estava debruçada em cima das coisas do seu ex-namorado enquanto lembrava de como tudo tinha levado para aquele final. Não podia acreditar que Richard tinha tido a coragem de acabar com ela justamente nos dia dos namorados. Quem faz isso? Aparentemente, seu ex-namorado fazia.
Todos diziam que os dois tinham sido feitos um para o outro, e esse foi o grande motivo que a fez dar-lhe uma chance mesmo que o achasse o cara mais sem graça da face da Terra. Eles se conheciam desde criança e naquela cidade pacata que cresceram, suas famílias eram as mais importantes. Dois jovens ricos, bem criados, bonitos e com um futuro promissor. Quem não os acharia perfeitos?
De começo, quando toda insistência para que eles tentassem começou, achava que era impossível aquilo dar certo, por mais que eles tivessem tudo em comum, Richard era tão perfeito que parecia de mentira, e algo dentro dela ansiava por conhecer o mundo de verdade. Mas logo lembrou que gostava da vida que levava, assim como lembrou o que aconteceu com sua irmã Kyle, que tentou de aventurar afetivamente e terminou sozinha, mal falada na cidade e com uma criança para criar sem ajuda nenhuma. Ela não desejava isso para si, por isso, deu uma chance ao rapaz.
De começo era um martírio se encontrar com ele, achava que vomitaria a qualquer segundo, mas aos poucos um foi se adaptando ao outro e Richard conseguiu lhe conquistar. Não era nenhuma paixão como aquelas dos filmes, mas ela gostava de estar perto dele, de sua presença, ele lhe passava uma segurança e lhe amava como qualquer dama gostaria de ser amada.
Mas de repente tudo acabou.
Richard estava cada dia mais sem tempo, alegando que era problemas nos negócios e que todo aquele esforço era para terem um futuro sólido juntos. Mas a cada dia o sentia mais distante, até que às sete da manhã daquele dia, ele apareceu no apartamento da namorada e disse que tinha conhecido alguém e que por isso, não dava mais certo.
“Eu finalmente sei o que é amar de verdade, . Você também vai conhecer o seu amor” Ele disse, como se aquilo fosse a coisa mais simples do mundo.
Então, foi assim que tudo aconteceu e lhe levou a estar naquele estado lastimável em cima das coisas do ex. Sabia que deveria estar chorando, mas não era de choro que aquilo se tratava, ela só se sentia insegura, sem saber qual rumo tomar depois daquilo. Estava completamente sem rumo.

Em outro lado da cidade, estava em um bar, afogando as mágoas e tentando fingir que não sabia que dia era hoje. Pra que lembrar que a um ano atrás ele estava em um altar, esperando uma noiva que nunca apareceu? Foi a maior vergonha da sua vida, e olhe que ele já tinha passado muitas vergonhas.
“Eu sabia que aquela cabeça de vento faria isso com você, . Ela nunca te mereceu.” Sua mãe gritava dentro da salinha da igreja. Ela não podia estar mais certa, e ao menos tempo, mais errada.
Katy era mesmo uma cabeça de vento, foi isso que lhe agradou nela, a mesma não pensava no dia do amanhã. Mas não se tratava apenas de que ela não o merecia, talvez, ele também não a merecesse. Katy tinha um espírito livre, casamento sempre foi uma amarra grande demais para sua pessoa, mas insista que era a hora de se acalmarem e terem uma vida estável. Como foi tolo. Não dava para prender um pássaro em uma gaiola e achar que ele não iria querer sair assim que alguém esquecesse a porta da mesma aberta. Katy era o pássaro, o casamento a gaiola e a ida até a igreja fora a porta aberta.
Ela fugiu, simples assim. E ele não sabia se dava para culpá-la.
‒ Vai para casa, . Você está assustando os clientes com essa cara de merda. – Ethan falou. – Beber todas não vai apagar o que aconteceu nessa data, nem trazer ela de volta.
‒ E você acha que eu não sei disto? Mas eu tenho ao menos o direito de me fingir de burro. ‒ falou asperamente.
Dia dos namorados era um droga!
‒ Chega de bebidas para você. Odeio quando ficas bêbado de verdade e sei que com mais algumas doses, você ficará assim.
‒ Posso ao menos ficar aqui? – ele perguntou, já que não tinha para onde ir e não queria ficar em casa enchendo a cara enquanto via programa sobre namorados na tevê.
‒ Se você acha que ver vários casais se beijando vai te fazer bem, pode ficar.
‒ É por isso que eu te amo, Ethan. – falou, levantando um copo vazio.
Mas logo ele percebeu que não era mesmo uma boa ideia ficar ali. Era muita pegação por metro quadrado e se ele não estava pegando ninguém, não tinha porque estar naquele local. Jogou umas notas no balcão e saiu junto com sua câmera fotográfica.
‒ Eu odeio o dia dos namorados. – ele disse pra si mesmo quando um casal quase o derruba sem nem perceber enquanto se beijava.

***

olhou o relógio e já eram quase oito da noite, ele não iria voltar lá e pedir desculpas a ela. Era a hora de encarar isso. Tinha mandando uma mensagem para a amiga lhe contando tudo e a garota – que estava em São Francisco com o namorado – lhe aconselhou a queimar tudo que era dele, mas ela não achava que era pra tanto. Não conseguia se enxergar bancando a descompensada só porque acabou um namoro.
Cansada de ficar ali naquele estado de inércia, ela se levantou, tomou um banho, vestiu algo legal, fez uma maquiagem para esconder aquela cara de enterro e saiu pelas ruas sem saber direito para onde ir.
Estava tão longe em seus pensamentos que quase caiu quando bateu em algo alto, na verdade não era algo, mas sim, alguém.
‒ Uou! – o cara, que cheirava um pouco a bebida, exclamou.
‒ Desculpe. – ela respondeu, se recompondo quando ele a soltou.
‒ Com a cabeça no céu, madame?
Como ela odiava ser chamada daquele termo.
‒ Com a cabeça consumida pelo álcool, rapaz? – respondeu um pouco ríspida.
‒ Fiz algo que lhe ofendeu? – ele quis saber, diante da rispidez das palavras dela. Podia estar tento um péssimo dia, mas ainda assim, não gostava de ofender pessoas gratuitamente.
‒ Só não gosto que me chamem de madame.
Ele a olhou por completo, tentando entender como uma garota como aquela, não gostava de ser chamada assim. Mas, se ela não gostava, não iria chamar.
‒ Justo. – concluiu, dando de ombros.
Ficaram se olhando por um tempo, até que o rapaz coçou a garganta e perguntou:
‒ Indo aproveitar o dia dos namorados? – tentou puxar assunto.
‒ Na verdade, tentar fingir que ele não existe. – ela respondeu um pouco chateada.
‒ E tem como? Onde a gente entra, tem a droga de casais se beijando! – foi a vez dele parecer chateado. – Eu odeio essa data. – finalizou, jogando a cabeça para trás.
Ela sorriu, feliz por saber que não era a única daquela forma durante aquele dia que todos pareciam se amar.
‒ Qual foi a sua grande desilusão? – ela quis saber.
Só isso explicava alguém se encontrar no mesmo estado que ela.
‒ Como sabe se foi isso? Posso ser apenas alguém que não curte a falsidade dessa data. – ele respondeu, tentando parecer distante.
riu de sua tentativa. Ele iria mesmo querer bancar o forte pra cima dela?
‒ Uma pessoa na fossa, reconhece outra. – ela falou enquanto jogava a cabeça para o lado.
deu um maneio de cabeça, assumindo que a moça estava certa.
‒ Então conte primeiro a sua. – ele sugeriu. – Gosto de poder mostrar as pessoas que elas ainda não sabem o que é uma verdadeira fossa.
‒ Eu duvido muito que tenha algo pior que a minha.
riu. Pobre garota inocente. Ela achava mesmo que tinha algo pior do que ser deixado no altar?
‒ Então, vamos ver. Conte.
Os dois começaram a andar enquanto ela começava a falar.
‒ Meu namorado acabou um relacionamento de três anos comigo, hoje. E ainda deixou claro que me trocou por outra.
Quando ele pretendia falar algo, ela levantou a mão.
‒ Preciso acrescentar suas palavras. Eu finalmente sei o que é amar de verdade, . Você também vai conhecer o seu amor. – disse, tentando imitar o ex. Como Richard era babaca.
‒ Duro, muito duro. Mas ainda ganho de você. – ele disse rindo um pouco. Era sempre bom falar daquilo sem o peso que todos atribuíam.
‒ Você pegou os dois na cama? – ela sugeriu, já chocada com aquilo sem nem saber se era verdade.
‒ Pior. – ele afirmou. – Fui deixado no altar há exatamente um ano atrás.
começou a rir alto. Realmente ele estava em uma fossa bem pior que a dela. Tarde demais percebeu que estava rindo à custa do sofrimento alheio e tentou se retratar.
‒ Desculpe. – disse, enquanto limpava as lágrimas que a risada a fizeram derramar. – Eu não estou rindo exatamente de você, mas da sua força, entende?
Ela odiava ser maldosa com as pessoas. Não sabia lidar com a reprovação alheia.
‒ Tudo bem. – ele deu de ombros. – Isso é bem melhor que o olhar de pena da maioria das pessoas.
‒ Ah, o olhar de pena. – ela bufou, nem tinha pensando nesta parte ainda. – Eu já posso ver a cara das amigas da minha mãe, inclusive, posso ver minha mãe chorando.
‒ Ao menos disto eu fui poupado, minha mãe não chorou. Acho que ela não fez uma festa de comemoração em respeito ao meu estado de espírito.
Os dois riram daquela afirmação.
‒ Sua ex era tão ruim assim?
‒ Na verdade, não. Ela só não nasceu para casamentos e eu já sabia disto quando nos meti naquela história. E o seu namorado, sempre foi mulherengo?
‒ Não que eu saiba. Mas embora tenham sido três anos, acho que vivíamos em bolhas distintas na maior parte do tempo.
‒ Foi bom se livrar dele. – o rapaz tentou confortá-la.
‒ Se você deseja se casar, também foi bom se livrar dela.
‒ Vamos se sinceros, eles que quiseram se livrar da gente. – o rapaz disse, rindo da própria desgraça.
‒ A mais pura verdade. – a moça concordou, também rindo. – Alguma programação para o dia de hoje?
‒ Além de andar sem rumo com uma desconhecida? Não. E você?
‒ Também não. – deu de ombros. – Que tal enchermos a cara?
‒ Não sou um bêbado muito legal. – ele explicou fazendo uma careta. – Acho melhor tentarmos algo diferente.
‒ Não tenho nada em mente. – ela respondeu um pouco triste. Seria muito bom poder aproveitar aquela noite de alguma forma.
‒ Que tal um dia dos namorados, com um não namorado? Podemos fazer tudo que esses casaiszinhos fazem, mesmo sem termos nada.
‒ Como assim? – indagou, interessadaT.
‒ Vamos ao cinema, parque, sei lá. Já sei! – exclamou empolgado. ‒ Podemos ir naqueles restaurante chiques, comer uma boa comida e ainda ganhar o desconto do dia dos namorados. Tudo como manda o figurino.
riu do rapaz. Ele veio mesmo do céu, porque só alguém assim para animá-la.
‒ Tudo bem. Próxima parada, um bom restaurante. ‒ gritou empolgada e ele a abraçou de lado.
Quando chegaram ao restaurante, não demorou muito até conseguirem uma mesa. Sentaram e logo o garçom chegou com os cardápios.
‒ Boa noite. Sintam-se a vontade. Casais têm desconto hoje, e um ainda maior se escolherem o prato feito especialmente para esse dia.
‒ Obrigada. ¬ respondeu, com uma pose de madame que levou a dar um risinho. ‒ Nós vamos mesmo mentir para conseguir um desconto? – ela indagou baixinho.
‒ Com toda certeza! Tenho que tirar proveito desse péssimo dia.
A noite estava sendo tão agradável, tinha um bom humor que levava a rir como não ria há anos. Foi impossível não pensar que nunca tinha rido assim com Richard. também estava se divertindo, era bom poder estar falando sobre seus problemas sem sentir pena de si mesmo. De onde era aquela mulher? Porque só podia ter vindo do céu. Era linda, educada, bem humorada e uma companhia muito agradável.
Estavam passeando em uma praça qualquer com segurando uma rosa vermelha que comprou na frente do restaurante em que foram. Ela cheirava a flor e ria um pouco, fazia sentido nem lembrar que tinha acabado um namoro e pior, estar se sentindo em um novo relacionamento? Ela ainda nem sabia o nome dele! assistia a garota cheirar a flor encantado, ela era linda demais! Na verdade, ela era perfeita.
‒ O que vamos fazer agora? ‒ ele indagou antes que sua mente começasse a pensar o que não deveria.
olhou para o rapaz a sua frente e pensou na coisa mais louca que poderia decidir durante seu estado de fossa. Ficar com ele.
Ele era muito bonito, lindo na verdade. E tinha um humor que ela precisava e queria ter durante aquele resto de noite. Além do fato de que ele provavelmente toparia sem nenhum problema, tava na merda também. Nunca tinha feito isso na vida, Richard tinha sido o único cara que ela conheceu, mas, tava tudo uma bagunça mesmo, porque não colocar mais aquilo a sua lista?
‒ Que tal irmos pra minha casa? – ela sugeriu, mesmo um pouco envergonhada.
coçou a nuca, mostrando que sabia o que ela queria.
‒ Essa coisa de tentar limpar uma merda fazendo outra não é muito sábio, madame. Quer dizer, moça. – corrigiu.
‒ Eu não estou tentando limpar nada. Só curtir uma noite que se não foi assim, tem tudo para ser uma bosta.
‒ Tem certeza? – ele perguntou, apenas esperando a resposta dela para ir correndo ficar com aquela mulher linda.
‒ Preciso saber seu nome antes. – ela disse, parecendo realmente se importar com aquilo.
. – ele respondeu. – E eu preciso de uma foto sua.
Ele pegou sua câmera e pediu que ela desse um sorriso.
‒ Sorria como se estivesse prestes a ter a melhor noite da sua vida. – falou sério.
A menina gargalhou da confiança do rapaz a sua frente e bem nesse momento foi capturada pelas lentes da câmera.
‒ Posso ver?
‒ Claro. – respondeu, estendendo a câmera para ela.
‒ Ficou linda, como você fez isso? – perguntou, admirada.
‒ Sou bom no que faço. ‒ deu de ombros.
Se ele estava tentando deixá-la ansiosa para chegar em casa, estava conseguindo.
‒ Vamos logo para minha casa antes que eu canse desse seu ego. – ela disse, rindo.
Os dois seguiram de mãos dadas durante os quarteirões até a casa dela.
‒ A propósito, me chamo . – ela falou quando chegaram até o seu prédio.
‒ Nome diferente.
‒ Por isso gosto tanto dele.
Os dois entraram no elevador sem saber se deveriam começar a se beijar desde ali, mas pensou que aquele tipo de coisa provavelmente não fazia muito o tipo da garota ao seu lado. Com certeza, aquela era a maior loucura que ela estava fazendo em toda sua vida. As portas do elevador se abriram e puxou sua mão rumo ao apartamento.
“Ela pode até nunca ter feito isso, mas corajosa ela é” pensou.
‒ Antes de mais nada, quero imprimir essa foto. Pode ser? Tem papel fotográfico ao lado da impressora. – ela disse quando entraram no apartamento.
‒ Claro, só me mostrar onde fica.
‒ Aqui. – respondeu, enquanto o guiava.
Como ela não tinha nenhum programa de edição, a foto foi impressa de forma original. Não que aquela fotografia precisasse de qualquer ajuste. A luz da lua, a gargalhada, os olhos levemente fechados graças a mesma, tudo estava em harmonia aos olhos do fotógrafo.
‒ Ficou linda mesmo. – a menina falou com a foto nas mãos.
‒ Ficou mesmo, mas ainda assim, não faz jus a modelo. – ele disse, pegando a fotos das mãos de e colocando em uma mesa.
A moça olhou nos olhos do rapaz e sentiu um clima que lhe fazia ter vontade de se jogar nos braços dele igual aquelas mocinhas de filme, mas tentou se comportar. Começou a acompanhar os movimentos que ele estava fazendo, igual acompanhava um balé, mas que dessa vez tinha a sensualidade de um tango.
levou uma das mãos até o rosto de e arrastou, com a força que seu desejo tinha, até os cabelos dela. Deu uma puxada leve naqueles cabelos, apenas para que ela arqueasse a cabeça e o olhasse nos olhos. Assim que ela lhe encarou, mostrando-se entregue aos seus toques, ele tomou sua boca em um beijo feroz.
A dança que antes observava, agora era sentida dentro de sua boca e também dentro de si. Enquanto suas línguas se movimentavam rápidas de desejo, um arrepio percorria a espinha de fazendo, o que talvez fossem borboletas, darem cambalhotas em seu estômago, e levando seu coração a bater em um ritmo acelerado.
Que sensação era aquela que ela nunca tinha sentido?
levou as mãos até em baixo do quadril de e com um impulso a ergueu do chão e enlaçou as pernas dela em seu corpo.
‒ Onde fica seu quarto?
‒ Naquela porta ali. – ela respondeu, tentando continuar com a boca colada na dele.
Quando chegaram até a cama, a mesma estava amarrotada de coisas de Richard, as mesmas coisas que estava deitada em cima, horas atrás, mas naquele momento ela nem lembrou a quem aquelas coisas pertenciam. Apenas empurrou com a ajuda de tudo para o chão e depois disso, tiveram a melhor noite de suas vidas.
‒ Eu sabia que isso era uma boa ideia. – disse, rindo.
‒ Eu também, por isso, nunca pensei em negar. – respondeu, tomando a boca da garota e iniciando mais uma onda de prazer.

No outro dia acordou com o som de algo sendo derrubado na sala de , deu um pulo com o susto e colocou a cueca para ir até o cômodo. Quando chegou lá encontrou um rapaz loiro, com o cabelo todo arrumado e com um terno bastante aliado colocando o que parecia uma bola de decoração no devido lugar.
Antes que voltasse ao quarto e avisasse a que sua casa estava sendo invadida, o loiro acabou lhe encontrando e dando um salto de susto.
‒ Quem é você? – exigiu saber.
‒ Você entra na casa dos outros e ainda acha que pode perguntar quem sou eu? – respondeu enquanto tentava achar algo pesado para atacar o rapaz em qualquer sinal de ameaça.
‒ Eu meio que moro aqui. – o loiro respondeu impaciente.
‒ Essa camisola é sua? – perguntou, apontando para uma camisola no sofá.
‒ É da minha namorada. – rolou os olhos. – E quem é você, e porque está vestido assim?
‒ Primeiro de tudo: você não namora mais a ; Segundo: bom, você não é tão burro assim.
‒ Você passou a noite com ela? – Richard gritou sem acreditar.
Aquele gritou acabou acordando que assim que procurou em sua cama e não encontrou, logo entendeu o porquê do grito dado por uma voz que se parecia tanto com a do seu ex. Enrolou-se no roupão e correu para a sala.
‒ O que é isso? – ela perguntou, arrumando os cabelos.
‒ O que esse cara está fazendo aqui?‒ Richard apontou para com desprezo.
‒ É... – já ia responder quando seu ex lhe cortou.
‒ Você estava me traindo com esse cara? Quem é você, ?
‒ Escuta aqui, cara. Fica calmo aí, tá bem? A propósito, você a traiu, esqueceu?
‒ Quem falou com você? Vai se vestir, babaca!
, eu resolvo aqui. Pode nos deixar a sós? – ela pediu, tentando manter o controle.
‒ Tem certeza? – indagou.
‒ Sim.
foi para o quarto se vestir, enquanto o “casal” esperava em silêncio lá fora. Quando saiu encontrou sentada enquanto Richard esperava em pé, preste a explodir.
‒ Vou indo. – ele disse, se dirigindo a ela e lhe dando um selinho. – Fica bem.
‒ Obrigada. – ela responde, dando-lhe outro selinho.
Quando saiu do apartamento, Richard voltou ao seu descontrole.
‒ Quem era aquele? Você estava me traindo? Como pode trazer esse cara para nossa cama?
procurou manter a compostura. Richard não conseguiria acabar com seu bom humor depois daquela ótima noite que ela tivera.
‒ Quem é ele, não te interessa. E não, eu não te traía com ele, nunca traí. E quero lembrá-lo que você sim traiu nossa relação. E o que eu faço depois de solteira, não é da sua conta.
‒ Onde você conheceu esse cara?
respirou fundo para não perder a paciência. Depois falou:
‒ O que você veio fazer aqui, Richard? – perguntou, ignorando a pergunta evasiva dele.
‒ Buscar minhas coisas. E também te fazer uma proposta.
‒ Qual proposta? – indagou curiosa.
‒ Compramos esse apartamento juntos, quero te oferecer uma boa quantia para você me vender sua parte.
olhou o ex sem acreditar em suas palavras. Ele não tinha coração?
Tudo bem que ela estava muito bem, obrigada. Mas e se não estivesse? Que tipo de homem termina com a namorada no dia dos namorados e ainda aparece no outro dia já querendo comprar a parte dela do apartamento? Richard não valia nada.
Mas ela não podia negar que era uma boa ideia vender a parte dela. Não iria mesmo querer morar em um lugar que lembrasse aquele homem asqueroso.
‒ Pode entrar em contato com meu advogado. Eu aceito. – ela respondeu sem olhá-lo.
‒ Se não for pedir demais, você poderia desocupá-lo ainda hoje? – ele perguntou, nem parecendo sentir remorso por ser tão estúpido. – Eu posso transferir a quantia ainda hoje.
Era mesmo para eu ter tocado fogo em tudo que é dele, pensou.
Pensou em se negar a sair naquele dia, apenas para vê-lo irritado. Mas tudo naquele ambiente lhe enojava agora, se não fosse pela ótima noite que tinha dito naquele lugar, achava que vomitaria no exato momento. Ir embora o quanto antes era a melhor escolha.
‒ Pode deixar. Vou para o apartamento da Lilly.
‒ Eu pago o caminhão de mudança.
‒ Eu não quero mais nada que venha de você, Richard.
começou a arrumar suas coisas querendo sumir o mais rápido possível dali, não levaria muita coisa fora suas roupas, muito embora Richard merecesse ficar sem nada. Todos seus movimentos foram observados por Richard, que parecia estar ali para pressioná-la a ir mais rápido.
‒ Eu não poderia ter ficado mais surpreso quando vi aquele homem apenas de cueca aqui em casa. – Richard falou, apoiado na porta do quarto que antes era ocupado pelos dois.
‒ Então imagine meu choque quando eu soube que você me traía e que tinha escolhido justo o dia dos namorados para contar isto. – respondeu sarcástica.
‒ Não me odeie. – ele pediu.
‒ Não se tenha por tão alto, Richard. Você não importa tanto assim para que eu sinta esse tipo de coisa.
Quando organizou todas as suas roupas e informou tudo que iria levar, ela arrastou suas malas para a sala.
‒ Como você sabe tudo que é meu, peço apenas que mostre ao rapaz quando ele vier pegar.
‒ Claro. – Richard respondeu, naquela pompa de sempre. – Vou te ajudar com as malas.
‒ Eu não...
‒ Não tem como descer com isso tudo sozinha, .
E embora não suportasse a ideia de passar mais minutos ao lado dele, sabia que não deveria negar. Antes que saísse, lembrou da foto impressa em cima da mesa e correu para pegá-la. Aquela era a única prova da existência daquela noite perfeita ao lado de .
Desceram bem a tempo dela poder se despedir do porteiro que ela mais gostava naquele prédio. Foi pura sorte, já que sabia que logo, logo o turno do senhor acabaria.
‒ Indo viajar?
‒ Mudança. – Richard respondeu, mal olhando para o senhor.
‒ Sentirei saudades do senhor, viu? Foi um prazer lhe conhecer.
O senhor sorriu daquela forma amável que sempre sorria ao falar com ela.
‒ Também sentirei, senhorita . Não sabe como é bom ser visível aos olhos de alguém como a senhorita.
A menina correu para dar um abraçado naquele senhor gorducho, e antes que chorasse – pela única coisa que realmente sentiria falta – apressou os passos para ir embora.
‒ O que foi? – ela perguntou quando viu Richard a olhando estranho.
‒ Eu nunca vou entender seu apego com esse porteiro.
‒ Talvez se você o olhasse além da profissão dele, conseguisse. – ela respondeu, colocando as malas no carro.
‒ Até mais, . – seu ex disse quando ela entrou no carro.
‒ Até nunca mais, se depender de mim, Richard.

estava no bar conversando com Ethan sobre a maravilhosa noite do dia dos namorados que teve, enquanto seu amigo apenas ria de como ele estava bobo por alguém que tinha visto só uma vez.
‒ Essa garota te enfeitiçou, heim? Cuidado!
‒ Ah, mas ela tinha mesmo um quê de magia. Seus beijos eram como pequenas mágicas feitas...
‒ Não termine, sinto que perderei minhas intimidades se escutar tudo que você tem a dizer sobre a magia desta moça.
‒ Você é o pior melhor amigo do mundo, Ethan. – ele disse, revirando os olhos.
‒ Se eu não tivesse cortado sua bebida, você ainda estaria aqui e teria perdido de conhecer essa fada. Eu sou o melhor amigo que você poderia ter.
‒ E é por isso que eu te amo, cara! – exclamou, puxando Ethan para conseguir beijar seu rosto mesmo com o balcão entre eles.
‒ Sai, seu mulherzinha. – o rapaz reclamou, limpando o rosto. – Mas diz aí, quando vai vê-la novamente?
‒ Vou passar na casa dela hoje a tarde. Acredita que o primeiro nome e a casa é toda a informação que tenho para encontrá-la?
‒ Essa mulher é mesmo uma fada. – Ethan comentou aos risos.

chegou em frente ao prédio de e acenou para o porteiro que estava com uma tromba maior que a de um elefante.
‒ Boa tarde. – saudou.
‒ Só se for para você, meu jovem. Porque eu já tinha largado, mas tive que voltar a trabalhar só porque o outro resolveu comer uma péssima comida, acredita? Como se eu tivesse culpa da barriga ruim dele. – o homem comentou chateado. – Mas, o que deseja?
‒ Queria falar com a . Pode chamá-la?
‒ Ela se mudou, meu jovem.
‒ Como?
‒ É, hoje cedo ela saiu com o namorado dela, ele me falou que estavam se mudando.
sentiu toda sua empolgação se esvaindo. Era como tocar no céu, e de repente ele virar apenas água que escorria pelos seus dedos.
‒ Tem certeza que ela saiu com o namorado?
‒ Eu ainda acho que estão mais para marido e mulher, mas eles insistem que são apenas namorados mesmo. Mas sim, conheço aquele homem muito bem. Era ele. Por quê? Posso ajudar em alguma coisa?
‒ Não. – respondeu, balançando a cabeça frustrado. – Era apenas isso mesmo.
‒ Tudo bem. – o homem disse, antes de voltar para o seu posto.
começou a caminhar sem acreditar que tinha voltado para aquele almofadinha asqueroso. Mas na verdade, ela até combinava com ele, se vestiam ricamente parecidos. Como ela superou uma traição tão rápido? E todo aquele papo que ele tinha sido a melhor noite de sua vida?
Pensou mais um pouco e concluiu que uma garota como ela não tinha feito muitas loucuras em sua vida, talvez ele tenha sido a única. A garotinha rica e mimada precisava de uma noite de aventura para se sentir pronta a superar qualquer coisa com o seu namorado igualmente rico e mimado. A decepção desse ano veio um dia após o dia dos namorados, mas ainda tinha ligação com ele.
‒ Eu odeio o dia dos namorados. – ele falou baixo, irritado.

‒ Eu não posso acreditar que o Richard fez isso! – Lilly exclamou quando sua amiga lhe contou tudo. ‒ Como ele pôde ser tão babaca? Aquela cara de bom moço... Que homem falso.
‒ Eu que o diga. – comentou, bufando.
‒ Desculpe não ter estado com você ontem, mas peguei o primeiro voo apenas para ficar com você. – a amiga falou, vindo abraçar .
‒ Não precisa se preocupar, Lilly. Eu tive uma noite ótima. – afirmou, abrindo um sorriso ao lembrar de tudo.
‒ Como assim? – indagou, confusa e curiosa.
‒ Eu resolvi sair para esfriar a cabeça ontem a noite, acabei trombando com um cara, a gente conversou, riu, e depois ficamos.
‒ O que? Benso ficou com um cara na mesma noite que o conheceu? Esse término não fez bem para a sua cabeça.
‒ Não seja boba, foi a melhor noite da minha vida! – e suspirou depois de falar. – Eu sempre achei que no meu namoro com o Richard faltava aquela coisa dos filmes, sabe? Mas pensei que talvez fosse porque eu não era disso, mas eu sou, Lilly! Eu senti tudo isso com o !
Lilly observava a amiga falar e não sabia se ria, ou se ficava chocada. estava mesmo falando sobre romances de filmes?
‒ Foi tudo tão bom, tão mágico. Eu me senti mais viva do que nunca. Senti tantas coisas novas...
‒ E eu posso saber onde mora esse príncipe? – perguntou sorrindo e viu a amiga dar um pulo do sofá.
‒ Meu Deus! Eu esqueci completamente! – pôs sua mão na boca, sem acreditar no que tinha feito.
‒ O que foi, menina? Você esqueceu onde ele mora? É só mandar uma mensagem perguntando. – Tão simples, pensou.
‒ Acordamos com o Richard dentro de casa, aquele mala começou a perder a compostura e eu pedi para o ir embora e me deixar a sós com o babaca. Na agonia nenhum de nós dois lembramos de trocar números e a única coisa que ele tinha para me encontrar era minha casa e agora eu não estou mais lá.
‒ Ai, não.
‒ Eu vou lá saber se ele me procurou, vou avisar para darem meu número. – disse, se apressando para pegar a bolsa.
‒ Vou com você! – Lilly avisou, já de pé e pronta para ir.

dirigiu mais rápido do que já tinha dirigido em toda sua vida. Saiu do carro sem nem prestar atenção se tinha estacionado corretamente.
‒ Ei. – ela gritou para o porteiro que ela tanto gostava.
‒ Olá, senhorita . Esqueceu algo?
‒ Alguém veio me procurar hoje mais cedo? Sabe dizer? – se apressou em chegar ao ponto.
O senhor pensou um pouco e logo lembrou do jovem que tinha ido lá.
‒ Na verdade sim.
‒ O que ele disse?
‒ Pediu para falar com a senhorita, mas informei que a mesma tinha se mudado.
‒ Ele perguntou mais alguma coisa?
‒ Apenas me perguntou se eu tinha certeza se você tinha mesmo saído com o senhor Richard e lhe confirmei que sim, depois disso ele foi embora sem me dar muita atenção.
‒ Ah, não! – e Lilly exclamaram juntas.
‒ Ele não deixou recado, nada?
‒ Nada.
‒ Ele acha que voltei com o Richard! – a menina disse a amiga e o senhor achou que era a hora de ir embora.
‒ Você não sabe mais nada dele? Segundo nome, qualquer coisa...
‒ Não. Só sei que se chama e que foi deixado no altar um ano atrás. Nada mais que seja tão importante para encontrá-lo.
‒ Droga, !

Capítulo Dois

não tinha deixado de procurar . Fazia um mês e ela ainda continuava procurando notícias do seu príncipe, mas não encontrava nada. Estava começando a aceitar o que sua amiga lhe disse: “Não adianta, . Nessa cidade imensa, você perdeu.”
Não era justo, não tinha como ser justo. Em algum lugar naquela cidade o cara que tinha transformado a pior noite de sua vida na melhor estava sentindo desprezo toda vez que lembrava dela, e tudo graças a um mal entendido. Ela tinha que achá-lo.
Encarou a foto que ele tinha tirado dela e torceu que magicamente ele aparecesse em sua frente, mais ou menos como tinha sido quando o encontrou, mas nada aconteceu, obviamente.
‒ Eu ainda vou te achar, .

passou em frente ao prédio de e lembrou com um sorriso frustrado da noite que tivera com aquela mulher. Ele não tinha mesmo sorte com mulheres, tinha que aceitar isso.
‒ Você deveria procurá-la. – Ethan sugeriu ao ver o amigo encarar o prédio.
‒ Para quê? Dar felicidades a ela?
‒ Vai saber se o cara não deu mancada outra vez e ela não está solteira? – o amigo sugeriu, tentando animar .
‒ Se tem uma coisa que eu aprendi, é que a gente não teve tentar ter ao nosso lado, quem não quer estar ao lado da gente.
‒ Você precisa esquecer Katy. Sabia? Para de achar que tudo terminará como terminou com ela.
‒ Não se trata disto, Ethan. – tentou explicar, bufando. – A escolheu voltar com o ex e eu não acho que foi apenas porque o ama, ela e ele se merecem, se é que você me entende.
‒ Se você pensa assim...

Seis meses depois

estava em seu estúdio quando escutou uma voz feminina que ele jamais esqueceria, falar:
‒Olá, .
Ele se virou sem acreditar que estava vendo, depois de mais de um ano e meio, a mulher que virou sua vida de ponta cabeça e foi embora, sem nem dizer adeus, estava ali.
‒ Katy. O que você tá fazendo aqui?
A mulher olhou para o chão, sem saber o que dizer depois do olá. Ela sentiu que deveria vê-lo, mas não estava pronta para aquele embate.
‒ Eu queria te ver.
coçou a cabeça diante da própria incredulidade. O que Katy queria com ele?
‒ Estou aqui. – respondeu, balançando as mãos.
‒ Você está bem. Seu estúdio está lindo.
‒ Tinha que seguir a vida, não é mesmo?
A menina sentia a culpa lhe corroer, mesmo que achasse que tomou a melhor decisão para ambos.
‒ Eu sei que o que fiz foi terrível, . Mas eu não podia, entende? – ela indagou, aflita.
‒ Não precisa se explicar, Katy. Você me deu muito tempo para pensar ao sumir e acredite, eu já entendi tudo.
‒ Me desculpa, . Eu deveria ter dito antes, mas mesmo que do meu jeito, eu te amava. Apenas não estava pronta e acho que nunca vou estar.
‒ Eu sei de tudo isso. Sério! – respondeu, sem paciência para aquele papo. – Se você veio aqui buscando perdão, está perdoada. Agora, se não for pedir demais, queria voltar ao trabalho.
‒ Realmente me desculpe. – ela disse, dando um abraço no rapaz que correspondeu, mais por instinto do que vontade.
‒ Tudo bem. – ele respondeu, sem jeito.
Graças aos céus aquele encontro não se repetiu. Ele podia não sentir mais nada por ela, mas seria muito estranho ter alguém que te deixou no altar tentando ser sua amiga.
Depois dos dois últimos dias dos namorados frustrados, começou a acreditar que ele não tinha nascido para aquilo, então, agora dividia seu tempo entre fotografar e sair com garotas diferentes. Nada de apego ou esperanças de ver a pessoa no dia seguinte, tudo para fugir da maldição do dia dos namorados.

estava em sua cama lembrando da estranha noite que teve ontem. Richard apareceu em sua casa pedindo desculpas por tudo que fez e de quebra, pedindo para voltar.
‒ Eu descobri que sempre te amei, . Aquilo foi só uma aventura, algo para me dar a certeza de que eu sempre quis você.
Como ele era cínico.
Mas ela, depois de enxotá-lo e ainda ter um beijo roubado por ele, estava pensando se tinha mesmo feito a coisa certa. Quer dizer, sabia que ele era um babaca, mas será que não valia a pena dar-lhe mais uma chance? Parecia até melhor do que ainda estar pensando em um cara que só viu uma vez na vida.
Era a hora de aceitar que jamais veria novamente. E Richard lhe traria toda segurança que ele tinha antes. Sem perca de sono por causa de paixão, sem coração acelerado toda vez que via alguém parecido com , sem aquela insegurança que era gostar de alguém.
Aproveitou que Kyle estava em sua casa e foi conversar com a irmã.
‒ Posso entrar? – perguntou, pondo a cabeça entre a porta.
‒ Claro, irmãzinha.
‒ O Richard veio me pedir para voltar, ontem.
‒ E você? – Kyle perguntou devagar. Sua irmã não podia ter perdoado aquele babaca.
‒ Mandei ele ir embora, claro. Mas...
‒ Mas... – instigou.
‒ Eu nunca mais vou ver o , sejamos sinceras, e eu não quero mais esse sentimento de montanha-russa na minha vida.
‒ E onde o Richard entra?
‒ Ele é meu seguro, sabe? A gente tem tudo em comum, tirando o fato que ele tem coragem de trair, claro. Mas ele já viveu a aventura dele, agora a gente pode ter um futuro seguro. Eu não gosto dessa insegurança, Kyle.
, Richard terminar com você foi a melhor coisa que ele poderia ter te feito! Hoje você é bem mais independente, pensa com a própria cabeça, vai mesmo querer regredir em vez de andar para frente? – Kyle perguntou, chocada.
‒ Mas eu tenho medo de acabar como... – ela não terminou a frase e ainda xingou a si mesma por dentro por ter começado a falar aquilo.
‒ Pode terminar, . Você ia dizer como eu, não é? – indagou, contudo, não esperou a resposta da irmã. – Eu sei que para nossa mãe, uma boa reputação frente aquelas pessoas chatas é tudo, mas eu não me arrependo de nada que eu fiz, . Como iria me arrepender, não é mesmo? Eu ganhei um maior presente da minha vida.
‒ Mas você teve que cuidar dela sozinha, o cara se mandou.
‒ E todos ficaram falando, eu chorei muito, o papai e a mamãe quase me deserdaram – citou as outras consequências. – Mas eu saí mais forte que nunca disto. Que falem, eu não ligo, . Aquela experiência me tornou a mulher que sou hoje, e eu posso não valer muito para as amigas da mamãe, mas eu não aceitaria ser menos do que sou hoje. Posso fazer o que quiser sem me preocupar com ninguém que não seja minha filha, acha mesmo que trocaria isto para viver do jeito que aquele povo desejava que eu vivesse? Eu seria uma mulher infeliz pelo resto da vida.
Fez-se um minuto de silêncio e não achou nada para dizer durante aquele tempo.
‒ Por isso, minha irmã. Se quiser voltar para o Richard, volte. Mas eu também não te vejo feliz tendo essa vida.
‒ Tudo bem. – foi a resposta brilhante que conseguiu formular antes de sair do quarto de Kyle.
Ela pretendia não voltar mais com Richard, mas quando ele apareceu durante o jantar de sua família com um buquê de rosas vermelhas e fazendo uma declaração que deixou todos ‒ menos ela e Kyle – e olhos marejados, ela achou que era o melhor a se fazer. Ela aprenderia a viver aquilo novamente, sabia que conseguiria.
Mas ela não podia estar mais errada.

Três meses depois

ensaiava as palavras que diria a Richard assim que ele chegasse em sua casa. Mas quando o viu entrar com um sorriso no rosto, todas as palavras preparadas fugiram de sua mente.
Respirou fundo e decidiu improvisar. Chega de tentar empurrar com a barriga, era agora ou nunca.
‒ Richard, estava te esperando.
‒ Também estava com saudades, meu amor. – ele respondeu, indo até ela beijá-la, mas ela se esquivou.
‒ Não dá mais e nós dois sabemos disto. ‒ resolveu contar de uma vez. Aquilo estava sufocando-a fazia dias, talvez meses, os três meses que passou com ele.
‒ O que? Como assim? Claro que dá.
‒ Não, Richard, não dá. Eu não te amo e sei que você também não me ama.
‒ Claro que te amo! – ele exclamou, tentando parecer magoado.
‒ Eu sei que você tem outra novamente, Richard. E eu sei que muitas das mulheres que conhecemos aceitam isso de boa apenas para manter as aparências, mas eu não sou assim. E mesmo que você estivesse sendo o homem mais fiel do mundo, ainda assim, eu não consigo amar você.
Richard pretendia interromper as palavras de , mas ela tinha ligado uma torneira que só se fecharia quando tudo saísse de dentro de si.
‒ A gente nunca se amou de verdade, nem da primeira vez, nem agora. Eu tinha medo de um futuro incerto, tinha medo de ser diferente e receber os olhares que a Kyle recebeu e ainda recebe, mas ela estava certa: essa vida é infeliz demais e eu sou incapaz de me acostumar com ela. Nada em nós é verdadeiro, você apenas quer uma mulher bonita e da mesma classe que você para apresentar, e eu tinha medo de descobrir como é andar com minhas próprias pernas. Mas chega! Não dá mais!
, o que foi que te deu? Foi a Kyle que falou com você? O que ela sabe da vida? Ela cria uma garota sozinha! – falou com desprezo, ignorando que estava falando da irmão de sua namorada.
‒ E é muito mais feliz que nós dois e todos nossos conhecidos juntos! Ela não falou nada comigo agora, mas eu queria tê-la escutado quando ela conversou comigo três meses atrás. Teria nos poupado disto. – falou, levando as mãos ao alto e depois deixando as mesmas caírem ao lado do corpo. – Por favor, vai embora.
Richard olhou nos olhos da ex e viu ali uma segurança que nunca tinha visto antes. não era mais a mesma, e nenhuma conversa, nem mesmo com a sua mãe, a faria mudar de ideia.
‒ Adeus, .
‒ Adeus, Richard.

estava organizando as fotos que iriam para sua exposição dali a dois meses. Ele catalogava todas, indicando onde cada uma ficaria. Quando entrava naquele mundo, sentia que podia tudo, inclusive, explorar seus maiores problemas.
‒ Você vai mesmo fazer uma exposição sobre o dia que você mais odeia na vida? – Akemi, uma garota japonesa de dezoito anos que trabalhava para ele, indagou quando chegou com seu café.
‒ Há maneira melhor de enfrentar os nossos problemas se não for com a arte? Tá na hora de usar isso para algo lucrativo.
‒ Você que sabe, chefinho.
A menina deixou o café na mesa e saiu, deixando concentrado nas fotos que tinha que catalogar.
Eram fotos alegres, tristes. Muitas feitas de desconhecidos, outras, recriadas por modelos, incluindo uma foto de uma noiva indo embora. Ele colocaria todos os lados daquela data, mas de maneira que ninguém precisasse sofrer ao ver aquilo.

Dois meses depois.

estava cochilando quando escutou alguém tocar descontroladamente em sua casa. Quem estava bancando o louco?
Abriu a porta e encontrou Lilly soada e com um sorriso no rosto.
‒ O que foi que te deu, Lilly?
‒ Eu encontrei seu príncipe, . E ele é mesmo muito lindo e perfeito.
‒ O que? Como você...
Antes que terminasse sua pergunta a amiga colocou uma panfleto muito bem feito em sua mão. Quando encarou o que estava em suas mãos, quase teve um ataque do coração. Ela estava nele.
‒ Sou eu! – exclamou.
‒ Onde? Não, você está apenas lá.‒ a amiga lhe corrigiu.
‒ Não, sou eu aqui, deitada na cama. Eu sou essa mulher coberta com o lençol e com o rosto coberto pelos cabelos.
Lilly puxou o papel de suas mãos e encarou a foto.
‒ Caramba! Pareceu mesmo.
‒ Parece porque sou eu. Essa era minha cama quando estava no mesmo apartamento que o Richard. Sou eu na minha noite com o .
A foto estava com uma edição que parecia ter sido tirada de um vídeo, já tinha visto um efeito parecido em um clipe, mas não conseguia lembrar qual. Ela mostrava seus ombros descobertos e um pedaço do queixo que seus grandes cabelos não cobriram. era mesmo um artista.
Leu o que tinha escrito no papel e viu que se tratava de uma exposição de um fotógrafo. Brush.
Por isso ele fotografa tão bem, pensou.
O nome da exposição era: Do sim, ao não e até mesmo o talvez: Todos os lados do dia dos namorados.
‒ O que você ainda está fazendo aí, menina? Vai atrás do teu príncipe encantado! – Lilly gritou, tirando se seu transe.
‒ Sim, sim. – ela falou afobada, correndo para se arrumar dignamente. – Mas preciso que vá comigo, Lilly. Só pra o caso de meu dias dos namorados ser com um não.
Em dez minutos ela estava pronta e correndo para o carro da amiga. Quando chegaram lá, toda a certeza de que queria entrar mesmo naquela galeria, sumiu. Será que ele estava com raiva dela? Se sim, será que mesmo assim toparia lhe escutar?
‒ Vamos logo, ! – Lilly chamou, parecendo tão nervosa quanto a amiga.
¬‒ Eu não sei se consigo. Sonhei tanto com isso que agora estou com medo.
E mais uma vez estava na montanha-russa que era gostar de alguém.
‒ Se ele te escolheu como capa da exposição, ele ainda pensa em você.
‒ É. – afirmou, tentando buscar confiança.
‒ Sua foto, aquela que você tem em casa, também está exposta. Então, não há nada anormal alguém te reconhecer. ‒ Lilly avisou.
‒ Tudo bem. – respondeu, apavorada com aquela possibilidade.
Entrou na galeria e agradeceu por não ter ninguém olhando para ela. Varreu o lugar com os olhos a procura de e quase desaprendeu a respirar quando o encontrou, comentando algo justamente sobre sua foto sorrindo a alguém.
‒ Boa sorte. – Lilly murmurou empurrando a amiga de leve em direção a .
Seguindo reto sem ter certeza de onde vinha forças para mexer suas pernas, chegou atrás de e chamou:
.
Antes dele virar, o rapaz para quem explicava a foto, virou e deixou a boca se abrir ao perceber que ela era a garota da foto.
Quando viu a expressão do rapaz, ele virou-se o mais rápido que pôde. Conhecia aquela voz, mesmo que não lembrasse de onde, e a reação do homem lhe entregava que ele estava certo.
Ao encontrar em sua frente quase caiu para trás. Era ela mesma! Surgindo do nada, assim como aconteceu um ano atrás.
‒ Linda exposição. Parabéns. – iniciou, sem saber o que deveria falar.
‒ Obrigado. – ele murmurou, ainda chocado.
‒ Será que a gente pode conversar?
Ele ponderou um pouco e depois pensou no que tinha acontecido a exatos trezentos e sessenta e quatro dias. Ele tinha voltado com o ex.
‒ Cadê seu namorado? – perguntou sarcasticamente.
esperava por algo do tipo, por isso não se abalou com a frase de .
‒ Precisamos conversar. Sério.
‒ Cara, vai logo. Ela é a sua musa. – o rapaz que olhava a foto falou, empolgado.
Mesmo sem ter certeza se estava fazendo o certo, levou até uma sala.
‒ Pode falar. – ele disse assim que chegou.
A menina sentia borboletas voarem em seu estômago e estava tão nervosa que pensou que desmaiaria a qualquer momento. também estava nervosa, seu coraççao batia tão rápido, que era um milagre não ter cansado e parado.
‒ Eu não voltei com o Richard aquele dia, como você acha que aconteceu. – achou que era melhor começar dali, sem dizer que ainda era louca por ele. – Na verdade, Richard foi lá pedir para comprar minha parte no apartamento e eu estava com tanto nojo dele que resolvi vender e sair dali na mesma hora. Ele me ajudou a levar as malas até o carro e bom, o porteiro viu e acabou te contando o que todos entenderiam da história, já que não sabiam do meu término, nem de você.
continuava calado, tentando ver se tudo aquilo fazia mesmo sentindo.
‒ Gastei meses te procurando, mas era como encontrar uma agulha em um palheiro, nada me levava a você. Eu sei que você pode ter seguido sua vida, estar com alguém, mas...
‒ Eu não estou com ninguém. – ele apressou-se em dizer. – Não entrei em nenhum relacionamento. E você? – ele quis saber, controlando-se para não beijá-la enquanto não tivesse certeza que ela estava disponível.
‒ Sete meses depois daquele dia, eu voltei com o Richard.
Estava bom demais para ser verdade. pensou.
‒ E você está aqui porque... – tentou arrancar o motivo daquela visita.
‒ Eu não estou mais com ele.
‒ Olha, madame. ‒ começou, um pouco magoado. ‒ Se você veio aqui a procura de mais uma noite de distração, veio no lugar errado. Se hoje é seu dia de fossa, eu já não estou mais na minha. – falou, tentando esconder o coração novamente partido naquele maldito dia.
‒ Não é nada disto. ‒ ela começou a explicar, tentando não se embolar com as palavras diante do pânico de perdê-lo mais uma vez. ‒ Eu não acabei meu namoro hoje, passei apenas três meses com ele, já acabamos faz dois meses. Eu não conseguia mais viver aquilo.
‒ Ele...
‒ Não se trata dele, embora ainda continuasse me traindo. Se tratava de mim, de nós dois. – e apontou para ela e o rapaz a sua frente.
‒ Como assim?
‒ Você me deu a noite de amor mais incrível da minha vida, despertou sensações em mim que eu achava que só existia em filmes de romances. Eu não consigo mais viver sem isso, . Pode parecer estranho, visto que só nos vimos uma vez, mas desde que te encontrei, que sinto que só sei amar se for com você.
deu dois passos rápidos, diminuindo a distância entre ele e e a tomou para si para fazer o que sonhava desde que encontrou aquela mulher. Beijá-la e tê-la por perto para sempre.
‒ Não é nada estranho, . ‒ falou com um sorriso largo e com a testa colada na dela ‒ Na verdade, faz todo sentido, visto que sinto a mesma coisa desde que te encontrei.
‒ Ah, .
E novamente os dois se juntaram para mais um beijo apaixonado. Podendo, finalmente, ter o seus sim no dia dos namorados, e tendo a certeza que aquele sim se repetiria por todos os anos seguintes.
Era a hora de amar de verdade, de ter reciprocidade. Pela primeira vez diriam com toda a certeza de estar sentindo mesmo aquela felicidade: Feliz dia dos namorados.


Fim.



Nota da autora: Nota da autora: Quero agradecimento é a todos vocês que chegaram até aqui, espero que tenham gostado dessa história.
Também tenho que agradecer também aos meus personagens, não sou eu quem crio uma história, são eles que me contam tudo.
Obrigada Chandler e Dylan por serem esse casal amorzinho, foi ótimo contar a história de vocês.
E ao FFOBS, que foi quem acabou me motivando a escrever esse conto. Obrigada a todos vocês.

Outras fics:
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02. Me voy [Ficstape RBR] - /ficstape/02mevoy.html
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