluna. Parecia uma pluma de tão sutil que era. Eu fiz manha e dei um beijo em sua pele. Ele me deu bom dia e eu retribuí enquanto o via sorrir de olhos fechados.
Espreguicei-me, saindo de cima dele e finalmente percebendo os raios de sol que invadiam o quarto. Sentei na cama e meu estômago roncou. Depois de constatar o óbvio: estava faminta pelo gasto de energia na madrugada, decidi me levantar e fazer minha higiene matinal.
Não demorei muito por lá, não queria perder nenhum minuto, a não ser o extremamente necessário, a seu lado. Ele estava parado de costas na porta que dava para a varanda. Minha visão de seu corpo longo e bem torneado, nu, parado a porta foi de tirar o fôlego. Fui até ele e o abracei, encostando meu corpo, também nu, em suas costas. Ele deu uma leve tremida e segurou minhas mãos entrelaçadas às suas. Ele parecia um pouquinho distante, mas me assegurou que não era nada.
Dei um beijo em suas costas e fui colocar uma roupa, pois estava mesmo com muita fome. Ele logo se trocou também e fomos para o restaurante. Claro que ele fez suspense quanto ao nosso próximo programa e depois do café voltamos para o chalé para arrumar nossas coisas. Só aí fui reparar na bagunça das peças de roupa pelo chão. Esbocei um sorriso com as memórias daquela madrugada perfeita. Ele percebeu meu riso e seguiu meu olhar até as peças de roupa, entendendo minha expressão. Veio até mim e beijou minha testa. Ele estava mais silencioso hoje. Ia perguntar, mas desisti. Na hora em que ele quisesse, ele falaria.
Passei a arrumar as roupas espalhadas e colocá-las na mala. Como tínhamos acordado tarde, quase às 10h, e acabado de tomar café da manhã, combinamos que iríamos direto para o destino surpresa e depois pensaríamos em almoço. Não demorou muito para arrumarmos tudo e sairmos da pousada. Rob dirigiu por mais alguns quilômetros, e então chegamos a um lugar chamado Wych Cross.
Perguntei onde estávamos e ele explicou que era uma floricultura, especializada em rosas – tinha rosas de tudo quanto era tipo, cor, textura, cheiro, tamanho – e artigos para jardins. Os clientes podiam andar pelo roseiral, para viver a experiência do contato com as flores, com os cheiros e tudo o mais. Era realmente uma experiência sensorial maravilhosa. Eu me perdi no tempo ali, observando cada flor, cada detalhe, cada sensação. Ele estava sempre ao meu lado, compartilhando das minhas descobertas e do meu encantamento pelas plantas.
Só depois de pular em seu pescoço e beijá-lo em agradecimento por ter me levado àquele lugar mágico – adoro rosas, simplesmente as amo – é que fui sentir meu estômago resmungar e me dei conta que já passava da metade da tarde. Fiquei espantada com o modo como o tempo simplesmente desaparece quando estamos juntos e então ele me falou de uma cafeteria que tinha por lá. Fomos para o tal lugar, que era uma graça, e acabamos tomando um chá da tarde com direito a chocolate quente, biscoitinhos e tudo o mais. Reparei que, mesmo com um sorriso nos lábios, ele estava ausente.
Ok, eu já não estava mais agüentando ver aquele brilho preocupado em seus olhos então o forcei um pouquinho e ele me surpreendeu com um desajeitado pedido de namoro.
Meu queixo caiu um pouquinho, mas logo em seguida já fechei a boca, olhei para seus olhos e havia muita ansiedade neles. Era nervosismo aquilo? Ele estava nervoso com esse pedido? Que fofo! Obviamente minha resposta foi afirmativa e eu saí do banquinho onde estava e fiquei ao seu lado. Minha animação era grande demais e lhe dei um belo beijo na boca. Ele enlaçou minha cintura e só nos desgrudamos quando alguém raspou a garganta. O embaraço pela situação foi até que engraçado, saímos de lá e seguimos rumo a Londres. Fiquei comovida com sua insegurança e podia entendê-lo perfeitamente; e confesso que me senti muito lisonjeada com aquilo. Ele havia me pedido de namoro! Era muita felicidade!
Chegamos a Londres e seguimos para minha casa. Ele queria conhecer o Harry e a Claire, mas quando chegamos eles não estavam. Eu falaria com eles mais tarde e combinaríamos um encontro; e eu também disse que queria conhecer sua família e ele disse que logo faríamos aquilo. Eu não queria me separar dele ainda, estava tão bom!
- Quando vamos nos ver outra vez? – eu perguntei encostada a ele na frente de casa.
- Com saudades já? Mas eu nem saí daqui. – ele disse zombeteiro.
- Bobo! – eu dei um tapinha leve em seu ombro. – Você entendeu o que quis dizer.
- Entendi? Não tenho certeza. – ai, como ele era palhaço! Mas tudo bem, não seria problema nenhum esclarecer suas duvidas. Enrosquei-me em seu pescoço, prensei meu corpo contra o seu – que estava apoiado no carro – e fui aproximando minha boca da sua, umedecendo os lábios num meio sorriso bem malicioso. Ele jogou seus braços ao redor da minha cintura, mas não fez menção de se mexer mais que isso; eu fiquei a apenas alguns centímetros da sua boca. Sorri maliciosamente e encostei nossos lábios, sem forçar um beijo, apenas para que nossos lábios se tocassem, depois passei a contornar os seus lábios com minha língua e senti sua boca se abrir levemente. Afastei- me um pouquinho:
- E então, já entendeu? – eu disse com uma voz sedutora, ele engoliu em seco.
- Er... ainda não. – eu sorri outra vez e então ataquei sua boca com muita sede e intensidade. Ele subiu uma das mãos para minha nuca, apertando-me mais contra seu corpo e respondendo imediatamente ao meu beijo. Depois de um tempo fomos obrigados a nos afastar para respirar.
- Entendeu agora? – eu disse rindo e respirando.
- É, acho que agora eu entendi. – e ele também ria.
- Muito bem. Então, já que entendeu minha pergunta, pode respondê-la? – eu ri divertida. – Quando vamos nos ver outra vez?
- Hum... agora? – ele brincou me puxando de volta para seu corpo. – Adoraria conhecer seu quarto. – ai, aquele tom de voz me fazia derreter e um arrepio deslizou pela minha coluna. Mordi o lábio pensativa, depois pedi um segundo a ele, pegando meu celular.

Rob’s POV

Estávamos no caminho para Londres quando ela se virou para mim:
- Posso perguntar uma coisa? – ela disse, num momento em que nossas mãos estavam entrelaçadas.
- O que quiser. – eu respondi.
- Por que ficou tão nervoso com o pedido?
- É que, bom, apesar de não parecer eu sou bem tímido e nunca tive muito sucesso com as garotas. Daí, fiquei com medo de que, sei lá, você achasse isso uma besteira, não sei.
- Ai, que fofo! – ela soltou com um sorriso.
- Não ria. – era para ser uma bronca, mas eu não conseguia ficar bravo com ela e também ria.
- Rob, eu adorei. E não acho besteira. Sei que a gente se conhece a, o quê, uma semana e meia? – ela sorriu. – Mas o que sinto é muito, muito forte e muito intenso. Nunca senti isso antes. – olhei para ela nesse momento. – E estou muito feliz que isso esteja acontecendo entre a gente.
- Ah, ! – era felicidade demais para uma pessoa só! Puxei sua mão para lhe dar um beijo. – Você é a pessoa mais maravilhosa do mundo. Acho que é por isso que me apaixonei tão rápido e tão intensamente por você.
Chegamos a Londres e seguimos para a casa dela. Eu já tinha me decidido de que queria conhecer a “família” dela, pelo menos a que vivia em Londres. Não era a mesma coisa, claro, mas sendo eles os “responsáveis” por ela, nada mais justo do que eu me apresentar, né? Também tínhamos combinado que ela conheceria minha família; Vic e Liz já tinham manifestado esse interesse, e até minha mãe tinha deixado isso subentendido. Infelizmente Harry e Claire não estavam em casa quando chegamos, mas ela não me escaparia disso. Eu estava encostado no carro, de frente para ela, quando ela perguntou:
- Quando vamos nos ver outra vez?
- Com saudades já? Mas eu nem saí daqui. – e ri divertido.
- Bobo! – ela deu um tapinha leve em meu ombro. – Você entendeu o que quis dizer.
- Entendi? Não tenho certeza. – claro que eu tinha entendido, mas não seria ruim se ela me explicasse detalhadamente.
Ela enroscou os braços em meu pescoço, jogando seu corpo contra o meu e se aproximando lentamente. Olhava fixamente em meus olhos quando umedeceu os lábios com a língua, fazendo com que uma descarga de adrenalina invadisse meu corpo. Imediatamente e quase que involuntariamente meus braços foram em direção a sua cintura, mas não me mexi mais. Queria ver até onde ela iria em sua explicação. Ela deu um sorriso cheio de luxúria e aniquilou o espaço que existia entre nossas bocas. Mas, ao invés do que eu tinha imaginado, ela não me beijou; apenas encostou nossos lábios, como num selinho e depois contornou meus lábios com a ponta da língua. Eu abri meus lábios para iniciar o beijo mesmo, mas ela se afastou minimamente e disse, com uma voz de enlouquecer:
- E então, já entendeu? – eu engoli em seco com aquela brincadeira.
- Er... ainda não. – eu parecia um garoto inexperiente naquele momento.
Ela então sorriu com minha situação e jogou sua boca contra a minha, com uma voracidade imensa. Subi uma das minhas mãos para sua nuca e puxei-a o mais que pude para junto do meu corpo. O beijo foi muito intenso, uma corrente elétrica percorreu meu corpo e meu “amigo” se animou na hora. Só nos afastamos porque precisávamos respirar
- Entendeu agora? – ela disse rindo e respirando.
- É, acho que agora eu entendi. – eu respondi, também rindo. Ela era uma excelente professora.
- Muito bem. Então, já que entendeu minha pergunta, pode respondê-la? – e riu divertida. – Quando vamos nos ver outra vez?
- Hum... agora? – eu disse, puxando seu corpo para junto do meu novamente, seria quase impossível desistir dela naquela hora. – Adoraria conhecer seu quarto. – eu disse numa voz grave e percebi que ela estremeceu. Depois sua fisionomia mudou um pouco, ela mordeu o lábio como se estivesse pensando em alguma coisa. Sacou o celular e discou um número, me pedindo um momento. O quê ela estaria planejando?
- Harry? Oi, tudo bem? – ah, claro. Eles não estavam em casa. Obviamente ela perguntaria onde estavam e quanto tempo demorariam. Mas, então ela está mesmo considerando uma chegada ao quarto dela? Outra onda, essa de expectativa, dominou meu corpo e só a idéia de tê-la em sua própria cama foi o suficiente para me excitar. Depois de alguns minutos de conversa, ela disse para mim:
- Temos uma hora, uma hora e meia. – minha empolgação foi tanta que nem a deixei terminar o que ia começar a dizer. Ataquei aquela boca sensual, num beijo urgente e fomos para dentro da casa.
Subimos as escadas aos trancos, entre degraus e beijos e mãos bobas. Vi que ela também estava com muita vontade; esperei que abrisse a porta do quarto e então joguei-a na cama, logo em seguida fechando a porta e tirando o casaco e os sapatos. Ela também tirou os sapatos e o casaco e eu pulei sobre ela. Minha excitação não estava muito gentil naquele segundo. Joguei minha boca contra a sua, numa ânsia quase desesperada e passei de lá para o pescoço, já procurando com minhas mãos o botão da sua calça. Desabotoei a peça e a tirei de uma vez só, jogando em qualquer lugar. Ela já tinha jogado suas mãos em minhas costas e procurava a barra da minha camiseta, livrando-se dela com a mesma rapidez com que me livrei de suas calças.
Não sei como, ela girou nossos corpos, ficando por cima do meu quadril e tenho certeza de que pode perceber o quão excitado eu já estava. Um sorriso quase perverso surgiu em seu rosto quando tentei me levantar para tirar sua blusa, mas ela me empurrou de volta para o colchão e passou a tirar a própria blusa lentamente. Aquilo estava me enlouquecendo. Que corpo era aquele, meu Deus? Em seguida ela foi até o cós da minha calça e desabotoando-a e abriu o zíper num único movimento. Um tremor percorreu meu corpo com o gesto. Ela levantou um pouco o quadril e puxou minha calça, livrando-se dela dois segundos depois. Estávamos apenas com nossas roupas de baixo, e eu sentia que ainda tinha roupa demais ali. Ela jogou seu corpo para cima do meu, fazendo com que muitas porções das nossas peles ficassem em contato. Ela me beijou quase furiosamente, e então passou para o pescoço e depois para a orelha. Deu aquela mordidinha fatal no lóbulo da minha orelha e não consegui conter um sussurro com seu nome.
- ... – e senti que seu corpo estremeceu com aquilo.
Ela voltou correndo para minha boca, que pedia pela dela, e enrosquei meus dedos em seus cabelos, puxando-a levemente para trás, para depois retornar sua boca para a minha. Ela voltou a descer para meu pescoço, depois para meu tórax e ficou um tempo ali, brincando com sua língua em meus mamilos. Santo Deus! Minhas mãos escorregavam freneticamente por suas costas enquanto ela se divertia ali. Ela voltou a descer a boca pelo meu abdômen e parou quando encontrou meu umbigo. Céus! Ela brincava com a região, dando lambidas, beijos e mordiscadas por lá. Não contive outro gemido de prazer. Ela passou as mãos pelo meu tórax e abdômen, roçando com as unhas, provocando mais sensações prazerosas ainda e depois parou-as ao lado da boca. Foi aí que ela teve a brilhante idéia de descer mais a boca, encostando os lábios no cós da minha boxer. Céus! Eu suspirei alto. Ela então deslizou as mãos pela lateral do meu corpo e em meio segundo estava livre da boxer. Meu “amigo” estava em ponto de bala e ela quase me matou quando resolveu fazer carinhos naquela região. Seu toque era suave e delicado, mas cheio de determinação e prazer. Não sei quanto tempo ela ficou ali, deliciando-me com seus toques, mas sabia que logo, logo eu chegaria ao clímax. Ela pareceu perceber isso e saiu de lá, subindo a boca por todo o meu peito, até encontrar minha boca novamente.
- Você quer me enlouquecer, só pode ser isso. – eu disse, segurando firme em sua cintura e girando-a na cama outra vez, ficando por cima. Eu sabia que meus olhos ardiam, e pude ver que os dela também.
Agora era minha vez de enlouquecê-la. Desci minha boca pelo seu pescoço, segurei firme sua cintura, apoiei-me no colchão sobre os joelhos e a fiz ficar sentada, grudada ao meu corpo. Passei a mão pelas suas costas e abri o sutien, deixando seus maravilhosos seios à mostra, para cair de boca logo em seguida. Fiz carinhos em seus mamilos e pude sentir que seu corpo tremia de prazer. Ela soltou um quase inaudível gemido com meu toque. Suas mãos estavam em meus cabelos, então desci as minhas por suas costas, até encontrar seu bumbum e o cós da calcinha. Continuando o movimento, desci mais as mãos, levantei-a e arranquei aquela peça também, deixando nossos corpos nus finalmente.
Deitei-a novamente, pressionei meu corpo sobre o seu, para tentá-la mais um pouco. Ah, como ela sabia me fazer sentir prazer. Ela merecia o mesmo tratamento. Beijei-a mais uma vez e fui descendo minha língua por seu corpo. Dediquei momentos preciosos aos seus seios e mamilos, e depois ao seu umbigo antes de descer mais um pouco até encontrar sua virilha e “ela”. Beijei-a suavemente em todos os locais possíveis.
- Rob! – ela disse num sussurrado gemido de prazer.
Eu entendi o que ela queria que eu fizesse e passei a acariciá-la também com um dos meus dedos, introduzi um deles nela, enquanto ainda a beijava, e fiz movimentos suaves, mas precisos. Eu adorava fazê-la sentir prazer e entregar-se aos instintos. Dediquei mais tempo ali, sabendo que a deixaria pronta para chegarmos juntos ao ápice do prazer. Senti um espasmo em seu corpo, e logo em seguida ela disse com a voz entrecortada:
- Rob... eu... vou.... – calma, só mais um pouquinho. Subi minha boca até o seu ouvido, enquanto ainda a acariciava com a mão:
- Ainda não.... – ofeguei. – Espere por mim.... – e a beijei profundamente enquanto colocava a camisinha que ela tinha me estendido momentos antes, como se lesse minha mente.
Meu corpo estava novamente sobre o dela, na posição adequada, então invadi aquele corpo com todo o meu desejo, mas de modo lento e profundo. Oh, estamos quase lá! Ela enroscou as pernas em meu quadril, facilitando bastante os movimentos, então aumentamos juntos o ritmo e logo depois – OMFG – ela cravou as unhas em minhas costas no exato momento em que explodimos de prazer.
- Céus! – ela exclamou com a respiração ofegante.
- Ahã. – foi a única coisa que consegui soltar naquela hora, antes de atacar seu pescoço mais uma vez e depois cair ao seu lado na cama.
Passamos alguns momentos em silêncio, apenas deixando que nossos corpos recuperassem um ritmo normal. Aquela mulher era um vulcão na cama. Ela então entrelaçou nossas mãos e ficou fazendo carinhos leves na palma da minha mão; eu apenas imitei o gesto. Ficamos algum tempo ali, mas não era o suficiente para voltar ao normal completamente. Eu não queria sair dali, eu não queria ter que deixá-la, mesmo sabendo que estávamos a alguns minutos de distancia somente. Resolvi me mexer e apoiar minha cabeça em seu peito, para ouvir seu coração. A melodia era linda!
- Queria poder ficar aqui com você. – eu disse.
- E eu queria que você ficasse. – ela suspirou. – Mas hoje ainda não dá. Você sabe.
- Eu sei. – eu respondi. – Mas isso não muda minha vontade. – pois é, desde quando querer é poder? Levantei minha cabeça até encontrar nossos olhares e depois dei-lhe um beijo.
- Nem a minha. – ela sorriu depois e trocamos outro beijo.
Essa foi a deixa para nós e decidimos nos arrumar. Já estava na hora de partir. Ela foi comigo até o carro e nos despedimos com um beijo mais comportado. Segui para casa – que estava fazia – e fui direto para a cama. Não queria tirar seu cheiro de mim e acabei adormecendo com meus pensamentos nela.

’s POV

Liguei para o Harry e descobri que eles tinham acabado de sair para jantar fora, então eu e o Rob tínhamos um tempinho juntos e sozinhos. Uma descarga hormonal disparou em minha corrente sanguínea quando nos imaginei em meu quarto, em minha cama. Assim que dei a notícia ao Rob ele me beijou urgentemente e me guiou para dentro de casa.
Subimos as escadas aos trancos, entre degraus e beijos e mãos bobas. Abri a porta do quarto e ele me jogou na cama, tirando o casaco e os sapatos no minuto seguinte. Eu me livrei também dos meus sapatos e do meu casaco, enquanto ele se jogava pra cima de mim. Sua boca percorria meu pescoço e minha boca, enquanto suas mãos procuravam o botão da minha calça jeans. Foi tão rápido, que nem vi ele se livrando das minhas calças. Minhas mãos já estavam em suas costas, puxando a camiseta para cima e logo essa peça também já estava no chão.
Eu nos rolei pela cama e parei sobre ele, sentando em seus quadris e pude sentir sua excitação. Ah, adorava saber que eu mexia assim com ele, adorava sentir o quanto ele me desejava. Ele tentou se sentar, mais eu o joguei de volta ao colchão e tirei minha blusa vagarosamente, curtindo aquele olhar indecente sobre mim. Alcancei o botão da sua calça, deslizei o zíper num movimento só e levantei um pouco meu quadril, para poder descartar aquela peça também. Logo estávamos apenas com as peças intimas. Debrucei-me sobre ele, beijando furiosamente sua boca, descendo para o pescoço, para a orelha e ali dei a tradicional mordidinha.
- ... – ele gemeu baixinho e o som da sua voz provocou um frenesi em minha corrente sanguínea.
Voltei para sua boca sedenta e ele enroscou os dedos da mão em meus cabelos. Desci minha boca pelo pescoço, em direção ao tórax, concentrando-me nos mamilos por alguns momentos. Sua respiração estava irregular e suas mãos frenéticas passeavam pelas minhas costas. Desci mais um pouco, pelo abdômen e fui brincar com seu umbigo, mordendo, lambendo e dando beijinhos. Ele soltou outro gemido baixo e grave. Eu adorava proporcionar prazer a ele. Minhas mãos percorreram seu tórax e depois seu abdômen, vindo parar ao lado da minha boca. Enquanto ainda brincava com seu umbigo, resolvi tirar a última peça de roupa, e deslizei as mãos para o cós da boxer. Ele soltou outro suspiro alto. Então, eu desci mais um pouco minha boca e encontrei “ele” implorando por carinho. Detive-me ali por algum tempo, dando a “ele” toda a atenção que merecia. Eu sabia que Rob estava louco de desejo, e isso me deixava muito excitada também, mas sabia também que logo ele chegaria “lá”, então voltei a subir minha boca pelo seu corpo, até reencontrar sua boca.
- Você quer me enlouquecer, só pode ser isso. – ele disse, segurando firme em minha cintura e me girando na cama outra vez, ficando por cima. Seus olhos ardiam.
Ele deslizou a boca pelo meu pescoço quase com fúria, apoiou-se sobre os joelhos e me levantou, num ímpeto só, fazendo com que eu ficasse sentada. Rapidamente desabotoou meu sutien e caiu de boca em meus seios, provocando-me arrepios e espasmos de prazer. Suas mãos desciam pelas minhas costas e chegaram ao cós da minha calcinha. Ele desceu a mão até meu bumbum e foi levando junto a lingerie, que de repente estava longe também. Ele voltou a me deitar na cama, debruçando-se sobre mim e roçando seu corpo sobre o meu, sem forçar nada ainda. E então decidiu que eu merecia o mesmo tipo de carinho que eu tinha dedicado a ele momentos antes. Percorreu todo o caminho do meu pescoço até o baixo ventre com a língua, parando em locais estratégicos como os mamilos e o umbigo, até que chegou a “ela”. Beijou minha virilha e foi beijando toda a região ao redor.
- Rob! – eu deixei escapar entre um sussurro.
Ele entendeu meu desejo e o obedeceu, acariciando a região com um dos dedos. Oh, céus! Engoli em seco, mordendo fortemente o lábio inferior e fechando os olhos. Logo estiquei o braço até minha mesinha de cabeceira e peguei um envelope de camisinha. Meu corpo teve outro espasmo, dessa vez mais pronunciado que o anterior enquanto ele acariciava minha “menina”. Eu já estava muito perto de alcançar aquela explosão de prazer, mas queria fazer isso junto com ele.
- Rob... eu... vou.... – imediatamente ele entendeu o que eu queria dizer, então subiu sua boca até o pé do meu ouvido, mas mantendo uma das mãos “lá” e pegando o preservativo de minhas mãos.
- Ainda não.... – ele ofegou. – Espere por mim.... – e me beijou na boca profundamente enquanto se protegia.
Ele me possuiu então, mantendo um movimento lento, mas forte e profundo. Eu enrosquei minhas pernas em seu quadril para facilitar tudo enquanto aumentávamos o ritmo. E foi quando, juntos, soltamos um sonoro gemido de prazer total. Minhas unhas estavam cravadas em suas costas e ele tinha soltado seu peso sobre o meu corpo, aumentando a pressão de nossos corpos unidos.
- Céus! – eu exclamei por entre minha respiração ofegante e depois sorri.
- Ahã. – foi o que ele conseguiu murmurar antes de beijar meu pescoço e deixar-se ao meu lado na cama.
Passamos alguns momentos em silêncio, apenas deixando que nossos corpos recuperassem um ritmo normal. Eu enlacei sua mão, fazendo carinhos leves na palma, e ele imitando o gesto. Não sei ao certo quanto tempo ficamos ali, mas meu corpo estava inebriado pela sua presença, pelo seu amor, pelo seu desejo. E era tão bom estar assim! Ele se mexeu então, deitando a cabeça entre meu peito, e ficou brincando com meu umbigo. Ambos lamentamos o fato de não podermos ficar ali juntinhos, naquele momento.
Decidimos que já tínhamos arriscado bastante – na verdade, eu não sabia qual seria a reação da Claire e do Harry se nos pegassem ali, mas imaginava que não abririam exatamente um sorriso de aprovação. Pelo menos não naquele dia – e voltamos a vestir nossas roupas. Desci com ele até o carro e nos despedimos. Era horrível ter que nos despedirmos, mas necessário. Subi, tomei um banho rápido e deitei em minha cama para esperar por minha família, mas acabei pegando no sono e nem vi quando eles chegaram.


Capítulo 09 – Broken

’s POV

Na segunda contei para Harry, Claire e Hank como tinha sido o fim de semana, Rob foi lá em casa conhecer meu casal lindo e eu também fui a sua casa. Tive uma empatia muito grande por Victoria e o restante da família me recebeu muito bem.
Sei que passamos duas semanas muito gostosas. Faltava cerca de um mês para a estréia de Twilight e as coisas começaram a complicar um pouquinho, já que Rob tinha muitos eventos a ir – viagens, entrevistas, ensaios para revistas, programas para a divulgação do filme – e eu acabei ficando um pouco em segundo plano. Procurei ficar o mínimo chateada possível, pois sabia que isso fazia parte do trabalho dele. Mas era horrível ser trocada por uma sessão de fotos. Meu curso também estava uma rotina só, o trabalho idem.
Sempre que era possível, Rob jantava lá em casa, ou então eu ia até sua casa. Saí algumas vezes com a Vic para fazermos compras e essas coisas. Ela é muito legal mesmo e a cada dia nossa cumplicidade aumentava. Não que os outros não fossem amáveis comigo, mas entre nós duas rolou alguma coisa mais natural – tipo minha amizade com o Hank.
O tempo voou, essa é a verdade. Tivemos outros encontros românticos e algumas noites só nossas, mas na grande maioria das vezes era em um hotel, já que não morávamos sozinhos.
- E aí, animada para a premiere de amanhã? – ele me perguntou.
- Acho que em pânico soaria melhor do que animada. – eu ri nervosamente.
- Relaxe, . Vai dar tudo certo. – ele me confortou enquanto acariciava minha bochecha e beijava minha testa.
Veio a premiere – o filme foi maravilhoso, perfeito, e eu soube que meu Rob era perfeito para o Edward – e então nossos problemas realmente começaram: as fãs. Deus do céu! Nunca imaginei que as meninas se comportariam de tal maneira! Era uma coisa meio The Beatles, ou sei lá, com elas gritando desesperadamente por ele, implorando por autógrafos, despejando centenas de pedidos de casamento e até pediam que ele as mordesse! Confesso que foi tudo muito assustador.
Por causa do meu curso – que era o motivo original da minha ida a Londres – e do meu trabalho, eu nunca podia acompanhá-lo nas viagens e aquele monte de boatos martelava minha cabeça. Geralmente Vic me confortava, dizendo para não acreditar em nada do que ouvia ou lia, mas sabe como é, né: uma fofoca sempre acaba deixando uma pulguinha atrás da orelha.
Mais um tempinho e veio o final do ano, com as festas e tudo mais. No meu aniversário – que cai bem entre o Natal e o Ano Novo – ele me seqüestrou novamente para a pousada em East Grinstead e tivemos outro fim de semana tórrido. Mas, mesmo com todo o clima de romance no ar, eu comecei a sentir que ele não era o mesmo. Talvez estivesse só assustado com o sucesso estrondoso e exponencial que o filme e ele, consequentemente, estivessem tendo, mas eu sentia, lá no fundo, que ele estava mudando. E meu tempo em Londres estava na reta final: em dois meses, mais ou menos, eu voltaria para o Brasil. Pensar naquilo doía fundo na minha alma.
Na virada do ano decidimos ir a uma boate, juntamente com o Hank e a Susie e Paul e Jess. O clima estava muito bom, com um DJ excepcional, tocando as melhores músicas do momento. Como estávamos em clima de comemorações e tal, acabamos todos exagerando um pouco na bebida. Foi então que começou a tocar uma das músicas boas para dançar sensualmente. Não me fiz de rogada para meu namorado, e quando percebi, estávamos atarracados dentro de uma das cabines no banheiro masculino. Aquele sexo foi muito selvagem, puramente instintivo, mas não menos prazeroso – muito pelo contrário, diga-se de passagem. Mas as coisas não estavam normais.
Em janeiro, Rob passou praticamente o mês inteiro fora, quase não nos víamos, os boatos sobre ele e a Kristen só aumentavam e comecei a ficar insegura quanto a nós. Claro que conversamos inúmeras vezes, e ele sempre negava, mas havia alguma coisa ali. Ele estava me deixando de escanteio, e isso estava me machucando muito. Eu não queria ser a namorada ciumenta que fica pegando no pé, mas eram meus últimos momentos em Londres, caramba!
- Rob, eu acho que precisamos conversar. – eu disse uma noite, depois de nos encontrarmos no hotel de sempre.
- Lá vem você outra vez com esse papo de conversar. – ele exclamou com a voz alterada pela cerveja. – Será que não dá pra curtir esse momento depois do sexo em paz?
- Robert! – eu exclamei quase assustada com aquela reação.
- O quê?
- Eu só queria conversar sobre esses meus últimos dias aqui, o que faríamos, o que não faríamos e tal. – e uma maldita lágrima teimou em descer pelo meu rosto. – Mas já que você quer seu momento de paz.... – e comecei a me trocar.
- ... calma... não é bem assim. – mas sua voz ainda não era a de antes.
- Olha, sei de tudo o que você tem passado com os fãs, as cobranças e as fofocas. Sei de tudo isso. E entendo você estar chateado com tudo isso, mas poxa.... sou eu. E vou embora em um mês. – ele pulou da cama e veio me abraçar.
- Desculpe, amor. – pausa. – Só tenha um pouquinho mais de paciência comigo, sim? – ah, que droga! Eu me derretia toda quando ele usava aquele tom de voz. E me deixei ficar em seu abraço.
Discussões como aquela ficaram muito freqüentes, ele começou a perder nossos encontros porque sempre se esquecia de que tinha marcado comigo na hora de agendar novos compromissos.
- Ah, Hank – eu caí no choro numa tarde, quando faltava uma semana para eu embarcar. – Acho que ele não me ama mais.
- Não, não é isso. – ele tentava me acalmar. – Ele só está confuso com tudo isso, é muita novidade de uma única vez.
- Eu sei das novidades, você acha que para mim também não é? – suspiro. – Mas custava me avisar que não iria aparecer? Ou fazer um mínimo de esforço para tentar não marcar alguma coisa numa data em que tenha combinado comigo? Poxa, foi a quarta vez que ele me deixou esperando num restaurante!
- É... – Hank concordou comigo. – Ele está dando mancada atrás de mancada mesmo.
- Sei lá, se ele quer se ver livre para poder curtir o estrelato, porque não conversa comigo? Machucaria menos do que o que ele está fazendo agora. – ele não disse nada, apenas me abraçou forte e ofereceu seu ombro para eu chorar.
Dois dias antes da minha viagem o pessoal do café, Hank, Susie, Paul, Jess, Harry, Claire, Victoria e até John – o incidente da boate ficou para trás e voltamos a conversar normalmente – fizeram uma festa surpresa para mim. Foi ótima, exceto pela ausência do Rob.
- Eu estou com tanto ódio do meu irmão, . – disse Victoria, no dia seguinte, quando ela passou em casa para se despedir.
- Ah, Vic! – eu suspirei – estávamos sozinhas em meu quarto. – Eu o amo. Muito mesmo. Mas não posso suportar isso. Estou indo embora amanhã! Será que ele não poderia ter cancelado essa reunião, transferido para outro dia, o que fosse?
- Não sei o que te dizer, . Não mesmo. – ela olhou através da janela. – Ele está estranho lá em casa também. Quase não o vemos mais. Está dando nos nervos, isso sim! – ela exclamou brava.
- Você acha que ele pode... estar envolvido com outra, com... outras? – eu perguntei, não querendo realmente saber a resposta.
- Eu não sei, . Se você me perguntasse isso três meses atrás, eu diria que isso era impossível. Mas hoje eu não sei. Não conheço mais meu irmão. Sinto muito.
- Não é sua culpa. – eu disse depois de um momento em silêncio e algumas lágrimas nos rosto.
Ela me abraçou forte, como se quisesse tirar aquela dor do meu peito, uma dor infligida por seu irmão. Ficamos conversando por mais um tempo, até que ela teve que ir embora.
- Vic?
- Sim?
- Será que você pode entregar isso a ele por mim? – eu disse entregando-lhe uma carta. – Não sei se ele vai se despedir de mim ou não, e não quero mais forçar nenhuma situação.
- Claro que sim, querida amiga! – ela disse pegando o envelope.
- Mas só entregue depois que eu tiver partido, por favor. – ela assentiu, deu-me mais um longo abraço, um beijo na bochecha e então foi embora.
Custei a dormir naquela noite pensando em tudo o que tinha acontecido comigo naquele último ano desde a conquista de amigos maravilhosos até o encontro com o amor da minha vida. Levantei mais cedo, Harry e Claire tinham tirado folga naquela manhã para ficarem comigo. Conversamos mais um pouco e depois fomos ao aeroporto. Eu estava abraçada a eles, com os olhos vermelhos por causa do choro.
- Eu amo vocês dois. – eu disse. – São as pessoas mais perfeitas que eu poderia ter encontrado.
- Também te amamos muito. – disse Claire entre soluços. – Você foi como nossa irmã caçula. E foi muito bom ter você conosco.
- Ah, pequena! – disse Harry me puxando para outro abraço. – Vamos sentir tanta falta de você.
Mais abraços, mais choro e então ouvimos a chamada para meu vôo. Olhei mais uma vez ao redor, com uma inútil esperança de que ele fosse aparecer correndo, pedindo para que eu o esperasse. Mas ele não apareceu. O amor da minha vida tinha se esquecido de que eu estava indo embora. Respirei fundo, enxuguei as lágrimas, dei mais um beijo nos meus amigos e entrei no avião, rumo ao Brasil.

Rob’s POV

Na segunda contei a toda minha família que estava namorando e naquela mesma semana conheci Harry e Claire e ela foi conhecer minha família. e Vic se deram muito bem, era como se fossem amigas de infância, e eu achei isso muito legal.
As duas semanas seguintes foram muito gostosas e passamos ótimos momentos juntos. Faltava cerca de um mês para a estréia do filme, e todos estávamos com os nervos à flor da pele. Fiz muitas viagens para divulgação, conheci muitas pessoas do ramo, mas minha felicidade não estava completa porque não estava comigo. Ela estava sendo maravilhosa, quase nunca reclamava das minhas viagens e entendia perfeitamente bem que isso fazia parte do meu trabalho.
Sempre que era possível, nós nos víamos, ou eu jantava com ela em sua casa, ou ela vinha à minha e nossos momentos a sós ocorriam em um hotel, já que ambos não morávamos sozinhos. Não que não tenhamos dado umas escapulidas na casa dela ou na minha, mas normalmente preferíamos não correr o risco de sermos pegos; isso sem contar que no hotel era muito mais confortável. Nosso tempo passou assim e quando dei por mim, já era a Premiere do filme.
- E aí, animada para a premiere de amanhã? – eu perguntei.
- Acho que em pânico soaria melhor do que animada. – ela riu nervosamente e eu tentei confortá-la.
- Relaxe, . Vai dar tudo certo.
Como eu previ, tudo correu às mil maravilhas, ela conheceu a Kris e gostou muito do filme. O problema foi o depois da estréia do filme: havia milhares de fãs ensandecidas atrás de mim. Honestamente não sei o que ela viram em mim, mas o fato é que para qualquer lugar que eu fosse, havia uma pequena multidão me esperando. Isso me deixou bastante desconfortável, parecia que não era comigo o negócio, mas era. Enfim, foi assustador.
continuava a me entender e, infelizmente ela não podia viajar comigo por causa do curso, mas sempre me apoiava apesar de ficar triste com minhas viagens. E aí vieram os boatos sobre eu e a Kris. Imagine! Eu e a Kris! Era até cômico de se pensar nisso. Mas o fato era que em qualquer tablóide lia-se que estávamos envolvidos romanticamente e eu sabia que mesmo sem demonstrar, estava sofrendo com isso. Soube que Vic conversava bastante com ela e isso me deixava mais calmo, mas mesmo assim eu não gostava da distância que começava a se formar entre nós dois.
Quando chegou o final do ano eu decidi passar alguns dias só com ela outra vez. Voltamos para a pousada em East Grinstead e tivemos momentos maravilhosos lá, esse foi o modo que encontrei para comemorarmos o seu aniversário. Eu sabia que ela iria embora no final de fevereiro, sabia que nosso tempo estava se esgotando, mas não conseguia imaginar minha vida sem ela. Tivemos nossa primeira discussão nessa época: ela queria que eu tentasse ficar mais com ela, mas eu não podia abrir mão da minha oportunidade. O mundo me conhecia agora e eu precisava aproveitar cada deixa para tentar consolidar minha carreira de ator. Ela entendia na maioria das vezes, e eu sabia que ela fazia todo esse esforço por mim. Mas era chato às vezes também, quando ela vinha me cobrar alguma coisa.
Na virada do ano decidimos ir a uma boate, juntamente com alguns amigos. A festa foi muito boa e houve um momento flashback entre nós dois quando começou uma daquelas músicas que a adorava dançar, me provocando o tempo todo. Estávamos numa noite de diversão, então nenhum de nós estava sóbrio o suficiente para pensar muito no que estava fazendo. Sei que eu e ela acabamos indo parar numa das cabines do banheiro masculino e fizemos um dos melhores sexos da vida: selvagem, livre, instintivo e intuitivo. E foi muito bom. Mas as coisas já não estavam mais como antes e eu tinha outros interesses ali, além da minha linda namorada. Eu tinha uma carreira para construir.
Passei grande parte do mês de janeiro viajando em prol do filme. Conheci novas pessoas, fiz algumas amizades e curti muito essa fase. Não estava acostumado a ter tudo aos meus pés: desde bebidas até mulheres. E então entrei num ciclo muito perigoso que envolvia muita bebida, perda de alguns limites e algumas escapulidas com algumas mulheres. Não era nada sério e eu ainda amava , mas estando longe e desinibido pela alienação do momento, eu acabava ficando com uma ou outra. Nunca tive coragem de contar isso a ela, à minha .
- Rob, eu acho que precisamos conversar. – ela disse uma noite, depois de nos encontrarmos no hotel de sempre.
- Lá vem você outra vez com esse papo de conversar. – eu estava meio alterado por umas doses de cerveja, e acabei me alterando com ela. – Será que não dá pra curtir esse momento depois do sexo em paz?
- Robert! – ela exclamou com um misto de susto e raiva na voz.
- O quê? – eu perguntei irritado, quase me esquecendo da última hora que tínhamos passado juntos.
- Eu só queria conversar sobre esses meus últimos dias aqui, o que faríamos, o que não faríamos e tal. – vi que ela fazia muita força para se controlar, mas uma lágrima teimou em descer pelo seu rosto. – Mas já que você quer seu momento de paz.... – ela interrompeu a frase começando a se vestir. Ai, idiota! Isso, machuca assim a mulher que você ama!
- ... calma... não é bem assim. – eu tentei corrigir, mas não sabia bem o que fazer.
- Olha, sei de tudo o que você tem passado com os fãs, as cobranças e as fofocas. Sei de tudo isso. E entendo você estar chateado com tudo isso, mas poxa.... sou eu. E vou embora em um mês. – sua voz estava tão magoada que cortou meu coração. Estúpido, idiota, retardado! Saí da cama e fui abraçá-la.
- Desculpe, amor. – pausa. – Só tenha um pouquinho mais de paciência comigo, sim? – esperei que ela se acalmasse e ela se aninhou em meu peito. Eu não queria, mas estava machucando a pessoa mais importante da minha vida, e nem me dava conta daquilo.
Infelizmente discussões como aquela ficaram mais freqüentes, eu não estava pronto para ser cobrado por uma namorada. Que droga, será que ela não entendia que minha atenção estava mais voltada para minha vida profissional naquele momento? Ela podia tentar ser mais compreensiva também! Minhas noitadas com os novos amigos eram freqüentes porque eu queria me entrosar com eles, fazer parte daquele mundo, conseguir que mais portas se abrissem para mim. No fim, acabava marcando um compromisso atrás do outro, inclusive em dias em que tinha marcado previamente para me encontrar com ela. Se ela me amasse mesmo, entenderia.
Nem vi o mês de fevereiro passar, já tínhamos começado a conversar sobre as gravações de New Moon e eu estava empolgadíssimo com o sucesso arrebatador de Twilight. Eu passava mais tempo em LA do que em Londres propriamente dita. Voltei algumas vezes, mas nossos encontros foram muito raros e eu confesso que até cheguei a considerar terminar nosso namoro, mas quando pensava nisso, um desconforto invadia minha alma. Victoria tentou conversar comigo algumas vezes, mas honestamente eu não estava com cabeça para papos de irmã. Eu estava em Londres naquela noite, mas estava tão ocupado, que acabei nem ouvindo minha irmã quando ela disse da festa de despedida da . Aliás, eu nem parava quase em casa para ouvir qualquer coisa.
Cheguei em casa com o dia claro já, depois de outra reunião que começou num escritório e terminou numa boate com lindas mulheres e muito álcool. Fui tomar um banho demorado e só quando voltei para o quarto reparei no envelope sobre meu travesseiro: era a letra dela.
Querido Rob, quando você ler essa carta provavelmente já estarei no avião rumo a minha casa no Brasil. Tenho que confessar que fiquei muito chateada com o seu desaparecimento nesses últimos meses. Honestamente, não era assim que eu tinha imaginado que seria quando nós nos conhecemos. Achei que você estaria comigo, pelo menos nos últimos momentos. Mas também não posso te culpar por toda a responsabilidade. Sei que você está numa nova fase, de descobertas, de aceitação, de provações, de desafios. Você quer viver a sua vida, curtir o seu sucesso, aproveitar ao máximo toda essa novidade. Não posso te culpar por isso. Não seria justo. Do mesmo modo que não é justo comigo o modo como estamos vivendo. Tivemos momentos maravilhosos juntos. Você é meu primeiro grande amor, meu verdadeiro amor. Mas sei que esse não é o momento de ficarmos juntos. Não agora. Dói fundo em meu coração dizer isso, mas estou terminando nosso namoro. Você está livre, Rob. Eu quero que você seja feliz. Eu quero que você possa viver e sentir plenamente tudo o que está sendo oferecido a você nesse momento. E você só conseguirá fazer isso se estiver livre. Não quero te prender. Eu te amo demais para fazer isso com você. E também me amo o suficiente para entender que não estou sendo feliz ao seu lado, não desse jeito, não nessa sua nova vida. Não me procure. Não por enquanto. Antes de sermos felizes juntos outra vez, você precisa achar o seu lugar no mundo. E eu o meu. Eu preciso me reencontrar para poder ser a mulher certa para você. E sinto que só poderei fazer isso se nos dermos espaço e liberdade nesse momento. Eu nunca vou deixar de te amar, não tem como não amar sua alma gêmea, mas por enquanto, estaremos melhores se ficarmos separados. E quando a hora chegar, volta, pois o nosso amor está acima das coisas desse mundo. Eu amo você, do fundo do meu coração. Um beijo da sua .
- Não! – eu gritei com a voz embargada. Não! Ela não podia me deixar. O meu grande amor não podia me deixar.
- O que foi, Rob? – perguntou Vic assustada entrando em meu quarto.
- Ela está indo embora...
- Está. – minha irmã disse.
- Mas eu não... – onde eu estava? – ...eu nem me despedi dela.
- Você não quis, Rob. – ela estava com a voz muito dura. – Faz uma semana que eu estou te avisando de que ela iria embora hoje, e você não me ouviu.
- Mas... – e eu já não tinha mais controle sobre meus pensamentos. – ...ela disse que me amava.
- Mas ela te ama. Ela te ama muito. – pausa. – Você não vê? Ela te ama tanto, ao ponto de desistir da felicidade dela para que você seja feliz.
- Mas eu não posso ser feliz sem ela. – eu tentei rebater.
- Rob. – ela sentou-se ao meu lado. – Ela entendeu que esse é o seu momento. E ela sabe que não poderia fazer parte disso agora. Ela tinha que ir embora não só por causa da situação legal, mas para que você possa viver isso que está acontecendo com você. – mais uma pausa. – E ela tinha que ir embora para poder se recuperar, colar os cacos de seu coração.
- Eu a magoei tanto assim? – isso era claro, eu a deixei de lado esse tempo todo! Como fui um completo idiota!
- Muito mais, Rob. – e havia dor na voz de Vic. Meu mundo caiu naquele momento. Eu tinha que vê-la, tinha que pedir desculpas, tinha que pedir perdão.
Saí correndo de casa, em direção ao aeroporto. Parei no posto de informações e fui para o portão onde ela embarcaria. Avistei Harry e Claire, mas não ela, então corri mais rápido ainda pelo terminal, na vã esperança de ainda vê-la.
- Harry! – exclamei sem fôlego quando os alcancei. – Onde ela está?
- Seu... – ele me olhava com muita raiva e ia dizer alguma coisa muito ruim, mas Claire segurou em seu braço.
- Ela já foi, Robert. O avião decolou há menos de três minutos.
- Não... – eu apoiei as mãos nos joelhos, abaixei a cabeça e lágrimas impotentes escorreram pelo meu rosto: eu havia perdido a mulher da minha vida.


Capítulo 10 – Longe dele

Brasil

Minha mãe me esperava animada no aeroporto e demos um longo e forte abraço de reencontro. Ao sentir que estava em seus braços eu desabei. Um turbilhão de emoções percorria meu corpo, minha mente, meu coração. Eu estava de volta, tinha deixado o amor da minha vida para trás.
- Filha. – minha mãe disse preocupada.
- Eu só preciso ir para casa agora. – eu disse entre soluços. E foi o que fizemos.
Minha mãe sabia da minha historia com Rob superficialmente, então expliquei tudo a ela. Algumas broncas e alguns suspiros depois, ela apenas me abraçou forte e disse, com aquela sabedoria inquestionável das mães, que tudo ficaria bem. Acreditei nela naquele momento, mais por desespero do que por crença realmente. Não importava, ela dizia que tudo ficaria bem.
Bom, o tempo passou simplesmente. Consegui um emprego num escritório de arquitetura na minha cidade mesmo – a experiência de morar fora foi o diferencial, já que era uma empresa internacional – e passei a dedicar minha atenção a minha vida profissional. Rob ainda tentou falar comigo algumas vezes, mas eu preferi não atender a suas ligações. Doeria menos se eu não falasse com ele. Depois de um tempo ele parou. Voltei a conversar com antigos amigos, conheci novas pessoas e aos pouquinhos minha vida foi voltando ao normal. Claro que sempre tinha o vazio pela falta sufocante que eu sentia do Rob, mas eu me policiava muito para manter minha mente afastada das recordações. Estava quase sempre em contato com meus amigos londrinos: Hank, Vic, Harry e Claire; essa era uma aliança que nenhuma distância conseguiria quebrar.
Estávamos no começo de junho quando conheci Gustavo. Ele era amigo de um amigo e acabamos saindo algumas vezes. Obviamente não chegava nem perto do que eu sentia por Rob, mas eu também não poderia ficar sem me divertir, não é? Por mais que meu amor por ele fosse gigantesco, eu também tinha que viver a minha vida, como eu tinha dito para ele fazer. Eu sentia que nossa história ainda não tinha acabado, mas por enquanto, eu viveria minha vida.
O Gustavo era um cara muito legal, nos identificávamos em vários aspectos e, assim como eu, ele estava numa onda mais light com relação a envolvimentos amorosos. Éramos mais como dois amigos que ficavam juntos às vezes do que um casal de namorados propriamente dito. E estava bom desse jeito, para ambos.
- E aí, tudo certo para nosso cinema mais à noite? – era o Gustavo ao telefone.
- Claro. Estou louca para assistir Harry Potter! – eu sorri divertida.
- Ok, passo para te pegar às 19h, ok?
- Perfeito. Até à noite.
Minha tarde de trabalho foi agitada, estávamos super envolvidos com um grande projeto residencial e as habilidades de todos os arquitetos eram sempre requisitadas. O pessoal estava gostando bastante das minhas idéias e estilo, o que me dava pontos para com os donos do escritório.
Cheguei em casa, tomei um banho rápido e logo depois o Gustavo chegou. Eu estava totalmente por fora dos lançamentos, do que entraria em cartaz em breve, enfim, de todas as novidades das telonas. Só sabia de Harry Potter porque eu era viciada na história do bruxinho. Chegamos ao cinema, compramos pipocas – afinal, cinema sem pipoca não é cinema – e esperamos a sessão começar.
Eu estava curtindo os trailers para tentar me atualizar um pouquinho, quando meu coração parou: trailer de New Moon. (n/a: faz de conta que nessa época o trailer já estava nos cinemas, ok? rss). Lá estava ele, encarnado de Edward, lindo. Ouvir sua voz foi uma facada em meu peito. Nem prestei atenção direito ao trailer, o que mais me machucava era o sofrimento de Bella ao ser abandonada – eu me senti um pouco assim, apesar de ter sido a responsável por verbalizar nosso término, ele já estava me abandonando antes – e depois toda a angústia com a possibilidade de morte de seu grande amor. Enfim. Mal o trailer terminou eu saí da sala – aliás, não soube porque fiquei até o final do trailer, masoquismo talvez? – sendo seguida por Gustavo.
- O que houve? – ele estava preocupado.
- Nada. – eu tentei parecer sincera, mas era impossível. – Só me senti mal subitamente.
- Venha, vamos sair daqui. – ele já me levava para fora do cinema.
- Não. – eu parei. – Está tudo bem, não precisamos sair. O filme já vai começar.
- Mas você está tão pálida.
- Sério, Gú. – eu forcei um sorriso. – Já estou melhor. Só preciso de um segundo, ok?
- Mas...
- Volta lá, não quero que perca o começo do filme. Vou em dois minutos. – ele ainda me olhou desconfiado. – Só o tempo de passar uma água no rosto, ok?
- Ok, mas qualquer coisa a gente vai embora, está bem?
- Claro. – eu disse já me direcionando para o banheiro.
Sentei em um dos vasos e respirei fundo. Ok, eu não estava preparada para vê-lo assim, de supetão. Foi um baque, com certeza. Eu passei os últimos meses evitando qualquer tipo de notícia sobre ele, até tinha proibido Vic de falar sobre seu irmão. Se eu tinha que manter distância para que ele pudesse ser feliz com aquela escolha, então eu tinha que cortar qualquer informação pela raiz. E aí, quando eu estou levando minha vida quase numa boa, topo com um trailer daqueles! Isso era crueldade. Como ele estava lindo! Parecia mais magro, será que era pelo personagem ou será que ele não estaria bem? Mas sua voz continuava a mesma. Ah, sua voz! Só de lembrar meu corpo inteiro reagia àquele sotaque britânico – apesar dele tentar disfarçar com um sotaque mais americanizado. Respirei algumas vezes, pensei em coisas para me acalmar e então decidi voltar para a sala. Gustavo devia estar preocupado e eu não queria fazer isso com ele. Lavei o rosto e voltei. O filme já tinha começado, mas aparentemente não perdi muita coisa.
- Está melhor? – ele sussurrou ao meu ouvido.
- Sim. – eu forcei outro sorriso. – Vai entender! – e virei-me para a tela.
Depois de um tempo consegui me envolver na trama do filme e esqueci momentaneamente do meu “encontro” com o Robert. Saímos do cinema e fomos jantar. Ele tentou puxar o assunto uma vez, mas eu consegui me livrar sem ser rude. O Gustavo não sabia que o Rob era o motivo da minha fase desencanada de romances, apenas sabia que eu tinha tido uma desilusão e, como ele mesmo também tinha passado por isso, nunca me incomodava com tal assunto. Enfim, passamos a maior parte do jantar comentando o filme e as diferenças com relação ao livro; nos divertimos com aquilo.
- E então, vamos passar essa noite juntos? – ele me perguntou, abraçando-me por trás e dando um beijo em meu pescoço.
- Desculpe, querido. Essa noite não. – dei um sorriso de desculpas. Ele fez uma expressão interrogativa e ia perguntar, mas eu me adiantei. – Estou um pouco cansada, preocupada com os projetos do escritório e não conseguiria dar toda a atenção que você merece. – disse essa última parte com um sorriso mais safado, deixando claro que ele merecia muita atenção.
- Hum... – ele torceu o nariz. – Fazer o que, não é? – e sua expressão já não estava chateada. – Hoje passa, mas amanhã é bom a senhorita estar bem disposta, ok?
- Claro. – eu disse e ele sorriu com cara de safado. Ele me levou para minha casa e nos despedimos ali. Mas antes de eu sair do carro ele me deu um beijo muito sensual, daqueles que nos deixam com gostinho de quero mais. Espertinho ele!
Gustavo era muito bom de cama, e eu me sentia muito livre com ele. A melhor parte era não ter obrigações ou cobranças e isso nos deixava soltos para curtir o momento. Eu sabia que se eu quisesse, ele me faria esquecer do Rob e até mesmo do meu nome naquela noite, mas não era isso que eu queria. Por alguma razão eu queria pensar nele naquela noite.
- O que aconteceu? – minha mãe perguntou, percebendo meu estado de espírito ao entrar em casa.
- Nada... – eu tentei evitar o assunto, mas não funcionou.
- Sei, e eu não te conheço, não? Pode desembuchar. – ela ordenou e eu me larguei no sofá.
- Durante os trailers do filme que fomos ver eu topei com o novo filme do Rob. Daí tive uma espécie de faniquito e saí da sala para respirar um pouco. Mas consegui me recuperar e voltei para a sala.
- Hum. – ela murmurou. – E como você está agora?
- Não sei, mãe. Honestamente eu não sei. Estou com uma saudade que dói, vontade de falar com ele, de olhar em seus olhos, sentir seu toque. – parei para recuperar o fôlego que tinha desaparecido. – E ao mesmo tempo tenho medo dele ter tocado a vida, ter me esquecido, perceber que meu conto de fadas acabou mesmo, de verdade. – e as lágrimas escorreram livremente.
- Ah, filha! – ela me abraçou. – Imagino como deve ser para você. Sei que é difícil. Mas também sei que sua decisão foi a mais acertada. Vocês não estavam felizes naquele momento. Os interesses eram muito diferentes.
- Eu sei. – eu disse entre soluços. – Mas eu morro de medo de não conseguirmos nos recuperar dessa separação. E se ele nunca mais quiser nada comigo? E se ele estiver feliz sem mim?
- É o risco, filha. Você assumiu esse risco. – ela afagou meus cabelos. – E se isso for verdade, então talvez ele não seja a pessoa certa.
- Ele é, mãe. Eu sinto que é. Eu sei que é.
- Então fique calma. Se ele é seu príncipe encantado, vocês serão felizes para sempre. – eu me aninhei mais em seus braços e ela beijou meu cabelo. Depois de um tempinho fui dormir e inevitavelmente sonhei com o meu Rob.
Passaram-se mais dois meses e então, num dia de reuniões no escritório, eu recebi a proposta:
- Então é isso, Srta. . Se for do seu interesse, a vaga no escritório de Nova York é sua.
- Com certeza é do meu interesse, Sr. Phillips.
- Perfeito. Assim que sua documentação estiver pronta, você se muda para Nova York.
Ele apertou minha mão e eu quase caí na cadeira, de tão atordoada que estava. Eu tinha sido transferida para a sede da empresa, em NY! Não me continha de tanta felicidade, já que teria muito mais oportunidades por lá, sem mencionar a alavancada que isso seria, caso um dia eu tivesse que mudar de emprego. Eu não poderia estar mais feliz! Cheguei radiante em casa naquele dia e minha mãe transbordava de orgulho da filha. Eu era sua única filha e, depois da morte do meu pai quando eu tinha apenas 6 anos, eu passei a ser sua única companhia também. Ela tentou refazer a vida umas duas vezes, mas acabou não dando certo nessas tentativas e eu quase não fui para Londres por medo de deixá-la sozinha.
O fato é que durante minha estadia fora, ela conheceu Renato e estavam juntos há mais de um ano, então minha mudança para outro país, dessa vez por tempo indeterminado, foi mais fácil de aceitar do que quando decidi ir para a Inglaterra. Eu gostava do Renato, era um cara centrado, e que amava minha mãe. Ela, apesar de ser independente, ter seu trabalho e tal, também gostava de paparico e o Renato era especialista em mimar minha mãe.
Com o Gustavo foi um pouquinho mais difícil, porque mesmo sem ser esse nosso foco, acabamos nos apegando um ao outro. Ele era uma companhia muito agradável e passávamos muito do nosso tempo livre juntos. Ele entendeu meu lado e, depois de muita conversa, acabou me apoiando também e ficando feliz por meu sucesso profissional. Em menos de um mês toda minha documentação estava pronta, hotel reservado – eu ficaria o primeiro mês num hotel, até me adaptar à cidade e ter tempo de achar um apartamento ou casa para morar – e passagens compradas.
Fiz uma festa de despedida dois dias antes da partida e deixei a noite da véspera para me despedir do Gustavo. Fomos ao restaurante onde ele me levou em nosso primeiro encontro e depois passamos a noite em sua casa, com direito a momentos tórridos de entrega, declarações de amizade e desejos de felicidade. No meio do dia seguinte, embarquei para minha nova vida.

NY

O primeiro mês em NY foi de descobertas e adaptação. Achei um apartamento muito charmoso e não tão caro – se bem que meu salário tinha aumentado consideravelmente e eu poderia me presentear com alguns luxos vez ou outra – super bem localizado. Preferi não investir em um carro, já que NY possui transporte público de qualidade, e começar a montar uma poupança. Tinha que fazer meu pé de meia, não é?
Os meses passaram voando, eu já tinha me adaptado àquela metrópole, já conhecia cantinhos brasileiros para quando a saudade apertasse e estava me dando muito bem no emprego. No começo de dezembro encarei meu primeiro projeto solo. Foi muito empolgante.
Voltei para o Brasil para as festas de fim de ano e recebi uma notícia que não esperava: minha mãe estava grávida de Renato. Ela já não era nenhuma menina, mas estava tão feliz com a novidade, que todas as preocupações com a gravidez de risco eram encaradas com confiança. Fiquei muito feliz mesmo com a felicidade da minha mãe. Ela merecia ser feliz.
Eu continuava falando com Harry e Claire, Hank e Vic. E foi no dia do meu aniversário que Hank me contou – quando ligou para me parabenizar – que ele e Susie estavam planejando se casar e eu seria madrinha. Outra onda de felicidade inundou meu ser com a alegria do meu amigo. A cerimônia seria em março, então eu ainda teria um tempo para me preparar para a viagem, para me preparar para voltar a Londres.
Voltei para NY e os dois meses seguinte passaram voando. Eu estava muito entretida com meu desenvolvimento profissional que nem me dava ao luxo de me importar com relacionamentos. Óbvio que vez ou outra, em alguma noite mais fria e chuvosa meu coração se apertava no peito, mas eu já tinha aprendido a conviver com isso. Até tinha conhecido algumas pessoas, mas nenhuma delas conseguia substituir – e nem poderia, essa é a realidade – o Rob e nem mesmo o Gustavo. Por falar nele, tive alguns problemas na época do lançamento de New Moon, já que em cada estação do metrô ou ponto de ônibus ou outdoor nas ruas havia um cartaz do filme. No começo foi mais difícil, mas depois de uns dias meu espírito já tinha se fechado em sua carapaça e eu apenas ignorava as enormes fotos do amor da minha vida.
A data do casamento do Hank estava muito próxima, seria dali uma semana. Eu tinha combinado com Harry e Claire que ficaria lá com eles, para matar um pouco das saudades. Avisei Vic da minha ida também e ela ficou muito feliz com minha visita.
Ok, eu estava no aeroporto, já na sala de embarque, então um desespero invadiu meu ser. Voltar a Londres era mais complicado do que eu imaginava. Ouvi o anúncio do meu vôo, respirei fundo e entrei no avião. Que seja o que Deus quiser!

Londres

Harry e Claire estavam me esperando no desembarque. Corri para abraçá-los e me joguei contra o corpo de Harry, que se colocou protetoramente na frente de Claire.
- Ah, que saudade de você, menina! – ele me apertou em seus braços. – Como você está linda!
- Nem fale, Harry! É tão bom ver vocês outra vez! – afastei-me dele e fui em direção a Claire. – Você está diferente! – eu disse lhe dando um abraço forte também. – Está com um brilho diferente nos olhos.
- Você também está diferente, ! – e então ela envolveu a barriga com as mãos. – Mas não acho que seja pela mesma razão que eu.
- Claire! – eu berrei quando minha ficha caiu. – Não acredito! Vocês estão grávidos!
Abracei os dois ao mesmo tempo e uma lágrima boba escorreu pelos meus olhos. Quando nos afastamos, nós três chorávamos. Harry e Claire estavam tentando a mais de 3 anos, mas nunca dava certo. Certa noite eu e ela estávamos conversando e ela disse que já estava quase desistindo de ter um filho biológico, e começara a pensar em adoção.
- De quanto tempo você está? – eu perguntei já no carro.
- Três meses. – ela respondeu.
- Bandida! Por que não me contou antes?
- Porque quando eu descobri, já sabia que você viria para cá! – e riu com cara sapeca. – Queria te contar pessoalmente.
Passamos aquele dia colocando o assunto em dia. A casa continuava igualzinha e fiquei no meu antigo quarto. Foi uma avalanche de emoções entrar naquele quarto. Mas eu deixaria que elas me dominassem só na hora de dormir, ainda tinha muita coisa para conversar com meu casal preferido.
Jantamos pizza e ficamos muito tempo conversando. Em nenhum momento eles entraram no assunto Robert, e eu não fiz questão disso. Estava feliz demais por meus amigos para estragar aquela hora com lamentações. Contei sobre minha vida em NY, sobre meu emprego e como as coisas estavam dando certo para mim, contei sobre minha mãe e meu novo irmãozinho.
- Olha só, ganhar dois irmãos de uma vez não é para qualquer uma, heim! – gargalhou Harry.
- Não tinha pensado por esse lado ainda, Harry. – e Claire piscou para ele. Depois virou-se para mim. – Irmã também pode ser madrinha?
- Como? Madrinha? – eu gaguejei, emocionada.
- Claro! – Harry emendou. – Você é muito especial para nós, e tenho certeza de que será uma madrinha perfeita para nosso filhote. Aceita o convite?
- Ai, gente. Desse jeito não vou parar de chorar! – eu ri depois de enxugar uma lágrima.
- Pode chorar à vontade, mas antes responde. – disse Claire.
- É claro que aceito, né! Nem tem como recusar. – outra vez nos abraçamos e outra vez estávamos chorando de alegria.
Passamos mais um tempo conversando até que ficou tarde e o cansaço da viagem e as mudanças de fuso se abateram sobre mim. Subi para meu quarto ainda emocionada pelas noticias deles. Só quando já estava debaixo das cobertas é que me permiti reviver minha dor. Assim que liberei minha mente, uma enxurrada de imagens e sentimentos passaram sob meus olhos: imagens nossas, o seu sorriso torto perfeito, os olhos sempre tão sinceros, a pele macia, a boca quente; a facilidade com que um sorriso se abria em sua presença, a cumplicidade, a química sempre tão forte, as tórridas noites de amor. Eu enfiei minha cara no travesseiro para tentar abafar meus soluços, mas eu sabia que era inútil. A saudade, a dor, o amor gritavam por todos os meus poros. Acabei adormecendo sem forças.
No dia seguinte tomei café com eles e depois fui me encontrar com Hank.
- Gata! – ele berrou enquanto corria para me abraçar.
- Gato! – eu berrei de volta e ele me pegou no colo, me girando no ar.
- Ah, quanta saudade de você, !
- Impossível de quantificar. – eu respondi e lhe dei um beijo estalado na bochecha. – Senti tanta falta de você, meu amigo.
- Eu também. – ele disse, ainda me abraçando.
Fomos caminhando até o café onde eu trabalhei e conversamos muito. Ele me contou como tinha feito o pedido a Susie, o quanto a amava, que tinha encontrado sua alma gêmea e tal, onde eles passariam a lua de mel, a surpresa que estava planejando para a noite de núpcias. Enfim, contou tudo. Eu ouvia a tudo atentamente, prestando muita atenção a tudo e fazendo uma força enorme para não pensar que era o que eu queria para mim e para o Rob. Mas mesmo com tanto tempo sem contato, ele me conhecia muito bem.
- Ah, gata, desculpe. Sei que não deve estar sendo fácil para você voltar para cá. E eu aqui tagarelando sobre romance.
- Relaxa, gato. – eu sorri. – Eu estou aqui por você. Sou sua madrinha, oras bolas! Quero saber de todos os detalhes, todas as suas expectativas. Esse é o seu momento, meu querido, não o meu. – ele segurou minha mão.
- Eu sei disso, mas já contei tudo a você. Agora quero saber como você está.
- Estou ótima. – eu disse, sem confiança alguma na minha voz.
- Há! – ele soltou. – E eu sou gay. – e rimos da piada. – Sério, preciso saber como você está.
- Ah, Hank... – respirei fundo. – Cada cantinho dessa cidade me traz a lembrança dele. Sabe, eu achei que superaria, que conseguiria. Mas não. Eu ainda o amo com a mesma intensidade de antes. E me mata ele não ter ido atrás de mim. Eu sei que disse na carta que o estava libertando, que era para ele seguir sua vida...
- Mas você achou que depois de um tempo ele iria atrás de você.
- Ahã. – foi o que eu consegui dizer entre as lágrimas.
- Ô, minha querida. – ele afagou minha bochecha. – Eu não quero te dar esperanças, mas ainda acho que ele vai te procurar.
- Por que diz isso?
- Sei lá, intuição talvez? – ele sorriu. – Vocês pertencem um ao outro.
- Obrigada. – eu enxuguei minhas lágrimas e encerramos ali aquele assunto.
Passamos mais algumas horas conversando, eu contei sobre minha vida nesse último ano, ele adorou saber a história com o Gustavo, minhas idas e vindas em NY, enfim, tirando o episódio das lembranças, o resto do dia foi muito bom. Ele tinha providências a tomar, pois a cerimônia seria no dia seguinte, então nos despedimos no meio da tarde. Eu já estava a meio caminho de casa quando meu celular tocou.
- Vic! – eu berrei no aparelho.
- ! – ela gritou do outro lado. – O que esta fazendo agora? Quero te ver!
- Estava indo para casa. Onde nos encontramos?
Marcamos em outro café, não muito longe de onde eu estava. Cerca de meia hora depois, nos reencontramos.
- Ah, que saudade, amiga! – ela disse me abraçando.
- Bota saudade nisso. – eu respondi. – E aí, como você está?
Passamos um bom tempo conversando, ela me contando da nova vida, que agora tinha sua própria casa e tinha conhecido um cara super legal. Eu contei da minha vida também, minha nova casa. Mas, conforme o tempo ia passando, eu sentia crescer em mim a necessidade de saber dele, de ter informações concretas. Afinal, já que eu estava no inferno, por que não abraçar o capeta de uma vez?
- Como ele está Vic?
- Depende. Sobre qual aspecto você quer saber?
- Pode contar tudo.
- Bom profissionalmente ele está muito bem. Tem gravado um filme atrás do outro, até gravou em NY, mas acho que você ainda não tinha se mudado para lá. Tem um apartamento muito legal em LA e passa a maior parte do tempo por lá. Está cada vez mais difícil vir pra cá. Acho que ele não volta a morar aqui.
- Isso é triste para vocês, né. Vocês devem sentir falta dele.
- Muita. Mas ele está cansado também. O sucesso trouxe um grande problema: os fãs. Não sei o porquê disso, mas ele não consegue mais sair de casa sem ter alguém o seguindo. É muito assustador e muito triste também. Ele não é livre para ir até a padaria! Isso, sem falar nos inúmeros boatos que o cercam, né. Ele já não ri tanto quanto antes.
- Poxa, Vic. Fico realmente triste em saber disso. Ele sempre teve o riso tão solto.
- Não, . – ela fez uma pausa. – Ele nunca foi exatamente uma pessoa que vive rindo. Ele só foi assim durante uma fase da sua vida. Quando ele estava com você. – ok, aquilo me pegou de surpresa.
- Mas ele não estava feliz com a nova vida?
- Estava, no começo eu acho. Ele se divertiu enquanto foi novidade. Mas depois as coisas viraram rotina e ele já não se empolgava tanto como antes.
- Mas eu achei...
- Ele ama você. – ela me interrompeu. – Ele ainda te ama muito, Line. – eu fiquei estagnada com aquela declaração. Ela ia falar mais alguma coisa, mas seu celular tocou e ela teve que sair de repente. Despediu-se com um beijo e disse que depois continuaríamos aquela conversa.
Eu ainda fiquei um tempo no café, olhando para meu chocolate quente e assimilando o que ela tinha me dito. Mas se ele não estava mais tão feliz e me amava, por que diabos não foi me procurar? Meu celular me tirou dos meus devaneios – Harry – e então voltei para casa. Passei a noite pensando naquilo, mas não cheguei a nenhuma conclusão satisfatória. Acabei pegando no sono.
Amanheceu rápido demais – ah, é, fiquei divagando e quase não consegui dormir – e logo já tinha que começar a me arrumar para o casamento do Hank. Eu e Claire nos arrumamos, uma ajudando a outra, e depois fomos para a igreja.
Só lá eu fui descobrir que meu acompanhante era o John. Fiquei feliz em reencontrá-lo, continuava lindo com sempre, e mais tarde descobri que estava namorando firme pela primeira vez na vida. A cerimônia foi linda, chorei horrores – é, sou muito chorona em casamentos mesmo – e depois fomos todos para a festa, organizada num salão de festas num bairro mais afastado de Londres. Reencontrei também Jess e Paul, conheci a namorada do John, e descobri que Jack e David também estavam namorando. Parecia que eu era a única solteira naquele local. Outra onda de nostalgia me invadiu, mas logo os meninos se revezaram para dançar comigo – muito fofo da parte deles – e por fim, fui dançar com o noivo.
- Ah, gato! Nem acredito que está casado! – eu debochei.
- Pois é, gata. Tudo tem a sua hora. – então olhou fundo nos meus olhos. – A sua também vai chegar, e vai ser logo. Posso sentir.
- Só você mesmo. – eu ri e terminamos aquela dança.
Voltei para a mesa com Harry e Claire e ficamos por lá até quase o final da festa. Claire estava cansada e decidimos voltar para casa, mas então Susie me interrompeu, dizendo que iria jogar o buquê. Eu tentei resistir, mas fui forçada a me juntar com as outras garotas. E não é que o tal buquê caiu certinho em minhas mãos sem eu mesmo ter me mexido um centímetro a fim de pegá-lo?! Hank deu uma piscadinha para mim, com um sorriso do tipo “está vendo?!”, e depois fomos embora. Como o dia fora agitado e cansativo, apenas deitei na cama e capotei num sono pesado e sem sonhos.
- Bom dia crianças! – eu disse descendo as escadas e encontrando com eles na sala.
- Boa tarde, você quer dizer. – Harry disse brincalhão.
- Como assim? – eu fiquei confusa. Não tinha dormido tanto assim, tinha? Olhei para o relógio da cozinha. – Putz! – eu exclamei. – Não acredito que dormi até agora!
- Você estava cansada, . – disse Claire sorrindo. Concordei com ela e me esparramei no sofá – nossa, que falta eu sentia de fazer aquilo – olhando para a TV.
Depois de comer alguma coisa, decidi dar uma volta para me despedir de Londres, já que iria embora no dia seguinte. Segui andando sem rumo e quando me dei conta, estava no Hyde Park. Caminhei pelo parque deixando que as emoções e lembranças tomassem conta de mim, passei pelo restaurante onde tivemos nosso primeiro encontro formal e fui me dirigindo para o lago, onde ficavam os pedalinhos. Eu estava parada, olhando a paisagem congelada quando o vento soprou através de meu corpo e um perfume familiar e inebriante atingiu violentamente meu coração.


Capítulo 11 – Longe dela

Londres

Nem sei como cheguei em casa naquela manhã. Saí correndo do aeroporto depois de perceber que ela tinha ido embora sem me importar muito com quem me via ou deixava de me ver.
- Rob?
- Não quero falar com ninguém, Vic. – mas ela não me deixou em paz, sentou-se ao meu lado na cama e passou a mão em meus cabelos. – Ela foi embora...
- Eu sei, eu sei.
- E a culpa é minha. Fui um completo idiota todo esse tempo. – as lágrimas escorriam pelo meu rosto. – Como eu não vi o que estava fazendo? Por que ninguém me alertou?
- Nós te alertamos, Rob. Ela te alertou. Quantas vezes ela quis conversar e você não deixou que ela falasse?
- Ah, Vic! Como eu fui estúpido. – pausa. – Eu vou... eu vou atrás dela. – eu disse me levantando rapidamente da cama.
- Não Rob. Você não vai. – e a voz dela era rígida. – Pelo menos não agora.
- Mas...
- Não vai adiantar nada fazer isso agora. Ela está machucada demais, você está magoado demais. Não é a hora. – ela estava certa. Larguei-me novamente na cama e chorei, até que minhas lágrimas secaram e só restava o vazio que a falta dela me provocava.
Passei aquela semana muito mal, ainda, pensando em tudo o que tinha acontecido, nas bobagens que eu tinha feito e em como eu faria para recuperar o amor da minha vida. Passei também pela fase da raiva por ela ter sido egoísta e ter pensado somente nela, somente no que ela sentia. Eu a odiei por uns dias, por me fazer sofrer tanto. Mas conforme os dias iam passando, fui percebendo o que ela realmente tinha feito. Ela tinha me dado carta branca para aproveitar tudo isso, até que eu estivesse pronto para me dedicar por inteiro a ela. Só com o tempo entendi que o gesto dela era uma espécie de tábua de salvação para nosso amor. Se ficássemos juntos naquele momento, só nos magoaríamos e acabaríamos por matar o nosso amor.
Depois de conseguir compreender essa sua atitude eu consegui ver uma luz no final do túnel. Eu queria falar com ela, contar que tinha entendido sua atitude, queria ao menos dizer que a amava também e agradecer, mas ela não atendia meus telefonemas. Conversei sobre isso com a Vic e ela me disse para ter paciência. Ambos saberíamos o momento certo de voltarmos a nos ver e falar.
Decidi então fazer o que ela tinha me pedido e fui atrás da minha carreira. Logo estava em Vancouver filmando New Moon, e quase me esqueci do mundo enquanto trabalhava. Eu gostava mesmo daquilo, de ser ator, de poder viver várias vidas de acordo com cada personagem. Minha participação em New Moon era menor do que em Twilight, então não precisei ficar todo meu tempo no Canadá. Acabei por comprar um apartamento em LA – ficava mais perto de Hollywood do que Londres – e fui tocando minha vida.

LA

Era bom não estar em Londres às vezes. Tudo na cidade me lembrava dela e doía saber que ela não estava em meus braços. Passei uma temporada em NY gravando outro filme e lá tive uma boa noção da minha popularidade. Era uma coisa surreal, a qualquer momento e em qualquer lugar tinha alguém me seguindo, tirando fotos, gritando meu nome. Eu não conseguia assimilar tudo aquilo. Por que elas fazem isso?
E as coisas só tenderam a piorar. Fui até atropelado por um táxi enquanto fugia de uma legião de fãs histéricas! Sorte que não aconteceu nada de mais sério. Eu e a Kris íamos a muitos eventos sobre Twiligth e logo os boatos de um relacionamento entre nós tomaram conta da mídia. E não adiantava nada negarmos, dizermos que éramos apenas amigos. Ninguém acreditava mesmo em nós. Eu ainda dava minhas escapulidas com uma ou outra mulher – coisa que não faltava em minha vida agora – mas não era a mesma coisa, por mais que eu tentasse me convencer, não adiantava: nunca era ela.
Minha agenda estava super apertada, correndo de um evento a outro, de uma premiação a outra, de um país a outro. Passei alguns dias em Londres, no verão, mas não conseguia nem sair de casa por causa dos paparazzis. Eu queria simplesmente passear pelo Hyde Park ou dar uma volta na London Eye, mas era impossível.
Voltei para LA e minha vida seguiu entre reuniões, festinhas, algumas mulheres que já não me chamavam mais a menor atenção, filmes e a imensa saudade que eu sentia da minha . Eu acabei ficando muito amigo do pessoal de Twilight, então estávamos sempre indo uns na casa dos outros. Certo dia cheguei na casa da Kris e ela estava triste.
- O que houve?
- Michael terminou comigo.
- Por quê?
- Por sua causa. – ela disse séria, mas depois deu um meio sorriso. – Ele não acredita em mim quando digo que eu e você somos só amigos.
- Que merda, Kris. – eu exclamei. – Posso falar com ele, dizer a verdade mais uma vez.
- Não, Rob. Não precisa. – ela enxugou uma lágrima. – Se ele não acredita em mim, não vai acreditar em você. Entenda, nos conhecemos há mais de quatro anos. Ele deveria saber quando eu digo a verdade.
- Vem cá. – eu disse e a abracei. – Esquece esse idiota então. Se ele não consegue ver a mulher que você é, ele não te merece.
- Wow! – ela exclamou se afastando do meu abraço e olhando para minha cara. – Quem é você, o que fez com meu amigo?
- Cala a boca, Kris! – eu disse meio rindo.
- Não, sério, cara. O que deu em você? Você nunca foi... fofo comigo.
- É, é verdade.
- Ok, o que há de errado?
- .
- Hum.... ela. – ela ajeitou-se no sofá. – Nenhum sinal de esquecê-la?
- Não. Eu até tentei, sabe, mas ela está cravada em brasa no meu peito. – era uma comparação idiota, eu sabia, mas foi o jeito que encontrei para explicar como me sentia. Ela ardia em meu peito e ficaria ali para sempre.
- Vai atrás dela então.
- Tenho medo. E se ela tiver me esquecido?
- Aí ela é quem não te merece.
- Estamos bem arrumados, heim! – eu comentei e ela concordou.
Foi aí que algo aconteceu: ficamos nos olhando por um longo momento, uma idéia maluca passou pela minha cabeça, e pude ver, pela expressão em seu olhar, que ela também tinha pensado na mesma idéia maluca. Começamos a ir um em direção ao outro, chegando mais perto e então...
- Fala pessoas! – Kellan gritou invadindo a sala. – O que estão aprontando aí?
- Nada Kellan. – eu me apressei a responder, antes que ele percebesse o clima que pairava no ar. Por sorte ele era meio lerdinho para essas coisas. – Cadê o resto do pessoal?
- Ah, estão chegando aí.
- Beleza então, vamos lá pra piscina. – disse Kris se recompondo também.
Aquele dia foi muito gostoso, uma galera estava por lá e passamos o dia todo bebendo e nos divertindo. Contudo, quando eu menos esperava, lá estava eu imaginando como seria se eu tivesse beijado a Kris. Era uma idéia maluca, eu sabia, mas ao mesmo tempo parecia tão certa. Nós éramos amigos, nos dávamos bem no set e fora dele. Era algo até que natural se nos envolvêssemos, não era? E ela era gatinha. Não tanto quanto minha , mas tinha uma beleza diferente, meio selvagem, principalmente com aquele cabelo curto ao estilo Joan Jett. Rob, cara! Você está mesmo cogitando a Kris? A sua amiga Kristen? Vai tomar mais cerveja que você ganha mais! E acabei me jogando na piscina para desanuviar um pouco.
Passaram-se mais algumas semanas e então fomos todos a um show da banda do Jackson. Mais uma vez a bebida rolou solta e quando dei por mim, vi o Kellan e a Ashley no maior amasso.
- Olha aquilo, Kris.
- Caramba. – ela riu largamente. – Ele está tentando chegar ao útero dela?
- Bom, é o que parece. – e ambos caímos na gargalhada.
Passou mais um tempo, eu já estava bem alto por causa da bebida, e a Kris também, quando olhamos procurando nossos amigos, mas eles tinham desaparecido. Kris gargalhou e depois se levantou para ir ao banheiro – acho que foi isso que ela tinha dito – mas levantou rápido demais e caiu sentada no meu colo. Voltamos a rir freneticamente e foi aí que percebemos que estávamos perto demais um do outro. Ela tinha as mãos apoiadas em meus ombros e eu segurava sua cintura. Nossos olhos se encontraram, depois fitei sua boca e engoli seco. No segundo seguinte estávamos atarracados um no outro. Seu beijo era muito bom, nossas bocas combinavam e ambos precisávamos um do outro. Ela enroscou as mãos em meus cabelos puxando-os com certa agressividade e eu passeava minhas mãos ansiosamente por suas costas.
- Vamos sair daqui. – eu disse num sussurro, já a arrastando para o banheiro da área vip em que estávamos.
Tranquei o cômodo e quando olhei para ela, ela já estava sem a camiseta. Ataquei-a novamente, colocando-a sentada no balcão da pia. Ah, que sorte, ela está de saia! Livrei-me também da camisa e ela arranhava minhas costas enquanto nos beijávamos avidamente. Enfiei minha mão por baixo da sua saia e arranquei sua calcinha com violência. Ela me olhou com luxúria nos olhos, sorrindo maliciosamente. Abri minha calça e a abaixei junto com a cueca, mostrando a ela que já estava no ponto. Ela escorregou para a ponta do balcão e enlaçou meu quadril com as pernas, deixando o caminho livre para mim. Não tive dúvidas e a possuí ali mesmo, numa necessidade descontrolada. Eu cheguei ao orgasmo primeiro que ela, mas como não queria deixá-la insatisfeita, usei meus dedos para estimulá-la até que ela também chegou ao clímax. Quando terminamos ali estávamos descabelados e suados, mas relaxados por termos conseguido o que queríamos. Nos arrumamos e voltamos para nossa mesa cerca de meia hora antes do show terminar.
Tenho que confessar que ficar com a Kris foi muito bom. A garota manda muito bem e, como eu imaginava, por trás daquela carinha inocente de Bella, existe uma gata selvagem.
Passamos a nos encontrar com mais freqüência – claro, quando não estávamos sendo seguidos nem nada disso – e cada vez era uma coisa diferente. Não tinha muito a ver com sentimentos românticos, era mais uma curtição sem compromisso. Dava vontade, a gente se via e boa. Ela estava com esse mesmo pensamento, então não precisávamos nos preocupar em ferir os sentimentos um do outro. Claro que para todos os efeitos e para a mídia, nós continuávamos como apenas bons amigos.
Em meados de agosto fomos de mudança para Vancouver, onde filmaríamos o terceiro filme da saga: Eclipse. Eu estava curtindo muito fazer o papel do Edward. Claro que de tempos em tempos eu pensava que seria lembrado, durante muito tempo, pelo meu papel de vampiro, mas eu me empenharia em fazer outros tipos de filmes para provar que era um bom ator, capaz de encarnar qualquer personagem.
No Canadá a perseguição da mídia foi feroz também. Eu e a Kris não podíamos por os pés na recepção que uma chuva de flashes caía sobre nós. Éramos quase obrigados a ficar presos no hotel quando não estávamos no set filmando. Quando decidíamos sair, tínhamos que fazer toda uma preparação para enfrentar o que viria. Por isso saímos tão pouco durante as gravações, o que acabou deixando uma certa fama de anti-sociais. Mas, puta merda, não conseguíamos nem ir até a recepção sem sermos notados, que diria dar uma volta pela cidade! Essa realmente era a parte mais desgastante do estrelato. Claro que aproveitávamos nosso tempo de outra maneira, bem interessante diga-se de passagem, mas eu tinha necessidade de ter uma vida normal outra vez, poder andar de pedalinho no lago do Hyde Park ou passear tranquilamente pela London Eye.
Ah, sempre que eu pensava em Londres a imagem da vinha a minha mente. Onde ela estaria? O que estaria fazendo? Estaria feliz? Teria encontrado alguém que lhe fizesse feliz? Eram tantas as perguntas sem resposta! Eu sabia que a Vic continuava falando com ela, ao menos por email, mas não tinha coragem de perguntar a ela como minha estava.
Mal terminamos as filmagens de Eclipse e começaram os eventos sobre New Moon. Entrevistas, fotos promocionais, premieres, divulgação e tudo o mais. Além disso, ainda tinham premiações e eventos sobre Twilight ocorrendo. Tudo na minha vida estava num ritmo acelerado, e eu confesso que comecei a ficar um pouco cansado. Quando tinha uma folga de gravações eu me dedicava às milhares de cartas que eu recebia. De vez em quando me dava até desânimo ao ver aquele mundo de envelopes, mas depois respirava fundo e me dedicava a elas, afinal de contas, eu só era o sucesso que era por causa dos fãs, do público. Sem eles, nenhum ator se mantém. Eu encontrava de tudo naquelas cartas, mas o mais comum eram os pedidos de casamento e namoro. Meninas do mundo inteiro sonhavam comigo. Ou melhor, com o Edward, já que nenhuma delas realmente me conhecia, nenhuma delas sabia quem era o Robert. Se soubessem, na certa metade delas desistira de mim.
Veio finalmente o final do ano e voltei para Londres para ficar com minha família. Liz estava muito bem no cenário musical, Vic tinha seu próprio negócio para gerenciar e meus pais continuavam com seus trabalhos. Ninguém podia reclamar das suas vidas, mas eu ainda assim me sentia incompleto.
Na noite de Natal fiquei bastante deprimido, pois as lembranças do meu último natal, com ela, ainda estavam muito vivas em mim. E logo depois veio o dia do seu aniversário – como foram bons aqueles dias na pousada, só nós dois, sem imprensa, fãs ou inseguranças – e a virada do ano.
- Rob?
- Oi, Vic.
- O que você tem?
- Ah, Vic! Eu estava me lembrando de como estava feliz ano passado nessa época. Ela estava comigo, estávamos bem, estávamos felizes.
- Você ainda a ama, Rob?
- Mais do que eu consigo suportar. Eu tento me distrair, não pensar, não sentir, mas ela é uma presença constante em mim. – olhei para ela e fiz a pergunta que estava entalada na minha garganta. – Ela está bem?
- Sim. Pelo pouco que ela fala, está indo bem. Ela está morando em Nova York.
- Como assim? – eu nem fazia idéia de que estávamos no mesmo país.
- Pois é. Mudou-se em agosto ou setembro. Conseguiu uma promoção no escritório em que trabalhava lá no Brasil e foi de mala e cuia para NY.
- Então ela conseguiu se realizar na profissão. – e minha voz saiu com um misto de alegria por saber das suas conquistas e tristeza por não ter participado dessa fase. Mas eu ainda precisava saber mais, mesmo que fosse para sofrer. – E como ela está? Digo, pessoalmente?
- Bom, até onde eu sei, ela não está com ninguém especificamente. – Vic fez uma pausa vendo minha expressão de incredulidade com alegria e ansiedade. – Ela ainda te ama, Rob.
- O que eu faço, Vic? Seria capaz de morrer por ela.
- Não precisa chegar a tanto – ela riu. – Você está pronto para abrir mão de algumas coisas a fim de ficar com ela? Essa é a questão, maninho. Você precisa estar seguro da sua vida para poder estar inteiro para ela. – ela disse isso e deixou-me sozinho com meus pensamentos.
Já fazia um bom tempo que eu não me interessava mais por mulheres e bebidas e reuniões que acabavam em bordéis de luxo. Eu tinha minhas escapulidas com a Kris, mas até onde eu pude perceber, viveria muito bem sem isso. De repente me mudar pra NY? A idéia não me desagrada nem um pouco. Desde que eu não tenha que ser atropelado. Uma chama muito forte de esperança se acendeu em meu peito, sim, eu estava pronto para fazer concessões.
Voltei para LA decidido a ir procurar por ela. Tinha alguns compromissos já assumidos para realizar, mas no mais tardar na metade de janeiro eu falaria com ela. Liguei para Vic, para saber o endereço dela e eis que surge a novidade de que ela estaria em Londres no começo de março. Isso era perfeito. O reencontro na cidade onde tudo começou.
Mas antes de voltar com ela, eu tinha que conversar com outra pessoa.
- Kris?
- Oi, Rob!
- Preciso conversar com você.
- Claro, eu também, na verdade.
Marcamos na casa dela e eu fui para lá, ensaiando as palavras para dizer a ela que nossas ficadas teriam que acabar.
- Nossa, homem, que ansiedade é essa? – ela perguntou quando passei voando pela porta.
- A gente precisa conversar. – eu disse me jogando no sofá. – Alguns fatos novos mudaram algumas coisas e terei que tomar algumas decisões e...
- Credo! Quantos “alguns” e “algumas”. – ela riu, mas parecia nervosa também.
- Você está agitada também. Aconteceu alguma coisa?
- É, aconteceu. – ela fez uma pausa. – Michael veio me procurar. Ele meio que quer voltar comigo.
- Jura? Mas isso é ótimo! – eu explodi de alegria, eu não a magoaria então. Mas daí percebi que minha reação tinha deixado-a confusa. – Bom, quer dizer, é ótimo se você quiser voltar com ele. Você quer?
- Er...bom... quero Rob! Ai desculpe se eu vou te machucar, mas você sempre soube que eu o amava e que sempre senti falta dele, mas não pense que estava com você só para esquecê-lo, mas é que nós dois nos demos bem e...
- Respira Kris! – eu não conseguia segurar o riso. – Eu estou realmente, de verdade, muito feliz que você ainda queria o Michael e tudo o mais.
- Está? – ela ainda se recuperava da rajada de palavras que tinha disparado. – O que aconteceu com você?
- . – eu disse com um sorriso enorme.
- Vocês voltaram? – e eu via a alegria genuína em sua voz.
- Ainda não, mas Vic me contou que ela está morando em NY e que ela ainda me ama e que está solteira... – pausa para respirar. – Então eu vou atrás dela. Vou fazer dar certo dessa vez.
Ela se jogou em meus braços e me apertou com alegria. Ambos sabíamos que entre nós o que prevalecia era a amizade e estávamos realmente felizes pela felicidade um do outro.
Aquele mês e meio demorou para passar, conforme eu imaginava que seria, já que é exatamente o que acontece quando você quer que o tempo passe voando. Mas finalmente o mês de março chegou e eu fui para Londres. estaria lá para o casamento do Hank.

Londres

Vic ficou encarregada de sondar o terreno, para ter certeza de que ela ainda me amava mesmo, e foi o que fez, passando um bom tempo com ela.
- Como foi? – eu perguntei desesperado quando minha irmã entrou em casa.
- Ela ainda te ama. – Vic respondeu risonha. – E ficou muito emocionada por saber que você só é esse cara feliz e radiante quando está com ela.
- Quando poderei encontrá-la? Hoje? Amanhã?
- Calma, criatura! – ela riu divertida. – Hoje e amanhã as atenções dela estarão voltadas para o Hank. Como ela vai embora daqui três dias, acredito que ela vai usar o último dia, ou seja, depois de amanhã, para se despedir da cidade.
- Vou ter que esperar tudo isso?
- Rob! Está até parecendo criança em véspera de Natal!
Minha irmã estava certa. Eu tinha que ter calma e controlar minha ansiedade. Mas esperar mais um dia inteiro era muita tortura, tendo-a tão perto de mim!
O dia seguinte arrastou-se muito lentamente, a única coisa que me acalmou foi o piano, passei quase o dia todo tocando. E já fazia tanto tempo que não tocava! Realmente, a vida tinha outro brilho quando minha doce fazia parte dela. Finalmente o dia acabou e eu resolvi tomar alguma coisa para dormir, caso contrário passaria a noite toda acordado e estaria um caco no dia seguinte.
Levantei não muito cedo, tomei o café com minha família e fui importunar a Vic.
- Rob, eu já tenho tudo combinado com a Claire, ok? A ainda não levantou. Mas assim que ela sair de casa, a Claire vai me ligar.
Mais algum tempo se passou e finalmente o telefone tocou. Vic me deu sinal verde e eu saí porta afora. Nem liguei para os paparazzis que estavam espionando minha vida. Nada me impediria de rever o amor da minha vida naquela tarde. Por um segundo, eu me peguei pensando que não tinha a menor idéia de onde ela poderia estar, já que não disse aonde ia exatamente. Mas minha intuição me dizia que ela estaria lá no parque, onde tivemos nosso primeiro encontro formal.
Deixei o carro e comecei a correr os olhos pelo local. Foi quando a vi, caminhando lentamente às margens do lago. Estava tudo congelado, pois ainda era inverno, mas nem isso tirava o encanto do lugar. Justamente por estar frio, havia poucas pessoas no parque, o que facilitaria minha vida.
Segui pelo caminho que ela fazia, eu estava muito perto dela já, se bobear, poderia até sentir seu calor. Ela parou para observar o lago, então me aproximei mais no exato momento em que uma rajada de vento passou por mim e seguiu para ela.


Capítulo 12 – Reencontro

’s POV


Não, não podia ser! Aquele era o cheiro dele. Devo estar surtando de vez agora! Talvez vir para Londres não tenha sido a melhor idéia. Outra rajada de vento atravessou meu corpo e intensificou o cheiro. Meu corpo estremeceu, mas não de frio. Fui inundada pelas lembranças daquele homem, do meu homem, do amor da minha vida. Escutei um barulho leve atrás de mim e finalmente me virei, permanecendo estática no mesmo momento.

Rob’s POV

Percebi que ela tinha ficado rígida com a lufada de ar. Será que sentia meu cheiro? Queria que o vento mudasse de direção para eu poder sentir o dela. Outra rajada de ar passou por mim, mais forte e com certeza agora meu cheiro chegaria até ela. Ela continuava parada, olhando para o lago. Bom, vou me aproximar então. Não agüento mais essa angústia toda. Pisei num galho seco e este se partiu ao meio, provocando um leve estalo. Foi nesse momento que ela se mexeu e começou a se virar, colocando-se de frente para mim. Apenas alguns metros nos separavam, e eu não consegui me mover quando olhei para seu rosto de anjo e seus olhos hipnotizantes.

’s POV

Agora eu estava tendo alucinações! Porque, bem diante de mim, lá estava ele.
- Rob? – eu me senti uma idiota ao fazer aquela pergunta, e se não fosse ele? E se fosse outra pessoa? Ou, pior ainda, e não tivesse ninguém ali?
- . – ele respondeu com sua voz de veludo. Meu coração parecia sair pela boca, de tanto que pulava em meu peito.
Ele então começou a se mover, encurtando a distância entre nossos corpos e parou a centímetros de mim. Ergueu gentilmente a mão e acariciou o meu rosto com as costas dos dedos. Eu tremia de nervoso, de medo, de alegria, de felicidade. As emoções corriam num turbilhão em minha mente e sem que eu percebesse ou pudesse evitar, lágrimas inundaram minha face. Ele olhou fundo em meus olhos, pude ver que ele também enfrentava um tsunami de sentimentos, e então atendendo às súplicas da minha alma ele me pegou em seus braços e me abraçou forte, muito forte, como se quisesse me manter ali para sempre.
- Ah, Deus! – ele exclamou em meus cabelos. – Como eu senti a sua falta! – aquelas palavras acertaram em cheio meu peito: então ele também sentia minha falta, então ele também estava com saudade. Eu queria fechar meus braços ao seu redor e travá-los ali, impedindo que nossos corpos se separassem outra vez; queria selar meus lábios naquela boca e matar toda a vontade que eu estava dele.
- Rob... – mas foi só isso que consegui fazer: dizer seu nome.
Ele afastou-se um pouco, vi que seus olhos estavam marejados, brilhando de emoção e depois ele segurou meu rosto entre suas mãos.
- Por favor, por tudo o que for mais sagrado para você... – ele fez uma pausa. – ...prometa-me que nunca mais vamos ficar separados desse jeito. Eu não suportaria ficar longe de você outra vez. Eu te amo.
- Nunca mais. – eu disse finalmente, enquanto mais lágrimas rolavam pela minha face. – Eu amo você. Eu te amo tanto.
E então, depois de muito tempo nossos lábios finalmente se encontraram num beijo repleto de saudade, de desejo, de necessidade, de paixão, amor. Nos afastamos para respirar e ele me pegou no colo, nos girando na neve, comemorando nosso reencontro.

Rob’s POV

Ela tinha dúvidas em seu olhar, pude notar isso. O que estaria pensando naquele momento? Será que talvez Vic tenha se enganado e ela não quisesse me ver?
- Rob? – sua voz doce cortou meus pensamentos e pude me deliciar com aquele som tão desejado, tão nítido, tão lindo.
- . – eu respondi emocionado e caminhei em sua direção.
Parei a alguns centímetros de distância de seu corpo, podia sentir seu hálito de fruta e percebi sua respiração um pouco ofegante. Ela estaria tão nervosa quanto eu? Delicadamente acariciei seu rosto com as costas dos meus dedos – ah, a sensação de tocar aquela pele macia e sedosa – e não desviei meus olhos dos seus. Parecia que uma avalanche de sentimentos passava em sua mente, do mesmo modo que meu corpo era inundado de emoções por ter aquela mulher, a minha mulher, o meu amor ao meu alcance novamente. Lágrimas escaparam de seus olhos gentis e foi o suficiente para que meu corpo a abraçasse com força, mantendo-a ali, sob minha proteção para sempre.
- Ah, Deus! – como era bom senti-la em meus braços outra vez. – Como eu senti sua falta! – como eu tinha suportado passar meus dias sem ela? Eu nunca mais deixaria que ela saísse do meu lado. Ela estreitou seus braços ao meu redor, como se também quisesse me prender a ela. Ah, ela era tudo o que eu precisava. Só com ela eu conseguiria ser feliz de verdade.
- Rob... – ela sussurrou baixinho, emocionada demais.
Afastei-me um pouquinho, com muito custo, para olhar fundo em seus olhos, para ler em seus olhos que suas emoções eram as mesmas que as minhas. Nem me importei em demonstrar minhas lágrimas de alegria: minha felicidade transbordava por meus olhos. Segurei seu rosto entre minhas mãos.
- Por favor, por tudo o que for mais sagrado para você... – pelo amor de Deus. – ...prometa-me que nunca mais vamos ficar separados desse jeito. Eu não suportaria ficar longe de você outra vez. Eu te amo.
- Nunca mais. – ela disse, deixando as lágrimas inundarem sua face. – Eu amo você. Eu te amo tanto. – era o que eu precisava ouvir.
Selei nossos lábios em um beijo repleto de saudade, de desejo, de necessidade, de paixão, de amor. O gosto do reencontro era muito melhor do que o gosto da descoberta. Eu beijaria aquela boca para sempre. Tivemos que nos afastar para respirar e então a peguei em meus braços, levantando-a do chão e comecei a girar sobre a neve, comemorando nosso reencontro.

’s POV

Depois de nos girar feito crianças ele me abaixou lentamente, sem desgrudar os olhos dos meus. Deu um beijo em minha testa e me puxou para junto de seu corpo outra vez.
- Meu amor, me perdoe! – senti a dor em sua voz. – Eu fui um completo idiota, eu estava deslumbrado demais com as novidades e eu me perdi. Eu...
- Rob... – o interrompi, levantando minha cabeça para olhar em seus olhos. – ...eu sei disso. Eu sei de tudo isso. E eu só tomei a atitude que tomei porque era a coisa a certa a se fazer naquele momento. – subi minha mão até seu rosto, para poder tocar aquela pele macia. – Eu sinto muito ter feito você sofrer, mas se eu não me afastasse naquela hora, hoje nós não estaríamos aqui.
- Oh, céus, sinto tanto por ter deixado as coisas chegarem ao ponto que chegaram. Eu nunca quis te magoar.
- Eu sei, meu amor. Eu sei. – estiquei-me para lhe dar um beijo. – Só me prometa que não vai ser idiota outra vez. – e eu sabia que tudo ficaria bem dali para frente.
- Nunca mais. – ele sorriu e me beijou de novo.
Nos abraçamos mais uma vez e então pude ver que havia algumas câmeras fotográficas mirando em nossa direção.
- Er... Rob?
- Hum?
- Acho melhor sairmos daqui. – ele abriu os olhos para me olhar. – Seremos capa dos tablóides de amanhã. – eu disse indicando os paparazzis.
- Não me importo. – ele sorriu se aproximando de meu rosto. – Quero que o mundo inteiro saiba que eu amo você. – ele disse antes de me dar um beijo, deitando-me em seus braços como numa cena de filme. – Pronto. – ele disse quando voltamos à posição normal. – Agora eles terão matéria para alguns dias. Mas acho que é melhor sairmos daqui, antes que eles resolvam se aproximar demais.
Ele passou o braço pelos meus ombros e fomos em direção ao seu carro. De lá fomos para o “nosso” hotel, para ficarmos realmente sozinhos. Durante o trajeto ele ligou e reservou uma das suítes mais luxuosas – ele queria a nupcial, mas estava ocupada – e pediu champanhe e morangos. Ele me olhou dos pés à cabeça com aquele olhar safado e um arrepio percorreu minha coluna. Retribuí o olhar mordiscando meu próprio lábio e dando um meio sorriso malicioso.
Finalmente chegamos a nossa suíte. Ele trancou a porta e foi direto para a garrafa de champanhe. Estourou-a e serviu as duas taças.
- Ao nosso reencontro. – ele disse.
- Ao nosso amor. – eu sorri e brindamos.

Rob’s POV

Abaixei-a lentamente, olhando fixamente em seus olhos e vendo a alegria naquele olhar. Dei-lhe um beijo na testa e a puxei para junto do meu corpo, para mantê-la ali. Eu ainda tinha que pedir desculpas.
- Meu amor, me perdoe! – eu disse, sentindo minha voz estremecer com a dor que lhe fiz sentir. – Eu fui um completo idiota, eu estava deslumbrado demais com as novidades e eu me perdi. Eu...
- Rob... – ela me interrompeu, desencostando a cabeça de meu peito e olhando-me nos olhos. – ...eu sei disso. Eu sei de tudo isso. E eu só tomei a atitude que tomei porque era a coisa a certa a se fazer naquele momento. – ah, Deus, magoei-a tanto com minhas atitudes infantis. Ela segurou meu rosto em suas mãos – e como era bom sentir seu toque em minha pele. – Eu sinto muito ter feito você sofrer, mas se eu não me afastasse naquela hora, hoje nós não estaríamos aqui.
- Oh, céus, sinto tanto por ter deixado as coisas chegarem ao ponto que chegaram. Eu nunca quis te magoar. – ela não podia se culpar pelo que aconteceu. A responsabilidade era toda minha.
- Eu sei, meu amor. Eu sei. – ela disse, compreensiva e esticou-se para me beijar mais uma vez. – Só me prometa que não vai ser idiota outra vez. – ela sorriu e eu soube, naquele momento que tudo ficaria bem dali para frente.
- Nunca mais. – eu sorri sincero e beijei-a novamente.
Abracei-a novamente, mantendo-a perto de mim, e fechei os olhos para absorver melhor o perfume de seus cabelos, o calor do seu corpo, o toque de sua pele.
- Er... Rob? – sua voz era como música para meus ouvidos.
- Hum?
- Acho melhor sairmos daqui. – heim? Abri meus olhos para fitá-la. – Seremos capa dos tablóides de amanhã. – ah, claro, tinha me esquecido completamente de que cada passo que eu dava fora da minha casa era ardilosamente espionado.
- Não me importo. – não, naquele momento eu não me importava realmente, não com ela ao meu lado. Sorri. – Quero que o mundo inteiro saiba que eu amo você. – e então inclinei-me para beijá-la teatralmente. – Pronto. – eu disse quando voltamos à posição normal. – Agora eles terão matéria para alguns dias. Mas acho que é melhor mesmo sairmos daqui, antes que eles resolvam se aproximar demais.
Envolvi-a por um braço e caminhamos para o carro. Eu sabia muito bem para onde a levaria, a fim de podermos conversar tranquilamente o tempo que fosse necessário. No caminho eu liguei para o hotel e reservei uma das suítes – eu queria a nupcial, já que ela merecia no mínimo isso, mas já estava ocupada – sem me esquecer da garrafa de champanhe e dos morangos – que eu sabia que ela gostava. Só de pensar que em alguns minutos estaríamos completamente sozinhos meu corpo se animou. Olhei-a de cima a baixo com um ar safado e ela me olhou de volta, mordendo o lábio inferior e dando aquele meio sorriso que me matava. Ambos sabíamos o que queríamos ali.
Finalmente chegamos a nossa suíte. Avisei que não queríamos ser interrompidos e em seguida tranquei a porta. Estourei a champanhe e servi nossas taças, levantando meu copo em um brinde
- Ao nosso reencontro. – eu disse.
- Ao nosso amor. – ela sorriu e brindamos.

’s POV

Depois daquele gole ele me olhou muito intensamente, era quase como se tirasse minha roupa com os olhos. Imediatamente meu corpo recebeu uma descarga de hormônios e o desejo invadiu cada célula do meu ser. No segundo seguinte eu estava atarracada em seu pescoço e minha boca pressionava a sua. Ele me envolvia com um dos braços – já que ainda segurava a taça numa das mãos – enquanto retribuía o meu beijo. Aquele beijo foi bastante intenso e só nos afastamos para respirar um pouco e deixar nossos copos sobre a mesinha. Ele me olhava com desejo e eu sabia que era o que meu olhar emanava. Dessa vez foi ele quem me atacou, passando uma das mãos em minha cintura, enquanto a outra alojava-se em minha nuca, segurando firmemente meus cabelos e mantendo nossas bocas coladas. Sua língua pedia passagem entre meus lábios e eu cedi prontamente, louca para saborear seu gosto misturado ao da bebida. Meus braços estavam ao redor do seu pescoço e minhas mãos brincavam com seu cabelo cuidadosamente bagunçado. Ele estava nos conduzindo pelo quarto até que me prensou contra uma das paredes. Sua boca desceu pelo meu pescoço e ele começou a tirar meu casaco.
- Peraí, peraí, peraí. – eu disse afastando-o de mim um pouco.
- O que foi? – ele parecia confuso.
- Desligar celulares antes de mais nada. – eu disse, com um sorriso divertido.
- Muito bem lembrado. – ele sorriu tirando o aparelho do bolso e o deixando sobre a mesinha, junto com um preservativo – sorri com a expectativa daquela hora – enquanto eu ia até minha bolsa. Ele voltou correndo para me abraçar por trás e colou seus lábios em meu ouvido. – Onde estávamos mesmo? – outra onda de arrepios percorreu meu corpo. Eu girei em seu abraço e desci seu casaco de uma só vez pelos seus braços. – Ah é. Hora de tirar a roupa. – sorriu e me beijou outra vez.
Não tivemos muito cuidado com nossas roupas, na verdade. A urgência que nossos corpos sentiam era grande demais para sermos delicados com botões. Em menos de dois minutos estávamos apenas com nossas peças íntimas. Ele me encostou numa cômoda, me fazendo sentar nela e depois prendi minhas pernas ao redor do seu quadril. Suas mãos percorriam meu corpo avidamente enquanto minha boca brincava em seu pescoço.
Foi nessa hora que ele se livrou do meu sutien enquanto eu descia sua cueca, fazendo-a escorregar por suas pernas, e eu o ajudei a nos livrarmos da minha calcinha. Eu já sentia toda a excitação dele e meu corpo teve outra descarga de hormônios quando nossos se tocaram completamente.
Minha respiração estava ofegante e meu corpo todo tremia ao seu toque. Ele corria sua língua por todo meu colo, por meus seios e veio parar ao pé do meu ouvido, dando aquela mordidinha fatal no lóbulo da minha orelha. Eu gemi gostoso e ele me apertou ainda mais contra seu corpo. Eu desci da cômoda, ficando de pé em sua frente e novamente me girei em seu abraço, encostando minhas costas em seu peito. Ele inclinou a cabeça para acariciar meu pescoço enquanto suas mãos ficavam livres para acariciar meus seios e minha “menina”. Passei minhas mãos para trás, até encontrar seu bumbum e puxar seu quadril mais forte contra meu corpo. Ele suspirou mais forte em meu ouvido, entendendo meu desejo. Correu até a mesinha e pegou o preservativo, voltando imediatamente enquanto o colocava.
Ele voltou a beijar meu pescoço e nuca e depois arqueou um pouco seu corpo sobre o meu, passando um dos braços por cima dos meus seios, deixando sua mão sobre um deles, e passou o outro braço pelo meu ventre, dominando completamente meu corpo. Eu apoiei meus braços na cômoda à minha frente e esperei que ele me penetrasse. Seu movimento começou cuidadoso, ajustando-se a nossa posição conchinha, mas depois ele foi acelerando e aumentando a força. Sua boca dizendo algumas obscenidades ao meu ouvido me deixaram louca de tesão, mas ainda não era o suficiente para que eu chegasse ao clímax. Soltei uma das mãos da beirada da cômoda e conduzi a dele para onde eu queria, conduzindo seus movimentos e aí sim, conseguimos chegar ao mesmo tempo no auge do nosso desejo.
Minhas pernas ficaram um pouco bambas depois da descarga de hormônios, ele sentiu isso, sorriu convencido ao meu ouvido, me girou e me pegou no colo, me levando para a cama. Eu me joguei de bruços em seu peito e entrelaçamos nossas pernas entre os lençóis. Ficamos um tempo em silêncio, absorvendo aquele sexo puramente instintivo.
- Você continua me surpreendendo a cada minuto. – ele disse depois de um tempo.
- Por quê? – eu sorri maliciosa. – Só porque dei uma variada na posição?
- Também. – ele disse depois de uma gargalhada gostosa. – Mas principalmente porque conseguiu ler meus pensamentos. – eu olhei curiosa para ele. – Sim senhora. – ele sorriu. – Morria de vontade de transar assim com você.
- Não morra de vontade no próximo desejo então. – eu sorri libidinosamente. – Estou aberta a negociações. – e ambos rimos muito.

Rob’s POV

Terminei meu gole do brinde e meus olhos caíram sobre ela. Meu corpo tinha necessidade dela, de sentir sua pele se arrepiando, sua respiração ofegar, seu corpo tremer. E pelo que pude perceber, ela sentia o mesmo, pois dois segundos depois estava atarracada em meu pescoço e sua boca pressionava a minha. Eu ainda tinha a taça em minha mão, mas nem por isso eu deixaria de abraçá-la e beijá-la de volta, com toda intensidade. Meu corpo inteiro ficou consciente dela em meus braços e somente interrompemos aquele beijo para respirar. Aproveitamos essa brecha para nos livrarmos dos copos. Eu sabia que meu olhar ardia de desejo e foi exatamente isso que vi nos olhos dela. Um desejo urgente. Fui para cima dela, segurando sua cintura com um dos braços e sua nuca com o outro, enroscando meus dedos em seus cabelos e aproximando ainda mais nossos corpos. Nosso beijo era ardente e eu posicionei minha língua entre seus lábios, ansioso por sentir novamente seu gosto, aquele gosto que me inebriava. Ela mantinha os braços em volta do meu pescoço e bagunçava meu cabelo com os dedos. Fui andando pelo quarto, quase sem ver para onde a estava levando e então encontrei uma parede, contra a qual a pressionei com meu corpo. Meu desejo era iminente e desci minha boca para seu pescoço, descendo minhas mãos para tirar aquele casaco dela.
Ela me impediu e eu fiquei confuso por um minuto, mas depois ela explicou: celulares off! Nada nem ninguém iria nos interromper daquela vez. Tirei meu celular do bolso da calça e o desliguei aproveitando para já deixar um preservativo à mão, enquanto ela foi até a bolsa e fez o mesmo com o dela. Eu não conseguia ficar mais longe dela, então nem esperei que ela voltasse, fui correndo em sua direção e a abracei por trás. Hum... essa seria uma boa posição.
Voltamos a nos preocuparmos com beijos e passamos a nos concentrar em tirar nossas roupas. Dessa vez ela não ficou brincando muito com os botões da roupa, nossa vontade de recuperar o tempo perdido era maior do que qualquer capricho naquela hora e em menos de dois minutos estávamos apenas com as roupas de baixo. Ah, como ela era linda! Eu voltei a atacá-la e a conduzi até uma cômoda, puxando suas pernas e fazendo com que ficasse sentada ali. Ela logo cruzou suas pernas ao redor do meu quadril, puxando meu corpo de encontro ao seu. Nessas horas eu já estava que não me agüentava e meu “amigo” estava pronto para entrar em ação assim que fosse requisitado. Eu deslizava minhas mãos por toda a extensão das suas costas enquanto sua boca se deliciava com meu pescoço. Rapidamente eu me livrei de seu sutien e, quase ao mesmo tempo ela passou mão pelo cós da minha cueca e a fez descer pelas minhas pernas; depois ela me ajudou a nos livrarmos da última peça de roupa. Ela voltou a prender meu quadril com suas pernas e nossos corpos se encontraram completamente. Pai do céu, ela me enlouquecia das mais diferentes maneiras.
Percebi que sua respiração estava ofegante e seu corpo todo tremia enquanto eu percorria minha boca por seu colo, seu pescoço, seus seios firmes e macios. Voltei até seu ouvido e dei aquela mordidinha básica no lóbulo da orelha. Ela não segurou o gemido e nos apertamos mais um contra o outro. Meu corpo tremeu ao ouvir seu gemido de prazer. Foi depois disso que ela desceu da cômoda e para meu espanto, ela girou em meu abraço, ficando em posição de conchinha. Ela está mesmo querendo o que eu acho que ela está querendo? Sempre desejei possuí-la nessa posição, mas nunca tinha dito nada. Desci minha boca para seu pescoço e a envolvi com meus braços, deixando que um se encarregasse dos seios enquanto outro faria pressão em seu ventre, e minha mão teria total liberdade de movimentos “nela”. Ela então escorregou seus braços para trás, encontrando meu bumbum e forçando meu corpo contra o seu. Ah, céus, era isso mesmo que ela queria. Corri até a mesinha e peguei a camisinha, já a colocando enquanto voltava até ela.
Beijei sua nuca e pescoço e depois arqueei um pouco meu corpo sobre o seu e fui me preparando para aquele momento, encaixando nossos corpos. Com o braço que estava mais para cima eu fiz carícias em seus seios e com o que estava mais para baixo eu passei a dar atenção a “ela”. apoiou seus braços na cômoda, dando a sustentação necessária aos nossos movimentos. Com muito jeitinho eu comecei a penetração e logo estava completamente dentro dela. Ela soltou outro gemido de prazer e então fui acelerando o movimento, deixando-o mais firme e profundo. Eu passei a dizer coisas picantes em seu ouvido e podia sentir que ela estava quase chegando ao clima, mas ainda faltava alguma coisa. Foi aí que ela liberou uma das mãos e pegou a minha, conduzindo-a para o caminho certo para fazê-la delirar. Estávamos em total sintonia ali e juntos chegamos ao êxtase pleno.
Pude sentir que suas pernas bambearam depois da descarga de hormônios e não pude evitar abrir um sorriso convencido – mal sabia ela que minhas pernas também tinham falhado por um momento – mas depois eu a peguei no colo e a carreguei até a cama. Eu deitei de costas e ela debruçou sobre meu peito, enroscando nossas pernas com o lençol. Passamos algum tempo apenas nos recuperando daquele sexo puramente instintivo e acabei confessando minha fantasia secreta que tinha acabado de ser realizada. Ela riu com isso e disse que estava sempre aberta a negociações. Ok, eu exploraria isso depois e ambos rimos muito.

’s POV

Acabamos adormecendo depois daquele gasto de energia e foi um dos melhores sonos da minha vida, nos braços do homem que eu amava. Acordei algumas horas depois e não o encontrei na cama. Sentei no colchão e fui encontrá-lo numa poltrona perto do pé da cama.
- O que está fazendo aí, longe de mim? – eu disse manhosa.
- Só estava te observando dormir. – ele sorriu e veio ao meu encontro. – Você estava tão serena que não tive coragem de te acordar.
- Ah, que fofo! – eu brinquei e dei um selinho. – Nossa, que horas são? Já escureceu. – eu disse depois de olhar pela janela do quarto.
- Hum, já passa das 19h. – ele respondeu. – Por quê? Tem algum compromisso te esperando? – e seu tom era brincalhão.
- Não. Nenhum. – eu parei e olhei para ele com segundas intenções. – A menos que você arrume algum compromisso para nós. – ele não respondeu, apenas aproximou-se mais e me beijou o pescoço.
- Então estou arrumando um, nesse exato momento. – e beijou minha boca de modo muito sensual. Eu retribuí o beijo, mas consegui me afastar antes de cair nas suas redes de sedução. – O que foi?
Eu não respondi. Fui até minha bolsa, liguei meu celular e disquei o número de Harry.
- Oi, Harry.
- ! Graças a Deus você deu sinal de vida.
- Calma. Está tudo bem.
- Onde você está?
- Estou com o Rob.
- Como é?
- Ele me achou no meio do meu passeio de despedida e bom, estamos juntos agora.
- Sei. Eu aqui morrendo de preocupação e você namorando. – ele riu. – Vai voltar para casa hoje?
- Hum, acho que não, Harry. Nós vamos jantar agora e depois... – eu disse sorrindo torto pro Rob. Ele fez a maior cara de safado.
- Ok, não preciso dos detalhes.
- Bobo. – eu ri de volta para ele. – Não se preocupem, ok?
- Ahã. – mas ele hesitou um pouco. – , só... tome cuidado, ok? Não quero que se machuque outra vez.
- Pode ficar tranqüilo, pai. – e ri ao pronunciar a palavras. – Vai ficar tudo bem.
Desliguei o aparelho e Rob me olhou curioso.
- O que foi?
- Quer dizer que agora temos um jantar e depois...?
- Exatamente. Agora nós temos um jantar e depois... bom, ainda temos muitas saudades para matar. – ele não disse nada, apenas sorriu e veio me abraçar. A sensação de tê-lo novamente perto de mim era indescritível. Sentir seus braços ao meu redor, o seu cheiro, a maciez da pele, a quentura de seu corpo. Era, definitivamente, a melhor sensação do mundo.
Vesti um dos roupões do hotel – Rob já estava vestindo o dele – e ele fez o pedido para nosso jantar. Enquanto esperávamos pelos pratos conversamos muito sobre nosso último ano. Contei minhas novidades como a mudança para NY e a gravidez de minha mãe, e até do surto que tive quando vi o trailer de New Moon; ele riu horrores. Ele contou sobre a pressão que sofria, os incidentes em NY e seu caso com a Kris. Não me surpreendi, realmente. Foi algo parecido com o que rolou entre o Gustavo e eu.
- E esse Gustavo não se apaixonou por você? – ele perguntou incrédulo.
- Não. – e fiz uma pausa rindo. – Do mesmo jeito que a Kris não se apaixonou por você.
Ele ia dizer alguma coisa, mas nossa comida chegou. Passamos o jantar todo ainda falando daquele ano que passamos separados. E o melhor de tudo foi perceber que não doía falar sobre aquilo. Sabíamos agora que esse tempo tinha sido essencial para que estivéssemos ali, naquele momento, juntos e felizes.
- Ops! – ele exclamou depois de olhar a mesa com a comida. Eu só fiz minha cara de interrogação e ele respondeu. – Eu me esqueci da sobremesa.
- Tudo bem, nós nos esquecemos dos morangos quando chegamos. – e fui buscar a vasilha com as frutas. Dei uma mordida em um deles. – Hum... está uma delícia. – e dei outra mordida.
- Ah é? – ele se aproximou. – Deixe-me provar também. – e beijou minha boca com o pedaço da fruta. – Muito bom mesmo. – e atacou minha boca com gosto de morango. Suas mãos já passeavam pelas minhas costas e sua boca deslizava pelo meu pescoço.
- Calma, Rob! – eu disse rindo. – Acabamos de jantar.
- Com medo de congestão é? – ele disse zombando.
- Nunca se sabe. – eu disse e joguei-me na cama com a tigela de morangos.
Ele balançou a cabeça e colocou-se ao meu lado, aninhando-me em seus braços.

Rob’s POV

Acabamos deixando que o sono nos envolvesse e dormimos abraçados. Eu havia sentido tanta falta de tê-la em meus braços dessa maneira! Foi um sono tranqüilo, completo e feliz. Depois de tanto tempo eu me sentia completamente feliz. Algumas horas se passaram e eu acordei com minha ainda aninhada em meu peito. Eu não queria acordá-la, então tomei todo o cuidado possível ao me levantar. Vesti um roupão, me sentei numa poltrona ao pé da cama e passei a observá-la dormir. Nem nos meus mais perfeitos sonhos ela era tão linda como naquela hora. A tranqüilidade reinava em seu semblante e seus lábios quase formavam um sorriso. Não sei ao certo quanto tempo se passou até que ela se mexeu e sentou-se, encontrando meus olhos alegres. Fez charme, dizendo que eu estava longe dela e foi o suficiente para que eu me colocasse ao seu lado novamente. Eu já estava me empolgando novamente, mas ela puxou o freio e ligou para o Harry, avisando que estava tudo bem e que ela não voltaria para casa tão cedo, já que teríamos um jantar e depois uma noite inteira para matar nossas saudades.
Era maravilhoso poder tê-la ali, entre meus braços e saber que era exatamente onde deveria ficar. Aspirei o perfume de seus cabelos, senti a maciez da sua pele e o calor que emanava de seu corpo. Era, definitivamente, a melhor sensação do mundo.
Ela vestiu o outro roupão do hotel e eu fiz o pedido para nosso jantar. Acabamos decidindo por colocar os assuntos em dia e cada um de nós contou como foi esse tempo em que estivemos separados. Ela contou que tinha se envolvido com uma pessoa – isso me deixou com ciúmes, mas eu me envolvi com a Kris, então estávamos em pé de igualdade – contou como foi se mudar para NY, que sua mãe estava grávida e me contou algo muito engraçado envolvendo o trailer de New Moon – só ela para não estar à par do lançamento do filme. Eu contei do sufoco que era ser eu, das perseguições da mídia e do meu envolvimento com a Kris. Ela não pareceu surpresa, na verdade. Talvez tenha sido o jeito que ambos encontramos para suprir – inutilmente – as nossas necessidades um do outro.
Ainda falamos sobre esse nosso período afastados durante o jantar. Não vou dizer que era exatamente agradável reviver o tempo sem ela, nem constatar que tivemos que sofrer para podermos chegar àquele momento, mas era justamente graças a isso que estávamos ali. Sabíamos agora que esse tempo tinha sido essencial para que estivéssemos ali, naquele momento, juntos e felizes.
Depois que terminamos nosso jantar foi que eu percebi que tinha me esquecido da sobremesa, mas logo ela se lembrou dos morangos e foi buscá-los. Ela caminhava lenta e graciosamente e enquanto voltava, deu uma mordida num dos morangos me provocando. Eu tinha que fazer aquilo e segui para sua boca roubando um pedaço da fruta sorrindo maliciosamente e voltando a beijá-la com o gosto de morango nos lábios. Inevitavelmente enlacei seu corpo e minhas mãos começaram a passear por suas costas, enquanto minha boca pedia por seu pescoço. Ela me parou novamente, alegando medo de congestão – já que tínhamos acabado de jantar – e se jogou sobre o colchão macio, levando consigo os morangos.
Ok, então. Festinha só mais tarde. A única coisa que eu poderia fazer naquele momento era ficar ao seu lado e aninhá-la em meus braços enquanto degustávamos os morangos.


Capítulo 13 – So Happy Together

’s POV

A vasilha com os morangos já havia acabado fazia tempo, mas não nos preocupávamos realmente com o tempo naquelas circunstâncias. Eu estava encostada em seu peito, escutando as batidas de seu coração. Eu poderia passar o resto dos meus dias ali, sentindo sua respiração em meus cabelos, o toque suave de sua pele, seus dedos deslizando pelo meu braço. Ah, seus dedos deslizando pelo meu corpo! Seus movimentos até poderiam ser inocentes, mas estavam provocando algumas outras sensações além do carinho suave. Quando ele desceu o dedo outra vez pelo meu braço, acariciando a parte interna do cotovelo um arrepio de desejo percorreu meu corpo. Isso porque estávamos vestindo os roupões. Imagina se não estivesse? Ok, eu estava parecendo uma adolescente que acabara de descobrir as delícias da paixão, mas fazer o quê se era assim que ele fazia com que eu me sentisse? Desci minha boca até encontrar seu peito – havia ali uma porção de pele aparecendo – e dei um beijo suave, mas molhado, indicando meu estado de espírito.
Voltei a cabeça no lugar de antes e pude ouvir que o ritmo de seu coração tinha acelerado. Eu soube que ele tinha entendido meu recado. Com a mão que estava livre, ele acariciou meu rosto, desceu pelo meu pescoço e foi parar no decote do roupão, fazendo o contorno do mesmo em meu colo. Outra onda de arrepio se espalhou por meu corpo.
- ? – ele usou aquele tom de veludo, totalmente sedutor.
- Hum?
- Gostaria de te pedir uma coisa. – havia malícia ali.
- O que você quiser.
- Dança para mim?
- Você quer que eu dance? – e minha voz já tinha um tom sensual também.
- Ahã.
- Claro. – eu me afastei para olhar em seus olhos. – Desde que você dance comigo.
Ele torceu um pouco o nariz, mas depois deu aquele sorriso torto lindo e concordou comigo.

Rob’s POV

Ela estava recostada em meu peito e era ótimo tê-la ali. Já fazia algum tempo que os morangos tinham terminado, mas não estávamos realmente preocupados com tempo. Eu só queria que ela ficasse comigo para sempre. Eu só queria que ela fizesse parte da minha vida para sempre. Eu repassei toda a minha vida desde que a tinha conhecido e sabia, tinha certeza absoluta de que ela era a mulher da minha vida, que finalmente tinha encontrado minha alma gêmea. Não alguém que me completava, mas alguém que vinha somar algo a minha vida. Eu estava divagando sobre a bênção de tê-la encontrado que fui inesperadamente retirado de meus devaneios por um beijo dela. Seus lábios macios, quentes e molhados na minha pele provocaram um frenesi por todo meu corpo: minha respiração ficou entrecortada e meu coração acelerou. Só aí fui perceber que minha mão passeava libidinosamente pelo seu braço. Lembrei-me então dos nossos encontros e uma idéia atravessou minha mente, já que meu corpo tinha sido despertado para os prazeres que aquela mulher, a minha mulher, provocava em mim.
Eu desci a mão que estava livre, até seu rosto, fazendo uma leve carícia e depois desci até seu colo, e deixei-me ali, brincando com o decote do roupão. Senti sua pele se arrepiar. Com a voz mais sedutora que eu sabia fazer, pedi que ela dançasse para mim e para minha felicidade geral ela disse que sim, desde que eu dançasse com ela.
Ah, não. Não sou bom nesse negócio de dançar. Quero apenas te observar! Mas eu sabia que ela faria um charminho e eu não resistiria a seus encantos, então apenas abri aquele sorriso que ela adorava e concordei. Ela saiu da cama e foi em direção à ante-sala, onde havia um cd player e alguns CDs disponíveis; eu já fui atrás da minha carteira e deixei o preservativo preparado, e então me sentei ao pé da cama. Ela procurou por algum tempo até que abriu um largo sorriso e eu sabia que ela tinha achado exatamente o que queria. Colocou o disco no aparelho, posicionou na faixa certa e foi em direção aos interruptores, apagando todas as luzes da suíte, deixando apenas alguns abajures acesos – a meia luz ficou perfeita para o clima de sedução – e então ela soltou a música.
Era uma batida forte e muito sensual e ela veio se aproximando de mim muito lentamente. Mesmo com aquele ridículo e nada sensual roupão de hotel, ela conseguia ficar sexy. Eu me levantei da cama para interagir com ela. Tenho certeza que ela percebeu a empolgação e admiração em meus olhos. Ela sabia muito bem como movimentar o corpo e me deixar completamente maluco de tesão. Ela dançava na minha frente, passava os braços ao meu redor enquanto ia para minhas costas, voltava a me encarar e passava os braços em torno do meu pescoço, num convite claro para meu eu me mexer junto com ela. Era mais fácil com ela me estimulando e quase impossível não me mexer junto daquele corpo que me convidava. Bastava ela me olhar mais profundamente que meu corpo inteiro se arrepiava e mesmo com o toque mais simples, ondas de hormônios eram descarregas em minha corrente sanguínea. Eu já estava muito excitado e desejoso da mulher à minha frente, então quando ela se aproximou mais de mim, peguei uma das suas coxas e prendi sua perna em torno do meu quadril, segurando seu corpo com a outra mão. Ela engoliu seco e jogou seus braços ao redor do meu pescoço, terminando por colar nossos lábios num beijo muito intenso.
Suas mãos passearam pelo meu tórax e desceram até o nó da faixa do roupão, desatando-o com facilidade e depois fez o caminho contrário fazendo com que a roupa escorregasse por meus braços e me deixando completamente nu. Enquanto ela brincava com o meu roupão, minha boca insaciável percorria seu pescoço e eu repeti os movimentos que ela tinha acabado de usar comigo, deixando-a linda e nua, para meu total deleite.
- Eu amo você. – eu sussurrei em seu ouvido, antes de dar aquela mordida estratégica.
- Eu amo você. – ela repetiu baixinho, afastando seu rosto para poder olhar em meus olhos antes de se entregar.
Eu a conduzi pela cama, posicionando-a no centro e comecei a beijar seus pés, subindo lentamente pela canela, dando uma chupadinha estratégica atrás do joelho e seguindo pela parte interna da sua coxa. Ela apertou os lençóis da cama e gemeu com meu carinho. Meu “amigo” já estava pulsando de desejo por ela e nem via a hora de possuir aquele corpo novamente. Parei minha boca em sua virilha e dei leves beijos ali, mas sem chegar “nela” propriamente. Desviei o caminho e fui parar em seu umbigo, enquanto minhas mãos subiram até encontrar seus seios convidativos. Acariciei-os com os dedos enquanto ainda me dedicava a brincar com seu umbigo e ela afundava as mãos em meus cabelos. Subi mais um pouco minha boca, encontrando seus seios maravilhosos e sentei-me sobre seu quadril, apenas pressionando-a com meu membro, tentando-a.
- Isso... é... tortura... Rob. – ela ofegou em um gemido sussurrado.
- Vai dizer que não está gostando? – eu a provoquei mais, inclinando meu corpo sobre o seu.
- Oh, Rob... – ela gemeu novamente quando fiz mais um pouco de pressão.
Confesso que quase desisti da idéia de brincar mais um pouco, mas consegui me controlar e voltei a dar atenção a seus seios com minha boca e língua. Subi minha mão até seu rosto e imediatamente ela começou a chupar meu dedo, desconcentrando-me momentaneamente com aquele carinho inesperado e me fazendo correr para sua boca desesperadamente enquanto a beijava sensualmente.
Ela me virou então, ficando por cima, invertendo nossas posições. Agora era ela quem fazia pressão em mim, instigando meu “amigo”, provocando-o com malícia enquanto sugava meu lábio inferior.
- ... – eu gemi e ela riu satisfeita.
Eu não tive muita paciência, na verdade, e nos girei novamente e em seguida desci até “ela” e passei a beijá-la de modo quase desesperado, mas com delicadeza para não machucá-la. Ela gemia com meus carinhos e seu corpo tinha alguns espasmos, tremendo, então eu sabia que ela estava perto do orgasmo. Estiquei a mão e coloquei o preservativo, voltei a chupá-la gostoso e então estoquei do nada.
- Rob! – ela berrou com minha penetração e enlaçou meu quadril com as pernas, prendendo-me a ela enquanto eu penetrava com força e profundamente.
Ela jogou seus lábios em meu pescoço enquanto eu aumentava o ritmo e quando eu sabia que ela já estava quase lá, ela mordeu minha orelha liberando todo o meu tesão e ambos chegamos ao orgasmo juntos. Ela se prendeu com muita força em meu corpo enquanto eu soltava meu peso sobre ela e beijava sua boca urgentemente.
- Isso está ficando cada vez melhor. – ela disse ofegante, com um sorriso bobo nos lábios.
- Sem dúvida. – eu respondi e finalmente saí dela, me livrando do preservativo e voltando correndo para os braços da mulher que eu amava.

’s POV

Fui em direção ao CD player que tinha na ante-sala e consegui achar uma música muito boa para a ocasião: Get Up – Ciara. Apaguei todas as luzes do ambiente, deixando apenas alguns abajures acesos, para montar um cenário à meia luz e então soltei a música.
Fui me aproximando no ritmo da batida. Ok, aquele roupão não era o melhor figurino para uma dança, mas era o que eu tinha. Eu pude ver seus olhos brilharem de empolgação. Dançava em sua frente, passava os braços ao redor de seu pescoço convidando-o a se mexer comigo, contornava seu corpo com movimentos muito sensuais, cantava algumas partes da música olhando ora pra seus olhos, ora pra sua boca. Ele se soltou também e me acompanhou, segurando firmemente meu corpo, minha cintura, meus braços. Ambos estávamos muito excitados com aquilo. Ele então prendeu minha perna em seu quadril com uma das mãos, enquanto a outra me segurava pelas costas e eu joguei meus braços em seu pescoço, colando nossos lábios num beijo muito sensual. Movimentei minhas mãos pelo seu tórax até que cheguei ao nó da faixa que segurava o roupão. Desatei-o e deslizei meus braços pelos seus ombros, a fim de me livrar da peça, deixando-o completamente nu para mim. Sua boca estava em meu pescoço, fazendo desenhos indecifráveis com a língua. E então foi a sua vez de tirar a minha roupa, deixando-me livre para ele.
- Eu amo você. – ele sussurrou em meu ouvido, antes de dar aquela mordida estratégica, que me fazia esquecer do meu próprio nome.
- Eu amo você. – eu repeti, baixinho, afastando meu rosto para poder olhar em seus olhos.
Ele me conduziu pela cama, posicionando-me no centro e começou o caminho de beijos desde o meu pé até quase a virilha, dando uma paradinha estratégica na parte interna dos meus joelhos, o que me fez sentir uma onda de excitação imediatamente. Ele subiu até perto da minha virilha com beijos leves e lambidas, o que me fez ter um espasmo de prazer e apertar os lençóis ao meu redor enquanto gemia gostoso. Ele continuou os carinhos ali, mas sem chegar “lá”, o que estava me deixando louca de tesão. Ele desviou o caminho e seguiu para meu baixo ventre, subindo calmamente para brincar com meu umbigo enquanto suas mãos chegaram aos meus seios e se deixaram ali também. Minhas mãos imediatamente afundaram em seus cabelos macios enquanto ele me levava à loucura com sua língua em meu umbigo. Depois de um tempinho ele subiu a boca até meus seios e se posicionou sobre mim, sobre meu quadril, pressionando-me com seu membro pulsante e delicioso.
- Isso... é... tortura... Rob. – eu ofeguei enquanto gemia.
- Vai dizer que não está gostando? – ele me provocou. OMFG! Eu quase gozei quando ele se mexeu e se inclinou sobre mim, aumentando a pressão.
- Oh, Rob... – gemi novamente, mais alto dessa vez.
Ele não se comoveu com meu pedido de clemência e voltou a acariciar meus seios enquanto uma das suas mãos subiu até meu rosto. Eu fiz questão de chupar seu dedo demoradamente, insinuando outras sensações que ele poderia ter e logo sem eguida ela beijava minha boca avidamente.
Decidi nos girar e ficar por cima. Se ele queria tortura, ele teria tortura e eu me posicionei sobre seu quadril, movimentando-me lentamente e pressionando minha “menina” contra seu “amigo”. Desci o tronco e o beijei novamente, demorando-me naquele beijo e sugando lentamente seu lábio inferior.
- ... – ele gemeu e eu ri com minha rápida vitória.
Ele não foi muito paciente, na verdade, e logo em seguida nos virou, e desceu seu rosto até o meio das minhas pernas, beijando minha “menina” intensamente. O toque quente e úmido da sua língua e de seus lábios ali me elevou para outro patamar e eu já não tinha mais controle nenhum sobre as reações do meu corpo. Soltei sonoros gemidos de prazer conforme ele se movimentava ali e meu corpo começou a ter alguns espasmos anunciando que o orgasmo estava perto. Eu já estava meio que fora do ar com todas as sensações que ele estava me proporcionando que nem vi quando ele se protegeu; apenas fui surpreendida pela sua penetração rápida e forte.
- Rob! – eu berrei enquanto enlaçava seu quadril com as pernas, prendendo-me a ele enquanto ele penetrava com força e profundamente. OMG! Oh, fuck!
Ataquei seu pescoço com fúria enquanto ele aumentava o ritmo, perto demais do meu ponto máximo e então eu soube que estava na hora quando mordi seu lóbulo e ele urrou com o orgasmo. Eu gemi alto também e me prendi com todas as minhas forças a ele, aprofundando ao máximo nosso contato e então ele soltou o peso do seu corpo e me beijou urgentemente. Nossos corpos ainda estavam unidos e ofegávamos intensamente.
- Isso está ficando cada vez melhor. – eu disse ofegante, com um sorriso bobo nos lábios.
- Sem dúvida. – ele respondeu e então saiu de mim, livrando-se do preservativo e voltando correndo para os meus braços. Dormimos quase que imediatamente depois dessa transa maravilhosa.

Três meses depois...

’s POV

O sol invadia nosso quarto com uma luminosidade especial. Rob ainda dormia ao meu lado, de bruços, com um dos braços sobre minha cintura. Com muito cuidado para não acordá-lo eu levantei seu braço e consegui sair dali. Fui para o luxuoso banheiro e resolvi tomar uma ducha para acordar de vez.
Enquanto a água quente escorria pela minha pele, um turbilhão de memórias invadiu minha mente: nosso reencontro em Londres, a decisão dele de se mudar para Nova York, o primeiro mês em nosso belo apartamento no bairro de Soho e a noite em que ele fez o pedido.
Ah, aquela noite foi com certeza uma das melhores em toda a minha vida. Fomos a um restaurante francês muito charmoso, devido à fama do Rob, ficamos em um local mais reservado. No meio do jantar ele pediu licença e logo depois voltou, com o violão em mãos e depois da singela serenata, ele pediu a minha mão. Oh, céus! Nunca fiquei tão emocionada em toda a minha vida, bom talvez quando nos reencontramos no Hyde Park. Foi lindo. Simplesmente maravilhoso!
E agora, aqui estou eu, olhando para o anel dourado em minha mão esquerda. Foi uma cerimônia simples, somente para nossas famílias e alguns amigos mais íntimos. Óbvio que houve o maior rebuliço por parte da imprensa, mas conseguimos superar isso com bastante tranqüilidade. Minha mãe e Renato conheceram Claire e Harry, e se encantaram uns com os outros: foi emocionante ver minhas duas “mães” de barrigão chorando horrores quando entrei na capelinha e felizmente Renato entendeu quando eu pedi que Harry me levasse até o altar.
Terminei meu banho com um largo sorriso nos lábios. Quando voltei para o quarto, meu marido já estava acordado e havia acabado de receber nossa mesa de café da manhã. Ele abriu aquele sorriso torto capaz de derreter um iceberg e veio me abraçar, dando um delicado beijo em meus lábios.

Rob’s POV

Percebi que ela havia acordado e saído da cama, mas ela não percebeu que eu também estava acordado. Depois que ela entrou no banheiro, liguei para o restaurante e pedi nosso café da manhã. Coloquei um roupão e parei para analisar o dourado anel que agora faria parte da minha vida. Até que me mudar para NY não foi uma idéia tão ruim. Claro que choveram notícias desde as mais simples até de que era uma aventureira que tinha dado o golpe da barriga. Rimos muito com essas manchetes. Nosso apartamento era lindo, bem localizado e até que conseguimos um pouco de sossego depois do primeiro impacto. E foi numa noite, cerca de um mês e pouco depois que nos mudamos que eu decidi pedir sua mão. Nunca fiquei tão nervoso em toda a minha vida, mas valeu à pena quando vi seus olhos mareados e o lindo sorriso que ela trazia nos lábios.
E aqui estamos nós, em Paris, em lua de mel. Fizemos questão de uma cerimônia simples e íntima, mas muito charmosa. Nos casamos em uma capela em Londres e a festa foi no mesmo salão onde ocorreu a festa do Hank. Ela estava linda quando entrou na igreja. Nossos olhos não se desviaram um minuto sequer, e eu soube, naquele momento, que aquela era a nossa hora.
A campainha do quarto soou no mesmo momento em que ela desligou o chuveiro. Recebi nosso café e logo em seguida ela saiu do banheiro, vestindo um roupão, com os cabelos molhados caindo sobre os ombros e um largo sorriso nos lábios. Foi impossível não sorrir também e fui dar seu beijo matinal.
- Bom dia, Sra. Pattinson! – eu disse ao pé do seu ouvido.
- Bom dia, Sr. Pattinson. – ela respondeu e me deu mais um selinho.
O brilho dos seus olhos, a luminosidade em sua face, a alegria em seus lábios eram a última confirmação que eu precisava de que ela era a mulher da minha vida, a pessoa certa, minha princesa encantada dos contos de fada, o amor da minha eternidade. Acariciei seu rosto enquanto ela apoiava as mãos em meus ombros e disse a única coisa que cabia ali.
- Eu amo você. – eu disse e beijei sua testa.
- Eu amo mais. – ela disse sorrindo e me lascou o maior beijão.
Não sei como será o amanhã. Mas sei que hoje, somos felizes para sempre.

FIM



N/A: Lindas do meu coração!!!! Ai, ai, ai......e chega ao fim mais uma linda história de amor entre nosso maravilhoso Rob e sua amada. E aí, o que acharam do último capitulo???? Apesar de ser bem clichê terminar com “eu te amo” e “felizes para sempre”, eu achei que encaixou direitinho na fic... e vcs, o que acharam de tudo??? Quero muito saber, ok? Não é pq foi o último capítulo que não precisa comentar, heim!!!!!rssss
Lindas, quero muito agradecer o carinho, a atenção e a dedicação que vcs tiveram com a fic. Quando eu comecei a escrever, nem tinha pensando em publicar, era só para colocar para fora as idéias que invadiam a minha mente. E então eu achei o site e decidi publicar.....e para meu espanto, surpresa e alegria, ela fez o sucesso q fez. Sem vcs isso não seria possível, então eu só posso mesmo agradecer todo esse carinho. MUITO OBRIGADA!!!!!!!!
E aproveitando a n/a, vou fazer propaganda da fic nova: You’re My Destiny!!!! O começo pode parecer meio fraquinho, mas eu juro que a fic vai ficar mais legal (já tenho alguns capítulos escritos..rss) e vai ter mtos lemons, leitoras pervas q eu adoro....hahahahaha....
Um beijo enorme no coração de vcs e nos vemos na outra fic, ao lado do Edward dessa vez, ok????? Bjoooo

n/b: ACABOU! Ai, Dels, eu estou tão feliz em ter betado essa fic! O final não é lindo? Eu amei. Line, meus parabéns. Sua fic é ótima do começo ao fim, e um dos motivos que me lembram porque eu gosto tanto de betar fics. Mesmo as vezes elas me dando dor de cabeça! Haha. Desculpa por essa notinha intrusa, mas eu tinha que falar um pouquinho. E que You’re My Destiny faça tanto sucesso quanto! beijos&queijos. Ju Rodrigues.