Capítulo 1

-Hey, irmãzinha, acorda, você vai se atrasar para a escola!
-Ham? - Levantei um pouco me apoiando nos cotovelos olhando meu irmão sem entender.
-Vâmo pirralha, agiliza! – Atirando uma almofada em minha cara.
-! Doeu! E que história é essa de escola, não estamos de férias!? – Perguntei esfregando os olhos, aflita pela resposta que viria de meu irmão.
deu uma risadinha sarcástica e me respondeu com um tom de ironia na voz:
- querida, você sabe muito bem que as férias terminaram, você foi esses dias mesmo comprar material com a !
Deitei novamente escondendo meu rosto com o travesseiro e resmunguei em um tom quase inaudível, pelo fato do travesseiro estar abafando minha voz:
-Já vou me trocar, droga!

Desci as escadas de casa já vestida para a escola. Eu usava minha velha calça jeans azul claro, a camiseta do uniforme, azul e branco, e um All Star listrado em azul turquesa e azul bebê.
-Oi mãe! – Exclamei ao vê-la na mesa da cozinha tomando seu café da manhã.
-Bom dia, filha! – Ela respondeu virando-se para me olhar e me dar um beijo na bochecha.
-Mãe, por que o me acordou e não você? – perguntei com um tom um pouco irritado.
-Ah, ele estava perto do seu quarto e eu pedi que o fizesse, só isso, por quê? Algum problema?
-Não. Eu preferia que fosse você, porque aí ninguém me tacaria uma almofada! – Falei fazendo cara de emburrada.
-Ele não fará isso de novo. Vai logo escovar os dentes e terminar de se arrumar, você e seu irmão vão no carro dele mesmo, aliás, será assim o ano todo. – Minha mãe apressou-me enquanto tirava minha xícara já vazia de leite.
Saí da cozinha batendo os pés e subi as escadas novamente para escovar os dentes e passar aquele lápis de olho e um gloss do dia-a-dia.

No carro, enquanto dirigia pelas ruas de Montreal em direção à escola eu escutava meu iPod.
Meu irmão parou no sinal vermelho e me encarou com um sorrisinho no canto dos lábios, ficou assim uns dois segundos e disse:
-, a mamãe avisou você pra não ficar beijando seu namoradinho novo pela escola? – Eu, que já tirara os fones de ouvido e o encarava com certa desconfiança rolei os olhos e virei meu rosto respondendo:
-Não!
-Bom, pois foi o que ela disse, e também que não quer receber reclamações como as que eu recebia, de ter visto você se agarrando no meio do pátio com qualquer um.
-Olha, fique tranqüilo quanto a isso, pois eu não agarro qualquer um no meio do pátio e não sou uma galinha como você! Eu apenas beijo o meu namorado em lugares reservados! – eu exclamei com a voz um pouco alterada.
-Bom então não se perca nesses seus lugares reservados para não perder aula e tirar notas baixas, afinal é o seu último ano na escola, sem notas boas, nada de bolsa para a universidade. – Ele disse com ar de superioridade.
-, não me faça rir! Foi você que repetiu o último ano e só sabe ficar em casa compondo músicas com seu amiguinho Jeff, que, aliás, também repetiu, agora é capaz de estudarmos na mesma classe, olha que divertido! – eu usei um tom bem irônico e irritante em minha voz.
-Tá, você venceu, não falo mais nada! – Convenceu-se .
Eu e meu irmão somos assim mesmo, vivemos discutindo, é claro que eu gosto muito dele e temos aqueles momentos ‘friends forever’.
Bom, quanto ao meu namorado, eu não sei bem se essa é a palavra certa, porque eu o conheci no final do ano passado e ficamos durante estas férias. Ele não me pediu em namoro nem nada, mas ele parece gostar de mim. Na verdade eu não sei, porque é só o meu segundo namorado. O primeiro foi Eduard, que namorei durante o 1º ano inteiro e terminei com ele logo que começamos o 2º.

Sem mais delongas, vamos ao que interessa, ou melhor, a quem interessa: , ou . Foi em uma festa da escola que o conheci...

Flashback on:
Eu e meus amigos dançávamos na pista de dança da festa que acontecia no meu colégio. Eu reparei em um menino muito bonito sentado num sofá próximo, os olhos dele possuíam um brilho inexplicável que vez ou outra pairavam sobre mim.
Eu reparei que ele estava sozinho e me parecia um pouco tímido. Eu também sempre fui um pouco tímida, mas eu sei deixar a timidez de lado quando preciso. E foi o que fiz aquele dia.

Depois de algum tempo que eu já reparara que ele me observava, fui até lá e sentei ao seu lado. No mesmo instante, seu perfume entrou pelas minhas narinas, eu tive que respirar fundo por um segundo para não cair em tentação e agarrá-lo naquele exato momento.
- Ern... Oi, qual seu nome? – Perguntei gaguejando um pouco, já que eu eu ainda me sentia tonta pelo seu perfume e olhar penetrante.
-É... ... – Eu tive que me aproximar bem quando ele me respondeu, pois sua voz era baixa por conta da nítida timidez.
-Hum. – Fitei meus joelhos rapidamente e continuei. – O meu é . Tá afim de dançar?
-Não sei, não sou um bom dançarino! – ele me fitava com aqueles lindos olhos enquanto brincava com seus próprios dedos.
-Eu te ensino!! - Eu disse já me levantando e estendendo minha mão para o garoto.
-Tudo bem então. – E ele abriu um largo sorriso enquanto pegava minha mão, o que fez minhas pernas enfraquecerem e quase dobrarem.
Dançamos uma ou duas músicas animadas quando o DJ parou o som e falou ao microfone:
- Essa música é para os casais que estão na pista! – E a introdução de “The Way You look Me Tonight” começou a tocar.
me encarou, hesitou um pouco e disse:
-É melhor sentarmos.
-De jeito nenhum! Você tem que aprender essa música também! – Ele abaixou um pouco a cabeça encarando os pés. – Vamos! Você vai gostar! – E peguei seus braços envolvendo-os em minha cintura e coloquei os meus envoltos em seu pescoço.
Nos primeiros versos da música dançávamos um pouco tímidos, mas eu encostei minha testa na dele e nos encaramos, novamente seu olhar e seu largo sorriso me fez estremecer, meu estômago dar pelo menos três voltas e minhas pernas ficarem bambas.
Eu apertei mais em seu pescoço para garantir que eu não cairia ali mesmo.
Nossos narizes também se encontraram e ficamos assim por algum tempo, apenas dançando levemente e nos encarando.
Eu esperava que ele fizesse alguma coisa, mas ele não fez, eu não pensei duas vezes e agarrei o cabelo dele, o puxei para mais perto e o beijei, senti uma corrente elétrica por todo meu corpo. Ele parecia um pouco assustado no início já que sua língua parecia nem se mexer, mas logo, ele subiu um pouco uma de suas mãos para minhas costas acariciando-as, e deixou o beijo mais quente, me apertando cada vez mais. Ao partimos o beijo eu o abracei apoiando minha cabeça no seu ombro, e pude ver e me encarando maliciosamente, eu apenas sorri e dei a língua...
Flashback off.


E foi assim meu primeiro beijo com o , ficamos juntos na última semana de aula e algumas vezes durante as férias.
-!! Acorda! Chegamos, dá pra você descer, eu preciso trancar o carro.
-Ai, que pressa!! Já to indo! - Desci do carro emburrada indo em direção ao portão da escola.

Capítulo 2

-Hey! – Eu exclamei ao ver e parados em frente o quadro de avisos.
-Hey! – Os dois responderam acenando com a mão.
-E aí, as classes são as mesmas do ano passado?? – eu perguntei tentando enxergar alguma coisa no meio dos alunos que olhavam o quadro de avisos.
passou o braço pelos meus ombros me puxando em direção as classes, veio atrás e disse:
-Sim, o continua na outra classe e seu irmão na mesma que a dele!
- Ufa ainda bem que ele não ta na nossa?
-Quem, o ? – perguntou arqueando a sobrancelha.
-Claro que não, né! Eu me refiro ao . – Respondi enquanto dava um tapa na cabeça de .
-Ai, seu tapa dói. – Reclamou enquanto passava a mão na cabeça e fazia careta.
e eu rimos enquanto nos olhava ofendido.
e são meus melhores amigos. O eu conheço desde a segunda série do primário, sempre nos demos muito bem, já , eu conheci na quarta série, quando ela veio de Toronto para morar em Montreal.
Desde então nos tornamos o trio mais unido da classe, ta, não é bem assim, todos têm amigos. Mas você sempre acha que os seus são os melhores. Se bem que os meus são mesmo, porque são poucos, então, eu sei que posso confiar neles de olhos fechados.

As primeiras aulas passaram e eu ainda escutava as palavras na minha cabeça: “universidade”, “estudo”, “boas notas”, “bolsa” foi só isso que disseram nestas três primeiras aulas e eu já sentia uma leve pressão, leve nada, bem pesada, por sinal! Eu precisava me distrair de algum jeito, aliás...
-Ei, vocês estão vendo o ? – Perguntei aos meus amigos enquanto virava a cabeça para todos os lados a procura dele.
-Hum... Não! – respondeu enquanto olhava fixamente para um ponto, um pouco ansioso.
-Já já ele aparece – Tranquilizou-me .
-É, gente, vamos pra cantina, porque as filas estão começando a encher, e eu to com fome!
-Ta, ta, vamos esfomeado. – reclamou enquanto pegava meu braço e me puxava.

-Gente eu espero vocês aqui fora, não estou com fome. – Eu disse enquanto os dois entravam nas filas para comprar.
Bem que disse, a cantina começou a encher e eu vi um monte de gente vindo na minha direção. Eu comecei a andar de costas, um pouco assustada, para me desviar das pessoas. Não deu muito certo pois eu trombei com alguém, antes de virar eu inalei um cheiro conhecido e essa pessoa disse:
-Oi linda! – Eu virei para encará-la e deparei com me olhando sorrindo.
-Ah, é você! Oiii! – Eu abri um largo sorriso sentindo meu coração bater um pouco mais forte.
-Acho melhor a gente sair daqui, essa escola é lotada, eu hein? – Ele soltou uma risada abafada e me puxou pela mão.
-Ei, Você não vai comer nada? – Perguntei sentando em um banco ao lado dele.
-Ah, agora acho que não, me deixa aproveitar que eu esbarrei em você! - Eu encarei as costas das minhas mãos ao meu colo e sorri timidamente. Ergui a cabeça para ele novamente e respondi:
-Como assim? Aproveitar...
-Ah, você sabe, assim... – Ele juntou seus lábios aos meus e passou sua língua, eu abri a boca para que ela entrasse e nos beijamos rapidamente, ali mesmo no banco próximo a cantina. -O gosto da sua boca é melhor que qualquer um. – Ele acariciava minhas bochechas com as mãos, que eu carinhosamente as retirei do meu rosto, apertei -as um pouco e olhei no fundo de seus brilhantes olhos.
-, você sabe que eu adoro isso, mas você sabe que não é bom a gente ficar se beijando aqui no pátio da escola.
-É eu sei... Mas só um não faz mal. – Erguendo novamente uma de suas mão e repousando-a em meu rosto.
Ficamos um tempo nos fitando enquanto um acariciava a mão do outro, quando junto de chegaram e ela exclamou:
-Hey pombinhos!
-Oi , tudo bem? – perguntou quebrando aquele momento e olhando e .
Eles se cumprimentaram enquanto eu olhava para o lado. Merda! Será que eu aguentaria ficar sem beijá-lo em qualquer lugar? No final do ano passado foi moleza, já que a gente tava só se conhecendo e a gente se encontrava do lado de fora do portão da escola e ficávamos nos amassando. Sorte que minha mãe chega sempre meia hora depois do sinal tocar, e a gente ficava até uns cinco minutos antes de ela chegar e ia embora a pé.

-Antes de vocês subirem quero que conheçam meu amigo que entrou esse ano, ele ta lá no meio daquelas meninas, parece que já fez sucesso por aqui, vamos lá chamá-lo. – Avisou quando já íamos para a classe.
Ele chamou um garoto alto, e, diga-se de passagem, bem bonito também, no meio do grupo de meninas e apontou para nós dizendo alguma coisa.
-Oi, prazer, . – Apresentou-se enquanto apertava nossas mãos.
Dissemos nossos nomes a ele, que não parava de sorrir, ele contou que morava em Londres, não a Londres inglesa, a Canadense, no estado de Ontário, 195 km de Toronto e 721 km de Montreal, longinho, vai! E ele foi parar justamente na rua da casa do já fazia um ano.
Fomos cada um para sua classe e logo disse ao meu ouvido:
-Bonitinho esse , não?
-Ai , não começa!

Capítulo 3

, e eu já esperávamos no portão, tínhamos programado de almoçar juntos e chamarmos e .
apareceu ao lado de , e Jeff, eu estranhei um pouco já que eles nem se conheciam tão bem, ele me abraçou pela cintura me deu um selinho demorado e antes que ele dissesse alguma coisa eu perguntei:
-Você e o querem ir almoçar com a gente no Wendy’s?
-Hum... Pode ser, mas o convidou o seu irmão e o Stinco para almoçar com a gente, tem problema? Ele não sabia que era seu irmão.
-Não, tudo bem... – Eu respondi sorrindo enquanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
-O também sonha em montar uma banda!
-E você também, eu sei disso!
“Você o , o o Jeff e o bem que podiam se juntar...” Eu baguncei um pouco seus cabelos. “E o toca qualquer coisa, por que vocês não tentam?”.
-É quem sabe... – respondeu me dando alguns selinhos.

Chegamos no Wendy’s e sentamos nós sete em uma mesa para oito pessoas.
Do lado direito da mesa estava na ponta, eu, o e .
De frente para a não havia ninguém, do lado da cadeira vazia sentava , exatamente de frente pra mim, do seu lado e logo após Jeff.
Eu logo comecei a conversar com .
-Então, você chegou há um ano aqui em Montreal? – Perguntei.
-É, meu pai foi transferido e eu estudava numa outra escola que fica quase do outro lado da cidade. Mas aí eu conheci o e já era pra eu ter mudado pra essa escola, mas eu deixei pro próximo semestre!
-Hum... Agora que eu reparei na sua camiseta, você gosta de ‘Old Jeans’?(n/a: é, eu inventei essa banda!)
-É minha banda preferida!
-Sério!? A minha também!
-Legal!
que conversava com olhava de rabo de olho para mim e . Ele pegou minha mão sobre a mesa e colocou seus dedos entre os meus. imediatamente fitou rapidamente nossas mãos e sorriu em seguida para mim.
Pedimos nossos lanches e todos voltaram a conversar. Exceto eu e que ficamos em silêncio por um momento só observando, até que ele resolveu falar:
-Você ta afim de ir lá em casa hoje à noite?
-Pra que?
-Ah, pra você e meu pai se conhecerem melhor!
-E sua mãe?
-Ah, não te contei, né? Minha mãe foi embora... - ele disse olhando para as mãos em seu colo.
-Como assim, foi embora? - Eu peguei em suas mãos.
-Ela trabalha numa multinacional e ela ficou super amiguinha do dono, sabe como é, aí ela disse que ia embora com ele para a França... - ele ainda olhava para baixo.
Eu entrelacei nossos dedos das mãos puxei a cadeira para mais perto dele e lhe dei um beijo na bochecha. Ele me encarou com um sorriso fraco e voltou a falar:
-Então, ta afim?
-Ta, eu vou!
-Ótimo! – e me deu um selinho demorado enquanto acariciava meus cabelos.
Ficamos em silêncio mais um tempo até os lanches chegarem.

-Então ele te convidou pra ir hoje, segunda-feira, à noite até a casa dele? – perguntou-me ao chegarmos à casa do .
-É! – respondi dando de ombros.
-Mas segunda-feira? – perguntou novamente.
-Ai , para de enxer! Deixa ela curti! – defendeu-me .

Logo no primeiro dia de aula, a professora de história já havia mandado trabalho em grupos. Eu, e , claro, nos juntamos para fazê-lo.
-Vocês repararam que é o primeiro trabalho que a gente começa a fazer cedo? – perguntou .
-Ah, querendo ou não, esse ano os trabalhos serão importantes, porque segundo a Lílian, este trabalho é estilo os da universidade e também este está valendo uma notona, e a gente precisa de nota alta. – manifestei.
, vamos começar logo! – disse enquanto sentava na cama de . – Ei! O que é isso? – tirando algo de baixo dela. – Ah, ! Revista de mulher pelada!! Em cima da cama!?
-Ué, você queria o que num quarto de menino? – protestou.
Ficamos a tarde inteira discutindo sobre o trabalho, porque por a mão na massa mesmo, a gente não pôs. Eu tive que ir para a casa me arrumar.

Depois de pronta eu desci as escadas e fui em direção à minha mãe para me despedir. Eu usava uma bermuda jeans desfiada nas pontas, com uma meia calça preta por baixo, uma blusa branca com detalhes pretos, umas pulseiras pretas e no pé, claro, eu vestia um All Star branco de couro.
-Tchau mãe! – me despedi!
-Filha você nem almoçou e nem vai jantar em casa hoje?
-Mãe eu almocei, jantei, lanchei, tomei café da manhã aqui quase as férias inteiras, amanhã eu venho almoçar com você, ta? – reclamei pegando minha bolsa.
-Então, ta. Manda um abraço para o .
Eu já estava com a mão na maçaneta da porta e me chamou e disse:
-Quem vai te levar? Você nem pensa em pegar meu carro...
-Não o vem me buscar.
-Hum. Fala pra ele vir aqui na sexta a tarde pra gente ver se dá pra formarmos uma banda. E claro, ele tem que trazer o .
-Vou pensar!
Assim que eu saí de casa o carro do estacionou e eu entrei e seguimos para a casa dele.

O jantar foi ótimo, a comida estava maravilhosa e o pai do era muito gente boa! Eu estava um pouco tímida no começo, mas ele me deixou tão à vontade que eu perdi a timidez.
O Sr. subiu as escadas alegando. “Vou deixar vocês às sós para conversarem um pouco, mas amanhã tem aula, então é só um pouco mesmo!"
Sentamos eu e no sofá da sala, eu agradeci pelo jantar. Ele não disse nada, apenas passou a mão por meus cabelos, pois uma mão em minha nuca e a outra em minha cintura, esfregou seu nariz em minha bochecha, e sua respiração que batia em meu rosto fazia e com que todos meus pêlos se arrepiassem.
Começamos a ficar ofegantes. Ele foi com sua boca em direção minha orelha e deu uma mordiscada leve, eu mordi o lábio inferior e respirei fundo. enconstou seu nariz ao meu e depois selou nossos lábios, passou a língua neles fazendo com que eu abrisse a boca. Nossas línguas ‘brincavam’ em sintonia enquanto nossas mãos também.
colocou a mão por baixo da minha blusa e começou a acariciar minha barriga, descendo até a direção do útero. A outra mão segurava meus cabelos com força.
Eu agarrei a barra de sua camiseta e tentei puxá-la. Deitei sobre ele e... Meu celular tocou. Olhei o visor, era meu pai.
-Tenho que atender, é meu pai! –Eu disse, vendo a cara de decepção se formar em . – Alô. Oi pai! Ta, ta bom, já to indo. Ta tudo bem. OK! Tchau. – Eu fiz uma cara um pouco triste encarando meus próprios pés. segurou meu queixo erguendo minha cabeça.
-, eu tenho que ir... Meu pai ta me esperando do lado de fora.
Agora foi a vez de ele abaixar a cabeça. Dei-lhe um selinho rápido e saí.

Ao entrar no carro do meu pai pude ver , sim , amigo de , sentado na escada de entrada de uma casa, ele acompanhou o movimento do carro com a cabeça, eu fiz o mesmo olhando para ele.

Capítulo 4

Eu e já tínhamos tido ums momentos digamos assim, quentes, mas nunca rolou nada... Se é que me entendem. Ele já me viu de calcinha e sutiã, e eu já o vi de cueca, mas convenhamos, só estamos juntos há um pouco mais de um mês, e nem namorando estamos, eu não quero fazer nada ainda.
Se bem que ele é tão bonito, tão gostoso, tão, tão, tão carinhoso, respeitador... E cara, parece que eu to realmente gostando dele, acho que eu já disse isso, mas é verdade.
Espera aí! De repente as imagens de sumiram da minha cabeça para darem espaço à outra muito agradável. Quem é aquele garoto que está bebendo água?
Eu resolvi sair um pouco da aula de matemática para beber um pouco de água e simplesmente encontrei um garoto lindo. Se acalme , você está comprometida! Fui em direção ao garoto, quer dizer, ao bebedouro.
-Oi! – disse o menino loiro.
-Oi! – respondi – Você é novo aqui?
-Sou, entrei esse ano.
-Hum... – eu não conseguia parar de sorrir, esse era meu defeito, ou não, sempre era muito simpática com as pessoas, e também muito tímida, então eu só sorria e desviava o olhar. Engraçado que com o não foi assim.
-Qual seu nome? – ele perguntou.
- Comeau.
-Gregory Vance. Prazer.
Eu sorria e passava as mãos por meus cabelos, senti alguns passos atrás de mim. Me virei e dei de cara com o .
-Você pode me explicar o que está acontecendo aqui? – ele perguntou rispidamente.
-Claro. Nada!
-Então vem aqui um pouco! – ele me puxou pelo braço me levando para um canto. Eu pude ver Gregory saindo de fininho e entrando por uma porta.
-! Você ta me machucando!
-Quem é ele? – me perguntou soltando meu braço.
-Só um garoto que eu acabei de conhecer! – respondi cruzando os braços.
-E já tava dando em cima dele!
-Claro que não ! Só tava sendo simpática com um aluno novo. E a gente nem namora, ta? Que ciúme bobo!
-É a gente não namora, mas eu estava pensando em te pedir em namoro, mas não vou mais! Sabe por quê? Porque você não é o tipo de garota que eu pensei que você era.
-E que tipo de garoto eu sou? – cerrei os olhos e nem sequer me mexia, só o olhava fixamente.
-Eu achei que você fosse diferente das outras meninas dessa escola, que não ligasse para aparências, nem para reputação e que muito menos desse em cima de qualquer carinha. Mas acho...
-Eu não sou assim, . Não seja injusto! – minhas lágrimas já pareciam querer cair e meus olhos ardiam.
-Não estou sendo injusto e sim verdadeiro.
Eu não consegui dizer nada apenas sair de lá quase correndo, batendo meu ombro no de . As lágrimas já caíam e eu andei até minhas pernas cederem. Eu caí sentada no chão e chorava soluçando alto.
Depois de alguns segundos alguém se sentou ao meu lado.
-, sai daqui, agora é tarde!
-Não é o .
Levantei a cabeça para encará-lo e pude ver sentado ao meu lado.
-Eu vi o fim da discussão e tive que vir atrás de você. Eu sinto muito.
-Ai ... – não consegui terminar a frase, eu chorava, não sabia por que, mas chorava, talvez por ter brigado com o cara que eu amo.
-Não diga nada, vai, vamos embora para minha casa, lá você se acalma...
-Mas como a gente vai sair da escola?
-Relaxa, eu sou novato, mas já fiz amizade com o porteiro.
Eu não pude deixar de dar um leve sorriso ao escutar o comentário.

Caramba, e não é que o porteiro abriu o portão da escola pra gente! O apenas o cumprimentou e pediu que ele abrisse o portão e ele o fez.
Caminhamos até a casa do . Era exatamente aquela na qual eu o vira noite passada.
-Vou te dar um copo de água com açúcar para você se acalmar!
Eu já estava um pouco calma, mas ainda soluçava.
-Não , obrigada, tem alguma bebida aí?
-Olha, tem, mas você não acha melhor...
-Por favor! Eu preciso!
me encarou por uns segundos, percorrendo todo o meu corpo com os olhos, talvez ele tivesse parado um pouco nas minhas coxas que estavam a mostra por causa do shorts curto, ou foi só impressão minha. Depois ele perguntou:
-Cerveja ou tequila?
-Tequila, claro!
foi até a cozinha e trouxe uma garrafa, um copo e alguns gelos. Serviu a tequila e eu tomei rapidamente.
-Olha, acho melhor você não fazer isso. Não precisa descontar na bebida!
-Tem razão! – eu disse já apertando minha cabeça que latejava.
-Tá doendo?
-O quê?
-A cabeça?
-Uhum.
-Olha, vem, vou te levar no meu quarto pra você deitar um pouco. – ele me puxou pela mão e pois um braço atrás das minhas costas para me ajudar a subir as escadas.
Entramos no quarto dele, era enorme, e tinha uma guitarra azul turquesa linda em um suporte. Fui até ela enquanto me observava apreensivo.
-Uau. Isso aqui é uma assinatura do Paul Beans? Nada mais nada menos que o guitarrista da ‘Old Jeans’?
-Exato!
-Nossa! Como você conseguiu?
-Ah, meu pai trabalha na gravadora deles e descolou pra mim uma visita ao camarim deles no show em que eles gravaram o DVD ao vivo em...
-Toronto! – dissemos juntos.
-Eu fui nesse show! – eu disse.
-Foi massa!
-Foi!
Ficamos alguns segundos fitando aquela guitarra. Eu novamente levei minha mão a cabeça e me olhou.
-É melhor você deitar! – disse me pegando pelo braço me fazendo sentar na cama, eu o puxei para que ele sentasse ao meu lado. Ele me olhou um pouco tímido.
Eu abaixei a cabeça e suspirei um pouco alto. Ele pegou em minha mão e a acariciou. -Não fica assim vocês vão se ajeitar – acalmou-me.
Eu levantei o rosto olhando nos fundos dos olhos do e disse:
-, posso te chamar de , né?
-Pode. – ele respondeu sorrindo.
-... Você é um cara legal sabia. Você é atencioso e gosta da mesma banda que eu...
Ficamos em silêncio, não sei dizer por quanto tempo.
-. – foi a vez de ele me chamar.
-Hum.
-Você é uma pessoa legal! Tem um sorriso lindo que encanta todo mundo, além de ser bonita e... – segurou meu queixo aproximando bem nossos rostos.
Eu fechei os olhos só sentindo o toque daquele garoto. Ele acariciou minha bochecha e tentou limpar as lágrimas que ainda secavam sobre meu rosto.
-Me desculpe por isso, mas eu me arrependerei se não fizer. – e me beijou.
Apesar de eu saber que não queria isso, me deixei envolver. Ficamos ofegantes, ele acariciava minhas costas por baixo da blusa. Senti um calor subindo, talvez pela bebida, que apesar de pouca fez grande efeito em mim.
Beijávamos-nos violentamente e já explorava todas as partes do meu corpo com as mãos.
Eu o apertei para mais perto e arranquei sua camiseta, ele fez o mesmo com a minha. Uma de minhas mãos esfregava o peito nu dele e com a outra arranhava de leve suas costas.
Ele começou a beijar meu pescoço e a dar fortes chupões, enquanto arrancava violentamente meu sutiã.
Ele arrancou seus sapatos e eu os meus. Deitamos na cama e ele deu algumas mordidas na minha orelha depois bochechas e nariz, até voltar a beijar novamente minha boca.
Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas sentia um prazer enorme e a vontade de fazer o que poderia acontecer também era grande. Eu desabotoei sua calça e ele mesmo a arrancou lançando-a para longe.
Ele começou a descer os beijos, da minha boca beijou meu pescoço, o meio de meus seios minha barriga, ao mesmo tempo em que desabotoava meu shorts. Ele conseguiu arrancá-lo e dava fortes apertões em minha coxa fazendo com que eu desse alguns gemidos.
Eu arranquei sua cueca com uma mão e com a outra eu ainda passava as unhas em suas costas. Ele também gemia um pouco.
arrancou minha calcinha a lançando para o outro lado do quarto.
Não conseguíamos dizer nada apenas respirar profundamente e soltar alguns gritinhos.
Sim, nós transamos ali, no quarto dele com a porta aberta.
Minha cabeça latejava e eu adormeci.

Eu acordei e abri devagar os olhos por causa da claridade, não havia mais ninguém no quarto. Minhas roupas estavam ao pé da cama. Vesti-me correndo e saí de mansinho. Desci as escadas e vi um de cabeça baixa sentado no sofá.
Ele percebeu minha presença, me olhou e disse:
-Desculpe pelo o que aconteceu.
Eu não consegui dizer nada, apenas saí correndo e fechei a porta com força atrás de mim.

Capítulo 5

Lá estava eu, no dia seguinte ao ocorrido, deitada em minha cama com a cabeça enterrada no meu travesseiro.
-Vamos , levanta, você vai se atrasar! – gritou minha mãe.
-Eu não vou à escola mãe, todo o meu corpo ta doendo, minha cabeça então... Se eu levantar eu caio. Não to bem, é sério!
-Ai, está bem, mas só hoje, mocinha. Não sei se caio nessa!
-Mããe!! É sério! – e comecei a chorar.
-Filha, desculpa, quer que eu chame um médico?– ela disse adquirindo um ar preocupado. – Deixa eu ver se está com febre. – colocou sua mão no meu pescoço.
-Mãe, tudo bem eu fico sozinha vai trabalhar!
-Qualquer coisa me liga! Só não ligue para seu pai, você sabe que ele não gosta de ser atrapalhado durante o trabalho.
-Eu sei bem disso, mãe!
-O que ela tem? – apareceu na porta do meu quarto.
-Ela está mal, filho, vai pra escola, não se atrase.
Minha mãe saiu do quarto e o sentou em minha cama.
-Isso tem alguma coisa a ver com o ?
-Quase!
-Se cuida, mana! – ele me deu um beijo na minha bochecha e saiu.

Ontem, depois que saí da casa do , deu tempo de voltar para escola, pegar meu material e encontrar , que me esperava no portão.

Flashback on:
-Ei, demorou! A disse que não te vê desde a segunda aula! Por onde você andou?
-Olha, não te interessa!
Entramos no carro sem trocarmos uma palavra, quando meu irmão perguntou:
-Qual o motivo de você matar aula?
-SÓ BRIGUEI COM O CARA QUE EU AMO! TÁ BOM PRA VOCÊ?? – gritei.
-Eu sinto muito!
Flashback off!


Depois disso não conversamos mais.
Havia umas dez ligações da e do no meu celular e uma mensagem. ‘Onde você ta? Pelo amor de Deus, estamos preocupados!’
Eu liguei para e , para que viessem em casa e pudéssemos conversar.
Meu irmão ficou na sala o tempo todo, enquanto nós três no meu quarto. Ele sabia que era melhor manter distância...

Flashback on:
-Hum... Como eu posso contar a vocês. – eu disse.
-Pelo amor de Deus, fala logo! – exaltou-se .
Estávamos todos sentados em minha cama, meus olhos se enchiam de lágrima a cada palavra. A reação deles não era muito boa. batia a mão na cabeça, inconformado, todo o tempo. apenas me olhava séria e parecia sentir por mim. Mas sua reposta me pareceu uma mãe irritada:
-Olha , eu não consigo entender o porquê você fez isso. – ela olhava para todos os cantos, aflita. se afastava a cada palavra parecendo assustado e eu só chorava e escutava. - Foi a primeira vez que você bebeu, não foi?
-Foi. – respondi soluçando alto.
-Você nunca, nunca deve beber álcool quando está triste ou zangada com alguma coisa, muito menos quando é a primeira vez!
-Eu sei... – tentei dizer, mas cortou-me.
-Não terminei! – deu um pulo de susto se levantando da cama nos olhando de longe. - Você acaba de perder sua virgindade com o cara que conheceu no dia anterior!
-, eu achei que você pudesse me ajudar e ficar ao meu lado, não gritar comigo.
-, olha, eu sei que chorar sobre o leite derramado não adianta mais, só lhe digo essas coisas para que nunca mais isso se repita, e assim eu estou te ajudando. E, olhe, eu sempre vou estar do seu lado... Não importa o que acontecer! – nos abraçamos.
-Ei, não se esqueça de mim! – pronunciou-se.
-Vem aqui! – eu o chamei para que participasse do abraço.
Flashback off!


Hoje, simplesmente eu não consegui nem levantar a cabeça do travesseiro minha vida estava acabada.
Não sei quanto tempo fiquei deitada, mas resolvi levantar e me trocar antes que Marie, a empregada, chegasse para arrumar a casa.
Troquei-me e fui para a sala assistir TV até a campainha tocar.
Abri a porta e deparei com me olhando preocupado.
-Quando falou que você não estava bem eu tive que vir até aqui.
-Eu to bem, não precisava se preocupar volte à escola, ok? – minha voz falhava um pouco, não tem jeito, esse garoto me deixa abalada.
-Não, a gente precisa conversar. – ele apontou o sofá pra que sentássemos.
Eu me sentia péssima, um monstro.
-Eu queria te pedir desculpa. Admito, foi um ciúme bobo! Eu nunca devia ter falado assim com você...
Eu olhava para baixo, não conseguia encará-lo.
-Ei. O que você tem? – ele perguntou levantando meu rosto. – Trouxe uma coisa pra você! – ele abriu um lindo sorriso e mostrou-me uma caixinha.
-... – ele colocau uma mecha de meu cabelo atrás da orelha e me beijou rapidamente.
- . Quer namorar comigo? – e me mostrou duas alianças pratas.
Eu olhei no fundo de seus olhos e disse:
-Não posso.
mudou sua expressão de bobo apaixonado e feliz da vida, para incrédulo assustado.
-Como assim?
-, eu não sei se consigo te dizer.
-Fala! Eu posso te ajudar no que for.
-Não, não pode. – eu estava quase chorando e me olhava assustado.
-Então fala o que houve? Você acha que ainda é cedo de assumirmos compromisso? Tudo bem, eu posso esperar até quando você estiver pronta.
Ainda sentados no sofá , ele me olhava sem entender uma sequer palavra.
-Não é isso, .
-Então o que é, caramba? Eu não consigo entender!
-Vai embora! – eu pedi já chorando – Eu não estou pronta pra dizer nada, eu vou te contar, mas não agora, está bem? – eu coloquei as mãos em meu rosto e apoiei meus cotovelos nos joelhos enquanto um cabisbaixo, aflito e confuso saía de casa.

Um mês havia se passado depois da minha última conversa com . E naquela mesma semana eu tive que dar de cara com ele e com , que estavam na sala da minha casa discutindo sobre a tão almejada banda deles. No momento em que os vi saí correndo na hora e bati a porta com força. veio logo atrás de mim, segurou meu braço me fazendo parar. Ele me envolveu em seus braços me dando um forte abraço tranquilizando-me. “Isso vai passar, você vai ver, você vai conseguir conversar com o e tudo vai ficar bem”. Eu o abracei forte também e o avisei que iria até a casa da .
E esse mês foi assim, e vêm dizendo coisas para me acalmar, me dar esperanças, enfim, tudo para eu me sentir melhor.
Eu sei que agora nada vai me fazer sentir melhor, eu já desconfiava, mas hoje, foi confirmado, eu estava grávida de . Isso vive acontecendo com adolescentes, na sua primeira relação ficam grávidas.
Era agora, ou nunca, eu tinha que contar tudo a e ...

Capítulo 6

Todo o meu corpo doía de nervoso, eu andava devagar para não cair, minhas pernas pareciam não ser suficientes para me agüentar em pé. Eu iria contar tudo para , e claro, meus pais. Meu corpo parecia saber o que ia acontecer, pois meus esforços eram imensos para conseguir me mexer.
Primeiro alvo: meus pais.
Era domingo, o único dia da semana que meu pai não se tranca num escritório de um arranha-céu para trabalhar. Ele estava na sua ‘poltrona do papai’, lendo um jornal e vestindo apenas calças compridas e meias nos pés.
Minha mãe estava na cozinha lavando louça. Droga! Esqueci que ela me pedira para lavar...
-Mãe! – gritei para que ela me ouvisse da cozinha. – Podemos conversar!? E o senhor também pai.
Minha relação com meu pai sempre fora assim, cheia de cordialidades, afinal eu só tinha a oportunidade de falar com ele aos domingos, isso quando ele não viajava a negócios.
Meu pai abaixou o jornal e ajeitou-se na poltrona para me encarar. Minha mãe chegou logo em seguida e sentou-se no sofá.
-Bom... – eu comecei. – Não sei como posso dizer isso, mas... Estou grávida!

Minha mãe até que foi um pouco compreensiva, ela chorou muito, mas disse que iria me ajudar no que fosse preciso, “O que está feito, está feito!”, ela repetia aos prantos.
Quanto ao meu pai, bom, ele não disse uma palavra, apenas calçou seus sapatos, vestiu sua camisa e saiu batendo a porta atrás dele.
O que mais deixou minha mãe triste e nervosa ao mesmo tempo foi eu ter dito que o pai era o . É claro que eu não contei que o conheci no dia anterior... Disse apenas que era um velho amigo, que ao me consolar depois de uma briga com , me ofereceu bebida, assim, bêbados, fomos para a cama.

Primeiro alvo: detonado.
Segundo alvo: .
Peguei o carro do , mesmo sabendo que ele não gosta que eu o faça, e fui a casa do .
Toquei a companhia de sua casa e ele mesmo abriu a porta. Quando me viu seus olhos adquiriram aquele brilho que só os olhos dele eram capazes. Logo depois, pareceu sair de um transe, olhou um pouco para baixo e me perguntou rispidamente:
-O que você veio fazer aqui?
-A gente precisa conversar!
Ele levantou seu olhar do chão e começou a me encarar.
-Você veio me dar uma explicação do porquê de não falar mais comigo durante todo esse tempo? Me dizer o que te fez me fazer sofrer desse jeito? – Ele lançava-me um olhar triste, suas sobrancelhas estavam caídas e seus lábios comprimidos.
Eu respirei fundo, olhando dentro de seus olhos e respondi:
-Sim, . Eu vou te explicar tudo.
Ele apontou o sofá para que sentássemos.
Eu contei tudo, o que aconteceu depois da nossa briga, a dor que eu sentia, o fato de eu ter bebido pela primeira vez e que estava grávida. não dizia nada, ele me encarava com olhos marejados assim como os meus e quando terminei, ele olhou para o lado oposto e passou as mãos no cabelo. Continuava calado.
-Pelo amor de Deus fala alguma coisa! – implorei.
não respondeu, levantou do sofá foi até a porta, abriu-a e apontou com a mão para que eu saísse.
-! –supliquei - Você não vai dizer nada mesmo?
Ele continuava na mesma posição. Eu saí chorando muito e nem olhou quando fechou a porta.

Eu, primeiro e segundo alvos: detonados.
Terceiro e último alvo: .
Duas casas depois da casa do era a casa do , assim, não andei muito para chegar.
Desta vez quem abriu a porta foi o irmão mais velho de , que me olhou preocupado, pois eu chorava.
-O ta aí? – perguntei entre soluços.
-Ele ta assistindo TV naquela sala. – apontou uma porta entreaberta. – pode ir, fica a vontade.
-Obrigada. – tentei abrir um sorriso, mas continuava a chorar.
Ele acompanhou com os olhos meu caminho.
-! – o chamei ao vê-lo.
Ele se levantou do sofá, acendeu a luz do cômodo e encarou-me.
-? O que foi? – perguntou-me aflito.
-Senta. – pedi.
O olhar de continuava aflito. Eu fui direto ao ponto:
-Estou grávida! – a boca dele abriu instantaneamente.
-Não diga que esse filho é meu, por favor, não diga! – seus olhos se encheram de lágrimas.
-É sim, , é seu! –comecei a chorar mais alto e ele me abraçou segurando o choro.
Seu irmão apareceu na porta e perguntou:
-Desculpe, eu escutei tudo. Não vou comentar nada, só quero saber se vocês precisam de alguma coisa... Uma água, um consolo... – Seu olhar era de piedade.
-Traga dois copos de água, por favor. – pediu . – Não se preocupe . Eu vou assumir esse filho, eu vou ficar com você e te ajudar no que for. – ele me apertou mais em seus braços.
Nossas águas chegaram e eu bebi rapidamente. tomou uns dois goles e passou a me olhar enquanto eu me acalmava e segurava minhas lágrimas. Ele passou as mãos em meu cabelo e disse:
-Fica comigo que vai dar tudo certo, eu vou cuidar de vocês! – e me beijou.
Eu não senti o mesmo calor do seu beijo como da outra vez, talvez porque eu não estava bêbada, ou então, por ele não ser .

Capítulo 7

Eu já estava com quase dois meses de gravidez, minha vida estava horrível, já que a notícia de eu estar grávida espalhou-se pela escola inteira, pelo menos ninguém pode dizer que meu filho não terá pai, pois eu e estamos namorando.
Quanto ao , nossas conversas se limitam a “Oi” e “Tchau”. Não posso evitá-lo completamente, a banda dos meninos está mais formada do que nunca. O nome? Simple Plan.
Os ensaios são quase todos na minha casa, minha garagem é lotada de instrumentos, principalmente guitarras, quase todas do Jeff, esse careca adora deixar as coisas dele aqui, aliás, às vezes eu acho que ele mora aqui.

e eu chegamos à escola para mais um dia de sufocantes provas. Descemos do carro e fomos em direção às classes. Ele despediu-se de mim ao ir para a sua porta com um beijo na testa dizendo:
-Boa prova!
-Obrigada. Você também! – respondi com um sorriso fraco no rosto.
Desde que recebera a notícia da minha gravidez, ele começou a me tratar com muito mais carinho. Ele não implica mais comigo, ele se preocupa e sempre pede que eu fique junto nas reuniões e ensaios da banda.
Na classe, estava sentada de lado, com um caderno na cadeira de trás explicando a matéria para , que parecia desesperado, ele prestava atenção e perguntava freneticamente. Eu entrei sorrindo pela cena que vi.
-Você sabia que tem prova de matemática? – perguntou dando ênfase na última palavra.
-Bom dia pra você também, ! – disse sorrindo. – É claro que eu sabia!
-Droga, só eu que achei que seria prova de inglês? – ele bateu a mão na testa.
-É amanhã! Já te disse! – reclamou .
-Ok, não precisa lembrar!
-Não mesmo? – perguntei arqueando a sobrancelha.
-Me deixa estudar que ganho mais! – reclamou virando os olhos – olha as amigas que eu arranjo! – continuou baixinho - Eu e escutamos e rimos.
-E aí, como você ta? – fez cara de preocupada.
-Ah, estou indo, né?
-É melhor a gente sentar, o professor chegou. Boa prova! – ela mandou-me beijos no ar e eu fiz o mesmo sentando ao lado de , que parecia fazer contas nos dedos e batia a mão no livro em curtos intervalos de tempo.

Terminado a prova de matemática, fomos ao intervalo, para depois fazermos a prova de história.
Sentamos eu, e próximos a uma árvore.
-, qual é a próxima prova de hoje? – eu perguntei.
Ele encarou-me aflito e respondeu:
-Fala que é história, pelo amor de Deus! O ... – eu olhei um pouco para baixo ao escutar esse nome, instantaneamente lembrei-me do dia em que contei a ele sobre tudo e seu semblante triste parecia estar lá me olhando. –... Me explicou algumas coisas!
-É história, sim! – respondeu por mim.
percebeu minha súbita mudança de expressão e resolveu mudar de assunto:
-Você vai ver a competição de Skate, hoje? Você sabe onde é, né? A disse que vai.
Eu havia esquecido essa competição, sempre participa e infelizmente, o também, mas eu tinha que apoiar meu amigo, então eu respondi:
-Vou sim, . Eu sempre vou!
-Legal!
, , Jeff e se aproximaram e sentaram-se com a gente em frente à árvore.
-Hey! – Exclamou me dando um beijo na bochecha e passando o braço pela minha cintura. Eu apenas sorri para ele e observei os outros sentarem.
- – começou – Hoje vai ter um evento, tipo um congresso para novas bandas, eles vão dar palestras de comportamento no palco e até vender instrumentos antigos, ta afim de ir comigo e com o Jeff?
-Então cara, eu bem que queria, mas... – ele foi interrompido por .
-Você também vai participar da competição de Skate?
-Certo!
-Imaginei! , e na competição de Skate...
-Você também vai ? – perguntou animado.
-Vou. – ele respondeu acariciando meus cabelos.
só observava calado. Desde a nossa última conversa ele andava um pouco cabisbaixo e praticamente mudo, só abria a boca para dar opiniões nos ensaios da banda.

Terminada a interminável prova de história todos já estavam do lado de fora da escola.
-Meninas, a competição é às catorze horas, mas cheguem mais cedo pra pegarem um lugar bom na arquibancada. – avisou-nos .
-Estaremos lá! – disse .
Os garotos aproximaram-se e disse-me após um selinho:
-Então te vejo lá na competição! Até mais! – ele e caminharam juntos.
-Vamos! – chamou-me .
-Vamos! – respondi – Tchau, gente, até mais! – joguei beijinhos no ar para e .

Jeff almoçou com a gente para poder sair logo em seguida com meu irmão. Eles falaram do evento o almoço todo.
-Tchau pirralha! – despediu-se Jeff.
-Tchau cabeça de ovo! –respondi rindo! – Tchau !
-Tchau! , tome cuidado quando você for lá pra competição. Você vai ter que ir a pé, não se esforce muito, se cansar para um pouco e continua.
-Ai ! Não vai acontecer nada! Relax, man! – fiz um joinha para ele, que esboçou um sorriso e saiu.
Arrumei-me para sair, peguei a chave de casa e fui.
Essa competição aconteceria em uma pista de Skate próxima a casa do e do . Era um pouquinho longe, mas eu tinha que ir a pé mesmo.
Eu já estava chegando ao local, quando um skatista grandalhão chegou atrás de mim e disse bem próximo ao meu ouvido com uma voz arrastada:
-E aí gata! Tô loco pra fazê umas manobras nas suas curvas!
-Sai daqui garoto! – eu meio que gritei aflita.
-Vai dizê que cê num qué? – ele segurou firme meu braço e colocou uma mão na minha coxa.
-ME LARGA! – eu gritei e me desvencilhei dele.
Saí correndo o mais rápido que eu pude, sem olhar para trás. Eu senti que ele se aproximava e eu virei para atravessar a rua e chegar ao local da competição, mas, depois disso, eu escutei um barulho de carro freando e senti um forte baque.
-, ! , fala comigo. Ela ta sangrando, seu desgraçado! – foram as últimas palavras que eu escutei, só não sei de quem era aquela voz. Sei que não me era estranha.


Capítulo 8

Acordei, não sei dizer quanto tempo depois, em uma cama de hospital. A enfermeira virou-se para me encarar e esboçou um sorriso.
-Olá! – ela disse.
Eu esfreguei um pouco os olhos e senti minha cabeça doer, passei a mão nela e senti um curativo. Não respondi nada à enfermeira, apenas a olhei um pouco duvidosa.
-A pessoa que veio com você pediu que a chamasse assim que você acordasse. – informou a enfermeira. – Posso chamá-la, ou você prefere ficar sozinha?
-Pode chamar. – eu respondi com a voz falha.
A mulher abriu a porta e chamou por alguém. Eu fitava a porta aflita, não sabia quem era, talvez ou o .
Um garoto adentrou e sentou-se numa cadeira ao meu lado.
-? – eu perguntei surpresa ao ver aqueles olhos brilhantes e tristes me encarando.
-Por favor, não fala nada. – ele pediu baixinho.
Ele me encarava com um rosto muito tristonho. Eu estava zonza pela dor que sentia e não estava entendendo nada.
O garoto ao meu lado, esticou o braço pegando minha mão que descansava sobre meu corpo, ele a acariciou com o dedão e começou a falar:
-Olha , eu preciso te contar o que aconteceu. – ele parecia um pouco nervoso e tentava achar as palavras.
-Fala logo , o que aconteceu? Eu vou morrer? Eu... Eu... O que aconteceu? Eu to um pouco zonza... – minhas palavras não faziam sentido, minha cabeça rodava.
-Não, não, você não vai morrer. – continuou com calma. – Você não corre risco nenhum acontece que...
Como se eu tivesse recebido um choque, eu lembrei-me de algo muito importante e perguntei desesperadamente:
-Meu filho! Aconteceu alguma coisa com meu filho? – eu comecei a chorar e passava a mão na minha barriga.
Eu vi que os olhos de também estavam marejados e ele respondeu com a voz falhada:
-Você perdeu seu filho... Eu sinto muito. – ele me abraçou um pouco receoso, mas eu respondi ao abraço encharcando a camiseta dele.
Eu sei que esse filho não foi planejado e que ele traria alguns transtornos para minha vida, mas quando você descobre que tem alguém crescendo dentro de você, que um dia ele vai dizer que o ama e que também vai lhe dar momentos de muita alegria e orgulho, você adquire um amor muito grande, amor de mãe. E só pra quem já perdeu um filho sabe como isso é doloroso.
Eu já controlara um pouco o choro quando me soltou de seu abraço.
-Eu sei que a dor que você deve estar sentindo é muito grande, – começou – mas eu preciso dizer o que está aqui dentro. – ele pôs a mão no peito. – Quando eu vi aquele cara correndo atrás de você e depois o carro, eu percebi que eu não suportaria te perder. Eu me castigaria se você tivesse morrido e eu não pudesse ter feito você feliz como deveria. Eu sei que você errou, que você me traiu, mas eu ainda te amo, e isso nunca vai mudar. Eu entendo se você quiser ficar com o , mas eu quero que você saiba , eu vou estar aqui para você. E essa dor que você está sentindo, saiba que eu vou tentar confortá-la se você quiser.
-, eu não sei o que dizer. – minhas lágrimas já haviam cessado, mas meu peito ainda parecia muito apertado.
-Não diga nada. Eu tenho que ir. Há outras pessoas aqui que querem falar com você.
Logo que saiu, minha mãe entrou. Ela estava desesperada, me abraçava forte e me consolava.
-Eu liguei para o seu pai, ele ficou preocupado, disse que sente muito pelo que aconteceu, mas não pôde vir te ver.
-Tudo bem, mãe. Eu já acostumei com meu pai não indo a lugar nenhum a não ser para o escritório dele. – eu comprimi os lábios olhando fixamente para minha mãe.
A enfermeira entrou logo depois, me deu remédio e disse que eu estaria livre no dia seguinte.
-Só amanhã!? – eu exclamei para a enfermeira. – Mas por quê?
-Além de você ter batido fortemente a cabeça, perdeu um bebê e junto com ele muito sangue, o que te deixa muito frágil, você tem que ficar aqui essa noite em observação.
Eu afundei na cama emburrada, mas logo mudei de expressão quando vi entrando , seguido de e .
-Uau! Veio todo mundo me ver! –eu exclamei.
Os três esboçaram um sorriso e foi o primeiro a falar.
-Eu sinto muito pelo bebê. Eu já tinha aceitado o fato de ser pai.
-Tudo bem , se aconteceu assim, é porque era pra ser assim. Vai ser melhor pra gente. Poderemos ter filhos com quem a gente realmente ama.
-Tem razão. – ele sentou-se num sofá próximo e apoiou a cabeça nas mãos.
-Que bom que você está bem! – disse se aproximando.
-É, eu fiquei muito preocupada! – completou .
- – eu comecei – e a competição?
-Ah, não deu tempo dá gente fazer nada, viemos direto para cá. – ele encarou o chão.
-Eu sinto muito. – eu sei como o ama essas competições.
-Tudo bem, tem outra daqui uns seis meses.
passou os braços pelo ombro de e ele abraçou sua cintura.
continuava calado, mas resolveu falar.
-Bom, é... – ele olhou para e abraçados por uns segundos e continuou – espero que você passe bem à noite. Amanhã todo mundo vem te buscar.
-Ai gente, que é isso, não precisa.
-Precisa sim! – exclamou soltando .
-Até amanhã! – veio em minha direção, cheguei a pensar que ele me daria um selinho, mas ele apenas passou a sua mão na minha e saiu pela porta. o seguiu com os olhos. Eles se despediram e saíram também.

Acordei no dia seguinte e no sofá próximo havia um garoto. Pisquei algumas vezes e minha visão entrou em foco e eu pude ver .
-Bom dia! – eu disse.
-! – ele levantou-se e foi até a cama onde eu estava. – Quando eu cheguei ontem a noite eu só vi o bilhete que a mamãe deixou e eu vim correndo, mas você já tinha dormido. Como você ta?
-Estou bem, . Bem melhor que ontem.
-O médico disse que vai te dar alta daqui a pouco.
-Ótimo. Acho que eu odeio hospital, esses soros e aquela sopa horrenda.
riu.
-Já liguei para a e ela já está vindo com o e o .
-E o ? – deixei escapar sem querer, era pra eu ter dito isso apenas para mim mesma.
-Hum... Na verdade eu não sei dele. Vocês se falaram?
-Na verdade foi ele que veio comigo na ambulância. Só isso.
-Hum.

Digamos que eu tive um almoço bem chato aquele dia. A comida tava boa, claro, mas agüentar todo mundo olhando para você e perguntando se está tudo bem é um pouco estressante.
Depois de todo mundo encher a barriga, minha mãe e ficaram na cozinha arrumando as coisas. , , e eu fomos para a sala.
Sentamos no sofá e eu liguei a TV. Os três ao meu lado se entreolharam e finalmente falou:
-, vamos lá fora pegar as coisas da que ainda estão no carro?
-Ta! – deu de ombros.
e eu ficamos sozinhos na sala e ele começou a dizer:
-A gente precisa conversar.
-Também acho!
-Bom - ele começou – você é e sempre será uma pessoa muito especial, uma pessoa que eu admiro pela força, coragem, tudo... Você é uma garota incrível! Mas...
-Não precisa continuar. Eu também não te amo. Gosto muito de você, mas como amigo. Eu só estava com você por causa do filho que eu esperava, mas agora não tem mais nada que me prenda a você.
-É, mas tem só mais uma coisa que eu preciso dizer...
-Fala.
-Eu to afim da .
-Sério!? – eu me ajeitei no sofá olhando no fundo dos olhos de , que, aliás, brilhavam.
-É. Mesmo antes do acidente a gente conversou e descobrimos que a gente combina sabe, tem aquela química. E ontem no hospital ela foi muito legal comigo, sabe como é. Mas a gente não ficou nenhuma vez.
-, então vamos encarar a verdade, vai correr atrás da e eu... Do .

Capítulo 9

Revelações são sempre inesperadas, algumas vezes boas e outras ruins, no caso da do foi simplesmente... Inesperada. Ele ta afim da ! Desde quando? Ah, eu acho que eles combinam. O tem mesmo que investir nela, faz tempo que ela ta precisando de um namorado que a mereça.
Quanto a mim, eu realmente preciso do , mas eu não sei se eu tenho coragem de ir atrás dele depois de tudo que eu fiz.
-, eu acho que você deveria pelo menos falar com ele! – disse-me .
-Eu não quero falar com ele sobre tudo o que aconteceu, a gente vai ser só amigos por enquanto. – Expliquei-me.
e olhavam para mim decepcionados como se eu tivesse acabado de sair da prisão. Co m a voz um pouco alterada eu disse:
-Gente, só eu sei o que eu to sentindo, e pra mim, se eu voltar com o , não vai ter clima nenhum, simplesmente não vai dar certo!
-Tá, desculpa, você tem razão. Faça o que manda seu coração.
Estávamos no corredor da escola em frente ao armário de . O sinal tocou e fomos para a classe. No meio do caminho um confuso apareceu.
-Hum... Oi ! Oi , ... Tudo bem?
-Oi ! – Eu fui a primeira a responder.
Puxei pela mão e entramos na porta mais próxima.
-Ei! O que você ta fazendo? – Ele me perguntou.
-Xii! – coloquei meu dedo sobre meus lábios.
ficou quieto, mas possuía um olhar perdido. Eu me estiquei para escutar a conversa de e lá fora.
-Então, o que você acha? – perguntou .
-Eu não sei . Você acabou de terminar com a e eu não sei o que ela acharia se a gente saísse juntos.
-Desencana. Eu já conversei com ela sobre isso e ela é totalmente a favor.
-Hum. Eu posso pensar e te dar a resposta na hora da saída?
-Tudo bem! Boa aula!
Corremos até a sala de aula, já que o sinal já havia tocado e poderíamos ficar pra fora da primeira aula.
Conseguimos chegar antes do professor, que por sorte demorou cinco minutos a chegar. No intervalo, vi pela primeira vez depois da conversa no hospital, ao seu lado uma menina ruiva que sorria para ele.
, Jeff e também estavam próximos. Eu, junto a e nos aproximamos. Os meninos começaram uma conversa sobre a banda, alguma coisa sobre reunião com um cara aí que o pai do conhece. Mas eu prestava atenção apenas naquela menina ruiva que não saía do lado de .
Eu aproveitei o silêncio que se instaurou e perguntei a menina ruiva:
-Você é nova aqui?
Todos olharam para mim e em seguida para a ruiva.
-Uhum.
hesitou um pouco, mas falou:
-Desculpa, não a apresentei a vocês.
-Esta é a Suzanne, minha prima. Meus tios mudaram da Inglaterra para cá e agora ela vai estudar aqui no 2º ano. Suzi, essa é , esse o e a .
A menina sorriu levemente, mas se recusou a falar, continuou bem perto de .
No final do intervalo eu estava sozinha no banheiro arrumando meu cabelo, quando uma menina ruiva saiu de uma das cabines. Era Suzanne.
-Hey! – Ela exclamou.
-E aí! – respondi.
-Olha, eu vou falar uma vez só – começou Suzanne vindo em minha direção – Eu já sei da sua história com meu primo e não gostei nadinha.
-Tudo o que aconteceu agora é passado e você não tem nada a ver com isso. – minha voz alterara um pouco.
-Pois eu tenho sim, fique você sabendo. Ele é meu primo preferido e eu não quero que você o magoe novamente. Vou evitar ao máximo que você fique perto dele.
-Olha aqui garota, você não se meta nessa história que é entre eu e o e se você impedir meu caminho alguma vez, arcará com as conseqüências.
-Conseqüências... – ela aproximou-se mais.
Nossas respirações estavam ofegantes e ambas olhavam fixamente para a outra.
-...Tipo essa?
Ela puxou meu cabelo com força e me derrubou de costas no chão. Eu bati minha cabeça exatamente onde se encontravam os curativos do meu último acidente. Eu fiquei um pouco sonsa e vi a menina ruiva sair correndo .
Tudo doía e eu não conseguia me levantar. O sinal tocou e eu continuava caída sem esperanças.

Capítulo 10

Não demorou muito quando eu comecei a escutar vozes se aproximando. Uma menina com voz chorosa e um garoto um tanto preocupado.
Suzanne e entraram no banheiro correndo. A primeira com lágrimas nos olhos, a segunda apenas boquiaberta.
-Como ela está? – escutei a voz de vinda da porta do local.
-Vai ficar tudo bem! – gritou Suzanne de volta.
Eu não estava entendendo nada. Suzanne chorando, tentando me ajudar depois dela mesma ter me machucado. séria, sem falar nada.
-Me ajuda aqui com ela. – pediu com a voz alterada a Suzanne enquanto estendia o braço em minha direção. – Tá doendo? – perguntou em seguida a mim.
-Um pouco. – respondi tentando me levantar com a ajuda das meninas.
Eu olhei fixamente nos olhos de Suzanne. Queria fuzilá-la, se eu tivesse forças pulava no pescoço dela e arrebentava com ela! O olhar dela não foi diferente, eu vi a falsidade estampada naquele rosto angelical, que escondia o que ela realmente era...
-Vocês estão conseguindo, ou querem que eu entre para ajudar? – perguntou, mas já estava entrando sem escutar a resposta.
Eu já estava em pé apoiada por um lado pela , e pelo outro por Suzanne.
-Deixa que eu leve ela. – disse fazendo menção em me pegar no colo.
-Não! – eu exclamei – obrigada, mas eu posso ir andando, a me ajuda.
Eles me levaram até a enfermaria do colégio e a enfermeira me deitou numa maca e refez meus curativos enquanto Suzanne chorava ou falava:
-Ela tava passando mal, e caiu no chão de repente, eu tentei ajudá-la, mas não consegui, na verdade ela não quis minha ajuda, então eu fui correndo chamar vocês!
Como ela era capaz de mentir assim!? O pior é que o parecia acreditar. não, ela ficou calada só olhando o que a ruiva falava.
-Tudo bem, Suzy, ela já está ficando bem, você não teve culpa.
-Por favor, parem de falar. Vão para a aula, só um pode ficar com ela. – avisou a enfermeira.
-Eu fico! – foi a primeira a pronunciar-se.
-Não, , deixa que eu fico! – pediu .
olhou para mim, para Suzanne e depois para . E disse:
-Eu quero ficar!
-Por favor, ... Eu fico! – implorou .
comprimiu os lábios e respondeu:
-Tudo bem.
Antes de sair, seguida de Suzanne, ela encarou-me por alguns segundos.
-Sorte que você não quebrou nada. – começou a enfermeira – Tome esse remédio para aliviar a dor e fique deitada até fazer efeito. E você, - direcionou-se para . – ajude ela a voltar para a classe. Preciso ir, pois há mais pessoas precisando de mim.
Quando estávamos somente eu e na pequena enfermaria eu resolvi contá-lo a verdade.
-, sua prima mente muito bem!
O garoto olhou-me confuso e perguntou:
-Como assim?
-Foi ela que me derrubou, ela puxou meu cabelo e me fez cair. Ela está me ameaçando, não quer que eu chegue perto de você.
-Olha , ela veio chorando desesperada para te ajudar... Duvido que ela tenha feito isso com você.
-Você não acredita em mim? – me levantei um pouco da maca – É verdade! Ela tem ciúmes de mim, só me bateu pra mostrar que eu não devo me aproximar de você...
-Acho que quem ta com ciúmes aqui é você, ela nunca faria isso!
Por uns segundos eu permaneci boquiaberta. O não acredita em mim? Aquela vadia vai realmente conseguir enganá-lo.
-Então, ta... Acredite na sua prima idiota. Espero que ela faça você sofrer! E saia já daqui que eu não preciso da sua ajuda. Vou sozinha para a classe.
adquiriu uma expressão assustada no início, mas sua feição mudou para irritado e exclamou:
-Parece que a pancada na sua cabeça foi forte! Você ta falando merda! Tchau! – ele saiu da enfermaria batendo os pés.

A dor nas minhas costas e na cabeça já havia passado, mas saber que o não acreditara em mim doía mais que qualquer pancada.
Levantei-me devagar e voltei para a classe. Como era de se imaginar, todo mundo olhou pra mim. Eu morri de vergonha, fui até meu lugar de costume próximo a e . Estes me encararam até eu sentar.
O sinal do intervalo tocou e eu resolvi contar tudo o que realmente aconteceu aos dois.
-Eu sabia que ela tinha feito alguma coisa! Aquele chorinho e aquela carinha de anjo não me enganam nem um pouco! – Disse .
-Eu não acredito que ela tenha feito isso! - exclamou .
Eu e olhamos incrédulas para ele.
-, é verdade. Por que eu inventaria isso? – defendi-me.
-Você e a devem estar com inveja porque ela entrou agora na escola, é bonita e os meninos estão dando em cima dela.
-Claro que não ! – exclamou. – Eu acredito em você , o que bebeu.
-Bebi nada! A bateu a cabeça e nem sabe o que aconteceu!
-Eu sei muito bem o que aconteceu! – franzi as sobrancelhas. Não acreditava que falava aquilo para mim. – Mas se você não quer acreditar, tudo bem. Esses homens têm merda na cabeça mesmo! – eu já gritava. – Eu odeio quando eles julgam as pessoas pela aparência. Quer saber? VAI SE FODER !
me segurou para que eu não agredisse . Eu fiquei realmente nervosa. Poxa, ele é meu melhor amigo desde a 2ª série.

O resto das aulas passou normalmente, a não ser pelo fato de eu não ter trocado uma sequer palavra com o . Isso me deixou muito mal.
Fui para casa almoçar e Jeff foi também para almoçar com . Conversamos sobre o que aconteceu, meu irmão preocupou-se comigo.
-, você está melhor? Eu escutei a Suzy falando da sua tontura.
-Na verdade to bem, quem não ta bem é essa menina que você chama de Suzy.
-Eu escutei o perguntando a ela alguma coisa dela ter te derrubado, é verdade? – Perguntou Jeff.
-Claro que é! Ela é uma vadia!
-! Eu escutei ela chorando para o , você deve ter ficado tonta mesmo! –Disse .
-Até você, ?
-Até eu o quê?
-É a terceira pessoa que não acredita em mim. – minha voz saiu baixa e levemente rouca.
-É claro, a Suzy não tem cara de que faria isso com você.
-E por acaso eu tenho cara de que inventaria uma mentira sobre ela?
-Acho melhor você tomar um remédio e descansar.
Levantei depressa da mesa e fui para o meu quarto... Dormir.

Não sei quanto tempo havia se passado, mas eu não dormira nada, quando a campainha tocou. Não demorou muito para que e entrassem no meu quarto.
- quer conversar com você. – pronunciou-se .
-Se for pra dizer que eu sou uma mentirosa retardada que bateu a cabeça pode esquecer.
-Eu acredito em você! – Exclamou .
Nós três sentamos na cama e começou:
-Bom, você é minha melhor amiga há muito tempo, eu tenho que acreditar em você. E agora eu acredito mesmo.
-Como assim? – perguntei.
-Depois da aula eu vi a Suzanne se despedindo do e voltando para a escola e eu resolvi segui-la...

Flash back: on
's POV: on
Ela entrou na escola novamente e foi em direção aos armários, mais precisamente ao armário do . Não sei como ela abriu-o e começou a mexer nas coisas dele. Até que ela achou uma foto da no meio de um livro.
Flash back: off

's POV: off

-O tem uma foto minha no meio de um livro? – perguntei abrindo um largo sorriso.
-Pois é. – respondeu .
-Ai que emoção! – exclamei fazendo bico como se estivesse chorando.
e riram.
-Continuando...

Flash back: on
's POV: on
A prima de segurou a foto e a observou com uma nítida raiva no olhar. E finalmente ela rasgou a foto e jogou as coisas do primo que segurava no chão. Ao perceber o que ela tinha feito, pegou tudo o que havia no chão, guardou novamente e arrumou. Ela olhou para os pedaços da foto em suas mãos e tentou freneticamente juntá-los, como se com mágica eles fossem juntar-se e formarem a foto novamente. Ao ver que não teria resultado ela pôs-se a chorar e guardou a foto rasgada na mochila e saiu correndo. Eis que eu apareço no caminho dela e ela tromba comigo.
-Hey, você ta bem? – perguntei.
-Hum... – ela apertou a mochila nos braços a sua frente. – To bem sim, quem é você?
-, amigo do seu primo e da .
-Hum, acho que não to lembrando, preciso ir me dê licença! – e saiu correndo e parecia sem rumo.
Flash back: off

's POV: off

-Resumindo, - começou – ela é estranha e eu totalmente acredito em você, dude. Precisamos tomar cuidado com essa garota, ou seja lá o que ela é!
Um alívio percorreu pelo meu corpo, acredita em mim!
-Depois que eu vi tudo isso, liguei para a , e ela fez eu vir falar com você.
-É, , e você sabe que eu sempre acreditei em você! – disse .
-Aham.
O celular de tocou e adivinha quem era? Sim, .
-É o ! – exclamou . – Eu aceitei o convite dele! E ele ficou de me ligar pra combinar que horas que ele vai me buscar.
Ela atendeu ao telefone e combinou de se encontrar com ele às 8 horas na casa dela.
-Que bom que ta dando tudo certo! – comemorei.
-É, mas eu ainda não tenho certeza de nada. Eu aceitei o convite pra gente poder conversar.
-Ah, mas você vai gostar. Você disse que ele era bonito no primeiro dia em que o viu. Mas, olha amiga, fica tranqüila, conversa com ele e vê se ele faz seu tipo, se não fizer o que vocês podem fazer, não é? – aconselhei .
-É... – começou , aí vem bomba. – vê se o sexo dele é bom e tals... Isso é importante!
, muito importante. – eu disse. - Na verdade, até que é bom. Ops, desculpa .
riu.
-Ta, mas esquecendo esse assunto sobre o sexo do – começou – que quem vai avaliar é a agora. – esta o encarou séria. – precisamos tomar cuidado com essa menina.
-Aham! – concordei.
-Eu farei o que for preciso pra te proteger . – avisou-me .
-Eu também! – exclamou.
Todos nos olhamos por alguns segundos e nos abraçamos. Mas um de nossos abraços em grupo.
-ABRAÇO EM GRUPO! – gritou.

Capítulo 11

Saber que o agora acreditava em mim, e ele e me apoiavam, me deixou bem melhor. Mas eu ainda me perguntava o porquê de não acreditarem no que eu havia dito. Por acaso eu sou uma louca, idiota que só conta mentiras? Ainda se o que eu tivesse dito fosse uma coisa cabulosa, como “, ela tem poderes super sônicos que saem por debaixo da blusa!” Ta, eu nunca diria uma coisa dessas!

Montreal estava um pouco gelada aquele dia, aliás, os dias quentes são um pouco raros, é claro que a temperatura daquele dia nem se compara com a do rigoroso inverno do Canadá.
Arrumei-me para a escola, tomei meu café da manhã e entrei no carro calada, do mesmo jeito que saí. Eu me recuso a falar com .
-Não vai falar nada mesmo? – perguntou-me meu irmão.
Eu nada respondi. Ele defendeu a Suzanne, agora ele que vá procurá-la para conversar.
-Qual seu problema? – voltou a perguntar.
Eu nem ao menos olhei para ele, apenas continuei olhando para frente como se minha vida dependesse disso.
-Então ta. Se não quer falar não fala! É isso que eu recebo por ser um irmão que se preocupa com você, que te consola, te apóia e ainda te leva na escola.
É, me apóia mesmo! Tanto que não acredita em mim.

Cheguei à escola e fui ao meu armário pegar minhas coisas para a aula de francês. Enquanto arrumava meus cadernos lá dentro, alguém se aproximou. Virei para fitá-lo e me deparei com .
-É... Oi . – ele disse.
Meu coração pareceu parar. Eu queria sair de lá só para não encarar os brilhantes olhos dele.
-Oi. – respondi seca.
-Eu preciso falar com você.
-Se for pra falar que eu bati a cabeça e sou mentirosa, não quero nem saber! – eu voltei minha atenção pra meus cadernos dentro do armário.
-Eu não queria ter sido grosso com você ontem. – ele me puxou pelo braço para que eu o encarasse. Olhei no fundo dos olhos dele e perguntei:
-Então você acredita em mim?
-Olha, eu conversei com a minha prima, ela negou ter te agredido. Eu conheço ela a tanto tempo e... – eu sabia que ele diria isso. Não era justo, não mesmo! Eu não to mentindo! – Ela nunca fez mal a mim nem a ninguém.
-Então você não acredita em mim... – ainda olhava no fundo de seus olhos.
-, a Suzanne me adora e ela sabe que eu gosto de você, ela não faria nada com você.
Eu não agüentei escutar aquilo então soltei:
, ela gosta mesmo de você! Então porque você não vai lá conversar com ela, vai beijar ela, não perca o seu precioso tempo conversando com uma mentirosa. Na verdade, nem eu quero falar com você! Sai daqui!
-, eu não te acho mentirosa, você só deve estar se sentindo perturbada com a presença dela, sei lá e talvez você ainda deve estar um pouco traumatizada por causa daquele tarado que te assediou aquele dia.
-Ah. Melhoraram bem as minhas características, agora eu sou uma perturbada traumatizada. Parabéns ! Nem eu sabia isso de mim! – minha voz já estava alterada, o que fez com que as pessoas em volta nos olhassem e cochichassem. – Quer saber, me esquece!
O continuou parado me olhando incrédulo e triste, talvez. Fechei meu armário com força e ele me acompanhou com os olhos até eu entrar em minha classe. De lá pude ver Suzanne o abraçando por trás. Por que essa cena fez me sentir com raiva e medo?

Contei minha briga inteira para e . Este último foi o primeiro a se pronunciar:
-Caramba, ele está sendo muito idiota, mas ele não tem culpa, aquela menina engana direitinho, eu também caí nas enganações dela.
-É, eu sei . – levantei da cadeira onde estava e o abracei. – Mesmo assim, eu quero esquecê-lo... Você me ajuda? – Ele não respondeu, apenas afanou meus cabelos.
-, a gente não pode esquecer ele agora. – falou – A gente precisa provar a ele que sua prima é uma mentirosa. Soltei-me de e encarei .
-Como a gente vai fazer isso? – perguntei.
-Por enquanto eu não sei, mas acho que se você ficar longe do confusão você não arruma com ela, nesse meio tempo, a gente pensa em alguma coisa.

No intervalo eu estava totalmente sem fome, mas como sempre quis ir à cantina.
Eu e o esperamos do lado de fora em um banco. , acompanhado de e Jeff apareceram por lá.
-Oi . Oi , tudo bem? – disse , aparentemente sem jeito.
-Oi ! – respondi.
-Oi . – , timidamente respondeu.
Cumprimentamos os outros dois meninos e logo depois perguntou:
-Cadê o ?
-Na cantina. – respondi. – Por quê?
-Ah, só pra lembrá-lo que a reunião com o Roddick é hoje.
-Roddick... – falei erguendo as sobrancelhas.
-Um empresário, amigo do meu pai.
-Ah ta, é a tal reunião pra ver se ele aceita ser empresário de vocês, né?
-Exato!
Durante essa conversa, não só eu, mas e Jeff perceberam umas trocas de olhares entre e o . Calma aí, mas é claro! Ontem eles saíram juntos! Como eu pude esquecer? Que amiga eu sou. Falei tanto de mim mesma, da minha briga com que nem me lembrei de perguntar a sobre o encontro.
-Bom, vocês avisam ele pra mim? – pediu .
-Pode deixar! – eu disse. – Tchau, Jeff. Tchau !
-Tchau! – responderam os dois.
-Tchau , Tchau ! – disse .
Apenas respondeu. adquiriu uma expressão chateada e saiu. também se despediu e antes de nos deixar no banco deu uma piscadela a .
-Então mocinha, - comecei – como foi ontem?
-Ah, não! Você lembrou? – bateu com a mão na testa. – Foi bom! Pronto falei!
-Aaaa, me conta o que aconteceu, vai! – ajoelhei em frente ao banco onde estávamos e juntei as mãos. – Por favor!
-Ta, ta bom, eu vou contar! – começou ela.
-Eei! Eu também quero escutar... Não comece sem mim! – aparecera por trás do banco comendo um salgado, digamos, enorme.

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’s POV: on
buzinou na porta da minha casa, pontualmente às 8 horas. Desci as escadas de casa e peguei minhas coisas que eu já havia deixado sobre o sofá. Saí e vi um lindo sorrindo para mim. Como ele se veste bem. E como ele é cheiroso (percebi isso assim que entrei no carro).
Não conversamos muito durante o percurso ele apenas me disse que iríamos ao Rainforest Cafe , aquele restaurante cheio de bichos de brinquedo e que fazem barulho de verdade!
(N/A: O Rainforest Cafe, existe mesmo! Quem já foi pra Disney deve conhecer. No Canadá só tem em Toronto, mas eu o fiz mudar pra Montreal também! xD)
Depois que escolhemos o que comeríamos, começou a dizer:
-Então , - ele abriu um belo sorriso – por que eu não saí com você antes da ?
-Esquece isso, ! – eu olhei em seus olhos. Ele continuava sorrindo.
-Você é linda sabia?
-Obrigada! – senti minhas bochechas queimarem.
-, - ele colocou sua mão sobre a minha, que estava sobre a mesa, pareceu a mim que eu havia levado um choque no local onde ele tocara – eu não sei como, mas eu gosto muito de você, depois que conversamos lá no hospital eu senti que você era especial.
Eu sorri tímida. Nunca sei o que dizer depois disso.
Ele acariciou minha mão e em seguida entrelaçou nossos dedos. Meu coração parecia querer sair pela boca e minha mão parecia arder.
Nossas comidas chegaram e depois disso conversamos bastante. Mais sobre nós mesmos, porque, afinal, eu mal sabia sobre ele e ele sobre mim.
Depois do jantar andamos calados até o carro, onde entramos e pude escutar respirando fundo. Ele olhou para mim e eu para baixo, o que fez ele colocar sua mão delicadamente em meu queixo fazendo-me encará-lo. Sorri torto. Com a outra mão colocou uma mecha de meu cabelo para trás. Com a mão que segurara meu queixo, acariciou minha bochecha, que deve ter ficado vermelha, ele se aproximou devagar e encostou seu nariz ao meu, abriu um largo sorriso. Eu não conseguia sorrir, o nervosismo não permitia e eu sabia o que aconteceria. Nos beijamos. Ele acariciou meus cabelos com uma mão e com a outra minhas costas. Eu agarrei seus cabelos da nuca e a outra mão se apoiava na coxa dele. Parti o beijo e ele olhou-me um pouco receoso.
- – chamei baixinho e ofegante – você é um cara muito bonito, legal e... É especial também, mas eu ainda não tenho certeza sobre
nós. Entende?
Ele se afastou e encostou novamente no banco.
-Entendo. – respondeu.
-Só me dê mais um tempo para pensar...
Ele olhou bem para os meus olhos e pôs seus lindos dentes à mostra novamente e respondeu:
-Eu te dou o tempo que precisar.
Eu sorri de volta. Ele ligou o carro e fomos até minha casa. Despedi-me com um beijo na bochecha, mesmo eu querendo agarrá-lo.
Flash back: off
’s POV: off

-Que dó ! – exclamei – Se você quer ele, por que pediu um tempo para pensar?
-, eu só quero ter certeza, ta bom?
, ela quer dar uma de difícil para o e... – levantou do banco e entrou na minha frente – Ééé... Vamos pra lá? – apontou para trás do banco. – Aqui ta calor né? Vamos ! – pegou minha mão me fazendo levantar.
-O que é isso , ta loco? – perguntei tentando me desvencilhar da sua mão. – Aqui não ta quente. Me solta, caramba!
o que é que... – esbugalhou os olhos ao ver algo atrás de . – É vamos para lá.
-O que é ? – me soltei de e virei para onde olhava, eles tentaram me impedir, mas eu fui rápida e pude ver Suzanne e se beijando.
Uma raiva misturada com não-sei-o-quê percorreu em mim. Aqueles dois se merecem, mas por que eu não queria ver aquilo? Larga ele sua vadia! Não, não, pode ficar, aproveita e quebra ele! Ei, ele é meu!

Capítulo 12

Meu corpo estava rígido e meus olhos perderam-se num ponto fixo. Sem ter total conciência de minhas palavras, exclamei:
-Tá calor mesmo, ! Vamos para lá, acho melhor... – saí andando na direção oposta de e Suzanne, seguida de e .
Paramos próximo a uma árvore que proporcionava uma enorme sombra. Eu continuava com o olhar perdido. perguntou:
-, você está bem?
Balancei a cabeça e respirei fundo numa tentativa de eliminar as imagens anteriores da minha cabeça.
-Por que não estaria? – respondi com uma resposta um tanto quanto exaltada.
-Você tem certeza que está bem? – segurava minha mão.
Respirei fundo novamente e respondi desta vez com firmeza:
-Tô!
-Melhor voltarmos para a classe. – sugeriu .
-Ah , - comecei com naturalidade na voz – hoje tem reunião com o Roddick. Pediram para avisar.
balançou a cabeça afirmativamente e murmurou alguma coisa.

Passei as últimas aulas com aquela imagem na minha cabeça, – e Suzanne beijando-se – infelizmente. É óbvio que não me concentrei na matéria, o que significa estudo dobrado em casa, o que obviamente eu também não conseguiria.
Despedi-me de e , que me olhavam como se eu fosse um cão sem dono, e fui ao local onde parara o carro de manhã.
Jeff estava parado próximo ao carro e sorriu quando me aproximei dele.
-Oi, ! – cumprimentou-me – O foi ao banheiro e já volta! Ele tava apertado.
-Ah, valeu! – apoiei-me no carro e ficamos em silêncio até Jeff falar:
-, eu só quero que você saiba que eu também não fui com a cara daquela Suzanne, eu não engoli aquela simpatia toda, ainda mais hoje que ela beijou o , eu acreditei ainda mais no que você contou.
Uau, o Jeff acredita em mim! E ele não tem obrigação alguma!
Mais um silêncio. Abaixei a cabeça e suspirei alto.
-Eu sinto muito.
-Ah, Jeff. Pelo menos você acredita em mim, isso já me deixa bem melhor, acredite!
-Olha, eu conversei com o seu irmão, disse tudo o que eu penso sobre aquela garota. E me parece que depois que ele viu os dois se beijando ele considerou o que eu, e principalmente, o que você disse.
-Valeu careca, você é demais.
voltou do banheiro e nós três entramos no carro. Eu fui no banco de trás, como sempre faço quando Jeff vai pra casa com a gente.
Meu irmão olhou pelo espelho retrovisor e disse, direcionando-se a mim:
-Mesmo que você não responda, eu vou dizer o que tenho a dizer.
-Pode falar . – pedi.
-Bom, eu passei a considerar o que você contou sobre a prima do . Não dá para confiar cem por cento numa garota que beija seu próprio primo num momento de fraqueza. E ficou provado que ela gosta dele, então há sim a possibilidade dela ter tido a vontade de, digamos assim, eliminá-la do caminho dela.
-Que bom que você passou a usar óculos agora! – brinquei.

Agora todo mundo acreditava em mim e estava tudo numa boa. Mentira, pois a peça principal do ‘jogo’ não acredita em mim e ainda por cima, beija a outra peça principal.

Durante o almoço, Jeff avisou que alugara uma van que levaria os meninos até o local marcado com Roddick. Eles pareciam nervosos com esse encontro, mas eu sempre os achei seguros em relação à música deles, afinal, eles fazem o que gostam e escrevem o que sentem.
A campainha tocou e antes de eu mesma abrir a porta olhei pelo olho mágico, pude ver , e . Não queria vê-lo tão cedo, mas seria uma ótima oportunidade de mostrá-lo que eu vivo muito bem sem ele. Abri a porta com o meu melhor sorriso estampado no rosto e cumprimentei a todos normalmente. pareceu estranhar, mas me abraçou forte me tirando do chão.

Passei minha sexta-feira a tarde (sim, era sexta) estudando. Mentira. Passei só pensando em e aquela vadiazinha, da qual não agüento mais falar o nome.
e os meninos chegaram da reunião e foram direto para a garagem ensaiar. Fazia um tempo que eu não os escutava tocando, portanto resolvi ficar na ponta da escada para tentar ouvir alguma coisa. E ouvi uma música muito boa, tanto a melodia, quanto a letra. Ela dizia assim:

I heard you're doing OK,
(Eu ouço dizer que você está bem)
But I want you to know
(Mas eu quero que você saiba)
I'm a dick
(Eu sou um babaca)
I'm addicted to you
(eu sou viciado em você)
I can't pretend I don't care
(Eu não consigo fingir que eu não me importo)
When you don't think about me
(Quando você não pensa em mim)
Do you think I deserve this?
(Você acha que eu mereço isso?)

I tried to make you happy but you left anyway
(Eu tentei fazê-la feliz, mas você me deixou de qualquer maneira)

I'm trying to forget that
(Eu estou tentando esquecer que)
I'm addicted to you
(Eu sou viciado em você)
But I want it and I need it
(Mas eu te quero e eu preciso de você)
I'm addicted to you
(Sou viciado em você)
Now it's over
(Agora está tudo acabado)
Can't forget what you said
(Não consigo esquecer o que você disse)
And I never wanna do this again
(E eu nunca mais quero fazer isso novamente)
Heartbreaker
(Destruidora de coração)
Heartbreaker
(Destruidora de coração)
Heartbreaker
(Destruidora de coração)
Since the day I met you
(Desde o dia em que te conheci)
And after all we've been through
(E tudo que passamos juntos)
Still a dick
(Continuo um babaca)
I'm addicted to you
(Sou viciado em você)
I think you know that it's true
(Eu acho que você sabe que isso é verdade)
I'd run a thousand miles to get you
(Eu correria mil milhas para ter você)
Do you think I deserve this?
(Você acha que eu mereço isso?)

I tried to make you happy
(Eu tentei te fazer feliz)
I did all that I could
(Eu fiz tudo que pude)
Just to keep you
(Só pra ficar com você)
But you left anyway
(Mas você me deixou de qualquer maneira)

How long will I be waiting?
(Quanto tempo ficarei esperando?)
Until the end of time
(Até o fim do tempo)
I don't know why I'm still waiting
(Eu não sei por que ainda estou esperando)
I can't make you mine
(Eu não posso fazer você minha)

-, vem aqui! – gritou da garagem fazendo-me sobressaltar do primeiro degrau da escada – Precisamos te contar uma coisa!
Eu demorei um tempo para que não percebessem que eu havia escutado tudo. Desci as escadas e me deparei com os cinco meninos sentados no sofá velho e surrado da garagem.
-Bom, - começou – nós conseguimos o empresário!
-Que ótimo! – exclamei – Mas certamente vocês não me chamaram aqui só para dizer isso.
-Correto! – afirmou . Eles estavam me deixando curiosa.
-É o seguinte, . – abriu um largo sorriso – Nosso empresário sugeriu que fôssemos para um acampamento e dar nosso primeiro show.
-Uau. Legal, mas... Ainda não sei onde vocês querem chegar.
-Você vai com a gente! – exclamou Pie.
Minha boca entreabriu-se, mas era óbvio que eu ainda nada entendera.
-É que a gente escolheu você pra ser a madrinha da nossa banda!
-Como assim?
-Ah, a gente deve a você, pois se você não tivesse conhecido o , o e o , nós provavelmente não teríamos nos conhecido. – falou Jeff pela primeira vez.
-Uau! Valeu gente, não sei nem o que dizer... – eu passava as mãos pelos cabelos descontroladamente.
-E tem outra, quem mais poderia fazer o nosso site? – perguntou .
Ah, claro. Eu fiz curso de Web Designer, essa área é bem valorizada aqui no Canadá.
-Nós votamos e você ganhou! – me dirigiu a palavra pela primeira vez depois da briga. Eu não pude deixar de abrir um sorriso.
Eu meio que virei o sexto elemento da banda, eu seria a responsável pela criação e atualização do site deles e vou acompanhá-los em praticamente tudo! (n/a: Tipo o Pat! =O)
Dentro de duas semanas estarei saindo com Simple Plan para uma viagem de apenas dois dias a um acampamento.

Capítulo 13

Os dias que antecediam a viagem ao acampamento, iam ficando cada vez mais frios. Um acampamento no alto de uma montanha já é frio. Eu já estava prevendo o tamanho da minha mala.
quando soube da notícia ficou empolgadíssima, deu-me milhares de idéias para o site e não parava de abraçar o parabenizando-o, o que deixava morto de ciúmes. Não há nada oficial entre eles ainda, já que ainda não dera a resposta, mas bem que eles ficam de conversinhas pra cá e pra lá durante os intervalos. Eles fazem um belo casal.

Entre eu e o , as coisas não melhoraram nada. O fato de ele ter falado uma coisa fofa pra mim na sexta-feira não ajudou e o mais importante: ele está namorando a prima dele. Sim, namorando. Eu também não acredito nisso.

Essas duas semanas foram intensas aos garotos, eles saíam da escola e iam direto para a garagem lá de casa. Um dia, tivemos a indesejável presença de Suzanne. Todos torceram o nariz, só o não percebe o monstro que ela é. É claro que esse dia eu fui correndo pra casa da .

-, comprei uma coisa pra você! – disse , quando já estávamos prontos para partir.
-Eba! O que é? – perguntei, levantando do sofá onde estava.
-Abre. – ele entregou-me um embrulho.
Abri apressadamente. Era uma câmera filmadora digital vermelha. Linda.
-Uau ! Valeu!
-De nada, é pra você filmar tudo o que quiser. E depois você pode postar no site.
-Amei! – pulei no pescoço dele e quase caímos no sofá.
A campainha tocou, eram Jeff e . Combinamos de sair eu, , Jeff e com o ônibus de casa e passarmos para pegar e .
O ônibus que nos levaria estacionou alguns minutos depois, os meninos colocaram todos os equipamentos lá dentro, entramos e paramos em frente a casa de , suas coisas já estavam do lado de fora da casa. tocou a campainha e um saltitante saiu pela porta e me deu um forte abraço.
-Nossa, quanta alegria! – exclamei.
-É, eu to feliz, ! Muito empolgado! – ele puxou meu rosto com as mãos e me deu um beijo estalado na bochecha. – Por dois motivos. – encarou-me sorrindo.
e eu encaramos . Franzi o cenho.
-Ah, o primeiro vocês sabem, esse acampamento vai ser demais para começar a divulgar nosso trabalho e achar uma gravadora. O outro... – sorriu e revirou os olhos – Eu e estamos namorando!
-AAAHH! – berrei – Como assim ela não me contou?
-É! Ela também não me disse nada! – reclamou fazendo bico.
-Ah, vai ver ela queria fazer surpresa, e também a gente saiu ontem. Eu cheguei em casa mais de meia noite. Ela não deve ter ligado porque achou que era tarde.
Olhei para , que deu de ombros. Eu sorri e disse:
-É. PARABÉNS ! – gritei e pulei no pescoço dele.
-Ei, vamos parar com isso aí e chamar o ? Hein, senhorita ? – pediu Jeff.
-Ai, ta bom careca!
Fomos andando até a casa de – três casas depois da do – e quando (tocador oficial de campainha – essa pegou mal) ia tocar a campainha eu o impedi, segurando sua mão e pedi silêncio, escutávamos uma gritaria lá dentro.
-COMO ASSIM A VAI COM VOCÊ? – escutei a voz de Suzanne. Arregalei os olhos assim como os outros que se juntaram para escutar.
-Ela vai, ué, a gente convidou ela. – explicava calmo. – Já te falei!
-VOCÊ DEIXA PARA FALAR ISSO HOJE? – ela gritava histericamente.
-Qual o problema Suzy? Você nunca foi de implicar com ela...
-Mas eu queria ir também. – ela disse agora sem gritar.
-A gente só pode levar uma pessoa.
-ENTÃO VOCÊ RESOLVEU ESCOLHER A ? AO INVÉS DE ME ESCOLHER?
-Não fui eu que escolhi, Suzy! – a voz de já parecia um pouco mais alterada – Ela é amiga de todo mundo, irmã do e a gente concordou que ela iria. E pára de gritar, por favor! Sorte sua que meu pai não está.
-TA VENDO? VOCÊ AINDA ME MANDA CALAR A BOCA.
-Ah, pelo amor de Deus! Eu só pedi pra você parar de gritar.
-E EU NÃO VOU PARAR! EU VOU EMBORA, ISSO SIM! – escutamos seus passos se aproximando e nos afastamos da porta, que foi aberta violentamente por Suzanne.
Olhamo-la curiosos e ela berrou novamente:
-O QUE ESTÃO ME OLHANDO? Seus... seus... – ela olhou para mim e saiu correndo me dando uma trombada. apareceu na porta, a viu correr e em seguida nos olhou, ao encarar-me, imediatamente encarei o chão.
-Oi pessoal! – ele falou sem jeito.
-Sinto muito cara! – disse .
-Ah. Ela não vai atrapalhar a felicidade que eu estou hoje.
-É isso aí! – exclamaram todos os meninos num coral, enquanto eu me sentia um pouco deslocada.

No ônibus, sentei ao lado de , eu podia ter muito bem ido sozinha, ainda havia lugares vazios no ônibus, mas fez questão de sentar-se ao meu lado. Ele viu que eu estava um pouco confusa e fez-me deitar minha cabeça em seu ombro. Ele aninhou meus cabelos e eu tentei cochilar. Levantei a cabeça pouco tempo depois e disse em baixo tom:
-Eles brigaram por minha causa, .
-Eu sei, eu tava lá, escutei tudo também.
-Será que ele vai ver quem ela é agora?
-Talvez. – deitei novamente em seus ombros e permaneci pensativa por um bom tempo.

Aquele acampamento era longe, eu já estava cansada daquele ônibus. Levantei do banco onde estava, peguei minha bolsa e dela, tirei minha câmera. já não estava ao meu lado, pois estava com os outros meninos conversando, rindo, batucando os bancos e cantando. E só àquela hora, que eu pude perceber que não éramos só nós no ônibus, Roddick estava lá e mais um pessoal, que supostamente era uma equipe de apoio à produção.
Eles estavam tão animados, felizes e até mais bonitos, resolvi filmá-los.
’Nossa, o ta mais bonito do que o normal, olha como os olhos dele estão brilhando, fazia tempo que esse brilho não surgia em seus olhos. Eu fico feliz que ele está sorrindo. Nossa, e que sorriso! Impressão minha ou o cabelo dele ta diferente? Ele ta lindo! Nossa, deixa eu dar um zoom nessas bochechas! Como ele ta fofo!’.
Eu não parava de reparar no enquanto eu filmava os garotos. Ele fica lindo quando ta feliz.

Depois de uma longa viagem com mais de 6 horas e três únicas paradas (uma em Ottawa!), finalmente chegamos ao acampamento em Haliburton Highlands, Ontario.
Mesmo passando todo esse tempo com , não conversei nada com ele. Em compensação, conversei bastante com o . Não, eu não vou ter mais nada com ele. Estou segura disso, assim como ele. Que não parou de falar na . Ta, ele parou um pouco sim pra falar da banda.

O acampamento era lindo e enorme também. Havia um bosque enorme. O frio estava demais. Não chegou a nevar, mas o vento era tanto que a sensação térmica era de muito mais frio do que estava.
Um detalhe, a bateria da câmera acabou e ficou carregando na cabana do e do .

À noite, os meninos já estavam no palco. Não havia muita gente no acampamento e animação não era das melhores, mas meus ‘txucuzinhos’ estavam lindos e felizes. Pena que a bateria da câmera tinha acabado. Porcaria.
-Hum... – o monitor do acampamento pigarreou ao microfone. – Agora a banda que irá se apresentar chama Simple Plan. – ele olhou para os garotos certificando se todos estavam prontos – Bom, dou a palavra a .
-Olá pessoal, a música que a gente vai tocar chama-se ‘Addicted’, escrita pelo para uma pessoa especial.
E eles tocaram aquela música que eu escutara outro dia pela escada da garagem. Eu imediatamente lembrei de mim e . Será que eu sou mesmo uma destruidora de corações?
Quando eles acabaram ‘Addicted’ e começaram a tocar outra eu resolvi sair de lá e andar... Minha cabeça girava cheia de pensamentos.
Fui andando até o bosque enorme do acampamento, andando, andando não sei dizer quanto tempo, quando ouvi um barulho, fiquei apavorada, saí correndo o mais rápido que eu pude, vi que estava perdida e trombei com alguém. Levantei minha cabeça lentamente e encarei um par de olhos brilhantes.
-! Que bom que te encontrei!
-, o que você ta fazendo aqui? – afastei-me um pouco de .
-Eu vi quando você saiu do show e vim atrás de você. Sabia que é perigoso andar no meio do mato à noite?
-Hum, sei lá. – encarei o chão e novamente os olhos dele – Bom, então acho melhor a gente sair daqui e voltar para as cabanas. Você sabe o caminho, né?
-Ern... Acho que é pra lá! – apontou para uma direção – Ou é pra lá? – e apontou para outra oposta.
-Não acredito! Estamos perdidos!
Andamos um pouco lado a lado sem troca de olhares ou palavras. Depois de um tempo eu disse:
-, eu to com muito frio! – meus lábios tremiam e meus dentes batiam.
-Olha, acho melhor a gente sentar aqui – apontando para uma árvore próxima – e esperar que sintam nossa falta, acho mais seguro.
Concordei com um aceno com a cabeça e sentei encostando-me na árvore. Meus dentes ainda batiam fortemente. olhou-me aflito, sentou-se ao meu lado e envolveu-me com seus braços. Na hora eu quis me soltar dele, mas o abraço dele confortava um pouco meu frio.
Eu escutava a respiração ofegante de . A minha também estava ofegante, estávamos andando já fazia um tempo e o frio tira um pouco o fôlego.
-... – o chamei.
-Hum...
-Aquela música, que vocês tocaram hoje. Você fez ela pra mim?
-Preciso responder? Já não ficou claro?
-Ah, queria escutar da sua boca...
, ainda me abraçando, virou-se mais para mim e disse sorrindo:
-Sim. Essa música eu escrevi para a .
-Você me acha uma destruidora de corações?
-Você sabe que me magoou, não sabe?
-Sei... – abaixei a cabeça – mas, se você acha que eu não penso em você, é mentira. Porque eu penso sim. – Eu falei aquilo mesmo?
riu baixo e se ajeitou no chão. Seus braços ainda me cobriam.
-Você ainda espera por mim? – perguntei, fazendo-o ficar sério.
-Espero.
-Mentira. – encarou-me incrédulo. – Você ta namorando a Suzanne agora. – ele balançou cabeça.
-Bom, pelo menos eu tava. Mas a verdade é que eu só queria te esquecer, mas é impossível.
Encostei minha cabeça em meus joelhos.
-Posso te fazer uma pergunta também? – ele perguntou.
-Pode. - ergui a cabeça novamente.
-Por que você só me filmou hoje no ônibus? – arregalei os olhos.
-Hã? Como você... Quero dizer... O quê?
-É, o foi assisitir o que você tinha filmado enquanto a câmera carregava e eu to na cabana dele, aí eu vi, e você praticamente ficou só me filmando e deu zoom na minha cara várias vezes.
Senti minha bochecha ficar vermelha. Arranjei coragem e disse:
-Você é lindo! – ele sorriu mais ainda e disse.
-Você também é linda... E muito. – sua voz saiu falha.
Eu olhava no fundo de seus olhos, nem parecia que estava frio, pois meu corpo queimava, principalmente minhas bochechas. me apertou mais em seu abraço, segurando suas próprias mangas para dar firmeza. Nossos narizes se encostaram. Timidamente, encostou seus lábios aos meus. Eu abri a boca para dar passagem a sua língua. Agarrei seus cabelos com uma mão e com a outra apertei o grosso casaco dele pelas costas. Foi um beijo longo e intenso. Que falta me fazia aquele toque. Partimos o beijo e meus olhos se encheram de lágrimas.
-O que foi? – perguntou .
-, nós nunca daremos certo. – solucei alto.
-Por que, não? , para com isso! Eu te amo!
-Eu te amo tabém, , mas você percebeu que deu tudo errado? E vai continuar dando... A gente não foi feito para ficarmos juntos!
-Cala a boca! Eu te amo, você me ama. Só isso importa!
-Nem sempre! – eu chorava alto e também já possuía lágrimas em seus olhos.
-! – escutamos alguém gritando. – ! – levantei-me.
-AQUI, EU TO AQUI! – gritei, ainda chorando.
Apareceram correndo , um guarda, falando a um radinho e depois , e mais um guardinha.
Eu corri e abracei e disse chorando:
-Ainda bem, , ainda bem que vocês me acharam!
-Vai ficar tudo bem! – ele respondeu acariciando meus cabelos.

Capítulo 14

Voltamos à cabana principal do acampamento. e me consolavam, pois eu ainda chorava, enquanto Jeff e conversavam com .
-, o que realmente aconteceu que você não para de chorar? – perguntou-me enquanto me observava apreensivo.
-Nada, ... Nada. Eu só ainda to com medo, sei lá... Já, já passa. – encarou-me sério, como se quisesse dizer: “Depois você vai me contar tudinho!”.
Depois de todos calmos, fomos cada um para sua devida cabana, eu estava numa cabana com uma das monitoras do acampamento e mais duas meninas de mais ou menos 18 ou 19 anos, que aparentemente, vieram no mesmo ônibus que eu, já que elas sabiam meu nome, quem era meu irmão e me perguntaram se eu era namorada do . Não, definitivamente, não. Quando eu dei essa resposta, elas deram risadinhas levemente histéricas. Sorte que elas pouparam-me de mais perguntas antes de dormir.

Um lindo céu azul pairava sobre Haliburton Highlands, numa congelante manhã. Coloquei meus casacos e fui para o refeitório.
-Bom dia! – fui recepcionada por .
-Bom dia, ! – dei um beijo em sua bochecha.
-Só faltava você. Roddick quer nos dizer algo.
-Posso comer antes? Tô com fome. – esfreguei minha barriga.
-Não dá pra você esperar só um pouquinho? – fez cara de cachorro pidão.
-Ta, tudo bem. Vamos ver o que esse Roddick tem a dizer.
Juntamos-nos em volta de uma mesa. Olhei rapidamente para , que me olhou. Direcionei minha atenção a Roddick que se pôs a falar:
-Como eu disse a vocês garotos e garota, - olhou para mim – tenho algo importante a dizer...
-Fala logo, antes que eu cague na calça! – pediu . Todos fizeram caretas.
-Não faça isso . É o seguinte... – olhamos apreensivos – Vocês conseguiram o contrato com a gravadora!
-YES! – todos gritaram em uníssono.
-Aii, eu estou tão feliz! – exclamei, abraçando . – Meninos, parabéns, vocês merecem!
-ABRAÇO EM GRUPO NA !! – gritou .
Todos me abraçaram, inclusive , o que causou um certo constrangimento a mim e a ele, acho.

Os meninos estavam muito empolgados, já sabiam o que fariam depois da viagem, iriam compor músicas novas e, claro, ensaiar muito. Não sei onde fica a escola numa hora dessas, mas acredito que eles darão um jeito nisso.
Após o café da manhã, no qual eu não falei nada, graças à empolgação, eu saí sem ser percebida, pelo menos eu achei isso.
Sentei próximo a uma árvore e segurei minhas pernas. Comecei a pensar no beijo de ontem, foi um dos melhores sentimentos que eu já senti na vida. Você ama um cara, fica um tempão sem beijá-lo, aí você o beija num frio do cão. É realmente muito bom!
Escutei passos se aproximando e sentou-se ao meu lado.
-Oi! – ele disse.
-Oi, . – Sorri.
-Hum, eu sei o que aconteceu ontem.
-O que você sabe? – arqueei minha sobrancelha direita.
-Tudo. O beijo e o que você disse para o .
Eu não disse nada, apenas fitei-o séria.
-, por que você faz isso a vocês?
-Isso o quê? – franzi o cenho.
-, se você ama o , por que diabos, você não dá uma chance a vocês? – eu revirei os olhos e ele suspirou – Olha, não deu certo uma vez, mas não siginifica que vai dar tudo errado de novo.
Encarei seus olhos que eram curiosos.
-, por acaso foi o que mandou você vir falar comigo?
-Não, claro que não, . Ele tava aflito ontem, eu pedi que ele contasse tudo, ele contou e eu decidi falar com você. Eu estou falando mais por você do quer por ele, é sério. Você não vê o que está fazendo?
-O quê, ? – minha boca entreabriu esperando pela resposta.
-Ai, suspirou – Você só está tornando as coisas mais difíceis e tentando desviar-se do seu próprio destino.
-E qual é meu destino? – insisti nas perguntas. revirou os olhos e passou a fitar alguma coisa no chão.
-Ficar com o ... Para sempre. Não adianta você fugir disso! – fitei o mesmo lugar que ele na grama.
Alguém chamou meu nome, olhei para cima.
-Oi, – respondi se emoção na voz.
-É – começou ele olhando para , mas falando comigo – podemos conversar? – levantou-se num salto e saiu deixando-me apenas o rastro de um olhar fuzilante.
sentou-se exatamente onde estava há alguns segundos. Dei um meio sorriso a ele.
-, por favor, escuta o que eu tenho pra dizer?
-Escuto – respondi apertando minhas pernas e fitando o chão.
-Olha para mim – ele pediu.
Olhei em seus olhos, mas não resisti muito tempo e voltei minha atenção para meus sapatos. puxou meu rosto pelo queixo.
-Olha, eu sei que eu não deveria ter beijado minha prima e muito menos pedido ela em namoro, mas eu quero que você saiba que eu só queria te esquecer. Eu não sinto absolutamente nada por ela que não seja amor fraternal. – eu ainda o encarava relutante. Sacudi a cabeça negativamente. -Sei... Você acredita nas mentiras dela, isso me faz pensar que você é cegamente apaixonado por ela. – bufou.
-Olha, eu andei pensando nisso. Ela teve um comportamento extremamente infantil ontem e a verdade é que eu sou cegamente apaixonado por você. Então não me restam opções. Eu acredito em você... – ele parou com a boca aberta -... Eu não sei onde eu estava com a cabeça.
-Você acredita mesmo, ou isso é mais um blefe? – perguntei.
-Como assim ‘mais um blefe’? Eu blefei outra vez?
-Na verdade não... – fitei minhas mãos. , mais uma vez, num gesto rápido e imperceptível ergueu meu rosto pelo queixo. – Eu sou a única que blefo, que te prejudico, que destrói seu coração, é por isso que eu não te mereço.
-Não, não diga isso, por favor! – ele suspirou e desviou o olhar pela primeira vez – Eu já disse que não importa o que aconteceu antes, passou. Nós erramos, sim, é verdade, mas o que importa se os nossos sentimentos não mudaram? Por favor, . Eu preciso de você, não agüento ficar longe de você. Ontem foi tão bom... – voltou a me encarar. Meus olhos estavam parados no mesmo lugar.
esticou seu braço aproximando-se de mim. Delicadamente, ele pegou uma mecha de meu cabelo que caía sobre meus ombros e colocou atrás da orelha, acariciando-a levemente em seguida. Eu tentei desviar o olhar, mas não consegui devido ao impacto que seu toque causara.
-Por favor, - pediu ele – nos dê mais uma chance. - Seu dedo contornou minha sobrancelha, depois meu nariz e por fim, meus lábios. Eu fechei os olhos, meu coração disparara. Ele aproximou-se mais e deixou sua mão cair, roçando-a em minha panturrilha. Isso me deu um arrepio. Seus olhos percorriam pelo meu rosto.
-Tudo bem – respondi com a voz falha. Não sei se ele escutou, mas parece que sim, pois ele sorriu realizado. Eu mordi os lábios e meus olhos continuavam fechados.
aproximou seu rosto do meu. Eu pude sentir sua respiração em minhas bochechas, eram como choques elétricos. Ele beijou o canto da minha orelha, depois minha têmpora, minha bochecha, o canto da minha boca e depois se afastou lentamente.
Eu abri os olhos, ele sorria. Seu sorriso de escárnio me enfureceu um pouco.
- Me beija logo, ! – pedi com a voz trepidante.
Abandonando todos os seus movimentos delicados de anteriormente, ele agarrou violentamente meu rosto com as duas mãos e me puxou para um beijo caloroso. Meus lábios pareciam doer de tanta força que fazíamos, mas, definitivamente, essa dor não me incomodava nada, era uma sensação boa. Estávamos próximos o máximo que nossos grossos casacos permitiam. Ele estava praticamente deitado sobre mim. Suas mãos, que anteriormente seguravam meu rosto agora estavam uma em minha cintura e a outra afanava meus cabelos. Eu, apesar da situação calorosa, acariciava delicadamente, com as pontas dos dedos, a orelha de . A outra mão apenas assegurava que não sairia de cima de mim, estava presa como um velcro em seu casaco. Escutei duas pessoas caindo próximo a nós, eu o empurrei levemente. estava caído em cima de Jeff. Ele olhou-me, os olhos arregalados.
-! Q-que você ta fazendo? – gaguejou ele, ainda em cima do Jeff.
-Er, nada! – respondi passando a mão na boca e tentando arrumar meu cabelo.
-Que pergunta idiota, eu vi o que estavam fazendo, fico feliz por você, mas guarde esse fogo todo para a festa na fogueira de hoje à noite. – Olhei para ele parecia estar num transe, ou rindo de uma piada particular.
-, DÁ PRA SAIR DE CIMA DE MIM!! – gritou Jeff. saiu de seu transe e riu da cena. Eu ri também, claro. levantou-se rapidamente tirando as folhas que grudara nele, estendeu a mão para o amigo, que parecia furioso.
-Desculpa, Jeff – pediu .
-Tudo bem! – ele virou-se para mim – , não mate seu irmão do coração. É estranho um cara ver sua irmã mais nova nas preliminares com um cara!
-O quê!? – perguntei indignada. Minha boca entreaberta. riu.
-Não liga pra ele, boba – ele disse beijando minha bochecha e passando o braço pela minha cintura.
-Mas o tem razão – continuou Jeff – guardem esse fogo para a fogueira hoje à noite.
Confesso que fiquei um pouco constrangida com a expressão que encobria .
-Bom, continuem com o que estavam fazendo... – parou de falar e pensou por um segundo – Pensando bem, não continuem não. você é uma menina de família, preserve-se.
Eu abri a boca para falar, mas ele interrompeu-me:
-Tá, se você quiser fazer alguma coisa, pelo menos arranje um quarto e preservativos, por favor. – Agora fiquei constrangida mesmo.
-, ela já entendeu. Confie em mim, ela ta em boas mãos! – avisou . Jeff e assentiram e saíram. Dando-nos privacidade, bem aproveitada, mas agora com mais cuidado, sabe como é.


Capítulo 15

Pára tudo que eu quero descer! Ainda não acredito que beijei de novo! O cheiro dele é muito bom, assim como seu gosto, seu toque, seu peito nu, suas costas, seus olhos... Chega. Fui para um lado que não deveria. Ou deveria? Ah, mas que é bom beijá-lo e passar a mão nas costas ou no peito dele ao mesmo tempo é muito bom!

O vento que batia em nós dois debaixo daquela árvore era gélido e cortante, as bochechas de chegaram a ficar vermelhas, acho que as minhas também. Resolvemos sair de lá e ir para um lugar mais quente e aconchegante. Meus dentes batiam de frio. levantou-se primeiro estendeu sua mão e eu a peguei, ele ajudou-me a levantar, entrelaçamos nossos dedos e fomos para a sua cabana; ninguém disse nada no caminho, estávamos só curtindo aquele momento. Nossos dedos entrelaçados, minha perna roçando na dele e sua respiração ofegante que batia em meu ouvido e pescoço quando ele olhava para mim.
Entramos em sua cabana, havia duas camas e muita bagunça. Lê-se: MUITA bagunça. Ele retirou duas meias que pousavam em sua cama e sentamos nela. Ele olhou no fundo dos meu olhos, ajeitou, delicadamente, uma mecha de meu cabelo, prendendo-a atrás da minha orelha. Com as costas de sua mão, acariciou de leve a maçã de meu rosto e desceu para a bochecha. tirou a mão por uns segundos. Fechei os olhos. Com seu polegar e indicador puxou levemente meu lábio inferior, causando leve cócega e um arrepio repentino.
-Quer ver uma coisa? – perguntou pousando sua mão sobre a minha e acordando-me do meu repentino transe.
-Quero. O que é? – Ele levantou-se da cama em um pulo, pegou minha câmera de vídeo, que já estava carregada, conectou-a a um fio e depois o conectou a TV.
-Olha a sua grande filmagem! – disse orgulhoso mostrando seu próprio rosto que aparecia na TV.
Realmente, o tempo que aparecera, ou , ou qualquer um não durou um segundo sem que o foco voltasse a .
-Que vergonha – sibilei.
-Não tenha vergonha, eu faria a mesma coisa.
-Te filmaria? – perguntei rindo. Sabia que não, mas eu gosto de escutar da boca dele certas coisas.
-Claro que não, já fico me olhando muito tempo no espelho para ter que me ver na tela da TV novamente. – Ele sentou-se novamente na cama – Eu filmaria você. Não há nada mais importante e belo pra filmar do que você.
É claro que eu queria gritar de emoção e tascar um beijão dele naquele momento, mas meu senso de humor e vontade de provocá-lo mais um pouco gritou mais alto.
-Então você fica se olhando no espelho o tempo todo? Tipo um narcisista?
-Alguma coisa contra? – Droga, ele não se irrita facilmente.
-Não. Você é lindo demais, se eu tivesse a sua cara, Deus, eu não agüentaria ficar sem olhar no espelho. – riu.
Mordi o lábio inferior e fitei-o.
-Me abraça – pediu.
Eu assenti e o abracei. Apertei-o entre meus braços o máximo que pude, meu coração disparou assim como minha respiração. Eu sentia seu hálito em meu cangote, depois senti que algumas lágrimas nasciam em meus olhos. Era muito bom aquilo, parecia muito melhor que beijá-lo, era como se eu o segurasse com medo de perdê-lo. Ele soltou-me lentamente e segurou meu rosto com ambas as mãos, eu as segurei. aproximou-se e me beijou. Suas mãos desceram para minha cintura. Eu coloquei minhas mãos em baixo de sua camiseta, arranhando de leve suas costas, depois seu peito. Pude sentir seus pêlos arrepiarem. Parece que mais alguma coisa nele ‘arrepiou-se’. Acho que esse não é o termo correto, havia um volume em sua calça, bem naquela região dos países baixos, eu pude ver quando partimos o beijo. Eu ri.
-Acho melhor você usar isso – eu disse jogando-lhe um travesseiro e gesticulando para o volume.
-Opa. Droga! Ninguém mandou você ficar passando suas unhas nas minhas costas, você não sabe o efeito que isso surti em mim – reclamou colocando o travesseiro no colo.
-Na verdade eu sei o efeito, eu posso vê-lo agora mesmo. – Ele enrugou os lábios.
-Agora não vê mais. – Apontou o travesseiro no colo com ambas as mãos.
-Ta, você não precisa disso. – Joguei o travesseiro para o lado e voltei a beijá-lo, mas ele parou e sorriu.
-O quê? – perguntei um pouco zonza.
Ele aproximou-se e cochichou em meu ouvido:
-Prepare-se! – Franzi o cenho. pousou a boca em minha nuca e em seguida soprou, senti todos os meus pêlos arrepiarem numa sincronia perfeita.
- – chamei, minha voz era rouca. Ele não respondeu. Pousou o lábio novamente e desceu roçando-o em meu pescoço, deu uma leve mordida e soprou novamente se afastando. Eu continuei ereta e arrepiada.
-Também sei excitar você – disse satisfeito. Eu ri sem jeito.
-Mas eu não deixo nenhum volume aparente.
-Ainda... – Ele olhou para baixo, na região do meu umbigo, quer dizer um pouco mais abaixo do umbigo – Bem. Seria um pouco estranho.
Cerrei os olhos e ele riu, dei um leve tapinha em seu braço depois me joguei em cima dele beijando seu pescoço, seu rosto, sua boca, eu estava no comando, quando a porta do quarto se abriu. Pulei para trás. adentrou o quarto e seu queixo caiu.
-! Você quer me matar do coração mesmo, né? E , eu ainda gosto de você, não faça eu mudar de opinião.
Eu olhei, sem perceber, para baixo, arregalei os olhos. Peguei rapidamente o travesseiro e joguei-o mais uma vez no colo de . parecia não ter percebido nada, mas ergueu uma sobrancelha.
-Eu ia pegar a câmera e te procurar para você filmar o acampamento, mas parece que você já ta com ela. – olhou para a tela azul da TV. – Vai, agora saiam daqui, tem bastante coisa pra vocês verem lá fora. Vai , pega sua câmera aí e vê se o é útil para ajudar a filmar.
-Acho que vou ficar aqui mesmo. – Deitei sobre o travesseiro no colo de , que estava imóvel.
- , saia já desse quarto! – ordenou .
-To indo, to indo. – Levantei da cama, peguei minha câmera e saí. levantou-se e passou por com medo de encará-lo.
-Não tenha medo, , você ainda é meu amigo. Demorou um pouco pra eu aceitar o depois do que ele fez, mas por enquanto eu ainda gosto de você.
-! – repreendi por lembrar-se de algo que eu queria esquecer.
olhou-me com compaixão, saiu pela porta e deu-me a mão. Juntamos-nos a , e Jeff que conversavam animadamente próximos ao imenso lago. Arrumei a câmera na mão e fui filmá-los enquanto juntava-se a eles.

Capítulo 16

Só deu tempo de filmar a risada escandalosa a lá Jeff e o meteu a mãozona na tela da minha câmera. Ele ta afim de morrer? É isso?
-! – gritei. Ele riu.
-Pára de filmar, porque temos um assunto a tratar. – Eu desliguei a câmera, minha cara não estava nada boa.
-Do que você está falando? – perguntei seca.
-Você sabe. – ergueu a sobrancelha. – Vamos pra lá – pediu apontando um píer de madeira.
Sentamos sobre a madeira, bem próximos ao lago. O vento parecia mais gelado de lá. Pude ver olhando pra gente com um sorrisinho no rosto. Ele pareceu entender o que o queria. Eu pisquei a ele e fui retribuída, em seguida, voltou sua atenção para Jeff e .
-Então, você ainda não me contou o que aconteceu ontem no meio da floresta – começou – e nem me explicou o que ta rolando entre você e o . e o Jeff contaram que te viram beijando ele, mas, , eu não to entendendo, você não disse que não ia rolar?
-Ai, , eu disse né, mas não deu pra resistir...
Contei tudo o que aconteceu, omiti alguns detalhes, como o volume na calça do , mas deu pra ele entender tudo.
-Ai, . Eu sabia que isso ia acontecer... – disse rindo.
-E isso é ruim? – indaguei.
-Claro que não! , vocês amadureceram depois de tudo o que aconteceu, tenho certeza que vai dar tudo certo.
-Mas, , ainda temos um problema, Suzanne. – Fechei a cara.
-Ah , - revirou os olhos – ela não ta aqui agora, ta? Chegando em Montreal ele vai até a casa dela e termina tudo. Pronto.
-Não sei se vai ser tão fácil assim – insisti.
-Aaaai, você só complica!
-Eu espero que seja eu que complique as coisas mesmo, e não Suzanne... – eu disse puxando uma folhinha de uma árvore e analisando-a em minha mão.

Chegou a tão almejada hora da festinha na fogueira, minhas companheiras de cabana me emprestaram um perfume horrível, na minha opinião, alegando que eu precisava estar cheirosa. Elas sabiam das coisas entre eu e .
Caminhamos juntas até o lugar onde a fogueira já queimava e estalava em alguns intervalos de segundos. Elas foram até uns carinhas de uns 20 anos e começaram uma conversa empolgante. Eu fiquei sozinha parada ao lado de uma banquinho torto de madeira.
Duas irmãs gêmeas passaram por mim e disseram em coral:
-Oooi!
Eu apenas sorri a elas, depois as vi cumprimentando Jeff e .
Ainda não tinha visto nem , nem . estava junto com os carinhas de 20 anos, mas ele não parecia muito interessado na conversa.
Eu queria perguntar a sobre , mas desisti quando vi um clima rolando entre ele uma das gêmeas.
apareceu.
-Oi, – cumprimentou-me.
-Ah, oi ! – Sorri pra ele.
-Uma droga o celular não pegar aqui, não to nem um pouco afim de ficar aqui vendo o clima esquentar, nos dois sentidos e eu não poder fazer nada.
-Own, que fofo, ! Você pode me fazer companhia por enquanto, já que o deu uma de noiva e não aparece.
Ficamos lá parados um tempão, só observando os outros. já estava aos beijos com a gêmea mais alta e Jeff e a outra gêmea sumiram. Nós não conversamos muito, ele só disse que estava feliz por mim e .
finalmente apareceu, um pouco cansado.
-Oi – ele disse. sorriu. Eu não.
-Bom, to indo lá com o – avisou . Ele afastou-se e me puxou para sentarmos no banquinho torto de madeira. Seu cabelo parecia mais bagunçado que o normal, ele possuía uma expressão levemente cansada.
-Desculpe a demora – ele disse.
-Hmmm... – murmurei sem olhá-lo.
Ele aproximou o nariz do meu pescoço e respirou fundo. Afastou-se e fez uma careta. Segurei-me para não rir.
-Seu cheiro ta diferente – informou.
-Ah, as meninas da minha cabana me emprestaram um perfume – respondi com indiferença.
-Gosto mais do seu cheiro de melancia do que este. – Desta vez não tive como não sorrir. Meu perfume preferido era mesmo de melancia. – Mas não tem problema, você me deixa tonto de qualquer jeito.
-Tonto? – perguntei.
-Aham, toda vez que eu te vejo. – Ele olhou em meus olhos, um sorriso tímido formara em seus lábios.
-Achei que eu fosse a única que ficasse desse jeito – eu disse.
O sorriso de abriu-se por completo. Deu-me um breve selinho e levantou-se me puxando junto.
-Vem comigo.
-Não vou – avisei -. Estou brava com você.
-Por que eu fiz você esperar?
Afirmei com a cabeça.
-Eu prometo que você não vai se arrepender – ele disse piscando um olho.
-Vamos ver... – afirmei cedendo à vontade dele.
Ele me levou até uma cabana afastada das outras, era de madeira como todas, mas parecia mais velha e surrada. Abriu a porta, que rangeu e disse, entrando vagarosamente me levando pela mão:
-A gente fica bem longe da cidade, foi difícil achar uma farmácia.
-Ham? - perguntei, mas fui ignorada.
tirou seu casaco e jogou-o numa poltrona tão velha quanto a cabana. Ajudou-me a tirar o meu jogando-o no mesmo lugar.
-Eu e meus amigos de uns 15 ou 14 anos que conheci aqui roubamos essa cama de uma cabana que estava vazia e trouxemos para cá. – Arqueei a sobrancelha analisando a cama – Acho que ela agüenta melhor do que a que estava. – Abri a boca para falar, mas me interrompeu com um leve beijo.
Ele puxou-me, graciosamente, para a cama, sentamos na ponta dela, um de frente para o outro.
-Já faz um tempo que eu quero tentar isso com você, mas devido a alguns acontecimentos, que não são importantes agora, não foi possível. - Franzi o cenho para ele, mas já estava começando a entender. – Não fala nada, está bem? – pediu.
Delicadamente, pousou uma mão na minha cintura e começou a me beijar. Começou suave, como se ele não quisesse me machucar, mas tudo ficou mais intenso; o jeito que ele me beijava, o jeito que ele me tocava, nossos batimentos cardíacos e nossas respirações.
Ele arrancou seu suéter e repetiu o movimento em mim. Finalmente, deitamos sobre a cama. Seus movimentos com as mãos eram ágeis, percorriam todo meu corpo sem eu nem ter consciência disso. arrancou seus sapatos com seus próprios pés, não parava de me beijar um segundo, aproveitava todos os cantos que sua boca alcançava. Eu sentei-me para arrancar meus próprios sapatos enquanto , arrancava violentamente a minha blusa que restava e depois a dele. Beijou minhas costas e uma mão enroscou-se em meu cabelo. Puxou-me novamente fazendo-me deitar. Ele abriu o zíper da minha calça e arrancou-a violentamente. Chupou meu pescoço com força enquanto tirava sua calça. Nossos gemidos espalhavam-se pela cabana, temi que pudéssemos ser escutados, mas lembrei que estávamos bem afastados. Pude sentir que estávamos excitados e sabia o que aconteceria. Ele saiu de cima de mim por alguns segundos, o que me deixou desnorteada. enfiou a mão embaixo da cama e tirou uma sacolinha plástica, dela ele tirou um pacote de camisinha. Com ela na mão direita ele voltou a me beijar. Com as duas mãos eu arranquei sua cueca e em seguida minha calcinha, pude sentir seu membro já enrijecido. Ele arrancou meu sutiã, incrivelmente rápido por estar com a mão esquerda. Abriu o pacotinho que estava em sua mão com os dentes, enquanto apertava meu seio. Entregou-me a camisinha e disse:
-Ponha. – Sua voz estava rouca.
Minhas mãos eram trêmulas, mas com pouca dificuldade, vesti seu pênis com ela enquanto ele acariciava meu cabelo.

Transamos. Foi perfeito, muito melhor do que minha última experiência. Estava deitada, exausta, na cama enquanto jogava a camisinha no lixo, depois de embrulhá-la com muitas camadas de papel higiênico.
De cueca, ele deitou-se ao meu lado e pousou a cabeça na mão. Ele também parecia exausto.
-Desculpe pela minha falta de experiência – desculpou-se.
-Foi perfeito, . – Eu sorri. – E quem disse que eu tenho experiência?
-Claro que tem! E sem camisinha! – Ta, isso me enfureceu. Precisa lembrar?
Fechei a cara e a virei para o lado oposto dele.
-Ai, , desculpa... Como eu sou idiota, eu quero esquecer disso tanto quanto você... Desculpa. – Eu não disse nada.
pôs a mão em minha cintura e virou-me para ele
-Desculpa, desculpa, amor, juro que não vou mais falar disso. – Eu estava séria.
-Tudo bem. – deu-me um selinho e eu sorri de leve.
Minha barriga roncou.
-Está com fome?
-É, acho – respondi.
-Vamos pra lá, devem ter sentido nossa falta.
Vestimo-nos, arrumamos a bagunça que deixamos na cama e voltamos para a festinha na fogueira. Sentamos próximos a fogueira depois de pegarmos várias guloseimas para comermos. Trocávamos beijinhos a cada mordida que dávamos. Ficamos horas assim, como se nada estivesse acontecendo ao nosso redor.
A noite mais perfeita da minha vida. Com certeza. Queria que ela nunca, nunca acabasse.

Capítulo 17

Quase não dormi durante a noite. Flashes freqüentes rondavam minha cabeça com os acontecimentos anteriores; sem minha permissão consciente minha boca abria-se num sorriso bobo e perdido de vez em quando. Eu contei o que aconteceu as minhas companheiras de quarto. Sério, o que deu em mim pra falar sobre minha vida sexual a duas estanhas? Talvez fosse resultado da felicidade abundante e da reação retardada que as pessoas apaixonadas adquirem. Elas acreditaram veemente que foi por causa do perfume infalível que me emprestaram.
Arrumei-me sem muito entusiasmo para mais uma viagem cansativa de volta para a casa. Não seria tão perturbadora porque agora estaria ao meu lado, mas só de pensar que ao chegar teríamos que enfrentar a mal-amada da Suzanne, meu estômago dava voltas.
Antes de colocar meu melhor cachecol envolto em meu pescoço, olhei-me no espelho; reparei uma marca vermelha, em algumas partes, arroxeada, entre meu pescoço e minha clavícula, certamente não era uma simples picada de mosquito. Ainda bem que estava realmente frio, e meu cachecol passaria despercebido sem que ninguém questionasse.

No ônibus, sentei-me ao lado de , claro. estava insuportável, fez questão de sentar-se próximo e esticar o pescoço a cada cinco minutos. O que ele acha que eu e faríamos dentro de um ônibus? Não sei, sei que depois de algumas horas de viagem meu estômago começou borbulhar, minha cabeça rodar. Estava sentindo náuseas. Isso era comum em mim nas viagens, mas quando eu tinha uns 4 anos.
Apertei minhas têmporas com o punho para ver se o ônibus parava de girar.
-Você está bem? – perguntou-me .
-Ham... – Virei para encará-lo, mas voltei a pressionar minhas têmporas, havia dois, ou três s ali - Não – respondi, a voz rouca.
Ele aproximou o rosto do meu e tentou puxar meus braços.
-! – chamou.
Levantei a cabeça e mais uma vez, abaixei-a rapidamente.
-, se eu tiver que olhar pra você mais uma vez eu vomito! – avisei.
Com o canto dos olhos pude ver fazer uma careta.
Segurei minhas pernas adquirindo uma ‘posição de feto’.
-O que você fez? – perguntou acusatoriamente a , como se ele fosse culpado pelo meu mal estar.
-Nada, ! Ela só está passando mal – ele respondeu.
-, o que você tem? – indagou .
-Falta muito pra pararmos? – perguntei, ainda sem olhar para os meninos.
-Acho que a gente já está chegando num posto, quer que eu peça para parar? – apareceu por cima do banco perguntando.
-VAI! – ordenou .
Senti vários olhares fixos em mim enquanto dirigíamos ao posto. acariciava minha mão sobre os joelhos. Podia sentir sua preocupação.
Finalmente paramos e todos me deram passagem.
Minhas agora ex-companheiras de quarto seguiram-me até o banheiro.
Preciso dizer o que aconteceu? É, perdi uns dois quilos naquela privada, tudo pela boca.
Eu parecia horrível quando me olhei no espelho.
Saí do banheiro e esperava-me na porta, apoiado na parede; uma perna flexionada, fazendo a sola de seu tênis, estilo skatista, verde e rosa, encostar-se à parede. Quando me viu, ergueu uma sobrancelha com ar de preocupação e aproximou-se rapidamente levando ambas as mãos ao meu rosto, segurando-o firme.
-Como você ta? – perguntou, uma vinca de preocupação em sua testa.
Tampei a boca com a mão e desvencilhei-me dele.
-Acabei de vomitar. Preciso escovar os dentes – avisei.
Fui até o ônibus com ao meu encalço, ainda com ar angustiado. Peguei minha nécessaire no guarda volumes sobre os bancos e voltei ao banheiro para escovar os dentes.

-Você está branca, precisa comer alguma coisa – disse depois de me dar um selinho assim que permiti. Ele passava o dedo levemente sobre meu rosto.
-Nem pensar! – exclamei – Tudo que entrar vai querer sair em segundos!
-Você não vai se agüentar em pé se não comer! Coma, só um pouco, mastigue bem e devagar.
Ponderei por um instante.
-Não. Não preciso ficar de pé num ônibus. – revirou os olhos.
pegou minha mão e anunciou ao restante do pessoal que aproveitava para comer alguma coisa que voltaríamos ao ônibus e esperaríamos lá.

-Será que isso é só um enjôo de viagem, ou é alguma virose? – perguntou-me assim que sentamos.
-Não sei – respondi fraca e recostei minha cabeça em seu ombro.
Virei um pouco e o abracei pela barriga. Com uma das mãos puxou-me para que eu ficasse mais próxima dele. Com a outra afagou meus cabelos, tirando algumas mechas que caíam em meus olhos e colocando-as atrás de minha orelha.

Quando finalmente chegamos em casa eu estava um caco. Meus pais não estavam.
e ajudaram-me a subir a escada e deitaram-me em minha cama.
-, você está fervendo – informou enquanto tirava a mão da minha testa.
arregalou os olhos do outro lado do quarto.
estava sentado na cama, ao meu lado, uma mão dele segurava a minha e a outra acariciava meu rosto.
Meus olhos mal conseguiam ficarem abertos, minhas pálpebras insistiam em cair, mas eu estava relutante quanto a isso.
-Durma, – pediu dando-me um leve beijo na testa.
Eu apertei sua mão.
-Promete que você não vai embora quando eu fechar os olhos? – perguntei, a voz rouca.
olhou pra , como um pedido, ele assentiu.
-Não vou – prometeu.
Estiquei meus braços, com muita dificuldade, a propósito, num pedido para que ele se aproximasse. Ele sabia o que eu queria; me deu um leve beijo e afagou meus cabelos.
Depois eu pude o ouvir alertando :
-Ela está fervendo em febre.

Acordei com a boca seca. Meu travesseiro estava molhado. Alguém havia tirado meus sapatos e colocado um cobertor sobre mim. Percebi que eu ainda estava mal quando levantei e meu quarto girou; caí sentada na cama. Levei a mão à cabeça.
- ? – chamei, mas minha voz era inaudível.
Esperei por um minuto. Levantei-me apoiando-me em tudo e fui até a porta entreaberta.
- Alguém? – perguntei.
Minha mãe apareceu.
-, querida, como você está? – Ela pôs a mão em minha testa, beijou meu pescoço, fiz uma careta – Você parece ainda estar febril, me disse que você estava ardendo em febre ontem, ele estava preocupado. Mas parece que cuidou bem de você – tagarelava minha mãe enquanto me olhava – Você não está totalmente bem, não é? Comeu alguma coisa diferente no acampamento? Eu falo pra você se cuidar, mas você não me ouve!
-MÃE! – gritei. Me arrependi no mesmo segundo, pois minha garganta doeu e a força que eu usei causou-me tontura.
Fiz uma careta, fechando a cara para minha mãe como se ela fosse culpada de tudo.
Meus olhos percorreram o corredor e a escada procurando por .
-Onde está o ? – perguntei.
-Hmmm, acho que ouvi ele dizer alguma coisa de Suzanne.
-Suzanne!? – exclamei, arrependendo-me novamente.
Será que ele foi procurá-la para terminar com ela? Mas eu queria falar com ele antes? Por que ele não esperou eu acordar?
-É – respondeu minha mãe -, parece que ligaram pra ele dizendo que ela estava super mal e ele precisava vê-la.
Minha testa enrugou-se de preocupação. Só me faltava essa!
-Vamos comer alguma coisa – chamou minha mãe.
-Não estou com fome – eu disse.
-Mas vai comer, mocinha!
Ela me ajudou descer as escadas. estava lá, ao telefone. Ele pareceu baixar o tom de voz quando me viu.
Enquanto eu tomava meu café, de mal vontade - meu estômago ainda parecia recusar comida -, pude escutar algumas coisas que dizia:
-Tem certeza que você escutou certo? Hmm. E quando ele vai sair de lá? Entendo... É melhor você vir aqui para contarmos a ela. Certo, , até.
Quando terminei meu café levantei-me, já não tinha mais tanta dificuldade em andar. Olhei para , meu olhar era acusatório.
-O que você estava conversando com o ? – Ele pareceu ter sido pego de surpresa.
Ele aproximou-se e estendeu uma mão a mim como se pedisse calma.
-Espera o chegar, ele te conta.
-Rá, agora você me deixou realmente curiosa – eu disse.
-Não...não é nada de mais.
-Me conta – insisti entre os dentes. – Agora, .
comprimiu os lábios.
-Está bem, você pediu. – Ele parou por alguns segundos e analisou minha expressão, depois continuou: - Bom, a Suzanne enlouqueceu nesse final de semana, diagnosticaram ‘Síndrome do Pânico’, ela não quer sair de casa e só chama pelo . Os pais delas ligaram desesperados para o ir pra lá.
Comecei a raciocinar sobre aquilo que ele disse. na casa da idiota da Suzanne, consolando-a. É claro que ele não seria capaz de terminar com ela. Não com os pais dela contando com a ajuda dele para que ela melhorasse.
Eu acho que ele devia dar um belo chute na bunda dela pra que ela caia numa depressão profunda sem forças para levantar da cama. Mas é claro que isso é o que eu penso. , não. Com certeza, não.
De repente tudo escureceu e a sala girou. Senti uma forte pancada em minha cabeça.

Capítulo 18


Acho que bati a cabeça na cadeira. Acho nada, foi o que eu escutei.
-Será que ela acorda logo?
-Não sei, ela bateu a cabeça na cadeira.
-Hmmm...
-, não sei o que eu farei com você!
-Mãe, eu não tive culpa!
-Tinha que ter contado sobre o ?
-Ela que pediu...
-Mas, ...
-Ei, ela ta acordando!
Abri os olhos devagar e pude ver três cabeças curiosas me olhando: , minha mãe e .
-Você tem sorte, ! – disse minha mãe.
-Mãe, eu estou bem, ele não teve culpa – informei.
Minha mãe estreitou os olhos.
-Gente, o que importa é que ela está bem – disse – Só precisa ver a cabeça dela que bateu na mesa.
-Cadeira, – corrigiu .
revirou os olhos.
-Que seja! – concluiu.
Eu estava no sofá.
De repente lembrei-me o que causou me desmaio, levantei depressa. Cambaleei, me segurou.
-Ei, o que é isso? – ele perguntou, apontando minha clavícula.
-O quê? – indagou .
-Isso. – apontou para o mesmo lugar novamente.
Lembrei-me o que era. Aquela marca vermelha arroxeada.
Arregalei os olhos.
-Ham – comecei -, picada de mosquito, tinham muitos lá no acampamento.
retorceu os lábios e estreitou os olhos para mim.
tossiu espantado. Mamãe fingiu não ouvir nada.
-Ei, hoje é segunda! – eu lembrei – A gente tem que ir à escola!
-Você não vai à escola, nem pensar! – ordenou minha mãe.
Eu abri a boca, mas não sabia o que falar.
-E eu vou ficar com você – avisou .
-Mas vai mesmo! – eu disse. – Pode me contar tudo o que sabe.
-Não acho que seja uma boa idéia, – conjecturou .
-Não mesmo – concordou minha mãe. – Não enquanto você ainda estiver com febre.
-Rrrr... – rosnei. – Eu exijo que me contem tudo!
Escutei o som de alguma coisa vibrando sobre a mesinha de centro da sala. Era meu celular.
Eu movi-me para ir atendê-lo, mas foi mais rápido; pegou meu celular, olhou a tela e atendeu:
-Oi, .
Estendi a mão a ele para que ele me desse o aparelho. Ele me ignorou.
-Não, nós não vamos à escola.
Ele esperou falar.
-Tente ir embora no intervalo e venha para cá – ele pediu num tom sério. – Certo. Tchau.
Olhei a ele indagando-o.
-Ela queria saber por que não fomos à escola. Daqui a pouco ela está aqui.
Eu sentei no sofá novamente e cruzei os braços pensativa.
-Você vai ou não vai me contar tudo, ? – perguntei enquanto ele sentava-se ao meu lado e minha mãe levantava-se.
-Espere a chegar, está bem?
-Humpf! Você e o são uns incompetentes, não sabem fazer nada sozinhos!
-Filha, tenho que ir trabalhar, tome o remédio que está na pia da cozinha. – Ela virou-se para . – Cuide dela, está bem?
Ele assentiu.
Minha mãe saiu da sala e correu escada acima.
Comecei entrar em desespero. As informações que surgiam em minha cabeça deixavam-me entorpecida.

não está ao meu lado.
está com alguém que não sou eu.
Esse alguém é uma garota.
Essa garota é Suzanne.
EU QUERO O AQUI E AGORA!

Comecei a suar. Meu estômago embrulhou-se novamente.
Corri para o banheiro. E lá se foi meu café-da-manhã.
apareceu atrás de mim, seu rosto estava pálido e assustado. Senti-me fraca novamente e ele me segurou firme pelos braços.
-Leve-a para cima – ordenou -, vou pegar o remédio e já levo.
segurava-me forte enquanto subíamos a escada.
-Tente respirar fundo – pediu enquanto eu deitava em minha cama.
Eu respirei.
Alguns segundos depois, apareceu com o remédio e um copo com água.
Sentei-me na cama enquanto ajeitava o travesseiro para que eu recostasse minhas costas.
Tomei o remédio rapidamente e devolvi o copo a .
-Você está verde – reparou fazendo uma careta.
Mostrei a língua a ele.
-Vai, , me explica, por favor! – pedi – O que realmente aconteceu com a idiota, imbecil e mal-amada da Suzanne? E o que exatamente o foi fazer na casa dela? – pisquei pesadamente, minha garganta doía.
suspirou.
-Bom, foi assim... Assim que saímos para o acampamento, Suzanne foi à casa dela e quebrou tudo em seu quarto; esvaziou as gavetas e tudo.
“Seus pais, de início, brigaram com ela, só que ela ficou perturbada demais e berrou até perder a voz.”
“Acontece que a raiva se transformou numa tristeza profunda, pelo que minha mãe me contou, ela chorou o final de semana inteiro e ficou trancada em seu quarto.”
“Seus pais também disseram que ela rasgou uma foto sua com a boca alegando que você é a culpada de tudo e que só seria capaz de curá-la.”
Meus dentes serraram-se de raiva. A força foi tanta que minha cabeça doeu, de novo.
-, - chamei com a voz falha de perturbação – como você sabe disso?
-Ah, eu moro lá perto e meus pais conhecem os pais dela... Eles foram desesperados lá em casa para saber onde estávamos.
-E... Agora o está lá amparando a Suzanne?
-Parece que sim... – baixou os olhos.
mexeu-se incomodado do outro lado do quarto.
-Isso não vai ficar assim – murmurei e levantei da cama.
Corri para a porta, mas caí assim que passei por ela.
e correram para me erguerem.
Essas minhas quedas já estavam me dando nos nervos. Detesto ser dependente dos outros.
Eles me puseram na cama novamente.
-Se isso continuar, terei que te levar ao hospital – concluiu .
-Nem pensar! – eu disse.
-Então fique bem quietinha aí até que o remédio faça efeito.
Emburrei e cruzei os braços.
O cansaço me consumia, ou talvez o remédio.

Acho que dormi, porque quando vi tinham duas cabeças a mais me fitando. e .
-Uau, todo mundo veio me ver doente.
-Hey, você ta melhor? – perguntou envolvendo a cintura de por trás.
-Hmmm... – murmurei e levantei-me um pouco passando a mão na minha cabeça. – Parece que sim.
sorriu, ela parecia um pouco envergonhada. Não sei por que. Ah, não, eu sei. É a primeira vez que eu a vejo com o namorando oficialmente e até agora ela não havia me contado oficialmente.
Eu fingi não ter lido essa expressão dela.
-Vocês deixaram o Jeff sozinho na escola? – perguntei.
-Alguém tem que copiar a matéria – explicou com um sorriso brincalhão no rosto.
Ei, será que ninguém percebeu que não há nenhum motivo para sorrir?
Eu estou praticamente impossibilitada numa cama e o ta junto com aquela menininha arrogante da Suzanne!
Ela, definitivamente, não precisa mais dele do que eu. Nem que ela estivesse na beira de um precipício pronta para atirar-se.
-Gente, vocês não precisam ficar aqui me olhando. Eu vou ficar bem, prometo.
-Daqui eu não saio – avisou .
-Nem eu – concordou .
-Eu vou buscar o Jeff na escola, então – anunciou .
-E a matéria? – preocupou-se.
-Desde quando você se preocupa? – revirou os olhos.
-Ei!
riu. Ela o puxou para que ele sentasse na poltrona no canto do meu quarto.
sentou-se em seu colo.
deixou o quarto.
suspirou e sentou nobre uma almofada no chão.
-Eu vou acabar com a raça do se ele não contribuir para a sua melhora – ele avisou.
Eu sorri fraco.
-Eu preciso dele – conjecturei antes de fechar os olhos novamente.

Acordei um tempo depois me sentindo bem melhor; estava até com fome. Espreguicei-me e esfreguei os olhos.
estava em meu quarto.
-Hey, Srta. – brinquei.
Ela sorriu.
-Ei, nem vem que você também não me contou sobre o .
Eu fechei a cara.
-Desculpe – pediu .
Eu ignorei os fatos e respondi:
-Você queria o que? Eu estava morrendo e lá não tinha sinal.
-Eu sei, eu sei... me ligou quando vocês pararam.
Alguém bateu à porta entreaberta e a abriu.
-, você acordou! – observou . – Eu vim chamar a pra almoçar enquanto eu ficava aqui, mas já que você acordou... Quer almoçar? As duas?
-Ótimo – eu disse.
Levantei-me devagar sobre os olhos receosos de e . Consegui parar perfeitamente em pé.
A escada foi um pouco difícil, mas só por causa da fraqueza. Eu já não tinha mais febre e tudo parecia estático novamente.
Jeff já estava em casa, como sempre.

E o resto da tarde passou assim. Todos eles tentavam me distrair enquanto paparicava a mesquinha.
Ta, eu até ri quando o acariciou a mão de achando que fosse a e depois quando ele apanhou e quando estava tentando fugir virou o sofá para trás; minha mãe estava em casa e quase teve um treco.
Também ri da risada do Jeff, sempre escandalosa e anasalada.
Mas nada fez com que eu tirasse da cabeça.

Depois que todos foram embora, eu voltei para minha cama. Tentei não pensar em nada enquanto tentava dormir.

-? – chamou . Não sei quanto tempo havia se passado.
Pisquei algumas vezes na penumbra.
-Hmmm – murmurei.
-É... Tem alguém aqui que quer falar com você, mas só se você quiser, se não quiser eu posso mandá-lo embora.
Olhei o relógio; eram mais de meia-noite.
-, são mais de meia-noite.
-Eu posso mandá-lo embora – repetiu ele.
-Quem é, ? – perguntei. – Na verdade, não importa. Não quero falar com ninguém, quero dormir.
Numa fração de segundo, foi puxado para trás e minha porta, que estava entreaberta, foi escancarada com violência.
adentrou meu quarto.
Sentei-me na cama e, de imediato, acendi a luz pelo interruptor sobre a cabeceira.
Quando olhei pra ele, fiquei inexpressiva, com muito esforço, diga-se de passagem.
-, você está bem? – indagou .
-Acho que sim – respondi. Ainda me esforçava para não demonstrar emoção. – Se você não veio aqui para dizer que terminou com a Suzanne, não quero escutar nada.
-... – Ele suspirou. – Eu... eu não terminei com ela.
-Então só volte a falar comigo quando terminar.
-, eu não deixei de terminar com ela porque eu não quis. Ela ta super mal, se eu terminasse com ela, ela poderia desmoronar, sei lá... Ela ia começar a chorar e eu não saberia o que fazer.
-E daí? O que é que eu tenho a ver com isso? Quando ela me derrubou no banheiro ela não estava nem aí com as conseqüências que eu sofreria, então que se dane que ela desmorone de tanto chorar.
-!
-! – Eu respirei fundo. – Sabia que quando você foi tentar fazer uma se sentir melhor, você deixou outra doente e que só piorou pela sua ausência, sendo que você prometera não deixá-la?
-Eu sei, mas... – Ele fechou os olhos por alguns segundos; parecia sentir dor, e sentou-se na beirada da cama. – , entenda, os pais dela ligaram desesperados, eles são meus tios; eu tinha que atender à vontade deles.
-Não, não tinha não. Era só dizer que tinha alguém que precisava mais de você do que ela! – Meus olhos encheram-se de lágrimas, não consegui mais manter minha inexpressividade; eu senti falta dele aquele dia. Minha vontade era de abraçá-lo, beijá-lo...
-Não acredito que está começando tudo de novo – ele murmurou baixinho.
-Começando o que, ? – perguntei exasperadamente. – Você que começou com isso! Ninguém mandou me deixar aqui depois de prometer que não o faria! Eu ainda me pergunto por que eu estou falando com você, já disse que não quero falar com você enquanto não terminar com aquela idiota. – Eu cuspia as palavras, meus olhos ardiam por causa das lágrimas.
-, por favor...
-Por favor, peço eu – interrompi -, saia daqui, você chegou tarde, já estou melhor.
franziu o cenho e mordeu o lábio inferior; ele realmente parecia estar com dor.
A possível dor dele refletiu em mim, mas eu não ia dar o braço a torcer, era ou eu, ou ela.
-Vá. O que está esperando? Que eu piore? Ah, mas você não vai se importar, não é? Desde que Suzanne esteja bem, está tudo bem pra você! – Eu olhei no fundo dos seus olhos.
Ele trincou os dentes, as veias de sua testa pareciam ter saltado. Ele engoliu, piscou demoradamente e levantou-se.
virou-se de costas para mim, mas hesitou antes de andar, virando-se para mim e anunciando:
-Eu vou fazer o que quer. – E saiu.
, que esperava na porta, deu passagem a ele levantando os braços, as palmas viradas para fora.
Eu não consegui ler por trás dos olhos de quando ele disse. Nem entendi, de fato, o que ele disse, mas ele parecia determinado e ao mesmo tempo inseguro.
Não sei explicar.

Capítulo 19

Acordei bem melhor no dia seguinte.
-Você acha que está bem para ir à escola hoje? – mamãe perguntou enquanto entrava no meu quarto.
-To sim, mãe.
Ela pôs uma mão na minha testa e em seguida beijou meu pescoço, de novo. Eca!
-Mãe! Detesto quando você beija meu pescoço!
-É um ótimo jeito de ver se você está com febre – explicou ela. – Você não gosta quando eu beijo, mas com certeza o fez isso várias vezes pra te deixar essa marca.
Eu bufei. Tanto pelo fato de ouvir o nome de quem eu não queria no momento e também por saber que aquela maldita marca ainda não sumira.
Passei a mão sobre o pescoço, acho até que eu pude sentir o momento em que deixou aquilo em mim. Ai!
-Mãe, sem detalhes, por favor!
-Vocês brigaram, então?
-Hmmm, não sei bem se brigamos, mas eu não falo mais com ele!
As sobrancelhas de minha mãe uniram-se.
-Não sei se acredito nisso.
Bufei mais uma vez.
-Mãe, deixa eu me trocar, vai!

Tomei um bom banho; tirei um peso de mim.
Tomei café, escovei os dentes, passei meu melhor perfume, meu lápis e meu gloss de menta.
já me esperava no carro quando entrei.
-Está melhor? – ele perguntou-me.
-Estou ótima.
-Você deve ter comido alguma coisa que te fez mal.
-Deve ter sido aquele maldito pão-de-mel!
-Pão-de-mel!? Não me lembro de te visto isso lá.
-Pois é, eu roubei da cozinha.
balançou a cabeça negativamente.
-Foi o pão-de-mel – concordou.

-, você tá melhor? – me recepcionou com uma pergunta assim que entrei na minha sala de aula.
-Estou ótima.
, que estava abraçada a , sorriu.
-Você me assustou ontem. Você parecia uma alienígena de tão verde – observou .
-Idiota – murmurei a ele.
-Vejo que você está curada, já tá até me xingando!
-Que engraçado – eu disse. Virei para e perguntei: - , você não vai pra sua sala? Que eu saiba não é essa.
-Ah, só vou ficar mais um pouquinho – ele disse apertando mais em seus braços.
-Você não sabe o quanto estou feliz que você chegou, ! – exclamou . – É um saco ficar de vela pra esses dois aí.
Eu ri.
A professora de francês entrou na sala e olhou para e .
-Acho que você não é dessa classe, , se não me falha a memória.
-Sim, professora, você está certa, já estou indo. – virou para beijar , mas a professora o impediu colocando uma mão em seu ombro.
-Nada de beijo na boca dentro da sala de aula! – advertiu ela.
-Eu disse isso pra ele, professora, mas ele não me escuta – informou .
A Sra. Laurito virou-se para ele.
-Não pedi sua opinião, ! Você e suas amiguinhas podem ir sentar, por favor?
-Claro, professora!
lançou um olhar triste a depois seguiu e eu até nossos lugares.

Depois das duas maçantes aulas de Francês, seguimos para o intervalo.
já nos esperava na porta; deu um selinho rápido em e a segurou pela mão.
-Cantina! – sibilou enquanto corria feito louco pelo corredor.
-Esfomeado – eu murmurei.
sorriu.
Caminhamos até um banco próximo a cantina.
sentou abraçadinho a e eu sobrei, não deveria ser assim, geralmente não era assim.
Eu vi Jeff e conversando com um pessoal. Olhei para todas as direções e ainda não tinha visto o .
Não era pra me preocupar com isso, mas é totalmente impossível não pensar em .
voltou da cantina.
-, o veio? – perguntou .
Ainda bem que ele me poupou de fazer essa pergunta.
-É, ele não veio. Estranho que quando eu passei pela casa dele, o pai dele disse que ele já tinha saído. Achei que ele já estaria aqui, mas até agora ele não apareceu.
-Que estranho – eu disse.
-Pois é – concordou .

Voltamos para a sala e tivemos duas aulas de história.
Independência dos Estados Unidos. Odeio.
No segundo intervalo meus olhos percorreram por todo o pátio da escola, sem minha permissão consciente, à procura de .
Nada dele.
-Sério, eu to preocupado com ele – afirmou . – Onde ele se meteu?
-Peraí, ele não foi pra... – olhou para mim antes de prosseguir – pra casa da Suzanne?
Eu cerrei os dentes.
-Pode ser. Será que ela prendeu ele lá? – perguntou.
olhou para repreendendo-o.
-Esquece – ele murmurou e deu uma breve olhada em mim; provavelmente analisando minha expressão.
Eu dei de ombros.
Eu estava curiosa para saber onde estava, mas sou muito orgulhosa para admitir isso aos outros.
O sinal tocou e nós quatro saímos andando para as escadas do colégio.
-Ei, espera! – alguém gritou.
E foi quando eu o vi pela primeira vez naquele dia.
estava com um ar cansado. Vestia um casaco cinza. O casaco mais perfeito que eu já havia visto. Um cachecol xadrez em tons de cinza e preto envolvia seu pescoço.
Duas coisas me chamaram mais atenção nele. Ele segurava um buquê de flores e tinha um enorme curativo em sua testa e outro na sua mão esquerda, a que não segurava o buquê.
Meu queixo caiu. Apesar da cara de acabado que ele tava, ele continuava perfeitamente lindo.
-? – Minha voz falhou um pouco.
Ele se aproximou lentamente, um sorriso tímido em seu rosto.
-Podemos conversar? – ele perguntou. – A sós – disse enquanto olhava para os três parados atrás de mim.
, e também pareciam surpresos e confusos, mas deixaram o local.
-Venha comigo – chamou ele.
Eu queria dizer a ele que não queria conversar com ele, mas minha voz não saía.
Andei atrás dele até o portão da escola. Ele acenou para o porteiro e saímos.
Andamos até a esquina.
Ele parou e olhou para mim, analisando-me.
-Isso é seu, a propósito – ele disse me entregando o buquê.
Eram tulipas, lindas tulipas.
-Obrigada, , mas o que é isso? O que está acontecendo?
Eu encostei-me ao muro da escola e olhei para frente tentando pensar em alguma resposta para minha própria pergunta.
andou até parar a minha frente, tampando meu campo de visão.
Ergui a cabeça para fitá-lo.
-Okay. Você não pediu para eu escolher entre você e a Suzanne?
-Eu pedi, , mas...
-Mas nada. Eu escolhi, . Eu escolhi você.
Reprimi um sorriso, apenas continuei a fitá-lo séria.
-Ainda não entendi – eu disse.
Ele revirou os olhos.
-Eu fui um idiota, eu sei, pode dizer. Era óbvio que minha escolha era por você desde o início. Eu errei desde a hora em que atendi ao chamado dos pais da Suzanne. , é você quem eu amo. Não importa que alguém esteja precisando muito de mim desde que você esteja bem. Eu nunca mais vou quebrar uma promessa que eu fizer a você. Nunca. Nunca vou por em risco sua confiança em mim. – Ele respirou fundo de olhos fechados. - Na verdade eu já fiz isso, você não confia mais em mim.
Minha ficha caiu. Ele fez o que eu pedi. Terminou tudo com a Suzanne porque eu pedi.
-Você terminou mesmo com ela?
-Terminei, . Eu teria chegado antes na escola e te dado a notícia se ela não tivesse me jogado um vaso de vidro na cabeça. Nós dois fomos parar no hospital.
Fechei os olhos com força.
-, você não é um idiota, eu é quem sou! Não devia ter feito isso com você, pedido que você escolhesse. Fui uma egoísta, um mostro. Você tinha que ajudar sua prima e eu te fiz sofrer por causa disso! Por ter tomado a decisão certa!
-Claro que não, . A decisão certa eu tomei agora. Decidi que eu tenho que me preocupar só e exclusivamente com você. Cuidar da Suzanne é trabalho para meus tios.
-Ah, – suspirei. - Você é o cara mais perfeito do mundo!
Larguei minhas tulipas no chão e corri para abraçá-lo.
Eu sorri feito uma idiota. Afastei-me dele e ele também sorria.
Ele desfez o sorriso e perguntou:
-Então você confia em mim?
-Confio, . Depois disso, eu me sinto um monstro.
-Por favor, não se sinta. - Ele sorriu.
Olhei o curativo da testa dele e em seguida peguei sua mão que também tinha um curativo; beijei de leve sobre ele.
Segurei sua outra mão e olhei em seus olhos. Ele me puxou para outro abraço e em seguida, pressionou seus lábios nos meus.

Capítulo 20

A maior prova de amor eu recebera aquele dia. Eu juro que achei que, pela personalidade do de sempre ser protetor com os outros, de não querer magoar as pessoas que ele gosta, ele não iria terminar com a Suzanne tão cedo, ia esperar pela recuperação dela enquanto me enrolava de algum jeito. Mas não, ele superou minhas expectativas terminando com ela assim, mesmo depois dos tios dele pedirem a ele que ajudasse na recuperação da filha.
E o coitado ainda recebeu um vaso na cabeça e foi parar no hospital.
Eu quis saber de toda a história enquanto estávamos na esquina da escola, sentados abraçadinhos, com uma brisa leve, porém gelada que agitava meu cabelo.
-O que exatamente você disse a ela?
-Ah, , eu disse que eu amava outra pessoa e que, por isso, não ficaria mais lá com ela e que estava tudo acabado.
-Hmmm – murmurei. – E aí ela tacou o vaso na sua cabeça?
-Ah, na verdade ela começou a chorar e implorar para eu não ir embora. Ela até ajoelhou-se aos meus pés. Mas eu disse não, não e não e ela ficou vermelha de tanta raiva e jogou o vaso na minha cabeça.
Eu olhei o curativo em sua testa e franzi o cenho. Ele riu baixinho enquanto analisava minha expressão.
-Mas não parou por aí, não é? – eu perguntei. – Isso na sua mão, foi ela também, né?
Seu braço esquerdo estava envolvendo minha cintura por trás. Sua mão com o curativo estava apoiada em minha barriga e eu acariciava as costas dela.
Ele virou a mão para encarar o curativo.
-Bem, ela tentou me acertar com uma faca e...
-UMA FACA!? – olhei para ele com os olhos arregalados.
-Pois é, não faço idéia da onde ela tirou aquilo, mas eu fui tentar me defender e ela cortou minha mão. Depois ela começou a chorar porque eu estava sangrando e apertou a faca com as mãos se cortando.
-Ela se cortou!? – sibilei.
-É. Meus tios escutaram a gritaria e entraram no quarto e viram nosso estado; eu com a testa e a mão sangrando e ela com a mão sangrando. Eles perguntaram o que havia acontecido e eu disse tudo...
-Tudo o que? - perguntei ansiosa.
-, da pra esperar eu terminar de falar antes de perguntar?
-Desculpe, continue...
-Bom, eu disse que tinha terminado com ela e que eu gostava de outra pessoa e pedi pra eles cuidarem dela que eu estava indo embora. Eles até entenderam, ficaram irritados, claro, afinal é a saúde da filha deles que está em jogo, mas aí eles nos levaram até o hospital para fazerem curativos. Só que a Suzanne teve um surto lá. Ela mordeu uma enfermeira, quebrou o pé ao chutar um extintor de incêndio e ainda...
-Ela mordeu uma enfermeira? – perguntei rindo.
Então eu tive um ataque de risos. Quando eu achava que ia parar, começava a rir novamente.
esperou, pacientemente, até que eu parasse totalmente de rir para prosseguir:
-E ela jogou coisas num paciente que estava deitado e riu quando ela quebrou o pé. Depois disso, levaram-na para um manicômio.
-Não acredito, . Não acredito, ela foi mesmo para o manicômio?
-Aham.
-Uau.
suspirou ao meu lado.
-, não se sinta culpado por isso, por favor. Era pra ser assim... – eu disse a ele.
Ele olhava para a rua, mas fitou-me em seguida.
-Tem razão. Era pra ser assim. Eu e você juntos. – Ele sorriu e me beijou.
-JU! – escutei alguém gritar.
Eu e automaticamente viramos para ver quem era.
veio em nossa direção, sua expressão não era nada boa.
Levantamos assim que aproximou-se.
-Você me deu um susto, sabia? – perguntou .
-Foi mal, .
-O falou que viu o te chamar, fui te procurar pela escola e nada. Você quer fazer o favor de não sair da escola sem me avisar? Da última vez que você fez isso não teve um bom resultado e...
-Chega, já entendi, . Desculpa, ta? A gente só tava conversando.
olhou para , parou alguns segundos no curativo da testa dele. Depois reparou nossa proximidade.
-O que aconteceu com vocês?
-Nada – eu respondi rapidamente.
-Nada? – cerrou os olhos.
-A gente se acertou – eu disse.
-E o que é isso? – perguntou apontando para a testa de .
-Uma longa história... – respondeu. – Foi a Suzanne, sua irmã não tem nada a ver com isso.
-Hmm.
-, você anda muito chato e implicante ultimamente – eu reclamei.
-Não é chato, nem implicante, ; só estou sendo cuidadoso com você.
-Tá, mas eu estou em boas mãos agora – eu disse puxando para mais perto.
-Assim eu espero!
Eu revirei os olhos e riu baixinho.
-, relaxa, você não confia em mim? Nós somos amigos, ou não? Para a nossa banda e meu relacionamento com a sua irmã dar certo, temos que ter confiança um no outro – avaliou .
-Não, cara. Eu confio em você. Gosto muito de você também, é só que... eu me preocupo, né?
-Eu entendo – compreendeu .
sorriu, assim como . E eu não sei por que, mas meus olhos encheram-se de lágrimas. Eu não sei explicar o que eu estava sentindo àquela hora, mas eu estava muito feliz que tudo estava dando certo e meu irmão apoiava meu namoro. Eu simplesmente estava feliz e realizada.
Levantei a mão para secar a lágrima solitária que escorreu por meu rosto.
-Você está chorando? – perguntou .
A expressão de mudou e ele fitou-me preocupado.
Eu sorri a eles como um sinal de que estava tudo bem.
-Eu estou feliz! – exclamei.
Os portões da escola já haviam sido abertos e os alunos saíam.
-Vem, vamos encontrar com os outros – chamou e saiu andando.
Eu e seguimos atrás dele. Ele afagou meus cabelos e me deu um beijo na bochecha.

veio correndo em nossa direção quando nos aproximamos do pessoal.
-Ei, vocês se acertaram!? – ele perguntou animado.
-Sim – eu respondi.
-Só falta uma coisa – disse .
-O quê? – eu e perguntamos juntos.
mostrou-me o buquê de tulipas em suas mãos. Eu nem reparei que ele pegara as flores do chão quando saímos de lá.
-, você foi privilegiado, vai assistir na primeira fila – informou .
Eu e entreolhamo-nos confusos.
-Agora, oficialmente, eu te pergunto. , quer namorar comigo?
-Uau! – exclamou , mas ninguém olhou para ele.
Eu e estávamos numa competição de olhares. Nenhum de nós desviava o olhar um do outro.
-, responde! – pediu impaciente.
Eu o empurrei sem olhá-lo.
-Sim – respondi por fim. – É claro que eu quero, . Depois de tudo isso é impossível não aceitar!
sorriu aliviado. Ele estendeu o braço entregando o buquê a , sem desviar seu olhar do meu; me puxou, colocando uma mão em minhas costas, a outra mão, agora livre, também envolveu minha cintura. Ele pressionou-me contra seu corpo e me beijou. Começou devagar, mas foi acelerando até me tirar do chão. Quando partiu o beijo, meus pés ainda pairavam no ar; ele sorriu para mim e me pôs novamente no chão.
, com as tulipas na mão, , , Jeff e nos observavam.
-Oi, gente! – eu disse com um sorriso de orelha a orelha.
-O amor é lindo! – exclamou .
a abraçou pelo lado, assim fez , também, em mim.
-Ei, que tal almoçarmos todos juntos? Está um clima tão bom! – sugeriu .
-Feito! – exclamou.
-Ei, , o que você ta fazendo com essas tulipas? – perguntou .
Eu mesma respondi:
-São minhas – e peguei-as de volta.
-Onde querem almoçar? – perguntou .
-Outback? – sugeriu .
-Perfeito! – exclamou . – Alguém quer outro lugar?
-Outback está ótimo! – eu disse.
Todos concordaram e fomos ao restaurante em dois carros.

Capítulo 21

Tivemos que passar na casa do para pegarmos o carro dele e irmos ao restaurante.
O almoço foi perfeito. Eu me lembrei do meu primeiro dia de aula quando almoçamos no Wendy’s.
-Pessoal, - chamou – hoje temos um compromisso na gravadora, não se esqueçam!
-Que horas? – perguntou .
-Sete.
assentiu.

Estava eu, Jeff, e num carro e , e no outro, mas quando íamos embora, achou melhor ir com , já que eles moram na mesma rua.
-Mas, . Não é melhor todo mundo ir lá pra casa? Aí vocês ensaiam até a hora de ir pra gravadora! – eu sugeri.
-Boa! – exclamou .
-É, você tem razão – concordou .

E fomos todos para a minha casa.
Preciso dizer que e Jeff não agüentavam olhar pra mim e no carro? É, trocávamos beijos a cada segundo. Eu nunca vi o tão grudento, mas eu estava amando!
Chegamos a casa e os meninos correram ao porão.
Eu e sentamos no sofá enquanto eles ensaiavam uma música.
Em uma pausa que eles fizeram vi cochichar no ouvido de enquanto sentava no braço do sofá, ao meu lado.
-Ei, vocês! – chamou .
Todo mundo olhou para ele.
- quer perguntar uma coisa.
Eu olhei intrigada para os dois.
ficou levemente ruborizada quando todos a fitaram.
-É o seguinte, eu faço curso de moda e pretendo me profissionalizar nessa área, como estilista. E eu andei conversando com o sobre uma coisa... – Ela fez uma pausa. – Bom, vocês conseguiram contrato com a gravadora e pode ser que daqui algum tempo vocês façam bastante sucesso...
-E faremos, amém! – interrompeu .
sorriu ainda tímida e continuou:
-E eu pensei, vocês terão muitas preocupações com a música, com os shows, as fãs e muitas outras coisas... Eu queria saber de vocês se eu poderia ajudar com o visual de vocês, sabe? Tipo uma personal stylist! Eu posso desenhar suas roupas e confeccioná-las também.
-Uau! Eu não tinha pensado nisso – assumiu .
-Eu acho demais! – aprovou .
Eu olhei para .
-O que você acha?
-Eu sou a favor!
-Eu também – pronunciou Jeff.
-Ótimo! – exclamou . – Mas eu vou precisar muito da ajuda da .
-Hã? Por quê?
-Eu não posso criar um visual pra eles que não tenha a cara deles, e você os conhece muito bem e vai me ajudar a ver o que tem mais a ver. É claro que os meninos também vão opinar.
-E assim foi um jeito de incluir a na banda – avaliou .
-E fazer ela ficar mais tempo ao seu lado. – sorriu maroto.
-Claro – admitiu puxando pela cintura.

Após o ensaio, sugeriu dar uma passada na praia para pegar o pôr-do-sol, pois o céu estava totalmente azul, sem nuvens. Ninguém quis, a não ser eu, e .
Então fomos nós quatro no carro do . A praia fica numa ilha perto do centro da cidade. Estava um vento gelado, por isso fomos muito bem agasalhados.
Chegamos na hora certa. O pôr-do-sol estava maravilhoso e a praia, vazia.
Sentamos na areia dura. Eu abracei meus joelhos de frio, , ao meu lado, sentou-se na mesma posição, mas passou os braços em volta de mim. Um pouco mais afastado sentaram-se e , também abraçados.
Ficamos, em silêncio, fitando o sol desaparecer lentamente no horizonte. Quando olhei para o lado oposto a , pude ver e beijando-se. Eu sorri.
acariciava, com cuidado, os cabelos de .
Percebi que também os observava. Ele riu baixinho.
-O que foi? – perguntei olhando para ele.
Ele tirou os braços de mim e olhou para frente. Eu continuei fitando-o atônita. Sem apoiar as mãos na areia ele levantou-se rapidamente, um enorme sorriso irradiava de seu rosto.
-? – eu chamei, mas ele não me respondeu. – !
Ele não olhou para mim e começou a andar devagar, paralelamente ao mar. Olhei novamente para e , para ver se eles estavam vendo o que fazia, mas os dois ainda estavam beijando-se, alheios a tudo.
Quando voltei meu olhar a , ele estava mais distante, ainda andando devagar, sem olhar para trás.
Eu levantei e caminhei na direção dele, apressando o passo para alcançá-lo. Quando eu estava bem próxima, o suficiente para tocá-lo, ele pôs se a correr.
-Ei! – gritei.
Corri atrás dele até uma área onde a areia era mais fofa; meus pés afundavam-se com mais facilidade. Subitamente, ele parou, virou-se para mim e me deu um leve empurrãozinho. Desequilibrei-me e caí. Apoiei-me nos cotovelos fitando-o indignada.
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ou levantar, agachou-se e empurrou meu braço, me fazendo bater as costas na areia fofa. Sua expressão era tão marota e seus olhos brilhavam, eu não conseguia repreendê-lo, nem ao menos dizer alguma coisa.
Ele colocou um joelho de cada lado de mim, no chão, me prendendo entre suas pernas. Eu olhava fixamente para ele, não sabia se sentia medo, eu estava gostando.
segurou meus punhos, prendendo-os na areia, cada um de um lado do meu rosto.
- – chamei sem fôlego -, o que você está fazendo?
Ele não respondeu. Aproximou-se devagar do meu rosto, ofegava por causa da corrida.
deu-me um beijo suave nos lábios, depois se afastou. Eu estava de olhos fechados quando ele soltou meus braços e tirou suas pernas de mim, abruptamente me puxou e rolou, fazendo-me parar sobre ele, que sorriu. Eu estava totalmente mole, sem forças para nada.
Delicadamente, enroscou sua mão em meus cabelos, por trás da minha nuca e me puxou para um beijo, eu correspondi, claro, mas não me mexi um centímetro, a não ser pela minha cabeça que ‘dançava no ritmo do beijo’.
Era início de inverno, o sol se punha cedo. Quando partiu o beijo, pude ver que o sol já havia se posto.
-, que horas são?
-Hmmm... Não tenho relógio, mas deve ser umas 5 horas, por quê? – ele respondeu ainda embaixo de mim.
-A reunião na gravadora é as sete, melhor voltarmos pra casa, pra vocês se arrumarem e irem.
-Tem certeza? – fez biquinho.
-Tenho. – Levantei-me de cima dele e estendi minha mão.
Ele levantou, relutantemente, com minha ajuda. Chamamos e e voltamos para a casa.

Esperei, junto com , eles voltarem da reunião em minha casa.
abriu a porta e eu a fitei, assim como .
-Confirmado! – anunciou ele.
Eu expressei dúvida.
-Tudo confirmado para gravarmos, começamos depois do natal! – explicou .
deu um gritinho e correu para abraçá-lo.
-Parabéns! – Ela deu-lhe um selinho. – Vocês devem estar ansiosos, não?
Todos confirmaram com a cabeça e sorriram.
-O que vocês estão esperando? – eu perguntei. – Vamos comemorar!
-, hoje é terça-feira! – largou-se no sofá da sala.
-Quem liga? – deu de ombros.
-, vamos nessa! – chamou Jeff.
-Isso aí, careca! – aprovei.
sacudiu a chave do carro.
-Quem vai comigo?
-Eu! – gritei puxando pelo braço e indo para o lado de .
-Então, vocês dois vêm comigo. – apontou para e Jeff.


Capítulo 22


Todos nós já tínhamos comido e estávamos bebendo. E é nessas horas que se deve parar de conversar para não falar bobagem, mas todos sabem que não é isso o que acontece, ainda mais quando todos na mesa não têm idade suficiente para cometer tal delito.
Ainda bem que no Outback eles nunca pedem a identidade.
Não sei explicar como o rumo da conversa foi parar em casamento, na verdade, não absolutamente casamento, mas futuro.
-Eu duvido que o casa – disse rindo.
-! – repreendeu-o , olhando para avaliar sua reação, mas ela riu, acompanhando . Ninguém estava sóbrio o suficiente para não relevar o que os outros falavam.
-Ah, qualé? Ela não quer casar com você, ! Se enxerga!
Todos na mesa riram.
-Eu aposto que o Jeff casa primeiro – conjecturou .
-Eu!? – Jeff apontou para o próprio peito. – Duvido! Nem namorada eu tenho! Quem vai casar é a com o .
Fitei e ele ria olhando para baixo; percebi que ele evitou meu olhar. tossiu.
-E o vai ficar pra titio! – completou gargalhando.
fingiu uma risada num tom irônico.
finalmente olhou para mim, retribuí seu olhar com um leve sorriso nos lábios. Ele pegou minha mão sobre a mesa e me deu um selinho; fixou seus olhos nos meus enquanto acariciava as costas dela.
Nosso contato visual foi quebrado graças a escandalosa risada de Jeff e o barulho estrondoso causado pela queda de sobre a cadeira e o chão. Ai, deve ter doído!
olhou assustado para um caído e que gemia.
estava numa crise de risos, enquanto e ajudavam a se levantar.
-Perdi. O que aconteceu? – perguntou a Jeff.
- foi imitar a dançarina que ele vai convidar para a sua despedida de solteiro, aí ele subiu na cadeira e caiu.
-Minha despedida de solteiro!? – indignou-se.
Eu ri.
-Machucou, ? – perguntei em seguida.
-Tô bem, tô bem. – olhou para . – Não fique assim, a dançarina não vai cair na sua despedida de solteiro, quer dizer, eu posso não ser bom para dançar, mas escolher boas dançarinas, isso é comigo!
-! – gritou .
-O quê?
-Esquece esse lance de despedida de solteiro.
revirou os olhos.
-É, Jeff, concordo com você, vai casar primeiro e com a !
apertou rapidamente minha mão.
Ficamos em silêncio por um tempo, até eu enfiar a ponta do meu dedo em minha boca e em seguida, no ouvido de . Nojento, eu sei.
-Ai! – ele gritou. – Babaca. – me deu um tapa na cara, mas aparentemente foi mais forte do que ele planejara.
-AU, ! – Eu cobri o rosto com as mãos.
-? – chamou preocupado. Em seguida, deu um tapa no topo da cabeça de .
-Ai! – esfregou a região atingida por com a mão. – , desculpa, foi mais forte do que eu queria.
-Tudo bem, . – Eu tirei as mãos do rosto e virei-me para . – , precisava bater nele?
-Ele te machucou! – retrucou perplexo.
-Não, eu estou bem. E fui eu que comecei.
-Isso ae! – concordou dando a língua à .
, Jeff, e apenas riram da cena.
Finalmente foi cada um para sua casa para dormir três horas e enfrentar seis aulas no dia seguinte.

-? – Cutuquei-o. Ele estava sentado na cadeira de sua carteira com a bochecha sobre a mesa, os braços jogados ao lado do corpo.
abriu um pouco os olhos e se mostrou irreverente quanto a minha presença.
-Bom dia pra você também, !
Eu sentei em sua frente e logo em seguida, chegou com uma cara não muito melhor que a de , ela sentou-se ao meu lado depois de me dar um beijo no rosto.
Era aula de sociologia e as únicas três horas dormidas finalmente começaram a fazer efeito em mim. Meus olhos insistiam em fechar e minha cabeça parecia uma vara de pesca presa a um suporte, que inclinava-se toda vez que um peixe beliscava a isca.
Sobressaltei-me quando a professora chamou meu nome; chamou não, gritou.
-Vocês três. – Ela apontou para mim, e . – Retirem-se, agora! – ordenou. – Vão dar um alô ao coordenador. Vão, vão! – Ela fez um gesto com as mãos expulsando-nos.
foi o primeiro a se levantar e saiu quase correndo, foi atrás, aos tropeços; eu os segui, ruborizada pelos olhares e murmúrios pela classe.
Entramos numa sala razoavelmente pequena, dividida em três por uma divisória de ferro pintada de bege. A parte onde estávamos era a menor, na qual só tinha um banco almofadado de três lugares. De frente pra ele, duas portas, uma para a “sala” do coordenador e outra para a da auxiliar.
Encostado à parede, vi ; um capuz cobria parcialmente seus olhos. No banco, ao lado dele, estavam , e Jeff, os três quase dormindo “em pé”.
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, o coordenador abriu a porta de seu “cubículo” e sorriu para nós.
-Ora, todos vocês de uma só vez! Mas que honra! – disse ele.
mexeu-se assustado e esfregou os olhos.
-Hmmm... Dormindo na aula, estou certo? Qual foi a festinha de ontem? – Ele parecia realmente interessado com um sorriso bobo no rosto. Definitivamente, ele não me parecia um coordenador, ainda mais usando uma camisa xadrez em vermelho, preto e cinza para fora da calça, a qual era social e preta; nos pés um all star da mesma cor.
-A gente tava comemorando... – começou receosamente.
-Comemorando o que? Pode falar! – pediu o coordenador.
-A gente tem uma banda, você sabe disso, né? – esperou por uma resposta, mas o Sr. Blank apenas sacudiu a cabeça positivamente. Então ele explicou sobre o contrato com a gravadora e a confirmação do início das gravações.
-Uau! – fez o coordenador, enfiando uma mão no bolso. – E como chama a banda?
-Simple Plan – respondeu .
-Decidimos a pouco tempo – completou .
-Uau – Sr. Blank repetiu com um sorriso que expunha seus dentes perfeitos e brancos e seus grandes olhos verdes brilharam. – Receio que vocês tenham de ir embora – ele disse com sarcasmo em sua voz.
Nós nos entreolhamos perplexos.
-Vai! Vão descansar, vocês precisam de muita energia! Vou avisar o porteiro que vocês estão saindo. – Ele franziu o cenho. – Não, também não preciso fazer isso, sei que vocês saem sem minha permissão de qualquer jeito.
arregalou os olhos.
-Tudo bem, tudo bem, não fiquem assim, eu também fazia isso e... Ah! Me convidem para um ensaio um dia desses. Eu adoraria! E não se esqueçam, eu torço por vocês! Boa sorte, meninos!
-Valeu! – exclamou Jeff.
Todos estavam boquiabertos.

Já do lado de fora da escola perguntou:
-E então, vamos dormir?
-Opa! – respondi.
-É... Ô, , por que você não deixa pra dormir depois já que você tem o dia todo para isso? – perguntou-me . – Eu queria que você fosse até minha casa para que eu te mostrasse uma coisa.
-E por que ela faria isso, ? – inquiriu sério, mas um pouco grogue de sono. Sempre ele querendo dar uma de irmão chato e ciumento!
-Porque eu quero e você não tem nada a ver com isso, querido irmão – disse colocando um tom de ironia na última parte.
-Tá, tá, então vai! – Nós dois reviramos os olhos. – Alguém quer carona? – meu irmão perguntou virando-se para os outros. – Quer dizer, eu prefiro que vocês venham até minha casa, não sei se eu agüento levar cada um para sua casa.
-Fechado! – concordou Jeff.
-Jeff, você já iria sem eu convidar, - revirou os olhos. – queria ouvir a resposta do , da e do .
-Beleza! – respondeu rindo da cara de Jeff.
, claro, concordou, assim como .

-O que você quer me mostrar? – eu perguntei a enquanto caminhávamos à sua casa.
-Surpresa. Na hora certa você vai saber.
Comprimi os lábios para o lado, fazendo um leve bico e olhei de soslaio para ele.
-Você fica linda com essa cara. – Ele possuía um ar triunfante, como se tivesse acabado de vencer uma guerra. Extremamente lindo, confesso, mas tão, TÃO irritante. – O que foi? – perguntou-me enquanto analisava minha expressão.
-Nada. Só tô curiosa.
Ele riu baixo.
-Calma, já estamos chegando e você vai ver! – sorriu para mim; estava confiante e irradiantemente feliz. Se é que irradiantemente é uma palavra.


Capítulo 23

abriu a porta de sua casa e deu espaço para que eu entrasse. Eu sei que não havia motivos para aquilo, mas eu fiquei um pouco sem jeito logo que adentrei a sala. Apertei meus braços contra o corpo como se sentisse frio, enquanto trancava a porta e tirava seu casaco, pendurando-o no gancho da parede.
-Pai? – ele chamou para o fundo da casa enquanto me ajudava a tirar meu sobretudo vermelho.
Ninguém respondeu. Senti-me um pouco mais a vontade.
-Senta aqui um pouco e me espere, okay? – pediu conduzindo-me até o sofá.
-Ah, quero ir até seu quarto... – murmurei sob um sorriso malicioso e brincalhão.
-Você terá muitas outras oportunidades para isso – ele retrucou no mesmo tom e com o mesmo sorriso que eu.
Eu revirei os olhos e me joguei no sofá, cruzando os braços a minha frente.
-Eu sobrevivo a isso dessa vez!
riu baixo enquanto me analisava.
-Útil, muito útil. Ou vai morrer sem saber o que é!
-ÓÓÓ! – eu fiz erguendo ambas as mãos. – Nunca me senti tão viva quanto agora!
piscou para mim e sorriu.
-Fiquei aí e não se mexa! – ordenou apontando o dedo para meu rosto.
Fiz uma cara de anjinho de desenho animado e , convencido, subiu as escadas apressadamente.
Em seguida, ele voltou a descê-las, mas diferente de como eu esperava, ele não trazia nada nas mãos; jogou-se ao meu lado no sofá e pôs ambas as mãos atrás da nuca. Despreocupado, ele fechou os olhos e suspirou alto.
Irritante. Irritante. IRRITANTE.
Fitei-o. Ele continuava de olhos fechados e o canto de seus lábios repuxavam-se num pequeno e torto sorriso.
Lindo. Lindo. LINDO.
-! – Eu cutuquei sua barriga.
Ele reprimiu um riso, mas não se mexeu.
-Ei! Me mostra! O que é? – pedi impaciente.
riu ainda de olhos fechados, quando os abriu, perdeu o ar brincalhão e assumiu um sério, com olhos penetrantes e que fitavam os meus.
-Bom, como posso começar?
-Pelo começo? – sugeri.
Ele revirou os olhos, mas, em seguida, eles tornaram a ficar paralisados e penetrantes.
pigarreou antes de começar:
-A gente não gosta de lembrar algumas coisas do passado, mas isso é impossível, já que elas fazem parte da nossa história. – Ele tirou uma caixinha do bolso de sua calça, ela era estranhamente familiar.
“Quando tentei te dar isso pela primeira vez, você terminou tudo comigo, porque estava grávida de um amigo meu que você conhecera dois dias antes.”.
Engoli em seco com suas palavras. Mas ele continuou sem perceber, ou pelo menos ignorou minha reação.
-Eu tinha acabado de mudar minha opinião sobre você pela segunda, ou terceira vez, já que uns dias antes, eu cogitara que você fosse uma menina como outras que eu conheço, mas eu vi que estava errado.
“As pessoas mudam, muitas coisas podem acontecer em menos tempo do que a gente imagina, mas outras, muitas vezes de maior importância, continuam lá, por isso que eu guardei isso.”.
Abri a caixinha que deixara sobre minhas mãos, lá estavam duas alianças pratas cintilando para mim, assim como deveriam estar meus olhos. O garoto/homem a minha frente sorriu, pegou uma das alianças e a encaixou perfeitamente em meu dedo anelar, em seguida, beijou o local.
Eu fiz o mesmo nele com a aliança um pouco maior do que a que usava.
Nós dois estendemos a mão direita para a frente, na altura dos olhos, entrelaçamos nossos dedos e fitamos por um momento nossas mãos.
Ergui meu olhar para encontrar o dele.
-Há quanto tempo você vem pensando nisso tudo que me disse?
-Há um bom tempo. – Ele riu, assim como eu.
Inclinei-me para beijá-lo.
Foi um beijo terno, livre de segundas intenções e que custou a parar.
-Mas tem mais... – Ele afastou-se um pouco, mas não desgrudou os lábios do meu. – Só quero... – Deu-me um selinho, enquanto afagava meus cabelos. – Sintetizar.
Com uma das mãos, eu o empurrei para que ele encostasse no encosto do sofá. Apoiei a cabeça em seu ombro e segurei sua mão, acariciando-a.
-Fale – pedi.
-Bom, eu não quero que essa aliança simbolize uma algema que me prenda a você e vice-versa, eu quero que ela seja uma aliança ao passado, funcionando como um alicerce para nós. A gente vai poder olhar para ela e lembrarmos de tudo pelo que passamos, mas que mesmo assim, conseguimos ficar juntos.
“Sei que futuramente teremos algumas, ou talvez, muitas brigas e muitas coisas podem e vão mudar, pois muitas coisas já mudaram até agora neste pouco tempo em que nos conhecemos, mas o que não mudou e nunca vai mudar é o amor que sentimos um pelo outro, o amor verdadeiro nunca muda.”.
-Profundo – brinquei.
-, não faça piada do que eu passei dias treinando para dizer, é sério – repreendeu-me.
-Não, não estou fazendo piada, sério. Mas é que nessas horas eu gosto de descontrair um pouco, sabe como eu sou uma manteiga derretida – expliquei a ele já com a voz embargada. Engoli a bile que formara em minha garganta.
rapidamente me abraçou e afagou meus cabelos da nuca.
-Não chore – ele sussurrou em meu ouvido.
Mas já era tarde, eu já havia molhado sua camiseta.
-Ah, – suspirei. – Eu sou muito romântica, você sabe. Essas coisas me emocionam e eu nem tenho como retribuir tudo o que você me disse. Foi tão... lindo!
-Retribuir para que? Eu só quero que você prometa ficar comigo para sempre.
Soltei-me de seu abraço, mas sem interromper o contato físico e visual.
-É claro que eu prometo, . Pra sempre. Mas e você, promete nunca me deixar? Mesmo que uma fã gostosa der em cima de você?
-Claro! Como se fosse possível uma fã mais gostosa que você.
Repreendi-o com os olhos.
-Prometa!
-Eu prometo. – Ele riu.
Pressionei meus lábios nos dele, selando nossas promessas.

Desde aquele dia eu soube que nem tudo seria perfeito; tudo pode mudar. Mas eu também estava convicta de que as pessoas que eu amo - e que sei que me amam – estariam sempre ao meu lado, prontas para me ajudar quando eu precisasse.
O que seria do amor se não fossem os obstáculos e barreiras que o fortalecem? Nada mais são do que alicerces e quanto mais, melhor ele fica.


EPÍLOGO

’s POV: on

Eu estava certo quando disse que a ia casar com o , mas eles não foram os primeiros, nem os últimos, claro.
Quem casou primeiro foi o com a . Quem é que mandou ele plantar uma sementinha dentro dela antes da hora? Ele é craque nisso.
Mas logo em seguida o casal foi formado.
E eu também casei. É, nunca me imaginei casado desde que conheci Lindy.
Mas enfim, Simple Plan já está junto há oito anos e hoje vamos nos reunir na casa da para comemorarmos mais um natal, juntos. Virou tradição passarmos essa data juntos desde que ela se tornou tão especial.

’s POV: off

’s POV: on

Eu e fomos os primeiros a chegar à casa de . Prometemos ajudá-la com os últimos preparativos, já que e haviam viajado para resolver um assunto da banda e voltariam em cima da hora. E porque Jeff e são uns folgados e não querem ajudar.
Assim que chegamos ao apartamento, Frank, meu filho de 4 anos, entrou correndo para a abraçar o pequeno Phill, o orgulho de e de apenas 2 anos e 8 meses.
-Phiiiill – gritou ele correndo.
-Cuidado, Frank, olha por ande anda – adverti.
-Fankie! – exclamou Phill ao ser abraçado.
riu da cena, mas seus olhos brilhavam, ela realmente amava seu pequeno fruto. Em seguida ela veio nos abraçar e já nos deu ordens.
-Coloquem as cervejas na geladeira e achem um lugar na mesa para colocar isso. – Ela apontou para o chester na mão de .
Alguns minutos se passaram quando ouvimos alguém assobiando no corredor
-Filho, vai abrir, deve ser o papai e o tio ! – pediu a Phill.
O pequeno ergueu-se com dificuldade do chão e correu com Frank ao seu encalço até a porta.
Os dois muito esperançosos.
A porta abriu-se ao mesmo tempo em que os garotos chegaram até ela.
Pude ver a esperança tornar-se desapontamento na expressão de Phill.
-É o Dave – ele concluiu sem muito entusiasmo.
entrou de mãos dadas com Lindy e os dois cumprimentaram os meninos.
-Ah, é só o – disse voltando para a cozinha.
-Como assim só o ?
Eu ri.
Jeff chegou logo em seguida e sentou-se no chão para brincar com os garotos, incrível como ele gosta daqueles dois. Eles também parecem adorá-lo.
abriu a porta da sala e Phill correu em sua direção. Ele pegou o filho no colo e beijou seu rosto.
-Que saudade do meu garotão. Como você tá?
-Bem – Phill respondeu sacudindo a cabeça.
passou o filho para – outro que morria de amores pelo sobrinho – e em seguida abaixou-se para cumprimentar Frank.
correu da cozinha e praticamente pulou nos braços do marido.
-Que saudade! – exclamou ela.
Ele deu-lhe um selinho.
soltou-se dele e foi beijar o irmão enquanto acariciava o filho, que ainda estava no colo de .
Sentamo-nos à mesa de jantar. E nos divertimos, como sempre fazíamos. Éramos parte de uma só família.
Eu nem sei do que sou capaz de fazer para proteger Frank e Phill, que nem é meu filho, mas eu o amo, assim como amo Jeff, o bobo do , o , a , o e claro, . Acho até que já incluí Lindy em minha família.

’s POV: off

Eu vou continuar amando e apoiando cada membro desta banda. Eles fazem parte da minha família, DA MINHA VIDA. Um deles até meu deu o que me é de muito precioso. Meu filho. E todos eles me deram amor, que para sempre será retribuído.

Fim.





N/A: E aquiii está o último capítulo! E eu me empolguei no epílogo, eu sei. mas o que acharam?
Que triste, essa é a última N/A, vou sentir falta disso aqui!
Obrigada por toodas vocês que leram minha fic!! E pelos comentários carinhosos, que me davam alegria e incentivo para escrever.
Adorava vir aqui, ansiosa para ver os cometários da -blue, da Thay, da Yumi, Débi, Marih, Feh! Obrigada todas vocês!
Ah, não posso esquecer de agradecer ao Simple Plan, por ser fonte de inspiração, claro, e ao meu Deus grego: Sébastien Lefebvre!
Vocês ainda podem divulgá-la, quando alguém quiser ler uma fic finalizada de Simple Plan, né?
Continuem falando comigo por twitter: @09_Lila.
E que muitos shows do Simple Plan venham por aí!
kisses
-Lilá

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