Amar É Ser Destemido.
Fic by: Mari Cardoso | Beta: Lilá (até o capítulo 9) e Mel (do capítulo 10 em diante)


Prólogo -

Ele tirou do bolso uma caneta, pegou um guardanapo, escreveu algo e o dobrou. Então ele me olhou, sorriu, e escorregou o mesmo para perto de mim. Olhei para ele pedindo permissão para ler, e ele fez um movimento com a cabeça, me incentivando. Minhas mãos nervosas abriram com velocidade o guardanapo amassado e não hesitei em sorrir ao ler: "To lead a better life, I need my love to be here. Você estará aqui comigo?"
Olhei mais uma vez para ele, que agora me olhava seriamente, como se analisasse minha reação. Tirei a caneta de suas mãos e escrevi embaixo, numa letra corrida: "Here, there and everywhere. Onde quer que você esteja."
Escorreguei o guardanapo para ele, e quando ele o abriu, um sorriso imensamente grande se formou em seus lábios.


Capítulo 1 - "Você sabe que todo mundo gosta de uma festa no sábado à noite"

Acordei sentindo um peso estranho na minha perna. Demorou alguns segundos até eu perceber que era que desmaiara de tanto sono depois da noite passada. O que não é muito incomum vindo dela, já que sempre é a primeira a dormir de nós quatro.
Eu e moramos no mesmo apartamento aqui em Londres. Viemos para cá, principalmente, para melhorar nosso sotaque, mas gostamos tanto que acabamos ficando.
Do outro lado, na porta da frente do nosso apartamento, é onde nossas outras amigas, e , vivem. Elas também são nossas amigas de longas datas, desde que morávamos no Brasil. Eu e somos fotógrafas, é redatora na "Evening Standard" e é modelo fotográfica.
Na noite passada, tínhamos dormido muito tarde. Era sexta-feira e toda sexta é a noite das garotas. Escolhemos um filme e nos reunimos aqui no apartamento meu e da .

Naquela noite, iríamos sair. Fizemos hora até as oito, quando começamos a nos arrumar. e foram para seu apartamento e eu e fomos tomar banho. Liguei o rádio, como de costume, e entrei no banho.
Depois de um tempo, todas estávamos prontas. estava com uma saia de cintura alta média e com seu scarpin preto, que eu já tentara roubar algumas vezes, usava um vestido rosa acima do joelho, usava um vestido com decote em V, e eu também usava uma saia de cintura alta preta, estilo bandage, com meu scarpin azul elétrico.
Estava chovendo, para variar. Entramos no carro tão rápido que conseguimos salvar nossos cabelos e maquiagem. Eu liguei o carro, e estávamos seguindo para nosso amado pub "Adam and Eve".

Chegando lá, entramos e vimos várias pessoas já cansadas de dançar na pista. A atmosfera, ao mesmo tempo acolhedora e sensual, nunca mudara desde que começamos a frequentar o pub. Sentamos todas no bar, e eu, , e pedimos, respectivamente, nossos drinks preferidos: Black Martini, Sunset, Inferno Verde e Baby Night.
- Acho que hoje eu não vou para casa sozinha.
disse, lançando um olhar malicioso a um homem charmoso que a olhou, me fazendo rir.
- Você não tem jeito, . Só tem cara de santa.
- Com esses olhares, nem cara de santa ela tem mais.
disse, se dirigindo a mim.
- Verdade.
entrou na conversa.
- Gente, eu vou até o banheiro.
levantou sem tirar os olhos do homem e colocou o drink no balcão.
- Ela vai checar a maquiagem e depois ir para pista.
sussurrou fazendo e eu rirmos.
- Sempre!
Eu disse rindo e levantando meu drink.
- Aos homens bonitos que nos dão mole! levantou seu Inferno Verde nos incitando a um brinde.
- E aos que não dão também!
completou. Rimos e brindamos.

Depois de uma hora, estava dançando no meio das pessoas com a quarta Sunset que ela pediu, estava beijando alguém no canto da boate, e igualmente. Eu estava ainda no meu segundo copo de Black Martini, dançando alguma música eletrizante da qual não me recordo.
Depois que a música acabou, eu fui atrás de , para ver se ela estava bem.
Ela ainda estava se agarrando com um homem de cabelos castanhos. Do lado, sentado no sofá, tinha um homem , bebendo o que parecia ser Balalaika. Ele parecia submerso no seu mundo, olhando sem parar para seu celular, mas não pude o observar muito naquela hora, porque se soltou do menino e se virou para mim, visivelmente bêbada:
- , vamos embora? Eu quero ...
Ela começou a rir , e depois se conteve para terminar a frase.
- Fazer coisinhas com ele. AH!
Ela gritou e bateu na testa.
- EU NÃO OS APRESENTEI! , , , .
- Prazer.
Eu disse, mas estava tão bêbado quanto , então ele só riu e disse numa voz enrolada, típica de bêbados, apontando para ela:
- Essa mulher, é a mulher da minha vida! Vou casar com ela.
Então ele virou para e disse baixinho:
- Casa comigo?
fez que ia chorar e disse pulando em mim:
- VIU , VOU CASAR. Vamos , vamos contratar alguns macacos equilibristas para nosso casamento.
E ela voltou a beijá-lo.
- Tenho que proibir a de beber. Ou trazer uma câmera para gravar.
Ri sozinha com meus pensamentos.
Fui atrás de alguém mais sóbria. Avistei sentada no colo do mesmo homem que a estava olhando anteriormente, que a beijava passando a mão na sua cintura. Eu fui até eles e cutuquei minha amiga:
- Que é?
Disse a bêbada.
- Ah Deus, me ajuda, mas me dê paciência porque se me der força e mato vocês. , vamos para o carro, a gente vai para casa, pode levar seu amiguinho.
Ela levantou e puxou o homem pela mão. Andei impacientemente até , puxei a mão dela a arrancando a força do beijo.
- Vamos pegar a , e você também pode levar o .
Eu disse.
- Viu , nossa lua de mel vai ser no meu apartamento.
Ela disse rindo e o fazendo rir.
- Eu mereço.
Resmunguei e logo os acompanhei nas risadas. Puxei e , que puxavam os outros dois. Passei com dificuldade pelas pessoas que estavam dançando e avistei .
- Ai não! Hoje ela resolve beber, não é? Alguém lá em cima está de sacanagem comigo. estava quase fazendo um strip-tease no meio de alguns homens. Puxei ela, mas ela se recusou a ir comigo:
- Me deixa, , vai se enroscar com algum homem, para de ser careta.
- VAMOS , AGORA !
Eu gritei e a puxei. Ainda bem que eu sabia canalizar melhor minha força do que , e ainda melhor ela estar com o equilíbrio afetado pelo álcool.
Fui puxando e pela mão. vinha atrás. Mandei todo mundo entrar no carro. Foi bem difícil, pois antes eram quatro, e agora já eram seis. Mas se ofereceu para sentar no colo do seu "marido" , já que só davam três pessoas atrás. Então e o cara que ela estava levando ficaram bem acomodados. , depois de muito lutar para ficar no "Adam and Eve", cedeu a mim e entrou no carro emburrada.
Eu já estava ensopada por causa da chuva que caia torrencialmente. Quando todos já estavam dentro do carro, o homem que eu havia visto saiu da boate correndo e se dirigiu a mim , gritando por causa do barulho da chuva:
- Hey, você viu um cara de cabelo castanho e olhos azuis chamado ?!
- Vi sim! Ele está aqui dentro.
Apontei para o carro.
- Ele vai conosco para casa da minha amiga. Você é amigo dele?!
Nessa hora ele também estava ensopado pela chuva.
- Sou! Mas eu estou de carro! Vou embora sozinho! Por favor, avise ele que fui para casa!
Ele disse correndo para um carro.
- Tudo bem!
Eu entrei no meu carro. , assim que me viu ensopada, começou a rir:
- Parece que um elefante fez xixi em você toda.
E com esse comentário, todos os bêbados no carro riram.
- Haha, com certeza eu vou trazer uma câmera para filmar vocês, vai ter revanche.
E liguei o carro e segui para casa.

- Finalmente em casa.
Me joguei, molhada, no sofá. Tive que aguentar os risos de e a mesma falando constantemente sobre o elefante ter feito xixi em mim, e se agarrando no banco de trás, e e o homem, que eu ainda não sabia o nome, cochichando um no ouvido do outro e dando risadas maliciosas. Quando chegamos, eu arrastei para o nosso apartamento e certifiquei-me de que os outros bêbados haviam entrado mesmo no apartamento das meninas.
Joguei debaixo do chuveiro com água fria, e sai do banheiro. Fui tomar um banho quente e colocar um moletom. Já eram 01:00h da manhã. Fui ver se não tinha se afogado pela falta de consciência, e depois de ver que ela já estava de pijamas e dormindo, fui até a cozinha fazer um lanche.
Fui para o meu quarto e só acordei no dia seguinte, com se jogando em cima da minha cama.
- , to morrendo de dor de cabeça.
Ela fez bico.
- Vai embora, me deixa dormir.
Falei enrolada, colocando um travesseiro em cima da minha cabeça, olhando para ela.
- , por favor. Faz um chá para mim. Aquele que você faz quando eu to com dor.
Ela fez um bico ainda maior.
- Ninguém mandou beber feito louca.
Eu disse segurando o riso, já sabendo que eu ia fazer seu chá.
- Poxa, então tá!
Ela fez uma expressão triste.
- Ok, . Vou fazer seu chá, e fazer um cappuccino para mim. Nada melhor que um domingo de frio, com cappuccino.
Sorrimos e me levantei.
- Obrigada, amiga.
Ela me deu um abraço e saiu do quarto.
Fiz minha higiene matinal e fui até a cozinha, que era separada da sala por um balcão. Comecei a esquentar a água para o chá da e liguei a pequena máquina de café expresso, que havia ganhado de aniversário das meninas, para fazer meu cappuccino. se sentou num dos bancos e me perguntou:
- O que eu fiz ontem? Não me lembro de nada. Odeio essa sensação.
Eu comecei a rir.
- Vocês me deram um trabalhão. Quando eu vi, você estava no meio de alguns homens quase tirando a roupa.
Eu disse com uma ponta de satisfação ao vê-la ficar vermelha, e completei:
- Bem feito, ninguém mandou exagerar daquele jeito.
Ela fez que não gostou e disse segurando o riso algo como "amiga da onça".
- Sou mesmo uma amiga da onça.
Ri e voltei a falar:
- Nós que aguentamos e bêbadas, imagina eu sozinha tentando puxar as três. Ainda mais que elas levaram dois homens para casa.
- Aw , me desculpa. Não vou mais fazer isso com você. Mas como assim elas levaram dois homens para casa? Quem são? São bonitos?
Ela disse curiosa, me fazendo rir.
- Aham. Tinha que ver o , acho que era esse o nome dele, falando que a era a mulher de sua vida e pedindo-a em casamento.
E comecei a contar tudo que tinha ocorrido no pub, fazendo rir. Coloquei seu chá e meu cappuccino e continuamos a conversar, sentadas ao balcão.

e eu estávamos assistindo TV, era meio-dia, já que ela havia me acordado à s onze, quando escutamos a porta do apartamento batendo desesperadamente.
- Quem deve ser?
perguntou, já sabendo a resposta e falando-a junto comigo.
- .
Levantei e abri a porta, deixando passar uma profundamente nervosa, e com uma bolsa de gelo na cabeça.
- Que foi, mulher?
Eu perguntei.
- Qual é o nome do cara que está de boxer na minha cama?
Ela perguntou me encarando, e eu prendi o riso.
- . Por quê? Não se lembra do homem que te chamou de "mulher de sua vida" e pediu em casamento?
Eu disse e seu rosto se contraiu em espanto.
- EU CASEI?
Ela gritou desesperada. Não pude mais conter um riso.
- Não! Mas eu deveria ter sugerido, só para ver sua cara, e você parar de ficar bêbada.
- Ah, que susto, ! Não me assusta assim. Mas tenho que dizer, ele é muito lindo. Nossa, adoro.
Sua boca se abriu em um sorriso malicioso.
- Eu nem me lembr...
ia falando quando abriu a porta e entrou:
- Qual é o nome do cara que está de samba canção na minha cama?
E eu e explodimos em risadas. e bebiam, achavam alguns caras, apareciam na nossa porta no outro dia nos perguntando os nomes deles e dizendo o estilo de cueca que usavam e eu e nos divertíamos e as repreendíamos por nos darem trabalho. Isso quando os caras não saiam antes, ou nem deixavam brecha para conversa, então era um pouco raro elas virem perguntar.
não estava com moral alguma para rir daquela vez, mas mesmo assim o fez.
- Ah, dessa vez eu não sei. O , a me apresentou. Você só quis se agarrar com ele.
Eu disse me sentando ao lado de .
- Eu já sei, ele provavelmente está com a carteira, vê se a identidade dele está lá e veja o nome dele.
falou sabiamente, e eu a abracei e disse:
- Oh, que orgulho, minha aprendiz está virando uma mestre.
As meninas riram e me deu um tapa leve, seguido de uma risada.
- Então, vocês vão ficar aqui, ou vão deixar seus homens sozinhos?
perguntou.
- Verdade. Vamos , obrigada, .
agradeceu-me.
- Obrigada pela ideia, .
fez o mesmo com e saíram.
- De nada!
Dissemos quando estavam passando pela porta.

Eu liguei meu notebook para terminar de manipular uma foto usando o photoshop, para um editorial numa revista que contratou meu serviço. Enquanto isso, acho que estava falando com seu agente no celular.
Mais tarde, e voltaram a nosso apartamento, para contar como foi com os garotos.
- Então, ele fez uma cara fofa, se desculpou e disse que não se lembrava do meu nome...
dizia.
- Ele é tão fofo, a gente conversou um pouco e ele me chamou para sair hoje a tarde. Tomar um café no Starbucks sabe.
Seus olhos brilharam, e ela continuou.
- Nunca nenhum homem que eu dormi sem querer por causa da bebedeira foi tão fofo assim. Eles costumam desaparecer antes de eu acordar. E quando eu acordo antes, eles inventam mil desculpas.
Ela disse e concordamos com a cabeça. disse que tinha terminado e nossas cabeças se voltaram para .
- Ah gente, ele também ficou sem jeito quando disse que havia esquecido meu nome, então eu confessei que também não sabia o dele e...
Mas a interrompeu:
- Mas você não viu a identidade dele?
- Não deu tempo, quando eu cheguei lá, ele estava acordando. acenou com a cabeça, e pediu para ela continuar.
- Então ele disse que provavelmente tinha sido uma noite boa, e eu ri e disse que sim. Aí a gente conversou um pouco, e ele me deu o telefone dele, e eu dei o meu. E ele disse que amanhã, se eu não trabalhasse, a gente poderia ir ao cinema. Então eu concordei e a gente marcou para depois do meu expediente.
Ela sorriu.
- é um homem sabe. Não é um garotinho, ele é um homem. É inteligente, elegante, mas seu lado moleque é muito bom. Ele é um homem, e que homem.
- Ui, , adorou que eu sei.
Disse e ela corou.
- Então tá, isso quer dizer que nós vamos morrer solteiras, .
fez drama, e eu entrei na brincadeira.
- Sim, vamos criar gatos aqui no apê.

De tarde, ligou para e perguntou se poderia levar alguma amiga ao encontro, porque se esquecera que tinha marcado também com um amigo, e para ele não ficar de vela, achou que ela poderia levar alguém. E advinha quem escolheu, como sempre?
- Ah não , essa coisa de ser vela em dupla não é comigo.
Eu repeti pela milésima vez.
- Nem vem, , se arruma logo antes que eu me atrase. É só um café.
- Aw, , vai que ele é um amigo idiota, daqueles que pegam todas e acham que são os "bonzões". Igual aquele amigo do Evan, ou do George, ou do Richard? Minha lista de furadas que você me coloca já está maior que testamento.
Eu rebati.
- Ah, eu acho que não levaria um amigo idiota para nosso encontro.
Ela disse
- Por favor, ! Eu te empresto o scarpin preto que você tenta roubar sempre.
- Estou sendo subordinada. O scarpin é golpe baixo. Quero um mês com ele.
Desafiei.
- Uma semana.
Ela cruzou os braços.
- Duas semanas. É minha oferta final.
- Feito.
Ela apertou minha mão e completou.
- Agora vai ficar bem linda, que eu to esperando aqui no sofá.
Ela sentou.
Coloquei uma calça skinny, minha blusa 'The Beatles', minha jaqueta preta e fui para a sala.
Entramos no carro e seguimos para o Starbucks.


Capítulo 2 - "Eu nunca abri meu coração para todas as possibilidades, eu sei que algo mudou, nunca me senti dessa forma. "

Eu e chegamos ao Starbucks e estava lá e acenou para nós. Examinei o homem que estava de costas para nós, e pude ver, enquanto me aproximava da mesa, que era o que havia visto na Adam and Eve.
- Oi, . - sorriu, levantando.
- Oi.
Ela respondeu e eles se cumprimentaram.
- , . , .
Ela nos apresentou de novo, dessa vez sóbria, e nos cumprimentamos.
- Você nos apresentou ontem, mas acho que esqueceu.
- É, existe essa possibilidade.
riu e se dirigiu ao .
- Ei, , levanta.
O , ou melhor, , estava mais uma vez olhando para o celular, como se esperasse uma ligação importante. Quando ele se levantou, pude pela primeira vez olhar dentro de seus olhos. Eram de um castanho lindo. Tive vontade de olhá-los por um bom tempo, mas chacoalhei a cabeça quando tirou-me dos devaneios:
- Gente, esse é o , essas são e .
Eu sorri e o cumprimentei. Ele sorriu de lado, sem muito ânimo. Sentamos-nos, eu ao lado de e os outros dois juntos.
Eles engataram uma conversa animadora e eu fiquei sem jeito, pois só olhava para seu celular.
Para minha sorte, o garçom chegou à mesa:
- O que vão pedir?
- Um latte macchiato, por favor.
Eu pedi de imediato.
- Um chococino.
fez o mesmo, seguida de .
- Café expresso.
Todos olhamos para que ainda estava mexendo no celular.
- ... !
estalou os dedos perto do rosto do amigo.
- Hã?
Ele levantou a cabeça rapidamente.
- O que vai querer?
O garçom perguntou a ele.
- Um cappuccino.
Ele finalmente disse e me olhou. Eu virei à cabeça. Não sei por que fiz isso. Eu estava estranha naquele momento. Era como se eu olhasse para ele e me perdesse em cada traço de seu rosto, eu nunca tinha me sentido daquele jeito. E ele não estava nem percebendo os olhares furtivos e envergonhados que eu lhe lançava. Eu estava pensando no por que do meu nervosismo, do por que eu não conseguir olhar para ele sem que me viesse pensamentos novos na cabeça, quando disse :
- !
O loiro o encarou.
- Fale.
- Dê atenção para , . Para de olhar para esse celular.
Eu corei bruscamente e não ousei olhar para , que pareceu ter ficado com mais vergonha que eu.
- É... Me... Me desculpa.
Ele suspirou.
- Me desculpa, gente, minha cabeça está em outro lugar. Tudo bem com você, ?
Senti seus olhos em mim. Suspirei discretamente e o olhei. Agora que ele me fitava com interesse eu me senti como uma criança querendo falar e sem conseguir. Juntei todas as minhas forças e disse:
- Tudo, e com você?
Forcei um sorriso que esperei que não soasse forçado.
- Indo, indo.
Ele não parecia seguro. Ficamos alguns segundos num silêncio desconfortável, mas olhou para minha blusa e perguntou espantado:
- Gosta de The Beatles?
Arregalei meus olhos.
- Amo, por quê ? Você não?
Ele abriu um sorriso que parecia sincero e disse:
- Amo. Então...
Ele pareceu mais empolgado com a conversa.
- Beatle favorito?
Eu sorri e disse:
- Não posso escolher entre o John e o Ringo.
- É justo.
Ele disse.
- E o seu ?
Perguntei.
- Não posso escolher entre John e Paul.
Ele riu.
- É justo.
Eu disse.
- Pelo menos sabemos que os dois concordam que John era um gênio. E que "The Beatles" foi a revolução, certo?
Arrisquei.
- Certíssima.
- Mas ainda me sinto culpada por não termos nem mencionado o George.
Eu disse rindo e ele me acompanhou.
- Ele já escreveu a música mais romântica de todos os tempos, quer mais o que?

O garçom chegou deixando nossos pedidos e eu bebi um gole do meu latte macchiato e os outros fizeram o mesmo com suas bebidas. Deixei esfriar um pouco e me virei para :
- Então, qual é o lance com o celular? Te vi ontem na "Adam and Eve" e você não larga ele mesmo. Trabalho ou... ?
Ele pareceu constrangido e eu me amaldiçoei por ter perguntado e quis mudar de assunto, mas foi mais rápido e disse:
- É... Longa história, é uma coisa... Quer dizer...
O interrompi.
- Desculpe, não é da minha conta.
Fitei seus olhos e a respiração dele pareceu vacilar.
- Só queria arranjar assunto.
Completei, sorrindo de lado.
- Claro.
Ele sorriu.
- Então, já que minha tentativa foi um fiasco... Você tem algum assunto?
Eu o encarei. Ele pareceu pensar por uns instantes e disse:
- O que faz da vida?
Sorriu.
- Sou fotógrafa. E você?
Retribui o sorriso.
- Sou redator sobre música num tabloide. Música é minha paixão.
Eu sorri mais ainda.
- Não vejo minha vida sem música. Toca algum instrumento?
- Guitarra, violão e piano. E canto um pouquinho.
Ele dizia com um brilho nos olhos. Admirei sua paixão pela música e me encantei com ela também.
- Nossa, que legal. Tem algum plano para seus talentos?
E depois engatamos uma conversa animada sobre música, enquanto e já estavam se aproximando.

- Então, vocês querem ir lá para casa hoje a noite? Eu mando a levar o , o homem que ela conheceu lá no pub, e vocês vão. A gente come uma pizza e vê um filme, combinado?
convidou enquanto nos levantávamos para ir embora. e responderam:
- Combinado.
- Que horas?
perguntou.
- 20:00h.
o respondeu e deu um selinho em , para dizer em seguida:
-Tchau, até hoje a noite.
- Até.
disse sorrindo abobado e eu pude ver um brilho nos olhos de que eu não havia visto nunca. Será que ela está apaixonada? Eu pensei imediatamente e sorri. Se tivesse, acharia ótimo, porque estava abobado por alguma razão e eu não acho que fora alguém que botou algo em seu café.
- Tchau, .
Eu sorri e acenei, mas ele só retribuiu com um breve aceno, sem sorriso, sem nem me olhar direito. Fiquei um pouco sentida quando entrei no carro e tive a sensação de que ele não havia simpatizado tanto comigo quanto eu havia achado. Não voltei a esboçar um sorriso até chegar em casa.

Chegamos em casa e eu chamei por , que não estava lá.
- Deve estar em algum ensaio fotográfico.
Eu disse à .
- Ok, eu vou chamar a .
E ela seguiu para seu apartamento. Troquei-me, colocando um short jeans e uma blusa de manga comprida preta com os dizeres "Malfeito Feito" nas costas. Coloquei meias coloridas pequenas para quebrar o sóbrio da roupa e sentei no chão. Liguei a TV e esperei e .
Quando as duas finalmente apareceram, com trajes mais simples como o meu, elas se sentaram do meu lado e disseram:
- me contou, .
- Contou o quê?
Olhei surpresa para . Se tinha um momento em que eu não sabia do que estavam falando, era esse, sem dúvidas.
- Ah, , não adianta fingir. Você que não é inibida assim com nenhum garoto ficou com vergonha e toda acanhada. Não conseguia nem olhar direito para .
disse com um sorriso sapeca que me incomodou.
- Você está louca. Eu? Sem olhar ? Eu olhei toda hora, eu não conseguia tirar os olhos do...
- HÁ! Então você admite que não tirou os olhos do ?
gritou me interrompendo e eu vi que tinha falado besteira.
- Você me induziu a falar isso, não vale. Mas espera, você acha que eu estou apaixonada por ele? Eu mal o conheço! Até parece que não me conhece.
Eu disse exasperada.
- Eu ainda acho que você está no mínimo apaixonada.
sorriu.
- Quem está apaixonada?
disse entrando em casa e na conversa.
- . Pelo .
riu quando eu fiz uma cara de quem não estava gostando da brincadeira.
- Espera, quem é esse ? Por que você 'tá apaixonada e eu não sabia?
perguntou me olhando.
- Eu não estou apaixonada, elas estão tirando conclusões precipitadas. Do mesmo jeito, ele nem gostou tanto assim de mim, e você percebeu isso também, . E outra, parem de encher o saco e vão arrumar o apartamento, porque eu arrumei sozinha da última vez e ajudei a arrumar o de vocês.
Eu disse me levantando e puxando para ajudá-la a fazer o mesmo.
- Ah, , você sabe que não é verdade. Vocês engataram uma conversa muito legal, depois que ele parou de olhar para o celular, e sei lá, é impossível não gostar de você, amiga.
- Awn, sério? Obrigada, .
E a abracei.
- Por que arrumar o apartamento?
interrompeu fazendo cara sofrida.
- Porque os meninos vêm para cá e não vamos dá-los uma impressão de que vivemos na imundice. Eu disse rindo.
- A gente tem que mostrar a verdade para eles, . Somos umas desordeiras.
retorquiu tentando me enrolar.
- Não adianta, vão arrumar.
Mandei beijos no ar e fui para meu quarto. Peguei meu Ipod e me deitei na cama. Coloquei Bon Jovi para me acalmar e acabei dormindo.

Acordei algumas horas depois com Nickelback tocando tão alto que abafava a voz de três gralhas gritando a letra de Rockstar.
- Calem a boca, meus ouvidos estão sangrando!
Eu gritei do meu quarto. Logo as três abriram a porta e pularam em cima de mim cantando:
- Hey, hey, I wanna be a rockstar!
E eu comecei a rir.
- Pelo menos vocês têm bom gosto.
Elas me mostraram a língua.
- Levanta, os meninos estão chegando.
me comunicou.
- Se vocês saíssem de cima de mim.
Elas levantaram.
Me olhei no espelho e me ajeitei. Fui para a sala e sentei no sofá.
- Já pediu pizza?
Perguntei para , que respondeu:
- Ainda não, vou esperar os meninos.
Eu acenei e me levantei.
- Eles que vão trazer os filmes ?
Puxei assunto de novo.
- Aham.
encerrou.
Voltei para o quarto, me olhei no espelho e tirei as meias coloridas. Eu tinha a sensação de que um sentimento estava nascendo, mas que era tão errado. Ele não me deu importância e eu sempre fui uma boba, pois toda pessoa que passa por mim e me toca de algum modo, eu considero importante.
Respirei fundo e voltei à sala. Havia escutado a campainha tocando.

- Oi.
sorriu para enquanto ela dava passagem para ele e um outro homem entrar.
- Oi.
Ela respondeu, sorrindo abobalhada para .
- Aff.
Resmunguei.
- Amor demais na atmosfera.
Fiz cara de impaciência e levantei do sofá, no qual eu tinha me jogado.
- , chama as meninas para eu apresentá-lo de uma vez.
pediu-me.
Fui até o quarto de e chamei as duas. Elas voltaram sorridentes e arrumadas.
- Meninas, esse é o e o ... ?
Ela se dirigiu ao outro homem.
- , amigo de . Ele me chamou, se não se importam.
Ele sorriu diretamente para , que desviou o olhar, sorrindo encabulada. Eu olhei de para , de para e me senti deslocada. Em alguns minutos iriam chegar e e iria ficar com . Mas e eu? Elas encontraram uma companhia que não as deixaram no dia seguinte. Que não calçaram seus sapatos e olharam seus relógios alegando compromissos inexistentes. E eu que tanto desejei uma paixão, havia ficado para trás. Porque eles estavam apaixonados, sim, estavam. e ainda não se podia dizer, mas eles haviam demonstrado interesse. Pode chamar de inveja, não que desejasse mal a algum deles, só queria ter suas sortes. E que tinha despertado algo novo dentro de mim, só de olhar em seus olhos, não me queria, não ficara ao menos interessado.

- Então ele me deu um tapa tão forte, que meus olhos quase saíram de órbita e disse "Ah, desculpe, minha culpa". Que tipo de pessoa fala isso depois de dar, de propósito, eu tenho certeza, um tapa na cabeça de alguém?
contava uma história engraçada que acontecera quando conheceu e nós ríamos do jeito engraçado que eles contavam.
- É, mas ele estava me irritando. Do mesmo jeito, acabamos tão amigos que não nos separamos até hoje.
- É.
Concordamos.
A campainha tocou mais uma vez naquele dia e dessa vez levantou apressada para atender. Todos nos levantamos para cumprimentar os dois homens à porta.

Capítulo revisado por Karly



Capítulo 3 - "Sinto como se eu estivesse caindo, e eu estou perdida em seus olhos, você me deixou louca."

Eu fiquei um pouco apreensiva quando o olhar de se cruzou com o meu. E tratei de desviar antes que eu fizesse alguma loucura. Nenhum homem havia mexido tanto assim comigo. chegara há pouco e já exercia em mim algum tipo de poder anestesiante em mim. E o menos esperado ele fez quando eu voltei a encará-lo. Ele sorriu. Então retribui o gesto.
- Oi, .
Ele se aproximou.
- Me chama de , . Senão vou começar a te chamar de .
Ele me cumprimentou com um beijo na bochecha e um abraço me permitindo sentir o perfume que exalava de seu pescoço. Já entorpecida, mas tentando me enganar ao máximo, eu inspirei mais ainda a colônia e me deixei soltar do abraço.
- Ok, .
nos olhou com uma pitada de maldade e logo em seguida apresentou os convidados.

- E agora? Que filme colocamos? perguntou quando levantou para ligar para a pizzaria.
- Que tal "Star Wars"?
pediu com animação.
- Não. Fica quieto, . Você sempre pede "Star Wars", casa logo com o Darth Vader e tenha milhões de Vaderzinhos.
disse.
- Você é doente.
disse olhando estranho para .
- Que tal "Harry Potter"?
Eu opinei e se virou sorrindo.
- Essa é das minhas!
Ele exclamou me fazendo sorrir.
- Não, "Harry Potter" é ótimo, mas não estou muito afim.
disse.
- Ok. E "Sweeney Todd"? É um musical, é sanguinário, tem o Johnny Depp, Alan Rickman e a Helena Boham Carter.
Foi a vez de .
- Eu aceito! Tem o Johnny, Alan e Helena então está ótimo. Já vale o filme. E ainda é musical.
Eu comentei e as meninas riram e concordaram comigo.
- Então vai ser esse.

A pizza havia chegado e estávamos vendo o filme. Depp e Rickman entoavam "Pretty Woman" nos enlouquecendo. Só nós meninas, claro. e , que não eram bobos ou coisa parecida, engataram um amasso tão intenso que eu fiquei constrangida. E não surpreendentemente eles levantaram e disseram ir pegar algo no apartamento de .
- Ok.
Eu disse e sufoquei um "usem camisinha", até porque inconveniência nunca foi meu tipo e não quis estragar o momento. Voltei meus olhos para e que conversavam algo que fazia sorrir. Virei para e e vi que se acariciavam nas mãos. Olhei para a minha direita e vi me encarando. Sustentei o olhar porque sua expressão era indecifrável.
- O que foi?
Eu sussurrei.
- O amor te incomoda?
Ele continuou com a mesma expressão. Parei para pensar. Me incomoda? Não sei. Deve ser por que eu acho que o amor é algo tão... extinto. Tão difícil de se encontrar. Amor com paixão, claro. Porque amor de amigo eu encontrei. Amor de família também. Mas amor de paixão, aquele tão desejado, tão cheio de dúvidas e certezas, eu nunca encontrei. O amor me incomoda porque sempre me pareceu que eu seria a única que não teria o encontrado com numa vida inteira.
Ele ainda me encarava pedindo uma explicação. E então eu finalmente disse:
- Talvez.
- Explique-se.
Dessa vez um sorriso de lado se desenhou na sua expressão.
- Por que tão interessado?
- Por que não estaria?
- Por que vocês não calam a boca?
nos interrompeu e riu.
- Ok, viu, , cala a boca.
Eu disse rindo.
- Não, agora eu quero saber, vamos lá para a varanda.
Ele levantou e ofereceu a mão. Segurei-a e me levantei.
Fomos lá para fora e me sentei no chão, observando as luzes de Londres. Estava frio e percebera porque entrou de novo e trouxe um cobertor grande o suficiente para quatro de nós. Agradeci e ele se sentou do meu lado.
Silêncio. Gritos ao longe, buzinas de carros, pessoas andando. É impressionante o fato de que à s vezes estamos condenados a uma vida de prisão. E não importa o quanto você ande, o quanto você viaje, o quando você busque uma saída, você simplesmente está presa. E não adianta tentar andar ou correr, estamos presos em nós mesmos. E essa é pior do que qualquer outra prisão. Eu sempre estive presa a correntes, achando que o amor era impossível. Mas talvez não fosse assim.

- Não vai falar nada?
me despertou dos pensamentos.
- Vou.
Voltei ao silêncio.
- Que horas?
Ele perguntou com ironia.
- Na hora em que eu tiver alguma resposta.
Disse olhando dentro de seus olhos. E com isso ele se entregou ao mesmo silêncio, e ficamos observando a movimentação de Londres.

Algum tempo depois, eu levantei e fui pegar algo para bebermos, e quando olhei para a sala vi que e tinham dormido e e faziam carinho em ambos. e ainda não haviam voltado. Passei cuidadosamente pelos desmaiados e peguei duas xícaras de chocolate quente e voltei.
- É estranho.
disse depois de um gole no chocolate quente.
- O que é estranho?
- Nós dois.
Ele me encarou. Que nós dois? Pensei com meu estômago revirando de expectativa.
- Não entendi.
Bebi um gole.
- Eu mal te conheço, e sinto que posso falar com você de tudo. Entende? Parece coisa de filme. Aqueles em que a personagem toca o outro e sente que nele pode confiar. Desse jeito. Primeira vez que isso me acontece. Você deve ser especial.
Ele disse tudo olhando para a paisagem, como se fosse a primeira vez que visse uma cidade, fazendo expressões de confusão. Então ele olhou para mim, e não me restou mais outro movimento ou palavra senão o olhar também. Os olhos que eu temia encarar. Que puxavam e me entorpeciam. O que há de errado comigo? O que há de errado com ele? Por que tão desejável, ? Eu pensei. Com minha respiração já descompassada, resolvi parar de olhá-lo e ele também.
- Bom, está tarde, acho que vou embora.
Ele mudou o curso dos meus pensamentos.
- ainda não voltou. Acho que ele vai ficar. Você está convidado, se quiser.
- Oh, ok. Vou ficar então. Obrigado.
Eu sorri em resposta.
- Então...
- Então...
Ele reforçou.
- Você disse que era fotógrafa, certo?
Ele me perguntou e me acomodei melhor, voltando meu olhar à Londres.
- Eu e .
Eu sorri.
- O é colunista musical. Não conseguimos nos virar sem música.
Ele riu pelo nariz e eu o acompanhei.
- Vocês parecem ser muito unidos.
Eu disse.
- Tanto quanto você e as meninas.
- Então são eternamente unidos.
Ele sorriu com a minha afirmação.

Passado alguns minutos de conversas aleatórias, e voltaram rindo e ajeitando as roupas. O segundo filme já tinha sido visto e e acordaram. Eu e entramos e todos nós ficamos conversando sobre o próximo encontro:
- Eu acho que a gente devia acampar.
se manifestou pela quarta vez, com a mesma opinião.
- A gente escutou das quinhentas primeiras vezes que você sugeriu isso, .
olhou para o persistente.
- Pensando bem, eu acho uma idéia legal. concordou.
- Finalmente. Valeu, dude.
agradeceu e fez um gesto com a cabeça.
- Bom, eu gostaria de acampar.
Eu disse finalmente.
- Eu também.
disse após um longo bocejo.
- Eu não.
Todos olharam para , que ficou ruborizada, e logo completou.
- Meninas, vocês sabem que eu não gosto dessas coisas.
Ela fez uma expressão de choro.
- Ah, só dessa vez, . Será divertido. Por favor. pediu. olhou de um rosto para o outro, e o que mostravam era animação, então ela fez uma expressão aborrecida e disse:
- Ok, ok.
- Ah! Vai ser tão legal.
disse.

No dia seguinte, preparou um grande café da manhã no nosso apartamento. Começamos a combinar os detalhes para o acampamento:
- A gente só tem duas barracas. Vocês têm mais duas para dividir entre vocês, certo?
Eu perguntei.
- Eu e temos uma cada um.
mencionou.
- Eu uma também.
disse, seguido por :
- Eu tenho.
- Levem duas, assim ninguém dorme sozinho.
sugeriu, mas deu uma grande mordida em seu misto quente e disse com a boca cheia:
- Ahim miha reputaxão bai prao misco.
Só deu tempo de ver um vislumbre passando em direção a cabeça de e ele quase cuspir tudo que estava em sua boca.
- Engole antes, animal.
disse rindo após o tapa que dera na cabeça do coitado. Quase cuspi meu café todo da boca por vontade de rir como todos na mesa estavam fazendo.
- Awn, , não bate na cabeça do ...
Eu comecei, já morrendo de rir.
- Isso, , me defenda.
Ele finalmente engoliu e se fez desolado.
- Assim teremos que doar neurônios novos porque já estão em falta.
Eu completei enquanto os outros aumentavam as risadas e se emburrou.
- Awn, , fala o que você queria falar.
Fiz biquinho.
- Eu disse “Assim minha reputação vai para o lixo”.
- Aí fica a pergunta: Que reputação? perguntou seriamente enquanto, mais uma vez, começávamos a rir.
Foi uma das melhores manhãs que eu já tive.

Quatro dias depois estávamos na estrada, indo para o lugar onde iríamos acampar. Eu estava no carro junto com , e . dirigia calado, e eu, e cantávamos animadamente "Born To Run" do Bruce Springsteen.
No outro carro estavam , , e .
Terminada a música, eu me virei para , pegando-o de surpresa:
- Por que está tão calado?
- Hum... Só aproveitando a calma do lugar.

A estrada era silenciosa. Vento, música e risadas. O silêncio tornou-se completo quando e dormiram e eu desliguei o rádio. Fiquei observando as estradas, pensando, e à s vezes lançando olhares furtivos para , que parecia perturbado com alguma coisa.
- Aconteceu alguma coisa, ? Você parece preocupado.
- Nada, , pára de encher.
Ele disse de modo grosseiro, sem ao menos olhar para mim. E eu fiquei chateada demais para retrucar. Tão chateada que me assustei.

Depois de cinco horas de viagem, chegamos em Lake Districts ao norte da Inglaterra. saiu correndo do carro xingando e alegando ter bebido muito refrigerante no caminho. saíra do carro cambaleando de sono, e riam de alguma coisa e se alongava depois de ter dirigido cinco horas seguidas. Eu estava tirando as coisas do carro de , tentando afastar o desânimo que crescia dentro de mim. continuava dentro do carro olhando para seu celular.
Eu sentei debaixo de uma árvore, depois de ter dito que conseguia montar a barraca sozinha, e coloquei meus fones de ouvido. Comecei a escutar uma música qualquer e olhando para todo aquele verde, todos aqueles morros, comecei a me sentir insignificante. , que sempre soube quando eu estava triste, se sentou ao meu lado e perguntou:
- O que ele fez?
Eu sorri fracamente e disse:
- Me machucou só com palavras.
- As pessoas tem que tomar mais cuidado com o que falam. Podem desperdiçar uma paixão só porque usaram as palavras erradas.
afirmou, encostando a cabeça na árvore.
- Quem falou sobre paixão?
Eu disse levantando uma sobrancelha.
- Ninguém. Mas você não precisa admitir para a gente saber.
olhou para mim, e eu, indignada, rebati:
- Não estou apaixonada. Estou encantada. Você me conhece. Eu sempre me apaixono a troco de nada, e depois simplesmente não agüento mais o cara. Isso quando eles não me agüentam antes.
Ela se deu por vencida, suspirou e disse:
- Ok, , você sabe o que diz. Vou ajudar a tirar as coisas do carro.
E com um beijo na minha bochecha ela se despediu e foi atrás de .
Decidi levantar e ver como estava se saindo. O que foi uma boa idéia, pois quando cheguei onde deveria ter uma barraca, estava a própria totalmente soterrada debaixo de todas as peças, com a lona da barraca em cima, e pedindo “Socorro”. Rindo histericamente, tirei a lona de cima dela. Ela me olhou pedindo piedade, e só o que eu fazia era rir.
- Nossa, ! Você é um gênio, hein! Conseguiu fazer a réplica do monte de lixo lá do prédio.
E recomecei a rir.
Passada a crise de riso, ajudei-a a montar a barraca, que após alguns minutos reinava impecável em cima da grama. Depois de meia hora, as barracas de todos estavam montadas, e o fogo crepitava da fogueira criada no meio de todas elas.
, que trouxera seu violão, começou uma música conhecida por todos. e eu cantávamos baixinho, prestava atenção e à s vezes olhava para , que fazia o mesmo. e conversavam ao pé do ouvido e segurava o celular firmemente, parecendo estar em outro lugar.
Após muita conversa, decidimos descansar, pois o dia havia sido cansativo.
apagou a fogueira e todos foram para suas barracas.


Capítulo 4 - "É como uma dor de dente pulsando na mente, não posso mais aguentar esse sentimento."

Acabei acordando com jogando a perna em cima de mim, então saí da barraca, escovei meus dentes, e fui sentar debaixo de uma árvore qualquer e apreciar a paisagem. Estava cedo demais, ninguém tinha acordado ainda.
Por mais que eu tentasse não pensar em , ele sempre surgia em meus pensamentos. Eu me sentia estranha só de pensar numa possível paixão. Eu sempre tive tanto medo. Medo de me decepcionar. Eu realmente não acreditava que eu conheceria alguém e me apaixonaria. Eu sempre fui tão controlada, não era algo que parecia que ia acontecer comigo. Até que apareceu e simplesmente me pegou desprevenida. Eu não sabia sua história, seus talentos, seus defeitos. Não sabia o motivo do celular. Eu só sabia que ele era o . Só sabia que eu me perdia em cada traço de seu rosto, cada vez que ele sorria. E eu realmente não sei o que me levou a chorar ali, sentada debaixo da árvore, pensando nele, só sei que eu comecei a sentir um medo absurdo do que poderia acontecer se eu realmente estivesse me apaixonando.

Fiquei algum tempo olhando a paisagem depois que o choro cessou, e os outros estavam acordando. Eu peguei a chaleira, acendi a fogueira e comecei a fazer o nosso café.
- Bom dia!
e disseram uma após a outra quando saíram da barraca.
- Bom dia, amores. Estou fazendo nosso café, chamem os garotos e a , porque a gente podia andar por aí depois que todos comerem.
Eu disse, já pegando biscoitos e pães dentro da mala de comida e colocando nos pratos.
- Acho uma boa idéia. Vou acordar a e a acorda os meninos.
- Ok.
Momentos depois e saíram da barraca. O primeiro vinha sorrindo, provavelmente contente por ter sido acordado por tão boa companhia. Já o segundo, segurando o celular como se já fizesse parte da sua mão, vinha abatido, o rosto cansado, sustentando olheiras. Quando me olhou, simplesmente o lancei um olhar triste, e desviei minha atenção de volta para a chaleira.
- Você está com uma cara péssima, não conseguiu dormir? perguntou à . e ele trocaram um olhar cúmplice, e só afirmou com a cabeça e olhou para as montanhas ao longe. Sentou-se perto de mim e o vento trouxe o cheio amadeirado de seu perfume, que me fez fechar os olhos. Senti seus olhos sobre mim, e a vontade que eu tinha era me perder mais uma vez nos seus olhos, mas o orgulho foi maior, então eu coloquei uma xícara de café e levantei.
- Vou beber ali na árvore.
Eu disse, andando para a mesma árvore e sentando lá.
- Já volto.
Escutei dizer. Logo ele sentou ao meu lado, olhou para mim, e suspirou. Fechei os olhos na tentativa de fortalecer minha frágil tentativa de ignorá-lo.
- Sinto muito.
Ouvi-lo dizer. Virei-me para poder lhe olhar. Suas olheiras pareciam ainda mais fundas por causa da expressão dolorosa. Meu olhar perdurou o suficiente, até que eu disse:
- Eu só não entendo. Primeiro, parece que você nem gosta de mim, um pouco depois, parece que você até ia com a minha cara, e isso continuou, tivemos uma boa conversa e eu finalmente achei que você queria ser meu amigo, então você faz isso. Por quê? O que há de errado?
Eu o encarei sentindo meu coração pesado. Ele passou a mão pelo seu cabelo até chegar à nuca, olhou para frente, seus lábios tremeram como se quisessem falar algo e seu olhar triste cruzou com o meu que não havia deixado de lhe encarar.
- Eu não sei. É uma garota e eu a amo. Mas ela terminou comigo. Eu a pedi para pensar melhor e me ligar, mas ela ainda não me ligou.
Naquele momento eu não conseguia me lembrar nem de como se respirava. Eu não consigo lembrar-me de um momento pior do que quando ele me confidenciou o seu amor por aquela estranha. Uma menina sem rosto, sem história. Uma menina que mesmo sem me conhecer, me magoou. E isso só foi o começo.
- Oh.
Consegui falar.
- Mas você me perdoa?
Ele tentou sorrir.
- Claro.
Eu também tentei.

Ficamos um pouco em silêncio, olhando as montanhas até que chegou perto de nós e disse:
- Vamos?
- Claro.
Sorri para ele.
Eu tinha que me distrair. Eu mal havia começado e já estava desistindo.
ofereceu sua mão e eu a peguei, me levantando rapidamente. Agradeci-o e ele sorriu, e disse que ia ajudar a arrumar sua mochila. Olhei de novo para e foi minha fez de esticar a mão oferecendo ajuda:
- Vamos. Andar ajuda a espairecer a mente.
Ele a pegou e se levantou, parando seu corpo perto demais do meu. Senti o calor de seu corpo me envolver e a brisa trouxe o cheiro de seu perfume mais uma vez. Não sei com que forças eu consegui me virar naquela hora, mas eu consegui. Saí andando e vi e já de mochila nas costas rindo de um esquilo que batia a cabeça na árvore debilmente na tentativa de pegar uma noz presa entre sua casca, balancei a cabeça e ri com eles enquanto entrava em minha barraca encontrando lá dentro.
- Eu levo o que?
Ela me perguntou olhando para sua mala.
- Não sei. Vou levar muita água, meus óculos escuros, um casaco extra e minha máquina fotográfica.
Respondi, já colocando meus pertences dentro da mochila.
- Acho que vou colocar uma camisinha também.
disse pensativa. Tive um ataque de riso, mas consegui respirar para dizer:
- , você e o estão pensando em um sexo animal no meio da trilha? Ou melhor, você e o já estão pensando em sexo? Já beijou ele ao menos?
Ela, que riu junto comigo, disse:
- Não, mas ele é tão fofo, tão lindo, tão ... único, que se ele me pedir eu viro até a Priscila, a rainha do deserto.
Aos risos mais uma vez, eu disse:
- Se ele te pedir para virar a Priscila, a rainha do deserto, desiste porque ele realmente não joga no mesmo time que os meninos.
riu e eu coloquei a cabeça para fora da barraca e chamei as outras meninas. Elas vieram correndo e entraram na barraca.
- O que foi?
perguntou enquanto se sentava do lado de .
- quer um sexo animal na trilha.
Respondi rindo. fez uma expressão maliciosa enquanto ria.
- Eu sabia que a ia ser uma das minhas. decretou. Eu me ajeitei para dar mais espaço para elas e perguntei:
- E vocês duas, como vão com e ?
- O é ... Indescritível. Na cama principalmente.
Rimos.
- Ele é engraçado, divertido e carinhoso. Gosto muito dele.
sorriu.
- Que bom, amiga.
Dissemos e nos viramos para .
- Eu já disse. é um homem. Ele sabe das coisas. Depois daquele dia eu só o beijei, mas não agüento mais esperar. É claro que vou esperar até a gente voltar. Nós só vamos ficar até amanhã mesmo.
- É muito safada essa menina, de anjo só o rosto.
brincou nos fazendo rir e deixando desconsertada. Os olhos então se voltaram para mim, deixando-me sem entender.
- O quê?
Eu perguntei.
- Ah, pára, . Conta logo. E você e o ?
quis saber. A tristeza que tinha sido, por alguns momentos, esquecida, voltou desmanchando meu riso.
- Eu e somos só amigos.
- Tão amigos quanto e .
riu.
- Olha, eu não sei o que está acontecendo comigo. Eu acho que gosto de , mas mesmo sem eu ter certeza ele já me mostrou que não tenho chances. Eu não o culpo, ele ama outra garota. Eu sou a intrusa na história deles.
Eu finalmente desabafei, com lágrimas nos olhos. Elas me olharam pesarosas e me abraçaram.
- Poxa, , a gente sente muito mesmo. Se você gosta mesmo dele, eu sei que ele vai cair em si uma hora, e se não cair, sempre se pode seguir em frente. fazia carinho na minha cabeça. As lágrimas agora caíam, justo no momento em que e colocaram a cabeça para dentro da barraca querendo nos assustar. No momento em que me olharam, pararam de sorrir e disse:
- O que houve, ?
Eu sequei minhas lágrimas, respirei fundo e disse:
- Nada, meu amor, só um desabafo. Eu não gosto de prender nada, chorar é um alívio.
Seus olhos de uma cor profunda me encararam e uma compreensão passou pelo seu rosto.
- Oh, ok, mas não chora. Seu sorriso é lindo.
Ele disse sorrindo. Eu ri, afagou minha cabeça e disse:
- Acho que vocês dois tinham que ser irmãos.
- Vamos ser.
decretou sorrindo para nós.
- Ok, gente, chega de depressão, vamos fazer trilha.
Eu disse me levantando.
- É isso aí.
disse saindo da barraca. Quando coloquei meu rosto para fora, vi e olhando para mim e me perguntei se não estaria com cara de quem chorou. Não me importei muito, só puxei minha mochila e ajudei a sair da barraca.

Começamos a andar todos juntos pela trilha. Andamos por mais ou menos meia hora até que gritou. Todos nós viramos e eu, que estava ao lado de e , olhei para trás e levei um susto. estava no chão, com os olhos brilhando de lágrimas e desesperado. Ela havia pisado em falso e virou o pé dolorosamente. Cheguei perto dela, me abaixei e disse:
- Vamos voltar. , você consegue levar ela no colo?
Ele me olhou preocupado e disse:
- Consigo.
prendia o choro. Olhei finalmente para , o que não tinha feito desde que tivemos aquela conversa. Para a minha surpresa, ele me olhava também. Quis sorrir, mas ele o fez antes. Que sorriso lindo, quis dizer. Levantei-me e fui para perto de . Andamos de volta para onde acampamos.
enfaixou o tornozelo de , e todos fomos dormir um pouco. Antes, é claro, comemos por estarmos famintos.
Quando acordamos, já era de noite, então acendeu a fogueira e então sentamos em volta dela. e foram pegar algo na barraca e voltaram rindo.
- Sabe o que nós temos aqui?
fez mistério.
- O quê?
perguntou. E nos mostrou uma garrafa de José Cuervo e uma garrafa de Johnnie Walker. Nós todos gargalhamos e disse:
- Ótimo! Estava querendo algo para me anestesiar mesmo. Maldito tornozelo.
riu e deu um beijo no topo da cabeça dela. deu a Johnnie Walker para segurar enquanto ele pegava os copos. Vi os olhos de brilharem enquanto ele dizia:
- Gold label?
Rimos. E virou rindo para olhá-lo.
- Peguei emprestado do bar de um amigo da minha mãe.
Eu senti faltar o ar quando comecei a rir de novo. estava rindo como o resto de nós, mas conseguiu falar:
- Pegou emprestado? Sei.
- Ele também tinha um Blue label, mas com certeza ele daria falta, então não me arrisquei.
Ele falou, dando de ombros.
- Gente, temos que ter cuidado. Se a gente ficar muito bêbado, colocaremos fogo nas barracas. disse e eu recomecei a rir.
- É verdade. Eu só vou de Johnnie, não estou querendo entrar em coma alcoólico por misturar Cuervo com Walker. Amnésia temporária na certa.
Eu disse. distribuiu os copos, e se sentou ao lado de . Eu estava entre e .
- Primeira dose!
e abriram as duas garrafas e foram passando para quem quisesse. encheu seu copo com a tequila e eu com o whisky. Bebi de uma vez, sentindo minha garganta queimar e meus olhos lacrimejarem. Olhei para e ele riu da minha cara, me fazendo rir também.
- Fraquinha.
Ele disse para mim e bebeu de uma vez a tequila sem fazer careta e olhou para mim com um ar superior de brincalhão.
- Desculpa aí, senhor dos bêbados.
Eu falei, me servindo de uma segunda dose de Johnnie Walker. levantou e pegou o som portátil que tinha lembrado de trazer. Colocou um CD e aumentou ao máximo.
- Vamos sentar todos virados para a paisagem. Aproveitar a bebida, a música, o lugar e a companhia.
Disse . Levantamo-nos, sentamos de costas para a fogueira e de frente para a vista das montanhas. Eu vi prestando atenção na paisagem até que puxou seu queixo para lhe olhar, sussurrou alguma coisa em seu ouvido e a beijou. Eu sorri. Olhei para o outro lado e me encarava. Eu queria lhe beijar. Pela primeira vez, eu tinha certeza que eu queria lhe beijar. Eu tinha sede de sua boca, assim como alguém perdido no deserto tem sede por água. E isso piorou com o pensamento de que eu não poderia tê-lo, porque ele não era meu. era de outra.
Eu ainda sentia seus olhos sobre mim e não entendia o porquê. Para que me torturar? Virei-me para sustentar seu olhar e lhe perguntei baixinho:
- Por que está me olhando?
Ele pareceu estar pensando, olhou para as montanhas, bebeu um gole de tequila e voltou a me olhar, para dizer:
- Porque você parece droga para os meu olhos, garota. Eu não consigo parar de te olhar.
Eu bebi em um gole todo meu whisky, e provavelmente sem fazer careta alguma, pois nem percebi. A resposta dele ficou ecoando na minha cabeça e eu não pude pensar. Só sorri. Eu respirei fundo e comecei a pensar. Ele devia gostar de mim um pouquinho, certo? Ele podia amar outra, mas ele gostava um pouquinho de mim. Com medo de me iludir, resolvi ousar um pouco mais na bebida:
- Me passa o José Cuervo?
- Claro.
pegou a garrafa da mão de e passou para que colocou um pouco mais no copo dela e de e finalmente passou para mim.
Uma hora depois, todos nós estávamos bêbados. Lembro-me de todos nós dançando ao som de alguma música empolgante, e o que eu lembro depois disso é que eu beijei e que houveram muitas mãos em lugares não mais proibidos, beijos profundamente invasores e, no final, só restou a falta de roupa, o suor e nós dois dormindo na barraca dele.

De manhã, abri os olhos e eu não me lembro de ter ficado mais confusa. Não me lembrava de nada. Nada de nada. Olhei para do meu lado. Escutar sua respiração era quase como uma canção para mim e eu poderia olhá-lo para sempre. Mas comecei a ficar nervosa e olhei para o teto da barraca. Comecei a lembrar depois de algum tempo e quando começara a se mexer, fechei os olhos e fingi estar dormindo. Ele me abraçou e eu quase abri os olhos se não fosse as seguintes palavras:
- Merda! Merda! Merda! O que eu fiz?
Senti ele procurando as roupas, remexendo a barraca. Eu abri os olhos, e perguntei:
- Por que está tão desesperado?
Ele riu ácido, e disse me encarando com raiva:
- A culpa é toda sua. Não, foi culpa minha também. Bebi demais. Que grande merda eu sou. Garota, você não está entendendo, não é?
Ele se vestiu, e eu também. Senti meu coração acelerando e a raiva inundando o que antes era alegria. Ele saiu da barraca sem camisa e eu fui atrás dele.
- O que você está dizendo?
Eu perguntei. E ele fechou os punhos.
- Eu amo a . Eu deveria ser fiel a ela. E POR SUA CULPA EU NÃO FUI.
- Ela terminou com você, . ELA NÃO É MAIS SUA. ELA NÃO AMA MAIS VOCÊ.
Eu nem sabia o que eu estava dizendo. A raiva e a decepção eram profundas agora. Ele colocou a culpa inteira em mim, como se eu tivesse o estuprado. Eu só queria que ele parasse. Eu sei que tinha sido um erro, mas não foi só meu.
- ELA VAI VOLTAR! Você está me atrapalhando, eu não sei o que está acontecendo! EU AMO A ! EU NÃO QUERO NADA COM VOCÊ, NUNCA VOU, garota. estava com muita raiva, e eu mais ainda. Ele conseguiu o que queria, me machucou. Senti minha raiva subir a cabeça me fazendo explodir. Comecei a tentar socá-lo, gritando:
- ELA NÃO VAI VOLTAR! ME SOLTA! SEU FILHO-DA-PUTA!
Tentar, é claro, pois era maior que eu. Já estava chorando de raiva, até que ele segurou meus braços e fez a última coisa que eu esperava. me abraçou. Abraçou-me tão forte que parecíamos um só. Eu chorava e fazia carinho em mim. Quando pude abrir os olhos, vi , , , e olhando para nós. Soltei-me de num fraco empurrão. Olhei para ele, limpei minhas lágrimas e disse:
- Quem não quer nada com você sou eu... Garoto.
E entrei na minha barraca. Não chorei. Na verdade, me lembro muito bem que não estava sentindo nada. Como se toda a esperança tivesse me abandonado. Só escutei tentando explicar o que havia acontecido, mas a minha dor de cabeça intensa me fez querer dormir, e assim o fiz.

Quando acordei, coloquei a cabeça para fora da barraca e vi todos conversando. Suas feições eram preocupadas e não demorou para eu perceber que não estava ali. Na verdade, foi a primeira coisa que procurei. Saí da barraca, consciente do meu rosto inchado, e ainda com uma dor de cabeça chata. Prendi meu cabelo e respirei fundo.
- Oi, gente.
Eu disse e recebi cumprimentos deles. Sentei-me ao lado de , que me olhava triste. Fiquei com medo por achar que todos estavam contra mim e perguntei:
- O que foi? Vocês não estão contra mim, certo?
- Claro que não, . Estamos chateados com o que isso tudo se tornou. Os meninos perceberam que você estava afim do , e soldaram ele para ver se ele sentia o mesmo. Mas nenhum deles conseguiu uma resposta. Ele está muito triste com isso da .
me explicou. Eu fechei os olhos e senti me abraçar de lado. Apoiei minha cabeça em seu ombro.
- Se isso melhora alguma coisa, eu prefiro mil vezes você.
disse me fazendo rir e a todos os outros. As risadas cessaram tão rápido que abri os olhos para ver o que tinha acontecido.
estava ali de pé. Ainda com olheiras, ainda triste, e não conseguia saber se ainda com raiva. Eu o olhava, e mesmo com tudo que ele tinha me dito, eu pensava o quão bonito ele era com seus cabelos bagunçados e cara de quem quer dormir um dia inteiro. Talvez paixão seja isso. Talvez paixão seja a vontade insaciável do outro mesmo depois de tantas lágrimas derramadas. É, paixão é querer se doar por inteiro, mesmo sabendo que o outro só lhe pode te oferecer a metade.

Capítulo 5 - "Eu nunca vou me arrepender, eu vou viver a minha vida, eu nunca vou esquecer."

Ele desviou seu olhar para os outros e disse:
- Eu já arrumei minhas coisas. Vamos antes que anoiteça?
Foi aí que eu notei que todas as barracas, menos a minha, tinham sumido. Elas já estavam guardadas dentro dos carros.
- Então eu vou arrumar minha barraca. Me ajuda, ?
Eu disse me levantando.
Arrumamos tudo e fomos para os carros.
- Então, a gente vai trocar de grupos, não é? Quer dizer, no carro. Eu, , e mais alguém em um e vocês no do , certo?
disse já com o tornozelo melhor. Eu sabia que não seria certo separar os casais, então simplesmente disse:
- Não. Deixe como está.
Ela me olhou com dúvida, me abraçou e se despediu. fez o mesmo, depois e .
- Até logo.
- Até.
Eu entrei no carro junto de e . se ofereceu para dirigir, pois segundo ele, precisava de repouso. Então eu e fomos na parte dos passageiros. Eu coloquei meus fones e liguei meu Ipod em uma música do Coldplay. Sentia-me esquisita, como se faltasse alguma coisa. Só depois pude entender que a esperança que havia me abandonado deixara um vazio. Olhei para . Ele já olhava para mim, mas abaixou a cabeça, e eu me virei para a janela. e conversavam, e depois de um tempo adormeceu. E eu, como uma idiota, fiquei o olhando. E mais uma vez eu me perdia em cada traço de seu rosto, e me perguntava por que tinha que ser daquele jeito.
É muito fácil escrever histórias onde todos se amam, onde tudo dá certo, onde o destino parece ajudar totalmente. É fácil escrever histórias onde o amor é recíproco e ambos são felizes para sempre. Mas não há sentido nisso. Antes do final feliz que todos procuram, passamos a maior parte amando sozinho. Ninguém contou isso para a gente. Ninguém contou que antes da felicidade vir, a solidão prevalece. Esquecem de contar essas histórias. E eu nunca tinha percebido isso antes de sentir o quão ruim era gostar de alguém, e esse alguém já ser de outra.
- , você está bem? me perguntou, fazendo-me voltar de meus devaneios. Olhei para ele e disse:
- Por que ele tem que ser tão amável até dormindo?
me olhou piedosa e disse para :
- Isso responde sua pergunta?
Ele se limitou a balançar a cabeça em concordância.
- Eu vou ficar bem. Ele vai voltar para e eu vou seguir em frente. É assim que tem que ser.
Eu olhei através da janela.
- Sinto muito. Deve ser horrível. Mas você tem que esquecer e não se arrepender.
disse.
- Eu não me arrependo de nada que fiz. E também não vou esquecer. A gente só esquece o que não foi relevante. E bom, isso foi, infelizmente.
Eu disse. Foi quando respirou fundo e eu o olhei. Ele abriu os olhos e eu virei para a janela de novo.
e conseguiram me fazer rir várias vezes enquanto estava dentro daquele carro.
- Eu sou sensual. Como Bond, James Bond.
disse enquanto passava a marcha.
o olhou, mexeu nos cabelos e disse:
- Eu só quero que você seja Bond mesmo. Bond cama.
Eu e rimos com tanta intensidade do péssimo trocadilho de que esquecemos que estávamos tristes. e também riam.
- Que piada horrível. Só ri porque sou diva.
Eu disse. Decidi que não queria ficar tão triste, e comecei a cantar 'We Are The Champions' do Queen. riu e me acompanhou. Logo, e estavam cantando. Era como se não houvesse cicatrizes. Até que eu o olhei sorrindo e senti um desejo enorme. Algo que pulsava dentro de mim, que me possuía. Eu o desejava, e eu queria lembrar se eu o conseguisse de novo. Terminada a música, ligou o rádio onde tocava 'Stop Crying Your Heart Out' do Oasis e eu deixei escapar um sonoro:
- Oh, ótimo. Mensagens subliminares agora.
E eles perceberam. Fiquei calada por alguns segundos, mas tive que pedir para trocar. E assim sendo, começava a linda 'Something' eleita a música mais romântica de todos os tempos.
- Ah, claro. Obrigada, George Harrison!
E comecei a rir. Às vezes eu não sei o que me faz rir do que me dói. Escutei um dia que o bom humor faz das coisas mais toleráveis e seja lá a pessoa que escreveu isso, ela está totalmente certa.
Todos fizemos silêncio para escutar a música. Olhei para , como sempre fazia eventualmente, e ele estava de olhos fechados sussurrando os versos da música. Às vezes meu desejo se transformava num grande ódio. Por que ele tinha que ser um idiota apaixonado por outra? Por que tinha que me culpar por ele ter traído alguém que nem mesmo é sua namorada mais? Ele era um babaca. Desejosamente babaca. E eu não agüentava não conseguir realmente odiar ele.
Enquanto seus lábios se moviam conforme a música, meu ódio subia a cabeça, e meus olhos enchiam de lágrimas. Virei-me para a janela e engoli o choro. Lembro-me de pensar em coisas aleatórias para que meus olhos não tornassem a encher de lágrimas, e acabei dormindo.
Quando acordei, já era noite e estávamos chegando.

Saindo do carro, ouvi combinar algo com que balançava a cabeça. Quando todos estavam juntos, disse em voz alta:
- Perguntei ao e ele concordou que está muito tarde para voltarem para casa. Vocês dormem aqui e amanhã voltam.
Eu concordei com a cabeça.
- Ok.
se pronunciou.
Todos pegamos nossas mochilas e tranqueiras e subimos para o apartamento.

- Ah!
se jogou no sofá e fechou os olhos.
- AH!
Me joguei em cima dele.
- Uh!
veio correndo e se jogou e eu comecei a rir.
- Ei!
quis participar. Todos rindo e o coitado do reclamando porque estava sendo soterrado. Caímos todos no chão, menos que riu da nossa cara. Quando percebemos, , , e estavam com a mão na cintura e balançando a cabeça negativamente prendendo o riso.
- Essas crianças.
disse. mandou o dedo do meio e eu recomecei a rir.
- Vou tomar um banho.
Eu me levantei e fui para meu quarto. Joguei minha mochila na cama e entrei no banheiro. Pensei em tudo o que tinha acontecido. Na intensidade da nossa briga e o quão estranho era ainda gostar e querer alguém que em pouco tempo já te fez chorar. Quando eu terminei, me vesti e fui para a sala.
- Quem quiser usar meu banheiro, ele está livre.
- Eu vou então.
se levantou e foi para meu quarto.
e estavam conversando sobre uma banda que eu não prestei atenção, e estavam vendo TV e se acabando de rir com Bob Esponja e e estavam na varanda.
Vi que tinham duas mensagens na secretária eletrônica e cliquei no botão para escutar. Escutei a mensagem que minha mãe deixara:
"Filha, só estou deixando essa mensagem para você não esquecer de vir pegar o seu livro."
O aparelho fez o som característico e outra mensagem, de uma amiga em comum que eu tinha com a , que se chamava Emily, invadiu meus ouvidos:
" e , tenho um convite para vocês! Depois de amanhã eu vou dar uma super festa, open bar, na minha casa. Podem trazer até 10 pessoas sem contar com a e a , claro. Faço questão que vocês venham. Eu sei que está em cima da hora, mas a idéia surgiu muito rápido. O tema da festa é personagens de filmes ou desenhos! Uh! Vai ser uma loucura, meninas!"
Eu ria em algumas horas, imaginando as hilárias expressões que Emily fazia quando estava empolgada.
Percebi que todos que estavam na sala escutaram sobre a festa porque já falavam sobre os personagens favoritos.
- Então todos nós vamos.
- Claro, ! É open bar!
me disse, rindo.
- Esqueci com quem eu estava lidando.
Ela me deu o dedo do meio.
- Temos que comprar nossas fantasias amanhã. Vocês e os meninos têm que escolher juntos para não copiarem um dos outros.
decretou.

No dia seguinte, fomos ao shopping e compramos nossas fantasias, até que chegou o dia da festa. e iriam nos apanhar com seus carros.
escolheu uma fantasia de "Tinkerbell", vestia uma sensual roupa de Mulher-Gato, vestiu-se com uma roupa de cabaré como Renée Zellweger em "Chicago" e eu usava uma roupa de pirata como Elizabeth Swan de Piratas do Caribe, só que o vestido branco por debaixo do corselet era mais curto.
- , você e o não vão mais se falar, não é?
me perguntou enquanto estávamos no elevador. Olhei para ela, e para as outras meninas e disse:
- Eu vou agir como se nada tivesse acontecido. Ignorá-lo só vai fazer parecer que eu me importo.
- Mas você se importa, porque você gosta dele.
disse. só me olhava, me entendendo e disse:
- Mas ele não precisa saber disso.

- Vocês estão tão lindas que eu não consigo parar de olhar para vocês.
Foi assim que nos recebeu, vestido de James Bond.
- Casal perfeito: O cafetão e sua vadia.
Eu brinquei, recebendo um pedala de .
- Correção: Vocês estão tão lindas, mas eu não tiro os olhos da .
observou. E concordamos. Eles se beijaram e se aproximou vestido de hobbit.
Eu comecei a rir e disse:
- , você é meu herói! Não sabia que você gostava de O Senhor dos Anéis tanto quanto eu.
- Não gosto mais. Foi uma aposta. que é incrivelmente fã me obrigou a vir de hobbit. Ele disse que eu sou tão pequeno quanto Frodo.
- Você está mais para Pippin do que Frodo.
Eu ria mais ainda da cara infeliz que ele fazia.
- Awn, você fica lindo de qualquer jeito.
disse e deu um selinho em .
- Ele disse que ou eu vinha de hobbit ou eu vinha de Smeagol.
Eu ria.
- Tadinho.
estava abraçado com e pude perceber que ele estava vestido de The Flash. estava dentro do carro, só pude ver sua roupa quando todos entramos no carro. Ele se vestiu de Capitão Kirk de Star Trek, seu braço estava totalmente delineado pela roupa, o que o fazia ficar muito sexy. Tentei ignorar esse detalhe quando entrei no carro e disse:
- Oi, .
- Oi, .
Ele que estava sério, me abriu um surpreendente sorriso, e voltou a dizer, meio vacilante:
- Você está... muito... er, linda.
Eu escondi um sorriso e agradeci:
- Obrigada. Você também está muito bonito. E adorei a sua aposta com o . Amo O Senhor dos Anéis.
Eu comecei a rir lembrando da cara de e disse entre risadas:
- Ele está ótimo com aquela roupa de hobbit.
E começou a rir comigo. Quando e entraram no carro, nós rimos ainda mais.
- Do que vocês estão rindo?
perguntou, sorrindo.
- De você, Frodo. Agora vamos.
disse, fazendo fechar a cara, e eu prender o riso.

Quando chegamos na casa de Emily, eu levei um susto. O que antes era uma casa de dois andares, agora era realmente uma mansão.
- Ok, eu estou confusa, era uma casa bem menor.
- Mas o endereço é esse mesmo.
disse.
- Ok, talvez ela tenha enriquecido. Vamos.
Saímos do carro e o som da mansão invadiu nossos ouvidos. Tocava uma batida empolgante e várias pessoas dançavam até na parte da frente da casa, onde o gramado estava cheio de latas e garrafas vazias. Assim que botamos o pé dentro da casa, nos perdemos uns dos outros. Cada um foi para um lugar diferente. Eu fui para o bar e pedi uma caipirinha.
- Um pedido peculiar para uma inglesa.
O barman comentou.
- Brasileira.
Eu corrigi.
- Está explicado, então.
Ele piscou para mim. Ele era muito bonito. Devia ter seus 24 ou 25 anos, loiro de olhos castanhos e braços fortes. Eu sorri enquanto ele me entregava meu pedido. Bebi de uma vez só, pisquei para ele e saí para a pista. Momentos depois eu me vi dançando com alguém vestido de algum personagem dos mitos gregos. A música que tocava era "Club Can’t Handle Me” do David Guetta. Eu estava realmente me divertindo. Quando a gente dança, não quer pensar em mais nada.
Minutos depois eu voltei ao bar, pedi dessa vez um shot de tequila. Bebi devagar. Avistei Emily e a cumprimentei. Segundos depois vi . Ele abriu caminho entre as pessoas até chegar a mim. Seu olhar era furioso. Fiquei confusa porque ele me puxou pelo braço tão fortemente que deixaria marcas.
- O que houve, ?
Nenhuma resposta. Ele me puxava para o segundo andar e estava começando a me machucar.
- , ! Está me machucando!
- Cala a boca, . Espera!
Ele só disse isso. Será que estava bêbado? Eu pensei.
Chegamos num dos quartos da casa e ele me jogou na cama. Eu esfreguei minha mão no meu pulso, pois estava machucado enquanto ele trancava a porta.
- Você!
Ele se virou para mim.
- O que eu fiz?
Minha voz saiu num fio. Seu rosto expressava raiva.
- Me envenenou.
Ele disse. Comecei a rir.
- Não acredito que você está falando isso. Qual é o seu problema? Por que eu te envenenaria, idiota?
Levantei-me.
- Não foi de propósito.
- Você está bêbado, não é?
- Um pouco, talvez.
E então ele agarrou minha cintura e me prensou na porta. Começou a beijar do meu pescoço até meu colo. Senti seu membro já pulsando contra meu íntimo e meu desejo por ele se descontrolou. Ele mordeu meu lábio num puxão e começou a me beijar ferozmente enquanto prensava seu membro rígido contra mim. Eu deixei escapar um gemido de desejo, ele colocou sua mão em minha calcinha, mas não chegou a tirar. Tom começou a tirar sua fantasia que agora estava na sua cintura deixando a mostra seu peitoral, mas quando ele voltou a me beijar, eu me lembrei de tudo e consegui, não me pergunte como, empurrar ele para longe e dizer:
- Não quero que aconteça de novo. é por quem você está apaixonado e eu não quero que quando você acordar amanhã, comece a me culpar por tudo e jogar na minha cara que ama outra. Antes de gostar de você, , eu gosto de mim.
Destranquei a porta, e antes de sair ainda pude olhar para seu rosto decepcionado e confuso. Desci correndo as escadas, pedi dois copos de margarita e fui tomar um ar.
Eu estava infeliz. E ainda ficava lembrando da boca de encostada na minha, e no quanto eu o queria. Bebi minha primeira margarita distraidamente.
- Desculpe.
sentou-se do meu lado sem que eu nem o sentisse. Levei um susto, o que me fez colocar a mão desocupada no coração. Continuei em silêncio por não saber o que falar.
- Eu não devia ter feito aquilo. Não sei o que deu em mim. Quando estou perto de você, eu não sei o que...
Ele suspirou.
- Me desculpe por te culpar por aquilo também.
- , não faz assim.
Interrompi, olhando para ele.
- Eu realmente não quero me envolver mais. É muito estranho o que a gente tem.
Continuei. Então ele disse:
- É realmente muito estranho. Eu sei que amo a , mas você tem algo que ... Eu não sei. Você é muito para mim.
Eu continuei o olhando, me levantei, peguei minha taça cheia de margarita e disse:
- Você não pode correr para mim sempre que sentir atração e depois lembrar da e me rebaixar. Eu não sou segunda opção.
Seus olhos se encontraram com os meus, e não sei o que ele viu no meu olhar pois eu era um misto de dor e nojo. Nojo porque me sentia usada, e a dor era por que eu o queria tanto que chegava a doer. baixou a cabeça, passou a mão pelos cabelos, respirou fundo, me olhou mais uma vez e disse:
- Sinto muito, .
- Eu também, .
Disse e me encaminhei para dentro da casa. Fui para a pista de dança assim que terminei meu drink.

Depois pedi mais alguns e só acordei no dia seguinte, assim como praticamente todas as outras pessoas da festa. Quando me levantei, senti minha cabeça doer.
- Maldita ressaca.
Sussurrei. Olhei ao redor e muitas pessoas dormiam umas em cima das outras, algumas na escada, uns de cabeça para baixo nos sofás. Procurei com os olhos algum conhecido e encontrei e dormindo numa posição engraçada no chão perto do bar. Ri e fui até eles. Cutuquei e ele me mandou ir para o inferno.
- Isso é muito feio, .
Brinquei e continuei cutucando-o. Depois de um tempo ele simplesmente desistiu de me ignorar e levantou.
- O que você quer?
Ele perguntou enquanto se espreguiçava.
- A sua companhia.
Eu fiz uma cara fofa. E ele sorriu.
- Assim não tem como eu te mandar para o inferno de novo.
Eu ri.
- Vou sempre usar essa cara com você. Vou conseguir tudo.
- Esquece o que eu disse. Vai pro inferno.
Ele disse e eu comecei a rir.
- Vamos logo.


Capítulo 6 - “E, querido, eu não sei o que diabos está acontecendo com você.”

Nós caminhamos com dificuldade entre os corpos apagados e conseguimos chegar ao gramado da frente da casa, onde vi dormindo no mesmo lugar onde conversamos. Havia outras pessoas dormindo ao longo do jardim. Contei para tudo que tinha ocorrido entre e eu e ele me abraçou.
- Sabe de uma coisa, pequena?
- O quê?
Perguntei.
- Eu acho que o está muito confuso, e isso até que é um bom sinal.
- Como assim?
Arqueei minhas sobrancelhas.
- Isso quer dizer que você exerce algo sobre ele. Que ele fica balançado com você. Tão balançado que faz ele se questionar sobre seus sentimentos em relação a .
Ele dizia enquanto mexia no meu cabelo.
- Mas, , ele disse com todas as letras que sabia que amava ela.
- Ele só está tentando se convencer, . Ele não sabe o que sente e por isso está na defensiva, e por isso brigou com você. Quando ele está desesperado, não sabe o que fala. E outra, a faz muito mal ao . Ela vive cheia de carinhos para cima dele, e depois o faz sofrer. Já cheguei a ver ela traindo e contei a ele, mas ele fingiu não ter escutado. No fim, ela o beijou e disse que havia acabado. Que tipo de pessoa beija a outra e termina? Acho que uma hora ele vai perceber que a não é mais a garotinha encantadora que ele conhecia.
Eu ouvi atentamente tudo que falava.
- O é um cara muito legal. De todos os modos. Mas quando o assunto é mulher, ele entra de cabeça, e isso faz que ele se sinta mal. Se eu bem o conheço, ele deve estar atormentado por você.
Então ele riu e eu sorri.
- Eu acho ele um cara realmente legal também. E ele mexeu comigo. Mas não sei o que fazer. Ele me trata mal e me trata bem. Não sei nunca o que esperar dele.
Eu passei a mão no meu cabelo e abracei minhas pernas.
- Calma. Deixa o tempo correr. Aposto que ele vai ver que a minha mais nova irmãzinha é a melhor pessoa para ele. Nunca vi alguém combinar mais com ele em gosto e em jeito. Vocês se merecem.
me abraçou fortemente e eu soube de uma vez por todas que ele era realmente um irmão mais velho para mim.
- Obrigada, , você realmente deveria ser meu irmão.
Rimos.
- Já somos.
Ele disse.

Conversamos um pouco mais e decidimos acordar o resto do grupo. Eu fui acordar a , a e o e foi acordar os outros.
Eles nos deixaram em casa, e eu não troquei uma palavra com . Entramos em casa e eu fui direto para meu quarto. Tomei um banho e coloquei uma roupa confortável. O meu celular tocou assim que eu fui à cozinha comer algo.
- Alô?
- Alô, Srta. ?
- Sim. Quem fala?
- Bom, aqui é James Owlley do Rougeant's Hotel, e nós gostaríamos de lhe contratar como fotógrafa para um evento elegante que acontecerá aqui no Rougeant's. Estaria interessada? Tivemos boas recomendações do seu trabalho e insistimos sua aceitação.
- Podemos conversar sobre o orçamento do trabalho e a data, Sr. Owlley? -
Claro. Estamos pensando em torno de 2.000 mil reais pelo álbum. Mas há um porém. Precisamos de mais um fotógrafo trabalhando para agilizar. A Srta. tem uma equipe a sua disposição?
- Tenho uma fotógrafa muito competente que já trabalhou comigo em algumas ocasiões, levarei ela.
- Sim. Então o trabalho sai por 4.000 mil reais ao todo. As fotos incluem todas as mesas, as atrações, e principalmente, fotos do Sr. Rougeant com seus convidados mais íntimos. E também fotos do hotel. A Srta. deverá chegar aqui sexta-feira, isto é, depois de amanhã. Sábado será a festa e no domingo o hotel estará a sua disposição, de graça.
- Posso levar convidados? Eu posso lhe garantir que são pessoas de tablóides. Se tiver atrações musicais, tenho um colunista e um redator musical que podem garantir que o Rougeant seja visto como "O Paraíso da Música". E ainda tenho um crítico gastronômico.
- Poderá trazer até cinco pessoas.
- Seis, sem contar com a minha co-fotógrafa.
- De acordo. O Rougeant agradece sua disposição. Nos vemos na sexta-feira de manhã.

Foi uma oportunidade de ouro. O Rougeant é cinco estrelas e se encaixaria com louvor no meu portfólio. Pulei de alegria e saí correndo para bater na porta de e .
- Gente! Abre!
Gritei para a porta. Ouvi um barulho de chave e a porta se abriu. Eu, pulando, contei para as duas para onde íamos.
- E eu vou ganhar 2.000 mil reais também!
disse e eu concordei.
- , você tem que fazer uma matéria sobre o Rougeant. Garanti para eles que levaria pessoas de tablóides.
- Ok. Por um final de semana num hotel cinco estrelas em que eu teria que juntar dinheiro a vida inteira para uma estadia de um dia apenas, eu faria até malabarismo com fogo se você me pedisse.
Ela disse e eu comecei a rir. Do nada, apareceu com uma cara sonolenta e perguntou o que tinha acontecido. Contei para ela, que quase morreu.
- E ainda tem mais.
Eu disse.
- Vamos poder levar os meninos.
Todas me esmagaram com um super abraço.
- Eu te amo, . De verdade.
disse.
- Eu sou diva, eu sei.
Rimos.
- E outra, finalmente vamos poder usar os vestidos que compramos para aquela festa chique do tablóide da que nunca aconteceu.
disse e nós concordamos.
- Meu lindo vestido vermelho estava esperando uma oportunidade.
Disse.
- Ok. Liguem para seus meninos e peça para avisar para . Eu disse que levaria dois colunistas musicais para falar das atrações musicais.
- Ok, .
disse.
Eu voltei para meu quarto e comecei a preparar meus equipamentos. Tirei meu vestido vermelho do armário e o coloquei para pegar um ar. O resto do dia eu fiquei assistindo uma maratona de Piratas do Caribe na televisão, e saiu porque estava com uma proposta de emprego numa campanha publicitária.
No dia seguinte recebi uma mensagem de que dizia:
“Hey irmãzinha, obrigado por nos enfiar na sua proposta de emprego. O Rougeant rocks! xx ”
Eu ri e respondi:
â€œÉ para isso que servem as irmãs xx ”
Segundos depois, recebi outra:
“Haha! Olha, o também ficou muito feliz e pediu para lhe agradecer xx ”
Respondi, temendo que achasse que eu estava voltando atrás na dura que dei nele:
“Diga para ele que desde que ele escreva bem sobre o Rougeant, ele não precisa agradecer xx ”
Minutos depois, veio outra mensagem:
“Ok. Boa resposta xx ”
E por fim, eu mandei minha mensagem:
“Obrigada xx ”

Na sexta-feira, todos nós já estávamos bem acordados à s 6:30 da manhã e entramos no carro com nossas pequenas malas e com os equipamentos. e me abraçaram, agradecendo.
- , você também terá que falar bem da comida do hotel.
Ele sorriu e disse:
- Claro, .
- Posso te fazer uma pergunta, ?
Ele concordou e eu continuei:
- Por que escolheu ser crítico gastronômico? Parece uma profissão séria, e não combina com você.
A boca de se retraiu num sorriso safado e ele disse:
- Comida de graça.
Eu comecei a rir histericamente junto aos outros que estavam prestando atenção e disse:
- Ok. Isso combina muito com você.
Mais uma vez e nos levariam. O hotel ficava a uma hora de Londres sem trânsito. Chegamos lá em quarenta minutos. e eu só falávamos o necessário. A manhã estava cinzenta e quando chegamos ao hotel, estava começando a chover. Os funcionários do hotel pegaram nossos equipamentos e malas e os colocou nos nossos quartos. e eu ficaríamos em um, e em outro, e os meninos se dividiram em e e e . Eles disseram que todos já eram como irmãos, parecia que se conheciam há anos.
Eu e fomos até a recepção e pedimos para falar com o Sr. James Owlley. Apresentei-me e apresentei . Fizemos as combinações necessárias e ele pediu para que eu chamasse o resto do grupo para que ele mesmo nos mostrasse o hotel. Quando todos estávamos juntos, fui apresentando cada um, que foram apertando a mão do Sr. Owlley enquanto eu os apresentava:
- Essa é Castro, redatora do Evening Standard. Essa é Rani, ela é modelo fotográfica. Esse é , colunista musical. Esse é , redator musical. Esse é , crítico gastronômico. E por fim, , jogador profissional de cricket.

A chuva havia cessado e o Sr. Owlley nos guiou por todo hotel, nos mostrando o restaurante, a área onde iria ser a festa, todas as salas, a parte externa onde tinha campo para todos os jogos possíveis, inclusive cricket. Cada um ficou em uma parte diferente. Eu e estávamos checando a iluminação e vendo os melhores lugares no local da festa, foi passar um tempo na sauna, foi conhecer o chef de cozinha no restaurante, e foram conhecer as atrações musicais e foi conhecer os aposentos, e observar o hotel inteiro, inclusive seus funcionários para sua matéria e foi até as quadras conversar com o instrutor de cricket do hotel que é um amigo que ele conheceu num de seus jogos.
Na hora do almoço, todos nos sentamos na mesa em que se sentava após uma longa conversa com o Chef.
- Esse hotel é maravilhoso.
Disse , que deu um selinho em e se ajeitou na cadeira.
- Até a sauna é cinco estrelas.
Ela continuou, nos fazendo rir.
- O chef é bem legal e o cheiro da cozinha aumentou meu apetite. Tinha cada prato cheiroso que eu nem sei o que pedir agora.
ia dizendo e sua barriga roncou nos fazendo rir ainda mais.
- Joguei uma partida de cricket com o Mark. Como sempre, eu ganhei.
se gabou e deu um tapa de leve no seu ombro.
- Convencido.
Ela disse, rindo pelo nariz.
- e eu conhecemos as bandas que vão tocar. São bem medianas e...
começou, mas o interrompeu:
- Só porque você não suporta jazz moderno, não quer dizer que aquelas duas bandas são ruins, .
abriu um sorriso culpado e disse:
- É jazz moderno, não é? Não dá, cara.
Rimos.
- As outras são bem legais. São mais para o público mais velho. Não tem rock nem pop. Mas eles mandam muito no piano. Não mais que o nosso aqui, mas chegam perto.
elogiou batendo no ombro de e o apertando.
- Obrigado, dude.
- Eu e já vimos tudo e vamos tirar lindas fotos amanhã. disse.
- Eu ainda não terminei de verificar tudo, mas já tenho uma idéia do que vou escrever. Gostei do que vi.
finalmente disse.
Pedimos nossos pratos. gostou muito da comida, mas disse que só iria definir sua opinião no buffet da festa.
O dia se passou com cada um passando a tarde dormindo e a noite cada um foi para um lado com seu par. Eu tirei fotos do hotel e ao fim coloquei um biquíni e fui para a hidromassagem aquecida. Depois do que parecia ser dez minutos, entrou na mesma banheira de hidromassagem e disse:
- Oi. Posso ficar aqui?
Fiz-me de indiferente e disse que podia. Ele fechou os olhos e pendeu a cabeça para trás, relaxando. Incrível como ele conseguia me tirar do sério. Sua face, seu corpo, tudo nele. Comecei a tentar me concentrar e outras coisas. Ele voltou a me olhar e eu sustentei.
- Volta a falar comigo. Por favor.
disse, com um rosto infeliz.
- Eu não vou fazer mais nada.
Ele continuou. Eu suspirei.
- Ok. Podemos tentar.
Ficamos em silêncio por algum tempo até que ele disse:
- Você pretende se casar?
Eu sorri.
- Acho que sim. E você?
- Com certeza. E quantos filhos?
Ele perguntou. Eu olhei para ele, e com uma expressão pensativa, eu respondi:
- Dois. Um menino e uma menina. Mas eu quero uma menina definitivamente.
- Eu também. Dois é o ideal de quase todo mundo. Crescer sem irmãos e primos deve ser um saco.
Concordei com a cabeça.
- Eu quero um amor para a vida toda.
Comentei.
- Quem não quer?
- É verdade. Tem alguma coisa no amor que deixa todos viciados por ele. Mesmo ele sendo angustiante à s vezes.
- Sim. Acho que alguns gostam dessa angústia. Outros gostam do que vem depois.
- É.
E tivemos uma longa conversa sobre amor, trabalho, futuro e coisas pequenas.
- Já está tarde. Vou subir.
Eu disse.
- Eu ouvi falar que está passando "O Senhor dos Anéis - As Duas Torres" no cinema do hotel. Quer assistir?
Ele me convidou, fazendo uma biquinho de "por favor".
- Tudo bem. Vou subir e colocar uma roupa. Daqui a 30 minutos você bate na porta do quarto, que é do lado do seu.
Eu disse saindo da piscina e me secando. Ele concordou com a cabeça e eu fui embora.
Cheguei no meu quarto um tempo depois e coloquei um short com lavagem acid, uma t-shirt dos Ramones e por cima uma camisa xadrez vermelha, preta e branca e nos pés um all-star preto. Deixei meus cabelos soltos. Ouvi alguém bater na porta e ele estava lá. Calça jeans escura, T-shirt de Hogwarts e um all-star igualmente preto.
- Ok. Eu realmente vou roubar sua camisa.
Eu disse, fazendo-o rir.
- Vou tomar cuidado. Amo essa camisa.
- Awn, ela é tão linda. Eu definitivamente vou roubá-la.
Ele riu.
- Ok, Hermione, vamos logo que o filme começa em 10 minutos.

Chegando lá, nos sentamos e só tinha outros três casais, e um deles parecia mais interessado em sugar a cara da namorada do que ver o filme.
No final, só havia sobrado nós dois. Os outros casais desistiram, pois o filme é enorme. Eu, que não tinha dormido direito de tarde, acabei dormindo no ombro de . Ele me acordou com um beijo na bochecha e disse:
- . . Acorda. O filme acabou.
Eu bocejei.
- Droga. Eu estou tão cansada.
- Tudo bem. Vamos.
me deixou na minha porta, me deu um beijo da testa e disse:
- Bons sonhos.
- Obrigada. Hoje foi muito bom.
Eu disse enquanto abria a porta.
- Sim. Até amanhã.
- Até.
Entrei no quarto, fechei a porta e me joguei na cama. Nem tirei a roupa. O meu último pensamento antes de dormir foi algo como "Eu não sei o que diabos acontece com o . Deuses, ele é muito bipolar."

No dia seguinte, todos nós fomos até a piscina aquecida e passamos a manhã inteira lá, mas logo após o almoço, subimos para começar a nos arrumar. Tomamos banho, passamos todos os cremes, depois perfume, fizemos o cabelo, colocamos nossos vestidos, nos maquiamos e colocamos nossos acessórios. Eu coloquei meu vestido vermelho que deixava minhas costas nuas, usava um vestido preto com alças finas um palmo acima do joelho, usava um vestido rosa claro tomara-que-caia e colocou um vestido roxo de um ombro. Quando realmente estávamos prontas, eu e descemos. Nossos equipamentos já estavam lá no salão e tudo estava pronto. Dez minutos depois os meninos apareceram com as meninas. usava um smoking com gravata borboleta, usava um smoking mas sem gravata alguma, com um botão desabotoado e paletó aberto, usava a calça do smoking e a camisa social, mas não usava paletó ou gravata e por fim tinha colocado um smoking completo, mas sem a gravata. Ele estava realmente lindo. Todos estavam. e eu fomos falar com eles:
- Nossa! Estão tão elegantes que até estou lacrimejando diamantes.
Eu disse os fazendo rir.
- Obrigado.
deu uma voltinha.
- Então, aproveitem a festa. Vou trabalhar.
Eu disse sorrindo.
- Vai lá.
As pessoas começaram a chegar e eu já tinha começado a tirar fotos do Sr. Rougeant cumprimentando seu convidados.
A festa se passou comigo e tirando fotos de todas as atrações até que Sr. Owlley nos dispensou para curtir a festa. correu para os braços de . Eu corri para me sentar. Todos estavam na mesa, mas uma música romântica muito conhecida por mim começou a tocar e todos os outros levantaram para dançar, restando só , eu e um silêncio desconfortável. Ele pigarreou e disse em voz baixa:
- Você quer dançar comigo?
Mordi meus lábios ciente da tentação. Olhei em volta para os casais dançando e pensei: "Que mal pode ter. Só uma dança".
- Ok. Só porque é uma das minhas músicas favoritas.


Capítulo 7-"Na noite mais escura eu serei a luz"

Clique AQUI para colocar a música do capítulo para carregar.

Levantei-me e me guiou para a pista de dança, onde tocava "Smother Me" do The Used. Ele me girou lentamente e colocou a mão na minha cintura enquanto eu pousava minhas mãos em sua nuca. Encostei meu rosto no seu ombro e eu sentia sua respiração um pouco abaixo de minha orelha. Fechei meus olhos enquanto ele escorregava sua mão pelas minhas costas. Dançávamos lentamente e eu não me lembro de ter me sentido tão bem com ele como estava naquele momento. Sabia que gostava de , sabia que havíamos brigado feio algumas vezes e sabia que tudo era muito complicado, mas naquele momento em que sua mão deslizava num carinho pelas minhas costas nuas, eu permiti que me iludisse sobre sua simplicidade. Estar ali com era infinitivamente simples e belo.
No final da música, cantou junto, num sussurro, "Let me be the one who calls you baby all the time, let me be the one who calls you baby, the one who calls you baby" fazendo um choque percorrer onde sua mão repousava. Preferi fingir que não tinha escutado, mas não consegui disfarçar um sorriso quando nos separamos e voltamos para a mesa junto com os outros.
Depois de alguns copos de champanhe, decidimos que já era hora de subir para os quartos, pois éramos quase os últimos convidados que sobraram porque a chuva que caía lá fora era torrencial e quase nenhum convidado estava hospedado no hotel. e estavam se beijando intensamente numa namoradeira elegante, perto do piano, então só avisamos que íamos subir rapidamente e eles disseram que iam um pouco depois. Estávamos todos deixando o salão, quando cochichou algo no ouvido de , que riu envergonhada e concordou com a cabeça e logo depois piscou para , que fez um sinal de positivo. e subiram na frente e disse:
- É hoje que o pequeno cresce.
Todos começamos a rir e , que havia me olhado, fez uma observação:
- , você está com um brinco só.
Eu coloquei minhas mãos nas minhas orelhas e um brinco estava faltando.
- Ah, droga. Deve estar lá perto da mesa. Podem subir, vou procurar.
- Eu vou com você.
se prontificou e nós voltamos ao salão, enquanto e pegavam um elevador.
Depois de poucos minutos engatinhando perto da mesa, achamos o brinco e fomos pegar um elevador. Chegamos ao nosso andar e um pique de luz ocorreu, quase me matando do coração.
- Odeio escuro.
Eu disse.
- Você, por favor, pode ir comigo até o quarto da pegar o meu Ipod?
Eu pedi, com medo de que ocorresse outro pique de luz. Ele concordou com a cabeça e nós fomos ao quarto da , que por alguma razão, estava aberto e sem ninguém dentro.
- Ok, ela realmente tem que aprender a passar o cartão para fechar.
Eu disse, enquanto pegava meu Ipod em cima da mesa.
- Ela deve achar que a porta fecha automaticamente.
observou.
Depois de encostar a porta do quarto da , escutamos uma batida oca, como se algo tivesse caído no chão. Ficamos os dois com expressões de dúvida e ele seguiu comigo até a porta do meu quarto.
- Pode entrar.
Eu disse, passando o cartão para fechar a porta já que tinha entrado, mas ocorreu uma explosão ao longe e a luz do hotel inteira acabou e eu acabei tropeçando em algo e o cartão simplesmente voou da minha mão.
- Merda. Doeu.
Eu disse.
- , você está bem? Onde você está?
Eu só escutava a voz de , quando senti sua mão esticada tateando as coisas e a segurei. Ele me puxou para a cama, onde havia se sentado.
- Estamos trancados aqui. O cartão voou da minha mão enquanto eu tropeçava. Desculpe.
Eu disse e me joguei para trás, na cama.
- Mas mesmo que não estivéssemos trancados, eu ia te pedir para ficar comigo porque tenho medo de escuro.
Continuei.
- também tem.
disse, me fazendo rir.
- Então, o que vamos fazer?
Eu perguntei.
- O que se faz no escuro?
Eu o escutei rir depois que terminou a frase. Tive alguns pensamentos inapropriados e ri baixo.
- Não sei. Canta para mim? Estou um pouco nervosa.
Eu pedi.
- Canto.
- Deixa eu trocar de roupa antes, esse vestido está me incomodando.
Eu disse e comecei a tatear a cama. Peguei meu pijama que eu tinha deixado em cima.
- Você não está enxergando nada, certo?
Eu perguntei, me levantando e ele respondeu:
- Só um pouco da sua silhueta.
- Ok.
Eu tirei o vestido. Estava só de calcinha e sutiã quando ele disse:
- Gosto muito do seu perfume. Ele ficou em mim enquanto dançávamos.
Eu sorri para ele e me aproximei. Ele esticou o braço e, sem querer, tocou minha cintura e colocou a mão nela, deslizando. Eu botei minha mão em seu rosto e lhe dei um beijo na bochecha. Depois me afastei e coloquei meu pijama. Sentei na cama, o puxei para perto. Seu rosto estava realmente perto do meu. Mesmo não podendo enxergar, eu sentia sua respiração quente cada vez mais perto, mas quando sua boca roçou na minha, o celular de tocou e ele levou um susto. Olhou quem era, e pela luz do celular que estava direcionada para seu rosto, consegui ver que ele sorriu abertamente. Estiquei meu pescoço um pouco, e discretamente consegui ver o nome da pessoa: . Ele atendeu e disse para mim:
- Já volto.
E foi para varanda, onde eu não podia escutar.
Minha vontade naquela hora era de quebrar aquele maldito celular. E quebrar também. Quebrar da mesma forma que ele fazia comigo. Era como uma brincadeira para ele. Só podia ser. Senti-me frustrada e com muita raiva. Meus olhos transbordavam de lágrimas de tanta raiva que eu sentia. Mordi meu lábio inferior tentando frear o choro. Sem muito sucesso, pois algumas lágrimas começaram a correr livremente pelo meu rosto. Sequei-as, peguei meu celular, que estava no criado-mudo, e, tateando o local, fui para o banheiro e me sentei na banheira vazia. Fiquei lá pensando. Talvez o amor estivesse mesmo extinto. Não para todos, só para alguns. Os outros. E era assim que eu me sentia. Sentia que eu era o conforto, a segunda opção. Sentia-me incapaz de ser a primeira, pois esse lugar já tinha dona, e ainda mais incapaz de esquecê-lo. As conversas que tivemos foram reveladoras e eu sabia que conhecia um pouco dele. Eu contei meus segredos, ele contou os dele. Comecei a achar que sempre seria assim: Ele me magoando, e eu aceitando. Mas não queria. Eu queria ser a única. E eu queria ser dele.

Meia hora se passou, e o escuro que me incomodava tanto, estava me deixando arrepiada. De repente eu vi uma sombra na porta, e meu coração acelerou. Mas depois que a sombra se aproximou, eu pude reconhecer a silhueta de . Virei meu rosto para a parede e encostei minha cabeça lá. se abaixou até chegar na altura em que eu estava sentada na banheira. Ele beijou minha mão que estava apoiada na borda e foi subindo os beijos pelo meu braço, ombro, pescoço e bochecha. Eu estava me controlando para não chorar tudo que estava preso, então respirei fundo. Ele disse:
- , não faz assim. Não tem mais nada entre eu e . Foi só uma confirmação.
Eu fiquei surpresa. Totalmente surpresa. Olhei para ele e perguntei:
- Sério? Mesmo?
Ele sorriu e disse:
- Mesmo.
E acariciou minha bochecha com o polegar. Eu ainda não estava certa, então abaixei minha cabeça, e comecei a pensar sobre aquilo. Quando eu comecei a pensar, começou a cantar para mim. Ele pegou minha mão, e sussurrou:

(COLOQUE A MÚSICA PARA TOCAR)

Come up to meet you, tell you I'm sorry
You don't know how lovely you are
I had to find you, tell you I need you
And tell you I set you apart
Tell me your secrets, and ask me your questions
Oh let's go back to the start

Running in circles, Coming in tails
Heads on a science apart

Nobody said it was easy
It's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be this hard
Oh take me back to the start


E a música seguia. Eu amava essa música e na voz de havia ficado melhor. No fim da música, eu olhei para ele. Ele não hesitou nenhum segundo e me beijou. Enquanto me beijava, entrou na banheira e me colocou em seu colo. Ele apertava minha cintura fortemente e eu o segurava pela nuca. Sua boca desceu pelo meu pescoço e ele chupou com força, deixando uma marca no mesmo. Suas mãos desciam e subiam pelas minhas costas e quando eu senti que sua excitação tinha crescido, arranhei sua nuca por causa do arrepio que perpassou pelo meu corpo. As luzes se acenderam, mas a gente não parou. Ele me beijava e apertava minha coxa, e eu arranhava sua nuca. Sua calça parecia a ponto de explodir debaixo de mim, e isso me deixou mais excitada do que estava. Quando ele tirou minha blusa, escutamos um clique e a porta sendo aberta. e apareceram, suados, na porta do banheiro.
- Oh! Putz, , a gente atrapalhou.
disse. Eu peguei e coloquei rapidamente minha blusa. fez uma cara estupidamente fofa para e eu não consegui não sorrir.
- Espera, por que estão suados?
perguntou e eu ri safada para eles.
- Nós ficamos presos no elevador, e ficamos entediados.
disse, dando de ombros, e nós rimos. Era a cara dos dois se pegarem no elevador no meio da falta de luz.
- Será que os outros estão bem?
Eu perguntei, preocupada. Levantei-me do colo de , que colocou a mão entre as pernas tentando acalmar seu ânimo, e me fazendo conter um riso.
- Ok.
disse bem lentamente, estreitando o olhar para mim e continuou, enfática:
- Depois eu quero saber.
- Sempre.
Eu disse, sorrindo para ela e dando um grande abraço nela e em .
- Ih, tá cheia das dorgas (sic).
comentou, me abraçando forte e me fazendo rir. Quando me soltei do abraço, me virei para , que sorria, e estendi minha mão.
- Vamos ver se os outros estão bem.
Eu disse e eles concordaram.
- Antes eu tenho uma dúvida.
parou e olhou de para .
- Como vocês entraram, se a trancou a porta e sumiu com o cartão?
- A usou o dela.
disse.

Nós fomos até o quarto de para ver se e estavam bem, mas quando ia bater na porta, segurou seu punho e perguntou:
- Será que vamos atrapalhar?
- Duvido.
disse, lembrando do medo de escuro de . bateu na porta e abriu.
- Ele está se acalmando ainda.
disse, assim que abriu a porta e deu espaço para podermos ver , encolhido na cama, abraçando suas pernas. Não sabia se ria ou se ficava com pena.
- Então, a gente vai ver se a e o estão bem.
- Ok.
Ela disse.
Nós caminhamos até o quarto de e bateu na porta. Ninguém abriu. Batemos de novo. Nada.
Então usou o seu cartão e entrou. Não tinha ninguém no quarto, mas apontou para a porta do banheiro, de onde vinha batidas fracas, como se alguém estivesse desistindo de bater.
- , ? São vocês?
Escutamos alguns barulhos desesperados e os dois se encostaram na porta:
- Não acredito! Gente, que bom que vocês chegaram, estamos presos. O -mão-leve aqui quebrou a maçaneta.
Ouvimos a voz da dizendo através da porta.
- Aê , aproveitaram o tempo sozinhos e trancados como eu te ensinei?
sacaneou.
- Não. estava meio desesperada, achando que ia morrer sufocada.
disse e continuou:
- Dá para abrir logo a porta?
Rimos. esticou a mão e girou a maçaneta.
e pareciam ter brigado. Eu olhei significativamente para e ela confirmou com a cabeça. Eu pigarreei e disse:
- Er, , , por que vocês não vão com o tomar um copo de água?
Mandei um olhar significativo para os dois, mas só pareceu entender porque perguntou:
- Por quê? Eu não tô com sede, então...
interrompeu com um tapa na cabeça de e disse:
- Vamos logo. Vem, .
finalmente pareceu entender porque soltou um "Ah!".
Eu, e sentamos na cama e ela contou que ficou provocando ela, mas ela não quis nada pois estava com medo, e foi grossa com ele.
- Ah! Pára, gente. Vem, . Vai lá beijar ele, pede desculpas por ter sido grossa e vai ficar tudo bem.
disse, levantando e puxando a .
- É verdade. Vai lá.
Eu disse.
Os meninos estavam esperando do lado de fora do quarto e quando olhou para , abriu um grande sorriso. Ela pediu desculpas e eles se beijaram.
- Ok.
disse.
- , você não quer ir ali no quarto comigo, não?
Ele olhou para mim. e fizeram caras pervertidas e eu ri.
- Claro.

trancou a porta e foi até o banheiro. Eu fui até a varanda. Já era tarde da noite. Fiquei observando a lua. Levei um susto quando me puxou pela cintura até dentro do quarto e me prendeu na parede. Ele beijou meu colo, e foi subindo o rosto, arrastando o nariz no meu pescoço, me arrepiando. Ele beijou meus lábios suavemente enquanto sua mão acariciava minha cintura. Senti sua animação quando minhas unhas arranharam suas costas assim que eu tirei sua camisa. Ele me pressionou contra a parede e mordeu minha orelha. Depois começou a tirar minha blusa. Depois de todas as peças já no chão, ele me guiou até a cama onde me levou ao ápice.

Na manhã seguinte, eu acordei com a camisa de . Abri os olhos e lá estava ele. Sua respiração estava calma e seu peitoral descoberto pelo lençol. Fiquei observando ele por um tempo, seus traços que pareciam desenhados. Ele podia não ser perfeito, mas por que parecia tão perfeito para mim?
Passei a ponta do meu polegar em seu rosto e dei um beijo em sua bochecha. Ele se mexeu, e disse sem abrir os olhos:
- Não me diga que estava me olhando dormir. Eu sou tão feio pela manhã.
Sorriu.
- Você é lindo em todos os momentos.
Eu disse e mordi seu ombro. Ele virou para mim, sorrindo, abriu os olhos e disse:
- Até parece.
Ele passou o dedo na minha bochecha e perguntou:
- Por que você tem que ser tão linda, garota? Por dentro e por fora?
Eu sorri abertamente e disse brincando:
- Nasci assim.
Ele riu junto comigo e me puxou para mais perto. Ele me deu um selinho e mordeu meu lábio inferior antes de me dar um beijo mais profundo.
- Essa camisa fica melhor em você do que em mim. Mas ainda prefiro você sem nada.
Eu gargalhei.
- Pervertido.
Dei alguns beijos pelo seu rosto, levantei e disse:
- Eu estou com fome, que horas devem ser?
- Não sei.
Ele se espreguiçava.
- Já deve ser tarde.
Disse. Eu fui até a varanda onde passavam algumas brisas. Fechei meus olhos e me espreguicei. chegou por trás de mim e me girou pela cintura. Coloquei meus braços em volta de seu pescoço e ele roçou seus lábios nos meus. Deu-me um selinho e colocou uma mecha de cabelo meu detrás da minha orelha e passou a mão no meu rosto. Ele ficou me olhando de um jeito estranho e eu sorri:
- Que foi?
Ele sorriu também e disse:
- Já disse antes. Você é como droga para os meus olhos. Eu realmente não consigo parar de te olhar.
Senti que havia corado e enchi ele de beijos por todo seu rosto. Ele ria e quando eu parei, o puxei pela mão e disse, entrando no quarto:
- Vamos, eu estou morrendo de fome.
Olhei no relógio e já era hora do almoço.
- Uh, é realmente tarde.
Eu disse e tirei a camisa de . De calcinha e sutiã, e com me olhando, eu peguei uma roupa quentinha, pois estava um pouco frio.

Começamos a descer e, no meio da escada que levava a gente ao restaurante, pegou na minha mão. Tentei me fazer indiferente e mordi meu lábio para disfarçar um sorriso. Quando chegamos ao restaurante, todos estavam na mesa, esperando a comida e rindo. Todos olharam para a gente e eu segui seus olhares, que davam nas nossas mãos entrelaçadas. , e olharam uns para os outros, riram e uma confusão de "Ae, ! Fez como eu te ensinei?", "HAHAHA! Eu sabia!" e outras coisas invadiram meu ouvido, me deixando rubra.
- Pára, gente.
Disse rindo.
- Finalmente o nosso zinho virou gente.
disse, recebendo um dedo do meio de , brincando.
Nós nos sentamos ao lado de e . me deu um beijo na bochecha e um "Boa tarde, pequena" e pedimos nossa comida.


Capítulo 8 - "Quando ela está dormindo o ar que ela respira é para você."

- E aí, , melhorou do susto de ontem?
Eu perguntei, fazendo os outros rirem e ele fechou a cara.
- Vocês têm que parar de me perturbar com isso.
disse.
- Mas eu estou perguntando sério. Eu também tenho medo.
Eu disse, mas não consegui não rir.
- Você fica tão fofo quando está puto, .
- Obrigada.
Ele riu, jogando o cabelo grande imaginário e fazendo graça.
- Bom, a gente vai embora hoje ou amanhã?
perguntou.
- Amanhã. Hoje o hotel está a nossa disposição.
respondeu.
- Dudes, tenho que falar com vocês depois.
disse, e os meninos entenderam seja lá o que fosse.
- Agora ficamos curiosas.
disse e nós balançamos a cabeça.
- Vai valer a pena.
respondeu.
- Droga.
Eu disse rindo.

Depois de almoçar, e foram para a sauna, e foram para a piscina aquecida, e foram para a hidromassagem e eu e para o quarto. Ele pediu para eu colocar a camisa dele de volta e eu ri e coloquei. Ele colocou um filme e eu deitei do lado dele. Respirei fundo, e aquele perfume estava me deixando louca. Eu levantei, olhei para ele e beijei seu pescoço. Subi até sua bochecha e depois sua boca. Beijei-o lentamente, e ele entendeu o que eu queria quando eu subi em seu colo. Ele me despiu e se despiu com velocidade recorde, e a tarde inteira a gente recuperou o tempo perdido com brigas e confusões.
A noite se passou com todos nós acordados até tarde no quarto de e . Acabamos adormecendo ali mesmo, espalhados pela poltrona, chão e cama. Eu acordei com a perna de em cima da minha e com o braço de me abraçando. Levantei um pouco a cabeça e vi todo aberto, de costas, com uma perna em cima das costas de e com o braço na cara de , que também estava toda aberta, com a perna em cima de . dormia de bruços e em cima da poltrona com . O quarto estava tão zoneado que eu estava até com preguiça de olhar para ele. Tínhamos levado vinho e ficado meio zonzos. O sol estava incomodando os meus olhos, então eu decidi levantar. Cutuquei , e quando ele acordou, cochichei em seu ouvido algo como "Vamos acordar os outros". Ele riu, e levantou.
Traçamos um plano, e resolvemos acordar nossos queridos amigos de um modo bem calmo, para não dizer ao contrário. se jogou em cima de , e , no momento em que eu me joguei em e corri para me jogar em cima de e . Eu e ríamos muito, mas eles não pareciam muito contentes. De um jeito ou de outro, eles entraram na brincadeira e nos chamaram de gordos, balofos e obesos.
Rimos mais ainda.
Depois de todos acordados, malas prontas e de café da manhã tomado, seguimos para os carros. iria para a redação com logo depois de nos deixar em casa, tinha um jogo no dia seguinte, tinha sido chamado para fazer a crítica de uma rede de restaurantes, estava terminando uma propaganda e tinha algum trabalho na redação também. Eu e tínhamos que editar as fotos do hotel Rougeant. Sobraria pouco tempo para sairmos naquela semana.

me beijou por um longo tempo na porta do meu apartamento quando estávamos nos despedindo.
- Me liga.
Eu disse, dando alguns selinhos nele.
- Sem dúvida.
Ele respondeu e me deu um beijo na testa e um abraço.
- Tchau.
Ele virou para ir embora.
- Tchau.

Eu me joguei no sofá e sorri sozinha. Estava incrivelmente feliz, e nada parecia tirar o sorriso do meu rosto. Eu estava apaixonada. Coloquei uma música animada no meu notebook enquanto eu trocava de roupa e assim que eu comi alguma coisa no almoço, eu sentei para trabalhar.

Os dias se passaram chatos naquela semana onde eu só falei com pelo telefone, porém nossas conversas de madrugada eram enormes, nos fazendo ir dormir muito tarde. Fui construindo uma confiança imensa nele. Um dia em especial, foi na sexta-feira daquela semana, em que ele me ligou as 2:00hrs da manhã porque queria cantar para mim.
- , você me ligou para cantar? Não podia esperar até amanhã?
Eu bocejei.
- Não. Eu escrevi uma coisa e quero ver se você gosta.
Ele disse, ansioso.
- Ok.
Eu não resisti em sorrir.
- Não ria.
Ele pediu antes de começar, numa voz afinadíssima, a cantar:
- But when it gets to midnight, I’m in my bed alone. You’re all I want, you’re all I need. It’s cold in the night but I’m looking for the heat.
Eu fiquei boquiaberta e sem fala. Eu já tinha o ouvido cantar e sabia que sua voz era linda, mas compor? Ele tinha talento.
- Ficou tão ruim assim?
Ouvi sua voz do outro lado da linha e uma risadinha nervosa. Eu fechei a boca e me apressei em dizer:
- É linda. Eu adorei. Não sabia que você cantava, tocava e era compositor também. Que lindo, .
Eu ri, alegre.
- Obrigado. Mas acho que não está tão legal assim. Só escrevi essa parte.
Ele disse, com outro ânimo.
- E eu estava pensando em você quando escrevi.
Ele completou e eu tive uma vontade incontrolável de ir na casa dele para o beijar. E disse isso para ele:
- Depois disso eu quero ir te beijar tanto. Eu queria estar perto de você, agora.
Ele riu e disse:
-Se você abrir a porta, eu vou estar.
- Hã?
Eu não havia entendido. Mas segundos depois a ficha caiu porque escutei alguém batendo na porta. Levantei correndo e a abri. estava lá, com um sorriso de lado, segurando o celular ainda no ouvido.
- Senti falta de você, garota.
Ri e pulei em cima dele.
- Você é louco. São duas da manhã.
Eu disse, em seu colo.
- Faço qualquer coisa só para ver você.
Ele sussurrou. Eu sorri e o olhei, ainda em seu colo. Ele me beijou animadamente e eu disse entre o beijo:
- Vamos para o quarto. Mas não faça barulho.
Ele parou de me beijar e disse:
- Tenho uma ideia melhor. Vamos.
Ele me colocou no chão e ia me puxando, quando reparou que eu estava de camisola. Ele revirou os olhos e disse:
- Troca de roupa. Não quero nenhum homem babando por você, além de mim.
Eu ri, dei um selinho e fui colocar uma roupa quente, sobretudo, gorro e luvas. Voltei rapidamente e ele me puxou pela mão. Entramos no elevador e eu perguntei:
- Para onde vamos?
Ele sorriu de lado, colocou uma mecha de cabelo minha atrás da orelha e disse:
- Para qualquer lugar em que não possamos ser reconhecidos.
- Isso é a frase de algum filme.
Eu comentei, rindo.
- Tem razão.
Ele riu e me puxou para perto, me abraçando. beijou o topo da minha cabeça, pegou na minha mão e saímos do elevador quando ele abriu. Entramos no carro e ele saiu dirigindo por aí. Colocamos The Beatles para tocar bem alto e acompanhamos a cantoria. Olhando a rua, vimos funcionários colocando enfeites e luzes de Natal. Sorri quando disse:
- Eu amo o Natal. Sou totalmente apaixonado. Conto os dias, todo o ano.
- Eu também. É a melhor época do ano. Eu adoro Londres em época de natal. A neve, os ringues de patinação no gelo, as árvores de natal nos shoppings. Tudo.
Ele sorriu.
estacionou o carro em frente ao London Eye. Nós ficamos olhando para ela e conversando. Ele me contou coisas banais como frutas que não gostava, filme que gostava mais, banda favorita, sonhos, pesadelos, relacionamentos anteriores - evitou falar da -, me contou tudo sobre sua família. Eu, claro, falei da minha e de tudo que ele me perguntou.
Estávamos calados há algum tempo. Olhei para e fiquei observando seus traços. Sorri sozinha lembrando-me da sua boca na minha. Ele deve ter sentido meu olhar sobre ele, porque virou para me olhar também. Aproximei meu rosto do dele, e ele se aproximou também. Fechei meus olhos e senti sua respiração quente no meu rosto e abri um pouco a boca para arrastar meus lábios nos dele. Ele mordiscou meu lábio inferior, o puxou, e finalmente me beijou. Coloquei minha mão em sua nuca e puxei um pouco seu cabelo. Ele desceu o beijo até morder meu queixo e beijar meu pescoço. Eu fui para o banco detrás do carro e ele me seguiu. Enquanto as roupas caíam, o frio foi passando. Naquele dia, eu descobri que o melhor jeito de se esquentar se chama .

Antes de me levar em casa, ele passou em seu apartamento para pegar algumas roupas porque ele iria dormir comigo. Seu apartamento era bem organizado, cheio de DVD's, CD's e objetos nerds. Eu adorei, é claro, e não deixei de notar que era a primeira vez que ele me levava ao apartamento dele. Depois de pegar tudo, fomos para minha casa. De manhã, quando acordei, me olhava. Eu ri, e disse:
- Não me diga que estava me olhando dormir. Eu sou tão feia pela manhã.
Ele riu e entendeu o que eu estava fazendo, então continuou a brincadeira:
- Você é linda em todos os momentos.
Eu sorri porque ele lembrou o que eu disse, e repeti sua fala:
- Até parece.
Ele me deu um selinho e me chamou para apoiar a cabeça em seu peito. Beijei o seu queixo e voltei a fechar meus olhos. Ele fez carinho nos meus cabelos e nós ficamos calados por algum tempo. Mas ele estava com fome então fomos até a cozinha. Ele estava sem camisa, deixando sua tatuagem, que tinha virado um fetiche para mim, a mostra. Quem usava sua camisa era eu.
Ele fez uma cara de quem sabe tudo e disse que faria waffles para nós dois e eu disse:
- Ah, quer dizer que você também cozinha?
- Claro. Eu sou um cara prendado, sei de tudo.
Ele fez uma cara de convencido e riu comigo logo depois.
- Ok, Sr. Chef de cozinha.
Obviamente a cozinha ficou toda suja, porque ele não sabia cozinhar tão bem assim. Eu morria de rir, ainda mais quando provei o waffle que estava totalmente sem formato definido. também não agüentou e riu da própria desgraça.
- Eu só quis ser um cavalheiro.
Eu sorri e disse:
- Conseguiu.
Debrucei-me sobre a mesa e lhe beijei os lábios.
- Obrigada pelo café da manhã mais delicioso e sem forma que eu já tive.
Ri e ele fingiu estar magoado por um momento até abrir um sorriso.
Depois do café, nos sentamos no sofá.
- Onde você vai passar o natal?
Eu perguntei.
- Onde você vai passar o natal?
frisou bem o "você". Eu parei para pensar. Nos anos que se passaram, eu e as meninas sempre íamos passar o natal com nossas famílias no Brasil. Tirando o nosso primeiro ano em Londres, porque queríamos ver como era o natal aqui. Mas resolvi que naquele ano eu passaria em Londres de novo, e as meninas com certeza iam ficar também.
- Bom, eu acho que vou passar aqui esse ano. Nos outros anos a gente sempre passou no Brasil.
Eu respondi.
- E o que fez você ficar aqui?
Ele me perguntou, já sabendo a resposta.
- Ah, meu namorado John.
Eu disse, prendendo o riso quando fez uma cara assustada e depois, entendendo a brincadeira, revirou os olhos e riu.
- Palhaça.
Ele disse e eu ri.
- É sério.
Ele passou o braço nos meus ombros e me apertou contra ele, rindo.
- Sei que é.
Disse sarcástico. Enquanto ríamos, apareceu com uma cueca do Bob Esponja e esfregando os olhos. Eu e encaramos por um tempo, segurando o riso, até que ele nos notou quando eu disse:
- Cueca maneira.
Ele levou um susto, riu e me mandou um dedo do meio.
- Esse povo está muito mal educado.
Eu disse rindo da cara de . Foi quando apareceu de pijama de ursinho e de pantufa de coelho.
- Vocês realmente se merecem.
comentou rindo, e deu língua para ele. se esparramou no sofá, colocou a perna em cima de mim, me abraçou e disse numa voz sonolenta:
- Estou cansado.
- Você acabou de acordar.
Eu disse.
- Mesmo assim.
- Sei como é.
Eu concordei com ele. Como se não fosse o bastante, simplesmente abriu a porta de entrada, entrou no apartamento, pegou uma caixa de leite, pegou a caixa de cereal, um prato, uma colher, colocou tudo no prato, guardou, sentou no chão e percebendo que todos nós olhávamos para ele, disse:
- Bom dia.
E começou a comer. Eu ri, porque só isso que poderia fazer além de dizer:
- Ei, abusado. Bom dia. Pessoal 'tá achando que nossa casa é bagunça, .
Ela riu e concordou com a cabeça, dizendo:
- E também estão abusando do aquecedor. Olha só, todo mundo sem camisa. Está nevando lá fora, gente.
Eu abri um grande sorriso, tirei a perna de de cima de mim, levantei e olhei pelo vidro da varanda. Uma camada de neve fina já estava cobrindo as ruas.
Voltei e estava dizendo algo como:
- Não tinha nada para comer lá no apartamento da , por isso vim assaltar aqui.
Ele riu.
- Estou vendo.
Eu ri e dei um beijo em sua testa antes de sentar ao lado de de novo. irrompeu pela porta junto de e . Todos desarrumados como os presentes na sala. estava sentada na cadeira ao lado da estante da sala, comendo biscoito, voltou a sentar ao meu lado depois que pegou suas torradas e café, ainda comia seu cereal e logo sentava ao seu lado, comendo também cereal. bebia só café, sentado no chão, em frente ao balcão da cozinha que dava na sala e sentou ao lado dele, comendo uma banana. Vendo todo mundo reunido, eu sorri e disse:
- Nós somos um grupo e tanto. Em pouco tempo, já sinto como se conhecesse vocês há muitos anos, meninos.
Eles sorriram e as meninas concordaram.
- É bem estranho mesmo. Acho que nascemos para sermos amigos.
disse.
- Isso aí.
concordou em voz alta.
- Eu tive uma ideia bem legal.
disse depois de um tempo de silêncio porque estavam comendo.
- Por que vocês não passam o natal conosco?
Ela convidou, olhando para cada menino.
- Eu estava pensando nisso.
Eu disse e e disseram que elas também.
- A gente faz uma ceia aqui no apartamento mesmo.
Eu disse, tentando convencê-los.
- Por favor.
pediu.
- Claro que sim.
disse e todos os outros, sorrindo, balançaram a cabeça concordando. Eu beijei e o abracei. Ninguém fez nada naquele sábado. Não trocamos nem de roupa. Passamos o dia de pijama, na minha sala, vendo filmes, conversando e depois, quando pegou o violão, cantando um pouco.
O final de semana se passou, e segunda-feira eu e entregamos o álbum de fotos para o Sr. Rougeant, que ficou realmente satisfeito, nos pagou e disse que nos recomendaria para os seus contatos. Li a coluna de , a matéria de , o relatório de e a crítica de , e todos falavam bem do hotel, e entreguei isso também ao Sr. Rougeant. tirou férias, assim como todos os outros, com exceção de , e eu. Eu estava com muitas propostas, e estava fazendo álbuns para muitas pessoas. Claro que sobrava tempo para ficar com o e com todos os outros, e isso me deixava bastante feliz.
e , apesar de brigarem muito quando faziam as coisas juntas, ficaram responsáveis pela ceia de natal, então pesquisariam os melhores preços e arrumariam tudo. estava procurando a árvore perfeita e eu os enfeites. É claro que ainda não tínhamos começado a ver nada disso, pois ainda tinha tempo.
Na quarta-feira, eu e as meninas tivemos que ficar em casa sozinhas porque os meninos simplesmente saíram juntos para tomar café na Starbucks e disseram que era assunto deles, que não podiam compartilhar conosco. Claro que eu e , que sempre fomos curiosas ao extremo, tentamos de todos os jeitos, extrair informações deles, mas era impossível. Então decidimos ir ao shopping, todas nós, para ver vestidos. Estávamos a procura do vestido perfeito para a ceia natalina. , e acharam seus vestidos. Eu não havia gostado de nada, mas como não estava em cima da hora, eu simplesmente não me apavorei.
Quando voltamos para a casa, a primeira coisa que fizemos foi ligar para os meninos, mas eles ainda estavam ocupados, agora no apartamento de .
- Não agüento isso.
disse.
- O que será que eles estão aprontando de tão secreto?
Eu perguntei, deitada na poltrona, com os pés em cima de .
- Eu não faço a mínima idéia, mas agora eu estou curiosa.
Ela disse.


Capítulo 9 - "Uma mulher que precise de mim também. Que tal você?"
Clique AQUI para colocar a música do capítulo para carregar.

Acordei no outro dia, ainda curiosa. Sonhei com todo o tipo de coisa ligada a segredos. Nunca gostei de ficar curiosa. Sempre quis saber de tudo. não tinha dado sinal de vida desde a última vez que eu liguei para ele, e depois de falar com , descobri que também não.
- Será que eles não gostam mais da gente e planejaram uma fuga para o Paraguai?
Eu não pude deixar de rir. sempre tinha esse tipo de idéia, então eu disse:
- Claro que não, . Não deve ser nada de mais. É melhor a gente parar de pensar nisso.
É claro que eu não consegui parar de pensar nisso. Eu e as meninas ligamos para os meninos o dia inteiro, e sempre dizia que o celular estava desligado ou fora da área de cobertura. Dava para perceber que estava ficando com um pouco de raiva:
- Por que eles sumiram? Eles somem e não dão nem um sinal de vida. E se acontecesse alguma coisa trágica? Eles nem iam saber, não é? Arrrrg.
Ela grunhiu, andando de um lado para o outro. fez o lanche da tarde para a gente. Elas estavam no nosso apartamento, porque estavam bem chateadas com o desaparecimento dos meninos.
Eu e ligamos para eles o final da tarde inteira e até umas oito horas da noite. Não estava aguentando mais esse suspense todo.
e , que haviam tirado uma soneca, acordaram finalmente. Já era oito e vinte da noite quando eu recebi uma SMS de escrito:
"Amor, chama as meninas. Reúne todo mundo aí no seu apartamento e avisa quando elas chegarem. xx "
Mostrei para elas, e mandei em resposta outro SMS:
"Elas já estavam aqui. O que aconteceu com vocês? Estávamos preocupadas. xx "
Um minuto depois, outra mensagem chegou:
"Tudo tem um motivo. Vocês vão entender. Vão para a varanda. xx "
- Ele mandou a gente ir para a varanda.
Eu comuniquei.
- Então vamos logo.
correu para a varanda. Virou para a gente e disse:
- Não tem nada incomum aqui.
Todas nós fomos lá e nos debruçamos na varanda.
De repente, quatro figuras apareceram lá em baixo do prédio. Apesar de estarmos no terceiro andar, dava para ver eles perfeitamente. Nossa primeira reação foi rir porque eles estavam vestidos como mexicanos. De bigode, sombreiro e tudo bem exagerado.
e seguravam violões nas mãos e e seguravam rosas em uma mão só. Eu ria e achava aquilo maravilhoso.
- Vocês estão lindos.
disse.
- Muito! Quero colecionar vocês e guardar para sempre.
Eu disse rindo. Eles agradeceram, deram voltinhas e tudo.
começou a falar:
- A música que vamos tocar para vocês, foi escrita com a colaboração de todos, mas principalmente de .
- É. Ele que veio com a idéia e tudo mais. Nós achamos demais, porque queríamos fazer alguma coisa muito especial para vocês.
disse, olhando para .
- É. Uma coisa para vocês nunca esquecerem da gente.
disse.
- E é por isso que a gente está aqui. Morrendo de frio no meio dessa neve, acordando os velhinhos que dormem cedo por causa dessa gritaria. Porque a gente ama vocês.
disse olhando para mim. Meus olhos se encheram de lágrimas, e quando olhei para as meninas, vi que elas estavam chorando. Ele falou de amor. A-M-O-R. E com certeza isso não passou despercebido. A gente limpou as lágrimas, e eles continuaram:
- Essa é para vocês.
disse quando começou a tocar as primeiras notas no violão junto a .

I’ve been searching for some
Love and affection but
there’s nobody giving me that kind of attention
I’m alone
Oh, I’m alone


começou a cantar enquanto e estalavam os dedos.

Can’t help thinking that there’s
Somebody missing who should
Hold me and please me ‘til I’m
Tired of her kissing
I’m alone
Oh, I’m alone


Ele não tirava os olhos de mim, e eu não me atrevia a piscar. Eu prestei atenção em todas as expressões que ele fazia quando cantava. Nas oscilações de tom. Em tudo. Principalmente na letra, e eu tenho certeza que as meninas também. e faziam as segundas vozes.

But when it gets to midnight
I’m in my bed alone
You’re all I want
You’re all I need
It’s cold in the night
But I’m looking for the heat


começou a cantar. Sua voz era linda também. Ele tinha uma voz mais forte que a de , mais grossa. Reconheci o verso que cantou para mim pelo telefone na música e me emocionei. Eu sorri com os olhos cheios de água para , que piscou para mim, sorrindo.

Baby I, I need a woman
Not any woman
But a woman who needs me too
So how about you?


Todos cantaram o refrão juntos. e estalavam os dedos e ainda faziam as segundas vozes. Na última frase do refrão nós todos sorrimos ainda mais.

Songs on the radio are
Just carbon copies of the
Way that I’m feeling after
Five cups of coffee
I’m alone
Oh, I’m alone


voltou a cantar sozinho, com e acompanhando.

But when it gets to sunrise
I’m waking up alone
You’re all I want
You’re all I need
This bed is burning up 99 degrees


cantava e tocava. Todos estavam muito animados. Nós, meninas, estávamos irradiando felicidade, com os olhos cheios de água. Estávamos muito emocionadas com a dedicação deles.

I, I need a woman
Not any woman
But a woman who needs me too
Let me say, baby I, I need a woman
Not any woman
But a woman who needs me too
So how about you?


Todos cantaram o refrão que foi repetido três vezes até a música realmente acabar.
Aplaudimos tanto que nossas mãos doeram. Chorávamos de felicidade e tudo. Rindo e chorando ao mesmo tempo. Amor, amor, amor.
- Subam! Vamos!
gritou.
Eles acataram a ordem sem nem hesitar. Deviam estar morrendo de frio.
Olhamos umas para as outras e rimos.
- Vocês ouviram? Eles falaram de amor!
disse pulando alegre. Eu ri e disse:
- Eu sabia que vocês também perceberam que eles falaram de amor.
Quando iria falar algo, a porta de entrada abriu e os meninos entraram. Saímos correndo e os agarramos. Eu fiz questão de beijar cada centímetro do rosto de .
- , seu maluco mais lindo do mundo.
Eu ria e o abraçava.
- Gostou?
Ele me perguntou, segurando meu rosto.
- Eu amei.
Eu disse calmamente. E o beijei.

Eles trocaram de roupa só depois que tiramos fotos. Já tínhamos tantas fotos juntos desde que nos conhecemos que parecia que nos conhecíamos a vida inteira. Colocamos meu colchão e o de no chão da sala, pois eram de casal então , eu, , , e deitamos lá e e no sofá. Fizemos chocolate quente com marshmellows e vimos dois filmes. levou para a varanda, e quando voltaram ela segurava um pingente com força. Ela mostrou que era uma chave de prata e disse que a tinha pedido em namoro. e também saíram da sala, ao mesmo tempo em que e foram lá fora do apartamento. voltou primeiro, e percebi que também tinha sido pedida em namoro porque sorria de orelha a orelha e já veio gritando " me pediu em namoro!" e sacudindo a pulseira que ganhou. ganhou um colar também, mas o dela era de ouro e tinha um pequeno coração.
Eu fiquei muito feliz por que amava todos e agora era oficial que se amavam, mas eu confesso que fiquei decepcionada porque não me pediu em namoro. "Tudo ao seu tempo" pensei, com a esperança de um súbito sentimento de conformidade, mas ele nunca veio e eu só me sentia rejeitada. Não deveria importar se éramos namorados ou não, porque eu sabia que Tom me amava, mas no final, importava.

No meio da noite, levantou e eu acordei por causa disso. Mas voltei a fechar os olhos. Quando ele voltou, deitou do meu lado de novo, me deu um selinho e sussurrou:
- , acorda. Amor. .
Eu já estava acordada então abri os olhos e perguntei:
- O que foi? Aconteceu algo?
Ele, que estava com uma mão escondida, a levantou. Ela segurava um anel dourado.
- So how about you?
Ele cantou para mim. , com cara de sono, cabelo bagunçado e com um anel na mão, cantando uma frase me pedindo em namoro? Eu achei que só podia ser uma miragem. Sorri e com tamanha surpresa, só consegui concordar com a cabeça. Ele sorriu abertamente e me deu um beijo. Quando a falta de ar era muita, nos separamos e ele disse, com todas as letras e com um sorriso:
- Eu te amo, .
Eu dei um selinho nele, arrastei meu nariz no dele e meus lábios em sua boca e disse antes de o beijar de novo:
- Eu também te amo, .

Obviamente, no dia seguinte, todos nós estávamos realmente felizes. Naquela sexta-feira, iríamos ao Adam and Eve.
- Onde tudo começou.
disse, com um copo de água na mão.
- Claro.
riu lembrando da noite.
- As coisas aconteceram muito rápido.
Eu disse.
- Verdade.
disse, levantando do sofá, já pronto.
- Gente, a sempre é a que mais demora mesmo?
perguntou, já que todos nós estávamos esperando para podermos ir para o pub.
- Uma lesma. Sempre.
disse e se jogou no sofá.
- Eu escutei isso. Já terminei, impacientes.
disse vindo em nossa direção, colocando um brinco.
- Ok, então vamos.
declarou puxando pela mão.
Estávamos todos usando sobretudos e luvas em cima de nossas roupas por causa do frio. Eu usava um vestido com mangas compridas e com ombreiras não exageradas, meia-calça preta e ankle boot preta. usava uma camisa do AC/DC, jaqueta de couro que ela pegou emprestada comigo e calça jeans preta. usava um vestido rosa colado e uma jaqueta jeans claro colado também e meia-calça preta, e usava um short, meia-calça, camisa e um blazer feminino.
Como sempre, quem nos levou foram e .
Para chegar lá demorou um pouco mais que o habitual porque a neve atrapalhava um pouco o trânsito. Adam and Eve estava agitado aquela noite, mas conseguimos pegar uma mesa. Sentamos todos, mas e se levantaram logo para dançar. e também foram dançar e eu e fomos para o bar comer algum petisco e beber algo.
O barman, eu notei, era o mesmo que me atendeu na festa de Emily. O loiro de braços torneados. Assim que me sentei ao lado de , e apoiei minhas mãos no balcão, ele também me reconheceu e disse:
- Olha só se não é a brasileira.
Eu ri e disse:
- Pois é. Como vai?
- Melhor agora, claro. E como vai...
pigarreou, interrompendo e disse:
- Eu quero uma porção de batatas-fritas e uma taça de Road Runner. Obrigado.
O barman olhou para ele e sustentou o olhar com uma cara nada alegre e o barman disse por fim, começando a pegar os ingredientes para o drink:
- Claro. E para a linda Srta.?
Ele sorriu, galante, para mim. resolveu se intrometer e disse:
- É, amor, o que você vai querer?
Ele pontuou bem a palavra amor, numa tentativa de comunicar ao barman que eu era sua namorada, e é claro, eu percebi. O barman me olhava, pedindo a resposta e eu disse sorrindo:
- Por favor, um pouco do seu licor austríaco de chocolate.
Ele acenou com a cabeça e foi até um outro lugar, para pedir a porção de batatas-fritas. Aproveitei e olhei para , que ainda estava emburrado.
- Por que isso? Ele estava sendo simpático.
Eu perguntei.
- De onde conhece o sujeito, ?
Ele me respondeu com outra pergunta a qual eu respondi muito contrariada.
- Da festa da Emily. Ele me serviu uma caipirinha se bem me lembro.
- Nossa, se lembra até do que ele serviu a você.
disse em um tom sarcástico.
- Olha só, , se vai continuar com esse ciúme ridículo e com essa cara emburrada, eu acho que vou embora.
Eu me levantei. Claro que eu só estava fazendo aquilo para mostrar para ele que era um ciúme bobo, porque eu não era tão dramática assim. Ele me segurou pelo cotovelo e eu virei para lhe encarar. Sustentava agora um olhar pesaroso, arrependido do seu comportamento.
- Desculpe. Ele está interessado em você, e não posso evitar não sentir raiva. Você é só minha.
Eu não pude deixar de sorrir, mas disse também:
- Eu sou minha, , mas te empresto um pouquinho de mim.
Dei um selinho nele, que sorriu.
- Eu te amo. E por isso quero que outro barman nos atenda.
Ele disse, brincando e me fazendo rir.
- Seu ridículo. Eu também te amo.
Ele me beijou. Um beijo não muito invasor porque o barman pigarreou quando ia se aprofundar. Descolamos-nos e vimos que ele segurava os nossos pedidos e a porção pedida já estava na nossa frente. O barman estava desconfortável, eu pude perceber, e disse então:
- Aproveitem. Qualquer coisa me chamem. Estarei atendendo do outro lado do balcão.
Eu acenei com a cabeça e ele se foi.
- Acho que ele ficou meio assustado.
Eu comentei, e me olhou com uma cara de quem estava se achando superior e disse, brincando, mas com um fundo sério:
- Que bom que ele não quis se meter comigo.
Eu ri e dei um tapinha de leve em seu braço. Comecei a beber meu licor.
- Então, licor austríaco de chocolate, hein?
disse com um sorriso pervertido.
- É.
- Posso provar um pouco?
Ele pediu e eu empurrei a taça para ele. Ele deu uma pequena risada e me puxou para perto, me beijando. Eu realmente não me importei com o fato de que me beijava intensamente na frente de várias pessoas.
Depois de um tempo, nós paramos e eu perguntei, sem ar:
- Ok. De onde isso veio?
Eu sorri a toa e ele me acompanhou.
- Não sei. Eu sempre quero te beijar.
Eu ri e disse:
- Sei.
Mordi meus lábios, olhei para ele de novo e bebi mais um pouco de licor.

Depois de um tempo, fomos dançar um pouco. Por ser um pouco, logo voltamos. Eu bebia mais uma dose de licor, distraída. Mas um movimento brusco de me chamou a atenção. Ele tirou do bolso uma caneta, pegou um guardanapo, escreveu algo e o dobrou. Então ele me olhou, sorriu e escorregou o mesmo para perto de mim. Olhei para ele, pedindo permissão para ler, e ele fez um movimento com a cabeça me incentivando. Minhas mãos nervosas abriram com velocidade o guardanapo amassado e não hesitei em sorrir ao ler: "To lead a better life, I need my love to be here.â¹ Você estará aqui comigo?"
Olhei mais uma vez para ele, que agora me olhava seriamente, como se analisasse minha reação, tirei a caneta de suas mãos e escrevi embaixo, numa letra corrida: "Here, there and everywhere â². Onde quer que você esteja."
Escorreguei o guardanapo para ele, e quando ele o abriu um sorriso imensamente grande se formou em seus lábios.
- Promete?
Ele me perguntou.
- Só se você também prometer.
E com isso ele me beijou. Era certo de que entre nossos altos e baixos a gente finalmente tinha se encontrado.

(â¹ - Verso de uma música dos The Beatles, em português: "Para levar uma vida melhor, eu preciso do meu amor aqui.")
(â² - Verso e nome da mesma música dos The Beatles citada anteriormente, em português: "Aqui, lá e em todo lugar".)

Capítulo 10 - "Essas luzes de natal iluminam a rua onde o oceano e a cidade se encontram."

Alguns dias depois eu finalmente comprei meu vestido para a ceia. O natal chegou tão rápido que ninguém percebeu. Já havíamos decidido que nosso natal seria como o natal do Brasil.
Conversas e tudo mais até a hora da ceia, e só na meia-noite do dia 24 trocaríamos presentes.
Os meninos adoraram a ideia e na manhã da véspera de natal, e compravam os ingredientes para a ceia. Eu ainda dormia, é claro. Acordar cedo não era muito fácil para mim. Mas quando o relógio marcava 09:30hrs da manhã, eu fui acordada por , que já tinha a chave do apartamento, com beijos. Me espreguicei e disse:
- Amo quando é você que me acorda. Eu estava com saudades.
deitou do meu lado na cama e disse:
- Eu também estava com saudades.
Ele tinha ido visitar sua família para avisar que não ia passar o natal com eles.
- Coloquei a roupa que vou usar na ceia dentro do seu armário. Espero que não se importe.
Ele disse e eu balancei a cabeça.
- Claro que não me importo.
Eu passei a mão no cabelo dele.
- , minha mãe exigiu que eu te convidasse para passar o reveillon conosco. Ela quer te conhecer.
Ele sorriu e passou a mão no meu rosto.
- Claro que eu vou, meu amor. Eu não vejo a hora de conhecer sua família.
Eu levantei animada. Ele sorriu mais abertamente e disse:
- Achei que ia se assustar.
- Não, não. Vou tomar café e depois vamos arrumar a casa. Você arruma a cozinha e eu vou varrer tudo, passar pano e ajeitar as coisas para hoje à noite.
, que tinha se levantado, se jogou na cama outra vez e começou a fazer manha. Ele estava com preguiça. Eu ri e puxei-o:
- Vamos, . Hoje é natal!
- Hoje é natal!
Ele repetiu com os olhos brilhando.
- Tinha me esquecido. Hoje é o melhor dia do ano!
Ele continuou, me fazendo rir.
Depois de tomar café, eu peguei o material de limpeza, e assim que eu ia começar a varrer, , e entraram no apartamento. Eu sorri diabólica e disse:
- Vão ajudar.
Eles entenderam de primeira e começaram a gaguejar, inventando compromissos e eu comecei a rir e a distribuir vassouras e panos.
- Vocês estão lindos vestidos de dona de casa.
Eu ria.
- Cara, chegamos na pior hora.
se lamentava e fingia que espanava a televisão.
- Quem não arrumar direito não come a torta alemã que a vai fazer.
Eu disse usando a melhor arma que tem: Comida. Eles começaram a arrumar satisfatoriamente. Claro que eles me molharam, jogaram poeira, e não só em mim. Foi uma confusão.
Paramos para almoçar um pouco. Pedimos comida chinesa e comemos sentados no chão da sala. Um roubando comida do outro. Parecíamos um bando de criança. estava conversando com enquanto eu tentava pescar um camarão da sua caixinha do restaurante, e não aguentou e riu. Eu consegui pegar, coloquei na boca e olhou para sua caixinha. Eu peguei o último camarão. Eu não aguentei e comecei a rir, cuspindo o camarão no tapete da sala. Logo, todos nós estávamos sem ar de tanto rir, até que entrou e nos olhou com uma cara de desgosto fingido e uma cara de nojo ao ver o camarão cuspido. Eu não conseguia parar de rir, ainda mais quando disse:
- Eu não vou limpar isso.
Depois que todos nós nos acalmamos, eu joguei fora o camarão e depois que terminamos de comer, voltamos a arrumar.
- É um apartamento. Como pode dar tanto trabalho?
perguntou, se jogando no sofá.
- É como se nós todos morássemos aqui. A gente nunca vai para o apartamento da e da .
Eu disse.
- Claro, lá é um chiqueiro.
disse e eu concordei.
- é pior que a . Aqui eu ainda consigo dar um jeito, e você desistiu de arrumar o seu apartamento.
Eu disse, saindo para jogar o lixo no lugar apropriado do prédio. Voltando eu pude perceber que estávamos imundos.
- Precisamos de um banho. Estamos tão sujos que mudamos de cor.
- Nossa, você está fedendo , saí de perto.
empurrou e todos nós rimos.
- É cheiro de macho, . Coisa que você, que usa desodorante de mulher, não tem.
revelou e eu comecei a rir muito.
- Por isso que você cheira a flores de vez em quando.
Eu brinquei e me metralhou com os olhos e disse:
- São mais cheirosos, ok?
Eu ria, e disse:
- Bobo. Eu nunca tinha percebido. Mas vamos logo tomar banho.
Eu puxei a mão dele.
- Hum, valeu , vai tomar banho acompanhado.
disse e piscou.
- Sempre.
Ele disse.

Foi o melhor banho da minha vida até aquele dia, porque vieram outros depois, claro. Saímos brilhando, porque passamos realmente muito tempo dentro daquela banheira. Quando saímos, todos os outros já tinham tomado banho e já estavam se arrumando para a ceia já que era fim de tarde. e já tinham chegado e tudo estava no forno. Umas coisas no apartamento de e , que estavam lá junto com e e outras aqui no nosso forno. estava tomando banho e procurava algum prato para beliscar. Eu e tínhamos nos arrumado e sentamos no sofá. Tinham colocado uma mesa suficientemente grande encostada no balcão da cozinha. Era só para colocar os pratos, porque podíamos comer no sofá, no puff, no chão. Enfim, a gente se virava. O aquecedor estava ligado, então não estava sentindo frio com meu vestido tomara que caia godê, com um zíper na parte da frente do decote até a cintura onde o vestido ficava rodado. estava lindo com uma calça jeans escura e uma camisa social cinza dobrada até o cotovelo. Ele ficou olhando para mim até que disse:
- Você está linda.
Eu corei e beijei sua bochecha.
- Obrigado. Você também está lindo.
Fiquei abraçada com ele em silêncio, só observando o reflexo das luzes coloridas de nossa árvore de natal. De repente, me senti estranha. Demorou alguns momentos até eu perceber que aquilo era felicidade. Não qualquer felicidade. Foi aquele tipo de felicidade que todo mundo tem alguma vez na vida. Completa. Não me faltava nada, não existiam buracos, feridas ou cicatrizes. Tudo que eu queria estava ali. Meu simples milagre de natal, pensei. E na sua simplicidade estava contida uma maravilhosa grandeza. Com os olhos um pouco marejados, olhei para e o beijei. Ele não entendeu. Mas me beijou mesmo assim. Quando me soltei dele, ele limpou a única lágrima que escorreu e perguntou:
- O que foi, meu amor?
- Nada. Só estou feliz.
Eu sorri e ele me abraçou.

apareceu alguns momentos depois, seu vestido era de um ombro só, preto e rosa. Eu disse que ela estava linda e ela retribuiu o elogio. ficou encarando as pernas de e eu ri por isso. e , de repente, entraram com pratos na mão. Encheram a mesa de comida depois de algumas idas até o apartamento. tirou algumas coisas do nosso forno e colocou na mesa. vestia um vestido rosa claro com um laço um pouco abaixo do peito e , que entrou com um prato de doce na mão um pouco depois, estava com um vestido vermelho, com alças um pouco grossas e a saia do vestido tinha babados. Depois que chegou com o último prato que tinha no forno do outro apartamento e pegou a torta de limão que fez especialmente para mim, todos se sentaram finalmente. Conversamos uns com os outros. Longas conversas de importâncias variadas. Discutimos desde música até Bob Esponja.
- Sabe de quem eu lembrei?
Eu disse e as meninas olharam para mim.
- Dan, Ludy e Gabriel.
Elas sorriram só de mencionar os nomes. Os meninos não entenderam e tivemos que explicar que eles eram a outra parte do nosso grupo, só que não falávamos com eles há um bom tempo.
- Amanhã a gente liga para desejar um bom fim de ano.
disse e nós concordamos.
- Soube que o Gabriel ficou rico. Na verdade, milionário. Comprou tudo que queria e mais um pouco.
disse nos fazendo rir só de lembrar o quanto ele queria ficar rico.
- É, Dan, virou diplomata. Da última vez que falei com ela, tinha voltado para o Brasil para resolver umas coisas e depois iria para a Suíça.
Eu disse, e os meninos disseram que eram para apresentá-los para ela , e que iam deixar a gente para casar com Dan por dinheiro. Receberam vários tapas com o comentário, mas é claro que rimos no final.
- E essa Ludy?
perguntou, curioso.
- Ludy está morando no Japão. Ela é webdesigner e ganha muito bem.
respondeu.
Engraçado como todos nós dizemos adeus para várias pessoas, e mesmo assim, algumas delas não se contentam e voltam sempre. E esse retorno delas significa que o adeus não é definitivo, e que a amizade é mais forte.
Já eram onze da noite quando começamos a cear. Comemos muito, mas sobrou bastante coisa. A neve caia impiedosamente lá fora e mal podíamos aguentar de tanta alegria de estarmos juntos.
Finalmente o relógio bateu meia-noite e como crianças sentamos no chão para abrir os presentes. Eu e as meninas fizemos uma vaquinha e compramos um Ipad para , que ficou radiante com o novo gadget. Eu ganhei dele um colar de prata e diamante, uma réplica do colar d'O Senhor dos Anéis, que pertencia a personagem Arwen, eu sufoquei ele de beijos, pois era realmente muito lindo. Todos compraram presentes para todos, e no final, ficamos felizes com tudo. Eram duas horas da manhã quando disse:
- Vamos até o telhado do prédio? Ver as luzes de Londres.
Todos nós pegamos nossos sobretudos, luvas e gorros. Colocamos e subimos as escadas que levavam até o telhado. colocou um tijolo que tinha perto da porta para segurá-la, senão ficaríamos presos. O chão do telhado estava coberto de neve o que dificultou um pouco para chegarmos até o parapeito.
Fiquei abraçada com que estava encostado no parapeito. Passamos algum tempo vendo as luzes natalinas de Londres que não se comparavam com nenhuma outra cidade.
Depois de um tempo, descemos para comer mais doce. E depois cada um foi para um quarto.
Guardamos só o que poderia estragar antes de ir. trancou a porta e abriu a camisa. Olhou para mim e arrastou o nariz no meu pescoço com as mãos na minha cintura. Coloquei os braços envolta de seu pescoço e ele me beijou lentamente. deslizou o zíper do meu vestido e tirou ele para mim. Eu abri suas calças e quando só restavam nossas peças íntimas ele me puxou para a cama. Tenho certeza que cada um dos casais teve um bom natal.

No dia seguinte a primeira cena que vi foi e se beijando no sofá. Primeira coisa que eu pensei: Ela nem mora aqui. Segunda coisa: Vieram comer. Terceira coisa: Tanto faz. E assim eu e nos sentamos nas cadeiras e tomamos café. Minutos depois chegaram o resto das pessoas.
Os dias se passaram sem nada importante, e logo o reveillon havia chegado.
, e aproveitaram a idéia de e levaram as meninas para passar o reveillon com suas famílias. Na manhã do dia 31 eu já estava no carro de .
Passaríamos o dia inteiro com sua família. Me lembro de que assim que cheguei lá, minhas pernas não paravam de tremer até que riu do meu nervosismo e disse:
- Eles vão te amar. Eu tenho certeza.
Eu respirei fundo.
Todos foram muito agradáveis comigo e até o fim da noite eu e a mãe de já éramos amigas de longos anos. Eu passei muito tempo com sua irmã e sua mãe, e passou um tempo com seu pai.
Na virada, me beijou, e eu dormi lá na casa dele, onde seu antigo quarto ainda estava intocado. Vi seus brinquedos, mexi em tudo com . Ele até pegou uns brinquedos antigos que tinha esquecido e colocou no carro para levar para seu apartamento.
Fomos embora na tarde do dia seguinte e assim que entrei no carro, me olhou radiante e disse:
- Minha mãe me disse que você é a melhor namorada que eu já tive em toda a minha vida. E todos te adoraram.
Acho que foi uma das melhores notícias que já tinha recebido. Eu sorri e dei um selinho nele:
- Que bom! É uma ótima notícia. Comecei o ano com o pé direito.

Quando chegamos em casa, não encontramos ninguém. Só estávamos eu e , então aproveitamos o tempo sozinhos. Só de noite as meninas e os meninos chegaram. Desejamos um feliz ano novo para cada um e os meninos foram para seus apartamentos.
Na primeira semana do ano eu estava muito ocupada terminando projetos. Ganhei uma quantia boa naquela época do ano. e também estavam muito ocupadas e e viajaram uns tempos para um chalé. Eventualmente, saíamos com nossos namorados e eu me lembro que no dia em que e voltaram fomos até a Harrods fazer as primeiras compras do ano. Até os meninos acabaram comprando algo para eles, mesmo depois de reclamarem da nossa demora. Depois fomos almoçar no Covent Garden que, como sempre, estava cheio de gente.
- A gente podia comer em outro lugar não é?
pediu.
- Mas é a primeira vez que a gente vem aqui. Por favor, .
fez biquinho para amolecer o coração de , o que deu certo.
Depois de satisfeitos, disse que não poderíamos dizer que conhecíamos Londres sem ter ido até a Whispering Gallery, e eu amei a ideia. Eu e nos divertimos muito, por que a gente ficou muito tempo brincando lá. Eu falava uma coisa longe dele e perguntava se ele escutou. E ele o mesmo. e tiveram que nos arrastar.
Foi um dia muito produtivo porque conhecemos vários pontos famosos de Londres que estávamos enrolando para conhecer. No final, e nos disseram que queriam ir para a peça de teatro que estava passando no Globe, então fomos.

- Nossa, que dia cansativo.
Eu disse me jogando no sofá.
- Muito cansativo.
se jogou em cima de mim.
- Realmente.
se jogou em .
- Loucamente.
pulou na gente.
- Piedade.
Eu pedi, soterrada e rindo.
- Não!
Gritei quando também se jogou. Todos saíram de cima de mim, menos .
- Abusado.
- Sou um abusado que está muito cansado. Não vou levantar.
Ele disse.
- Diz que vai fazer greve de sexo que ele levanta rapidinho.
disse, e eu comecei a rir como todos.
- Que foi? Funciona com o .
Ela continuou e afirmou com a cabeça.
- Ela é bem má quando quer alguma coisa.
Ele disse.
- Pobre .
o abraçou.
- Mas eu disse isso quando você me abandonou para namorar essa megera. Você quebrou meu coração.
fazia uma voz afetada e cruzou as pernas, todos nós rimos.
- Mas, amor, eu estou com ela só porque ela é modelo. Você sabe que eu sou só seu.
entrou na brincadeira e abraçou de um jeito muito gay. Eu ri e disse:
- E nosso amor, ? Você me trai com a e com o ?
Fiz uma cara sofrida e disse:
- Já que você me trai abertamente, a gente não precisa mais esconder nosso amor, .
- E eu, ? E meu amor com o ?
disse.
Em meio de brincadeiras, todos nós passamos um tempo rindo. Depois os meninos começaram a perguntar várias coisas sobre o Brasil. Eles até arriscaram falar alguma coisa em português.
- Os melhores, na minha humilde opinião, foram o e o .
Eu disse. Elas concordaram, mas disseram que e não ficavam muito atrás.
- É verdade.
Eu concordei.

Eles dormiram conosco por estarem muito cansados. E no dia seguinte eu passei o dia inteiro no apartamento de . Num certo momento, ele virou para mim e cantarolou no meu ouvido, em um português enrolado, e mesmo assim, lindo:
-Eu te amo calado, como quem ouve uma sinfonia de silêncios e de luz. Nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som. Tem certas coisas que eu não sei dizer...
Olhei para ele, que sorria e que logo perguntou:
- E agora? Melhor?
Eu sorri e vi que ele tinha se esforçado para cantar em português e não respondi. Só beijei.
- Onde escutou isso?
- No seu iPod. Eu procurei a letra da música, vi a tradução e gostei. Quis cantar para você na sua língua. Eu queria te dar a sensação de lar... Eu sei que é idiota, mas... ah, sei lá.
Ele ficou vermelho, e eu beijei todas as partes de seu rosto e disse:
- Não é idiota, mas lar é onde o coração está. E meu coração está com você, . Desde que eu te vi. Mesmo com brigas, mesmo com nossos desencontros. Ele foi seu desde que te vi na Adam and Eve, distraído.
Ele me olhou muito sério. Passou o polegar na minha bochecha e me abraçou.
sussurrou:
- Eu te amo tanto. Você não imagina o quanto, garota. Você é a melhor coisa que me aconteceu, e eu nem sei o que eu fiz para te merecer. Eu te fiz chorar, te fiz me odiar e se pudesse me retratar, eu passaria a vida toda fazendo isso.
Eu o olhei e disse:
- Já se retratou, . Nada pode tirar você de mim. Nunca.
Ele sorriu para mim e disse:
- A gente prometeu. Você vai estar comigo, e eu estarei com você.
- Para sempre.
Eu decretei.


Capítulo 11 - Deixe-me nos salvar, eu acabei conosco. Posso sentir o sangue em minha boca, essa faca em meus pulmões. Eu matei nosso amor?
Clique AQUI para colocar a música do capítulo para carregar.


Eu não poderia estar mais feliz. Porém, um dia estava bem estranho quando todos nós estávamos juntos.
- Gente, temos que ir. , você vai querer ir também?
perguntou. Ela e as meninas iriam à Harrods por que estava procurando uma bolsa que ela tinha visto.
- Não, podem ir. Vou ficar aqui para garantir que os meninos não quebrem a casa.
Eu disse rindo. e estavam só assistindo enquanto e jogavam no novo X-Box 360 que todos nós juntamos dinheiro para comprar. Elas saíram pela porta e eu disse:
- Bom, qualquer coisa eu estou no meu quarto. Eu vou arrumar umas caixas.
Eles balançaram a cabeça e eu olhei para , mas ele olhou para outro lugar. Me senti mal, mas deixei isso para lá. Entrei no meu quarto e comecei a pegar as caixas. Sentei com as costas encostadas na porta e comecei a tirar as coisas de dentro.
Comecei pela caixa em que eu guardava as coisas que me deu. Vi uma foto que tiramos em frente ao London Eye. Estávamos nos beijando na foto e eu me lembrei que foi que tirou. Sorri e inconscientemente agarrei o pingente do colar que havia me dado de natal.
Continuei vendo fotos e lembranças e quando terminei de guardar tudo, passei para a caixa das meninas. Organizei tudo, e quando eu ia começar a organizar a caixa dos meninos, ouvi algo estranho. A voz de sussurrava num desespero e disse algo como:
- Shiu! Será que dá para ela ouvir de lá?
- Acho que não. Vamos falar bem baixo.
Escutei a voz de dizer. Apurei meus ouvidos, temendo o que poderia escutar.
- Fala logo, . Porque você está assim?
perguntou, e eu escutei suspirar. Levantei silenciosamente e encostei o ouvido na porta.
- A , . Eu encontrei com ela ontem e ...
- E ... o que houve, ?
perguntou.
- Ela me pediu de volta. E me beijou. E eu não consegui soltá-la.
disse com uma voz cansada.
- Mas... Como assim, ? Você dormiu com ela?
perguntou com uma voz urgente.
- Claro que não. Mas eu a beijei por algum tempo. Você sabe que eu, quando comecei a sair com a , eu não gostava dela. Quer dizer, não a amava. Só queria esquecer . Mas em pouco tempo eu passei a amá-la de uma forma que nunca amei. Eu daria minha vida pela da . E eu não sei o que eu faria se ela descobrisse o que fiz.
No momento em que terminou a frase, lágrimas já corriam livremente pelo meu rosto. Usada. Eu fui usada. Com a raiva me subindo a cabeça, abri a porta agressivamente e os dois me olharam assustados. Eu chorava, eu não estava me importando com isso. começou a se desesperar e a falar:
- . Eu sinto muito. Eu juro que não fiz por mal, eu errei e ...
Eu levantei a mão para que ele ficasse em silêncio e minhas lágrimas só aumentavam. Respirei fundo e na melhor voz que consegui projetar, ainda que minha voz estivesse embargada, eu disse:
- Eu era só um modo de esquecer a ? Você me usou?
Ele começou a falar, mas eu o mandei calar a boca mais uma vez e disse:
- Não responde. Eu não quero mais ouvir sua voz, . Você não gostava de mim. Eu era um jogo, um artifício.
Meu choro se tornou mais intenso e eu vi que e se aproximavam. Eles olharam para e pedindo uma explicação e escutei dizer que depois explicava. segurou meus braços e me fez o encarar:
- Eu te amo, . Olha para mim.
Eu olhei.
- Eu te amo. Eu juro que não fiz por mal. Não significou nada.
- E porque você não conseguiu soltá-la? , você não me ama. Você só tentou enterrar o seu amor pela e...
Minha voz já era um fiapo quando eu completei a frase:
- E me usou para isso.
Percebi que ele também estava chorando, e meu coração diminuiu. Aquilo me destruiu. Mas ele me machucou tanto que eu não senti muita piedade.
- Eu te amo.
Ele me abraçou.
- Não faz assim.
Nós dois chorávamos. Eu me soltei dele. Ele, limpando suas lágrimas disse para mim:
- Sinto muito.
Eu limpei as minhas também e disse:
- Sinto muito, sinto muito! É só isso que você diz. Como se apagasse as coisas. Você realmente acha que com duas palavras você pode apagar todo meu sofrimento? Grande ilusão. Você é mesmo um idiota que não sabe o que quer. Desde que a gente se conhece tudo o que você faz é me desejar. Eu não quero só desejo, , eu quero amor. Eu quero que você me ame. Eu quero que me ame pelo menos um pouco do tanto que eu te amo. Não.
Eu agitei a cabeça.
- Agora eu só quero que você suma. E por favor, leve suas desculpas com você.
Eu aumentei minha voz e quando ia voltar para o meu quarto, me puxou, me prensou na parede, beijou meus lábios e disse, desesperado e gritando:
- Diz para mim que você não me ama agora? , você não pode jogar todos os nossos sentimentos no lixo só porque eu errei uma vez. Você tem que me perdoar. Você precisa me perdoar.
Ele me chacoalhava e me abraçava. E eu só chorava. O buraco havia voltado. Engraçado como as coisas são. Toda sua alegria pode acabar em alguns minutos.
e puxaram dizendo:
- Dude, deixa ela pensar. Você também está com a cabeça quente, vai dar uma volta.
tentava se soltar dos braços deles, dizendo:
- , por favor.
Mas eu só balancei minha cabeça negativamente, e chorando eu entrei no meu quarto e tranquei a porta. Não me joguei na cama. Eu me sentei no chão, escorada na parede do canto e chorei tudo que tinha para chorar. Com a dor que eu sentia, eu achava que choraria por dias, talvez semanas. Eu tinha certeza que ele amava . Só a . Desde o início tudo que ele queria era esquecê-la. E com um encontro ele já tinha se descontrolado e beijado-a por muito tempo. Sentia-me usada, burra, traída. Por mais que eu tentasse vasculhar algum sentimento bom, eu não achava nenhum.

Dois dias depois, eu estava no quarto de com as meninas. Olheiras roxas eram bem visíveis, ainda mais na minha pele branca, e meu nariz constantemente vermelho pelos choros que às vezes vinham de repente. O colar de prata já não pendia no meu pescoço e sim em algum lugar debaixo da minha cama. Tudo tinha me abandonado exceto a tristeza. Eu estava deitada na cama e fazia carinho em mim.
- , você não pode continuar assim. Você tem que retomar sua vida. Eu sei que é recente, e que você ama muito o , mas você tem que seguir em frente.
dizia, pela milésima vez naquele dia. Eu não falava muito desde que havia brigado com e as meninas perceberam.
- É, . Hora de fazer essas olheiras sumirem.
disse.
- Não consigo dormir bem.
Eu disse olhando para um ponto fixo da parede.
- , olha só, você não pode sofrer assim. Você nunca foi de ficar muito tempo para baixo. Você sempre disse que a felicidade sempre tem que ser reconquistada, e agora está aí, tomada pela tristeza.
tentou me incentivar.
- Para você ver como as coisas são.
Me limitei a dizer.
Após um tempo em silêncio, falou:
- A é como Voldemort e o amor de vocês é como um unicórnio da Floresta Proibida no primeiro filme de Harry Potter, ela suga e mata o amor de vocês para ficar mais forte.
Se fez silêncio até eu começar a rir. Rir muito. Primeira vez que eu ria em quase 72 horas.
recebeu um pedala de mas logo disse:
- Pelo menos eu consegui fazê-la rir.
- Não por muito tempo.
disse quando viu que eu voltava a ficar séria.
- , por favor. Vamos até alguma loja, te encher de sapatos e bolsas.
disse, puxando meu braço.
- Podem ir.
Eu levantei e respirei fundo.
- Vão sem mim.
Fui até a cozinha e peguei sorvete. Me sentei no sofá e coloquei Harry Potter para rodar no DVD. As meninas vieram logo depois e sentaram junto comigo. Por mais incuráveis que sejam algumas cicatrizes, a amizade de alguém sempre nos alivia um pouco. E mesmo que tivesse me machucado, eu sabia que poderia contar com as meninas sempre.
- disse que brigou com .
disse no meio do filme e eu a encarei.
- Como assim?
- Já se resolveram, mas ralhou feio. teve que escutar muito.
- é um lindo.
Eu disse.
- Vou agradecer.
Continuei.
- Amanhã eu e as meninas vamos ao shopping pegar a encomenda que a fez. Você devia ir com a gente.
disse e eu olhei para ela.
- Não. Podem ir.
- Ok. Mas os meninos vão vir para cá, ok? A gente não quer você sozinha.
- Gente, eu não preciso de babá.
Eu disse.
- Eles são seus amigos e querem te fazer companhia.
finalizou e eu concordei.

No dia seguinte, acordei com os três pulando em cima de mim:
- Palhaços.
Eu sorri para eles.
- Viu, você fica muito mais bonita quando sorri.
disse e os outros concordaram me fazendo sorrir.
- Vocês são uns amores. Quero abraços.
Eles me abraçaram.
- Me sinto tão gay nesses momentos.
disse e nós rimos.
- Oun, eu amo vocês, meninos.
- A gente também ama você, .
disse e quando eles me soltaram do abraço, viram que meus olhos estavam marejados.
- Ah não. Não chora. A gente disse que te ama.
disse.
- Eu sei. É que eu não ‘to muito bem esses dias.
- A gente sabe.
me puxou para levantar.
Depois de atender as minhas necessidades matinais, eu sentei no sofá entre e , que me abraçou e disse:
- O que vamos fazer, hein?
- Não sei. Mas eu acho que vou ao Starbucks e já volto. Trago café para vocês também. Eu quero ir sozinha. Vou pensar.
Eu disse me levantando e indo ao quarto para colocar meu sobretudo, botas, gorro e luvas.
Quando voltei, ainda pude escutar falando enquanto eu saia do apartamento:
- Não demora.
- Ok.

Fui caminhando para a Starbucks mais próxima, onde eu conversei pela primeira vez com . Eu pensava que era impossível não relacionar tudo com ele. Sempre que olhava para qualquer coisa, era quem eu enxergava. Ele estava em todas as palavras, em todos os rostos. estava em toda música, em todo filme. Quando o nosso coração está partido, parece que o resto do corpo quer que ele quebre mais, por que até o nosso próprio corpo lembra a pessoa. estava preso no meu corpo. Seu cheiro, seu toque. Tudo. E a única coisa que eu queria era esquecer. Parecia tão fácil, mas era inacreditavelmente difícil. E doía. Como doía pensar nele com . Nele a tocando, beijando-a. Mesmo pensando que ele sempre fora dela, eu não achava que havia melhor pessoa para ele do que eu. E foi assim, prendendo o choro, que eu cheguei na Starbucks e dei de cara com . Mas ele não estava perto de mim. Ele estava lá dentro. Com uma mulher. E eles seguravam as mãos. franzia as sobrancelhas, seus olhos estavam com olheiras como os meus, e então soltou as mãos dela. Mas a mulher, quem eu supus ser , o beijou. E eu não pude ver mais nada por que saí correndo de volta para casa. E com a vista embaçada de lágrimas, quase fui atropelada. Voltei para a casa correndo e quando cheguei no elevador e me olhei no espelho vi o quão acabada eu estava. As olheiras ainda mais profundas, o nariz vermelho, o rosto molhado com lágrimas que ainda caiam.
Cheguei no apartamento, onde tocava uma música animada e os meninos dublavam ela, rindo.
Mas quando me viram, ficaram sérios e vieram para perto de mim.
- O que houve?
perguntou. Eu só conseguia chorar e chorar. Eles ficaram um pouco desesperados, provavelmente por que não deviam saber lidar com mulheres que estão chorando, então me sacudiu levemente e me fez olhar para ele:
- , responde, o que aconteceu?
- O ... Ele e a ... Se beijando... Na Starbucks.
Eu disse meio a soluços e vi o espanto em seus rostos.
- Você deve ter se confundido, . Não devia ser o .
disse, tentando me confortar.
- É. , o não tem saído de casa, ele está com olheiras mais profundas que as suas e não vive. Ele está sofrendo, assim como você.
me disse.
- Era o . Eu tenho certeza. Conheço cada centímetro de seu rosto.
Eu disse e recomecei a chorar.
- Ele sempre foi dela.
Eu me sentei no chão, na frente do sofá e os três sentaram perto e me abraçavam enquanto eu chorava. Uma música triste substituiu a que eles cantavam. E como eu disse, estava em todas as músicas.

If you, if you could return, don't let it burn, don't let it fade.
I'm sure I'm not being rude, but it's just your attitude,
It's tearing me apart, It's ruining everything.


Prestando atenção na música enquanto eu chorava, me identifiquei e isso me fez intensificar o choro.

I swore, I swore I would be true, and honey, so did you. So why were you holding her hand? Is that the way we stand?
Were you lying all the time? Was it just a game to you?



Uma dúvida constante reinava na minha cabeça esse tempo todo: estava mentindo o tempo todo? Ele simplesmente me usou, e depois voltou para . Foi tão simples para ele?
But I'm in so deep. You know I'm such a fool for you.
You got me wrapped around your finger, ah, ha, ha.
Do you have to let it linger? Do you have to, do you have to,
Do you have to let it linger?



Eu realmente era uma boba. era meu tudo, e eu sabia disso. Todas essas dúvidas me doíam. E chorar não era o suficiente. Eu era forte o suficiente para amar alguém, mas não para esquecer.
Oh, I thought the world of you.
I thought nothing could go wrong,
But I was wrong. I was wrong.
If you, if you could get by, trying not to lie,
Things wouldn't be so confused and I wouldn't feel so used,
But you always really knew, I just wanna be with you.



É, eu estava totalmente errada. Ele mentiu seu amor, e eu realmente estava confusa e me sentindo usada. A música se encaixava assustadoramente no momento que eu estava vivendo. Ele sempre soube que eu queria ficar com ele. Teria sido esse o erro? Ele viu que não precisava me amar para eu amá-lo e tirou proveito disso.
But I'm in so deep. You know I'm such a fool for you.
You got me wrapped around your finger, ah, ha, ha.
Do you have to let it linger? Do you have to, do you have to,
Do you have to let it linger?


- Vocês juram que não vão me abandonar?
Eu pedi chorando aos três no fim da música.
- Nunca.
- Juro.
Eu escutei eles falarem.
Passado alguns momentos, eu levantei, limpei minhas lágrimas e disse, ainda chorosa:
- Acho que é isso. Tenho que seguir em frente. Ele não me deu escolha.
Respirei fundo para conter as lágrimas e disse:
- É. Acho que sim.
me olhou pesaroso.


Contei o que tinha acontecido para as meninas e elas não acreditaram. Acho que ficaram com muita raiva por que quase choraram junto comigo. Elas me deram um abraço coletivo e saiu do quarto para fazer algo que não disse. Alguns minutos depois ela disse para mim:
- , o disse que foi no apartamento de para tirar essa história a limpo e ele contou um monte de coisas para o , inclusive que quem beijou ele foi a , e que ele a empurrou para trás, e disse que nunca mais iria vê-la, por que te amava. Ele disse que só foi se encontrar com ela por que tinha que mandar ela seguir a vida dela e nunca mais procurá-lo.
Eu fiquei em silêncio por alguns momentos até que disse:
- Eu não acredito nisso. Ele ama .
- , você não pode enclausurar sua mente nessa idéia. Você sabe muito bem que o não mente. Ele não consegue.
disse, certa do que falava.
- Claro que ele consegue. Ele consegue tão bem que a gente não percebeu que ele não me amava.
Eu disse teimosa.
- , não adianta a gente tentar te ajudar se você não quer se ajudar. Eu acho que você devia conversar com o . Uma hora você vai ter que fazer isso. aconselhou.
- Eu sei. Mas não agora. Eu só quero paz.
Eu disse.
- Eu quero ser feliz de novo. Mas essa tristeza parece não querer me abandonar.

- também está infeliz. Tem dias que ele nem sente fome. me disse. Os meninos passam alguns dias com ele, para se certificar que ele não faça mais nada estúpido.
disse fazendo carinho no meu cabelo.
- Sabe o que eu acho?
perguntou, e eu olhei para ela enquanto ela completava:
- Eu acho que concordo com a . Você precisa conversar com ele. E acho que você devia ir lá amanhã.
- Eu concordo e acho mais uma coisa. Acho que ele te ama de verdade.
disse.

Capítulo 12 - "O que é o amor? É desistir? Porque não foi assim que você me ensinou."

No dia seguinte eu coloquei minhas roupas de frio, prometi que não iria chorar na frente de e dirigi até o apartamento dele. A coragem ia se esvaindo conforme eu me aproximava do prédio. O porteiro, que já me conhecia, deixou-me entrar sem avisar e eu subi. No elevador, já me sentia impotente para conversar. Forcei-me a ser corajosa e bati na porta. O que vi era uma sombra do que era. Só havia a sombra de um sorriso, a sombra de um homem que antes era alegre. Ele estava acabado. E nele, eu me vi. Eu também estava acabada. - .

Ele disse, e por alguns segundos, senti que ele se animou. E por vê-lo, secretamente, eu também me senti um pouquinho mais feliz. Mas só de lembrar a cena dele beijando a felicidade esvaiu-se um pouco.
- , acho que a gente precisa conversar.
Eu falei depois de respirar fundo. abriu a porta me dando passagem e eu pude ver o estado de seu apartamento. Lixo por todo lado, pacotes de biscoito em cima da mesa de centro, algumas garrafas de tequila, latas de refrigerantes e cervejas espalhadas.
Depois de fechar a porta, disse:
- Erm, me desculpe pela bagunça.
E eu olhei para ele, concordando com a cabeça. puxou uma cadeira para mim e uma para ele. - Senta.
Ele disse e eu assim fiz.

Senti que não conseguiria falar. Vendo tão perto, eu desejei que tudo tivesse sido diferente, só queria beijá-lo e perdoar tudo. Mas eu não me permitia. Não podia deixá-lo brincar comigo, ele precisava resolver sua vida com para que eu pudesse ser feliz. Mesmo que isso significasse abrir mão de . Então disse olhando para ele:
- Eu vi você e a se beijando na Starbucks.
Ele passou a mão no rosto, e o cansaço que aparentava pareceu ter piorado. Quando voltou a olhar nos meu olhos, disse:
- , ela me beijou. E eu juro que a mandei seguir com a vida dela. , depois da primeira vez que ela pediu para me encontrar, não parou de me perseguir. Ela vinha aqui todos os dias desde que você terminou comigo. E eu a mandava ir embora, mas no dia seguinte ela voltava. Então eu marquei com ela na Starbucks, para dar um fim definitivo. Para dizer que eu te amava, e só você me importava. Ela me beijou para me perguntar depois se eu senti alguma coisa, e eu disse que não. Porque tudo que eu conseguia sentir era o seu gosto. Tudo que eu podia ver era você. Meu mundo agora gira em torno de você, , será que é tão difícil você entender isso?
Perdi o fôlego enquanto ele falava, o que sempre acontecia quando chegava perto de mim. Coisa tola de se confessar, mas era a pura verdade.
- , por que você me usou no começo?
A pergunta saiu da minha boca sem que eu percebesse e logo vi que havia soado infantil, ainda mais porque eu já estava segurando as lágrimas. Sua expressão se tornou mais infeliz, mas ele respondeu:
- Porque eu era um idiota. Eu achava que amava a , e eu amava. Mas esse amor acabou há tempos. Eu só estava inseguro e com medo. No final, era para mim um porto seguro, e eu me agarrei a isso. Então, achando que eu a amava, eu me... Me envolvi com você para ver se superava.
Algumas lágrimas teimosas deslizaram do meu rosto, mas me forcei a engolir o choro, e ele continuou:
- Mas em pouco tempo eu comecei a te amar, . É você quem eu quero. Eu te amo de verdade. Nenhum dos nossos momentos foram de amor fingido. Eu juro. Acredita em mim. Por favor.
tinha saído de cima da cadeira e se agachado perto de mim, segurando as minhas mãos em cima da minha coxa. Eu olhava para todos os lados, evitando olhar para ele. passou o polegar no meu rosto para limpar uma lágrima.
- Não sabe o quanto isso corta meu coração. Te ver sofrendo e chorando por minha culpa. Eu preciso de você, . E se você precisar um pouquinho de mim, me amar um pouquinho só e me perdoar, eu vou fazer tudo que eu posso para te proporcionar mil vezes mais sorrisos do que todas essas lágrimas.
Ele abraçou minhas pernas e as beijou subindo o beijo pelo meu braço, pescoço e quando chegou perto do meu rosto, arrastou o nariz na minha bochecha e disse:
- Por favor. Perdoa minha estupidez e acredite que eu te amo.
E arrastou o nariz no meu e nossos lábios se tocaram. Ele me beijou lentamente, mas quando recobrei meus sentidos, tive força para o empurrar e dizer:
- Me dá um tempo, . Vou voltar para casa, pensar e a gente vê o que faz.
Ele ficou decepcionado, pude perceber.
- Eu te amo.
me disse enquanto eu seguia para a saída.
- Quando eu ouvir você falar isso para mim eu quero saber que é real, que não é um jogo para você. Eu não quero palavras vazias, porque não é assim que funciona.
Eu disse mas ele me puxou pelo braço e disse sussurrando:
- É real. Você precisa acreditar.
- Vamos ver.
Eu disse por fim. A surpresa veio quando eu abri a porta, e uma mulher estava lá.
- Quem é você?
Eu perguntei.
- e você?
Ela respondeu, girando os olhos.
- ?
Eu virei e vi que parecia tão surpreso quanto eu.
- A mandou seguir a vida, não é, ?
Meus olhos transbordaram pela raiva que sentia, tanto de mim, por acreditar nele, quanto de Tom, porque continuava me ludibriando.
- , não vai. Espera, tudo que eu disse era verdade.
disse quando eu apertei o botão do elevador. Mas não entrei.
- zinho, essa que é a ?
disse com desgosto na voz. Senti vontade de quebrar ela ao meio.
- Cala a boca, . Não mandei você ir embora da minha vida?
se descontrolou.
- Não era assim antigamente. Você só se descontrolava na cama. Gritando o meu nome.
Ela disse, e eu tentei não imaginar a cena que ela descrevia.
- E agora você me dá o fora por causa dessa vadia?
Ela me olhou.
- Tão feinha. Achou ela na esquina, zinho? Porque lá que é o lugar de vadia. Lugar de mulher que rouba o homem das outras.
Dizendo isso, ela se aproximou e cuspiu na minha sandália. Era muito para mim. A raiva me subiu a cabeça e fiz questão de quase virar a cara de ao contrário quando meu tapa explodiu na cara dela. Ela olhou para mim, segurando a bochecha com raiva e tentou puxar meu cabelo, mas eu segurei o dela primeiro e disse:
- Não é assim que funciona comigo, escutou? Acha que pode me xingar e ganhar um troféu por causa disso? Não, não pode. Vai embora e deixa o em paz. Ele não te ama mais. E aprenda a ter mais respeito pelos outros. A única vadia aqui é você.
E soltei o cabelo dela. Óbvio que ela não se rendeu tão fácil e chutou minha canela com o sapato dela que, infelizmente, tinha a ponta fina. Senti muita dor, mas não demonstrei.
- Aproveita sua vadia, .
E ela finalmente correu para as escadas e desceu. Assim que ela saiu de vista me joguei no chão, na frente da porta de , segurando minha canela.
- Aquela piranha me chutou forte. Que dor. Desgraçada.
- Uau.
disse saindo do apartamento e se virando para me olhar.
- Uau.
Ele repetiu, eu olhei para ele, confusa.
- Eu estou sem palavras. Eu sei que eu não estou em posição para falar coisas desse tipo, mas eu tenho que falar. Você me deixou com tesão.
Eu não aguentei e comecei a rir.
- É. Você não está em posição para dizer isso, mas foi engraçado.
Ele sorriu e disse me estendendo a mão, eu a peguei e levantei enquanto ele falava:
- Vem, vamos cuidar dessa canela.
- Não, não. Eu... Eu vou para casa.
Eu disse tentando não colocar peso na canela direita.
- Mancando?
Ele perguntou, arqueando a sobrancelha.
- É. Daqui a pouco passa. Tchau, .
- Tchau, .
Eu entrei no elevador e por pouco quase olhei para trás.

Foi um problema dirigir com dor. Mas no final das contas, eu consegui. Voltei para o apartamento, e pulando numa perna só, entrei.
- O que houve, Saci?
me sacaneou em português, deixando os meninos, que estavam lá também, com cara de interrogação.
- Palhaça.
Disse também em português.
- Se vocês não perceberam, nós somos ingleses.
falou com uma voz explicativa enquanto pausava o filme.
- Jura?
ironizou.
- É que vocês não sabem quem é o Saci, mas ele anda numa perna só.
explicou.
- Ok. Depois da aula de cultura brasileira eu falo o que aconteceu lá e como eu ganhei o machucado.
- O te bateu?
tentou adivinhar e deu um tapinha no braço dele. Me joguei no sofá, ao lado de e contei palavra por palavra o que havia acontecido.

- Não acredito que você bateu nela. Eu te amo, .
disse, nos fazendo rir.
- Bati. Minha mão está doendo. Mas ela mereceu. Me xingou e tudo. Uma vaca.
Eu disse.
- Fez muito bem.
disse, me apoiando, e eu ri.
- Mas, trazendo para o lado sério, o que você vai fazer a respeito do , ?
perguntou enquanto acariciava seus cabelos. Eu suspirei e descansei minha cabeça no encosto do sofá.
- Não sei. Tudo o que ele disse parecia tão verdadeiro, e ele está sofrendo também. Mas eu tenho tanto medo de me enganar a respeito dele. Eu tenho medo que ela volte, que ele a ame, mesmo depois de tudo que ele me disse, e de tudo que aconteceu.
Eu passei a mão no meu rosto.
- Vou tomar um banho e tentar dormir.
Eles concordaram com a cabeça e voltaram a atenção para o filme pausado na televisão.

Assim que eu entrei no meu quarto e tranquei a porta, tirei minhas roupas e fui para o banheiro. Tomei banho, coloquei roupas quentes e me deitei na cama. Encarei o teto e minha mão inconscientemente tentou tocar o pingente do colar que havia me dado, mas não encontrou nada. Eu havia jogado ele em algum canto. Magoada, eu me lembro de ter lançado no chão. Assim que eu lembrei disso, comecei a engatinhar no chão do meu quarto, procurando. Por mais que eu tivesse procurado, não consegui achar. Desisti e voltei a deitar na cama.
Pela janela consegui ver a neve caindo. Comecei a pensar no que eu iria fazer. As dúvidas eram muitas, mas parecia estar sendo sincero.
. Ele não me deixava um segundo. Eu fechava os olhos e escutava a voz dele. Eu olhava para o espaço vazio da cama e lá estava ele. Eu fiquei ali, pensando no sorriso de , no jeito em que ele colocava meu cabelo atrás da orelha e fazia carinho no meu rosto. Do modo em que ele cantava para mim, do modo em que ele me fazia gargalhar. Eu o amava de verdade. E amor é sim uma agonia sem fim como dramatizava os poetas, mas eu não podia deixar de amá-lo. Pensei em desistir. Amor é desistir? Não, eu pensei, não pode ser. Amor é persistir. Mesmo que pareça impossível aguentar todas as dores. Amor é saber que elas valem a pena. É a mágica que restou depois de tudo. Amor não pode ser explicado com palavras, pois é um segredo que desabrocha no nosso coração. E eu sabia disso. E pensando em eu me vi abrindo a caixa em que guardava todas as coisas que ele havia me dado. A mesma caixa que eu jurei nunca mais abrir. E vendo nossas fotos abraçados, aos beijos, fazendo caretas, fantasiados, eu pude sentir ele me abraçando. E eu percebi, de uma vez por todas, o quanto eu sentia falta de sua companhia. Mesmo sem beijos, sem abraços, só de sua companhia. Lembrei que um dia minha mãe me ligou para dizer que um de nossos cachorros tinham morrido, e ficou acordado comigo a noite inteira porque eu chorava, e ele passou a noite me consolando e tentando me animar. Lembrei dos incontáveis beijos escondidos, das promessas feitas, do sonho do futuro compartilhado, das risadas. Lembrei do quanto ele me perturbava por que eu chorava vendo filmes. Minha vida se dividia entre antes e depois de . E mesmo sabendo disso, eu arrumei uma mochila, escrevi um bilhete para as meninas e saí escondida até o aeroporto.
Eu ia fugir das dúvidas, ia fugir de e principalmente ia fugir de mim e do meu tolo medo de ser feita de idiota.
Peguei um táxi, o que não era fácil quando era uma da manhã, e pedi para seguir para o Heathrow. Chegando lá eu olhei para o painel e vi que a maioria dos voos estavam atrasados pelo mau tempo. Fui até o lugar onde se comprava as passagens.
- Por favor, uma passagem para o próximo avião que for para...
Eu não sabia onde ir, então olhei para o globo terrestre que tinha em cima do balcão, fechei os olhos e rodei meu dedo pela Europa.
- Amsterdã.
Depois da burocracia necessária, fui comprar um café e voltei para o meu terminal. Sentei no banco, e tomando meu café, pensamentos me invadiram a cabeça. Eu pensava se estaria fazendo a coisa certa. Dizer adeus nunca foi meu forte, e eu duvido que algum dia ele se torne, então deixar tudo por um tempo era ridiculamente difícil para mim, mesmo sabendo que não era permanente.
Ainda mais porque eu não queria deixar a nossa história incompleta. A minha e de , eu digo.
Alguns minutos se passaram e meu celular tocou:
- Alô?
- ? Você é maluca? Volte já para casa! Escutei a voz de .

- Eu já avisei a todos, inclusive ao , e se você não voltar, a gente vai até onde você está. Provavelmente é o Heathrow.
Ela continuou.
- Vocês têm que me deixar ir. Por favor. Amo vocês.
- Não. , você precisa entender que fugir não vai funcionar. Você não vai ser mais feliz só por estar longe de . Não é assim que você vai resolver as coisas. Você é corajosa, fugir nunca fez parte do seu dicionário.
- As coisas mudam.
Eu disse, tentando me convencer que aquilo era certo.
- Volta, . Por favor.
Ela pediu.
- Eu amo vocês. De verdade.
Desliguei o celular.

O tempo passou muito lentamente, e eu acabei dormindo. Uma pessoa me cutucou exatamente às 5 da manhã para me avisar que o meu avião estava para partir. Agradeci e descobri que havia mudado de portão. Comecei a correr para o novo lugar.
Entreguei a minha passagem para o funcionário e segui para o avião. Subindo as escadas até o próprio, comecei a temer minha decisão, mas chacoalhei a cabeça e disse para mim mesma que precisava sumir um pouco.
Quando finalmente sentei no meu assento, uma aeromoça veio me oferecer qualquer coisa que eu não prestei atenção. As pessoas entravam e um velhinho se sentou do meu lado. Ele me cumprimentou e disse, puxando assunto:
- Vou para Amsterdã atrás do amor da minha vida.
Sorri largamente para ele e perguntei:
- Sua esposa?
Ele acenou com a cabeça.
- Há quarenta e três anos ela é tudo que eu enxergo. Você vai para Amsterdã por quê?
- Para...
Minha voz foi interrompida pela voz do capitão:
- Senhoras e senhores passageiros, peço desculpas pela notícia que trago, mas o avião só poderá partir daqui a meia hora. Não é necessário que saiam do avião.
- Parece que vamos ficar um tempo aqui, mas o que você dizia, criança?
- Bom, eu vou para Amsterdã para fugir do meu amor.
Eu disse com os olhos cheios de água.
- Mas não entendo.

Ele disse, confuso. Contei rapidamente a história inteira do que aconteceu, e no final ele sorria. Passou a mão na minha cabeça e disse: - Se permite um conselho de um velho.

Seu tom era de pedido de permissão e eu acenei com a cabeça.
- Pelo que você me contou e mais ainda pelo brilho nos seus olhos misturados com a amargura de suas lágrimas, você ama esse garoto. E ele também te ama. Se parece destruído como diz. Uma coisa que eu aprendi na vida foi que um amor não pode ser desperdiçado. Você não pode simplesmente desistir de amar, porque a falta de amor atrofia a gente. Creio que você sabe muito bem disso. Esse sabe que você está indo embora?
Eu sequei minhas lágrimas e balancei negativamente minha cabeça.
- Então finja que nunca foi. Volte para casa. Não é em Amsterdã que mora seu coração, é aqui em Londres. O medo que parece sentir não tem fundamentos. Você não precisa ter medo de se machucar, e sim, de não amar.
Eu pensei, pensei e pensei. Ele estava certo.
- Obrigado. Vou voltar. Qual é mesmo o seu nome?
Eu perguntei, pegando a minha mochila.
- Frederick. Frederick Hall.
Ele disse sorrindo. Beijei sua bochecha e agradeci:
- Obrigado por tudo, Sr. Hall. Mande lembranças para a Sra. Hall. Ela tem sorte de ter o senhor por perto.
Ele sorriu abertamente e eu saí correndo do avião. Comecei a correr muito rápido para a saída do Heathrow e chegando lá, sentei na calçada.
- O que eu faço?
Perguntei para mim mesma em voz alta. Até que eu ouvi alguém responder:
- Volta para mim.
Me levantei rapidamente, com o coração batendo tão rápido que parecia estar a beira de um ataque cardíaco. estava ali. Todo desarrumado. Deve ter saído correndo de casa quando o avisou.
- Achei que quando chegasse você já teria partido. Qual é o seu problema, garota? Fugir? Essa não é você. Cadê a que não desiste? Aquela que me ensinou a amar e a perseverar? Onde está a que sempre enfrentou tudo de cabeça erguida e brilho nos olhos? Ela ainda existe?
me questionava, franzindo as sobrancelhas. Parecia um pouco decepcionado, o que me fez perceber a estupidez que iria cometer se o deixasse.
- Existe. Ela está meio apagada, meio doente. Isso é o que acontece quando ela fica longe de quem ela ama. Ela descobriu que quando o coração dela quebra, dói em lugares que ela nem sabia que poderiam doer. E ela pede ao responsável por isso que a ajude a colar cada centímetro que ele quebrou.
Eu disse olhando sugestivamente para .
- Como assim?
perguntou e eu rolei os olhos.
- E o que é o lento do grupo.
- Você está me perdoando, me aceitando de volta?
Ele abriu um sorriso como eu nunca tinha visto.
- Só com uma condição.
Ele ficou sério de novo ao ouvir essas palavras.
- Você vai ter que me perdoar por não ter confiado na sua palavra e na sua promessa, vai ter que me ajudar a procurar o colar que você me deu, porque eu joguei ele em algum canto do meu quarto e vai ter que me beijar nesse exato segundo porque eu não aguento mais isso.
Vi ele rindo antes dele me puxar para perto, tirar a mecha de cabelo do meu rosto e me beijar. Ele me colocou no colo enquanto me beijava animadamente e eu disse entre o beijo:
- Seu apartamento.
Ele me colocou no chão e nós entramos no carro dele.
- Quer dizer que você perdeu o colar da Arwen?
Ele indagou, fingindo seriedade.
- Perdi. Nem adianta me olhar assim, eu só joguei no chão porque eu estava com muita raiva de você.
Eu disse, cruzando os braços.
- A gente vai achar.
Ele prometeu.

Chegando ao apartamento, ele me segurou pela cintura e disse olhando nos meus olhos:
- Eu te amo, .
- Eu também te amo, , e é melhor você nunca mais me fazer chorar.
Eu sorri.
- Nunca mais.
Ele disse.
levou-me para seu quarto e mais uma vez, e de uma vez por todas, me senti completa.

Capítulo 13 - "Todos conhecem o fim, não quero chegar lá querendo ter dado mais. Não acaba, até acabar, então como nós começamos?"
- Achei!

gritou depois de dez minutos engatinhando pelo quarto. Eu fui até ele, que segurava o colar na mão, e dei um selinho nele.
- Que bom! Onde estava?
- Atrás do criado-mudo, debaixo de um papel.
Ele levantou e me virou de costas. Pegou o colar e afastou meu cabelo da minha nuca para colocá-lo. Assim que prendeu, deu alguns beijos no meu pescoço e me virou de frente, me abraçando.
- Nunca mais tire, ok?
Ele pediu me olhando. Eu sorri e disse:
- Pode deixar.
me beijou, até que entrou correndo no quarto, nos fazendo encará-lo e disse:
- Eu e vamos morar juntos!
Na verdade ele gritou e fez uma dança esquisita, eu ri e pulei no colo dele:
- Parabéns!
Saí de seu colo e ele agradeceu.
- Então, ela vai se mudar para o seu apartamento?
perguntou.
- Vai sim.
Ele respondeu enquanto caminhávamos para a sala, onde o resto do grupo estava.
- Quer dizer que a vai morar sozinha?
Eu perguntei.
- Não. vai morar comigo.
respondeu indiferente. Eu olhei atônita para .
- E eu vou morar sozinha?
Ela, também indiferente, disse:
- Não, você vai morar com .
- Morar com ? Como assim? Ele nunca falou isso, vocês todos estão escutando coisa? Ou sou eu que estou surda?
Eu falava e falava até que caiu a minha ficha e eu me virei para olhar , que sorriu e disse:
- Quer morar comigo?
Eu gargalhei e disse, olhando para os outros:
- Vocês já sabiam disso. Piranhos.
Eles riram e confirmaram com a cabeça.
- Claro que eu quero.
Olhei para .
- Mas de onde veio essa ideia?
Eu perguntei.
- É mais fácil a gente ir se acostumando a morar com o outro logo do que esperar a gente se casar para isso.
Ele respondeu num tom de simplicidade, como se estivesse comentando sobre o tempo.
- Casar?
- É. Daqui a alguns anos, quando eu achar um jeito de te pedir em casamento.
Eu olhei para os outros e eles sorriam também.
- Eu amo vocês.
Eu disse para eles, e então me virei para .
- Eu amo você.
Ele sorriu e me puxou para um abraço. Deu-me um beijo na testa e eu escutei falando:
- Já que está todo mundo se mudando, você não quer morar comigo não, ?
Ela sorriu, mas logo sua expressão era triste:
- Eu não posso abandonar a , .
- É por isso que ela vai morar comigo também, . disse, olhando para , que sorriu e confirmou com a cabeça.
- Então está tudo feito.
disse.
- e se mudam para o apartamento do , vem morar aqui comigo, vai morar no apartamento da e vai para o apartamento do .

Na semana que se seguiu, tudo já estava encaixotado e todas minhas caixas foram levadas para o apartamento de . Todos me ajudaram, assim como todos ajudaram cada um de nós em sua mudança. Demorou um pouco para todo mundo se ajeitar, mas conseguimos.
- Nossa casa.
disse se sentando com um pote imenso de pipoca do meu lado para ver o filme depois que toda as coisas já estavam arrumadas. Quando eu ia dar play no DVD, o meu celular tocou, vi o nome no visor e disse:
- .
Atendi o celular, e estava prestando atenção na conversa.
- Diga, .
- , vocês tem que vir aqui no apartamento urgentemente! Eu tenho uma notícia, só faltam vocês. e estão a caminho. Rápido!
A voz de estava tremida.
- Ok. Já estamos indo.
Eu desliguei.
- A gente tem que ir até o apartamento da . Ela tem uma notícia e parecia muito nervosa. Eu disse levantando e ele também.
- Deixa a pipoca aí em cima, cadê as chaves?
- Aqui.
Ele pegou e nós saímos correndo.


Chegando lá, e estavam abraçados no canto e ela estava com os olhos vermelhos. e estavam sentados no sofá e pareciam confusos, e e estavam no chão, tão confusos quanto os outros dois.
- O que aconteceu, gente?
Eu e sentamos no sofá, ao lado de e .
- Finalmente vocês chegaram. Agora conta logo, .
Todas as atenções estavam em e .
- A nossa família vai aumentar.
disse, e só entendemos quando suas mãos e as de desceram até a barriga de . Um momento de silêncio se fez até que soltou um grito, levantou e começou a pular:
- Vou ser tia!
Todos rimos e eu e levantamos e abraçamos a . Os caras abraçaram o e depois trocamos.
- Eu estou tão feliz por vocês. Esse bebê vai ter os melhores tios e tias que existem, a gente vai mimar tanto eles.
Eu disse, riu e falou:
- Vocês não vão nem encostar no meu filho, vão infectar a mente pura dele.
Rimos e disse:
- Filha.
Os meninos, é claro, disseram em uníssono:
- Filho.
E nós:
- Filha.
- Gêmeos.
disse por fim.
- Assim não tem briga.
Ela completou nos fazendo rir.

Epílogo - "Olhe dentro dos meus olhos porque o coração nunca mente."

Quatro anos depois.

Olhei-me no espelho e percebi que nunca tinha me sentido tão bonita como estava naquele momento. Sorri olhando o vestido Vera Wang que estava usando. Eu nunca estive tão feliz por usar um vestido, mas aquele era o vestido do meu casamento, certo?
Chequei minha maquiagem, meu cabelo e mais uma vez meu vestido e respirei fundo. Meu sorriso não podia estar maior, mas aumentou quando três meninas escandalosas entraram rindo, cada uma com um copo de champanhe na mão.
- É melhor o se cuidar senão eu te pego para mim. Você está tão linda vestida de noiva.
brincou e vi as duas outras concordando.
- Assim você me provoca demais, .
Eu disse rindo, mas pude ver nos olhos dela que estava prestes a chorar, assim como eu estava.
- , se você chorar vai arruinar minha maquiagem também.
Ela mordeu o lábio inferior, com os olhos cheios de lágrimas e acenou com a cabeça.
- Estou feliz por estar com você aqui.
disse e eu corri para abraçá-la.
- Eu estou feliz também.
e nos abraçaram também.
- Agora eu quero chorar também, vadias.
reclamou nos fazendo rir.
- Mas você não chorou nem no seu casamento.
disse.
- Chorou sim. Escondida dentro do banheiro no final da festa.
Eu revelei, nos soltamos, e me mandou um olhar de aborrecimento, mas logo riu.
- Não era para contar.
- Mas eu já sabia também. Você saiu com um rosto inchado e maquiagem borrada ué.
disse, dando de ombros.
- Chega de conversa fiada.
disse assim que abriu a porta.
- Nossa, , você está linda demais.
Ele me abraçou e eu agradeci. e entraram um pouco depois e avisou:
- está tendo problemas.
Meus olhos se arregalaram e eu perguntei:
- Ele não quer mais se casar?
- Não! Não é isso, .
gritou em resposta. Meu coração estava quase pulando para fora do meu peito, mas consegui me acalmar com sua resposta.
- Então o que é?
perguntou.
- Ele pediu para não contar, mas...
- , conte logo o que é.
Eu olhei ameaçadora e ele disse rapidamente:
- Ele não para de chorar.
Todos ficaram em silêncio até as risadas estridentes de e invadirem o quarto e todos nós rimos juntos. não existia. Crise de choro antes do casamento, só o .
- Eu não acredito. Que lindo.
Eu disse, me recuperando das gargalhadas.
- Pois é.
disse, com as mãos no bolso da calça.
- Vão consolar ele, e não digam que contaram para gente.
Eu mandei e eles acenaram com a cabeça, mas perguntou antes de sair:
- Amor, onde estão nossos filhos?
- Que mãe desnaturada, não sabe nem onde deixou a sua cria.
Eu disse fazendo e rirem e me mandar o dedo do meio e rir em seguida.
- Estão com os meus pais.
disse rindo e saiu do quarto.
- Eles pararam de chorar o tempo inteiro, não é?
perguntou.
- Pararam. Eles nos deixavam doidos, lembram?
- Lembramos.
respondeu.
- , quando você vai contar para o que está grávida?
perguntou e respondeu:
- Hoje. Depois da festa. Ele nem desconfia, mas acho que vai gostar da notícia.
- Claro que vai gostar, amiga. Imagina um zinho correndo por aí.
Eu disse e ela sorriu. abriu a porta e disse:
- Acho que é melhor nós irmos, . Já está na hora e nada de espiar o , porque eu sei que você está morrendo de curiosidade.
- Ok.
Eu ri, porque eu realmente estava morrendo de curiosidade para ver como ele estava. E de repente, a minha ficha caiu:
- Eu vou casar. Eu vou casar com o. Gente!
Eu me virei para eles.
- Eu vou ser .
Eu ri contente e elas me abraçaram mais uma vez.
- Vamos logo, futura Sra. .

A música começou e eu senti alguns flashes em minha direção assim que a porta da igreja abriu. Segurei-me para não chorar, mas estava sendo difícil. Eu sorri mais ainda quando prestei atenção na música que tinha escolhido para eu entrar na igreja: "All You Need Is Love" dos Beatles. Eu tinha confidenciado para ele em alguma das nossas conversas que quando eu era pequena gostaria de me casar ao som de 'All You Need Is Love'. Eu olhava para todos enquanto desfilava pelo tapete vermelho que me levava ao altar e sorria. Meu pai que me levava, e quando olhei para ele, vi que também segurava as lágrimas. Ele beijou minha testa quando chegamos e me entregou para , que me deu um beijo na bochecha e sussurrou para mim:
- Você está linda.
As lágrimas já eram impossíveis de se conter e eu disse:
- Você também. Eu te amo.
- Eu também te amo.
Ele disse, deu um daqueles sorrisos de lado que eu sempre gostei e me lembro de que olhei bem no fundo de seus olhos e vi que nós iríamos durar para sempre.

O tempo exerceu sua função e passou, e apesar das brigas, da quase separação de e , dos choros intermináveis dos bebês da e do - que eram gêmeos como disse que seriam -, dos momentos bêbados de e , das discussões idiotas minhas e do , a gente sabia que o amor era maior que todas as dificuldades.
Falar do amor e de toda sua infinidade de sentimentos mistos é muito difícil, porque não importa o quanto eu discurse sobre ele, nada vai abranger todas suas multiplicidades. Essa história é a minha, mas é de , de , de , de , de , e também, porque são parte de mim, e não me vejo sem eles. Essa história é sobre o amor e suas várias formas. e decidiram não se casar de papel passado por que disseram que não precisavam disso para se considerarem marido e mulher e e tiveram um menino lindo. E eu estou aqui, relembrando tudo, porque acabou de saber que também vai ser pai e foi chamar todo mundo para vir até aqui.
E eu não tenho mais medo, porque sei que estará aqui comigo, mas não vou dizer para você amar e não ter medo disso. Não preciso dizer, porque amar é ser destemido.



"This is the end but, baby, don't you cry"



N/a: Awwwn, a ‘Amar’ chegou ao fim! Ela já estava pronta quando comecei a mandar para o site, então já sofri tudo que tinha que sofrer de saudade HAHA Eu gostei tanto de escrever essa fic que não queria termina-la nunca (: Bom, eu quero agradecer a Lilá que começou betando a fic, a Mel que betou do capítulo 10 até o fim e a vocês que acompanharam a ‘Amar’, mesmo não tendo comentado haha. Quero agradecer a quem comentou também né! Obrigada, meninas. Bom, eu espero que a fic tenha sido divertida de ler, e que vocês tenham gostado realmente. Muitos beijos, Mari. @MariSc95 | Tumblr | Blog | Our Love Erases the Scars [fanfics/o/ourloveerasesthescars.html]

Nota da beta: Lembrando que qualquer erro encontrado na fic é meu e se puderem, me avisem por email, não usem a caixinha de comentários pra isso.
Mel

comments powered by Disqus