por Natalie


Challenge: Interno #001
Nota: 10
Colocação:




Em Las Vegas, Nevada, o senhor e a senhora apostam alto na Strip, como é conhecida a Las Vegas Boulevard.
Eles estão no cassino do Hotel Luxor, aquele inspirado nas pirâmides egípcias, apostando o dinheiro da faculdade de sua filha mais velha, .
Eles só não se lembram de que as pirâmides são os túmulos reais, destinados aos faraós. Ficará o dinheiro ali ou sairá multiplicado, justamente como um achado valioso de um explorador?

Enquanto isso, na Califórnia, curte com os amigos uma noitada de pôquer e cerveja do tipo Ale na casa de seus pais. Era também sua última noite junto do namorado, . Mais algumas horas e ele partiria com sua banda, , em uma turnê de pelo menos seis meses.
Iriam todos dentro de um automóvel utilitário e rodariam pelos estados próximos da Califórnia, passando inclusive por Nevada, onde os pais da garota estavam.

All in! — gritou enquanto empurrava todas as suas fichas até o centro da mesa. Ou ele tinha uma combinação de cartas extremamente boa ou estava desesperado, blefando.
— Eu pago — disse após beber outro gole de sua cerveja. Ele tinha um straight flush de ouro e provavelmente ganharia a rodada.
— Eu saio — falou jogando suas cartas na mesa e dando uma olhada na festa. Algumas de suas amigas dançavam perto da piscina e alguns rapazes assavam espetos de carne e frango.

Enquanto a festa avançava, saiu de fininho. Ficou entediada de repente, querendo se divertir somente com o namorado. Entrou na casa pela porta de correr da sala de TV e viu sua irmã mais nova, Anabelle, assistindo ao DVD da Xuxa Só Para Baixinhos 5, aquele com temática circense. Ela nem era mais só uma garotinha.
— Cara, você já não está velha pra assistir à Xuxa, não? Suas amigas provavelmente já passaram dessa fase!
— Ahh, você não vai contar a elas, vai? Diz que não, pelo amor de Deus!
— Só se você concordar que eu não dei uma festinha particular hoje aqui em casa.
— Beleza — Anabelle falou com os olhos vidrados na televisão. Queria ser uma artista e tinha até sofrido um desmaio quando, ainda no Brasil, participou do "Xou da Xuxa". Aquilo, obviamente, fora cortado da edição final.

seguiu para o banheiro, aliviou-se após todas aquelas cervejas e acendeu um incenso no seu quarto para provocar desejo, que continha uma parte de galanga, uma de salsa e uma de pimenta-da-jamaica. Aquilo servia para inspirar e criar uma atmosfera mágica no local enquanto ela tomava uma ducha rápida.
Ainda de cabelos úmidos, secados apenas com a toalha, ela vestiu uma lingerie de cor carmesim, com direito à cinta-liga estilo saiazinha e uma meia 7/8 rendada, de cor clara. Vestiu também um robe branco por cima, acendeu velas vermelhas e colocou secretamente milefólio debaixo do colchão de sua cama de casal. Agora estava pronta para . Com essa erva debaixo do colchão enquanto eles faziam amor, suas almas tornariam-se — caso já não fossem — almas gêmeas e esse amor duraria por toda a eternidade.

Lá no extenso quintal da família , onde cultivava vários tipos de plantas, uma música diferente começou a encher o ambiente. Era "Mind Games", do John Lennon. Era também o celular de , escrito "" no visor.
— Fala, amor — disse animado. — Por que está me ligando se estou na sua casa?
— Ahh, é que eu preparei uma surpresa pra ti e não posso sair de onde estou... — ela falou manhosa.
Ele amava a voz dela, melíflua como a de Calíope, uma das musas da mitologia grega.
— E onde você está, minha linda?
— No meu quarto...
— Ah, já estou aí!
Desligaram e ele saiu apressado. Entrou pela cozinha para não encontrar com Anabelle, que estava sonolenta no sofá. Foi ao lavabo ajeitar o cabelo, dar uma melhorada no hálito etc.
Bateu de leve à porta do quarto dela. Ela abriu confiante, a iluminação se dava por velas vermelhas e o aroma instigante vinha do incenso, já completamente queimado.
Ele entrou e fechou a porta com o pé. Pelo laço que amarrava o robe branco junto do corpo dela, ele a puxou para mais perto e desfez o nó. Viu o tecido deslizar suave pela pele da garota e deixar à mostra a surpresa, que era aquele visual todo só pra ele.
deu um passinho para trás e girou sorrindo, como numa dança onde ela se exibia. Ele avançou tirando a camisa e ela o ajudou a desafivelar o cinto. Iam juntos à dança do amor.

adormeceu após algumas "celebrações amorosas" e se desaninhou dele. Trajou um vestido Kira Plastinina e foi até onde a festa se arrastava. Alguns casais que se formaram foram embora e pouca gente acordada restava no local. Logo sairiam também.
cobriu com uma manta de crochê seu amigo Gus, deitado numa cadeira reclinável perto da piscina. dormia na rede de balanço e algum cara a tinha em seus braços. "Eles não precisarão de uma manta", pensou e riu maliciosa.

Perto do seu jardim havia uma salinha onde ela mantinha alguns de seus recursos naturais. Entrou sem fazer muito ruído e abriu uma gaveta, tirando um cordão de prata que acorrentava uma chave. Abriu um armário com ela e viu todos aqueles potes de vidro, cada um com ervas e pétalas secas desiguais dentro. Para diferenciá-los, havia usado HF (ácido fluorídrico) para escrever seus nomes sobre o vidro.
Pegou uma tigela e colocou uma colher e meia de chá de amido de milho. Triturou num pilão quatro partes de arruda, meia parte de alecrim e meia de folhas de álamo, depois juntou à maisena e fez seu Pó da Fidelidade. Pegou duas colheres de chá dele e armazenou num saquinho de plástico. Guardou o resto do pó, trancou o armário, limpou tudo e saiu da salinha.

Passando pela sala, viu que Anabelle dormia. A tela da TV estava azul, como ficava após muito tempo sem que ninguém retirasse o DVD que há muito terminara sua exibição. voltou para o quarto e polvilhou o pó mágico nas roupas jogadas e amassadas, nos tênis de e em seus outros pertences, como a carteira. Pensava em seu nome, afinal, a magia era toda direcionada para ele. Teve cuidado para não pisar no pó e se deitou um pouco na cama, após jogar o saquinho vazio numa gaveta.

Passaram-se horas e escutou chiados que vinham da televisão da sala. Vestiu o robe branco e foi lá desligar o aparelho. Anabelle não se encontrava mais, devia ter acordado e cambaleado até seu quarto. vasculhou o sofá com as mãos, em busca do controle remoto. Não havia acendido as luzes e, assim que o achou, apertou o botão para desligar. Bocejou, virou-se para retornar ao quarto e a TV ligou sozinha.
Os chiados e o chuvisco recomeçaram e ela ficou subitamente amedrontada. O que ela veria se a TV saísse daquele estado? Apertou o controle de novo, não funcionou, ela impunha cada vez mais força e nada, até que a tela mudou.
Ela via um reflexo da onde estava. Chegou mais perto, não tinha certeza se era ela realmente. Andava lentamente, suava frio e respirava com medo. "Devia ter acendido as luzes", ela pensou arrependida sem saber bem o porquê.
Chegava cada vez mais perto e, estando próxima o suficiente, quase tocando o botão de desligar na TV, seu reflexo a encarou. Ela estava estupefata, a boca num "o" e os olhos transbordando surpresa e terror.
O reflexo a olhava sério. Deu um sorrisinho antes de um recado:
— Não faça mais magia manipulativa. Você não precisa disso.
escutou atenta e andou para trás, para longe do que via. A imagem também se afastou, como num espelho, e nisso ela viu que a barriga do reflexo estava maior, dura, como se estivesse armazenando uma criança. A garota colocou a mão na própria barriga, olhando-a, alisando-a. Suspirou de alívio; estava normal como sempre esteve.
Olhou para a TV de novo. Aparecia um estabelecimento enorme e com as seguintes palavras pintadas de verde: hospital e maternidade. Como o reflexo havia sumido, ela ficara um pouco mais calma. Andou até a televisão a fim de desligá-la e, quando foi apertar o botão, a imagem desapareceu. Os chiados e o chuvisco recomeçaram altos e continuamente crescendo. Ela gritou e apertou o botão, que também não funcionou.
O controle remoto, que havia permanecido em sua mão aquele tempo todo, estava diferente. Tinha se transformado aos poucos numa mamadeira e estava morna, cheia de sangue, que ela prontamente jogou no chão, vendo se espatifar e formar uma poça.
O sangue que enchera a mamadeira agora escorria pelos seios de , fazendo manchas em seu robe branco assemelhadas com lágrimas.

A garota acordou ensopada e horrorizada. As roupas, o cabelo, tudo pegajoso em seu corpo. Eram quase seis horas e já havia partido. Queria poder abraçá-lo após aquele pesadelo, mas dele só restava um típico bilhete em cima do travesseiro.
Ela o leu e depois o segurou em cima do peito. Dizia, entre outras coisas, que ele a amava. sabia disso, mas também tinha um pouco de medo. Por mais que fosse forte, a insegurança às vezes batia à sua porta. Seis meses longe, turnê em cidades diferentes, groupies que nunca a conheceriam.
Tudo bem que com o advento da Internet ela saberia se alguma coisa ocorresse, mas torcia para que não, claro.
Por isso ela usou o milefólio e o pó mágico da fidelidade. Por isso também que teve um aviso vindo de um pesadelo. Magia manipulativa era o caminho tenebroso...

Após duas semanas o senhor e a senhora chegaram da viagem. foi com Anabelle e até o aeroporto buscá-los.
Eles estavam radiantes, trouxeram até uma mala a mais cheia de lembrancinhas e presentes.
Todo aquele dinheiro, inicialmente para a faculdade de , agora daria para pagar também a de Anabelle, e muitas, muitas vezes mais. Numa tacada de incrível sorte eles haviam enriquecido muito e depois parado de jogar, antes que a sorte virasse.
Eles não contaram nada, ainda faziam planos mentalmente, perguntavam-se aonde aplicariam aquela grana toda, se continuariam em respectivos seus empregos etc.
Mal sabiam que parte daquele dinheiro seria usado no casamento da filha mais velha com o genro que seu pai tanto odiava.

Durante o jantar, os pais contaram mais histórias sobre a viagem e depois quiseram saber sobre o comportamento das meninas durante essa saída repentina que nomearam de "segunda lua de mel".
— Tudo certo, né — Anabelle disse pegando mais batatas. — Eu ainda estou viva, como podem ver!
— Engraçadinha — disse com ironia e viu sua irmã lhe mostrar a língua, só de brincadeira.
— Sei. Alguma coisa deve ter acontecido! Se não nessa casa, em algum lugar aqui perto — a senhora disse olhando para .
É o que dizem. Mãe sempre sabe.
— Ah, qual é? Meu namorado viajou faz duas semanas, está em turnê e só volta Deus sabe quando! E eu sou fiel a ele, você sabe.
— GRAÇAS A DEUS! — o senhor exclamou e viu uma carranca se formar na cara da filha. — Nem acredito que você ainda esteja com esse... — A Senhora lhe deu um chute antes de ele terminar a frase.
— O é ótimo, ok?
— Ah, por favor, filha. Ele bebe, fuma, dedica-se a uma banda... Você acha que vai ter futuro com um cara assim? — Sr. perguntou mais exaltado, nervoso só de falar no rapaz.
— Uma banda que está ganhando sucesso, você quis dizer. E eu aposto que você também fumava e bebia nessa idade!
! — ele esbravejou. — Se você está dizendo que essa porcaria de banda está fazendo sucesso, logo, logo ele vai te trocar por uma groupie da vida. Larga esse traste, ele não te merece!
Eu é que não mereço ter de ouvir essa merda toda! E não fala assim do , do meu namorado disse e largou os talheres de qualquer jeito, que caíram tilintando no prato. — Licença — a garota falou brava e saiu da mesa de jantar.
— Poxa, olha a maneira como você fala com a nossa filha! E na frente da Anabelle! A gente estava num clima tão bom... — A senhora reprimiu o marido, lamentando o fato e quase terminando seu jantar.
— Amor, já disse que odeio esse cara. E a fica do lado dele, não vê que ele não presta! Ela mudou depois de conhecê-lo!
— Oras, você bem sabe que o amor muda as pessoas! E deixa de implicar tanto com esse menino que é desse modo que você perde a sua filhinha logo, logo.
— Já terminei. Com licença — Anabelle disse e saiu da mesa, foi consolar a irmã.

A irmã mais nova bateu receosa à porta de . Escutou o choro, mais de raiva que de tristeza, aparentemente.
— Trouxe algodão doce que explode na boca — Anabelle disse. — Estou entrando.
O quarto dela tinha sempre aquele cheiro de incenso.
— Belle, você acha que o pai está certo? Que o ... Que ele pode me... — respirou fundo para manter o controle.
— Não, nada a ver. O pai só odeia o porque ele tem medo de te perder — ela fala entre uma mordida e outra de um pedaço de algodão doce. — É sério, acredite em mim. Vocês já namoram faz o quê, mais de um ano? E eu nunca o vi olhar para outra garota nessas suas festinhas particulares. Ele não vai te abandonar, relaxa.
— Fala baixo! — tapou a boca da irmã e pegou o pacote da guloseima japonesa para ela. — É que eu... Eu acho que estou grávida.
— Meu Deus, está falando sério? Você já fez o teste? Está se sentindo enjoada?
— Ainda não fiz o teste, Belle. Estou me sentindo normal, mas tem o , né... Não sei o que ele vai achar de ser pai assim, jovem e com a carreira subindo!
— Ah, complicado mesmo — ela admitiu sincera. Ficaram conversando pelo resto da noite. Combinaram de ir à farmácia no dia seguinte, mas sabia que não teria coragem.

Os dias foram se arrastando até que Anabelle ameaçou contar para ou Gus, para que um deles fosse à farmácia comprar um teste de gravidez. não tinha enjoos nem comia por dois, estava esperando apenas que sua menstruação atrasasse, mas a ameaça fez com que ela agisse logo.
Mas antes do teste, ligou para sua amiga Sury. Encontraram-se uma tarde na casa de e ela fez o pedido:
— Sury, você que é médium, pode fazer aquilo que eu nunca quis que você fizesse?
— Aquilo o quê? — a amiga a olhou com uma cara meio tensa.
— Ver se eu terei algum filho ou filha...
— Ah, beleza. Que susto que você me deu! — ela riu. — Preciso de um cordão de prata.
assentiu com a cabeça e disse que voltava logo. Como não estava usando nenhum acessório, foi até a salinha perto do jardim e pegou o cordão com a chave do armário de ervas e pétalas secas. Sury a esperava na piscina, molhando somente os pés.
— Aqui está — ela disse e entregou a correntinha, já sem a chave pendurada.
— Certo. Mostre-me seu pulso — ela falou enquanto segurava uma parte do colar e a outra ficava pendente.
obedeceu a amiga e observou enquanto ela colocava para funcionar aquele método de adivinhação.
Sury passava três vezes a correntinha no pulso de , mas sem deixar encostar. Depois, deixava um tempo em cima do pulso e via o movimento da extremidade. Fez isso duas vezes apenas.
— Bem, já vi. O que você quer ter?
— Então quer dizer que eu terei? ficou aflita. A amiga não poderia dizer quando chegaria, mas agora ela com certeza compraria um teste de gravidez.
— Sim, terá! Mas você quer menino ou menina?
— Ah, menina — ela disse e sorriu. Já sabia até o nome. Caso fosse menino, o pai que escolhesse!
— Vai ser menino... — Sury disse meio baixinho.
— O QUÊ? — perguntou, mas tinha ouvido claramente. — E a minha Anastácia, minha princesinha russa? Como faz? Minha princesa Romanov! Não, fala sério! Vou ter um menino? — viu sua princesa desvanecer em seus sonhos. Lágrimas tolas rolaram, ela queria mesmo uma menina.
— Ai, não chora! Não chora, ! Estou me sentindo culpada agora! Por favor, para!
— Ok, ok... Mas você tem que fazer esse teste no depois. Se der mais que um filho ou der menina, aí a gente não vai ser... Um casal pra sempre.
— Nossa, que triste. Mas você quis saber disso agora por quê? Você nunca deixou que eu fizesse isso antes!
— Ah, é que... — respirou fundo antes de contar. Até agora, só tinha falado disso com sua irmã. — Acho que eu estou grávida... Mas eu não tenho nenhum sintoma de gravidez e a gente sempre usa proteção! — esperou que Sury dissesse algo, mas nada foi dito. — Dizem que guardar camisinha na carteira é besteira e o faz isso, mas foi algo que ele sempre fez... Não é de hoje. E sei lá, venho tendo uns sonhos estranhos.
De algum lugar daquela casa, a voz de Anabelle soou:
— Suuury, leva logo essa menina na farmácia!
Ela riu e disse que a irmã mais nova dela estava certa.
— PODE DEIXAR! — gritou em resposta.
Elas calçaram as rasteirinhas e foram andando até a drogaria mais próxima. Durante o trajeto, cada uma contou suas novidades, conversaram sobre maternidade e Sury recomendou que ela começasse a praticar ioga... Isso também combateria os efeitos de todas aquelas festas, melhoraria a postura, a respiração etc.

fez o teste três vezes. Ela não queria acreditar, mas estava provado. Ela e teriam um filho. No fundo, ela ficou feliz. A vida seria muito mais sem graça se ela soubesse que viveria sozinha. "É, como canta a banda t.A.T.u. em All About Us, 'fear is the enemy' (medo é o inimigo) e fico contente que estou conseguindo enfrentá-lo", pensou. Ainda assim manteve a descoberta em segredo dos pais.

Os dias foram passando e ela não sabia como contaria a novidade ao namorado. Pensava que era como se em um dia você se preocupasse apenas consigo, com os seus familiares no máximo e com os seus assuntos... E aí no outro dia você já era responsável por outra pessoa que não tinha nem expulsado o líquido amniótico dos pulmões ainda e sentido uma dor horrível pela primeira vez.
Bem, era isso mesmo. Pelo menos para o seria.

Foi então que Gus e interviram no destino do casal. Eles acessaram o MySpace.com/band e localizaram o nome da próxima casa de show da turnê. Chamava-se Fanfic e foi construída com o dinheiro de várias autoras que ficaram ricas vendendo livros de muito sucesso. O que elas tinham em comum? Iniciaram escrevendo fanfics. E agora as filhas delas que escolhiam a dedo quais bandas tocariam naquele lugar.

Como os amigos chegaram naquele lugar? Com o jatinho particular do . O heliponto foi em um hotel elegantíssimo que tinha uma parceria especial com a casa de shows Fanfic. Era, também, o provável lugar onde a banda estava hospedada. Eles estavam mesmo adquirindo sucesso e dinheiro, só não tinham esgotado ainda o limite de ingressos, mas por pouco.

Por causa da banda aquele hotel estava lotado. A senhora , nova rica, não se importou em pagar as despesas da filha e seus dois amigos. Ela pressentia algo, mas resolveu deixar quieto e esperar a filha contar. Com a ajuda de Sury e , eles omitiram a verdade do senhor , dizendo que fariam a anual festa do pijama e que garotas adoravam aquele tipo de coisa. Até Anabelle entrou no esquema, só pra deixar mais cone. Assim, foi passar uns dias com , que sempre quis ter uma irmã mais nova.

A sra. pagou as diárias de uma suíte com bar — que a filha grávida não pôde aproveitar —, com uma sala dentro do quarto e uma porta que separava os cômodos, havia também um piano de cauda, dois banheiros, um para o homem e outro para a mulher etc.
Enquanto relaxava na jacuzzi, Gus ligou para , também da banda . Foi quase impossível falar com ele naquela tarde. O concerto seria à noite, mas as preocupações começavam cedo. Ele avisou ao amigo que assistiria ao show, e que tinha trazido também e , mas era uma surpresa para .
Trinta minutos depois, ligou de volta para Gus e disse que conseguiu que eles ficassem no canto do palco, nos bastidores. Eles teriam de procurar um homem chamado Yuki Toshio, que estaria com a lista de nomes.

navegou pelo site da casa de shows e acabou conhecendo mais sobre as fanfics. Resolveu fazer uma pesquisa básica num site de buscas por "fanfic" e "" e ficou surpresa com a quantidade de coisas que achou.
Em geral, eram garotas que escreviam histórias de amor e sexo com os integrantes, e boa parte delas idolatrava ! sentiu uma tensão grande, porque aquelas meninas que liam e escreviam essas ficções deixaram claro num bate-papo do site que compareceriam em massa ao show dos ídolos delas, e ainda mais nesse clube que elas consideravam como um templo cujo o solo era sagrado!

O automóvel utilitário da banda era meio chamativo, por isso ficou estacionado num lugar secreto do próprio hotel. Era preto, mas com o desenho do logo da banda na cor prata. Os instrumentos já estavam todos no clube, haviam sido levados de madrugada. Feita a passagem de som, os integrantes da banda passaram com um carro blindado e com os vidros escurecidos para ver o tamanho da fila. Não era gigante, mas superou as expectativas de todos.

Alguns carros atrás, , Gus e faziam o mesmo. Ela reconheceu — graças ao conselho de Sury — poses da ioga que algumas fãs faziam na fila, chamando a atenção dos pedestres. Entretanto, os três voltaram para o hotel. Eles entrariam depois, faziam parte da lista VIP e não se importaram em conhecer a banda que abriria o show da .

Na suíte, se preparou para o show. Ela não usou salto agulha como faria em condições normais, ainda assim optou por uma sandália de salto baixo e um vestido justinho. Nada de calça jeans, all star e camiseta larga. Queria testar , ver se ele reparava em alguma coisa. Na pequena bolsa Marc Jacobs, levava o celular, a carteira, o lenço de papel e um gloss.
vestia uma camiseta da Lady Gaga e calças jeans. Gus estava trajado de forma bem casual, o acessório é que o diferenciava: um chapéu de Yoshi, do jogo Mário Bros, desses que se compra em eventos de anime.
Eles nem pareciam que iam ao mesmo lugar.

Já na rua do clube, via-se lixo espalhado pela calçada. Rastros de fãs que provavelmente enlouqueciam os profissionais da limpeza daquela região. se lembrou do CD novo da banda t.A.T.u., "Waste Management", algo como gestão ou administração de resíduos, de lixo. Mas logo seu pensamento voltou para o bebê que carregava em seu útero e para o tal de Yuki Toshio que eles não encontravam em lugar algum.

Gus checou as horas no relógio. A banda de abertura provavelmente já tinha terminado e logo a atração principal entraria. Dentro do clube, estranhava a ausência de seus convidados de última hora. Ligou para Yuki e, enquanto falava com ele, olhou para o lado; avistou encarando saudoso o visor de seu celular. Era uma foto dele e de , ambos sorrindo, ao fundo o colorido de uma praia californiana. Típica foto de empresa de turismo. Ele deu um beijo e guardou o celular no bolso. Típico ato de um apaixonado que sente a falta de sua amada.

Àquela hora o sol já havia se posto e as luzes naturais estavam escassas. Não brilhavam muitas estrelas e a poluição ajudava a encobrir outras. Gus, e viram um senhor japonês se aproximar de onde eles estavam. Ele falava rapidamente e com sotaque, dificultando um perfeito entendimento.
Mas Gus, que assistia a animes e entendia expressões japonesas, compreendeu que ele era o sr. Yuki Toshio e quando dizia "hayaku, hayuku", queria dizer para aqueles três jovens irem mais depressa.
O show iria começar.

Encheram o palco com fumaça para a entrada da banda, que foi espetacular. Saudaram o público, a cidade e começaram a tocar. Enquanto isso, Yuki guiou os três amigos por uma entrada pelos fundos do clube. Eles subiram uma escada vermelha e chegaram até os bastidores.
O show seguiu firme, o público delirava quando as músicas mais famosas eram tocadas. girou o pedestal do microfone, incentivou a multidão a cantar junto. Os outros integrantes da banda não se manisfestaram muito, mas conversaram com a plateia animadamente.
Já no final da apresentação, dedicou a música a uma garota muito especial.
Isso encheu os corações de todas aquelas fãs apaixonadas, inclusive de , que assistia ao show meio escondida.
Era um cover de "You Are Here", do John Lennon. Ele cantava sobre a distância, pensando nela. Não desconfiava que ela estava lá, pertinho dele.
"Love has opened my eyes, love has blown right through. Wherever you are, you are here". (O amor abriu meus olhos, o amor tem soprado através. Onde quer que você esteja, você está aqui).
A garota não conteve sua surpresa. Logo que a música terminou, ela se mostrou ao público. Correu para os braços do namorado, que demorou um pouco para assimilar a imagem dela à sua frente, afinal, ela não tinha avisado nada a ele.
viu que ela estava emocionada. Percebeu também um leve aumento em sua barriga, juntamente com as garotas da plateia, que sempre observam uma rival da cabeça aos pés.
pegou gentilmente a mão dele e a colocou em cima de sua barriga. Ela apenas sorriu comovida. Ele então teve uma sacada rápida e descobriu que seria pai. Girou o pedestal de novo e gritou sua felicidade, anunciando a paternidade.
e os outros caras da banda comemoraram junto, e incitaram a plateia a fazer o mesmo.
Muitas garotas choraram de felicidade por eles. Outras, da felicidade deles. As tantas reações diversas só se intensificaram com a cena final que roubou a atenção de todos: o beijo doce do casal apaixonado, entre gritos, palmas e lágrimas de corações desmantelados.
Haveria muitas fanfics após esse show. Ah, se haveria... E em nenhuma delas seria a protagonista novamente. Seria injusto, afinal, ela era a protagonista da vida real.
Os garotos então jogaram as palhetas, baquetas e toalhas de rosto usadas e foram direto para o camarim.

Gus e ficaram em uma festa, tentando a sorte com as garotas. Já no quarto do hotel, e conversavam sobre a vida deles, a falta que um sentia do outro, sobre o show daquela noite e também sobre o bebê.
— Ahh, tem que ser menino! Quero um mini-, um Junior, Filho ou o que for! Mas tem que ser menino!
— Poxa, eu queria tanto uma menina... — disse e se lembrou do encontro com Sury.
— A sua princesinha russa, eu sei — ele disse.
— Bom, de acordo com a Sury, a gente vai mesmo ter um menino. Mas ainda é cedo pra dizer...
vibrou de felicidade com a notícia. Ele não era cético e acreditava em muitas coisas que tivessem a ver com mediunidade e paranormalidade.
— E que nome a gente coloca na criança? Supondo que a Sury erre, nome feminino a gente já tem.
— Certo, certo. Então que tal...
— Vassiliy significa rei — ela disse, cortando-o.
— Você realmente quer um nome russo, né. Mas eu que vou escolher o primeiro nome, afinal, você já tinha escolhido Anastácia. Bem, eu quero que ele se chame .
Prolongaram a discussão sobre a escolha do nome. Era algo importante, claro, até que disse que só faltava uma coisa agora... Contar a notícia aos avôs e avós do pequeno .
— Meu Deus, você escondeu isso dos seus pais? — perguntou um tanto exaltado.
— Claro! Meu pai já não gosta de você, imagina se eu contasse sem nem saber qual seria a sua reação? Eu tinha de contar pra ti primeiro, .
— Correção: ele me odeia. E você pensou que poderia ter sido diferente? Digo, a minha reação?
— Pensei sim, admito. É como o velho disse, você é jovem, está com a banda e ela cresce cada vez mais! Um monte de garotas correriam só pra dar pra você, assim, num estalar de dedos.
— Nossa, .
— Ai, desculpa! É que eu sempre acabo acreditando no que o velho diz!
a abraçou e levantou o rosto da garota, que estava de cabeça baixa.
— Olha, amor... Por mais que eu admita que é o sonho de todo homem ter um harém cheio de mulheres bissexuais dentro... — ele acrescentaria adjetivos, mas a expressão facial de só pioraria. — Você é muito mais que isso pra mim. O homem repara mesmo nas curvas, mas pra ter um relacionamento sério, a gente busca personalidade, senso de humor, inteligência e, não vou mentir, beleza. Você tem tudo isso e tantas outras qualidades que eu não poderia ter escolhido outra garota pra ser a mãe do meu filho. Não planejei te engravidar, calma. Mas acabou acontecendo e eu fico feliz de verdade por ter sido com você. , você é insubstituível.
, amo você. E te amo ainda mais por ser sincero comigo... Sei disso porque olhando nos seus olhos não há lugar para esconder mentiras, e eu consigo sentir o seu amor por mim; puro e sem fingimentos. A gente vai ter um filho lindo — ela disse.
Os lábios de ambos se tocaram, depois as línguas... O beijo que começou carinhoso foi se intensificando até ser um daqueles beijos cheios de volúpia, deleitosamente sensuais.

Na tarde do dia seguinte, a banda fez uma participação ao vivo em um programa da Mtv. fez questão de ligar para seus pais de manhã, assim eles poderiam se programar para assistir à TV. fez o mesmo.
No programa, a apresentadora fez aquela entrevista básica com os rapazes antes de mostrar um vídeo clipe deles. Após o intervalo entre os blocos, fez sua declaração:
— Pai, mãe, todo mundo que estiver nos assistindo... — ele andou até o público, sua namorada estava sentada em uma das fileiras da frente. — Eu e a teremos um bebê!
A câmera focalizou a garota, que se levantou da cadeira por um breve momento.

Na casa da família , Anabelle e assistiam à TV deitadas em cima do tapete. Elas sorriram orgulhosas. A mãe, sentada no sofá, confirmou o que desconfiava e viu a transparente felicidade do casal. O senhor apertou com muita força o braço do sofá. Ele não era um pai agressivo, mas teve de liberar sua raiva: gritou de ódio.
— Comporte-se! Você não vê que eles estão bem juntos? Tente ver que ele não é um traste! Qualquer outro cara poderia ter dispensado a nossa filha assim que descobrisse que a engravidou. Poderia ter mandado a ir à clínica de aborto ou coisa parecida, mas não, eles estão felizes. Ele assumiu a paternidade, é digno da nossa família.
sentiu-se terrivelmente desconfortável naquela situação. Ela deu um jeito de se levantar e fugir para a piscina. Anabelle foi junto.

Na casa da família de , só surpresa misturada com alegria. Eles aprovavam a nora que tinham e a sogra estava louca para ter um neto.

O programa acabou e a banda seguiu seu rumo, dentro do grande automóvel de estimação da banda. A despedida do casal foi como qualquer outra despedida entre amantes que desejam a presença do parceiro a todo o tempo, penosa, pungente. e , tão próximos um do outro, selaram seus sonhos com um beijo.
, Gus e voltaram com o jatinho particular. Eles tiveram uma boa noite de festa e sorriam só de lembrar. A garota tinha 220 emoções dentro de si, estava totalmente elétrica. Mas quanto mais perto de sua casa ficava, mais a apreensão se tornava dominante. Teria de conversar com seu pai e aguentar a raiva dele.
Por sorte, sua mãe já o havia acalmado desde a hora da transmissão do programa.

Durante os meses seguintes, seguiu com as aulas de ioga. Ela também fez seus exames, o pré-natal; conversou com médicos, ginecologistas, obstetras; familiares, amigas e conhecidas que já tinham tido a experiência de ser mãe.
A senhora revelou a e a Anabelle que ela e o sr. fizeram realmente uma fortuna em Las Vegas, mas não contaram realmente o valor bruto, até porque uma parte tinha sido colocada na poupança e aumentava a cada mês; outra estava aplicada em fundos e ações.
A família agora estava mais próxima dos familiares de , e por vezes as mulheres de ambas as famílias saíam juntas. Compravam de tudo para o pequeno e mostravam a pela internet.

compunha música enquanto viajava no carro utilitário da banda. Seus amigos o ajudavam quando não contavam histórias de que fãs haviam pegado. Tinham até uma competição interna entre eles, mas no fundo queriam o que havia conseguido: encontrar o amor verdadeiro.
É óbvio que nessa competição eles pegavam mesmo as mais assanhadas, mas qualquer uma delas não poderia ser o amor da vida deles? Era o argumento que um insistia em defender.
— Gente, gente — disse dentro do carro, em constante movimento.
— Diz aí — e os outros falaram.
— Compus uma música...
Aura de mistério.
— Sobre?
— Partos humanizados.
— O que diabos é isso? — um deles ousou perguntar e levou um tapa na cabeça.
— Parto natural — disse. — Credo, velho, isso lá é tema de música?
— Escuta só — pegou o violão e deu uns acordes, o mi menor era um dos seus favoritos; sonoridade que despertava sua inspiração e tão simples de tocar! Ele começou a cantar uma letra bizarra sobre uma garota que estava em seu oitavo mês de gravidez, passeando pelo cemitério, fotografando esculturas angelicais que adornavam túmulos familiares. Quando ela menos esperava, a bolsa se rompeu e ela começou a sentir as contrações. O coveiro viu e avisou à esposa, parteira da vila.
A expressão dos colegas de banda era hilária. Só achou a canção meio mórbida.
— Vou continuar a música pra ti, zinho — um deles falou sombrio. — A garota gritava em cima de um túmulo frio. Seu sangue escorreu e manchou a terra, penetrando fundo e se misturando à dieta das plantas locais. Sem saber, um garoto de culto alternativo fazia rituais de invocação do outro lado do cemitério. O sangue era o que ele precisava, tinha o punhal em sua mão e a coragem na imaginação.
Ouviu os gritos da garota, depois o choro de uma criança. Eles estavam perto e o sangue poderia aumentar o poder e as chances de...
— Velho, isso está me dando calafrios! Vamos parando por aqui! A gente nem é banda de... Death ou black metal, sei lá — cortou o amigo.
— Voltando aos partos humanizados, que tal numa banheira? Ou o clássico, num carro?
— Ou aqueles partos na vertical — um deles complementou.
não acreditava no que estava ouvindo.

E desde aquela noite de amor e magia, havia se passado 6 meses...
A banda voltou à Califórnia e sua gravadora estava muito contente com os resultados e lucros obtidos.
A música sobre parto humanizado não foi realmente gravada, mas uma de nome Garota do Cemitério foi.

quis procurar um apartamento para ele, e . Ele não sabia, mas as famílias já tinham feito todo o trabalho de busca. O apartamento estava em construção ainda, mas seria entregue no próximo mês. A localização era boa, perto tanto da família de como da família dele. Eles compraram até duas vagas cobertas que seriam exclusivas para eles.
O apartamento se chamava Jardins da Rússia. Ela ficou encantada.

O pai de , entretanto, não quis deixar barato. Matriculou o casal em um curso chamado "Dez Aulas de Como Ter Um Bebê" e disse que a presença era obrigatória.
Neste curso eles aprenderam a segurar corretamente o neném, a dar banho, fazer arrotar, massagear, vestir sem machucar... viu técnicas para amamentar e dicas de mães experientes. Viu também a respiração estilo "cachorrinho", para fazer na hora do parto.
Essas aulas duraram 1 mês e meio.

No mês e meio restante para se completar 9 de gestação, e escolheram móveis para seu apartamento. Só porque estavam cheios de dinheiro, não compraram da loja mais cara. Fizeram tudo com uma equipe de marceneiros, e continuava exclusivo e personalizado.
Prepararam também o casamento... A participação de foi mais na hora de selecionar os convidados e o local, longe do alcance de fotógrafos intrusos.
As garotas cuidaram dos detalhes, seria sua madrinha de casamento, junto de . Eles não formavam um par romântico, mas estavam ambos solteiros.

O casamento mesmo só ocorreu meses depois do nascimento de .
Ele nasceu saudável, num hospital perto de um cemitério... Neste cemitério trabalhava um coveiro e, a esposa dele, no hospital. Foi ela quem atendeu , pois a médica que realmente havia contratado estava fazendo outro parto naquela hora.

nasceu no dia 23 de fevereiro, pelo calendário gregoriano (o mais utilizado no mundo, inclusive no Brasil). Esta é a data celebrada pelos russos, ucranianos e bielorussos como "dia dos pais". Na verdade, é o Dia do Defensor da Pátria e, coloquialmente, o "dia do homem".
disse a que este era o presente de dia dos pais dele e de dia da mulher dela. Depois ela explicou a história envolvida...
Pelo calendário juliano, 23 de fevereiro corresponde a 8 de Março do calendário gregoriano. Seria então o dia internacional da mulher.

E em todos os "23 de fevereiro" seguintes, felicitou os dois homens de sua vida. Dizia "parabéns" ao filho e "feliz dia dos pais" ao marido. Como uma piada interna, ele respondia "feliz dia da mulher".

FIM



Nota da autora: Bônus
CD Russian Lullaby
-n

1. Russian Lullaby - E-TYPE
2. White Robe - t.A.T.u.
3. O Circo Já Chegou - Xuxa
4. Mind Games - John Lennon
5. All About Us - t.A.T.u.
6. Alejandro - Lady Gaga
7. You Are Here - John Lennon
8. You Are My Dream - Bambee
9. 220 - t.A.T.u.
10. Lesson Learned - PaGODa
11.California Gurls - Katy Perry feat. Snoop Dogg




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