Autora VIP do Mês - Agosto
Fanfic Obsession: Como você se sentiu quando descobriu ser a Autora VIP do Mês do FFOBS?
AUTORA: Eu entrei em completo estado de euforia, ainda estou nesse mesmo estado
enquanto escrevo, inclusive. Sempre leio as entrevistas e juro que sempre me
perguntava se um dia escreveria bem assim, quando recebi o e-mail li duas vezes
para acreditar que não foi engano.
FFOBS: Quando você começou a escrever? Lembra como foi sua primeira história?
A: Eu lembrava que era de Vondy, porque sempre fui cadelinha desse casal. Eu
devia ter uns catorze anos quando escrevi a primeira fic. Devido a essa pergunta eu
fui pesquisar e vi que a fic ainda existia na minha página. O título era: “três irmãos
e... um bebê?” E, basicamente, era um triangulo amoroso entre Ucker, Dulce e
Poncho. Dulce era uma menina doce e exemplar, até que apareceu grávida e não
sabia qual dos irmãos adotivos era o pai do bebê. Minhas ideias, claramente, são
turvas desde a pré-adolescência. Três irmãos andou para que Play With Fire
pudesse correr kkkkk
FFOBS: O que você procura passar para os seus leitores?
A: Acredito que eu tento passar a realidade, as emoções em sua forma mais
genuína, sabe? Quando escrevo eu quero que as pessoas sintam que o
personagem tem emoções, atitudes próprias, que ele tem uma identidade. Quero
que eles sintam também. De forma bem geral, acredito que gosto de passar o
sentimento de humanidade, onde os leitores se imaginem na situação e questionem
o que fariam ali, onde os erros existem e os acertos também, coexistindo um com o
outro.
FFOBS: Como você lida com críticas negativas e cobranças?
A: A pessoa que mais me cobra e me critica no mundo sou eu mesma, então
acredito que além de mim eu nunca recebi uma crítica negativa ou cobrança na
escrita. Quando estou nesses momentos eu paro, respiro e vou fazer alguma outra
coisa. A sensação de fazer algo por cobrança é de que não é espontâneo, as ideias
não fluem e eu me sinto barrada. Então vou cuidar de mim e depois, quando estou
bem melhor, volto a cuidar das outras coisas.
FFOBS: Se você pudesse trazer a vida um personagem de qualquer de suas histórias, qual seria e por quê?
A: O Adam, sem dúvidas. Esse homem é um sonho de consumo e foi criado para
ser o homem dos meus sonhos, no físico, na personalidade... Os leitores ainda não
conhecem o que se passa na mente dele, porque o pov é todo da Rosie, mas ele
tem o tamanho certo do meu coração.
FFOBS: Quando você inicia uma nova fanfic, já sabe como ela terminará ou é um processo contínuo?
A: É um processo contínuo. Eu até começo uma fanfic sabendo o fim que quero dar,
mas no decorrer da estória eu me transformo junto com os personagens. Porcelain
eu tinha certeza de como iria acabar, mas já mudei o final três vezes. Beyond The
Surface também já sei o final, mas posso mudar a qualquer momento... Eu penso
em um fim, mas não me limito a ele.
FFOBS: Se você fosse convidada a escrever uma série de TV, um filme e um livro, mas só pudesse escolher um, qual seria? Por quê?
A: Um livro. Acho que do lugar que eu vim, a leitura meio que me salvou. Então
quando penso em emoções intensas normalmente associo a páginas, antes mesmo
de pensar em telas.
FFOBS: Você tem algum autor ou história que considera uma inspiração pra você? Pode citar?
A: Autora com certeza a Colleen Hoover, eu amo a escrita dessa mulher. Eu adoro
a forma que ela faz você sentir os sentimentos e a maneira como todos os
personagens tem um lado vilão, mas que não é exatamente como um personagem
criado pra ser ruim. Ele apenas é assim, porque é humano. E de história... Eu sou
completamente fascinada pelo livro ‘por lugares incríveis’. A dor que esse livro traz,
abre camadas inspiradoras em mim.
FFOBS: Se você tivesse oportunidade, hoje mesmo, de transformar uma história sua em livro, qual seria? Por quê?
A: Acho que Hypothesis. Ela é a história mais ‘real’ que escrevo e traz temas que
são conhecidos por muitas mulheres, infelizmente. O relacionamento abusivo, as
dúvidas na maternidade, a paternidade ausente e os impactos do abandono em
geral... Acredito que seria um filme com uma carga emocional alta, mas que poderia
ajudar as pessoas a terem esperança.
FFOBS: E se não fosse uma fanfic já existente? Se fosse uma história totalmente original, que sinopse ela teria?
A: Okay, aqui você me fez pensar muito, mas como amo ciência, deveria ser algo
do tipo:
Num futuro distópico onde a sociedade está completamente obcecada pela busca
incessante da felicidade, há um homem chamado Samuel que vive em total
reclusão. A revolução tecnológica atingiu seu auge, e as pessoas agora podem
fazer upload de suas memórias para uma rede global, permitindo que esqueçam as
coisas ruins das quais já vivenciaram, mas Samuel guarda um segredo
inimaginável: ele descobriu uma maneira de criar “espelho da alma”, dispositivos
que permitem que as pessoas compartilhem as suas emoções e memórias com
outras pessoas, do seu ponto de vista. Quando Sarah, uma jovem e ambiciosa
jornalista, descobre a existência do dispositivo, ela fica obcecada com a história de
Samuel e decide investiga-lo. O que ela não sabe é que, ao mergulhar na vida dele,
também estará mergulhando em um turbilhão de emoções, experiências e segredos
profundos que desafiarão sua própria compreensão da felicidade e da conexão
humana. Afinal de contas, a verdadeira felicidade está nos momentos que
compartilhamos com os outros ou na busca incansável por uma perfeição ilusória?
FFOBS: Alguma cena ou história é baseada em algum fato da vida real, algo que você ou alguém que conhece vivenciou?
A: Digamos que eu já tive um Christopher na minha vida kkkkk. Nunca passei por
uma situação ou cena como as que escrevo, mas acho que se tivesse continuado o
relacionamento com uma pessoa específica, haveria grandes chances de algo
assim acontecer. Também já conheci muitas mulheres que foram vítimas de
agressão doméstica, então acho que sim.
FFOBS: De onde você tira inspiração para as características, manias e personalidade de suas personagens?
A: De mim mesma, das pessoas que eu conheço... todos os personagens tem um
pouco ou da minha personalidade ou da personalidade de alguém que apareceu na
minha vida e me marcou de alguma forma.
FFOBS: Qual foi o lugar mais estranho que você já teve um vislumbre de cena/momento para a sua história?
A: No meio do trabalho, com um monte de papel jogado na mesa, onde eu parei em
um estado de pânico pra organizar as minhas ideias e do nada veio na mente: e se
eu fizer uma fanfic com o Max Verstappen onde ele tem um filho que não conheceu
e a mãe procura ele porque a criança está com leucemia? Isso é bem recente,
inclusive. Escrevi seis capítulos imensos e deixei o serviço acumular (joker face)
FFOBS: Quais são os seus próximos projetos?
A: Acabei de lançar Beyond The Surface, que já está sendo bem aceita pelas
leitoras, após essa quero muito lançar uma fanfic só pra o Matteo. Talvez lance essa
fanfic do Max porque já tá bem adiantada, tenho em mente ainda mais dois
suspenses como Porcelain (sendo um deles no mesmo universo) e vou continuar
Faithless a pedidos... Mas acredito que só vou lançar novidades quando terminar as
atuais.
FFOBS: Por fim, que tal citar um trecho de uma fic que você escreveu e sente orgulho?
A: — Não é culpa sua, tá? — Me encolho com a pergunta que ao mesmo
tempo parece uma afirmação. Me sinto culpada por minha mãe fazer isso, me
sinto envergonhada por não poder fazer nada. — Meu pai fez uma escolha e a
sua mãe também. Isso é responsabilidade deles, não sua. Não minha. Não da
minha mãe.
O abraço, com força.
É só o que consigo fazer e só o que quero sentir. Ele me envolve em seu
corpo com cuidado. Simon diz que pessoas não quebram, mas ele me segura
como se tivesse medo de que eu quebre. Me sinto protegida. Me sinto em
casa, mesmo estando a 7km de distância.
Descubro. Lar não é um lugar, lar é um alguém.
— Quer entrar na água comigo? — Simon pergunta, sem me soltar do abraço.
Balanço a cabeça de forma animada.
— Eu entraria em qualquer lugar com você, Simon. — Não penso, falo. Ele
sorri. Eu sorrio.
— Que dia é hoje? — ele pergunta, o olho de forma confusa antes de conferir
a data em meu celular porque eu também não lembro.
— Dezessete de janeiro — falo, ele acena.
— Lembre-se dessa data, Isla. Dezessete de janeiro é o dia em que você falou
que entraria em qualquer lugar comigo. — Ele pega seu celular, digitando
algo na agenda. — A partir de hoje, declaro que a data dezessete de janeiro
se torna a data oficial de entrarmos juntos na cachoeira. — Gargalho
enquanto o ouço falar, mas amo a ideia de termos uma data só pra entrarmos
na cachoeira. Amo termos uma data. — Agora entre nessa cachoeira como
entrou na minha cabeça, gradativamente e sem medo.
Noto Simon. Simon me nota. Estou em casa.
FFOBS: A entrevista vai terminando por aqui, caso queira deixar algum recado final, fique à vontade!
A: Eu queria agradecer, na verdade. Não só pela entrevista, mas por todo
acolhimento que estou tendo. A última fanfic que escrevi foi em 2015 e agora, oito
anos depois voltei a escrever e ter todo esse carinho é delicioso. Obrigada a cada
pessoa que lê uma das minhas fics, que comenta no disqus ou que me procura para
pedir mais e elogiar a minha escrita. Vocês são, definitivamente, o motivo pra eu
querer continuar escrevendo e acreditar cada vez mais em mim, então obrigada! ♥