Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

— Você não está fazendo direito, está distraída!
A voz de Giyu soou irritada ao meu lado, e a espada de madeira atingiu meu tornozelo em segundos, me levando o chão. O olhar descontente, embora permanecesse com a face inexpressiva, revelava sua irritação. Me levantei espanando a sujeira de meu traje, suor pingava de minha face enquanto sentia meus músculos arderem de devido o esforço.
— Estamos nisso desde a aurora! — Resmunguei arrumando minha postura, sentindo novamente a superfície áspera abaixo de mim, Giyu havia me derrubado novamente.
— Você não encontrará gentileza no campo de batalha, ! — Sua voz era grave e séria. — Somos mais fracos, vulneráveis, não há espaço para aberturas desnecessárias em sua defesa!
— Eu já entendi! — O respondi enquanto parava um golpe de sua espada, tendo de me mover logo após, evitando o ato sorrateiro que me colocaria no chão novamente.
— Mantenha o foco, . Mesmo que seus músculos estejam exaustos, procure manter sua mente focada nas ações de seu adversário. — A cada palavra que ele dizia, um novo golpe era desferido contra mim.
Mal suportava os golpes de uma espada de madeira. O problema não era estar sendo o saco de pancadas de Tomioka, o real problema era que desde a morte de Kyojuro nada mais fora o mesmo.
— Prosseguiremos com seu treinamento amanhã. — A inflexibilidade em seu tom tornava claro sua posição.
O respondi com um aceno enquanto me recostava contra uma árvore. Estávamos há um mês naquela montanha e Urokodaki e eu mal estávamos nos falando desde sua última repreensão... Estava anestesiada após os eventos que levaram o Hashira de fogo à morte, eu sabia que poderíamos morrer ao enfrentarmos as criaturas que caçávamos; o problema fora exatamente quando meu tolo coração se envolveu.

Alguns anos atrás...
Estava acostumada a seguir sozinha, realizar o trabalho o mais rapidamente e eficiente era o que prezava. Apenas seguia as instruções repassadas e agia; não era como se estivesse altas aspirações ou expectativas. Encarava friamente o meu trabalho, havia me juntado aos Caçadores Demônios por vontade própria. A vida de uma mulher comum não me interessava, aprender técnicas de luta e começar a me destacar fora consequências da minha curiosidade. Assim, eliminava um após o outro os demônios que encontrava; desse modo não sentia receios do que poderia encontrar pela frente.
Porém, em uma noite, algo mudou. Eu estava em um pequeno vilarejo, o qual era isolado devido a floresta que o cercava; havia dias em que os habitantes locais estavam desaparecendo sem deixar rastros. Naquela noite, estava investigando quando a figura do Hashira de Fogo surgira decapitando não um mas três demônios em um golpe. Seu estilo era limpo, porém preciso! Após aquele encontro que me marcara, acabamos nos encontrando com uma frequência assustadora. Fora impossível não observar, Rengoku era extremamente cavalheiro, ajudava as pessoas a sua volta e estava sempre com um sorriso em sua face enquanto falava com os habitantes dos povoados.
— Existe um determinado ponto que você consegue evoluir quando não possui um objetivo.
Kyojuro comentou enquanto prosseguia sua caminhada ao meu lado, embora seu tom houvesse sido calmo ele estava me alertando.
— O que lhe fez chegar a tal conclusão ? — O questionei sem interromper a caminhada, estávamos seguindo em direção a outro povoado.
— Seu estilo de luta é bom, mas lhe falta motivação, é como se estivesse fazendo algo porque lhe ordenaram e não que você escolherá isso. — Seus olhos dourado-avermelhado permaneceram em minha face.
— Não preciso de uma motivação enquanto eu realizo o meu trabalho. — Meu tom de voz permaneceu indiferente.
— Porque se juntou a nós? — Ele me fez parar de andar, virando minha face de modo a encontrar seu olhar.
Eu podia notar como seus olhos eram como duas chamas, sagazes, ele buscava entender-me, embora lutasse contra mim mesma em não admitir os sentimentos tolos que faziam meu errante coração falhar algumas batidas. Com um olhar de desagrado, soltei suas mãos de meu braço, embora Rengoku o segurasse com gentileza; ele ainda era um cavalheiro e gentil.
— Não acho que lhe devo respostas. — O respondi com frieza. Meus olhos encontraram um brilho prateado a nossa direita...
Estava prestes a me mover, quando senti minha cintura ser abraçada por Kyojuro e ele saltou sobre o leito de um córrego perto de nós; no lugar em que estávamos anteriormente havia inúmeras garras, uma figura emergiu com um riso estridente.
— Eu lidarei com isso rapidamente, não saia daqui! — A seriedade em sua face era admirável, concordei com um aceno, um pouco desnorteada.
Observei Rengoku desembainhar sua Nichirin, o ar envolta dele deixou de ser amigável no instante em que se lançou em direção ao inimigo. Eu já havia notado, ele possuía o forte senso de proteger a todos e embora eu fosse extremamente hostil com ele, ainda assim Rengoku havia sido gentil e amigável. Meus olhos permaneciam focados nos movimentos impressionantes de Kyojuro enquanto ele lutava, não era sem razão que ele havia se tornado um Hashira.
Uma mentira, uma farsa, era exatamente o que eu era, usando desculpas para me esconder. Sim, a curiosidade fora uma das principais razões que me levaram a entrar para o Corpo de Caça Demônios, mas não era somente isso...O problema de uma mentira muito vezes repetida era que em algum momento você acabava tornando-a uma verdade. Uma órfã, destinada a crescer e se tornar esposa de alguém, a vida era apenas uma existência e não algo que poderia ter algum objetivo; não até que um mal assolasse a cidade em que vivia, não quando fui protegida por um guerreiro desconhecido. Urokodaki muito provavelmente havia se esquecido da criança que havia salvo em uma de suas inúmeras missões, porém devia minha vida àquele homem! Antes era como uma casaca vazia, sem emoções, havia conhecido apenas a limitada existência até aquele dia; quando enfim havia descoberto que a vida podia ser mais do que imaginava.
Motivada pelas descobertas, procurei saber mais. Conforme fui crescendo, me lancei nesse mundo desconhecido e quando enfim encontrei novamente Urokodaki tive que insistir muito, ao ponto de cansá-lo, para que fosse meu tutor. Foram anos difíceis diante um treinamento exaustivo, no qual eu sabia que em partes ele queria me testar e me fazer desistir, porém me mantive firme. Quando enfim consegui ser enviada para a aprovação real, lhe contei minha história, eu sabia que por trás daquela fachada ranzinza havia alguém com sentimentos.
Assim que passei pelo teste final e retornei à cabana de Urokodaki, conheci Giyu; Tomioka fora aquele que me ensinara a trabalhar sozinha e como sobreviver. Ele era semelhante a Urokodaki, porém com a convivência eu pude me fazer enxergar a face que escondia de todos, um lado mais humano e gentil, embora optasse por permanecer impassível.
Desde então estive lutando com uma máscara em minha face, uma armadura contra emoções, de modo a enterrar a garota órfã. Ao longo das batalhas, aprendi que os demônios se aproveitariam de qualquer brecha para derrotarmos, esse era o porquê de eu manter as pessoas o mais distante que eu posso.

“ Se eu não possuísse nada, não teria nada a perder! ”

Estava seguindo perfeitamente bem o meu objetivo até que Rengoku Kyojuro apareceu em minha frente. Urokodaki e Giyu eram fáceis de se manter distante, embora me importasse com ambos, eles eram notavelmente solitários e preferiam suas próprias companhias a ter alguém por perto. Assim, eu sabia que eles estariam seguros porque eram perfeitamente capazes de cuidar de si mesmos. No entanto, diante a gentileza, atos cavalheirescos e uma áurea brilhante, meu errante coração falhava perante a figura de Kyojuro. Quanto mais me afastava, mais ele parecia se aproximar; seguia sempre em direções opostas em que ele seguia, porém em algum momento sempre nos esbarrávamos.
Com o nascer do sol, ele se moveu em minha direção. Eu havia acompanhado sua luta com atenção, não era necessário dois de nós para derrotar aquele demônio, Rengoku o havia feito sem qualquer dificuldade. Os primeiros raios da manhã iluminavam a silhueta daquele Hashira, e eu soube que havia perdido a batalha contra mim mesma, ao aceitar sua mão estendida; eu consegui ouvir minha armadura ruir. Havia um doce sorriso em sua face.
— Obrigada. — O agradeci. A hostilidade havia abandonado minha voz.
— Eu ainda estou esperando a resposta da minha pergunta. — Ele me respondeu com seu tom de voz curioso.
Acabei rindo, ele era como uma criança insistente. Me virei para ele, em ambos os lados havia arrozais e o sol continuava seu caminho iluminando a paisagem à nossa volta.
— Se nos encontrarmos novamente, eu lhe responderei. — Com uma piscadela enquanto me afastava com um doce sorriso em minha face, o deixei para trás.

Alguns meses depois...
O reencontrei alguns meses depois. Sua figura ficava mais robusta e imponente a cada reencontro. Seus olhos ainda eram calorosos e o sorriso permanecia gentil.
— São só alguns arranhões. — Afastei sua mão rindo do olhar preocupado em sua face.
— Não zombe de mim, ! — Ele me respondeu contrariado.
— Eu cai em um arbusto, não é nada grave! — Prossegui caminhando em direção a uma pensão.
Havíamos passado a noite envolta de uma caçada complicada, fora uma montanha repleta de armadilhas de um demônio difícil de lidar. Por ter Kyojuro ao meu lado, apenas alguns arranhões foram tudo o que eu obtive; costumava ter uma ou duas feridas que deixavam cicatrizes como marcas de batalha e em algumas vezes torcia algo ou quebrava um osso.
— Você poderia ter quebrado algo naquela queda. — Ele me repreendeu energicamente.
— Eu sei, mas não foi nada grave! — O tranquilizei enquanto indicava a pensão à nossa frente. — Vamos descansar antes que nos repassem algo.
Ele suspirou, tomando a dianteira e falando com a dona. Rengoku retornou com a face corada. O observei de modo curioso enquanto ele me guiava para o segundo andar da pensão.
— Eu ficarei no quarto ao lado. — Ele murmurou antes de desaparecer atrás da porta, ele havia posto a chaves em minhas mãos com uma pressa inexplicável.

“ O que houve com ele? ”

Adentrei o recinto, retirando meu quimono em seguida. Abaixei a parte superior do uniforme, analisando os arranhões em minha pele, eles não eram nada grave. Retirei minha roupa completamente antes de seguir em direção à tina, adentrei a água, lavando meu corpo.
Pouco tempo após eu terminar de me vestir, ouvi batidas leves contra a porta de meu quarto. Abri a porta, encontrando a dona da pensão segurando uma bandeja com tigelas e pratos de comidas. Agradeci a ela e coloquei a bandeja sobre a mesa, segui então para o quarto de Rengoku batendo em sua porta.
— Você já terminou sua refeição? — O questionei assim que senti um cheiro agradável de comida vindo de dentro de seu quarto.
— Não, estava me preparando para comer. — Ele me respondeu com bom humor.
— A comida possui um sabor mais agradável quando você divide a refeição com alguém. — O respondi, pedindo para que ele me seguisse.
Rengoku se sentou a minha frente com sua bandeja recheada com o triplo de alimento que a minha. Contive uma risada enquanto ele desviava o olhar; agradeci pelo alimento antes de iniciar a refeição.
Enquanto levava os alimentos aos meus lábios, eu mantinha o olhar baixo, aquele olhar gentil e caloroso me deixava envergonhada.
— Eu lhe deixo desconfortável? — Kyojuro pousou sua tigela sobre a mesa enquanto me indagava.
— Quando não éramos tão próximos, sim, você me deixava desconfortável. — Deixei meus hashi de lado enquanto levantava meu olhar. — Agora não mais.
— Você está agindo estranhamente, . — Ele balançou a cabeça negativamente antes de voltar sua atenção para a comida.
— Você parece uma criança quando come. — Soltei uma risada antes de nos servir o chá de ervas.
Ouvi ele se engasgar e me coloquei ao seu lado preocupada. Ele levou aos lábios a xícara de chá, retornando a sua postura habitual.
— Você está bem? — Indaguei observando-o de perto.
, você está me deixando confuso. — Ele segurou minhas mãos com gentileza.
— Kyojuro, o que estou fazendo de confuso? — O indaguei com um meio sorriso nos lábios.
— Não há mais nada hostil em seu modo de agir...— Ele me respondeu com cautela, como se temesse minha irritação.
— Eu era uma covarde, Kyojuro. — Iniciei minha fala calmamente. — Afastar as pessoas era natural; se eu não possuísse nada eu não teria nada a perder. — Deixei um riso sem graça escapar antes de desviar meu olhar daquele dourado intenso. — Você me perguntou o porquê de me juntar aos Caçadores de Demônios... bem, eu era apenas uma órfã até ser salva por um. Eu só queria viver uma vida em que pudesse fazer o certo e ajudar as pessoas à minha volta, porém não queria que ninguém soubesse disso. — Sentia minha face quente, estava com vergonha de dizer tanto sobre mim.
— Não precisa se envergonhar. — Kyojuro elevou minha face com cuidado. Sua expressão era amável e seu olhar possuía algo indecifrável. — Eu me sinto honrado em ser aquele para quem se abriu com tanta veracidade. — Sua destra afagou minha bochecha com um cuidado admirável.
— Você fora o responsável por essa mudança em mim. — Sussurrei. Algo em mim sentia como se o clima houvesse mudado.
— Assumirei a responsabilidade por isso. — Ele me ofereceu um sorriso antes de se inclinar em minha direção.
Fechei os olhos, sentindo meu coração acelerado em meu peito. Eu sentia o olhar de Kyojuro sobre mim, certamente minha face estaria corada embora não houvesse dúvidas que havia sentimentos semelhantes entre nós. Os lábios dele tocaram os meus com delicadeza, num pedido mudo de permissão, então movi minha boca na dele, incentivando-o a prosseguir. As mãos dele se moveram para minha cintura enquanto as minhas encontraram o pescoço dele. Me sentia desnorteada, extasiada. Rengoku me fazia experimentar emoções desconhecidas, mas tão prazerosas, que na mesma intensidade que me deixavam nas nuvens; elas também me deixavam apavorada! Eu estava tão acostumada a não sentir nada que aquele turbilhão desconhecido me fazia perder a razão.
— Eu posso afirmar que nos sentimos iguais. — Ele sussurrou em meu ouvido após separar seus lábios dos meus.
— Seria uma tola se negasse. — Confirmei ao meu modo. Me separei dele com um sorriso divertido nos lábios, antes de indicar a comida. — Eu lhe disse que a comida se torna mais agradável quando se divide com alguém. — Pisquei um olho, me sentando novamente em meu lugar.
Ele riu, retornando a comer, sua postura relaxada e um sorriso teimoso em seus lábios tornavam a tarefa de finalizar a refeição um pouco mais demorada, de modo a observá-lo por mais tempo. Ele se retirou respeitosamente após finalizar sua refeição, retornando ao seu quarto; nos despedimos com um leve roçar de lábios antes que enfim descansássemos.

Algumas semanas atrás...
Kyojuro e eu havíamos entrado em uma espécie de relacionamento que apenas nós sabíamos; nos encontrávamos esporadicamente enquanto executávamos nosso trabalho. Diante os outros mantínhamos uma postura diferente de quando estávamos apenas ele e eu; era meu modo de proteger o que considerava precioso. Demônios sempre procuravam aberturas de nos derrotar; quanto menos as pessoas externas soubessem sobre nós, menores eram as chances de nos ferir.
. — Uma voz extremamente familiar me chamou. Abri um sorriso ao ver a figura de Kyojuro não muito longe de mim, com passadas leve ele parou ao meu lado num telhado.
— Nos encontramos novamente Hashira do fogo. — O saudei de forma brincalhona.
— Sua reputação melhorou assustadoramente, senhorita . — Ele possuía um sorriso sincero em seus lábios; como uma criança feliz por ganhar algo.
— Devemos agradecer a um certo Hashira. — Arqueei uma sobrancelha com divertimento, sentindo seus braços me envolverem em um abraço.
— Eu senti a sua falta. — Rengoku beijou o topo dos meus cabelos.
— Eu também senti a sua. — O respondi, me pressionando contra seu peito.
Ele ergueu a minha face, pousando seus lábios com uma sincera saudade. Naquele instante existia apenas ele, eu e a lua que iluminava a paisagem com seu brilho prateado; e eu não me importaria de passar o resto dos meus dias em seus braços.
— Foi designado ou estava a minha procura? — Indaguei numa provocação enquanto seguia com ele pelos telhados daquele vilarejo.
— Terminei meu último trabalho e ouvi que uma certa pessoa estava tendo dificuldades. — Ele me provocou com seu sorriso que eu tanto apreciava.
Tentei acertá-lo, mas ele rapidamente desviou, rindo. Eu amava aquela diversão natural dele, Rengoku possuía uma peculiaridade exclusiva, ele era naturalmente gentil, amável e defendia todos com um senso único. Não poderia estar mais apaixonada por alguém como estava por ele, Kyojuro possuía uma amabilidade, era tão fortemente capaz de colocar sua vida em prol de salvar a todos. Isso me deixava mais encantada por ele a cada dia.
— Você tem medo da morte? — O questionei observando os arredores.
— Não, não tenho. — Ele me respondeu sem hesitação.
— Eu nunca perguntei a razão de se juntar aos Caçadores de Demônios. — Aceitei a mão que ele me estendeu para passar pelo beiral de uma casa para outra.
— É o dever dos mais fortes proteger os mais fracos. — Kyojuro me respondeu com naturalidade, seu senso de justiça fortemente pronunciado em sua voz.
— Basicamente um herói. — Sussurrei para mim mesma.
Continuamos nossa patrulha. Com a ajuda dele encontrei o covil da criatura que estava atormentando aquela cidade litorânea. Lutar ao lado de Rengoku Kyojuro era como ser amparada pelo astro rei, ele era como o próprio sol. Me sentia segura e não havia preocupações, eu sabia que ele era perfeitamente capaz de se proteger.
Sem medo, enfrentei a criatura, e com ele ao meu lado, a vencemos eliminando sua existência repugnante antes que o sol subisse ao céu. Eu realmente apreciava aqueles breves minutos que antecediam o amanhecer com a figura resplandecente de Kyojuro, seu sorriso era tão caloroso quanto os raios do astro rei.
Assistimos ao nascer do sol em uma embarcação. Em algum momento nos separaríamos, mas naquele instante éramos apenas nós dois, o calor de seu toque e um show de cores enquanto o astro subia aos céus.
Eu não poderia pedir mais nada...

Atualmente...

Eu estava experimentando o que mais temia: anos me dedicando a não permitir ninguém adentrar meu coração, afastando a todos com medo de perder algo precioso, para então vivenciar meu maior medo.
— Eu não suporto mais isso!
Minha voz soava sufocada enquanto lágrimas escorriam por minha face, meu corpo estava exausto dos treinamentos de Giyu. Eu entendia o porquê dele me arrastar todos os dias até aquela clareira: meu eu atual mal passava de um espectro! Eu não sentia qualquer ânimo para sair em caçadas, havia ignorado todos os chamados e a convocação. Eu sabia que Rengoku detestaria me ver assim, mas eu mal conseguia me convencer a sair de dentro de casa.
O sol já havia se posto já haviam algumas horas, e pelo ponto em que a lua se encontrava era realmente tarde. Não havia me mexido desde o instante em que me apoiara contra o tronco da árvore após Giyu me derrubar novamente, eu sabia que não era sensato estar tanto tempo numa mesma posição, mas, novamente, eu não tinha razões plausíveis para me manter em pé.
— Eu sinto tanta a sua falta que chega a ser esmagador!
Sussurrei fechando os olhos enquanto ouvia os sons da floresta. As lágrimas haviam secado, mas eu mal conseguia respirar; a dor era esmagadora. Meu coração vivia preso dentro de um aperto cruel, era como se ele lutasse para manter-se batendo. Cada mínima célula sentia a falta dele, do calor, do sorriso dele, de seu perfume, de sua risada engraçada. Rengoku Kyojuro era como o sol, porém ele não brilharia mais. Não haveria amanhecer acompanhado de sua figura, um futuro ao seu lado era inviável...
— Você me ensinou a não ter medo de sentir, mas nunca me preparou para caso eu o perdesse!
Bati meu punho contra o chão, meus gritos haviam silenciado os animais noturnos. Em algum momento, eu perdi a consciência despertando apenas com o leve chacoalhar de um lado para o outro.
— Durma, criança, descanse e volte a lutar.
A voz de Urokodaki fora a última coisa que ouvi antes de ser engolida pela inconsciência; poderia estar destruída, mas o amanhecer sempre chega após a noite.
O sol tem de brilhar amanhã também, mesmo que você não esteja mais aqui meu bem.


FIM



Nota da autora: Espero que tenham gostado!
XoXo Coldheart.





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