Gastei minha manhã no computador, como todas as outras, entediada e sem forças para fazer algo que prestasse. Há duas semanas atrás tinha me tornado independente. Por que eu estava morta depois de completar meus dezoito anos? No dia de meu aniversário recebi o pior presente de todos: perdi minha mãe. Meu pai havia falecido há muito tempo, minha mãe e minhas amizades eram as únicas coisas que me restavam, agora só as amizades. Não que elas fossem pouco, porque eram como minha família e me ajudavam sempre que podiam, na maioria das vezes me fazendo sorrir. Enfim, minha vida estava indo de mal a pior, havia piorado minhas notas, antes muito boas, e perdendo a maioria de minhas tardes procurando um emprego, pois apesar de ter um pouco de dinheiro guardado, uma hora ele ia acabar então já estava indo em busca. Eu nasci no Brasil, mas com um ano fui morar na Inglaterra, então meus amigos eram todos de lá.
Decidi que não podia passar o resto da minha vida na frente de um computador, levantei da cadeira e fui ao banheiro apenas para ver meu estado. Estava com o cabelo todo bagunçado e com leves marcas de que não dormia bem há dias. Lavei minha cara rapidamente, passei as mãos pelo cabelo numa tentativa de parecer melhor, sem sucesso, peguei as chaves do carro, meu celular e saí de casa. Logo que abri a porta, senti o vento gelado bater em meu corpo quente. Voltei para meu quarto pegar um casaco de pele que ganhei de minha mãe.
Parei em frente da casa de , feliz por ter alguém que eu sabia que conseguiria me animar. Acostumada com minhas visitas inesperadas, ela abriu a porta e logo recebi um sorriso fofo. Entrei e lhe dei um abraço apertado agradecendo mentalmente por poder estar ali.
Passamos a tarde toda nos empanturrando de pipoca, deixamos em um canal aleatório da TV e falamos sobre a vida. Nós estudávamos juntas há uns dez anos, então sempre tínhamos algo para comentar: coisas bobas sobre as meninas da sala, ou sobre alguns garotos. Nossa escola era a London Elementary, uma palavra, imensa! No primeiro mês que estudei lá perdi as contas da quantidade de vezes que precisei de ajuda para me achar, e ainda me perco às vezes. era apaixonada por Tom, e eu não podia discordar de sua paixão, ele era lindo e muito especial, assim como seus amigos. Nós nos conhecíamos há muito tempo, praticamente nasci com Daniel, que me apresentou para seus amigos quando ainda era muito nova. Tom e estavam juntos há algum tempo, mas tinham uma amizade colorida desde muito cedo e eu sabia que ele a amava de verdade. Ela teve muita sorte por tê-lo encontrado. Danny, Tom, Dougie e Harry tinham uma banda, ainda não eram conhecidos, apenas faziam algumas apresentações na noite, mas desde que começaram eu disse que um dia tocariam para o mundo todo e que eu poderia invejar todas as meninas que corressem atrás deles.
Saí da casa da revigorada, como sempre, e voltei para casa. Logo que entrei tocou o telefone e corri para atender. Era Danny me convidando para ir a uma das pequenas apresentações de sua banda em um pub aqui por perto. Sorri no mesmo instante que ouvi sua voz e disse que só iria me arrumar e já estava indo. Tomei uma ducha rápida, enrolei-me em uma toalha e fui escolher uma roupa para ir. Decidi ir com um vestido preto e frente única e um scarpin branco, peguei as chaves do carro e fiz carinho em Bartô, meu gato gordo, que estava todo esparramado no sofá.
Mal cheguei e veio correndo em minha direção, toda boba com Tom ao seu lado e, sinceramente, naquele momento senti inveja dela, ele estava perfeito!
"Oi, ! Você está linda!" ela disse com um sorriso de orelha a orelha.
"Nem preciso comentar sobre vocês, não é?" respondi feliz por sua alegria.
Fomos até a mesa em que estavam sentados o resto do povo e cumprimentei todos. Sentei ao lado de Danny.
"Você está linda, pequena!" ele disse carinhosamente.
"E você então, gatão?" falei rindo. Ele estava lindo mesmo, com uma camisa listrada branca em combinação perfeita com seu all star também branco e uma calça jeans quase preta.
"Acho que está na hora de entrarmos, hoje estou disposto!" Dougie falou dando pulinhos de alegria.
"Quando você não está disposto?" Harry falou já se levantando e caminhando em direção ao palco.
"Vamos, vocês não vão gritar feito loucas quando entrarmos, não é?" Danny falou já sabendo nossa resposta.
"Vamos!" Eu e gritamos em uníssono como duas criancinhas, logo em seguida rimos junto com os garotos e os desejamos sorte.
Como em todas as outras vezes, cantamos todas as músicas, não erramos uma letra sequer e saímos ao lado deles, nos achando mesmo que não tivéssemos motivo para a maioria das pessoas.
"Vocês foram ótimos!" disse abraçando Tom pela cintura e lhe dando um selinho.
"Já falei que quando fizerem sucesso vou querer muitos presentes, não?" falei rindo e cutucando a barriga de Danny.
"Vai sonhando..." ele falou e eu dei um soco de leve em seu ombro.
Cheguei em casa cansada de dar risada e corri para a cozinha.
"Mãe, cheguei, o que tem pra comer?" foi quando percebi que havia acontecido outra vez, naquela semana já era a terceira que chegava em casa pensando que encontraria minha mãe. Logo voltei a realidade e sentei no sofá ao lado de Bartô que por incrível que pareça não acordou. Liguei a TV e fiquei fazendo carinho em seu peito, sentindo seu coraçãozinho bater lentamente. Me peguei dormindo ali mesmo.
Abri meus olhos e estranhei ao ver o teto branco da sala ao invés do lilás de meu quarto. Estava com as costas doendo por minha noite no sofá, levantei trombando em Bartolomeu que dormia no tapete e fui ao banheiro. Liguei o chuveiro e senti uma carga elétrica passar pelo meu corpo quando a água tocou minha pele.
Quando saí do banheiro, morta de fome e preparada para fazer um sanduíche gigante, deparei-me com um Jones sorridente me olhando. Eu não tinha trancado a porta?
"Pequena! Até que enfim, 'tava demorando!" ele disse todo alegrinho.
"Bom dia, pequeno! O que você andou fazendo essa noite pra 'tá com esse sorriso enorme no rosto?" falei fazendo uma cara pervertida.
"Nem te conto! Brincadeira, , passei a noite planejando um ótimo sábado pra minha melhor amiga! Vamos?"
"Vamos onde? Ah, acabei de acor..." comecei a falar mais fui cortada por um ser feliz demais pro meu gosto!
"Nada disso, não aceito não como resposta. A senhorita vai almoçar com seus melhores amigos, então trate de correr porque não posso ficar esperando muito, além de estar com uma fome do cão, o pessoal já está todo lá!" Ele disse me empurrando para o quarto.
Vesti a primeira roupa que encontrei e desci as escadas correndo dando de cara com Danny agachado fazendo cócegas na barriga daquela bola de pêlos que rolava no tapete da sala.
"Imagine se não tivesse falado pra correr... Vamos!" ele levantou e me puxou pelo braço, levando-me pra fora e mandando um beijinho no ar para Bartô, que o ignorou completamente.
Ficamos o caminho todo rindo enquanto disputávamos por uma estação no rádio. Danny não me contou para aonde iríamos, fiquei surpresa quando paramos em frente ao Corleone, que na opinião minha e de Laís, era o melhor restaurante em Londres.
"Ownt, pequeno, adorei!" falei abraçando Daniel pela cintura com uma cara de desconfiança que ele percebeu.
"Você não está pensando que eu quero te comprar, não é?" ele disse com um sorrisinho ofendido no canto dos lábios.
"Não sei, mas não se preocupe, confirmo isso quando você pagar minha conta." Soltei um risinho baixo enquanto éramos recebidos por um garçom simpático.
Logo avistei , sentada ao lado de Tom. Não tinha como uma pessoa em sã consciência, ao entrar no restaurante, não olhar diretamente para aquela mesa. Três garotos novos e charmosos de Londres, uma menina linda ao lado e todos soltando gargalhadas altas e gostosas.
Tivemos um almoço animado, Dougie não parava de fazer palhaçadas e como eu imaginei, tive que pagar minha conta e ainda emprestar uma boa quantidade de dinheiro para Danny, que eu sabia que não receberia de volta.
Depois do almoço combinamos todos de irmos a casa dele para comermos bobagens e conversarmos a tarde toda sobre coisas sem sentido, mas não foi bem isso que aconteceu.
Quando chegamos à casa de Daniel, a senhora Jones estava colocando várias malas dentro de seu carro e chorando. Gritos ensurdecedores vinham de dentro da casa, era seu marido. Nunca tinha ouvido gritos como aqueles, com tanta tristeza, raiva, decepção e por mais incrível que pareça, amor. Havia uma combinação estranha de sentimentos em suas vozes.
Daniel desceu do carro correndo e por mais que eu quisesse ajudá-lo sabia que só pioraria a situação se fosse junto com ele. Pelo que pareceu, Tom, Harry Dougie e pensaram o mesmo.
Pude escutar a voz de Danny gritar palavras incompreensíveis, uma atrás da outra, uma confusão de sons, a cada nova palavra um novo sentimento era acrescentado.
Depois de alguns minutos em que todos sumiram por dentro da casa abafando os sons apesar de ainda poderem ser escutados, Danny voltou lacrimejando ao carro, e os meninos já haviam ido embora.
"Depois conto o que aconteceu, agora só preciso ir a um lugar." ele me disse calmamente, sabendo que a qualquer hora perguntaria e ligou o carro dirigindo violentamente por uma estrada de terra. Na janela do carro passavam montanhas e mais montanhas com formas diferentes e surpreendentemente lindas. Ao que a velocidade ia diminuindo, começava a reconhecer onde estávamos, em Briston Riviere, lugar preferido de Danny e dos garotos. Chegamos ao topo da montanha e a primeira coisa que olhei foi a palavra "McFLY" escrita na maior pedra, ainda lembrava do dia em que os garotos escreveram com o objetivo de um dia chegar tão alto quanto a montanha com o sucesso da banda.
Passaram-se alguns minutos de silêncio nem um pouco constrangedor entre nós, só conseguíamos escutar alguns pássaros cantando e o som do vale, quando ele virou-se para mim e perguntou:
", posso ficar em sua casa por uns tempos?"
"Vai adiantar se eu disser não?" tentei arrancar-lhe um sorriso, mas nada apareceu, então completei "Claro que pode, só não sei se você vai gostar de ter milhões de pelos de Bartô em suas coisas!" e então consegui tirar um sorriso torto do canto de sua boca e ser envolvida por seus braços reconfortantes.
Capítulo 4 Voltamos perto das nove horas para casa, Danny não quis falar muito sobre o ocorrido, apenas disse que sua mãe havia o decepcionado muito, e a seu pai também. Antes de irmos para casa passamos na casa dos Jones buscar as coisas de Daniel, estranhei por não encontrar seu pai, mas não quis perguntar, e depois paramos em um parque em frente a minha casa para tomarmos um sorvete.
Danny se acomodou muito bem e rapidamente em minha casa, dormia no sofá, mas não se incomodava com isso, só com o fato de Bartô ter ficado mais apaixonado do que já era por ele não saindo de seu lado, de seus lugares e de suas coisas me deixando com ciúmes. Eu que dei banho, casa e comida para Bartô e ele me agradecia agradando aquele traidor.
Passávamos noites e mais noites assistindo filmes, chorando de rir e falando as coisas mais absurdas. Nunca tinha passado tanto tempo com Daniel apesar de conhecê-lo dês de meus cinco anos. Lembro que quando éramos pequenos todos falavam que tínhamos nascido um para o outro e todas aquelas coisas que tios falam, mas nunca me imaginei assim com Daniel e não acho que isso vá mudar.
Fora as milhares de coisas que já tínhamos em comum, agora havia mais uma que nos ligava ainda mais, a perda. Daniel era minha família e eu era a dele.
Mesmo sem ter muito tempo por conta das aulas, do cursinho e das minhas horas estudando para o vestibular de medicina, arrumei um emprego pela manhã como vendedora em uma loja de CD's no Covert Garden, um shopping bem próximo a minha casa. Era um lugar ótimo, além de viver o tempo todo cercada por música, eu podia estudar enquanto não havia ninguém na loja.
Danny pagava suas despesas e ajudava na casa como podia, principalmente com suas apresentações em pubs. Cada vez os garotos chegavam mais perto do topo de Briston e claro que eu me sentia como uma mãe orgulhosa!
Não por Daniel estar em minha casa, nem por eu ter mais afinidade com ele, mas sempre o achei melhor compositor de músicas apesar de as idéias de Tom sempre complementarem. Eu tentava ajudar em algumas músicas e acabava o irritando com isso, mas no fim soltávamos gargalhadas altas com meus pensamentos e idéias absurdas.
", para, além de não me ajudar você está me atrapalhando! Cozinhar para uma menina? Isto é ridículo para uma música!" Daniel disse enquanto eu rolava de rir em minha cama, minhas idéias ficavam cada vez piores!
"Tá, eu paro, preciso ir para a aula mesmo, mas um dia você vai ter uma música número um com as minhas idéias, vai vendo!" falei levantando e pegando meu celular, meus cadernos e a chave do carro enquanto ele continuava a olhar para seu caderninho todo riscado em cima do violão ao seu colo e batendo com a caneta em sua cabeça.
Cheguei à enorme sala do terceiro andar e fui logo para as primeiras carteiras. Depois de duas aulas chatas de filosofia e uma de biologia completamente louca, o sino tocou anunciando quinze minutos de descanso mental. Desci para a cantina e encontrei tendo uma conversa animada com Chris e Owen. Acabou o intervalo e voltei para a sala, estranhando ao ver que além de meus cadernos havia um pequeno bilhete em minha carteira. Peguei e o abri rapidamente procurando por alguma coisa como "compareça a sala do diretor" ou "estou com seu livro de história", mas com uma letra perfeitamente linda, como se cada palavra tivesse sido desenhada por anjos, estava escrito:
"Já é tempo de não se comover, porque aos outros já deixei de emocionar, mas embora eu não possa ser amado, que eu possa pelo menos amar." [Lord Byron]
Seu eterno admirador.
Qual deveria ser minha reação? Nunca fui romântica nem melosa e confesso que a frase era linda, mas não tinha nome e uma das coisas que mais me irritava era ficar curiosa. Olhei novamente para a carta tentando lembrar se conhecia a letra, nada. Passei os olhos pela sala, apenas procurando algum suspeito, nada também. Dobrei o pequeno pedaço de papel e guardei dentro de meu caderno, voltando minha atenção para meu professor anão de geografia. Preciso dizer que meus pensamentos não tinham relação nenhuma com os relevos londrinos?
Naquele fim de semana ia acontecer a maior festa da London Elementary, o baile de primavera. Como típicos festeiros, e os meninos não o perderiam por nada e apesar da minha falta de vontade eu iria acompanhar Daniel. Uma semana depois de receber o bilhete, sem ter nenhuma notícia e a mínima idéia de quem tinha mandado, simplesmente o esqueci. Claro que não completamente, mas como não contei para ninguém, deixei passar sem preocupações.
Em dezembro faria a grande prova na tentativa de ser aceita para medicina na universidade de Cambridge. Estava desesperada e sem muitas esperanças porque mesmo estudando quase o dia inteiro não seria nada fácil ser aceita.
Um dia antes do baile de primavera fomos comprar os vestidos. Não queria nada muito chamativo, apenas que se encaixasse bem em meu corpo. Depois de várias tentativas e horas sentada, saiu do provador com um balone vermelho, alguns pequenos detalhe em preto e simplesmente maravilhoso.
"Se você não comprar esse vestido eu te mato amiga." falei enquanto ela não tirava os olhos do espelho.
"Vou levar moça" ela disse acenando para a atendente. Eu já havia escolhido o meu vestido há horas. Logo que entrei bati o olho no acinturado lilás mais lindo que já tinha visto. Felizmente experimentei e caiu como uma luva para mim.
Cheguei em casa e fui direto para a cozinha preparar alguma coisa para comer. Cozinhava extremamente mal e nem preciso comentar sobre os talentos culinários de Daniel. O máximo que sabia fazer bem era a nega maluca de minha mãe e resolvi fazer isso mesmo.
"Hey, pensei que estivessem fabricando os vestidos!" Daniel veio do meu quarto e sentou na mesa olhando com uma cara de faminto para a massa do bolo no forno.
"Oi, pequeno, foi a que demorou séculos para se decidir, mas pelo menos encontrou bem o que queria." respondi sentando ao seu lado.
"E o seu, posso ver?" ele disse com ar de curiosidade.
"Nada disso, surpresa, vai ter que esperar até amanhã!" falei com cara de convencida e voltei a observar o bolo tomar sua forma.
"Estava escrevendo músicas quando resolvi colocar qualquer bobagem em seu caderno e encontrei uma coisa por lá." Daniel falou como se fosse algo importante. "Este bilhete" ele me entregou o pequeno pedaço de papel de duas semanas atrás, pensei que já tivesse tirado do caderno.
"Ah, isso, encontrei em cima da minha carteira há duas semanas atrás, mas não descobri de quem era então deixei quieto." respondi normalmente apesar de não querer que Danny tivesse visto, sabia como ele era.
", você é um caso perdido." ele disse simplesmente.
"Por quê?" perguntei sem entendê-lo.
"Isso vai parecer meio gay, mas se eu tivesse um admirador secreto iria me gabar para todos." Danny respondeu com uma voz afeminada.
Ri e respondi:
"Tá, deixa isso pra lá, vamos comer o bolo".
Chegou o dia do grande baile, combinei com a de nos arrumarmos em minha casa às sete horas, pois o baile começava as nove.
Terminei de lavar a louça quando escutei a campainha soar. Corri para atender batendo de propósito na perna de Danny que roncava no tapete da sala.
"Ai, que foi?" ele disse com voz de sono.
"Acorda e vai pra casa dos meninos que a chegou!" respondi pegando a chave de casa.
"Ah tá, mas não sei por que essa frescura de surpresa, já vi seu vestido ontem quando você foi comprar comida pro Bartolomeu." ele disse levantando-se com um sorriso culpado. Joguei uma almofada com a intenção de acertar sua cabeça, mas errei completamente o fazendo soltar uma gargalhada alta e correr para meu quarto. Rolei os olhos e abri a porta.
"Oi, amiga!" disse sorrindo e com uma caixa grande em mãos.
Oi, , pode deixar que já estou de saída para deixar as princesas se arrumarem. - Daniel disse fazendo uma reverência e escapando por pouco do meu tapa.
"Ignora ele, vamos subir." Fomos para meu quarto. Peguei meu vestido na caixa escondida no armário e reparei que ela estava no mesmo lugar e exatamente igual eu tinha deixado, Jones bobo.
Peguei meu CD antigo do Panic! At the Disco e coloquei na música camisado. Deixei tocando enquanto colocava estojos de maquiagem, prancha e prendedores de cabelo em minha cama.
Daniel's POV
Saí da casa da vitorioso por tê-la deixado irritada. Era tão fofo vê-la irritada, pra falar a verdade; tudo era espontâneo e verdadeiro vindo de . Enquanto caminhava em direção a casa de Harry fiquei pensando nesse tempo que passei com ela. Cada momento era incrível, me sentia vivo ao seu lado. Era minha irmã de coração, minha amiga de infância e talvez, uma paixão do presente? Não sabia realmente o que estava acontecendo, mas mesmo sem minha mãe e meu pai me sentia inteiro e com forças para seguir a vida com ela. Confesso que quando encontrei aquele pequeno bilhete dentro de seu caderno uma espécie de buraco surgiu em meu peito. Não como ciúme ou coisa do tipo, mas como um sentimento de perda, como se a qualquer hora alguém pudesse tirá-la de minha vida. A dúvida era, perda de uma irmã ou de um novo amor?
Passava rímel com cuidado porque sempre borrava tudo quando me perguntou:
", você e Daniel...?" fiquei surpresa, mas sabia que uma hora ou outra ela ia perguntar algo do gênero, sempre quis me ver junto com Danny.
"Somos como irmãos, ele é muito mais especial que qualquer namorado que eu poderia arrumar." continuei a passar o rímel já com marcas pretas em volta dos olhos.
Será que é só irmandade mesmo? Vocês são tão parecidos. - ela falou enquanto colocava seu vestido.
"Claro que somos parecidos, nós nascemos juntos, vivemos juntos, todas as coisas que ele fazia eu fazia também, ele é minha família." respondi enquanto lacrimejava passando lápis preto.
"Tudo bem." ela respondeu me olhando com dúvida e um sorrisinho malicioso.
", eu sei que você não acredita, não sei nem se eu mesma acredito..." falei sentando em minha cama e colocando as mãos sobre a cabeça. Ela riu e jogou um travesseiro em minhas costas.
"Eu sabia!" disse vitoriosa e começamos uma guerra de almofadas desarrumando as poucas coisas já prontas para o baile.
Daniel's POV Quando cheguei à casa de Harry todos estavam jogados pelo colchão da sala, duas latas de cerveja e três pacotes de salgadinho ao lado.
"Hey, as meninas te expulsaram cedo." Tom falou enquanto levantava juntando as latas do chão.
"Pois é." respondi sentando ao lado de Dougie que quase dormia e peguei um dos pacotes de salgadinho.
"Devíamos ir nos arrumar, não lavo meu cabelo há umas duas semanas." Dougie disse despertando e caminhando como um zumbi para o banheiro de baixo.
"Ah, que preguiça, vou tomar um banho também." Harry falou e subiu as escadas lentamente.
"Danny, ta acontecendo alguma coisa?" Tom perguntou depois de uns cinco minutos em que eu estava calado em estado alfa olhando para o nada.
"Não, só to meio confuso..." levantei e fui ajudar Tom com a louça.
"É a , não?"
"É, mais ou menos, não sei se a considero irmã ou, sei lá." falei enquanto escutava a voz de Dougie cantando terrivelmente mal no chuveiro.
"Você descobre isso hoje no baile. Cara, to muito ansioso pra ver como a vai estar, ela não me deixou ver o vestido se acredita?" Tom disse com indignação.
"Acredito, a também não me deixou." Um barulho alto veio do banheiro e quando escutamos Dougie gritando palavrões de dor caímos na gargalhada.
Depois de uma meia hora todos já estavam prontos e limpinhos dentro do que o Tom chama de carro, o estado daquilo era deplorável.
O trânsito estava terrível, parecia que todos os colégios de Londres resolveram fazer o baile de primavera na mesma noite. Demoramos quase vinte minutos para estacionar o carro e quando entramos no salão um calor sufocante surgiu. Soltei um pouco a nó da gravata e pedi para os meninos escolherem uma mesa próxima das janelas, mas não muito longe da pista de dança e fui cumprimentar Richard que acenava para mim.
Quando voltava a mesa me deparei com a imagem mais perfeita que já havia visto na vida. Seus cabelos caiam se encaixando perfeitamente, nem um único fio parecia estar desalinhado, seus olhos brilhavam se destacando no meio de tantas pessoas, seu vestido lilás fazia combinação perfeita com seu salto prateado e a cada passo dado em minha direção seu sorriso se estendia pelo rosto invejosamente lindo de . Não consegui tirar dúvida nenhuma, a única coisa que pensei naquele momento foi em como eu poderia invejar todos os meninos daquela festa ao lado dela.
Depois de quase duas horas nos arrumando saímos de casa. O fluxo de pessoas em todos os lugares da cidade era incrivelmente grande então se passaram mais uma hora até entrarmos no salão. A mesma decoração, as mesmas luzes, as mesmas pessoas. No meio de todas as coisas conhecidas daquele lugar encontrei uma pessoa desconhecida, ou pelo menos a aparência desconhecida de alguém que eu conhecia muito bem. Os cachinhos mais bagunçados do mundo estavam agora tão completamente organizados, um ao lado do outro, alguns cobrindo os olhos magnificamente azuis que mesmo assim se destacavam combinando com a gravata prata, o terno preto e a camisa branca listrada, os dentes tortos que antes pareciam estranhos e engraçados agora contrastavam com todo o resto, mas o que mais surpreendeu foi as sardas tão incomodativas de algumas horas atrás estarem absurdamente charmosas sobre aquela pele branca perfeita.
Sem perceber já estava com um sorriso bobo no rosto caminhando em sua direção. Daniel Alan David Jones, o que eu poderia dizer para ele agora era, você seduz com vigor, mas não no sentido de ele estar me seduzindo, e sim no sentido de eu ser a melhor amiga de um garoto tão sedutor como aquele. Todos deveriam me achar uma metida.
"Olá, posso saber quem são essas duas princesas?" Daniel falou sorrindo abestalhadamente e com os olhos fixos nos meus.
"Oi, Danny." disse e foi se encontrar com Tom.
"Oi, senhor Jones." falei com cara braba e ele entendeu o porquê.
"Seu vestido é muito bonito por sinal, mas é mais bonito agora que está em você." ele fez cara de culpado e me levou para a mesa dos meninos.
"Muito engraçado. Oi, pessoal!" cumprimentei Dougie, Harry e Tom que olhava abobado para .
"Olá, garotas, querem alguma coisa para beber?" Harry perguntava para duas meninas que já se jogavam em cima dele.
"E então, como estou?" Dougie desfilava como uma garota na minha frente.
"Uma graça, aliás, todos vocês estão muito ajeitados, até parecem gente!" respondi rindo e sentando ao lado de .
Depois de quase uma hora só rindo e falando coisas sem sentido, senti a mão de Danny encostar a minha.
"Vamos dançar?" ele disse cordialmente se levantando e me levando até o meio da pista de dança.
Quando dei o último passo antes de pararmos começou a tocar All the Same - Sick Puppies. Daniel envolveu seus braços em minha cintura e encaixou minha cabeça em seu ombro. Senti seu perfume invadir minhas narinas me fazendo ficar mole. Se tem uma coisa que mais me atrai é o perfume dos meninos, não que eu estivesse me sentindo atraída, apenas me sentia confortável e confiante em seus braços. Nossos passos seguiam um ritmo perfeito, nossos dedos se entrelaçavam sem deixar nem um único espaço vazio. Não éramos nós que seguíamos o ritmo da música, era ela que acompanhava o nosso ritmo.
Quando chegou o solo da música eu olhei diretamente nos olhos azuis reluzentes de Daniel e nossos rostos foram se aproximando, já conseguia sentir seu hálito quente cheirando café quando nossos lábios se tocaram.
O que posso dizer desse beijo é que ele foi estranho, não foi bom nem ruim, simplesmente estranho.
Nenhuma palavra foi dita, quando nos distanciamos ficamos olhando um para o outro com cara de interrogação. A música chegou ao fim e eu fui ao banheiro levando junto comigo.
"O que foi, amiga?" claro que ela não tinha visto o que aconteceu, estava muito distraída com Tom.
"Calma, eu preciso respirar." Soltei todo o ar preso em meus pulmões enquanto milhões de pensamentos passavam por minha cabeça e o que mais se destacava naquele momento era a dúvida. Nunca fui de ficar com tantos meninos, mas com os poucos que eu fiquei nunca tinha sentido algo tão estranho como o que senti naquele momento, só que não fazia idéia de qual tipo de estranheza era aquela.
"Ah, já sei o que aconteceu. Calma, amiga, vocês já tem idade para essas coisas..." ela foi dizendo, mas eu a cortei assustada.
"Que isso, ? Não foi isso não, eu só o beijei, mas não sei se fiz certo."
"Ai, ! Para com isso vai, não tem nenhum problema no que você fez, até foi melhor, e aí? Descobriu o que estava sentindo mesmo?"
"Não, e ainda me deixou mais em dúvida." respondi passando um pouco de água no rosto e arrumando meus cabelos.
"Hm, então esquece isso vai, vamos nos divertir que a noite é uma criança!" ela disse me puxando para fora do banheiro e dançando feito uma maluca.
Começaram as músicas eletrônicas e todos foram para a pista de dança, a noite realmente era uma criança, parecia que as horas passavam lentamente enquanto eu me divertia com as loucuras de .
Isso até que um menino de tirar o fôlego com os olhos verdes, cabelo loiro arrepiado, um terno deslumbrante e os dentes perfeitos veio em minha direção e me chamou para dançar. Claro que eu aceitei, qualquer uma aceitaria um pedido de um Deus como aquele.
"Olá ." ele disse sorridente.
"Olá, hmm, como é seu nome mesmo?" perguntei e agradeci mentalmente por estar bem escuro naquele lugar ou ele ia me ver vermelha de vergonha.
"Michael, mas pode me chamar de Mike." ele piscou para mim e encaixou seus quadris nos meus.
"E então, de onde eu te conheço mesmo?" perguntei em dúvida por ele saber meu nome.
"Não acho que você me conheça." ele respondeu sorrindo. Não me preocupei mais em perguntar de onde ele sabia meu nome, estava entorpecida por seu perfume delicioso. Então ele começou a sussurrar em meu ouvido as lindas palavras da frase que tinha recebido há quatro semanas atrás em um bilhete pequeno com uma letra desenhada por anjos.
Meu coração deu três pulos de alegria por finalmente descobrir quem tinha mandado a maldita frase que me deixou curiosa por um mês inteiro. Claro que não foi só por isso, foi também por descobrir que a pessoa que tinha mandado aquela frase era Mike, um garoto deslumbrantemente lindo que eu tinha acabado de conhecer. Sua voz doce sussurrava a última palavra quando olhei para seus olhos agora mais verdes do que antes e me peguei viajando por eles. Esqueci de todos ao meu redor e comecei a dançar no ritmo de When Love takes over. "Eterno admirador, como nunca te vi antes?" perguntei me sentindo a pessoa mais feliz do mundo.
"Nós nunca percebemos quando temos alguém que queremos do nosso lado, sempre procuramos longe." senti seu hálito de menta me invadir lentamente.
Tinha quase certeza de que ele me beijaria depois daquilo, mas pelo contrário, ele apenas continuou dançando.
"Acredito que depois de hoje vou começar a prestar mais atenção." falei sorrindo e admirando seus olhos.
Depois de dançarmos umas três músicas juntos convidei ele para sentar junto comigo e com os garotos. Quase todos já o conheciam, como eu nunca tinha notado aquela pessoa pelo London Elementary era que eu não entendia.
A festa durou mais umas duas horas depois de eu conhecer Mike e naquele tempo ficamos apenas nos conhecendo, ele era muito engraçado e carinhoso, me perguntou umas cinco vezes se eu precisava de carona para voltar para casa. Quando Mike foi embora me lembrei de Daniel. Ele não tinha me dito mais nada, só conversou comigo quando estávamos no carro, mas não pareceu chateado ou coisa do gênero, estava até feliz porque tinha ficado com uma menina linda na festa. Nunca trocaria Danny por Mike, só queria ter os dois de formas diferentes, um como amigo e outro como namorado, mas qual seria o namorado?
Daniel's POV
Depois do beijo com fiquei completamente confuso e sem reação. Não ia estragar minha festa por aquilo, apesar de não ter sido uma coisa ruim nem boa, então só continuei a me divertir. Quando Mike a convidou para dançar não me senti bem, mas confiava nele, foi um dos melhores amigos que eu tive no segundo ano, sempre me ajudava a sair das encrencas que eu arrumava e nunca se incomodou com minhas chatices. era a pessoa mais importante da minha vida agora, não tinha ninguém que me entendesse tão bem como ela, mas sabia que hora ou outra ela ia encontrar alguém e daqui a algum tempo eu também teria que encontrar, não podia segura-la para sempre, só não queria perdê-la.
Capítulo 7 O dia seguinte a festa era domingo, estava morta pela farra da noite e pelos estudos da semana então só pensava em descansar. Bartô estava deitado em meu travesseiro, do lado de minha cabeça e eu estava jogada no sofá da sala assistindo Family Guy quando tocou o telefone.
"Alô?" falei com voz de sono e me assustei com os gritos vindos do outro lado da linha.
", você não vai acreditar! Nós fomos contratados! Vamos gravar nosso primeiro disco terça!" Daniel gritou e eu dei um pulo de felicidade em casa. Já escutava garrafas de champagne serem abertas.
"NÃO ACREDITO! Parabéns, meninos! Vocês mereciam, já tava demorando muito!" falei sorrindo de orelha a orelha pela ótima notícia.
"Pois acredite, e trate de correr pra casa de Tom que nós vamos fazer uma festa por aqui agora!" ele falou rápido enquanto escutava mais gritos.
"Estou indo!" respondi e desliguei o telefone.
Umas duas esquinas antes da casa de Tom já se podiam escutar os barulhos e a música, coitado dos vizinhos. Mal pisei na casa e fui envolvida por dois braços sardentos que me levantaram no ar, sorri e apertei Daniel em um abraço.
"Parabéns pequeno!" falei quando ele me soltou. Ele deu um gritinho e um pulinho muito gay.
"Obri..." ele foi puxado por Kelly, a menina que ele tinha ficado ontem a noite, e eu fui procurar os outros garotos para parabenizar. Encontrei só Dougie e Ana no meio da bagunça.
"Que dia vocês vão gravar mesmo? Não deu pra escutar pelo telefone." perguntei a Dougie que abria uma garrafa de champagne.
"Terça-feira, queremos que vocês estejam lá também!" ele pediu fazendo biquinho.
"Vou tentar encaixar um horário na minha agenda." falei com cara esnobe e quando fui me virar para pegar um copo, vi Mike vindo em minha direção todo sorridente, fiquei com as pernas bambas quando ele acenou para mim. As pessoas bonitas deveriam pagar indenização por causarem essas reações nos outros.
"Oi! Como que ta? Volto bem pra casa ontem?" ele perguntou todo preocupado.
"Não, me seqüestraram no caminho e me deixaram vir a festa porque queriam me matar em público." brinquei, mas não pareceu que ele gostou.
"Não brinca com isso não! E então, gostou do baile ontem?" ele se aproximou e segurou uma de minhas mãos.
"Adorei, e você?" peguei sua outra mão e fomos até a sala onde várias pessoas riam e derrubavam a bebida pelo chão.
"Também." vi Danny passar pelo corredor levando Kelly pela mão. Ela não era uma menina legal, era metida e eu sabia que estava com Danny apenas para se dizer 'ficante' de um menino que tem uma banda legal. Fiquei preocupada por ele, mas tirei esses pensamentos da minha cabeça quando ouvi a voz de Mike me chamando para ir ao jardim. Segui junto com ele e sentamos na grama, o dia estava bonito e cheirando a terra molhada.
"Desculpa pelo baile ontem, cheguei meio de surpresa, mas eu não agüentava mais te ver sem poder me aproximar." Mike falou olhando diretamente nos meus olhos.
"Não se desculpe, mas você podia se aproximar a hora que quisesse, você ainda pode ser amado." Segurei sua mão e aproximei nossos rostos.
"Quando te vi entendi porque todos procuram tanto pelo amor." ele falou e eu completei.
"É o sentimento mais próximo da magia." As pessoas que antes estavam no jardim iam desaparecendo aos poucos, e quando a última entrou na casa nossos lábios se tocaram delicadamente e sua boca abriu passagem. Nossas línguas brincavam conhecendo cada novo canto da boca do outro. Completamente diferente do beijo que tive com Daniel eu não sentia estranheza nenhuma, apenas sentia meu coração dando saltos e todas as partes de meu corpo formigarem. Nos distanciamos e eu fiquei admirando seus olhos verdes agora mais claros por causa da luz do sol que ia se pondo no horizonte. Não conseguia pensar em nada, mas uma coisa eu tinha certeza, já não existiam dúvidas.
Era terça-feira, sai da minha aula correndo e fui para o estúdio assistir junto com a gravação do primeiro CD dos garotos. Eles já tinham decidido o nome, seria Room on the third floor por causa do tempo que Danny ficou com Tom num quarto de hotel horrível do terceiro andar escrevendo músicas.
Cheguei atrasada e quando entrei, eles já estavam na música Not Alone, uma das últimas do CD e que eu tinha visto Danny escrever, era uma das minhas preferidas.
E então que eu tive uma surpresa enorme, a próxima música era Brocolli, ninguém nunca tinha me falado dela, mas na hora que percebi que era a minha idéia de cozinhar para uma menina olhei para Danny assustada e recebi um sorriso amarelo. Eu simplesmente tive um treco por ter que esperar mais uma música até eles saírem de lá para eu dar um tapa bem dado em Daniel e gritar "MINHA IDÉIA" pra todos ouvirem, mas quando isso ia acontecer recebi um abraço de urso de Danny que logo que saiu correu em minha direção.
"Não adianta falar nada, eu sei que a idéia foi sua e que você deve estar se roendo de raiva por eu não ter te contado, mas era surpresa pequena!" ele tapou minha boca com o dedo e falou tudo de uma vez só. Quando ele tirou o dedo fiquei sem vontade de dizer mais nada e só o abracei apertado.
Fiz a prova para ser aceita em medicina na universidade de Cambridge no dia seguinte. Todos estavam muito animados com a gravação do CD e ele sairia em menos de uma semana para todos ouvirem. Na primeira vez que as músicas tocaram no rádio estávamos juntos em uma sorveteria e quase gritamos de surpresa. Daniel estava namorando com Ashley, uma menina nova do colégio, e eu estava com Mike. Ainda passávamos o tempo todo juntos, Danny não tinha conseguido comprar um apartamento pra ele e eu estava tentando fazer tudo ficar mais difícil pra ele não sair de minha casa, ia sentir saudades. Mike às vezes ficava com ciúmes e discutia comigo por ele, mas eu já tinha avisado que nunca deixaria Danny de lado, era meu irmão.
Passou uma semana e eu estava em casa sentada no sofá quando recebi uma ligação da secretaria de Cambridge. Daniel estava na casa de Tom e Mike tinha acabado de sair. A atendente muito gentil me chamou para comparecer em Cambridge às quatro horas da tarde receber o resultado. Desliguei e já disquei os números conhecidos da casa de Tom.
"Oi, Harry! Posso falar com Danny?" perguntei ansiosa.
"Claro. Danny, corre aqui!" ele gritou.
"Oi, !" A voz de Daniel surgiu do outro lado.
"O resultado de Cambridge vai chegar hoje às quatro horas, quero você lá junto comigo ta?"
"Sério? Claro que eu vou estar lá, não perderia por nada ver sua cara de choro quando for negada." ele brincou e eu quase dei um tapa no ar pensando em acertá-lo.
"É sério, quatro horas!" disse e desliguei. Disquei os números da casa de Mike, mas ninguém atendeu uma, duas, três vezes até que a diarista dele me informou que ele tinha saído. Liguei no seu celular e ele atendeu depois de dois toques.
"Oi, linda! Algum problema?" ele perguntou, sempre preocupado demais.
"Oi! Vou receber o resultado da prova hoje às quatro horas, você vai comigo?" perguntei.
"Ah, vou ver se consigo sair do escritório mais cedo tudo bem?" ele disse.
"Ok." respondi e desliguei.
Uma hora antes das quatro eu já estava pronta e sentada no sofá dando pulinhos de ansiedade, não conseguia parar quieta. Andei de um lado pro outro da sala, coloquei comida para Bartô, água, areia, fiz carinho nele que parecia estar em outro mundo o tempo todo, tomei uns três copos de água até que chegou três e meia. Peguei as chaves da casa e resolvi ir a pé, não era muito longe. Dava passos largos pelas ruas limpas de Londres. A cada passo eu pensava na possibilidade de não ser aceita e de realmente sair chorando de lá como Daniel disse. Não, isso não iria acontecer, tinha estudado muito para aquela prova e acreditava que tinha ido bem e mesmo que acontecesse eu não choraria por uma prova, ainda existem muitas outras universidades para tentar e tinha apenas dezoito anos. Quanto estava a uma esquina de Cambridge avistei Daniel ao longe, como ele sabia que eu ia chegar cedo?
"! Que bom que você chegou já estava fazendo bolhas de chatice." Sim, ele tinha esse costume, era estranho, mas engraçado.
"Oi, Danny! Você viu Mike por aí?" ele rolou os olhos e respondeu:
"Não, não vi, mas pra que você precisa dele se tem a mim?" Deu um sorriso amarelo e me puxou pelo braço "Olha, eles já estão anunciando!" Corremos para dentro. Quando chegou em uma letra antes da inicial do meu nome eu já estava apertando a mão de Daniel e já não tinha sinal de unha em meus dedos.
", ACEITA!" Dei cinco pulos no ar levando Daniel comigo, gargalhamos alto e ele me deu um abraço apertado.
"PARABÉNS! Eu sabia que você não ia sair chorando!" ele disse e apertou ainda mais minha cintura. Mike ainda não tinha aparecido.
"Obrigada Danny! Não sei o que eu seria sem você! Eu te amo pequeno!" pulei em seus braços e dei um beijo estalado em seu rosto.
"Também te amo, minha pequena."
Eu já sabia que Mike não viria, não fiquei triste ou desapontada, Mike não ficaria eternamente em minha vida, não casaria com ele, sempre mudariam meus namorados e ficantes, mas Daniel sempre estaria comigo como aquela hora ele estava ali, me apoiando. Daniel seria meu irmão de coração eternamente, seria sempre a pessoa que me faria rir, chorar, entrar em encrencas e todas aquelas coisas que irmãos fazem. Fiz a escolha certa quando quis ter outro como namorado, um namorado nunca pode ser trocado por um irmão. Daniel seria sempre o mesmo.
Fim.
N.a: Primeiro eu queria pedir um desconto porque é a minha primeira fic então não da pra comparar com as outras do fanficaddiction, queria agradece a Talita que foi a primeira a ler, a Mariana que me deu inspiração pra começar a escrever, as minhas primas que apoiaram mil quando eu comecei - nn, e queria dedicar a e a Ana que gastaram horas da vida lendo (segundo a ).
Também quero pedir desculpas as Fletchers, Poynters e Judds, mas eu simplesmente não podia fazer sem que os guys fossem fixos. E é isso, obrigada por lerem e comentem! (: