A inocência de uma vida
Escrito por Nathy Kimus
Betada por Japeka



Cap 1

Meu nome é , fui criada em um convento, depois disso, minha vida nunca mais foi a mesma.

O choro do bebê recém-nascido inundava o silêncio da sala da casa. Era numa cidade do interior, carroças e cavalos circulavam pelas ruas de pedra, havia algumas casas, algumas lojas, um hospital, um convento e uma igreja. Mais na periferia da cidade, algumas fazendas.

O ano, bem 1920. As pessoas passeavam calmamente pelas ruas de pedra, os comerciantes eram simpáticos e cordiais, os rapazes usavam terno e gravata para sair, as moças vestidos longos, chapéus e luvas até o cotovelo. As crianças da pequena escola vestiam saias e gravatas, coletes de lã e blusas de manga comprida, calças, sapatos sociais e meias ¾ brancas. Brincavam de peão, bola e boneca na rua. Naquela época, as mães ficavam dentro de casa, não trabalhavam fora e em hipótese nenhuma freqüentavam bares e saíam sozinhas. Os homens trabalhavam, bebiam e as vezes voltavam para casa. Naquele dia, 23 de janeiro de 1920, uma pequena criança, inocente, pura mas condenada por ser fruto de uma paixão proibida, uma obsessão, nasceu. Um desejo incontrolável, que quase lhe custou a vida, 9 meses antes aconteceu.

Harold Judd, banqueiro, rico, casado, casa boa e uma reputação melhor ainda, se apaixonou por , casada, marido rico, juiz da cidade grande, conhecida como ser uma mulher muito atenciosa, muito inteligente e muito bonita. Esse amor proibido deu origem a uma menininha, cabelos pretos como o pai e olhos verdes como a mãe, seu nome .

- Harold, não podemos abandoná-la! - aquela mulher de vestido verde e véu no rosto para não ser reconhecida, falava a meia noite do dia 24 de janeiro de 1920, com um homem alto, moreno, imponente e muito bonito.
- É, eu sei, estou ciente dos riscos, mas ou é isso ou é a morte, pois senão vamos salvar a criança, mas quem nos salvará? - o homem falava apreensivo, com uma expressão de medo em seu rosto iluminado pela luz da lua.
- Bom, se é assim então, amanhã após a última amamentação da criança leva-a e deixe-a no convento. - a mulher falou, chamou uma carruagem que estava ali perto, entrou e se foi, deixando o homem sozinho.

No dia seguinte como combinado, após a última amamentação, um homem apareceu e levou a criança enrolada em fronhas de pano, dos braços da mãe, até a porta do convento. Ele colocou a criança que agora dormia no chão com uma carta em mãos, bateu na porta e se foi para sempre.

- Oh! Santo Deus. Que barbaridade largar tal anjinho na rua e com uma carta.
Caras irmãs, deixo em seu convento minha filha , pois não tenho condições de cuidá-la, por favor acolham-na.
A irmã levou a pobre criança para a sala do convento, pegou seu sino e chamou as outras irmãs.
- Sim Madre? - quatro irmãs apareceram na sala, três já idosas e a quarta nem tanto. A Madre explicou com certa apreensão em sua voz o ocorrido, as irmãs agora chocadas, chegaram perto da criança e a observaram da cabeça aos pés, uma criança vítima de uma obsessão, de um pecado.

***


12 anos depois...

- Parabéns minha filha! Que Deus te abençoe nessa vida! - a Madre parecia empolgada, era o aniversário da menina do convento como era conhecida na cidade. Ela estava fazendo 12 anos, era dia 25 de janeiro de 1932. As irmãs fizeram um bolo, alguns salgadinhos e alguns docinhos, para dar de presente para a xodó do lugar.

Por 12 anos as freiras cuidaram da pequena , que agora estava mais bonita que antes, cabelos pretos caíam ondulados em seus ombros, sua boca bem desenhada e seus olhos verdes, combinavam perfeitamente com seu rosto.

- Obrigada Madre, agradeço a festinha que vocês fizeram para mim. - a linda menina dizia com um sorriso no rosto que ia de orelha a orelha e que contagiava a todos.
- Mas não é só isso minha querida! - a irmã mais nova piscou para a Madre. A menina percebeu e se virou para encarar a mesma.
- Bem, as irmãs fizeram a festinha e eu resolvi lhe dar algo para você recordar sempre em que você olhar. - a menina observou a Madre pegar um embrulho de presente atrás dela, em uma mesinha. Ela entregou a menina, que logo já estava com o anel de ouro e brilhantes na mão. olhou o anel e o colocou no dedo. Ela nunca tinha visto um anel tão lindo, ficou tão feliz com o tal presente que pegou a Madre de surpresa com um abraço que quase a derrubou.
- Muito obrigada Madre! Não sei como lhe agradecer por esse presente, só digo que lhes amo muito. Vocês são a minha família para sempre! - a menina beijou cada uma das freiras.

* * *


- Bem Madre, o que vamos fazer? O convento vai fechar e nós vamos para outro na cidade, mas não aceitam a menina. - a irmã mais nova perguntou, já eram 21:00 da noite e todas as outras irmãs já haviam se recolhido para seus aposentos.
- Bem, não posso fazer nada quanto ao convento, mas posso lhe garantir irmã , que a menina não vai ser jogada na porta de ninguém, como seus pais fizeram com ela há 12 anos atrás. O que posso fazer é mandá-la para o orfanato local. Quando ela fizer 18 anos, vai poder sair e seguir seu caminho. - a Madre estava demonstrando muita calma e autocontrole, mas por dentro, ela estava se desmanchando em lágrimas, que ela insistia em segurar. era como uma filha para as irmãs e principalmente para a Madre, era a filha que elas nunca tiveram. A Madre , se aproximara muito da menina desde 12 anos atrás, ela não estava preparada para deixá-la em um orfanato e talvez nunca mais vê-la.


Cap 2

O sol nem havia aparecido, quando a Madre acordou o convento para a reza da manhã, antes do café.
- Irmã ? - a menina de cabelos pretos e olhos verdes perguntou para a irmã ao seu lado. - O que a senhora e a Madre estavam conversando ontem?
- Bem minha filha, nada de mais, só que você estava crescendo rápido. - ela falou com certa suspeita em sua voz.
- Só isso? Então por que não falou com as outras irmãs? - a menina parecia desconfiada, ela sempre soube que algo estava errado desde seus 11 anos. Ela estava certa.
- Hã... Olha, vamos rezar agora, depois falamos disso. - elas se sentaram em um banco dentro de uma pequena capela, que tinha alguns santos, alguns bancos, um altar e uma cruz bem no alto da parede. A menina pensava, por que Jesus tinha sofrido tanto. A irmã , era muito íntima dela e era uma mulher muito inteligente. Sempre pesquisava os segredos escondidos atrás das palavras do livro sagrado, a bíblia. Ela havia descoberto que Maria Madalena não era uma prostituta e sim uma provável esposa de Jesus e que provavelmente os dois tenham tido uma filha, uma menina chamada Sara, a Santa Sara, a santa dos ciganos. Havia descoberto também que esse poderia ter sido um dos motivos para ele ser apedrejado, chicoteado e crucificado.

O que não entendia era por que um homem tão inteligente como ele, tão amoroso com seu povo, seus irmãos, filhos do mesmo pai, fosse tão castigado, como os seus irmãos puderam ter feito isso com ele. Ele só desejava duas coisas, que as pessoas o ouvissem e que entendessem o que ele queria dizer, nada de mais, nada que deixasse um povo em risco. O amor que ele sentia por esses seus irmãos era muito grande, mas seus irmãos não acreditavam nele. Mas um dia, ele encontrara alguém que o ouvia, que acreditava nele, que o entendia e o amava mais que tudo. Ele reconheceu esse amor e desse amor surgiu sua filha.

O convento onde vivia, não aceitava contestações na bíblia e não acreditava em nada que não estivesse escrito nela, mas a irmã não aceitava só aquelas explicações para tudo, ela queria saber mais e foi pesquisando em livros antigos. Um dia, ela achou um livro escrito por um homem cuja a fama por ser pintor, inventor e cientista, era muito grande, mas seu maior dom, não era reconhecido, pelo contrário, perseguiam ele por ter esse dom. O dom de ser incrivelmente inteligente, mas não por isso que era perseguido, por ele ser incrivelmente inteligente, ele virou um visionário que contestava tudo e todos, principalmente a igreja católica. Suas idéias e suas opiniões eram mostradas em suas pinturas, pois ele não tinha liberdade de expressão, se ele opinasse contra a igreja, seria perseguido e morto. Seu nome, Leonardo Da Vinci.

A menina se lembrou do motivo de estar na capela com as outras irmãs e começou a rezar, deixando certos pensamentos de lado. Quando as irmãs terminaram suas rezas, a irmã foi fazer o café da manhã das outras irmãs. Assim que ela terminou, tocou o sino para chamar as outras freiras. Elas agradeceram a Deus por terem comida para sobreviverem e comeram. Quando acabaram o café, foram para suas atividades diárias, a irmã fez a limpeza do convento, a irmã cuidou de preparar o almoço, a irmã foi cuidar das roupas das outras irmãs e a irmã e cuidavam do jardim e da horta do convento. A Madre cuidava de assuntos do convento em seu escritório. No final do dia, as irmãs jantaram e foram se deitar em suas celas, menos duas.

- Madre, está desconfiada, pois nos viu ontem conversando. - irmã apareceu na porta do escritório da Madre .
- Recebi uma carta hoje. Do bispo, comunicando que devemos sair o mais rápido possível do convento, até o fim dessa semana. - a Madre olhou para a janela e parecia ter se perdido em pensamentos.
- Quando iremos contar a ela?
- Amanhã e não só a ela, mas às outras irmãs também. - a irmã pediu licença e se retirou para sua cela, quando estava já dentro dela, uma voz a chamou.
- Irmã? Será que a senhora poderia me responder uma coisa? - estava parada na porta da cela da irmã com um castiçal e dentro dele, uma vela acesa.
- Claro minha filha, o que quiser. - a irmã tinha um sorriso educado no rosto, estava com um olhar calmo.
- O que a senhora e a Madre estavam falando ontem?
- Na... Nada querida, só aquilo que te falei hoje de manhã. - seu sorriso havia desaparecido, mas seu olhar continuava calmo.
- Pode me contar irmã, sei que não é isso. - sentara na cama com a freira.
- Nada, você vai saber amanhã. Agora por favor, vá se deitar, já está tarde. Tenha paciência. - a menina se levantou e se foi para sua cela. A irmã apagou sua vela, mas demorou um pouco para pegar no sono, estava pensando em como seria o futuro da menina em um orfanato. Elas eram muito íntimas então para a irmã , seria mais difícil de se conformar com a idéia, mas ela sabia que não havia outro jeito de salvar a menina.


Cap 3

No dia seguinte, já antes do sol nascer, as irmãs já estavam de pé em sua reza matinal, quando acabaram foram tomar café da manhã, o último delas juntas.
- Irmãs, antes de agradecermos a Deus pela comida que comemos, tenho um comunicado importante. - as irmãs agora prestavam mais atenção do que antes. - Bem, recebi uma carta do bispo ontem e ele quer que deixemos o convento até o fim dessa semana e que vamos para um outro na cidade. - as irmãs estavam chocadas com a notícia, não esperavam deixar aquele convento. Uma voz chamou a atenção de todas as outras irmãs, uma voz que vinha de trás da irmã .
- Madre, com licença, mas e eu? O que será de mim? Vou para esse convento com vocês? - a menina olhava de um jeito muito comovente para ela. Os olhos da Madre se encheram de lágrimas, mas ela mais uma vez as segurou.
- Não minha filha, esse convento, infelizmente não aceita crianças, não podemos levá-la conosco. Então seu destino será outro. - ela parou por alguns segundos para recuperar a calma e logo voltou a falar. - Você... você vai para o or... orfanato sinto muito. - a Madre deixou a sala, deixando a menina com as outras irmãs. estava paralisada, completamente fora de si, as irmãs falavam com ela, mas ela não respondia, seus olhos estavam embaçados por conta de lágrimas, ali, prontas para cair em seu rosto. Ela estava completamente descorçoada. As irmãs ajudaram-na a sentar, pois ela estava gelada e tremendo. Tentavam fazê-la responder suas perguntas, mas ela não ouvia mais nada, ela só olhava para o anel que a Madre lhe dera.

* * *


- Madre? - a irmã batia na porta do escritório de Madre que estava sentada em sua cadeira de couro, se desmanchando em lágrimas. A Madre não respondera ao chamado. - Madre?
- Sim irmã? Posso lhe pedir que me deixe sozinha por um momento? - a Madre falava entre soluços.
- Claro, claro Madre. - a irmã se fora e a Madre só conseguia pensar em uma coisa. Quando havia dito sua primeira palavra.

Flashback

- Irmã, vá pegar a tina com água quente para eu banhar a , por gentileza? - a Madre com a menina no colo, pediu a irmã que logo saiu para pegar a tina com água, uma fralda e uma toalhinha para banhar a menina. adorou o banho, batia as perninhas e os bracinhos, jogava água para todo o lado toda sorridente.
- Olha só, como ela é linda Madre! Como alguém teve coragem de deixá-la? - a irmã dizia, encantada com a menina.
- Não sei irmã, mas agora nós vamos ser suas... - a Madre parou de falar e olhou para o bebê um pouco espantada.
- Ma... Mamã.
- Ma... Mamãe? Ela disse mamãe? - a Madre perguntava para a irmã ao seu lado, já começando a sentir as lágrimas invadindo os seus olhos.
- Mamã! - a menina dizia olhando para a Madre e esticando os seus pequenos bracinhos para ela. A irmã a pegou e a abraçou muito emocionada, (uma vez que é proibido, irmãs de caridade externar Sentimentos). A Madre acabou deixando duas lágrimas escorrerem de seus olhos.

End Flashback

A Madre chorava desesperadamente, mas sabia que se quisesse ver sua menina em segurança, teria que deixá-la no orfanato.

* * *


- Como ela está, irmã ? - a irmã havia voltado para a sala, para saber como a menina se encontrava.
- Não está muito bem irmã, não parava de chorar então a irmã achou melhor levá-la para sua cela e tentar acalmá-la.
- Obrigada irmã. - a irmã subiu rapidamente as escadas que davam para as celas das freiras. Abriu a porta da cela de e a encontrou deitada, já sonhando e a irmã , sentada ao seu lado rezando.
- Irmã? - a irmã parou de rezar e voltou sua atenção a irmã . Ela por sua vez percebeu o olhar apreensivo e os olhos vermelhos e inchados da freira a sua frente, de tanto chorar. - Pode ir agora, eu cuido dela. - a irmã apenas assentiu, se levantou e saiu sem dizer nada. A irmã sentou-se ao lado da menina que dormia, acariciou suas bochechas e tirou uma mecha de cabelo preto de cima de seus olhos. Ficou algum tempo em silêncio, só a observando, depois pegou seu terço e começou a rezar. Quando acabou, resolveu arrumar a mala da menina para ela. Eram poucas roupas, apenas as roupas que a Madre havia lhe dado durante 12 anos. A menina partiria para o orfanato no dia seguinte, junto com as outras irmãs, as irmãs a acompanhariam até o orfanato e depois seguiriam de carruagem até o convento na cidade.
Na hora de deixar o lugar, irmã deu-lhe um endereço.

- Não esqueça de escrever. Me conte tudo o que você passar minha filha.
- Não esquecerei irmã. - a menina soluçava. A irmã limpou suas lágrimas e se foi.
- Que Deus a abençoe e que te acompanhe sempre, meu amor. Você vai estar sempre no meu coração. - a Madre estava se segurando para não deixá-la ir.
- Madre, muito obrigada, por tudo o que a senhora e as outras irmãs fizeram por mim. Nunca vou me esquecer de vocês. Assim que sair do orfanato, vou visitá-las. - a menina abraçou a Madre com força, a Madre a soltou e a acompanhou até a porta do orfanato onde o diretor, o senhor Fletcher, a esperava.


Cap 4

- Olá, você deve ser a , estou certo? - ele a recebeu com um sorriso simpático.
- Sim senhor. - ela respondeu meio tímida.
- Bom , vamos entrar para eu lhe mostrar o orfanato e o seu novo quarto. – ela apenas assentiu com um sorriso educado e o seguiu. Ela entrou em um corredor com algumas portas e logo saiu em uma sala cheia de mesas com toalhas brancas.
- Bem, essa aqui é a nossa cozinha, você sentará nessas mesas todos os dia para o café, que é as 6:00 da manhã, para o almoço ao 12:00, para o lanche da tarde as 16:00 e para o jantar as 19:00 horas. - ele apontou para quatro mulheres de meia idade, que estavam dentro da cozinha, com aventais sujos e com feições cansadas. - Aquelas senhoras, são nossas cozinheiras. - ele continuou andando e ela o seguiu até um pátio cheio de meninas de todas as idades, vestidas da mesma forma, camisa de manga comprida, saia azul longa até abaixo do joelho, meia ¾ brancas, sandálias pretas fechadas e uma boina na cabeça, também azul.

- Aqui é o nosso pátio, onde as meninas ficam antes das refeições, elas podem escolher se querem ficar aqui com as outras, ou no quarto delas. Elas usam as mesmas roupas pois é o nosso uniforme, acho que não tenho mais nenhum para lhe dar então até chegarem, você usa as suas roupas mesmo. Mais tarde apresento você as suas colegas de quarto, espero que você não arranje confusão com elas. Elas não são acostumadas com o jeitinho das freiras. - ele deu uma risadinha. - Bom vamos andando. - a menina abaixou a cabeça e continuou seguindo o homem. Eles subiram uma escada de madeira e chegaram a um corredor cheio de portas.

- Bom, esses são os quartos, você vai ficar no quarto 3. - ele abriu a porta do terceiro quarto e o mostrou a menina, era um quarto grande, 5 beliches e um colchão no chão perto da janela. - Aqui, você deve ter visto que tem um colchão no chão, é para você porque os outros quartos já estão lotados, você vai ficar aqui dormindo no colchão perto da janela. – ele mostrou os outros cinco quartos, eram iguais ao número três, só não tinham um colchão no chão. Ele abriu uma porta do lado da escada.

- Esse é um dos banheiros, temos outros dois, são duas portas a esquerda, aqui nos banheiros tem fila para tomar banho e fazer sua higiene. A única coisa que você não vai dividir com as outras meninas, é sua escova de dente, cada uma tem a sua, o resto é de todas. O horário em que vocês acordam é 5:30 da manhã. Até as 5:59 vocês fazem suas higienes, sugiro que acorde antes desse horário, porque se não ou você fica sem café da manhã ou não faz suas higienes, porque as 6:00 é hora do café, se você não estiver lá as 6:01 você não come mais, somos muito pontuais e muito rígidos quanto aos horários. Entendeu tudo, meu bem? - ele se voltou para olhá-la ela, estava de cabeça baixa e respondeu baixo:
- Sim senhor.
- Ótimo e você coloque seus pertences no seu quarto e desça para o almoço e não se demore, porque quero você lá embaixo ao 12:00, lembre-se 12:01 você não come mais. O banho das menina é as 18:00 até as 18:59 é um banho por dia. Entendido?
- Sim senhor. - ela continuava de cabeça baixa.
- Que bom, te vejo lá em baixo. - ele desceu as escadas e deixou a menina sozinha no corredor, ela pegou sua mala e a levou para o seu quarto, ela colocou sua mala marrom ao lado de seu colchão e a abriu. Havia em cima cinco presentes. Ela pegou o menor. Um livro de cantos e uma partitura de duas canções sacras para órgão. Havia dentro do livro uma dedicatória:

Para a minha querida anjinha, quero que você aí no orfanato, cante e toque o que eu lhe ensinei. Que Deus e Nossa Senhora lhe acompanhem. Com amor, Irmã

Ela colocou o livro e a partitura em cima do colchão e pegou o próximo presente. Uma bíblia, com um lenço, no lenço ela via sua inicial bordada... Na bíblia também havia uma dedicatória.

Essa bíblia será para quando você se sentir sozinha. Leia-a e se sentirá melhor. Sempre tenha Jesus no coração.
Irmã


O próximo presente era um livro de salmos e um terço, no livro também havia uma dedicatória.
Minha filha, fique com Deus e que ele siga seus passos e te proteja de todo o mal. Irmã

O penúltimo presente era um livro de romance, Romeu e Julieta e um crucifixo pequeno de madeira.
Minha querida, se você se sentir sozinha, lembre-se que Romeu deixou Julieta, mas foi só por um tempinho. A mesma coisa conosco, é só por um tempinho. Não se esqueça de escrever. Fique com Deus.
Irmã


A menina deixou algumas lágrimas caírem, mas pegou o último presente, era uma boneca de porcelana, usava um vestido rosa e um chapéu rosa combinado com o vestido, tinha cabelos loiros e cacheados. Havia também uma carta.
Eu lhe dou essa boneca, como um presente para uma filha que está no meu coração, rezei, rezo e vou continuar rezando por você minha filha. Nós amamos você.
Madre


A menina sentiu novas lágrimas inundado seus olhos. Olhou para o relógio na parede do quarto, 11:57. Ela deixou suas coisas no seu colchão e desceu as escadas rumo ao pátio. O diretor a viu passando e a chamou.
- ? - ela parou e se voltou para uma porta entreaberta no corredor - Ótimo, que bom que desceu antes de 12:00, vamos conhecer suas novas colegas. - o diretor se levantou e foi ao encontro da menina. Ele andou com ela atrás dele o seguindo, até a cozinha. Ele chegando lá olhou o relógio 12:00.
- Cozinheira, pode chamar as meninas para o almoço. - a cozinheira tocou um sino avisando as monitoras que deveriam chamar as crianças. Logo elas chegaram e se sentaram em suas mesas, assim que elas sentaram, o diretor começou a falar.
- Crianças, temos uma nova órfã aqui no nosso orfanato, essa é a , ela veio de um convento e vai ficar aqui conosco. Ela está no quarto 3. , vá para a sua mesa. - a menina abaixou a cabeça e se sentou na terceira mesa, ignorando os comentários das outras meninas.
- Ótimo! Cozinheiras? Podem levar a comida para as meninas. - o diretor falou e se foi, logo em seguida as cozinheiras serviram as meninas.
Assim que foi servida, ela já começara a comer, mas antes de colocar a colher na boca, sentiu algo quente em sua roupa, quando olhou para seu vestido, viu a comida nele e ouviu algumas risadas vindas das meninas.

- Nossa, escapou da minha mão. - uma menina, alta, forte, cabelos desgrenhados e dentes tortos falou dando risadas da mancha marrom no vestido da menina. - A propósito, meu nome é . - Após o término do jantar, e as outras meninas do quarto de , subiram correndo para o quarto, a menina demorou um pouco, porque foi conhecer as monitoras. Quando ela subiu para se deitar, encontrou suas coisas todas remexidas e alguns livros rasgados, haviam rasgado também o lencinho que a irmã lhe dera. era uma menina má, a maldade estava estampada em seus olhos, ela era mentirosa, aproveitadora, fofoqueira, vingativa, uma pessoa feia por dentro e por fora, olhar nos olhos dela dava arrepios, tinha pensamentos maquiavélicos e os colocava em prática, sempre em benefício próprio. A pessoa que ela mais gostava de prejudicar e ridicularizar era , por conta de sua beleza, inteligência e inocência. era muito invejosa, e tinha inveja de , por ela saber ler, escrever, cantar e tocar órgão. chorava muito pelos cantos, sentia falta das irmãs e se alguma menina do grupo de a visse chorando, contavam a ela e ela armava mais algum castigo para a pobre . Isso se repetiu por 6 anos.


Cap 5

6 anos depois...

- , hora de acordar, arrume aí as suas tralhas, você vai embora hoje. - a monitora a chamou, ela estava com 18 anos e podia sair do orfanato. Ela agora iria seguir sua vida em paz. Assim que a monitora bateu a porta, ela se levantou e começou a rezar agradecendo a Deus que ela ia sair daquele inferno que era o orfanato. Ela, assim que acabou de rezar, arrumou suas coisas e escreveu uma carta para a irmã .

Irmã ,
Hoje eu saio do orfanato, não estava mais agüentando ficar aqui, e agüentar as brincadeirinhas da e sua turma, como molhar meu colchão e eu ter que dormir no chão de madeira duro e frio. Também não agüentava mais os castigos que eu levava por coisas que a fazia e colocava a culpa em mim, sendo que eu não tinha feito nada. Mas agora isso acabou e vou sair e trabalhar para juntar dinheiro para ir visitá-la.
Com carinho,


Assim que terminara de escrever a carta para a irmã , pegou suas coisas e desceu pela última vez a escada do orfanato. A monitora a acompanhou até a porta, juntamente com o diretor, o senhor Fletcher.
- Sentirei sua falta, . - ele dizia com uma cara de tristeza bem falsa no rosto.
- Adeus senhor Fletcher. - ela disse, desceu as escadas da entrada e saiu pelo portão. Ela estava feliz demais, ela passou e colocou a carta no correio. Depois saiu saltitando pela rua até uma casa, para pedir emprego. Era uma casa grande, verde clara, com portas de vidro. Ela bateu na porta e uma senhora a atendeu.
- Sim, posso ajudá-la? - a senhora perguntou com um olhar de superioridade para a menina.
- Sim senhora, tenho 18 anos, não tenho família aqui na cidade e gostaria de saber se a senhora tem algum emprego para mim, como governanta ou cozinheira, qualquer coisa. - a mulher olhou a menina de cima a baixo e começou a rir.
- Você acha mesmo que eu daria emprego a uma menina nova e tão bonita quanto você para você depois roubar o meu marido e eu ficar falada na cidade? Acho que não menina. - a mulher bateu a porta na cara da garota. agora estava muito desapontada, mas continuou procurando, bateu em várias casas e era sempre a mesma coisa.
“Não quero perder meu marido, tenho família e se te der emprego, você vai estragar tudo o que conquistei.” Ou “Saia, antes que meu marido chegue e te veja, você é muito bonita para trabalhar aqui.”

Todas as vezes a menina deu com a cara na porta. Começara a escurecer e a menina, que já era moça, acabou adormecendo no banco da praça. No dia seguinte, ela continuou batendo de porta em porta e nada havia mudado, as respostas eram sempre as mesmas. Quando já estava quase anoitecendo ela fez sua última tentativa. Era uma casa grande e bonita, branca, com portas grandes e pesadas de madeira. Ela bateu na porta ainda com uma pontinha de esperança de conseguir o emprego, começara a chover e como a rua não era asfaltada, logo se formaram poças de lama.

- Sim, pois não? - uma mulher jovem e bonita atendera a porta.
- Senhora, por favor, eu tenho só 18 anos, minha família mora em outra cidade e preciso muito ir visitá-los, será que a senhora não teria nenhum emprego provisório para mim, até eu juntar o dinheiro para viajar para visitar meus familiares? - a menina estava com um olhar triste e quase sem esperança. Estava suja e com fome, não comia há dois dias.
- Menina, eu sou casada, tenho marido e um filho para criar, não quero que o meu filho cresça sem pai, porque o pai dele teve um caso com a empregada. Sinto muito. - quando ela ia fechar a porta a menina a segurou.
- Senhora, por favor, ninguém quer me dar emprego, a senhora é a minha última esperança, fui criada em um convento, não vou roubar o marido da senhora, só preciso arrumar um jeito de visitar minha família. - a mulher em um rápido movimento jogou a menina no chão que caiu em uma poça de lama.
- Como ousa encostar a mão em mim? Você acha mesmo que eu vou arriscar perder meu marido e meu filho? Passar bem menina. - ela fechou a porta e a menina começou a chorar, chorava muito. Lembrou-se das irmãs, como elas ficariam felizes em vê-la novamente. Se levantou e começou a andar. Ela parou quando viu uma banca de frutas na calçada e seu estômago começou a roncar após ela ver lindas maçãs vermelhas.
- Senhor? O senhor é o dono da banca de frutas? - ela perguntou para um senhor de cabelo branco e gordinho. Ele usava um avental branco com listras vermelhas.
- Sim, sou eu mesmo. Vai querer alguma fruta? - ele perguntou olhando a menina toda cheia de lama.

- Não senhor, não tenho dinheiro para comprar frutas, mas estou morrendo de fome, será que o senhor me daria uma maçã? Estou sem comer desde ontem. - ele começou a dar risadas da pobre moça.
- Sinto muito, mas se quiser a maçã vai ter que pagar por ela. Não vendo fiado nem para mim mesmo.
- Por favor senhor, saí do orfanato ontem e estou faminta, não comi nada ontem nem hoje e não tenho dinheiro para pagar a maçã. - ela o olhava com cara de fome e frio.
- Olha moça, a sua vida não me interressa, se você quiser alguma fruta, vai ter que pagar por ela, se você não tiver como pagar, trabalhe e quando tiver o dinheiro volte aqui e compre. Agora me deixe em paz, tenho clientes para atender. - ele se virou e começou a atender uma senhora que comprara laranjas. A menina então, pegou a maçã e saiu andando, o homem se virou e a viu com a maçã nas mãos e começou a correr atrás dela.
- Ei menina, volte aqui com essa maçã agora. - ela começou a correr, mas como estava cansada e fraca o homem a alcançou facilmente. Ele arrancou a maçã de suas mãos e disse:
- Sua ladra, nunca mais chegue perto da minha banca de frutas entendeu? Onde já se viu roubar maçãs agora. - o homem a empurrou e ela caiu na calçada, ela sentou e começou a chorar. Por um momento sentiu falta do orfanato, ela podia até ser castigada e sofrer com as brincadeirinhas das outras meninas, mas pelo menos tinha comida e não passava frio. Um tempo depois, um padre que saía da igreja a avistou e a viu chorando.
- Moça? O que houve? Porque choras assim? Vamos, eu te levo para casa, onde você mora? - o padre era muito educado, era um padre jovem, bonito. Moreno, cabelo cacheado e olhos azuis.
- Eu... Eu não tenho casa, saí do orfanato a dois dias atrás, fui procurar emprego, mas ninguém quis me dar uma chance, agora estou com fome e suja de lama. - o padre a ouvira atentamente.
- Vamos, eu cuido de você, venha entre na igreja. - ele se levantou e estendeu sua mão para ajudá-la. Ela o olhou e ele retribuiu o olhar com um sorriso. Ela se levantou. - Vamos comer, qual é o seu nome? - ele perguntou educado.
- .
- Bem , meu nome é Daniel, Daniel Jones, ou padre Jones. - após comerem, ela lhe contou sua história. Ele se comoveu ao ouvi-la.
- Bem , como sou novo aqui na igreja, estou precisando de uma zeladora, se você aceitar, poderá ganhar algum dinheiro, para comprar a passagem que tanto deseja e também terá casa e comida, poderá morar aqui comigo na igreja. Aceita?
- Claro padre. Era o que eu estava precisando, de um emprego, de uma casa e comida. Aceito ser a zeladora. - ela disse com um sorriso enorme de satisfação no rosto.


Cap 6

O tempo foi passando e e o padre Jones ficaram muito íntimos. já contara para ele sobre a irmã . Ela mandava cartas semanais para a irmã contando o que estava acontecendo. Ela já sabia que trabalhava com um padre e que estava juntando dinheiro para ir visitá-la. Até que um dia, eles estavam tomando café juntos como sempre faziam, e pegou na mão do padre, ele rapidamente a afastou.
- Me... Me desculpe Daniel. Foi sem querer. - ela estava vermelha de vergonha.
- Tudo bem . - cada dia que se passava eles se aproximavam mais e isso começou a acontecer mais vezes até o dia do primeiro beijo.

acordara, se vestira e tomara café com o padre. Logo depois, começou a missa e com ela a trocar olhares com o padre, mas ele os rejeitava, após o término da missa ela saiu correndo para o cemitério da cidade, atrás havia um campo de flores, muito bonito, cheio de árvores e plantas maravilhosas. Ela sempre ia até lá para pensar, mas naquele dia, ela não ia lá para pensar e sim para se esconder do pecado que acabara de cometer. Ela se sentou embaixo de uma árvore. Logo depois ela sentiu alguém sentando ao seu lado, mas sabia quem era e resolveu não encará-lo.

- , o que houve? - ela começou a sentir lágrimas escorrendo de seus olhos. - Por que choras? - o padre parecia preocupado.
- Eu pequei padre, mas esse pecado não tem volta, não posso concertar.
- Que pecado ? Todos eles tem volta.
- Não, esse não tem volta, eu me apaixonei, só que esse amor é proibido, não pode em hipótese nenhuma acontecer. - o padre e ficaram em silêncio por algum tempo. Ele quebrou o silêncio.
- Eu também pequei , o mesmo pecado que você, me apaixonei, mas eu sou um padre, vou ser excomungado se descobrirem. Mas estou ficando louco, não posso mais controlar. É inevitável. - ela agora olhara para o padre pela primeira vez desde que estavam sentados e vira os seus olhos, eles estavam agoniados.
- Quem é padre? Por quem você se apaixonou? - ele pegou a mão dela, aproximou seu rosto do dela e a beijou. Foi um beijo muito intenso, suas línguas se movimentavam ritmadas. Era um beijo incontrolável. Depois de alguns minutos ele separou os lábios dos dela.
- Você. Foi por você que eu me apaixonei. - ele grudou seus lábios novamente nos dela.

A partir daquele momento, ela e ele não conseguiram mais segurar o amor intenso que batia em seus corações. Eles começaram um caso proibido nos cantos da igreja. contara a irmã sobre seu caso com o padre. A irmã lhe avisara para tomar cuidado, porque eles poderiam ser até mortos pela igreja. Eles tentavam tomar cuidado, o padre era muito cuidadoso, mas os moradores da cidade já haviam percebido que eles trocavam olhares no meio da missa e a missa às vezes demorava horas para começar, o padre já não saía mais na rua, só para comprar comida. O amor deles durou até eles irem longe demais.

- , preciso de você, meu corpo tem sede do seu, sei que é o pior pecado que posso cometer, mas não ligo, só preciso de você, porque sem você meu corpo não esta completo.
- Eu também Daniel, preciso de você. Muito. - ele a beijou intensamente. Os dois dormiram juntos aquela noite.
2 meses depois, descobrira que estava grávida.

- Daniel? Tenho uma notícia. - ele estava de costas para ela, agora se virara, estava segurando um copo de vidro.
- Eu... Eu estou grávida. - Daniel deixara o copo cair e ele se despedaçara em mil pedaços.
- Co... Como assim ? Grávida?
- Sim Daniel. O que faremos agora? - ele colocara a mão na cabeça e andara de um lado para o outro, estava aflito.
- Santo Deus, ! Não posso ser pai, eu sou um padre. - ele se sentara em uma cadeira de madeira. - Não quero deixar minha batina agora. - ela se sentara ao lado dele e segurara sua mão.
- Podemos esconder a gravidez por um tempo, Daniel.
- Vão perceber , já desconfiam de nós.
- Vamos conseguir.
naquela noite escrevera uma carta para a irmã .

Irmã ,
Tenho uma notícia, vou ser mãe, estou grávida de Daniel. Uma criança, filha de um padre cresce dentro de mim. O que eu faço?

Algumas semanas depois a resposta da irmã chegou.

,
Dou-lhe esse endereço, leve-o até lá e pegue esse livro: Os segredos do livro sagrado, página 54.
Rua Doutor Morais de Almeida nº33.
Boa sorte, irmã .



Cap 7

A menina levou o padre até o tal endereço e achou o livro.
- O que é isso ? Os segredos do livro sagrado de Leonardo Da Vinci? - ele parecia desconfiado.
- Abra-o na página 54, Daniel. - ele o abriu e começou a ler. O livro falava especificamente naquela página, do romance de Jesus com Maria Madalena. O padre terminou de ler o livro e eles voltaram para a igreja. O padre depois de dois dias, tinha refletido muito sobre o livro e resolveu sair de manhã bem cedo da igreja, ainda dormira.
- Tem certeza, padre Jones? O senhor tem mesmo certeza de que quer largar a batina e a vida religiosa? - o bispo perguntara.
- Tenho sim senhor. O que eu preciso fazer para largá-la?
- Primeiro me dar um bom motivo para eu autorizar você a largar a vida religiosa, se o motivo for convincente eu o autorizo.
- Bem bispo, eu quero deixar a igreja, porque eu... - ele hesitou um pouco, mas tomou coragem e continuou. - eu vou ser pai.
- Como é? Você vai ser... PAI? - o bispo estava assustado e espantado ao mesmo tempo.
- Sim bispo, eu vou ser pai.
- Mas isso é um sacrilégio, como isso aconteceu? - o padre estava um pouco envergonhado, mas contou a história de , e como a conheceu.
- Bem, eu estou admirado com uma menina que foi criada em convento e sabe das nossas leis e mesmo assim te seduziu. - Daniel agora estava aborrecido.
- Não bispo, ela não me seduziu, foi amor. E quero largar a igreja por ela e pelo meu filho que ainda vai nascer.
- Estou sem palavras padre, sincera e honestamente, nesses anos todos que eu sou bispo, nunca vi coisa igual. Bom, você poderá largar a igreja, só me dê um tempo para eu achar o seu substituto. - ele se foi e quando voltou, perguntara o que havia acontecido e ele dissera que fora comprar frutas. Algumas semanas depois, o novo padre chegou e bateu na porta da igreja. atendera.
- Sim? Quem é o senhor?
- Eu sou o novo padre, prazer, meu nome é Dougie, Dougie Poynter ou padre Poynter. - ela estava um pouco confusa, afinal, o que um padre novo estaria fazendo lá? Será que Daniel iria para outra igreja? Ela chamou o padre Jones.
- Daniel, quem é ele?
- Esse é o novo padre, eu não sou mais padre.
- Como assim? Para a onde você vai? Para onde a igreja te mandou? - ele abriu um sorriso e ela ficou mais confusa ainda.
- Para nenhuma, meu bem. - ele chegou até ela e segurou sua mão. - Não sou mais padre, larguei a igreja e a vida religiosa. - ela o abraçou e eles mostraram a igreja para o padre Poynter, depois se foram, já havia juntado o dinheiro para a viagem e eles resolveram ir visitar as irmãs no convento da cidade. Eles foram de carruagem até lá e quando chegaram, foram atendidos por uma irmã jovem.
- Bom dia, o que desejam? - ela perguntou simpática.
- Viemos ver algumas irmãs. - disse empolgada. Faziam quase 7 anos que ela não via suas mães.
- Claro. Vamos entrando por favor. Meu nome é irmã .
- Muito prazer irmã, meu nome é Daniel e essa é minha esposa . - Ele se apresentou.
- Muito prazer Daniel e , mas quais as irmãs que vocês desejam ver? - abriu um sorriso e falou:
- As irmãs , , , e a Madre . - o sorriso da irmã desapareceu.
- Sinto muito, mas essas irmãs já faleceram, a última foi a irmã a mais ou menos um mês atrás.
- Co... Como disse? Elas... Faleceram? - não acreditara no que ouvira.
- Sim, sinto muito. Elas eram parentes suas?
- Elas eram minhas mães, elas me criaram até os 12 anos e depois eu fui para um orfanato e elas vieram para cá. - sentiu lágrimas invadirem seus olhos.
- Venham comigo por favor, eu conheço sua história, a irmã me falava muito de você. - a irmã os levou até um cemitério atrás do convento. - Não costumo mostrar onde as irmãs descansam em paz, mas nesse caso eu posso abrir uma exceção. - Ela andou até cinco lápides, as cinco uma do lado da outra. - Aqui é onde elas descansam, essa primeira lápide é da Madre, que morreu primeiro, a segunda é da irmã , a terceira da irmã , a quarta da irmã e a quinta da irmã .
- Daniel, abra minha mala por favor, tenho um presente para elas. - Daniel obedeceu e abriu a mala. primeiro pegou um anel que estava em seu dedo e colocou em cima do túmulo da Madre , depois pegou um terço na mala e o colocou em cima do túmulo da irmã , o terceiro presente foi uma partitura com duas canções sacras, ela a colocou em cima do túmulo da irmã , o próximo presente foi uma bíblia com uma dedicatória, que ela colocou em cima do túmulo da irmã e o último foi um livro, Os segredos do livro sagrado, que ela colocou em cima do túmulo da irmã . Depois se ajoelhou e começou a rezar um terço as lágrimas eram inevitáveis, mas ela agradecia as irmãs por tudo o que elas haviam feito por ela. Ela sentira a presença delas.


Fim

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