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O Primeiro Halloween
História por Aline Patzz | Revisão por Sofia Queirós

- Ah, por favor, Rob! – eu pedia com carinha de cachorro abandonado.
- Festa de Halloween, ? – ele retrucou com uma careta.
- É. – eu quiquei no sofá. – Sempre quis participar de uma festa decente de dia das Bruxas, mas no Brasil não é tão tradicional como aqui. – e novamente fiz carinha de gato do Shrek. – Por favor?
Rob deu uma bufada, fez bico e me encarou com seriedade, mas assim que eu reforcei o olhar pidão, ele simplesmente não conseguiu resistir.
- O que eu não faço pra te ver feliz, heim?
- Obrigada, obrigada, obrigada! – eu disse já sentando em seu colo e dando-lhe muitos beijinhos no rosto. – Prometo que você vai adorar.
- Sei. – ele resmungou, mas eu podia ver que era para me irritar.
Dei um beijo mais caloroso em sua boca e segui para a sala de estar, à procura da minha bolsa e do brinquedo que eu tinha comprado naquela tarde, empolgada pela época do ano. Demorei um pouco até me achar naquela bagunça que estava nossa casa. Depois de nos conhecermos no Natal em Londres e dele ter ido até o Brasil passar a virada do ano comigo, decidimos que não nos separaríamos mais. Então eu acabei me mudando para Los Angeles no começo do ano.
No começo ficamos em apartamentos separados, pois foi um super alvoroço com a mídia, várias especulações, decepção pelo romance dele não ser com a Kristen e mais um monte de coisa. Mas depois de algum tempo a tempestade passou e, como agora não havia mais rumores, boatos e fofocas, nossa vida ficou bem mais sossegada. Mês passado finalmente decidimos comprar nossa casa já que não conseguíamos ficar separados mesmo e nos mudamos no começo dessa semana.
- Achei! – eu disse em voz alta, mas Rob pareceu não escutar.
Fui sorrateiramente até a porta e vi que ele estava entretido com um livro. Um diabinho soprou em meu ouvido e eu simplesmente não consegui resistir. Andei normalmente pela sala de TV, passei ao lado dele – que apenas me mandou um beijo pelo ar, sem desviar a atenção do livro – e segui como se fosse para a cozinha. Mas não foi bem esse o caminho que fiz e parei silenciosamente atrás do sofá. Cuidadosamente posicionei a bruxinha de brinquedo ao lado da cabeça dele e apertei o botãozinho.
- UAHAHAUAHAUAH – fez a bonequinha com aquela típica risada de bruxa.
- OMFGPUTAMERDAJESUS! – Rob gritou numa rajada só, pulando do sofá num átimo e colocando a mão no peito. Eu não agüentava de tanto gargalhar, estava quase sufocando com o susto que ele levou. Até lágrimas escorriam dos meus olhos de tanto que eu ria.
- ! – ele esbravejou sério comigo. – NUNCA, nunca mais faça isso comigo!
- Rob... – eu tentava me recompor.
- Quer me matar, é isso? – ele ainda estava bravo. – E pára de rir! Não tem graça nenhuma!
- Desc... desculpe. – eu disse depois de me esforçar muito para parar de rir. – Mas seu pulo foi hilário! – e tentei segurar o riso.
- Sabe, é justamente por isso que eu ODEIO, ouviu bem? ODEIO Halloween. – e subiu as escadas em direção ao quarto.
Ok, acho que peguei pesado com o susto, mas o que posso fazer? Foi mais forte que eu! Fui até a cozinha tomar um copo de água para espantar de vez a crise de riso e subi até nosso quarto. Tinha que pedir desculpas, né.
- Amor? – eu chamei baixinho, da porta.
- Que é? – ele disse rabugento.
- Ah, Rob. Não faz assim. Foi só uma brincadeira. – e me aproximei com cautela.
- De péssimo gosto, por sinal. – ele respondeu ainda olhando pela janela.
- Desculpe. – eu disse chegando mais perto.
- Não sei. – ele mantinha o tom sério. – Não é legal brincar de assustar as pessoas.
- O impulso foi mais forte que eu. – eu disse parando ao seu lado. – Não achei que se assustaria tanto. – fiz uma pausa rápida. – Desculpe-me, por favor.
Ele continuou em silêncio, e eu o abracei por trás, dando um suave beijo em sua nuca. Senti seu corpo se arrepiar.
- Me desculpe, não vai se repetir, eu prometo. – eu disse bem junto ao seu ouvido e o percebi titubear. – Há alguma coisa que eu possa fazer para me redimir? – e minha voz ganhou aquele tom malicioso que eu sabia que ele gostava.
- Golpe baixo, . – ele disse quando se virou e encarou-me nos olhos. – Você sabe que não resisto a esse seu jeitinho de falar.
- Não quero que resista. – eu disse e dei-lhe um rápido selinho. – Só quero que me desculpe. – e umedeci meus lábios com a língua.
- Você... é... um... perigo. – ele disse ao me puxar de encontro ao seu corpo. – Já nem sei mais do que tenho que te desculpar. – e então ele me beijou apaixonadamente.
Aquela era, definitivamente, a melhor forma de fazermos as pazes: amando-nos como se o mundo fosse acabar no instante seguinte. E ali ficamos, durante a maior parte da tarde nos curtindo.
Quando a noite já tinha caído resolvemos descer e pedir uma pizza já que eu não estava com muita vontade de cozinhar e o Rob era um desastre na cozinha. Sentamos no sofá para escolher o sabor da pizza, mas notei que Rob olhava de canto de olho para a bruxinha que tinha sido o motivo do nosso rápido desentendimento.
- O que foi? Ainda está bravo comigo? – eu perguntei receosa.
- Não é isso. – ele disse. – É só que... eu odeio bruxas.
- Ah. – eu disse simplesmente. Ele parecia ter mais a dizer.
- São coisinhas feias, com verruga no nariz, com essa risada horrorosa e medonha... – ele respirou.
- Você não vai dizer que tem medo de bruxas, vai? – novamente eu tive que segurar o riso.
- Claro que não! – ele disse rápido demais e eu o encarei mais intensamente. – Tá, ok, talvez eu tenha um pouquinho de medo. Mas todo mundo tem medo de alguma coisa.
- Hei, calma. – eu disse segurando em sua mão. – Tudo bem ter medo de bruxas. – e dei um risinho de lado. – Se bem que meu conceito de bruxo é diferente. Pra mim eles são lindos, não tem verruga no nariz, sabem vários feitiços legais e ainda por cima estudam em Hogwarts!
Rob deu uma sonora gargalhada e me abraçou carinhosamente, beijando o topo da minha cabeça e afagando meus braços.
- Bom, essa é outra perspectiva. – ele disse. – Mas ainda tenho medo dessas bruxas aqui. – e jogou minha bruxinha pra longe, fazendo com que ela novamente soltasse a risada tenebrosa. Eu apenas olhei para ele e balancei a cabeça em negação: como podia um homem daquele tamanho ter medo de bruxas? Bom, ninguém é perfeito afinal.
Nossa noite terminou em pizza e em cama, pois ambos estávamos cansados da arrumação da mudança. No dia seguinte Rob seguiu para Londres para uma semana de reuniões para um possível novo trabalho e eu fiquei sozinha para organizar a festa. Claro que várias dúvidas pairaram no ar e não teve jeito: liguei para minha mais nova melhor amiga em L.A.
- Oi, Ash! – eu disse animada.
- , amor! Como está a mudança? – ela disse do outro lado.
A Ashley foi a que melhor me recebeu na turminha Twilight. Claro que não fui maltratada pelas outras meninas, mas a Nikki estava interessada em outras coisas e nem se preocupou em me conhecer melhor. E a Kristen, bom, ela até agradeceu por sair dos holofotes, mas também não parecia 100% feliz com meu romance com o Rob. Talvez fosse ciúme de amiga, pois ele me jurou de pé junto que não tinha absolutamente nada com ela, então eu acabei levando pra esse lado e não forçando muito. Já a Ash me recebeu cheia de risos e carinhos, e confesso que houve uma identificação grande entre nós.
Enfim, ela era mesmo minha melhor amiga e foi pra ela que eu fui pedir ajuda para organizar tudo, afinal, o feriado era dali alguns dias. Claro que ela ficou super animada e em poucas horas já estávamos juntas tagarelando muito sobre tudo.
- Você já sabe do que vai se fantasiar? – ela me perguntou.
- Ainda não. – eu respondi. – Pensei em algumas coisas, mas não decidi por nada. E você?
- Ah, será que vai ficar muito clichê se eu for de fada? – ela franziu o lábio.
- Acho que não Ash, afinal a Alice é uma vampira, né. E você tem tudo a ver com fadas. Quem sabe se não fosse de Sininho? Com peruca loira e vestidinho verde?
- Ai! Adorei! Serei fada sem ser a Alice! – ela quicou na cadeira da cozinha. – E a decoração, já pensou?
- Não sei. Tinha pensado nas coisas tradicionais sabe: abóboras, morcegos, teias de aranha, vassouras...
- Humm. – ela franziu novamente os lábios. – Talvez esteja tradicional demais. Acho que temos que pensar nessas coisas, mas de um jeito diferente.
- Que jeito? – eu a questionei.
- Calma. – ela abriu um largo sorriso. – Algumas ideias estão surgindo em minha mente.
Confesso que até fiquei com medo daquele olhar compenetrado da Ash. Mas também fiquei animada, pois seria bem divertido ter algumas coisas diferentes. Sei que os dias passaram super rápido afinal eu estava correndo atrás das coisas da festa, da minha fantasia, da fantasia do Rob – óbvio que ele não iria atrás disso, ainda mais em Londres – e quando vi faltava apenas dois dias para a tão esperada festa de Halloween na residência Pattinson.
- ? – Rob me chamou quando saiu do banho depois da longa viagem de volta. – Que caixa é essa na cama?
- Ah, então. – eu apareci no quarto. – É a sua fantasia pra festa.
- Só me diz que não é de vampiro. – ele implorou. – Já está de bom tamanho ser Edward Cullen em 5 filmes.
- Não é de vampiro. – eu disse sorrindo e ele soltou um suspiro aliviado.
- Então é do quê?
- Abra. – eu disse.
Ele me olhou desconfiado e então abriu a caixa. Olhou para a roupa, me olhou, olhou novamente para a roupa e voltou a me encarar.
- O que é isso? – ele parecia confuso.
- Bom, como você estava super ocupado viajando, quebrei a cabeça pensando numa fantasia perfeita pra você. – ele ainda continuava com a interrogação nos olhos. – Até que achei essa: Príncipe Encantado.
- Príncipe, ? – ele franziu a testa, com cara de rejeição.
- Claro. – eu respondi, ignorando sua expressão. – Ou você queria que fosse de Papai Noel novamente?
- Por que príncipe? – ele indagou puxando o paletó branco de dentro da caixa.
- Simples. – eu disse totalmente segura. – Porque é exatamente isso que você é pra mim: o MEU príncipe encantado do MEU conto de fadas.
- Humm. – ele balbuciou. – Eu tinha pensando em algo mais.... – mas ele parou a frase no meio do caminho, me olhou e sorriu de lado. – Nada. Eu não tinha pensado em nada.
- Você não gostou, não é? – eu o encarei mais séria. – Pode dizer. Você preferiria ir de Shrek ou alguma coisa mais viril, não é?
- É... bom...
- Tudo bem. – eu disse já me levantando da poltrona, tentando não parecer muito chateada. – Eu troco a fantasia. Apenas me diga do que quer ir. – e tirei o paletó de suas mãos colocando-o de volta na caixa.
- Hei. – ele parou meu movimento. – Só estava te testando pra ver se você aceitaria uma sugestão tosca. – e sorriu largamente. – Terei muito orgulho em ser seu príncipe. – e beijou minha mão.
- Tem certeza? – eu perguntei com os olhos brilhando. – Se quiser trocar, não tem problema, de verdade. – cof, cof, não é bem assim, mas se ele quisesse mesmo eu não me oporia.
- Tenho sua boba. – ele me puxou para junto de seu corpo ainda úmido. – Já falei: qualquer coisa para ver esse brilho nos seus olhos.
- Está vendo? – eu disse e me pendurei em seu pescoço. – Você é um príncipe por natureza. Só estamos investindo no traje de gala.
Ele sorriu e foi se aproximando lentamente dos meus lábios, depositando ali um selinho suave e aprofundando o beijo em seguida, deixando que nossas línguas se encontrassem e nossos gostos se misturassem. Aquele arrepio gostoso percorreu todo o meu corpo e depois que ele desceu os lábios para o lóbulo da minha orelha e deu aquela mordidinha, eu sabia que estaríamos ocupados por algumas horas. Afinal, quase uma semana sem meu namorado era tempo mais que suficiente para eu quase morrer de saudade.
O dia 31 de outubro amanheceu um pouco nublado, mas nada que poderia me preocupar – ainda. Finalmente nossa casa estava organizada e agora eu me preparava para começar a decoração para a festa daquela noite. Estranhei um pouco a Ash não ter aparecido logo cedo, já que ela estava tão animada quanto eu, mas acabei me distraindo e deixando para falar com ela mais tarde.
Rob estava bastante animado também, mas fez uma única ressalva: que eu me encarregasse de arrumar as bruxinhas de brinquedo e que não fossem muitas. Acabei optando por usar apenas duas bruxinhas, uma em cada lado da porta de entrada, do lado de fora, assim ele não as veria o tempo todo e se bobear, até se esqueceria das ditas cujas.
Conforme eu tinha combinado com a Ash, alguns dos enfeites tradicionais como os morcegos e os dentes de vampiro seriam de chocolate e, com exceção de alguns que foram colocados sobre as mesas e até amarrados perto das portas, o restante estava destinado à doação para as crianças que bateriam em nossa porta, assim como as balas de sabores sortidos e estampados com os rostos dos personagens da saga – já que o Rob tinha ganhado alguns sacos oferecidos pelos patrocinadores.
- Ah, não! – eu disse quando cheguei ao nosso quintal para decorar o local e me deparei com um céu escuro e carregado de nuvens.
- Que foi amor? – Rob perguntou vindo ao meu encontro.
- Parece que vai chover. – eu disse olhando para cima. – Não queria ter que fazer a festa só lá dentro.
- Ah, qualquer coisa o pessoal usa uma capa de chuva. – ele disse de modo despreocupado.
- Homens! – eu disse depois de encará-lo por um momento. – E você realmente acha que depois de toda a produção com fantasia, maquiagem e etc, a mulherada vai querer usar capa de chuva?
- Humm... não? – ele me provocou.
- Não. – eu disse começando a rir. – Definitivamente não. – e segui de volta ao interior da casa, decidida a não dar chance para o tempo feio. Minha festa seria perfeita, com ou sem chuva.
No meio da tarde liguei para a Ash, mas estranhei o celular estar desligado. Ela quase nunca deixava o celular desligado! Bom, talvez estivesse no banho, ou a bateria tivesse acabado, enfim, mais tarde eu voltaria a ligar.
Voltei a me preocupar com a decoração, espalhando mais teias de aranha falsas e algumas abóboras coloridas – ideia da Ash de fugir do laranja, então tínhamos abóboras de todas as cores possíveis no ambiente – pelas salas, além de distribuir alguns chapéus de bruxa também, fazendo com que Rob franzisse os lábios.
- Você tem que perder esse medo bobo. – eu disse. – São chapéus totalmente inofensivos.
- Ah, vai saber. – ele disse e inevitavelmente ambos caímos na gargalhada.
Depois de mais algum tempo tudo estava arrumado e decorado, e Rob foi se arrumar. Obviamente eu não tinha contado para ele qual era a minha fantasia, caso contrário perderia toda a graça. Fiquei ansiosa esperando enquanto ele se arrumava e acabei decidindo navegar na internet para ver se minha ansiedade melhorava.
Logo estava vendo alguns artigos contando a história do Halloween, as tradições e tal, e me peguei assistindo a vários vídeos no Youtube, de festas realizadas por famosos. Achei um vídeo bem engraçado do Halloween do ano passado, quando a Ash e o Kellan organizaram juntos uma festa dessas. O Kellan estava super poderoso de Robin, e a Ash completamente diva fantasiada de pavão. Por falar em Ash, onde será que essa mulher se enfiou?
- Preparada? – ouvi Rob perguntar do alto da escada.
- Claro. – eu respondi e corri até a porta do hall de entrada para simplesmente sentir meu coração falhar uma batida: Rob estava espetacularmente perfeito.
- E então? – ele perguntou sorrindo de lado e fazendo charme, como se não soubesse que estava de tirar o fôlego.
- É. – eu me fiz de difícil. – Ficou bom.
- Ficou bom? – ele chegou bem perto. – Apenas isso? – e me fuzilou com aqueles olhos magnéticos e o meio sorriso presunçoso nos lábios. Eu me rendi.
- Não. Você está lindo, maravilhoso, perfeito, completamente encantador e acho que acabei de me arrepender de ter te fantasiado de príncipe.
- Por quê? – ele arregalou os olhos, espantado.
- Porque vestido assim você vai conquistar ainda mais as mulheres e o número de concorrentes que eu tenho, que já não é pequeno, vai triplicar ou quadruplicar.
Rob soltou uma divertida gargalhada com meu súbito desespero e depois me abraçou carinhosamente, afagando minhas costas.
- Não precisa se preocupar com isso. – e ergueu meu rosto. – Você sabe que eu só tenho olhos para você. – meu sorriso se abriu e selamos nossos lábios num doce beijo.
- Bom, agora quem precisa se arrumar sou eu. Logo as pessoas vão começar a chegar e eu tenho que estar linda, não é? – eu disse me desvencilhando com muito custo de seus braços.
- Você já é linda. – ele disse enquanto eu começava a subir as escadas. – E vê se não vai ficar linda demais, senão quem ganhará concorrentes serei eu. – eu sorri e corri para me arrumar.
Depois do merecido banho eu já estava com as energias renovadas e extremamente animada para a festa – tenho que confessar que eu simplesmente adoro festas a fantasia e Halloween era exatamente isso. Peguei a fantasia que estava estrategicamente escondida para que Rob não a visse e a coloquei sobre a cama.
Primeiramente vesti o delicado conjunto de lingerie roxo que tinha como bônus uma belíssima cinta liga e depois as meias 7/8 pretas. Vesti um robe de cetim por cima e fui arrumar meu cabelo e me maquiar. A maquiagem ressaltava meus olhos, em tons de preto e roxo, e aproveitei para usar minha mais nova aquisição cosmética: um rímel lindo em tom de preto brilhante, que ajudava a realçar ainda mais meu olhar sedutor. Também não deixei de dar um realce em meus lábios com um batom cor de vinho, afinal, a ocasião permitia um make mais carregado.
Depois dessa etapa concluída eu fui em direção à cama e peguei a fantasia que era composta por um espartilho preto ornamentado com fitas de cetim roxas e uma saia de cetim preta bem rodada, com um forro de tule preto, para dar volume e estrutura. O sapato de salto de bico arredondado, em estilo boneca, as luvas pretas, os brincos e a gargantinha em tons de lilás deram o toque final.
Só faltava agora o chapéu e minha fantasia de bruxa estava completa. Olhei-me no espelho e fiquei muito satisfeita com o resultado. Ir de bruxa numa festa de dias das bruxas era clichê, mas era melhor do que ir de vampira ou princesa; ficaria casalzinho demais e eu queria algo mais provocante.
Saí do quarto e pude ouvir que Rob tinha colocado uma música para tocar. Parei no alto da escada e o chamei, como ele havia feito comigo e me senti a mulher mais sexy do mundo quando reparei no olhar de cobiça do meu namorado. Fui descendo lentamente as escadas até que nos encontramos.
- Tinha que ser bruxa, não é? – ele me encarou fingindo decepção.
- Claro, amor. – eu sorri. – É Halloween!
Ele acabou sorrindo também e me fez girar, para que pudesse observar todos os detalhes da fantasia.
- Essa saia não está curta demais não? – ele perguntou meio hipnotizado.
- Não. – eu disse de modo inocente. – Acho que está no tamanho perfeito.
- , . – ele disse em um tom de aviso.
- Não se preocupe. – eu disse baixinho. – Estaremos entre amigos.
Ele bufou um pouco, mas logo já tinha aceitado, pois sabia que, no fundo, tudo aquilo era para ele. Segui até a primeira sala, onde estava armada a mesa com as comidas e servi duas taças de ponche, saídas diretamente do caldeirão que o continha.
- Um brinde a primeira festa na nossa casa. – eu ergui a taça em forma de caveira.
- Tim-tim. – ele disse e tocamos nossas taças de vidro trabalhado.
Nem demos o primeiro gole e a campainha tocou. Seguimos lado a lado até a porta.
- E aí, galera! – disse um Kellan super animado. – Uau, uma bruxa e um.... príncipe! – e caiu na gargalhada. – Cara, você está muito......
- Calado Kell. – eu disse dando-lhe um tapinha no ombro. – E você, está fantasiado de quê, usando essa capa de chuva?
- Homem do tempo! – ele respondeu todo orgulhoso de si. – Você já viu o tempo lá fora? Assim, se esse temporal cair, eu não vou precisar sair correndo com medo da chuva.
Olhei para o Rob que me encarava com um ar de “não te falei?”, mas acabei ficando quieta, já que tinha acabado de ver que o Peter e sua esposa acabavam de chegar. Aos poucos todos os nossos amigos chegaram e a festa efetivamente começou. Só faltava uma pessoa, alguém com quem eu já estava ficando realmente preocupada.
- Já ligou para ela? – Rob perguntou depois de me ver encarando a porta a cada cinco minutos.
- Um milhão de vezes. – eu respondi. – Ela não atende ao celular e nem no telefone da sua casa. – mordi o lábio. – Será que aconteceu alguma coisa com ela?
- Calma, linda. Daqui a pouco ela deve aparecer. Você sabe como ela é, deve estar se emperiquitando toda.
- Espero que seja isso mesmo. – eu respondi e deixei que ele me levasse de volta à outra sala.
- Hey, ! – o Kell me chamou. – O que você está querendo com tanto alho espalhado pela casa? Espantar alguns vampiros? – e caiu na gargalhada com a própria piada.
- Quanto de álcool você colocou no ponche? – Kristen me perguntou.
- Muito menos do que o necessário para fazer isso com ele. – eu respondi. – Acho que isso é dele mesmo.
- Sem dúvidas. – ela disse e rimos juntas. Pude perceber que ela estava mais receptiva em relação a mim, e fiquei aliviada, pois não queria ter problemas com nenhum dos amigos do Rob, muito menos com ela.
Logo as crianças começaram a tocar a campainha e cada vez era um dos famosos que ia responder à tradicional pergunta “Doce ou Travessura?”. O mais divertido era ver a reação delas, e das mães principalmente, ao perceberem que estavam visitando uma casa com vários famosos.
- Mãe, é o Edward, mãe! – gritou uma garotinha de uns 9 anos. – Mãe? – e foi quando eu percebi que a mãe da menina babava mais do que a própria menina. Resolvi interferir.
- Olá! – eu abri um largo sorriso ameaçador. – Doces ou travessuras? – e abracei Rob pela cintura.
- Ah... é... humm... doces... – disse a mulher embasbacada. Rob apenas me olhou de canto de olho. Eu fui rapidamente até a cesta de doces, peguei um punhado de balas e coloquei na cesta da menina.
- Tenham um ótimo Halloween. – eu disse e a menina saiu correndo para mostrar os doces aos seus amigos.
- Vem mãe! – a menina gritou e só então a mulher se tocou e parou de babar no MEU príncipe.
- Possessiva você, heim! – ele exclamou em meu ouvido.
- Eu te disse que não tinha sido uma boa ideia esse negócio de príncipe. – ele gargalhou divertido e voltamos para a sala.
Eu estava me divertindo, mas não completamente. Faltava um convidado importante na minha festa e inevitavelmente um pensamento passou a rondar em minha mente: Ash tinha se esquecido da festa. Mas como ela poderia ter esquecido se estava tão animada quanto eu? Ela poderia ter simplesmente esquecido? Ou será que tinha acontecido alguma coisa?
- Tudo bem, ? – perguntou Peter sentando-se ao meu lado.
- A Ash não veio. – eu respondi com tristeza na voz. – Ela estava tão animada. Não sei o que aconteceu. E ela nem atende ao telefone.
- Deve ter acontecido algum imprevisto. – ele respondeu tentando me confortar.
- Nesse caso, era dever dela me avisar, não acha? – eu disse num tom mais ríspido e imediatamente me arrependi. – Desculpe, Peter. Não quis ser rude com você.
- Eu entendo. – ele disse com aquele olhar paternal. – Você está chateada. É natural. – ele olhou ao redor. – Onde está o Rob?
- Pois é. – eu disse também olhando ao redor. Já fazia um certo tempo que eu não via meu namorado. – Onde ele se enfiou?
- Venha, vamos beber alguma coisa. Talvez o Rob esteja lá dentro. – e me puxou pela mão.
Voltamos para a sala de comidas para pegar um pouco de ponche e então me deparei com uma cena no mínimo absurda: enquanto eu estava chateada e preocupada com a ausência da Ash, precisando do apoio e consolo do meu príncipe, ele estava... brincando de cavalinho com uma criança?
- Rob! – eu gritei de imediato. – O que você está fazendo?
- Ah, essa é a Clarice. – ele respondeu e levou um safanão na nuca por estar parado. – Ela grudou em mim. – e sorriu amarelo.
- Que Clarice? De quem é essa criança? E por que você não a devolve pros pais?
- Ela é um pouco geniosa. – ele respondeu depois de levar outro tapa.
- Geniosa? Uma menina de cinco anos é geniosa? – eu estourei. – Faça-me o favor, Robert! Geniosa! – e sai pisando alto, em direção à área do quintal que estava mais vazia.
Como assim, na minha festa, na nossa festa de dia das bruxas o meu namorado fica brincando com uma menina estranha ao invés de estar ao meu lado, ao invés de estar preocupado com a amiga dele também, que não dá sinal de vida desde a tarde de ontem! “Ela é um pouco geniosa.” Poupe-me! A raiva corria em minhas veias, mas eu sabia que tinha que me acalmar, pois tinha uma festa para cuidar e amigos para dar atenção. Então respirei profundamente algumas vezes e decidi voltar para o convívio social.
E foi exatamente nesse momento que, ao me virar, trombei com Rob e tomei o maior banho de ponche.
- NÃO É POSSÍVEL! – eu explodi vendo o líquido escorrer pelo meu corpo. – MAIS ALGUMA COISA PARA DAR ERRADO? – eu gritei para o alto, ignorando o pedido desajeitado de desculpas do Rob.
E foi então que a tempestade caiu. Olhei incrédula para o céu enquanto a água fria da chuva molhava meu corpo e eu ouvia os gritinhos das pessoas correndo para dentro de casa.
- Perfeito! – eu disse para mim mesma. – Só faltava a chuva mesmo.
- Vem, ! – ele me puxou pelo braço e eu apenas segui o movimento. – Você está bem, amor? – ele parecia preocupado.
- Tudo bem. – eu disse sem emoção. – Minha melhor amiga simplesmente se esqueceu da festa, você preferiu ficar brincando de cavalinho com sei lá quem ao invés de ficar comigo, tomei um belo banho de ponche e ainda está caindo a maior chuva para estragar a festa. – eu parei para respirar e encarei seus olhos. – Está tudo mais do que bem. – e depois desviei o rosto.
- Hei, amor. – ele puxou meu rosto para encará-lo novamente. – Olhe ao redor. As pessoas não estão nem aí para a chuva. – e ele me fez encarar os rostos animados e felizes. – Eu realmente não estava curtindo aquela menina, mas não conseguia te achar pra me livrar dela. – puxou novamente meu rosto para olhá-lo. – E eu realmente não queria derrubar o ponche em você, se bem que você ficou ainda mais saborosa com ele. – e deu um beijo molhado em meu pescoço fazendo-me esquecer por um segundo toda a minha irritação.
- Mas a Ash...
- Ela não sabe o que está perdendo. – ele me interrompeu. – E tenho certeza de que ela deve ter tido uma boa razão para não vir à festa. Ela devia ter avisado, sem dúvida, mas duvido que tenha tido a intenção de te magoar.
- Ah, Rob! – eu o abracei forte. – Eu só queria que tudo tivesse saído perfeito.
- Mas tudo ESTÁ perfeito, amor. – ele disse segurando meu rosto em suas mãos. – Todos estão adorando a festa, a chuva espantou o bando de paparazzi que começava a se juntar lá fora e você está aqui comigo. Tudo está completamente perfeito.
Suas palavras finalmente entraram em minha mente e eu vi que ele estava certo. Eu estava fazendo tempestade em copo d’água e por muito pouco não arruinei completamente minha noite. Beijamos-nos num beijo cúmplice e voltamos para a festa para nos divertirmos.
Como todo mundo estava um pouco bêbado, as palhaçadas entre Kellan e o Taylor passaram a fazer parte da noite e vimos coisas como o Taylor montando em uma das vassouras da decoração, imitando um bruxo e em seguida praticamente obrigando o Rob a reviver Cedric Diggory ao dar uma volta pela sala também montado em uma vassoura. Sei que a festa rolou até altas horas da madrugada e teve até campeonato de mímica – incrível como eles tinham se tornado amigos de verdade – até que as pessoas aos poucos começaram a ir embora tecendo inúmeros elogios à festa e dizendo que teríamos que repeti-la no ano seguinte.
Mas a nossa noite ainda estava longe de acabar. Como Rob estava ocupado se despedindo dos amigos, eu rapidamente preparei o cenário e assim que o ouvi bater a porta da frente, desliguei as luzes da casa.
- ? – ele chamou por meu nome. – Você está bem? Onde você está?
- Tem uma lanterna na mesinha. – eu disse do alto da escada. – Siga os morcegos.

Ouvi sua risada divertida e quase fui pega pelo facho de luz da lanterna, mas consegui escapar a tempo. Rob foi seguindo os doces até chegar à porta fechada do nosso quarto. Ele entrou lentamente e apagou a lanterna assim que viu que o quarto estava iluminado pelas abóboras e me encontrou posicionada no centro da nossa cama.
- ...? – ele disse, mas parou a pergunta no meio, ao reparar em minha saia, que agora estava mais curta ainda e deixava à mostra uma parte da cinta-liga que eu usava.
- Doces? – eu mostrei os morcegos de chocolate que estavam numa bandeja ao lado do meu corpo. – Ou travessuras? – e mordisquei meu lábio inferior, provocando-o.
- Doces E travessuras. – ele disse depois de dar uma bela olhada nas opções que tinha e foi se aproximando da cama.
Tomou-me em seus braços com certa urgência e em seguida nos entregamos a um delicioso e necessitado beijo. Ele se afastou depois, para me olhar melhor e pude ver o desejo brilhando em seus olhos verdes.
- E depois vem dizer que tem medo de bruxas. – eu disse divertida e gargalhei.
- Bom, acho que tenho que rever meus conceitos em relação a isso. – ele disse e voltou a atacar meus lábios, exatamente do jeito que eu gostava.
A claridade invadia o quarto e me fez acordar dos meus sonhos. Olhei ao redor e sorri ao me lembrar do sucesso da noite passada. Rob ainda dormia e então decidi tomar um banho para acordar de vez.
Quando sai do chuveiro ele já não estava mais na cama e fui seguindo o delicioso cheiro de café fresco. Fui encontrá-lo na cozinha arrumando a mesa do café-da-manhã.
- Bom dia, príncipe da minha vida. – eu disse ao beijar seu pescoço.
- Bom dia, bruxinha da minha vida. – rimos e partimos para nossa refeição matinal.
Depois de alimentados decidimos arrumar a casa, já que ainda não tínhamos tido tempo de contratar alguém. Deu trabalho, é verdade, mas a cada copo largado, lembrávamos de algum detalhe e praticamente revivemos a festa toda enquanto arrumávamos tudo. Estava quase na hora do almoço quando terminamos a arrumação e fomos surpreendidos pela campainha.
- Oi, Rob. – eu ouvi a voz familiar e insegura à porta. – Como ela está?
- Querendo muito saber o que aconteceu com você. – eu disse e Rob nos deixou a sós.
- , eu...
- Você tem ideia do quanto eu me preocupei com você ontem? Você não deu sinal de vida por mais de 24 horas, Ash! O que aconteceu com você? Por que não me ligou? Por que não veio? – eu disparei sem respirar.
- Por causa do Joe. – ela respondeu prontamente. – Ele voltou mais cedo da turnê e apareceu de surpresa em casa. Eu disse que tinha que vir te ajudar, mas ele me raptou para uma partida de tênis que duraria só duas horas e acabou durando a tarde inteira. Eu tentei te ligar, mas a bateria do celular morreu e quando ele me levou para um jantar romântico no apartamento dele, bom, eu me esqueci da vida e do mundo. – ela me encarou com carinha de cachorro que caiu da mudança. – Sei que não é desculpa e que pisei feio na bola com você, mas eu não consegui me livrar dos braços dele. A saudade falou mais forte.
- Você podia ter me avisado. – eu disse já com o coração mole. Eu não conseguia ficar brava com ela. – Fiquei realmente preocupada com você.
- Eu sei. – ela disse envergonhada. – Mas quando estou com ele... – ela suspirou e seus olhos brilharam da mesma maneira que eu sei que os meus brilham quando eu falo do Rob.
- Nada no mundo é mais importante. – eu completei seu raciocínio e ela abriu um tímido sorriso.
- É. – ela disse. – Por favor, , me perdoe. Eu não quis te deixar preocupada, e nem ter te magoado.
- Tudo bem, Ash. – eu disse finalmente. – Só tenta me avisar da próxima vez, ok?
Claro que nossa conversa terminou em um apertado abraço e muitas lágrimas. Depois da reconciliação Rob apareceu na sala e nos chamou para ver as fotos que o Peter tinha postado em seu twitter pessoal. Eram fotos das pessoas, da decoração e que transmitiam toda a diversão da noite anterior.
- É, parece que perdi um festão. – disse a Ash.
- É, perdeu. – eu sorri. – Mas não se preocupe. A do ano que vem será mais animada ainda. – e nós três caímos na gargalhada.
Passamos mais algum tempo vendo as nossas fotos particulares no computador – fotos que eu e o Rob tiramos ao longo da festa – até que nós três nos pegamos olhando atentamente para uma das fotos.
- Mas, afinal de contas, o que são essas letras no peito do Taylor? – ela perguntou depois de analisar a foto por vários minutos.
- Não sei não. – eu respondi. – Só ele mesmo pra nos contar.
- E o que ele usou pra grudar isso no peito?
- Cola de contato. – Rob respondeu depois de uma longa gargalhada. – Isso vai doer muito pra sair.
- Mas ele ficou tão bêbado assim? – Ash perguntou quase indignada.
- Aham. – eu respondi. – Tanto que enquanto brincávamos de mímica, ele precisou recorrer ao dicionário várias vezes para se lembrar do significado de algumas palavras.
- É, mas o grande problema foi que ele nem conseguia achar as palavras no dicionário. Foi hilário. – disse Rob.
- Tadinho do Taylor. – disse a Ash.
- Com certeza. – eu e Rob dissemos ao mesmo tempo rindo das situações e lembranças da noite passada.
A Ash acabou ficando para almoçar conosco e depois nós duas ficamos tagarelando sobre ela e o Joe a tarde toda. Ela só foi embora ao fim do dia, depois de ter certeza absoluta de que eu não estava mais chateada com ela.
- Não te falei que ela tinha uma explicação. – Rob disse ao meu ouvido depois que ela saiu.
- Falou. – eu respondi, enroscando-me em seus braços. – Coisas do coração, né. Quem pode ir contra?
- Ninguém. – ele disse e puxou meu rosto para mais um beijo carinhoso, apaixonado e cheio de amor. – Ninguém.

Fim.