A Estranha que Mudou a minha Vida



Mais um dia, mais uma noite aqui em um pub qualquer. Daqui a pouco eu vou estar me agarrando com uma vadia qualquer, que vai dormir comigo, pra amanhã de manhã sair e cada um viver sua vida. Sabe, às vezes eu não queria mais essa vida de pegador. Queria ter alguém pra chamar de minha. Queria proteger alguém de todo o mal e abraçá-la quando chorar. Eu queria ter alguém pra me acordar de manhã e dizer que me ama. Queria ter alguém que me batesse quando eu ficasse a admirando dormir pra eu poder segurá-la e acalmá-la com um beijo. Eu só queria isso. Mas a vida de galinha faz parte da minha vida. E eu vou continuar com ela até eu encontrar esse alguém que eu tanto procuro. E vou começar agora com aquela menina que está sentada no bar.
‘Ér, oi. ’ Sentei do lado dela, e, tenho que admitir, ela é linda.
‘Oi. ’ Ela falou forçando um sorriso. Acho que tinha coisa aí.
‘Ta tudo bem?’ Me fiz de preocupado, mas por um lado, eu estava preocupado mesmo.
‘Não, não mesmo, obrigada. ’ Ela virou pro bar e encarou o nada.
‘Seria ousadia perguntar se você precisa de alguém? Digo alguém pra te abraçar?’ Tentei corrigir antes que eu parecesse um tarado que quer se aproveitar de alguém, bem, no estado dela.
‘Não. ’ Ela se levantou e num impulso me abraçou e derramou as lágrimas. Eu não falei nada, apenas abracei-a e a ouvi chorar no meu peito.
‘Quer ir pra fora?’ Ela assentiu com a cabeça e nós saímos de lá.
‘Pronto. Aqui você pode respirar. ’ Ela sorriu de leve e me abraçou de lado.
‘Sabe o que é estranho?’ Ela me olhou enquanto nós caminhávamos sem rumo pela rua que, àquela hora, estava deserta.
‘O que?’ Eu perguntei olhando em seus olhos.
‘Que eu to aqui abraçada com você, chorei nos seus braços, molhei sua camisa e eu nem sequer sei seu nome. ’ Ela riu e eu ri também.
‘Prazer, , para os íntimos. ’ Falei estendendo minha mão na direção dela.
, pra você. ’ Ela apertou minha mão.
‘Pronto! Nem foi tão difícil. ’ Ela sorriu.
‘Agora só sei seu nome! Ainda não te conheço tanto a ponto de poder chorar em você. ’
‘Ok então. Nasci em , moro aqui faz algum tempo, eu toco , moro sozinho, meu apartamento tem uma lavanderia... ’
‘PARA TUDO! SEU APARTAMENTO TEM UMA LAVANDERIA?’ Ela parou até de andar e deu ênfase na ‘lavanderia’.
‘Tem. Algum problema?’ Eu realmente não tinha entendido o porquê daquele espanto todo.
‘Você sabe quantos caras tem lavanderia no apartamento quando moram sozinhos? 1 entre 10!’
‘Eu sou esse um entre 10 então!’ Eu disse estufando o peito de orgulho.
‘E é bom se orgulhar mesmo! Isso é sinal de que você é diferente. ’ Ela disse sorrindo e olhando nos meus olhos. Eu sorri e continuamos o resto do caminho em silêncio. Até que ela o cortou.
, que horas são?’ Ela me perguntou assustada. Olhei no relógio.
‘2:30 da manhã. PUTAQUEPARIU! DUAS E MEIA!’ Ela gargalhou, mas logo se desesperou.
‘E onde a gente ta?’
‘É, não faço a menor idéia. ’ Eu disse olhando pros lados procurando algo conhecido.
‘Vamos chamar um táxi?’ Ela abriu um sorriso enorme.
, a gente não faz a menor idéia de onde a gente ta, como nós vamos chamar um táxi?’ Eu desmanchei o sorriso dela.
‘Olha, isso aí não é um hotel?’ Ela disse apontando pra um lugar meio abandonado.
‘Essa espelunca aí?’
‘É o único lugar que a gente pode ficar pelo menos por hoje. ’
‘Ta então vamos ver se tem quartos vazios.’
E fomos pro Hotel Espelunca. Entramos naquele lugar e encontramos o, supostamente, recepcionista dormindo em uma cadeira com os pés pra cima.
‘Moço. Acorda moço. ’ Ela disse batendo de leve no balcão, que estava caindo aos pedaços, devo lembrar.
‘Que? Onde? NÃO FUI EU! NÃO FUI EU, EU JURO! FOI TUDO CULPA DO RISONILSSON. Espera aí, quem são vocês? Vocês não são do FBI!’ Esse cara tem culpa no cartório!
‘Não, moço. A gente só quer um quarto, por favor. ’ A até que foi querida com ele. E eu tava me segurando pra não rir.
‘Ah, desculpem, eu estava há muito tempo sem dormir e... ’
‘Moço, a gente quer só o quarto, não precisa explicar. ’
! Desculpa moço. Ele é assim às vezes. ’ Ela me repreendeu e, como assim ‘às vezes’? Ela me conheceu há algumas horas! Olhei pra ela indignado e ela fez um olhar de repreensão.
‘Ah, que isso, venham por aqui. Querem um quarto só pra hoje?’ Assentimos com a cabeça e ele nos levou até um quarto.
‘Se precisarem de alguma coisa, é só chamar. ’ Entramos no quarto e tinha só uma cama de casal.
‘Vou lá pedir um colchão pra ele, ta?’ Falei abrindo a porta.
‘Colchão? Pra que?’ Ela disse sentada na cama já, penteando o cabelo.
‘Pra mim, oras. ’
‘Não senhor! Você vai dormir na cama comigo. ’ Ela se levantou e me puxou pra cama.
, eu não sou nenhum tipo de monstro. Pode dormir comigo. ’ Ela sorriu fofa. Eu tirei minha roupa e fiquei só de boxers.
‘Desculpa , mas eu não consigo dormir de roupa. ’
‘Tudo bem, , eu também não. ’ Ela disse levantando o edredom e mostrando o corpo dela só de calcinha e sutiã. Sorri malicioso, mas ela percebeu que foi brincadeira.
‘Ok , então, boa noite. ’ Dei um beijo em sua testa e deitei.
‘Boa noite . ’ Ela se deitou encostada em mim, eu estranhei, mas abracei ela e dormimos. Mas não por muito tempo, porque fomos dormir praticamente quando o sol estava aparecendo. Acordei com o meu braço na cintura da , e ela deitada de barriga pra cima, com o cobertor tampando só suas pernas. Fiquei observando ela dormir. E eu acho que fiquei com a cara mais retardada possível, porque eu sentia que ela era minha. Mesmo que nós tivéssemos nos conhecido há algumas horas.
, para de me olhar. ’ Ela falou sorrindo sem abrir os olhos.
‘Mas eu não to te olhando!’ Menti.
‘Só por ter me respondido, prova que você está. ’ Ela acordou e riu, eu sorri também. O sorriso dela me fazia sorrir.
‘Pronto pra fazer o caminho de volta pra casa?’ Ela se levantou e foi em direção ao banheiro.
‘Primeiro preciso de café da manhã. Depois, quem sabe. ’ Me levantei e fui ao banheiro também. Ela estava escovando os dentes. E até assim, com a boca toda branca de espuma, ficava linda.
‘Você parece um cachorro com raiva assim, sabia?’ Eu disse abraçando ela por trás. E eu juro que eu fiz isso por impulso, porque quando eu caí na real, ela estava de frente pra mim já.
‘A raiva é contagiosa. Cuidado comigo, eu sou perigosa!’ Ela cantou essa última frase e eu tive que rir dessa cena.
‘Vem , vamos nos vestir, tomar café e fazer nosso caminho de volta. ’ Ela me puxou pela mão. Nos vestimos, arrumamos o quarto e descemos.
‘Moço, vocês servem café da manhã aqui?’ O moço de agora era outro, e esse estava acordado pelo menos.
‘Servimos, mas só até as 10 horas. ’ me olhou assustada e eu olhei no relógio.
‘Duas da tarde! Vocês servem almoço também?’
‘Sim, mas só até a 1 hora. ’ fez uma cara muito engraçada de tédio.
‘Que horas vocês servem a janta?’ Fui irônico.
‘ A partir das 5 horas. ’ Mas eles serviam janta mesmo!
‘Você sabe algum lugar que tenha comida, moço?’ nos ignorou completamente.
‘Olha, aqui perto não, por isso que nós servimos todas as refeições, mas vocês podem achar um bar que fica a uns 15 minutos de caminhada daqui. ’
‘Bom, pelo menos tem comida!’ me olhou tentando me convencer.
‘Ta bom! Pode passar o endereço do bar?’ Perguntei pro moço. Ele anotou num papel e nos entregou. Nós pagamos o que devíamos ao hotel.
‘Obrigada... ’ disse estendendo a mão ao moço.
‘Risonilsson. ’ Ele apertou a mão da e nós saímos rindo deixando o moço com cara de desentendido.
‘Bem, você é capaz de agüentar 15 minutos?’ perguntou me abraçando.
‘Acho que sim. ’ E fomos ao bar. Exatamente 15 minutos depois, chegamos a um lugar, que, supostamente, seria o bar.
‘Isso aqui é o bar?’ me olhou desesperada.
‘Bar e Lanchonete Agora Vai. É o nome que ta aqui no papel. ’ Eu disse conferindo o nome.
‘Tudo bem, nós estamos com fome, vamos entrar, comprar e comer aqui fora, ta?’ me deu a mão e nós entramos naquela pocilga.
‘Bom dia, o que você tem pra comer?’ foi direta. Ela parecia estar odiando a idéia de comer lá.
‘Temos pão com mortadela, coxinha, pastel e risoles. ’
‘Não tem salgadinho, não?’
‘Temos. Estão bem ali. ’ O moço apontou e nós fomos pegar um pacote.
‘O que você tem pra tomar?’
‘Café, cerveja e refrigerante. ’
‘Uma lata de Coca, por favor. ’ O moço nos entregou uma lata de um refrigerante que eu nunca havia visto na minha vida. Mas que, segundo ele, era coca de pobre. Pagamos e seguimos viagem. Tentamos nos lembrar do caminho que fizemos antes de chegar lá. Claro que pedimos informação pra cada 3 que passavam na rua, mas conseguimos chegar. Duas horas de caminhada depois estávamos no sofá do meu apartamento comendo comida de verdade.
‘Eu gostei de me perder, . ’ Falei quebrando o silêncio que havia ficado entre nós.
‘Porque ?’ Ela parou de comer as bolachas que estava comendo e me encarou.
‘Porque eu me perdi com você e em você. ’ Acho que fui direto e sincero demais porque ela ficou me encarando sem reação. Mas de repente, num impulso, ela me beijou. E, dude, eu não esperava aquilo! Não naquela hora. Ela cortou o beijo e ficou me encarando.
‘Desculpa . Mas eu precisava disso. ’ Ela parou de me encarar e encarou o chão.
‘Você não tem que pedir desculpa por nada, . ’ Levantei seu rosto fazendo ela olhar pra mim.
‘Acho melhor eu ir, antes que eu faça coisas sem pensar. ’ Eu sorri por dentro quando ela disse isso, mas não demonstrei reação.
, se você quiser, sabe que pode ficar não sabe?’ Ela assentiu com a cabeça, mas levantou do sofá.
‘Eu ficaria, mas eu tenho que ir, , preciso de um banho. ’
‘Bom, minha proposta pra que você fique ainda está de pé! Lembre-se que eu tenho uma lavanderia!’ Ela sorriu e andou até a porta.
‘Obrigada . ’
‘Que isso, . Obrigada você. Não tinha um dia desses há tempos. ’ Ela riu.
‘Então, tchau. ’ Ela me abraçou e deu um beijo na minha bochecha.
‘Tchau . ’ E ela saiu. Quando eu fechei a porta, eu lembrei que não tinha perguntado seu telefone. Abri a porta e fui atrás dela.
!’ Chamei e ela se virou.
‘Oi. ’ Ela parou e sorriu.
‘Esqueci de te perguntar uma coisa. ’
‘Diga. ’
‘É, posso te ligar depois?’
‘Claro que pode! Aqui ó. ’ Ela escreveu o telefone em um papel e me entregou. Olhei os números e guardei no bolso.
‘Eu vou ligar. Sou um entre 10, lembra?’
‘Eu sei que vai. ’ Ela sorriu, continuou seu caminho e eu voltei pra casa. Fui tomar um banho, porque eu realmente estava precisando. O sorriso dela não saía da minha cabeça. Eu tinha ficado encantado com aquela garota. Terminei meu banho e fui ver TV. Será que ela já tinha chegado em casa? Eu tava com saudade dela já. Essas horas me fizeram ficar dependente dela. Esperei mais um pouco ou eu ia parecer um idiota. Assisti qualquer outra coisa na TV, arrumei a casa, lavei a louça e fiz outras coisas. Eram umas 7 horas mais ou menos quando eu peguei o telefone. Coloquei a mão no bolso, mas percebi que eu estava sem casaco, e o casaco que tinha o papel, eu tinha colocado na máquina de lavar. Por um segundo me amaldiçoei por ter uma lavanderia. Mas logo me lembrei da . Corri pra lavanderia e fiz aquela máquina parar a qualquer custo. Ela parou e eu consegui pegar o papel. Liguei a máquina de novo e fui pra sala. Os números tinham ficado meio apagados, mas eu conseguia ler ainda. Disquei, chamou umas 3 vezes e aquela voz doce atendeu.
‘Oi. ’
?’ Perguntei receoso, afinal, eu podia ter discado na casa errada por causa dos números apagados.
‘Eu mesma. ?’
‘Como você sabe?’
‘Tua voz é inconfundível. ’ Acho que eu abri um sorriso gigante.
‘Linda. ’ Falei baixinho, mas ela ouviu.
‘O que você disse?’
‘Oi? Ah, nada, nada. É que eu estava aqui sem fazer nada, sabe, e, eu queria saber se você não quer fazer alguma coisa hoje à noite. ’ Hoje à noite, cara, que idéia de jacu.
‘Tudo bem, que horas eu vou aí?’
‘Geralmente é o cara que busca a menina nesses casos, mas pode vir aqui às oito?’ Ela riu.
‘Tudo bem, daqui a pouco eu to aí. Beijo. ’
‘Beijo. ’ E desliguei. Uma hora nunca foi tão longa. Não tinha nem trocado de roupa quando a campainha tocou. Fui atender e era ela. Estava linda. Simples, mas linda. Ela usava um vestido leve, rosa e uma rasteirinha branca, os cabelos soltos e uma faixa branca no cabelo, e uma bolsa com estampas floridas.
‘Uau!’ Foi a única coisa que eu consegui dizer.
‘Ah , você me chamou em cima da hora, nem tive tempo direito de... ’
‘Você ta linda. ’ Ignorei totalmente o comentário dela.
‘Obrigada. ’ Eu pude ver que ela corou.
‘Suas bochechas rosa combinaram perfeitamente com o teu vestido. ’ Tirei sarro dela. Ela corou mais ainda e eu continuei. ‘Mas continua linda. ’ Ela sorriu e sentou no sofá.
‘E você? Porque não ta pronto ainda?’
‘Eu tava indo quando você chegou. Aonde nós vamos?’ Eu disse indo pro meu quarto e ela me seguiu na maior intimidade.
‘Geralmente é o garoto que decide isso, não é?’ Ela falou se jogando, literalmente, na minha cama, como se fosse minha amiga intima há séculos.
‘Você não ta um pouco folgada, não, mocinha? Primeiro me segue até meu quarto quando eu vou trocar de roupa, aqui se joga na minha cama, o que mais falta?’
, amor, ’ ela se levantou e me abraçou ‘antes disso, eu quero lembrar que eu chorei nos seus braços, dormi com você numa espelunca, que, devo destacar que você dormiu de boxers, portanto, a mesma coisa que eu vi lá, eu vou ver aqui, você dormiu comigo quando eu usava apenas minhas roupas íntimas, você me abraçou quando estava com roupas intimas também, devo lembrar, e me viu escovando os dentes. Você ainda acha que eu sou folgada?’ Ela sorriu vitoriosa.
‘Concordo com tudo o que você disse e não te acho mais folgada. Mas, o que eu ver você escovando os dentes tem haver com isso?’
‘Foi só pra me dar créditos, agora troca de roupa logo. ’ Ela se soltou de mim, abriu meu guarda-roupa e escolheu minha roupa. Isso mesmo! Eu até pensei em recuar, mas sabia que ela teria resposta pra isso, então deixei quieto. Coloquei a roupa que ela escolheu. Uma bermuda verde, tipo exército, camisa branca e all star. Devo constatar que eu achei lindo o que ela fez. Combinou certinho com a roupa que ela usava. E eu estou parecendo um idiota apaixonado falando isso. Fomos pra uma sorveteria que tinha ali por perto, afinal era verão. Pedimos um milk shake de chocolate. Descobri que tínhamos isso em comum. O amor pelo milk shake de chocolate. Conversamos sobre bastante coisa, pagamos os milk shakes e fomos andar em uma praia que tinha por lá.
‘Dessa vez a gente presta atenção em onde a gente anda né?’ perguntou rindo.
‘É, não to a fim de parar em um hotel daqueles de novo. ’ Lembrei da noite, aliás, da madrugada anterior. Continuamos o resto do caminho conversando sobre coisas idiotas. E quando fomos ver, já era meia noite. Voltamos pro meu apartamento e pedi pra ficar lá aquela noite. Porque nós estávamos cansados demais pra andar até o apartamento dela.
‘Não vou incomodar?’
‘Claro que não ! Eu já dormi com você, esqueceu?’
‘Falando com essas palavras, parece que a gente fez outra coisa. ’ Ela riu e eu também. ‘Enfim, onde eu durmo?’
‘Sinto te dizer, mas, só tem o meu quarto. Porque só mora eu aqui, então, era de se esperar que tivesse só um quarto. ’
‘É verdade. Tudo bem, nós já dormimos juntos numa espelunca, podemos dormir juntos aqui de novo. ’ E ela tirou toda a roupa, ficando só de calcinha e sutiã. Eu devo ter feito uma cara muito abobada.
‘Lembra desse detalhe, não lembra?’ Ela perguntou receosa.
‘Claro que lembro!’ Eu lembrava muito bem! E não pensem que eu sou um maníaco ok. Não sou!
‘Tudo bem então. Boa noite . ’ Ela se deitou e me abraçou.
‘Boa noite . ’ Dei um beijo nela e nós dormimos. Quero dizer, ELA dormiu, porque eu fiquei olhando pra ela com cara de bobo apaixonado. Acho que eu tinha me apaixonado pela menina do bar do pub. E eu percebia isso a cada dia que eu via o sorriso dela. Cada vez que ela olhava pra mim.

Já tinha passado um ano que nós tínhamos nos conhecido. Um ano que nós dormíamos juntos todos os dias. Sim, porque desde aquele dia, nós sempre dormíamos juntos, na casa dela ou na minha, ou andávamos demais e acabávamos em algum hotel qualquer. Enfim, eu amava aquela garota há um ano e nunca tinha dito isso pra ela. Pode parecer idiota da minha parte, mas, eu nunca pensei em falar. Eu me sentia bem do jeito que eu estava com ela. Ela tinha se tornado minha melhor amiga. Ela sabia de tudo o que acontecia comigo e eu sabia tudo o que acontecia com ela. Eu entendia o que ela sentia e podia ver pelos olhos dela. É geralmente nessa parte da história que a confusão de sentimentos começa. Você não sabe mais se ela é sua melhor amiga, ou se você quer aquela menina pra você. Eu a tinha pra mim, e eu sabia disso. Eu finalmente tinha encontrado aquele alguém que eu queria pra abraçar quando chorasse, pra chamar de minha, pra proteger de todo o mal, pra brigar comigo quando eu a observasse dormir, eu não acalmava ela com um beijo, mas com um abraço. Eu tinha encontrado o alguém que eu sempre procurei e não ia perder assim tão fácil.
, vem cá. ’ me chamava da cozinha.
‘Já vou. ’ Eu disse levantando da cama e indo até a cozinha.
‘Corre!’ Acelerei e quando cheguei lá, encontrei uma nuvem escura que saía do forno.
‘Mais uma tentativa frustrada de conseguir acertar o ponto dos cookies?’ Eu ri da cara dela, abanando toda aquela fumaça pra fora. deu uma risada irônica.
‘Engraçadinho você. Eu nunca consigo fazer cookies, sou uma negação na cozinha. ’ sentou na bancada da pia e eu pude ver o desapontamento nos olhos dela. Fiquei na frente dela, entre suas pernas, abracei sua cintura e olhei em seus olhos.
, só porque você não consegue acertar o ponto dos cookies, não quer dizer que você seja uma negação na cozinha. E você sabe que existem cookies prontos pra vender. ’ Ela sorriu triste e me abraçou.
‘Obrigada, . Não sei o que seria de mim sem você. ’
‘Agora vamos limpar essa sujeirada toda né. ’ Eu ajudei ela a descer e comecei a guardar coisas quando fui atingido por um monte de farinha. Olhei pra trás e encontrei com farinha na mão. Quando eu virei, ela assoprou e voou farinha por todo o meu rosto.
‘Ah então você quer guerra, é? Então se prepare, porque é guerra que você vai ter!’ Peguei chocolate e passei no seu nariz.
‘AAAAAH CHOCOLATE É DESPERDÍCIO!’ E eu vi um ovo voando na minha direção seguida da risada da .
‘O ovo ta caro! Mas o leite não!’ Derramei um copo de leite no cabelo dela.
SUA DESGRAÇA, VEM AQUI. ’ E ela jogou açúcar em mim. Assoprei farinha na cara dela também e joguei um ovo no cabelo dela. O chão estava super sujo e quando eu joguei o ovo nela, ela foi correr atrás de mim, mas levou um tombo porque escorregou em um ovo que tinha quebrado no chão. Ela deitou e começou a rir. Gargalhar, pra falar a verdade. Cheguei perto dela pra ver se ela estava bem, afinal eu só pude ouvir um barulho alto e a risada dela depois, mas quando cheguei perto, ela simplesmente esfregou chocolate em mim.
‘Chocolate não era um desperdício?’ Perguntei indignado.
‘Não quando jogado em você!’ Ela riu e eu sentei do lado dela, rindo também. E ficamos ali, lambuzados de comida, com uma cozinha imunda pra limpar.
‘Eu acho que nós precisamos de um banho. ’
‘Nós e a cozinha, né. ’ Ela falou levantando os braços. ‘Quem vai primeiro?’
‘Pode ir, enquanto eu vou guardando as coisas aqui. ’
‘Ok, mas não limpa sem mim, !’
‘Não vou. ’ Me levantei e ela foi pro banho. Eu podia a ouvir cantando. Ela sempre cantava no chuveiro e eu amava ouvi-la. A voz dela era linda. Alguns minutos depois ela voltou pra cozinha ainda cantarolando alguma melodia qualquer.
‘Pode ir, xuxu. ’ Fui tomar banho e alguns minutos depois voltei pra arrumar a bagunça e limpar a sujeira.
‘Preparada para a missão, agente 078?’ Perguntei fazendo uma cara séria.
‘Preparadíssima, agente 079!’ entrou na brincadeira e nós fomos marchando até a cozinha. Limpamos tudo e uma hora depois estávamos jogados no sofá vendo TV.
. ’ Ela me chamou sem olhar pra mim.
‘Fala . ’ Olhei pra ela.
‘Obrigada. ’ Ela me olhou e sorriu. Eu a encarei sem entender.
‘Pelo que ?’
‘Por ser quem você é. ’ Ela sorriu e me abraçou. Eu não precisei dizer mais nada. Ficamos lá até ela dormir, a levei pro quarto e deitei com ela. Ela me abraçou e eu dormi também.
‘BOOOOM DIIIA SENHOR DORMINHOOOCO!’ me acordou de uma forma delicada pulando em cima de mim.
‘Bom dia senhora ativa. ’ Eu disse ainda não raciocinando direito.
‘Vem ver, vem ver!’ , literalmente, me arrastou pra cozinha. ‘Fecha os olhos. ’ Ela me deu a mão e me guiou. ‘Pode abrir!’ Ela disse orgulhosa apontando pra um prato de cookies na mesa.
‘Uau pequena! Você fez ou foi comprar?’
‘Estou orgulhosa assim porque aprendi a comprar cookies na padaria, !’ Ela foi totalmente irônica.
‘Adora ser irônica!’
‘E você adora fazer perguntas imbecis! É claro que eu fiz né! Experimenta. ’ Ela disse empurrando um cookie na minha cara.
, isso ta realmente bom!’
‘Obrigada. ’ Ela disse mais orgulhosa ainda, se é que era possível. Depois disso, nós continuamos nosso dia e eu levei ela pra casa, porque ela tava lá em casa há uma semana mais ou menos. Então, ela ia passar algumas noites na casa dela, porque ela disse que tava incomodando demais aqui já. O que é mentira. Se em um ano ela não incomodou nada, porque incomodaria em uma semana? Enfim, quando eu cheguei em casa, tomei um banho e fui pra sala. Não tinha nada na TV. Liguei o rádio, nada. Tentei escrever alguma música, mas não escrevi nem o começo. Comecei a procurar o que fazer, mas acabei voltando ao tédio do sofá. Foi aí que eu comecei a perceber o quanto eu estava dependente da . Eu era um completo inútil e não via minha vida sem ela. Eu não lembrava como eu era antes dela. Não sabia mais como pegar as garotas do jeito que eu pegava antes. A mudou minha vida. E mudou pra melhor, porque eu não sei onde eu estaria sem ela hoje. Talvez eu estivesse mais uma vez em um pub qualquer, pra pegar qualquer uma, trazer pra casa, pra no outro dia não lembrar mais nem o nome.
Essa vida acabou pra mim, eu tinha uma bem melhor do meu lado. E eu finalmente tinha encontrado o alguém que eu tanto procurei. Mas, eu sempre vi ela como minha amiga, e ela também. E de repente esse sentimento vem à tona e confunde tudo. Eu acho que amava ela. Achava não, tinha certeza. E eu precisava contar isso pra ela, não ia conseguir esconder isso por muito tempo, então, era melhor eu falar, do que ela descobrir sozinha e piorar a situação. Mas eu não ia falar hoje, estava tarde e eu nem sabia se ela estava acordada. Fui pro meu quarto e tentei dormir, nem foi tão difícil quanto eu imaginava. Quando percebi, o sol já tinha entrado pela janela do meu quarto e eu escutei barulhos vindos lá de baixo. Eu não podia reclamar, afinal, fui eu quem deu as chaves do apartamento pra ela.
‘Bom dia, invasora. ’ Disse chegando na cozinha com cara de sono.
‘Invasora nada, culpa sua que me deu as chaves. E bom dia pra você também. ’ Ela disse me abraçando.
‘O que faz aqui tão cedo?’ Perguntei sentando na cadeira e tomando café.
‘Cedo? Você assim, por acaso, olhou no relógio?’
‘Não. ’ Dei de ombros.
, são 11:30 da manhã! Eu vim fazer almoço decente, porque sabia que se eu não estivesse aqui, você comeria qualquer coisa, em qualquer lugar, ou se entupiria de besteiras. ’ Ela disse dando uma de superiora.
‘Onze e meia? Nem parece que eu dormi tanto. Mas o que teremos de almoço, mãe?’
‘Idiota. Eu fiz macarronada, do jeito que você gosta. ’ Ela disse trazendo a travessa na mesa e tirando minha xícara e meu pão de mim na maior naturalidade.
‘Chega de comer café da manhã, podia ter levantado antes! Agora vai comer macarrão da . ’ Ela disse colocando macarrão no meu prato.
‘Eu vou ficar mal acostumado com isso. ’ Ela riu e eu lembrei que precisava falar com ela. Mas eu ia esperar mais um pouquinho. Terminamos de comer e eu ajudei ela a arrumar a cozinha. Estava chovendo e nós tivemos que ficar em casa assistindo a qualquer coisa na TV. foi passando os canais freneticamente até que deixou em um que tava passando um filme. SOS do Amor. Era tudo o que eu precisava agora, um filme romântico! E ainda de um melhor amigo que se apaixona pela melhor amiga. Tudo o que eu queria mesmo! Tentei prestar atenção no filme pra ver se ele me dava uma luz, mas foi em vão. O filme acabou lá pelas 7 horas e se encontrava super emotiva. Chorando. Como ela chorou em um filme daqueles?
‘Ai, acho tão lindo esse filme! Esse cara é o melhor amigo dela, e ele mostra pra todo mundo que ele ama ela, como ela não percebe?’
‘Nem sempre ela percebe. ’ Falei baixinho, mas ela ouviu.
‘O que você falou, ?’
‘Eu? Ah, não, nada não. ’ Ela me ignorou e voltou a falar sobre amigos que ficam juntos. Fomos pro meu quarto e ela se jogou na cama.
‘Sabe , eu queria que meu melhor amigo se apaixonasse por mim. ’ Só eu ou mais alguém notou uma indireta aí?
‘Talvez você não tenha percebido isso ainda. ’ Entrei na onda das indiretas, e ela percebeu.
‘Talvez eu percebesse se ele demonstrasse. ’ Ela olhou pra mim e sorriu.
‘Talvez ele não saiba como fazer isso. ’
‘Ele podia demonstrar com ações, nem precisa ser com as palavras. ’
‘Talvez ele ache que as ações completam as palavras. ’
‘Então, acho que ele devia falar. ’
‘Mas e se ele não tiver certeza que ela sente o mesmo?’
‘Ela sente. Eu sei que sente. ’ Eu sorri e encarei ela.
‘E se ele não souber o que falar?’
‘E se ele calar a boca e me beijar?’ Não sou tão lerdo quanto pareço, e entendi o recado. Beijei ela e eu pude sentir o que era amor de verdade. Eu senti que ela era minha. E ela sabia que eu era dela. Foi a melhor noite da minha vida porque foi com ela. Acordei no meio da noite e fiquei admirando-a dormir. Era linda. O jeito que o brilho da lua batia no rosto dela, o cabelo dela fora do lugar, o jeito que o colo dela se movimentava conforme a respiração, tudo isso deixava ela com uma aparência angelical. E eu a amava, a cada segundo que passava. Eu não me importava de acordar no meio da noite e ficar observando ela dormir. Na verdade, eu poderia parar o tempo nessa hora, só pra admirar o anjo que dormia do meu lado. O anjo que eu não queria perder nunca.
‘Por que ta me olhando?’ Ela perguntou sem abrir os olhos.
‘Porque você é linda. ’
‘Mas eu não gosto que me olhem dormir, você sabe disso. ’ Ela fez uma cara fofa.
‘Eu te amo. ’

N/a da May: Oi meus pequerruchos e pequerruchas, como vão vocês? Bom, maaais uma fic aqui! \o Espero que tenham gostado, porque eu gostei dela! E vamos aos agradecimentos de sempre: Prii, minha Poynter linda, obrigada pelas opiniões que você dá *-* te amo. Gabi, minha Fletcher linda, obrigada por falar sua sincera opinião sobre as fics, me sinto privilegiada de ouvir você elogiando elas. Te amo também. Queria agradecer a Jess, minha faveladinha linda Jones, que, mesmo não escrevendo e morando a milhas de mim, me ajudou com o final e acabou sendo a autora também, então, palmas pra Jess! *clap clap clap* À minha betinha, que ta lá, fiel e companheira. Obrigada Cah :D te amo também. E por fim, o Danny sempre. O que eu posso dizer? Se qualquer coisa que eu disser, vai ser pouco pra tanto. Eu te amo. E era isso, obrigada a você lindinha que leu, espero que você seja feliz. Não usem drogas, e obedeçam seus pais. Beijos.

N/a da Jess: Bem, como co-autora dessa fic, sei que pareço bem suspeita pra falar, mas... acho que realmente todos que lerem vão gostar mesmo! Mas enfim, devo agradecer a dona May Brito, minha Jones linda do coração, por ter me dado a oportunidade de tacar meu pozinho mágico aqui –Não tão mágico quanto o do Tom sobre as músicas do Danny, mas isso não vem ao caso!-, mesmo que tenha sido no final da fic. De qualquer forma, me sinto lisonjeada pela confiança dela em mim, uma vez que me foi dada a honra de ajudá-la numa fic. Meu Deus, ela vai se sentir muito, eu sei. Amo você, xuxuzinha minha! E por último, mas não menos especial ou importante, agradecer a um tal de Danny Jones. Por ele ser a inspiração dos meus dias e tornar tudo mais fácil, se eu apenas pensar nele. Eu te amo, Dan! Acho que é só. BeiJones, bonitos e bonitas! Bom dia/tarde/noite :*

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