Infiel
História por Aline Santos | Revisão por Letii








Prólogo

Alguma vez você já parou pra pensar em como sua vida sempre acaba caindo naquele velho clichê? Eu penso... Todos os dias, na verdade. Infelizmente ou felizmente, eu me enquadro perfeitamente nesse clichê. Bom, pra quem não entendeu, eu vou tentar ser mais clara. Eu sou uma típica garota inglesa de 25 anos, que vive trabalhando. Amigos? Sim, alguns. Família? Não muito grande... pai, mãe e irmã. Namorado? Sim, nada muito espetacular... E minha vida mais-ou-menos se resume a essa rotina: Trabalho; amigos/namorado e família. Normal, não é mesmo? Acredito que a maioria das pessoas segue esse mesmo ritmo. Muitos devem estar se perguntando do que estou reclamando, a verdade é que não estou. Apenas constatei os fatos. Mas não seria nada mal se algo “diferente” acontecesse, sabe? Alguma coisa que só se vê em filmes e novelas, seria interessante. Posso até estar pedindo demais, afinal, minha vida não é tão ruim assim. Vivo razoavelmente bem, pago minhas contas em dia, não devo nada a ninguém e consigo comprar aquele produto mais caro da prateleira de um super-mercado. Isso é bom, não é?


Capítulo 1

- Bom dia, em que posso ajudar? – fui retirada dos meus devaneios por uma atendente da loja em que eu me encontrava parada.
- Bom dia, você teria desse macacão azul? – perguntei, apontando pra uma roupinha de neném da vitrine.
- Temos azul, verde, amarelo, branco e rosa, senhora. É pra seu filho? – ela perguntou casualmente.
- Hum, não, pra meu sobrinho recém-nascido. – respondi sorridente.
- Gostaria de me acompanhar? Posso te mostrar esse e vários outros modelos...
- Tudo bem.

Acabei levando várias roupinhas e outros apetrechos de criança. A verdade é que sou apaixonada por crianças, e agora que minha irmã deu a luz a um lindo menino, eu me sinto a própria mãe do bebê. Bruna, minha irmã, vive reclamando dos meus presentinhos, diz que vou estragar o menino. O que eu posso fazer se não resisto? Se não tenho um, pelo menos tenho que mimar o meu sobrinho, né?
Se o idiota do meu namorado não fosse tão medroso eu já teria o meu filhote...

Flashback on:

Estávamos deitados de conchinha na minha cama, quando resolvi retomar aquele velho assunto.

- Querido você já pensou naquela nossa conversa?
- De novo com isso? Não tem nem duas semanas que conversamos sobre isso, !
- Duas semanas que você ficou de pensar no assunto e até agora nada...
- , - ele se sentou e suspirou profundamente – Sinceramente, não acho uma boa ideia...
- Hunf... – bufei e me sentei da mesma forma – Não entendo qual o problema com isso! – resmunguei indignada.
- Qual o problema?! Não é só um problema, são vários problemas!!! – ele berrou exasperado.
- Como o que?
- Como você ficando imensa feito um balão, você vomitando em tudo que é lugar, você tendo crises de humor, você tendo desejos malucos, você não querendo fazer sexo quando estiver com barrigão, você de resguardo, a criança chorando de noite, a criança fazendo xixi toda hora, fazendo côcô, gofando, etc, etc e etc! Tá bom ou quer mais?!
- Quem vai ficar grávida sou eu e não você, francamente, você está se incomodando com uma coisa tão boba! Se eu vou ficar gorda o problema é meu, e você fala como se isso fosse durar pra sempre, são só nove meses!
- E a criança? Não é só nove meses e você sabe disso. Eu não estou preparado pra ser pai.
- Ninguém está preparado. Ninguém nasce pronto pra ser pai nem mãe. Mas nós já temos responsabilidade e condições o suficiente pra criar nosso filho...
- Se você se sente preparada problema seu, eu não me sinto bem com isso, sério, , eu não quero isso pra mim, não agora...

Meu namorado era um cabeça dura, fato. Não dava pra ter uma conversa racional com ele. Queria saber de onde vinha esse medo idiota, deve ser mal do sexo masculino, parece que todos eles têm medo de ser pai. Ridículo. Se fossem eles a sofrer com as dores do parto, mas eles não passam por nada que a gente passa, e são eles a reclamar com a gestação. Eu só queria um filho poxa! Não há nada demais nisso, né?
Sabe o que é mais chato do que isso? Ele nem confia em mim, acha que vou dar o golpe da barriga a qualquer instante. Eu tomava aquela porcaria de pílula anticoncepcional há 4 anos, religiosamente, e ele ainda insiste em fazer sexo com camisinha. Não é ridículo? Foi por essas e outras que parei de me preocupar com isso, parei de tomar a pílula, e se ocorresse algum problema com os preservativos, azar! Quem manda ele ser um chato?

Flashback off.

Andava pelas calçadas de Londres, apressada devido ao temporal que ameaçava cair. Aqui era sempre um perigo andar desprevenida em pleno inverno.
Parei num ponto de táxi, mas não havia nenhum. Os que passavam, estavam cheios, ou simplesmente não paravam. Estava começando a me preocupar, as primeiras gotas de chuva já molhavam meus cabelos.
Esperei mais um tempo e nada de táxi. Me pergunto, por que diabos deixei meu carro na garagem? Ah é, eu detesto dirigir. Fato este que está me fazendo passar por esse transtorno. E olha que maravilha, começou uma ventania horrorosa e milhares de papéis e poeira eram arrastados pra todos os lados. A tempestade de poeira e água estavam tão forte que precisei me segurar no poste pra não ser arrastada. As pessoas passavam correndo, desesperadas; carros começaram a congestionar e buzinas acionaram freneticamente. Tudo virou um pandemônio e eu estava perdidinha sem saber o que fazer.

Avistei um prédio do outro lado da rua. Parecia um apartamento de dois andares. No térreo havia um pequeno espaço entre a porta e a escadaria. Imaginei que seria um bom lugar para me abrigar até a tempestade passar.
Atravessei a rua me segurando nos carros pra não voar com a ventania e, enfim, alcancei o prédio. Segurei firme no portão e fiquei a observar o rebuliço nas ruas. Eu deveria estar parecendo um espantalho, meus cabelos completamente bagunçados, minhas roupas amarrotas e molhadas. Mas numa situação como essa, quem se importa, não é mesmo? O importante é sair daqui com vida.
Passou-se alguns minutos e já sentia meu corpo congelando. A temperatura caia bruscamente e meu queixo estava batendo com o frio.
Estranhamente o portão em que eu estava apoiada se movimentou. Rapidamente me soltei do mesmo e pude observar uma figura masculina por trás, e oh, o que era aquilo?

O estranho vestia apenas uma calça de moletom preta e levemente folgada; exibia um peitoral definido e traços perfeitos, daria uma bela obra de arte... E pra piorar, ainda estava descalço. Já perceberam que existe uma coisa extremamente sexy num homem só de calças e descalço? Pelo menos em mim surte um efeito no mínimo desconcertante. Ele tinha cabelos , e levemente bagunçados, típico de alguém que acabara de acordar. E os olhos? Simplesmente perfeitos! Duas orbes que agora me fitavam de um jeito que eu desconhecia.

- Olá. – o estranho falou calmo.
- Olá. – respondi secamente, não ia ficar dando assunto pra um completo desconhecido e semi-nú, né? Exagero, eu sei, ele tá vestido, mas esse peitoral de fora mata qualquer uma do coração!
- Olha, acho que se você ficar muito tempo nessa tempestade, você vai congelar... Por que não entra e espera o temporal passar? Tenho aquecedor aqui. – ele falou casualmente e com uma feição preocupada.
- Eu realmente agradeço o convite, mas não acho que seja uma boa ideia. Prefiro esperar aqui fora mesmo, se não for nenhum incômodo, claro. – respondi um tanto sem graça.
- Na verdade, seria bastante incômodo uma mulher morrer congelada na minha porta, sabe?! Não vou ficar com a consciência tranquila em te deixar aqui fora, além disso, com esse vento é bem capaz de você sair voando por aí...
- Nesse caso, desculpe o incômodo. Vou procurar por outro abrigo. – falei envergonhada e já ia me retirando quando ele segurou o meu braço.
- Céus, você tem noção do que está fazendo? Tem muita gente por aí morrendo com essa tempestade, sabia? Se você quer ficar aqui, fique. Mas não saia por aí pra morrer no meio do caminho! – ele falou num tom mais alto que me fez estremecer, fora obviamente, aquele leve aperto no meu braço que ele deu, que não foi nada ruim, eu até gostei. Credo, o que é que eu estou falando? Helloo!!! Você tem namorado!!!
- Tudo bem, sério, não precisa se preocupar comigo, tá? Eu vou ficar aqui quietinha até a chuva passar.
- Ok, você quem sabe. – ele respondeu, torcendo a boca, e fechou o portão.

Minutos depois eu já estava encolhida no chão, tentando não morrer de hipotermia. E o portão se abre de novo.
- Já que a senhorita quer tanto morrer aí congelada, pelo menos aceite esse cobertor e essa xícara de café. – ele me passou o cobertor sem esperar resposta, e ia me passando o café quando eu recusei.
- Muito obrigada mesmo, mas vou aceitar só o cobertor, tudo bem? – Eu que não ia aceitar esse troço, vai que tem veneno ou um boa noite cinderela aí dentro? Ele me olhou confuso.
- Não gosta de café? Posso fazer um chá se preferir...
- Gosto, eu só... não estou com vontade... - respondi desconcertada.
- Está achando que coloquei algo na bebida, é isso? – ele perguntou um tanto ofendido.
- Não que isso... eu realmente não quero, desculpe... - respondi envergonhada, e ele pareceu perceber minha mentira.
- Ok, como quiser. – ele falou e novamente fechou o portão.

Ufa! Sério que me sinto sem chão perto desse homem. Coisa mais entranha. Tudo bem que ele era realmente lindo, um corpo maravilhoso, olhos misteriosos, boca convidativa e outras coisitas mais, mas nada que meu namorado não tenha. Tá, minto, meu namorado não é tão bonito assim, nem tão charmoso e nem tão gostoso, mas enfim, isso não importa. O que importa é que eu tenho namorado, e estamos juntos há 4 anos e um dia, quem sabe, nos casaremos.
- Já que você estava com medo de tomar o café que eu preparei, que tal você mesma preparar? Olha só, tem água fervida e Nescafé instantâneo. É só você colocar na água, mexer e beber. – o estranho surgiu com uma bandeja com os itens para o tal café.
Olhei pro sujeito, abismada. O cara é sem noção, né?
- Olha, muito obrigada mesmo pela atenção, mas realmente não precisa.
- Não tem nada na água, juro que não tem veneno ou coisa parecida. – ele respondeu inconformado. O bichinho sabe ser insistente, hein!
- Eu não acho que tenha nada nessa água, eu só não quero o café, ok?
- Prefere leite? Posso fazer outra coisa... - Sério que ele ia continuar insistindo?
- Ok, você venceu. O que você tem além de café? – perguntei derrotada. Ele sorriu, e eu quase morri. Êta homem lindo!
- Por que você mesma não olha? Vem comigo. – ele falou e foi subindo as escadas. Fiquei lá parada, decidindo o que fazer. Merda! Vou ou não vou? E se ele me atacar?
- Vai ficar aí parada? Céus, garota, não vou te atacar, se é isso que está pensando!
Saí do transe, dando um sorrisinho sem graça, e subi as escadas.
Entrei acanhada no apartamento do estranho e fiquei a observar a decoração. Típica de apartamento masculino. Tudo em preto e branco, alguns detalhes em azul escuro. Poucos enfeites, uma televisão enorme no que seria a sala, um mega aparelho de som, sofá e nada de flores.
- Oh, você gosta de arte? – perguntei enquanto fitava um quadro que eu conhecia muito bem.
- Eu? Arte? Não entendo nada de arte. Por que?
- Esse quadro... Conheço a pintora...
- Ah, esse aí eu ganhei de presente. Quem me deu é uma grande fã dessa artista.
- Entendo. E então, onde fica a cozinha? – perguntei casualmente.
- Vem.
Ele me conduziu até a cozinha e se sentou no banquinho próximo ao balcão.
- Pegue o que quiser. – ele falou e ficou me observando.
Tentei não ficar próxima demais dele e nem fitá-lo nos olhos. É difícil explicar, mas havia algo realmente estranho quando ficava perto dele. Um tipo de ímã, algo que me puxava na sua direção. Estranho.

Preparei um chocolate quente e sentei no banquinho na ponta oposta a que ele estava sentado.
- Isso tudo é medo? – ele perguntou divertido.
- Medo de que? De você? Claro que não. – ele franziu o cenho, incrédulo, e eu suspirei derrotada. – Ok, talvez um pouquinho de medo. – Ele deu um sorriso torto e sentou no banquinho ao meu lado. Arrepiei até os cabelos da piriquita.
- E agora? – ele sussurrou bem próximo do meu ouvido, me fazendo arrepiar os fiozinhos que ainda não estavam em pé. Sério que se ele se aproximar mais eu caio dessa cadeira.
- He He, acho que está na minha hora... - tentei levantar, mas fui impedida por sua mão que segurou o meu braço, me fazendo sentar novamente.
- Relaxa, ok? Seu eu quisesse te fazer mal já teria feito. – ele falou calmamente. O que não mudou muito minha situação. Eu já conseguia sentir meu corpo em brasas sem motivo aparente. Como isso é possível?
- Tá. – respondi num fio de voz.
Ele levantou bruscamente da cadeira e girou o meu banquinho de frente pra si. Ok, mais um movimento e morro do coração!
Ele ficou na minha frente, colocou um braço de cada lado e chegou perto, muito perto...
- Sabe... Não consegui deixar de reparar, eu pensei que fosse medo, mas tem algo mais aí, não tem? – ele sussurrou no meu ouvido. E eu já estava arfando, respiração descompassada, o coração a mil batimentos por minuto.
- Não sei do que você está falando... - tentei me libertar, mas ele manteve os braços rígidos no mesmo lugar. E chegou mais perto...
- Não mesmo? – ele se aproximou mais e colocou a cabeça encostada no meu peito esquerdo. Morri!
- O que pensa que está fazendo? – empurrei-o com força e levantei da cadeira, cambaleando.
- Só estava checando seus batimentos... Não quero que morra do coração, sabe?! - ele respondeu cínico e veio andando em minha direção.
- Não se aproxime!!! – berrei amedrontada e vasculhei em minha mente o tempo em que havia aprendido defesa pessoal. Ok, se ele chegar perto eu bato nos países baixos!
Ele arqueou as sobrancelhas e gargalhou. Medo!
- Céus, decida o que você quer! Medo ou tesão. Os dois não está dando muito certo, sabe?! - ele falou calmamente e me deu as costas, andou de volta pra sala.

Ok, tesão? Eu ouvi isso mesmo? Tesão? Quem ele pensa que é pra dizer que estou com tesão? Eu nem o conheço!!!
Andei, pisando fundo, em direção a sala.

- Quem você pensa que é pra ficar falando essa coisas absurdas?! Você nem me conhece! – berrei exasperada, apontando o dedo em sua direção.
- Eu? Ninguém muito importante... - ele falou calmo e se jogou no sofá. Babei alguns segundos naquele peitoral divino.
- Fecha a boca pra não entrar mosca – ele riu divertido e eu corei. Sério que ele me viu babando nele?
- Muito obrigada pelo abrigo, estou de saída. – falei com o pouco de dignidade que ainda me restava e fui andando até a porta.
Mas o infeliz do estranho segurou meu braço, me fazendo virar pra si.

- O que?! Vai me atacar agora?! – berrei amedrontada. – ele sorriu com malícia e gargalhou em seguida. – qual o motivo da graça? – perguntei, tentando me desprender dele, sem sucesso.
- Você! Tem ideia do quanto você é transparente? – ele perguntou com um sorriso divertido.
- Não sei do que está falando. Dá pra me soltar? Está me machucando! – resmunguei e ele soltou meu braço, voltando pro sofá.
- Se você quer tanto sair nessa tempestade, fique a vontade. – ele falou indiferente e eu senti uma pontada de desapontamento em sua voz.
Andei até a porta e parei em frente. Ok, você só precisa abrir essa maldita porta e sair. Vamos, , saia! Merda! Por que não consigo simplesmente abrir a desgraçada da porta e sair? Eu não consigo!!!

Voltei, pisando fundo, e parei de frente para o “ser”, que estava de olhos fechados e com um sorriso torto na cara.
- Hei!!! – dei uns tapinhas naquele rosto perfeito, e ele abriu os olhos – Por que você diz que sou transparente? – perguntei impaciente.
- Porque sim, oras! Seus olhos mostram tudo o que você está sentindo. – ele respondeu ainda com aquele maldito sorriso torto.
- É mesmo? E o que eu estou sentindo agora? – perguntei incisiva. Essa eu quero ver!
- Hum, você está confusa, incomodada com o fato de estar confusa, e indignada com o fato de estar confusa por estar morrendo de tesão. – ele falou cínico.
Ok, preciso dizer que ele acertou? Não acredito que sou tão fácil de ler assim! Bufei indignada e dei as costas. Mas novamente ele me puxou pelo braço, me fazendo cair em cima dele. E oh, o que é isso que estou sentindo na minha bunda?!
Assim que senti o volume “estranho”, tentei levantar, mas fui impedida pelos braços fortes e musculosos que me prenderam na mesma posição.
- Mas o que é isso? Quer fazer o favor de me soltar?! – berrei entre dentes. Mas parecia que falava com as paredes porque o “ser” não me deu ouvidos.

Ele me apertou forte contra seu corpo e ficou de ladinho, me fazendo deitar também de lado, mas dessa vez, no sofá. Ok, ele me fez ficar de conchinha com ele. Morri.
Fiquei calada com um nó na garganta enquanto ele passeava com as mãos pelo meu corpo.
- Hum... - ele gemeu. Oh God, ele gemeu! – Você está sentindo isso? – ele murmurou enquanto apertava minha cintura com força.
- Isso... O que? – gaguejei, tentando prender a vontade de gemer com aqueles toques.
- Não sei o que... Só sei que é bom... Uma atração... O que você é? Um ímã? – ele perguntou e passou a mão por dentro de minha blusa, me fazendo estremecer com o choque térmico.
- Hum... - Ops! Gemi.
Ele passou a mão lentamente por minha barriga e subiu até encontrar meus seios excitados. Que sorte a minha estar sem sutiã, não? Mais sorte ainda é estar em brasas por um completo estranho. Sim, eu estava pegando fogo e ardendo de desejo por aquele “ser”, e o sentimento era recíproco, a julgar pelo tamanho de sua ereção.
Ele friccionou seu membro rijo na minha bunda e saiu de trás de mim, passando a ficar por cima. Ele depositou o peso de seu corpo em um cotovelo, enquanto sua outra mão brincava de explorar meu corpo.
Sua boca veio de encontro ao meu pescoço exposto. Lambeu e deu leves mordidinhas, me fazendo gemer involuntariamente, da mesma forma que minhas pernas fizeram quando se abriram sozinhas. Ele então entrou no meio delas, depositando um pouco de seu peso e apertando sua ereção no meu sexo que agora latejava excitado.
Ele retirou minha blusa rapidamente, e ficou a observar meus seios. Lambeu um mamilo enquanto passava uma mão pelo outro, friccionando-o entre o polegar e o indicador. Massageou toda a extensão do seio e com sua boca fazia um trabalho sensacional.
Não suportando mais o tesão, me mexi impaciente e tentei abaixar sua calça para expor o objeto de meu desejo.
Ele, percebendo minha aflição, se adiantou e retirou sua calça, juntamente com sua boxer branca. Expôs seu membro rijo e latejante. Preciso comentar o tamanho que era aquele absurdo? Sério que isso vai caber em mim? Tô começando a ficar com medo...
O estranho puxou minha calça com uma certa violência e arrancou minha calcinha em seguida. Passou sua mão no meu sexo molhado, abriu os grandes lábios “delicadamente” e enfiou um dedo fazendo movimentos de vai e vem, me fazendo gemer feito louca.
Ele passou a língua nos lábios e mordiscou o inferior, uma cena absurdamente sexy. Se eu já estava excitada, agora então... Não suportando mais o desejo que chegava a doer, enlacei meus braços nas suas costas e puxei o seu corpo de encontro ao meu. Abracei sua cintura com minhas pernas e ele enfim me penetrou com fúria.
Ele não esperou nem um minuto e começou a fazer movimentos fortes e rápidos, me fazendo gritar de prazer. Ele praticamente urrava a cada estocada, enquanto isso beijava do meu pescoço ao colo e apertava meus seios com a mão.
O estranho estocava com tanta força que me fazia quicar no sofá, não que não fosse bom, mas era estranho pensar que minhas pernas pudessem sair deslocadas ou minha entrada ficar completamente arrombada depois de uma transa dessa.
Mais algumas estocadas e já podia sentir meu sexo contraindo o seu membro pra dar lugar a um orgasmo sensacional. Ele deu um gemido gutural e gozou logo em seguida.
Ele pendeu seu corpo sobre meu, enquanto tentávamos regularizar nossas respirações descompassadas. Alguns instantes depois ele se levantou e me puxou, fazendo com que eu enlaçasse minhas pernas na sua cintura. Me carregou pra dentro do apartamento e me jogou em uma cama que eu julguei ser no seu quarto.
Ainda estava tentando assimilar o que ele pretendia, quando ele se deitou sobre mim e passeou com sua língua dos meus seios até meu sexo úmido. Lá ele ficou, e sua língua trabalhou no meu clitóris com maestria, enquanto seus dedos me penetravam. Ok, eu estava no céu e ninguém me disse?
No instante em que ele retirou os dedos, me olhou sacana e me virou de bruços. De quatro pra ser mais exata. Me invadiu com seu membro pulsante e novamente estocou com fúria. E eu pensando que não poderia sentir mais prazer... Estava redondamente enganada. Agora eu podia sentir cada centímetro daquele mastro rijo me penetrando até o limite. Ele estocava com movimentos rápidos e curtos, fazendo ecoar o clássico som de palmas.
- Oh... eu... vou... - gemi alto assim que explodi de prazer sendo acompanhada pelo estranho.
Oh céus, espero que agora ele tenha pelo menos cansado um pouquinho. Porque eu, definitivamente, estava exausta. Não só pelo fato de ter feito sexo “selvagem” com um desconhecido, mas também pelo fato de que tenho namorado, e até então sempre fui fiel ao mesmo. Hoje, descobri que não sou tão fiel assim, não que eu tivesse buscado a minha atual situação de infiel, a verdade é que a infidelidade que me achou e me arrastou pra esse buraco sem fim.

Estava deitada ao lado do homem que acabara de me comer sem pudor nem limites, e eu não sabia o que fazer. Eu nem sabia o nome dele!! Alguém consegue me explicar porque é tão sexy e atrativo transar com um estranho? Essa sensação de que um ímã tá me puxando ainda não passou, e temo que ela não passe tão cedo.
Me virei pra fitar o dono da minha perdição e o encontrei de olhos fechados, deitado na cama de barriga pra cima, com os baços dobrados sob sua cabeça. Folgado, não?
Como se sentindo que estava sendo observado, ele abriu os olhos pra me fitar.
- Toma um banho comigo? – ele perguntou com uma voz levemente rouca. Ai, ai, e eu pensando que ele não poderia ser mais sexy...
- Uhum... - respondi um tanto sem graça. Sério que eu estava com vergonha depois de ter “dado” pra ele? É, eu estou.
- Vou preparar a banheira – ele falou e levantou, indo pro banheiro logo em seguida. Não antes de eu secar aquela bunda gostosa, que por um acaso esqueci de apertar. Mas nunca é tarde, não é mesmo?
Pára tudo! O que diabos eu estou falando? Que merda que estou fazendo? Putz, eu tenho namorado!
Levantei da cama rapidamente e, sentindo um peso de dez toneladas na consciência, corri pra sala e vesti minha calça e blusa. Peguei minha bolsa e minhas sacolas de compras e saí apressada daquele apartamento amaldiçoado. Nunca mais pisaria ali.
Agora só preciso pensar numa forma descente de contar a minha súbita e indesejada traição. Tá, minto, não foi tão indesejada assim, mas ninguém precisa ficar sabendo, né? Pra todos os efeitos, foi um acidente de percurso...

Capítulo 2

* Pov*


- Me dê uma ótima razão pra não tacar esse celular na parede e voltar a dormir. – resmunguei quando atendi a droga do celular que insistia em tocar na melhor parte do meu sonho.
- Credo, amor, que mau humor é esse?
- Aquele que eu tenho quando sou acordado às 6 horas da manhã!!!
- , larga de drama, eu avisei que ligaria cedo.
- Não tão cedo, né!!
- Levanta essa bunda branca daí que estou te esperando no carro.
- Pra que?!
- , você vai experimentar o seu smoking, já esqueceu disso também?
- Claro que esqueci, não acha que tenho coisas mais importantes pra fazer, não? E precisa ser tão cedo?!
- Você quer que eu suba aí e te puxe pelos cabelos?
- Muito engraçado! Sério, preciso dormir mais um pouco, trabalhei até tarde!
- Porque quis! Te dou 10 minutos pra descer.
Ela falou e desligou o telefone na minha cara.
Ótimo, ser acordado às 6 horas da manhã pra provar roupa! Fala sério.
Levantei rápido e vesti uma roupa qualquer. Saí apressado e lá estava ela, linda como sempre, com seus cabelos cor de fogo e olhos verdes, me esperando dentro do carro.
Entrei no carro e lhe dei um selinho.
- Espero ser muito bem recompensado por estar acordando a essa hora. – murmurei enquanto colocava o cinto de segurança.
- Não se preocupe com isso, querido, sabe que virei mestre em recompensas... - ela respondeu graciosa.

Fomos em silêncio até a maldita loja. Na verdade, apenas eu estava em silêncio, já que minha noiva não parava. Ela tagarelava e eu fingia que prestava atenção. Eu estava perdido em minhas lembranças, para aquele momento que me trouxeram ao meu atual status: noivo.

Flashback on:

Voltei da joalheria ainda suando, trazendo aquela “caixinha” nas mãos, e morrendo de medo de ser rejeitado. A pergunta é: será que ela me quer tanto quando eu a quero?
Não sei como reagiria caso ela simplesmente dissesse que não está preparada pra um casamento. Ou que simplesmente não me ama tanto assim, ou que não me quer como esposo. Acho que pediria a morte caso ela me dissesse não. Eu definitivamente não estava preparado pra receber um não. Eu quero um sim. Mas e se ela disser não?
Entrei no meu apartamento carregando aquela caixinha incrivelmente “pesada” e me joguei no sofá.
Ela tinha que dizer sim.
Mas se por acaso ela disser não, eu tenho que estar preparado, né?
Ela vai dizer sim. Fato. Estou preparado para um sim, e não aceito nada além de um sim.
Ok, agora eu preciso pensar numa forma legal de fazer o pedido.
Merda! Eu não sei como fazer o pedido.

Duas horas depois...

Fudeu! Não faço ideia de como fazer isso. Agora é que ela vai me dizer não mesmo. Isso se eu conseguir fazer esse maldito pedido.
Ah, desisto. Vou pedir ajuda aos universitários. Digo, ao meu amigo.
Disquei o número do cidadão e esperei.
- Alô, Mike? Cara, preciso de ajuda! Não sei como fazer o pedido de casamento!
- Hein? Amor é você?
Um buraco pra me enterrar, por favor?
- QUE MERDA VOCÊ TÁ FAZENDO COM O CELULAR DO MIKE?
- Credo, , esqueceu que trabalhamos juntos? Eu hein! Ele foi no banheiro e largou o celular aqui. E que história de pedido de casamento é essa, hein?
Morri.
Por que essas coisas só acontecem comigo? Por que ela tinha que atender a desgraça do celular?!
- Amor? Ainda tá na linha? Amor, está me assustando!
- Merda! Você sempre estraga tudo, sabia? Eu ia fazer uma coisa legal e agora você já sabe!
- Sei o que, amor? Não estou entendendo nada!
- Do casamento, droga! Era pra ser um pedido legal e não por telefone!!!
- Você não está falando sério, né? Ou está?
Ah merda, agora é a hora que ela diz não.
Preciso de uma garrafa de uísque pra afogar minhas mágoas. Nunca mais saio de casa. Ela vai dizer não. Céus, que espécie de namorado pede uma garota em casamento pelo celular?!
- Amor, diz que não é brincadeira!
- Não é brincadeira. Você sabe que é tudo pra mim, não sabe? Eu só queria fazer com que isso durasse pra sempre. Eu quero muito que você seja minha esposa...
- OH MY GOD!!!!!!! Isso é sério né? AHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!! – a maluca deu um grito histérico, quase me deixando surdo.
- É pra eu considerar isso como um sim, ou como um não?
- SIMMMMMMMMMMM!!!!! CLARO QUE SIM!!! Ai meu Deus! Não acredito que vou me casar! GENTE, EU VOU ME CASAR!!! – e novamente a histérica grita no meu ouvido. E pelo visto toda a revista já sabia do nosso futuro casamento.
- A senhorita poderia, por favor, dar uma passadinha na minha casa pra pegar a aliança?
- Chego aí em 1 minuto!

Flashback off.

Depois desse pedido as avessas minha mulher gostosa não me deixa em paz. É arrumação pra lá, arrumação cá. Terno, vestido, convite, etc, etc e etc... O casamento seria daqui a dois meses e incrivelmente, já estava quase tudo pronto.

- ?! Estou falando com você! Você não ouviu nada do que eu disse, né? – minha linda noiva me acariciou com um murro no ombro.
- Desculpe, querida, estava distraído...
- Eu percebi, né! Anda, levanta essa bunda branca daí e vem.
- Quer parar de esculhambar minha bunda? Ela é sexy, ok?
- É, eu sei, mas ainda assim é branca...
- Vou considerar isso como um elogio.

Depois de provar a porcaria do smoking, ela me alugou o resto da manhã, olhando coisas pra decoração da festa e afins. Resumindo: um saco.

Deixei-a no trabalho dela e parti pra meu cafofo. Fiquei assistindo porcaria na televisão.

“Os meteorologistas informam que uma grande tempestade ameaça a cidade de Londres nesse final de tarde. Para a sua segurança, evite sair nas ruas e mantenham-se em abrigos seguros e aquecidos”

Acabei caindo no sono ali mesmo no sofá e despertei com o som da janela batendo.
Liguei o aquecedor, pois estava um pouco frio e fui na varanda observar a tal tempestade. Olhei ao redor e as ruas estavam um caos. Muita poeira, vento e chuva passando ao mesmo tempo. As pessoas corriam feito loucas e os carros já estavam congestionando o trânsito.
Observei uma mulher toda descabelada do outro lado da rua. Ela se segurava no poste, e parecia meio perdida. Ela atravessou a rua se apoiando nos carros e veio parar em frente a escadaria do meu apartamento. Voltei pra dentro e pensei seriamente em ajudar aquela pobre coitada, que em breve congelaria lá na rua.
Desci pra oferecer abrigo, mas a linda mulher de olhos , cabelos e se recusou. Acho que ela pensou que eu era algum tipo de estuprador ou algo do tipo. De qualquer forma, não tiro a razão da mesma, não que eu seja um, mas pelo fato dela não entrar na casa de estranhos.
Voltei pra dentro, mas ainda incomodado com uma garota congelando a minha porta. Resolvi pegar um cobertor e preparar um café pra ela. E claro, ela recusou o café, provavelmente pensando que tinha alguma droga na bebida. Confesso que até me impressionei com a astúcia da garota, muito esperta e pé no chão. Nos tempo de hoje, não se pode vacilar com estranhos, não é verdade?
Novamente voltei pra dentro, mas voltei logo em seguida levando uma bandeja pra que ela mesma preparasse o seu café. Mas a infeliz recusou. Deveria deixar essa ingrata congelando, né? Ou então deixar o vento carregá-la... Mas como perfeito cavalheiro que sou, sem falsa modéstia, consegui arrastá-la pra dentro.
Ela ficou observando o quadro que minha noiva me deu de presente. E depois foi preparar sua bebida.
Não pude deixar de reparar na sua beleza. Ela tinha curvas perfeitas, seios perfeitamente escondidos naquela roupa e uma bunda empinada visível naquela calça apertada. Nada legal pra minha sanidade. Nada legal pra um homem quase casado.
Não vou olhar.
Como se isso fosse possível...
Eu ficaria horas ali, só olhando aquele corpo perfeitamente esculpido.
Sem contar aquela maldita sensação de estar sendo atraído pra ela. Como se a mesma fosse um ímã. Estranho. Eu não me sentia assim perto de minha noiva. Eu tinha atração, claro, mas não desse jeito. Não uma atração que me faça querer pegá-la no colo e jogar na minha cama e fazer tudo que tenho direito. Era isso que eu estava sentindo agora. Tesão.
Sentia minha calça explodir sem motivo aparente. Ela era linda, fato. Mas era só uma mulher! Não tinha nada que minha noiva não tivesse. Tudo bem, que minha garota não tinha lá esse par de pernas perfeitamente torneadas e essa bunda que dá uma vontade absurda de apertar e não soltar mais, mas ainda assim, era minha noiva! E eu a amo, não é verdade?
Não resisti à tentação e resolvi provocá-la só um pouquinho. Sentei do seu lado. Ela estava com medo. Mas não havia só o medo, havia uma atração nos puxando e nos unindo. Eu podia senti-la arfar quando sussurrava em seu ouvido ou estremecer com uma simples aproximação. Até o seu coração batia descompassado pelo simples fato de eu estar na sua frente. Ela sentia o mesmo que eu.
Obviamente ela não iria assumir nem ceder às minhas provocações. E de uma forma até engraçada ela se posicionou para uma possível defesa. O que ela pensa que está fazendo? Se eu a quisesse, o que diabos ela faria? Ela era hilária. Ainda mais quando estava com aquela cara confusa, num misto de desejo e medo. O que me deixava com mais tesão ainda. Ok, isso não é bom. Nada bom mesmo. Eu sou quase casado!
Tive que sair da cozinha e ir pra sala, porque a tensão sexual ali não estava me ajudando. E eu não poderia simplesmente expulsar a garota da minha casa, né? E nessa tempestade então, seria praticamente homicídio culposo.
Bom, seria mais fácil pra mim se ela não ficasse com essa cara irritadinha e babando no meu corpo. Aproveitei a deixa pra provocá-la mais um pouco. Eu nem sei porque estava fazendo isso. Era divertido, fato. Mas não estava ajudando a diminuir a tensão. Pelo contrário, estava aumentando. E o pequeno já estava chorando dolorido com o pouco espaço dentro da calça. Relaxa aí, , que a sua grutinha não está aqui. Essa daí não é pro seu bico. Como se ele fosse me ouvir. Pequeno era teimoso. E ele a queria.
Ela fez menção pra ir embora, mas a impedi. O que a fez ficar mais amedrontada do que antes. Preferi parar com as provocações e a deixei partir. Pequeno não gostou. Mas seria melhor assim. Eu ainda tenho uma noiva pra zelar.
O destino só pode estar me zoando. A garota não saiu. E agora ela me dava tapas na cara enquanto eu ainda tentava controlar o pequeno .
Nada bom.
Não resisti à merda da tentação e a puxei pra cima de mim. Ela tentou levantar, mas não deixei, ou melhor, pequeno não deixou. Agora era ele quem mandava na situação entende? Meu juízo foi pras cucuias.
Alguns poucos movimentos e apertos e ela já estava gemendo pra mim. Oh, ela gemeu. Era tudo o que eu precisava pra perder a cabeça de uma vez. E foi isso que eu fiz.
Passeei com minhas mãos por toda a extensão de seu corpo. Sua pele fria em contraste com a minha quente a fazia estremecer. Sorte a minha ela estar sem sutiã, não? Apertei aquelas duas perinhas em minhas mãos e parti pra cima dela.
Era nítida a atração que nossos corpos exerciam um sobre o outro. Eu mal a toquei e ela já me chamava com as pernas abertas. Com esse simples ato, um instinto meio que animal se apoderou de mim e arranquei nossas roupas. Eu a queria. Agora.
Passei minha língua por todo o seu corpo e com uma mão friccionei seu clitóris latejante. Ela gemia com o contato e pediu por mais. Ela me queria.
A penetrei com força e bombei fazendo-a quicar no sofá. Eu não costumava ser assim tão bruto, mas aquela maldita tensão sexual entre nós pedia uma dose de selvageria. E foi o que fiz. Algumas estocadas e ela já me apertava, seu corpo logo estremeceu com os espasmos do orgasmo gostoso. Eu a acompanhei e liberei minha tensão dentro dela. Minto, só isso não foi suficiente pra acabar com a tensão. Pequeno queria mais.
Levei a desconhecida pro meu quarto e repeti a dose de sexo com ela de quatro pra mim. Oh, ela é gostosa. E o contato que aquela bunda fazia contra mim, me deixava louco. Ela me deixava louco. Não lembro de me sentir assim por minha noiva. Não com essa intensidade. Seria pelo fato dela ser uma completa estranha? Isso é sexy, não é verdade? Mas não justifica.
E o que eram aqueles gemidos? Ela era um tesão. Era certo que não me sobrara nenhum restinho de sanidade. Eu estava louco. Estávamos loucos. E eu ainda a queria. A queria numa banheira, num chuveiro, na cozinha, em todos os lugares e de todos os jeitos. Eu ainda a quero. Mas ela me quer tanto quanto eu?
A convidei para um banho e ela aceitou. Espero que ela não esteja cansada. Tenho planos pra aquela banheira. Já que estou na merda mesmo, por que não aproveitar?
Voltei pro quarto depois que enchi a banheira e coloquei os sais de banho. Espero que ela goste do aroma de ylang ylang, dizem que é afrodisíaco, quem sou pra negar?
Mas estranhamente ela não estava mais lá. Fui verificar na sala e não encontrei suas roupas e sacolas. Vesti minha calça e desci as escadas. Só cheguei a tempo de ver um táxi partindo. Ótimo, ela me usou e deu o fora. É, ela não me queria tanto assim.
Merda!
Isso foi broxante.
Voltei pro meu quarto pisando fundo. Nunca mais convido estranhas pro meu apartamento.
Esvaziei a porcaria da banheira. Agora não teria mais graça sozinho.
Só me resta pensar se devo contar ou não esse acidente de percurso pra minha noiva.
Não.
Não vou contar.
Ela não me perdoaria.

Capítulo 3

Peguei o primeiro táxi que passou e segui pra minha casa. Desci dois quarteirões antes e parei numa farmácia.
- Boa tarde, em que posso ajudar? – o balconista falou assim que entrei.
- Boa tarde, estou precisando daquela pílula do dia seguinte, você tem? – perguntei impaciente. É, dei mancada mesmo. Na hora do fogo, quem lembrou de usar camisinha?
- Tem preferência por algum laboratório?
- Não, pode ser qualquer um.
Peguei o medicamento, paguei e segui a pé pra minha casa.
Merda. Eu não queria chegar em casa.
Poderia ficar zanzando por aí, até que meu namorado fosse dormir. Eu não tenho a mínima condição de contar pra ele o “acidente”.
Talvez eu não devesse contar. Ficaria por isso mesmo e trataria de nunca repetir. Quem nunca pulou a cerca uma vez na vida, né? Ninguém precisa saber...
Mas minha consciência não vai ficar tranquila se eu não contar. Estamos juntos há tanto tempo, ele vai entender. Foi um acidente!!
Mas um relacionamento não sobrevive a base de mentiras, não é mesmo? Se eu não contar, vou passar o resto de minha vida atormentada por essas lembranças, fora o medo dele descobrir por outra pessoa. Se bem que só quem sabe disso somos eu e o estranho. Ele não contaria pra ninguém, contaria?
Andei a passos curtos e fiquei parada na frente da minha casa, esperando a coragem chegar. Entrei com muito custo e constatei que a casa estava vazia. Ótimo. Menos um problema pra pensar.
Antes de mais nada, preciso de um belo banho. Imagina se meu namorado chega e sente esse cheiro de sexo? E vai que ele me ataca e vê que estou toda grudada de esperma de outro?
Tomei um banho demorado e finalmente tomei uma decisão.
Eu não vou contar.
Foi apenas um episódio trágico de minha vida, uma página virada. Agora é olhar pra frente e esquecer aquele “ser” amaldiçoado que quase destruiu a minha vida.

Fui pra cozinha e preparei patê de carne com cebola e batata, e bananas flambadas pra sobremesa, os prediletos do meu namorado. É, eu sei, iria agradá-lo pra tentar diminuir o peso da minha consciência. Não que isso fosse resolver o meu problema, mas poderia ajudar de alguma forma.
Na verdade não sei porque esse drama todo. Eu não vou contar mesmo.

Duas horas depois, estava tudo pronto. Estava acabando de arrumar a mesa do jantar quando ele chegou. Jogou sua maleta no sofá e veio até mim com um sorriso enorme. Não sei de onde ele tira tanta disposição depois de um dia estressante de trabalho.
- Como foi seu dia, querida? – ele perguntou e veio me abraçar.
- Horrível! – oh merda! Não deveria ter dito isso, agora ele vai querer saber por quê.
- Mesmo? O que aconteceu? – ele perguntou preocupado.
- Er... Peguei aquela tempestade na rua, sabe?! - o que não deixa de ser verdade, né?
- , você não viu os noticiários? Não deveria ter saído de casa!
- Eu precisava comprar umas coisas na rua... Mas não aconteceu nada demais, o que importa é que já passou... - espero mesmo que passe...
- Hum... Estava com saudades, sabia? – ele chegou mais perto e tomou meu rosto nas mãos, levando de encontro a seus lábios entreabertos.
Pelo menos minha boca ainda estava “pura”. Porque o resto do meu corpo foi violado e contaminado por um estranho. Preciso arrumar uma boa desculpa pra não transar com meu namorado hoje. Ainda estou em fase de desintoxicação. Se ele me tocar, vou me sentir podre.
- Estou morrendo de fome, vamos jantar? – desfiz o beijo e sorri sem graça.
- Hum, o cheiro está ótimo, mas preciso de um banho primeiro.
- Vai lá, espero por aqui...
- Vem comigo? – ele perguntou com malícia e eu cheguei a suar frio. Pensa rápido, !
- Er... Acabei de tomar banho, deixa pra outra vez... - sorri amarelo e ele fez biquinho.
- Teremos tempo mais tarde. – ele falou e foi pro quarto.
Certo. O que ele quis dizer com “mais tarde”? O óbvio, né, ? Ele quer sexo mais tarde.
Estou na merda, fato.
Ele voltou depois de alguns minutos. Vestia apenas uma maldita calça de moletom preta que me trazia lembranças nada apropriadas. Nota mental: jogar todas as calças de moletom pretas dele no lixo. Não quero nada que me lembre daquele “ser”.
Acho que ele percebeu que eu o fitava e sorriu torto. Ótimo, agora ele está pensando besteira.
- Podemos jantar “depois” se você preferir... - ele mordeu o lábio inferior e desceu a mão pelo peitoral até chegar no cós da calça. Passou o polegar por dentro, esticou e soltou fazendo bater de volta no seu corpo.
Em outras ocasiões eu acharia tudo isso muito sexy. Mas depois do que aconteceu comigo naquele maldito apartamento, nada que não viesse do estranho eu acharia sexy.
Tenho a leve impressão de que o sexo também não será mais o mesmo.
O sujeito destruiu a minha vida sexual.
- Er... Eu realmente estou com fome, querido... - sorri de nervoso e me sentei a mesa. Eu estava desconfortável.
- Você está tão estranha, ... Aconteceu algo que você não me contou?
Oh oh oh! Me mate que é melhor! Se ele soubesse o que aconteceu...
- Hum? Não, não aconteceu nada... É impressão sua... - falei num fio de voz e servi o jantar.
Ele começou a tagarelar sobre o seu dia de trabalho e eu fingia que prestava atenção, Minha cabeça estava a quilômetros dali, numa certa rua, num certo apartamento... Merda!
- O que me diz? ? – despertei dos meus devaneios quando ele abanou a mão em frente ao meu rosto.
- Hã?! Que foi? – perguntei atrapalhada.
- Nossa, você estava viajando. Te perguntei o que me diz de passar as férias no Holiday Resort?
- Pode ser...
Como se eu tivesse cabeça pra pensar em férias!
- Não estou me sentindo muito bem... Vou dormir... – falei, fazendo um teatrinho básico.
- O que você tem? Não prefere procurar um médico? – ele perguntou preocupado.
- É só uma dor de cabeça... Nada que uma boa noite de sono não resolva... - assim espero. Isso se eu conseguir dormir...
- Tudo bem. Vou resolver umas coisas do trabalho, se você estiver acordada mais tarde...
- Boa noite, querido...
Interrompi logo sua linha de raciocínio. Já chega de sexo por hoje.

Como o esperado, não dormi bulhufas. Fechava os olhos e tudo que eu conseguia ver era aquele peitoral maravilhoso, aqueles braços e pernas cheios de músculos definidos, aquela bunda, aquele “documento” acima da média... Ai, ai... Definitivamente estou na merda.
O que será que ele pensou de mim? Será que fui só mais uma pra sua coleção? Ou mais uma coitada que parou no seu apê por acidente? Mais uma lunática tarada por aquele corpo esculpido? Será que ele me achou uma vagabunda qualquer por ter “dado” pra ele assim, logo de cara?
Certo que nenhuma mulher em sã consciência sai por aí dando pra qualquer estranho como se fosse uma coisa normal, né? Mas será que ele percebeu que isso foi só um acidente de percurso?
É provável que não. Ele nem deve se lembrar mais que existo. Por que uma mulher como eu significaria algo pra alguém como ele? Ele é o tipo de homem que tem todas as mulheres a seus pés. Eu sou só mais uma na multidão.
Merda.
Isso não faz bem pro meu ego.

Amanheceu e eu estava lá, deitada do mesmo jeito e provavelmente com olheiras horrorosas. Tudo culpa daquele maldito estranho!
Hoje eu não vou trabalhar. Não estou em condições psicológicas para tal.
Vou na rua. Não naquela rua. Em outra rua, claro. Bem longe dela, se possível. Mas se por um acaso eu passar por perto não custa nada dizer um olá pra ele, né?
Custa!
Custa toda a minha dignidade! Não vou chegar nem perto daquela maldita rua! Ficarei a quilômetros de distância dela e ponto final!

Dessa vez eu peguei meu carro. Fui pra um lugar qualquer no centro da cidade. Passei num shopping e comprei alguns apetrechos pra minha casa.
Eu poderia ir naquela loja e comprar mais coisinhas pra meu sobrinho, né?
Não!
Aquela loja fica perto daquela rua. Não vou!
Comecei a andar despreocupada e olhando as vitrines. E oh merda! Eu conheço essa loja.
Como eu vim parar aqui? Meus pés agem sozinhos agora? Eu não disse que não viria nessa maldita loja? Que droga!
Mas já que estou aqui, não custa nada levar uns brinquedinhos pra meu sobrinho, né?
Entrei na loja e comprei mais algumas coisinhas. Saí de lá e voltei rápido pra pegar o meu carro. Coincidentemente acabei passando pela maldita rua. Talvez não tenha sido tão coincidência assim... Tá, eu confesso, eu passei querendo. Se ele estivesse na varanda do apê eu daria um tchauzinho, né? Ainda sou educada, tá?
Passei lentamente em frente ao apê e ele não estava onde eu queria que estivesse... Sem graça...
Estacionei o carro perto do apê, logo em frente a um beco. Desci do carro e atravessei a rua. Parei em frente ao portão.
Ok, o que eu estou fazendo? Alguém, por favor, me explica o que exatamente eu estou fazendo parada em frente ao apê dele?
Não tem explicação.
Mas que porra está acontecendo comigo?! Que tipo de ímã está me atraindo pra essa droga de apartamento? Isso é uma maldição!!
Dei meia volta e atravessei a rua.
Quando estava chegando perto do meu carro, sinto braços fortes me apertar e uma mão tapar a minha boca. Ótimo, agora vou ser assaltada.
E pior do que isso. Vou ser estuprada. O sujeito começou a me arrastar pra dentro do beco escuro e eu me apavorei.
Tentei me soltar, me debati contra o homem, mas sem sucesso. As lágrimas começaram a escorrer até que o sujeito me prensou contra a parede e eu pude ver o seu rosto.
Ele.
Morri.
- Sentiu saudades? – ele falou com sua voz melodiosa e eu estremeci. Esse homem ainda me mata.
Não consegui responder. Havia um Deus grego grudado em mim e com um sorriso que me tirava o fôlego, a voz, o raciocínio, a sanidade. Estou perdida.
- O gato comeu sua língua? Já que você não responde, deixa eu falar primeiro. Eu senti saudades. Nem dormi de noite, sabia?
Omg! Morri, morri, morri! Que homem é esse?!
Como ele chega assim pra mim e diz essas coisas? Ele não vê que posso ter um ataque cardíaco?
- E-u... pre-ci-so... ir – gaguejei num fio de voz.
- Hum, deixa eu pensar... Não. Você não vai. – ele falou com malícia e minhas pernas bambearam.
Como assim eu não vou? O que ele quer dizer com isso?
- Hein? – perguntei um pouco assustada.
- Não antes de eu fazer com você o que eu não fiz ontem...
Hein? Morri.
- Que seria...? – perguntei mesmo sabendo exatamente do que ele estava falando.
- Antes de tudo eu preciso beijar essa boca gostosa que você ainda não me deu... – ele sussurrou no meu ouvido e alternou seus olhares entre meus lábios e meus olhos.
Omg! Me mata logo que é melhor. Assim eu não aguento!!
O estranho beijou o cantinho da minha boca e depois passou a língua pela linha dos meus lábios, como se estivesse saboreando cada pedaçinho. Ele pediu passagem e eu segui um impulso mais forte do que eu. Enfiei minhas mãos pelos seus cabelos e puxei seu rosto até selar nossos lábios. Abri minha boca para um beijo molhado e cheio de desejo. Enquanto nossas línguas travavam uma batalha sem perdedores, nossas mãos brincavam de explorar o corpo do outro. Apertei com gosto aquela bunda gostosa e ele fez o mesmo, mas me puxando pra cima e me fazendo enlaçar minhas pernas em sua cintura.
Ainda sem desgrudar nossos lábios, ele passou as mãos por dentro do meu vestido até chegar na minha fonte de calor. Por cima da calcinha, acariciou meu sexo com o polegar. Enfiou toda mão por dentro e estimulou meu clitóris com movimentos circulares.
- Oh... Não... Não pára... - gemi num frenesi enquanto ele enfiava dois dedos no meu sexo encharcado.
- É assim que você gosta? Hum? O que mais você quer, hein? Diz... - ele sussurrou enquanto ele estocava seus dedos em mim.
- Vo-cê... Eu quero você... Oh... - sussurrei e gemi alto quando o orgasmo me alcançou.
Ele abriu o zíper da calça e baixou sua boxer até as coxas. Direcionou o seu membro rijo e latejante pra minha entrada e me penetrou com força. Enfiou até o limite e retirou pra entrar com tudo outra vez. Eu gemia e ele urrava, chocando seu corpo contra o meu, e minhas costas contra a parede. De movimentos bruscos e fortes, ele passou a mexer rápido me fazendo delirar de prazer. Revirei os olhos e gemi quando meus músculos contraíram em volta do seu membro, me fazendo gozar. Ele continuou bombando, repousou sua cabeça em meu ombro enquanto gozava e diminua os movimentos até parar. Ele retirou lentamente seu membro, fazendo escorrer todo aquele fluido branco em minhas pernas agora vacilantes.
- Não sei você, mas eu preciso de bis. – ele falou com sua voz rouca enquanto arrumava os “documentos” na calça.
- Eu... Não posso... Desculpe, mas não posso... – gaguejei, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair.
Isso lá é hora de chorar, ? Você acaba de fazer sexo gostoso, com um cara gostoso e vai chorar?
Certo que o remorso sempre ataca na hora errada. Eu não tenho que pensar no meu namorado agora! Merda! Tudo bem que ele não merece esse tipo de traição, mas deixo pra pensar nisso em casa, né?
- Você não pode ou não quer? – ele sussurrou rouco me fazendo perder a linha de raciocínio. Do que a gente tá falando mesmo?
- Não posso... - ele me olhou decepcionado e fez um biquinho fofo. Quase cedi.
- Não quero que vá... Não percebe que preciso de ti? – ele sussurrou e me apertou contra si, me fazendo sentir sua nova ereção.
Oh God, esse homem não cansa, não? E ainda fica se esfregando em mim, isso é golpe baixo!
- Fica, vai? – ele pediu manhoso e me apertou ainda mais. Ave Maria, ainda tenho um treco perto dele...
- Desculpe... Eu... Preciso ir... Não espere que eu apareça mais por aqui... Essa foi a última vez, ok? Foi só um acidente de percurso... - falei embargada e tentei não fitá-lo nos olhos, mas ainda assim podia sentir sua feição triste com aquelas palavras.
- Acidente? Eu não acho que tenha sito só um acidente! Você veio até a minha porta, ok? Fizemos tudo por vontade própria, e você me diz que foi só um acidente de percurso?
- O que você quer que eu diga, hein?! Que é maravilhoso estar com você e que seremos felizes pra sempre?! – berrei, já deixando as lágrimas despencarem.
Ele enxugou minhas lágrimas com os dedos e suspirou.
- Do que você tem medo? Que eu te ache uma vagabunda? Que eu quero você só por sexo? Se é só isso, pode ficar tranquila, ok? Eu já te disse que você é transparente, e eu sei perfeitamente que tipo de mulher é você... E eu te quero pra mim.
- Hã?! Você acha que é tão simples assim? Eu não posso! Não dá pra mim. Tenho que ir...
Ele engoliu em seco e fez uma cara decepcionada. Se afastou de mim, me dando passagem.
- Vai me dizer o seu nome pelo menos? – ele perguntou, segurando meu braço.
- . – respondi num fio de voz.
- Não pedi o apelido, pedi o nome... - ele resmungou, fazendo bico.
- Desculpe, mas é só isso que posso dizer...
- Se é assim, então me chame de .
- Creio que não seja necessário, afinal, não nos veremos mais. Adeus, . – falei ríspida e andei até meu carro. Entrei e saí dali cantando pneu.

Chorei litros até chegar em casa. Eu não podia ficar com ele. Mas eu queria.
Era um completo estranho, mas ainda assim eu o queria. O desejava.
. A única informação substancial que eu tinha dele, o apelido. Fora, é claro, o fato dele ser uma máquina de sexo, e lindo, gostoso, etc, etc e etc.
Ele me quer.
Isso nunca mais vai sair da minha cabeça.
Ele me quer. E não é só sexo.
Eu sabia que tinha destruído a minha vida. E agora eu estou definitivamente e literalmente fudida.
Eu quero um estranho. E um estranho me quer.
Eu tenho namorado.
Merda!

Tomei uma ducha fria e fui pro meu quarto, minha cama, meu refúgio. Daqui eu só saio quando aquele maldito sair da minha cabeça!

Capítulo 4

* Pov*


Tomei uma ducha fria. Precisava tirar aquela garota da minha cabeça.
Como assim que ela vai embora e me deixa aqui chupando dedo? Nem sequer disse um tchau!
Ok, eu prometi pra mim mesmo que não ia mais pensar nela. Tenho uma noiva linda e gostosa pra pensar, um casamento pra arrumar e uma vida inteira pela frente sem aquela garota maluca.
Deitei na minha cama, esperando que por algum milagre o sono me pegasse e eu esquecesse essa tarde “diferente”.
Mas ele não veio. E eu fiquei aqui, deitado, olhando pro teto e pensando nela.
Eu precisava trabalhar, mas ao invés disso eu estava aqui, pensando naquelas pernas torneadas, e naquelas perinhas que cabiam perfeitamente na minha mão. Aquela boca carnuda que não provei. Ah, se eu a pego de novo, aquela boca não me escapa!
Não que eu fosse vê-la novamente. Mas se por um acaso isso ocorresse, eu a beijaria, fato. Não poderia deixar de provar nenhum pedaçinho daquele corpo perfeito. Ela seria toda minha.
Eu queria que ela fosse minha.
Queria vê-la todo dia. Tocá-la todo dia.
Puta que pariu, quanta merda eu tô falando! Eu já tenho uma mulher pra ser minha todo dia! Eu não preciso de outra, droga!
Mesmo querendo, eu não preciso. Mas eu quero...
E ela é perfeita pra mim. Feita na medida. E é quente. Muito quente. Ou é meu corpo que ferve perto dela?
Agora é sério, preciso trabalhar. Não dá pra ficar aqui esperando o tempo passar.
Levantei com muito custo e fui pra meu escritório. Liguei meu computador e trabalhei até umas 21:00 horas. Foi quando eu recebi uma mensagem no celular.
“Amor, estava pensando naquela recompensa... Meus pais viajaram e eu poderia dormir aí... Você quer?”
Esqueci completamente da minha noiva. Ela dormir aqui logo hoje? Logo quando eu estou com a cabeça em outro lugar?
Vai ser muito desagradável transar com ela pensando em outra. Nada legal.
Mandei uma resposta.
Não quer deixar pra amanhã? Estou atolado com o trabalho...
Cullen negando uma boa noite de sexo, é novidade até pra mim mesmo. E é tudo culpa de uma completa estranha!
Recebi uma nova mensagem.
Prometo que fico quietinha. Não vou atrapalhar. Tenho medo de dormir sozinha :(
Puta que pariu, como negar uma coisa fofa dessas? Não dá, né?
Respondi a mensagem.
Então vem logo, dengosa!
E logo em seguida ela mandou outra mensagem.
Também te amo, gostoso!
Meia hora depois a campainha toca. Fui atender, já imaginando quem era. Mal abri a porta e já senti um corpo se chocar contra o meu, quase me derrubando.
- Hum, que saudades!!! – ela deu um gritinho e me encheu de beijos no rosto.
- Querida, nos vemos hoje de manhã... - falei enquanto subíamos as escadas.
- Por isso mesmo! Muito tempo!
- Sei, sei... - brinquei e fui agraciado com um tapa no ombro.
- Tem o que pra comer aí? E que seja congelado, por favor, você sabe que não sei cozinhar bulhufas. – ela entrou na cozinha e começou a fuçar os armários.
- Nem eu sei se tem algo aí, não prefere pedir uma pizza? – perguntei, me escorando no balcão da cozinha.
- Hum, boa ideia! Vou ligar.
Ela pediu as pizzas e ficamos na sala falando besteira.
- Você não tinha que trabalhar? – ela perguntou enquanto me fazia cafuné.
- Nossa, amor, quer me ver escravo do trabalho, é?
- Foi você quem disse que estava atolado, !
- E não tenho direito a uma pausa pra comer?
- Claro, meu amor, você tem direito a tudo, inclusive recompensas... - ela falou com malícia e eu sorri amarelo.
- Não comece, sua safadinha, não posso me dar o luxo de recompensas. – e não podia mesmo, de recompensas já chega por hoje.
- É a primeira vez que você coloca o prazer depois do trabalho, sabia? – ela resmungou, fazendo bico.
Mal sabia ela que eu já tinha abdicado do trabalho a tarde toda, por pura sacanagem.
Pra minha sorte a campainha tocou. Era o entregador de pizzas.
Comemos em silêncio e logo eu voltei pro escritório com ela no meu encalço.
- Tem certeza que vai ficar me olhando trabalhar? – perguntei, tentando parecer indiferente.
- Incomoda? – ela perguntou com receio.
- Não, pode ficar se quiser...
E assim ficamos. Eu no computador e ela sentada do meu lado, apoiada com a cabeça no meu ombro. Logo ela pegou no sono e eu a levei pro quarto.
Eram nessas horas que batia o ressentimento. Eu tinha uma linda mulher que me amava, e ainda assim fui capaz de traí-la descaradamente.
De qualquer forma, já passou. Ninguém precisa saber. Morreu o assunto, eu não a veria mais e ponto final. A não ser que garota desse com a língua nos dentes e minha noiva ficasse sabendo. Ela não faria isso, faria?
Desliguei o computador e voltei pro quarto. Tentei dormir. Veja bem, eu apenas tentei, porque tentar e conseguir eram coisas completamente diferentes. Ela não saia da minha cabeça.

Já eram altas horas da madrugada e estava ali deitado de pau duro, pensando em outra mulher. Isso é, literalmente, foda!
Levantei de mansinho e me tranquei no banheiro. Ok, amigão, vamos bater um papinho legal.
É, talvez eu tenha perdido metade de minha sanidade, agora estava dando pra conversar com meu próprio pênis!
Abaixei a tampa do sanitário e me sentei ali. Tirei o pequeno da calça e me masturbei pensando em quem? Nela, é claro!
Tomei uma ducha gelada e voltei pra cama. Agora mais relaxado, consegui dormir.
Levantei e já passavam das 10 horas da manhã. Minha garota já tinha saído pro trabalho e ainda tinha muito a fazer com o meu.
Tomei um café e comi uns biscoitos secos que tinha no armário. Eu estava precisando renovar meu estoque de comida. Fui pra varanda observar o movimento enquanto comia meu café de primeira, pra não dizer o contrário.
Engasguei com o biscoito quando vi uma silhueta muito conhecida por mim. Oh, céus, dai-me forças! Aquela garota estava nesse exato momento, atravessando a rua e parando em frente ao meu portão.
Sorte ou azar?
O que você faz quando a tentação bate a sua porta?
Vai atender, né? E era isso que ia fazer. Dane-se minha consciência de homem quase casado. Eu já tô na merda mesmo!
Desci correndo e abri a porta, mas ela já não estava mais lá. Olhei em volta e a vi perto de um carro. Atravessei a rua e a peguei desprevenida. Tapei sua boca pra evitar o grito e a levei pra dentro do beco.
Ela chorava de medo, mas logo cessou quando viu quem era o seu raptor. Eu, obviamente. Não me lembrava de como era estar assim tão pertinho dela. E logo eu senti aquele frenesi se apoderando de mim, aquela sensação animalesca de desejo, e meu corpo borbulhar em chamas. Mentira, eu lembrava sim, e agora, então… Assim tão perto, tão intenso…
Eu ainda ficaria louco com essa mulher. Quando estou com ela, o mundo pára. Nada mais importa. E tudo o que eu quero e preciso fazer é tocá-la, sentir cada pedacinho daquele corpo e fazê-la minha.
Beijei aquela boca gostosa e a puxei pro meu colo, apertando sua bunda macia. Nossas mãos passeavam por nossos corpos e logo eu a estava penetrando com os dedos. Tão apertadinha!
Ela pediu por mais e rapidamente gozou em minha mão. Dei mais uma dose do pequeno , e a penetrei com força. Bombei nela até gozar. Ainda arfava quando o pequeno já pedia bis.
Tudo estaria perfeito se ela não dissesse essas palavrinhas nojentas: Eu não posso.
Ela não podia e eu também não. Mas isso é hora pra pensar nisso? Depois de tudo que rolou ela ainda vem me dizer que não pode? O que eu sou afinal de contas? Um objeto sexual? Usa, abusa e depois joga fora?
Não podia ser só isso. Eu a queria tanto, será que ela não me quer tanto quanto eu? Impulsivamente me humilhei, pedindo que ela ficasse. Mas é óbvio que ela recusou.
E de quebra falou justamente o que eu não queria ouvir: Foi só um acidente de percurso.
Mas por mais que ela negasse esse sentimento estranho que tínhamos um pelo outro, suas lágrimas me diziam exatamente o contrário. Ela também me quer. Mas ela tinha medo, confusão ou simplesmente algum empecilho. Eu não queria empecilhos entre nós. Eu a queria pra mim. Custe o que custar.
E ela tinha que saber que não é só sexo. Eu também não sabia dizer o que era, mas era algo muito forte. Algo que nos unia assim. Que me fazia querê-la todos os dias, indefinidamente.
Mas ainda havia uma força maior que a separava de mim. Uma força que a queria tirar dos meus braços, do meu aconchego. E ela se foi. Me deixou apenas o seu apelido. .

Voltei arrasado pro meu apê.
Precisava pensar numa forma de revê-la. Acertar nossas contas de uma vez por todas. Não sabia exatamente como faria. Mas tinha que haver um jeito. E esse jeito seria eu e ela, juntos.
Com minha noiva eu não sei o que fazer. Eu ainda a amo, certo? Mesmo que meu corpo clamasse por outra, meu coração ainda tinha dona, não tinha?
A quem eu estou querendo enganar? Nem eu mesmo sei o que eu sinto! Está tudo tão confuso!
Eu poderia ficar com as duas. Até descobrir o que é mais importante pra mim. O amor e a estabilidade com minha noiva; sexo, dúvidas, instabilidade e sabe-se lá mais o que com uma estranha.
Me peguei andando de um lado pro outro na minha sala. Estava ficando doido.
Não dá pra ficar aqui. Preciso espairecer.
Tomei uma ducha e vesti roupas confortáveis. Fui correr. Ainda havia muito a se pensar...

Capítulo 5

Sinceramente eu não sabia o que fazer pra resolver meu problema.
Eu tinha um namorado, certo? E estava de quatros por outro, certo?
Seria tão mais fácil se eu pudesse ter os dois... Nossa, , quando foi que você ficou tão pervertida? Ah sim, no dia em que eu dei pra um cara estranho...
Resolvi arrumar a casa pra desestressar. Fiz uma mini-faxina e logo escureceu.
Meu ilustre namorado chegou e tratei logo de fingir uma indisposição pra afastar qualquer iniciativa de sexo. Até quando eu fingiria pra ele eu não sei. Só sei que hoje estou em greve, e provavelmente, amanhã também...

Acordei tarde e fui trabalhar. O bom de trabalhar em casa é justamente isso. Você faz sua hora de trabalho.
Passei o dia todo ocupada. Pelo menos por algumas horas consegui afastar de minha mente aquele “ser”.
Às 18 horas resolvi fazer uma feira básica num supermercado. Queria cozinhar algo diferente hoje.
Peguei meu carro e segui pro centro da cidade. Mesmo tendo milhares de outros supermercados perto de minha casa, decidi ir pra tão longe. Não sei por que, mas uma força maior me levou pra lá.
Entrei no supermercado e peguei um carrinho de compras. Fui logo pra sessão de massas. Eu era viciada em massa, fato. Peguei tudo que tinha direito e mais um pouco. Comprei alguns temperos e mais alguns produtos diversos. E parti pra sessão de congelados. Não que eu gostasse de congelados, mas era sempre bom ter em casa pra possíveis eventualidades, não é verdade? Peguei tudo o que eu precisava e dei meia volta pra seguir pra sessão de guloseimas.
Petrifiquei com o que estava logo atrás de mim. Ele estava com uma cestinha de compras, entretido com duas caixas de lasanha congelada. Homens são tão hilários fazendo compras. Primeiro que eles não pegam um carrinho, pegam uma cestinha. Não sei se é economia ou preguiça de fazer uma feira descente. A segunda opção é mais provável.
Minha primeira reação foi: Correr.
Não podia me dar o luxo de ter outro tipo de conversa com este “ser”. Ele não era normal. Nossa relação não era normal. Nada entre nós era normal. Se eu ficasse ali, era bem capaz de fazer coisas impróprias no meio de um supermercado, e com direito a telespectadores!
Larguei meu carrinho de compras e saí de mansinho, rezando pra que ele não me visse. Mas o destino só pode estar zoando com a minha cara, porque minha lerdeza fez com que eu me batesse com uma pilha de latas que tinha no meio do caminho. As latas caíram, fazendo um estrondo enorme, e obviamente todos olharam pra mim. Eu disse todos, sem exceção. Ele olhou pra mim. E o que eu fiz?
Corri.
De vergonha, medo e desespero.
Paguei um mico derrubando as latas e ainda tenho que encarar aquelas orbes me fitando tão... tão... Ok, não tenho palavras pra descrever a forma como ele me olha. É demais pra minha sanidade. Meu namorado não me olha assim. Bem que ele poderia, mas não olha.
Esse olhar faz tão bem pro meu ego...
Mas enfim, corri feito doida pelo supermercado, mas não fui tão longe, porque logo aqueles malditos braços fortes me seguraram. Fuck!!
- Eu nunca sei se você está me perseguindo ou fugindo de mim... - ele sussurrou com sua voz rouca e sexy no meu ouvido enquanto me abraçava forte por trás.
- Nem um nem outro. Foi uma mera coincidência, acredite. – falei ríspida, tentando me desprender do seu abraço.
- Oh, estamos nervosos hoje, hein? – ele caçoou e eu suspirei, tentando não fazer nenhuma “besteira”.
- Dá pra me soltar ou tá difícil? – resmunguei irritada.
- Tá difícil. - ele respondeu cínico e, ainda por cima, fungou no meu pescoço!
- Quer parar com isso? As pessoas estão olhando!
E ele me ouviu? Não, né! Foi o mesmo que eu ter dito “continua”. Ele me apertou mais forte e beijou meu pescoço, deixando escapar sua respiração quente. Estremeci até o último fio de cabelo e senti minhas pernas perdendo as forças. Eu definitivamente não podia com esse homem. Ele me deixava fora do ar!
- , por favor… - supliquei num fio de voz.
E o que ele fez? Mordeu meu pescoço! Ele me mordeu! Tudo bem que não foi lá aquela mordida que dói. Mas foi aquela que te faz perder os sentidos, sabe? E foi exatamente o que aconteceu. Perdi minhas forças e deixei meu corpo pender no dele. Desisti de lutar contra o inevitável. Eu era vulnerável a ele.
Pendi minha cabeça no vão do seu ombro e deixei que ele brincasse com suas mordidas e carícias da minha orelha ao pescoço.
As pessoas passavam e nos olhavam com uma cara assustadora. Quem se importa? O que eu poderia fazer? Eu já estava dominada mesmo...
O estranho se separou e saiu me puxando pelo supermercado. Eu nada disse, apenas me deixei ser conduzida pra perdição.
- Está de carro? – ele perguntou rouco.
- Uhum...
- Qual?
Ele me puxou pelo estacionamento e eu apenas indiquei com a cabeça o meu carro. Fomos até ele e entramos. Ele tomou a direção e eu entrei calada no passageiro. Não ousei perguntar pra onde iríamos, até porque eu já sabia.
Ele parou em frente ao seu apartamento amaldiçoado e me fez descer.
Me puxou escada a cima. Enquanto andava, jogou as chaves no chão, seguido de sua carteira e os sapatos. Fiquei parada sem saber o que fazer, ele se virou, me pegando no colo e me arrastando pro seu quarto.
Me jogou bruscamente na cama e veio pra cima de mim. Ele ficou de joelhos, uma perna de cada lado das minhas, que estavam contraídas. Uma mão passeava pelas minhas coxas agora descobertas, subindo até minha virilha. Encontrou meu sexo pulsante e, com um movimento brusco, apertou toda a extensão, para então me penetrar com os dedos.
- Hum... - ele gemeu rouco e eu me derreti. Involuntariamente abri minhas pernas, permitindo total acesso.
- Oh... hum... - arfei enquanto projetava minha pélvis em sua direção. Eu precisava de mais... Muito mais...
Ele retirou os dedos e levou até a boca. Sexy.
- Delícia – ele murmurou, revirando os olhos.
Mais um movimento brusco e minha pobre calcinha virou frangalhos. Me adiantei e arranquei sua camisa e deslizei minhas mãos naquele tanquinho, sentindo-o estremecer. Abaixei o zíper de sua calça e expus sua boxer preta. Ele se adiantou e arrancou tudo de uma vez, ficando nú e ereto pra mim.
Ele se inclinou em minha direção e apertou minha cintura com força. Beijou meus lábios com urgência e apertou meus seios. Tentou tirar o vestido por cima, mas o tecido estalou com o leve rasgão que ele provocou na alça. Me adiantei pra que ele não destruísse minhas roupas, e levantei o vestido.
Quando eu pensei que ele fosse me penetrar, ele fez outro movimento brusco e me puxou pelos quadris, me fazendo ficar por cima e no sentido contrário de seu corpo. Fiquei de cara com seu membro pulsante e, sem pensar duas vezes, passei a língua por toda sua extensão enquanto sentia sua língua penetrar a minha entrada. Chupei sua glande que gotejava de tesão e abocanhei, fazendo movimentos de vai e vem com a boca. A língua dele brincava com meu clitóris, ora me chupando e ora fazendo movimentos circulares. Alguns instantes nos deliciando com o sexo do outro, estávamos gozando e gemendo freneticamente.
Ele me virou pro lado e me colocou de quatro. Wow, ele tem uma tara por essa posição? Passou uma mão por dentro dos meus cabelos e puxou pra trás, me fazendo empinar o bumbum ainda mais. Me invadiu com fúria, uma, duas, três vezes mais, me levando a loucura. Ele urrava e gemia enquanto puxava meus cabelos e bombava com movimentos curtos e muito rápidos. Se inclinou em minhas costas e envolveu meu seio com a mão, enquanto continuava com movimentos mais lentos. Levantou e me virou de frente, deitou-se sobre mim e me penetrou novamente, mas agora me beijando calmo. Encostou sua cabeça no vão do meu pescoço e gemeu baixinho no meu ouvido até gozarmos.
Ficamos deitados assim por uns instantes até ele sair de cima e pender pro lado, me puxando pela cintura e ficando de conchinha.
- Vamos tomar um banho, mas dessa vez você não vai fugir, tá me entendendo? – ele sussurrou numa voz grossa e rouca. Engoli em seco e assenti com a cabeça.
Como se eu pudesse fugir desse homem... Ele poderia me fazer de escrava que eu não me queixaria, não mais. Eu era dele. E faria tudo que ele quisesse. Não podia mais lutar contra o sentimento que nos prendia.
Ele levantou e me carregou no colo até o banheiro. Me pôs no chão e encheu a banheira com água e sais de banho que eu desconheço. Entrou na banheira e me puxou pra ficar entre suas pernas.
Relaxei minhas costas no seu peitoral e aconcheguei minha cabeça no seu ombro. Ele passou uma esponja macia pelo corpo enquanto eu apenas arranhava suas coxas com minhas unhas.
- Essas unhas me deixam com mais tesão, sabia? – ele sussurrou rouco no meu ouvido, e eu desfaleci.
Falando essas coisas no meu ouvido eu não aguento!
Minha mão boba foi parar na sua virilha e ele se contorceu embaixo de mim.
- Tá me provocando? – ele perguntou, jogando a esponja fora da banheira, e trazendo sua mão pro meu sexo.
- Algo assim... - sussurrei com malícia. Ele riu, jogando a cabeça pra trás e dando um gemidinho quando eu toquei o seu membro rijo.
- Você ainda me mata, delícia...
- Está enganado... Você não me seria útil morto... Então fique bem vivo, querido... - sussurrei no meu tom mais sacana e ele gargalhou.
Ele apertou minha cintura, me virou de frente e me encaixou no seu membro. Estocou até o limite e me deixou cavalgar e rebolar em cima dele. Joguei minha cabeça pra trás enquanto movimentava os quadris, e ele abocanhou o meu seio enquanto me estocava com força. Beijei sua boca gostosa e rebolei até gozar.
Nos lavamos de novo e ele me rebocou pra cama.
- Com fome? – ele perguntou enquanto sentava na cama e me puxava para um abraço.
- Muita! – respondi sorridente.
- Vem, vamos ver se tem algo que presta pra comer.
Sério que ele ia sair pela casa peladão?
- Er... Vou vestir o que sobrou das minhas roupas... - murmurei enquanto ele me olhava da porta.
- Você fica tão melhor sem roupas... - ele sorriu sacana e acompanhou cada movimento que eu fazia com o vestido.
- Você não vai se vestir?
- É tão ruim assim me ver pelado? – ele fez biquinho.
- Não, seu bobo! Mas é estranho ficar andando pela casa sem roupas...
- Sei... Já que está tão preocupada com isso, vou me vestir. - Ele falou e andou até sua boxer, a vestindo.
- Pronto, melhorou? – ele passou as mãos pelo peitoral e deu uma voltinha pra me matar do coração.
- Você ainda está semi-nú, mas melhorou... – retruquei, sorrindo.
- Você deveria aproveitar. Tem muitas mulheres por aí desejando estar no seu lugar – ele sorriu torto.
É, realmente deveria ter muitas mulheres por aí babando por ele. Mulheres mais indicadas pra ficar com um homem desses... Boas o suficiente pra ele... Isso é preocupante. Mesmo não sendo nada dele, senti uma pontada de ciúmes de quem quer que seja que já o tenha tocado e que poderá vir a tocar. Eu o queria só pra mim...
Ele deve ter percebido a minha feição tristonha e veio ao meu encontro com uma cara preocupada.
- Hei... O que foi? Falei algo errado? – ele tomou meu rosto em suas mãos e me fitou profundamente.
- Não foi nada... - menti.
- , você está me assustando… Me diz o que está acontecendo? Está preocupada porque transamos de novo? Eu preciso que você saiba que eu adoro estar com você, ok? Eu faria tudo de novo se fosse preciso... Eu quero você comigo, tá me entendendo?
- Uhum... - sussurrei e me aconcheguei no seu peito enquanto ele me abraçava forte. – vamos comer... – falei, tentando dissipar as caraminholas que estavam em minha cabeça.
Ele me quer. Não há o que discutir, não há o que pensar. Ele me quer.
Fomos pra cozinha e ele retirou alguma coisa congelada da geladeira e pôs no microondas.
- Céus, , você vive de congelados? – perguntei em tom de brincadeira.
- O que você acha? – ele piscou maroto e eu gargalhei.
- Vou ter que te dar umas aulas de culinária! Desse jeito você morre desnutrido!
- Hum... Vou adorar ser seu aluno... Isso me dá umas ideias fantásticas... - ele sorriu cínico.
- Tarado! – brinquei e ele gargalhou.
- A culpa é toda sua por ser tão gostosa!
- Sei...
Ele retirou a comida e serviu em dois pratos. Comemos ali mesmo no balcão. Fomos pra sala e ficamos deitados no sofá, nos beijando e trocando carícias.
Seu celular tocou e ele olhou o visor e franziu o cenho. Estranho.
- Me dá só um minuto, ok? – ele sussurrou, tapando o celular com a mão. E sumindo da sala logo em seguida.
Que não seja outra mulher. Eu não suportaria concorrências. Poderia ser algum familiar ou alguém do trabalho, certo? Mas porque ele precisaria atender fora do meu campo de visão se não fosse nada de mais?
Merda! Ele tem outra. Ou outras, vai saber...
Ele voltou depois de uns minutos e eu estava com a língua coçando pra saber quem era. Se eu perguntar vou parecer possessiva?
Mas eu sou possessiva!
Eu o quero só pra mim, poxa! É pedir demais?
Ele sentou no sofá e me puxou pro seu colo.
- Trabalho, eles sempre atrapalham na hora errada, né?
Não sei por que, mas algo me dizia que tinha uma mentira embutida aí. Resolvi ignorar por hora e me aconcheguei no seu peito.
Não sei quanto tempo fiquei ali, mas acho que acabei pegando no sono. Despertei assustada. Levantei do sofá e acabei acordando o estranho também.
- Hum... Acho que acabamos dormindo... - ele murmurou, esfregando os olhos.
- Nossa, que horas são? – perguntei preocupada.
Ele levantou do sofá e pegou o celular da mesinha de centro.
- 23:30...
- Céus, estou perdida!! 23:30?!!! Meu Deus como pude ficar até tão tarde?! Tenho que ir! – berrei exasperada e levantei, arrumando minha roupa amarrotada.
Peguei as chaves do chão e minha bolsa. Ele me acompanhou até a porta com uma carinha de cachorro sem dono que eu quase fiquei, quase.
- Vem aqui amanhã? – ele pediu enquanto me apertava pela cintura.
- Eu não sei... - murmurei indecisa.
- Vem... De manhã, pode ser? – ele pediu com aquela carinha de cachorro pidão.
- Talvez, não é certeza, mas talvez eu venha. – dei um selinho nele e corri pro meu carro.
Agora eu precisava arrumar uma boa desculpa pro meu namorado.

Capítulo 6

Pov*


Corri pelo calçadão por uma hora e voltei pra casa.
Não havia nada que eu pudesse fazer para tirá-la dos meus pensamentos. Eu a queria todinha pra mim, e isso já era um fato consumado.
Passei o resto da tarde e a noite toda trabalhando. Minha noiva me ligou um milhão de vezes, e sempre que ela tocava no assunto casamento, meu estômago revirava. Não sabia o que fazer quanto a isso. Talvez esse casamento não seja uma boa ideia. Ou simplesmente fiquei louco por querer trocar algo tão certo e enraizado por um casinho efêmero.
Quando o cansaço finalmente me pegou, resolvi comer algo e ir dormir.
Assim que saí do meu escritório, a campainha tocou. Fui atender com a toda má vontade do mundo.
- Ainda acordado, meu amor?
- O que faz aqui?!
- Nossa, estamos de bom humor, hã?
- Você costuma avisar quando vem...
- Quis fazer uma surpresa, oras!
Ótimo! Minha noiva agora deu pra fazer graçinhas! Imagina se estivesse aqui?
- Sabe que detesto surpresas... - resmunguei e abri a porta para que ela entrasse.
- Uh... Você fala como se não gostasse da minha presença, ... - ela retrucou, chateada.
- Não é isso, eu só gosto de ser avisado, ok? Você sabe muito bem disso. – falei e andei até a cozinha com ela no meu encalço.
- Nossa, , você não está bem, né? Nem um beijinho eu ganhei... - ela resmungou dengosa.
Virei-me pra olhá-la e ela fazia biquinho. Quase falei que isso não fazia mais efeito em mim, mas melhor deixar como está, né?
- Desculpe, querida, não devo estar bem mesmo... - o que não deixa de ser verdade, afinal, tinha uma pentelha me deixando fora de sintonia.
Comi uma porcaria congelada enquanto conversava amenidades com minha noiva. E, pra variar, ela só falava nos preparativos do casamento. Fato este que já estava me irritando profundamente.
- Hum, tô quebrado, vou dormir... - murmurei sonolento.
- Dormir?! Mas não mesmo!! – ela falou e eu apenas suspirei.
O que mais eu poderia fazer? Negar eternamente? E me conhecendo do jeito que ela conhece, iria suspeitar da minha súbita falta de “tesão”.
Fomos pra cama e eu tentei tirar a de meus pensamentos enquanto fazia amor com minha garota. Não que eu tenha conseguido, foi mais forte do que eu. Me senti desconfortável com isso. Não era certo fazer isso com ela. Eu tinha que amá-la do jeito que sempre amei, ela merecia, mas não consegui. Não era mais a mesma coisa.

Amanheceu e minha noiva já tinha saído pra trabalhar. Como era de praxe, fui correr no calçadão. E voltei pra trabalhar o dia todo.
Visto que meu estoque de congelados estava acabando, decidi dar uma passadinha no supermercado que ficava próximo a minha casa.
Estava distraído com meus congelados quando ouvi um estrondo de latas caindo. Olhei por reflexo e a vi.
Eu poderia esperar que qualquer coisa acontecesse, mas não esperava encontrá-la justamente no mesmo supermercado que eu e no mesmo horário. Eu tive a leve impressão de que o destino estava brincando conosco.
O mais engraçado não foi o fato dela ter pagado um mico derrubando as latas, ou por ela estar mais corada que um pimentão, e sim o fato dela ter literalmente corrido. Sério, foi hilário.
Como se eu fosse perder essa chance de tê-la pra mim de novo...
Corri em seu encalço e a peguei de costas. Ela era uma gracinha. Envergonhada e nervosinha, tão sexy. Como eu já esperava, não resisti à tentação e a arrastei pro meu apartamento. O interessante foi que ela não falou nada, nem protestou. Algo me dizia que ela estava aceitando essa relação fora dos padrões. E eu estava amando isso.
Percebi que já tinha aceitado o fato de ser infiel e estar me apaixonando por uma estranha. Era esquisito, mas era real.
Joguei-a em minha cama e fiz tudo que tinha vontade. Sentia-me um animal selvagem quando estava com ela. Mas ela gostava e isso era evidente toda vez que eu a tocava e a fazia gemer feito louca.
Amava aquele jeitinho meigo e confuso, aquele cheiro de fêmea no cio, e aquele corpo macio e delicioso que insistia em rebolar sob mim. Ela me deixava com um tesão absurdo, como se eu não tivesse transado a décadas. E quando nossos corpos se fundiam, era como se uma reação em cadeia se manifestasse, e sempre clamavam por mais e mais. Isso é que chamam de química?
Depois do sexo gostoso, na cama e na banheira, fomos comer. Não conversamos muito sobre nossas vidas pessoais e isso já estava me incomodando. Queria saber mais sobre ela, onde mora, o que faz da vida, quais suas preferências e pretensões para o futuro. Queria saber tudo. Mas ela não parecia empenhada em me contar muito. Havia algo que a deixava com um pé atrás e eu esperava que não fosse outro homem. Não suportaria dividi-la, nem conseguia imaginá-la sendo tocada por outro! Ficava nauseado só com a suspeita.
Não, ela não poderia ser tocada por outro que não eu. Possessivo? Apenas cuidando do que é meu.
Quando estávamos deitados no sofá, entre beijos e carícias, meu celular inconveniente tocou. Olhei o visor e era o número da minha noiva. Não poderia ignorar, pois ela estranharia. Levantei e fui atender em meu escritório.
- Oi. – atendi um tanto seco.
- Oi?! O que aconteceu com o “oi, meu amor, estou morrendo de saudades”? Isso porque nem casamos ainda... - ela resmungou.
- Querida, estou trabalhando... - menti.
- Hum... Mas você está estranho...
- O que você quer?
- Bom, meus pais chegam amanhã, então pensei em aproveitar hoje aí...
Me ferrei, fato. Não posso expulsar a , né?
- Amor, hoje não vai dar...
- Não? E por qual motivo?
- Estarei trabalhando...
- , isso não é desculpa...
- Querida, se você vir eu vou querer te dar atenção e eu realmente preciso trabalhar, ok?
- Vou dormir sozinha? – ela perguntou manhosa.
Oh, meu bem, não faz efeito...
- Desculpe, linda, te vejo amanhã, ok?
- Tenho outra opção?
- Larga de manha, até amanhã, beijos.
Desliguei e voltei pra sala. Ficamos ali até adormecer. Mas logo ela teve que ir embora e me partiu o coração. Eu queria tanto que ela dormisse aqui...
Acabei praticamente implorando pra que ela voltasse no dia seguinte, mas ela não me deu certeza. Eu a esperaria, de qualquer forma. Estava necessitado dela.
Arrumei a bagunça deixada por nós e pretendia dormir quando a campainha tocou. Meu coração falhou, já imaginando ser a . Será que ela mudou de ideia e veio dormir comigo?
Corri pra atender a porta e meu sorriso se desfez quando vi que se tratava de minha noiva. Saco.
- Qual parte do “gosto de ser avisado” você não entendeu? – perguntei ríspido.
- Credo, ! Oi pra você também! – ela respondeu chateada.
- Percebeu que fez exatamente o que te pedi pra não fazer?
- Não consegui dormir, ok? Juro que não vou atrapalhar seu trabalho!
Bufei irritado e a deixei subir. Perfeito, agora vou ter que trabalhar a não.
Estava trabalhando no meu escritório quando ela chegou, trazendo um lençol nas mãos.
- , que porra é essa? – ela chegou perto e me mostrou vestígios de esperma no lençol.
Ops, esqueci de trocar os lençois.
- A única porra que tenho... - desconversei indiferente e continuei digitando.
- , estou perguntando o que isso faz no seu lençol! Esteve com outra mulher, ?
- Querida, mais respeito, por favor? Eu estava com saudades suas, ok? Como você não estava aqui, eu tive que me virar sozinho... - menti descaradamente e ela pareceu acreditar.
- Céus, , faça isso no banheiro pelo menos! Quase me matou de susto!
- Se você confiasse um pouco mais em mim, não precisaria tá dando showzinho desnecessário...
- Há Há! Só estou defendendo meu território, querido! Porque se fosse outra mulher, tenha certeza que eu a mataria!
- Não seja ridícula, meu bem, vai dormir, vai, está começando a me atrapalhar aqui.
Ela não me azucrinou mais e, quando voltei pra cama, ela já dormia.
Agora teria que ter muito mais cuidado com as visitas da . E agora com minha noiva chegando aqui de supetão seria bastante perigoso.

Adormeci pensando em e despertei com os berros da minha noiva.
- !!!
- Puta que pariu! Dormi tarde, caralho!!
- Você poderia me explicar que porra é essa?!!
- Explicar o que? – levantei o cobertor e olhei pra ela.
Ela estava parada na porta segurando dois pratos sujos nas mãos.
- Você não me disse que teve visitas ontem!!
- Hein? Que visitas? Ficou doida? E o que faz com esses pratos nas mãos?
- Me diga você!! Por que usou dois pratos, dois copos e dois talheres, se você mora sozinho?
Ops. Mulher observa tudo, né? Até os pratos da pia!!
- Querida, isso foi prato acumulado... Não acredito que me acordou por isso...
- , seja sincero comigo. Você está saindo com outra?
- Está sendo ridícula de novo! Vai acabar com nosso relacionamento assim! Odeio ciúmes, e ainda por cima, ciúmes sem fundamento nenhum! Pelo amor de Deus, você agora fica olhando meus pratos?
- Não fiquei olhando... Foi sem querer... O que você queria que eu pensasse, hein?
- O mais lógico! Que sou homem e não tenho paciência de ficar lavando essa porcaria! Simples!
- Ah... Desculpe...
É, isso vai ser problemático. Minha noiva é mais observadora do que eu imaginei. Talvez eu tenha que arrumar outro cantinho pra mim e pra .

Capítulo 7

Já passavam das 23:00 quando saí do apê do . Acelerei o meu carro e cheguei em casa 15 minutos depois. O pior de tudo é que a desculpa que inventei era horrível, se meu namorado vai acreditar eu não sei, agora é só esperar pra ver.
Entrei de mansinho, torcendo pra que ele já estivesse dormindo, mas esse pensamento não durou muito, pois ele estava sentado no sofá, com o telefone em mãos e soltando fumaça pelas ventas.
- Hei... - sussurrei com carinha de choro, já dando início ao meu teatrinho.
- Céus, , onde você estava?!! Já ia ligar pra polícia!!!
Larguei a bolsa no chão e forcei um choro falso. Estava me saindo melhor do que eu imaginava, deveria ter feito teatro...
- Fui assaltada... - choraminguei.
- Oh, , como isso foi acontecer? Vem aqui, minha flor... - ele me abraçou e me fez cafuné, enquanto eu fingia o choro.
- Eu... eu...
- Não deveria estar na rua tão tarde, meu bem... - ele murmurou, tomando meu rosto em suas mãos.
- Eu só queria fazer a feira... Mas aí, quando eu saia do supermercado, ele me abordou com uma arma... Levou minha feira todinha....
- E não levou sua bolsa? – ele perguntou curioso.
- Só o dinheiro...
- Hum, não faça mais isso, ok? Se for sair, saia de dia – ele recomendou, me acariciando a face.
- Uhum...
- Vem aqui, vou te fazer esquecer isso... - ele sussurrou em meu ouvido e eu petrifiquei.
Isso não é legal. Como assim me fazer esquecer?
- Hein? – perguntei, tentando me afastar um tantinho daquele abraço apertado.
Own, não era só o abraço que estava apertado. Havia um volume pressionando o meu ventre. Nada bom.
- Hum, , estou com tanta saudade… Quero fazer amor com você a noite toda...
He He He, me ferrei.
- Er… Acho melhor deixar pra amanhã... Ainda estou abalada com o assalto...
- , , não sabe que a melhor forma de desestressar é gozando? Vem, vou te fazer gozar feito louca...
Own, alguém diz pra ele que já gozei tanto hoje que meu pingelo está dormente? Ou melhor, não diz não que já estou com problemas demais...
- Mas... - tentei retrucar, mas ele não deu ouvidos e me arrastou pro quarto.
Isso vai ser estranho.
Ele terminou de destruir o meu vestido e acariciou todo o meu corpo. Como se isso fosse fazer algum efeito...
Enfiou um dedo no meu sexo e depois me penetrou com calma.
- Hum, … Tão molhadinha…
Oh querido, não queira saber o que tem aí dentro... Se você souber, não vai gostar...
Graças aos céus ele foi rápido. Não senti prazer. Havia apenas uma sensação desconfortável e agonizante. Não nasci pra ser mulher de dois homens, fato. Meu corpo reclamou, ele só queria um único dono, e esse estava a quilômetros de distância...

Tomei uma ducha e voltei pra cama na intenção de dormir bem e não pensar nos meus problemas.
- ? – meu namorado chamou e eu me virei na cama para fitá-lo.
Ele estava de lado, com o cotovelo apoiado na cama e a mão sustentando a cabeça.
- Hum? – perguntei.
- Você estava tão quietinha hoje... - ele murmurou enquanto acariciava os meus cabelos.
- Hei, eu fui assaltada, ok?
- Hum... Eu sei... Mas é que... É estranho não te ver gemendo no sexo... Parece que você não gostou...
- Eu gostei sim, só não estava bem o suficiente pra aproveitar...
- Tudo bem... Mas se você não gostar... Você me fala, né?
- Claro, querido...
Isso não vai dar certo. Não existe mais a possibilidade de eu gostar de sexo com ele.

Acordei com o despertador do meu namorado, mas não levantei. Esperei até que ele saísse.
Fiz todas as minhas necessidades matinais e pensei na possibilidade de visitar o meu mais novo “dono”. Eu precisava vê-lo. Mas não conseguia aliviar aquele desconforto de ter transado com os dois. Sentia-me suja. Mas ainda assim, eu queria vê-lo, tocá-lo e fazer tudo que tinha direito...
O pior de tudo é que nem lembrei de pegar seu número de telefone. Mas ele disse que me queria pela manhã, certo? Isso significa que posso chegar a qualquer hora...

Fiz uma arrumação rápida na casa e parti para os braços do meu adorável estranho.
Quando estacionava o carro do outro lado da rua, pude avistá-lo em pé na sacada do apê, vestia apenas uma maldita calça de moletom preta e exibia seu peitoral definido. Não gostei disso. As mulheres passavam e ficavam babando nele. Quase gritei pra elas procurarem o que fazer, ele é meu, porra!!
Ele me viu e abriu um sorriso tão lindo que quase cai pra trás. Atravessei a rua e esperei até que ele abrisse o portão.
- Hei... - sorri ternamente quando ele apareceu.
- Bom dia, linda! – ele falou sorridente e me puxou pela cintura.
- Estamos com pressa, hã? – brinquei enquanto ele me arrastava escada a cima.
- Saudades, meu bem, apenas saudades... - ele falou e continuou me puxando. Pra onde? Pro quarto, claro!
me jogou na cama e veio engatinhando por cima, até chegar a minha boca. Beijou-me com furor enquanto bulinava os meus seios excitados.
- Porra, , tu é gostosa demais! Olha como eu fico... - ele sussurrou com sua voz rouca e levou minha mão até seu membro rijo e a apertou em volta dele.
- Hum... … Eu quero você... - gemi enquanto arranhava suas costas com minhas unhas.
- Me quer, hã? Então pede... - ele sussurrou e me beijou no pescoço, orelha e desceu até meus seios, abocanhando-os com vontade, me levando ao frenesi.
- Hum...
Gemi com suas caricias.
- Eu...
Enlacei minhas pernas em sua cintura.
- Quero...
Apertei seu corpo no meu.
- Você...
Rocei minha pélvis no seu membro rijo.
- Em mim...
Abaixei sua calça.
- Agora...
Ele afastou minha calcinha pro lado e me penetrou de uma vez.
Gememos ao contato tão íntimo e tão profundo; ao prazer desenfreado que nossos corpos emitiam.
- Você gosta assim? – ele sussurrou rouco em meu ouvido enquanto chocava seu corpo no meu.
- Oh... Sim... - gemi quase sem voz.
- Quer mais? – ele perguntou enquanto lambia o meu pescoço.
- S-sim... M-mais...
Ele levantou minhas pernas em seus ombros e me penetrou como se tivesse fazendo flexões. Seu membro chegava tão fundo que me fazia delirar.
- Oh... Assim... - pedi entre gemidos e ele obedeceu, me estocando com fúria.
- Oh, … - ele urrou e continuou bombando, agora mais rápido.
- Ah... Oh... Eu vou...
- Vem... Goza pra mim... Goza... - ele bombou super rápido, me levando a um orgasmo que considerei um dos melhores já provados até então.
O estranho me virou de quatro (como eu já esperava) e continuou bombando até jogar todo seu gozo em mim enquanto urrava de prazer.
- Delícia... - ele murmurou enquanto tentava regular sua respiração descompassada.
- ?
- Hum? – ele saiu de cima de mim e pendeu pro lado.
- O que você faz pra ficar tão gostoso, hein? – brinquei e me virei de lado pra fitá-lo nos olhos.
- Oh... Eu sou gostoso?
Dei um tapinha em seu ombro, o que o fez rir.
- Não, imagina... Foi só coisa da minha cabeça... - brinquei e ele fez biquinho.
- Sei... - ele piscou e me puxou para um abraço apertado.
- … Precisamos conversar…
Own, não gostei disso. Pelo jeito que ele falou, parece algo sério. Ai caramba, se ele me der um chute na bunda vou morrer de depressão. Minha vida nunca mais será a mesma sem ele...
- Er... Podemos “brincar” mais um pouquinho? – pedi dengosa, e ele riu.
- Estamos animados hoje, hã? – ele brincou e me beijou na testa.
- Hum... Isso é tudo culpa sua...
- Sei... Safadinha...
Dei outro tapinha em seu ombro.
- Vem, quero te comer no chuveiro...
Direto, não?

Capítulo 8

* Pov*


Levantei logo após a saída de minha noiva. Depois de saciar minhas necessidades matinais, fui pra sacada do apartamento, e fiquei a esperar minha doce tentação. E ela veio. Linda e graciosa, naquele vestido curto, mostrando suas lindas pernas torneadas.
Não conseguia raciocinar com muita coerência quando a via. Sentia apenas o desejo de tê-la em meus braços tão rápido quanto possível. E assim o fiz. A tomei pra mim e a possui com furor.
Sentia-me completo quando nossos corpos se fundiam em um só. Alegrava-me saber que o sentimento era recíproco. Mas ainda assim, precisávamos conversar. Colocar tudo preto no branco.
Que nós queríamos um ao outro isso já era um fato solidificado. Porém havia as dúvidas e mistérios que nos envolviam. Eu não queria segredos entre nós. Bom, pelo menos o básico teríamos que saber.
Saímos do banho, depois de fazermos sexo, claro, e voltamos pra cama.
- , podemos conversar agora? – perguntei enquanto a aninhava em meu peito.
- Sobre o que exatamente você quer conversar? – ela perguntou com a cabeça enterrada em meu peito.
- Sobre tudo... Não acha tudo isso estranho? – perguntei enquanto acariciava seus cabelos.
- Hum... É estranho, mas é bom, você não acha? – ela murmurou com a voz abafada.
- Sim, é bom, mas não quero que seja algo efêmero. Eu realmente quero ficar com você...
- Eu também quero ficar contigo, mas...
- Mas...?
- Mas prefiro deixar tudo como está. Pelo menos por enquanto... - ela levantou a cabeça pra me fitar.
- Não estou te entendendo, , você prefere continuar uma estranha? – questionei confuso.
- Por mais estranho que pareça, eu prefiro assim... E também não tem muito o que saber sobre mim...
- Como não? Eu nem sei o seu sobrenome!! – retruquei indignado.
- Ai, , um sobrenome não significa nada…
- Não quero segredos entre nós, ... Eu... Quero saber tudo sobre você, e isso importa pra mim. – ela suspirou e levantou, ficando sentada na cama.
- Ok, meu nome é , tenho 25 anos, solteira, moro sozinha, não tenho muitos amigos, trabalho como qualquer outra pessoa... Nada de mais... - ela disse a contra gosto.
- Melhorou bastante, mas vai me contar mais com o tempo, né?
- Com o tempo sim... Mas e você? Tem algo que eu precise saber?
- 28 anos, solteiro, moro sozinho, poucos amigos, e trabalho... Acho que é só...
- Oh, somos parecidos então... - ela brincou e acabamos rindo.
Não entendia o motivo pra ela não querer me conhecer melhor. Mas até que seria bom pra mim. Ainda precisava decidir o que fazer em relação ao meu noivado.
- Bom, tem outra coisa que eu queria decidir com você – recomecei.
- O que? – ela perguntou curiosa.
- O que acha de arrumarmos um cantinho só pra nós?
- Não podemos nos ver sempre aqui? – ela perguntou, franzindo o cenho.
- Não é que não possamos, mas é que meus amigos e parentes costumam aparecer sem avisar, e se numa dessas visitas eu estiver contigo, pode ser problemático, entende?
- Sei... Você faz alguma ideia de onde podemos nos ver?
- Tenho um amigo que tem um hotel, acho que ele não ia se importar com algumas visitas minhas lá...
- E como eu faria pra entrar lá?
- Você teria acesso livre, assim como eu.
- Ok, é uma boa ideia. – ela concordou com um sorriso terno.
- Quando estiver com tudo acertado eu te aviso, ok? Enquanto isso, nos veremos aqui mesmo, pode ser?
- Sem problema, contanto que eu possa te ver... - ela falou e me beijou com ternura.
Ah, eu estava amando essa mulher. Ela é perfeita demais!

Nos amamos o resto da manhã. Almoçamos e depois ela teve que partir. Nós ainda tínhamos trabalhos pendentes, não dava pra ficar só de amores, infelizmente.
Repetimos esse processo à semana inteira. Ela vinha pela manhã e partia à tarde. A diferença é que agora tínhamos o número do celular e podíamos decidir um melhor horário, e eu poderia avisar caso houvesse algum “imprevisto”, que no meu caso só poderia ser uma única coisa: minha noiva.

Era domingo e eu já tinha conseguido um quarto de hotel pra usar sempre que precisasse. Queria inaugurar, mas ainda tinha que dar um jeito em minha noiva. Resolvi ligar e inventar uma desculpa qualquer.
- Nossa, amor, ainda são 7 horas, isso tudo é saudade? – ela resmungou sonolenta quando atendeu a ligação.
- Desculpe, mas precisava te avisar que não poderei te ver hoje. – falei com uma entonação triste. Mentira pura.
- Por que não? Quase não te vi essa semana...
- Terei uma reunião de trabalho, acredita? Parece que não conseguiram um dia melhor...
- Putz, que chato! Mas será o dia todo?
- Creio que sim... Mas te ligo assim que estiver livre, ok?
- Tudo bem... Passarei meu domingo sozinha...
- Querida, não piore as coisas pra mim, não é porque eu quero... - Se ela soubesse que é sim porque eu quero...
- Tá bom, já entendi... Vou voltar a dormir, te amo muito, viu?
- Vi, beijos.
Bom, na minha atual situação, nem sabia mais o que eu sentia por minha noiva. Se era amor ou só carinho. Está mais para a segunda opção, mas ainda tinha medo de estar metendo os pés pelas mãos e confiando num romance a base de paixão e sexo. Se pelo menos eu soubesse o que a sente por mim... Ela nunca fala de amor ou de qualquer outro sentimento que não seja desejo, tesão e prazer. O que eu sinto está muito além disso, se era amor também não sei, mas era algo forte que crescia toda vez que eu a tinha em meus braços, e toda vez que ela partia e deixava meu coração apertado.
Hoje eu a teria o dia todo só pra mim.
- Alô, ? Sou eu, ...
- Eu sei que é você, bobinho! Sabe que horas são? – era cedo, mas ela não parecia sonolenta.
- Desculpa, mas preciso falar algo importante.
- Fala – ela disse baixinho.
- Não está podendo falar? Sua voz tá fazendo eco...
- Hã? Ah, tive que atender no banheiro... - ela continuou falando baixinho. Estranho?
- Está com visitas então. – afirmei.
- Não! Claro que não, por que diz isso?
- Você disse que precisou atender no banheiro... Está se escondendo ou algo assim? – questionei curioso. Sabia que havia algo estranho no ar.
- NÃO! - ela falou um pouco mais alto. – Eu só... Estava escovando os dentes, é isso... - ela voltou a murmurar baixinho.
Quem precisa falar baixo e dentro do banheiro quando mora sozinho? Ela está me escondendo algo, fato. Se fosse outro homem... Argh!! Não consigo nem imaginar!
- Ok, ok, já entendi, . Bom, quero te ver hoje.
- Hein?! Hoje?! Você não está falando sério, né?
- , eu iria ligar a essa hora se não fosse sério?
- Mas, , eu não posso…
- E por que não? Você está sozinha, independente, o que te impede?
- , eu tenho família, sabia? Costumo ver meus pais no final de semana...
- Uma vez só não vai matar, . Quero inaugurar nosso quarto de hotel.
- Você já conseguiu?!
- Está tudo acertado, não quero esperar mais. Pode anotar o endereço?
- Me dá só um minuto.
Ela demorou uns instantes fora da linha.
- Pronto, pode falar.
- Você ainda está no banheiro? – perguntei curioso.
- Sim, qual o problema?
- Nada... Só achei estranho...
- Não vai falar o endereço?
Falei o endereço, mas ainda encucado com a história do banheiro. Será mesmo que ela tem outro e nunca me disse?
- Eu quero seu endereço, , vou passar aí e te buscar... – joguei verde.
- O QUE?! Não! – Oh, definitivamente ela está me escondendo algo, ou alguém...
- Hei, qual o problema? Está com medo de mim, ?
- Claro que não, , mas não precisa vir me buscar, te encontro lá no hotel, mas não hoje. Eu realmente não posso.
Mas que porra é essa? Ela está me rejeitando assim por causa da família? Eu aqui me virando pra desfazer os meus compromissos, e tudo por ela. E ela só me chuta!
- , eu quero você hoje! E não aceito não como resposta!
- E eu já disse que não posso!
- Pode e vai, estou te esperando lá, não demore, ok?
- Você está de brinc...
Desliguei antes que ela retrucasse. Onde já se viu, eu aqui cheio de amor pra dar e ela fazendo pouco caso. Tanta mulher por aí me dando sopa, ela deveria aproveitar, né?

Bônus de Natal

Nota da Autora:
Pervas, queridas! Só pra avisar, esse capítulo é apenas um extra e não faz parte do enredo da fic. É um episódio de um universo completamente alternativo, ou seja, esse episódio não acontece na história original, é uma ficção dentro da fic, ok? Espero que gostem, fiz esse bônus pensando especialmente em vocês!

~*~ Um Feliz Natal no BECO ~*~

Pi Pi Pi...
Pi Pi Pi...
Pi Pi Pi...

Puta merda! Onde está aquele imprestável que não desliga a porra desse despertador?!
Girei meu corpo na cama à muito contragosto. Olhei em volta e nada daquele infeliz. Ótimo, é véspera de natal e nada do meu namorado.
Qual a graça de morar com um homem que nem te faz companhia quando você acorda? Poxa, e ainda por cima em véspera de natal!
Ok, eu confesso, não estou nem aí se meu namorado não está aqui. A verdade é que eu preferia mil vezes que meu adorado estranho estivesse aqui comigo, coladinho, de conchinha... Isso sim, seria o meu melhor presente de natal...
Presente?! Céus!!! Esqueci completamente de comprar um presente pra ele!!
Levantei num pulo e corri para o banheiro. Tomei uma ducha rápida, escovei os dentes e corri para o closet. Escolhi uma roupa apropriadamente quente para suportar o inverno londrino.
Saí apressada do quarto e me sobressaltei com a figura do meu namorado segurando uma bandeja que sustentava um belíssimo café da manhã.
- Hei! O que faz acordada tão cedo? Desse jeito nunca vou conseguir fazer uma surpresa de natal! – meu digníssimo namorado resmungou.
E eu pensando que ele tinha me abandonado... Sério, eu sou a pior... O coitado iria me fazer uma surpresa na cama... Tão fofo... Senti uma dorzinha esmagando meu peito. Ressentimento. Mas como eu disse antes, era apenas uma dorzinha... Bem pequenininha... Que por sinal, já passou.
- Ah, bom dia, querido! – sorri amarelo.
- Bom dia, meu bem. Vamos voltando pra cama? – ele falou enquanto andava e me empurrava pra trás.
- Er... Bem... É que... Bom... Eu preciso dar uma saidinha, mas juro que volto rápido! – menti.
- Sair, ? Perdeu o juízo? Você faz alguma ideia da quantidade de neve que caiu essa madrugada? Está impossível trafegar, querida.
Droga!
- Não deve estar tão ruim assim. Eu realmente preciso ir! – retruquei impaciente.
- Nem pensar! Você não sai com esse tempo. Bem capaz de você derrapar na pista. – ele negou imponente.
- Por favor, por favor, por favor! – supliquei.
- Não. Você vai tomar o seu café da manhã comigo, em nossa caminha quente, e depois veremos o que podemos fazer com a sua súbita necessidade de sair, ok?
Mas que homem chato! Ele não entende! E nem pode entender... Imagina se eu iria dizer pra ele que eu quero sair pra comprar um presente pra meu amante... E depois passaria no apê dele e teria o meu jingobell maravilhoso grudada naquele corpo dos deuses.
E agora? O que eu faço pra ter um natal feliz com meu estranho perfeito?
Eu ia retrucar novamente, mas a campainha da casa começou a tocar insistentemente.
- Eu atendo. – falei de cara amarrada e segui para a porta. Observei pelo olho mágico e constatei ser algum tipo de entregador. Abri.
- Bom dia, tenho uma entrega para a senhorita, .
- Sou eu mesma. Do que se trata? – perguntei enquanto ele remexia na sua bolsa e tirava de lá um envelope vermelho.
- Aqui, apenas uma carta, senhorita. – ele me estendeu o envelope.
- Não precisa assinar nada?
- Não será necessário. Um feliz natal pra senhorita. – ele me cumprimentou e adentrou o seu veículo.
Ok, encomenda pra mim. Quem me enviaria uma carta nos tempos de hoje? Não era mais fácil um e-mail?
Fechei a porta e caminhei até o sofá. Observei o envelope por fora, não havia remetente, tinha apenas duas letras escritas numa caligrafia impecável “A. S.”. Sentei enquanto rasgava a lateral do envelope.
- Quem era, ? – meu namorado perguntou enquanto sentava-se ao meu lado.
- Alguém me enviou uma carta... - murmurei.
- Carta? Eu, hein, que antiquado... – ele sibilou com os olhos pregados no envelope.
- Hei, tira o olho! A correspondência é pra mim, portanto, pessoal. – resmunguei enquanto abria a carta e escondia dos olhos dele.
- Até parece que temos segredos, ...
Há Há! Quase tive uma crise de risos com essa. Mal sabe ele que eu tenho sim segredos e dos mais podres possíveis...
Ignorei meu namorado e comecei a ler a carta.

Olá, querida, você deve estar se perguntando “que porra é essa?”, acertei?

É, acertou.

Não se preocupe, tudo será devidamente esclarecido quando estivermos cara a cara. Mas primeiro preciso que você venha me visitar na empresa em que trabalho, Fanfic Twilight Team. Vá até o terceiro andar e procure pela sessão de Livros/Interativas, depois procure a sala Infidelidade e entre sem bater. O endereço? Bem, você saberá na hora certa. Espere na porta de sua casa, passará um táxi vermelho, entre e aguarde. Não se preocupe com seu adorável namorado, darei um jeitinho nele. E também não se preocupe com a neve, ou com o seu presentinho de natal para o . Tudo será resolvido no seu tempo.

Passar bem, senhorita, .
A. S.


MAS QUE PORRA É ESSA?!!
Como assim ela sabe do meu caso com o ? E meu namorado, e a neve? Isso está ficando estranho, muito estranho...
Embolei aquele papel assustador e levantei determinada a não seguir essas instruções malucas. E se for um psicopata? Deus me livre!!! É claro que não vou atrás do perigo, até parece... Que brincadeira de mau gosto...
- Querido? – olhei para os lados e constatei que estava sozinha na sala.
Quando foi que ele se levantou?! Não é possível que eu estivesse tão distraída a ponto de não notar o movimento. E sem contar que meu namorado, curioso do jeito que é, não sairia do meu lado sem saber o que realmente tinha na carta.
- Querido, você está aí? – insisti enquanto andava pela casa a procura dele.
Silêncio...
- Ok, parou a brincadeira. Não gosto de pique-esconde e você sabe disso!!! – resmunguei com a voz tremida.
Silêncio...
Comecei a ficar nervosa. Como assim meu namorado some do nada? Evaporou?
- Apareça logo, seu idiota! Eu sei que você está aí em algum lugar! – vociferei agora mais nervosa.
Vasculhei todos os cômodos da casa e nada. Ele sumiu. E eu tenho absoluta certeza de que ele não saiu pela porta da frente.
Que caralho está acontecendo?!!
Um estalo passou pela minha cabeça e logo eu me lembrei daquelas palavras: “Não se preocupe com seu adorável namorado, darei um jeitinho nele”.
Certo. Certo. O que exatamente essa carta quis dizer com dar um jeito nele? Como ela simplesmente o fez sumir?!!
Oh my God! Alienígenas? Abduziram meu namorado? Não pode ser!!! Pelo amor de Deus, é véspera de natal, eu preciso de um pouco de paz!!!
Bi Bi!!
Um buzina de carro ecoou na rua.
O táxi!!! Ai, senhor, devo ir? Será que eles devolverão o meu namorado? Inteiro?!
Bi Bi!!
A buzina insistiu e eu decidi que deveria averiguar. Seria rápido, eu iria para a tal empresa, que eu nunca tinha ouvido falar, e pegaria meu namorado de volta. Pronto, coisa simples!
Abri a porta de casa e avistei o tal táxi vermelho. Caminhei até ele com as penas meio bambas e a porta do fundo se abriu automaticamente. Entrei relutante e me acomodei no banco de couro.
Ok, desde quando existem táxis vermelhos? E puta merda, com banco de couro? Coisa estranha...
Olhei para o retrovisor e encarei duas orbes castanhas me observando.
- O que?! – perguntei nervosa.
- Não precisa se assustar, senhorita, você vai adorar o passeio. – o taxista falou brincalhão.
- O que vocês fizeram com meu namorado?! – vociferei.
- Nada que você não vá agradecer no final do dia. Relaxe, moça, chegaremos na empresa em instantes.
- Não conheço essa empresa. O que ela faz? – perguntei agora mais calma.
- Você não sabe? Hum... Isso vai ser interessante. – ele sibilou malicioso.
- Posso saber pra que tanto suspense? – insisti impaciente enquanto o carro seguia por vias que eu nunca tinha passado.
- Relaxe, dona moça. Tudo no seu tempo... - ele respondeu e começou a assobiar indiferente.
Ai, que ódio!!! Só espero não estar me metendo em alguma roubada!

Passou-se alguns minutos até que o táxi parou.
- Está entregue, senhorita. – ele falou e saiu para abrir a porta pra mim.
Desci do carro e olhei para um prédio imenso, daqueles do tipo arranha céus. Era lindo. Tinha um slogan da empresa pregado num ornamento na entrada do prédio.
“Fanfic Twilight Team, todos os direitos reservados.”
Ok, não estou entendendo bulhufas.
Peguei a carta para olhar o restante do endereço e segui pelo saguão da empresa.
Não havia um pé de pessoa. Um perfeito deserto. Assustador, devo ressaltar.
Peguei o elevador e parei no terceiro andar.
Logo na saída do elevador havia uma placa com letras garrafais: Livros.
Segui pelo imenso corredor e avistei duas portas de lados opostos, em cada uma havia uma plaquinha. Na do lado esquerdo tinha: Interativas. Na do lado direito tinha: Não interativas.
Entrei na porta da esquerda e avistei outro corredor, bem maior, e repleto de portas. Cada porta tinha uma plaquinha com um nome diferente.
“Accidentally in Forks”
“A Oitava Cullen”
“Blood Mary”
“Crazy Friends”
“Da magia à Sedução”
“De simples sonhos e pedidos à eternidade”
“Encontros”
“Fate”
“Haunted”
“Infidelidade”


Observei bem a porta que eu deveria adentrar. Respirei fundo e abri a porta.
Era uma sala totalmente branca. Quase sem móveis. Havia apenas uma poltrona branca encostada na parede esquerda da sala, dois puffs também brancos perto da poltrona, uma mesa imensa na parede em frente à porta. E o mais importante, apenas uma mulher sentada de frente pra mesa, de costas pra mim.
Engoli em seco e dei dois passos pra frente.
A mulher não se moveu, ela apenas digitava insistentemente em seu notebook.
- Você veio, bom, é claro que veio. Não teria outra opção a não ser vir. Afinal, sou eu quem decide isso. – ela falou numa voz melodiosa e absurdamente tranquila.
Aquilo me irritou. Como assim não havia outra opção? Eu estou aqui porque eu quis, não foi? Ninguém me obrigou a vir! E ela falou como se soubesse de tudo, que merda ela pensa que é?
Enquanto eu divagava pelos meus pensamentos nada natalinos, ela digitava e digitava...
- Ok, chega! Vamos esclarecer logo as coisas. O que você fez com meu namorado? E como você sabe sobre o ? – esbravejei irritada.
A mulher gargalhou alto enquanto prendia os seus longos cabelos cacheados em um coque frouxo.
- Por que você não se senta? Vamos conversar com calma, meu bem. – ela falou num tom divertido.
- Posso saber qual o motivo da graça? – questionei enquanto me sentava no sofá e tentava buscar um ângulo que me permitisse ver o rosto dela. Sem sucesso, é óbvio. Me parecia que não era a intenção dela revelar sua aparência.
- , não precisa ficar com o pé atrás comigo. Você sabe quem eu sou, só não está lembrada.
- Eu nunca te vi antes, tenho certeza! – afirmei rispidamente.
- Exato. Você sabe quem eu sou, mas nunca me viu pessoalmente. As letras A. S. não te sugerem nada? – ela perguntou ainda digitando na porra do notebook.
- Assassino, assustador, assombroso… - murmurei pensativa. A mulher bufou e balançou a cabeça negativamente.
- Aline Santos. – ela falou enquanto girava o corpo na minha direção.
- OH MY GOD!!! – um estalo passou na minha cabeça e eu finalmente lembrei.
Era ELA!!!
É óbvio que era ela! Quem mais poderia ser? Quem mais poderia desaparecer com meu namorado? Quem mais poderia tirar toda a neve da estrada? Inventar um táxi vermelho? Me trazer até aqui?
Céus, como posso ser tão lerda?
- Vo-vo-vo-cê você…. OMG! É você! – pulei do sofá e corri na direção dela.
- A própria. – ela respondeu sorridente. – Respire, . – Ela mandou, eu obedeço, né?
- Estou tentando, estou tentando! Omg, é muita sorte estar aqui! Eu nunca saberia que eu poderia me encontrar com minha criadora! Isso é um sonho!! – falei empolgada. – Eu… Eu… Posso te abraçar? – perguntei receosa.
- Pode, só não aperta, e não demora demais, não sou chegada a abraços femininos, se é que você me entende… - ela sorriu com malícia e piscou. Omg, ela piscou pra mim!!! Morri total!
Não perdi tempo, me aproximei e dei uma super mega ultra abraço forte nela. Uh, quando eu acordar desse sonho eu vou levar um belo tombo da minha cama…
- Ok, chega. Vamos aos negócios. – ela me afastou e voltou a digitar naquele notebook maravilhoso. Sim, ele era perfeito, e era com a ajuda dele que eu existia e estou aqui!
- Certo. Posso só perguntar uma coisa? – perguntei relutante.
- Seu namorado foi dar uma voltinha na lua, não se preocupe, ele voltará são e salvo.
Credo, como é estranho conversar com uma pessoa que já sabe o que eu vou perguntar.
Andei novamente até a poltrona e me sentei. Já era hora de descobrir o motivo disso tudo. Tinha que ser algo realmente importante pra ela me trazer aqui, né?
Caraca! Estou na sede do Fanfic Twilight Team!!! Dá pra acreditar?! Babem!!! Eu posso, ok?!
- Pode porque eu deixo, não esqueça disso. – Ela me deu um banho de água fria.
- Eu sei, eu sei, deixa eu me achar um pouquinho, tá? – resmunguei, fazendo birra.
- Certo, , você certamente quer saber o motivo de sua visita.
- Exato. – confirmei.
- Bom, uma abelhinha me disse que você queria muito um feliz natal ao lado do amado . Estou certa?
- Certíssima. – respondi ainda sem saber onde ela queria chegar.
- Então, você deveria já ter imaginado que eu posso te dar esse feliz natal, não é?
OMG! É verdade!! Como não pensei nisso antes?!
- Você vai me dar o meu feliz natal com ?! – perguntei com a minha melhor carinha de cachorro pidão.
- Lembra daquela historinha do gênio da lâmpada, ? – ela parou de digitar e me encarou profundamente.
- Dos três desejos?!
- Sim, essa mesmo. Me imagine como o gênio da lâmpada, mas dessa vez você só terá direito a um pedido. – ela falou pausadamente.
- Certo, eu tenho direito a um pedido. Pode ser qualquer coisa? – perguntei animada.
- Qualquer coisa que seja condizente com o Natal, claro. Nada absurdo, obviamente.
- Certo, acho que entendi. Eu já sei o que eu quero. – falei determinada.
- É, eu também já sei, mas quero ouvir da sua boca. – ela pediu pacientemente.
- Eu quero Um Feliz Natal no BECO!!!! – Falei super empolgada enquanto quicava no sofá.
- Não se esqueça que tudo tem seu preço... - ela me encarou maliciosa.
- Preço? Você não tinha falado nada disso... – falei, fazendo bico.
- Calma, tudo o que você precisa me dar em troca são comentários.
- Comentários?! Como assim? O que é isso? – perguntei desnorteada.
- Não se preocupe, meu bem, na hora certa você saberá. Tudo tem seu tempo...

* Pov*

Ew! O dia está tão chato sem minha gostosa aqui…
Porra, é véspera de Natal e eu não comprei nada pra , e nem faço ideia de como vou escapar da minha família pra ficar com ela.
Esse definitivamente será o meu pior Natal. Logo minha noiva grudenta chega e me monopoliza. E eu perco meu Natal ao lado dela. Que saco!
O que eu posso fazer pra ter um feliz Natal ao lado de ?
A campainha tocou, me tirando dos meus devaneios. Levantei do sofá a muito contra gosto e segui pra porta do apê. Observei o olho mágico e não havia ninguém. Que estranho. Será que têm moleques brincando nesse tempo frio?
Abri a porta pra dar uma olhadinha e me sobressaltei com uma caixa embrulhada com um imenso laço vermelho, parada na frente da porta. Peguei a caixa e entrei novamente.
Segui para o sofá enquanto retirava a fita vermelha. Rasguei o restante do embrulho e abri a caixa. Dentro havia mais uma caixinha embrulhada, uma carta e um engradado de Red bull. Isso está ficando cada vez mais estranho.
Peguei a carta vermelha e abri.

“Caro, , espero que aprecie o meu presente pra você. Mas para que tudo dê certo, preciso de sua colaboração. Você só terá que abrir o embrulho menor e vestir a roupa que tem lá, tomar todo o red bull que você conseguir, esperar até 23:30 e atravessar a rua em direção ao beco. Não se preocupe com a vizinhança, ninguém verá você. Não me decepcione, fiz tudo com muito carinho.
Beijo molhado, de sua gostosa, .”


Wow! Bom, o que eu achei de tudo isso? Muito louco. Deu tesão só de imaginar o que minha linda está aprontando pra mim. E bem, pequeno já deu sinais de vida...
Eu só não entendi o lance do Red bull, por um acaso ela acha que eu não vou dar conta do recado?
Piada, né? Até parece que não me conhece...
Bom, mas não vamos contrariar os planos dela, né? Melhor eu tomar esse troço.
Peguei uma latinha e segui para meu quarto com o embrulho menor em mãos.
Sentei na cama e abri o embrulho enquanto bebericava da bebida. Joguei o conteúdo na cama e engasguei quando percebi do que se tratava.
Havia uma sunga marrom de tecido aveludado, uma coleira parecida com um cabresto de trenó, e o pior de tudo, chifrinhos de veado.
Isso era uma fantasia de Rena de Papai Noel?
Ridículo.
É óbvio que eu não vou vestir isso!

Certo. São 23:30 e eu estou aqui parado na frente de minha casa, vestido pateticamente de rena, exceto pelos chifres. Olhei em volta com medo que alguém me visse vestido assim. E por incrível que pareça, não havia um pé de pessoa na rua. Todas as casas estavam fechadas, não havia carros, não havia absolutamente nada. Parecia uma rua deserta. Estranho...
Um vento frio me assolou e só então eu percebi que poderia congelar ali parado. É chegado à hora de esquentar o meu Natal...
Atravessei a rua e me sobressaltei com a visão absurda que estava bem na minha frente.
O beco que outrora fora escuro, sujo e silencioso, agora parecia mais um motel. Ele estava incrivelmente limpo, exalando o odor de ervas afrodisíacas; estava iluminado por uma porção de pisca-pisca e velas aromáticas; tinha tecidos vermelhos e brancos espalhados estrategicamente por todo o local; uma árvore de natal branca e recheada de bolinhas vermelhas e outros enfeites também vermelhos ostentada no fundo do beco; uma série de espelhos distribuídos estrategicamente; e o principal estava bem no meio do “salão”, sentada de pernas cruzadas, no meu sofá branco, e vestindo uma roupa de Mamãe Noel sexy pra caralho.
Acho que entendi o porquê do Red bull, afinal, a noite vai ser longaaa....
- Hum, você está gostosa demais, !! – falei com a minha melhor cara sacana.
- Hum... Onde está os seus chifres, ? – ela perguntou ainda sentada no sofá.
- , minha linda, eu tenho cara de corno pra usar chifres? – perguntei enquanto me aproximava sorrateiramente dela.
- Fazia parte da fantasia, ... E eu não disse que poderia tirar – ela falou com um tom levemente ríspido.
- Minha querida, posso lhe garantir que os chifres não vão fazer diferença... - me aproximei mais.
- Nem mais um passo, ! – ela ordenou e eu obedeci – Sabe que vai ser punido por isso, não sabe? – ela perguntou mordendo os lábios sensualmente.
- Sim, senhora, vou aceitar toda a punição que você achar necessário – respondi também mordendo meus lábios.
Ela levantou sensualmente do sofá e só então eu percebi que ela tinha a porra de um chicote na mão.
- Você foi um menino muito mal, ... Sabe o porquê de você estar vestido de rena? – ela perguntou e eu apenas neguei com a cabeça – Eu sou sua mamãe Noel e você é minha rena, minha propriedade, entende? Então nada mais justo do que eu aproveitar de minha montaria e cavalgar em você... – ela falou e eu deixei escapar um gemido em antecipação.
Hum, só imaginar minha garota cavalgando em mim... Pequeno já gritava dentro da sunga, um pouco mais e ela estoura com o volume.
- Então sinto lhe informar, mamãe Noel, que renas não são as melhores montarias, cavalos são bem mais eficazes do que veados. – falei maliciosamente encarando as suas orbes .
Ela me olhava tão profundamente quanto eu, e com um olhar carregado de desejo e luxúria. Oh céus, esse Natal seria definitivamente o melhor de todos...
- Oh, , então você quer ser o meu cavalinho? – ela perguntou enquanto andava em volta de mim, arrastando o seu chicote.
- Eu sempre fui, minha linda... Pode cavalgar em mim o tanto que quiser...
- Uh, é mesmo? – ela falou com malícia e chicoteou o chão, fazendo um som agudo ecoar no beco.
- Pode ter certeza que sim... - retifiquei enquanto praticamente a comia com os olhos.
Já podia imaginar o momento em que eu arrancaria aquelas meias com os dentes; partiria em dois aquele vestidinho minúsculo... E, hum... Faria tudo o que tenho direito...
- Tomou o seu Red Bull direitinho, ? – ela perguntou enquanto arranhava suas unhas em minhas costas.
- Tudinho, minha linda...
- Hum... Bom, muito bom... Sabe que o seu trabalho será árduo, não sabe?
- Não tenho medo do trabalho, querida...
- Hum... Sente-se no sofá, ! – ela mandou e bateu o chicote no chão.
Obedeci e me sentei no sofá.
- Posso fazer uma pergunta, mamãe Noel? – perguntei calmamente.
- Pergunte.
- Como você arrumou isso tudo? Fechou o beco, desapareceu com a população local, colocou o meu sofá aqui...
- Ela fez tudo.
- Oh... Ela? Sério? Você conseguiu falar com ela? Como?
- Uma longa história, querido.
- Mas foi assim de graça? Ela não pediu nada em troca? – perguntei curioso.
- Ela pediu comentários, mas não entendi direito. Não vamos pensar nisso agora, ok?
- Você quem manda, delícia! – respondi sorridente.
- Está pronto pra sua primeira punição, ?
- Estou sempre pronto, minha linda...
- Hum... Você acha que consegue manter suas mãos quietinhas ou eu terei que prendê-las? – ela perguntou quando parou em pé na minha frente.
- Não precisa prender, posso me controlar. – murmurei um pouco chateado. Detesto esse tipo de punição, não poder tocá-la é um pesadelo!
- Cada vez que você perder o controle e me tocar é uma punição a mais, não se esqueça disso. – ela explicou com um sorriso provocante.
- Sim, senhora. – brinquei e me acomodei melhor no sofá, tratando de deixar minhas mãos nervosas bem quietinhas no lado do meu corpo.
Ela largou o chicote no chão e sentou-se no meu colo.
- Hum... - gemi no instante em que seu corpo atritou com a minha ereção que estava pulsando dolorosamente.
- Que foi, ? Eu nem comecei e você já está assim? – ela perguntou enquanto se esfregava no meu membro aprisionado.
- Hum, … Por favor? – supliquei enquanto ela mexia, rebolava e se esfregava cada vez mais em meu colo.
- Por favor o que, ? – ela sussurrou no meu ouvido, seguindo com beijos e mordidas no lóbulo da orelha.
- Faz alguma coisa aqui... – peguei sua mão e levei até minha ereção, ela apertou forte e depois estapeou a minha mão.
- Você quebrou as regras, ! Vai ser punido de novo, querido... - oh merda!
- Desculpe... - murmurei num fio de voz e levantei meus quadris em busca de fricção.
- … Não me obrigue a te punir mais, você não pode fazer essas coisas, tem que ficar quietinho. – ela repreendeu minha tentativa falha e eu bufei impaciente. Pequeno estava chorando de tanto tesão.
- Céus, … - balbuciei quando senti a forte pressão do seu corpo no meu membro.
- Calminha, , eu só comecei... - ela se levantou do meu colo, me fazendo resmungar à falta do contato.
Virou de costas pra mim e começou a rebolar e a descer até o chão, enquanto abria o zíper do vestido. Ela levantou, serpenteando o corpo, e se virou pra mim, me fazendo ofegar com aquela visão tentadora. Ela agora vestia apenas uma calcinha minúscula, transparente e fio dental, uma cinta liga pregada nas meias vermelhas e um adesivo de estrelinha vermelho colado em cada mamilo.
Puta que pariu, estou quase tendo um orgasmo espontâneo com essa visão!
- Caralho, , porra, vem aqui, vem… - chamei impaciente e suplicando pelo momento em que ela me deixar tirar essa maldita sunga.
- Tá doendo aí, ? – ela apontou para minha ereção explosiva – Quer um carinho? – ela perguntou, mordendo os lábios.
- Oh sim, vem me fazer um carinho, pequeno precisa de você... - sibilei ofegante.
- Eu posso te fazer um carinho, , mas tudo tem seu preço... E você ainda me deve duas punições, querido... - ela se ajoelhou entre minhas pernas e serpenteou suas mãos macias por minhas coxas, parando na minha virilha, sem tocar a fonte da minha agonia.
- Eu pago qualquer preço... – sussurrei, ofegando.
- Hum... Cuidado com o que diz, ... - ela sorriu provocante e passou suas mãos pelo cós da sunga. – levante os quadris, meu cavalinho – ela ordenou enquanto fitava minha ereção.
Levantei meus quadris e ela prontamente puxou minha sunga e a retirou por completo. Me senti aliviar quando meu membro aprisionado ganhou sua tão aclamada liberdade.
- Qualquer preço, ? – ela perguntou agora me fitando.
- Qualquer preço! – retifiquei entorpecido com a ideia do “carinho” que ela poderia me propiciar.
- Pois bem, você não pode gozar até que eu deixe, estamos entendidos? – ela perguntou e eu apenas afirmei com a cabeça. Só não sabia como iria conseguir cumprir o acordo, afinal, já estava quase explodindo só com a ideia da boca dela em mim. Uh... Magnífico...
Logo suas mãos habilidosas estavam massageando meu membro pulsante, me fazendo gemer impulsivo.
- Uh...
- O que você quer, querido? – ela perguntou num fio de voz.
- Sua boquinha nele... - pedi em meio a gemidos e lamúrias.
- Mas você foi tão desobediente, ... Você ainda não merece isso...
- Ah... Não faz isso, ... Me chupa, vai...
- Não, não... Mas posso fazer uma coisinha legal... Você quer? – ela olhou para os seios e puxou os adesivos.
- Oh... - arfei em expectativa. Hum... Uma espanhola era tudo o que eu precisava agora...
Ela se aproximou mais e acomodou meu membro no vão dos seus seios, segurando e apertando-os firmemente em volta dele. Começou a movimentar o corpo pra cima e pra baixo de maneira que meu membro estocava seus seios com perfeição.
- Ah caralho... Que delícia... - murmurei entre gemidos e urros.
- Tá bom assim, ? – ela perguntou com uma voz melodiosa.
- Hum... S-sim... - gaguejei quando ela subitamente aumentou o ritmo das estocadas. – Oh... .... Eu posso...? – pedi suplicante.
- Não, , você ainda não pode gozar... – bufei enquanto tentava segurar o orgasmo iminente.
Ela me surpreendeu quando começou a estocar com os seios e a chupar a glande do meu membro.
- Ah... … Por favor? – pedi enquanto mordia com força meus lábios.
- Ainda não, ...
- Oh céus... Oh... Por favor... – supliquei, me contorcendo quando ela tirou os seios e agora me abocanhou com vontade e chupava com força e com movimentos muito rápidos.
- Vem, … Goza pra mim…
- Uh... - urrei e me deixei levar pelo torpor propiciado pelo orgasmo avassalador.
Quando voltei à lucidez, ela já estava terminando de limpar a lambança que eu fiz nos seus seios. Fiquei inebriado, observando cada um de seus movimentos, seus pequenos seios balançando em contato com o tecido que ela esfregava... Ela me fitou sorridente e serpenteou até ficar em pé. Levou as mãos até as costas e retirou as ligas e a calcinha, ficando só de meias. Sentou no meu colo e iniciou mais um momento tortura ao pequeno . Rebolava, mexia e esfregava seu sexo completamente molhado, enquanto mordia, lambia e beijava meu peito, pescoço e boca. Tudo ao mesmo tempo e em movimentos frenéticos e repletos de luxúria.
- Hum... Pronto pra ser montado, meu cavalinho? – ela puxou o meu “cabresto” preso no pescoço e me direcionou até seus seios eriçados.
- Sempre pronto, querida... - balbuciei enquanto abocanhava seu seio e massageava com as mãos o outro.
Mordia, lambia e bulinava seus mamilos, o que a fazia gemer e lamuriar. Ela me empurrou com força contra o encosto do sofá e, num movimento brusco, deslizou sobre meu membro, me fazendo urrar.
- Oh... Puta que pariu... Porra, ... Que buceta gostosa... - gemi involuntariamente enquanto ela cavalgava habilidosamente.
- Ah... … Uh… - ela gemia e rebolava mais e mais.
Apertei seus quadris com minhas mãos e auxiliei seus movimentos, dando mais intensidade às estocadas. Em pouco tempo pude sentir seu corpo estremecer e vibrar com o orgasmo.
Ela ofegou e pendeu seu corpo no meu peito enquanto eu me levantava ainda dentro dela. Inverti as posições e a deixei de quatro no sofá.
- Posso? – perguntei antes de penetrá-la novamente.
- Deve! – ela mandou e eu obedeci.
Bombei com tudo enquanto a ouvia gemer alucinada.
- Oh... Oh... … Não pára…
- Porra, … Tão apertada…
- Ah... Eu vou... Ohh... - ela balbuciou enquanto estremecia no segundo orgasmo, me fazendo gozar logo em seguida.
Deitamos no sofá, ainda ofegantes. Trocamos carícias e nos olhávamos profundamente.
- Feliz Natal,
- Feliz Natal,

* Pov*

Puta merda, preciso me lembrar de agradecer a ela por esse Natal mais do que feliz no beco!
Claro que a noite não acabou aí, né? Ela foi longaaa... Muito longaa...
Depois de beijos, amassos e muito sexo, caímos exaustos no sofá. E al dormimos abraçados de conchinha.
Acordamos com o ecoar de uma música natalina.
- Porra! Não se pode mais dormir em paz? É Natal! - resmungou irritado.
- Acho que é ela.
- Opa! Então é hora de acordar. – logo ele levantou e já estava se vestindo, apressado.
- Hei, porque essa empolgação toda quando falo dela? – perguntei enciumada.
- Tenho que fazer a média com ela, ué... Você faz ideia do que ela pode fazer comigo? Já pensou no que ela pode fazer com o pequeno ? É só ela digitar naquele maldito notebook que eu viro broxa e de pau pequeno.
- Ai credo, bate na madeira!
- É por isso que temos que puxar o saco dela, querida, só assim nós poderemos ficar sempre juntos, e vivermos mil e uma noites de amor... - ele sussurrou manhoso e me roubou um beijo estalado.
- Você tem razão. Acho que é hora de pagar nossa promessa, né?
- Com certeza!
- Ela disse que queria comentários...
- Ah, isso é super simples, é só clicar no link Comentários!
- Você sabia o tempo todo?! – dei um tapinha estalado nas costas dele.
- Eu sempre soube, meu bem, e você também! Vamos?
- Juntos?!
- Sempre!!

Nota da Autora: Entenderam o recado, né? FELIZ NATAL, PERVAS!!!

Capítulo 9

Inacreditável!!!
Isso é um absurdo! Como assim ele me obriga a sair em pleno domingo?
Que desculpa eu ia inventar pro meu namorado? Logo hoje que tinha prometido ficar com ele o dia todo...
Suspirei profundamente, abaixei a tampa do vaso sanitário e sentei. Tinha que pensar numa desculpa plausível pra deixar meu namorado a ver navios enquanto eu saia pra me encontrar com meu “dono”.
Ok, não havia uma desculpa convincente. Merda!
- ? Acordada a essa hora? – meu namorado bateu na porta do banheiro e eu suei frio. Era agora que eu falaria a merda que passou na minha cabeça.
Respirei fundo e abri a porta do banheiro.
- Querido, não vou poder cumprir minha promessa...
- O que aconteceu, ? Você está pálida! – ele perguntou preocupado.
- Minha amiga entrou em trabalho de parto, preciso vê-la, ela não tem ninguém para ajudá-la... - falei enquanto me encaminhava pro meu closet.
- Que amiga, ? Você nunca me falou nada sobre amiga grávida... E por que diabos você tem que ir? Deixe isso com o marido dela, oras! – ele retrucou nervoso.
- Ela não tem marido, nem namorado, nem ninguém... Só tem a mim, entende? Não posso abandoná-la logo agora... – menti, evitando fitá-lo nos olhos.
- Isso é um absurdo, !! Vai me trocar por uma amiga?
- Não estou trocando! Céus, é só por hoje, nos vemos todos os dias, querido!
- Não do jeito que eu quero! Quando eu saio você está dormindo, quando eu chego você está trabalhando, percebeu que mal trocamos duas palavras essa semana? Não quero um relacionamento desgastado, !
- Quer parar de drama? Tentarei voltar cedo, ok? Juro que vou te recompensar... - Own, meu estômago embrulhou. Recompensas é sinônimo de sexo. E eu já estava enojada toda vez que ele me tocava.
- Sei... Você é má, , vai me abandonar em pleno domingo... - ele resmungou com carinha de cachorro sem dono.
- Por favor... Eu preciso ir... Me perdoe... Por que não aproveita pra sair com seus amigos? – perguntei enquanto me trocava.
- Vejo meus amigos todos os dias no trabalho... E eu queria você, não eles...
- Bom, o que eu posso fazer é tentar voltar rápido, enquanto isso, arrume outra coisa pra fazer, ok? Agora tenho que ir – falei e saí do quarto com ele no meu encalço.
- Não vai nem tomar café? – ele perguntou.
- Não dá tempo, como qualquer coisa no hospital – falei apressada e abri a porta.
- Hei, espere, eu vou com você.
Morri.
- Não! – retruquei um pouco mais alto do que o necessário.
- Por que não, ? Te faço companhia... - ele perguntou confuso.
- Não precisa. Você já viu uma mulher em trabalho de parto? É nojento, é cansativo, você vai odiar. Fique aqui que é melhor.
- Mas...
- Tchau! Até mais tarde! – não esperei por resposta e saí apressada.
Peguei meu carro e me dirigi para o hotel, nervosa por ter sido obrigada a mentir (mais uma vez) pro meu namorado e feliz por estar indo amar meu delicioso .
Sim, amar. Eu estava apaixonada por ele, fato. Não falei com ele sobre isso, na verdade nunca expressei nenhum tipo de sentimento que não fosse ligado apenas ao sexo. Ele também não expressa, talvez por não existir amor da parte dele, ou simplesmente por ser muito cedo pra isso. Estávamos juntos a pouco mais de uma semana, e só. Era pouco tempo, mas o suficiente pra saber que eu o amava, e muito.
Não queria ser a primeira a expor meus reais sentimentos, acho que por medo de me machucar. E se fosse apenas sexo pra ele? Se fosse só a tal da química que nos unia? Se fosse só isso eu estaria perdida. Uma hora a química se desgasta, o tesão diminui, e aí? Como ficamos? Ele enjoa de mim e me deixa, e assim eu sofro com sua falta. E minha vida amorosa vai pro ralo e leva junto minha vida social. É, eu não posso nem me imaginar vivendo sem ele. já se tornou o ar que eu respiro.
Cheguei no tal hotel e estacionei. Respirei fundo e segui pra recepção.
- Bom dia, senhorita, em que posso ajudar? – a recepcionista perguntou.
- Er... O senhor er... … Está? – ridículo chamá-lo pelo apelido, mas fazer o que se era tudo o que eu sabia dele?
- Ele a aguarda no quarto 302.
- Obrigada – respondi com um curto sorriso e peguei o elevador.

Bati na porta do 302 e logo ela foi aberta por um , vestindo apenas uma cueca boxer branca. Oh, esse homem ainda me mata!
Ele me puxou pela cintura, fechando a porta e me prensando contra a mesma. Beijou-me com carinho enquanto brigava com o botão da minha calça.
- Hunf! Por que vestiu isso? Odeio calças... Esses... Esses malditos botões... – ele resmungou com sua voz rouca.
- Admita que dá mais tesão quando fica difícil... - brinquei enquanto passava minhas mãos por seus cabelos e pulava no seu colo.
- Pensando por esse lado... - ele falou com malícia e me carregou pra cama.
Jogou-me na cama e caiu por cima, enquanto beijava meu pescoço e dava leves mordidinhas em minha orelha.
Sua boxer já estava esticada pelo volume avantajado de seu membro rijo. roçava sua ereção em meu sexo enquanto beijava meus seios sob o tecido e apalpava com as mãos.
- Hum... Não me canso do seu corpo gostoso nunca... - ele sussurrou entre beijos.
Ficou de joelhos enquanto tirava toda a minha roupa e me deixou apenas de calcinha. Fitou cada pedacinho do meu corpo nu e o beijou até a fonte do meu calor. Passou a língua no meu clitóris, ainda por cima do tecido, enquanto apertava meus seios com as mãos.
- Oh... Hum...
- O que? – ele sussurrou com sua voz abafada.
- Por favor... - implorei entre gemidos.
- Por favor o que? – ele parou de bulinar meu clitóris e me fitou com malícia.
- Faz... - pedi num fio de voz.
- Faz...?
- Hum... Me toca,
- Assim? – ele sussurrou enquanto mexia com os dedos sobre a calcinha molhada.
- Com a boca... - me contorci de tesão e ele deu um sorriso torto.
Ele encostou sua cabeça em meu ventre e beijou com calma, passando a língua pelo meu umbigo até as proximidades do elástico da calcinha. Mordeu e puxou com os dentes, terminando de tirá-la com as mãos.
Arrastou suas mãos por minhas pernas, parando nas coxas e as apertando. Inclinou sua cabeça sobre a minha entrada e passou a língua, me fazendo soltar um gemido agudo. Levei minhas mãos até seus cabelos e forcei sua nuca, apertando-o contra meu sexo latejante e pedindo por mais pressão. Ele brincou com sua língua por toda a minha entrada, passando pelo clitóris e esfregando com furor, me fazendo gozar em segundos.
Ainda arfava quando ele me invadiu com seu membro pulsante, chocando seu corpo contra o meu e fazendo a cama ranger.
- Oh... Mais... Mais forte,
Eu não apenas gemia, como gritava de prazer. Ele agora bombava com fúria e urrava toda vez que tocava no fundo. Ele se ajoelhou na cama e segurou minhas pernas, mantendo-as abertas no ar, e continuou estocando até estremecer sobre mim, me levando ao segundo orgasmo do dia.
Meu adorado estranho pendeu pro lado e me puxou pra ficar de conchinha.
- Quero você de ladinho... - ele sussurrou com a voz embargada e pegou minha perna, apoiando-a sobre sua coxa.
- Céus, , me dê cinco minutos, ainda estou com a boca seca… - respondi ainda arfando.
- Deixa que eu molho ela pra você... - ele sussurrou e me deu um beijo molhado e cheio de tesão embutido.
Esse homem não cansa?!
Senti seu membro me invadindo novamente, enquanto uma de suas mãos estava espalmada em meu ventre e apertava meu corpo contra o seu, sempre que ele estocava. Dessa forma nossos corpos não se separavam mais do que um ou dois segundos.
Ainda nos beijávamos enquanto ele me estocava. Minha cabeça estava levemente inclinada pra trás e meu pescoço começava a ficar dolorido com a posição desconfortável. Mas ele gemia baixinho em minha boca durante o beijo, me fazendo estremecer a cada som emitido daquela boca gostosa. Quem seria eu pra parar aquilo? Estava quase gozando só com aqueles gemidinhos dele!
Ele separou nossos lábios quando começou a bombar mais rápido, e pendeu sua cabeça no vão do meu pescoço, soprando seu hálito quente em minha pele, me fazendo arrepiar. Gemeu pertinho do meu ouvido e inevitavelmente me fez gozar.
E pra fechar com chave de ouro, ele ainda me puxou pra ficar de quatro, terminando as estocadas com um gozo seguido de urros e gemidos.
- Você é perfeita, ... - ele sussurrou com sua voz rouca e retirou seu membro de mim.
- Nada comparado a você, ... - retruquei e me aninhei em seu peito, logo em seguida.
Ficamos entre carícias, beijos e sexo o resto da manhã. Ele mais parecia uma máquina do que um homem normal. Acho que ele anda tomando, às escondidas, algum energético...
Pedimos comida pelo serviço de quarto, e bom, voltamos ao nosso “vai e vem” à tarde toda. Preciso me lembrar de tomar um energético antes de sair de casa, fato!
- , está anoitecendo, preciso ir… - murmurei quando saí do banheiro, enxugando meus cabelos com a toalha.
- Hei, ainda tem algo que eu quero fazer como você à noite – ele falou enquanto deixava a toalha de lado e pegava sua cueca boxer perdida em algum canto do quarto.
- Ai, , fala sério, eu não aguento mais! Você não cansa nunca? – perguntei incrédula. Ele apenas arqueou as sobrancelhas como se eu tivesse falado algo absurdo.
- E quem falou em sexo, ? Quero sair com você, curtir a noite, entende? Nós nunca saímos juntos, não é verdade?
- Er... Sair? – perguntei desajeitada – Eu... Não acho uma boa ideia... - concluí, mordiscando meu lábio inferior.
- Qual o problema em sairmos? Não quer ser vista comigo? – ele perguntou cruzando os braços no peito.
- Ninguém sabe que tenho um caso, ! Se alguém da minha família nos vir?
- Se alguém nos vir, você nos apresenta e pronto! Qual o problema em você ter um namorado, ? – ele perguntou inquisitivo.
- Nós não somos namorados, ! – retruquei, um pouco exaltada.
- Ah não?! Então somos o que? Diz pra mim, ! – ele berrou agora visivelmente irritado.
- Diz pra mim você!!! Nós nunca falamos em namoro, nem nada do tipo! Sei lá o que somos... Amantes talvez...
- Amantes? Amantes, ? Isso soa tão ridículo!
- Ridículo? Então defina nosso relacionamento, senhor sabedoria! – vociferei com sarcasmo.
- Você significa muito mais pra mim do que só uma amante, ...
- E o que isso muda no nosso relacionamento, ? Nada! Absolutamente nada! Eu também te considero mais do que isso, mas não muda nada porque continuamos perfeitos estranhos um para o outro, e sim, somos apenas amantes, nada mais... - conclui quase num sussurro e uma lágrima solitária rolou pela minha face.
- … Namora comigo? – ele perguntou embargado e eu estanquei, quase engasgando com minha própria saliva.
Como assim ele me pede isso do nada?
- , eu… Er… Eu não posso... - fiz um esforço sobrenatural pra negar tal pedido.
É óbvio que eu o queria como namorado, noivo, marido e o diabo a quatro, mas o problema é que eu já tenho um namorado!!!
- Por que não, ? Eu não sirvo pra você, é isso? – ele murmurou com os olhos molhados, lágrimas, acredito eu.
Céus, eu poderia esperar qualquer coisa desse homem, menos lágrimas. Se ele chorar eu desfaleço aqui mesmo... É demais pra minha sanidade ver o homem que amo sofrer na minha frente, e ainda por uma coisa tão simples. Ele queria formar um laço comigo, namorar... Uma coisa tão boba, mas ao mesmo tempo tão necessário... Um compromisso.
Um compromisso que eu não poderia ter.
- Você é maravilhoso, , e é perfeito pra mim, acredite. Mas... Eu não posso te namorar, ok? Por favor, não me pergunte o motivo, eu só não posso... - falei embargada e segurando as lágrimas que ameaçavam cair.
Ele me olhou com uma expressão de dor e movia seu pomo de adão pra cima e pra baixo insistentemente.
- Ok, se não podemos evoluir, teremos que parar por aqui, certo? Eu... - ele falou pausadamente, mas, antes de concluir, andou pro banheiro e bateu a porta com força.
Não entendi essa reação, mas de uma coisa eu tinha certeza, ele não ficou bem com essa situação... E nem eu.
Agora que ele não me via, deixei as lágrimas fluírem livremente, e me vesti em meio aos soluços. Suas palavras martelavam em minha mente...
“Teremos que parar por aqui, certo?”
Então era isso? Acabava aqui? Assim, desse jeito?
“Parar por aqui”.
Own, isso não era legal... Eu não iria suportar ficar sem vê-lo, sem tocá-lo...
“Parar”.
Meu pobre coração apertava e já não conseguia ver com clareza em meio a tantas lágrimas. Saí do quarto, batendo com força a porta.
Desci o elevador e saí do hotel, correndo. Peguei meu carro e segui sem rumo.
Eu teria que tomar uma decisão.
Continuar com meu namoro de quatro anos, e seguir com minha vidinha mais-ou-menos. Ou viver uma paixão louca e desenfreada com um completo estranho.
Rodei pela cidade, sem saber o que fazer. Passei uma hora nesse trajeto até finalmente chegar a um veredicto.
Acelerei em direção ao meu destino.
Desci do carro, atravessei a rua e toquei a campainha, torcendo pra que ele já tivesse voltado pra casa.
Ouvi passos na escada e logo a porta foi aberta por um gostoso, vestindo aquela calça de moletom que adoro.
Abri meu melhor sorriso e ele me olhou, franzindo o cenho, provavelmente sem entender minha atitude inusitada.
Pulei em seu pescoço e o beijei com furor. Ele correspondeu à altura e me apertou contra si.
- Eu... Posso... Digo... Eu quero... Namorar com você... - falei entre beijos e parei pra fitá-lo.
Ele me olhou espantado e deu aquele sorriso lindo e espontâneo que me fazia babar.
- ? Quem chegou aí?
Hei! Eu não conheço essa voz e ela vinha de dentro do apê dele. Franzi o cenho intrigada e ele selou meus lábios com o dedo indicador.
- Não é ninguém, devem ter sido crianças da rua... - ele berrou pra quem quer que fosse lá dentro.
Fiquei com a pulga atrás da orelha. Quem seria essa? Ele tinha outra e não me contou nada?! Ou será que me trocou assim tão rápido?
- Como assim não sou ninguém?! – vociferei, me separando dele com raiva.
- Calma, é minha irmã, ela não pode te ver agora, ok? – ele sussurrou com os olhos suplicantes.
- Ótimo! E por que não me apresenta a ela? Já que estou aqui...
- Não!! Agora não!
- E por que não? Não somos namorados? Foi você mesmo que disse...
- Porque tenho que preparar o terreno, ... Ela é muito chata... Por favor, entenda...
- ? – a voz feminina chamou.
Ouvi passos descendo as escadas e engoliu em seco assustado.
- Eu te ligo mais tarde. – ele sussurrou quase inaudível e bateu a porta na minha cara.
Ok, ele bateu a maldita porta na minha cara.
Não gostei disso. Não gostei de não ser apresentada, não gostei de ser enxotada. Não gostei daquela voz feminina. Não gostei da cara que ele fez. Mais parecia que ele ia enfartar se a tal irmã me visse. Era só uma irmã! Não poderia ser tão ruim assim, poderia? Poxa, eu sou até sociável...
Ele nem tinha me falado que tinha irmãos...

Capítulo 10

* Pov*


Não sei como consegui proferir aquelas palavras dolorosas.
“Se não podemos evoluir, teremos que parar por aqui, certo?”
Meu coração apertou tanto que tive que me trancar no banheiro pra chorar. Não queria que ela me visse nessa situação tão lastimável.
Ouvi a porta do quarto bater com força, imaginei que ela tivesse me deixado.
Me deixado...
Tomei uma ducha gelada pra espairecer. Não fazia ideia do motivo por trás daquela rejeição. Eu só queria firmar um compromisso, mostrar que não era só sexo, mas parece que nada do que eu disser fará efeito. Ela não me queria.
Eu poderia simplesmente esquecer que ela passou na minha vida. Ignorar todos os dias de amor, carícias e felicidade que passamos juntos. Mas pra mim, isso era impossível. Essa mulher já estava enraizada em meu peito. Eu não quero esquecê-la. Não posso esquecê-la.
O que eu poderia fazer pra essa mulher permanecer ao meu lado pra sempre?
Bom, eu poderia começar me desfazendo daquela que um dia eu amei. Meu coração só tinha espaço pra uma, que infelizmente me rejeitou, mas eu não desistiria assim tão fácil.
Saí do hotel determinado a dar um rumo pra minha vida conturbada. Espero que não esteja dando um passo em falso. A minha decisão estava tomada.
Ainda no carro, peguei meu celular e disquei o número da minha noiva.
- Alô, oi, querido!
- Pode me encontrar em casa?
- Ué, já acabou a reunião?
- Já... Estou te esperando, ok?
- Chego em 20 minutos!
Cheguei em casa e fiquei a esperar. Minutos depois a campainha tocou.
Abri a porta e deixei que ela entrasse.
- Agora que seu domingo está livre, podemos sair pra algum lugar, o que acha? – ela perguntou enquanto me abraçava.
- Na verdade eu gostaria de conversar... - comecei procurando as palavras corretas.
- Oh, estamos sérios, hein! – ela zombou enquanto subia as escadas.
- Isso é sério, querida...
- Ok, conversaremos então, mas aviso desde já que não adianta resmungar do tamanho da lista de convidados!
- Não vejo problema algum com a lista de convidados... O problema é outro... - comecei enquanto me estirava no sofá.
Procurei por coragem pra começar a falar. Seria doloroso acabar com um relacionamento de anos.
- Eu vou ser direto, ok? – comecei com um nó formando na garganta.
A campainha tocou.
- Deixa que eu atendo – falei irritado por ter sido interrompido num momento tão crítico.
E pra minha surpresa era a .
Ela sorriu abertamente e eu franzi o cenho. Não estava entendendo nada. O que diabos ela fazia ali sem me avisar? Ela não acabou de me rejeitar?
pulou em meu pescoço e me beijou com furor. Correspondi por reflexo, mas ainda sem entender sua atitude.
- Eu... Posso... Digo... Eu quero... Namorar com você... - falou entre beijos e me olhou profundamente.
Como não sorrir pra uma mulher tão perfeita?
Olhei-a espantado e sorri.
- ? Quem chegou aí?
Oh, merda! Tinha esquecido que minha noiva estava em casa. E agora? Ela não pode ver a !
- Não é ninguém, devem ter sido crianças da rua... - menti.
- Como assim não sou ninguém?! – questionou enraivecida.
- Calma, é minha irmã, ela não pode te ver agora, ok? – menti novamente.
Não queria ter que mentir pra ela, mas era necessário. Eu teria que resolver minha vida primeiro. O problema maior é que eu não tenho irmã...
- Ótimo! E por que não me apresenta a ela? Já que estou aqui...
- Não!! Agora não!
- E por que não? Não somos namorados? Foi você mesmo que disse...
- Porque tenho que preparar o terreno, ... Ela é muito chata... Por favor, entenda...
- ? – Minha noiva chamou e já vinha descendo as escadas.
Fiquei com medo do pior acontecer e resolvi finalizar aquela conversa.
- Eu te ligo mais tarde. – sussurrei baixinho e fechei a porta, com medo de ela se chatear.
- Pensei ter ouvido você conversando... - minha noiva falou, arqueando as sobrancelhas.
Atenta ela, não?
- Não era ninguém importante, apenas uma pessoa pedindo esmola... - menti descaradamente e voltei a subir as escadas.
Fui pra cozinha pegar uma cerveja. Precisava desestressar. Por pouco minhas mentiras não vieram à tona.
Não era dessa forma que eu queria terminar o meu noivado. Teria que ser com calma e perfeitamente calculado. Se minha noiva imaginar que eu tenho um caso... Ela é do tipo de mulher que não gosta de perder, sabe?

Voltei pra sala enquanto bebia a cerveja diretamente da latinha. Ela já estava sentada no sofá com as pernas cruzadas.
- Então... O que você queria conversar? – ela perguntou, fingindo indiferença. Mas por dentro deveria estar morrendo de curiosidade.
Sentei no sofá e pensei na melhor maneira de dizer.
A verdade é que eu já não tinha mais a coragem que tive alguns minutos atrás. Céus, eu queria acabar logo com isso, mas não conseguia...
- ? Você está começando a me assustar…
- Eu estava pensando... O que você acha de comprarmos outro apartamento? Acho... Que seria melhor do que morarmos aqui depois do casamento...
No final das contas, não consegui falar. E pra piorar as coisas, ainda inventei uma droga dessas. Um novo apartamento, ? Não poderia inventar algo menos comprometedor? Eu sou um idiota mesmo!
- Esse suspense todo pra falar disso, ?
- Pensei que você quisesse morar aqui...
- , eu quero morar com você em qualquer lugar, querido...
- Hum... Podemos ver isso depois então... – murmurei, tentando encerrar esse assunto.

Passamos o resto do dia em casa mesmo. Estava sem ânimo pra sair. O fato é que eu tinha uma noiva e uma namorada. Isso não é ótimo? Não! Isso é o caos! Não poderia nem cogitar a ideia de sair com uma sem o medo de encontrar com a outra.
Acabamos passando a noite juntos, nem tive como ligar pra . Minha noiva resolveu grudar no meu pé feito chiclete!
Assim que amanheceu e ela saiu pro trabalho, peguei o telefone pra ligar pra . Ela atendeu ao terceiro toque.
- ALÔ!! - ela vociferou.
- Nossa, , não sabia que acordava de mau humor... - brinquei e ouvi um bufo do outro lado da linha.
- Costumo ficar assim quando me ACORDAM as 08:00 da manhã!!! – ela resmungou sonolenta.
- Não consegui ligar ontem, fiquei agoniado pra ligar logo, desculpe, amor... - falei dengoso e ela apenas suspirou.
- O que você quer, ?
- Pedir desculpas por ontem...
- Me acordou só por isso? Não podia ligar mais tarde? – ela reclamou irritada.
- , não precisa fingir que sua irritação é com o horário, eu sei muito bem que essa raiva toda foi por ontem. Por favor, preciso que entenda o meu lado...
- Você bateu a porta na minha cara. – ela afirmou ríspida.
- Sim, bati e estou te pedindo desculpas! Me diga o que preciso fazer pra você me perdoar? Faço qualquer coisa...
- Qualquer coisa? – senti um toque de malícia na voz dela.
- Qualquer coisa!
E era a mais pura verdade. O que eu não faria por essa mulher?
- Ok, me encontre no Regent´s Shopping as 10:00.
Shopping? Eu ouvi isso mesmo? Shopping? Daqueles cheios de gente passeando pra lá e pra cá? Não, eu não ouvi isso...
- Hein? – me fiz de desentendido.
- Regent´s Shopping às 10:00, na praça de alimentação. Entendeu?
- … Shopping? Você tem certeza disso? Tem muita gente…
- Relaxa, , a gente não vai ficar de amores, nem de mãos dadas ou coisa parecida.
- Aham... E o que você pretende?
- Hiii, , você não disse que faria qualquer coisa?
Sabia que ia me dar mal nessa história. Alguém uma vez me disse pra nunca dizer “qualquer coisa” pra uma mulher...
Shopping? Porra, estou com a leve impressão de que meu cartão de crédito vai estourar hoje...
- Eu vou se você me prometer que não vai aprontar nenhuma besteira...
- Ai, , eu não sei o que você entende por besteira... Mas não é nada demais, eu juro!!
- Ok, ok, eu vou. – respondi derrotado.
- Ah, e, ?
- Hum?
- Leve seu cartão de crédito!! – ela gargalhou e desligou o telefone.
Não disse? Mulheres...
Tomei uma ducha e me troquei. Comi uma porcaria gelada e segui com meu carro em direção ao maldito shopping que fica do outro lado da cidade.
Cheguei meia hora antes do combinado e aproveitei pra comer outra porcaria do McDonald’s. Quando terminava de engolir minha cerveja, avistei aquela silhueta perfeita que me deixava louco de tesão.
Ela tinha os cabelos soltos e levemente bagunçados. Usava um vestido curto e colado no corpo, salto alto e óculos escuros. Linda, gostosa e sexy.
Fiquei parado, observando-a mexer a cabeça de um lado pro outro, procurando por alguém. Eu, obviamente.
Levantei e fui ao seu encontro.
- Hei... – falei, mantendo uma distância segura. Vai que meu corpo age por vontade própria?
Era difícil controlar o desejo louco que eu tinha de beijar aquela boca macia. Abraçar aquele corpo delicado e feito pra mim. Fazer tudo o que tinha direito...
Cullen! Abaixa o fogo!! Ereção no meio do shopping não dá certo!
- Oi... - ela respondeu sem se aproximar.
- Então...? – questionei curioso.
- Vem... - ela indicou com a cabeça e eu segui, andando em seu encalço.
Parou em frente a uma joalheria. Oh, não! Jóias não, pelo amor de Deus!! Existe coisa mais cara do que aquelas pedrinhas minúsculas e brilhantes? Não entendo a obsessão das mulheres por essas coisinhas...
Ela entrou na loja e trocou algumas palavras com a funcionária. Esta voltou minutos depois com um mostruário de anéis de prata.
Menos mal. Imagina se fosse de brilhantes!!!
Oh!! Anel?!! Agora que a ficha caiu! Anel?! Puta que pariu... Anel é sinônimo de compromisso. Não que eu não queira um compromisso com ela, muito pelo contrário, é o que eu mais quero. Mas como eu iria usar um anel sem que minha noiva notasse?
Que saco, vou ter que ficar tirando e botando...
- ?? - me cutucou, desfazendo meus devaneios.
- Hã?! – perguntei desnorteado.
- Em que planeta você tá? Estou falando contigo há tempos! – ela resmungou, fazendo birra.
- Er... Desculpe... O que você falou?
- O que acha desses aqui? – ela me apontou um par de alianças de um tom de prata bem brilhante e chamativo Foto
- Chamativas não? – perguntei sem graça.
- Claro que não! São até simples... Vou ficar com elas!
Pra que foi que ela pediu minha opinião mesmo?
- Ah, vou querer gravar nomes, ok? – ela falou empolgada com a funcionária.
Entrou junto com a funcionária em algum compartimento da loja e voltou toda saltitante, carregando aquela caixinha de veludo.
- Como tem tanta certeza que vou usar isso? – questionei, fazendo birra. Ela poderia ter escolhido um mais simples, né?
- Porque você disse que faria qualquer coisa... - ela respondeu com cinismo.
-Sei... - resmunguei e fui pro caixa pagar.

Andamos pelo shopping mantendo aquela distância razoável.
- Vamos pro hotel. – afirmei e olhei de canto de olho, esperando por uma reação dela. Mas ela apenas sorriu com malícia e passou aquela linguinha gostosa nos lábios.
- Sim, senhor! – ela zombou e sorriu.
Olhava pra ela enquanto andava, e fiquei abobalhado com a expressão terna que ela fazia. Estava feliz.
Se eu soubesse que um anelzinho surtiria tanto efeito, teria comprado a loja toda... O que eu não faria para vê-la feliz?
- , me espera no estacionamento, preciso ir ao banheiro rapidinho.
- Não prefere que eu vá direto pro hotel?
- Não. Quero te dar um trato no estacionamento... - sorri sacana e a deixei lá parada com a boca aberta.
Fui ao banheiro e voltei apressado pra o estacionamento no subsolo.
- AHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!! – ouvi um grito histérico e me assustei quando percebi que era a quem gritava.
Corri apressado pra onde ecoavam os gritos e presenciei um sujeito tentando puxar a sacolinha que continha os anéis, das mãos de . Ela berrava e tentava segurar o seu mais novo bem. A porra do anel!
Meu sangue ferveu e meus músculos tencionaram. Corri com os punhos cerrados e a mandíbula travada em direção ao doente que ousou mexer com a minha mulher.
Soquei a cabeça do infeliz, fazendo-o cambalear para o lado. Chutei seus países baixos e continuei socando sua barriga, costelas, pernas, soquei insanamente, mesmo o cara estando deitado e quase inconsciente. Eu sabia que já havia passado dos limites, mas não conseguia parar. O instinto animal e protetor se apoderou de mim e eu não ouvia nada nem ninguém, apenas aquela voz que gritava: um filho da puta mexeu com a minha fêmea!
- ! PÁRA!!! Por Deus, pare!!!
Só recobrei minha consciência quando ouvi os soluços da .
- , você está bem? Ele te machucou? – perguntei insistentemente enquanto analisava cada pedacinho dela.
- Eu... Eu... Eu tô bem... Ele não fez nada... - ela chorou e se afastou assustada.
- Hei... O que foi? – perguntei preocupado e ela continuava me olhando com os olhos arregalados e, quando eu a encostava, ela afastava como se tivesse com nojo.
- Você... Você... Ele... Ele... Tá vivo? – ela gaguejou entre soluços enquanto fitava o corpo inerte no chão.
- Claro que está vivo, ! Eu não sou assassino, ok? Não precisa ficar com medo de mim... - tentei me aproximar, mas ela insistiu em se afastar.
Eu sou um merda mesmo!! Eu a fiz chorar, a fiz ficar com medo de mim!
- … Por favor… - implorei com os olhos marejando.
- Eu... Vou embora... - ela soluçou alto e correu em direção ao seu carro.
- Você não pode dirigir assim! – retruquei embargado e a segurei antes que ela entrasse no carro.
- TIRE AS MÃOS DE MIM!!! – ela berrou, cambaleando pro lado.
- ? Me perdoe, não quis te assustar… - pedi e não consegui evitar as lágrimas que agora jorravam em minha face.
- Não toque em mim, seu louco!!! – ela chorou mais ainda e entrou no carro, saindo cantando pneu.
Fiquei ali petrificado. Chorando.
“Não toque em mim, seu louco!!!”
Um frio percorreu minha coluna ao lembrar de tais palavras dolorosas.
“Louco”.
Louco?! Louco?! Eu só queria protegê-la!!
- Com licença, senhor, mas você viu o que aconteceu aqui com aquele homem? – um segurança do shopping me perguntou.
- Eu... Não sei... - falei embargado, tentando enxugar as lágrimas que insistiam em cair.
- Suas mãos estão sangrando, senhor... Tem certeza que não viu nada? – o segurança insistiu.
- Não... Não vi nada... - respondi seco e andei pro meu carro.
Segui sem rumo enquanto pensava se um dia eu voltaria a vê-la. Se um dia ela me perdoaria pelos meus atos violentos. Todo mundo perde a cabeça uma vez na vida, certo? Foi apenas uma fatalidade!
Céus, a mulher que eu amo agora me acha um monstro! O que poderei fazer pra retomar sua confiança?

Capítulo 11

Voltei pra casa pê da vida depois que ele bateu a porta na minha cara. Teríamos uma conversa séria, e ai dele que não me ligasse hoje!!!
Abri a porta e bati com força, indo pro meu quarto, espumando de raiva. Passei pela sala e vi que meu namorado estava assistindo jogo e comendo pipoca. Típico de homem que não tem o que fazer.
- Hei, aconteceu alguma coisa? – ele desligou a TV e veio andando em meu encalço.
- Não aconteceu nada, só preciso descansar. – falei seca e entrei no banheiro. Ele entrou também.
- Não posso mais tomar um banho sossegada? – resmunguei enquanto tirava minhas roupas e jogava no chão.
- Você está com uma cara horrível, ... Me conta o que houve... Alguma coisa com a criança? – ele perguntou preocupado.
- Que criança? – perguntei enquanto entrava no box e ligava o chuveiro.
- O filho da sua amiga... Você não foi ver o parto?
Ops. Nem lembrava mais dessa desculpa esfarrapada.
- Ah... Não, está tudo bem com o bebê... - menti e fechei o box pra finalizar a conversa.
- Se está tudo bem, porque está com essa carranca? – ele insistiu, reabrindo o box.
- Peguei um engarrafamento, foi só isso... - suspirei cansada e ele pareceu engolir a história.
- Hum... Se estressando por tão pouco, querida? Vou ter que dar um jeito nisso... - ele sorriu com malícia e tirou a camisa.
- O que pensa que está fazendo? – perguntei irritada.
Só me faltava essa!
- Vou tomar banho com a minha namorada... Não posso mais? – ele fez biquinho e terminou de tirar as roupas, entrando no box.
- Pode, mas eu já acabei. – falei seca e saí do box, deixando-o lá parado com cara de paisagem e com uma ereção evidente.
- Você acabou de entrar no banho, !!! – ele berrou entre dentes.
- Não, querido, eu tomei banho, mas você estava tão distraído olhando para os meus peitos que não reparou... - dei de ombros e me cobri com a toalha, voltando pro quarto.
- Porra, ! Você está estranha, sabia? Não me olha direito, não me beija, não me toca e mal conversa comigo! Posso saber o que está acontecendo? – ele perguntou visivelmente irritado.
- Vai ficar andando pela casa pelado? – perguntei indiferente e ele ignorou, revirando os olhos.
- Não fuja do assunto, ... Pensa que não percebi que você está estranha? E não é de hoje, faz mais de uma semana que você está assim. Quando conversamos, você finge que escuta, parece que está o tempo todo em outra dimensão. Quando transamos você finge que gosta, não geme mais, não pede por mais. Arruma mil e uma desculpas pra não me beijar. O que é isso, ? Sério, eu preciso saber se é só uma fase, ou se nosso relacionamento está morrendo...
Engoli em seco e me virei pra fitá-lo.
- Não está acontecendo nada... Deve ser TPM, desculpe se não te dei atenção direito... Vou melhorar... - falei cabisbaixa e ele não pareceu convencido.
- , se algum dia você se cansar de mim, ou sei lá, eu fizer algo que você não goste, eu preciso que me avise, ok? Eu preciso saber se não estou mais satisfazendo a minha mulher, se não te faço mais feliz... - ele falou com uma feição triste e me abraçou com ternura.
Céus, eu não conseguiria simplesmente negar a existência dele na minha vida. Sempre fomos tão unidos! Por que não consigo mais amá-lo como antes? Por que eu não consigo esquecer aquele demônio em pele de homem e voltar pra minha vida pacata e feliz?
- ? ? Você está chorando? – ele perguntou preocupado.
Passou os polegares nas minhas bochechas, tentando limpar as lágrimas que agora escorriam livremente.
Comecei a soluçar forte e meu desespero só aumentava quando eu percebia que quem estava ali pra me acalentar era meu companheiro de muitos anos, e não o homem que chegou como um vendaval e corrompeu todos os meus preceitos.
Trocaria meu porto seguro por uma aventura duvidosa?
- , se você não me disser o motivo, eu não vou poder ajudar... ... Por favor, fala comigo... - ele pedia e eu só conseguia chorar mais e mais.
- Eu... Eu... Só me deixa ficar abraçada com você... - pedi e ele assentiu ainda preocupado.
Ele me levou pra cama e me deixou ficar aninhada ao seu peito pelo resto do dia.
Eu me sentia perdida. Precisava dar um rumo à minha vida que ficava cada vez mais torta. Esperei pela ligação de , mas ela não veio.

Assustei-me com uma ligação tão cedo. Observei o lado da cama que estava vazio e atendi ali mesmo, deitada.
Em qualquer outra ocasião eu ficaria puta por me acordarem tão cedo, mas se tratando de , e visto que ele faria qualquer coisa pra me recompensar, tudo muda, né?
Encontrei ali, naquela simples ligação, a oportunidade de firmar um compromisso com o meu lindo estranho.
Encontrei com ele no shopping. Ele estava lindo, vestindo uma calça social preta e camisa ¾ vermelha com alguns botões abertos, solta pra fora da calça. O que era isso? Vestido para matar? Eu já me sentia mortinha e sem chão com esse homem gostoso do meu lado. Nossa, de repente o ar ficou tão rarefeito...
Reboquei meu gostoso estranho pra uma joalheria e comprei um par de anéis de prata. Eram tão lindos!!! Gravei nossos nomes em cada anel e deixei pra colocar em outro lugar mais romântico.
Novamente ele quase me mata falando “coisas” excitantes no meu ouvido...
“Quero te dar um trato no estacionamento...”
Quem aguenta ouvir um negócio desses e não perder as forças? Untei total!!!
Corri abobalhada para o estacionamento, pensando em todas as obscenidades que poderíamos fazer ali... Seria dentro do carro? Num cantinho escuro? Atrás do canteiro? Ai, ai...
Suspirava feito uma mongolóide quando, de repente, sinto algo querendo puxar minha sacolinha com minhas jóias preciosas.
Se fosse qualquer outra coisa eu até soltaria e deixaria o infeliz levar, mas meus aneizinhos?! Meus anéis não!!!
Fique ali brigando com o moleque ladrão e berrei com vontade quando vi que ia perder a batalha.
Pra meu alívio vi que chegava pra me salvar, mas me assustei quando o mesmo começou a socar o sujeito. Ele batia com tanta força e violência que entrei em choque.
Comecei a gritar e pedir pra que ele parasse, mas ele não me ouvia, parecia fora de si, perdido em seu universo particular, e continuava a bater no cara que já estava inconsciente e indefeso.
Foi então que a ficha caiu. Eu estava me apaixonando por um homem violento. Eu estava trocando meu namorado passivo e atencioso por um monstro?!
Se ele fez essa atrocidade só pelo cara tentar me roubar, imagina se ele tivesse feito outra coisa comigo? Se ele tivesse me tocado...
o mataria…
Um pavor se apoderou de mim e entrei em pânico quando ele se aproximou de mim com os punhos ensanguentados. Não consegui assimilar suas palavras, mas também não queria ficar para ouví-las. Entrei no carro, ainda atormentada e voltei pra casa.
Não sabia o que fazer. Não sabia se voltaria a vê-lo. Será que fui muito dura com ele? Tudo estava tão confuso...
Resolvi trabalhar pra esquecer esses problemas por enquanto. Desliguei o celular pra evitar ser incomodada.
Fiquei até tarde trabalhando e repassando aquela cena diversas vezes. Cheguei a conclusão que minha reação para com foi um tanto precipitada. Tudo bem que ele foi extremamente violento, mas quem não perde a cabeça uma vez na vida? E se ele só estivesse tentando me proteger?
Conversaria com ele assim que possível. Não sei se as coisas entre nós voltariam a ser como antes, mas não custa nada tentar, né?

- Trabalhando até tarde, ? – meu namorado apareceu na porta.
- Uhum... Acho que estou inspirada hoje... - respondi serena.
- E vejo que está de bom humor também, hã... - ele chegou por trás e me abraçou, dando uma mordidinha na minha orelha. Pena que as carícias dele não me afetavam mais.
- É... - dei de ombros e continuei com meu trabalho.
- Ok, já entendi que estou atrapalhando... - ele bufou e saiu resmungando coisas desconexas.
E quem liga? Eu estava era bolando planos mirabolantes pra me reconciliar com o meu gostosão. Hum, teria que dar uma passadinha no shopping, comprar umas lingeries... e outros apetrechos no sexy shop, He He, acho que aquele hotel vai pegar fogo...
Estava tão radiante que nem vi a hora passar. Era madrugada quando terminei o meu trabalho, que por sinal ficou magnífico! Fiquei orgulhosa comigo mesma, fazia muito tempo que não apreciava tanto o meu próprio trabalho.
Não tive “problemas” com meu namorado, visto que este já estava dormindo. Acordei e ele já tinha saído. Perfeito!
Tirei a manhã pra resolver coisas pendentes, arrumar a casa, essas coisas chatas. Almocei e fui pro shopping, colocar meu plano em ação. Eram 16:00 quando resolvi ligar meu celular.
Oh, havia mais de 50 ligações do ! Putz, deveria ter ligado antes, tadinho, deve tá na maior fossa... Ou não né, vai saber... Ele estaria se gostasse de mim como ele diz... Ah! Ele gosta de mim que eu sei!
Disquei o número dele, que atendeu ao primeiro toque.
- Alô?
Uma voz feminina?! Petrifiquei, né?
- Er... Desculpe, liguei errado... - desliguei e disquei de novo. Não é possível que ele já me trocou!! Ou é possível?
- Alô?
Novamente a voz feminina.
- Er... Esse não é o celular do ? – perguntei intrigada.
- Sim, mas ele está no banho. Quem gostaria?
E agora? Respondo ou não respondo? E se for outra? E se for a irmã dele? O que ele acharia se eu dissesse que é a namorada dele? Melhor não arriscar, né?
- É sobre trabalho... Você pode avisar pra ele me retornar assim que possível? – menti.
- Ok, sem problemas. E seu nome é...?
Não deixei que ela terminasse, e desliguei o telefone. Voltei a rodar pelo shopping, matutando sobre aquela mulher. Eu queria muito ignorar e fingir que está tudo bem, mas alguma coisa lá no fundo me dizia que havia algo errado, tipo um pressentimento, sabe?

Meia hora depois e meu celular tocou. Era ele.
- , por Deus, precisamos conversar! Sabe quantas vezes eu te liguei? Estava ficando louco aqui com o seu silêncio! Por que desligou o telefone? Ainda está chateada? – ele cuspiu as palavras num jato só, e me perdi no meio.
- Calma, , está tudo bem. Podemos conversar? – falei calma e ouvi um suspiro profundo do outro lado da linha.
- Sim, claro. Pode me encontrar no hotel?
- Ok, mas vou demorar um pouco porque estou no shopping.
- No shopping?! Eu aqui desesperado e você passeando no shopping! Ótimo! – resmungou irritado.
- , não estava passeando, estava comprando coisas pra nós...
- Que coisas, ? Isso é hora de comprar bobagens?
- Você fala isso agora, mas depois vai me agradecer... - falei com malícia.
- Hã... Sei... Estou te esperando lá então... - ele falou e desligou o celular.
Saí do shopping apressada e fui pro hotel.
Quase bati o carro quando vi um vestindo uma calça preta, camisa gola alta de linho em um tom de verde bem escuro, tão coladinha no corpo que definia seus músculos; e um sobretudo preto aberto. Deveria ser crime um homem se vestir desse jeito. Eu poderia ter atropelado alguém!!
Ele estava parado em pé, com as mãos nos bolsos do sobretudo e encostado num pilar do hotel. Estacionei o carro próximo a ele.
Antes que eu pudesse descer do carro, ele parou ao lado da porta e escorou os cotovelos na janela. Ai, ai... Tão perto...
Esse pequeno ato inusitado me fez arrepiar até o último fio de cabelo. Aquele cheiro maravilhoso e inebriante invadiu minhas narinas, me fazendo untar instantaneamente. Eu sei que pareço uma completa pervertida, mas o que eu posso fazer se o homem é o tesão em pessoa? Ele é gostoso demais!!!
- Passa pra lá. - ele mandou, indicando com a cabeça o assento do passageiro.
- Hein? – perguntei aturdida. O que diabos ele queria?
- Senta lá, eu vou dirigir. – ele falou imponente e, antes que eu pudesse responder, ele abriu a porta de trás e jogou algo que julguei sendo uma bolsa de viagem.
Onde foi que estava essa bolsa que eu não reparei? Acho que fiquei tão hipnotizada por ele que não prestei atenção em nada ao redor.
Acatei suas “ordens” e passei pro banco do passageiro. Ele abriu a porta e sentou. Inesperadamente, se inclinou na minha frente, passou uma mão dentro dos meus cabelos e puxou minha cabeça pra selar nossos lábios com urgência. Estremeci com aqueles lábios molhados nos meus, e a sua língua me invadindo com desejo. Ali, naquele momento, havia um sentimento mútuo de carência e luxúria, nossos corpos se chamando para uma clássica dança do acasalamento entre macho e fêmea, desesperados por um pouco de prazer.
- Perdoe-me... - pedi em meio aos beijos e mordidas enlouquecidos.
- Pelo que? - ele perguntou com sua voz levemente rouca. Típico de quando ele está inebriado.
- Por ter agido daquela forma... Eu te chamei de... - antes de terminar, ele me calou com o dedo e me olhou sério.
- Vamos esquecer isso, não falemos mais nesse assunto, ok? Hoje eu só quero te fuder até meu pau ficar roxo. – ele falou com malícia e deu partida no carro.
Céus, o que foi isso? falando obscenidades? Me pegou totalmente desprevenida e minhas pernas travaram instintivamente na intenção de roçar o meu clitóris que latejava de tesão. Simples palavras, pronunciadas de uma forma tão sexy e avassaladora que me fez excitar de uma maneira alucinante.
Eu o queria. Meu corpo estava em chamas. Precisava dele agora, e sempre.
- On-onde vamos? – gaguejei ainda inebriada.
Ele me olhou de canto de olho e deu aquele sorriso torto.
- Você verá, logo, logo... - continuou fitando a estrada com aquele sorrisinho sacana nos lábios. Ai, ai... Se ele não estivesse dirigindo...

Alguns minutos se passaram e observei que já saíamos da cidade.
- Você fica linda excitada, ... Fica toda vermelhinha... - ele sorriu malicioso e apertou minha coxa com a mão que passava a marcha do carro.
Sério que eu estava corada? Ótimo, agora corei mais ainda!! Ele vai ficar falando essas coisas o caminho todo? Vai me matar do coração antes de chegar!
- Er...Eu... Como... Como sabe que estou excitada e não com vergonha? – gaguejei, agora envergonhada.
- Agora você está envergonhada, antes não. Estava pegando fogo... - sorriu torto e secou meu decote com os olhos.
- Co-como sabe?
- Já te disse que você é transparente, lembra? – ele subiu a mão da coxa até a virilha e deslizou os dedos por cima da calcinha.
Minhas pernas abriram por reflexo e deixaram que seus dedos bulinassem o meu clitóris latejante.
- Hum... - gemi ao toque de seus dedos e me segurei forte no banco pra não pular em cima dele.
Pra minha infelicidade, ele tirou os dedos e voltou sua atenção pra estrada.
- Hunf!! – bufei desapontada. Ele me olhou com um sorriso divertido nos lábios.
- Ainda não, ... Ainda não...
- Mexe e deixa na vontade... - resmunguei e virei a cabeça pra janela. Ele gargalhou alto e não falou nada.

Passou-se mais trinta minutos e já passávamos por uma estrada deserta, seguida de árvores por todos os lados.
- Ainda falta muito? – perguntei impaciente.
Vácuo.
- ? – insisti e ele continuou fitando a estrada.
- Mais uns trinta minutos... - ele respondeu calmo.
Permanecemos calados pelo resto do caminho, que se encerrou quando ele parou em frente ao que julguei ser uma casinha de campo.
- Wow! – exclamei encantada com a beleza do lugar.
- Imaginei que fosse gostar. – ele concluiu sorridente.
Entramos na casinha, que era linda e aconchegante. Me senti uma mulher em plena lua de mel. Seria maravilhoso passar uma tarde num lugar desses, com esse homem perfeito.
- Antes de mais nada, quero que saiba que passaremos a noite aqui. E não aceito não como resposta. – ele falou imponente.
Estremeci com seu tom duro, e ao mesmo tempo alegrei-me em saber o quanto ele me queria. Mas sempre havia um “mas”, como eu poderia passar a noite ali? E meu namorado?
- Eu... Er... … - gaguejei sem saber como falar.
- Venha, quero te mostrar o lugar. – ele ignorou a minha indecisão e me puxou porta afora.
Estava muito frio e não havia levado nenhum agasalho. Ele tirou o sobretudo e me vestiu.
- Eu trouxe agasalho pra você, mas esqueci de pegar na bolsa, desculpe – ele sorriu com ternura e me abraçou sobre os ombros.
- Essa casa é sua? – perguntei enquanto andávamos pela propriedade.
- Sim, venho muito pouco aqui... Meu refúgio, sabe?
- Entendo... É lindo...
Ele me mostrou um pequeno lago que havia ali perto, um jardim que havia nos fundos da casa e o balancinho feito manualmente, pendurado numa árvore enorme.
- Sério que você brinca nesse balanço? – zombei incrédula.
- É divertido ué... Quer ver? – ele me puxou até o balanço e me fez sentar.
Sentei acanhada e me balancei de leve. foi pra trás do balanço e começou a me balançar forte.
- Não faz isso que tenho medo! – dei um gritinho de pavor e ele gargalhou.
- Medrosa! – ele começou a balançar mais e mais, me fazendo praticamente voar.
- Oh meu Deus!! Pára, ! – pedi num misto de medo e diversão. Ele explodiu em gargalhadas e eu acabei por rir também. – Isso é loucura! Eu vou cair, !!
- Loucura? Você ainda me acha um louco, não? – ele zombou, mas não sabia se era apenas descontração ou sarcasmo. Meu sorriso morreu ao ouvir aquelas palavras cortantes.
- , eu... - falei baixinho enquanto parava o balanço com os pés.
- Hei, eu estava brincando... Não faça essa carinha, ... - ele me puxou pra um abraço forte e acariciou meus cabelos.
- Desculpe... Eu não queria ter dito aquilo... - solucei abafado.
- , eu não me importo, eu só quero que você confie em mim... - ele falou calmamente.
- Eu confio em você.
- Mesmo? Então posso fazer loucuras com você? – ele perguntou com malícia.
- Pode fazer o que quiser comigo, ... – respondi, já entorpecida com aquela simples aproximação.
- Hum... Posso te fuder feito louco então... - ele sussurrou rouco em meu ouvido, me fazendo estremecer.
- De-deve... – gaguejei, já imaginando todas as artimanhas que ele poderia fazer comigo.
Num ato brusco, ele se abaixou e me pegou no colo, deixando-me de ponta cabeça.
- OMG! – dei um gritinho agudo enquanto ele só gargalhava e me levava pra dentro da casa.
- Delícia... - ele deu um tapa estalado em minha bunda.
Eu posso com um homem desses?
Levou-me até uma sala e me jogou num lindo carpete felpudo que ficava bem ao centro. Andou até a bolsa e de lá tirou uma fita de seda imensa. Fiquei ali deitada sem nada entender.
- O que é isso, ? – perguntei com a língua coçando de curiosidade.
- Você confia em mim, certo? – ele perguntou mais uma vez enquanto andava em direção a lareira.
- Confio. – afirmei mais pra mim mesma.
Confio mesmo? Um suor frio de medo e ansiedade escorreu em minha coluna.
Ele transpassou a fita num gancho que estava preso na lareira e veio trazendo as duas pontas do tecido em minha direção. Soltou a fita no carpete, me colocou de costas pra lareira e de frente pra si, sentada com as pernas transpassadas em sua cintura.
Aproximou-se com um olhar sacana e me beijou com furor. Beijou-me até meus lábios enrubescerem e o ar me faltar. Meu corpo inflamou e num segundo já estávamos nus.
- Confia em mim, ? – ele perguntou novamente enquanto lambia os meus mamilos.
- Confio.
- Então prove – ele pediu e me beijou com urgência.
- Co-como? – gaguejei um tanto assustada. O que ele queria que eu fizesse?
- Você vai se entregar toda pra mim, tirar todas as suas barreiras e ficar totalmente vulnerável, a meu dispor. Consegue fazer isso, ?
- Acho que sim... Mostre-me como, ... - pedi receosa.
Ele suspirou profundamente, olhou-me nos olhos por uns instantes e pegou as duas pontas do tecido repousadas sobre o carpete. Enrolou a fita no meu pescoço e ficou com uma ponta em cada mão. Abraçou-me e me colocou sobre seu membro rijo, sentada em sua frente, totalmente exposta.
Não entendia o motivo da fita até que ele me estocou com um movimento brusco, e no mesmo instante puxou as fitas. Elas apertaram meu pescoço, me tirando o ar. Minhas mãos foram automaticamente parar no tecido, tentando folgá-los.
- Oh... - dei um gemido de prazer e pavor.
Ele repetiu o movimento brusco e me estocou com mais força, apertando meu pescoço também mais forte.
- … Não, por favor… Tira isso… - pedi assustada, mesmo sentindo um prazer inigualável.
Ele me ignorou e continuou estocando forte, porém os apertos continuaram no mesmo nível. Me fazendo gemer de PRAZER. Não era dor, era sim, muito prazer. Senti-me numa espécie de masoquismo, mas a verdade é que realmente não havia dor.
- Oh... Ah...
Ele alternou entre estocadas lentas e sutis e estocadas fortes e arrepiantes. Comecei a quicar sobre ele, quando ele iniciou movimentos curtos e rápidos.
- Hum... Oh... Oh... - gemia loucamente enquanto ele urrava, revirando os olhos.
Enfim ele me “libertou” das amarras e caiu sobre mim num movimento brusco e certeiro. Colocou minhas pernas sobre seus ombros e flexionou seu corpo, bombando cada vez mais rápido.
- … Oh… Estou… Gozando… Ahhh - gemi quando meu corpo explodiu num orgasmo avassalador.
- Obrigado... Por confiar em mim... - ele sussurrou ainda arfando. - , eu... Amo você... - ele concluiu, me fazendo arregalar os olhos.
- Hein?! – perguntei espantada com tal confissão.
- Eu te amo, ... Amo mais do que já amei qualquer outra... - ele falou ainda sobre mim.
- , eu… eu também te amo! – falei empolgada ao mesmo tempo em que minhas lágrimas escorriam.
- Hei... Por que choras? – ele perguntou complacente enquanto tentava amparar minhas lágrimas.
- Porque estou feliz! – solucei agora mais forte.
- Então sorria, sua boba! Não gosto de ver suas lágrimas, mesmo que sejam de felicidade... Prefiro o seu sorriso – ele falou com um sorriso de tirar o fôlego.
- Tá! – assenti e limpei o meu rosto molhado.
Ele saiu de dentro de mim e pendeu o corpo pro lado. Instintivamente o abracei pra trazê-lo de volta.
- Não vá... - pedi num fio de voz.
- Estou aqui, minha querida... Acha que vai se livrar de mim assim tão fácil? – ele sorriu com malícia.
- Pelo contrário, ... Adoro estar acorrentada a você, e mais ainda quando está dentro de mim... - falei com um sorriso sacana e ele passou a língua nos lábios, me secando com os olhos.
- Oh... Não se preocupe, delícia, a noite só começou...
Não poderia ser mais feliz do que isso... Poderia?

Capítulo 12

* Pov*


Estava em plena segunda-feira, descarregando todo o meu estresse no trabalho.
me considerava um monstro e eu ainda não pensei em nada que pudesse me redimir.
Será que só pedindo desculpas ela me aceitaria de volta?
Provavelmente não. Mas teria que tentar. Era a única coisa que poderia fazer.
Eu poderia levá-la pra um lugar confortável e fazer amor até não ter mais forças nem pra respirar... Iso sim seria um bom pedido de desculpas.
Não liguei pra ela o resto do dia, imaginei que ela estivesse precisando de um pouco de espaço. Talvez ela percebesse por si só o quanto foi dura comigo.
Pra completar o meu dia desastroso, minha noiva veio me tirar o resto da paciência que ainda tinha. Ela estava ficando cada vez mais grudenta. Irritante!
Passei boa parte da madrugada planejando como seria minha reconciliação com a . E tudo teria que sair perfeito.
Levantei cedo e pus meu plano em prática. Fiz algumas ligações e me assegurei que nosso mais novo cantinho de amor estivesse impecável. Uma casinha de campo que usava pra me refugiar do estresse da cidade. Um lugar que nunca havia levado ninguém, nem minha noiva.
Liguei pra , mas seu celular estava desligado. O que me mostrava o quanto ela ainda estaria chateada comigo. Isso seria problemático.
Às 16:00, já estava com tudo pronto pra minha pequena aventura. Coloquei roupas quentes na mala, alguns suprimentos e itens que pudesse precisar para passar a noite. Mas ainda nem sinal da ...
A campainha tocou e eu caminhei até a porta, imaginando quem seria uma hora dessas e sem avisar.
- Surpresa!!!! – óbvio que essa desmiolada só poderia ser minha noiva grudenta.
- Quero saber quando você vai aprender que não gosto de surpresas – falei ríspido enquanto a deixava entrar no apê.
- , , você que não aprendeu ainda que sou sua noiva e tenho o direito de ir e vir sempre que quiser. Em breve seremos marido e mulher e essas barreiras bobas que você criou não existirão mais. É melhor você ir se acostumando com isso. – ela disse zombeteira e caminhou até o meu quarto.
É, essa coisa de casamento está me dando nos nervos. Faltam poucos dias e eu nem cancelei ainda. Não vou negar que sinto um pouco de pena dela, afinal foram anos de relacionamento e agora já na porta do altar, eu desisto.
- ? – ela parou na porta do meu quarto e virou pra mim.
- Hum?
- O que é isso? – ela apontou para a mala em cima da cama.
- Vou viajar. – falei indiferente.
- Como assim viajar? E você só me fala agora? – ela perguntou visivelmente chateada.
- Desculpe, querida, mas recebi um chamado de última hora. Teremos uma reunião de negócios num hotel fora da cidade. – menti e me encaminhei até o banheiro.
- Reunião fora da cidade? Desde quando você tem esse tipo de reuniões? Isso nunca aconteceu antes!!
- Pra tudo tem uma primeira vez... - retruquei entediado, entrando no banheiro e fechando a porta.
- Nesse caso, eu vou com você! – ela berrou de fora do banheiro.
- Não vai, não. Não é permitido acompanhante, querida. É só negócios, ok? E nem vai demorar nada, amanhã a noite devo estar de volta... - berrei enquanto tirava minhas roupas e jogava no chão.
- Não acredito nisso!! Você que não quer me levar!!!
- Não seja ridícula! Além do mais, você tem que trabalhar amanhã. – encerrei a conversa enquanto abria o chuveiro.
Ela não falou mais nada e eu também não iria dar mais detalhes.
Saí do banheiro com uma toalha em volta da cintura e a encontrei sentada na cama com meu celular na mão.
- Alguém me ligou? – perguntei casualmente enquanto adentrava o meu closet.
- Uma mulher. Disse que era do trabalho...
Estranho... Eu não tenho contatos femininos no trabalho... A não ser que...
- Ela falou o nome?! – perguntei curioso.
- Não... Só falou que era pra você retornar... - ela murmurou, tentando esconder a curiosidade.
Óbvio que minha querida noiva grudenta não ia deixar passar essa história de mulher e trabalho.
- Você não sabe quem é, ? Ela te chamou de ... Eu pensei que só eu te chamasse assim...
Hum, se me chamou de só poderia ser uma pessoa. .
- Não, não conheço. Deve ser alguma funcionária nova... No mínimo achando que pode me chamar do jeito que quer. – respondi com tom de indignação. Mentira pura.
- Sei... Ousada ela, né?
E como imaginei, minha noiva não iria deixar isso barato. Vai querer remoer essa história até saber da verdade. Saco.
- É, você disse tudo. Ousada. – falei enquanto saia do closet, já vestido.
- Que horas você vai sair? – ela perguntou agora com carinha de cachorro abandonado.
- Só vou comer alguma coisa e sair. E não faça essa carinha, eu realmente preciso ir, ok? – dei um selinho singelo nela e saí pra cozinha.
Depois de alimentado saímos do apartamento, com ela ainda resmungando. Nos separamos e fui pro meu carro.
Tentei novamente falar com e finalmente ela atendeu. Sua voz não aparentava raiva, isso era ótimo!
Marcamos de nos encontrar no hotel e de lá partimos pra minha casa de campo.
Alegrou-me imensamente saber que ela já tinha esquecido o ocorrido do dia anterior, ela havia me perdoado. E fiquei ainda mais feliz quando vi o quando ela me desejava.
Podia sentir a tensão que faiscava ao nosso mínimo contato e a casa incendiando quando fazíamos amor.
Ela havia me dado a prova de confiança que eu tanto precisava.
Não havia mais nada nesse mundo que me afastasse dessa mulher. E ela me amava tanto quanto eu a amo. Não restavam dúvidas, ela seria minha pra sempre...
- Não vá... - ela pediu num fio de voz.
- Estou aqui, minha querida... Acha que vai se livrar de mim assim tão fácil? – sorri com malícia.
- Pelo contrário, ... Adoro estar acorrentada a você e mais ainda quando está dentro de mim... - falou com um sorriso sacana. Ela não poderia ser mais perfeita, poderia?
- Oh... Não se preocupe, delícia, a noite só começou... - mordi meus lábios e me virei de lado, apoiando minha cabeça no cotovelo enquanto minha outra mão acariciava seus seios. – Você é tão linda, ...
- Hum... ?
- Que?
- Podemos ir pra cama? – ela perguntou enquanto arranhava suas unhas em meu peitoral.
- O que você quiser, meu amor... - falei e levantei rapidamente.
A peguei no colo e andei até o quarto. Joguei-a na cama e me prostrei sobre ela. Mas, inesperadamente, ela espalmou as mãos no meu peito e me empurrou para o lado. Olhou-me com uma carinha sacana e passou a língua nos lábios.
- Não faz isso... Assim você me mata de tesão... – murmurei enquanto observava ela se levantar da cama e ir de encontro a sua sacolinha de compras.
Oh, minha delícia está aprontando alguma coisa...
- Agora, senhor , você vai ficar bem quietinho enquanto eu brinco, ok? – ela voltou, escondendo algo nas mãos.
- Oh... Sim, senhora! – brinquei e me ajeitei na cama, já imaginando milhares de bobagens que ela poderia fazer comigo. Só a expectativa me deixava extremamente duro.
- Feche os olhinhos, ... - ela mandou e eu obedeci.
Senti uma mão massagear meu membro enquanto outra acariciava minhas bolas.
- Hum... Chupa, delícia... Me chupa, vai... - pedi enquanto gemia em antecipação.
Senti algo gélido escorrer em meu membro e fiz força com olhos pra não abrir e checar o que era.
- Hã Hã! Sem trapaça, ! - repreendeu com uma voz sacana, me deixando ainda mais duro.
- Você está me torturando, ... - falei e ela soltou uma gargalhada melodiosa.
Senti o seu dedo espalhando o líquido gelado, e em seguida um vento quente soprando e me fazendo sentir uma ardência, muito quente e enlouquecedora.
- Uh... - urrei enquanto sentia aquela sensação gélida e quente ao mesmo tempo.
Senti sua língua percorrer a extensão do meu membro e sua boca abocanhá-lo, fazendo movimentos lentos de vai e vem.
- Ah... - gemi enquanto sentia meu pau deslizar naquela boca gostosa em conjunto com o ardor propiciado pelo gel.
Mantive meus olhos fechados, muito embora a minha vontade era de olhar cada movimento que ela fazia. Não que não estivesse gostoso, na verdade os meus sentidos pareciam estar mais apurados, e a cada toque eu urrava.
Meu membro começou a pulsar e já podia sentir o orgasmo chegando com fúria. Ela começou a chupar agora mais rápido enquanto sua mão masturbava a parte inferior do membro.
- Uh... , eu vou… - mal terminei de falar e explodi meu gozo em seu rosto.
- Ops... - ela brincou ainda movimentando meu membro.
- Desculpe... - abri os olhos e contemplei o seu sorriso terno.
- Não tem problema. Vou me lavar e já volto. Aproveita pra descansar, porque eu só comecei... - ela deu um risinho bobo e andou pro banheiro.
Sentei na cama e peguei o frasquinho de gel que ela usou. Curiosidade matando. E como pensei, era um típico gel de menta. Minha noiva nunca usou um desses comigo. Ela é tão sem graça...
Larguei o gel e deitei com minha cabeça sobre o travesseiro. Eu estava um pouquinho cansado. Mas só um pouquinho...
Logo voltou toda gostosa, nua do jeito que gosto.
- Hum... Pronto pro segundo round? – ela me olhou com malícia e deu aquele sorrisinho sacana.
Andou até a sacolinha de “brinquedos” e voltou com uma caixinha transparente cheia de bolinhas coloridas dentro.
Engatinhou até mim e repousou a caixinha do meu lado. Olhei para as bolinhas coloridas e sorri, já sabendo do que se tratava.
Ela se inclinou sobre o meu corpo, apoiando os cotovelos na cama, e beijou-me calmamente ao mesmo tempo em que sua pélvis roçava no meu mastro rijo. Aumentou o ritmo e agora ela praticamente se esfregava em mim e me levava a loucura.
- Senta, delícia... - espalmei minhas mãos em seus quadris enquanto tentava encaixá-la em mim.
Ela mordeu meus lábios com força e sentou-se ereta sobre mim, mas ainda sem me deixar penetrá-la. Masturbava meu pau com uma mão e com a outra pegava um bolinha roxa da caixinha.
- … Senta e rebola gostoso… Hum… - supliquei, lutando pra não jogá-la pra baixo e estragar sua brincadeirinha.
- Estamos apressados, uh... - ela brincou enquanto levantava a pélvis e enfiava a bolinha dentro daquela grutinha gostosa.
- Ah... - urrei quando ela se sentou no meu mastro e começou a cavalgar.
- Hum... Oh... - ela gemia espontaneamente e sacolejava os seios, me fazendo salivar, e mais ainda quando senti o aroma de uvas emanando da bolinha recém estourada.
- Vem aqui, vem... - falei com a voz levemente rouca e a inclinei sobre mim.
Enquanto ela estocava, eu me deliciava com suas perinhas em minha boca. Chupei com vontade até ficarem vermelhas e logo senti a vontade de gozar.
Peguei pela cintura e a joguei pro lado, invertendo as posições. Ela me olhou confusa e eu apenas mordi meus lábios, imaginando a melhor forma de me deliciar com ao sabor de uva.
- Você vai gozar na minha boca, gostosa... - murmurei enquanto me posicionava entre suas pernas e me lambuzava no seu clitóris com gostinho de uva.
- Uh... Não pára,
Quem sou eu pra parar? Minha dona manda, eu obedeço.
Continuei chupando com vontade toda extensão daquela fonte de calor, até sentir suas pernas tremerem e seu corpo responder com espasmos ao orgasmo gostoso.
Ela me olhou com os olhinhos semi-cerrados, tentando controlar a respiração descompassada.
- Não me olhe assim... Sabe que ainda não acabou... Fica do jeitinho que eu gosto, vai... - pedi e assim ela o fez. Virou de quatro. É, eu tinha uma tara por essa posição, ela ficava especialmente gostosa assim. Me dava uma visão privilegiada daquela bunda perfeita e daquelas costas delineadas.
- Oh... … - ela gemeu alto no instante em que bombei com força.
Inclinei-me sobre ela e estimulei seu botãozinho ao mesmo tempo em que estocava.
- Ah... Oh... Mais rápido, … - voltei a ficar ereto e segurei com força seus quadris enquanto bombava rápido.
Mais algumas estocadas e não pude mais segurar o orgasmo iminente.
- Uh...
- Oh....
Chegamos juntos a um orgasmo avassalador.
- Você me deixa louco, ... - sussurrei em seu ouvido enquanto a abraçava de conchinha.
- Devo considerar isso como um elogio, ? – ela zombou e se aninhou perfeitamente em mim.
- Hum... Claro que é um elogio, você me deixa louco de amor, ...
- Eu também estou louca de amor, ... Acho que... Você foi a melhor coisa que surgiu na minha vida...
- Digo mesmo, meu bem... - sussurrei enquanto inspirava aquele perfume de maçã verde emanando de seus cabelos.
- ?
- Hum?
- Sua irmã estava na sua casa hoje?
Hein? Irmã?
- Irmã? – perguntei confuso.
- É... Você não disse que tinha uma irmã? – ela perguntou, se virando pra ficar de frente pra mim.
- Ah... é... Por que? – falei tentando disfarçar a mentira embutida.
- Liguei pra você mais cedo e ela atendeu...
- Eu estava no banho, ela me avisou... - desconversei e levantei da cama enquanto ela me fitava. – Que foi? Que carinha é essa? – perguntei, parando na porta do banheiro.
- Er... Você não vai me apresentar a ela? – ela falou envergonhada.
- Claro que vou, , mas tudo no seu tempo, ok? Vem tomar uma ducha... - falei e entrei no banheiro com ela no meu encalço.
Estaquei na porta do box quando senti seus bracinhos delicados me envolverem em um abraço apertado.
- ? – ela repousou a cabeça em minhas costas.
- Hum?
- Você não mentiria pra mim, né? – ela perguntou num murmúrio baixo e eu engoli em seco.
Talvez mentir pra ela não seja a melhor opção. Mas será que ela entenderia se eu falasse que ainda tinha uma maldita noiva? Entenderia se eu dissesse que eu quero acabar o noivado, mas ainda não fiz por pena?
Não. Ela não entenderia. Acho que nem chegaria na parte da “pena” antes dela tacar o salto fino da sandália na minha testa.
Teria que acabar com essa história o mais urgente possível, não precisaria saber. Mas o problema maior seria desmentir a história da falsa irmã.
Que diabos eu inventaria pra contornar isso?
- ?
- Hã?! – despertei do meu súbito transe e lembrei que não havia respondido a sua pergunta.
- Você ouviu o que eu disse?
- Ouvi... Er... Eu não minto pra você, ... - minha voz saiu falha.
- Você hesitou. – ela falou seca e entrou no box.
- Não hesitei, eu só...
- Você hesitou, ! – ela falou um pouco mais alto.
- E qual o problema se hesitei, ?! Não significa que eu esteja mentindo pra você! E quanto a você? Acha que está imune? Por que sempre hesita quando peço seu endereço, uh? Diz, !
- Eu não hesitei quando você pediu!!!
- Não mesmo? Ok, então vou pegar um papel e anotar seu ender... - ia saindo na direção do quarto quando ela me puxou pelo braço.
- NÃO!!!
- Viu só? Quem é que está hesitando aqui? – retruquei vitorioso por ter invertido a situação.
- Podemos esquecer isso? – ela suspirou profundamente e me olhou tão intensamente que perdi o fio da meada.
- É melhor assim... - concluí e a empurrei pra dentro do Box, ligando o chuveiro.

Não tocamos mais no assunto. Saímos do banho e tratamos de vestir apenas peças íntimas. estava decidida a me matar do coração. Ela pegou na sacolinha de “brinquedos” uma lingerie vermelha, transparente e minúscula.
- Puta que pariu! – passei as mãos insistentemente nos cabelos pra tentar acalmar a fera que rosnava dentro de mim.
- Que? – ela deu um risinho sacana e saiu rebolando aquela bunda gostosa vestida num fio dental.
- Você quer me deixar de pau roxo, ? – perguntei enquanto mordia meus lábios com força.
- Imagina, … - ela se aproximou sorrateira e passou a língua nos meus lábios, me fazendo ficar ainda mais duro.
- Então o que é isso, uh? – dei um tapa estalado na sua bunda, fazendo-a dar um pulinho de susto.
- Nada, ué... - ela zombou enquanto esfregava os seios no meu peito.
- Não brinca com fogo, ... - sussurrei em seu ouvido enquanto apertava com força a sua bunda.
- Digamos que... eu gosto de me queimar... - ela sussurrou ainda mais sexy e pressionou meu membro com a mão.
- Hum... - gemi em antecipação e a peguei no colo, me encaminhando até a cama.
Caí com ela sobre mim, mas pra meu espanto, saiu da cama e foi rebolando porta afora, dando risadinhas abobalhadas.
QUE PORRA FOI ESSA?
- ?!! – gritei, ainda deitado na cama feito um retardado.
- Estou com fome, ! – ela gritou já fora do quarto.
- HEI!!! – resmunguei, levantei e caminhei até a cozinha.
Quase estourei minha cueca quando a vi com a bunda empinada enquanto remexia na geladeira.
- Porra, ! Eu vou te comer agora! – falei sacana e pressionei minha puta ereção na sua bunda.
- Hum... - ela gemeu – preciso forrar o estômago, !
- Depois, … Depois… - murmurei rouco enquanto abaixava sua micro calcinha.
- Depois não. – ela deu um tapa na minha mão e saiu da geladeira, trazendo itens pra preparar sanduíches.
- Mas eu quero agora... - cruzei os braços, fazendo birra.
- Vai ficar querendo. – ela retrucou e começou a preparar os lanches.
Como não tinha mais conversa, sentei no banquinho e fiquei esperando, duro.
Não sabia que estava com fome até botar o primeiro pedaço do lanche na boca. Comi tão rápido que até engasguei, só espero que a não me ache um animal.
Quando terminava de comer meu terceiro sanduíche, o celular da começou a tocar insistentemente de algum lugar da casa. Ela não fez menção de atender.
- ? Seu celular… - falei enquanto deglutia meu último gole de cerveja.
- Ah, não é nada importante... - ela desconversou, mas sem me olhar nos olhos.
- Como sabe se é ou não importante se não atender? – insisti.
- Porque eu sei, ué... - ela se virou de costas e começou a lavar a louça suja.
- Quer que eu atenda? – perguntei curioso.
- NÃO! – ela me olhou furiosa e corou.
- Hei, calma! – levantei as mãos em sinal de rendição.
- É só... Não gosto que me liguem na minha folga... - ela murmurou enquanto colocava a louça no escorredor.
- Então desliga o celular... Esse toque é irritante.
- Tá... - ela falou ainda sem me olhar e andou até sua bolsa. Pegou o celular, olhou o número e franziu o cenho. Desligou.
- Tem certeza que não era importante? Você parece preocupada...
- Está tudo bem, ... - ela sorriu amarelo.
Como se só isso fosse me convencer. Estava óbvio que ela me escondia algo, ou alguém...
ARGH!!! Só em pensar nessa possibilidade eu ficava louco!!!
- ? – ela andou até o sofá e se estirou com as mãos cruzando na cabeça.
- Hum? – perdi a linha de raciocínio quando, lentamente, ela abriu as pernas, me chamando.
E eu fui. Concluir o que havia começado e me deliciar com mais uma dose de sexo gostoso com minha garota.
A essa altura, eu nem lembrava mais dos mistérios que nos envolviam, mal lembrava o meu nome!!!
Eu só conseguia pensar em como eu queria estar com ela, agora e sempre.

Capitulo 13

Eu nem precisava olhar o visor do celular pra ter certeza de que aquela ligação era do meu adorável namorado. É óbvio que ele estaria preocupado depois do meu sumiço repentino. Não vou dizer que fiquei ressentida por estar mentindo e traindo descaradamente o meu namorado, (ex, em breve) seria pura mentira. A verdade é que nesse exato momento eu tinha um homem gostosão, top de linha, secando minha bunda com uma puta ereção que me fazia duvidar se aquela Calvin Klein era realmente resistente à tanta pressão, eu tenho certeza de que aquela boxer iria explodir a qualquer momento. Pobrezinho, estava implorando por sua liberdade... e quem sou eu pra não ajudar?
Estar com era tão fácil, tão aconchegante... Nós não precisávamos falar muito pra saber o que o outro queria. Era como se nossos corpos falassem a mesma língua. Oh céus! E que língua!
Nós já estávamos nos atracando na sala há um tempo considerável. Aquela já era a terceira ou quarta rodada? Não importa... Aparentemente, o queria me mostrar o quanto ele era bom de cama, tapete, chuveiro, sofá, chão... Enfim, ele se preocupava demais com o meu prazer. De início eu imaginei que era apenas o ego masculino falando mais alto, era tão típico dos homens querer ser o melhor, mas vendo o seu atual estado, eu percebi que ele era um cara extremamente altruísta. Ele realmente queria que eu me sentisse bem. estava visivelmente exausto. Completamente suado, e seus movimentos já não eram tão cheios de vigor. Ainda assim ele se prontificava a me tocar de todas as maneiras, de me “bulinar” até que eu gozasse infinitas vezes, enquanto que ele se deteve a apenas 2 ou 3 orgasmos.
Não poderia esquecer também do fato de ele ser muito experiente e sagaz. Conseguia fazer coisas tão sexy e deliciosas com pequenas coisas, do tipo de cara que não precisa ir a um sexy shop para “revitalizar” um relacionamento. Agora, por exemplo, eu estava sentada no sofá, com as pernas abertas e apoiadas no assento do mesmo, enquanto ele estava com a cabeça enfiada no meu sexo, recheado de leite condensado, que ele mesmo derramou, obviamente.
- Hum, , você é tão saborosa… - ele balbuciou com o sua voz rouca, enquanto substituía a sua língua por seus dedos.
- Com leite condensado tudo fica mais gostoso, uh? – falei num tom divertido e quase deixando escapar um grito de prazer quando ele afundou seus dedos e me estocou com força.
- Não, não disse pelo doce, você sabe, ele foi apenas uma cobertura, o gostoso mesmo é o que está embaixo... Hum, eu não sei definir, mas o seu gosto é tão bom... E somado com o cheiro... – ele aspirou profundamente, me fazendo corar – Sim, o seu cheiro é tão doce e absurdamente silvestre... É perfeito...
- Há há... – dei um sorriso nervoso – Silvestre? Isso é bom? Eu não entendi... – corei mais ainda quando ele desviou seu olhar da minha intimidade para me fitar.
- Sabe as flores do campo?
- Uhum... - confirmei balançando a cabeça e mordiscando os lábios em expectativa.
- Eu associo você a uma flor do campo. Elas carregam uma beleza peculiar, são únicas, e terrivelmente perfeitas. Você já cheirou uma dessas flores? É doce e silvestre... Assim... Como você... – ele não esperou nenhuma manifestação da minha parte e voltou a substituir os seus dedos por sua boca.
- Oh... – gemi enquanto soltava uma lufada de ar que inspirei inconscientemente.
Sem que eu tenha percebido, o meu coração batia mais rápido, minha respiração desregulada e eu não conseguia definir se isso era pelo orgasmo iminente ou pela declaração que ele acabara de fazer. Uma flor do campo? Eu nunca fui comparada nem a uma grama de jardim! Teria como um homem desses ser mais perfeito?
- Ah... … Não pára, oh, por favor… - instintivamente minha mão foi de encontro a seus cabelos desgrenhados e pressionou sua cabeça, a procura de atrito.
- Goza pra mim, minha flor... – ele balbuciou e mordiscou meu clitóris, me fazendo explodir instantaneamente.
- Oh meu Deus! – gritei enquanto meu corpo convulsionava de uma forma tão violenta que pensei que iria desmaiar.
- Hum... Acho que precisamos de um banho e depois nós poderíamos...
- Não, , pelo amor de Deus, eu não aguento mais! E você está exausto, sério, não precisa se esforçar tanto... Nós ainda temos amanhã e...
- Calma, , respire. Eu ia dizer pra nós assistirmos um filme. E eu não sou de ferro, estou cansado também. – ele encolheu os ombros meio sem graça.
- Qual o problema com os homens em admitir que estão cansados? – zombei da sua carinha de cachorro sem dono.
- Problema nenhum, oras, eu não estou admitindo? – ele cruzou os braços, fazendo birra.
- Sim, mas depois de quanto tempo?
- Isso não tem nada a ver, se eu só estou cansado agora...
- Tá bom, tá bom, vamos tomar um banho. – falei divertida enquanto levantava, aproveitando que ele estava sentado no chão e roçando a minha bunda na cara dele.
- Você está de sacanagem, né? – ele deu um tapa estalado na minha bunda e gargalhou quando eu soltei um gritinho assustado.
- Ai, ! Isso ardeu!
- Você não reclama dele quando estou te comendo. – ele zombou com seu maldito sorriso torto.
- Humpf! – resmunguei, fazendo bico, e sai rebolando exageradamente.
- Depois não reclame quando eu te pegar no banheiro – ele brincou e veio a passos largos atrás de mim.

Tomamos um belo banho relaxante, com direito a beijos e amassos, vestimos apenas peças íntimas e voltamos para a sala, onde estava nossa pequena bagunça. Rapidamente arrumamos o local e escolhemos um filme de comédia para relaxar: O mentiroso.
Ri horrores com o filme, mesmo estando assistindo pela milionésima vez, e ria uma vez ou outra, de forma mais contida. Ele estava um pouco estranho, desconfortável talvez... Alegava que estava bem toda vez que eu perguntava se havia algo errado. Mas seus sorrisos nunca chegavam aos olhos e isso me incomodou. De uma hora pra outra ele ficou assim, não conseguia deixar de pensar que o problema era comigo. Teria eu feito algo errado?
Fiquei quieta para não invadir o espaço dele, mas com a certeza de que conversaríamos assim que o filme acabasse. E pra minha surpresa, foi ele quem se virou pra mim assim que o filme acabou. Ele estava sério e com uma feição dolorida, o maxilar travado, os punhos fechados, definitivamente estranho.
- Precisamos conversar. – ele falou com a voz falhada.
- Concordo. – falei com a voz mais firme. Na verdade, eu nem sabia sobre o que exatamente ele queria conversar...
- Você não acha que está na hora de colocarmos os pontos dos is?
- Pontos dos is? – perguntei confusa.
- É, você sabe, esclarecer algumas coisas, deixar tudo em pratos limpos.
- O que exatamente você quer esclarecer?
- Tudo, oras! Não vê que isso aqui está tudo errado? – ele gesticulou, acenando para tudo a nossa volta.
- , eu não estou entendendo. Eu pensei que nós já estivéssemos acertados. Nós estamos namorando e passando a noite juntos, você acha isso errado?
- Pelo amor de Deus, , eu nem sei o seu nome!
- Oh, ok, estou entendendo agora. Aquela história de conhecer melhor... – rolei os olhos com o sentido que aquela maldita conversa iria nos levar. Eu estaria pronta para contar toda a verdade?
- Não faça essa cara, como se isso não fosse nada importante! – ele falou visivelmente irritado.
- Eu não falei que não era importante, só achei estranho esse seu interesse repentino...
- Certo, mas, por favor, vamos resolver isso? Eu não suporto mais todo esse suspense... Eu amo você e não quero que exista lacunas entre nós, entende? – ele falou com um sorriso nervoso e as mãos enfiadas nos cabelos.
- Tá, por mim tudo bem. Uma pergunta de cada, o que me diz? – sugeri enquanto me acomodava melhor no sofá e ficava de frente pra ele.
- Uma pergunta de cada está perfeito. – ele sorriu ainda um pouco nervoso.
- Ok, eu começo. – mordi meu lábio inferior enquanto imaginava uma pergunta casual. – Nome? – perguntei pausadamente e respirei fundo em expectativa.
- Cullen. – ele respondeu, agora mais relaxado. – E o seu?
- Norton. – respondi numa lufada de ar. – Você trabalha com que?
- Análises de sistemas, por isso passo a maior parte trabalhando em casa. – ele respondeu calmamente. – E você?
- Você vai ficar perguntando o mesmo que eu? – perguntei com uma falsa indignação.
- São perguntas que me interessam, oras! – ele respondeu com um sorriso amarelo. - Largue de drama e responda.
- Trabalho com artes, principalmente restauração.
- Você é uma restauradora?! – ele perguntou estupefato.
- Dentre outras coisas... Mas também trabalho mais em casa. – respondi casualmente. – Família?
- Como assim família? Especifique.
- A composição da sua família, oras, pai, mãe, irmãos? – perguntei divertida.
- Pai e mãe. – ele respondeu sem pestanejar.
- Não está esquecendo nada, não? – questionei confusa.
- Não, definitivamente não.
- , você me disse que tinha uma irmã...
- Eu sei, mas eu não tenho. – ele falou, retomando a sua posição nervosa. O olhei agora mais confusa, abri e fechei a boca várias vezes sem saber exatamente o que perguntar.
- Minha vez de perguntar. – ele falou ignorando a minha confusão. – Você mora sozinha?
Mas hein?! Puta. Que. Pariu.
Novamente eu fiquei sem palavras e permaneci calada. Como assim ele não tinha uma irmã? E como diabos ele pode suspeitar que eu não moro sozinha?
- O gato comeu sua língua, ? Seja sincera...
- Er... Eu... Eu... Como assim você não tem irmã? Quem era aquela mulher então? E por que mentiu pra mim?! – levantei exasperada do sofá e fiquei andando de um lado para o outro.
- Me diga primeiro com quem você mora e eu respondo todas as suas perguntas. – ele também levantou-se e cruzou os braços de maneira imponente.
- Eu... eu... eu moro sozinha! – menti descaradamente ao mesmo tempo em que buscava entender o fato dele ter mentido pra mim.
- Céus, você está mentindo descaradamente! Olha pra você, está quase cavando um buraco no chão! Qual o seu problema afinal? Estou tentando ser sincero aqui e você ainda está tentando me driblar. Vamos, diga, , o que diabos você tanto esconde? – ele segurou em meus ombros e me sacudiu de leve enquanto buscava os meus olhos, mas eles estavam distantes, divagando sobre o que eu poderia fazer na minha atual situação. Ele entenderia que eu vivo com outro cara?
Por sorte ou azar, o meu celular tocou. E eu não hesitei em quebrar o nosso contato para atender o celular. Pelo toque eu já sabia que se tratava do meu trabalho. Uma deixa perfeita para eu escapar da forca.
- Você não vai atender, vai? – ele berrou irritado.
- Eu preciso, é meu trabalho, desculpe... – encolhi os ombros e puxei o meu celular da bolsa.
- Eu não acredito nisso! – ele berrou mais uma vez e saiu da casa, batendo a porta com força.
- Oi, Leah. – atendi com a voz esganiçada.
- Oi, querida, está tudo bem? - ela perguntou preocupada.
- Sim, pode falar...
Leah era minha chefe. Estava louca com os assuntos do nosso trabalho e decidiu que aquela era a melhor hora para discuti-los. E eu, como boa funcionária, a ouvi sem reclamar. O problema era que ela parecia uma metralhadora falante. Tive até que me sentar no sofá pra evitar o cansaço. A infeliz não parou de falar por o que pareceu serem horas. Cheguei a perder a atenção quando um taciturno passou pela porta e se encaminhou para o quarto, sem falar nada. Nem me olhou nos olhos. Eu queria tanto desligar e ir até lá... Tudo de repente parecia desmoronar e eu não sabia como consertar essa bagunça.
Seria tudo tão mais fácil se eu conseguisse ser sincera com ele. Mas eu tinha tanto medo dele me achar uma vadia por ter escondido dele o fato de eu ter uma porra de namorado. Eu tinha certeza que ele iria surtar, me deixar aqui sozinha nesse lugar esquisito e me mandar dar pra o primeiro que passasse pra conseguir voltar pra casa. Eu estava ferrada.
Ouvi mais alguns bons minutos de conversa mole da Leah e desliguei. Exausta. Eram assim que eu me sentia. Completamente acabada.
Andei a passos de tartaruga até o quarto e arfei com a visão tentadora de um deliciosamente deitado de bruços, pelado. Puta merda! Ele só pode estar de sacanagem comigo! Ele sabe que eu não resisto a esse traseiro gostoso!
Engoli em seco e andei lentamente até a cama. Meu orgulho se quebrou todinho quando o vi ressonando tão tranquilamente. Tão perfeitamente lindo!
Resisti à vontade de acordá-lo e me deitei de esguelha na outra ponta da cama. Adormeci quase que instantaneamente.

Acordei a contra gosto e me espreguicei ainda sonolenta. Olhei no relógio que marcava 6 horas.
- Posso saber que porra é essa?! – quiquei na cama com o susto e olhei para o dono da voz extremamente ríspida.
- ? O que houve? – perguntei assustada. Ele me olhou com uma feição dura e hostil e me jogou um objeto que peguei por reflexo.
Era o meu celular. Olhei no visor e lá havia uma mensagem aberta. Abri para ler e senti todos os meus músculos se contraírem, um frio percorrer minha coluna e o sangue fugir do meu rosto. Havia uma mensagem.

“Querida, onde você está? Se você não retornar em 30 minutos eu vou acionar a polícia! Te amo, e te espero em casa, de seu namorado carente.”

Namorado carente? Ele nunca escrevia assim... Eu teria rido dessa mensagem se a situação não fosse tão catastrófica. leu essa porra de mensagem.
- , eu… eu… eu posso explicar… - gaguejei, já sentindo meus olhos marejados.
- Ah, claro que pode! Mas eu também posso. Era isso que você tanto temia, não é? Que eu descobrisse o seu romance duplo! Você... você me traiu descaradamente ! Você fodeu com meu coração, sabia? Eu me apaixonei por uma porra de vadia!
- O quê?! Vadia?! – levantei cambaleante e gritei enquanto as lágrimas escorriam na minha face.
- Você discorda, ? Você não se acha uma putinha safada que dava pra dois ao mesmo tempo?
- PARE! – gritei o mais agudo que pude. – Eu. Não. Sou. Uma. Vadia! – falei pausadamente.
- Claro que não, imagina... – ele riu sarcástico. – estou saindo, arrume seu lixo e caia fora da minha casa.
- !! Me deixe explicar, caramba!
- Não há nada para explicar, - ele respirou fundo e me olhou com aquele olhar cortante, enquanto passeava seus dedos por seus cabelos. – Você... você me quebrou, , você mentiu pra mim...
- Você também mentiu pra mim! Quem é você pra me julgar? Você não sabe os meus motivos! – gritei exasperada.
- Eu não preciso de motivos pra saber que você é uma vadia sem escrúpulos. Estou saindo, a propósito, a estrada fica a alguns bons quilômetros daqui, se apresse se quiser achar uma carona.
- Co-como assim? Você vai me deixar aqui? – gaguejei, tentando prender outra leva de lágrimas que ameaçavam cair.
- Aqui não, vou te deixar na rua, que é o seu lugar. – ele falou arrogante e me deu as costas.
- Não, não, não! ! ! !!!
- ?! , meu amor, acorde…
Olhei assustada para o par de olhos que me encaravam preocupados.
- Hum... Hã? Que foi? – gaguejei embasbacada.
- Acho que você estava tendo um pesadelo...
- Eu... er... Cadê meu celular?! – dei um pulo da cama e saí correndo atrás do maldito.
- Hei! – ouvi o protesto de , mas não me importei. Eu precisava conferir se tinha mesmo sido apenas um pesadelo.
Olhei o visor do aparelho e observei que não havia mensagens. Foi só um sonho.
- , você está bem? - apareceu, agora vestido com uma cueca, graças a Deus!
- Er... Estou. – coçei a cabeça e andei em sua direção.
- Hum... Você não parece bem. Quer conversar sobre o sonho? – ele me abraçou ternamente e afagou os meus cabelos.
- Não... Estou bem... Quer conversar sobre ontem? – mordi os lábios, torcendo pra ele prorrogar.
- Não. Na verdade, eu queria dar um tempo a nós dois, se você permitir.
- Co-como assim? Você quer dar um tempo? Você quer terminar?! – solucei, tentando não chorar.
- Não! Não, de jeito nenhum. Eu quis dizer com relação a nossas vidas. Eu preciso de um tempo pra me reorganizar e eu sei que você também precisa. Eu sei que você ainda tem algumas limitações, eu também tenho. Eu queria retomar essa conversa quando estiver consertado tudo...
- Tudo bem, acho justo. Não vamos mais falar nisso por enquanto. – concordei e fiquei na pontinha dos pés pra alcançar os seus lábios.
- Hum, ainda temos um dia inteiro pra aproveitar. O que me diz de um banho naquele lago? – ele me olhou com uma carinha pidona, que eu quase concordei. Quase.
- Deus me livre! Aquilo deve tá um gelo!
- Eu te aqueço, sua boba! – falando isso, ele me pegou pelas pernas e me jogou sobre os ombros.
- Não, ! Me solta, seu homem das cavernas!
- Já, já, te solto. – ele gargalhou e saiu correndo comigo nos ombros.
- Cullen! Não me jogue naquela água! OH MEU DEUS! – gritei histericamente quando ele me jogou com tudo na água mais do que gelada.
Eu até pretendia dar um murro na cara dele, mas minha raiva se quebrou quando eu emergi e o vi com um sorriso bobo no rosto. Tão lindo...
Inferno!
Homem gostoso do caralho.

Capítulo 14

Filho da mãe.
Safado.
Maldito.

Era o que eu pretendia dizer pra ele antes de ter espremido meu corpo no seu peito e aberto minhas pernas pra ficar no seu colo. E obviamente eu não disse nada, nem muito menos reclamei. Quem reclamaria de ter um membro avantajado, duro e pulsante deslizando pra dentro de si e te fazendo gemer de prazer instantaneamente?
- Oh... Porra, … - lamuriei entre gemidos enquanto tentava a todo custo forçar a minha pélvis pra frente.
- Está quentinho agora? – o malandro sussurrou no meu ouvido e ainda riu quando eu respondi com um gemido agudo.
Ele continuou bombando com força e me apertando contra si enquanto a água, não mais gelada, chacoalhava ao nosso redor. Eu nem conseguia lembrar que estávamos nus e transando ao ar livre. E daí que alguém visse? Eu poderia me preocupar com isso depois. Depois de gozar, é claro…
- Oh… , estou quase… Você…? – ele me fitou com os olhinhos pedintes enquanto fazia força com braços para manter os movimentos.
- Sim... só mais... um pouco... – balbuciei com a voz vacilante. Ele soltou uma lufada de ar e escondeu sua cabeça no vão do meu pescoço. Depositou um beijo molhado e o mordeu ao mesmo tempo em que me estocava fundo.
- Ah!!! – gemi alto quando meu corpo alcançou o ápice e convulsionou juntamente com o dele.
Ficamos grudados por uns instantes, tentando nos estabilizar, até que ele me soltou do abraço forte e deixou meu corpo escorregar, mas o mantendo grudado no seu.
- Eu sabia que você iria gostar do banho de lago. – ele sorriu presunçoso e me deu um selinho estalado.
- Hum... Eu não diria banho, mas sim, eu adorei. – zombei divertida e envolvi meus braços sobre seus ombros.
Ele me apertou contra si e me beijou com calma, sem urgência, apenas curtindo o momento de tranquilidade.
- Hum... Eu queria poder prolongar isso aqui... Ficar com você mais uns dias... – ele suspirou profundamente e encostou sua testa na minha.
- Trabalho... Compromissos... – retruquei a contra gosto.
- Eu sei... Eu sei... Você disse que trabalha em casa... E eu trabalho em casa, então...
- Não, , eu não posso. Não é assim tão simples.
- Você dificulta as coisas... – ele retrucou, fazendo bico.
- E você fica inventando moda. Não podemos fugir do mundo e pensar só em nós.
- Férias não fariam mal a ninguém. Uma semana já seria...
- , por favor. Não. – neguei mesmo querendo muito poder concordar com ele.
- Ok. – ele encolheu os ombros – Vamos terminar o banho no banheiro. – ele concluiu e saiu da água comigo grudada para que não sentíssemos frio.
Tomamos um banho quente e em silêncio. Depois tentamos ao máximo aproveitar o resto do dia. Conversamos, comemos, fizemos amor, de novo e de novo... Até o sol finalmente se por. E esse foi o primeiro dia que eu odiei vê-lo sumindo no horizonte. Eu queria tanto que ficasse ali e o meu dia se prolongasse...
Mas nem tudo são flores, não é verdade?
Arrumamos nossas coisas e partimos de volta para o hotel num silêncio confortável. Ele parou o carro na garagem do hotel para poder pegar o seu que estava estacionado lá. Nos beijamos uma última vez, já sabendo que não nos veríamos pelos próximos dias. Eu tinha uma maratona de trabalho pra resolver e ele disse que também tinha alguns problemas pendentes. Combinamos de nos falar por telefone e marcamos nosso próximo encontro para segunda-feira. Uh... Cinco dias sem vê-lo não seria fácil, ou melhor, não seria nada bom, nadinha mesmo.

Voltei pra casa já com um plano em mente para driblar o meu namorado. Eu já esperava uma reação explosiva dele... Estacionei o carro na garagem, não deixando de notar que o carro dele estava lá. Andei a passos curtos para a porta da frente e a abri. Adentrei e vi o que eu já imaginava.
Ele estava sentado no sofá, com uma expressão cansada e falando ao telefone. Mordi meus lábios, imaginando o quanto ele não ficou preocupado. Droga! Que espécie de namorada eu sou? Eu precisava dar um fim nisso, ele não merecia isso...
- ?! – ele arregalou os olhos quando me viu e largou o telefone no chão. – Onde você estava? Eu... eu estava louco te procurando... Você parece ótima... – ele inquiriu enquanto parava na minha frente e me analisava de cima a baixo.
- Desculpe... – expirei o ar que estava prendendo. – Eu tive uma urgência no trabalho, a Leah me pediu para buscar um relicário na filial de Surrey e...
-Pode parando aí, ! Você saiu a trabalho e nem sequer me avisou?
- Eu...
- Sério, ? Qual a dificuldade que se tem em pegar um telefone e me avisar? Qual o seu problema afinal? Eu não mereço mais satisfações?
- Posso tentar explicar pelo menos?! – interrompi irritada. Ele torceu a boca e largou os braços ao lado do corpo. – Meu celular descarregou e...
- Não justifica.
- Posso terminar de falar ou tá difícil? – falei num tom mais elevado. – Meu celular descarregou e eu fiquei de ligar quando chegasse lá, mas daí houve algumas reuniões que me levaram o dia todo e eu acabei esquecendo... E quando fui para o hotel eu já não lembrava mais que eu não tinha te avisado... Eu juro que não foi intencional, eu estava exausta e...
- Você é inacreditável! – ele me olhou com uma feição dolorida. – Eu poderia ter acionado a polícia, sabia? Eu realmente espero que essa tenha sido a primeira e última vez. – ele falou rispidamente e seguiu para o quarto.
- Ora, por favor, não vamos brigar por causa disso, né? Não é como se eu fizesse isso o tempo todo... Foi um acidente!
- Há Há! Acidente, essa foi muito boa, ! – ele gargalhou sarcástico e desapareceu do meu campo de visão.
Foi melhor do que eu pensei...
Larguei meu corpo exausto no sofá e esperei o tempo passar. Queria ter certeza de não encontrá-lo acordado quando eu fosse dormir. Eu não aguentava outra rodada de sexo, mas nem sob tortura. A não ser que fosse o , é claro. Pra ele eu sempre estaria bem disposta...

Como esperado, os dias foram passando e eu direcionei todo o meu tempo para o meu trabalho. Aquela seria umas das semanas mais importantes pra mim, eu havia trabalhado muito pra chegar até aqui e era nisso que eu teria todo o meu foco. Mesmo que vez ou outra eu me pegasse divagando sobre o adorado e delicioso caso com Cullen...

Finalmente o meu final de semana chegou e eu tive que passar alguns bons minutos brigando com o por telefone. Ele queria porque queria que nos víssemos. O bichinho estava carente... Não que eu também não estivesse, afinal, o meu namorado não me tocou por esses dias. Eu também não dei chance pra isso ocorrer, né? Não sou besta nem nada... Mas no final das contas, eu consegui convencê-lo de nos encontrarmos apenas na segunda. Infelizmente, mas fazer o que, né?

Terminava de fechar o meu vestido quando meu namorado surgiu à porta.
- Pronta pra arrasar? – ele me encorajou.
- Prontíssima! Vamos?

* Pov*

Sexta-feira.
Esse foi o dia que eu escolhi pra consertar os meus erros.
Não havia mais o que se pensar. Eu queria ficar com a e ponto final. Minha noiva teria que superar isso. Não vou mentir que estava tranquilo com toda essa situação. A verdade é que eu estava pra lá de nervoso. Eu tinha absoluta certeza de que ela iria surtar.
E foi às 19:00 que ela finalmente chegou ao meu apartamento. Caminhou com seus saltos finos pelo assoalho da sala e largou sua bolsa no sofá. Olhou pra mim com uma feição séria e se sentou na poltrona de frente pra mim.
- O que você tem de tão importante pra falar, ? – ela perguntou com um tom anormalmente seco. Era como se ela já previsse o pior.
- Eu sei que você vai me odiar depois dessa conversa, mas eu não poderia mais levar isso adiante. Eu não quero mais me casar. – falei um pouco nervoso enquanto passava a minha mão pelos cabelos, insistentemente.
- Co-como assim? – ela arregalou os olhos e gaguejou.
- Exatamente isso que você ouviu. Eu quero, eu preciso romper nosso relacionamento. Não dá mais. Eu sinto muito...
- , que brincadeira é essa?! Está louco?!! – ela berrou exasperada.
- Loucura seria continuar com essa farsa. Eu não te amo mais, e... Eu conheci outra mulher... – falei, tentando evitar o contato com seus olhos.
- Há! Claro, claro! Tinha que ter uma vagabunda no meio! – ela ironizou, com acidez.
- Você não sabe o que está falando. – falei pausadamente, tentando não perder a cabeça.
- Não, imagina! Porra, , você tem noção de que está me abandonando no altar?! – ela gritou em meio às lágrimas que agora despencavam de seu rosto.
- Eu sei disso e estou disposto a arcar com tudo.
- Essa porra de dinheiro não me interessa! Eu quero você, caralho! Você... Você é tudo pra mim, ! Eu vivi todos esses anos só pra você e agora tudo está indo para o ralo?
- Eu... eu sinto muito...
- Não sinta! Por Deus, não sinta! Só não me deixe, por favor... Eu... Não me importo se você me traiu, só termine com ela e venha pra mim... – ela se ajoelhou, ficando entre minhas pernas, e afundou seu rosto no meu peito.
- Victória... Por favor... Não torne tudo mais difícil do que já é... Eu já tomei a minha decisão e não vou voltar atrás.
- Ahhhh!!! – ela deu um grito absurdamente agudo e histérico enquanto chorava no meu peito. – Eu não vou aceitar isso, eu não vou te deixar, !!
- Pare com isso... Não vai nos levar a nada.
- Pro inferno com tanta ladainha, eu sei que você ainda me ama, !
- Não, Vic. Eu não te amo.
- Você está cego. Está confuso. Não pode ter deixado de me amar da noite pro dia! Me fala o que está faltando que eu tento reparar!
- Não faltava nada, Vic. Eu só não sinto mais nada por você. – sibilei enquanto afagava os seus cabelos.
- Pare com isso, , eu te entendo... Você queria provar algo novo... E... E achou essa outra... Mas você tinha que voltar pra mim...
- Não, Vic. Eu não estava procurando algo novo, não foi premeditado. Aconteceu... E eu me apaixonei por ela, foi inevitável...
- Ahhh!!! – ela deu outro grito histérico.
E assim foi por boa parte da noite. Ela tendo ataques de histeria e eu tentando não ficar maluco também. Não é como se eu não estivesse sofrendo com isso também. Eu poderia não amá-la mais, mas ainda assim eu tinha meus sentimentos por ela. E vê-la sofrer estava me quebrando, mas eu não iria ceder. Estava acabado.
Ela acabou adormecendo no meu colo e eu a deixei dormir em minha cama. Fui para o sofá e adormeci de exaustão.

Sábado pela manhã Victória saiu do meu apartamento sem tocar mais no assunto. Imaginei que ela tivesse aceitado a separação. Liguei pra , louco para vê-la e contar toda a verdade. Dizer que eu tinha uma noiva, mas que agora nada estava no nosso caminho. Era como se uma tonelada fosse tirada de minhas costas. Infelizmente eu teria que esperar até segunda, ela estava atolada com o trabalho.
O resto do dia passou se arrastando e logo o domingo chegou, mas da mesma forma entediante. Às 16:00 horas meu celular tocou.
- Oi, Vic...- suspirei.
- , eu queria conversar com você...
- Vic...
- Calma. Juro que será uma conversa civilizada. Por isso proponho um lugar neutro.
- Hum... Onde?
- Está acontecendo uma exposição daquela artista que eu adoro, da McLane.
- A que pintou aquele quadro que você me deu?
- Isso! O que você acha de irmos à exposição? Ela tem quadros fantásticos e...
- Não sei, Vic... Eu não sou chegado a arte, você sabe disso...
- Vamos, … É a nossa despedida… Por favor…
- Ok. Te pego às 18:00, está bom assim?
- Perfeito!
Esperei a hora passar e me arrumei. Vesti um traje esporte fino. [N/a: ignorem o modelo, apreciem o traje] Segui para a casa de Victória. Ela estava deslumbrante com seu vestido vermelho sangue, um decote nada discreto e seus cabelos de fogo presos num coque.

Seguimos para a galeria de artes onde estaria ocorrendo o tal evento. O local estava repleto de gente, inclusive famosos. Adentramos o salão principal e caminhamos enquanto Victória apreciava os quadros. Eu não nunca liguei muito pra arte, mas esses conseguiram me impressionar. Não eram aqueles rabiscos horrorosos que os artistas teimam em pintar. Esses eram cheios de vida e de cores, tinham desenhos bem definidos.
- São lindos, né? – Victória perguntou abobalhada.
- Sim, são adoráveis.
- Esse ficaria perfeito na nossa sala... – ela sussurrou baixinho.
- Vic...
- Hum... Eu só... Eu queria poder entender...
- Eu sei como está sendo difícil pra você... Mas...
- Eu não vou desistir de você, , espero que sua amante esteja preparada pra perder. – ela me fuzilou com um olhar determinado.
- Eu não acho que...
- Ah, olha lá! É ela! – Victória me interrompeu e apontou para uma mulher de costas pra nós e circundada de várias pessoas e repórteres.
- Quem é ela? – falei um pouco mais alto, devido ao susto. Eu sabia bem quem era ela, mas eu precisava saber o que diabos ela estava fazendo aqui.
- McLane! A artista desses quadros.
Petrifiquei no lugar, tentando processar as informações. McLane?! Não! Eu tenho certeza que ela disse Norton! E ela era uma restauradora!
- ? Vamos lá falar com ela!
- NÃO! – afastei-me bruscamente – Eu... preciso ir no banheiro. – falei atordoado e caminhei em direção oposta à “artista”.
Era só o que me faltava! Encontrar com ela aqui e justamente quando estou acompanhado...
Inferno! Eu precisava arrumar uma boa desculpa pra sair daqui.

Capítulo 15

Chegamos ao grande salão bem antes dos convidados chegarem e me certifiquei de que tudo estava nos conformes. Logo as pessoas foram chegando e apreciando a minha arte.
Eu estava extremamente feliz por estar realizando minha segunda exposição. A do ano passado não teve toda essa repercussão, e por isso eu estava muito mais nervosa. Tinha certeza que seria trucidada pelas críticas. Eu queria tanto que o estivesse compartilhando esse momento comigo, mas eu estaria brincando com a sorte se eu o convidasse. Imagina só se ele se bate com meu namorado?
Felizmente tudo parecia estar ocorrendo bem. Os avaliadores e colecionadores pareciam satisfeitos e as vendas estavam indo de vento em polpa. Depois de falar com boa parte dos convidados e repórteres, eu caminhei sozinha para um lugar mais isolado, onde estava o quadro que eu mais apreciava. Este foi o que eu intitulei de Amantes. Ri comigo mesma, quando notei a ironia naquele quadro. Amantes...
- Belas curvas. – quiquei de susto quando ouvi uma voz rouca bem próxima do meu ouvido.
Estendi minha mão pronta pra estapear aquele atrevido e quando virei, eu congelei.
Como não reparei que era a voz dele? O que diabos ele estava fazendo aqui?!
- ?!
- Hum… Sua arte é realmente interessante. Eu não entendo muito, mas suas curvas são bem realistas, uh? E esse nome... Amantes... Bem sugestivo... Embora eu não aprecie esse título... – ele murmurou enquanto fitava a pintura a nossa frente.
Corei, envergonhada por ter pensando que ele estaria falando das minhas curvas e não das curvas da pintura.
- O que você está fazendo aqui? – perguntei, tentando não parecer rude.
- Não me contou que era artista. – ele desviou o olhar do quadro e me fuzilou com um olhar acusatório.
- Er... eu... – gaguejei a procura de uma desculpa plausível.
- É. Foi o que eu pensei. – ele murmurou sarcástico.
- Eu iria te contar...
- Aham... Sei...
- , você lembra daquela conversa? Nossas limitações... – mordi os lábios, procurando as palavras certas.
- Então sua profissão está incluída nas suas limitações?
- É complicado. – suspirei derrotada.
- Você mentiu pra mim. – ele falou com acidez.
- Não menti. Eu omiti, é diferente.
- Norton, restauradora. Foi o que você me disse.
- Norton McLane, restauradora e pintora.
- Não vai me dizer o porquê dessa omissão significativa?
- Como eu disse, é complicado.
- Eu tenho certeza de que conseguirei entender.
- Podemos ter essa conversa depois? Eu não acho que aqui seja a hora e o momento apropriado...
- Ok, serei paciente, mas não vou esquecer. Meus parabéns pelo seu sucesso, Senhorita McLane. – ele me deu um sorriso forçado e recuou dois passos para trás.
- Aí está você! Estava te procurando, querido. - Observei curiosamente o mulherão que se aproximou e não deixei escapar o fato dela ter chamado o meu de querido. Intercalei meu olhar entre eles e o vi contrair seus músculos e travar o maxilar. Ele estava nervoso...
- McLane, é um prazer revê-la – ela se aproximou e apertou a minha mão. – Não se lembra de mim, né? Eu comprei um dos seus quadros no ano passado...
- Oh... Perdoe a minha falta de memória, mas sim, eu me recordo de você. Senhorita O’Donell, certo? – tentei ser o mais simpática possível, embora eu ainda estivesse com a pulga atrás da orelha.
- Senhora muito em breve! Deixe-me apresentar o meu noivo. , essa é a Senhorita McLane, artista daquele quadro que está na nossa sala. – ela falou com um sorriso falso e eu não consegui evitar o meu espanto.
Como assim noivo?!
- Noivo?! – perguntei num tom mais elevado do que deveria.
- Isso! Nos casaremos em algumas semanas! Não é maravilhoso? – ela respondeu empolgada.
Olhei para numa pergunta muda, mas ele me parecia distante…
- Nesse caso... Meus parabéns! – falei com um falso entusiasmo.
- Eu faço questão de sua presença no nosso casamento.
- Eu, er... ficaria honrada... – gaguejei, tentando não perder a cabeça e jogar o salto fino da minha sandália na testa dele.
- Foi muito bom te reencontrar, espero que você continue com esse sucesso, querida. Vamos, amor? – a infeliz praticamente gemeu enquanto alisava o peitoral dele.
O idiota ainda estava congelado no tempo. - Tudo bem, querida, fique à vontade. – a noiva sorriu falsamente.
Tentei manter passos calmos e elegantes, mas o meu subconsciente me pedia pra correr dali. Eu queria poder chorar. Queria poder gritar. Queria puxar os meus cabelos, arrancar aquelas roupas e me afogar numa banheira. Eu queria bater nele!!
Inconscientemente eu corri. Passei pelo corredor, pelo salão principal e subi as escadas que me levariam ao terraço. Ignorei as vozes que me chamavam, passei pela portinha da cobertura e a tranquei por fora.
- AHHHHHHH!!!!!!!!! – gritei. – Idiota! Burra! Estúpida! – me xinguei até faltar ar nos pulmões.
Como eu não percebi isso antes? Estava tão na cara que ele tinha outra! Foi exatamente isso que ele estava tentando me dizer. A suposta irmã era, na verdade, a noiva dele. Puta merda, ele vai se casar em algumas semanas!
Eu fui tão burra, tão cega! Era óbvio que ele não trocaria aquela mulher espetacular por uma como eu. Tão normal, tão comum...
E eu me torturando porque tinha um namorado...
- ? , abre essa porta! – ouvi a voz que eu menos queria ouvir nesse momento.
Eu não iria abrir. Por mim ele morre lá, se esgoelando.
Filho da mãe.
Gostoso, mas ainda assim cachorro.

* Pov*

Maldita hora em que eu a vi seguindo por aquele corredor, sozinha.
Maldita hora em que fui falar com ela.
Eu tinha absoluta certeza de que Victória estava ocupada demais com os quadros, mas parece que calculei errado. A desgraçada tinha que me achar. E pior ainda, inventar aquela história estapafúrdia. Nós não éramos mais noivos!
O mais esquisito foi eu não ter conseguido reagir àquele olhar cortante que a me deu. Ela estava visivelmente aturdida e eu não sabia o que fazer.
Se eu negasse o noivado na frente da Victória, ela iria me questionar depois o motivo de eu a ter feito passar vergonha na frente de sua artista predileta. E ela iria acabar descobrindo que ela é a outra.
Eu vi o momento exato em que seus olhos se perderam no seu próprio mundo. E ainda cheguei a ver quando ela subitamente começou a correr. Eu precisava reparar isso. Ela tinha que saber a verdade da minha boca.
- Por que... Porque fez isso?! – perguntei, já saindo do transe.
- Ora, , eu só queria mostrar para as pessoas o quanto eu sou bem sucedida.
- Bem sucedida? Você só pode ter algum distúrbio mental!
- Credo, ! Você viu a cara dela? Aposto que ela deve ter imaginado o quão impossível seria ela ter um cara como você. Convenhamos, homens como você não é pra qualquer uma. – ela gesticulou, se sentindo vitoriosa.
- Nós não estamos noivos, Victória!
- Eu não sou retardada, . Sei bem que nosso noivado acabou. Mas não se esqueça que ainda não desisti de você. Até parece que eu vou deixar esses urubus em cima de você. Eu vi como ela olhou pra você, ok? Ela estava te secando!
- Você vai mentir pra toda mulher que encostar em mim agora?
- Claro! Você vai voltar pra mim, . Escreva o que estou te dizendo. – ela falou com um sorriso maquiavélico e saiu rebolando como se nada tivesse acontecido.
- Você sabe que está sendo ridícula, né? Vai mesmo ficar se humilhando assim? – falei enquanto andava no seu encalço.
- O que o amor não faz, uh? – ela zombou com desdém.
Eu ignorei o comentário e passei apressado por ela.
- Onde pensa que vai? – ela perguntou com uma voz irritante.
- Tomar um ar. – falei ríspido e segui para o salão principal.
Rodei a procura dela e não a vi. Perguntei para as pessoas e finalmente descobri que ela havia subido as escadas. Subi até o primeiro andar e não a vi. Subi para o terraço e encontrei a porta fechada. Ela deveria estar do outro lado.
- ? , abre essa porta! – pedi com cautela.
- Vai pro inferno, ! – ela gritou com a voz embargada. Meu coração apertou só com a idéia de ter feito ela chorar.
- , vamos conversar. Abre essa porta, por favor… - supliquei.
Fez-se um longo minuto de silêncio até que a porta foi aberta bruscamente.
- Você é um completo idiota! – fiquei parado pra receber o tapa que ela preparou pra mim. E ela bateu. Não apenas uma, mas duas, três vezes. E depois extravasou sua raiva me dando vários murros no peito e se sacudia de uma forma até hilária. Ela se acalmou, afastou e cruzou os braços, fazendo um biquinho encantador.
- Agora que você liberou toda a sua raiva em mim, vai me deixar explicar? – perguntei retoricamente. Eu iria explicar ela querendo ou não.
- Era ela a sua querida irmã? – ela perguntou com acidez.
- Sim, era ela. Eu não queria que você soubesse do meu noivado antes que eu terminasse.
- Há! E ela era boa demais pra você conseguir terminar, certo? – ela riu ironicamente.
- Não. Ela não era boa demais. Ela não chega a seus pés, . – sorri satisfeito quando a vi arregalar os olhos e virar o rosto, tentando esconder o sangue que fluía nas bochechas. – Eu terminei com ela.
- Não adianta nada você terminar com ela agora pra me ganhar, .
- Eu não terminei agora. Terminei na sexta-feira à noite. Mas ela não aceitou muito bem e me convidou para essa exposição para conversar. Era o mínimo que eu poderia fazer por ela. Eu vim, mas ela ficou enciumada com a forma que você me olhava. Ela acha que ainda tem o direito sobre mim... – suspirei.
- Explica, mas não justifica. Você tinha uma noiva até poucos dias, !
- E o que isso importa agora? Eu não tenho mais e eu quero você! Eu escolhi ter você ao meu lado. Eu não queria que você fosse a outra, eu queria que você fosse a minha mulher, ! – observei quando ela me olhou com ternura e balançou a cabeça, esfregando os dedos nas têmporas.
- Se fosse... Se fosse eu, ? Se eu tivesse outro? Me diga sinceramente, o que você faria?
- Isso não vem ao caso. Você não faria isso. – neguei com a cabeça e me incomodei com o olhar significativo que ela me lançou. – Você não...? Ah não... Você tinha outro... – agora era eu quem estava massageando as têmporas.
O que pensar sobre isso? Minha beijando outro? Sendo tocada por outro? Na cama com outro? Não... não, não, não! Isso não era verdade... Ela só poderia estar jogando com as minhas emoções... Ela não faria isso... Ela não faria...
- Sim, , eu tenho um namorado.
- EU SOU O SEU NAMORADO, ! Você não pode ter dois namorados! – berrei exasperado.
- Que porra você está falando, ?! Você tinha uma noiva! NOIVA!!
- Quanto tempo? – perguntei, tentando não surtar.
- Moro com ele há quatro anos. – ela respondeu com a voz tremida.
- Há! Você mora com ele?! MORA?!
-É!! MORO! – ela deu um grito histérico.
- Ok. Só me diga uma coisa. Vocês...?
- Sim, nós transamos depois que te conheci.
Foi o mesmo que ter levado um chute no saco. Eu simplesmente não conseguia imaginar minha garota... Com outro... Era demais pra mim...
Dei alguns passos pra trás e encostei minhas costas na parede. Eu queria gritar. Eu queria estrangular o filho da puta que tocou nela. Mas tudo o que eu fiz foi me virar pra parede e socar com toda a força que eu tinha. Era a única forma que eu encontrei pra aliviar o meu estresse.
- Você percebe que eu não sou a única infratora aqui, né? Ou você quer que eu acredite que você não transou com a peituda lá?
- Eu não me lembro quando foi a última vez que transei com ela, ao contrário de você que me parece bem ciente de quando abriu as pernas pra outro! – falei com acidez, mas me chutei mentalmente por ter proferido aquelas palavras.
- Ora, seu imbecil! Quem você pensa que é pra falar assim comigo?
- Eu não... Eu não queria falar isso... – parei de esmurrar a parede quando senti os meus pulsos sangrarem.
- Mas falou, . Porque não termina logo o seu pequeno show? Vamos, diga tudo o que está entalado aí. Que você me acha a pior das vagabundas!
- Pare de colocar palavras na minha boca. Eu sei que você não é uma vagabunda, . O que eu falei, foi apenas por impulso. Eu não vou mentir pra você e dizer que estou feliz que você tenha estado com outro. E também não sou hipócrita pra afirmar que só você é a errada da história. Eu fui um filho da puta de ter prolongado esse romance duplo por tanto tempo, mas eu tentei consertar, eu tinha feito a minha escolha...
- E quem disse que eu não tinha feito a minha escolha? Eu não menti quando disse que te amava, ! Eu só não sabia como fazer pra acabar o meu namoro. Foram quatro anos, caramba! – ela suspirou derrotada e largou os braços ao lado do corpo.
- Me perdoe, . Eu queria tanto poder consertar isso… - murmurei com a voz falhada e me aproximei para tomar o seu rosto em minhas mãos.
- Você sabe que não vai ser possível, não é, ? Eu não sei como terminar com meu namorado... Eu não tenho forças... Você acabou de dizer que não gosta da ideia de me ver com outro...
- Como não tem forças, ? O nosso amor não te dá forças suficientes pra isso? – perguntei indignado, juntando nossos corpos e a abraçando forte contra meu peito.
- Eu sei, mas eu não consigo... Eu não quero que ele sofra... - ela choramingou.
- Ele vai superar, meu amor...
- Eu não sei... Eu preciso de mais tempo... – ela sussurrou e eu fechei meus olhos imaginando o que esse tempo extra significaria. Ela e ele, na mesma cama.
- Não, , por favor… Não me torture assim…
- Viu? É impossível ficarmos juntos!
- De quanto tempo você precisa?
- Eu não sei, ... Alguns dias... – ela falou e eu engoli em seco.
- Você poderia pelo menos tentar não...?
- , eu não gosto de transar com ele… - ela suspirou – mas às vezes fica difícil driblar...
- Faça um esforço... Por mim.
- Você tem certeza que vai querer continuar nesses termos? Eu não vou aturar seus ataques de ciúmes...
- Eu vou tentar não surtar...
- Você já está surtando, ... O seu pé não para de chacoalhar. Desde quando você tem tique nervoso? – ela falou com um tom divertido.
- Você não quer mesmo que eu responda, né?
- Eu tenho que voltar pro salão...
- Senão o seu namoradinho vem te buscar... – completei com ironia. Ela me olhou com uma expressão dolorida e eu me chutei pelo comentário infeliz. – Foi sem querer... – me desculpei.
- Então...
- Então é isso. Nos vemos amanhã no hotel... – falei e selei nossos lábios com carinho.
Desci as escadas primeiro, pra não gerar suspeitas. Segui pelo salão e não pude evitar a curiosidade de saber quem é o mané que mora com ela. O melhor era nem saber...

Capítulo 16

Voltei para o salão me sentindo bem melhor, renovada. No final das contas, tudo deu certo. Nós estávamos razoavelmente bem e não havia mais nada para esconder. Estávamos em pé de igualdade, tudo preto no branco. Ele não reagiu como eu pensei que fosse fazer, ele até foi compreensível... Não me chamou de vagabunda, não me acusou, e o mais importante, ele não me deixou.
Estava conversando com um colecionador quando o vi passar com a cabeça de fósforo no seu encalço. Seria muito estranho pular no pescoço dela e dar um ou dois tapas naquela vadia mentirosa? Hum... Iria ficar bem estranho, mas que eu queria, ah, se queria...
Observei atentamente quando eles saíram do salão e ainda arrisquei uma bisbilhotada pela imensa janela de vidro. Eles estavam indo embora, o que de certa forma era um alívio pra mim. Eu não o queria perto do meu namorado, ainda não tinha certeza sobre o tipo de reação que o teria quando o conhecesse.
Não. Definitivamente não seria uma reação agradável.
Voltei minha atenção para a exposição, circulando entre os convidados, ora conversando sobre os quadros, ora discutindo sobre arte de uma maneira geral. É, estava tudo indo perfeitamente bem.
- , você não vai acreditar! – Sarah, minha curadora, surgiu entre as pessoas e praticamente gritou.
- Algum progresso, Sarah? – perguntei casualmente.
- Recebemos uma oferta impressionante pelo “Amantes”. Olhe essas cifras! – ela me estendeu uma nota com um valor bem generoso.
- Esse quadro não está mais a venda, Sarah. – neguei com um balançar de cabeça.
- Como não?! Ficou louca? É o seu melhor quadro! – ela exclamou com um toque de histerismo.
- Desculpe, mas eu preciso desse quadro.
- E você só me diz isso agora? O que eu vou dizer para o cliente?
- Diga que a obra já foi vendida. – respondi indiferente.
- Você é absurda, ! Vai perder uma nota por causa de um capricho?
- Eu não vou discutir minhas razões com você, Sarah, com licença... – dei as costas e voltei a perambular pelo salão.
- Hei, , aconteceu alguma coisa entre você e Sarah? Ela está espalhando por aí que você perdeu o juízo... – meu namorado me abraçou por trás e depositou um singelo beijo no meu pescoço.
- Não aconteceu nada. Hum... Estou tão cansada... Não vejo a hora disso acabar... – choraminguei enquanto ele me balançava como se eu fosse um bebê grande.
- Já está acabando, querida, só mais um pouquinho e você estará em casa, em nossa cama, e poderei te fazer uma massagem daquelas...
- Hum... Eu realmente preciso de uma massagem...

Finalmente o salão ficou vazio e nós pudemos retornar pra nosso lar. Eu estava exausta. Não conseguia nem raciocinar direito, quem dirá prestar atenção nas baboseiras que meu namorado tanto falava.
Tomei um banho demorado, me enxuguei e sem me preocupar com roupas, eu caí na cama. Segundos depois, senti um cheiro másculo misturado com sabonete e loção pós-barba. Em seguida um peso na minha bunda e mãos macias serpenteando pelas minhas costas nuas.
- Hum, … Ficar assim toda nua é uma baita sacanagem, sabia? Tão gostosa... – ouvi uma voz rouca, mas não tive forças pra responder. Nem sabia mais se eu estava dormindo ou acordada. Só sabia que aqueles movimentos em minhas costas estavam me deixando mole... mole...
- Uh... Está tão bom, ... Continua assim... – tentei não embolar as palavras, mas já não tinha certeza do que exatamente eu falei. Estava tão difícil raciocinar com todo aquele sono, cansaço e aquelas mãos maravilhosas...
- O que disse?! – senti as mãos pararem os movimentos e uma voz grossa ecoar nos meus ouvidos.
- Hummm... – balbuciei enquanto caia na inconsciência.
- , não durma agora, me diga o que falou! ! – senti o meu corpo sendo chacoalhado, mas estava tão bom... Eu só queria dormir...

Acordei com o clássico som do despertador do meu namorado. Tirei o cobertor de cima da minha cabeça e me estiquei na cama pra espantar o sono.
- Dormiu bem, ?
Êpa! Desde quando ele me chama de ?
Girei minha cabeça para encontrá-lo sentado na cama, de braços cruzados.
- Bom dia! – exclamei com um sorriso amarelo.
- Quem diabos é ? – ele perguntou rispidamente.
- ? Boa pergunta. Nunca ouvi esse nome antes… - fiz minha melhor cara de desentendida.
- Você falou ontem quando eu te fazia uma massagem.
- Você tem certeza? Eu posso ter bagunçado as palavras, estava completamente lesada! – tentei manter uma feição divertida.
- Eu não sou surdo, muito menos idiota. Eu sei o que eu ouvi.
- Ok. Vejamos então. ... … É um nome bastante familiar… - esfreguei o queixo como se estivesse realmente pensando. - AH! Já sei! Não é o nome daquele personagem do meu desenho predileto? – menti descaradamente. Eu nem assistia desenho.
- Você estava sonhando com um desenho animado? – ele me olhou incrédulo e eu quase ri com a facilidade que ele acreditava nas minhas baboseiras. Eu já tinha ganhado aquela batalha.
- Aparentemente sim, mas eu não me lembro. Estava realmente muito grogue... – dei de ombros e levantei para recomeçar mais um dia daqueles, que incluía, eu e , na mesma cama...
Depois de seguir minha rotina matinal, eu corri para o hotel. E findada uma boa sessão de amassos, eu acabei contando pra o que ocorreu noite passada, seguida pela minha discussão com o meu namorado. Ele nem se abalou por eu ter chamado por ele, e sim por meu namorado ter me feito uma massagem. Ele não queria que eu fosse tocada sob hipótese nenhuma e decidiu que ele fazia uma massagem melhor do que ninguém. O resultado disso tudo foi que recebi uma bela massagem dos pés a cabeça, com direito a beijos, mordidas, lambidas... Enfim...

Toda a semana se processou dessa mesma forma. Eu ficava em casa durante as manhãs e uma parte da tarde, ou ia para a galeria, e ao pôr do sol eu ia para o hotel. estava se esforçando para não tocar no assunto “Eu e meu namorado”, mas vez ou outra ele voltava a insistir que eu deveria resolver isso. Eu não queria ser pressionada, mas também não poderia reclamar, afinal ele estava certo, e eu teria que dar um fim no meu relacionamento. Eu só não sabia como...

O final de semana chegou e eu tive outra briga com . Ele queria que passássemos juntos na sua casa de campo, mas eu não poderia, pois era o aniversário do meu namorado. Ele deu outra crise de ciúmes e me acusou de estar gostando de ficar com os dois... Ainda teve o disparate de dizer que o meu presente para o meu namorado seria uma linda noite de sexo selvagem. E eu tive que rir. O pior era que eu não podia negar que nós iríamos transar naquela noite, porque era algo muito provável. Era o aniversário dele, é óbvio que ele iria querer fazer sexo com a sua parceira, que no caso era eu. O resultado de toda essa discussão foi ele voltando pra casa com a cara inchada de raiva e eu voltando pra minha com a consciência pesada.

Nesse mesmo dia, sábado à noite, eu segui juntamente com meu namorado, para o restaurante onde ele estaria comemorando o seu aniversário. O local foi reservado só para essa festa, pois o exibido resolveu convidar todos os seus funcionários, amigos e família, ou seja, muita gente.
Eu tinha absoluta certeza de que essa festa seria um tédio...

* Pov*

Eu estava me esforçando. Juro que estava tentando ser compreensível. Mas às vezes ficava difícil segurar a língua dentro da boca.
Não dava pra entender o porquê dela simplesmente não acabar com essa palhaçada! Por Deus, não era o fim do mundo! Todo mundo leva um chute na bunda uma vez na vida, e essa era a vez do namorado dela ir pastar!
Mas não, ela não conseguia. Isso estava ficando tão ridículo! Eu fazia de tudo pra mostrar pra ela o quão feliz seria só comigo ao seu lado... Ela parecia não querer enxergar ou algo assim.
Eu não sabia que tipo de artimanhas ela fez para não transar com aquele bastardo durante a semana e isso me deixava mais tranquilo, mas eu sabia que de hoje ela não passava. Era aniversário do sujeito, ele iria querer aproveitar o fim de semana... Eu não conseguia aceitar isso, era demais pra minha cabeça...
No final das contas, nossa discussão não nos levou a nada. E eu voltei pra casa sentindo minha cabeça mais pesada... Eu precisava sair, extravasar, fazer alguma coisa que não me lembrasse de que essa noite a minha garota estaria nos braços de outro...
Inferno!
Estava largado no sofá da minha sala e olhando para o quadro da . Eu queria tanto não pensar nela nessa noite... Se eu pudesse simplesmente apagar isso da minha mente...
Eu poderia beber alguma coisa, talvez isso ajudasse. Levantei-me e fui pegar um garrafa de Whisky, mas antes que eu a alcançasse, o meu celular tocou.
- Victória, eu já falei que não tem mais nada seu aqui no apartamento...
- Credo, , quanta pressa pra se livrar de mim! Eu só liguei pra pedir um favor...
- Se estiver ao meu alcance... – suspirei derrotado.
- Hoje é o aniversário do meu chefe. E eu não queria ir sozinha... Você poderia me acompanhar? Como amigos...
Hum... Uma festa não seria nada mal pra esquecer os meus “problemas”.
- Como amigos seria ótimo. Que horas passo na sua casa? – perguntei casualmente.
- Às 20:00 seria perfeito. – eu pude ouvir o seu gritinho histérico do outro lado da linha.
- Te vejo às 20:00 então.
Desliguei e fui direto para o chuveiro. Seria só uma festinha, nada demais. Eu só esperava que a Victória entendesse o real sentido da palavra amigos. Ela era muito espertinha pro meu gosto. Não poderia ser tão ruim sair com ela...
Às 20:00 em ponto eu estava em frente à casa dela. Minutos depois nós estávamos adentrando o restaurante onde estaria ocorrendo a tal comemoração. E segundos depois que eu entrei, eu pude avistar uma silhueta muito conhecida por mim.
Isso não poderia estar acontecendo, poderia? Era muita coincidência pra ser verdade. Eu devo ter dormido no sofá e sonhei com tudo isso. Só poderia ser a porra de um pesadelo.
O bastardo namoradinho da era o chefe da minha ex?
Desgraça pouca é bobagem...

Capítulo 17

* Pov*


- Venha, , quero te apresentar ao meu chefe. – Victória puxava o meu braço com força enquanto eu continuava a fitar aquela mulher de costas pra mim.
Não vou mentir que estava querendo sair dali. Eu queria, e muito, saber quem era o babaca que estava empatando a minha vida com a . Eu poderia até mesmo acabar logo com essa palhaçada. Mostrar pra ele que ela já tem dono. O problema seria se a me odiasse depois disso...
Victória finalmente parou de andar.
- Sam, eu gostaria de apresentar o meu… er… acompanhante. , este é Sam Uley, meu chefe. – Victória falou não muito contente.
O sujeito me olhou de cima abaixo e estendeu a mão para mim.
- Muito prazer, .
- Igualmente Sam. – respondi com um falso sorriso e girei meus olhos para a garota que estava à alguns metros de distância.
- Vic, você já conhece a minha namorada? – ele comentou enquanto girava a cabeça em busca do seu “potinho de ouro”.
- Creio que não, Sam, mas adoraria conhecê-la... – ela respondeu com um tom extremamente falso e pude sentir até um toque ácido ou irônico talvez...
- , meu amor, venha aqui um instante, sim? Quero te apresentar uns amigos.
Há! Amigos! Que piada, não?
Observei atentamente quando ela se virou pra nós e engasgou com a bebida que acabara de deglutir.
- Uh... Eu não sei como ela consegue engasgar com a própria bebida... – o babaca resmungou e caminhou até ela, que ainda estava vermelha e tentando parar de tossir.
Acompanhamos os seus passos e eu não consegui evitar de lançar um sorriso torto para . Ela me olhava apavorada ao mesmo tempo em que tentava não dar um vexame.
- Vejam só se não é a famosíssima McLane! – Victória exclamou com acidez.
- Er... Que coincidência revê-los aqui... - falou depois de tomar o copo de água oferecido pelo namorado.
- Realmente, mas isso é muito bom, não é verdade? – Victória continuou com o seu showzinho de sarcasmo, enquanto eu fitava minha garota que ainda estava um pouco aturdida.
- Vocês já se conhecem? – o babaca perguntou espantado.
- Oh, sim! Eu sou uma admiradora do trabalho da sua e a conheceu semana passada, na exposição. – Victória gesticulou as mãos como se fosse a coisa mais casual do mundo.
- Nesse caso não precisamos fazer cerimônias, não é mesmo? Vamos, juntem-se à mesa! – Sam falou enquanto nos encaminhava para uma imensa mesa central, repleta de outras pessoas.
Victória fez questão de sentar de frente pra ... Segundo ela, era necessário para colocar as novidades em dia, coisa de mulher. Ridículo! Até parece que elas eram amigas a esse ponto... E eu acabei ficando também de frente pra ela, já que estava sentado ao lado de Victória.
- Então, , a exposição foi um sucesso, uh? – Victória começou...
- Oh... Sim, foi tudo muito bem.
- Me conte, quando sai esse casamento? O seu namorado não para de olhar pra você... Eu até posso ver os olhos dele brilhando... – Victória perguntou com uma falsa empolgação.
- Er... - se balançou, mostrando total desconforto com aquele assunto. E eu não ficava pra trás... – Não temos planos pra casamento... – ela respondeu desajeitada.
- Oh... Uma pena. Um desperdício, na verdade. Aposto que tem várias mulheres nos pés do Sam. Você sabe... Um cara boa pinta, bem sucedido...
- Eu não vejo porque me preocupar com isso, Victória. Eu confio nele. - respondeu com acidez e eu torci a boca em desgosto.
Eu confio nele... Blá Blá Blá!
- E o seu noivado como vai indo? - perguntou com um sorriso maquiavélico.
- Ah... bem... – Victória gaguejou e eu quase dei uma gargalhada.
- Nós rompemos. – falei com um sorriso torto. sorriu e fingiu bebericar de sua bebida.
- Hum... Eu não sabia... Eu sinto muito se fui inconveniente... - falou com uma falsa condolência.
- Não, tudo bem. Nós ainda somos grandes amigos, não é, ? – Victória esticou na palavra amigos, querendo dar um sentido a mais, que não passou despercebido por . Ela fez um bico desgostoso e me fuzilou com os olhos.
- Oh... Entendo perfeitamente. - finalizou enquanto girava a cabeça, fingindo estar atenta à outras coisas.
Victória continuou o seu falatório, e de alguma forma ela sempre voltava ao assunto “ e seu maldito namorado”. Era como se ela estivesse provocando intencionalmente...
Eu já não aguentava mais esse papo irritante e a estava visivelmente desconfortável com tudo isso. Aproveitei que a Victória deu uma trégua e foi buscar uma bebida e gesticulei com a cabeça para que visse que eu a esperaria no banheiro. Ela arregalou os olhos, horrorizada, e tentou negar, mas eu ignorei os seus protestos mudos. Levantei e caminhei sorrateiramente até o corredor vazio que nos levaria ao banheiro. Esperei na frente dos banheiros masculino e feminino e logo ela surgiu no corredor.
Ela correu no corredor feito uma menina de cinco anos e praticamente pulou no meu colo, me beijando e me apertando com violência.
- Você é louco! Olha só o que estamos aprontando! – ela exclamou esbaforida.
- Eu só queria conversar, mas você veio toda fogosa... – sussurrei com o meu melhor tom sacana, enquanto espalmava minhas mãos em sua bunda e a empurrava de encontro ao meu corpo.
- É muita tensão na minha cabeça, , eu preciso extravasar... – ela lamuriou no meu ouvido e apertou a minha bunda.
- Hum... Posso dar um jeito nisso... – a peguei no meu colo e empurrei a porta do banheiro masculino. Tranquei por dentro e a prensei contra a parede. - Diga-me, senhorita McLane, você quer gozar com o meu pau ou com a minha boca? – sorri satisfeito quando ela gemeu em resposta.
- Com... com... com os dois... – ela respondeu entre gemidos.
- Você é uma menina muito gulosa, , vamos, escolha um... – sussurrei em seu ouvido ao mesmo tempo em que levantava e retirava o seu vestido.
- Oh... eu quero... eu quero... o seu... – ela lamuriou enquanto assaltava o botão da minha calça.
- O meu...? Diga, , o meu o que? – sussurrei enquanto abaixava sua calcinha e enfiava dois dedos em sua entradinha molhada.
- Oh... O seu pau, ... Eu preciso... – dei mais algumas estocadas com os dedos e a virei de costas pra mim.
- Empina esse bumbum pra mim, ... – pedi enquanto me posicionava pra entrar com tudo.
Ela atendeu o meu pedido e me deu uma visão perfeita daquela grutinha gostosa. Segurei os seus quadris e deslizei pra dentro dela.
- Oh... Ah... – ela gemia baixinho enquanto eu acelerava meus movimentos.
Bombei mais algumas vezes e já podia sentir o orgasmo iminente.
- Oh... Eu vou gozar, ... Não pára...
- Vem pra mim, ... Vem...
Segundos depois estávamos estremecendo de prazer.
- Uh... Tão bom... – ela balbuciou ainda arfante.
- Hum... Eu ficaria aqui a noite toda, mas as pessoas vão perceber...
- Oh droga! Esqueci completamente onde estava! – ela exclamou e já começava a se limpar. – Vamos, , vista-se!
- Eu queria conversar... – murmurei enquanto vestia minha calça.
- Não dá, , não podemos conversar no hotel? O que você quer saber? E a propósito você não me avisou que iria sair com a cabeça de fósforo! – ela falava rapidamente ao mesmo tempo em que se arrumava.
- Ela me convidou em cima da hora, apenas como acompanhante. Eu não vi problema nisso. Você sabia que ela era funcionária do babaca?
- , quantas vezes vou precisar repetir que ele não é um babaca? E não, eu nem sei direito o que o Sam faz no trabalho, quem dirá conhecer os funcionários dele! – ela deu umas batidinhas nas bordas do vestido e parou pra me fitar.
- Quê? – perguntei aturdido.
- Você não vai querer esfolar o Sam na própria festa de aniversário dele, não né? – ela me perguntou com uma feição preocupada.
- Hei, que tipo de idiota você acha que eu sou? O babaca aqui é o Sam!
- Argh! Eu vou voltar pra lá. Comporte-se. – ela me deu um selinho estalado e saiu porta a fora.
Esperei alguns minutos e voltei pra mesa com a maior cara lisa do mundo. Como se nada tivesse acontecido...

Passamos mais alguns longos minutos ouvindo as pessoas se vangloriarem por seus feitos na empresa ou Victória querendo discutir sobre os vestidos que as outras mulheres estavam vestindo. Quando foi que ela ficou tão fútil e irritante?
De repente, o babaca se levantou e bateu numa taça com um talher.
- Eu gostaria da atenção de todos. – todos pararam suas conversas e voltaram sua atenção pra ele. E eu, bem... Eu queria mesmo era pular no pescoço dele e dar um ou dois murros naqueles dentes brancos.
- Bom, primeiramente eu queria agradecer pela presença de todos nesse dia muito especial para mim. E pra finalizar a noite com chave de ouro, eu gostaria de fazer um pedido. – ele respirou fundo, como se tivesse nervoso... – Um pedido pra .
Hum... Um pedido? Nada bom...
Olhei atentamente para a expressão confusa de e constatei que ela estava tão alheia a esse tal pedido quanto o resto de nós.
- , você já está cansada de saber o quanto eu a amo, então eu não sei mais porque prolongar essa nossa situação de namorados... Nós já moramos juntos, isso não é novidade pra ninguém, mas eu acho que já passou da hora de darmos o próximo passo.
Há! Há! Há!
Fechei meus punhos com força, travei meu maxilar e observei quando o mané se ajoelhou na frente dela. Ah... Eu vou dar muita risada quando ela disser NÃO!
- , você aceita se casar comigo? – ele falou, ela arregalou os olhos e nós ficamos em silêncio esperando a resposta.
E mais silêncio...
- ? – Sam perguntou com a voz tremida e ela apenas abria e fechava a boca diversas vezes.
- Eu... eu... eu... Sam, eu... Aceito? – ela torceu a cara e gaguejou até sair algo parecido com uma pergunta.
- Ufa! Por um minuto eu pensei que você fosse me chutar! Eu amo você, ! – ele a puxou para um beijo, na minha frente.
NA PORRA DA MINHA FRENTE!!
E todos aplaudiram e ovacionaram os noivos.
E inacreditavelmente ela aceitou... Ela... Aceitou.
Eu diria que o meu atual estado não era só raiva. Era ódio, era tristeza, medo, pânico, dor.
Numa atitude totalmente inconsciente, eu me levantei bruscamente ao mesmo tempo em que esmurrava a mesa.
- o que você está fazendo? – Victória sussurrou e tentou me puxar para baixo. Mas eu já estava na merda mesmo. Todos pararam e me olharam.
Olhei profundamente nos olhos dela e a via balançar a cabeça negativamente. E ali eu soube que se eu falasse tudo o que eu queria, iria estragar tudo e ela me odiaria.
- Eu proponho um brinde... aos noivos. – tentei parecer casual e aparentemente funcionou, pois todos se levantaram e brindaram.
Fechei meus olhos com força, não querendo acreditar em nada disso. E mais uma vez eu desejei que estivesse dormindo naquele sofá e que tudo não passasse de um pesadelo.

* Pov*

E eu pensando que as coisas estavam ruins. Tudo parecia desmoronar ao meu redor. Como assim me pedir em casamento? Em público!!! Como eu iria rejeitá-lo na frente de tanta gente?
Eu já imaginava que fosse surtar. E por um instante eu pensei que ele fosse despejar toda a verdade. Aparentemente ele atendeu o meu pedido mudo e nada disse, mas em compensação ele não parava de me olhar com uma expressão dolorida e batucar os dedos na mesa.
Percebi quando ele encostou a cabeça no ouvido da bandida e sussurrou alguma coisa. Segundos depois ela mexeu em sua bolsa e o entregou algo por baixo da mesa. Ele se mexeu na cadeira e eu supus que colocou o objeto no bolso da calça. Levantou da mesa de caminhou para a saída do restaurante. Petrifiquei preocupada. Será que ele estaria indo embora? Não, ele não deixaria a acompanhante aqui. Mas o que diabos ele foi fazer lá fora? E o que ele colocou no bolso?
Obedecendo a curiosidade que estava me matando, eu sussurrei no ouvido de Sam que iria tomar um ar. Ele concordou e pediu para não demorar.
Saí do restaurante e olhei em volta à procura dele. Ele estava parado de costas pra mim, encostado num pilar, e com um braço flexionado em direção a cabeça. Andei mais um pouco e estranhei a fumaçinha que saia ao redor dele. Ele estava... fumando?!
- Desde quando você fuma?! – perguntei exaltada.
- Desde que a minha namorada ficou noiva de outro cara. – ele respondeu com acidez.
- Eu não... Você sabe que eu não poderia rejeitá-lo nessas condições...
- Oh sim, você poderia. Tudo é uma questão de escolha, .
- Eu escolhi você! Esse noivado foi um acidente, !
- Há Há! Acidente? Oh, por favor! Você só precisava dizer que não estava preparada pra esse tipo de compromisso!
- Como não, ?! Nós vivemos como um casal há anos! Isso não seria desculpa! – ele levantou a cabeça e soprou uma baforada de fumaça. – Largue essa porcaria! – puxei o cigarro da mão dele e joguei no chão. – Escute aqui! Eu vou terminar esse namoro, noivado, o que quer que seja! Eu só preciso deixar a poeira baixar, ok?
- Oh, sim, quanto tempo a mais você quer? Uma década está bom? Porque o paspalho aqui vai esperar o tempoooo que for preciso... – ele ironizou com acidez.
- Alguns dias, ... – suspirei derrotada.
- Sabe o que mais me irrita disso tudo?! – ele falou com a voz levemente rouca. – Eu fico imaginando o que aquele brutamontes faz com você. Eu tento, mas eu não consigo parar de visualizar essa cena! Ele é duas vezes maior do que eu e eu tenho medo de que ele te machuque, eu não quero que você volte pra mim quebrada...
- Meu Deus, , eu não acredito que você está preocupado com isso... Você está surtando por causa do meu corpo?! Você não deveria estar preocupado com o meu coração?!
- Eu sei, mas é mais forte do que eu! Eu fecho os olhos e tudo o que eu vejo é aquele monstro em cima de você! – com essa eu tive que rir.
- , o que te leva a crer que você é menor do que ele? Além de surtado você ficou cego? – perguntei, tentando prender o riso. Ele me olhou como se eu fosse um alienígena e cruzou os braços.
- Ele tem dois metros e meio e você não tem nem a metade disso. Como você ainda está inteira?!
- Dois metros, ?! Ora, por favor, ele só tem alguns centímetros a mais que você! E convenhamos, altura não é padrão pra nada. Se fossemos discutir o que realmente poderia me machucar, você estaria liderando o ranking no mais alto grau de periculosidade.
- O quê? Você está dizendo que eu sou perigoso? Em que sentido?
- Uh... – bufei impaciente – Você é bem maior do que o Sam, ... – dei uma olhada significativa para suas partes baixas e observei quando a compreensão chegou aos seus olhos.
- Oh, por favor, ! Você quer que eu imagine o tamanho do pau de outro cara? Você não está me ajudando em nada! Eu não quero saber que tipo de entrosamento você tem com ele, faça-me o favor!
- Foi você que começou com essa conversa idiota! Porque aparentemente você está mais preocupado com a forma que o Sam me fode, do que com o que eu realmente sinto quando tenho que passar por essa tortura! Eu não gosto disso tanto quanto você! – respirei profundamente e fechei meus olhos. – Eu me sinto violada quando ele me toca, eu me sinto uma vagabunda quando eu tenho que fazer a coisa toda, pra que ele me toque o mínimo possível. Você não percebe que eu também sofro com isso?
- Você sofre porque quer, ! Por Deus, acabe com essa tortura! – ele me pegou nos ombros e me sacudiu.
- Eu não... eu não posso ainda...
- Ah! Que se foda essa merda toda! Eu tô caindo fora. – ela largou meus ombros e começou a andar de volta ao restaurante.
- Hein?! O que você quis dizer com “estou caindo fora?” – perguntei com a voz trêmula.
- Que você está livre pra tomar suas próprias decisões. Procure-me quando estiver livre - ele encolheu os ombros e colocou as mãos dentro dos bolsos da calça.
- Você está rompendo comigo?! – perguntei com a voz embargada e os olhos marejados.
- É. – ele respondeu num sussurro e entrou no restaurante.
Eu fiquei ali parada. Em choque.
Tentei segurar a maré de emoções que me assolavam. Tentei não chorar descontroladamente. O que, na verdade, era impossível.
Isso não foi exatamente o que eu esperava. Eu não queria terminar com o ... Eu queria terminar com o Sam! Não havia a mínima possibilidade de eu viver feliz sem o ...
E agora? O que fazer para consertar as coisas? Como eu queria que as coisas fossem mais fáceis...

Capítulo 18

Duas semanas.
Duas malditas semanas se passaram desde a nossa separação.
Meu corpo e minha alma se negavam a aceitar tal distância. Parecia que o mundo tinha parado... Desde aquele dia eu afundei de cabeça na escuridão.
Até então eu não havia percebido a grandiosidade dos meus sentimentos por ele. Tudo parecia tão mais simples. Eu dizia que o amava e ele me correspondia e isso era o suficiente. E foi com essa distância dolorosa que eu descobri que só palavras não eram suficientes. Eu precisava dele, do seu corpo, da sua alma, do seu sorriso, do seu abraço, seu beijo...
Naquele dia nebuloso, eu não consegui mais voltar para o restaurante. Mandei uma mensagem de texto pra Sam e voltei de táxi pra casa. Tomei uns dois ou três comprimidos de diazepam e me forcei a dormir para tentar esquecer a minha infelicidade.
Tudo estava dando errado mais uma vez. E era tudo minha culpa. Eu só precisava acabar com aquela farsa de noivado e voltar para os braços de , mas por que eu não conseguia? Era isso que eu queria, não era? Era o homem que me fazia feliz, não era? Então por que eu simplesmente não dava adeus ao Sam e ia embora?
não entendia… Eu também não conseguia me entender...
Durante esse período, eu me senti doente, destruída. Ficava praticamente todo tempo deitada e escondida sob o edredom. O Sam já havia desistido de saber o motivo daquela depressão toda, ele achava que eu tinha entrado em pânico com a história do noivado. E de certa forma, ele não estava errado.
Tentei ligar diversas vezes pro , mas quase sempre caía na caixa postal. Quando ele atendia, era sempre curto e grosso e falava coisas do tipo: “Você está livre? Não? Sinto muito, tchau.”, “O que você quer? Não temos mais nada para conversar”, “Estou ocupado agora...”
Eu sentia meu coração sendo quebrado em um milhão de pedacinhos. E quando me ignorava, nosso relacionamento parecia pender mais ainda para o fim. Eu não queria o fim. Nós ainda nem tínhamos começado!!
Ao fim dessas duas semanas, eu já me encontrava num estado catatônico. Não conseguia comer direito e tudo que comia eu botava pra fora. Estava constantemente nauseada e indisposta. Sentia dores de cabeça insuportáveis e decidi que assim eu não poderia ficar.
Procurei um médico para me ajudar a melhorar o meu estado lastimável e providenciei um presente para , com uma carta e um pedido de desculpas, com um pedido patético de reconciliação. Sentia-me tão idiota, mas ao mesmo tempo tão renovada por estar correndo atrás daquilo que trará a minha felicidade. Se ele não me aceitasse de volta, então eu desistiria. Aceitaria a vida mais ou menos que o Sam me proporcionaria, e quem sabe, formar uma família “feliz”...
Terminei de aprontar o presente e enviei por um entregador. Fiquei deitada no sofá, com o celular na mão, esperando ansiosamente por sua resposta. Não demorou nem quarenta minutos depois que o entregador saiu daqui para meu celular tocar.
- Você está zoando com a minha cara, ? – ouvi a sua voz enraivecida ecoar pelo aparelho.
- Vo-vo-cê não gostou do presente? – gaguejei, temendo o pior.
- Eu pensei que tivesse deixado claro que não gosto dessa porcaria de Amantes!!!
- Mas... Você disse que tinha gostado...
- Da pintura sim, mas esse título é patético! Você acha que eu vou colocar isso na minha sala? Amantes, ? Você sabe que eu tenho total aversão a isso, não sabe? Me faz parecer um idiota, faz o nosso relacionamento parecer uma brincadeira!
- Mas eu não fiz alusão a nós!!! É só um quadro, !
- Pra mim parece que você está me jogando na cara que é apenas isso que nós fomos, AMANTES! – ele vociferou.
- Te enviei esse quadro porque é o meu predileto... Eu não o vendi porque queria que ele fosse seu... – tentei contornar o seu mau humor.
– Eu não quero esse tipo de presente! Venha pegar essa droga ou eu cortarei em pedacinhos e jogarei no vaso sanitário! – ele concluiu aos berros e desligou sem me dar chance de retrucar.
Fiquei parada alguns minutos, com o celular na orelha. Era isso? Minha tentativa havia falhado? Ele teria lido a minha carta pelo menos?
Não. Eu não iria desistir tão fácil ainda. Iria lançar mão de todas as cartas que eu tinha. Iria ao apartamento dele e o faria entender que ele estava sendo um idiota por terminar o nosso romance. Ele não podia simplesmente me chutar e ficar por isso mesmo. Ele disse que me ama, não é mesmo? Eu só precisava ouvir da boca dele, com ele olhando diretamente nos olhos, que não me amava mais. Se isso fosse verdade, eu abriria mão de tudo. Seria minha última tentativa...
Troquei de roupa e peguei o meu carro. Aproveitei para passar na clínica e verificar os resultados dos exames. Tomei o caminho para o seu apartamento e, depois de muito pensar, bati na sua porta. Era isso, ou ele me aceitaria de volta, ou estaria tudo acabado, pra sempre...
Minutos se passaram e ninguém apareceu. Toquei de novo, e de novo, e de novo. Chutei a porta, com força.
- , abre essa porta!!! – gritei enquanto dava chutes e murros na porta.
Alguns instantes a mais e finalmente ele abriu a porta.
- O que faz aqui? – ele perguntou ríspido. Não pude deixar de notar as suas olheiras profundas, seus cabelos desgrenhados, seus olhos vermelhos e úmidos e o rosto levemente inchado.
- Parece que não foi só eu que andei chorando, uh? – perguntei ironicamente enquanto o empurrava pelos ombros.
- Não me lembro de tê-la convidado a entrar – ele falou com escárnio.
- Onde está o quadro? – perguntei enquanto subia as escadas.
- Que quadro? O meu presente?
- O que você disse que não queria... – paralisei quando cheguei até a sala e vi o meu quadro perfeitamente exposto na parede antes ocupada pela minha antiga pintura. Olhei extremamente confusa pra ele e ele apenas deu de ombros.
- Ficou legal aí... – ele murmurou um tanto sem jeito.
- Mas você disse que não...
- Não tinha lido a sua carta... – ele encolheu os ombros e se sentou no sofá. – quer beber alguma coisa? – ele perguntou e eu continuei confusa com sua recente mudança de humor. Ele não tinha, praticamente, me enxotado há minutos atrás?
- Se você leu a carta e aceitou o presente, porque estava brigando comigo agora a pouco...?
- Porque eu queria ter forças de te tirar da minha vida, do meu coração... – ele murmurou, enquanto brincava com uma latinha de cerveja.
- É isso que você quer, ?
- Não... Eu me sinto tão quebrado, ... Por dias eu desejei não sentir tanto amor por você... Seria tão mais fácil se fosse só uma brincadeira... Se fosse só sexo... Mas nunca foi, não é mesmo?
- Nunca foi, . Eu te amei desde a primeira vez que você me tocou. O primeiro beijo... Céus! Eu te amo tanto que chega a doer!
- Eu passei tanto tempo tentando te mostrar o quão melhor você viveria ao meu lado, mas eu fiz tudo errado! Eu não deveria te mostrar isso com sexo, eu precisava te dar segurança! É só por isso que você ainda não largou o Sam, não é? – ele falou tão convicto que eu me chutei por não ter percebido isso antes. Era óbvio que eu queria segurança! Sempre foi isso!
- , eu… - suspirei. - Você está certo. Estive com o Sam por mais de quatro anos e eu sempre soube que o que eu precisasse ele iria me dar, que sempre que eu quisesse, ele estaria ali. Não que você não vá fazer o mesmo, mas é impossível não sentir medo do que o futuro me aguarda. Eu tenho tanto medo de te perder e não ter a quem recorrer... Eu tenho tanto medo de ficar sozinha... – nesse ponto eu já estava debruçando em lágrimas.
- Então case-se comigo, ! O que mais você quer? Você quer filhos? Eu te darei filhos! Você quer conhecer minha família, meus amigos? Eu posso fazer tudo o que quiser. Só não tenha medo de se entregar a mim... – ele falou com um olhar penetrante e eu pude sentir o meu coração falhando uma batida. Como ele fala todas essas coisas assim? Eu poderia ter uma parada cardíaca!
Atravessei o caminho que nos separava e me sentei no seu colo, com uma perna de cada lado.
- Nesse final de semana eu vou jantar com o Sam. – prendi o riso quando ele torceu a cara numa careta. – Eu vou acabar com tudo isso. Terminarei com ele e venho morar com você, ou num hotel se você não me quiser aqui... – ele não permitiu que eu terminasse. Atacou a minha boca com violência e me beijou com furor.
- Eu te amo, ... – ele sussurrou entre beijos.
- Eu quero fazer amor com você, ...
- Hum... Por que você veio tão vestida? – ele resmungou enquanto tentava arrancar minhas roupas bruscamente.
- Porque estava frio... Oh... – gemi quando o calor dos seus lábios invadiu o meu mamilo.
Ele lambeu e mordeu cada um dos meus seios, ao mesmo tempo em que levantava a minha saia. Eu abri o botão de sua calça, abaixei o zíper e fiz força para descer a calça e a boxer ao mesmo tempo. Ele não queria esperar mais, desse jeito bagunçado, ele meio vestido e eu meio vestida, ele afastou a minha calcinha para o lado e deslizou para dentro de mim, me fazendo gemer alto.
- Ah... ... Oh, céus, que saudade...
- Uh... Eu te desejei tanto nesses dias... – ele falou com sua voz levemente rouca, enquanto eu me apoiava em seus ombros e cavalgava no seu mastro rijo. – Vem, gostosa, rebola vai...
- Oh... Uh... Estou tão perto...
Algumas estocadas depois eu senti o meu corpo convulsionar enquanto continuava o trabalho em busca de seu próprio prazer.
- Droga, , você é uma menina má... – ele me mordeu o pescoço com um pouco mais de força e deu a sua última estocada antes de ser atingindo por um orgasmo frenético. – vamos para o meu quarto, eu preciso de muito mais de você...
Andamos até o seu quarto e jogamos o resto das roupas pelo chão. Ele me deitou na cama e me posicionou de lado. Levantou a minha perna esquerda e a apoiou sobre o seu ombro, enquanto ajoelhou-se entre minhas pernas e ficava numa posição que o permitia ter uma visão completa da minha intimidade. Rapidamente ele começou a estocar com força. Ele urrava e eu gemia a cada investida. Ele ia fundo e depois retirava, para depois estocar com força. Tudo o que se podia ouvir eram nossas respirações descompassadas, o choque de nossos corpos e o som que nossos fluidos emitiam.
Sentia-me extasiada e completa. Sentia-me amada como nunca antes. Ali, naquele ato de prazer, podíamos expressar nossos sentimentos mais profundos, numa perfeita sincronia. Agora tudo ficara tão simples, tão claro!
Quando a posição tornara-se desconfortável, ele abaixou a minha perna e me virou de costas. Recomeçou os movimentos, agora mais rápidos e mais precisos, para instantes depois nossos corpos explodirem num orgasmo avassalador.
Permanecemos unidos pelo resto da tarde. Ora fazendo amor, ora bebericando e comendo bobagens. Conversamos sobre os nossos dias de separação e ele preocupou-se quando eu afirmei que tinha ficado anêmica. Ele me fez revelar onde seria o meu jantar com o Sam e eu tive medo de que ele aparecesse para estragar tudo. Ele ainda tinha medo de que eu desse pra trás... Até parece... Voltei pra casa, agora com um sorriso radiante, e corri para o meu ateliê. Precisava colocar o meu excesso de inspiração pra fora...
Sam reparou na minha repentina mudança de humor e atribuiu a melhora ao meu tratamento médico. Coitado. Eu ainda não sabia o que exatamente falar pra ele, eu deveria mencionar que me apaixonei por outro? Seria uma coisa a se pensar, e muito.
O fim de semana chegou mais rápido do que eu esperava e nesse momento, atravessávamos a entrada do restaurante. O garçom nos encaminhou para a mesa mais reservada do local e eu me sentei de costas para a parede, enquanto ele sentou de frente pra mim e de costas para o restante das mesas.
O restaurante não estava cheio, o que eu agradecia imensamente. O que eu não gostei foi quando um sujeito de cabelos atravessou o salão e sentou-se na mesa logo atrás de Sam.
O que diabos ele veio fazer aqui? Eu sabia que por trás de todo aquele interesse pelo restaurante, estaria um plano mirabolante. só poderia estar querendo ferrar com tudo!
O safado ainda se sentou virado pra mim e acenou com uma taça de vinho nas mãos, sustentando um maldito sorriso torto na cara. Ai, que vontade de bater nele!
Graças a Deus o Sam não poderia vê-lo, pois estava de costas. Engoli em seco a provocação e voltei minha atenção para o meu noivo, que falava algo que nem sabia o que era...
- Então, pensando nisso, eu acho que nós podemos tentar, o que você acha? – ele me perguntou e eu tossi tentando ganhar tempo para saber do que diabos ele estava falando. - ?
- Desculpa, eu me perdi... – falei com um sorriso amarelo.
- O que eu estou tentando dizer é que eu já me sinto preparado para assumir as responsabilidades de um pai. Era tudo o que você queria, não é mesmo?
Uh?! Ele não estava querendo dizer que...? Sem chance!!
- Sam, eu não...
- Espera, deixa eu te mostrar o que eu comprei. – ele remexeu no bolso do paletó e tirou uma caixa quadrada com um lacinho de presente. – Esse vai ser o primeiro sapatinho de nosso bebê – ele sorriu largamente e abriu a caixa, revelando um lindo sapatinho de recém-nascido. – Comprei branco porque não sabia se vai ser um menino ou menina...
Preciso dizer que fiquei petrificada? Congelada? Em pânico?
- Sam... – suspirei profundamente, tentando conter as lágrimas, que não eram de felicidade. Eu quis muito ter um filho com ele, mas hoje... – Preciso esclarecer umas coisas.
Não tinha mais volta...

Capítulo 19

Não havia o que temer. O objeto de minha devoção estava sentado a poucos metros de mim. E sorria. Era o sorriso mais encantador que eu já vira. E ele estava disposto a se casar comigo, ter filhos... Me amar de todas as formas possíveis. Ele me queria bem, queria me fazer feliz...
Olhei significativamente pra antes de começar o meu discurso, e eu senti todo o apoio que precisava no seu singelo e discreto aceno de cabeça. Ele fora ali pra me encorajar, me mostrar o porquê de eu estar aqui nessa mesa com o Sam. Ele queria ser o meu porto seguro. E eu me senti plena por conseguir me apoiar nesse alicerce.
Respirei fundo mais uma vez, tomei um gole de vinho, repousei a taça sobre a mesa e abri a boca para falar...
- Com licença, senhorita – o idiota do garçom me interrompeu. – Uma pessoa pediu para lhe entregar essa bebida. – o garçom depositou uma taça de Martini na mesa.
- HEIN?! Quem foi o idiota? – Sam exasperou-se enquanto olhava para os lados.
- Desculpe, senhor, mas a pessoa pediu para ficar no anonimato. – o garçom esclareceu.
- Ah, é mesmo? Me dê isso aqui, . – ele pegou a taça da minha mão e entornou na boca, deglutindo tudo rapidamente. – Diga para o sujeito atrevido que ela já é comprometida e que se ele continuar mandando bebidas, eu vou caçá-lo de mesa em mesa e quebrar as taças na cabeça dele. Obrigado. – Sam falou rispidamente e bebeu um gole de seu vinho. – Aquele Martini estava com um gosto horrível de remédio. – ele resmungou e eu continuei estática sem saber exatamente o que fazer.
Olhei de relance para , mas ele mantinha uma expressão indecifrável. Ele teria mandado isso pra mim? Mas com qual intenção? Quem mais poderia ter me mandado isso? Eu não costumava ser cantada assim tão descaradamente num restaurante. Quem quer que tenha mandado, não tem um pingo de semancol.
O garçom se retirou meio embasbacado e eu devaneei sobre como recomeçar o assunto.
- O que você queria falar mesmo, ?
- Sam, eu... O que você tem no olho?! – perguntei quando observei que ele me olhava e batia os cílios com uma frequência maior.
- Não sei... Minha visão está meio turva... Acho que bebi demais... – ele falou meio grogue e afrouxou o nó da gravata.
- Sam? Você está passando mal? – levantei da cadeira e fui apalpar a sua testa.
- Hum... Não sei, me deu uma vertigem... Um pouco de falta de ar talvez... – me assustei quando vi o seu rosto empalidecendo e sua testa suando bicas.
- Vou te levar para o hospital! – falei horrorizada.
- Não... Eu tô bem... Ai! – ele gemeu e sua mão foi automaticamente para o peito esquerdo.
- O que você está sentindo? Olha pra mim, Sam!
- Aqui... Está doendo aqui... – ele bateu no peito e eu fiquei apavorada. Era como se ele tivesse tendo um ataque cardíaco!
- Deus do céu! Venha, se apóie em mim. – ajudei-o a levantar. Abri minha bolsa e larguei notas suficientes sobre a mesa.
Olhei para a mesa em que estava e não o vi. Quando foi que ele saiu que eu não vi?!
Andei aos tropeços com Sam até o carro e o ajudei a sentar no banco do passageiro. Sentei no motorista e arranquei o carro em direção a um hospital.
- Sam? Me fala o que você está sentindo...
- Eu não sei, ... Palpitações, eu acho...
- Ok, tente não dormir, tá? Me fale sempre que sentir algo... – pedi tentando parecer firme, quando na verdade, eu estava com o coração na boca. Era só o que me faltava o Sam ter uma crise numa hora dessas.
- … O que você queria falar? Você não quer mais ter um filho meu, é isso? – ele perguntou, arfante.
- Claro que eu queria ter um filho seu, Sam, você sempre soube disso!! – falei sem pensar e me chutei quando lembrei que isso só iria piorar as coisas.
- … Você ainda me ama, né? Se… se eu morrer…
- Pare já com isso, Sam!! Você não vai morrer, ok? Eu... Eu amo você... É um mal estar, nada vai acontecer. – falei convicta e não deixei que ele continuasse a falar besteiras.
Pisei no acelerador, atravessei alguns sinais vermelhos, passei do limite de velocidade, mas isso não era importante agora. Tentei me lembrar onde era o hospital mais próximo e rumei até ele. Parei na ala de emergência e me desesperei quando vi que o Sam já estava inconsciente.
- Socorro... – sibilei horrorizada. – SOCORRO!!!!! – gritei a todos pulmões e logo uma equipe médica correu em nossa direção.
Nesse momento eu já não conseguia raciocinar direito. Várias pessoas de branco se movimentavam rapidamente, algumas me faziam perguntas, outras me mandando ficar longe. Senti uma avalanche de sentimentos me invadirem. Medo, pavor, pânico, desespero. Ele não poderia morrer... Ele não iria me deixar assim... Ele não faria isso comigo... Ele não faria isso com a sua família, com seus amigos... Era tão novo!!!
Encontrei-me perambulando pelo hospital em busca de informações. Ninguém me falava nada! Eu queria gritar e pedir atenção... Sentia-me tão vulnerável...
Depois de muito esperar, finalmente um médico apareceu e seus olhos já me diziam tudo o que eu não queria saber.
- Nós tentamos tudo o que podíamos. Eu sinto muito. – o médico expressou suas condolências, mas eu já não me sentia mais em terra firme. Minha vista escureceu...

Abri meus olhos, me sentindo meio grogue, e olhei para o teto. O teto do hospital.
Foi quando eu me dei conta de que eu havia o perdido.
- Sam... SAM!!!!! – uma onda de histeria me assolou quando imagens de nosso passado passavam como flashes em minha mente.
- Acalme-se, senhorita! – alguém que eu imaginei ser uma enfermeira veio tentar segurar os meus ombros.
- Diga-me que isso é um pesadelo! Diga-me que ele está vivo!!
- Eu sinto muito, senhorita...
- AHHH!!!! – gritei histericamente na tentativa de tirar um pouco do peso que eu sentia no meu coração. Parecia que eu estava sendo tragada para um buraco sem fim...
Senti minha cabeça rodar, meu estômago revirar e um gosto característico de ácido estomacal regurgitar na minha garganta. Segundos depois, eu estava botando tudo para fora. E minutos depois eu havia apagado novamente.

Abri os meus olhos e, mais uma vez, eu desejei que aquilo fosse um pesadelo. O que eu diria para seus pais? Seus amigos? Seus colegas de trabalho?
- Senhorita McLane? – uma voz grossa ecoou em meus ouvidos.
- Humm... – balbuciei ainda meio zonza.
- Eu sei que está passando por um momento muito difícil e eu sinto muitíssimo à sua perda. Mas eu preciso te fazer umas perguntas... – não senti necessidade de responder e ele entendeu aquilo como um sim. – O seu amigo...
- Noivo. – corrigi rispidamente.
- Oh, ok. O seu noivo tinha problemas cardíacos?
- Não que eu saiba. Ele sempre teve uma boa saúde.
- Hum... – ele pareceu pensativo. – Então ele não fazia uso de medicamentos para o coração?
- Não. Definitivamente não.
- Você saberia me explicar o motivo de ele ter uma overdose de Digoxina?
- O que diabos é isso? – perguntei confusa.
- Um medicamento para tratar insuficiência cardíaca...
- Eu não faço ideia...
- Você acha que ele poderia estar escondendo alguma doença de você?
- Não, ele nunca foi de mentir... Eu não estou entendendo aonde você quer chegar...
- Veja bem, o senhor Sam Uley sofreu um processo de intoxicação por Digoxina. Se você diz que ele não fazia uso regular da droga, então presumo que ele tenha sido envenenado propositalmente.
- O QUÊ?! Você está me dizendo que ele foi assassinado?! – berrei exasperada.
- Exatamente. Devo lhe informar que a polícia será acionada. – ele me olhou significativamente, mas eu não entendi exatamente o que ele queria me dizer com aquele olhar.
- Ok, se ele foi mesmo assassinado... – nesse momento um flash de memória me ocorreu.
A taça de Martini...
… Seu sorrisão torto… Seu olhar inexpressivo…
Ele não faria isso, faria?
- O MARTINI!!! – gritei apavorada.
- Desculpe, senhorita, mas o que isso tem a ver?
- Alguém mandou uma taça de Martini pra minha mesa e pediu anonimato! O Sam bebeu! – falei exasperada.
- Hum... Isso ajuda bastante. Você poderia me informar o restaurante? Creio que a polícia recolherá informações do local.
- Claro, sem problemas!
O sujeito continuou fazendo algumas perguntas e eu já nem me lembrava que o Sam havia partido. Eu estava empenhada em saber quem diabos o matou. Era uma puta sacanagem fazer isso com um cara tão jovem!!

* Pov*

Eu estava tão nervoso e tão ansioso que não consegui segurar a vontade de usar o banheiro. E logo na hora que ela iria chutar o sujeito!
Fui correndo para o banheiro e voltei para a mesa, mas a mesa que a ocupava estava vazia. Estranhei esse repentino sumiço e me adiantei em perguntar para o garçom. Aparentemente eles haviam ido embora.
Eu desejava do fundo de minha alma que ela tivesse conseguido romper o noivado, e tentei a todo custo não imaginá-los a caminho de um motel para comemorar alguma ocasião. Ela não faria isso comigo, faria?
Voltei intrigado para o meu apartamento e fiquei inquieto durante boa parte da noite. Algo estava errado. Ela não me ligou para dar notícias...
Comecei a andar pela sala e decidi ligar pra ela, mas antes que eu pudesse discar, o aparelho tocou. Estranhei mais ainda ao ver que era a minha ex quem estava ligando.
- Oi, Victória. – falei áspero.
- Oi, ... Liguei pra saber se você gostaria de me acompanhar no hospital. Meu chefe faleceu...
- O QUÊ?!!! – berrei mais alto do que devia. – Você está se referindo à Sam Uley? – perguntei abismado.
- E eu tenho outro chefe, ? Claro que é ele! Ele acabou de falecer. Estava pensando em ir lá e prestar minhas condolências à noiva dele... Ela deve estar arrasada...
Engoli em seco. Como assim o Sam está morto? Ele estava bem, não estava? Céus!
Fiquei parado, tentando deglutir toda aquela situação. E a ? Como ela estaria passando por essa barra?
Eu precisava vê-la, urgentemente!

Capítulo 20

Eu já me sentia bem melhor, mesmo estando um pouco nauseada. Aproveitei minha melhora para ligar para os parentes e amigos dele. Logo estariam aqui para cuidar do velório. Coisa que eu não sabia e não queria fazer.
Algumas horas se passaram desde a chegada de seus familiares e eu avistei uma silhueta conhecida. Victória. E pior do que isso, acompanhada por . Travei meu maxilar e cerrei meus punhos numa vontade louca de puxar os cabelos daquela vadia, mas não era algo que eu pudesse fazer sem levantar suspeitas.
- Hei, … Como você está? Eu sinto muito por sua perda… - a bandida falou falsamente.
- Vou levando... – murmurei a contra gosto.
- Você precisa de algo? Podemos fazer alguma coisa por você? - perguntou, me olhando profundamente. Um olhar repleto de perguntas mudas e aquela preocupação característica dele.
- Estou bem, mas obrigada mesmo assim. Se me dão licença, eu vou tomar um pouco de ar... – falei e o encarei sugestivamente.
Caminhei para fora do hospital e parei num dos pilares, encostando as minhas costas nele. Minutos depois eu o vi andando em minha direção.
- Hei... – ele se aproximou e afagou minha bochecha. – Como isso foi acontecer? Ele estava doente ou algo assim? – ele perguntou preocupado.
- Por que você não acaba logo com essa farsa e me conta a verdade? – falei acidamente.
- Hum?! Do que você está falando?
- Do que eu estou falando? Diga-me você! Por que fez isso, ? – solucei abruptamente.
- Do que diabos você está falando?!! Eu não sou adivinho!!!
- Por que você mandou aquela taça envenenada pra ele?
- O quê?! – ele berrou com uma expressão de espanto.
- Não se faça de inocente, ! Você era o único ali que tinha motivos para querer matar o Sam!
- Você está me acusando de ter matado o Sam?! É isso mesmo, ?
- Eu não sei!!! Eu não sei mais nada! Eu só... Eu não consigo acreditar que ele foi assassinado! – chorei copiosamente enquanto tentava raciocinar com clareza.
- Você acha mesmo que eu sou um assassino?
- Eu não sei... eu não sei...
- Isso foi a coisa mais decepcionante que eu ouvi você falar, ... Pensei que confiasse em mim... Eu nunca te julgaria sem provas, na verdade, eu não te julgaria nem com provas. Eu amo você e amaria mesmo que fosse a pior das assassinas. Só me deixe então clarear a sua mente. – ele deu uma pausa para respirar. – Você diz que ele foi envenenado por uma taça que lhe foi dada, certo? – ele perguntou e eu assenti com a cabeça. – Você acha que eu correria o risco de você tomar aquela bebida e ter o mesmo fim que ele?
Parei pra pensar e realmente percebi que a minha teoria não tinha fundamento algum. nunca faria nada pra me machucar.
- Se... se não foi você que mandou aquela taça, quem foi?
- E você acha que eu sei?! Eu nem sabia que o Sam tinha sido envenenado até você falar! Ou melhor, até você me acusar!
- Me perdoe... Por Deus, me perdoe! Eu estou tão transtornada, ...
- Explica, mas não justifica, ...
- Oh, por favor, não me abandone agora... Eu me sinto tão só... – solucei alto.
- Você deveria ter mais cuidado com as suas palavras...
- Eu sei... Eu sou uma idiota!
- É, você é uma idiota. Mas eu a amo mesmo assim... – ele sussurrou na sua voz rouca e me puxou para um abraço apertado. Era tudo o que eu precisava agora...
Ficamos ali abraçados enquanto ele me falava palavras de consolo e me dizia que eu tinha que seguir em frente. Até que um homem de terno e engravatado caminhou até nós, e rapidamente eu desfiz o abraço de .
- Com licença. Senhorita McLane, certo? – ele se direcionou a mim.
- Sim.
- Muito prazer, eu sou o detetive Smith. A senhorita se importa de me acompanhar até a delegacia? Precisamos tomar o seu depoimento.
- Isso é realmente necessário? Não vê que ela ainda está debilitada? - interveio.
- Vejo claramente, senhor...?
- Cullen. - respondeu seco.
- Senhor Cullen. Isso é realmente necessário, afinal nós temos um nítido caso de um homicídio. – ele falou e eu senti todos os meus músculos tencionarem.
- Tudo bem, não vejo problema em acompanhá-lo.
- Você quer que eu...? - perguntou.
- Não precisa, . Se eu precisar de algo, eu ligo, ok?
Ele assentiu, mesmo estando claramente preocupado. Segui com o detetive Smith até o seu carro e ele rapidamente nos levou até a delegacia. Ele me fez assinar uns papéis, recitou os meus direitos e me encaminhou até uma saleta fechada, onde havia apenas uma mesa de madeira velha e duas cadeiras desconfortáveis. Ele posicionou o seu gravador e começou o interrogatório.
Não pude evitar de me sentir intimidada. Senti medo...
- Senhorita McLane, poderia me informar qual motivo os levou àquele restaurante?
- Nada em especial. Apenas um jantar casual.
- Vocês não estariam comemorando alguma gravidez... Ou algo parecido?
- Não! Como eu disse, foi apenas um jantar casual.
- Nós encontramos um acessório singular de recém-nascido com a vítima...
- Isso é muito pessoal, é realmente necessário? – me chutei mentalmente por não ter ligado para um advogado.
- Qualquer informação será de grande ajuda, senhorita.
- Ok. Nós estávamos noivos e morávamos juntos há quatro anos... Então ele achou que já era hora de termos um filho, por isso ele comprou os sapatinhos...
- Entendo. Mas me diga, vocês não estavam passando por algum tipo de crise, ou algo parecido?
- Não. Estávamos bem.
- Você me parecia bem entrosada com o Senhor Cullen...
- Eu e o Senhor Cullen somos amigos de longa data. – menti.
- Hum... E você acha que o Senhor Uley era um cara fiel? Você alguma vez suspeitou de algo?
- Ele era confiável e não costumava mentir pra mim.
- Você sabe dizer se ele tinha inimigos? No trabalho... Ou na vida pessoal?
- Não. Sam era um cara sociável. Não vejo motivos para alguém querer a sua morte.
- Então você confirma a ausência de inimigos?
- Eu não posso afirmar nada. Eu só não vejo motivos para alguém odiá-lo ou algo parecido.
- Certo. Você recebeu uma taça de Martini no restaurante, não é mesmo?
- Exato.
- E o seu admirador preferiu o anonimato...
- Correto.
- Você não acha tudo isso estranho? Você sabe... Mandar drinks para uma mulher acompanhada...
- Sim, isso nunca me aconteceu antes. Imagino que o sujeito deva ser muito cara de pau.
- E provavelmente o sujeito odiava o seu companheiro a ponto de envenená-lo...
- É o que parece.
- Senhorita McLane, quando foi a última vez que foi a uma farmácia.
- Dois dias atrás.
- Pode me dizer o que exatamente você comprou?
- Suplemento de ferro e ácido fólico, pra anemia.
- Oh, interessante, foi apenas isso?
- Apenas isso.
- Alguém da sua família ou algum amigo seu sofre de problemas cardíacos?
- Não. Ninguém que eu conheça.
- Então você nunca teve contato com a Digoxina, certo?
- Certo.
- Você poderia me dizer porque o levou para um hospital tão longe do restaurante, sendo que havia um a apenas dois quarteirões de distância?
- Tinha?! Eu não sabia, eu estava nervosa! Eu não lembrava nem o nome dos hospitais!
- Entendo. Você está ciente de que poderia tê-lo salvo se chegasse minutos antes ao hospital?
- Eu não... – nesse ponto eu já havia passado do limite do nervoso, para o de histeria. – eu não sabia... Eu não sabia!! – solucei alto.
- Acalme-se, senhorita.
- Não me peça pra me acalmar! Você não faz ideia do que eu estou sentido, então cale a porra da boca! – gritei irritada.
- Uma última pergunta?
- O quê?!
- Você era feliz com o seu noivado? – ele perguntou casualmente, mas foi o suficiente pra me fazer hesitar.
- S-sim... Muito feliz... – gaguejei nervosa.
- Obrigado pela cooperação, senhorita McLane, isso é tudo, por hora.

Finalmente eu fui liberada daquela tortura e eu pude voltar pra casa. Aproveitei para ligar para . Decidi que deveríamos manter distância durante o período das investigações. Não queria dar margem para os policiais pensarem que fora o assassino de Sam.

Passaram-se dois dias desde a morte de Sam. E agora estávamos reunidos no cemitério para a realização do velório. Eu pensei que já tinha superado a perda, mas percebi que estava enganada quando voltei a passar mal. Uma tontura... Uma náusea... Um desmaio. Felizmente fui acordada a tempo de vê-lo mais uma vez, antes de ser enterrado. Ele havia deixado um buraco no meu peito que ninguém poderia fechar. Ele havia sido um homem maravilhoso e havia me proporcionado momentos felizes e a segurança que qualquer mulher deseja.
Quando saia do cemitério, acompanhada por , fui interceptada pelo detetive Smith e dois policiais.
- Senhorita McLane. – ele fez uma pequena reverência. – Tenho uma ordem de prisão para a senhorita. – ele falou e me entregou um papel.
- O quê?! – perguntamos eu e ao mesmo tempo.
Como assim?! Eu estava sendo presa?!

Capítulo 21

Tudo parecia ter virado um caos. Num minuto eu chorava a perda do meu noivo, no outro eu chorava por estar sendo enjaulada.
Aparentemente eu estava sendo acusada de ser a principal suspeita do assassinado de Sam. Parecia até uma piada. Logo eu!!! Eu?!!
entrou em pânico quando os policiais me algemaram. Parecia mais que ele era quem estava sendo preso.
Ele esperneou, tentou argumentar, negociar, mas nada realmente pôde ter sido feito. Eles me levaram e me assegurou de que iria contratar o melhor advogado do país. No momento eu não estava preocupada com isso. Eu só queria saber que tipo de provas eles tinham contra mim...
Vários dias se passaram desde a minha fatídica prisão. Eu me sentia quebrada, doente, fadigada, sozinha... Ainda que me visitasse todos os dias e me assegurasse de que tudo iria ficar bem. Eu não via outro fim para mim senão a prisão permanente. O verdadeiro culpado não havia sido encontrado. Na verdade, eles já haviam parado de procurar... Estavam certos de que eu o matei por estar tendo um caso e por querer me livrar dele para viver o meu romance.
Eles haviam conseguido a taça envenenada no mesmo dia da morte de Sam. Haviam extraído as digitais e obviamente a minha estava lá, juntamente com as de Sam e a do garçom. Alguém havia enviado fotos minhas e de tomando banho nus no lago de sua casa de campo, comprovando a minha traição. E pra piorar, o garçom mentia dizendo que me viu colocar “algo” na taça antes de passar pra Sam.
Alguém muito maquiavélico estava por trás de tudo isso... Eu não conseguia imaginar quem!
Foram realizadas várias audiências e o julgamento se processou num total de cinco dias. Diversas pessoas foram interrogadas perante juízo, dentre elas: família, amigos, colegas de trabalho, , os garçons do restaurante, os médicos que estiveram em contato com o corpo de Sam e o farmacêutico da única farmácia que havia dispensado Digoxina no período e era justamente a que eu tinha ido comprar os meus suplementos.
Enquanto estava sentada a espera do veredicto, eu divagava em lembranças que me faziam ter certeza de que eu seria condenada à prisão perpétua.
Era o segundo dia do julgamento. Uma testemunha da acusação estava fazendo o juramento*.
- Qual é o seu nome?
- David Windsor.
- O senhor é cidadão inglês, Sr. Windsor?
- Sim.
- E onde reside?
- Em Londres.
- Por favor, diga à corte, qual é a sua ocupação?
- Sou garçom do restaurante Butlers Wharf Chop House.
- Senhor Windsor, queira olhar para este tribunal e diga-nos se alguém nesta sala já visitou o Butlers Wharf?
- Sim, senhor.
- Por favor, nos diria quem é essa pessoa?
- A senhorita que está sentada ali. Senhorita McLane.
Os espectadores ficaram inquietos e o juiz se adiantou em pedir silêncio no recinto.
- O senhor poderia nos informar o que você viu na noite da visita da Senhorita McLane ao restaurante?
- Sim, senhor. Ela e o senhor Uley requisitaram a mesa mais reservada do restaurante. Pediram suas bebidas e...
- Quais bebidas, senhor Windsor?
- Vinho branco, senhor.
- E algo estranho aconteceu essa noite, senhor?
- A senhorita McLane recebeu um Martini de um admirador, mas o Senhor Uley quem bebeu.
- Você poderia nos dizer quem enviou a bebida?
- Não, senhor, eu não me lembro.
- Haveria algo mais que o senhor gostaria que esta corte ficasse sabendo, senhor Windsor?
- Eu vi quando a senhorita McLane colocou algo na bebida.
Novamente os ouvintes ficaram inquietos.
- Você tem certeza do que está falando, senhor Windsor?
- Absoluta, senhor.
- Obrigado, senhor Windsor, sem mais perguntas.
O promotor lançou um olhar triunfante para a nossa direção e deu lugar ao meu advogado de defesa.
Infelizmente não havia muito a ser feito. O garçom havia mentido descaradamente e eu me perguntei quanto ele havia ganhado para fazer isso...
No terceiro dia de julgamento, foi interrogado e depois de todas as perguntas triviais, o nosso relacionamento foi exposto ao público.
- Senhor Cullen, queira, por favor, olhar essas fotos, reconhece algumas dessas pessoas?
- Sim. Somos eu e senhorita McLane.
- Queira, por favor, esclarecer para a corte como vocês estão vestidos?
- Nós não estamos vestidos.
E obviamente os ouvintes se inquietaram.
- Então o senhor confirma que estavam tomando banho e despidos?
- Sim.
- Poderia nos esclarecer que tipo de relação o senhor tinha com a senhorita McLane?
- Nós tínhamos um relacionamento amoroso.
- Presumo então que a senhorita McLane não era feliz com o seu noivo?
- PROTESTO, MERITÍSSIMO! A acusação está fazendo inferições desnecessárias!
- Deferido! – o juiz ordenou, mas a semente já havia sido plantada.
- A testemunha é sua. – o promotor sorriu cinicamente e passou a palavra para a defesa.
No quarto dia do julgamento, o que deveria ser o meu álibi, se tornou a minha forca. O farmacêutico, que estava a meu favor, estava sob interrogatório pela defesa.
- Senhor Spencer, queira, por favor, nos dizer o que a senhorita McLane comprara na sua farmácia?
- Suplementos de ferro e ácido fólico, senhor.
- Você tem certeza de que ela não comprou mais nada?
- Absoluta, senhor.
- Sem mais perguntas.
O promotor se levantou e recomeçou o interrogatório.
- Senhor Spencer, queira olhar para este tribunal e diga-nos se alguém nesta sala já visitou a sua farmácia?
Ele olhou significativamente e apontou para mim, para mais duas pessoas e estranhamente ele apontou para Victória, que parecia se deliciar com o julgamento.
- Por gentileza, as pessoas que já visitaram a farmácia do Senhor Spencer, queriam se levantar. – ele pediu e para o nosso espanto, levantaram umas dez pessoas, fazendo com que os ouvintes inquietassem.
- Me parece que a sua memória e percepção visual não estão tão apurados, não é mesmo, senhor Spencer? Como um homem que não lembra-se de todos os seus clientes, pode se lembrar com exatidão os medicamentos que eles compraram? – ele questionou retoricamente, direcionando sua atenção para o júri. – Senhor Spencer, você poderia, por favor, nos dizer quais medicamentos todas essas pessoas compraram?
- Er... Não, senhor...
- Sem mais perguntas.
O burburinho recomeçou e as especulações sobre uma possível condenação ficavam cada vez mais convictas.
Nesse mesmo dia, conseguira um tempo maior para visita e tentou a todo tempo me assegurar de que eu não seria condenada. Era notável que nem ele estava confiante. Era um caso perdido, eu seria condenada e era inocente.
- … eu estive conversando com o advogado…
- Não venha com essa conversa de novo! Não vou permitir que se declare culpada só para reduzir sua pena! Você é inocente, !!
- Mas … É preciso…
- Me dê um bom motivo para você querer confessar um crime que não cometeu?
- Eu estou grávida.
- O quê?! – ele me olhou um tanto chocado.
- Estou grávida, nós teremos um filho.
- Você está falando sério? Mas você não estava se prevenindo, ?
- No começo sim, mas depois eu parei. Nunca pensei que uma gravidez viria nesse pandemônio, eu sempre quis um bebê...
- E você decidiu isso sozinha?!
- Sim. Eu tinha cansado de esperar por isso. O Sam nunca me deixou fazer isso e você nunca se preocupou em usar camisinha.
- Porque eu pensei que você tinha um pouco de juízo nessa cabeça!
- Você disse que queria filhos.
- Não nessa situação!
- Eu não podia imaginar nada disso, ! – suspirei profundamente enquanto ele massageava as têmporas.
- Quanto tempo de gestação? E desde quando você sabe?
- 5 semanas, e eu sei desde o dia de nossa reconciliação. Te falei da anemia, que não era mentira, ela foi causada principalmente pela gravidez, mas não te falei que carregava uma criança, porque queria ter certeza de que você me aceitaria de volta e queria esperar terminar o meu relacionamento com Sam...
- Você tem certeza de que ele é meu? – ele perguntou enquanto bagunçava os cabelos com a mão.
- Absoluta. Eu nunca transei com o Sam sem camisinha. – respondi convicta.
- Agora mais do que nunca você tem que ser inocentada!
- Não, , isso é impossível. Eu vou me declarar culpada e poderei diminuir minha pena, e quem sabe ganhar uma prisão domiciliar pelo tempo de gestação e amamentação, é tudo o que eu preciso para nosso bebê nascer saudável e num lar.
- Olhe pra mim, , eu não vou permitir que você se declare culpada, entendeu? Você é inocente e vai permanecer assim, tá me entendendo?! – ele me abraçou apertado e por hora, não discutimos mais.
Ele não poderia trancar a minha boca diante do juiz. Eu já havia tomado a minha decisão.
Voltei dos meus devaneios quando o meu advogado de defesa pediu permissão ao juiz para que eu me pronunciasse. Seria agora que eu me declararia culpada e tudo isso estaria acabado.

*Julgamento inspirado e adaptado da obra O outro lado da meia noite de Sidney Sheldon.

Capítulo 22

Impressionante como sua vida pode virar de ponta cabeça de uma hora pra outra. Num momento você está bem e tudo parece estar certo, no instante seguinte, tudo parece estar errado.
Sentia-me um inútil. Não havia mais nada que eu pudesse fazer. Eu tentava a todo custo, passar confiança para , mas a verdade é que nem eu sabia o que realmente poderia acontecer. Tudo parecia pender para o pior... E a cada dia que se passava, eu me sentia mais desesperado. Queria acordar de manhã e descobrir que tudo não passou de um pesadelo.
No quarto dia do julgamento, me deu uma notícia que eu jamais poderia imaginar. Um filho... Nós teríamos um bebê e ela estava presa... Céus! Como as coisas puderam ficar desse jeito? Eu fui tão irresponsável a ponto de não fazer nada pra evitar, não que eu tivesse aversão a crianças ou algo do tipo, mas essas coisas nós temos que programar, ela não poderia simplesmente decidir tudo sozinha. Confesso que fiquei um tanto chateado com essa história toda. Um filho seria maravilhoso, eu não nego, mas não nessas circunstâncias! Ela não poderia se contentar só com o período de amamentação e eu não tenho a mínima competência para criá-lo sozinho. Ela tinha que ser inocentada, nem que eu tivesse que assumir a culpa. Ela pensa que me engana, eu sei muito bem que ela não vai me ouvir e vai querer se declarar culpada, mas eu não vou permitir. Eu faria primeiro e tudo estaria resolvido. Ela estaria livre para cuidar do nosso bebê e eu poderia vê-los de vez em quando, isso era o melhor a se fazer.

Era o quinto e último dia de julgamento. A defesa e a acusação se preparavam para falar suas considerações finais, mas o estranho aconteceu quando o nosso advogado de defesa pediu permissão para falar antes da hora, devo ressaltar.
- Meritíssimo, com permissão da corte, gostaria de pedir um recesso, de forma a poder conferenciar in câmera com a corte e o promotor público.
O presidente da Corte virou-se para o promotor.
- Sr. Stout?
- Nenhuma objeção – disse o promotor.
A corte entrou em recesso num prazo estipulado de duas horas e a maioria dos espectadores saíram do recinto.
- , o meu apartamento fica pertinho daqui, não quer passar lá para tomar um banho e descansar um pouco? – Victória, que não desgrudava do meu pé, falou entusiasmada.
- Sem chance, Vic. – respondi seco.
- Credo, , eu não vou te atacar nem nada. Eu só acho que você está um caco. Um banho iria ajudá-lo...
Ponderei a proposta e imaginei que um banho seria ótimo pra tirar essa tensão dos meus ombros. Entretanto, eu não poderia me aproximar do réu e avisar que estava saindo. ficaria muito preocupada se eu desse uma saidinha rápida? O problema é se ela pensasse que eu a estava abandonando nesse momento crucial... Mas eu voltaria em meia hora, teria tempo suficiente para ver as considerações finais e o veredicto.
- Ok. Estou mesmo precisando de um banho. – falei e segui para o meu carro.
- Eu posso ir no seu carro? – ela perguntou com falsa indiferença.
- Eu vou voltar em meia hora, Vic, se você quiser ficar lá, vai ter que voltar de táxi.
- Não tem problema, eu vou voltar com você mesmo. – ela falou e adentrou o lado do passageiro.
Seguimos em silêncio para o seu apartamento.
- Você poderia ter me contado que sua amante era a McLane. – ela quebrou o silêncio enquanto subíamos de elevador.
- Namorada. Futura esposa. – corrigi ácido.
- Oh... Vocês vão se casar na cadeia? – ela perguntou com escárnio.
- Ela não vai ser condenada. – falei convicto, lançando-lhe um olhar duro.
- Se você acha... – ela deu de ombros.
Chegamos ao andar e saímos do elevador em direção à sua porta. Adentramos o apartamento, que por sinal, ainda tinha a mesma cara de sempre.
-
- Não começa, Vic.
- Deixe-me falar pelo menos!
- Contanto que não seja sobre eu e você, pode falar o que quiser. – respondi entediado, enquanto andava para a cozinha.
- Eu só quero que saiba que eu estarei sempre aqui...
- Não perca seu tempo, Vic...
- Ela vai ser condenada, ...
- Não. Ela não vai. – respondi áspero enquanto retirava duas latas de cerveja da geladeira.
- Oh, qual é, ?! Você não convence nem a si mesmo!
- Eu estou certo de que tudo acabará bem, então não venha colocar caramiolas na minha cabeça. – falei enquanto andava até a sala.
- O que ela tem que eu não tenho?! – ela falava no meu encalço.
- Tudo.
- Isso não é verdade, !! Eu não acredito que nosso amor tenha simplesmente morrido de um dia para o outro!
- Então está na hora de começar a acreditar, uh? – falei num tom divertido e sentei no sofá.
- O que diabos você vai fazer quando ela for condenada a passar o resto da vida na jaula?! Hein?! Vai sobreviver de visitas esporádicas?! – ela parou na minha frente e colocou as mãos na cintura.
- Se o pior acontecer, sim, eu vou sobreviver de visitas esporádicas.
- Você está louco!!
- Chame-me do que quiser, eu não me importo. – desdenhei enquanto bebericava da cerveja.
Ela bateu o salto no chão, uma coisa que ela sempre fazia quando estava com raiva, e saiu xingando e resmungando.
- Tome seu banho e saia! – ela gritou enquanto batia forte a porta do quarto.
Fui para o banheiro social e retirei minhas roupas. Liguei o chuveiro e dei um pulo quando senti a água congelante bater em minhas costas. Olhei pra cima e vi que ele já estava no quente. Só poderia estar quebrado. Eu não tomaria banho frio nem a pau.
Vesti minhas roupas novamente e segui para o quarto dela. Bati na porta, mas não houve resposta.
- Vic, o chuveiro está quebrado…
- Morra, !
- Vic, pára com isso! Me deixe tomar banho, vai… - fiz o meu melhor tom dengoso.
Não precisei de mais do que isso. Verdade seja dita, ela ainda caía nas minhas táticas de persuasão. Ela rapidamente abriu a porta, fazendo um biquinho birrento.
- Prometo que serei rápido. – falei enquanto adentrava o quarto e seguia para o banheiro.
Fechei a porta e retirei minhas roupas. Abri o chuveiro e deixei que a água alcançasse a temperatura que eu queria. Espalmei minhas mãos na parede e deixei que a água serpenteasse por minha coluna. Era tudo o que eu precisava para relaxar.
Minutos depois eu vi a porta do banheiro sendo aberta e por ela passar uma linda ruiva, inteiramente nua. Vadia sacana.
- O que pensa que está fazendo?! - berrei enquanto fechava o chuveiro.
- Eu precisava confirmar que você não sente mais nada por mim. – ela falou tentando parecer sexy e rebolou até mim.
- Eu não sinto mais nada por você, saia. – falei, segurando seus pulsos.
- Duvido. – ela falou convicta e soltou uma das mãos. – vê? – num movimento rápido ela levou sua mão até meu membro e apertou. – Não é o que o seu corpo me diz.
- Não seja ridícula! É óbvio que meu corpo vai responder, o que não significa que eu vá me deixar levar. Pare com isso, Vic. – retirei sua mão que estimulava o meu membro.
- Você nunca negou fogo, ... Por que está se fazendo de difícil? Sua amante não precisa saber... – ela continuou, tentando investir o seu corpo sobre o meu.
- Eu vou falar uma última vez. Eu amo a , e não há nada no mundo que me faça traí-la, tá me entendendo? Então mova esse seu traseiro branco daqui que eu vou me trocar. – apertei os seus pulsos com um pouco mais de força e larguei, fazendo-a cambalear para trás.
- Você vai se arrepender disso, !!
- Oh, estou morrendo de medo... – zombei enquanto saía do box e ela saía do banheiro, batendo a porta com violência.
Olhei em volta em busca de uma toalha e não vi. Andei até o armário que ficava embaixo da pia e me abaixei para procurar. Por sorte havia uma toalha dobrada, a puxei e junto veio alguma coisa que caiu no chão. Olhei para o chão e fiquei em choque com o que eu via, bem ali na minha frente.
- QUE PORRA É ESSA, VICTÓRIA?!!

* Pov*

Já fazia quase duas horas desde o começo do recesso. Eu continuava sentada no banco do réu, o qual me fazia ficar de costas para os expectadores. Incomodada com a demora, eu forçava a cabeça pra trás, em busca de , só para confirmar o que eu já sabia. Ele havia saído e eu não sei pra onde, e nem se voltava, e nem com quem... Eu ficava olhando de dois em dois minutos para trás, até que o meu advogado de defesa retornou sozinho à sala de audiências.
- O presidente da Corte me deu permissão para falar com você na sala dele. – ele falou comigo e eu levantei rapidamente e o segui juntamente com dois guardas.
Adentramos a sala, que estava vazia. Ele me fez sentar numa das cadeiras e puxou a outra para se sentar logo à minha frente.
- Não mude a sua declaração. – ele me pediu enquanto segurava as minhas mãos.
- Por que não? – perguntei confusa.
- Veja bem, eu tenho uma forte impressão de que você não será condenada.
- Impressão?!
- É, não é certeza, mas minha experiência me diz que eles não poderão te condenar.
- Eu não entendo.
- Agora não há tempo para explicações, a corte me deu apenas cinco minutos, então, por favor, não mude a sua declaração.
- Não. Eu vou mudar.
- O quê?!
- Isso que você ouviu. Eu não posso confiar no seu achismo. Eu quero segurança, eu quero uma gestação descente e dentro da minha casa.
- Não seja tola! Confie em mim!
- Não, eu não posso me arriscar assim.
- Por Deus, ! Eu sou o seu advogado e sei o que estou dizendo! – ele levantou e me sacudiu pelos ombros.
- Eu aprecio a sua preocupação, mas eu não acredito que eu vá ser inocentada. Todas as provas estão contra mim.
- Não, ! Você não sabe como as coisas funcionam! Me escute...
- Eu não quero ouvir!!! Não me dê falsas esperanças!! Eu vou mudar minha declaração e ponto final!
- Você vai se arrepender por não ter me ouvido. – ele soltou os meus ombros e fez uma careta.
Bateram na porta.
- Senhor Jones, o seu tempo acabou. – alguém falou do outro lado da porta.
- Já estou saindo, obrigado.
Ele me guiou de volta para a sala de audiências e eu sentei a espera da corte. Logo eles retornaram e todos tomaram os seus lugares. Arrisquei uma olhadela para trás e senti uma onda de tristeza e desespero quando não o vi em lugar algum. Ele havia desistido? Havia me abandonado?
- Senhor Presidente, Meritíssimo, a minha cliente gostaria de fazer uma declaração. – meu advogado se pronunciou.
- Senhorita McLane? – o presidente fez sinal para que eu me levantasse.
- Eu... – respirei fundo para falar.
- PAREM ESSE JULGAMENTO!!! – assustei-me quando ouvi a porta se abrindo com brutalidade e de lá sair uma voz grossa em alto e bom som.
- ?!

* Pov*

- QUE PORRA É ESSA, VICTÓRIA?! – repeti minha pergunta enquanto jogava sobre a cama uma sacolinha de farmácia, contendo uma caixa de Digoxina, uma nota fiscal e um canhoto de cartão de crédito.
- O que é isso, ? Estava xeretando as minhas coisas?! – ela pegou o saquinho e tentou, inutilmente, esconder de mim.
- Eu já sei o que tem aí dentro. O que diabos isso faz aqui, escondido no seu banheiro?!
- Não é da sua conta! – ela falava, evitando os meus olhos, e ficava cada vez mais pálida.
- Não é da minha conta?! Foi você, não foi? Você matou o Sam!!
- Eu não matei ninguém!
- Então não vai ter problema nenhum se eu mostrar essa sacolinha para o tribunal, não é mesmo?!
- Não! Você não pode fazer isso!!!
- Por que diabos você fez isso?!! Ele era seu patrão!!
- Eu não queria matar o Sam, seu idiota! Eu queria matar aquela vadia que te roubou de mim!!! – ela gargalhou com escárnio.
- O quê?! Você queria assassinar a minha ?! – rapidamente senti o meu rosto esquentando, tamanha a raiva que eu estava sentindo.
- Isso mesmo! Desde o dia em que eu descobri que você estava me traindo descaradamente!
- Você mandou as fotos... Você pagou o garçom pra mentir... O que mais você fez? Você é monstruosa!
- É, você se achava esperto demais para achar que eu não fosse desconfiar do seu casinho. Pois saiba que eu desconfiei desde o primeiro dia! Você nunca me rejeitava na cama e passou a rejeitar. Você nunca tinha reuniões de trabalho e passou a ter, você até dormiu fora!!! – ela gargalhou – Qual é, ? Quem você queria enganar?
- Você me levou à galeria de propósito...
- E à festa de aniversário do Sam também. Eu queria ver a sua reação quando a visse com outro. Eu queria ver a reação dela quando te visse ao MEU lado!!!
- Você é louca... – sibilei ainda embasbacado.
- Eu te amo, ! Por que você não entende isso? Por que você não enxerga que ainda me ama também? Olha, nós podemos passar uma borracha nisso tudo, uh? Nós podemos vender tudo isso aqui e viajar pelo mundo! Só eu e você, o que você acha? Não seria maravilhoso? – ela sussurrava com uma feição extremamente extasiada e paranóica.
- Eu não vou a lugar algum com você! Ou melhor, eu vou sim, vou te levar para a audiência e você vai confessar todos os seus crimes! – falei acidamente e comecei a vestir as minhas roupas.
- Nem morta! – ela falou apavorada.
- Oh, sim, você vai!
- Você não pode me obrigar a falar!!! E quer saber? Uma hora dessas, ela já deve ter recebido o veredicto!! – ela gargalhou e eu olhei assustado para o relógio. Faltavam apenas dez minutos para o fim do recesso.
- Inferno! – resmunguei enquanto terminava de fechar o zíper.
- , eu não vou confessar nada. Desista!
Devaneei por um breve instante e realmente eu não poderia fazer nada a não ser levar a sacolinha de farmácia pra lá, que por si só, não iria provar nada. Ela tinha que confessar. Como eu faria isso?
- Vic... – suspirei – Você me ama tanto assim? – engoli em seco, nervoso, pois essa era a minha única chance.
- Eu amo, , amo mais do que tudo no mundo... – ela atravessou o curto espaço entre nós e me abraçou.
- Então você faria qualquer coisa por mim?
- Qualquer coisa...
- Contanto que você fique comigo no final...
- Claro, ! Eu faria qualquer coisa pra ficar com você... Você ainda me ama, não é mesmo? Eu sempre soube disso! – ela começou a chorar copiosamente.
- Você sabia que se você confessar o seu crime, você não pegará prisão perpétua? Você terá a regalia de ficar em casa... – menti, eu nem sabia se isso era realmente possível.
- Eu não vou confessar, ! – ela tentou se afastar, mas eu a apertei contra mim.
- Vic, meu amor...Você não faria isso nem mesmo se eu ficar com você na prisão domiciliar?
- Co-como assim?
- Como eu disse... Se você confessar, você ficará presa em sua casa, mas eu poderei ficar com você...
- Você está falando sério?
- Eu não mentiria pra você, minha querida... – mordi meus lábios para tentar sustentar aquela máscara. Ela tinha que acreditar! – Então... O que me diz? – afaguei a sua cabeça.
- Mas... Nós poderíamos fugir... Por que não jogamos essa caixa fora e deixamos como está? Quem se importa?
- Eu me importo! – falei um tanto mais alto. – Não é justo deixar uma pessoa pagar pelo crime que não cometeu...
- Mas ela te roubou de mim... Ela merece apodrecer na prisão!!!
- Não, Vic... Por favor, me escuta. Se você confessar, todos nós sairemos ganhando. Ninguém vai pagar por algo que você fez e nós ficaremos juntos pra sempre! Isso não é ótimo?!
- Mas...
- Por favor? Por mim?

Eu queria gargalhar. Queria gritar feito louco, assim como queria jogar aquela vadia de cabelo vermelho do alto de uma ponte. Como ela poderia ter feito algo assim? Uma assassina!! Um monstro!! Pergunto-me quando foi que ela ficou tão alucinada...
Não sabia exatamente como tinha conseguido fazê-la concordar comigo. O fato é que ela estava transtornada demais para saber o que estava fazendo. Eu tinha quase certeza de que ela não teria regalia nenhuma por confessar esse crime. E eu ficaria muito feliz com isso, queria mesmo é que ela apodrecesse na cadeia.
Infelizmente eu gastei muito tempo tentando convencê-la de que nós viveríamos felizes para sempre numa prisão domiciliar. E o tempo de recesso já havia acabado quando nós finalmente saímos do apartamento dela.
Entramos no carro e eu acelerei com vontade em direção ao tribunal. O apartamento ficava próximo, mas ainda teria que passar por alguns sinais de trânsito, faixas de pedestres... coisas que eu realmente não tinha tempo para esperar.
Quando estávamos a uma quadra de distância, avistamos um bloqueio da rua. Aparentemente, ocorreu um acidente no local. Eu não poderia ser tão azarado assim!!
- Desce do carro, Vic, vamos correndo mesmo!
Não esperei por resposta e me adiantei em arrancá-la do banco e sair correndo, puxando-a pelo braço.
- Ai, , meus saltos!
- Então tira essa porra!! – gritei exasperado.
Corremos mais alguns metros e seguimos pela escadaria mesmo. Avistei a porta da sala de audiências e não hesitei em abrir com brutalidade e gritar a todos pulmões...
- PAREM ESSE JULGAMENTO!!! - me apoiei nos joelhos e tentei respirar – E VOCÊ! – apontei o dedo para - NEM PENSE EM ABRIR ESSA BOCA!!
- Senhor Cullen, o que pensa que está fazendo? – o presidente da Corte se levantou e perguntou rispidamente.
- Nós temos uma declaração a fazer! – respondi enquanto andava e puxava a Victória pelo braço.
- Senhor Cullen, você não pode simplesmente invadir a audiência dessa maneira e ainda fazer exigências!
- Por Deus, é importante! – me adiantei até eles e atravessei a portinha que separava a corte dos expectadores.
- Você não pode entrar aqui sem que seja chamado, Senhor Cullen.
- Essa mulher tem algo de suma importância para revelar. Isso decidirá o rumo desse julgamento. Por favor, deixe-a falar.
- Sr. Stout, Sr. Jones?
- Nenhuma objeção – responderam ambos advogados ao mesmo tempo.
- Você tem cinco minutos, Senhorita...?
- Victória O´Donell. – ela respondeu com a voz tremida.
- O que você tem a nos dizer, Senhorita O´Donell?
- Eu matei Sam Uley. – ela respondeu prontamente.
Instantaneamente o lugar virou um pandemônio e o juiz teve que pedir silêncio.
- Você tem como provar, Senhorita O´Donell?
- Sim. Eu tenho a caixa da droga que foi usada, a nota fiscal e o canhoto do meu cartão de crédito, com a minha assinatura.
Todos ficaram chocados, inclusive o Meritíssimo.
- Senhor Stout, recolha as provas e mande para perícia.
- Senhorita O´Donell, ficará detida até que possamos averiguar as provas do crime. Senhorita McLane continuará detida até que possamos provar a sua inocência. A audiência está encerrada por hoje. Retornaremos amanhã, no mesmo horário.
- Tudo ficará bem, eu estarei com você, sim? – sussurrei no ouvido de Victória, antes que ela fosse levada pelos guardas. Dei um beijo no canto de seus lábios e esperei até que ela sumisse do meu campo de visão.
Eu havia conseguido... Em pouco tempo tudo estaria acabado.

* Pov*

Não consegui acreditar quando aquela vadia confessou o crime. Como nós fomos cegos!! Quem mais teria motivos para querer me matar?
Eu não conseguia imaginar que tipo de persuasão teve sobre ela, para fazê-la confessar. O que ela estaria ganhando com isso? Uma vida inteira enclausurada?
Não entendi também toda aquela proximidade entre eles... Ele falava algo em seu ouvido enquanto massageava os seus braços. Não gostei nada aquilo, muito menos quando o vi dar um beijo no canto dos lábios dela. Desde quando ele tem uma queda por assassinas?!
Fechei a cara e esperei que me guiassem de volta para a cela. Duas horas depois, o meu advogado me avisou que me conseguira alguns minutos para uma visita. Logo eu fui encaminhada para uma saleta, onde , é claro, me esperava com um sorriso estonteante. Ele veio me abraçar, mas eu cruzei os braços e virei a cara.
- O que foi? – ele perguntou confuso.
- O que foi aquele chamego todo na sala de audiência? – perguntei ríspida, ele olhou pra mim, tentando processar a pergunta, e gargalhou. O miserável ainda ri da minha cara!
- Aquilo fazia parte do meu teatro, ...
- Não sabia que tinha virado ator... – debochei.
- Como você acha que eu consegui fazer com a Victória falasse? – ele cruzou os braços e adotou uma expressão séria.
- Isso é uma ótima pergunta, por que não me responde?
- Eu contei um monte de mentiras pra ela e ela acha que vai ficar em prisão domiciliar, morando comigo.
- Não brinca! Ela acreditou nisso?!
- Você está duvidando do meu super poder de persuasão? – ele perguntou divertido enquanto descruzava os meus braços e os jogava por cima de seus ombros.
- Você já usou comigo? – perguntei, entrando na brincadeira.
- Eu sempre uso... – ele riu e eu o estapeei de leve.
E então ele me beijou. Oh céus, como amava aqueles lábios sobre os meus... Tão quentes... Tão carinhosos... Perfeitos...

- Preparada para a sua liberdade, senhorita McLane?
- Só se você estiver comigo, senhor Cullen.
- Eu sempre estarei com você.
- Eu amo você, ...
- Eu amo você – ele apontou para a minha testa – e você – ele apontou para a minha barriga.
Ele enlaçou nossos dedos e saiu do recinto em direção a nossa liberdade. Quando passávamos pela entrada do prédio, uma multidão de repórteres nos esperava. Passamos alguns minutos respondendo as perguntas e finalmente chegamos ao nosso carro. Estranho foi encontrar o promotor Stout em pé, encostado no carro de .
- Algum problema, Senhor Stout? - perguntou apreensivo e o cumprimentou com um aperto de mão.
- Problema nenhum, Senhor Cullen. Eu não tive tempo de parabenizá-los corretamente. Fico muito feliz que tenham conseguido. Eu só queria que não ficassem ressentidos, eu só estava fazendo o meu trabalho...
- Não ficaremos, Senhor Stout. Agradeço a sua preocupação.
- E eu gostaria de te contar uma coisa. – ele olhou para os lados, como se estivesse prestes a contar um segredo que ninguém poderia saber – Você não seria condenada. – ele falou baixinho e sorriu timidamente.
- Você está falando sério? – perguntei curiosa.
- Você não poderia ser condenada por falta de provas. Você sabe, a “arma” do crime não havia sido encontrada até momentos antes de invadir o tribunal.
- Nossa... E eu quase mudei minha declaração pra culpada...
- Seu advogado sabia dessa possibilidade, ele não falou nada com você?
- Ele tentou... Mas eu fui muito cabeça dura... – respondi sem jeito.
- Obrigado, senhor Stout. - concluiu.
- Disponha, qualquer coisa, estamos as ordens! – ele se afastou do carro e saiu em direção ao tribunal.
Seguimos em silêncio para algum lugar que não queria me dizer. Ele havia preparado tudo. Arrumou nossas coisas e deixou tudo no carro para que pudéssemos partir logo após a audiência.
Enquanto ele dirigia, eu me lembrava da expressão horrorizada que a Victória fez quando o veredicto saiu e ela foi condenada à prisão perpétua, sem direito a condicional. Assim como os gritos histéricos e os xingamentos direcionados a mim e . Que culpa eu tinha se ela fez merda e ainda caiu na ladainha que inventou? No final das contas, ela saiu como a louca obsessiva que fez tudo por amor. Pra mim ela continuava a mesma assassina fria e calculista.
Além do julgamento dela, ocorreu o julgamento do garçom, acusado de cúmplice dela. Ele teve mais sorte e pegou 30 anos de cadeia. Eu não lamentava por ele. Mentiu porque quis...
me olhou de canto e enlaçou as nossas mãos, enquanto mantinha a outra no volante.
- O que se passa nessa cabecinha? – ele perguntou curioso.
- Eu estava pensando que eu quero fazer amor com você, onde quer que esteja me levando.
- Oh... Não precisa se preocupar com isso. Nada vai lhe faltar, eu posso garantir. – ele piscou e voltou a sua atenção para a estrada.
Duas horas depois, ele estacionava o carro numa bela casa de praia.
- Estamos em Bournemouth? – perguntei enquanto admirava a imensa praia azul à nossa frente.
- Gostou? Ficaremos aqui o tempo que você quiser. – ele me abraçou por trás e depositou um beijo singelo em meu pescoço.
- Eu adorei a praia, mas podemos ir para o quarto?
- Sim, senhora!

Horas depois nós decidimos aproveitar a noite na praia.
Era tudo tão magnífico, a iluminação era perfeita, o vento frio era reconfortante... E o calor dele era o melhor de tudo.
Estávamos de mãos dadas, andando pela margem, enquanto brincávamos de chutar a água. Ele me puxou bruscamente, fazendo meu corpo se chocar com o dele, e me deu um abraço esmagador. Colocou uma mão em minha cintura e a outra entrou nos meus cabelos e puxou a minha nuca para selar nossos lábios.
- O que eu faria sem você? – ele sussurrou com a voz embargada.
- Não pense nisso... Nós estamos aqui... – balbuciei, tentando conter as lágrimas.
- Eu os amo tanto... – ele sussurrou e enfiou a cabeça no vão do meu pescoço e eu quase não acreditei quando senti suas lágrimas quentes escorrerem nos meus ombros.
- E nós te amamos tanto quanto... – e agora ambos chorávamos como dois adolescentes.
- Case-se comigo, … - ele afagou o meu rosto.
- Eu já não tinha aceitado? – tentei parecer divertida mesmo com as lágrimas insistindo em despencar.
- Eu não tinha perguntado oficialmente.
- Então sim. Eu aceito, ! – ele sorriu e tirou do bolso uma caixinha de veludo.
- Então, senhorita McLane, você aceita passar o resto da sua vida comigo? – ele fungou enquanto abria a caixinha.
- Pra sempre e mais um dia, está bom assim?
- Pra sempre e mais um dia está perfeito. – ele me beijou ao mesmo tempo em que colocava a aliança em meu dedo.

Epílogo

- Papai, por que meninas não tem piupiu?
- Oh, , não me olhe com essa cara, é a sua vez de explicar. Eu já expliquei de onde vêm os bebês – levantei, correndo da banheira antes que ele retrucasse.
- Isso não é justo, !! Eu não sei explicar essas coisas!!!
- Pare de gritar para não acordar a Daisy! – repreendi enquanto me enxugava.
Gabriel, nosso anjinho de quatro anos estava naquela fase dos Porquês. Eu tentava não rir como aquilo, mas era quase impossível, visto que era sempre o primeiro a ser atacado. Ele ficava louco, sem saber o que dizer.
- Meninas não têm piupiu porque elas têm um buraco...
- !!
- O quê? Você falou para eu explicar, não me interrompa, fazendo o favor!
- Se é pra falar besteira, é melhor não explicar nada. Vamos, Gabriel, chega de banho. – peguei-o pelos braços e o coloquei no meu colo.
- Mas, mamãe, o papai ia me ensinar... – ele choramingou enquanto eu o levava para o quarto.
- Outra hora ele explica, meu amor. Agora é hora de você ir para a cama.
- Conta uma historinha pra mim? – ele pediu enquanto eu vestia o seu pijaminha.
- Deite na sua cama que o papai vem contar. Boa noite, anjo. – beijei a sua testa e voltei para o meu quarto.
- , o Gabriel te espera para a historinha. – informei enquanto andava até o berço e pegava a minha florzinha no colo.
- Eu contei ontem, hoje é a sua vez – ele resmungou enquanto terminava de vestir a sua calça de moletom.
- Não me enrole, , ontem fui eu. Ande logo que ele está esperando.
- Eu nunca mais vou deixar de usar camisinha... – ele resmungou antes de sair.
- Você falou isso antes da Daisy nascer... – zombei enquanto saía em direção à sala.
- Daisy foi um acidente! Você disse que estava perto de menstruar! – ele resmungou enquanto caminhava para o quarto de Gabriel.
- Eu não menti, não tenho culpa se ovulei tardiamente – gargalhei alto.
Sentei na poltrona e me preparei para amamentar minha pequena. De longe eu podia ouvir as histórias horrorosas que contava para nosso filho. Alguma coisa com vampiros e lobisomens sanguinários. Eu precisava ter uma conversa séria com ele!
Terminei o “serviço” e a embalei até que ela voltasse a dormir. Coloquei-a no berço, voltei para a sala e me estirei no sofá, enquanto apreciava a minha pintura exposta na parede. Essa eu havia feito dias depois de nossa lua-de-mel. E finalmente gostou do título: Amor. Quem não gostaria?
- Você não cansa disso? – ele surgiu no batente da sala, com seu maravilho peitoral de fora e aquele maldito sorriso torto que me quebrava no meio.
- Disso o que?
- Ficar olhando esse quadro... Eu tenho certeza de que existem paisagens muito melhores pra você apreciar... – ele sorriu sacana e serpenteou a mão até o cós da sua calça e a esticou, me dando uma visão privilegiada de suas entradinhas.
- Oh, eu concordo com você... Por que você não me mostra? – me ajeitei melhor no sofá e esperei seu próximo movimento.
- Eu não tenho certeza se você sobreviveria depois que visse, você sabe... Poderia ter um ataque cardíaco... Não é todo dia que se vê uma paisagem tão perfeita...
- Eu tenho certeza que posso aguentar. – mordi os lábios em expectativa.
- Oh, é mesmo? Vejamos então... – ele virou de costas e abaixou só um lado da calça, mostrando uma parte do seu bumbum e, pra me matar, deu uma rebolada sexy.
- Puta merda, ! Tira logo isso! – arfei descontroladamente e já sentia o meu coração indo na boca. Céus! Como eu desejava esse homem!
- Você que manda, Senhora Cullen. – ele riu sacana e deixou a calça cair sobre os pés. Mas não satisfeito, ele virou de frente, colocou as mãos nos cabelos, fazendo com que seus músculos dos braços contraíssem, e requebrou os quadris como se estivesse fodendo.
- Porra, , vem aqui, vem… - falei desesperada enquanto tratava de arrancar minhas próprias roupas.
- O que eu ganho se eu for aí? – ele perguntou com uma voz rouca e continuou requebrando como se eu não estivesse ali.
- Você ganha tudo o que você quiser... – terminei de tirar minhas roupas e me deitei com as costas no sofá, abrindo as minhas pernas para que ele visse o que o esperava.
- Nesse caso... – ele sorriu torto e num segundo estava sobre mim, me invadindo sem pedir licença.
- Uh... Tão molhadinha... – ele urrou enquanto bombava com força.
- Oh... Ah... Mais forte... Mais forte...
- Você está ficando tão gulosa... – ele gemeu enquanto estocava e atacava os meus mamilos.
- Eu sou viciada em você, ... Sempre quero mais... Oh... Oh... Assim... – gemia baixinho. Agora a casa tinha criança, né?
- Vira de quatro, delícia... – ele mandou e eu virei. Ele puxou os meus cabelos pra trás e me estocou com furor.
- Uh...
- Hum...
- Vem, … Vem… Oh…

Não muito tempo depois nós estávamos estremecendo de prazer.
- Nunca vou cansar de foder essa grutinha...
- Você não seria louco...
- Eu estava brincando com o lance das camisinhas... No dia que você quiser outro...
- Shiii... Não vamos pensar nisso agora, ainda temos todo o tempo do mundo, uh?
- Pra sempre, não é mesmo?
- E mais um dia...

~*~*~ FIM ~*~*~

Nota da Autora:
Nossa, gente, nem sei o que falar. Bom, como já puderam perceber, esse é o último post dessa fic (chora litros), não terá extras, nem continuação. Espero mesmo que tenham apreciado a história, sei que algumas não gostaram das partes trágicas e tristes, mas a vida não é só flores, não é verdade? Eu só queria deixar minha opinião pessoal com relação ao tema da fic: Eu acredito que situações como essa realmente podem acontecer, mas que existem outras formas de se contornar a situação, e acho que a verdade deve prevalecer antes de qualquer coisa, portanto se um dia você passar por algo assim, opte pela verdade, além disso, eu quero deixar bem claro que tudo nessa fic foi pura ficção, portanto não sigam todas as más influências que aqui constaram, como por exemplo, o sexo sem proteção, gente, sexo tem que ser com camisinha! Fiquem atenadas, ok?! Agradeco a todas as leitoras, mesmo aquelas que nunca deixaram um comentário, fico contente em saber que acompanharam até o fim. Um super beijo para todas vocês!!!!

Outras fics da Autora:

Flor-de-Lótus

Tá Todo Mundo Louco