So Much For a Happy Ending
História por Rafinha Martins | Revisão por Sofia Queirós
Nem parecia que era meu primeiro dia em Vancouver. Era estranho, sim, estar em outro país, mas eu ao menos estava acostumada com o frio que fazia nas cidades dos Estados Unidos por onde passei. Eu mudo de casa frequentemente, afinal, sou jogadora de vôlei e acabo passando por várias seleções; agora, o time de Vancouver acabou de me contratar. Sempre quis ser jogadora de vôlei, então, não posso reclamar. Mas às vezes cansa."Não acredito que vou ter que sair para comprar um monte de coisas para minha nova casa. Mais uma nova casa...", pensei. Tudo aqui tem um cheirinho diferente, cheiro de novo. Nunca estive aqui antes, e acho que é esse o meu maior problema, mas com o tempo vai melhorar... Por isso, resolvi sair e comprar tudo o que era necessário. Precisava ir ao supermercado, me acostumar ao lugar e ver o que tem de bom aqui perto. E também precisava de roupas de frio, porque, Deus, como essa cidade é gelada. Mais gelada que Nova York, e lá o inverno é quase insuportável. Além do mais, aqui parece que esse tempinho tende se repetir sempre.
Fui andando até meu guarda roupa e peguei meu primeiro casaco. Saí pela porta da frente e entrei no elevador. Meu apartamento é no quinto andar, nem tão alto, nem tão baixo. Apesar de ser tão alta e de ficar ainda maior com salto, tenho medo de altura, bela ironia. Desci e pedi um táxi para o porteiro, o qual me disse que em poucos instantes um estaria na minha porta. O povo daqui é prestativo, e como meu bairro é calmo, não iria demorar mesmo. Fiquei olhando o tempo feio pela porta de vidro, mas devo admitir que poderia estar pior. Então, parei para observar a entrada do prédio. Tinha a salinha do porteiro à direita de quem entra, e à esquerda tinha um sofá preto com almofadas brancas em cima e uma mesinha de centro. Devia ser para as visitas esperarem seus amigos. Ainda no hall, tinha um corredor enorme e vazio no caminho dos elevadores, o que deixava a entrada simples, porém ainda perfeita do modo que era. Fiquei assustada por um instante quando ouvio porteiro falar:
- Srta. , seu táxi está à sua espera.
- Ah, obrigada. Já estou indo - respondi em tom baixo e sorri, observando que ele sorria de volta para mim, enquanto eu abria a porta de entrada e saia.
O taxista também parecia ser simpático. Entrei e pedi para que me levasse até um shopping próximo que fosse bom.
- Shopping é o que não falta nessa cidade, moça - ele respondeu me olhando pelo retrovisor - chegou quando à cidade?
- Hoje é meu primeiro dia. Não conheço nada por aqui e estou com falta de muitas coisas, comida principalmente. - Respondi e sorri, logo cortando o assunto. Não é que eu não gostasse de conversar, mas ele era um taxista, e não sabia se eu devia dar confiança. No Brasil, não é assim que as coisas funcionam, então sempre desconfio, seja quem for.
Ele me deixou na frente de um shopping enorme. Assustei-me com o tamanho, e acho que até o taxista percebeu, já que me olhou rindo. Olhei para ele e sorri de volta, tirando uma nota de dentro da carteira e entregando a ele.
- Acho que é suficiente, hm? E pode ficar com o troco. - Desci e bati a porta, andando em direção à porta de entrada.
Fui andando pelas lojas, entrando em algumas, comprando alguns casacos. Posso dizer que essa cidade tem várias coisas legais, entre elas, marcas de roupas que eu nunca tinha visto. E eu, como adoro roupas, estava no paraíso. E o melhor de tudo é que todas as roupas cabiam em mim! Sabe, não é fácil encontrar casacos, calças jeans e camisetas que caibam em mim. Sou jogadora de vôlei, então dá para deduzir que sou alta, certo? E sou uma alta magra, bem magra mesmo. É difícil encontrar calças boas, porque quando elas ficam boas no quadril, as pernas não servem. Ou, quando servem, ficam largas... Puro inferno. E casacos, então? Sempre tenho que comprar maiores que o tamanho ideal, senão ficam com as mangas curtas. É bem desagradável.
Comprei alguns casacos e três calças em uma dessas lojas, e quando saí dela, logo vi uma outra de roupas esportivas. "Preciso entrar", pensei. Vôlei sempre foi minha maior paixão, mas, desde os meus 17 anos faço musculação. Entrei na loja e comprei algumas peças novas. Depois, já estava cansada de ficar andando para lá e para cá; aquele shopping era realmente enorme e, como era novidade para mim, fiquei passeando de um lado para o outro e aí resolvi voltar para casa.
Eu ainda não tinha ido fazer compras, mas resolvi que passaria em uma padaria qualquer, compraria apenas o necessário para o café da manhã do dia seguinte e jantaria pizza.
Saí pela mesma porta por onde entrei e voltei para casa andando, pois queria conhecer o caminho. Eu havia prestado atenção na ida, então, a volta não seria tão difícil, hm? Passei pelas mesmas ruas, e no alto da avenida em que eu morava tinha uma padaria. Entrei nela e comprei pão e acompanhantes para comer. Fui descendo pela rua e encontrei uma academia, e como tinha cara de ser boa, entrei.
- Oi, gostaria de ajuda? - perguntou o atendente, se voltando para mim.
- É, eu queria saber os preços, eu faço musculação e aqui fica próximo de onde eu estou morando, então, pensei em fazer minhas aulas aqui - sorri para ele.
- E senhorita... - o rosto dele se transformou em uma expressão, e com ela ele perguntou meu nome.
- , - eu disse, sorrindo
- Obrigado - ficou envergonhado, mas continuou a falar - Srta , quais horários e dias a senhorita prefere?
- Cedo, e todos os dias. Sempre malhei a semana toda, e aqui não vai ser diferente. Até porque me dá mais ânimo durante o dia... - reparei que eu estava falando sem parar então me calei. Tenho essa mania de começar a contar tudo em detalhes. Ser brasileira é isso mesmo, excesso de educação e de hospitalidade.
O atendente me deu os horários e eu me matriculei, prometendo que apareceria no outro dia logo cedo. Voltei para casa, perguntando ao porteiro qual era a melhor pizzaria de Vancouver e ele me deu o catálogo. Pedi a pizza, e jantei. A pizza de frango com catupiry de lá não era tão gostosa como as de outros lugares, mas, dava para comer. Logo liguei a televisão e coloquei em qualquer canal, apenas para dormir com o som. E não demorou muito, acabei adormecendo.
Acordei cedo, eram 08:30. O fuso horário me deixa confusa, mas é nada que vá me matar. Na noite anterior acabei dormindo cedo, então estava suficientemente disposta para encarar o meu primeiro dia na academia nova. Levantei-me e fui em direção ao chuveiro, tomei uma ducha rápida e logo já estava pronta para ir. Não demorei a tomar café, afinal estava empolgada. Nunca se sabe quem vai estar numa academia logo cedo... Saí pela porta dos fundos, para pegar o elevador de serviço, pois, como ainda era cedo, o elevador principal tinha mais movimento e eu não gosto de ficar parando. Logo cheguei à portaria e vi o porteiro sorrindo simpático, como sempre. Acenei e ele abriu o portão, dando um sorriso de despedida.
Eu estava usando meu melhor modelo: calça de ginástica preta com detalhes em rosa e minha regata rosa. Fui com um moletom por cima, pois pela manhã a cidade parecia mais gelada ainda. Entrei na academia e fui logo em direção aos aparelhos, mas havia um homem usando o primeiro que costumo usar em minha série. Sentei-me no aparelho do lado e o encarei, tentando prever quanto tempo ele ainda demoraria.
- Algum problema, moça? - ele me perguntou. Gelei. Não era para ele ter me notado, muito menos o fato de que eu estava esperando.
- É que hoje é meu primeiro dia, e eu não sabia que as pessoas aqui faziam musculação logo cedo. Achei que, sei lá, durante esse horário os aparelhos estariam livres. - olhei confusa, esperando que ele não me odiasse.
- E eles estariam livres se eu não tivesse me atrasado.
- E posso perguntar o motivo pelo qual você se atrasou? - olhei para o fundo dos olhos dele ao ve-lo sentado em minha frente, me olhando com mesma profundidade.
- Por... Porque... Eu estava...
- Estava em casa dormindo e perdeu hora? - Respondi e sorri, não queria parecer tão chata, mesmo que eu estivesse irritada.
- Eu estava filmando. Eu achei que você soubesse quem eu sou.
Senti minhas bochechas ficarem rosadas. Estava morrendo de vergonha, e tudo o que eu mais queria era arranjar um buraco para enfiar o meu rosto e nunca mais sair.
- Desculpe, mas você também não sabe quem eu sou.
- Engano seu, . Vôlei sempre foi um dos meus esportes preferidos, depois de futebol.
- Droga - murmurei baixinho, desejando sumir. O rosto dele era realmente estranho para mim, mas, eu não me culpava. Nos últimos meses eu só tive tempo para pensar nos jogos, e nos treinos, e nos jogos de novo. Era só isso. Os campeonatos estaduais, nacionais, mundiais, não tive tempo de ver filmes - Desculpe-me, mas se você é mesmo fã de vôlei, sabe que eu estava participando de vários campeonatos, e realmente não tive tempo para ver filmes, seriados, seja lá o que for - respondi, olhando para o rosto dele, que antes mantia uma cara fechada, e agora já soltava um sorriso torto.
- Não te culpo, . Eu sou Kellan, Kellan Lutz. Emmett Cullen, de Crepúsculo. E vou entender se eu estiver falando grego para você - sorri ao ouvir as palavras dele.
- Já ouvi falar dos livros, apenas não tive tempo para ver o filme. E não, eu não li. Espero que você não seja o vilão! - Gargalhei, enquanto ele levantava e me dava espaço para sentar no aparelho. Pegou em minha cintura enquanto trocava de lugar comigo, o que me fez gelar.
- Tá perdoada, desde que aceite tomar um café comigo depois da academia.
- Eu vou estar fedida, Kellan! As pessoas suam quando vem para a academia, sabia?
- Como se eu saísse daqui cheiroso - Respondeu em tom de brincadeira, arrancando gargalhadas de mim.
- Se for assim... Eu aceito.
- Ninguém resiste ao meu charme mesmo - gargalhou consigo mesmo, enquanto eu arqueava uma sobrancelha - É brincadeira, pequena. Termino daqui 40 minutos, te espero na porta.
E foi assim que a minha vida mudou completamente. Se eu saí com o Kellan? Sim, eu saí. Se nós nos beijamos? Sim, nos beijamos. E foi o melhor beijo da minha vida. Os melhores, na verdade. Eu e ele continuamos a nos ver sempre, principalmente quando as gravações estavam folgadas e eu não estava morta por causa do treino. Foi bom enquanto durou. Há aproximadamente dois meses ele voltou para sua casa. Eu li os livros nesse meio tempo, e, os Cullen não são principais no Lua Nova. Sua parte já estava filmada, então, poderia voltar para Dickinson, na Carolina do Norte - EUA, sua cidade natal. Aquilo me partiu o coração, eu realmente não queria me separar dele. Mas nem eu nem ele estávamos prontos para um namoro a distância. O assédio sobre ele era grande, e eu sou ciumenta e carente, não ira aguentar ficar muito tempo longe. Se eu já superei ele? Não. Fotos nas revistas falando sobre o affair entre a jogadora de vôlei e o ator de Twilight continuam freqüentes, antes, querendo saber tudo sobre nós, e hoje, perguntando os motivos do rompimento. Se existe alguma chance de ficarmos juntos de novo? Ele me deixou o número do celular, e disse, que se algum dia eu fosse jogar na Carolina do Norte, era para eu telefonar, porque o meu coração ainda seria dele.
(Alguns meses depois)
- Alô, ? - Perguntou Kelly, minha assessora, secretária, empresária, minha mil e uma utilidades.
- Ah, oi Kelly.
- Tenho uma ótima notícia para você!
- Qual? Vou ter férias? Ir para o Brasil ficar com minha mãe, meu pai, minha irmã? Diga que é isso, Kelly! - sorri de empolgação, porque os treinos estavam me matando.
- Poxa, , me desculpe. A verdade é que você vai mudar de seleção.
- Vou para onde? Califórnia? Eu sabia que eles me queriam, mas assim, já?
- Não, . É a seleção Carolina do Norte. O salário é maior, e nos EUA você vai ter mais valorização que no Canadá, lá te darão muito mais valor.
Senti o tempo parar, e meu corpo formigar da cabeça aos pés. No mesmo instante em que desliguei o celular, telefonei para o Kellan. Ele tinha que ser o primeiro a saber. Eu iria mudar para perto dele, ter ele só para mim de novo. Mas, como sempre o celular dele tava desligado, Kellan sempre foi largado para essas coisas, então deixei uma mensagem.
- Kel? É a . Só liguei para dizer que daqui duas semanas desembarco na Carolina do Norte, de mala e cuia. Não perguntei direito a minha assistente o nome da cidade, eu fiquei tão empolgada a saber que estaria perto de ti que não me importei com o resto. Bom, quando puder me retorne. Sinto sua falta. E é bastante.
(Narração em 3ª pessoa)
No momento em que a garota desligou o telefone, sentiu seu coração acelerado. Precisava contar a notícia para o Kellan naquela hora, não poderia mais esperar. Então, em questão de segundos pegou sua mochila e começou a jogar peças de roupa dentro. Estava determinada a pegar o primeiro vôo e ir dar a notícia a Kellan pessoalmente. Provavelmente, ele iria amar a surpresa, e ela, poderia ficar com ele essas duas semanas. Desceu correndo e sorriu para o porteiro, sempre simpática. Foi até a calçada e parou um taxi, pedindo para ir ao aeroporto. Comprou sua passagem, e deu um toque novamente no celular do menino, que caiu na secretária novamente. Ouviu a chamada para seu vôo e foi em direção ao portão de embarque. Tentou pela última vez falar com Kellan, mas, como novamente não conseguiu, desligou seu celular e o colocou dentro de sua bolsa.
Algumas poucas horas mais tarde, Kellan acordou. Foi até à cozinha e ligou a televisão no noticiário, e as notícias sobre esportes diziam que seu time havia perdido na noite anterior. Levantou para pegar leite, quando ouviu uma notícia extra-oficial. Um vôo saindo de Vancouver indo para a Carolina do Norte havia caído. Sentiu seu coração parar em um segundo, e foi correndo até o seu celular, para telefonar para . Ligou o aparelho e viu que haviam várias ligações perdidas dela, e entre elas uma mensagem que dizia que ela estava indo até o seu encontro. Sentiu seu coração parar novamente. Pegou seu casaco e saiu pelas ruas correndo o máximo que podia, precisava chegar ao aeroporto.
Entrou e foi direto a um bando de pessoas que estavam chorando, provavelmente parente das vítimas. Rezava por dentro baixinho, para que a sua garota estivesse em um outro voo qualquer, um mais cedo ou mais tardio, mas não neste que havia caído. Ela não poderia estar nesse.
- Licença, onde está a lista de passageiros do avião que caiu? - Perguntou com um sorriso torto, tentando parecer o mais calmo possível.
- Siga reto e vire na primeira direita, você vai ver pela grande movimentação, meu jovem. -Informou a senhora que estava com os olhos vermelhos.
- Eu sinto muito se a senhora perdeu alguém.
- E eu espero que o senhor não tenha perdido ninguém, meu jovem. - Respondeu a Kellan e lhe deu um sorriso sincero, que fez com que o garoto a abraçasse.
Ele foi em direção a esse corredor, e quando chegou lá, realmente viu uma grande massa de pessoas chorando, inconformadas. Aproximou-se da lista e foi direto no , procurando pelo nome da sua amada. Não conseguia ler direito, estava nervoso, mas, depois de alguns segundos achou o nome que não queria ter visto, .
Encostou seu corpo na parede e desceu seu corpo até o chão, abraçando seus joelhos. Abaixou a cabeça e começou a chorar. Naquele momento havia perdido seu chão, não conseguia nem respirar direito devido a seus soluços. Levantou e saiu andando, enquanto ouvia pelas TVs do aeroporto que informavam que , uma das mais bem sucedidas jogadoras de vôlei do mundo, estava naquele vôo.
Foi até a sua casa usando todas as forças que lhe restavam, que não eram muitas. Entrou no seu pequeno apartamento e deitou em sua cama, ouvindo as músicas que lembrava ela. Abriu sua gaveta e achou a carta que havia escrito para ela, no dia em que voltou para sua cidade. Chorou com as palavras e acabou adormecendo ali mesmo, com seu Ipod ligado.
FIM!
N/A: Minha primeira N/A e minha primeira fic! Estou até emocionada, hihi. Primeiro, quero dizer que a fic foi escrita em homenagem à Morgana. Morg, eu fiz o que eu pude para escrever uma fic boa para você, porque o tanto que você me faz chorar e morrer aqui com AIF/I Need You é indescritível! Todo dia fico ansiosa para ler suas fics, que são de longe, as minhas preferidas. E além do mais, você é uma garota incrível, super simpática, meiguinha e escreve tão bem! Merece muitas outras fics. E eu ainda vou fazer uma com final feliz para você, ok? E é claro que eu não posso deixar de agradecer à Má, minha vampire mais linda do mundo (L) Má, acho que não tem nem três meses que nós nos aproximamos de verdade, mas, saiba que agora eu já não consigo ficar sem você na aula, sem você no MSN e tudo mais. Você é minha vampire linda e eu te amo muito :D Obrigada pela idéia da fic! Obrigada à Steh, minha werewolf mais linda do mundo, que leu a minha fic antes de todo mundo e me ajudou com o final. Te amo muito Steh! E obrigada também à Vii, que leu a minha fic e corrigiu os erros de gramática dela :p Tim amo BFF! E obrigada, Gabi, por agüentar meus emails e por betar a minha fic. :) Espero que vocês tenham gostado e agora vou ficar quieta porque a N/A tá gigantesca já. Beijos!