As Seis Músicas da Minha Vida
Escrita por: Mah Medeiros.
Betada por: Rafaela C.


Eu estava sentado no camarim com os caras do meu lado, não estava querendo falar muito, não antes de entrar e ter que lembrar das coisas mais profundas e verdadeiras que aconteceram na minha vida. Tudo por causa de uma mulher, só uma. Eu não precisei de mais nenhuma outra mulher pra descobrir o que é viver feliz.
Sabe aquele programa de televisão de fofocas de famosos? Que eu odeio, só para você saber. Marrie Mania. Nome patético não é mesmo? Bem, Marrie me convidou para lembrar algumas coisas da . Eu topei. Afinal, eu acho que as pessoas tem que entender o que aconteceu com ela de verdade, não essas coisas que inventam sobre o ocorrido.
- Cara, você tá mesmo preparado pra isso? - falou do meu lado, colocando a mão no meu ombro. - Não faz nem um mês que isso aconteceu.
- Ah, eu estou bem. - Menti. - Eu acho que as pessoas tem que saber o que aconteceu de verdade com a . Afinal, não era só a gente que gostava dela. Ela tinha fans. - Sorri de lado, sem nenhum entusiasmo.
- E hoje, no Marrie Mania, teremos uma entrevista inédita com o do McFly, ! Ele vai contar um pouco mais da doce , ela arrumava os shows dos caras, ajudava nos álbuns e o principal: conquistou o coraçãozinho do nosso preferido. Ela conquistou várias meninas e meninos com seu jeito amigável e fofo de ser. Sempre presente em todas as conquistas do McFly foi uma peça importantíssima na história da banda! - Senti uma pontada no peito com as coisas que ela falou, me levantei e fui até a parte onde me guiaram, esperando que chamassem meu nome para que eu entrasse. - E agora, com vocês... ! - Ela falou e eu pude ouvir vários gritos escandalosos de meninas que estavam na platéia, eu sorri o mais convincente que pude e entrei no palco.
As formas quadradas e as cores entre laranja e amarelo estavam ofuscando meus olhos. Olhei para a platéia - e além de me perder em tantos flashes - sorri e acenei.
- Hey, ! - Marrie falou sorrindo, eu me sentei na poltrona preta oval do seu lado. Ela estava sorrindo, com seu enorme sorriso forçado olhando para mim. - Como você está?
- Eu acho que estou bem. - Sorri de lado e ela aumentou seu sorriso.
- Bem, primeiro eu quero pedir desculpas em nome de todos por ter chamado você aqui tão cedo.
- Ah, não tem problema, acho que está sendo até bom pra mim. Sair um pouco do meu apartamento, ver fãs... - elas gritaram e eu ri. - É, eu acho que estou me distraindo um pouco. - Marrie riu junto comigo.
- Bem, então vamos começar.
- Vamos. - Me endireitei na cadeira e ela continuou sorrindo.
As meninas que antes estavam em pé berrando meu nome, falando que me amavam e tudo se sentaram e abaixaram as câmeras. As três fileiras de cadeiras estavam lotadas até onde eu podia ver, sem contar com a parte de cima. Eu não sei se essas meninas estão aqui por mim ou pelo o que aconteceu.
- Como você conheceu a ? Existem várias versões para isso, certo? Mas, agora vamos saber a versão verdadeira.
- Bem... Eu e os caras tínhamos acabado de sair de um show em Londres... Ele estava bem cheio...

[Flashback]

Eu não sei o que era pior, essas meninas gritando e tentando arrancar minha alma com as mãos ou o fato de eu não querer comemorar como eu sempre comemoro com os caras. Sempre vamos a algum lugar, bebemos e comemos alguma fã gostosa. Não, hoje eu quero fazer diferente. Eu quero ir em outra cidadezinha, quero ver pessoas novas. Comemorar de um jeito bem diferente. Danny com certeza era o mais animado de todos os outros dois. Ele estava acenando para todos os lados, sorrindo, dando autógrafos e blá blá blá. Eu também não falo nada de mais porque eu nunca pensei que em algum dia na minha vida eu pudesse atrair tantas pessoas assim em um lugar só.
- Hei, caras. - falei perto deles tentando não gritar para as pessoas não escutarem, eles chegaram mais perto e então eu continuei. - Eu estava querendo ir em uma cidadezinha aqui perto hoje, mais só. Sabe... Eu não estou muito afim de comemorar com tantas pessoas. - levantou uma das sobrancelhas.
- Esse não é o que eu conheço. - Eu ri.
- Só quero ficar com um pouco mais de ar. Essas meninas estão me irritando.

Passei pela montanha de pessoas do nosso lado e entrei no meu carro, com várias meninas batendo nos vidros dele, quase fazendo eu atropelar elas tentando sair do estacionamento... Mas tudo bem. Liguei o carro e o aquecedor, passando pela movimentada Londres na minha frente.
Na verdade, eu não fazia idéia de onde estava indo. Eu não tinha muito dinheiro agora na careteira, e estava começando a ficar tarde. Passei pela entrada da cidade, agora eu não estava mais em Londres, estava a cominho de... Lugar nenhum?
Ah, é isso que eu quero... Um pouco de tranquilidade.
Pensei comigo mesmo procurando algum sinal de cidade perto de Londres. O relógio do carro marcava nove e cinquenta da noite.
Andei por uma estrada longa e escura sem nenhuma sinalização. Olhava para o céu e não havia nenhuma estrela, o tempo estava carregado, com certeza iria chover. Com o breu que estava lá fora, eu provavelmente não veria nada, atropelaria uma vaca que estava solta na pista, o carro capotaria e eu iria morrer.
Droga, nem fiz meu testamento. Só espero que o não roube aquele poster dos Beatles que eu tenho no meu quarto. Ele sempre teve tara naquele poster...
De repente... A luz! Um bar estava aberto. Tinha uma placa vermelha apontando para uma casinha feita de madeira, a porta estava fechada e o movimento de dentro era bem grande. Tinha um palco e duas pessoas em cima, sentadas. Uma mulher - muito linda - com um violão no colo, ela estava olhando para o cara que estava do lado dela. Acho que nunca vi um sorriso tão lindo e tão puxante. Eu aposto que se ela ficasse sorrindo por duas horas, eu ficaria olhando esse sorriso por duas horas. Tudo por dentro era de madeira também, tinha vários homens e algumas mulheres bebendo cervejas em canecas enormes. Tinha um bar também, com algumas marcas de cerveja iluminadas. O cara magricela com um bigode que estava atrás do bar, estava limpando uma caneca de cerveja conversando alguma coisa bem animada com uma morena bem bonita que estava usando uma blusa quadriculada e uma mini-saia jeans clara. Ela também estava sorrindo, mas o sorriso dela não era nem um poco puxante como o da mulher que estava sentada no palco.
As roupas dela também não eram nem um pouco diferente das demais lá dentro - pelo que eu conseguia olhar pelo vidro do carro. Uma saia jeans escura e rodada, com uma blusa pólo vermelha e uma bota de cano bem alto - que vai quase até o joelho - preta e de salto fino. Seus cabelos castanhos cumpridos estavam soltos, jogados para o lado esquerdo do corpo dela. Realmente, ela era linda.
Olhei pelo canto de olho para o relógio e era quase meia noite. Esse parecia o lugar mais adequado para eu comemorar o sucesso do show. Parecia bem animado e quente. Diferente do clima do lado de fora do carro.
Parei meu carro do lado de uma caminhonete vermelha, bem na frente do bar que eu ainda nem sabia o nome - pouco me importava, mas enfim.
Abri a porta do carro respirando aquele ar gelado que batia no meu rosto. Chegou a incomodar o nariz, mas eu estava pouco me importando com essa ardência. Entrei no bar e realmente estava quente lá dentro. Assim que abri a porta senti um calor passar por todas as partes do meu corpo, fazendo eu tirar meu casaco e colocar em cima de uma mesa perto da porta.

- E agora um inédita nossa. - A mulher com sorriso puxante falou em cima do palco olhando para todas as pessoas.
Eu pensei que quando o olhar dela encontrasse o meu eu não iria sentir nada. Afinal, é só mais uma mulher com um sorriso bonito entre as várias que existem em Londres. E eu nem estou em Londres! Sei lá onde estou agora. Em um bar no meio do nada? Mas enfim. Quando o olhar dela encontrou com o meu, ela parou e ficou me encarando, olhando nos meus olhos, eu não conseguia parar de encará-la também. Não sei se passaram segundos ou minutos, eu perdi a noção do tempo - uma coisa super gay que acontece com a gente em momentos gays da nossa vida. Ela depois de um tempo abriu um sorriso enorme, mas não parou de me encarar. Seria uma coisa completamente idiota se eu falasse que sorri porque ela sorriu? Bem, se for ou não, foi o que aconteceu. Tentei abrir o mesmo sorriso lindo dela, só que o meu, comparado ao dela, é um sorriso de um velho banguela.
Ele começou a tocar alguma coisa no violão que ela entregou pra ele.

1ª: THE KILL

música;

Ela segurava o microfone com as duas mãos, ela olhava para as pessoas e sorria enquanto cantava. O cara cantava com os olhos fechados tocando o violão, de vez em quando eles se olhavam e sorriam. Isso me fez pensar... Eles são namorados? Irmãos quem sabe...

música;

- Hey cara, esses dois aí são o que? - perguntei para o garçom que estava me servindo uma caneca de cerveja.
- Eles são amigos... Se conheceram aqui mesmo se eu não me engano. é nova na cidade. Vive viajando sabe, esse foi o seu paradeiro durante a semana. Mas já é sexta, acho que ela não fica aqui mais tempo que isso. Pelo menos foi o que ela falou ontem.

música;

- E pra onde ela vai? - perguntei olhando para ela, sei lá... Não conseguia desviar o olhar da boca dela. Do sorriso que ela dava algumas vezes.
- Ninguém sabe. Ela tem mais afinidade com o Greg e só. As pessoas falam que isso é mais que amizade. Mas eu duvido. Ela é fechada demais pra esse tipo de coisa. - ele deu de ombros.
- Parece que você sabe bastante coisas dela, não é? - Eu sorri.
- Uma mulher bonita e legal que nem ela? Quase todos daqui se interessaram. As pessoas querem saber mais coisas dela, fala pouco, é bonita... A mulher que todo mundo quer. - ele riu e eu acompanhei ele.

música;

Quando eles terminaram de cantar todos - e principalmente eu - aplaudimos. Eles se levantaram dos banquinhos que estavam postos para eles e se curvaram, acenaram e mandaram vários sorrisos para a platéia. Mais uma vez, nossos olhares se encontraram e ela sorriu. Meu sorriso de velho banguela fez ela rir. Eu não sei se foi o meu sorriso banguela ou o fato de eu não ter tirado os olhos dela nem quando conversava com o garçom.
E eu não sei porque isso está acontecendo comigo. É só uma mulher bonita, . Que idiota você é. Nunca ficou assim por pessoa nenhuma, vai ficar por uma mulher que descobriu o nome por outro cara? Isso está parecendo aqueles nerds de colégios, que se apaixonam pelas líderes de torcida que todos sabem os nomes. Patético. Não tenho mais outra palavra para descrever o que eu sou nesse momento: patético.

[/Flashback]

- Então, quer dizer que vocês ainda não se conheciam... Você soube o nome dela por um garçom, é isso? - Ela sorriu e eu ri.
- É... E eu tinha um certo bloqueio de saber as coisas por ela... Isso é porque eu ainda não te contei a primeira vez que a gente conversou. - Eu sorri. - Foi horrível. Eu parecia um idiota! - Ela riu.

[Flashback]

Deveria ser pra lá de três horas da manhã. Mas eu não estava cansado, com sono, ou alguma coisa mais que me impedisse de continuar bebendo e conversando com dois caras que estavam sentados no bar do meu lado, virando várias e várias canecas de cerveja, falando sobre futebol, carreira, mulheres, cervejas, caras idiotas que não sabiam chegar nelas - como eu estava sendo nesse exato momento - e coisa e tal. Nada de muito especial. Mas eles eram caras legais, dude! Eles conversavam pra caralho e tinham assuntos legais de conversar com pessoas que você nem se lembra o nome, hãm... Mais ou menos isso.
Um deles teve que ir em bora, ele estava dormindo no andar de cima desse bar. Tinha um tipo de pousada em cima. Parecia ser legal. Deveria ser ali que a estava dormindo esses dias.
O lugar do meu lado esquerdo ficou vazio, o cara que estava do meu lado se calou por causa de uma loira que se sentou do lado dele. E a lanterna humana foi ligada, lá estava eu com minha caneca de meio litro de cerveja pela metade olhando para o lado, enquanto o cara do meu lado estava comendo com os olhos a loira quase-bêbada que estava na frente dele.
Não, tudo bem. Eu estou legal. Quem disse que eu ligo em ser lanterna-humana consciência?
- Parece que você está só. - Oi, eu estou ouvindo vozes ou alguma mulher falou comigo?
Eu olhei para o lado e acho que por reflexo arregalei os olhos. É cara, estava falando comigo. E eu aqui, com essa cara e nerd mesmo, sem falar nada, babando no corpo dela. Isso não é coisa minha, de verdade. Eu nunca me comportei assim na frente de alguém. Isso é ridículo! Eu mesmo estou me irritando comigo mesmo. Sério!
- Ah... É-é... Estou. - Eu sorri. Ela se sentou do meu lado.
- Posso?
- Claro! - falei rápido e ela riu. - Show legal. - falei olhando para minha caneca de cerveja. Ela sorriu.
- Obrigada. Essa música foi eu e o Greg que escrevemos. - Ela deu de ombros.
- Greg... - Eu a olhei. - Seu namorado? - PÉSSIMA IDÉIA DE PERGUNTA! PÉSSIMA! VOCÊ É O QUE? UM IMBECIL? O mundo inteiro sabe que você não faz essa pergunta em menos de dois minutos de conversa! Ela nem sabe que você sabe o nome dela, cara!
- Greg? - Ela riu. - Ele tem idade para ser meu pai! Não, obrigada. Ele é meu colega de quarto aqui na Rock Light.
- Você divide quarto com um homem? - levantei uma das sobrancelhas e ela se virou, encostando as costas e os cotovelos na bancada atrás dela. Ela me olhou de lado e sorriu.
- Greg é um homem comportado.
- Eu não sei se me comportaria. - Falei baixo. O cu! Você é um idiota ! Por favor, cala essa sua boca. Já pensou se ela escuta isso? Já pensou? Ih, cara. Se fudeu. Acho que ela escutou sim. Ela começou a gargalhar.
- Eu esqueci isso. - Coloquei a mão nos olhos e ri junto.
- Ah, foi mal. Eu acho que bebi demais. - Ótimo, agora ela pensa que você é um bêbado.
- Você fica assim com cerveja? - Ela gargalhou mais. Risada gostosa, admito, mas para de rir de mim poxa. - Você é fraco assim? Até eu que sou mulher bebo mais que isso e não fico bêbada. - Ela levantou uma das sobrancelhas e se sentou direito mais uma vez. - Bob, trás uma caneca aqui pra mim. - Eu ri.
- Eu não estou bêbado! - ela me olhou e levantou uma das sobrancelhas.
- "Eu acho que bebi demais". - ela falou em voz grossa e eu ri.
- Eu estou um pouco nervoso. - admiti. - Você não sabe quem eu sou? - Ela me olhou com a caneca de cerveja na mão, deu um gole enorme e deixou cair um pouco no decote. Eu não me atrevi a olhar quando ela abriu os olhos. Eu sorri. Ela sorriu junto.
- Deveria saber?
- De onde você é? - Dude, só porque ela não sabe que você é de uma banda de Londres? Que retardado.
- Eu sou do Brasil. - Ela falou dando outro gole na sua cerveja. Ela sorriu sem mostrar os dentes. - Por que?
- Me admira saber que ninguém aqui ainda veio louca pra cima de mim. - Eu ri baixo. - Eu também sou cantor.
- Eu não sou cantora. - Eu a olhei. - Eu só fiz isso hoje. É estranho. Não gostei. - Ela deu de ombros e tomou mais um gole da sua cerveja, estava quase na metade assim como a minha. Eu me perguntei quantas eu tinha bebido e quantas ela poderia beber. - Pronto. - ela colocou a caneca de cerveja em cima do balcão e sorriu. - Agora vamos ver quem vira mais rápido. - ela sorriu.
- Isso não tem graça com cerveja. - Ela riu.
- Mais é o que eu ainda posso pagar. - Ela aumentou seu sorriso. - Larga de ser frouxo cantor. - Ela levantou uma das sobrancelhas e eu ri.
- Um...
- Dois...
- Três! - falamos juntos e viramos a caneca de cerveja ao mesmo tempo.
Ela dava goles enormes e deixava escorrer um pouco para seu decote, e dessa vez eu me atrevi a olhar. E ela reparou, tanto que parou de beber - antes de mim - e começou a rir.
- Você roubou! Golpe baixo hein! - Falei sorrindo e ela gargalhou.
- O que eu fiz?
- Você deixou escorrer pro decote! Só porque você sabe que eu sou homem e veria! - Eu ri junto. - Não vale!
- Eu ganhei! Como prêmio, quero saber seu nome e onde está hospedado.
- Eu estou hospedado no meu carro durante esse resto de dia. - Eu ri ela sorriu. - E meu nome, é . . E a senhorita? Como posso chamá-lá? - Ela riu.
- . , senhor. - Ela sorriu.

[/Flashback]

- Ah que fofo! - Ela sorriu. - Mas... Você não se beijaram? Não rolou aquele amasso dos primeiros encontros de pessoas semi-bêbadas? - Ela sorriu.
- Na verdade nosso primeiro beijo foi bem mais tarde. Ela era difícil pra caramba! Acho que eu passei umas duas semanas pra conseguir um selinho se quer dela. - Ela sorriu.
- E tinha rolado climas, assim, sabe, de ficar um com o rosto bem perto do dela e tal? - Ela fazia gestos com a amão e eu sorri.
- Sim! Com certeza. Teve um dia que eu levei ela pra conhecer os caras, a gente quase se beijou... Se não fosse pelo ... - Eu o olhei pelo canto do olho e ele gargalhou.
- É! A culpa foi eternamente minha, até hoje ele briga comigo! - Ele falou alto para as pessoas ouvirem, algumas meninas riram e outras vaiaram. Eu ri.

[Flashback]

Eu e ela estávamos sentados no banco do meu carro. Ela como sempre estava linda, seus cabelos estavam presos em um rabo-de-cavalo frouxo, seus olhos estavam escondidos por causa do óculos escuros que ela estava usando por causa do sol que fazia esse dia. Ela estava usando um vestido de alças finas azul escuro bem curto, que deixava suas coxas a mostra. Era quase um pecado não olhar.

- Ah, eu não sei . Eles podem me achar estranha. E achar ainda mais estranho eu estar dormindo na sua casa sem ao menos ser sua namorada, parente ou coisa do tipo. Eles podem me achar uma puta! Ah, eu não vou. - Ela falou olhando para os caras parecendo macacos brincando na piscina, jogando água para todos os lados. estava brincando com , de jogar bola um pro outro. estava em cima de uma pedra que ficava na frente da piscina ameaçando pular. Eu olhei para eles e ri. Depois encarei ela.

2ª - NOTHING BUT A SONG.

- Acha mesmo que esses caras que estão aí fora não vão gostar de você? E você é minha amiga, tá na minha casa porque eu quero que você esteja. - Desliguei o carro e abri a porta. - Ah, qual é ? Vamos lá. Eles vão gostar de você, eu juro. - Ela me olhou e sorriu.
Ela abriu a porta do lado dela e saiu junto. Eu fui do lado dela e ela segurou meu braço com força. Eu primeiro pensei que ela estava fazendo aquilo por sacanagem, sei lá. Mais depois eu sorri e segurei na mão dela. Os caras estavam vendo a gente chegar e tentaram nos molhar, mas a gente foi mais pra longe e esse macacos com fantasias não conseguiram nos molhar. Arrá!
- Hey, dudes. Essa aqui é a . Aquela amiga que eu falei pra vocês.
- Trouxeram roupa de banho? - perguntou com os olhos um pouco fechados por causa do sol que batia neles. Ele sorriu para , ela sorriu de volta. - tinha razão. Seu sorriso é incrível! - Ele aumentou o sorriso e ela gargalhou.
- Não. A gente não trouxe roupa de banho não. - Falei jogando um olhar mortal para ele, que se encolheu na piscina molhando os cabelos.
- Ah, véi. Eu falei pra você trazer. - falou de cima da pedra olhando para baixo.
- É, eu sei. Mais tem uma coisa... Aqui é a casa do , com certeza tem roupas minhas aqui. A gente vive dormindo na casa do outro.
- Comentário gay. - e falaram juntos e depois riram.
Ela se soltou da minha mão e se sentou na berada da piscina, colocando os pés na água.
- Ai, tá fria! - Ela falou e riu, ameaçando molhar ela.
- Não se atreva! - Ela falou rindo.
e começaram a jogar água nela, e ela com a pequena tentativa inútil de não tentar se molhar, colocou a mão na frente. Todos eles estavam rindo - até mesmo eu.
E isso foi porque ela falou que eles não iam gostar dela, que iam achar ela um puta e tal. Pois é. Eu estou me sentindo uma mãe vendo seu filho ir para a primeira vez na escola. Eu estou meio gay hoje sim, algo contra pensamentos gays quando você está olhando a menina que você gosta? É... A menina que você gosta. Eu estou gostando da .
e agarraram as pernas pela e a puxaram para dentro da piscina. Além de rir bastante ela também bateu neles. depois que pulou da primeira vez ficava pulando que nem um idiota o tempo inteiro daquela pedra... Parecia uma criança. Na verdade, todos eles pareciam crianças. Menos eu, oi. Eu estava parado, de braços cruzados, só vendo eles. Observando, sei lá. Querendo guardar todas aquela memórias boas com ela pra contar para os nosso filhos.
Eu ri.
Filhos? Ah, qual é? Eu posso pensar em tudo, menos em filhos. E eu vou ter filhos quando tiver lá pros meus quarenta anos. Então espero ter boa memória até lá.

Depois de um tempo eles já estavam cansados e com fome. estava molhada e não tinha outra roupa para vestir. Mas eu tenho certeza que ela vai ficar bem gatinha com uma enorme roupa do enorme .
Ela saiu da piscina enrolada em uma toalha que tinha ali, tropeçando nas próprios pés e com os pêlos do braço em pé. Eu ri e abri os braços para que ela me abraçasse. Ela fez isso.
Mesmo estando gelada eu gostei do que ela fez. Aproveitou e até me esfriou um pouco, eu estava começando a ficar com calor de ver eles brincando na água fria e eu aqui, na sombra quente.
- Obrigada, . - Ela falou com o rosto abafado no meu pescoço. Eu não entendi.
- Pelo que? - eu falei fazendo carinhos pesados nas costas dela para esquentar o frio (que eu não sei de onde veio) dela.
- Por me dar amigos de verdade, por gostar de mim... Por ter entrado na minha vida sabe. Porque antes... Eu ficava em qualquer lugar, tinha só colegas... Mas você é mais que um amigo pra mim, ok? Você já é meu príncipe. - Eu senti as famosas borboletas no estômago, essas vadias estavam fazendo a festa dentro de mim. E meu coração estúpido também estava martelando no meu peito. Parecia que a qualquer momento ele iria sair pela minha boca.
- E você já é minha princesa. - Eu sorri.
Senti ela tirar o rosto do meu pescoço, em poucos segundos ela já estava com o rosto bem perto do meu. Eu estava olhando para baixo, só pelo fato dela ser alguns centímetros menor do que eu. Eu passei a mão em seus cabelos molhados tirando as mechas do rosto. Ela sorriu e também me encarava nos olhos.
- Obrigada. - Ela sussurrou.
Eu juro que senti a respiração dela se confundindo com a minha. Já não era mais possível saber de quem era qual respiração. O rosto dela foi ficando mais perto a cada segundo, antes parecia que estava bem perto, mais agora parecia que estava a mil metros de distância do meu. Ela encostou os nossos narizes e roçou sua boca na minha.
- ! - Era , ele estava com a boca cheia de salame e na mão estava com um pão. Com esse barulho ela deu um pulo para trás, agora sim, ficando a quase mil metros longe de mim. Ele colocou a mão livre na boca depois que viu a merda que tinha feito. Ela riu e olhou para o lado. - Ah, foi mal.
- O que você quer, ? - bufei e ela continuou olhando para o lado.
- É que a não tem roupas secas. Aí eu ia falar pra ela subir que o já separou uma roupa para ela usar. - Ele falou um pouco embolado por causa de estar com comida na boca. Ela olhou para mim e eu senti mais uma vez meu coração acelerar.
- É uma boa idéia. - Ela sorriu. - Onde fica o quarto do , Dannyzinho? - Ele gargalhou.
- Vem por aqui, Mazinhaa. - Eu bati a mão na testa e fechei os olhos. DOEU OK? Ah, merda. Eu estou apaixonado. Que coisa gay!

[/Flashback]

- Que coisa feia, ! - Marrie falou e ele gargalhou.
- Eu não sabia que eles estavam querendo se beijar! Eu jurava que eles já tinham até se comido. - Marrie riu.
- É, mais eu não fiz isso com ela. - péssimo comentário e em péssima hora.
- Você foi fofo.
- É... Eu já gostava dela. Na época eu não queria nem aceitar que eu estava apaixonado por ela, parecia que eu tinha medo disso. Eu nunca, nunca tinha sentido isso por menina nenhuma. Era estranho.
- E isso foi a quanto tempo atrás mesmo?
- Dois anos.
- Nossa! Pouquíssimo tempo.
- Bem pouco, tem razão.
- E qual era a coisa que você mais odiava nela?
- As manias, com certeza. Ela tinha uma mania de ficar estralando os dedos de dois em dois minutos. Isso me irritava bastante. Pra que ficar estralando os dedos esse tanto de tempo? - Ela riu. - Ah, é sério.
- E o que você mais gostava nela?
- O sorriso. Era puxante. Se ela sorrisse por quatro horas, eu juro que nessas quatro horas eu ficaria olhando pro sorriso dela.
- Você contou pra gente o quase-beijo. E como foi o beijo, o primeiro beijo com ela?
- Difícil. - Eu e a platéia rimos. Ela sorriu. - Eu estava já doido por ela... Tinha se passado três dias que ela tinha conhecido os caras... Eu resolvi chamar ela pra um jantar...

[Flashback]

3ª- WHEREVER YOU WILL

Quando eu pensei em jantar, eu estava querendo uma coisa romântica, em um lugar legal, não no meio do mato com uma vista pra água! E ainda mais comendo pizza.
Tá legal que é uma coisa divertida e tudo, mas poxa, não era assim que eu pensava.
Eu estava parado encostado no carro do lado de fora de casa. Ela ainda está na minha casa, só que claro, pra ter aquele charme, eu espero ela do lado de fora. Como se eu estivesse esperando ela sair da casa dela. As pessoas anormais me entendem.
Era quase dez horas. O cometa iria passar as dez e meia. Tá certo que mulher demora demais pra se arrumar, mais ela estava demorando demais. Não era uma coisa muito importante pra ela se arrumar demais. Uma calça jeans e uma blusinha de malha estava ótimo. Ela fica linda de qualquer jeito mesmo. Bem que ela podia usar uma roupinha menos sexy dessa vez, só pra eu poder curtir um pouco a paisagem... sei lá.
Depois de mais alguns minutos ela apareceu, ela estava com os cabelos soltos, um short roxo um pouco curto, All Star preto e uma regata branca. Esse tempo todo pra essa roupa? Ah, eu nunca vou entender, não tem nem como entender.
- Hei, como você demorou, princesa. - É, como você pode ver, depois daquele dia só nos chamamos de princesa e príncipe. Culpa dela!
- Ah, eu estava me arrumando. Não sabia que roupa usar. Você falou que era pra ser uma coisa bem simples... Então eu coloquei essa mesma. Mas e aí? Gostou?
- Tá linda. - Sorri de lado e coloquei as mãos em sua cintura, ela colocou os braços no meu pescoço e sorriu, eu aproximei nossos rostos mas ela virou o rosto olhando para o céu. Eu encostei a testa no queixo dela e suspirei.
- Calma, cowboy. A gente tem que ir logo antes que o céu fique escuro.
- Tá, vamos. - Eu sorri e soltei a cintura dela, ela foi toda saltitante para o outro lado do carro, entrando no banco do carona. Eu entrei no carro e logo fui acelerando para o lugar onde eu sempre ia quando estava emo.
A paisagem é linda, dá pra ver o céu bem legal de lá de cima. É um pouco distante de Londres, na verdade, é na estrada. Tem tipo um mirante, ninguém - que eu saiba - conhece esse lugar. Vai ver é porque você tem que passar por um matagal enorme pra achar o final do morro. Mas enfim.
Demorou um tempo até que a gente chegasse. O lugar estava do mesmo jeito que eu lembrava, poucas plantas e uma vista incrível para toda Londres e o céu. A noite estava estrelada, não tinha se quer uma nuvem. Coisa rara de se acontecer em Londres, mas tudo bem também. Quando eu parei o carro, saltou do carro olhando para todos os lados que conseguia.
- Aqui é lindo, ! - Ela falou sorrindo se deitando no capô do carro, olhando o céu estrelado em cima dela.
- Eu venho aqui as vezes. Que bom que gostou. Você está com fome? Eu pedi pizza um tempo atrás. O cara chegou um tempo ates que você terminasse de se arrumar. - O ruim de ficar nervoso com alguma coisa, em especial uma mulher, é que eu falo demais. E fico explicando coisas que eu não precisaria explicar. É uma coisa estúpida de toda a minha família. Se eu ver meu pai com minha mãe hoje mesmo, se ele quiser impressionar ela, ele vai ficar assim como eu estou agora, parecendo um tagarela que não sabe o que falar e fazer. É estranho, mas é verdade.
- Pizza? - ela encostou os cotovelos no capô, levantando um pouco do corpo. - Oba! - Eu sorri e ela riu. - Pizza de que? - Ela mordeu os lábios e eu tirei as duas caixas de pizza do banco de trás. Ela sorriu ainda mordendo os lábios.
- Quatro queijos e calabresa. - Eu sorri e me sentei no capô do lado dela. Ela se sentou com as pernas de índio na minha frente. Eu imitei o jeito que ela estava sentada.
- Quero de quatro queijos. - Ela falou e eu abri a pizza. - Mas não agora. - Eu a olhei. - São quase dez horas! - Ela sorriu mais ainda. Eu coloquei a pizza no teto do carro e sorri também.
- Sabia que eu pareço um idiota quando estou com você?
- Eu já reparei isso. - Ela riu.
- Ah, valeu. - Eu senti as bochechas arderem, encarando minhas mãos entrelaçadas com as das dela.
Eu não me importei em saber que horas eram, eu preferi assistir nossas mãos juntas do que o céu cheio de pontos brilhantes. Eu subi a mão dela pra mais perto do meu rosto e dei um beijo nela. Ela nem me olhou, eu ri. Ela estava mesmo interessada no cometa que iria passar. Ela me olhou e sorriu. Ela se deitou com as pernas esticadas e entrelaçadas, ainda com a mão junto da minha.
- Olha, ! Tá bem ali! Tá passando, olha! - Ela sorria tanto que parecia doer nas bochechas.
Ela apontou para uma estrela que passava correndo entre as outras. Eu agora estava vendo, estava entendendo a empolgação dela. Aquilo era mesmo lindo. Ela desencostou as costas do vidro do carro e ficou olhando aquela estrela passar entre as outras. Quando já tinha saído de nosso campo de visão eu encarei as bochechas dela, tão perto do meu rosto.
A vontade que eu tinha era de virar o rosto dela e a beijar. A vontade só aumentou quando ela virou o rosto, deixando os dois bem perto, bem mais do que perto. O nariz dela estava encostado no meu. E nenhum de nós dois tínhamos saído dos nossos lugares. Ela sorriu de lado e passou o dedo nas minha bochechas, fazendo o contorno dos meus lábios logo em seguida. Eu sorri e aproximei ainda mais os nossos rostos.
- Eu me rendo. - Ela falou, quase como um sussurro e depois me beijou.
Nosso beijo começou calmo. Acho que nós dois estávamos esperando por esse momento a muito, muito tempo.
Os dedos dela entrelaçaram os cabelos da minha nuca, puxando meu rosto para o mais perto possível do dela. A minha mão estava cravada em sua cintura, puxando-a para mais perto. Não tinha mais distância entre a gente, estávamos praticamente colados.

[/Flashback]

- E depois? - Marrie perguntou cruzando as pernas com as unhas na boca. Eu ri.
- Ah, Marrie, querida. O resto você sabe. - Levantei uma das sobrancelhas e ela riu. - Foi aí que a nossa vida começou de verdade...
- Ah, ! Já passou das dez e meia da noite. Pode contar o que aconteceu depois. - A platéia riu.
- Ah, ok. Não aconteceu nada. - Sorri sem mostrar os dentes. - Eu falei pra você que a era difícil. Você não quis acreditar.
- Com todo esse clima de romance não rolou mais que um simples beijinho? AAAAW. - A platéia imitou o 'AW' dela. Eu ri.
- Marrie taradinha e platéia taradinha, querem saber como foi a primeira vez que rolou entre a gente? - Eu perguntei sorrindo.
- Foi muito tempo depois?
- Eu não vou contar detalhes, Marrie. Isso não é um programa pornô, não é?
- Ainda não. - HAHAHA, velha tarada. Eu ri.
- Não, não demorou muito tempo para que isso acontecesse depois da noite dos cometas.
- E você fez algum pedido? - Ela sorriu.
- Fiz. Eu pedi para que a gente nunca se separasse. Que sempre que eu estivesse com ela eu sentisse as mesmas coisas que eu senti da primeira vez que a vi. Eu só queria ficar com ela para sempre.
- Vocês brigavam muito? Porque as pessoas souberam que vocês tiveram várias brigas... Qual era o principal motivo dessas brigas?
- As nossas brigas não se baseavam em ciúmes, como as pessoas falam que era. Não, a gente sempre brigava porque ela era muito na dela. Sempre querendo conhecer novos lugares, novas pessoas. E por ser uma mulher muito bonita e doida, ela sempre conquistava várias pessoas. E isso, fazia ela querer ficar muito tempo longe de mim sabe.
- Saudades. - Ela deduziu.
- É, saudades. - Dei de ombros. - Porque eu acho que quando eu estava com ela, tudo tava ótimo. Mas só que ela não pensava assim. Ela era inquieta. Ela lutava até ter o que tinha, mas só que aquilo era uma conquista só, entre as vinte milhões que ela queria ter, entende?
- Entendo. E quando ela foi em turnê com vocês, ano passado? Como foi?
- Foi muito, muito, muito legal! Porque ela fazia parte das pessoas que organizavam o álbum, então, ela sempre ficava com a gente.
- E nesses sete meses de turnê, qual foi o dia mais marcante pra você?
- A primeira vez que ela falou que me amava. Podia ter passado um ano que a gente estava juntos, pode não acreditar se quiser, mas ela nunca tinha me falado que me amava. A gente estava sentado na barraquinha do lado de fora, estava um frio e rachar...

[Flashback]

4ª - I MISS YOU.

Quando a gente sai em turnê, sempre que tem um lugar bem bonito que a gente pode passar a noite, o motorista para. É, sei lá. Um tique que ele tem por paisagens bonitas. Eu não reclamo, eu até curto.
Eu e tínhamos arrumado nossa barraca do lado de fora, ela era apaixonada por estrelas, e eu nunca tinha reparado isso nela. Ela sempre curtia ir nesses lugares de estrelas e tal. Mas eu nunca reparei o quanto ela gostava de universo e tal.
A gente tinha deixado do lado de fora, um edredom para deitar e um para nos cobrir, porque estava mesmo muito, muito, muito frio.
Eu estava com as costas encostadas no ônibus, ela estava deitada entre minhas pernas olhando para o céu - como sempre -, e eu estava olhando para ela. Eu gostava de olhar o perfil dela, eu não entendia como eu poderia encontrar essa mulher tão... perfeita indo em um bar no meio do nada, quando eu poderia estar com meus amigos e mulheres que iriam - literalmente - fazer tudo que eu quisesse. Foi destino? Sorte? Foi o que, afinal?
Mas eu a amava. Só não sabia como dizer isso pra ela. Era um outro bloqueio que eu tinha sob ela. Entre tantos que eu ainda não tinha superado. Faz quanto tempo que estávamos juntos? Oito meses? Nove? Dez talvez. Quase um ano, isso eu sei. E nesse tempo todo nenhum de nós dois falou que amava um ao outro. Coisa estranha? Não, acho que não. Talvez a gente só não saiba como falar isso para o outro. É, vou pensar assim.
- No que você está pensando? - falou tão baixo, que parecia que ela estava morrendo. Eu sorri de lado e continuei fazendo movimentos circulares com meu dedão nas costas da mão dela.
- Na gente. Na sorte... Que eu tive de encontrar você, sabe?
- Eu estava pensando em como te dizer uma coisa, mas tentando dizer do jeito certo. De um jeito que você sempre se lembre, que você sempre se lembre do que eu falei.
Bem, poderia ser várias coisas. Ela poderia dizer que me odiava, sei lá. Que ela tinha encontrado um cara que tinha menos medo de magoar ela com as palavras, ou um cara menos idiota que nem eu. Que não falasse tanto e que não sorrisse sempre que ela sorria. Ela poderia estar pensando em um jeito de dizer que me odia...
- Eu te amo, sabia? Eu já te falei isso? Acho que não. Eu te amo, . Eu te amo mais que tudo que eu já amei, eu te amo mais do que a minha vida. Você é minha vida. Você é simplesmente... tudo. Tudo pra mim. Agora que você falou, que você lembrou de como a gente se conheceu... Eu te achei tão fofo, tão estranho. - Ela riu. - Se eu te contasse que quase todos os homens que chegavam perto de mim eu dava coices você acreditaria? - Eu ri. - Sério, eles eram tão idiotas. Mas você... você ficou com vergonha de falar comigo ou o que? Eu fiquei esperando você falar comigo, mas você não falava. Eu tinha impressão que você tinha me odiado, era isso. Porque... sei lá. - Ela sorriu e apertou minha mão.
- Sabe de uma coisa? - falei perto do ouvido dela, ela se virou e encostou as mãos no meu peito, no meu coração para se exato. Eu senti as bochechas arderem quando ela colocou a mão no meu coração, porque ele estava martelando.
- Olha só... Seu... Coração... Ele está tão acelerado quanto o meu. - Ela riu. Eu sorri.
- Sabia que você não falou tanto, em todo esse tempo que a gente está juntos? E o meu com certeza está mais acelerado que o seu. Ah, e a propósito. - ela inclinou a cabeça para o lado. - Eu também te amo, mais que minha vida. - Ela sorriu e encostou os lábios nos meus.

[/Flashback]

- E quando foi que passou de beijinhos pelo amor de Deus? - Marrie falou se controlando para não gritar e eu ri.
- Essa noite. - Eu suspirei lembrando dos detalhes. A mão dela passeando livre pelo meu peito nu, a respiração ofegante dela perto do meu ouvido. Sorri de lado e passei a mão pela minha nuca. - É... foi essa noite que passou de beijinhos.
- Sério, cara? - falou rindo do outro lado do palco. - Foi por isso que vocês dois não voltaram para o ônibus. O falou que vocês tinham ido dar uma volta... Que inocente. - Ele gargalhou. Eu ri.
- Bem inocente esse , hein. - Marrie falou e eu sorri, fez uma cara de criança que roubou vários gritinhos histéricos das meninas da platéia. - Meninas, se controlem! O que combinamos antes da entrevista? Nada de berros! - Ela falou como uma mão mandona e elas se sentaram de volta em suas cadeiras.
- Viu meninas, nada de berros. - Eu falei rindo.
- E voltando ao assunto de brigas. - Ela se endireitou na cadeira. - Qual foi o dia em que a briga de vocês foi mais feia?
- Passando do paraíso para o inferno. - Eu sorri de lado, sentindo o clima que aquela frase deixou, para amenizar. - Bem, teve duas vezes. Uma vez foi quando eu matei o cachorro dela, que ela ficou bem brava comigo. - Marrie riu e eu dei de ombros. - Ele pulou da janela, a culpa não foi minha. - Eu ri. - E a outra... Foi quando eu descobri que ela estava grávida. Quando ela me contou.
- Ela estava grávida?! - Ela arregalou os olhos.
- É... Acho que ninguém sabia disso. Porque ela estava grávida de algumas semanas...

[Flashback]

5ª - OVER MY HEAD (CABLE CAR)

Era um dia normal, na verdade, uma noite normal. Parecia pelo menos. Eu estava em casa, com meu famoso moletom verde musgo e minha blusa branca da época em que minha avó era gostosa. estava no andar de cima, ela estava no banheiro. A gente estava assistindo a segunda temporada de Friends.
Ela estava estranha. Eu não sei se era alguma coisa que eu tinha falado ou tinha feito... Mas ela estava estranha. Estava falando pouco, bebendo muita água, enjoava fácil e a maioria do tempo que passava em casa era na cozinha e no banheiro.
Ela sempre foi de comer bastante, mas esses dias ela estava exagerando. Mas tudo bem, tudo bem. Deixa ela ser feliz , coitada da mulher, não pode nem comer.
- , a gente tem que conversar. - Ela falou descendo as escadas com um palito na mão. Eu não entendi nada. Pausei o DVD que estávamos vendo e olhei para ela.
Ela ficava incrivelmente sexy com minha blusa dos Beatles e uma calça jeans qualquer. Seu casaco estava com os dois botões abertos e seus cabelos presos em um coque frouxo.
- O que foi, princesa?
- É... Que eu não sei como contar sabe... - ela com uma das mãos segurou o braço que estava segurando o palito.
- O que é isso na sua mão? - Perguntei olhando para o palito.
- É um teste... De... Gravidez.
Gravidez? Ah, sacanagem não é?
- E você fez ele porque?
- Porque a minha menstruação está atrasada cinco dias... Eu tenho enjoado bastante, e comido demais...
- Deu o que? - Ela riu.
- O que você acha que deu, ?
- Negativo, claro.
- É. Você está errado. - Ela estava séria. - O que você vai fazer?
Me levantei do sofá e fui até a mesa da sala, pegando minha carteira e tirando de lá quinhentas pratas.
- Acho que isso serve. - Entreguei o dinheiro a ela, ela olhou para o dinheiro unindo as sobrancelhas.
- O que é isso, ? - Ela perguntou quase gritando com uma das mãos na barriga.
- Dinheiro pra você tirar essas coisa. - Falei como se estivesse falando com uma criança de jardim.
- 'Essa... Coisa'? - Ela perguntou me olhando, cada vez mais irritada. - , essa coisa que você fala é o seu filho!
- Meu filho nada! Seu filho, eu não quero ter um filho, ! Eu tenho vinte anos! A minha carreira está só no início! O que você acha que vai ser um de uma banda de jovens se ele tiver um filho?
- , que egoísta! Para de pensar em você! Ah, meu filho não é? Eu fiz ele sem sua ajuda. Realmente, você não foi nada útil na hora de fazer esse bebê.
- Você falou que tomava remédios para evitar isso. Pega esse dinheiro logo, .
- E você falou que sempre usava camisinha. E eu não vou pegar esse dinheiro. Se você não quer ter um filho, ótimo, eu volto a minha rotina de dois anos atrás, de sempre viajar passar os dias aonde eu quero. Vai ter uma criança comigo? Ah, legal. Mais um passageiro. Ou uma passageira, quem sabe. Mas se você quer que eu faça essa coisa horrível por causa da sua carreira, sinto muito, muito mesmo. Mas eu não vou fazer isso porque você quer.
- , não precisa ir embora. É uma coisa simples. Se quiser eu vou com você.
- Eu não quero! Na verdade, eu nem sei mais o que estou fazendo aqui! Depois disso que você me pediu eu sei que eu não quero nem mais morar aqui com você!
Ela me empurrou da sua frente e pegou as chaves do meu carro abrindo a porta.
- E sabe de uma coisa? Eu prefiro morrer a tirar esse filho.
Senti um frio percorrer minha espinha com isso que ela falou. Mas não tinha como, eu não poderia ter um filho.
Ela bateu a porta atrás de si, eu só ouvi o barulho do carro acelerando entre a rua movimentada na sua frente.

Eu pensei em tudo que aconteceu com a gente, com todos os momentos que aconteceram na nossa vida. Porque tudo tinha que acabar assim? Eu a amava muito ainda. Eu não poderia fazer uma briga entre tantas que temos acabar com isso que existe entre a gente.
, que merda você acabou de fazer? Sabe o que é passar dois anos com uma mulher só, brigando somente umas três vezes no ano, passando vários momentos felizes com ela? Ela é a mulher da tua vida, dude! Não deixa ela ir embora.
Se tiver que ter um filho, tenha. Só não deixe ela sair da sua vida. Pelo menos não assim. Ela é a mulher mais especial entre tantas que passaram na sua vida. E essa vai ser a última conversa que você vai ter com ela? Essa vai ser a última vez que você vai ver ela com sua camisa dos Beatles? Vai ser mesmo a última vez que você vai falar o nome dela, a última vez que você vai sentir seu coração... Acelerar com ela por perto?
Tantas perguntas, uma só resposta: Não.
Eu não vou deixar ela sair assim da minha vida. Eu fui um idiota, como sempre. E tenho que concertar essa besteira que eu fiz.

Eu abri a porta e sai pela rua, nem andei muito e já vi um monte de pessoas e um caminhão parado com um carro totalmente esbagaçado na frente.
Que merda aconteceu ali, hein.
Era um carro prateado, tinha um dado preto no vidro... Espera um pouco... Esse... Esse é o meu carro.
Eu ainda estava um pouco distante do acidente, mas em apenas alguns passos eu estava bem na frente do que aconteceu. O carro estava totalmente amassado, tinha uma mão para fora do vidro, a mão com a fitinha vermelha e a outra roxa amarrada... Era a mão da... Minha... Da minha ...
- O-o que acontec-ceu? - Falei sentindo o nó da minha garganta aumentar cada segundo que eu via aquela mão cada vez mais perto de mim, quando toquei, ela estava fria, sem vida.
- Eu vi tudo. - Uma senhora falou, eu não via mais nada, nem ao meu redor, nem em lugar nenhum, só via aquela mão, aquele carro todo esmagado e as duas coisas mais importantes da minha vida... Totalmente... Sem vida... - Esse carro estava correndo muito. Passou pelo sinal vermelho, não deve ter visto que o caminhão também estava vindo em alta velocidade do outro lado. Foi tudo muito rápido. Foi o carro prateado passou pelo sinal e o caminhão pegou. - Senti uma pontada no peito com todas as cenas passando em minha cabeça. O carro passando pelo sinal vermelho e esse caminhão verde esmagar... Simplesmente esmagar a minha princesa. A menina que eu pensei em passar minha vida inteira, e o pior: o fato dela estar levando no ventre o meu filho... O nosso filho. E isso tudo aconteceu por burrice minha, por infantilidade minha. - O caminhão fez o carro capotar. Deu uma volta só também. Aí ele arrastou mais alguns metros e parrou totalmente. O motorista do caminhão estava correndo, não teve tempo de parar, mas quando parrou, fez de tudo para socorrer a moça que estava aí dentro, pena que com a batida de frente ela já tinha morrido. A capotagem fez só os ossos dela quebrarem, darem uma mexida. - Apertei os olhos e mordi com força os meus lábios. Senti meu rosto quente, várias lágrimas descerem ao mesmo tempo, muitas lágrimas, lágrimas quentes. - Coitadinha... Ela parecia ser tão nova... O senhor é parente dela?
- S-s-sou. - falei tentando controlar minha respiração descoordenada.
- Oh! Sinto muito, muito mesmo. Foi um acidente horrível.

E essa vai ser a última conversa que você vai ter com ela? Essa vai ser a última vez que você vai ver ela com sua camisa dos Beatles? Vai ser mesmo a última vez que você vai falar o nome dela, a última vez que você vai sentir seu coração... Acelerar com ela por perto?
Tantas perguntas, uma só resposta: Sim.

[/Flashback]

6ª- HERE WITHOUT YOU

- E foi assim, que eu perdi duas coisas especias da minha vida... Tudo em uma tacada só. - Agora eu estava encarando a minha mão, a fitinha que eu tirei da mão dela e coloquei na minha. - Sabe essa fitinha aqui? - Falei apontando para a fitinha vermelha da minha mão esquerda. - Eu tirei do braço dela. Eu tirei assim que ela estava dentro da ambulância. Porque sempre que eu olhar pra ela, eu vou lembrar dela. Vermelho era a cor preferida dela, sabia? Só tinha duas coisas que ela gostava mais do que sorvete. - Eu sorri de lado, controlando as malditas lágrimas quentes que já queriam cair dos meus olhos. - A cor vermelha e ver o céu quando ele estava estrelado.
- Sinto muito, . - Ela falou limpando o lado direito do rosto. - Eu não sabia que tinha acontecido assim.
- Acho que ninguém sabia. - Falei voltando a olhar pra ela, o que foi péssimo. Pela televisão eu pude ver meus olhos vermelhos e as lágrimas quase caindo. Tentei não piscar para que elas não caíssem. - Todo mundo tem uma versão diferente para o acidente que matou ela. Mas sabe... Ninguém pensou em como eu estava me sentindo. Algumas pessoas pensaram que ela era só mais uma na minha vida, que eu ia abandonar ela que nem eu fiz com as outras. Que ela era mesmo... só mais uma. Mas hoje, quando eu parei para lembrar de todas a coisas que aconteceram com a gente, de como a gente se conheceu... Nas borboletas que ficaram no meu estômago... Que ficam, até hoje, quando eu vejo os vídeos que a gente fez. - Eu sorri de lado, fazendo uma lágrima descer pelo meu rosto. - Do nosso primeiro quase-beijo. - Olhei para que deu um sorrisinho de canto de boca quase invisível. - Do calor que estava naquele bar... No sorriso dela. Eu sei que ela não fo só uma... Que ela era, era aquela mulher que a gente sempre procura, que você que passar os momentos bons, os ruins, os péssimos e os perfeitos. Porque pode ser em uma noite estrelada com pizza quatro queijos no teto do carro, ou pode ser enrolado em um edredom verde-vômito assistindo Friends... Seja qual for o momento... Tem que ser com ela. As pessoas pensam que eu estou bem, só porque eu sorrio. Mas na verdade, tem várias e várias feridas dentro de mim. E todos os dias alguém toca nelas, fazendo arder, fazendo doer... Eu só queria que o meu desejo se realizasse. Que eu ficasse com ela para sempre.

*

Eu não consegui mais responder as perguntas que ela fazia. As duas outras perguntas e os agradecimentos por eu ter tirado coisas tão preciosas da minha lembrança. Das trilhas sonoras da minha vida. Dos dias felizes, da briga mais feia, que aconteceu o que ela falou. Que por besteira minha, ela morreu. Mas por causa disso, eu aprendi a dar valor a pequenas coisas da minha vida.


Meu cachorro, meus amigos, meus familiares. Porque foram nessas horas péssimas que eles estavam comigo. Tentando levantar meu astral, tentando fazer eu esquecer, nem que fosse por apenas alguns minutos, a dor que é perder alguém que a gente ama de verdade. Alguma pessoa que fez sua vida valer a pena. Por dois anos, que seja.
Que fizeram os dois anos que você vai lembrar por toda a vida.

Andando pela mesma rua em que o acidente aconteceu, eu só queria passar por a mesma coisa que ela passou. Eu só queria ter lido o pensamento dela alguma vez, pra saber o que estava passando por lá. Ela era a pessoa mais complicada de se desvendar. Sempre viajando, com a cabeça longe... É... Minha vai ficar pra sempre na minha cabeça...

[Flashback]

- , tudo bem que seus olhos ficam lindos quando você chora. Mas por favor, não fica assim só porque o cara do filme morreu no final. - Ela riu passando a mão no meu rosto, limpando as lágrimas que caiam dos meus olhos. - Eu odeio te ver chorando. Você fica bem mais lindo quando está sorrindo, sabia? Príncipes não choram, eles sempre estão sorrindo conquistando as princesas com sorrisos lindos. Então, a melhor coisa que você faz agora é parar de chorar.

[/Flashback]

'Eu odeio te ver chorando'
(...)
'Você fica bem mais lindo quando está sorrindo, sabia?'
(...)
'Eu te amo mais que minha vida'
(...)
'Eu só queria ficar com ela para sempre'
(...)
'Eu prefiro morrer a tirar esse filho!'
(...)
'Foi um acidente horrível.'
(...)
'Eu sinto muito'

Pena que eles sentirem muito, não vai trazer ela de volta para mim.

E se eu desmoronar? Se não pudesse mais aguentar? O que você faria?
E se eu quisesse lutar? O resto da da vida implorar? O que você faria?

Você não precisa perder uma metade de você pra saber que você precisa dela para viver.
Eu te amo para sempre, independente de onde você esteja...
Minha princesa... Minha pequena... Minha .


FIM


N/A:n/a: Beem meninas gatas lindas do meu coração ?, o final foi bem... hm, chocante, não? Pois é, só pra vocês acreditarem que nem sempre as coisas acabam bem ):
Eu senti dó do meu McGuy comofaaaaaaaaaas? Ah, mais ele foi beeem viado então ele mereceu, pouco me importo com ele. /mentira.
ok, eu não vou fazer uma nota enorme como eu faço em outras fics.
Vamos agradecer, agradecimentos arrasam *-*
Rafaaaaaa! Brigada por tudo gatinha, você é uma beta incrível, de verdade. E eu não me importo de você lotar minha caixa de e-mail *-* -q
Beeijo, e não esqueçam de comentar :*



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