Is Destiny Always Right?
por Raiza S.


Challenge #15

Nota: 9,0

Colocação:




Eu nunca acreditei nessa coisa de amor. Quer dizer, eu achava que era bobagem, uma mera ilusão criada, coisa de livro. Eu não era o tipo de garota romântica que ficava suspirando sentada, esperando o meu príncipe encantado aparecer em seu reluzente cavalo branco, eu realmente acreditava que isso nunca iria acontecer comigo. Esse tipo de coisa não tinha nada a ver comigo, e por conta desse meu jeito realista de ser era tachada de insensível. Mas eu não me importava. Apenas revirava os olhos e ligava o foda-se. Ninguém era obrigado a concordar comigo assim como eu não era obrigada a concordar com ninguém.
Mas houve um dia em que o destino, o cara mais sacana do mundo, provou que eu estava errada e que sim o amor existia. Ele podia não ser perfeito como em contos de fadas, mas também não era uma tragédia, ou uma doença, como alguns autores descreviam. O amor era algo intermediário. Não era bom demais, porque enjoaria, mas também não era ruim demais, porque então não seria amor. Era apenas algo bom de ser sentido e vivido.
Eu havia acabado de completar dezoito anos, e como qualquer garota normal frequentava o meu ultimo ano da escola, ainda que sem vontade alguma. Foi nessa época que eu conheci o . O era o típico garoto bonito e simpático. Ele jogava basquete e era o capitão do time da escola. Por conta disso atraia o olhar de muitas meninas inclusive o meu, mesmo que eu não admitisse.
A minha história com o , não era aquele clichê ridículo onde o cara mais popular, bad boy e galinha se apaixonava pela nerd esquisitona. Não. Nada disso. Até por que o não era tão popular, nem galinha e nem era bad boy, embora tivesse o visual de um e eu, bem, eu definitivamente não era uma nerd, muito menos esquisita. Só era uma garota que passava a maior parte do tempo envolvida com política, discutindo-a com os nerds da escola e sendo odiada pelos mesmos por ter me tornado presidente do grêmio estudantil da escola.
Eu estava em um momento ruim tanto na escola como emocionalmente. Fazia pouco tempo, cinco meses na verdade, que o meu irmão mais velho, Ian, havia morrido em um maldito acidente de carro. Minha vida, desde então, estava uma droga, e tudo o que eu queria fazer era ficar trancada no meu quarto pelo resto da minha vida. Minha mãe, no entanto, não permitiu que eu fizesse tal ato, me obrigando a ir para a escola e garantir um futuro melhor. Eu, francamente, não me via com um futuro promissor. Eu não era uma boa aluna e minhas chances de conseguir ganhar uma bolsa de estudos eram muito poucas, quase nulas na verdade. O futuro que eu previa era trabalhar em uma loja de conveniência de algum posto de gasolina, de preferência perto da minha casa, porque sinceramente eu odiava pegar ônibus.
Certo dia eu estava com a minha típica cara de poucos amigos, arrumando o meu material na mochila após o término da última aula do dia, não havia mais ninguém na sala, apenas eu e a minha incrível agilidade equivalente a de um bicho preguiça. Era felizmente o último dia de aula antes das tão aclamadas férias de verão. Eu não estava me importando, realmente. Tudo o que eu mais queria era passar o verão inteiro enfurnada no meu quarto lendo algum romance idiota ou assistindo alguma série mais idiota ainda. Mas eu não iria. Depois de insistir inúmeras vezes para que eu fosse passar as férias no clube do padrasto dela que ficava na cidade vizinha a Baltimore, eu acabei, sem vontade alguma, aceitando.
Perdida em pensamentos acabei derrubando a minha tesoura no chão. Abaixei-me procurando por todo o lugar e nada. Mas que porra como uma tesoura some assim? Murmurei algo inteligível e desisti de procurar, peguei a minha mochila e joguei-a de qualquer maneira sobre meus ombros saindo rapidamente dali. – ! – Alguém me chamou e eu me virei lentamente dando de cara com que andava esbaforida como se tivesse corrido quilômetros para me alcançar. – Você não vai acreditar, o me chamou pra sair. – Ela falava dando pulinhos eu apenas sorri de lado enquanto ela parecia que havia ganhado milhões na loteria. – Ele vai me levar pra assistir aquele filme que eu estou super querendo ver. – Ela continuava tagarelando enquanto nós caminhávamos em direção ao estacionamento. Eu não disse nada, porque eu não estava realmente prestando atenção, não que eu fosse uma insensível, porque eu não era, de verdade. Eu estava feliz pela , só que a minha atenção foi completamente abduzida quando eu encarei o estacionamento e o vi. Com a sua inseparável jaqueta preta, e o sorrido mais bonito que eu já vira na vida. Ele estava conversando com a Amy, a sua melhor amiga. A garota só faltava babar observando o gesticular enquanto falava. Era bem notório que Amy era completamente apaixonada por , só ele não percebia, ou talvez ele fingisse que não, porque cada ser vivo naquela escola sabia que ele olhava a Amy como sua irmã mais nova. A me cutucou com uma cara estranha enquanto abria a porta do seu carro. – Onde você está com a cabeça, sua louca? Estou a horas perguntando se você quer carona. – Eu chacoalhei a cabeça assentindo e entrando em seu carro logo em seguida.
Não demorou muito para que ela me deixasse em casa, me despedi rapidamente e entrei deparando-me com a minha mãe fazendo faxina. Ela segurava o espanador fingindo ser um microfone e cantava a todos pulmões acompanhando a batida da música que saia do rádio. – AND I NEED YOU NOW TONIGHT. AND I NEED YOU MORE THAN EVER, AND IF YOU ONLY HOL... - MÃE! – Gritei, fazendo-a parar assustada me encarando com os olhos arregalados. Segurei o riso. Minha mãe era maluca só podia. Mas era legal vê-la cantando pela casa, essa era a primeira vez que ela fazia isso depois da morte do Ian. Uma vez ela me contou que cantar a fazia esquecer as coisas e deixava-a muito tranquila. Talvez eu aderisse a essa técnica já que tranquilidade era algo que eu não tinha há muito tempo. - Droga, , você atrapalhou a melhor parte da música. – Ela voltou a espanar o sofá enquanto eu subia as escadas rindo. Minha mãe estava no auge de seus 46 anos, ela trabalhava a noite como assistente de cozinha em um restaurante no centro de Baltimore que era a cidade em que morávamos. Durante o dia ela cuidava da casa como a boa dona de casa que era. Sonhava em ser uma cantora famosa, embora seja difícil de acreditar. Quando ela me contara pela primeira vez devo confessar que eu ri, achando que era algum tipo de piada. Era um tanto surreal imaginar minha mãe como cantora, mas o fato de que todos tinham o direito de sonhar era incontestável. Desde que eu nascera sempre fora assim. Apenas eu, minha mãe e Ian. Eu não fazia a mínima ideia de quem era meu pai. Já havia tentado tocar no assunto, mas minha mãe sempre ficava desconfortável em relação a isso.
Depois de passar algumas horas dormindo, almocei e comecei a assistir um episódio aleatório de Friends, minha série favorita, minutos mais tarde ouvi meu celular vibrar dentro da minha mochila. Peguei-o rapidamente atendendo logo em seguida. Era a . Ela tagarelava fazendo com que eu não entendesse muita coisa eu apenas murmurava em resposta, enquanto a minha atenção estava voltada a televisão a minha frente, eu não fazia por mal, e eu achava que a entendia. - ? Você está me ouvindo? – Ela perguntou um pouco afetada. -Claro que estou . – Respondi. - Então sobre o quê eu estava falando? – Eu revirei os olhos e falei o que parecia ser óbvio. - Você estava falando do , ué. Mas conta mais, conta mais, tipo, ele tem um carro? – Perguntei fingindo empolgação. -Nossa , errou feio. Eu estava falando do sim, mas foi há cinco minutos. E não, ele não tem um carro e sim uma moto, mas isso não vem ao caso. Eu estava dizendo que você deve estar pronta amanhã às nove horas para irmos ao clube. Não se atrase. Agora eu preciso ir. Tchauzinho. – E ela desligou assim sem dar tempo para resposta. Eu coloquei o celular na mesa de cabeceira e me joguei para trás na cama. Aquele verão seria infinitamente longo.

- , eu vou à recepção falar com o Peter, ok? – falou rapidamente saindo do quarto em que ficaríamos alojadas durante o verão, nós havíamos acabado de chegar ao clube/hotel do seu padrasto. Eu assenti continuando a arrumar as minhas roupas no pequeno armário que ali tinha. O quarto era bastante aconchegante e tinha uma decoração charmosa. Mas o que intrigava era o gosto excêntrico que Peter, o padrasto da , possuía por quadros. Podia-se dizer que era um gosto interessante. Nas paredes do hall de entrada havia várias pinturas de objetos comuns. No meu quarto, por exemplo, estava exposta a pintura de um elegante cachimbo. Apenas balancei a cabeça sorrindo de lado. Realmente, havia gosto para tudo.
Depois de conseguir organizar o que eu havia trago, peguei da coleção de mangá que costumava ser de Ian um exemplar e saí do quarto fechando a porta em seguida. Porém, no final do corredor, graças a minha frequente distração eu esbarrei em alguém fazendo a pessoa derrubar o que vinha trazendo em mãos. – Ai meu Deus, me desculpe moço. – Falei abaixando-me em seguida recolhendo os objetos do chão, quando subi o olhar para conferir em quem eu havia esbarrado, meu coração deu um salto e eu acabei derrubando os objetos novamente no chão. Era o . E ele estava me olhando com uma expressão confusa pela minha reação inusitada. Isso, parabéns . Você deve estar parecendo uma pessoa mentalmente afetada. Abaixei-me novamente, porém dessa ver pôs-se a recolher junto comigo. – Desculpa, de novo, eu não vi você. – Falei meio gaguejando. sorriu de lado. – Não foi nada. – Eu sorri e estendi os objetos para ele. Quando ele tentou segurar todos ao mesmo tempo, uma tesoura escorregou de sua mão e caiu. Eu ri um pouco alto e apanhei rapidamente, olhando para a tesoura vermelha em minhas mãos. Franzi minha testa em reconhecimento, eu já havia visto aquela tesoura. Era a MINHA tesoura. Para ter certeza eu conferi a marca que eu fazia nos meus materiais, e ali estava. Uma pequena estrela feita com a ponta de uma faca quente. Abri a boca para falar algo, mas o me interrompeu certamente incomodado com todo o silêncio repentino. – Olha, eu preciso ir agora. – Então ele pegou a tesoura de minhas mãos e saiu segurando seu caderno com os objetos em cima e um lápis atrás de sua orelha. Franzi a testa com a cara mais idiota possível e saí de dentro do prédio onde ficavam os quartos indo em direção a uma pracinha que ficava próximo ao campo de golfe. Avistei conversando animadamente com um salva-vidas sarado. Balancei a cabeça e me sentei em um dos bancos da praça folheando o mangá que eu havia trago.

- O me chamou para sair, de novo. – falou assim que entrou no quarto. Eu tirei meus olhos do notebook em meu colo e a encarei. – Você disse a ele que estava em outra cidade? – Perguntei. – Disse, mas ele falou que não tinha problema, ele passava aqui para me buscar. – Ela falou sentando-se em sua cama. – Eu estou tão confusa. Será que ele só quer brincar comigo? – Ela passou as mãos por seus cabelos loiros e me encarou. – Não acho que o seja desse tipo. – Falei voltando a olhar o computador. – Você deveria dar uma chance ao coitado. – Ela ergueu as sobrancelhas. – Uau, a garota que diz que amor não existe está mesmo me apoiando a sair com um garoto? – Ela riu. – Vá se foder, ok. Estou apenas tentando ser legal. – Falei jogando um travesseiro nela que gargalhou. – Ah, esqueci de te dizer quem também está passando as férias aqui. – Ela me olhou, dei de ombros e fiz sinal para que ela continuasse. – O . – Ela falou animada. Eu balancei a cabeça como se não desse a mínima. – Eu já tinha o visto pelos corredores. - E você sabia que ele é filho da irmã do Peter? – Balancei a cabeça em negativa. – Pois é como o mundo é pequeno. – Ela deitou-se de qualquer maneira respirando alto.

Eu estava sentada em uma mesa no restaurante do hotel, já se havia passado uma semana desde que eu havia chegado, e eu admitia que não estava sendo tão ruim como imaginei. Estava tomando o café da manhã sozinha, já que a estava no spa fazendo uma espécie de limpeza a laser. Não fazia a mínima ideia de como isso funcionava, mas também não tinha curiosidade de saber.
Enquanto tomava meu suco de laranja observava alguns funcionários pendurando mais uma das pinturas esquisitas que Peter comprara. Dessa vez estava pintado um coqueiro, menos mau, pelo menos combinava com a época. Fui tirada de meus devaneios quando alguém pigarreou ao meu lado. Olhei o indivíduo e me deparei com . Ele passou a mão pela nuca meio sem graça e pôs-se a falar. – Erh... , o restaurante está meio cheio, será que eu posso me sentar aqui? – Meus olhos arregalaram ao constatar que ele sabia o meu nome, assenti freneticamente enquanto olhava em volta constatando que o local estava realmente cheio. – Ele sentou-se e começou a devorar o seu café da manhã. Eu o encarava descaradamente fazendo o garoto franzir as sobrancelhas, confuso, porém não disse nada. – Olhei o caderninho marrom que ele havia posto sobre a mesa. Havia um lápis dentro, certamente marcando a página que ele havia parado. Voltei a encarar as pinturas penduradas nas paredes, intrigada. O encarei minutos mais tarde quando ele começou a falar. – É realmente curioso o gosto do tio Peter por pintura. Você acredita que no meu quarto tem a pintura de uma antena de tv? – Eu ri um pouco alto. – No quarto que eu e minha amiga dividimos tem a de um cachimbo. É definitivamente esquisito. – ri mais ainda enquanto ele me acompanhava concordando comigo. – Então está gostando de passar as férias aqui? – Ele perguntou. – Estou, até mais do que eu pensava. – Admiti. Ele sorriu de lado enquanto acabava de comer. – Então , quer dar uma volta por aí comigo? – Ele levantou-se pegando o seu caderno, repeti o gesto concordando, e ambos saímos do restaurante caminhando lado a lado. Caminhamos em silêncio por alguns minutos até avistarmos uma árvore. Sentamos embaixo da mesma e ele pegou um papel branco que parecia ser um script e começou a ler, deixando o seu caderno aberto, fazendo com que eu pudesse ler uma frase que estava rabiscada na parte superior da folha.
“Viver é fácil com olhos fechados, mal entendendo tudo o que você vê.”

- Nossa, que legal, você escreve? – Ele desviou os olhos do que estava lendo e me encarou envergonhado, assentindo. – Um dia eu quero me tornar escritor. – Proferiu, guardando o papel que estava lendo. – O que era aquilo que você estava lendo? – Perguntei me aproximando, ele me entregou o papel meio amassado. – É que eu acabei de entrar para o musical da escola, e tenho que decorar isso aí para os ensaios. – Eu o encarei confusa logo após ler o nome do personagem que ele interpretaria. O pai da Julieta. Eu também fazia parte do musical, e o meu personagem era justamente a Julieta.
O musical em questão era uma adaptação da obra de Shakespeare, e o garoto que interpretaria o personagem pai da Julieta acabou tendo que se mudar, abandonando a peça, deixando a vaga livre. - Jura? Eu também faço parte do musical. – Falei sorrindo, ele bagunçou os cabelos e disse. – Eu sei, já vi você ensaiando. – Falou envergonhado. Minha boca abriu-se em um O de surpresa. – É que eu também ajudo a construir os cenários. – Disse por fim. Eu assenti entregando-lhe o papel. Acabamos passando o resto do dia passando as falas e gargalhando quando errávamos. Até que ele levava jeito para atuar. Quando escurecera eu resolvi voltar para o quarto me despedindo dele que sorriu e convidou-me para dar uma volta pela cidade, que eu aceitei. Voltei caminhando lentamente com um sorrisinho impregnado no canto de meus lábios. Aquelas férias estavam sendo melhor do que eu esperava.

Já fazia três semanas que estávamos ali. Durante esse tempo a havia saído várias vezes com o , e os dois agora engataram o namoro. A estava numa alegria só. Eu e o viramos amigos e quase sempre estávamos juntos ou ensaiando, ou jogando conversa fora, porém a não sabia dessa nossa amizade. Ainda.
Eram cerca das três horas da madrugada, eu estava sem sono, me virava na cama tentando conseguir uma posição confortável. No entanto não consegui. Levantei-me e troquei de roupa. Talvez andar um pouco, como eu fazia antigamente me ajudasse com a insônia. Abri a porta silenciosamente, para não despertar a , que dormia como uma pedra. Saí do quarto e fui em direção a saída do clube.
- ! – Me virei rapidamente e vi o correndo em minha direção. Olhei para os portões e mordi os lábios, como se tivesse acabado de ser flagrada fazendo algo ilícito. – Aonde você vai a essa hora? – Ele me perguntou confuso. Eu balancei a cabeça e me aproximei dele rindo sem graça. – Só ia tomar um ar, mas acabei de perceber que está frio. – Ele passou a mão pelos cabelos meio sem graça, perguntando logo em seguida. – Você não quer ir dar uma volta comigo por aqui mesmo? – Claro. – respondi. Começamos a caminhar e percebi que ele estava me levando para o campo de golfe. Ele deitou-se preguiçosamente na grama verde olhando o céu estrelado daquela madrugada. Eu o encarei por alguns segundos e o imitei deitando-me ao seu lado. Ele virou seu rosto sorrindo e me olhou falando em seguida. – Sabe, isso pode parecer louco, mas eu amo olhar as estrelas de madrugada. Faço isso várias vezes durante a semana. – Ele voltou a olhar para cima. - Às vezes eu ando sozinha à noite, quando todos os outros estão dormindo. – Falei dando de ombros. – Então era isso que você ia fazer quando eu te chamei? – Perguntou. Murmurei em afirmação e ele sorriu. – Mas não conte a ninguém. – Voltei a falar em tom autoritário rindo em seguida. – Ok. Então já que estamos compartilhando segredos, posso te contar mais um? – Perguntou me encarando de uma forma que eu julguei estranha. Assenti sem falar nada e ele então sorriu falando baixo. – As estrelas costumavam estar no topo da minha lista das coisas mais lindas que eu já vi. Mas agora, olhando você, eu percebi que elas acabaram de cair de posição. – Minhas bochechas esquentaram e eu agradeci mentalmente por estar escuro e ser quase impossível de ele notar o quão corada eu havia ficado. se aproximou lentamente tocando meu rosto me olhando nos olhos. Mesmo estando escuro eu pude perceber o brilho que emanava daqueles olhos que eu tanto adorava. Ele passou a olhar os meus lábios enquanto eu me mantinha sem reação. Meu coração estava em um ritmo desenfreado e ele continuava se aproximando cada vez mais. Quando nossos lábios se tocaram segundos mais tarde um arrepio subiu por minha espinha, me fazendo suspirar. Ele me beijava tão delicadamente, como se estivesse beijando uma flor. Definitivamente não era um beijo selvagem. Era apenas um beijo simples, mas que fez meu corpo todo estremecer. passou um de seus braços por minha cintura, enquanto eu timidamente enlacei o seu pescoço. Aquele não era o meu primeiro beijo, mas estava sendo o beijo mais especial e maravilhoso da minha vida.

- Bom dia, flor do dia. – falou abrindo a cortina do quarto. Espreguicei-me demoradamente enquanto sorri me levantando. – Nossa não vai me agredir por ter te acordado às... – Parou conferindo as horas no celular. – oito horas da manhã? – Ela arqueou as sobrancelhas. Eu me aproximei dela e estalei um beijo em sua bochecha indo até o banheiro. – Por que eu faria isso, se o dia está tão lindo? – Falei enquanto colocava a pasta na escova e começava a escovar os dentes. apareceu com uma cara confusa na porta do banheiro me olhando intrigada como se eu fosse um ser de outro mundo. – O que aconteceu com você? – Ela perguntou, mas foi interrompida pelo toque do seu celular. Ela ignorou o que havia acabado de perguntar e atendeu o celular. Com certeza era o . Ou ela não estaria falando tão alegremente. Aproveitei que estava no banheiro e tomei um banho rápido. Quando saí do banheiro enrolada na toalha encontrei espirrando, enquanto segurava a flor que havia me dado após ensaiarmos no dia anterior. – Onde você conseguiu isso? – Ela falou entre espirros. Eu havia completamente esquecido da rinite da . Havia bastante tempo que ela não tinha uma crise. E aquela flor havia acabado de despertar uma nova. Não respondi a pergunta, apenas peguei a flor de sua mão e joguei-a dentro da minha mala, Alguns minutos depois alguém bateu na porta do nosso quarto. Peguei minhas roupas rapidamente e corri para o banheiro enquanto via quem era ainda fungando. – Oi, ahm... A está? – Reconheci a voz do e me apressei em me arrumar. – Está sim. – A respondeu confusa. Saí do banheiro, devidamente vestida, e apareci na porta recebendo o olhar confuso de , caminhei para fora do quarto e puxei pela mão enquanto ela nos encarava andando pelo corredor.
Saímos do dormitório e paramos próximo a piscina. Ele sorriu de lado e me deu um selinho demorado. Sentamo-nos em uma espreguiçadeira e começou a mexer em alguns fios do meu cabelo ainda molhado. - Eu trouxe uma coisa para você. – Ele falou abaixando-se e retirando de trás da espreguiçadeira um embrulho, ele me entregou. – Hoje eu fui ao centro e vi isso. Achei que você ia gostar. – Eu abri o pacote e vi um sapo de pelúcia, sorri e o abracei dando um beijo em sua bochecha. – Eu adorei, mas não precisava. Ele me deu outro selinho e me puxou em direção ao restaurante. Ótimo, eu estava mesmo com fome.

Aquele verão passara tão rápido que eu nem acreditei quando coloquei os pés dentro de casa com a minha bagagem em mãos e avistei minha mãe segurando a batedeira enquanto colocava os ingredientes dentro de uma bacia. Ela sorriu assim que me viu, e largou tudo em cima do balcão correndo para me abraçar. - Ai que saudades eu estava, garota. – Ela apertou a minha bochecha, enquanto sorria. – Também senti sua falta, mãe. – Falei largando a minha mochila no chão e me jogando no sofá fechando os olhos. Minha mãe sorriu, voltando para a cozinha dizendo que estava fazendo o meu bolo preferido. Gritei uma oba, como se fosse uma criança, ligando a televisão para ver se estava passando algo interessante.
Acordei no dia seguinte com o despertador soando. Levantei em seguida me arrumando rapidamente já que estava um pouco atrasada para a aula.
Quando finalmente o sinal indicando o fim das aulas pela manhã soou, dei um suspiro aliviado jogando meus materiais de qualquer maneira dentro da minha mochila. Aquela última aula havia sido extremamente entediante, eu mal havia prestado atenção em duas palavras que o Sr. Carter falara sobre cálculo. Odiava trigonometria, assim como odiava tudo relacionado a matemática. Coloquei a mochila meio aberta sobre os ombros e saí a passos largos da sala de aula.
Caminhei distraidamente até o meu armário e comecei a guardar os livros que não usaria mais naquele dia, em seguida peguei o script que estava meio amassado devido ao excesso de uso e tranquei o armário indo em direção ao teatro da escola. Não estava com a mínima vontade de ensaiar, mas era obrigada. O musical seria dali a três semanas e naquele curto período eu tinha que dar o meu máximo para tudo sair perfeito. Caminhei por mais alguns segundos e avistei duas portas de madeira. O teatro se encontrava silencioso e vazio quando entrei. Ótimo, eu precisava mesmo de um tempo tranquilo para repassar as falas. Fui em direção aos camarins, e quando cheguei em frente ao velho sofá que ali ficava fui puxada bruscamente para um quartinho apertado onde eram guardados os materiais de limpeza. O grito fino que saiu de minha garganta foi inevitável logo após uma mão larga encobriu minha boca. Eu arregalei os olhos em espanto ouvindo a risada alta que o rapaz a minha frente soltara. - Sua cara foi hilária! – O garoto falou entre risos, ainda tampando a minha boca. – Outch! – Ele tirara a mão chacoalhando-a no ar após ter recebido uma bela mordida. Eu não me dei ao trabalho de perguntar se ele estava bem e abruptamente comecei a estapear o garoto. – Quantas vezes eu tenho que falar para você parar de me assustar, ? Mas que inferno. – O garoto segurou os meus pulsos e me empurrou contra a parede com um sorriso malicioso no rosto. – Não adianta negar, gata, quando o susto vem de mim eu sei que você gosta. – Com isso ele colou seus lábios nos meus fazendo-me soltar um suspiro e logo em seguida corresponde-lo, colocando as mãos na nuca do passando as unhas levemente por ali. enroscou seus braços na minha cintura, puxando-me mais pra si, enquanto eu sorria durante o beijo. Paramos quando o ar fazia-se necessário e o finalizou o beijo dando selinhos. – Tava com saudades. – Ele sussurrou passando o nariz no meu em um beijo de esquimó, sorri de lado e o abracei pelo pescoço depositando um beijo ali. passou os dedos pelos meus cabelos e me beijou novamente, dessa vez mais lentamente apenas sentindo o momento.
Pus as mãos no peito dele e o empurrei delicadamente. – Acho melhor a gente parar. Logo o pessoal vai chegar e vão acabar nos flagrando aqui. – Falei sem realmente me afastar. bufou olhando de lado, fazendo menção de me beijar novamente, no entanto eu virei o rosto finalmente me afastando. – Sério , é melhor nós sairmos daqui, ou você quer que alguém nos pegue? – fechou os olhos soltando um suspiro pesado concordando puxando-me pela mão e saindo do quartinho. -Ah, aí estão vocês! – Uma garota, de estatura mediana e voz estridente, parou em frente a nós, fazendo-nos soltarmos as mãos bruscamente. – A Srta. Baxter está reunindo o pessoal para uma reunião antes do ensaio. – Nos entreolhamos aflitos e ao mesmo tempo aliviados pelo quase flagrante. sorriu olhando para mim e piscando o olho esquerdo logo em seguida, caminhando em direção ao palco. Revirei os olhos passando as mãos pelos cabelos tentando desfazer a bagunça que havia ocasionado, caminhado logo atrás.

O que tanto você rabisca nesse seu caderno? Aposto que é o meu nome. Ri baixo ao ler o bilhete que colocara em minha banca. O rapaz estava sentado logo atrás de mim podendo assim ouvir a risada abafada que eu dei. Esse semestre nós havíamos ficado na mesma sala em algumas disciplinas. Rasguei discretamente um pedaço da folha do meu caderno e anotei algumas palavras.

Como você é convencido, garoto. Mas não se preocupe, eu não gastaria a preciosa tinta da minha caneta com tal idiotice.

Claramente a minha relação com o estava diferente. Nós não éramos apenas amigos, estávamos meio que namorando, embora nenhum pedido oficial tenha sido feito. riu descaradamente ganhando um olhar feio do professor, juntamente com olhares curiosos de nossos colegas de classe, ele fingiu limpar a garganta e pôs-se a escrever mais um bilhetinho.

Sou realista meu bem. E a propósito você está linda hoje.

A resposta foi logo em seguida acompanhada por um sorriso malicioso meu.
Querido, eu não estou linda. Eu SOU linda. Tão linda que eu nem sei por que eu estou trocando bilhetinhos com um cara tão comum como você.

escreveu rapidamente jogando o novo bilhete na minha banca.
Minha nossa, como eu posso resistir a você? Com toda essa modéstia.


Ri baixo voltando a atenção ao que o professor explicava sobre o uso da metonímia. também parecia ter direcionado sua atenção à aula e assim nossa seção de bilhetinhos fora encerrada.

No fim do dia, o havia me dado uma carona até a minha casa. Fiz menção de descer do carro, mas ele me puxou me beijando em seguida, após alguns longos minutos naquilo, finalmente sai do carro e ele foi para a sua casa que ficava duas quadras depois da minha, entrei em casa e subi direto para meu quarto, ao adentrar o cômodo me deparei com a com cara de poucos amigos enrolando uma blusa minha nas mãos, ela se levantou e começou a me bater com a blusa, como se fosse uma espécie de chicote. Gritei assustada enquanto ela continuava me abatendo. – Você é uma filha da puta! – gritou. – Como que você não me diz que está namorando o ? – Falou quando finalmente parou de me “chicotear” – Eu nem fazia ideia que vocês se conheciam. – Ela falou um pouco mais baixo. Eu sentei ao seu lado e falei: - Desculpa . Eu ia te contar. – Ela me olhou arqueando as sobrancelhas. E depois sorriu. – Tá, eu desculpo. Mas me conta como isso aconteceu? – Contei toda a história a , inclusive a parte de que eu não sabia se estávamos mesmo namorando. Depois passamos um bom tempo fazendo uma pesquisa sobre as aplicações do etanol no cotidiano que nos foi passado como dever de casa.
- Ufa, finalmente acabamos. – Falei. olhou as horas. – Nossa está tarde. – Ela falou. Eu olhei o relógio e constatei que já eram onze horas da noite. - Escuta, , você gostaria de dormir comigo esta noite? – Eu falei. Logo em seguida franzi o cenho e ri. – Isso soou meio estranho, o que eu quis dizer foi que se você quiser pode dormir aqui. – riu, e saiu do quarto para ligar para sua mãe avisando.
voltou alguns minutos depois tagarelando algo sobre o Peter ter se tornado sócio de uma empresa de locação de imóveis. Ela pegou uma roupa minha emprestada e se direcionou para o banheiro.
Enquanto terminava de guardar os livros e jogar alguns papéis amassados na lixeira ouvi meu celular tocar avisando que era uma mensagem. Abri rapidamente e vi que era do .
“A propósito, eu nem tinha me tocado que eu ainda não te perguntei isso, mas... Você quer ser minha namorada?”
Eu sorri encantada, e liguei imediatamente para ele. - É tudo o que eu mais quero! – Falei assim que ele atendeu, pude ouvir sua risada do outro lado. – E você é louco garoto. – Dessa vez ele gargalhara. – Eu sei. Eu sou louco. Você é louca, a vida é louca. Mas isso é uma coisa boa. Afinal se não existisse loucura a vida não teria graça. – Sorri concordando. – E eu vou dizer outra loucura agora. Eu te amo. – Sussurrou, meu coração acelerou como sempre fazia quando ele estava por perto. – Eu também te amo – Sussurrei igualmente, enquanto encarava as estrelas brilhando no céu. – Ah, eu adorei aquela sua tesoura. Acho que não vou devolver mais. Boa noite. Sonha comigo. – falou rindo, desligando em seguida. Eu sorri abobalhada. Se aquilo fosse amor eu queria que durasse para sempre.
E no final de tudo, não é que o destino tinha razão.

FIM


N/a: Olá! Essa foi a minha primeira fanfic postada. Quase que eu não consegui terminar a tempo, por conta da escola, provas e tal. Escrevi essa fic, em tipo uma semana, e nossa deu muito trabalho. Enfim se tiverem gostado deixe um comentário, e se tiverem odiado deixe também. Beijo, beijo e até a próxima.


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