Finalizada em: 09/03/2022

Capítulo Único




I wanna believe, wanna believe all of your energy
Is all that I need, all that I need, like an amphetamine



Nova Jersey, 8 de maio de 2015

Aquela era uma das datas mais esperadas de toda a turma do Livingston High School. Todos os meus aniversários eu fazia questão de planejar uma festa fodástica no quintal da minha casa, sempre regada com as melhores bebidas, DJ, beer pong – um clássico da turma – e algumas substâncias ilícitas, claro. Também fazia questão de convidar alguns amigos que fizeram parte da minha infância, mesmo sabendo que eles achavam os estudantes do colégio mimados demais, mas sempre conseguiam entrosar com todos e nem precisava de tanta bebida para isso.
Passava meu olho diversas vezes pela festa, à procura de , sempre cumprimentando todos que iam me parando no caminho. Era óbvio que ela ainda não havia chegado. Sempre achei que fazia questão de aparecer mais tarde para minha atenção estar voltada totalmente para ela.
— Me procurando? — ouvi sua voz calma no meu ouvido. Virei meu corpo para olhá-la por um instante e não demorei antes de depositar um beijo em sua bochecha. — Feliz aniversário, !
— Você demorou! Obrigado, baixinha. Vem, vou te fazer seu drink — puxei-a pela mão até o bar.
Enquanto colocava vodka em seu corpo, eu a observava conversar com todos que vinham cumprimentá-la. tinha essa energia radiante! Era impossível que alguém simplesmente não gostasse dela. Todo mundo tinha alguma memória engraçada com essa garota, e eu me perguntava muitas vezes o que porra ela via em mim. O que ela enxergava nesse cara que, além de aparentar estar perdido na vida, literalmente estava.
— Olha o copo, babão! — senti um tapa na minha nuca. Olhei para baixo e a bancada já estava molhada com o líquido transbordando.
— Merda!
— Minha amiga está linda mesmo, eu deixo você babar — Nicole disse serelepe, bebendo seu drink.
— Já arrependi de ter te convidado — bufei para a loirinha.
— Deixa de ser chato. Impossível sua melhor amiga não estar presente no seu aniversário! Você só deveria aceitar que é um bunda mole que não assume o que sente!
Saí andando antes que eu me irritasse com suas verdades. Sim, óbvio que eu era um otário, mas, como um verdadeiro taurino, a teimosia me impedia de assumir a verdade.
— Baixinha, aqui está — passei minha mão em sua cintura ao lhe entregar o copo.
— Obrigada, meu bem. Vou dançar com as meninas, vai curtir seus amigos — ela depositou suas mãos no meu peito, me encarando de forma serena.
— Tudo bem — lhe dei um selinho rápido e saí.
Caminhei até a área mais afastada, onde estavam os meninos fumando, e me juntei a eles. Tirei o isqueiro do bolso, prendi o cigarro entre meus lábios e o acendi em seguida, tragando e sentindo a fumaça preencher meu pulmão.
— E aí, , vai começar a cafungar¹ ?
— Ainda não, Jack. Deixa pra mais tarde.
— Nem a ervinha por enquanto? — ele estendeu o cigarro grosso de maconha.
— Porra! Vocês vieram preparados, quero um barrufo² — coloquei-o entre meus dedos e traguei forte. — Cof cof!
— Devagar, man! O cigarro não vai sair andando — ele disse com uma risada. — Então, primeira dama tá aí?
— Olha ela ali — apontei com o queixo para o protótipo de pista de dança do quintal, onde fazia algum tipo de coreografia com o resto da festa. — Por quê?
— Sabe a Karen?
— Sim, a ruiva da festa do Hank — assenti.
— Ela veio na sua intenção hoje.
— Hoje não rola, man…
— Porque tá aí — ele revirou os olhos. — Isso é aquela promessa patética que vocês fizeram de um não ficar com ninguém na frente do outro?
— Não é patética, vocês pegam muito no pé dela e não sabem de nada — bufei. — Eu também não quero vê-la ficar com ninguém. não colocou isso na minha cabeça simplesmente, foi uma ideia mútua.
— Ok, não está mais aqui quem falou — ele colocou os braços para cima, se rendendo.
— Só acho que, se vocês quisessem conhecê-la, não falariam inverdades sobre ela.
— A gente só acha que ela não é pra você. É só você perceber, olha pra ela — ele apontou. — Ela é muito certinha!
— Isso seria ruim por qual motivo? — perguntei, não entendendo aonde ele queria chegar.
— Nada, deixa pra lá . Acho que o chá deve ser bom para você não enxergar além.
Eu sempre tentava ignorar quando falavam mal de . Inclusive, tentava assimilar o porquê disso, porém nunca perguntei diretamente para Jack, Hank ou até mesmo Sally. também não gostava deles mutuamente, então era um ranço compartilhado. Eu sempre achava que eles não eram meus amigos de verdade – os famosos amigos de festa – e que um dia iria me ferrar enquanto eles cagariam para mim.
Desviei esses pensamentos para não ficar irritado. Dei mais alguns tragos no cigarro e experimentei uma leve euforia e relaxamento, percebendo que a erva estava fazendo seu efeito. Então, travei meu olhar na morena que estava a alguns poucos metros de mim, admirando-a.
Sabia que era uma mulher que não prendia a atenção facilmente em alguém, e era satisfatório saber que eu tinha esse privilégio. Gostava como ela atraía a atenção dos outros, e era divertido saber que alguns tinham ciúme de mim porque era minha. Não era um posto que eu assumi porque me sentia incapaz disso, mas nada precisava ser dito, só precisava ser! Amava a forma como eu me sentia junto a ela, e até de como se vestia – tão simples, mas sempre tão impecável –, pronta para me fazer pirar. Eu acompanhava seu rebolado com os olhos, sentindo meu tesão aumentar.
— Vou ali, man — avisei a Jack e segui para a pista de dança.
Me encaixei atrás de , que me deu uma olhada lateral e sorriu. Depositei minhas mãos em sua cintura enquanto conduzia seu rebolado contra mim. Distribuí beijos por toda a extensão do seu pescoço, inalando seu perfume irresistível de café frutado que estava impregnado em seu cabelo.
— Você está tentadora com essa saia — senti minha voz rouca arrepiar os pelos da sua nuca.
Ela virou seu corpo e o colou ao meu, descansando seus braços nos meus ombros e me encarando com aqueles olhos maliciosos. Segurei até por tempo suficiente meu olhar em seus lábios, que pareciam mais irresistíveis pela cor rosada de seu batom. Senti o fogo consumir minhas veias quando, finalmente, naquela noite, nossas línguas se chocaram.
Grudados por algum magnetismo mítico, minhas mãos apertavam sua cintura, tentando trazê-la mais para perto de mim, não achando que estávamos colados o suficiente. Seu tateado pelo meu corpo procurava alguma parte exposta da minha pele, até que subiu para a parte de trás da minha camisa. Sua mão fria logo foi substituída pelas unhas, me fazendo perder o mínimo de sentido quando notei que estava excitado demais com aquele beijo delicioso. Puxei seu cabelo devagar, enrosquei-o na minha mão e passei minha língua na parte exposta do seu pescoço.
— Trev… — ela gemeu baixinho.
— Vamos lá pra dentro — falei em seu ouvido e vi sua cabeça assentir.
Guiei-a pela mão até o meu quarto, passando por todos os cômodos daquela casa. Quando abri a porta, me deparei com uma caixa branca e uma rosa, vermelha em cima. Identifiquei sua letra impecavelmente redonda e soube que aquele presente não poderia ser de outra pessoa senão dela.
— Não acredito — olhei para , que tinha um sorriso dançante no rosto.
— Abra! — ela sorriu, sentando-se na cama, e eu a acompanhei.
Tirei a rosa de cima da caixa e puxei a tampa para cima, quando me deparei com milhares de fotos; algumas nossas e outras com nossos amigos. Tinha algumas cartas indicando para ler em momentos específicos, como “abra quando sentir-se sozinho” ou “abra quando sentir saudades de mim”. Puxei uma foto nossa em que ela estava pendurada em meu pescoço com um sorriso largo.
— Como… como você faz isso comigo? — eu nem conseguia processar as palavras.
— Você pode abrir quando sentir alguma dessas emoções. Sei que é provável que eu vá pra Califórnia no meio do ano, e que talvez essa já seja uma despedida para que você não se esqueça de mim tão fácil — tinha aquele olhar expressivo que indicava que ela já estava triste por ficar distante.
— Você é muito fofa, não consigo nem falar nada. Obrigada, babe — coloquei a caixa de lado e a puxei, colando nossos lábios. — E temos muito tempo antes de você ir. Aproveite nossos pequenos momentos.
Ela me abraçou, e senti seu coração palpitando. Ou seria o meu?
Descansei minha cabeça na curva do seu pescoço e me aninhei em seus braços, deitando em seu colo.
— O que está pensando? — ela indagou.
Eu não me sentia merecedor de um minuto de tempo que dedicava para mim – era o que eu estava pensando. Ninguém nunca havia feito nada parecido para mim. Escrever cartas? Presentes manuais? Não imaginaria que um dia isso aconteceria comigo. Que sensação esquisita era essa que eu ficava feliz por ela ter fé em mim? Logo eu, que não acreditava em quase nada, tinha ela para manter minha mente e corpo comprometidos a me tornar alguém em quem ela pudesse acreditar.
— Que seria impossível esquecer você, .


But everything inevitably is temporary
And we all come down, down



Nova Jersey, 1 de janeiro de 2016.

Após a festa de réveillon que havia dado em sua casa, permaneci para o churrasco da família de no dia posterior. Sempre fui bem recebido por seu pai e, principalmente, sua mãe. No final da tarde, ficamos sentados no chão do seu quarto. Meu ombro roçava no seu enquanto ríamos de alguma piada boba que eu fazia questão de contar para vê-la sorrir. Dividindo os fones de ouvido enquanto o barulho dos seus familiares na sala de estar começava a se dissipar, eu pensava comigo: quando na vida imaginaria estar dividindo uma música com ela e só querendo estar ali?
— Escutar Taylor Swift com uma garota, acho que é um dos requisitos para me casar com ela — falei, depois de um tempo em silêncio.
Love Story preenchia nossos ouvidos enquanto eu encarava aqueles olhos monólidos que tanto amava, e ela sorriu sem graça.
— Acho que você não tem muita noção das palavras que usa — sua voz saiu baixa, quase inaudível se eu não estivesse a milímetros dela.
— O que quer dizer com isso? Que falo as coisas sem pensar? — indaguei, franzindo a testa em confusão.
— Nossos momentos nunca passaram de apenas momentos, e eu nunca consigo diferenciar o que é real e o que é irreal. Todas as vezes que deito minha cabeça no travesseiro, fico pensando se o que você falou significa aquilo ao pé da letra… Você me afasta e me mantém por perto, e olha o que você fala para mim?
Eu não tinha resposta. E nem saberia o que falar disso. Nada era premeditado para gerar perspectiva de algo, tudo era pronunciado por mim de forma natural. Se eu pensasse em algo, falaria para porque gostaria que ela soubesse o que penso, mas muitas vezes ela deixa de me falar o que se passa em sua cabeça com medo que eu possa me afastar.
Entendível o caos, claro.
Embora tivesse medo do que me falava às vezes, eu gostava dela. Mas até onde eu poderia levar isso para frente?
, eu gosto de você…
— Mas você não quer levar isso para frente — ela terminou a minha fala. — Eu já sei disso, Trev.
— Posso terminar? — pedi, e ela assentiu. — Como você quer estar na Califórnia se prendendo a mim?
— Mas eu já não sou presa a você de qualquer forma?
— Você sentiu atração por alguém nesses seis meses?
— Sim.
— Você ficou com alguém?
— Sim.
— E como você se sentiu?
permanecia com olhar fixo e confuso.
— Que tipo de pergunta é essa, Trev?
Tirei o fone de ouvido e me movi de frente para ela, me concentrando na conversa.
— Veja bem, você sentiu atração por alguém lá e não ficou por algum sentimento de culpa? De que não devia sentir isso porque estaria traindo o que você sente por mim?
— Não, você sabe que não deixo de ficar com ninguém por isso. Eu ainda não entendo aonde você está querendo chegar…
— O problema é que eu não quero que você perca a oportunidade de conhecer pessoas por minha causa ou deletar a experiência completa da faculdade por mim, entende?
— Tudo bem, nada do que eu fale vai fazer você mudar de ideia — ela se levantou do chão e seguiu para sua cama.
Me pus ao seu lado quase no mesmo segundo e me deitei ao seu lado. Eu só pensava em beijá-la naquele momento para sanar dúvidas. Não queria que duvidasse do sentimento, mas eu ainda não sentia que era o nosso momento.
— coloquei minha mão em seu rosto, puxando-o para mim.
— Não quero mais falar sobre isso — sua voz saiu melancólica.
— Eu sei que isso é temporário, esse momento é temporário. Mas o meu sentimento por você não é.


We ain't gonna stay high forever
Life's a bittersweet (sweet) surrender
I'll follow you, follow you, follow you down



Nova Jersey, 14 de julho de 2016.

— Você bem que podia estar me lambendo ao invés de passar a língua nessa seda — ela disse, deitada na minha coxa.
— Mas eu te lambo a hora que você quiser, baixinha — depositei um selinho em seus lábios.
— O que você sente quando fuma?
Desconfiei da sua pergunta, ela nunca havia mostrado interesse nisso antes.
— Hoje em dia eu só fico mais relaxado. Não costumo fumar tanto quanto antes, prefiro comer. Por quê?
— Eu talvez tenha tido curiosidade com meus amigos da faculdade, mas queria deixar essa honra pra você.
Abri a boca, assustado com suas palavras.
— Não acredito. quer experimentar maconha? — deixei o cigarro na caixinha e fiz questão de colocar as duas mãos na minha boca, com a expressão espantada.
— Palhaço! — ela me deu um tapa assim que se levantou do meu colo. — Sim, eu quero.
— Mas você quer fumar mesmo ou quer comer?
— Acho que preferia comer, você sabe que odeio cheiro de cigarro.
— Tudo bem. Tem aqui na geladeira, eu fiz ontem uma manteiga. Vou buscar.
Me levantei rapidamente e fui procurar torradas no armário, em seguida o pote da manteiga na geladeira. Estava incrivelmente animado para essa experiência com , e fiquei muito feliz que ela lembrasse de mim para suas primeiras vezes de tudo.
— Aqui! Coloca pouca, porque é sua primeira vez — coloquei tudo em cima da cama e a observei pegando a torrada, a faca e depositando a manteiga devagar. Ela parou para me encarar, esperando algum tipo de veredicto. — O que foi?
— Tá bom? — perguntou, duvidosa.
— Tá sim, agora coloca na boca.
Observei-a fechar os olhos enquanto apreciava a iguaria em sua boca.
— Que delícia! — empolgada, foi colocar outra torrada na boca.
— Ei! Devagar. Vou comer a minha agora e esperando pra ver como você vai se sentir.

🌹🌹🌹


estava rindo loucamente com qualquer mínima coisa que eu falasse. Seus olhos estavam bem pretos, mais pretos que o comum. E como eu amava aquele olhar dela para mim. Os sentimentos e as sensações sempre pareciam amplificadas ao extremo com a verdinha3, e parecia que para a garota na minha frente também, principalmente sendo sua primeira vez consumindo-a.
Ela usava uma lingerie vermelha que eu havia lhe dado alguns meses atrás, e eu não me lembrava do quão redondos seus seios ficavam com ela. Sua bunda parecia mais volumosa com a calcinha que fazia par com a parte de cima. Acariciei sua barriga por alguns instantes quando se jogou em cima de mim, beijando meus lábios e demonstrando estar sedenta para que aquilo ocorresse. Minhas mãos passeavam pela sua calcinha, arrastando-a para baixo, e rapidamente se desfez dela pelas pernas. Passei a língua em seu pescoço e a ouvi perder a respiração, apertando meus braços que a prendiam dos lados. Ela estava mais excitada, mais solta do que nunca antes.
— Gostou da ervinha, meu bem? — falei próximo do seu ouvido.
— Não mais que de você.
— É? Por quê?
— Porque você me deixa molhada, a erva não.
Olhei-a por um segundo e observei seus olhos – agora gigantes – brilharem de tesão. Não tão diferentes dos meus.
Sedenta, sentou em cima de mim e destacou a peça de cima, deixando seus seios arrebitados direcionados para mim. Sem nem ao menos eu me dar conta, ela pegou as alças do sutiã e juntou meus pulsos para trás, os prendendo na cabeceira da cama.
— Eu não acredito que você vai fazer isso comigo — balancei minhas mãos numa tentativa frustrada de me soltar.
— Eu mando em você hoje, ! — ela disse enquanto acariciava o que eu tinha no meio das pernas.
— Porra, ! Olha como eu estou duro por você.
— Olha como eu tô molhada por você — introduziu o dedo nela, me mostrando logo em seguida o quanto estava pingando.
— Como eu queria te tocar agora — me mexi agoniado na cama.
— Só eu tenho esse poder agora!
Eu já estava sem roupa há muito tempo – ela só teve o trabalho de tirar minha cueca toda de uma vez, deixando saltar meu membro. Sua língua passou por toda a minha extensão, me fazendo arfar de desejo. A sensação de não poder tocá-la me irritava muito, mas me deixava com mais tesão ainda naquela mulher.
— E se eu só quiser te foder? Você vai me perdoar? — suplicou com aqueles olhos que gritavam pelo meu pau dentro dela.
— Só me coloque dentro de você, . Eu quero sentir você — minha voz saiu rouca e penetrante.
E, num instante, ela sentou por cima de mim com força. Subindo lentamente e sentando rápido de novo.
— PORRA!
continuou brincando com sua entrada, até que voltou a cavalgar em cima de mim como uma alucinada. Seus movimentos ganharam força a cada segundo, quando um gemido preso na minha garganta ganhou espaço através do som das nossas respirações pesadas.
De frente para mim, ela se curvou e deixou suas mãos escorregarem para minha coxa, me dando uma visão dos seus seios pulando, pontudos. Me dava vontade de abocanhá-los, e me deixava puto não conseguir alcançá-los.
— Você é linda, baixinha — senti seus olhos fixarem em mim quando eu falei em meio aos seus gemidos.
— Trev… eu… — ela encostou seus lábios nos meus com tanta voracidade que quase não reconheci a mulher que estava na minha frente.
Nossos corpos, agora suados e mais colados, me permitia distribuir beijos por toda a extensão do seu pescoço, me dando espaço para chupar seus seios pela primeira vez naquela noite.
Senti sua intimidade se contrair na minha, cedendo aos poucos ao orgasmo.
— Goza pra mim, !
Nossos quadris se chocavam pela rapidez que ela queria gozar, enquanto eu estava me prendendo para que isso não acontecesse tão rápido. Ainda pretendia fodê-la sem que minhas mãos estivessem presas. Foi quando senti sua onda apertar meu membro que mordi seu ombro, escutando-a gemer meu nome.
saiu de cima de mim exausta, sem esperar que eu tivesse chegado ao ápice. Ótimo. Era exatamente o que eu queria.
— Você gostou de dominar, né? — provoquei, e ela deu um sorriso safado, agachando-se próximo ao meu rosto. — Você tá fodida quando me soltar, garota…
— É? E o que você vai fazer comigo? — lambeu meu rosto, passando para o pescoço e parando ali para me excitar mais. — Você não gozou, ?
— Me solta, . Eu sei que você quer gozar pela segunda vez.
E, em um ato de desespero, ela desfez o nó que me mantinha refém. Joguei-a de volta na cama, deixando seu corpo embaixo do meu, e mordisquei cada pedacinho daquele monumento enquanto ela se contorcia em prazer. Passei meu pau pela sua entrada bem devagar, examinando a garota implorar para ser penetrada. Brinquei por bastante tempo até que a virei para ficar de costas para mim – eu queria ver a curva da sua coluna delineada enquanto a fazia gemer. abriu as pernas sabendo o que estava por vir, completamente desesperada.
— Caralho que dem… — não a deixei completar a frase, preenchendo-a por completo.
Prendi seu cabelo com uma das mãos, puxando sua cabeça para trás e vendo as ondulações do seu corpo enquanto continuava a lhe penetrar. Com sua bundinha mais empinada naquela posição – excitante pra caralho – dei um tapa de cada lado, vendo a região ficar vermelha. Mas foi quando ela começou a rebolar contra o meu quadril que eu não consegui me conter, gemendo um pouco mais alto que ela. Escorreguei minha mão pela lateral do seu corpo e encontrei a parte interna da sua coxa, indo em direção a seu clitóris inchado. soltou um gemido e rebolou contra minha mão, enquanto eu continuava a lhe enterrar. Eu já estava chegando ao meu ápice, mas não antes que ela. Quando senti seus espasmos apertando meu pau, sabia que havia chegado seu momento.
— Caral… — ela gritou — Deus!
— Porra! — foi tudo que o consegui dizer quando o orgasmo me atingiu, fazendo meu corpo, em seguida, cair sobre o dela, exausto.
Depois de alguns minutos recuperando nossos fôlegos, a ouvi pronunciar algo que nunca pensei que escutaria.
— Acho que vou querer ficar chapada mais vezes — disse com um sorriso safado.


I wanna believe we're in a fantasy
Where you and me, live in a dream
Dodging reality



São Francisco, 2 de fevereiro de 2017.

Palo Alto era uma cidade relativamente pequena, levando em consideração que era berço de muitas startups globais. Localizada no subúrbio de São Francisco, era literalmente uma cidade universitária – poucos lugares para estacionar com ruas repletas de bicicletas que corriam de um lado para o outro.
Sabendo que fazia questão que um dia eu conhecesse sua nova cidade, resolvi fazer uma surpresa em seu aniversário. Dias atrás, Nicole me ligou falando que não conseguiria viajar para a data e implorou para que eu fizesse um esforço para ir. “Você nunca conheceu o lugar onde ela mora, nem os amigos dela. Além de me ajudar a não deixar minha amiga sozinha, ia amar te ter por lá”, foi o que ela jogou na minha cara.
Eu realmente não havia atendido nenhum dos pedidos de de conhecer sua nova vida. Talvez eu quisesse evitar pensar que ela nunca voltaria para Nova Jersey, ou talvez evitasse conhecer seus novos amigos, beirando quase um ciúmes velado. Mas já se passaram quase dois anos, então seria um bom momento para que essas minhas concepções virassem a página.
Sentado em sua cama do dormitório, eu examinava cada canto do seu quarto: fotos com a turma do colégio, com Nicole, com sua família, até com seus amigos novos numa mesa do bar em algum pub pelos arredores de Stanford. Nenhuma comigo, o que me intrigou. Ouvi algumas vozes se aproximando do quarto e logo a maçaneta da porta girou, surgindo uma garota alta, com olhos azuis, de cabelos loiros e curtos.
— QUE SUSTO! Quem é você? — ela travou, assustada antes de abrir completamente a porta.
— Sou , amigo da . Ela não sabe que estou aqui — estendi a mão à garota, que estava com os olhos semicerrados enquanto me analisava.
— Aaaah, a Nicole disse que você viria mesmo. Sou Maddie — ela abriu um sorriso e puxou minha mão para um abraço. Atônito, me surpreendi com o gesto, mas correspondi. — falou tanto sobre você que parece que eu te conheço.
— Você parece com a Nick, ela é tão agitada quanto você — gargalhei. — Então, você viu ?
— Ela ficou na biblioteca, posso te levar lá.
— Seria ótimo, obrigado.
— Hoje vamos todos comemorar o aniversário dela na fraternidade dos garotos, Kappa Tau. Vou correr atrás das coisas agora à tarde, vai ser ótimo te ter aqui pra distraí-la — ela jogou as informações rapidamente.
— Você precisa de ajuda com alguma coisa?
— Não, não, só mantenha a ocupada. Mas acho que isso não vai ser problema — a garota deu uma piscadela.
Maddie era um tanto tagarela, algo que não me surpreendia nem um pouco, visto que Nicole também era. Ficava feliz de ter encontrado alguém com a mesma sintonia.
A loira me indicou a porta da biblioteca e me deixou seguir sozinho, avisando que provavelmente estaria na mesa do canto, em frente ao janelão principal, perto dos computadores. Não demorei muito para avistar os cabelos castanhos enrolados em um coque. Seu pescoço ia de um lado para o outro, indicando que já estava cansada demais para continuar ali. Percebendo que ela estava muito distraída enquanto lia, sentei-me ao seu lado sem que percebesse.
Alguns minutos depois, me pronunciei:
— Você sabe se tem que agendar pra usar os computadores? — observei-a girar sua cabeça lentamente uma vez; em seguida, outra vez mais rapidamente.
— NÃO! — ela gritou. — O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?! — se levantou e se jogou nos meus braços, e eu a apertei contra mim.
— Shiiiiiiiiiiu! — ouvimos praticamente a biblioteca inteira nos obrigar a calar a boca.
— É seu aniversário, eu tive que vir — falei baixinho e observei seu sorrisão largo.
— Vamos sair daqui, vem! — ela me puxou pelo braço em direção à porta gigante de madeira da entrada.
— Você estava tão concentrada e linda lendo que nem percebeu quando me sentei.
— Ah, você bem sabe que nada me distrai fácil, principalmente lendo livros — entrelaçou nossas mãos, depositando alguns selinhos nos meus lábios.
— A gente deveria ir pro quarto, não acha? — sorri presunçoso.
— Por favor, sim!

🌹🌹🌹

Perdi as contas de quantas vezes havíamos transado naquela tarde. Já entrando a noite, Maddie havia me mandado mensagem avisando que era para ficar pronta às 21 horas, então não poderíamos mais ficar enrolando na cama.
— O que você quer fazer amanhã?
— Não sei, você conhece tudo. Me leve aos lugares que você mais ama — acariciei seus cabelos enquanto ela ainda permanecia deitada em meu peito.
— Podemos ir para São Francisco amanhã! Já sei para onde vamos — respondeu toda animada, batendo palminhas.
— Perfeito! Você que manda, baixinha. Mas há algo que você queria fazer hoje? Poderia chamar seus amigos, quero conhecê-los.
— Quer mesmo? — perguntou, receosa.
— Sim, eu sei que é importante pra você — dei um sorriso para ela. — Agora vai se arrumar primeiro porque você demora muito.
Enquanto se distraía com seus rituais, me comuniquei com sua amiga, informando que ela ficaria pronta cedo e que poderia vir buscá-la quando terminasse. Quando saiu do banheiro, vestia apenas uma lingerie roxa – ela vai ter que se atrasar, era tudo o que eu conseguia pensar –, mas tentei passar despercebido e apenas dei um tapa em sua bunda gostosa.
— Se eu pudesse, arrancava essa lingerie agora, mas não podemos deixar seus amigos esperando.
Ela gargalhou e eu passei para o banheiro.
Eu estava um pouco preocupado de como seria conhecer seus amigos, até mesmo sabendo que tinha a livre espontânea liberdade de pegar qualquer um deles. Isso me incomodava – MUITO –, para ser bem sincero. Mas eu não poderia demonstrar, não tinha esse direito. Bem que Nicole disse que eu estava adiando vir até a Califórnia por puro ego, e eu odiava quando ela tinha razão.
Ouvi mais vozes femininas, além da que eu conhecia tão bem, tratando de sair logo do banho. Vesti rapidamente minha camisa de botão branca com calça jeans preta e finalmente saí do banheiro. Avistei Maddie logo de cara e outras duas garotas que a acompanhavam, duas morenas.
— Gente! Esse é o famoso — sua amiga, que me conheceu mais cedo, fez questão de me apresentar. — April e Daisy — ela apontou para a cacheada e a lisa, respectivamente.
— Olá, gente, prazer conhecer vocês — depositei um beijo na bochecha de cada uma antes de voltar a ficar ao lado de , que estava estampando um sorriso sincero.
não para de falar sobre você, já sabemos de toda sua vida… — elas começaram a tagarelar do nada, me fazendo rir.
— Vamos embora antes que vocês denunciem coisas demais — se pronunciou.
— Podem falar, meninas, eu deixo. é meio implicante.
— NOSSA! E muito. Como é bom falar com alguém que te conhece mais que nós, .
Observei-a revirar os olhos antes de arrastar todos para fora do quarto.

🌹🌹🌹


— SURPRESA! — um coral de vozes se formava na sala da fraternidade mista de Stanford.
Confetes dourados invadiram minha visão, mas não pude deixar de notar o sorriso escancarado de ao ver que todos os seus amigos estavam reunidos ali. Ela definitivamente não esperava aquilo, e eu estava mais que feliz por estar ao seu lado para ver isso.
Logo de cara consegui identificar os três garotos que estavam na foto da estante de seu quarto. O mais alto, com cabelo um pouco repicado e corpo esguio, chamava-se Link. Cursava Engenharia de Software, algo que não me surpreendia visto pelo seu jeito nerd de se vestir. O segundo chamava-se Adam, tinha altura semelhante à minha, cursava comunicação com – é claro, era ele que estava mais perto dela na foto – e tinha o corpo um pouco musculoso com algumas tatuagens espalhadas no braço. O último cursava medicina, James, também com altura mediana, cabelos loiros escuros e usava óculos redondos.
— Como vocês todos se tornaram amigos? Digo, visto os cursos tão distintos — perguntei, curioso.
— AAAH, FESTAS! — Link respondeu, animado, e eu gargalhei com os outros garotos. Quando imaginaria que um nerd fosse tão eufórico pelas festas? Realmente Stanford parecia diferenciada. — As festas nessa fraternidade são muito faladas, mas os acontecimentos são guardados a sete chaves, sabe?
— Putz, vocês deveriam me convidar algum dia.
— Caro, … Você acha que estaria preparado? — James indagou, me abraçando de lado. — Pessoas abrem relacionamentos para estar nessa festa, entende?
Me mexi um pouco, nervoso e imaginando que sempre estava por essas festas. O fogo do ciúme parecia aumentar a cada segundo de conversa, mas eu não poderia dar uma resposta contrária.
— Acho que eu derrubaria todos vocês — respondi e recebi gargalhadas dos garotos, animados para que um dia isso pudesse acontecer.
— E você o que faz, ? — escutei Adam se direcionar a mim.
— Faço faculdade de empreendedorismo em Princeton. Pretendo tomar conta da empresa que meu pai deixou.
— Foda! De qual área é a empresa?
— Construção civil. Vocês já sabem o que querem fazer pós-faculdade? — continuei o papo.
Depois de algum tempo batendo papo com os garotos, suas amigas nos chamaram para cantar parabéns. Os olhos brilhantes de indicavam o quão emocionada ela estava com aquele momento. Eu não conseguia parar de olhá-la. Por nem um segundo sequer. Principalmente quando ela parou de distribuir os pedaços de bolo e veio em minha direção para me beijar.
— Você já quer ir? — indagou, me abraçando pelo pescoço.
— Não, tô tranquilo — sorri. — Posso lhe carregar para o dormitório, é a minha missão de hoje.
— Eu meio que tava desejando que você dissesse que quer ir. Quero ficar colada em você — falou baixinho em meu ouvido, descendo para distribuir beijos pelo meu pescoço.
… — apertei sua cintura numa tentativa frustrada de lhe parar.
— Tô sem calcinha.
Aquilo parecia música para meus ouvidos.
— Ok, vamos! — falei sem hesitar.
Me despedi de todos, observando em seguida fazer o mesmo. Por último, Adam a abraçou por mais tempo e passou as mãos abaixo da sua coluna, apertando sua cintura, quase chegando abaixo demais. Naquele momento, eu queria conseguir disfarçar minha expressão facial ou até mesmo desver a cena. Parecia que um balde de água fria foi jogado na minha cabeça, mesmo que o calor do ciúme me consumisse.
Quando chegou perto de mim para finalmente irmos, tudo o que consegui fazer foi apenas assentir, mas não sem antes demonstrar para o musculoso que eu a tinha há mais tempo. Eu ainda tinha um espaço importante na vida dela e, mesmo que fosse mesquinho e antiético, entrelacei nossas mãos e a puxei para um selinho, antes de abrir a porta daquela fraternidade e dar o fora.

🌹🌹🌹


— Vem, babe! — ela me puxou para uma selfie com a famosa ponte vermelha ao fundo.
Depois de passar o dia de cima, abaixo de São Francisco, decidimos assistir o pôr do sol no pé da Golden Gate Bridge. estava com um sorvete quase derretido em sua mão direita, que eu sempre ajudava a equilibrar para que ele não caísse.
— Ficamos tão lindos! — ela se sentou ao meu lado no banquinho, e eu observei a foto quando ela me direcionou a tela do celular.
— Nós somos lindos, meu bem. Inclusive, pode revelar e colocar na sua estante, está faltando uma foto minha ali — a olhei lateralmente, desconfiado.
— Sabia que você ia falar isso — ela revirou os olhos. — Eu já te tenho tão pertinho de mim na minha tela de bloqueio.
— E? Preciso espantar homens que fiquem por muito tempo na sua cama. Se verem um cara mais bonito que eles, correriam sabendo que nunca poderiam competir — sorri convencido, recebendo um tapa em resposta.
— Idiota! Você pensa em tudo, realmente. Mas não se preocupe, até agora ninguém tomou seu lugar de “primeiro-damo” — ela me olhou rapidamente e, em seguida, voltou a mexer no celular.
— Não tenho tanta certeza… — sorri duvidoso. Quem era eu para estar questionando ela sobre isso? O cara que não a assume? Eu era patético!
— Por que não me pergunta o que quer saber? — recebi um olhar perscrutador.
— Você fica com Adam? — disparei, observando-a se mover no banco. Eu só queria uma confirmação, porque, depois de ontem, estava escancarado.
— Ficamos algumas vezes, sim, mas não é sempre.
— Acho que ele tem uma queda por você. Uma queda não, um precipício inteiro.
— Isso com base em quê?
— Observei quando ele te abraçou ontem, só isso.
— Tá bem, mas não temos nada. Os motivos espero que estejam mais que óbvios pra você — ela se mostrou chateada por abordá-la com aquilo.
— Desculpe, não queria invadir seu espaço — puxei sua mão e beijei o dorso, olhando-a dar um sorriso lateral.
— Não queria pensar em nós, pelo menos não nesse final de semana. Só queria apreciá-lo com você — percebi sua voz um pouco triste, então logo tratei de desviar o foco da conversa.
— Ok, vou mudar de assunto. Tenho algo pra você — levantei-me do banco para tirar a caixinha do meu bolso, lhe entregando em seguida.
— AAAAH, AMO PRESENTES! — ela gritou, animada, tratando logo de abrir. Tirou a tampa da caixa, onde havia um colar de ouro com um pingente de uma rosa vermelha que tinha tanto significado para nós. — Babe, que lindo! Eu amei — levantou do banco e me abraçou forte, tirando todas as minhas paranoias ciumentas da cabeça. Ela tinha esse poder.
— Deixa eu colocar pra você — pedi e ela me entregou o colar, ficando de costas para mim. Com certa dificuldade, consegui encaixar o fecho, logo após depositei um beijo rápido em seu pescoço.
“All the small things…” — ela cantou, entrelaçando-se no meu pescoço
“...true care, truth brings” — continuei observando sua boca se aproximar da minha.
Podia jurar que eu estava sem ar com seu intenso olhar. Sua boca, com gosto predominante de menta do sorvete que tomava anteriormente, parecia que deixava tudo mais especial. Lentamente encaixado, aquele beijo entregava nossa química em tão pouco, somente nessa troca de saliva.
Eu estava feliz por estar com . Parecia até fantasia o quanto estávamos parecendo um casal de verdade. Afinal, deveríamos ser, mas para mim não era tão simples quanto para ela. Para , bastava uma pergunta comum entre duas pessoas apaixonadas, ou simplesmente “você quer tentar?” já daria para o gasto. Para mim, faltava algo que venho tentando buscar respostas.
Seus lábios afastaram-se dos meus, mas ela ainda permanecia me examinando com aqueles olhos curiosos. Afastei alguns fios insistentes do seu rosto e continuei a admirá-la.
— O que quer dizer, meu bem? — perguntei e ela sorriu, sabendo que eu a conhecia dos pés à cabeça.
— Parece que vivi um sonho esse final de semana. Obrigada por me tirar da realidade! — pronunciou antes de grudar nossos lábios novamente.



Wherever you're going, I'm coming with
Everything comes, comes to an end



Nova Jersey, 18 de maio de 2018

As memórias do final da tarde atravessavam a minha mente como uma avalanche. Eu não conseguia processar que havia me dado o ultimato. Aquilo era o ciclo se fechando.
Não tinha volta.
Embora parecesse falta de coragem falar que eu a amava, na verdade precisei de muita para admitir para mim mesmo o péssimo homem que sou para ela. Foi por isso que eu não poderia de forma alguma prendê-la enquanto ainda havia uma parte de que poderia ser salva nessa confusão, que era nós dois. Eu nunca poderia fazê-la permanecer em mim por mais tempo, por isso nunca falei o quanto eu a amava, porque essa era a verdade – eu a amava –, mas era injusto fazê-la escutar isso da minha boca enquanto eu não a faria feliz. Não agora. Não como um filho da puta bêbado e drogado que eu era.


HORAS ATRÁS

Ao se distrair lendo um livro ao seu lado, percebi calada e pensativa, com o olhar distante. Levantei metade do meu tronco, olhei em sua direção e alisei sua perna, mas ela permanecia muda.
— No que está pensando? — perguntei, seu rosto ainda estava virado para o lado oposto. Observei-a levantar o corpo e se sentar na beira da cama. Pus meu rosto encaixado em seu ombro e a beijei.
— A gente vai ficar brincando de se relacionar até quando, ?
Arregalei os olhos com o susto quando ela pronunciou aquela frase.
— Ok. Não entendi isso do nada — respondi prontamente, me colocando sentado ao seu lado.
— Não consigo mais lidar com o fato de que, quando eu voltar pra casa, tudo isso não vai passar de um momento pra você. Você vai ter qualquer garota nessa merda de cidade, vai voltar pros seus vícios, suas bebidas e suas amizades que destroem tudo de bom que eu vivo com você, porque eu sei que eles me odeiam por te fazer vulnerável.
— Mas esse sempre foi nosso acordo, . Você mesma disse que estava tudo bem em sermos momentos…
— É, mas eu achei que você mudaria de opinião. Achei que os momentos se tornariam algo mais depois de tanto tempo.
— Por que está falando isso agora se você sempre soube de tudo? Você mora a 2796 milhas daqui. Quando você vai embora, minha mente pira e eu recorro a tudo que me afasta de você, porque só assim consigo sobreviver a essa cidade sem você — coloquei minhas mãos em seu rosto e vi sua expressão chorosa aparecer.
— Não venha me dizer que a culpa das suas besteiras é minha. Desde que te conheci você é assim. Mas acho que eu me iludia pensando que eu poderia te mudar. São três anos que vivo na esperança de você se curar de qualquer que seja seu trauma, e eu tô cansada de esperar isso.
— Eu não sou e não posso ser o cara que você deseja que eu seja, .
Ela levantou-se da cama, chateada.
— Então pra mim já deu isso! , eu AMO você, mas você nem sequer sente metade da metade do que eu sinto. Eu preciso conhecer outras pessoas, e você precisa me soltar.
— Eu não tenho o suficiente pra te fazer feliz, . Mas eu não queria ter que me despedir de você assim — me direcionei para mais perto dela. Passei minha mão em seu rosto e senti sua lágrima molhá-la. — Por que eu sinto que isso é uma despedida? Tipo, que eu nunca mais vou ver você como antes? — proferi, me sentindo estranho por nunca ter vivenciado isso com ela.
— Porque é — ela se afastou de mim, recolheu todas as suas coisas e saiu do quarto sem olhar para trás.


Eu só queria esquecer essa briga. Só queria esquecer por um momento. Só queria que as coisas não fossem daquele jeito. Levantei-me da cama disposto a deletar o dia de hoje da mente, e, para isso, era essencial que minha distração se direcionasse para a festa que Hank estava dando. Festa esta que eu havia recusado porque era o último de na cidade, antes que ela voltasse para a Califórnia. Porém, isso não tinha mais importância agora. Tudo que eu precisava internalizar era que hoje eu esqueceria da maneira que ela odiava, do que ela mais me protegia.
— Tô chegando em vinte minutos! — avisei quando Hank me atendeu no segundo toque.
— NÃO CREIO! Você não ia ficar com a primeira dama? — sua voz saiu em tom de deboche, algo que deixei passar.
— Não existe mais primeira dama. Foda-se, não é como se você quisesse escutar sobre isso. Chego já. Prepara tudo que eu tenho direito hoje!
Pode deixar, ! Hoje a noite é uma criança… — ele gargalhou, desligando em seguida.
Me pus de pé e tracei o caminho para o banheiro, encontrando rastros de – seu cheiro, um anel e os gemidos que pareciam vivos nos meus ouvidos. Abri o chuveiro e tentei lavar tudo aquilo, mas não suportei passar mais que cinco minutos naquele ambiente. Rapidamente troquei de roupa e tirei os lençóis que estavam na minha cama com o misto dos nossos perfumes impregnados ali.
— Mãe! Você pode lavá-los? — entreguei o bolo de tecidos para ela, que tinha uma expressão confusa no rosto.
— Eles não estão limpos? Troquei ontem…
— Sujaram rápido — insisti.
já foi, não é? — ela puxou conversa, analisando meus sentimentos como sempre fazia.
— Não importa, mãe. Eu tô saindo — dei um beijo nela e rumei para a festa.
— Cuidado, meu filho — foi o que pude ouvir antes de fechar a porta da frente.

🌹🌹🌹


Eu já enxergava o pozinho branco e cristalino em cima da pia do banheiro. Ao meu lado estavam algumas garotas, inclusive Karen, que me observava a todo momento. Puxei o dólar de sua mão e abaixei o tronco, aspirando a carreira inteira de coca.
— UOOU! Devagar aí. É pra todos — disse uma loira perto da porta.
— Não enche, garota! — resmunguei e saí logo em seguida, procurando um pouco de conforto num copo vermelho.
Muito antes de bebericar um gole de cerveja, senti a sensação de euforia tomar conta de mim; a sobrecarga de dopamina me fazendo ficar em estado de alerta. Era uma sensação de prazer, quase tão boa quanto sexo, mas não melhor que o sexo com ela. Balancei minha cabeça numa tentativa de afastar aqueles devaneios que insistiam em tomar conta de mim. Fechei os olhos, escutando as milhares de vozes silenciar meus pensamentos e me mantendo presente naquela festa.
Senti uma mão delicada tocar as minhas costas. Me virei rapidamente e encontrei a ruiva que nunca parou de me rondar desde de um único beijo que eu havia dado nela alguns meses atrás.
— Você está bem? — seus olhos esverdeados me examinavam minuciosamente.
— Karen, né? — perguntei e ela assentiu. — Estou mais que bem com sua presença.
— Você é um conquistador barato — as laterais do seus lábios se alargaram em um sorriso. Gargalhei, sabendo que nunca poderia negar.
— Aparentemente você tem uma queda por ele — me aproximei do seu rosto, percebendo-a ficar tímida.
— Tenho mesmo.
Passei minha mão pelo seu pescoço, sentindo seus cabelos se entrelaçarem em meus dedos. Encostei nossos lábios numa pressa de esquecer aqueles que me tiravam o ar. O gosto da sua boca era diferente. O tocar de línguas era diferente. Seu toque era diferente. Mas é claro, tudo era diferente porque não era a pessoa que eu amava, e eu insistia naquilo no desespero de preencher o vazio.
Afastei nossos lábios quando Karen me puxou para um canto distante da agitação, e eu a olhei por um momento antes de prensar seu corpo na parede. Logo ela me puxou para si, mordendo meu lábio inferior com a voracidade de alguém que queria me engolir.
— Vamos lá pra cima — pediu quando desviou seus lábios dos meus, encostando-os no meu ouvido.
— Bem que eu queria, mas não consigo fazer isso com você. Pelo menos, não hoje — falei, e ela me olhou confusa.
— Como… como assim?
— Eu…
Antes que eu pudesse justificar o que eu havia acabado de pronunciar, meu braço foi puxado, me afastando da ruiva.
— Trev! Tenho uma surpresa pra você.
— Hank, porra! Que susto — coloquei a mão no peito.
— Deixa de frescura. Vem, caralho!
Acompanhei ele, subindo as escadas caminhando até o quarto no final do corredor. Eu me lembrava muito bem daquela casa. Quando criança, não saía daqui por nada. Era um clima totalmente diferente desse, um clima mais leve. Antigamente era repleta de alegria quando seus pais ainda eram vivos; hoje em dia é conhecida como a casa das drogas.
O quarto continuava o mesmo de sempre. Letreiros neon espalhados iluminavam as paredes que Hank insistia em pintar de preto; pelo menos os pôsteres eram claros, dando para reconhecer algumas bandas que ele admirava.
— Achou o nosso garoto! — Jack gritou de longe em meio a névoa de fumaça que se espalhava naquele lugar.
— E aí, o que de tão interessante vocês têm pra mim? — me sentei no puff preto que estava vazio ao seu lado.
— Devido ao seu término, acredito eu — começou a explicar e eu balancei a cabeça, confirmando —, resolvemos lhe presentear com algo que vai te levar ao “barato”, meu amigo.
Vi Hank tirar uma seringa do bolso e me entregar em seguida.
— Isso é heroína? — perguntei. Eles assentiram enquanto eu continuava espantado em ver o líquido amarelado na minha frente. — Mas eu acabei de cheirar, e se der muito errado? — indaguei, apreensivo.
— Você parece um careta me perguntando isso — Hank revirou os olhos. — Acredite, você vai se sentir melhor. Essa sensação de solidão vai se esvair aos poucos. Eu já provei, até mesmo com coca pra deixar de me sentir sozinho. Jack também provou alguns meses atrás, só você que não. Além do mais, até Mark já usou — ele fez questão de citar seu amigo mais frescurento que conhecia. — Qual é, foi embora e eu sei que você gosta dela, ok? Mas você pode esquecê-la em dois segundos. Acredita em mim, você vai se sentir foda!
Eu passava meus olhos de Hank para Jack, em seguida para a seringa. Escutando mais alguns incentivos deles, pensei o quão decepcionada ficaria com aquilo. Se para amá-la eu precisava ser emocionalmente aberto, então sem isso restava minha solitária existência.
O quão simples seria se eu conseguisse ser vulnerável, não apenas para ela, mas para todos os traumas que assolavam minha mente? Seria tão ruim admitir que eu sentia falta da figura paterna que me deixou cedo demais? Apesar disso, eu escolhi o pior caminho: o bloqueio mental, aquele que nos desvia de pedir, de implorar por ajuda. Não era de se admirar pelas pessoas que estavam ao meu redor naquele momento, aquela parcela da sociedade que não enxerga o quão quebrada estava, se escondendo atrás de devaneios temporários. Mas era o que eu tinha naquele momento. Pelo menos para afastar a solidão, momentaneamente.
Balancei a cabeça, afastando as vozes que me impediam de continuar aquilo. Num milésimo de segundo, o líquido atingiu minha corrente sanguínea, me fazendo sentir uma grande onda de calor invadir meu corpo.
Um… Dois… Três… Quatro… Cinco… Seis… Sete segundos foram suficientes para a sensação de prazer e bem-estar me atingir. A sensação de merda que eu estava sentindo se FOI! Não existia mais. Agora era substituída pela mistura de sentimentos bons.
Aquela sensação milagrosa, em que algo maior do que eu mesmo, era poderosa o suficiente para silenciar e aquietar o mundo por dentro. Tudo estava silencioso, mas o sentimento de excitação se alastrava por todo meu corpo. PORRA. Aquilo estava gritando dentro de mim, e como era bom. Eu não temia coisa alguma.
— E aí? Como se sente? — meus amigos perguntaram juntos.
— Incrivelmente bem! — entusiástico, me levantei do puff e os empurrei para fora do quarto. Decidi ir curtir a festa, agora sem preocupações.
Descemos as escadas em busca de bebidas, shots de tequila, beer pong ou qualquer coisa que existisse álcool no meio. A música parecia mais alta, mais elétrica. Enquanto passava o olho pela festa, parecia que eu conseguia ver a aura das pessoas claramente com diversas cores e formatos. Passei minha mão repetidas vezes em algumas na tentativa de pegá-las, o que foi em vão.
— Você deveria ir atrás da Karen — Jack jogou quando estávamos perto da geladeira.
— Eu já peguei ela, man.
— Ué, tem quartos vazios por aí e você não está em nenhum, então considero que você não pegou ela — Hank continuou.
— Foda-se, tô me sentindo uma delícia depois de tudo isso! — bati no meu peito, me achando, e gargalhei com meus amigos.
Caminhei pela festa procurando uma cabeça vermelha no meio de toda aquela gente. Encontrei-a conversando com outra garota; cheguei próximo enquanto Karen ainda estava distraída. Sua amiga passou seus olhos em mim, atraindo a atenção dela para olhar para a mesma direção.
— Hey, quer ir lá fora? — perguntei quando cheguei perto dela.
— Sim, eu já volto, Lexie!
Dei uma piscadela para a amiga e puxei Karen para a parte de trás da casa.

[n/a: ♫ Coloque essa música de fundo ♫ Aerosmith - Combination]


Antes de chegar até o lado de fora, comecei a sentir um pouco de sonolência. A sensação de euforia havia diminuído em tão pouco tempo… Eu precisava de mais daquele sentimento quente envolvendo minha alma, que agora parecia um pouco mais fria que antes.
— Vou pegar mais bebida, Karen. Você quer mais? — perguntei e ela assentiu, me entregando seu copo.
Encontrei os garotos na cozinha conversando divertidamente. Enchi os copos que estavam comigo, mas eu precisava um pouco mais da satisfação de minutos antes.
— Ei, tem mais uma aí? — cheguei próximo de Hank.
— Tem. Já quer mais, né? — ele gargalhou, procurando algo na jaqueta. — Sabia que ia adorar!
— Claro. Rápido que a Karen tá me esperando!
— Ok, toma! É a última.
Puxei do seu bolso e, ali no canto da cozinha, injetei mais uma dose de alívio. Fui em direção ao quintal onde a ruiva me esperava, e até chegar lá eu conseguia sentir tudo aquilo de novo. Eu estava me sentindo vivo novamente.
— Aqui seu copo!
— Obrigada — ela bebericou. — Você está melhor que antes, aparentemente.
— Ah, estou me sentindo ótimo agora. Me desculpe por antes, onde estávamos mesmo?
— Sua boca tava aqui — ela apontou para seus próprios lábios, sorrindo.
Puxei seu corpo para mim, não esperando nem um minuto a mais, antes que o efeito de prazer passasse. Antes que eu me sentisse uma merda novamente. Sua língua gelada me arrepiava quando tentava conter a minha. Lambi seu pescoço, sentindo todos os seus pelos se arrepiarem. Suas unhas percorreram minha barriga por baixo da blusa, me fazendo contrair o abdômen.
— Vamos sair daqui! — ela implorou, com a respiração descompassada.
— Aqui fora tem um quarto.
Guiei-a até a garagem de Hank, sabendo que haveria videogame, algumas caixas de pizza e um sofá que dava pro gasto naquele momento. Passei minha camisa pela minha cabeça enquanto desabotoava minha calça com rapidez. O olhar de Karen sobre mim me excitava cada vez mais. Então, pressionei minhas mãos em sua cintura e a direcionei para o sofá de couro.
Ela me virou e sentou em cima de mim, o que fez sua minissaia encurtar com o movimento. Eu conseguia sentir sua intimidade tocar a minha. Puxei seu sutiã com uma mão livre enquanto a outra acariciava sua barriga. Seus seios, agora libertos, apontavam para mim, e não demorei para abocanhá-los.
— Trev… — ouvi ela suspirar, fazendo crescer meu membro.
— Você é uma gostosa, Karen! Tira tudo pra mim.
Observei-a sair do meu colo no mesmo momento que percebi a temperatura do meu corpo esfriar. Senti meus olhos ficarem pesados, a sonolência me atingindo em cheio, minha boca secar em poucos segundos. Minhas pálpebras insistiam em fechar quando minha visão escureceu por completo. Fechei os olhos um pouco, percebendo meus batimentos ficarem cada vez mais fracos.
— Ei, você tá bem? — ouvi a voz feminina de longe. — ! EI! — ela me sacudiu, e abri os olhos novamente.
— Eu acho que tô passando mal… Tô sentindo dor aqui — passei a mão no peito.
Eu sentia meus dedos dormentes. Meus ossos doíam, meu corpo transpirava, parecia que minha alma estava gritando por socorro. Os sentimentos anteriores de euforia davam espaço para um nada – nem bom, muito menos ruim. Aquele vazio que eu estava tentando preencher chegava como uma avalanche novamente. Parecia mais intensificado; a droga só tinha jogado aquele sentimento para o fundo do meu ser.
Sentia que eu estava de cara com o demônio, logo eu que não acreditava nem que existia o lado bom e ruim espiritualmente. O ar já não passava como antes pelos meus pulmões. Aquele lugar aparentava não ter ar suficiente para que eu pudesse inalar.
— Eu tô… frio — falei, quase inaudível.
— Vou chamar uma ambulância. O que você consumiu, Trev?! — ela me sacudiu, me mantendo acordado ainda. — Não dorme!
— Heroína e cocaína — respondi num suspiro. — Me desculpa, — senti as lágrimas chegando como uma avalanche.
!
Não era isso que eu queria. Eu não queria morrer.
Meu choro se intensificava, percebendo que a falta de ar piorava a cada segundo, até o momento em que meus olhos não enxergavam e meus ouvidos não ouviam. Os gritos pelo meu nome foram perdendo a sororidade, ficando cada vez mais abafados, como se eu estivesse atingindo a surdez.

🌹🌹🌹


Procurei abrir meus olhos devagar, mas a claridade doía minha vista. Tentei colocar a mão para cobri-los, porém algo me impedia. Olhei para o meu braço com acesso venoso me espantando. Eu estava em um hospital? O que havia acontecido?
Tentando caçar no fundo da minha mente o que tinha acontecido na noite anterior, eu só conseguia me lembrar da briga com .
— ALI! ALISSA! ALISSA! — gritei, sentindo meu peito doer um pouco. Passei meus olhos pela sala e eu estava só. Ela tinha ido embora, é claro. Ela não aguentaria me ver assim.
Ouvi a porta abrir rapidamente, foi quando girei minha cabeça em sua direção.
— Sou eu, Karen. Você tá sentindo alguma coisa? — sua voz calma me deixou menos ansioso.
— A não está lá fora? — perguntei, mas ela me olhou confusa, negando.
— Não, mas sua mãe está lá fora. Vou chamá-la — a ruiva se distanciou um pouco, mas ainda consegui prender seu punho.
— Karen, o que aconteceu?
— Você teve uma overdose, Trev. É um milagre você estar aqui! — ela alisou meus cabelos, demonstrando carinho. — Quando você entrou na ambulância, pude jurar que você ia morrer depois de tantas paradas cardiorrespiratórias. Sua boca estava roxa e não parava de sair uma espuma branca, você convulsionou bastante. Eu… — ela demonstrou desespero, lembrando de tudo antes que eu tocasse em sua mão. — Eu podia jurar que tinha escutado seu último suspiro.
— Obrigado por estar comigo — tentei sorrir, ainda um pouco sem força. — Me desculpe por ter feito você passar por isso.
— Vou chamar sua mãe, ela está muito preocupada — a garota saiu num instante.
As memórias me traziam algumas situações à tona, mas a última coisa que eu lembrava agora era de beijar Karen no quintal e, depois, nada. Eu quase morri! O que eu tinha feito?
A porta do quarto abriu rapidamente, exibindo a mulher de altura mediana com os olhos cheios de lágrimas, o que me cortou o coração.
— Meu filho, que susto você me deu! — ela me abraçou forte. — Você vai ficar bem, ok? Eu vou cuidar de você. Nós vamos passar por isso juntos — minha mãe fez questão de sustentar seus olhos carinhosos em mim, mas preferi abraçá-la outra vez. Pude finalmente sentir o aconchego de alguém que me amava o suficiente, inclusive meus defeitos mais obscuros.
— Me desculpa, mãe. Prometo que não vai acontecer de novo. Eu te juro que…
, me escute! Não vou passar a mão na sua cabeça. Eu nunca imaginaria que meu filho estivesse passando por isso. Porém, vou te ajudar, e a partir de hoje você vai seguir minhas regras — sua voz saiu duramente mandona, um tom que eu nunca havia escutado antes, e era o que eu precisava agora.
— Ok, mãe — foi a única resposta que consegui dar.
Elas mentem para você, sim. As drogas mentem para você da forma mais fodida possível. Te fazem querer cada vez mais delas, mas há um momento em que sua dor não vai sobressair os efeitos. O “barato” acaba. Elas não vão cuidar de você, mas vão roubar cada pedacinho sadio que ainda perdura em seu corpo, mente e coração. Elas farão o possível para nunca te deixar ir.
Alguns escapam delas, mas outros mal conseguem.
E eu era um deles.

¹Cafungar: aspirar o pó (cocaína).
²Barrufo: trago de cigarro de maconha.
3 Verdinha: maconha.



Fim



Nota da autora: Sem nota.

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