Autora: Grones | Beta-reader: Andy


Droga de trânsito! Eu precisando chegar em Londres logo e essa joça não anda... Tá certo falar assim é? Ah, é que eu estou tão nervosa, mas TÃO nervosa. Já se passaram três longos anos desde que eu fui embora, deixei tudo pra trás, meu namorado, meus amigos, minha casa e minha vida antiga. Pode dizer que eu fui corajosa, mas eu passei todo esse tempo pensando no quão burra eu havia sido, burra de deixar tanto pra trás pra seguir um sonho bobo de ser pianista em Nova York... Tinha valido muito a pena, mas não o bastante pra me afastar da , minha melhor amiga, do idiota do , do fofo do , do gatão imbecil do Harry e do meu namorado . É, não se passou um dia em que eu não sentisse a falta dele em especial...
O é simplesmente meu tudo, nos conhecemos quando ainda estávamos no colégio, na oitava série. Ele tinha sido um estúpido que me derrubou no chão e eu, claro, tirei satisfação como sempre:
- IDIOTA! Não olha por onde anda, não?
- EU sou o idiota, garota?
- É, quem mais seria?
- Você que tava parada aí que nem uma estátua!
- CALADO, SEU IMBECIL! A culpa foi toda sua e agora eu estou aqui toda quebrada.
- Para de ser dramática e de ficar gritando, sua escandalosa. Não sabe usar as pernas, é só levantar.
- Ah... Nossa, estou lisonjeada com o seu cavalheirismo, aliás, você só podia ser um CAVALO!
Eu sei que não foi o começo perfeito, mas depois de uns dias ele encostou no meu armário com um LP dos Ramones, dizendo que sentia muito e que tinha gastado uns cinco reais comprando aquilo no sebo. Nós rimos e nos tornamos amigos, depois de um tempo o amor foi crescendo, o modo como nós conhecíamos um ao outro, como parecia que nada conseguiria atingir a bolha em que nós vivíamos e como nossas mãos se encaixavam perfeitamente.
O jeito como eu fui embora, como eu o deixei, não foi bem "o término", eu não estou achando que ele esperou por mim, mas também não é como se ele tivesse me mandado pro inferno e dormido com todas as vadias de Londres (acredite, tem muitas) logo depois que eu botei os pés pra fora. Eu tinha feito a me prometer que iria cuidar dele e que o faria feliz até eu voltar.
A verdade? Eles não faziam ideia de que eu estava voltando, da ultima vez que me viram eu estava com uma calça jeans surrada, uma camiseta do Snow Patrol e com o cabelo curto e com mechas azuis... Acho que estava no mínimo diferente, né?
ROUPA. CABELO.
nota:(não, você não é a miley, ddr)

Avistei a placa indicando a rua certa a entrar, a rua da casa dos meninos... É, os quatro moravam juntos e tinham uma banda chamada McFLY, que por sinal tinham as melhores musicas que eu já tinha ouvido na vida, até melhores que as minhas melodias.
A casa era a mesma, eu reconheci assim que virei meu carro na rua tão conhecida, a pintura azul escuro e o portão branco. Parei na frente e desci esperançosa, como esperado o portãozinho estava aberto, caminhei até a porta e, ficando um pouco ansiosa e com medo de eles nem me reconhecerem, bati três vezes na porta marrom de madeira e ouvi vozes risonhas lá dentro.
- , amor, por que sempre EU que tenho que abrir a porta em? - ouvi uma voz familiar gritando e antes que pudesse sequer pensar a porta se abriu, revelando uma mulher de cabelos longos e negros, vestindo um short jeans desbotado, uma camiseta branca e o sorriso que estava em seu rosto foi sumindo aos poucos.
- ... - o sussurro saído de meus lábios foi de surpresa, e sentir os braços dela me abraçando logo depois desmanchou minha expressão pra uma de completa falsidade.
- ? Ai meu deus, que... O que você tá fazendo aqui? Eu... - ela dizia em lágrimas, sua voz soava desesperada, um desespero culpado... Deus...
- Eu que te pergunto – disse, quando ela me soltou.
- , ELE ROUBOU MEU SANDUICHE DE NOVO, VEM AQUI, AGORAAAA!!! - uma voz esganiçada gritou da sala (eu me lembrava direitinho aonde cada móvel ficava), eu reconheci de imediato e uma lágrima rolou do meu olho direito.
- ... - outro sussurro, mas dessa vez de dor...
- Entra, por favor - ouvi ela dizendo, e meus passos foram lentos e arrastados, eu estava morrendo de medo agora, mais do que nunca, porque risadas familiares encheram meus ouvidos e de repente eu avistei algo que fez meu coração dar uma boa encolhida.
estava sentado numa poltrona preta, com um pote de pipoca no colo rindo de alguma coisa na TV, Harry sentado no sofá de costas pra mim estava sem camisa, mastigando algo, do seu lado olhava pro seu prato vazio fazendo biquinho, também de costas pra mim, e a pessoa que eu mais temia ter que encarar, sentada num sofá de dois lugares, olhando fixamente pra TV também, sorrindo torto falando e eu nem prestei atenção... Ali, tão sorridente, com seus mesmos olhos de sempre, tão perto, mas tão longe...
Demorou uns dez segundos pra eu poder fazer a minha avaliação e sentir mais lágrimas escorrerem, até que olhasse em minha direção e parasse de sorrir, os outros fizeram o mesmo, mas eu já não enxergava, meus olhos estavam cheios de lágrimas e as minhas mãos foram até eles pra cessar a cachoeira.
- ...? - aquela voz tão doce e rouca resmungou do outro lado da sala e eu levantei meu rosto pra olhá-los.
- !!! - Harry foi o primeiro a sair do transe e vir me abraçar. Ah, que saudade dele, dude. Que saudade de quando nós todos fazíamos guerra de bola de neve e ele sempre me defendia...
- Harry. - Eu enterrei meu rosto em seu pescoço e chorei rios...
- Nossa... - Ele me soltou pra poder me encarar e notei que se posicionava atrás dele, quando sua mão tocou o ombro do Judd, ele se afastou e deixou se aproximar, não levou tempo algum pra ele me tirar do chão e meus braços envolverem seu pescoço.
- ! - eu gritei, chorando mais ainda.
- , sua vadia, quanto tempo! - ele disse, me botando de volta no chão.
- Sai ... - o afastou e deu um grito quando em encarou tão de perto, eu só sorri fraco e pulei nele.
- Ah, que saudade! - eu disse, vendo que o choro não cessaria tão cedo desse jeito.
- Não fala, , quanto tempo... - Ele se afastou só um pouco para que os outros pudessem me ver direito, mas eu não estava interessada em mais ninguém, só via a , o , o Harry, o e nada de quem eu realmente queria que tivesse me dizendo quanta falta eu havia feito.
Mas bastou o pensamento atingir minha cabeça, pra pessoa aparecer na roda, sorrindo tímido... Tímido?
Sem que eu percebesse, chegou perto dele e entrelaçou suas mãos...
Não consegui entender, por que diabos eles estavam de mãos dadas daquele jeito? Não de um jeito fraterno ou de um jeito amigável... Eles estavam como um casal? Oh meu deus... ", meu amor..."... Deus...
- ? - ouvi uma voz chamando ao longe e quando olhei pra percebi que meu devaneio tinha acertado em cheio o que não devia e mais uma vez, aquela lágrima sorrateira escapou de um dos meus olhos, rolando receosa pelo meu rosto, uma lágrima de compreendimento, um compreendimento que eu nem sabia que tinha, um compreendimento diferente de quando você descobre que está grávida ou que passou de ano, um compreendimento longe de ser promovida ou ver seus pais se separando... O meu compreendimento ardia fundo no peito, fazia meu coração se encolher como uma esponja torcendo água, meus pés doeram e o chão temeu em desmoronar e despencou diante de meus olhos, ninguém mais estava ali a não ser aquela lembrança que durante os últimos três anos tinham sido meu forte...
" - ... - ele disse perto do meu ouvido, e eu resmunguei me aconchegando mais em seu abraço, puxando a coberta pra cima.
- Eu... - minha voz saiu um pouco cansada e mantive os olhos fechados.
- Sabe, eu estava pensando que...
- Vá direto ao ponto, . - Eu ri dessa vez e ele também, nossos corpos nus tremiam com nossas risadas e eu sentia seu toque quente que me fazia arrepiar.
- Eu quero que você seja a Sra. . - soltou de uma vez o que tinha pra dizer e minha expressão devia ter sido muito estranha, uma mistura de surpresa, compreensão e alegria.
- Você quer? - Levantei minha cabeça pra poder encará-lo, seus olhos me encheram de uma calma inexplicável.
- Quero, demais, você não sabe o quanto. Não sabe o quanto eu quero poder acordar ao seu lado todos os dias, te chamar de que nem você faz comigo, ter filhos com você e...
Não deixei que ele terminasse, selei nossos lábios, sentindo o choro escorrer impiedoso e aquele pedaço mínimo que ainda faltava no meu coração finalmente estava lá..."

Será esse o pedaço que agora não era mais meu? Não... Não foi só ele a ser arrancado, cada parte de mim reclamou por eu ainda estar ali e meus olhos mais uma vez se focaram no enlace, até que eu vi uma coisa cintilando na mão esquerda de ... A mesma coisa cintilando na mão esquerda da ...
- O que... - o comentário escapou da minha boca sem que eu pudesse fazer nada. Todos me olharam com cara de quem está com pena. - Ah, eu... Tenho que...
- Espera - ouvi aquela voz tão conhecida, não pronunciada até agora, mas estava tão diferente. Não era mais o meu . - Espera... Eu acho que você precisa saber, .
- Não, me deixa em paz. - Eu olhei de soslaio pra ele, que havia soltado a mão da outra, e saí daquele lugar.
O meu carro pareceu, por instantes, muito distante. Logo que entrei nele, tranquei-o e liguei o rádio no último volume, não querendo ouvir nem meus pensamentos, pisei no acelerador e me movi pra longe dali, pra longe daquele inferno... Pra longe daquela pessoa que eu nem conhecia mais...

Acordei algumas horas depois de ter dormido, de ter sonhado que eu estava de volta pra neve de Londres... De fato estava. Não na neve, mas sim de volta a Londres... E acredite, depois do que aconteceu é onde eu menos queria estar.
Aquilo não parecia real, não parecia as pessoas que eu tinha conhecido, minha melhor amiga e meu namorado estavam MESMO casados? Como assim? Como eles fizeram isso comigo?
Claro... Eu não tinha tantas esperanças de que ele ficasse sentado numa varanda esperando por mim pra sempre, afinal eu fui embora durante três anos e... Mentira, eu queria que ele tivesse esperado, mas se ele tivesse apenas seguido em frente tudo bem, mas com a minha melhor amiga... Ela sabia, aliás, ela
sabe o quanto eu o amo. Ela sempre soube o tanto que ele significa pra mim, o amor, tudo... Teria acabado de uma hora pra outra pra ele? Na verdade não tinha sido de uma hora pra outra e sim três anos... Três anos. Por que eu os estou culpando? A filha da puta dessa história sou eu.

Me levantei lentamente e fui tomar um banho, tinha voltado a morar no AP em que vivia antes de ir embora, disseram que ainda era meu se quisesse e eu aceitei, amo esse lugar. É pequeno, aconchegante e com cores escuras, tudo que eu amo. É, sou meio dark. E ainda mais o fato de ter um piano na sala, eu gostava muito do que fazia pra viver e pra me sentir melhor, gostava de poder tocar qualquer música e de ouvir a melodia suave, relaxante nos meus ouvidos, era como se aquilo tocasse fundo num lugar que nem eu mesma conhecia, como se conseguisse alcançar todas as células do meu coração...
Depois de sair do chuveiro e tirar a maquiagem, prendi meu cabelo num coque mal feito e coloquei qualquer roupa .

Resolvi me sentar ao piano e tocar alguma coisa, antes mesmo que pudesse saber o que era, meus dedos já dançanvam Someone Like You:

I heard that you're settled down
(Eu ouvi dizer que você se aquietou)
That you found a girl and you're married now
(Que encontrou uma garota e está casado agora)
I heard that your dreams came true
(Ouvi que seus sonhos se tornaram realidade)
Guess she gave you things, I didn't give to you
(Acho que ela te deu coisas, que eu não dei)
Old friend
(Velho amigo)
Why are you so shy
(Por que você está tão tímido)
It ain't like you to hold back
(Não é como você ficar hesitando)
Or hide from the light
(Ou se esconder da luz)
I hate to turn up out of the blue uninvited
(Eu odeio aparecer do nada, sem ser convidada)
But I couldn't stay away, I couldn't fight it
(Mas eu não consegui ficar longe, não pude evitar)
I hoped you'd see my face and that you'd be reminded
(Eu esperava que você visse meu rosto e lembrasse)
That for me, it isn't over
(Que pra mim, ainda não acabou)
Never mind, I'll find someone like you
(Esquece, eu vou encontrar alguém como você)
I wish nothing but the best for you, too
(Eu desejo nada mais que o melhor pra você, também)
Don't forget me, I beg, I remember you said
(Não me esqueça, eu imploro, eu lembro que você disse)
Sometimes it lasts in love
(Algumas vezes o amor dura)
But sometimes it hurts instead
(Mas as vezes, ao contrario, ele fere)


- Sua voz continua linda. - Pensei que estava sonhando, imaginando aquela outra melodia aos meus ouvidos, frágeis e ridículos, aquele som...
- Não... Nunca foi. - Dei um sorriso fraco, ainda de costas e dei uma ultima teclada aguda, que continuou ecoando pela sala.
- Se não fosse, não teria saído em turnê durante três longos e malditos anos - disse, e sem me deixar fugir, apareceu ao meu lado. Eu não consegui evitar seu olhar quando ele pegou meu rosto pra que pudesse me encarar, seu toque... Ah, como eu sentia falta daquilo, e eu ainda era covardemente submissa a seus encantos.
- Eu tocava, não cantava - disse suavemente, tirando sua mão de onde estava e vendo ele se sentar ao piano do meu lado e começar a tocar o que eu havia parado há poucos segundos.

You'd know how the time flies
(Você sabe como o tempo voa)
Only yesterday was the time of our lives
(Ontem mesmo, foi a época de nossas vidas)
We were born and raised in a summery haze
(Nós fomos nascidos e crescidos numa brisa de verão)
Bound by the surprise of our glory days
(Limitados pela surpresa dos nossos dias de glória)


Ele cantava e meus olhos se enchiam de lágrimas, como sempre, nada que me impedisse de cantar com ele:

I hate to turn up out of the blue uninvited
(Eu odeio aparecer do nada, sem ser convidado)
But I couldn't stay away, I couldn't fight it
(Mas eu não pude ficar longe, não pude evitar)
I hoped you'd see my face and that you'd be reminded
(Eu esperava que você visse meu rosto, e se lembrasse)
That for me, it isn't over yet
(Que pra mim, ainda não acabou)
Never mind, I'll find someone like you
(Esquece, eu vou encontrar alguém como você)
I wish nothing but the best for you, too
(Eu dejeso nada além do melhor pra você, também)
Don't forget me, I beg, I remember you said
(Não me esqueça, eu imploro, eu lembro que você disse)
Sometimes it lasts in love
(As vezes o amor dura)
But sometimes it hurts instead, yeah
(Mas as vezes, ao contrario, ele fere)
Nothing compares, no worries or cares
(Nada se compara, não se preocupe ou se importe)
Regrets and mistakes they're memories made
(Arrependimentos e erros, são feitos de memória)
Who would have known how bitter-sweet this would taste
(Quem poderia ter adivinhado o gosto agridoce que isso seria)
Never mind, I'll find someone like you
(Esquece, eu vou encontrar alguém como você)
I wish nothing but the best for you, too
(Eu desejo nada além do melhor pra você, também)
Don't forget me, I beg, I remembered you said
(Não me esqueça, eu imploro, eu lembro que você disse)
Sometimes it lasts in love
(As vezes o amor dura)
But sometimes it hurts instead
(Mas as vezes, ao contrario, ele fere, yeah yeah)


Ao final da música, eu havia me esquecido de tudo o que estava acontecendo na minha vida, em como em questão de horas ela mudou completamente, em como eu achava que tinha algo, e afinal, não me pertencia... Não mais.
- ... - Senti seu dedo deter uma lágrima pronta pra escorrer e desviei imediatamente, me levantando dali.
- O que você quer aqui, ? - minha voz fria ecoou no ambiente habitado por dois seres que mal podiam se encarar e eu fui me sentar no sofá.
- Você ainda tem essas pantufas? Inacreditável. - Ele se sentou no sofá da frente, fazendo uma cara de deboche e aquele sorriso costumeiro dançou em seus lábios.
Aquele era o meu ... Meu... Ugh.
- Como você entrou...
- Eu te dei isso há uns cinco anos atrás, ainda serve?
- Não vai responder minhas perguntas? - indaguei nervosa, não com raiva, mas com receio.
- Argh, teimosa e rabugenta.
- Quando eu quero, eu sei ser – retruquei, vendo-o me olhar com cara de jogador de poker, saca?
- Eu ainda tenho a chave.
- Isso é errado, você deveria ter me devolvido no momento que se casou com a minha melhor amiga - vomitei as palavras em sua cara, e pela sua expressão, foram mais fortes do que se eu tivesse batido em sua face com uma cadeira.
- Eu posso explicar.
- Tenho certeza que pode começar pelo ato de filha da puteza que cometeram. - Eu o encarei, sofrida, sentia o ar entrar e sair com dificuldade.
- NÓS, É? QUEM É QUE FOI EMBORA? - ele gritava, seu jeito não era alterado como se ele fosse me bater ou algo, mas aquilo me deixou muito irritada.
- CLARO QUE EU FUI, SEU IMBECIL, FUI SEGUIR MEU SONHO, VOCÊ DISSE QUE TUDO BEM...
- E VOCÊ ACREDITOU?
- O QUE VOCÊ QUERIA QUE EU FIZESSE?
A esse ponto estavam os dois de pé, lados opostos, ardendo de tão vermelhos, gritando os pulmões pra fora.
- QUERIA QUE VOCÊ TIVESSE FICADO, QUERIA QUE VOCÊ TIVESSE LÁ QUANDO EU ACORDEI NO DIA SEGUINTE, QUERIA QUE VOCÊ TIVESSE LÁ NA NOSSA PRIMEIRA APRENSENTAÇÃO AO VIVO, QUERIA VOCÊ DO MEU LADO, ... Você - ele cuspia (literalmente) as palavras na minha cara, as veias em seu pescoço pulsavam e seus olhos ardiam.
- Você devia ter me falad...
- Não! Você deveria saber! - Evitando meu olhar, ele se sentou de volta e eu fiz o mesmo, só que do seu lado o mais afastada possível. Aos poucos foi se acalmando e relaxou, encostando a cabeça e fechando os olhos.
- Quando você foi embora, ela ficou aqui, ela disse que ia cuidar de mim quando eu saía tarde pra beber tentando afogar as mágoas que você deixou, ela me disse que não iria a lugar algum, ela ficou na primeira fila do show do McFLY, ela riu das minhas piadas idiotas quando eu esperava você dizer em meio a sua risada linda ", seu escroto, isso foi muito sem graça". Ela foi fazendo um curativo na cratera que você fez... Eu não vi acontecer, ela só me faz bem e quando eu vi estava colocando um anel em seu dedo, dizendo "sim" pra ela e "não" a espera que eu lembro muito bem de ter te prometido.
Facas... Facas encravadas, era isso que ele fazia. Afinal, eu era a culpada, eu havia sido a pessoa que abençoou o casamento dos dois, eu havia largado tudo que mais importava pra mim, havia jogado fora o que construí, o amor da minha vida...
Eu havia ido embora...
- Eu... - tentei dizer algo, mas não tinha nada a ser dito. - Eu não vou dizer que sinto muito, pois iria soar falso aos seus ouvidos.
- Hum, eu não quero que você sinta. Eu sei que você estava mais feliz lá...
- Feliz. Ugh, sabia que eu odeio essa palavra agora? - Ri sem graça alguma e ele, abrindo os olhos, finalmente fez o mesmo.
- E eu não lembrava do verdadeiro significado dela - não foi como se ele tivesse dito, foi como se ele tivesse pensado alto demais.
- Não fala assim, aposto que ser dono de casa deve ser maravilhoso. - Mais risada, e a cada qual tudo parecia ter relaxado.
- Você acha que eu não faço nada da vida, ? Pelo amor de deus, eu sou gerente de uma das lojas de instrumentos mais famosa desse bairro. - Ele bateu no peito e eu revirei os olhos.
- Como que um rockstar como você trabalha numa loja de instrumentos?
- Ah... Eu... O McFLY não existe mais... - sua voz soava como lamenta e eu fiquei realmente surpresa.
- Oh, por quê?
- Bem... Porque a acha que nós temos que levar a vida mais a sério. Acha que uma banda de rock não vai nos levar a nada.
- Então você desistiu do seu sonho?
- Não é como se fosse uma grande coisa também.
- AH, ISSO NÃO É VERDADE! - Eu me levantei imediatamente e comecei a dar uma de . - "Sabe, eu me imagino fazendo apresentações em Wembley, DVD's, autógrafos, fãs histéricas e muita, muita festa" - eu imitei ele, e no final dei uma de rockstar, fazendo meu solo final, arrancando uma gargalhada gostosa dele.
- Para, eu não acredito que você lembra disso. - Ele se levantou também e se aproximou.
- O que? Você disse que ia até escrever na parede pra não esquecer. - Soltei uma risada abafada e observei enquanto ele assentia, vindo em minha direção, passando seus braços em volta da minha cintura. Aquilo me deixou tonta e nossos olhos não se desgrudavam, e meus braços se limitaram a envolver sua cintura também, até que a música saiu de ambos:

Love of my life, you've hurted me, you broke my heart
And now you leave me
Love of my life, can't you see
Bring it back, bring it back
Don't take it away from me because you don't know
What it means to me


- Sabe... - ele começou a dizer, mas eu já não via nada, preferi ficar de olhos fechados, com medo de encará-lo, e deitei minha cabeça em seu peito. - Desde que você se foi, eu escuto essa música sempre e me lembro do seu sorriso; bobo, eu sei...
- Não - sussurrei contra o tecido de sua camiseta. - É...
- Fofo! - dissemos os dois ao mesmo tempo e começamos a rir.
- Você sempre sabe o que eu vou dizer.
- É, , nem sempre, eu não sabia o que você ia dizer quando foi embora...
- Pode parar de repetir isso, por favor. - Me afastei dele subitamente.
O silêncio reinou cruel e eu decidi que não podia mais aguentar isso, resolvi ir abrir a porta logo pra que ele saísse dali, eu não conseguia falar e não iria chorar na frente dele.
Entendendo meu pedido mudo, me deu uma ultima olhada e saiu, deixando que eu fechasse a porta e escorregasse ali mesmo, chorando.

- AAAAH, fala sério Peter, mas já? - reclamei com ele, que bufava e ria ao mesmo tempo do outro lado da linha. Peter era meu empresário, lindo, gato, gostoso, e gay.
- , sem mais, você vai nesse show e acabou.
- Peter, mas já é hoje há noite, que bosta viu – reclamei, procurando meu sapato em algum lugar da sala.
- Olha, eu não quero saber, você tem cinco horas pra achar o vestido perfeito e arrumar a bucha. Beijo e não me liga que tem um macho olhando pra mim... - aquela vozinha melosa dele sussurrou um "venk" e desligou o celular.
- Porra - gritei pro aparelho inanimado.
Teria que desmarcar com os garotos. Havia se passado uma semana desde que eu chegara aqui, , e Harry ficavam reclamando, dizendo que eu não dava as caras e que eles iriam arrombar a porta do meu AP se eu não fosse bater perna e almoçar com eles. Ótimo, agora eu enfrento as feras.
- Alô? ?
- EEEEEU, SEDUTORA! - ele brincou, o que só me fez sentir mais culpada.
- Ah, olha... Eu vou ter que desmarc...
- AAAAAAAH, sério? Bom... Quer dizer, não é bom, mas nós também íamos desmarcar.
- WHAT? WHY? - gritei eufórica.
- Porque temos um evento pra ir de última hora eeeee muitas coisas pra fazer.
- Evento?
- É, um evento beneficente, daí a namorada do Harry, a Izzy, vai tocar e tal, aí nós temos que ir.
- Espera... Aonde vai ser? Essa guria é por acaso da Escala?
- É SIM! Como você sabe?
- Aonde vai ser, ? - perguntei de novo, impaciente, não podia ser...
- Rusts Night [n/a: foi mal, mas to tão sem ideia, esse nome é inventado e ridículo].
- AAAAAAAAAAH, eu vou tocar lá hoje! - não soou como entusiasmo, mas como pânico. Claro, se os meninos estariam lá, as meninas também estariam, , Izzy, ... E bem... Ugh ugh ugh, os guys já haviam me apresentado as suas namoradas, eu gostei muito delas, de verdade, principalmente da , virou uma grande colega pra mim desde então.
- Ah, mentira... Isso é muito legal. Só não vá chamar mais atenção que nós - ele disse num tom brincalhão e eu ri.
- Ok, então acho que nos vemos lá, tenho que desligar e ir me...
- Espera, tem problema se eu disser pras meninas se arrumarem contigo? Eu não to afim de escutar a reclamando do vestido que ela acabou de escolhe...
- EU OUVI ISSO! - ouvi a voz dela do outro lado da linha e sorri, pensando no estado da situação naquela casa.
- ? , oi, é a , olha só, vem pra cá se arrumar com a gente... Quer dizer, a Izzy já deu no pé dizendo que ia se arrumar com o resto do grupo e tal... PARA DE DIZER QUE EU SOU HISTÉRICA, , EU NÃO SOU!!! Enfim...
- , vem aqui, eu não acho meu grampo verde... - ouvi uma voz tão conhecida ao longe e não pude deixar de estremecer.
- ... – sussurrei, tentando não deixar que ela ouvisse, mas pelo silêncio do outro lado da linha, ela provavelmente já havia percebido.
- Ah, erm, ...
- Não, tudo bem, até mais tarde, tchau. - Desliguei o aparelho sem esperar resposta e tentei impedir as lágrimas que se formaram de cair.
Claro que eu não podia interferir na vida deles desse jeito, eu era a intrusa, certo? Eu havia chegado de sopetão, depois de tanto tempo, depois de ela ter tomado meu lugar... Eu queria evitar esse pensamento desde o primeiro dia, mas não consegui, era essa a grande e cruel verdade, ela havia tomado meu lugar, tudo que era meu ela havia conquistado, meu namorado, meus amigos, meu lugar naquela família... Tudo. E eu nem podia sentir raiva dela, porque EU havia aberto caminho... Eu...
Senti o celular vibrando na minha mão, logo depois que o desliguei, e quando olhei no visor o nome "Harry Judd" estava em negrito gritando pra mim, mas resolvi não atendê-lo, ele já devia saber o que aconteceu e me ligava pra ver como eu estava "bom, péssima, obrigada" disse em pensamento e desliguei o telefone, não querendo ouvir mais aquele toque pelo resto da minha vida.

Algumas horas depois, eu já tinha ido buscar o vestido numa loja qualquer eu nem prestei atenção, não sou prepotente, só não estava com cabeça pra escolher o meu melhor vestido. Iria ser algo sofisticado, tipo Oscar (palavras do Peter), muita gente rica e com poder, querendo fazer "boas ações", ou seja, mulheres desfilando em roupas de grife, homens com ternos Dolce e nada de diversão. Ótimo!
Assim que entrei em casa, depois do meu passeio rápido e inútil, joguei a chave em cima do sofá e a bolsa também, indo direto pra geladeira pegar algo... Mas quando passei pela sala, notei que havia alguma coisa em cima do piano, e quando voltei pra ver estava um pacote grande com um bilhete pairando no topo do embrulho, dizendo: , eu sei que durante os últimos dias eu tenho sido o motivo do seu aborrecimento, mas eu sinto falta da nossa amizade e de como tudo era antes, por isso decidi te dar esse presente, espero que goste, beijos .
O QUE? ESPERA AÍ, WHATTHEFUQ? Ela me deu um presente?
Tremendo de surpresa, nervoso e indignação, abri o embrulho, que revelou meu vinho favorito e uma caixa de chocolates meio amargos, também meus favoritos. De uma a duas, ou ela estava sendo irônica e dizendo "engorda, sua depravada", ou ela estava me provocando, porque essa história de saudade de alguma forma soava falsa demais aos ouvidos.
Joguei a caixa de chocolates no lixo, com muita dor no peito e pedindo desculpas pro lindo pacote vermelho, mas manti a garrafa de vinho... Fui tomar banho pra esfriar a cabeça, demorei mais do que deveria, mas o cansaço estava demasiado forte nos meus ombros e digamos que depois dessa semana, eu não sou de ferro, se é que um dia eu já fui.
Depois de secar meus cabelos e fazer um baby-liss só nas mexas de cima (o que por sinal funcionou muito bem), me maquiei não exageradamente, passei uma base, corretivo e em seguida um pó-compacto, depois lápis, depois umas duas sombras esfumaçando as pálpebras, depois um delineador, rímel, contornei os lábios e passei um batom que os deixou mais cheios (se possível). Depois coloquei o vestido tomara que caia.

Puxei todo o cabelo pra cima e fiz um rabo de cavalo, deixando a parte de superior da cabeça com os fios meio desgrenhados... Olhei no espelho o resultado, e modéstia à parte, fiquei muito linda. É, eu prefiro assim, me arrumando sozinha, do meu jeito sem a loucura do cabeleireiro, do maquiador querendo me transformar num travesti, sem as outras mulheres dizendo como suas vidas são difíceis tendo que usar só dez dos onze cartões de créditos dos maridos, e pra completar, ainda sair de lá insatisfeita... Frustações a parte, uma voz chata no fundo da minha mente ficava me alfinetando, julgando-me, indagando como eu conseguia pensar em me arrumar, ficar bonita e ir num evento, enquanto o amor da minha vida estava casado com a minha melhor amiga? Na verdade, nem eu sabia de onde vinha tanta força, mas eu não ia ficar chorando pelos cantos e me cortando, falando all by myself, de como essa situação é triste, decadente.

(n/a: põe pra carregar ok? não brinca com isso, é a música mais importante da fic, não ouve um minuto sequer que ela não estivesse falando nessa história: http://www.youtube.com/watch?v=Ahha3Cqe_fk&ob=av3e quando for pra soltar eu falo)

Algum tempo mais tarde, me vi entrando na limusine, dizendo aonde o motorista tinha que me deixar e voltar pra me buscar quando eu ligasse. O caminho até lá foi difícil, o trânsito não dava trégua, e como se fosse pra me deixar mais irritada, quando por impulso eu decidi ligar meu celular, haviam 23 chamadas perdidas e cinco minutos depois ele começou a tocar, anunciando o Judd de novo. Revirei os olhos e apertei o vermelho, vendo que já estávamos em frente ao Rusts Night. Disse um obrigada trêmulo e desci do carro, andando fraca e sem confiança em cima do salto agulha, até que uma renca de flashes me atingiu bem no rosto e o famoso tapete vermelho, curto, mas ainda sim uma estrada de pequenos cacos de vidros que eu não queria enfrentar naquele momento. Sorri e acenei, muito brevemente ignorando as perguntas monótonas e entrando antes que socasse algum fotógrafo fdp.
O ambiente estava fresco e cheio, entupido até a boca de gente, a música What Makes You Beautiful, remixada, tocava ao fundo e a pista de dança, por incrível que pareça, não estava vazia, havia algumas crianças lá. Olhei em volta e não demorou muito pra eu sentir um mar de cabelos pretos e enrolados bloquear minha visão.
- ! - disse, me dando um abraço forte, que eu aceitei de bom grado. - Tudo bem com você?
- Tudo sim e você?
- Eu t...
- AH, ATÉ QUE ENFIM, QUE DEMORA! - mesmo com o barulho, não pude deixar de escutar aquela voz esganiçada.
- ... - assim que ela me abraçou, terminei a frase em seu cabelo curto, que cobriu meu rosto também.
- ? - ouvi dizendo e o abracei também, depois Harry chegou sorrindo e ele, confesso, eu abracei com mais vontade. O Judd sempre foi meu ombro amigo de primeira, nunca me faltou e sempre me protegeu.
- Foi mal por não te atender - falei ao seu ouvido.
- Tudo bem, eu te entendo.
- LALA, vamos pra mesa gente, o tá lá querendo comer e a Izzy já vai se apresentar. – , como sempre, botando ordem em tudo.
- Deixa ele comer, ué. – Sorri, dando o braço pra ela e o outro foi tomado pela .
- Não, porque se ele começa, ninguém mais come - disse, fazendo careta.
Andamos por meio daquele mundaréu de gente, até que chegamos ao lugar esperado e eu finalmente achei tudo que não queria. Além de , que se levantou pra me cumprimentar, e conversavam animadamente, até eu chegar e o clima ficar meio assim, insuportável. Quando eles se puseram de pé, vi que ambos estavam lindos, como deveriam estar.
Ela.

Ele, maravilhoso como sempre, usava calça social preta, uma camisa cinza e um colete da cor da calça, a camisa que tinha as mangas dobradas. Seu cabelo estava desarrumado de sempre, mas como só ele conseguia fazer. Ah, até o jeito como ele respirava, tudo me lembrava de que acima de tudo eu ainda tinha aquele desejo ávido por esse homem...
- , você está linda - Harry disse, quebrando o silêncio instalado entre nós.
- O que? Hm, ah, valeu, vocês todos também estão.
.
.

(n/a: me recuso a descrever os meninos, porque homem nem tem que se arrumar demais, só botar terno, então... haha so unfair)

- É amiga, arrasou. - me deu um cutucão e eu sorri fraco, olhando pra , que também sorria, só que de um jeito mais aberto.
- Vem gente, vamos sentar - disse sem graça e o fizemos, eu bem distante dos pombinhos, mas de um jeito discreto eu dava umas olhadas para , que as retribuía inseguro.
- E agora, é com grande prazer que dou as boas-vindas a Escala! - o "apresentador" disse e Harry até se levantou pra aplaudir, que fofo.
As meninas entraram e logo percebi que começaram a tocar Children, e eu amo essa música. O ritmo, a calma que aquilo me proporcionou por uns instantes, como me deixou pensar um pouco...
Como se mais ninguém estivesse ali, me levando pra Londres alguns anos atrás, uma imagem atingiu em cheio minha mente. Eu andava sozinha pela Baker Street (n/a: foi mal de novo, mas eu sou viciada nessa rua, prontofalei), o tempo estava nublado como todos dos dias, meus pés descalços me levavam até o 221b, percebi que estava usando um vestido branco e transparente e meu lábios se abriam num sorriso terno, assim que cheguei ao meu destino, a porta da casa se abriu...
- BRAVO, BRAVO! - ouvi gente gritando, e quando percebi a música já havia acabado, aplaudi na maior cara de pau e olhei pra Izzy, que vinha em nossa direção.
- Parabéns - dissemos em coro e ela sorriu, sentando ao lado do namorado.
Ficamos de conversa fiada por um bom tempo até que o cara pegou de novo o microfone e disse o que não devia.
- Agora, direto de sua mais recente turnê, ! - Fechei os olhos ao chamado e respirei fundo, vendo meus amigos fazerem caretas e me mandarem ir lá.
Na dificuldade, levantei e subi no palco, mas só quando segurei o microfone, vi que não havia piano no palco e que todos estavam esperando que eu... Cantasse? Fiquei totalmente perdida, sem saber o que fazer, até que meus olhos se cruzaram com os de e tudo o que cresceu dentro de mim falou mais alto, me deixando ver exatamente o que eu cantaria. A música que dizia tudo, que dizia por mim o que eu não sabia pronunciar. Dei uma corridinha rápida ao "dj" e pedi a melodia, só a melodia, a voz seria minha:

(n/a: solta a musica)

Summer after high school, when we first met
(No verão, depois do Ensino médio, no nosso primeiro encontro)
We'd make out in your Mustang
(Nós ficamos no seu Mustang)
to Radiohead
(Ao som de Radiohead)
And on my 18th birthday
(E no meu aniversário de 18 anos)
We got matching tattoos
(Fizemos tatuagens iguas)
Used to steal your parent's liquor and
(Costumavamos roubar o licor dos seus pais)
climb to the roof
(Ir até o telhado)
Talk about our future like we had
(Falar sobre nosso futuro, como se tivessemos)
a clue
(Uma dica)
Never planned that one day
(Nunca planejei que um dia)
I'd be losing you
(Eu te perderia)


Na última frase, meu olhos se encheram de lágrimas e foi como se a sala tivesse escurecido, só houvesse nós dois, ele também só olhava pra mim e a música falava por si mesma, precisei de força pra começar o refrão:

In another life, I would be your girl
(Em outra vida, eu seria sua garota)
We'd keep all our promises, be us
(Nós cumpririamos nossas promessas, seria nós)
against the world
(Contra o mundo)
In another life, I would make you stay
(Em outra vida, eu faria você ficar)
So I don't have to say you were
(Então eu não teria que dizer que você foi)
The one that got away
(Aquele que foi embora)
The one that got away
(Aquele que foi embora)


Soava como o contrário, eu havia ido embora, certo... Eu havia o deixado, mas ele havia deixado meu coração:

I was June and you were my
(Eu era June and você era meu)
Johnny Cash
(Johnny Cash)
Never one without the other,
(Nunca um sem o outro)
we made a pact
(Nós fizemos um pacto)
Sometimes when I miss you
(As vezes quando eu sinto sua falta)
I put those records on
(Eu coloco aqueles discos)
Someone said you had your
(Alguém disse que você teve)
tattoo removed
(Sua tatuagem removida)
Saw you downtown, singing the blues
(Viu você na cidade, cantando blues)
It's time to face the music
(É hora de enfrentar a música)
I'm no longer your muse
(Eu não mais sua musa)


Não, não era... E nunca mais seria:

In another life, I would be your girl
(Em outra vida, eu seria sua garota)
We'd keep all our promises, be us
(Nós cumpririamos nossas promessas, seria nós)
against the world
(Contra o mundo)
In another life, I would make you stay
(Em outra vida, eu faria você ficar)
So I don't have to say you were
(Então eu não teria que dizer que você foi)
The one that got away
(Aquele que foi embora)
The one that got away

The one
The one
The one
The one that got away

All this money can't buy me
(Todo esse dinheiro não pode me comprar)
a time machine, no
(Uma máquina do tempo, não)
Can't replace you with a
(Não posso substituir você com um)
million rings, no
(Milhão de anéis, não)
I should have told you what you
(Eu devia ter dito o que você)
meant to me, whoa
(Significava pra mim, whoa)
'Cause now I pay the price
(Porque agora eu pago o preço)


Eu dei de ombros, desistindo, e ele fechou os olhos, virando pro outro lado. Fechei os meus também, não aguentando a rejeição, e continuei a cantar:

In another life, I would be your girl
We'd keep all our promises, be us
against the world
In another life, I would make you stay
So I don't have to say you were the
one that got away
The one that got away

The one (the one)
The one (the one)
The one (the one)

In another life, I would make you stay
So I don't have to say you were the
one that got away
The one that got away


Assim que a música acabou, ouvi os aplausos ao longe e virei as costas, descendo os poucos degraus e fugindo dali, correndo para o lugar mais próximo para poder chorar, chorar em paz. Me tranquei no banheiro e me olhei no espelho, odiando o que via, a garota que não usava maquiagem, gostava de jeans velhos, camisetas de bandas, não estava mais ali, ela tinha dado lugar a uma mulher sofrida, doída e fraca... Fraca...
- , abre essa porta, por favor - ouvi chamando do outro lado da porta e hesitei um pouco, mas é como dizem, não deixe pra mais tarde o que você pode fazer agora.
Soltei o rabo de cavalo e deixei o cabelo cair pesado em meus ombros, indo destrancar o local e vendo ela entrar.
- A gente precisa conversar - disse hesitando.
- Sério? Agora você quer conversar.
- Não faz assim, nós somos amigas.
- SOMOS, É? Nossa, agora estou surpresa.
- , nós erámos como irmãs. O que aconteceu?
- O QUE...? AH, ESPERA, por onde eu começo, ah, já sei, FOI QUANDO VOCÊ ROUBOU O DE MIM! - pensei que ia chorar de ódio, mas nada saiu.
- VOCÊ DEIXOU ELE ÀS MOSCAS, , ELE ESTAVA MAL E EU AJUDEI.
- VOCÊ É MUITO HIPÓCRITA, , SAI DAQUI, SAI!!! - gritei mais forte e ela pareceu baixar a guarda.
- , eu não escolhi isso, eu não escolhi sentir o que eu sinto... Eu... Eu o amo.
- Que bom pra vocês, agora vá embora - minha voz saiu fria e sem sentimento, era exatamente como eu estava agora.
- Nós nunca mais vamos nos entender?
- Não , e já que você não vai sair daqui, eu vou. - Dei as costas pra ela, sentindo-me ficar mais forte. Eu não poderia fazer uma cena que nem a de poucos minutos atrás, eu teria que ser destemida e não deixar mais transparecer o quão podre eu estava por dentro.
Do lado de fora, me esperava de braços cruzados e com a sobrancelha levantada.
- Tá tudo bem contigo? - ela perguntou, se aproximando e passando um braço pelos meus ombros.
- Não, mas...
- Já entendi, seja forte amiga, porque ele é.
Assenti e achei que ela fosse me levar pra mesa de volta, mas nossos pés subiram os degraus do palco...
- Senhoras e senhores, minha amiga decidiu que vai dar a honra de cantar comigo uma música que eu adoro e ela também, então...
Olhei-a confusa, mas a guria logo esboçou um sorriso safado e eu sem saber o que fazer, ouvi ela cantando Pieces Of Me, da Ashlee Simpson.

On a Monday I am waiting,
(Na segunda, estou esperando)
Tuesday I am fading
(Na terça, estou desaparecendo)
And by Wednesday I can't sleep
(E na quarta, já não consigo dormir)


Ela cantou a primeira parte, me incentivando, e eu revirei os olhos antes de continuar:

Then the phone rings I hear you
(Então o telefone toca, eu ouço você)
And the darkness is a clear view
(E a escuridão, é uma visão clara)
'Cause you've come to rescue me
(Porque você veio me resgatar)
Fall with you I fall so fast
(Caio, com você eu caio tão fácil)
I can hardly catch my breath
(Eu mal consigo respirar)
I hope it lasts
(Eu espero que isso dure)


Juntas, cantamos o refrão, sorridentes:

Oh it seems like I can finally rest my head on something real
(Oh, parece que eu finalmente posso deitar minha cabeça em algo real)
I like the way that feels
(Eu gosto de sentir isso)
Oh it's as if you know me better than I ever knew myself
(Oh, é como se você me conhecesse melhor do que eu mesma)
I love how you can tell
(Eu amo como você pode descrever)
All the pieces, pieces, pieces of me
(Todos os pedaços, pedaços, pedaços de mim)


Até a música acabar, foi bem divertido, mas aí demos lugar pro equipamento do Dj que colocou pra tocar Try With Me, da Nicole, e nós duas rindo e recebendo aplausos da turma, voltamos a nos sentar. Notei que e não estavam mais lá, fiquei meio incomodada, mas logo o assunto fluiu e eu entrei nele.

- ESPERA, VOCÊ FEZ O QUE? - Harry me perguntou no dia seguinte, quando estávamos passeando pelo shopping, só eu e ele, tomando sorvetes e conversando sobre minha turnê e os dias que eu passei com o Bon Jovi.
- SIIIIIIM, roubei a boxer do Jon Bon Jovi, e daí? - Comecei a rir da cara de espanto que ele fez e continuamos andando distraidamente.
- E você ainda guarda ela?
- AHÁ, EU SABIA, VOCÊ QUER ELA NÉ... Pra que Judd, achei que você jogava em outro time, aimeldels... - Comecei remexer no meu sunday de chocolate, vendo que ele havia terminado o seu de morango.
- Cala a boca , eu só queria saber... Ok? - Ele fez uma cara engraçada, emburrado, e eu parei no meio do corredor meio vazio, virei de frente pra ele, passando a encará-lo no fundo dos olhos. - O que? Não vai sair contando por aí que eu...?
- Não, af, deixa de ser idiota Judd, é só... - fiz uma pausa, vendo que ele me encarava profundamente também. Aquilo não era desconfortante, como eu geralmente achava de ter alguém me encarando no fundo, fundo dos olhos; era calmo. Não como se fosse o , mas o Harry sempre foi meu melhor amigo, e a confiança que havia entre nós era meio que inexplicável. - Senti sua falta.
- Ah, , vem cá. - Ele jogou o pote do sunday num lixo ao nosso lado e me puxou pra um abraço, joguei meus braços em seu pescoço e sem perceber comecei a chorar, bem fraquinho, mas era um choro de tristeza, uma tristeza que eu tinha completa consciência de estar ali, mas não de soltá-la tão rapidamente. Era algo mais...
Permanente, como se ela tivesse criado raízes e fosse sendo retirada aos poucos, sempre haveria um pedaço sobrando pra me lembrar do resto.
- Harry... O que aconteceu? - formei aquela pergunta tão retórica e me livrei de seu aperto, olhando pra sua expressão de pena, e por mais que seja errado, aquilo não me incomodou.
- Você sabe, as pessoas mudam...
- Não, elas deixam de ser idiotas, e é isso que aconteceu, ele finalmente me esqueceu, e eu ainda fico...
- , me escuta, não foi nada disso. Ele só... Seguiu em frente. Você não estava aqui, ele pensava nisso todos os dias, chegamos a ficar preocupados achando que o estava numa fase meio "Bella", não saía mais com a gente, e quando saía não era com a gente, não dormia direito, não fazia a barba, e um dia encontrei ele chorando dizendo que você ia voltar... - tudo que ele dizia mais uma vez entrava como facadas no meu peito e parecia que pra Harry também não era tão fácil tocar nesse assunto.
- O que? Eu... Eu não achei que tinha sido tão grave assim...
- Mas foi, nós também não achamos que seria , afinal ele é o , ver ele triste é raro. Erramos. Nós só nos acostumamos a ver ele feliz porque você era a razão de tudo aquilo, e pode soar meio gay, mas eu nunca vi um sorriso tão verdadeiro saindo dos lábios dele desde o dia em que você voltou. Ele sorriu, , sorriu de novo, daquele jeito que ele só fazia quando tava contigo. - Sua pausa foi longa, como se ele próprio pudesse sentir o alívio de uma dor que se foi.
Não dissemos mais nada, não havia nada a ser dito, nada a perguntar ou a explicar, nada que fosse fazer o maldito tempo voltar. As coisas que eu ouvi naquela tarde me fizeram perceber três outras coisas. Primeira: Eu o amo e deveria ter ficado. Segundo: Ao partir, eu acabei com a vida de ambos. Terceiro: Não tem caminho de volta.

"Lembre-se, as escolhas que fazemos vão nos afetar para o resto de nossas vidas."

(n/a: Bom, vai a dica, daqui pra frente pode ouvir as musicas que quiser, mas vou botar alguns nomes aqui pra você ouvir elas, porque me marcaram bastante e daqui pra frente vais precisar. [broken arrow - pixie lott, into your arms - the maine, she left me - mcfly, same mistakes - one direction, wish I didn't know - the saturdays, you left me - the maine, nothing - the script, love of my life - queen, lie in the sound - trespassers william, I never told you - colbie caillat])

Acordei no dia seguinte me sentindo pior do que quando fui dormir, aquilo já estava me deixando muito irritada, todo esse sofrimento, pensar que eu fui a causadora, pensar que poderia ter evitado tanta dor de cabeça e corações partidos... Mas antes que pudesse concluir meu pensamento, a campainha tocou, e me arrastando com roupa inadequada eu fui atender a porta.
Cabelo desarrumado, bafo, mini short, top e cara amarrada, era assim que meu visitante me encontraria. Logo que girei a maçaneta e olhei pra quem estava do outro lado da passagem, não me importei mais com isso.
- ? - minha voz saiu fraca e preocupada.
- Hm, é... Posso entrar? - Ele passou a mão nos cabelos, nervoso.
- Erm... Claro, claro que pode. Eu vou trocar de roupa e já venho – falei, me afastando e só vi ele assentir e se sentar no sofá.
Corri pra dentro do quarto e fechei a porta. Fui no banheiro e lavei o rosto, escovei os dentes e de volta ao quarto, coloquei uma calça jeans, uma camiseta preta e um moletom azul escuro, prendi meu cabelo num rabo meio solto e voltei pra lá, ainda um pouco desnorteada.
ainda estava do mesmo jeito e aproveitei que sua atenção parecia ser tomada por algo aleatório e passei a observá-lo, como pouca coisa havia mudado, como seus traços eram os mesmos, só mais cansados, sua maneira de agir, até seu cheiro eu conseguia captar, e era ainda maravilhoso.
- ? - Ele virou, constatando que eu já estava ali há um tempo, e se encolheu no lugar, não receando, mas pedindo que eu me sentasse ao seu lado, o que eu fiz.
- Por que veio aqui?
- Porque... A gente precisa conversar sobre... A gente. - Ele deu de ombros e sorriu de lado, me fazendo perder o ar por uns instantes.
- Claro... Mas...
- Olha, o que aconteceu na noite do evento...
- Foi besteira, eu sei, não deveria ter te botado naquela situação.
- É, mas... , eu...
- Para de fazer pausas, , me diz o que tá se passando na sua cabecinha oca. - Sorri boba, vendo-o fechar os olhos, e como se novamente aquele imã estivesse ali, algo me puxou pra ele e eu me aproximei, fazendo carinho em seus cabelos.
- Eu senti tanto a sua falta - sua voz era um sussurro, e eu assenti, mesmo que ele não visse.
- Eu também senti tanto a sua falta, todos os dias, todos eles você não saiu da minha mente.
- Então por que você não voltou? Será que dá pra você imaginar o quanto eu sofri? Dias eu passei , tentando aceitar que aquilo era o melhor pra você, mas se dizia me amar tanto, como que o melhor pra você não era ao meu lado?
- Eu imagino sim, porque eu estou passando por isso agora. Soa egoísta? Sim, mas é a grande verdade. Eu não suporto te ver tão distante...
- Põe de uma vez por todas na sua cabeça que eu não fui a lugar nenhum, eu estou aqui , só você não vê. - Ele abriu os olhos e segurou minha duas mãos entre as suas, me encarando.
- Algo meio que embaça minha visão. - Toquei de leve no conteúdo dourado em sua mão esquerda e ele suspirou.
- Ah...
- Shiu, não fala nada, por favor. Sabe, eu passei tanto tempo sentindo sua falta, pensando que se talvez eu voltasse poderíamos continuar, poderíamos recomeçar, e quando eu vi que você tinha seguido em frente e eu não, e mais, com a ? Aquilo me destruiu , em um minuto tudo foi por água abaixo, eu sinto o que você um dia sentiu...
- O que eu ainda sinto. Porque agora vendo você aqui e não poder te tocar, te beijar... Eu morro por dentro.
- Não fala assim... - implorei, sim implorei, porque meus olhos ardiam, e se ele soubesse do meu esforço pra ficar onde eu estava, digo, parada a sua frente sem poder fazer o que eu queria.
[n/a: dica da Ana chata, vulgo EU, ouça Inside Of You do The Maine nessa parte, cola muitoooooo bem]
O silêncio inundou o ambiente e nós continuávamos nos encarando, até que ele começou a subir seus dedos de leve por meus braços, caminhando com eles tortuosamente por cima da blusa, assim que chegaram no meu pescoço e repousaram lá, tendo controle absoluto sobre mim.
Senti-me chegando mais perto dele, e não tinha jeito nem de mexer minhas próprias mãos, meus comandos eram descaradamente ignorados, menos as batidas do meu coração quebrando o silêncio entre nós e o mundo. Algo no modo como ele ainda me tocava, algo no jeito como ele caminhava com sua mão pelo meu rosto, me obrigando a fechar os olhos, como sua respiração se misturava a minha e o clima quente entre nós aumentava, como ele sabia os lugares certos, as palavras certas pra me fazer desistir.
ainda tocando de leve meu rosto, puxou-me pra perto sem que eu visse e lentamente colou nossos lábios.
Sabe quando você perde a cabeça? Por algum motivo se esquece completamente de quem é, acaba entrando num universo escuro e sombrio onde você não é você mesmo? Tem sempre algo que te puxa de volta e é aquele alívio de estar de novo na terra que eu senti na hora em que nos tocamos. Como se eu estivesse viva novamente, como se finalmente tudo fizesse sentido, tudo estava no lugar, tudo no seu ciclo natural... Como deveria ser.
Ele se endireitou no sofá e me puxou junto, fazendo-me sentar em seu colo, pondo uma perna de cada lado do seu corpo, tirou minha blusa de frio, deixando meus braços se enrolarem em seu pescoço, o beijo parecia estar nos decepcionando, mas ele logo pediu passagem com sua língua e eu dei, querendo sentir seu gosto novamente. Aquele gosto doce que eu conhecia tão bem, como era macio e perfeito o jeito que nossas bocas se misturavam, sentir sua língua dançar com a minha, suas mãos agarrarem firmemente minhas coxas e as apertarem sem medo, minha unhas arranhavam seu pescoço e puxavam seu cabelo, querendo mais proximidade. O beijo tirava o ar e devolvia a vida, a ambos, era como se quiséssemos nos engolir, seu toque subiu pra minha cintura, tentando levantar minha blusa...
- Ah... - gemi satisfeita. Suas mãos rijas no meu quadril deixavam rastros de arrepios por onde vinham, seus lábios macios nos meus era a melhor sensação do mundo, poder bagunçar seu cabelo, senti-lo tão... Meu.
Eu estava entregue e sabia onde aquilo iria acabar...
- ... Não... - tentei dizer entre o beijo, mas ele não me deixava, continuava mordendo minha boca e insistindo. - NÃO! - Afastei-me com todas as forças que não tinha e saí de seu colo rapidamente.
- ...? - ele falava confuso, com as mãos abanando.
- ... Não, ok? Eu não posso fazer isso. - O desespero tomou conta de mim de uma forma inesperada.
- Como não? Eu achei que você... - Ele se levantou e me assistiu pegar a blusa apressadamente, o que não estava fazendo muito bem, pois passei o braço esquerdo pelo buraco direito... - Que você ainda me amasse.
- E EU TE AMO, ESSE É O PROBLEMA , ESSE FOI O PROBLEMA QUANDO... QUANDO EU DESCOBRI, ESSE SEMPRE VAI SER O PROBLEMA, SEMPRE... VOCÊ NÃO ENTENDE? NÃO TEM SAÍDA! ELA TE AMA, VOCÊ A AMA... E EU SOU... - depois de gritar, aquela pausa não foi nem de longe dramática, foi só constatativa, uma coisa que eu não tinha parado pra pensar direito desde que cheguei. - Eu sou uma estranha. O silêncio de novo reinou e meus olhos em chamas e lacrimejantes encararam os seus tristes e infiéis, nada havia a ser dito, havia? Nunca houve, nós tentamos encontrar palavras pra nos desculpar, pra explicar o que aconteceu, pra justificar... Não havia uma justificativa...
- Tem uma saída, , tem que ter...
- Não... - Deixei as lágrimas caírem sem me preocupar, a hora que eu mais temia chegou. - Não tem uma razão, nem mesmo um argumento, nós nos perdemos , foi isso. Você foi em frente e eu parei, parei no meio do caminho, parei entre eu e você e minha carreira, fui estúpida e agora estou pagando o preço. Não tem nada que possa ser feito, você não é mais o meu e eu não sou mais sua e... E é assim que acaba. - A última palavra saiu dificilmente, foi como se ela estivesse se agarrando nas paredes da minha garganta, pedindo pra não ser libertada.
- Não fala assim... - Ele começou a chorar também e eu neguei antes que continuasse a falar.
- Acabou, ... Eu sinto muito.

Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria
Em estar vivo
Hoje eu preciso tomar um café
Ouvindo você suspirar
E dizendo que eu sou o causador da sua insônia
Que eu faço tudo errado sempre, sempre
Hoje preciso de você com qualquer humor, com qualquer sorriso
Hoje só tua presença vai me deixar feliz, só hoje...


- Não... - Ele se aproximou e eu me afastei.

É isso aí, como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa, quase sempre
É isso aí, os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua
E eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar... De te olhar...


- Você não entende, ? Uma vez que nós fizemos nossas escolhas, não tem volta – disse, sentindo o coração doer mais uma vez, como se alguém estivesse o espancando, esmagando-o e de alguma forma ele ainda lutava, lutava pelo quê?

Fecho os olhos pra não ver passar o tempo
Sinto falta de você
Anjo bom, amor perfeito no meu peito
Sem você não sei viver
Vem, que eu conto os dias, conto as horas pra te ver
Eu não consigo te esquecer
Cada minuto é muito tempo sem você, sem você...


- Não pode acabar assim, é você que não entende. , olha pra mim. - Dessa vez ele chegou até mim, não pude evitar e suas mãos me paralisaram, ele me tocou de novo e me olhou fundo nos olhos.

Então vem, que nos seus braços esse amor é uma canção
Eu não consigo te esquecer
Cada minuto é muito tempo sem você
Sem você...


- ...
- , desde que você partiu tudo mudou, sim é verdade, você escolheu que queria sair em turnê e eu escolhi te esperar. No meio do caminho eu mudei de ideia, porque de alguma forma algo... Alguém, por um momento pareceu curar o buraco que você havia feito, e isso foi passageiro, porque quando você entrou por aquela porta, quando eu olhei nos seus olhos, vi que ainda era a minha pequena... Minha .
- Não mais...
- É assim, sabe por quê? Porque eu não vou saber me acostumar, sem sua mão pra me acalmar, sem seu olhar pra me entender, sem seu carinho, amor, sem você. Então, vem me tirar da solidão, fazer feliz meu coração, já não importa quem errou o que passou, passou, então vem... - ele disse as palavras certas, e como se fosse possível a dor aumentou, porque eu percebi que não importavam as palavras certas, nada nunca curaria o buraco, nada nunca iria nos trazer de volta.
- Sabe como eu queria acreditar que é tão simples assim...
- Sabe como eu te amo?
- Sabe como eu te amo?

Às vezes a vida nos derruba quando menos esperamos, pode ser num gesto, numa palavra, num olhar, numa briga ou num desastre. Aquele momento oportuno ou inoportuno, ao achar aquela pessoa, você de repente começa a ver sentido em tudo, sorri ao pensar nela, viaja nas possibilidades e nos sonhos. O dia começa e você já abre os olhos pensando naquela pessoa. Você levanta e as horas torturam, até que chega o momento do dia em que vocês vão se encontrar, e antes de pisar fora de casa, seu coração da um pulo, uma cambalhota e o pensamento: O que eu vou dizer? E se eu parecer uma boba? Um bobo? E se ele começar a falar e eu congelar? E se ela sorrir e eu me perder no meio da fala? Ah, será que eu estou bonita? Será que eu passei o perfume certo?... Aquelas especulações, aquele medo bom que só ele te trás, aquele nervosismo que ela consegue implantar nos seus músculos. Quando ele diz seu nome, você esquece o porquê de estar ali, não é? Quando ela te abraça, você se sente completo? Ele fala com você e tudo que habita sua mente são as palavras que ele usou? Ela diz que te ama, qual é a sensação? E você, moça?
Aquela pessoa é única no mundo e você sabe disso, no começo lembra, quando a vida te derrubou? Ela fez isso, porque logo depois ela ia te mandar a mão amiga que ia fazer o desespero desaparecer. Não se engane, nós nunca sabemos ao certo o que é o melhor. Sim, eu sei que você perdeu noites de sono pensando nele e ele fez o mesmo... Ou não, ou vocês dois dormiram tranquilos esperando o amanhã, quem sabe? Quem sabe o que vai acontecer amanhã? Quem acredita no amanhã? Qual vai ser seu passo amanhã?

Essa história, desses dois, não teve nem de longe um final infeliz, nem final teve. Eles se amaram, eles se amam de um jeito incompreensível, de um jeito que faz um homem chorar e uma mulher esquecer dos seus princípios, faz o coração doer e a tristeza ir embora, também pode fazer ela voltar, não é egoísta porque acima de tudo eles pensaram em seu próprio amor, eles salvaram ele da melhor forma, deixando o outro ser feliz. "Como eles podem ser felizes separados?"
Sabe, se tem uma coisa que nós aprendemos ao longo de uma vida, ou de apenas alguns anos é que "As vezes quando a gente ama, tem que deixar ir... Se voltar é seu, se não voltar é porque é melhor assim."

I'm falling in love, but it's falling apart
I need to find my way back to the start
When we were in love
Things were better than they are
Let me back into... Into your arms
Into your arms...


Acho que não posso dizer que acabou...

N/A: Lá vem a chata da Ana... Eu sei, eu sei... Sou uma chata mesmo, mas só vou dizer uma coisinhas aqui porque não podia deixar de ressaltá-las. Graças a esses seres, a fic deu certo, muito obrigada: The Maine, pela You Left Me a Into Your Arms, essas letras me inspiraram muito quando eu tive que descrever a perda e a volta. One Direction, com Same Mistakes, me mostrando que a gente dá tantas voltas e isso não é necessário, sempre sabemos a resposta. McFly, com She Left Me, dizendo que aquele que vai embora dá uma razão muitas vezes não aceita pelo que fica. The Saturdays, por Wish I Didn't Know, arrependimento e regreção, impossivel né? Ana Carolina, É Isso Aí me ajudou muito no apego. Jota Quest, Só Hoje me fez sorrir e escrever aquela parte maravilhosa. Banda Trupe, o cover de Amor Perfeito que disse palavras que eu não consegui dizer. Colbie Caillat, I Never Told You falou comigo sabe, a letra casou com a história perfeitamente. One Tree Hill, seus ensinamentos eternos e sua trilha sonora. Queen, a música mais linda que eu já ouvi na minha vida Love Of My Life, fez até os personagens chorarem. The Script, meus bebês eternos, com Nothing a música do cara que não acreditou no final e com a minha música favorita nesse universo The Man Who Can't Be Moved, essa música me deu forças e quem sabe não rende a continuação? Pixie, sempre com Broken Arrow... E por último as três que produziram as músicas que me acompanharam no "final" da história. Miley Cyrus, Take Me Along, a música do cara principal, dizendo "Can't you take me with you?", me tocou profundamente e faz parte dessa fic, com certeza. Demi Lovato, Give Your Heart A Break, me fez sorrir quando eu achei que não conseguiria acabar essa short e a razão de eu ter acordado querendo escrever essa fic, Katy Perry, The One That Got Away... Me fez chorar com o clipe e com a música, a história gira em torno dessa música e ela fala com quem lê.
É isso, foi mal o tamanho, mas é... Obrigada por quem leu, o que eu duvido que vá acontecer porque é meio melosa a fic. Mas eu tenho o maior orgulho dela, porque *segredo* eu a escrevi com meus próprios sentimentos, muito mais no final.
Ok, chega... HAHA, comentem em?

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Qualquer erro encontrado nessa fanfic é meu, então me avise por email. Obrigada.