Challenge: Interno #001
Nota: 9,5
Colocação:





Hollywood Gossip

Palavra-chave:
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esperando um bebê!


É isso mesmo que vocês leram! A atriz mais querida de toda a Califórnia, , 22, ídolo de todas as jovens americanas e sonho de consumo de todos os homens, parece ter sido premiada com a visita da cegonha!
Imagens (clique aqui para ver as fotos!) mostram (à esquerda, de óculos escuros e jaqueta Gucci) em uma farmácia perto de seu apartamento, comprando um teste de gravidez, há dois dias. Fontes seguras afirmam que o teste foi feito na própria casa da atriz, e que o resultado foi positivo!
Estamos esperando confirmações vindas da própria , mas as fontes entregam: o bebê é de !



Cuspi toda a cerveja que estava na minha boca. MAS O QUÊ?

Porra, eu simplesmente sabia. Um dia, ia dar alguma merda. Mas, não, , continue a dar uma de bicha fofoqueira e fique digitando o nome dela no Google. Você com toda a certeza vai acabar encontrando o que não quer, mas quem se importa?
Fuck. É claro que eu me importo.
Não podia deixar me importar. Não conseguia, desde o dia do lançamento do segundo CD da minha banda, há quase dois meses: o dia em que eu conheci pessoalmente .
Benditos sejam aqueles que colocaram na lista de convidados. Se bem era difícil não a convidarem. Desde que ganhou a televisão, foi muito popular. Popular demais para se dar ao luxo de não se chamada.
É claro que eu já a tinha visto na tevê, embora o programa do qual ela participava - The Devilish Angel - fizesse mais o estilo de adolescente em apuros com a própria autoestima. Falava sobre uma garota (é, a protagonista era a – tinha que ser) que tinha umas pegações básicas com um babaca que dizia ser um anjo, mas na verdade era um demônio. Patético, se você quiser saber minha opinião. Mas que conseguia toneladas de pontos na audiência. E mais prêmios do que minha banda já ganhou.
Sempre a achei linda. Bom, o mundo inteiro achava. Meu interesse nela não foi exatamente uma surpresa. Nem a noite que se seguiu como consequência a ele.

— Flashback —

Entrei com tudo no banheiro feminino, arrastando comigo e trancando a porta. Ela tinha definitivamente me provocado a noite toda, não havia a menor dúvida. Para começar, a feliz ideia daquele vestido roxo, curto e meio rodado, que ficara esvoaçando a noite toda, sob meus olhares. Porém havia mais: ela estava usando uma meia-calça preta, que cobria todas as partes que eu queria ver... isso só atiçava minha imaginação.
Ela não parava com a provocação. Mas eu também não queria que ela parasse. Era provocação por parte das mãos, por parte das pernas. Era provocação por parte dos lábios, provocação com sussurros e gemidos.
Coloquei a garota na bancada da pia, e me apressei para beijá-la os lábios, o rosto e o pescoço; mordi-lhe o lábio inferior, fazendo com que ela me puxasse mais os cabelos. Subi a saia de seu vestido, e senti antes de ver que ela usava uma cinta-liga. Lembrei-me da suposta meia-calça preta, percebendo que desde o início era o par de meias altas, ligadas à lingerie pela cinta-liga.
Aquilo me deixou com mais tesão que nunca, porque, porra, que homem resiste a uma mulher que já está preparada?
As peças de roupas foram retiradas uma a uma, com cuidado, mas rapidez. Brinquei com a cinta-liga por alguns instantes antes de sussurrar ao pé do meu ouvido um “tira logo isso”, e eu me perder em luxúria novamente.
Estávamos nus, e o sexo seria finalmente consumado quando perguntou:
- , tem camisinha aí?
Nem parei para pensar:
- Não, mas não tem problema, eu tiro antes.
não protestou. E eu não tirei antes.
Puta que pariu. Muito bom, .
— End Flashback —


Peguei o telefone celular com fúria, e não hesitei antes de teclar os números que já sabia de cor. Escutei uma, duas, três vezes o barulho infernal que indicava que, do outro lado, Imagine, do John Lennon, estaria tocando.
Ela atendeu pouco antes do quarto toque, com um “Alô” tímido, temeroso e obviamente culposo.
- Aquilo é verdade? – eu questionei com seriedade, não querendo perder as estribeiras e começar a gritar.
- Aquilo o quê? – ela devolveu a pergunta, fazendo-se de desentendida.
Eu tomei mais um gole da minha cerveja, ainda tentando me manter sob controle.
- As merdas daquelas fofocas! , você tá mesmo grávida?
O silêncio do outro lado da linha me deixou mais irritado do que já estava. Virei a lata da cerveja que estava na minha mão na boca, derramando todo o seu líquido garganta abaixo. Porra, eu precisava de algo mais forte.
E ela não disse nada.
- É mentira, não é? – eu gritei ao bocal do celular, com um tom de voz completamente acusatório. – Foi tudo uma porra de uma armação do Joshua (Joshua é o empresário filho da puta e ganancioso da ), não é mesmo? Uma porra de armação para chamar atenção!
riu do outro lado da linha. Eu não vi a menor graça.
- , querido – ela começou a falar, e eu fechei os olhos por dois motivos. Um: eu estava com raiva. Dois: essa raiva não era suficiente para me fazer esquecer que eu adorava aquela voz -, você realmente acha que eu preciso de mais publicidade? Que eu preciso de você para isso?
Em nenhum momento eu havia mencionado sobre as suspeitas do site de o filho ser meu. Foi quando eu percebi que era mesmo verdade. estava grávida, e eu ia ser o pai.
Aquilo foi como um balde de informações caindo diretamente na minha cabeça. Zilhões de imagens e pensamentos jorraram pelo meu cérebro ao mesmo tempo, praticamente causando uma pane geral. Eu achei que ia desmaiar, mas era mais macho que isso.
- ? – ela sussurrou ao telefone, provavelmente tão nervosa quanto eu. Não, espere. Isso era impossível.
- É verdade, né? – eu suspirei. Não conseguia pensar, de jeito nenhum. – O filho é meu?
- É – ela respondeu baixinho. – Desculpe não ter te cont...
- Tem certeza que é meu? – eu pressionei. Eu estava em pânico. Eu era muito novo para ser pai, mas, por outro lado, será que eu realmente queria que o filho fosse de outro idiota?
- Tenho – ela afirmou, e foi bastante enfática.
- Como você pode ter tanta certeza? – perguntei, exasperado. – Não é possível que...
- É seu, – ela interrompeu. – Só pode ser seu. – Ela suspirou pesadamente, antes de continuar, falando mais baixo: - Ao contrário do que você possa pensar, eu não estava transando com outros caras enquanto nós estávamos juntos, sabe?
Aquilo foi uma bofetada diretamente na minha cara.
Eu e não chegamos a namorar, mas estivemos juntos durante cerca de um mês. Não gosto de admitir isso para ninguém, mas eu estava completamente de quatro por ela. Seu jeito meigo, gentil e um pouco infantil me conquistaram, depois de eu estar tanto tempo acostumado ao mundo podre dos astros.
No mundo do rock, onde eu essencialmente vivo, tudo o que há é a diversão. A diversão é o Deus do showbiz. Nas turnês, procuramos aproveitar ao máximo tudo o que é nos oferecido. E isso inclui bebidas, cigarros, drogas e, claro, as mulheres.
As mulheres são muito variadas, mas todas estão à nossa disposição. Desde as groupies (que eu chamaria de “acompanhantes particulares”) às fãs malucas, que sonham idiotamente conosco e ficam lendo aquelas historinhas que elas chamam de... Ah, qual é o nome mesmo? Ah, sim, fanfics.
não se encaixava em nenhum tipo que eu estava acostumado, e era isso o que eu adorava nela. Apesar de estar totalmente dentro do mundo de Hollywood, não acompanhava a Lindsay Lohan naquelas festas malucas (confesso que já fui a uma, e não me sinto gay em afirmar que era louca demais até para mim) e nem seguia o estilo de vida da herdeira Paris Hilton.
não lia fanfics. E nem se rastejava por nenhum homem. Foi exatamente por isso que, quando o Hollywood Gossip publicou a notícia de que o “namorado secreto da queridinha era Zac Efron”, eu parei de vê-la.
Dei um gelo nela, mesmo. Simplesmente resolvi ignorá-la, do jeito que todas as mulheres reclamam sobre como os homens transam com elas e depois as ignoram. Deixando claro que eu só sei disso porque elas fazem um show tão grande que já até teve barraco em programa de tevê. Mulheres são muito dramáticas, falo mesmo.
- O quê? Vai dizer agora que não dormiu com o Zac Efron? – eu debochei, rolando os olhos, mesmo que ela não os visse.
- Não, eu não dormi com o Zac Efron, seu babaca – ela retrucou, com raiva. – Se você quer saber, ele nem faz meu estilo. E se você quer saber, eu não transo com ninguém desde você, idiota!
Pausa para reflexão. Quer dizer que eu tinha sido o último da ? Bom, isso devia significar alguma coisa, né?
Não que eu estivesse com esperanças, ou algo assim. Afinal, ninguém nunca ia saber que eu era meio obcecado pela , procurando pelo nome dela na internet, visitando o Twitter todo dia para saber o que ela tinha feito e me cadastrando com nome falso no fã-clube. Uma puta de uma bichona, eu sei.
- O que a gente vai fazer sobre isso, então? – eu perguntei, pesaroso. O pânico estava voltando, batendo na porta impacientemente e ameaçando derrubá-la a pontapés.
- Se você estiver falando em tirar o bebê... – ela começou, mas eu interrompi:
- Eu não disse isso em nenhum momento – foi minha defesa.
Ela respirou ruidosamente e disse:
- , eu ainda nem fui ao médico para saber qual é a saúde do bebê... Eu tô confusa – finalmente admitiu, o que foi um feito e tanto para uma criatura tão orgulhosa quanto .
- Se você ainda não foi ao médico – eu comecei, com cautela -, ainda não tem certeza da gravidez... Né?
- Claro que tenho, ... Fiz cinco testes diferentes, todos deram positivo e...
Eu a interrompi quando uma pergunta fez-se em minha mente, algo que não tinha pensado antes.
- , quem mais sabia disso? Quem delatou a gente para a internet?
- Não quero falar sobre isso por telefone, .
- Mas...
- Amanhã – ela interrompeu-me – eu vou te esperar na academia depois da aula de ioga. – era muito ligada nessas palhaçadas de ioga, tai chi chuan, acupuntura etc., tudo herdado da mãe maluca dela. Não vou reclamar sobre a ginástica porque a deixava bastante flexível, só isso que eu digo. – Se você quiser, esteja lá. – Seu tom de voz denotava alguma angústia, e eu me senti um pouco mal, como se a angústia tivesse sido provocada por mim.
- Eu vou – me apressei em responder. Não queria deixá-la chateada ou qualquer coisa assim.
- Ótimo. Nove horas você me busca lá, de carro. – E desligou.
Eu ainda gemi para o telefone mudo, pensando no meu precioso sono: “Nove horas?”

Nunca fui um cara de ficar noites em claro, pensando na vida e nos problemas. Até porque, vou confessar, nunca tive problemas. Minha vida não era perfeita, claro, a de ninguém é. Mas nunca tive nenhum problema que me privasse do sono. Eu não sou o tipo de cara que fica sem dormir.
E é claro que eu não ia mudar isso só porque minha ex-quase-namorada estava grávida de um filho meu.
Mas não vou mentir: por estar em pânico, eu tive sonhos sucessivos, sonhos que estavam muito próximos de pesadelos.

Eu estava numa maternidade de Los Angeles, com a mãe maluca da ao meu lado e a sentada numa cadeira de rodas, mais gorda do que nunca. Parando para analisar bem, ela estava linda. Nunca vi aquele brilho ao redor das grávidas que todos dizem ver, mas o brilho nos olhos da é algo.
A maternidade me fazia ficar mais nervoso, porque eu via grávidas para todo lado, via pais desesperados para todos os lados e percebia que eu era um deles. Porra, não dava para ficar pior.
Ah, espera, dava. Depois de uma fumaça branca, eu estava na sala de parto, olhando para sendo operada... Havia sangue para todo lado, e eu estava ficando enjoado. Os médicos estavam completamente ao redor dela, e de repente uma criatura minúscula saía de dentro dela, cheia de sangue...
E o cheiro de tanto sangue finalmente me fez desmaiar.

Depois do desmaio, acordei desnorteado, num sofá. Olhei ao redor, e percebi que estava numa casa grande, tão grande que eu não conseguia me entender bem dentro dela. Quando percebi, vinha até mim, usando vestido e salto alto e carregando um menininho nos braços. Sem me dizer nada, entregou-me o bebê e pôs uma mamadeira na minha mão parcialmente livre. Virou as costas e começou a se afastar.
Eu simplesmente surtei, e berrei o nome dela, fazendo o garotinho em meu colo começar a chorar. se virou para mim, com indiferença:
- O que foi, ?
- O que... – eu comecei, desesperado e irritado com o choro do bebê. – O que eu tenho que fazer com isso aqui?
Ela revirou os olhos, irritada:
- Para começar, ,
isso aqui é o seu filho. – Olhei de relance para criança, e a similaridade dele com minhas fotos de bebê me fez crer nas palavras da . – E você tem que dar leite para ele, colocar para arrotar, brincar um pouco, trocar a fralda, colocá-lo para dormir e, pelo amor de Deus, mantenha o Earl vivo e saudável até eu voltar.
- Onde você vai? – eu perguntei de um fôlego só, assustado. Mas, ao mesmo tempo, minha mente trabalhava: que porra de nome era Earl? Meu filho não ia se chamar Earl de jeito nenhum!
- Vou para as gravações, idiota – ela respondeu e depois soltou um suspiro. – Cuide do pequeno Earl, certo?
E foi embora. Olhei para o garotinho, que me devolveu o olhar com intensidade, por alguns momentos antes de começar a chorar. Olhei para a mamadeira, olhei para o choroso Earl. Repeti o gesto, e mais uma vez, daí mais uma...


Acordei completamente suado, com a benção do barulhinho irritante do despertador. Oito horas da manhã. Tudo isso pela . Porra, eu só podia estar apaixonado, ou sei lá que maluquice me faria concordar em acordar cedo.
Fui tomar um banho e colocar uma roupa que pudesse impressionar a . O problema foi que eu lembrei: a não é impressionável. Logo, desisti de procurar dentre as roupas que a estilista esquisita da banda havia comprado para mim e peguei uma camisa jogada de qualquer maneira na poltrona do meu quarto para vesti-la.
A aula de ioga da não ficava muito longe do apartamento dela, e eu cheguei lá com o meu carro em quinze minutos. Vi algumas pessoas suspeitas (ou seja, com cara de jornalistas), mas repeti para mim mesmo que era pura paranoia. Mesmo assim, ao descer do carro, coloquei óculos escuros, só para a precaução.
Tá, como se os paparazzi de verdade fossem se enganar com duas lentes escuras.
Entrei na academia, acenando com a cabeça ao reconhecer um ou dois rostos da época em que passava aqui com a (à tarde, devo acrescentar; não sei por que diabos ela resolveu fazer ioga de madrugada). Desconfortável, dei uma olhada ao redor, procurando pela mãe do meu filho. Mãe do meu filho. Ok, isso não fazia o menor sentido e ainda me fazia passar mal.
Não a encontrei, de modo que decidi ligar para o celular dela. Olhei para o relógio rapidamente, e já marcava nove horas. Tateei meu bolso, sentindo já o celular nas mãos, quando escutei aquela voz que eu tão bem conhecia chamar “!”.
Ela vinha até mim, linda, acompanhada de uma mulher que eu não conhecia. Sorri para ela, que não retribuiu, apesar de ter esboçado um sorriso de canto. Olhei para sua barriga, esperando ver algum indício de que ela estava mesmo grávida. Nadica de nada.
- Oi – eu disse baixinho, desviando o olhar de para a desconhecida.
- Oi, – eu escutei a garota responder baixinho. Adorava o fato de ela não ter perdido o vício de falar meu nome o tempo todo. reparou que eu encarava a mulher ao seu lado, e observou: - Essa, , é Margareth. Ela vai começar a me dar aulas...
- Vai trocar a ioga? – questionei, incrédulo, depois de acenar amigavelmente para Margareth, que sorriu em resposta.
- Não – falou baixo, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. – São outras aulas...
- Ele ainda não sabe, querida? – Margareth perguntou, parecendo estranhar a atitude de .
- Eu não sei o quê? – eu me interpus, olhando de relance para .
Ela rolou os olhos para o teto. Margareth adicionou:
- Ele precisa concordar, ... Vou dar um tempo para vocês. – Deu a mim um último sorriso e se afastou, indo em direção à recepcionista. Provavelmente para fofocar. Mulheres.
Fixei meu olhar na .
- O que eu tenho que saber, ? – Tirei os óculos escuros para que ela pudesse me olhar nos olhos na hora de responder.
- Não fale como se fosse meu pai, – ela rebateu, fazendo de seu tom de voz um desafio. Em seguida, suspirou e adicionou: - Quero fazer aulas de parto. Você sabe, aquele pacote de “Dez aulas de como ter um bebê”, esse tipo de coisa. – Parou por um momento e chegou mais perto de mim, para poder falar mais baixo. – Você deve estar presente nas aulas, como parceiro de parto, mas... Só se realmente quiser.
Ela grudou nossos olhares, e eu senti instantânea vontade de abraçar aquele corpo que todos desejavam e que já fora meu. Percebi que era realmente meu papel estar lá nas aulas com a , fazendo o papel do pai do filho dela. E também percebi que, por mais que a ideia de ser pai fosse aterrorizante, eu ia realmente querer fazer isso. Ser pai, quero dizer. Se significasse estar mais perto da .
- Quero – eu respondi objetivamente, e finalmente vi sorrir.
- Ok, então – ela respondeu, mais animada do que o normal. Se fosse mais nova, provavelmente bateria palminhas. Seus olhos vagaram por um momento com um brilho diferente, mas logo este se esvaiu. – – e ela repete meu nome e eu me animo, sempre -, temos que conversar.
- Temos – concordei. – E não é aqui.
- Eu sei – ela ofegou, passando as mãos pelos cabelos. Sua expressão de preocupação se intensificou, e seus olhos congelaram. Eu segui o olhar, que refletia na porta da academia.
E lá havia um homem meio gordo, agachado e segurando uma porra de uma câmera profissional na mão.
- , temos que ir embora daqui – falou, nervosa.
Eu sabia.

- Temos que ir logo, antes que a gente acabe no jornal – falou, chorosa, andando tão rápido que quase corria. Eu a seguia para o estacionamento ao lado da academia, pela porta dos fundos, onde os paparazzi não nos alcançariam.
- Quem foi que contou pra mídia, ? – eu explodi, segurando seu braço com um pouco de força. Queria atenção... Puta, eu queria mesmo era a .
- Foi a vaca da Norah – ela respondeu, e eu me lembrei da morena de olhos verdes, amiga de , com risada estridente, e bem gostosinha, devo admitir. – Ela e a Hayley estavam comigo quando eu fiz os testes. – Ela respirou profundamente e depois me encarou, com relutância: - Sei que a Hay não faria isso comigo.
Chegamos ao carro que ela estava usando (graças a Deus não era o Porsche rosa de sempre), e sentou-se no banco do motorista e engatou a primeira marcha. Confesso que o feminismo de me excitava bastante, com toda aquela postura de quem sabe se virar sozinha. Dentre meus devaneios e fetiches, dominar sempre foi o maior, certeza.
- Onde a gente vai? – eu perguntei, olhando assustado para ela. até dirigia bem, mas ela estava meio alterada e... grávida, ué.
- Para a casa dos meus pais – ela respondeu, sem olhar para mim. – Temos que contar a eles antes que vejam na televisão!
Saímos do estacionamento.
- , você não quer passar na casa dos meus pais antes? É bem mais perto... – eu dei a ideia, tentando ser racional. A verdade é que eu queria contar logo para os meus pais e livrar-me logo disso.
- Não, , eu tenho que falar com meus pais – ela disse, meio desesperada. – Não é como se meu pai adorasse você, não é mesmo?
Um flashback do meu primeiro encontro com os pais de passou pela minha cabeça: uma mistura de assombro da minha parte para a mãe maluca da junto com o pai conservador (aliás, eu me pergunto como eles se apaixonaram; são completamente opostos) que me desafiava a todo momento.

Nós nos conhecemos num cassino, durante uma das milhares de festas que eu e éramos convidados - a da vez fora dada por Paris Hilton, então você podia imaginar o que era o lugar. A mãe de , apesar de já ter passado dos 40 anos, ainda atraía muitos olhares (até meus, confesso), e provavelmente era esse o motivo pelo qual o Sr. estava tão rabugento.
não me apresentou a eles como namorado, apenas disse “Esse é o ”, e desde então seu pai ficou me olhando e soltando faíscas. Mas o ápice mesmo foi no jogo de pôquer.
Assim, eu sempre fui muito bom em pôquer, e o
royal flush simplesmente se atraía pela minha mão, assim como ímãs se atraem, a gravidade atrai as coisas para o chão, eu me atraio pela , esse tipo de coisa. Não foi exatamente uma surpresa para mim quando eu levei praticamente a mesa toda, mas o Sr. ficou impressionado, de certa forma, uma vez que tinha um full house em mãos, e não achou que eu conseguisse coisa melhor.
Ruim pra ele, não é? Não exatamente, terrível para mim também, já que ele adquiriu uma eterna implicância com a minha pessoa.
- Então... – ele começou, logo após a partida de pôquer terminar. – Parece que você é bastante acostumado a jogar pôquer. Vive em cassinos?
- Só às vezes, senhor – eu respondi, me perguntando aonde ele queria realmente chegar.
- Mas joga bastante, não é mesmo?
- Com os amigos, sim.
- Aposta muito dinheiro? Ganha muito com isso? É viciado em jogo?
- Não, senhor – eu me defendi, meio assustado.
- Tem levado a minha menina para jogar pôquer com os seus
amigos? – ele acusou, elevando o tom de voz.
- Não! – eu respondi, quase surtando. Será que ele sabia do
strip poker da semana anterior?
- É o que veremos, ... É o que veremos.


- Vamos falar com seu pai logo depois de vermos os meus – eu sustentei minha vontade, agora mais por medo do que outra coisa.
me encarou, incrédula, mas cedeu:
- Ficaremos só um tempinho na casa dos seus pais, e eu não quero discussão sobre isso.
Aceitei.
Dá pra perceber quem sempre foi o homem da nossa relação.

- Ah, , estou tão feliz por ter ver – minha mãe disse, me abraçando. – E , querida! – Deixando claro que minha mãe só esteve com umas duas vezes, mas é apaixonada pela garota e também via aquele programinha escrotinho que grava há anos. Quem não é louco pela ? – Você resolveu reatar com ? – ela perguntou, soltando e se sentando novamente no sofá à nossa frente.
- Então... É sobre isso que viemos falar – respondeu, trocando olhares nervosos comigo. – Acho melhor você contar, – instigou, entrelaçando nossas mãos.
Ao que ela me deu a mão, fiquei meio atônito. Parecia até que... que ela realmente estava comigo de novo. Porque nós nunca namoramos mesmo, mas... já estivemos juntos, afinal. Ela fora minha.
- está grávida de mim, mãe – eu disse de um fôlego só, mas sem encarar minha mãe, já que eu esperava um escândalo sobre a imaturidade de um homem de 23 anos.
Mas eu esqueci que estávamos falando sobre a .
- Ah, mas que notícia maravilhosa, parabéns, querida! – minha mãe exclamou, levantando-se e indo abraçar (isso mesmo, ! Não a porra do filho dela! Mas a mulher pela qual o filho dela é maluco!), toda emocionada. Mulheres. – Temos que contar ao seu pai, ! – ela finalmente se virou para mim, sem nem ao menos me dar os parabéns. Cara, às vezes eu odeio minha mãe. – Vamos ligar para ele e pedir para ele vir aqui e...
- Na verdade – eu interrompi -, temos que ir para a casa dos pais de . Vamos contar a eles...
- Antes que a imprensa conte – concluiu, com um súbito temor no olhar.
- Mas – minha mãe insistiu – ele tem que saber, e já está no trabalho...
Ela foi cortada pelo telefone, que tocou insistentemente. A empregada (aliás, quem era aquela mulher? O que havia acontecido com a Rosalyn, a última espanhola gostosa? Ou será que ela se chamava Rosalina?) atendeu, e minha mãe ficou prestando atenção na mulher. Eu e a imitamos.
- Sra. – a empregada chamou -, é o patrão.
Minha mãe abriu um sorriso triunfante, e atendeu ao telefone ao seu lado, que era a extensão da linha.
- Querido? – ela disse com um sorriso, que logo se desfez ao que ela escutava meu pai.
- está aqui – ela respondeu a algo que ele havia dito. – Vou botar no viva-voz.
Ela foi apertar o botão, e moveu os lábios: “Ele já sabe”.
Eu e nos entreolhamos de novo. Meu pai fazia o tipo conservador (tanto que nunca me perdoou realmente por não fazer faculdade para fazer parte de uma banda), mas também gostava de . Não sabíamos qual seria a reação dele.
- Por que - ouvimos meu pai ao telefone - minha secretária está me dando parabéns por ser avô, ?
Ok, isso não parecia bom.
- está grávida – eu respondi. – E está aqui do lado – acrescentei, na esperança de amenizar a situação.
Ele ficou alguns segundos em silêncio, e eu estava completamente apreensivo. Olhei para algumas vezes, e ela também parecia tensa.
- Tudo bem, o que está feito, está feito - ele finalmente falou, e eu suspirei aliviado.
Isso porque não sabia o que viria a seguir.
- Eu só quero saber para quando vocês vão marcar o casamento. – E desligou.
Casa... casamento?

- Então, o que você acha da ideia? – questionou, sentada ao meu lado em seu carro. Dessa vez, eu estava como motorista, e isso me deixava minimamente mais tranquilo.
Depois de enrolamos uma desculpa qualquer para minha mãe, saímos praticamente voando da casa de meus pais, não sem antes verificar a existência de pararazzi ao redor, é claro. Mas eles pareciam não ter tido a ideia de perturbar a casa dos , então eu e partimos aliviados para a casa dos pais dela.
- Casar? – eu perguntei, e ela confirmou com a cabeça. – Não sei. O que você acha?
- Não sei também – ela admitiu. Olhei de relance para ela, que encarava as mãos em seu colo. – Quer dizer, nunca namoramos, . E casar é um grande passo...
- Está falando comigo ou com suas mãos? – eu brinquei, rindo, tentando disfarçar o nervosismo. Ela pareceu surpresa ao levantar a cabeça, o que confirmou: falava consigo mesma.
- Você quer casar comigo? – ela perguntou, finalmente me encarando. Fiquei em dúvida se olhava para o trânsito ou para a garota, e me decidi por ela.
- Isso é um pedido oficial? – olhei rapidamente para frente, só para assegurar que nenhum maluco ia nos fazer morrer na hora.
Ela riu. Eu adorava vê-la rindo.
- Não. Só quero saber se você consegue se ver daqui a um ano, numa casa comigo e um bebê, e uma caminhote na garagem, trocando fraldas.
Aquilo me lembrou do meu sonho, e eu fiquei em silêncio por um tempo.
- Consigo me ver assim – respondi. – Mas sem o automóvel utilitário, por favor.
sorriu.
- A caminhote é um clássico dos pais, , não tente romper com paradigmas.
- Não vou ser um protótipo de pai, ... Você sabe disso, não?
- Sei – ela suspirou. – Ainda assim, você é o pai dess... ... , olha pra frente!
Olhei e rapidamente desviei de uma Ferrari meio alucinada.
- Tá louco, ? Tá querendo matar nossa menininha? – reclamou, cruzando os braços.
- Que menininha? – eu perguntei, franzindo a testa. – Aí dentro tem um jogador de beisebol, .
Ela riu.
- Nem pensar. Bailarina, certeza.
- Você não tem como saber – eu emburrei, mas convicto do que estava dizendo. – É um menino. Só que não vai se chamar Earl, definitivamente – acrescentei, voltando a prestar atenção no trânsito.

Chegamos afobados à casa dos , e a primeira coisa que fez ao olhar para mãe, sentada na sala de estar e lendo uma revista feminina qualquer, foi perguntar: “Papai está em casa?”
- Está – sorriu a mãe de . – Está vendo televisão na sala de tevê. – Foi quando desviou o olhar para mim: - Olá, ! Como você está? Revolveu seguir o conselho que eu dei sobre os incensos? Você parece estar precisando...
- Oi, Sra. – respondi com um sorriso. A mãe de era doida de pedra, mas era uma boa pessoa. E ainda puxava o sotaque brasileiro em algumas palavras, era engraçado quando isso acontecia.
- Eu e começou, me indicando com o olhar para a mãe – precisamos conversar com vocês dois.
A mãe da garota a espiou minuciosamente, estudando-a. Sorriu de um jeito meio maligno (na minha opinião) e levantou-se, dizendo “Vou chamá-lo”.
- Acha que sua mãe já sabe? – murmurei no ouvido de . Ela ofegou por um momento, mas em seguida respondeu:
- Acho que ela desconfia – ela respondeu, com um sorriso. era bastante apegada à mãe, e eu achava isso legal, considerando o mundo em que a gente vivia e tal.
A mãe de voltou à sala de estar, trazendo consigo O Ser Temido. O mesmo, aliás, fez questão de perguntar “O que esse moleque está fazendo aqui?” em alto e bom som, assim que me viu. E não parou por aí, continuou reclamando, enquanto ia se sentar no sofá:
- Primeiro leva a minha filha para o mau caminho, com jogos e bebidas, depois para de falar com ela, deixa a garota chorando que nem um bebê, e agora aparece na minha casa e...
Espera, chorando? Por minha causa? Porra, eu sabia que tinha que limpar o ouvido com mais frequência. Porque chorando por mim é simplesmente impossível.
ergueu as sobrancelhas para o pai.
- Olá, pai, também é muito bom te ver – ela disse, irritada. Gostei daquilo. – Você sabia que esse moleque vai ser o pai do seu neto?
Aquilo sim me impressionou. Eu definitivamente não esperava dar a notícia de forma tão rápida e brusca.
- Vai O QUÊ? – o pai dela cuspiu, olhando com susto para e eu. Olhei de relance para a sra. , e ela ostentava um sorriso de vitória, que claramente dizia “Eu sabia”.
- Parabéns, filha – a mulher se adiantou para nós, dando um abraço nos dois ao mesmo tempo. – E para você também, . Ah, isso é tão lindo – ela acrescentou, com lágrimas nos olhos. E em seguida sussurrou: - , não ligue para seu pai.
Pai esse, aliás, que parecia estar perto do ataque cardíaco.
- Como vocês puderam ser tão irresponsáveis? Vocês... Vocês... O que vocês têm na cabeça? – ele perguntou, com olhos arregalados.
Resolvi me pronunciar pela primeira vez:
- Sr. , nós já temos tudo planejado – menti, olhando de canto de olho para , e ela concordava fervorosamente com a cabeça, apoiando a mentira. – Já vamos arranjar o casamento e...
- Casamento?! – ele exclamou, fazendo a ideia parecer absurda (e consequentemente me ofendendo). – Não quero que você case com a minha menina!
E foi aí que eu percebi que queria sim casar com .
- Bom, nós vamos casar. – Dei o assunto como encerrado, e olhei para . Ela tinha um sorriso de canto. – E vai ser em Las Vegas – eu acrescentei, tendo uma súbita ideia. – O juiz de paz vai ser um sósia do rei da música...
- Elvis Presley não é nenhum rei – o pai interrompeu, rancoroso. – John Lennon é.
- Elvis Presley – eu discordei novamente.
- Sempre quis casar em Las Vegas – a mãe de aprovou, sorrindo.
- Nunca concordei em casar com você em Las Vegas – sussurrou, para que apenas eu escutasse.
- Vai concordar mais tarde – sussurrei de volta, disfarçando.
- Como vai ser o parto? – a mãe de perguntou, batendo palmas uma vez e dando um tapa no ombro do marido quando este ameaçou falar.
- Ainda não pensamos nisso – respondeu, subitamente assustada. – Descobri só há 3 dias.
- Bem, não é preciso pensar muito – a sra. rebateu, animada. – Parto humanizado é a coisa mais linda do mundo.
- O quê?! – berrou, completamente assustada. Bem, se eu fosse uma mulher e uma criança tivesse que sair de mim, também estaria.
A sra. parecia bastante tranquila.
- É claro, minha filha, o nascimento do bebê é muito importante para você deixar médicos com faquinhas tirarem seu filho sozinhos. E ficou provado que o parto na posição vertical é muito mais seguro para a mãe e para o bebê...
- Mãe! Não vou discutir isso agora – retrucou, exasperada. Até eu estava exasperado. Havia esquecido como a mãe de era maluca.
- Mas temos que falar sobre isso... Ah, vai ser tão lindo... Podemos botar como fundo um DVD da Xuxa... Ah, , lembra-se de como você adorava a Xuxa?
- O que é Xuxa? – eu perguntei para , enquanto olhava a mãe dela sonhando e o pai, emburrado.
- Uma cantora infantil brasileira, ... Você ainda tem muito a aprender – ela respondeu, rolando os olhos. Elevou o tom de voz para a mãe: - Mamãe, depois nós pensamos sobre o parto normal, ok? E sobre a Xuxa também. Pensaremos com calma em tudo, tá?
A mulher concordou, provavelmente ainda perdida em pensamentos e planos. Eu me virei para , sorrindo, e desejando mais que tudo outro momento a sós com ela. Quase como que lendo meus pensamentos, a garota se levantou, anunciando:
- Bem, eu e temos que ir. Eu tenho muito a resolver com meu RP, e aposto que também tem coisas a fazer...
Apesar da decepção, a mãe de concordou. Seu pai não disse nada, apenas nos olhou, e eu imaginei que isso deixaria a garota triste. Fiquei me sentindo mal pela situação, porque sabia que também adorava o pai, mas imaginei que só o tempo e algumas boas conversas resolveriam o caso.
Eu e nos encaminhamos à porta, com a sra. logo atrás de nós. Assim que a maçaneta foi girada, o ruído externo aumentou consideravelmente, e quando abriu a porta, eu percebi tarde demais a sua origem.
- ! Os boatos são verdadeiros?
- , , , você é mesmo o pai do filho da ?
- Vão fazer um coletiva oficial?
- Vão se casar?
- Cesariana ou parto normal?
- Qual vai ser o nome do bebê?
- Vestido curto ou longo, ?
- A banda vai acabar, ?
- Sua personagem em
The Devilish Angel também vai ficar grávida?
Puxei para dentro e fechei a porta imediatamente, apesar de cego pelas luzes dos flashes.
Que merda, cara.

- Como vamos sair daqui? – perguntou, angustiada. Ela estava mais que acostumada aos assédios dos jornalistas e fotógrafos, mas acho que a gravidez a abalou um pouco. Era algo tão... privado.
- Como está a situação da porta dos fundos? – perguntei, tentando raciocinar.
- Alvo do zoom de câmeras, muito provavelmente – respondeu, irritada.
Estávamos presos na casa dos pais de há duas horas, esperando a poeira baixar. Não queria ser pessimista, mas ela não baixaria tão cedo assim. Nós tínhamos acabado de almoçar, e confesso que meus pensamentos estavam mais lentos, mas estava completamente ligada. Será que eu era o único que sentia sono após o almoço?
- Ei, me chamou, e eu olhei para ela, rodando em círculos à minha frente. Eu estava sentado no confortável sofá da sala de estar, e isso parecia estar desagradando tanto o Sr. que ele foi ver televisão na outra sala. – Tive um ideia.
- Que ideia, ? – Ela me assustava às vezes.
Ela respirou fundo.
- Na cozinha, tem uma janela que dá para o jardim, justo na parte que tem duas árvores. A garagem fica logo atrás, e tem um portão lateral. Vamos sair por ali, e pegar o carro do meu pai.
Concordei com a cabeça. Era difícil eu discordar da , e isso me tornava um cachorrinho treinado e patético.
se despediu rapidamente da mãe, e nós fomos até a cozinha. Dei uma boa olhada na situação daquela janela em especial, e a barra parecia limpa.
- Ok, eu vou primeiro.
Pulei a janela, e fiquei grato em saber que as árvores e a garagem nos escondiam das câmeras. apoiou-se no parapeito, e eu a segurei pela cintura para ajudá-la a descer. Se eu dissesse que minha mente passou em branco quando eu senti o formato das curvas de seu corpo, seria o maior mentiroso do mundo, mais até que Pinóquio.
Corremos até a garagem, e foi até a caixinha em que o pai guardava as chaves do carro. Devo dizer que o pai da tem um jeito meio de espião, então essa caixinha ficava escondida dentro da caixa de ferramentas. Se isso faz sentido? Não.
Graças a Deus e ao dinheiro de , o portão da garagem era automático, de modo que era só apertar um botãozinho e ele abria sozinho. E foi que o fez, enquanto eu dava a partida no carro e buzinava, para não atropelar alguns jornalistas que estavam bloqueando o portão.
Um minuto depois, eu já estava a toda velocidade, ultrapassando limites para chegar logo em meu apartamento.

- Quer casar comigo? – eu perguntei, quando estava trancando a porta do apartamento. Olhei rapidamente para , e ela parecia surpresa.
- Por que eu me casaria com você, ? – ela rebateu, andando até a sala e se jogando no sofá, apoiando a cabeça no encosto e fechando os olhos.
- Nós vamos ter um filho, – eu respondi, imitando-a em gesto e posição. Droga, fugir de paparazzi dava um cansaço mental...
- Ou filha – lembrou a garota.
- Provavelmente, filho – disse com segurança.
- Isso não é motivo para casar, . – Senti um movimento ao meu lado e abri os olhos. havia tirado os sapatos e agora estava ajoelhada sobre as almofadas do sofá, me encarando. – Nós podemos apenas cuidar da criança juntos. Ele pode ficar aos finais de semana com você e passar a semana na minha casa.
- Ah, , cala a boca – eu respondi, começando a me irritar. – Nós poderíamos ter feito um monte de coisas. Poderíamos ter nos apaixonado antes de transar. Poderíamos ter casado antes de eu te engravidar. Eu podia não ter acreditado nos boatos sobre o Efron. Você podia ter ligado para mim antes de eu descobrir sobre a gravidez pela internet. Mas acho que nós não somos muito certos, né.
Olhei nos olhos de , e eles estavam brilhando. Ah, por favor, não a deixe chorar, eu implorei mentalmente para a autoridade superior.
Ela não respondeu nada, apenas levantou e andou até a cozinha. Eu a segui, vendo-a abrir a geladeira e pegar uma lata de cerveja. Rapidamente, arranquei a lata da mão dela, e ela olhou para mim, surpresa.
- Grávida – eu a lembrei.
- Verdade – ela concordou, rolando os olhos. Fui guardar a cerveja e peguei duas latas de Coca-Cola, entregando a uma delas.
- Por que – começou, parecendo hesitante – você se importa com o bebê? E comigo?
Parei para pensar.
Pensei bastante, sabe. Pensei em como eu tinha ficado puto quando pensei que a estava transando com o Zac Efron. Pensei em como eu tinha adquirido uma pequena grande obsessão por ela, e como eu ficava que nem uma bicha, pensando nela. Pensei em como eu tinha engolido meu orgulho, admitindo para mim mesmo que queria casar com ela.
E só podia mesmo estar apaixonado.
E aquela coisinha crescendo dentro da era minha. Nossa, quero dizer. Mas, tipo, era metade parte de mim e metade parte da . Como eu não podia gostar desse bebê?
Cara, que merda. Acho que eu amava os dois.
- Amo vocês – disse de um fôlego só. – Amo mesmo, só pode ser isso.
ofegou e arregalou os olhos.
- Você não me ama, – ela respondeu, balançando a cabeça. - Não pode amar. Nós nos conhecemos há pouco tempo...
- E daí? – eu desafiei, ficando nervoso. Qual é? Ela dizia não para meu pedido de casamento, dizia que eu não a amava... Ela me odiava ou o quê? – , você pode até não me amar por isso, mas eu amo. Sei que amo.
- Eu não disse que não te amava! – exclamou, horrorizada.
- Ama? – perguntei, em disparate.
- Amo! – ela confirmou rapidamente, e depois cobriu a boca com as mãos, arregalando ainda mais os olhos. Eu sorri para ela, satisfeito comigo mesmo. – Quer dizer, não sei...
Ela respirou fundo, e eu só a observei.
- Eu me senti péssima quando você parou de me ligar, – ela despejou, encarando o nada. – Eu nem sabia o que fazer ou o que pensar, imaginei que você tinha enjoado de mim e... – Percebi que seus olhos estavam marejados. Fiquei me sentindo um babaca, se você quer saber. – Não consegui mais ficar com ninguém nessas semanas. E quando eu descobri que estava grávida – ela sorriu, um sorriso lindo, desses inesquecíveis -, eu fiquei maravilhada... Só por saber que eu teria um pouco de você comigo o tempo todo e...
- Você me ama, então – eu concluí, não podendo segurar uma risada. Porra, eu estava feliz.
Ela sorriu, travessa, e então confirmou com a cabeça.
Não esperei duas vezes antes de beijá-la.
Puta que pariu, como eu senti falta de beijá-la. Senti falta do seu gosto, do seu cheiro e do jeito que ela puxava meus cabelos e mordia meu lábio inferior. Senti falta do seu corpo colando no meu, das nossas pernas se entrelaçando, dos nossos quadris se tocando. Dos gemidos fracos, dos suspiros profundos, das respirações coladas. De passar minhas mãos por todo o seu corpo e da textura da sua pele. Do calor do seu corpo. Senti falta de senti-la por cima de mim, senti falta dela embaixo de mim. Senti falta dos beijos dela em todo o meu corpo, senti falta da fragilidade e magreza dela perto de mim, e do jeito em que ela enlouquecia quando eu mordiscava sua orelha. Senti falta de estar dentro dela.
Naquela hora, matei a saudade.

- Casa comigo? – perguntou, deitada em meu peito e brincando com meus dedos. Ela olhou para cima e sorriu, me fazendo sorrir junto.
- Não vale, eu já fiz o pedido hoje – respondi, falsamente emburrado.
- Eu tinha pedido antes, no carro, bobinho – ela lembrou, se esticando para me roubar um selinho.
- Droga – eu praguejei, abraçando-a e rolando para ficar deitado por cima. Dei outro selinho antes de continuar: - Então eu aceito me casar com você, .
Ela sorriu e me beijou. Ao quebrar o beijo, fez voz manhosa, de falsete:
- , queriiiiiido, já botou o Earl para dormir?
Eu ri, mas rolei os olhos.
- Não, por favor, tudo menos Earl! – E depois a beijei mais uma vez.

Sete meses depois, nascia Earl, três quilos e setecentos, e um sorriso sapeca, igualzinho ao de uma certa queridinha da América...


FIM



Nota da autora: Achei que nunca ia conseguir terminar a fic a tempo, ainda bem que consegui! Mas não teria conseguido sem o apoio de todas as meninas da equipe de beta-readers do Fanfic Obsession e da Cah Sodré (autora do mês de julho, parabéns, amiga <3), que me incentivou o tempo todo, exigindo que eu não desistisse!
Obrigada a todas que leram. Não acabem comigo nos comentários, lembrem-se de que eu escrevi a fic correndo contra o tempo!
xx. Marii-Marii
@summer_giirl | Into Your Arms



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