Autora: Lari Gomes
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XXI - O fogo do inferno.

Dean’s P.O.V.

Eu estava correndo, correndo o mais rápido possível, correndo como nunca. O meu medo estava no ar, palpável. Dava para sentir o cheiro do mal, do inferno, por todos os lados. Eu corria por entre as árvores sem uma direção certa e qualquer lugar era bem vindo, menos o qual eu estava destinado. Ouvi um barulho bem na minha frente e parei de correr, fitando o nada, mas eu sabia que ele estava ali. Eu sentia a sua presença, me fitando, pronto para atacar.
Voltei a correr, desta vez na direçãode onde vim, com o barulho do cão bem atrás de mim. Ele era rápido e eu sabia que ele estava perto, mas continuava a correr. Então levei um empurrão, indo ao chão. Era o fim. Senti apenas as garras afiadas no meu peito, antes de acordar.

- Dean? – me olhava com preocupação. – Tudo bem?
Eu estava deitado na cama com ao meu lado. Ela estava com o notebook aberto, com certeza procurando algo sobre cães do inferno.
- Tudo. – eu disse, coçando os olhos. - Achou algo de bom?
- Não. Nada. – ela disse, com um ar cansado.
A porta se abriu e Sam apareceu no quarto com um sorriso nos lábios.
- Bobby achou algo, finalmente.
- É? – perguntou animada.
- Sim. Um modo de encontrar Lilith. – Sam disse, sorridente.
- Uau. A apenas trinta horas do fim. – eu disse, com sarcasmo. - Por que a gente não se manda pra um lugar bacana? Com sol, cerveja, praia, mulheres? Brasil, por exemplo! A gente podia... Como é "Donkey Show" em espanhol?
- No Brasil eles falam português, só para você saber. – disse, cruzando os braços e me olhando com seriedade.
Ok, ela não havia gostado da ideia.
- Então, se conseguirmos te salvar, sugiro que a gente nunca faça isso. – Sam disse, sentando-se na cama.
- Dean... – disse, pegando uma das minhas mãos com carinho. - Eu sei que o tempo está acabando, mas nós vamos conseguir. Não importa o que eu tenha que fazer, você não vai pro inferno. Eu não vou deixar. Eu juro.
- É, vai dar tudo certo. Eu também não vou deixar que nada te aconteça. – Sam disse, com uma das mãos sobre meu ombro.
- Sim, está certo. - eu disse, tentando não parecer tão cabisbaixo.
Afinal, eu tinha que aproveitar meu último dia.

’s P.O.V.

- Então, conseguiu um nome? – Sam perguntou, adentrando a casa de Bobby.
- Consegui. – Bobby disse, com um tom de orgulho por si mesmo. - Com o nome e o ritual correto, não há nada que você não encontre.
- Como a cidade em que está Lilith? – perguntei, olhando alguns livros próximos às prateleiras.
- Isso. E temos um vencedor, New Harmony, Indiana.
- Está certo. Vamos embora. – eu disse, indo em direção à porta, mas Dean entrou na minha frente.
- Hei! Hei! Hei! Espere aí. Não tão rápido. – ele disse, me olhando com seriedade.
- Qual é o problema? – perguntei confusa, havíamos achado a vadia, era só ir lá e matá-la.
- “Qual é o problema?” – ele me imitou com ironia. - Caramba, por onde eu começo? Primeiro: não sabemos se é Lilith quem detém o contrato. Vamos só pelo palpite da Bela? Não se pode confiar no que ela diz, certo? Segundo: mesmo se acharmos Lilith, não temos como matá-la. E terceiro: não é essa a Lilith que quer o Sam morto? Preciso continuar?
- Mas olha que pessimismo! – eu disse, cruzando os braços e olhando para Dean com cara feia, mas o filho da mãe tinha razão.
- Bem, é um dom que tenho. – ele disse, dando de ombros.
- O que devemos fazer, então, Dean? – perguntei de uma forma desafiadora.
- Só porque eu vou morrer, não significa que vocês também devam. – Dean disse, me encarando. - Ou vamos preparados ou não vamos.
Abri a boca algumas vezes para mandar ele ir se fuder, chutar a porta e correr para matar a vadia, mas não conseguia falar nada. Pois ele estava certo, era suicídio.
- Está bem. Se for esse o caso, eu tenho a resposta. – Sam disse, nos fazendo olhar para ele.
- Você tem? – Dean, Bobby e eu perguntamos em uníssono.
- Sim. – Sam disse sorrindo. - Um jeito certo de confirmar se é Lilith e um jeito de conseguir a faca Ginsu, que mata demônios.
Isso! Ruby, a loirinha da faca mágica. Como não pensei nisso antes?
- Que droga, Sam! Não. – Dean disse com mal humor. - Já brigamos demais por isso.
- Dean, eu vou invocar Ruby. – Sam disse com convicção, dando um passo a frente.
- Vai nada! Já temos problemas demais. – Dean disse, cruzando os braços, parado na frente da porta.
- Exato. E não temos tempo. – Sam disse, com um desespero evidente. - Nem escolha.
- Qual é! Ela é a Miss Universo da Mentira! – Dean disse, indignado. - Ela te disse que podia me salvar? Mentira! Ela parece saber tudo sobre Lilith, mas esqueceu de mencionar que Lilith é dona da minha alma!
- Ok, ótimo, ela mente. – eu disse dando de ombros. - Ainda assim, ela tem a tal faca.
Dean me olhou, indignado.
- Ela pode estar a serviço de Lilith.
- Nos dê outra opção, Dean. – eu disse, cruzando os braços. - O que mais se pode fazer? Sam está certo.
- Não! Droga! – Dean disse, passando as mãos pelos cabelos.
- Dean... – Bobby disse com cautela. - eles estão certos.
- Não. Já chega desse papo. Não vamos cometer os mesmos erros outra vez. Se quiserem me salvar, encontrem outra solução.
Eu passei as mãos trêmulas por entre meus cabelos. Não tínhamos muitas opções, ou melhor, só tínhamos uma opção e Dean ainda queria escolher. Bobby começou a andar em direção ao seu escritório.
- Onde vai, Bobby? – Sam perguntou antes que eu o fizesse.
- Acho que vou... Encontrar outra solução. – ele disse se distanciando de nós.
Voltei a encarar Dean, estava com tanta raiva dele. Dei meia volta e segui Bobby.
- ... – ouvi Dean me chamar, mas não dei atenção.
Se Bobby não encontrasse outra solução, eu iria atrás da Lilith e só uma de nós sairia viva.

Sam’s P.O.V.

- Ad constringendum. – eu disse, acendendo um fósforo e olhando para os desenhos no chão com um pote no centro deles. - Ad ligandum eos pariter Et solvendum. – joguei o fósforo no pote e o fogo subiu por um instante. - Et ad congregantum eos coram me.
- Sabe, o telefone também serve. – ouvi a voz de Ruby atrás de mim. - Ei, Sam. Como vão as coisas?
- Como veio tão depressa? – perguntei a olhando dos pés a cabeça.
- Peguei a roupa a jato do Superbowl. – ela disse dando de ombros e me olhando com seriedade - Então... Me chamou?
- Você já sabia? – perguntei a olhando com certa raiva.
- Vou precisar de mais informação. – ela disse me olhando impassível.
- Sobre o pacto do Dean... Que Lilith detém o contrato.
- Sim. Eu sabia. – ela disse dando de ombros.
- E não achou importante me contar? – perguntei a olhando incrédulo.
- Você não estava pronto.
- Para quê? – perguntei nervoso.
- Se eu te contasse, os dois doidos teriam partido pra cima dela despreparados e Lilith teria arrancado a pele de seus lindos rostinhos. – ela disse dando um passo a frente.
- Bem, agora estamos prontos. – eu disse dando de ombros. - Eu quero sua faca.
- Você está certo sobre uma coisa. Você está pronto. – ela disse, com um leve sorriso nos lábios. - E agora é o momento certo: Lilith baixou a guarda.
- É sério? – perguntei duvidoso.
- Ela está pegando leve, em recuo estratégico.
- E isso significa o quê? – perguntei sem entender.
- Vá por mim. Não vai querer saber. – ela deu de ombros. - Vocês não perderam o feitiço que lhes dei, certo?
- Nós o guardamos.
- Ótimo. Assim ela não perceberá a sua presença. – ela disse cruzando os braços.
- E você vai nos dar a faca? – perguntei, olhando-a.
- Não.
- Mas acabou de dizer... - comecei a dizer, mas Ruby me interrompeu.
- Você quer atacá-la com esse palito de churrasco? – ela me perguntou incrédula - Desperdício de um momento perfeito. É como tentar matar Hitler com a tal mala explosiva. Esqueça.
- Certo, então como? – perguntei, olhando-a com raiva.
- Sei como salvar seu irmão, Sam. – ela disse dando mais alguns passos a frente.
- Não, não sabe. – eu disse explodindo, ela estava mentindo para mim de novo. - Você disse ao Dean que não podia. Mentiu pra mim esse tempo todo! Me dê a porra da faca!
- Não foi para você que menti. – ela disse com calma.
Respirei fundo.
- Então pode salvá-lo?
- Não. Mas você pode. – ela disse, sorrindo.

’s P.O.V.

- Você vai deixar a Ruby apodrecer lá? – Sam perguntou a Dean enquanto os dois entravam na casa.
- Essa é a ideia. – Dean disse, dando de ombros e colocando a faca sobre a mesa.
- Essa é a faca da Ruby? – perguntei me aproximando animadamente.
- Isso mesmo. – Dean disse, sorridente.
- Dean, e se... E se ela estiver certa? – Sam perguntou, olhando para Dean com preocupação. - E se eu puder enfrentar a Lilith? Pare de olhar pra mim desse jeito.
- O quê? – Dean perguntou o olhando incrédulo. - Você vai fazer aquele olhar da "Carrie, a estranha" e a Lilith evapora?
- Eu não sei o que a Ruby quis dizer. – Sam disse dando de ombros. - Talvez a gente apenas devesse perguntar a ela.
- Sam, você queria a faca. – Dean disse, apontando para a faca sobre a mesa. - Eu peguei a faca pra você.
- Dean, apenas me escute por um segundo. Da última vez, a Lilith estalou os dedos e colocou 30 demônios na nossa cola. E tudo que nós temos é uma faquinha? Como você disse, ou nós vamos preparados ou não vamos.
- Bem, isso não é estar preparado. – eu comentei, concordando com Sam nessa parte e Dean me olhou com fúria.
- A gente só tem uma chance, Dean. Só uma. Então, se tem um jeito infalível, talvez devêssemos conversar sobre ele. – Sam disse, abrindo um leve sorriso para o irmão.
- Sam, a gente não vai cometer o mesmo erro novamente. – Dean disse se encostando a parede.
Eu não estava entendendo muito bem o motivo da discussão, mas sei que tinha a ver com Ruby, a faca, Lilith e as visões de Sam.
- Você já disse isso, mas o que isso quer dizer? – Sam perguntou sem entender. Isso eu também queria entender.
- Você não está vendo um padrão aí? O acordo do papai, o meu, e agora isso? Toda vez que algum de nós está por um fio, o outro está implorando pra vender sua alma. – Dean disse, olhando para Sam. - É tudo o que isso é, cara. A Ruby apenas está jogando sua corrente estrada abaixo. E você sabe com o que ela é pavimentada, e pra onde ela vai.
- Dean, o que você tem medo que vá acontecer? – Sam perguntou dando um passo em direção ao irmão. - Sou eu. Eu posso lidar com isso. E se isso vai te salvar...
- Pra quê arriscar? – Dean perguntou. É nessas horas que dá vontade de matá-lo.
- Porque você é meu irmão. Porque você fez a mesma coisa por mim.
- Eu sei. E olha como isso tudo ficou. Tudo que estou dizendo... Sammy, tudo que estou dizendo é que você é meu ponto fraco. - Dean disse a Sam e se virou para mim em seguida. - E você também, . E eu sou o de vocês.
- Você não quer dizer isso. - eu disse me levantando da cadeira e olhando para Dean - Nós somos uma família.
- Eu sei. E aqueles demônios filhos da puta sabem disso também. – Dean disse me olhando. - Quer dizer, o que nós fazemos um pelo outro. Vocês sabem o quão longe nós iremos. Eles estão usando isso contra nós.
- Então nós vamos apenas parar de cuidar um do outro? – perguntei, olhando-o incrédula.
- Não, a gente para de sermos mártires. A gente para de espalhar isso pra esses demônios. – Dean pegou a faca sobre a mesa. - Pegamos essa faca e vamos atrás da Lilith do nosso jeito. O jeito que o papai nos ensinou. Se a gente cair... Então que a gente caia lutando. – ele disse nos olhando sério. - O que vocês acham?
Eu e Sam nos entreolhamos, talvez, pensando a mesma coisa.
- Eu acho que você tinha que ter cantado "Eye Of The Tiger". – Sam disse me fazendo rir. Exatamente o que eu havia pensado.
- Ah, vai se ferrar. – Dean disse, dando risada. - Eu ensaiei aquele discurso todo também.
- Então, Indiana, né? – Sam perguntou olhando para nós dois.
- É, onde a Lilith montou acampamento. – eu disse, dando de ombros.
- Me diga uma coisa... O que diabos um demônio faz pra se divertir? – Dean perguntou e eu rolei os olhos. Essa pergunta tinha que vir dele.

xx

Dean e Sam estavam encostados no carro, coloquei as ultimas coisas na mala do Impala. Estávamos prontos para partir rumo ao fim de Lilith.
- Onde vocês pensam que vão? – Bobby perguntou, se aproximando da gente.
- Nós temos a faca. – Sam disse como se estivesse justificando.
- E vocês pretendem usá-la sem mim? – Bobby perguntou indignado. - Você acha que eu sou dispensável?
- Não, Bobby, claro que não. – eu disse, andando até ele.
- Isso é sobre mim e o Sam, certo? – disse Dean com um olhar severo sobre Bobby. - Essa briga não é sua.
- O caralho que não é! – disse Bobby, se aproximando de Dean, com irritação. - Família não é apenas de sangue, garoto... – ele suspirou com mais calma - Além do mais, você precisa de mim.
- Bobby... – Dean começou a falar.
- Você está me magoando. Me diz, quantas alucinações você já teve? – ele perguntou, cruzando os braços.
Eu e Sam olhamos para Dean com cara de confusos. Afinal do que Bobby falava?
Dean ergueu a sobrancelha jogando um pouco a cabeça para o lado como ele tinha mania de fazer e deu de ombros.
- Como você sabe?
- Porque é o que acontece quando tem cães do inferno atrás de você. – Bobby deu de ombros – E por que não sou burro.
- Hei... – eu disse e Bobby olhou para mim sorrindo.
- Vou segui-los. – ele disse, andando em direção ao seu carro.
- Eu falei que ele iria insistir em ir junto. – disse, dando um leve tapa no ombro de Dean.
Dean apenas rolou os olhos e abriu a porta do motorista.
- Não pare para urinar a cada dez minutos. – Bobby disse, já perto do seu carro.
Dean, Sam e eu nos entre olhamos e sorrimos. Tinha que ser o Bobby.

Dean’s P.O.V.

Nós já estávamos na estrada há algumas horas, o céu já estava completamente escuro. e Sam estavam calados desde que saímos da casa de Bobby.
- Hei, Dean? – Sam me chamou de repente.
- Sim? – perguntei sem tirar os olhos da estrada.
- Sabe, se isso não... – ele começou a falar - Se isso não acabar bem. Eu quero que saiba...
- Não, não, não, não, não. – disse o interrompendo. Ele não iria fazer isso comigo.
- "Não" o quê? – ele perguntou me olhando confuso.
- Você não vai fazer o discurso de despedida, ok? Se esse for meu último dia na terra, eu não quero que isso seja socialmente vergonhoso. – disse olhando para pelo retrovisor.
deu um sorriso fraco, mas pude ver que ela estava triste e Sam abaixou a cabeça um pouco cabisbaixo.
- Sabe o que eu quero? – perguntei ligando o som e aumentando o volume.
No rádio estava tocando Wanted Dead or Alife.
- Bon Jovi? – perguntou me olhando.
- Bon Jovi detona em algumas ocasiões. – eu disse sorrindo para ela pelo retrovisor. - And I walk these streets! A loaded six-string on my back! I play for keeps!
sorriu no banco de trás enquanto eu cantava junto com John Bon Jovi.
- Vamos lá. Cantem! – eu disse - 'Cause I might not make it back!
- I've been everywhere! cantou junto comigo.
- Oh, yeah. – Sam cantarolou sorrindo.
Então, nós três começamos a cantar juntos a música que era perfeita para a ocasião.
- But I’m standing tall! I see the mean in your faces and I’ve rocked 'em all 'Cause I’m a cowboy On a steel horse, I ride I want it. Dead or alive.

xx

- Lilith provavelmente tem demônios por toda cidade. – disse, lendo algo em um livro. - Não podemos deixá-los tocar o alarme. Se ela souber que estamos aqui estamos mortos sem ao menos começarmos.
- Qual é o plano? – perguntei, parando o carro a alguns quilômetros do endereço onde Lilith deveria estar.
- O plano é você ver. – ela disse, dando de ombros, enquanto saía do carro fechando o livro.
- Como assim? – perguntei, também saindo do carro a olhando.
- Nem eu entendi essa. – Sam disse, olhando-a confuso.
rolou os olhos e sorriu.
- Eu li no livro do Bobby que quanto mais perto de ir para o inferno alguém fica, mais pode ver suas criaturas.
- Ahn?
- Quero dizer que você consegue ver os demônios. Sabe o rosto real? – ela perguntou me olhando.
- Sei... Mas não sei se é verdade.
- É o que veremos. – ela disse sorrindo e abrindo a porta do carro.
jogou o livro no banco de trás. Ela piscou e sorriu para mim, antes de ir em direção ao porta-malas do carro.
Essa era a minha garota.

xx

- É a garotinha. – eu disse olhando para uma família sentada à mesa.
A garota tinha um rosto horroroso. Dava para ver, de uma casa que ocupamos, ao lado do endereço onde está Lilith.
- Certo, vamos então. Estamos perdendo tempo. – Sam disse, andando em direção à porta, mas eu o detive.
- Espere!
- Pelo quê? – ele perguntou ansioso. – Para ela matar os outros?
- Matarão todos nós se não tivermos cuidado. – eu disse.
Apontei para um carteiro na rua.
- O cara do correio aqui às 9 horas da noite? – apontei para uma casa próxima a que estávamos e havia um cara na janela. - E o senhor Rogers ali.
- Demônios? – perguntou. – Está vendo o rosto deles.
- Sim.
- Ok, certo, passamos por eles como ninjas, invadimos. – Sam disse como se fosse óbvio.
- O quê? Dar uma gravata colombiana em uma garota de 10 anos? – perguntou indignada. - Fala sério.
- Olha, eu sei que é horrível. – Sam começou a dizer.
- Você acha? – perguntei com cinismo.
- Não é apenas te salvar, Dean. É salvar todo mundo. – Sam disse, me olhando com seriedade.
- Ela tem que parar, filho. – Bobby finalmente se manifestou.
- Que droga! – disse se afastando da janela irritada.
Bobby, Sam e eu a seguimos enquanto ela pegava água benta e armas. nem olhou para nós. Apenas saiu porta a fora e nós continuamos a segui-la. Ela estava agindo por impulso, mas era , até o impulso dela era bem pensado.
atravessou a rua com cautela e se aproximou do carteiro por trás, que estava próximo ao carro, enfiando a faca nas costas dele enquanto tampava a boca do mesmo para ele não gritar. Quando esse caiu no chão desacordado se virou e sorriu para mim.
- Preciso de ajuda.
Eu rolei os olhos e me aproximei, ajudando ela a colocar o corpo do demônio dentro do carro. Bobby se afastou de nós e Sam pegou a faca das mãos de para ir atrás dos outros demônios.
Eu levei um soco forte que me levou ao chão. Me virei e vi Ruby parada de pé olhando para mim.
- Eu gostaria de ter minha faca de volta, por favor. Ou quebro seu pescoço como osso de galinha.
- Não tá com ele. Vai com calma. – disse, apontando sua arma para a loira maldita.
- Como conseguiu sair? – perguntei me levantando.
- O que vocês não sabem sobre mim pode preencher um livro.
- Eu não conseguia te ver antes, mas você é uma menina muito feia. – eu disse, sorrindo.
- Me dê a faca antes que se machuque.
- Terá ela quando isso terminar. – respondi.
- Já acabou. Dean está morto.
- Tente me parar e eu te mato, vadia. – disse, cerrando os dentes.
- Vem com tudo, querida. – disse ela com um sorriso desafiador.
grunhiu e deu alguns passos na direção de Ruby. Mas eu a detive.
- Meninas! Terminem essa briguinha depois.
Olhei a nossa volta e havia vários demônios parados olhando diretamente para nós.
- O elemento surpresa já era. – Sam disse se aproximando de nós.
- Corre. Corre! – disse correndo em direção a casa de Lilith e nós a seguimos.
Sam parou em frente a porta tentando abri-la, mas os demônios estavam se aproximando rápido demais.
- Estou tentando! – ele disse.
- Onde está o Bobby? – perguntei olhando a nossa volta procurando o velho, mas nenhum sinal dele.
Os sprinklers ligaram queimando os demônios como se a água estivesse fervendo, mas era apenas água benta. Eu sorri, para os demônios que estavam fudidos de raiva, por estarmos longe do alcance deles e me puxou para a frente da casa.
- Acha que Lilith sabe que estamos aqui? – perguntei ao ver um cadáver no chão de uma senhora.
- Provavelmente. – disse, olhando a nossa volta. – Ela deve estar lá em cima. Está muito silencioso aqui embaixo.
Sam subiu na frente e o resto de nós logo atrás.
Sam abriu uma das portas e andou ante a cama vagarosamente. Uma mulher e uma garotinha estavam deitadas sobre a cama.
- Faça! – a mulher disse.
Mas olhei fixamente para o rosto da garota e não havia mais nada de estranho. Era só uma garotinha de dez anos.
- Espere. Não é ela! – eu disse me aproximando de Sam com rapidez. - Não está mais na criança!
- Droga. – disse Sam.
- Então pra onde a vadia foi? – perguntou nervosa.
Essa era a pior parte. Não sabíamos mais onde ela estava.

xx

- Ela pode passar pelos sprinklers? – Sam perguntou enquanto descíamos as escadas.
- Alguém no nível dela não fica com medo de água benta. – Ruby respondeu.
- Não, ele tem que estar em algum lugar dessa casa. – com fúria.
- Pois é gracinha. Dessa vez não tem.
- Tem que ter. – ela disse dando alguns passos perigosos em direção a Ruby.
- Hei, hei. – disse, entrando na frente dela e a segurando, novamente, para não avançar em Ruby – Calma!
- Dean! Eu não vou deixar você ir pro inferno. – ela disse desesperada, quase chorando.
- Sim, você vai! – eu disse ainda segurando ela. - Você vai.
me olhou com os olhos cheios de lágrimas e eu dei um leve sorriso para ela.
- Me desculpe. É tudo culpa minha. – segurei o rosto dela entre minhas mãos enquanto suas lagrimas começavam a rolar por ele. - O que você está querendo fazer não vai me salvar. Vai apenas te matar.
- Então o que eu devo fazer? – ela perguntou, num sussurro soluçante.
- Continue lutando, continue vivendo.
suspirou e eu a puxei para um beijo. O gosto doce dos seus lábios misturado com as lágrimas salgadas. Era a última vez que sentiria os lábios dela nos meus. se afastou soluçando.
Acariciei seu rosto e olhei para Sam.
Ele também chorava, mas parecia estar mais calmo que a minha garota.
- Tome conta do meu carro. Lembra o que o papai te ensinou, ok? Lembra do que eu te ensinei. – eu sorri. – E cuide dela.
O relógio marcou meia noite e começou a tocar. Era a minha hora. Olhei para Sam e pela última vez, tentando marcar o rosto deles na minha memória que seria infernizada pela eternidade no inferno.
- Desculpe, Dean. – ouvi a voz de Ruby atrás de mim e me virei para olhá-la. - Não desejaria isso nem para meu pior inimigo.
Apenas a ignorei e ouvi alguns barulhos próximo de nós.
- Cães do inferno.
- Onde? – perguntou Sam.
- Ali. – eu disse olhando para a porta.
- Corre! – Ruby disse e saiu correndo na frente.
Nós a seguimos, correndo freneticamente pela casa, tentando fugir daquela criatura. Entramos em uma sala. e Sam fecharam a porta enquanto eu pegava sal para colocar no batente da porta. Ruby foi ajudar aos dois e eu coloquei um pó que afasta os cães por um tempo.
- Esse pó não vai durar pra sempre. – disse me olhando, enquanto eu colocava o pó nas janelas.
- Me dê a faca, vou acabar com eles. – Ruby disse olhando para Sam.
- Espere. – disse a olhando com atenção.
- Você quer morrer? – ela perguntou irritada.
O rosto dela continuava feio, mas estava diferente. Estava idêntico ao da garotinha.
- Agora está na Ruby. – eu disse, dando alguns passos para trás. - Não é a Ruby.
Ruby levantou as mãos jogando Sam e contra a parede os prendendo lá e me jogou sobre uma mesa também me mantendo preso com seu maldito poder.
- Está nela há quanto tempo? - perguntei.
- Não muito... – ela disse dando de ombros e fazendo os olhos ficarem brancos - mas eu gostei. É adulta e bonita.
- E onde está Ruby? – Sam perguntou.
- Ela foi uma garota má, então eu a mandei para bem longe.
- Sabe, eu deveria ter visto antes. – disse entre dentes. Estava com raiva de mim mesmo por não perceber. - Mas todos vocês se parecem, em minha opinião.
Ela sorriu e deu de ombros se virando para Sam com um sorriso malicioso.
- Olá, Sam. – ela disse se aproximando dele e segurando o rosto dele entre suas mãos - Queria te conhecer há muito tempo. – então ela o beijou. - Seus lábios são macios.
- Certo. Agora você me tem. – Sam disse a olhando com fúria - Deixe meu irmão ir.
- Bobinho. Se quiser negociar você tem que ter algo de meu interesse. – ela disse dando de ombros. - Você não tem.
- Então, esse é seu grande plano? – perguntei a olhando com desdém. - Me levar pro inferno, matar o Sam. E então o quê? Se tornar a Rainha?
- Não converso com ração de cachorro. – ela disse me olhando com desprezo e andando em direção a porta.
- NÃO! NÃO! – começou a gritar enquanto ela abria vagarosamente a porta.
Lilith sorriu para com um prazer evidente.
- Acabe com ele, garoto.
Os passos e os latidos do cachorro vieram na minha direção. Ele cravou as patas em uma das minhas pernas e me levou ao chão. Senti a dor das garras dele me rasgando enquanto Sam e gritavam desesperados. Eu gritava enquanto as garras rasgavam minha carne, uma dor insuportável, mortal.
E eu apaguei.

’s P.O.V.

Lilith levantou as mãos tentando atingir Sam, mas algo aconteceu, pois nós dois caímos ao chão ao invés de nos contorcermos de dor. Sam se levantou vagarosamente e ela levantou as mãos para ele.
- Para trás.
Sam deu um passo na direção dela e ela recuou assustada.
- Eu disse, para trás.
- Eu acho que não. – Sam disse, se aproximando mais com a faca de Ruby em mãos.
A garota começou a gritar e uma fumaça preta saiu do seu corpo.
Virei-me para o corpo de Dean e me rastejei até seu corpo. Seu sangue estava quase todo derramado no chão, seu corpo totalmente sem vida. Encostei minha cabeça sobre seu peito. A dor de vê-lo assim era a pior que eu havia sentido em toda a minha vida.
- Dean. – Sam disse se jogando ao meu lado.
Havia acabado. Dean estava morto, para sempre. Consequentemente, eu também estava.

- Betado por Thaiz L.




XXII - A Ressurreição de Lázaro.

Dean abriu os olhos, assustado. O local onde ele estava era apertado e abafado, ainda assim melhor do que o anterior. Levantou as mãos, mas elas bateram contra a madeira. Então entendeu que estava em um caixão. Afinal, ele havia morrido. Levou suas mãos aos bolsos da calça e achou uma lanterna. Ligou ela e viu exatamente o que esperava, ele realmente estava enterrado. Passou a mão pela madeira e percebeu que não seria tão difícil sair dali. Ele se preparou e começou a bater com força. A madeira começou a ceder e a terra começou a entrar no caixão improvisado. Dean fechou os olhos, a boca e tapou sua respiração para cavar pela terra até a superfície. Suas mãos foram as primeiras a chegarem à superfície enquanto ele ficava de pé no caixão. Quando sua cabeça saiu da terra ele respirou finalmente e começou a fazer força para tirar o resto do corpo da cova. Ficou finalmente livre, deitando de costas para o chão, com a respiração ofegante. Na sua cabeça um milhão de perguntas. Quando sua respiração voltou ao normal, Dean se levantou, olhando o local onde havia sido enterrado. Ao redor do seu túmulo havia várias árvores caídas, como se estivessem sido arrancadas pela raiz. E Dean sabia que, no seu mundo, alguém ressuscitar dos mortos e as árvores assim, não poderiam significar coisas boas. Ele tirou a camiseta e amarrou na cintura por causa do calor do dia, e começou a caminhar por uma estrada vazia, vendo um posto de gasolina ao longe. Ele andou em direção ao posto de gasolina abandonado e bateu na porta.
- Oi, alguém? – ele perguntou, com uma voz rouca, esperando uma resposta, mas nenhuma voz veio até seus ouvidos.
Dean pegou sua camiseta e a enrolou em sua mão direita. Quebrou o vidro da porta e a abriu por dentro. Ele entrou, pegou uma garrafa de água dentro de um frigorífico e deu goles de forma desesperada, a sede estava quase o matando. Ele terminou de beber, deixando a garrafa de lado, andando até uma prateleira de jornais. Ele pegou um e viu a data:
Quarta-feira, 18 março.
- Meu deus, já é março.
Dean se recuperou do choque e procurou por um banheiro, encontrando o nos fundos do local. Ele lavou o rosto em uma pia suja, então olhou para cima encarando seu reflexo. Ele olhou para a sua camisa apertada e suspirou, franzindo a testa. Então decidiu fazer de uma vez e puxou a camisa para expor seu peito. Não havia nada. Dean se lembrava de ser totalmente estraçalhado no inferno e antes mesmo de ir para lá, mas ali, agora não havia nada. Ele virou seu ombro esquerdo para o espelho e puxou a manga da camisa revelando uma grande marca de uma mão como se esta tivesse tocado nele e queimado a sua pele. Ele suspirou, cobrindo a marca e saindo do banheiro. Puxou lanches e barras energéticas das prateleiras, junto com várias garrafas de água, jogando tudo em um saco plástico. Parou na frente de uma bancada de revistas e sorriu lentamente. Pegou uma das revistas que estava escrito "Peitudas Asiáticas" e folheou rapidamente, colocando no saco em seguida.
Ele andou até o balcão e apertou o botão da caixa registradora, estalando os dedos de satisfação quando essa se abriu. Ele começou a pegar o dinheiro que havia na caixa, mas uma TV atrás dele ligou sozinha com uma imagem chuviscada. Dean a desligou e esperou um momento para ver se acontecia novamente, então um rádio a sua direita ligou transmitindo um ruído irritante e a TV ligou novamente com a imagem chuviscada. Dean não desperdiçou tempo, foi correndo até uma prateleira e pegando um saco de sal, correndo para a janela e colocando o sal no batente da mesma.
Um tom agudo insuportável começou a ficar mais alto e Dean levou uma das suas mãos à orelha pela dor que estava sentindo, mas com a outra continuou a derramar sal. O tom agudo ficou cada vez mais forte e ele soltou o saco de sal, levando as mãos aos ouvidos gemendo de dor. A janela acima de sua cabeça estilhaçou com o som contínuo e Dean caiu no chão. Ele se levantou para tentar fugir, mas todos os vidros no local começaram a se quebrar até, de repente, parar. Olhou em volta com cautela, mas nada a mais aconteceu.
Dean pegou sua sacola de plástico e saiu, andando até um telefone próximo à loja do posto. Ele colocou sua sacola no chão, inseriu uma moeda no telefone e discou um número já conhecido, ouvindo apenas um tom de alerta.
- Pedimos desculpa. Você ligou para um número que está desativado.
Dean colocou o dedo no gancho e inseriu outra moeda no telefone público, discando outro número, mas a voz gravada falou a mesma coisa. Ele mais uma vez colocou o dedo no gancho e inseriu outra moeda no telefone público. O telefone tocou uma vez, então foi atendido.
- Alô? - uma voz rouca e aparentemente de um homem velho perguntou do outro lado da linha.
- Bobby? – Dean perguntou, já mais animado.
- Sim?
- Sou eu.
- "Eu", quem?
- Dean.
O telefone caiu em um tom de discagem. Bobby havia desligado na sua cara. Dean colocou o dedo no gancho e inseriu outra moeda no telefone, discando o número do velho amigo, novamente.
- Quem é? - Bobby perguntou em um tom irritado.
- Bobby, me escute... - Dean tentou dizer, mas foi interrompido.
- Isso não é engraçado. Se ligar de novo, eu te mato.
O tom de discagem veio, novamente, aos ouvidos de Dean. Ele colocou o dedo no gancho, sabendo que se ligasse novamente só deixaria Bobby irritado, ele não acreditaria. Dean se virou, vendo um carro branco velho e surrado estacionado ao lado do posto. Seus olhos brilharam e praticamente correu até o carro. Abriu a porta e puxou alguns fios tentando fazer ligação direta. Assim que conseguiu, Dean sorriu vitorioso e fechou a porta dirigindo para longe daquele posto de gasolina.

Bobby estava sentado, lendo algo e bebendo whisky. Ele ouviu algumas batidas na porta e se aproximou da mesma para abri-la. Dean estava do outro lado, ele suspirou e abriu um sorriso em seguida. Bobby o olhou com desconfiança. Não era possível.
- Surpresa. – Dean disse, levantando os braços, enquanto via a cara de espanto do homem.
- Eu, eu não...
- É, nem eu. – Dean disse, entrando na casa do velho amigo. - Mas aqui estou eu.
Aproveitando que Dean estava de costas Bobby pegou uma faca de prata. Dean se virou, aproximando-se do amigo que tentou dar um golpe certeiro nele. Dean bloqueou o ataque e torceu o braço de Bobby, que se soltou ao dar um soco em Dean.
- Bobby! Sou eu! – Dean disse, com as mãos abertas e erguidas na altura dos ombros.
- Minha bunda! – ele respondeu, com raiva.
Dean puxou uma cadeira colocando entre eles dois.
- Ei, ei, ei, espere! Seu nome é Robert Steven Singer. Você se tornou um caçador após sua esposa ficar possuída, e... Você é a coisa mais próxima que temos de um pai. Bobby. Sou eu.
Bobby abaixou a faca e colocou a mão sobre o ombro de Dean que acreditou que havia acabado, mas o homem tentou outro ataque do qual Dean desviou rapidamente.
O velho ficou em posição de ataque, enquanto Dean andava para trás tentando escapar.
- Eu não sou um metamorfo!
- Então é uma aparição!
Dean avançou em Bobby segurando sua mão com força e lhe tomando a faca. Ele então o empurrou, levantando as mãos em seguida para mostrar que não iria machucá-lo.
- Se fosse qualquer um dos dois, faria isso com uma faca de prata?
Dean levantou a manga da camiseta, levou a faca à altura do braço, com uma careta, fez um corte acima do cotovelo com a faca. Uma linha de sangue saiu do corte, fazendo Bobby começar a acreditar no rapaz.
- Dean?
- É o que eu venho tentando lhe dizer. – Dean disse, finalmente deixando a faca longe e andando em direção a Bobby que o puxou em um abraço apertado.
Quando se afastam do abraço Dean está aliviado e entusiasmado.
- É ... É bom te ver, rapaz.
- Sim, você também.
- Mas... como escapou? – Bobby perguntou, duvidoso.
- Não sei. Eu só... acordei rodeado por pinheiros...
Antes que ele pudesse terminar de contar o que aconteceu, Bobby jogou água benta em seu rosto. Dean respirou fundo, com o rosto tudo molhado, e cuspiu a água que entrou em sua boca.
- Sabe, eu também não sou um demônio.
- Desculpe. O seguro morreu de velho. – Bobby disse, dando de ombros e mais feliz em constatar que era mesmo Dean Winchester que havia voltado, sabe-se lá como.
Bobby foi em direção a sala e Dean o seguiu pegando um pano pelo caminho para secar o rosto molhado.
- Isso não faz o mínimo sentido.
- Está pregando para um convertido.
- Dean, seu peito foi rasgado, suas tripas viraram lama. E você foi enterrado há dez meses. Mesmo que tenha escapado e voltado para o seu corpo... – Bobby parou de falar, ainda sem acreditar em seus olhos.
- Era pra eu ser como um zumbi do clipe Thriller do Michael Jackson. – Dean disse sorrindo de lado.
- O que você lembra?
- Não muito. – Dean disse, coçando a cabeça. - Eu me lembro que era um brinquedo de mastigar dos Cães do inferno. Depois, apaguei... Então eu apareci a sete palmos e foi isso. - Bobby se sentou, olhando para Dean e tentando entender o que aconteceu. - O número do Sam não funciona. Ele está...?
- Ele está vivo, até onde eu sei. - Bobby disse, dando de ombros.
- Bom... - Dean disse, aliviado e se sentou ao parar para pensar na frase de Bobby. - Espera. Como assim, até onde sabe?
- Não falo com ele há alguns meses. - Bobby disse, abaixando a cabeça.
- Você está brincando, você o deixou sozinho? - Dean perguntou, indignado.
- Ele estava determinado a isso. – Bobby disse, simplesmente, ainda de cabeça abaixada.
- Bobby, você deveria estar cuidando dele.
- Eu tentei. Estes últimos meses não têm sido exatamente fácil, você sabe. Para ele, para mim... – Bobby pareceu pensar em dizer algo a mais, um nome a mais, mas desistiu - Nós tivemos que enterrá-lo.
- Por que me enterraram, afinal?
- Eu queria te jogar sal e cremar, o de sempre, mas Sam não quis.
- Bem, eu estou feliz que ele ganhou essa. – Dean disse, dando de ombros e sorrindo.
- Disse que precisaria de um corpo quando ele te trouxesse de volta. Foi tudo o que ele disse. – Bobby disse, levantando os olhos para olhar Dean.
- Como assim? – o rapaz perguntou, desconfiado.
- Ele ficou quieto. Muito quieto. E então ele foi embora. Não retornou minhas ligações. Eu tentei encontrá-lo e cheguei a conseguir uma vez, mas depois disso sumiu novamente. Ele simplesmente não quer ser encontrado. – Bobby disse, olhando Dean como se o estivesse analisando.
- Mas que droga, Sammy. – Dean disse, fechando os olhos de frustração.
- O quê? – Bobby perguntou, sem entender.
- Ele me trouxe para casa bem, mas foi mandinga pesada. - Dean disse, se levantando.
- Como sabe disso?
- Pelo local onde me enterraram. Você deve ter visto o túmulo. Parecia que uma bomba nuclear tinha explodido. Aí senti... Uma força, uma presença... Sei lá. Mas passou por mim em um posto de gasolina. E tem isso. – Dean disse puxando a camiseta para cima mostrando a marca da mão em seu braço.
- Que diabos é isso? – Bobby perguntou, se levantando surpreso. Nunca tinha visto algo assim.
- Parece que um demônio me puxou ou me arrastou de lá.
- Mas por quê?
- Para cumprir sua parte da barganha.
- Você acha que Sam fez um pacto? – Bobby perguntou, olhando-o duvidoso.
- É o que eu teria feito.

xx

Dean pegou o telefone e discou um número, esperando que alguém atendesse.
- Sim, oi, eu tenho uma conta de telefone celular com a empresa de vocês, e, ah, eu perdi o meu telefone. Eu queria saber se você poderia ligar o GPS para mim... Sim... O nome é Wedge Antilles... O social é 2474... Obrigado. – Dean disse, por fim desligando o telefone e abrindo um laptop sobre a mesa.
- Como sabia que ele usaria esse nome?
- Você está brincando comigo? O que eu não sei sobre o garoto? – Dean perguntou sorrindo.
Dean abriu um navegador e entrou no site da empresa. Dean se virou e pegou uma das muitas garrafas de bebidas alcoólicas vazias espalhadas.
- Ei, Bobby? Qual é o negócio com a loja de bebidas? Seus pais estão fora da cidade ou algo assim? – Dean perguntou, olhando o velho se aproximar.
- Como eu disse. Os últimos meses não estão sendo tão fáceis.
- Sei - Dean disse, o olhando.
Os sinais sonoros portáteis no visor mostram um mapa da cidade, com uma seta azul apontando para uma estrela.
Localização Telefone: 263 Adams Road, Pontiac, Illinois.
- Sam está em Pontiac, Illinois.
- Bem perto de onde você estava enterrado. – Bobby disse, olhando-o duvidoso.
- Bem onde eu apareci. Grande coincidência, não acha? – Dean disse, se levantando.

xx

Dean e Bobby caminharam por um corredor sombrio e bateram em uma porta, com o número 207 dentro de um coração vermelho. A porta foi aberta por uma mulher jovem com cabelos escuros, vestindo apenas uma camisa e calcinha. Ela olhou para eles com expectativa.
- Então, onde está?
Dean olhou para Bobby confuso.
- Onde está o quê?
- A pizza que precisa de dois caras para ser entregue.
- Acho que estamos no quarto errado. – Dean disse, olhando a garota da cabeça aos pés.
Sam apareceu na porta logo atrás da garota, usando uma camiseta cinza e calça jeans.
- Ei, é... – Sam começou a dizer, mas parou assim que viu seu irmão.
- Hey, Sammy. – Dean disse, um tanto quanto emocionado.
Sam continuou em silêncio e Dean deu alguns passos a frente, ignorando a garota na porta, que ficou de lado para deixá-lo entrar. Quando Dean se aproximou de Sam, esse puxou uma faca e avançou em Dean que bloqueou o ataque. Bobby entrou, rapidamente, segurando Sam para que não matasse o irmão, mas continuava lutando para se soltar.
- Quem é você? – ele perguntou, gritando.
- Como se não tivesse sido você! – Dean disse, indignado com o irmão.
- Eu o quê? – Sam perguntou, sem entender.
- É ele. É ele. – Bobby disse, tentando fazer Sam se acalmar. - Eu já passei por isso, é realmente ele.
Sam finalmente se acalmou, parando de lutar e olhando para o irmão dos pés a cabeça. Bobby começou a soltar Sam com lentidão.
- Mas...
- Eu sei. – Dean disse, se aproximando do irmão com cautela. - Eu estou fantástico, não é?
Bobby finalmente soltou Sam, que estava com os olhos cheios de lágrimas. Dean sorriu ao perceber que o irmão o reconheceu e Sam se aproximou, abraçando-o com força de uma forma desesperada. Ficaram abraçados durante vários segundos, com a emoção tomando conta, enquanto Bobby olhava a cena com lágrimas nos olhos. Sam empurrou Dean, para se soltar do abraço e olhar o irmão, e volta a abraçá-lo novamente. A garota a porta olhava a cena confusa.
- Então, vocês são... Namorados? – ela perguntou, olhando eles de forma engraçada.
- O quê? – Sam perguntou, soltando o irmão do abraço e olhando para a garota que ele nem lembrava que estava por lá. - Não. Não. Ele é meu irmão.
- Entendi... – ela disse sorrindo. - Acho melhor eu ir embora.
- Sim, boa ideia. – Sam disse, sorrindo sem jeito. - Desculpe.
A garota entrou, vestiu uma calça e pegou a sua jaqueta. Sam a acompanhou até a porta.
- Então, me ligue. – ela disse sorrindo para ele.
- Pode deixar, Kathy.
- Kristy. – ela disse, dando um sorriso torto.
- Certo. – Sam disse, sorrindo e vendo ela se afastar.
Sam fechou a porta e se virou para Bobby e Dean, que estava de pé com os braços cruzados e um pouco pensativo se lembrando de uma pessoa, mas antes de se preocupar com a sua garota ele tinha que descobrir qual era a besteira que Sam havia feito.
- Então me diga. Quanto custou?
- A menina? – Sam perguntou, sorrindo - Eu não pago, Dean.
- Isso não é engraçado, Sam. Para me trazer de volta. Quanto custou? Foi apenas a sua alma, ou algo pior? – Dean perguntou, nervoso.
- Você acha que eu fiz um pacto? – Sam perguntou, sem acreditar.
- Isso é exatamente o que nós pensamos. – Bobby disse, também cruzando os braços.
- Bem, eu não fiz. – Sam disse, encostando-se à parede.
- Não minta para mim. – Dean disse, olhando sério para o irmão.
- Eu não estou mentindo. – Sam disse, dando de ombros.
- Você tirou o meu da reta e colocou o seu? É capacho de algum demônio? Eu não queria ser salvo assim. – Dean disse, se aproximando ferozmente do irmão.
- Olha, - Sam disse, com raiva. - Dean, eu gostaria de ter feito isso, tudo bem?
- Não tem como eu ter saído de outro jeito. Diga a verdade! – Dean puxou, Sam pelo colarinho da camisa, com raiva.
- Eu tentei de tudo. Essa é a verdade. – Sam disse, soltando-se. - Eu tentei abrir portão do Inferno. Eu tentei fazer um pacto, Dean, mas nenhum demônio aceitou. Você estava apodrecendo no inferno por meses. Por meses eu não pude parar. Então, eu sinto muito por não ter sido eu, ok? – Sam disse, se encostando novamente na parede. – Dean, eu sinto muito.
- Está tudo bem, Sammy. Você não tem que se desculpar, eu acredito em você. - Dean disse, respirando fundo porque sua mente já estava procurando outro culpado, ou melhor, culpada.
- Não me interpretem mal, estou alegre que a alma de Sam permaneça intacta, mas isso levanta uma questão difícil. Se ele não te tirou, então quem foi? – Bobby perguntou, olhando para Sam e Dean em seguida.
- . – Dean disse, em um tom baixo.
- Sem chance. – Bobby disse, rapidamente.
- Eu sei que ela prometeu que seguiria sua vida e que não faria nada de idiota para me tirar de lá, até disse que cuidaria do Sam, mas ela pode ter feito...
- Não foi ela. – Sam disse, respirando fundo e olhando para Dean com uma expressão estranha.
- Por que não? – Dean perguntou, olhando para Sam desconfiado. Sam olhou para Bobby que abaixou a cabeça com uma feição triste. - Espera... Desde que eu voltei não ouvi nenhum dos dois falarem sobre a . Onde ela está? – Dean perguntou, olhando para os dois que não disseram nada. - Ela não...
- Não. Ela está viva. – Bobby disse, suspirando em seguida. - Mas aconteceram algumas coisas nesse tempo que você ficou no inferno, Dean.

Dean’s P.O.V.

- Como assim Bobby? – eu perguntei, enquanto dirigia o Impala até o novo endereço de . - Ela simplesmente parou de caçar?
- Não, Dean. Ela parou de viver. – Bobby disse, em um tom triste.
Dean imaginou sua pequena com olheiras, dentro de casa, sem querer comer, beber, conversar, sair ou caçar. Uma cena dolorosa só de imaginar.
- O que aconteceu depois?
- Sam foi embora. passou a morar em seu quarto e eu comecei a ter uma quantidade maior de bebidas em casa. – Bobby disse, olhando para a rua.
- Próxima à direita. – Sam disse, e fiz o que ele falou. - Aquela casa azul claro.
Olhei para a nova casa de , era perto de onde eu havia sido enterrado. Desci do carro e olhei para a casa. Caminhei até a porta e bati na mesma com firmeza. Então senti uma das mãos do Bobby sobre meu ombro.
- Houve um acidente.
- Como? – perguntei, me virando para olhá-lo, assustado.
- Houve um acidente, – Bobby repetiu e suspirou. - com e ela teve sequelas.
- Que tipo de sequelas, Bobby? – perguntei aflito, o pior já estava se passando pela minha cabeça.
Então a porta foi aberta. estava linda como sempre, com o cabelo comprido, o rosto liso e macio, o corpo perfeito, os cílios grandes, a boca delicada e sedutora e os olhos brilhantes que me olhavam com certa curiosidade. Então ela olhou para as pessoas ao meu lado e abriu um enorme sorriso.
- Bobby! – ela disse, abraçando o velho com carinho.
Ela se afastou dele e se virou para Sam, seu olhar pareceu diferente, ela olhava para ele de uma forma diferente. Senti uma pontada de ciúmes.
- Sam! – ela disse, o abraçando com força e ele sorriu para ela com ternura assim que ela se afastou.
Sequelas. Sequelas. Sequelas.
voltou a olhar para mim e estendeu a mão para me cumprimentar.
- Prazer, ou Colt. – ela disse, abrindo um sorriso.
Fiquei alguns segundos olhando para a mão dela. Como assim? Por que ela estava se apresentando como se não me conhecesse?
Estendi a mão para ela e a cumprimentei.
- Prazer, Dean Winchester. – o sorriso saiu do rosto dela rapidamente e ela se virou para Sam.
- Eu não fiz nada. – ele disse, sorrindo fraco. - Estamos tentando descobrir o que aconteceu.
- Ok. – ela disse, soltando minha mão e me olhando de uma forma estranha.
Sequelas. Sequelas. Sequelas.
- ? – Chad a chamou, aparecendo na porta ao seu lado, com um sorriso que permaneceu em seu rosto ao olhar para Bobby, diminuiu a olhar para Sam, e quando ele finalmente me viu, o sorriso sumiu completamente e foi substituído por um ar de espanto.
- Dean? – ele perguntou, sem acreditar em seus olhos.
- É. – eu disse, dando de ombros e abrindo um sorriso.
- Vocês se conhecem? – perguntou, sem entender, parecia mais perdida do que eu.
- É... Longa história. – Chad disse, passando as mãos pelos cabelos e se virando para a irmã. - Então... , você não ia ao mercado?
- Ah, sim. – ela disse, sorrindo para nós três. - Eu já volto, meninos.
Dizendo isso, ela passou por nós e entrou no seu Camaro. Nós quatro ficamos em silêncio até o carro sumir na esquina. Chad foi o primeiro a falar.
- Dean? Como? – ele perguntou, olhando de mim para Sam.
- Eu não fiz nada. – Sam disse, já um pouco irritado com a situação. - Ele apareceu vivo e estamos tentando descobrir o que aconteceu.
- Foda-se isso. – eu disse, olhando para Chad. - O que aconteceu com ela?
- Não te contaram? – Chad perguntou e eu balancei a cabeça negativamente.
- Bobby me disse quase agora que ela sofreu um acidente e que teve sequelas, mas ela parece nem me conhecer. Que droga é essa?
Chad suspirou, abrindo a porta da casa, dando espaço para que entrássemos.
- Entrem.
Nós entramos e nos sentamos no sofá. Chad fechou a porta e também se sentou.
- Tudo bem. – Chad disse, se virando para me olhar. - sofreu um acidente de carro e bateu a cabeça com muita força. O médico falou que ela poderia ficar com sequelas, mas quando ela acordou estava tudo bem. Conversou normalmente comigo e com o Bobby. – Chad olhou para Sam. - Até o Sam aparecer e ela não o reconhecer. Perguntamos se ela conhecia Dean Winchester e ela disse que sim, que era o nome do filho mais velho de John Winchester. – Chad suspirou. - Perguntamos qual a última coisa que ela se lembrava e ela disse que foi sair para caçar em Burkitsville, Indiana.
- O quê? – perguntei, sem acreditar.
Burkitsville, Indiana, foi onde conheci e eu acredito que a última vez que ela esteve lá foi essa que estávamos caçando o espantalho.
- É, Dean. perdeu mais de três anos de memória. Ela não se lembra de caçar com vocês, não se lembra de estar com você, não se lembra da sua morte...
- Resumindo, ela não se lembra de mim. – eu disse e logo em seguida um pânico começou a tomar conta de mim. A minha garota nem fazia ideia de quem eu era. Do que passou ao meu lado. Nem se quer sentia a minha falta, muito menos me amava.
- Mas por que não contaram a ela?
- Não me leve a mal, Dean. – Chad disse, passando as mãos pelos cabelos. - Eu gosto de você, e um lado meu queria que ela se lembrasse do homem que você foi, mas o meu lado protetor falou mais alto. Decidi que seria melhor ela não saber sobre você, pois teríamos que contar tudo, até sobre a sua morte e eu não queria mais a ver sofrendo.
- E como ela sabe sobre Sam?
- Ela não sabe. - Sam disse, dando de ombros. - Ela acha que sou apenas o filho de John Winchester e amigo de Bobby que vem visitar ela e o Chad de vez em quando. Para ela estamos nos conhecendo agora.
- Mas ela reconheceu meu nome.
- Exatamente como reconheceu a primeira vez, porque papai já havia falado sobre você e porque eu tive que contar a ela tudo que aconteceu, mas omitindo o fato de que ela e Chad estavam no meio de tudo.
- Se soubéssemos que você voltaria, teríamos contado tudo. – Chad disse, com a cabeça abaixada.
Suspirei, não sabia mais o que falar.

xx

Estávamos conversando sobre os dez meses que passei no inferno, quando a porta foi aberta. entrou com várias sacolas e olhou para nós com um pedido de ajuda estampado no rosto. Eu e Sam nos levantamos ao mesmo tempo.
- Eu te ajudo. – nós dissemos em uníssono.
Meu irmão me olhou e sorriu coçando a cabeça. Talvez porque eu lancei um olhar mortal para ele.
- Quer saber? Ajuda ela, Dean. A conversa está boa por aqui. – Sam disse, voltando a se sentar.
Olhei para e ela sorriu para mim, me incentivando a se aproximar para ajudá-la. Peguei algumas sacolas e a segui em direção a cozinha. colocou as coisas sobre a mesa e eu fiz o mesmo.
- Será que seria demais pedir para me ajudar a guardar? – ela perguntou, com aquele sorriso doce que convenceria qualquer um a fazer qualquer coisa.
- Não, claro que não. – eu disse, tirando as coisas da sacola.
Ela começou a guardar as coisas e foi me mostrando onde deveria guardar também. Não demoramos muito para terminar de guardar tudo.
- Então, você é o tão famoso Dean Winchester, herói e quase uma lenda. – disse, se encostando à bancada e cruzando os braços. - Mulherengo, comilão, mas que faria tudo pelo irmão. Fez, para dizer a verdade.
- Sou eu mesmo. – eu disse, sorrindo e me encostando-se à bancada ao lado dela. - Tirando a parte do mulherengo.
Ela sorriu.
- Não é isso que dizem por aí. – ela disse, dando de ombros. - Se bem que ouvi dizer que você estava em algo como "um relacionamento sério com uma garota", antes de morrer.
Minha vontade era de dizer. "Pois é, essa garota se chama , conhece?"
- Estava. – eu disse, simplesmente. - Há cerca de quase dois anos.
- Uau. – ela disse, realmente surpresa. - E o que aconteceu com ela? Digo, quando soube que você iria para o inferno e tudo mais? Ou ela não sabia?
- Ela sabia. – eu disse, abaixando a cabeça. - Ela ficou arrasada e fez de tudo para os meus últimos dias serem os melhores de toda a minha existência.
- Ela deve ser uma grande mulher. – sorriu.
- Ela é. – eu disse, sorrindo de volta.
- Sabe onde ela está agora?
- Sei, mas... Ela está com a vida totalmente diferente. Eu não quero mudar isso.
- Entendi. – ela disse, um tanto quanto pensativa.
- Soube que você sofreu um acidente e perdeu um pouco da sua memória. – eu disse, tentando saber se ela havia mesmo esquecido de tudo. Uma parte de mim se recusava a acreditar.
- Um pouco? – ela perguntou, dando um sorriso sarcástico. - Eu perdi três anos da minha memória. Quase uma vida.
- Não consegue mesmo se lembrar de nada?
- Bem que eu queria, mas não consigo. O pior é que eu sinto como se estivesse faltando algo, sabe? Todos já me contaram um milhão de vezes tudo que aconteceu, mas eu continuo a sentir que a história está incompleta. – ela disse franzindo a testa e olhando para mim em seguida.
Senti vontade de sorrir, não porque sabia a verdade ou algo do tipo, mas porque percebi que algo dentro dela sentia a minha falta.
- Bom... Talvez isso passe com o tempo. - eu disse, dando de ombros. - Afinal, faz apenas alguns meses que isso aconteceu, não é?
- É. - ela disse, suspirando em seguida. Sem acreditar muito que isso era possível. - Quer uma cerveja?
- Quero. – eu disse.
Ela se aproximou da geladeira e me entregou uma cerveja, pegando mais quatro e colocando sobre a bancada.
- Pode levar uma? Se não for pedir demais. – ela perguntou, me olhando.
- Você já está abusando da minha boa vontade. – eu disse, a fazendo sorrir.
- Pode cobrar algo em troca depois. – ela disse, dando de ombros.
- Vou cobrar. – eu disse, tomando um gole da minha cerveja e pegando duas garrafas para levar para sala.
sorriu e confirmou com a cabeça indo em direção à sala e eu a segui.
Chad, Sam e Bobby estavam sentados no sofá. se sentou ao lado de Chad, lhe entregando uma garrafa e ficando com uma. Eu me sentei ao lado de Sam, entregando uma garrafa a ele e outra a Bobby.
- O que estava fazendo aqui se não estava tirando Dean da cova e nem visitando a gente? – Chad perguntou, olhando para Sam com seriedade. O clima não parecia estar muito bom entre os dois ou talvez fosse só impressão minha.
- Quando percebi que não podia salvar Dean, comecei a caçar a Lilith, na esperança de me vingar. – Sam disse, olhando para sua cerveja.
- Sozinho? Quem você pensa que é? Seu pai? – Bobby perguntou, indignado.
- Foi mal, Bobby. Eu devia ter ligado. Estava bastante arrasado. – Sam disse, cabisbaixo.
- Ah! Sim. Eu até vi a sua dor quando chegamos ao motel onde você estava hospedado. – eu disse, cruzando os braços e me lembrando da garota que estava no quarto com ele.
- Enfim, eu estava na cola de uns demônios em Tennessee, e do nada, eles desviaram seu caminho para cá. – disse Sam.
- Quando? – perguntou, olhando para ele.
- Ontem de manhã.
- Quando fui solto. – eu disse, pensativo.
- Acha que estão aqui por você? – perguntou, olhando para mim e eu afirmei com a cabeça. - Mas por quê?
- Bem, eu não sei. Algum demônio nó cego me tira de lá e agora isso? Deve haver uma ligação. – eu disse, dando de ombros.
- Como está se sentindo, afinal? – Bobby perguntou, me olhando com preocupação.
- Com um pouco de fome. – eu disse, olhando para que sorriu balançando a cabeça negativamente.
- Não vou cozinhar para você, Winchester.
- Me deve essa. – eu disse, sorrindo e ela rolou os olhos.
- Não. – Bobby disse, rolando os olhos para nós dois. - Digo, se sente como você mesmo? Nada de estranho, ou diferente?
- Ou demoníaco? – eu perguntei, de modo sarcástico - Bobby, quantas vezes eu tenho que provar que sou eu?
- Bem, Bobby está certo. – disse, de repente - Nenhum demônio deixou você sair por ter um bom coração. Deve ter algo bem feio, planejado.
- Bem, eu me sinto bem. – eu disse, dando de ombros. - Tirando isso...
Levantei a manga da camisa. e Chad olharam para a marca da mão em meu braço com surpresa.
- O que é isso? – perguntou, se aproximando para olhar melhor.
- Não sei. Só estava aí quando voltei.
- Não sabemos o que planejam. Temos um monte de perguntas e não temos respostas. Precisamos de ajuda. – Sam disse e Chad bufou.
- Eu só acho que um demônio não fez isso. – disse, pensativa.
- Conheço uma psíquica que mora perto daqui. Algo dessa importância, talvez ela tenha ouvido o lado de lá. – Bobby disse.
- Claro. Vale à pena tentar. – eu disse, sorrindo
- Já volto. – Bobby disse, se levantando e saindo da sala.
Me levantei para seguir Bobby.
- Espera. – disse, se virando para mim. - Deve querer isso de volta.
puxou um cordão que estava no seu pescoço, tirando o amuleto de dentro da blusa e o retirando.
Ela estendeu a mão e eu o peguei com um sorriso. Era o meu amuleto.
- Obrigado. – eu disse, franzindo a testa - Mas por que estava com você?
- Bem... Sam me deu depois do acidente, disse que era seu e que me daria sorte. Eu aceitei porque você é um exemplo de coragem e determinação.
- Obrigado. – eu disse, novamente dando um rápido abraço nela.
- Não foi nada. – ela disse, sorrindo e ficou me olhando enquanto eu colocava o amuleto. - Dean, como era?
- O inferno? – perguntei e ela afirmou com a cabeça. - Não sei. Devo ter apagado. Não me lembro de nada.
Ela sorriu, novamente.
- Isso me parece bom.
- É. – eu disse, me lembrando das torturas e tentei sorrir. - Isso é bom.
- Ela mora há umas quatro horas, indo pela Interestadual. – Bobby disse, voltando à sala. - Tentem acompanhar.
sorriu, batendo palminhas e pegou a chave do seu Camaro.
- Quanto menos carros melhor. - eu disse e ela me olhou franzindo a testa. - Vamos no meu Impala.
- Mas e o meu bebê? – ela perguntou, com uma voz infantil.
- Hoje ele fica na garagem. – eu disse, sorrindo e andando em direção a porta. Ainda a ouvi resmungar algo como nos velhos tempos.

xx

Entramos no carro e eu dei partida.
- Ainda há uma coisa que está me incomodando. – eu disse, olhando ouvindo musica em seu fone de ouvido.
- O quê? – Sam perguntou.
- Na noite que comi grama pela raiz, ou fui comido. – eu sorri, da minha própria sagacidade. - Como se safou? Eu pensei que Lilith fosse matar você.
- Ela tentou, mas não conseguiu.
- Como assim? – perguntei, olhando para Sam.
- Ela jogou uma luz ardente em mim, e... Não deixou nenhum arranhão. Como se eu fosse imune. – Sam disse, franzindo a testa.
- Imune?
- É. – ele disse, dando de ombros. - Não sei quem ficou mais surpreso, ela ou eu. Ela foi embora rapidinho depois daquilo.
- E a Ruby, onde está?
- Morta ou no inferno.
Mordi o lábio, pensando se deveria mesmo fazer essa pergunta.
- Então, você tem usado aquele seu lance paranormal?
- Não.
- Tem certeza? Bem, agora que você tem imunidade, ou o que quer que isso seja, me pergunto que outro tipo de estranhice você tem. – eu disse, olhando para ele.
- Nada. – Sam disse, dando de ombros. - Você não queria que eu seguisse aquele caminho, não segui. Foi praticamente seu desejo de morte.
- Vamos manter assim. – eu disse, o olhando meio desconfiado. Algo me dizia que Sam aprontou alguma enquanto eu estava fora.

xx

’s P.O.V.
Dean parou o Impala logo atrás da caminhonete de Bobby. Descemos do carro e seguimos Bobby até uma casa. Ele bateu na porta e nós esperamos até ela ser aberta por uma mulher com uns trinta anos, forte e bonita. Ela sorriu assim que nos viu.
- Bobby! – ela disse, abraçando-o e o levantando brevemente do chão.
Dean me olhou de forma engraçada e eu segurei o riso. Havia algo nele que eu gostava, mesmo não o conhecendo.
- Você é um colírio para os olhos. – Bobby disse, sorrindo.
A garota sorriu de volta e se afastou para nos olhar melhor. Ela avaliou dos pés a cabeça cada um de nós.
- Esses são os garotos?
-Sam, Dean, . Pamela Barnes, melhor psíquica do estado.
- Oi. – Dean disse, sorrindo.
- Oi. – eu e Sam dissemos em uníssono.
Sam me cutucou por falarmos ao mesmo temo e eu sorri. Pamela olhou para nós dois, mas se virou para olhar Dean de uma forma interessada.
- Hum, Dean Winchester! Fora do fogo e de volta a frigideira, hein? Isso faz de você uma pessoa rara. – ela disse, se aproximando dele e olhando para mim em seguida como se esperasse que eu falasse algo. - Ela perdeu mesmo a memória? – ela perguntou, olhando para Bobby. - Dois anos de memória?
- Ham? – perguntei, sem entender porquê ela mudou de assunto tão rápido.
- Foi. – Bobby disse, olhando-a e ela sorriu.
Não sei qual era a graça em saber que eu havia perdido a memória. Pamela entrou em sua casa e deu espaço para que entrássemos também.
- Então, ouviu algo? – Bobby perguntou, olhando para ela.
- Me comuniquei com uma dúzia de espíritos. Ninguém parece saber quem o libertou ou porquê.
- O que fazemos agora? – perguntei, olhando para ela que deu de ombros.
- Uma sessão espírita, eu acho. – ela disse, dando de ombros. - Para tentar descobrir quem realizou a façanha.
- Não vai invocar o maldito para cá, vai? – perguntou Bobby, preocupado.
- Não. Só quero dar uma olhada nele. Como uma bola de cristal, sem o cristal. – ela disse, dando de ombros.
- Eu topo. – Dean disse, decidido a descobrir o que estava acontecendo.
A tal Pamela começou a arrumar as coisas para a sessão. Ela colocou uma toalha de mesa preta cheia de símbolos sobre uma pequena mesa. Eu, Sam e Dean nos entreolhamos, eles também estavam achando aquilo bizarro. Pamela se agachou para pegar algo em um armário, revelando uma tatuagem rabiscada em toda a sua parte inferior das costas. Dean ao meu lado virou a cabeça para ler melhor. Jesse forever.
- Quem é Jesse? – ele perguntou, franzindo a testa.
Pamela sorriu, sem se virar para nos olhar.
- Não durou para sempre.
- Azar o dele. – Dean disse, sorrindo e eu senti algo estranho, mas não fiz nada quanto a isso.
Pamela se levantou com várias velas em suas mãos, ela parou na frente de Dean com um enorme sorriso.
- Pode ser sorte sua. – então ela olhou para mim, novamente, como se esperasse que eu falasse algo. Mas que porra era essa? Ela estava achando que eu tinha um caso com o Dean ou o quê?
Ela saiu de perto de nós para colocar as velas sobre a mesa.
- Eu tô na dela. – Dean disse, se virando para nós com um sorriso, mas parou de sorrir quando me olhou.
- Ela vai comê-lo vivo. – Sam disse e eu sorri.
- Ei, eu acabei de sair da cadeia. Pode vir! – Dean disse, dando de ombros e olhando para mim.
Ele também me olhava como se esperasse por algo.
Pamela passou por nós e piscou para Sam.
- Você também está convidado, mal-humorado.
Sam ficou sem graça, mas aquela mulher já estava apelando. Querer os dois Winchesters é demais.
- Você não está convidado. – Dean disse, fazendo Sam rir.
- Essa aí está na seca. – eu disse, cruzando os braços e os dois me olharam sorrindo.
- Como? – Pamela perguntou, próxima a mesa.
- Nada! – eu disse, sorrindo - Só vou esperar lá fora. Não gosto de sessões espíritas ou coisas desse tipo.
Eu me virei em direção à porta e saí dali. Aquela mulher havia me estressado com toda a sua vulgaridade. Encostei-me na porta e fiquei esperando por algo.
- Certo. Dêem as mãos. – ouvi Pamela dizer. - Preciso tocar em algo em que o nosso monstro misterioso tocou.
Ouvi um barulho de algo batendo a mesa.
- Bem... Ele não me tocou aí. - Dean disse e Pamela sorriu.
- Erro meu.
Fala sério, ela não fez o que eu estou pensando que fez. Que mulherzinha mais vadia! Eu me desencostei da porta e fui para perto do carro de Dean. Aproveitei o tempo para pensar sobre a vida. Desde o acidente tudo que tenho feito nos meus tempos livres é tentado me lembrar das coisas que esqueci. Tentei me lembrar do dia que fui caçar em Burkitsville, Indiana. A última coisa que me lembro era de ter entrado naquele pomar estranho, que tinha um espantalho feio pra caralho, lembro que ouvi alguém se aproximar algum tempo depois, lembro que me escondi para ver quem era de longe e... Então me lembro de um homem de costas olhando o espantalho... Eu parei um pouco em choque, essa última parte eu havia me lembrado agora, ela simplesmente não fazia parte das minhas lembranças até agora. Tentei lembrar o resto, mas não consegui, não consegui lembrar o rosto, ou da voz. Suspirei um tanto quanto irritada, isso era tudo. Daí até o acidente não consigo me lembrar de nada. Não me lembro se consegui acabar com aquela coisa, não me lembro daquele cara, se durantes esses dois anos mais cacei ou fiquei em casa, não me lembro se cheguei a me despedir de John... Nada dos últimos três anos. É como se eles não existissem na minha vida.
Ouvi alguns gritos de dentro da casa de Pamela. Peguei minha arma e corri para lá abrindo a porta e me deparando com Pamela caída ao chão, Dean e Bobby agachados próximos a ela e Sam ligando para a ambulância.
Aproximei-me deles. Pamela abriu os olhos, revelando buracos negros e vazios. Ela estava totalmente cega. A mulher soluçou.
- Não consigo enxergar. Meu Deus!
Eu a olhava, horrorizada. O que diabos havia acontecido com aquela mulher?

xx

Nós quatro nos dividimos, Bobby foi para o hospital com Pamela, enquanto eu, Dean e Sam fomos para um lanchonete qualquer. No caminho os dois me contaram o que havia acontecido. Dean estava se sentindo culpado pela cegueira de Pamela e Sam disse algo como "a culpa é do tal Castiel". Eu já havia ouvido esse nome antes, ou algo parecido com isso. Quando chegamos a lanchonete eu disse aos meninos que já voltava para encontrá-los, eles concordaram sem questionar. Fui para a praça e me sentei tentando lembrar. Castiel? Castiel! Esse nome estava escrito no diário da familia Colt, eu me lembro de ter visto isso depois do acidente. E o pior, escrito com a minha letra. Castiel? O que isso significa ou quem é essa pessoa ou coisa? Disquei rapidamente o número de Chad.
- Oi. – uma voz feminina atendeu ao telefone de casa, de forma animada.
- Tina, o Chad está por aí?
- Está, espera. – a ouvi gritar para Chad ao longe e depois voltar a falar. - Está vindo.
- Obrigada. – eu disse, esperando pacientemente.
- Oi. – ele disse, sorrindo.
- Chad, preciso de um grande favor. – eu olhei em volta. - Dá uma olhada no diário da nossa família e vê se encontra o nome Castiel. Procura do começo ao fim.
- Você tá tirando uma com a minha cara? – ele perguntou, sorrindo.
- Não. É sério.
- Ok, – ele disse, de forma despreocupada - mas quero recompensa.
- Maninho, se contenta em ter a minha casa para dormir, a comida para se alimentar e roupa lavada por mim para usar.
Chad resmungou algo do outro lado da linha e eu sorri.
- Também te amo, querido. – eu disse, desligando em seguida.
Suspirei olhando as pessoas andando pela praça, conversando e rindo. O que eu não daria para ter uma vida assim. Normal. Passei um tempo ali, observando, até sentir meu celular tocar. Apareceu "Dean chamando" e eu franzi a testa, mesmo assim atendi.
- Alô?
- ? Onde você está? – uma voz conhecida disse do outro lado da linha.
- Como tem meu número?
- Ham... Sam me passou. – ele disse rapidamente.
- Tenho seu número salvo na minha agenda. – eu disse franzindo a testa. - Como?
Dean pareceu tossir.
- Eu... Eu não sei. O celular é seu.
Rolei os olhos.
- Eu sei que o celular é meu, Winchester... O que foi?
- Estamos indo embora, a lanchonete estava um pouco cheia.
- Como? Quando saí daí não tinha quase nenhuma alma viva. – eu disse, estranhando.
- Cheia de demônios, . – ele disse, como se estivesse falando com uma criança pequena.
- Estou em uma praça a um quarteirão daí...
- Estamos chegando. – ele disse, desligando na minha cara.
- Ah! Tchau para você também, mal educado. – eu disse, cruzando os braços e esperando pelos dois.
Não demorou muito e o Impala apareceu em meu campo de vista. Dean buzinou para que eu entrasse no carro e eu o fiz.
- O que foi?
- Três demônios lá na lanchonete estavam tentando nos amedrontar, mas na verdade estão amedrontados com a minha volta. Deve haver algo muito grande por trás disso e eles estão se cagando de medo. – Dean disse, enquanto dirigia.
- O que fizeram com eles? – perguntei.
- Nada. – Sam disse, cruzando os braços, um tanto quanto nervoso. - Deveríamos voltar lá e acabar com eles.
- Sem chances, vamos descobrir quem me libertou e porquê. Uma coisa de cada vez. – Dean disse, olhando para Sam que bufou derrotado.

’s P.O.V. Off

Dean estava cochilando no sofá com um grande livro aberto em seu colo. Sam passou pela sala verificando se o irmão acordava, abriu a porta e saiu, andando em direção ao Impala. Sam entrou no carro e deu partida.
Dean continuou dormindo, mas a TV ligou sozinha, com uma imagem chuviscada, e o rádio também, transmitindo um ruído irritante. Ele acordou esfregando os olhos de sono e se levantou rapidamente ao perceber o que estava acontecendo. Ele correu pela sala pegando uma espingarda que estava do outro lado da sala, um som agudo insuportável começou a ficar mais alto, e Dean levou uma das suas mãos à orelha pela dor que estava sentindo, mas com a outra continuou com a arma a postos. O som agudo ficou cada vez mais forte e ele soltou a espingarda levando a outra mão ao ouvido gemendo de dor. As janelas começaram a estilhaçar com o som contínuo, e Dean caiu no chão. Ele se encolheu no chão, agarrando ambas as orelhas para proteger os ouvidos. Dean gritou e apareceu, descendo as escadas com uma arma em mãos.
- Dean!
O som já havia parado, mas ele continuava deitado ao chão, com um pouco de sangue nas mãos. se aproximou dele e o ajudou a se levantar e sentá-lo no sofá, olhando assustada em volta. Correu para cozinha voltando rapidamente com panos limpos.
- Como você está? – ela perguntou, sentando-se ao seu lado.
- Apesar dos sinos da igreja tocando na minha cabeça, supimpa. – ele disse, dando um sorriso fraco e ela passou a mão pelas suas costas.
- Onde está, Sam? – ela perguntou, de repente.
- Não está lá em cima? – Dean perguntou, confuso.
- Se ele estivesse, tinha acordado e descido com todo esse barulho. – ela disse.
Ele pegou o seu celular e discou um número. O celular tocou por um tempo e Sam atendeu ao telefone.
- Hey. – Sam disse, do outro lado da linha.
- O que você está fazendo? – Dean perguntou, levantando-se e andando até a janela quebrada. Seu carro não estava lá fora.
- Não consegui dormir. Vim comprar um hambúrguer. – Sam disse, sorrindo.
- No meu carro? – Dean perguntou, indignado.
- Força do hábito, desculpe. O que faz acordado? – ele perguntou.
- não estava conseguindo dormir, então vamos atrás de algo para comer também. – ele disse, olhando para que o olhava chocada. Ele estava mentindo.
Dean levantou o dedo para que ela esperasse.
- Beleza. Beba um pouco por mim, ok?
- Tudo bem. Falo com você mais tarde. – ele disse sorrindo e desligando em seguida.
- Por que não disse a ele? – perguntou, sem entender.
- Porque ele tentaria nos impedir.
- De quê? – perguntou mais confusa ainda.
- De invocar aquela coisa. É hora de enfrentar isso de frente. – Dean disse se sentando no sofá.
- Você não pode estar falando sério! – disse chocada.
- Seríssimo. É Matar ou Morrer, neném. – Dean disse, sorrindo.
- Nós não sabemos o que é. Poderia ser um demônio, qualquer coisa. – ela disse, levantando-se, agora um pouco irritada.
- É por isso que nós temos que estar prontos para qualquer coisa. – Dean disse, pegando a faca de Ruby e mostrando para . - Temos a grande faca mágica e você tem um arsenal no porta-malas...
- Esta é uma má ideia. – disse, andando de um lado para o outro.
- Sim, concordo, mas que escolha temos? – Dean perguntou se levantando e se aproximando da garota.
- Podemos escolher a vida. – ela disse, dando de ombros, de forma sarcástica.
- , seja o que isso for, o que quer, está atrás de mim... Isso nós sabemos, né? Não tenho lugar pra me esconder. Posso ser pego de calças curtas de novo, ou podemos nos opor.
- Dean, o Sam pode nos ajudar ou o Bobby.
- Não, eles estão melhor onde estão. - ele disse, dando de ombros e indo em direção a porta. bufou, pegando a chave do seu Camaro e o seguindo.

Dean’s P.O.V.

começou a desenhar um símbolo, com tinta spray branco, no chão de cimento. Em todo armazém, teto, paredes e chão havia desenhos iguais que ela já havia feito.
Dean se aproximou de uma mesa cheia de coisas.
- Que belo projeto artístico temos aqui.
- Armadilhas e amuletos de todas as fé na Terra.
- Estacas, ferro, prata, sal, uma faca... Estamos praticamente prontos pra pegar e matar qualquer coisa que já ouvi falar. – eu disse, sorrindo.
- Ainda é uma má ideia. – disse, cruzando os braços e me olhando.
Ela ficava linda assim.
- Sim, , já é a décima vez que diz isso. Que tal tocarmos o sino pro jantar?
Ela bufou, mas concordou andando até a mesa e pegando uma pitada de pó de uma tigela e jogou em uma bacia maior que começou a fumaçar.
- Amate spiritus obscure... começou a falar em latim e eu olhei em volta esperando por algo, mas nada aconteceu.
Ela terminou de falar e nada aconteceu. Olhei para ela, franzindo a testa.
- Tem certeza que fez o ritual certo? – me olhou, de uma forma maligna. - Não tá mais aqui quem falou. Sensível, hein?
De repente um barulho alto sacudiu o telhado. Nós dois nos armamos com espingardas e tomamos posições na extremidade do armazém. A porta se abriu e um homem de terno, cabelos pretos e olhos azuis, entrou no armazém. As lâmpadas acima de sua cabeça se quebraram enquanto ele andava em nossa direção fazendo uma chuva de faíscas cair sobre ele. Quando ele se aproximou, eu comecei a dar tiros e ficou parada. Os tiros não adiantavam, então peguei a faca da Ruby e esperei ele se aproximar.
- Quem é você? – eu perguntei, olhando.
- Eu sou aquele que te pegou firme e te trouxe da Perdição. – o homem disse, me olhando com um ar sério.
- Obrigado por isso. – eu disse, dando um passo a frente e cravando a faca mágica no peito dele, mas foi o mesmo que nada. Ele olhou para baixo despreocupado e tirou a faca a deixando cair no chão. se aproximou pelas costas dele, mas ele se virou rapidamente a desarmando e tocando com dois dedos na testa dela. caiu, desacordada no chão.
- Precisamos conversar, Dean. A sós. – ele disse, sem alterar a sua expressão séria.
Eu nem dei ouvidos a ele, apenas corri para perto de e verifiquei seu pulso.
- Sua amiga está viva. – ele disse.
- Quem é você? – perguntei, me levantando e o olhando da cabeça aos pés.
- Castiel.
- Disso eu sabia. – eu disse, rolando os olhos. - Eu digo o quê é você?
- Eu sou um anjo do Senhor.
Eu o observei por alguns segundos para ver se ele falava sério. Parecia estar.
- Nessa eu não caio. Não existe isso.
- Este é o seu problema, Dean. Você não tem fé. – ele me disse, dando uns dois passos para trás.
Começou alguns relâmpagos, e atrás de Castiel pôde-se ver a imagem de grandes asas escuras aparecerem. Eu observei por alguns segundos, ele só podia estar de sacanagem. A luminosidade dos relâmpagos acabou e a imagem das asas desapareceu.
- Que anjo que você é! Queimou os olhos daquela pobre coitada.
- Eu a alertei pra não espiar na minha verdadeira forma. Pode ser devastador pra humanos. Assim como a minha verdadeira voz, mas você já sabia disso.
- Quer dizer que no posto de gasolina e na casa da ? Aquilo foi você falando? – o tal Castiel confirmou com a cabeça e eu sorri sarcástico. - Cara, da próxima vez, diminui o volume.
- Foi erro meu. Certas pessoas, pessoas especiais, podem perceber minha verdadeira aparência. Eu pensei que você seria um deles. Eu estava errado.
- E que aparência você está agora? Um sagrado contador tributário? – perguntei olhando para , ela não iria acordar?
- Isso aqui é um recipiente. – ele disse, ainda com a mesma expressão séria.
- Você está possuindo um pobre coitado? – perguntei, indignado.
- Ele é um homem devoto, na verdade ele orou por isso.
- Cara, não acredito no que está dizendo. – eu disse, cruzando os braços. - Então quem é você, de verdade?
- Eu já disse. – Castiel disse, franzindo a testa.
- Até parece. E por que um anjo me resgataria do inferno? – perguntei, olhando duvidoso para ele. Tinha algo mais.
- Coisas boas acontecem, Dean.
- Não no meu mundo. – eu disse, olhando para novamente.
- Qual é o problema? Acha que não merece ser salvo? – ele me perguntou e eu continuei olhando para ali desmaiada. Eu queria dizer que mereço, mas estaria mentindo. Ergui a cabeça olhando para ele decidido.
- Por que você fez isso?
- Porque Deus ordenou. Porque nós trabalhamos para você. – ele disse, me olhando e eu não sabia mais o que falar, nem o que pensar.

xx

Bobby estava sentado em sua mesa com uma pilha de livros na sua frente, Sam estava sentado em uma cadeira no canto oposto de mim, que estava de pé, e estava sentada ao lado do meu querido irmão.
- Bem, então me diga o que mais pode ser. – Sam disse, cruzando os braços e esperando pela minha resposta.
- Olha, tudo que sei, é que não fui... Salvo por um anjo. – eu disse, já irritado com o assunto.
- Dean, por que você acha que esse Castiel mentiria pra você? – perguntou, com calma.
- Talvez ele seja um tipo de demônio. – eu disse, dando de ombros. - Demônios mentem.
olhou de Sam para mim.
- Um demônio que é imune a rodadas de sal, armadilhas do diabo e a faca da Ruby? – Sam perguntou, olhando-me indignado. - Dean, até a Lilith tem medo dessas coisas.
- Você não acha que se anjos fossem reais... – eu disse, olhando para meu querido irmão. - algum caçador, em algum lugar, teria visto um? Em algum ponto na história!
- Sim, você acabou de ver, Dean. – disse, abrindo um sorriso.
- Eu estou tentando chegar a uma teoria aqui. Ok? – eu disse, cruzando os braços. - Trabalhem comigo.
- Dean, temos uma teoria. – ela disse, olhando para Sam que confirmou com a cabeça.
- Tá, tire o pó de pirilimpimpim dela. – eu disse, irritado com a maldita ideia de anjos existirem e deu risada de mim, ela estava achando graça em me ver assim.
- Olha, não estamos dizendo que temos certeza... - Sam disse, com calma - Só estamos querendo dizer, que acho que nós...
- Esse é o problema, não temos certeza. Então não vou acreditar que essa coisa é um anjo só porque ele diz! – eu disse o interrompendo.
- Vocês três vão continuar discutindo religião? – Bobby perguntou, nos olhando. - Ou vão dar uma olhada nisso aqui?
Nós três nos entreolhamos e nos aproximamos da mesa de Bobby.
- Eu tenho pilhas de folclore aqui: Bíblicos, pré-bíblicos e uns da idade da pedra... - ele disse, apontado para a pilha de livros. - Todos dizem que um anjo pode salvar uma alma do inferno.
Bobby virou o livro que estava lendo para olharmos.
- O que mais? – perguntei, olhando para ele.
- O que mais, o quê? – Bobby perguntou, me olhando confuso.
- O que mais poderia fazer? – eu disse, dando de ombros.
- Tirar seu rabo do forninho? – ele perguntou, de forma sarcástica. - Que eu saiba nada.
- Dean, são boas notícias. – disse, passando as mãos pelas minhas costas com calma, ao ver minha cara de quem não tinha gostado nada da notícia.
- Como?
- Porque, pela primeira vez, não é outra rodada de demônios. Quero dizer, talvez você tenha sido salvo por um dos mocinhos, sabe? – ela disse, sorrindo e eu suspirei.
- Ok. Digamos que seja verdade. Digamos que anjos existem. Então o quê? Existe um Deus? – perguntei, olhando para ela e em seguida para Bobby.
- Nesse momento, as apostas estão em "sim". – ele disse, dando de ombros.
- Não sei gente...
- Ok, eu sei que você não está feliz com isso. – Sam disse, olhando para mim. - Mas está se tratando cada vez menos de fé e cada vez mais de provas.
- Provas?
- É. – ele disse, dando de ombros.
- Prova de que existe um Deus que se importa comigo, em particular? – perguntei, incrédulo - Sinto muito, mas não acredito.
- Porque não? – perguntou, me olhando sem entender.
- Por que... Por que eu? Se existe um Deus por aí, por que Ele iria dar a mínima para mim?
- Dean... – Sam disse, mas eu o interrompi.
- Digo, eu salvei umas pessoas. Achei que ia compensar pelos roubos e pelo sexo casual. Mas por que mereço ser salvo? Sou apenas um cara comum.
- Parece que você é um cara comum, mas importante pro cara lá em cima. – disse, dando de ombros.
- Bom, isso me assusta. Quero dizer... não gosto de receber atenção nem no meu aniversário. Ainda mais de... Deus. – eu disse, apavorado. A ideia de Deus querer algo de mim era perturbadora.
- Acho azar o seu Dean, pois Ele quer que você assopre as velas. – ela disse, me olhando com ternura.
- Tudo bem, o que sabemos sobre anjos? – perguntei, olhando para Bobby e ele apontou para uma pilha de livros sobre a mesa.
- Comecem a ler.
Eu olhei para a pilha de livros, indignado. Virei-me para Sam com raiva, odiava ler demais.
- Você vai me arranjar uma torta. – eu disse, pegando o primeiro livro da pilha, que na verdade era o menor e sai de lá, procurando um lugar para ler. Dirigi-me à cozinha, puxando uma cadeira e colocando o livro sobre a mesa. Logo apareceu com um livro e se sentou na minha frente com um sorriso maravilhoso nos lábios.
- O que foi? – perguntei, olhando-a.
- Nada, só acho você fofo e engraçado. – ela disse, dando de ombros e eu sorri.
- Me acha fofo?
- Acho. Também acho que tem um coração puro... Talvez isso que tenha feito a diferença para o cara lá de cima. – ela disse, dando de ombros e eu bufei.
- Você, Sam e essa Fé.
- Ter um pouco de fé não mata ninguém, Dean. – ela disse, abrindo o livro.
Eu não disse nada, apenas fiquei pensando. Na verdade eu tinha fé, fé de que as coisas voltassem a ser como eram antes, mas isso parecia meio impossível agora.


XXIII - No Início.

Um mês havia se passado desde que eu havia me encontrado com o tal Castiel pela primeira vez. Nesse meio tempo vários caçadores morreram graças a um feitiço que Lilith fez para quebrar um dos 66 selos para libertar Lúcifer e adivinha quem me contou isso? Castiel. Estávamos perto do apocalipse.
Fiquei por algumas horas pensando nessas coisas, mas acabei pegando no sono. O que não foi algo muito bom por causa dos pesadelos. Eu os tinha todas as noites desde que saí do forno. Castiel apareceu e disse que eu tinha que impedir algo e colocou seu dedo sobre minha testa me levando para o passado ou algo assim. Vi meu pai e minha mãe ainda jovens e conheci a família da minha mãe que eram caçadores assim como nós. E descobri que Azazel já planejava interferir em nossas vidas há muitos anos. Ele estava fazendo pactos com as pessoas dizendo que depois iria querer algo, ou seja, as crianças. Conheci os pais de . A mãe dela era muito parecida com ela e o pai dela lembrava muito o Chad. A tia da , ou seja, a irmã mais nova de sua mãe, estava muito doente, Azazel ofereceu ajuda e a minha "sogra" aceitou. O pai de quando soube ficou desesperado achando que Azazel queria a alma da sua futura mulher e começou a caçá-lo, seguindo as pistas até Lawrence, Kansas e encontrando os nossos pais. Ele se juntou a mim e a família de minha mãe para impedir que algo acontecesse, mas foi inútil. Azazel conseguiu matar meus avôs e meu pai, fazendo com que minha mãe também fizesse um pacto para trazer o seu amor de volta à vida. E assim que John voltou, Castiel me trouxe de volta ao presente.
Eu fiquei com raiva de mim mesmo por não conseguir impedir que as coisas acontecessem, mas Castiel me explicou que eu não poderia impedir, mesmo que custasse minha vida, que era impossível. Isso porque era o destino. O tal anjinho do senhor, me explicou que Azazel tem um plano bem maior que um líder para seu exército demoníaco e que me enviou para descobrir o que havia acontecido. Pois, assim como eu, eles sabiam o que Azazel fez com as crianças, mas não sabiam o porquê disso. E antes de sumir ele disse que Sam estava tomando uma estrada perigosa, que ele não sabia onde daria e que eu tinha que impedir, ou os anjos impediriam.

xx

Peguei o Impala e fui atrás de Sam. Castiel me deu um endereço no qual poderia encontrá-lo. Era um tipo de armazém e eu me perguntei o que Sam fazia ali. Aproximei-me de uma das janelas e observei meu irmão em pé com uma garota ao seu lado e um homem amarrado a uma cadeira. Sam fez algumas perguntas ao demônio, mas esse se recusou a responder. Sam levantou uma das mãos e aconteceu algo estranho, era como se ele estivesse forçado o demônio a sair do corpo do homem, sem dizer palavra alguma. A fumaça preta saiu do corpo do homem como em um exorcismo, a diferença é que a fumaça queimou no chão.
O homem ficou inconsciente e Sam se aproximou dele e tocou em seu pescoço para verificar se ele tinha pulso. Ele sorriu para a garota que antes estava ao seu lado.
- Como se sente? – ela perguntou, olhando para Sam.
- Bem, não sinto mais as dores de cabeça. – ele disse, desatando o homem.
Sai de perto da janela para encontrar uma entrada e encarar meu irmão. Dei a volta e achei uma porta, abrindo-a. O homem já havia acordado e Sam o segurava para tirá-lo dali.
- Então... Tem alguma coisa que você queira me dizer, Sam? – eu disse, irritado com o pouco que tinha visto.
Sam engoliu em seco e a garota ficou me observando, sem dizer nada. Eu dei alguns passos em direção ao meu irmão.
- Dean, espera. Apenas me deixe...
- Você vai dizer: "me deixe explicar"? Vai explicar isso? – perguntei, olhando para ele e apontado para a garota. - Por que você não começar com quem ela é e que diabos ela está fazendo aqui?
Sam se virou para a garota que parecia completamente calma e até abriu um sorriso para mim.
- É bom te ver de novo, Dean.
- Ruby? – perguntei, olhando-a incrédulo e ela sorriu enquanto eu me virava para olhar Sam. - É a Ruby?
Sam não me respondeu e eu voltei a olhar para Ruby, cujo sorriso já havia desaparecido de seus lábios. O ódio estava tomando conta do meu ser, me aproximei dela o mais rápido que pude e a joguei contra a parede com força, peguei a faca que matava demônio e coloquei perto de sua garganta, mas antes que eu pudesse dar o golpe final Sam segurou minha mão. - Não!
Nós dois lutamos pela faca e Sam conseguiu tirar a faca de minha mão, mas eu o joguei contra a parede. Ruby me puxou pelas costas, me fazendo soltar Sam, e me jogou contra a parede segurando o meu pescoço com força.
- Ruby! Pare com isso! – Sam disse e ela me olhou por alguns segundos antes de me soltar e se afastar. Perdi um pouco do equilíbrio, mas consegui ficar de pé e olhei de Sam para Ruby.
- Bem, não é que você é uma cadela obediente? – eu disse, provocando-a e estava na cara que ela estava louca para me atacar novamente.
- Ruby. – Sam a chamou e ela me encarou por mais alguns segundos antes de olhá-lo. - Ruby, ele está machucado.
Sam indicou o homem que antes estava possuído. Ela me olhou mais uma vez com ódio e andou até o homem, colocou o braço sobre o ombro dele, pronta para levá-lo para fora.
- Onde diabos você pensa que está indo? – perguntei, olhando-a.
- Para o hospital... A menos que você queira outra rodada. – ela disse, olhando-me com fúria. Eu não disse nada e ela sumiu junto com o homem ferido. Virei-me para Sam e ele suspirou.
- Dean...
Eu não queria ouvir. Queria socá-lo e matar aquela vadia. Virei de costas, saindo daquele maldito armazém, antes que matasse meu irmão na base da porrada.

xx

Voltei para a casa de onde estávamos ficando durantes esses dias. Chad estava acordado, assistindo TV e sorriu para mim assim que me viu entrar.
- E aí, cara? Isso são horas de está na rua? – ele perguntou, sorrindo e eu dei de ombros.
- Resolvendo problemas familiares. – eu disse, sentando ao lado de Chad e ele me entregou uma garrafa de cerveja.
- Sam? – ele perguntou simplesmente, olhando para TV.
- É... – eu disse, tomando um gole da cerveja e olhando para TV. - Chad você ainda tem... Sabe, aquelas visões ou algum tipo de coisa estranha?
Chad franziu a testa, me olhando sem entender o porquê da pergunta.
- O quê? Não. – ele disse me olhando ainda confuso. - Nunca mais tive visões, apesar de ainda me curar bem rápido. Por que essa droga de pergunta agora?
- Sabia que a Ruby não morreu? – eu perguntei e ele engoliu em seco, parecendo um pouco nervoso.
- Ruby? Como soube disso? – ele perguntou, olhando com cautela.
- Eu a vi com o Sam. – eu disse, tomando mais um gole da cerveja.
- Não é a primeira vez que ele está tendo encontro às escondidas com ela, Dean. – Chad disse, me olhando com seriedade.
- O que você está querendo dizer com isso?
- Estou querendo dizer que, desde que você morreu, Ruby tem sido o braço direito de Sam. – ele se levantou do sofá e cruzou os braços. - E você não sabe nem metade da história.


XXIV - Eu sei o que vocês fizeram no verão passado


Dois meses desde que eu me levantei dos mortos. As coisas estavam mal resolvidas; Os selos sendo quebrados por Lilith; Sam andado com Ruby; não se lembrando de nada; Chad evitando me contar o que havia acontecido durante todo o tempo que passei no inferno e Castiel me dizendo que eu tinha uma missão de Deus.
As coisas não estavam nada bem. parecia se manter afastada de mim; Sam estar sempre por perto dela; Chad parecia querer matar Sam por algum motivo; Bobby parecia saber de tudo e não querer me contar. Havia muito mistério envolvendo a vida das pessoas que eu amo desde que voltei do inferno, parecia que as coisas estavam todas erradas. Eu tentava ao máximo fazer tudo voltar ao normal, fazer me notar, fazer Sam parar de ver Ruby e parar de usar suas habilidade e fazer Chad me dizer as coisas, mas parecia em vão.
Dois dos 66 selos haviam sido quebrados. Esses que eu sabia, pois Castiel também não estava me contado muita coisa sobre suas lutas contra o apocalipse. Parecia que todo mundo decidiu excluir Dean Winchester dos assuntos.


’s Pov

Cruzei os braços olhando para Sam jogando sinuca, ele estava bêbado e fazendo papel de ridículo. Dean estava ao meu lado bebendo sua cerveja tranquilamente. Virei-me para ele e fiquei o olhando com seriedade.
- O que foi? - ele perguntou assim que percebeu meu olhar. Eu não disse nada apenas inclinei a cabeça indicando Sam. - O que? Quer que eu vá lá?
- Sim. - eu disse me arrumando na cadeira. - Seu irmão está bêbado e gastando todo o dinheiro dele.
- O dinheiro é dele mesmo. - ele disse dando de ombros e tomando um gole de sua cerveja.
Eu suspirei e me levantei, mas Dean colocou a mão sobre meu ombro me fazendo sentar novamente.
- Ok, eu vou lá. Fica ai. - ele deu um ultimo gole na cerveja e andou até Sam. Dean tinha um jeito todo playboy e encantador. Acredite eu reparo nele, ele é um cara bonitão, engraçado e tudo mais.
- Brian me dê uma chance de ganhar de volta. - ouvi Sam dizer ao cara com quem estava jogando.
- O dinheiro é seu. - ele disse dando de ombros.
- Com licença. - Dean disse colocando a mão sobre o ombro de Sam- Meu irmão está meio bêbado pra fazer apostas.
- Ele insistiu. - Brian disse dando de ombros.
- Mas já pegou uns 200 dele. Só estou dizendo...
- Cala a boca, Dean. - Sam disse se virando para o irmão. - Estou bem.
- Não, não está. Está bêbado. - Dean disse tentando puxa-lo para longe da mesa de sinuca, mas Sam se soltou das mãos dele.
- Vamos aumentar para 500. - ele disse olhando para Brian.
- 500? - Dean perguntou indignado.
- Claro. - Brian disse abrindo um enorme sorriso.
Sam colocou o dinheiro sobre a mesa e de sinuca e eu me levantei e comecei a andar em direção a eles. O que diabos estava acontecendo com Sam? Parei ao lado de Dean a tempo de fez Sam dando uma piscadela na nossa direção. Ele deu a tacada derrubando todas as bolas sobre a mesa nas caçapas. Ele sorriu para mim e eu sorri de volta. Sam sabia o que estava fazendo. Algo do outro lado do bar pareceu chamar sua atenção e eu me virei para olhar. Uma garota morena estava sentada na bancada com um sorriso nos lábios.
- Fique com o dinheiro! - Sam disse andando em direção a garota e eu olhei para Dean sem entender.
- O que foi isso? - perguntei vendo a expressão irritada de Dean. - Quem é ela?
- Uma amiguinha do Sam. - Dean disse me olhando. - Ruby, já ouviu falar?
- Nunca. - eu disse franzindo a testa. - Deveria?
- Deveria. - ele disse suspirando e andando em direção a saída do bar. Olhei para Sam que estava conversando com a garota e decidi seguir Dean. Quando cheguei do lado de fora ele estava sentado no banco do motorista do impala. Eu andei em direção ao mesmo e me sentei no banco do passageiro.
- Porque deveria saber sobre ela? - eu perguntei o olhando confusa.
- Me diz ... Tem algo com o Sam?
- O que? - perguntei confusa e apavorada. - Não!
- Ok.
- Porque essa merda de pergunta?
- Nada, esquece o que eu disse. - ele disse passando as mãos pelo rosto. Era evidente que queria me dizer algo, mas não sei o porque não dizia. Ele parecia sempre querer me dizer alguma coisa, alguma coisa importante, mas sempre parecia desistir.
Ficamos calados por um bom tempo até Sam aparecer na porta e entrar no banco de trás do carro.
- Ruby tem um caso pra gente. - ele disse se arrumando no banco de trás. - Porque sentou ai na frente?
- Porque estava tentando conversar com o seu irmão. - eu disse dando de ombros e me virando para olha-lo - Quem é essa Ruby?
- É uma amiga. - Sam disse rapidamente.
- Que ótimo. - Dean disse irritado. - Algo bem importante deve ter rolado quando estava lá embaixo. Por que eu volto e você virou melhor amigo de um demônio?
- Pera! Ela é um demônio? - eu perguntei olhando para Sam, incrédula.
- É... E eu já disse. Ela me ajudou a ir atrás da Lilith.
- Desculpa, mas acho que isso não é motivo o suficiente para ser amigo de um demônio, Sam. - eu disse.
- Quer contar algum detalhe? - Dean perguntou cruzando os braços.
- Claro, Dean. Vamos compartilhar histórias. Você primeiro, como foi o inferno? Não me poupe dos detalhes. - Sam disse olhando de forma desafiadora para Dean. - Porque os demônios viviam dizendo que você estava exatamente onde eles queriam.
- Como é que é?


Flashback

Sam estava enterrando uma caixa em uma encruzilhada para convocar um demônio. Ele estava mais que bêbado, com uma cara de cansaço de quem não dormia bem há dias.
- Vamos! Onde diabos você está? - ele gritou aos sete ventos.
- Estava pensando se viria ou não. Você atirou em uma das minhas colegas de trabalho. - ela disse dando de ombros e olhando para Sam da cabeça aos pés - Não me leve a mal, Sam mas você está um caco, amigão. Enterrar seu irmão te fez mal.
- Bem... - Sam começou a dizer, mas foi interrompido.
- Vamos primeiro ver sua faquinha especial. - ela disse sorrindo.
Sam pegou a faca e colocou no chão de vagar.
- Sem armadilhas do diabo também. - ele disse levantando as mãos. - Eu não estou aqui para Jogar.
- Bem, deixe-me adivinhar. Você quer fazer um acordo. - ele disse se fazendo de pensativa. - Um a um, os Winchester vão. Desculpe, Sam. Não vai rolar. - ela disse dando de ombros.
- Não quero 10 anos, nem um ano. Nem docinhos. Quero trocar de lugar com o Dean. - Sam disse de forma desesperada.
- Não. - ela disse sorrindo.
- Me leve! É uma troca justa!
- Não! - ela disse rolando os olhos.
- Por que não? Lilith me quer morto. - Sam disse abrindo os braços. O desespero tomando conta - Solte o Dean. Ela pode me ter!
- Você não entende, Sam? Não se trata da sua alma. - ela disse se aproximando dele de vagar. - Dean está no inferno. Bem onde queríamos. Temos tudo do jeito que queríamos. Quer me matar? Vá em frente! Eu estou em paz com meu Senhor.


Flashback off


’s Pov

Nós nos dividimos, Sam e Dean foram para o hospital psiquiátrico e eu foi para a casa dos Milton. Quando cheguei a casa estava trancada, mas os carros estavam na garagem, não pensei duas vezes e abri a fechadura com um clips. Chamei pelos pais da garota, mas ninguém respondeu. Quando cheguei à sala, o corpo dos dois estava no chão, sem vida devido as gargantas cortadas. Dei uma olhada no local e encontrei enxofre próximo aos corpos. Peguei o celular e disquei o numero de Dean, pois não estava muito a fim de falar com Sam.
- Alô?
- Dean, os demônios estiveram aqui, duas gargantas cortadas e enxofre pelo chão. - eu disse olhando a casa para ver se encontrava mais alguma coisa.
- Cara, qual é o lance com essa tal Anna? - Dean perguntou irritado.
- Eles a querem. Não estão brincando. - eu disse olhando as correspondências sobre a mesa. - Tá certo. Então... Sou a garota interrompida, sei todo o lance sobre o apocalipse. Acabo de sair daquele lugar, possivelmente usando super poderes. Para onde eu vou? - perguntei olhando para as fotos em família.
- Não sei.
- A família dela parece meio religiosa. - eu disse olhando as imagens de anjos, Jesus e santos na casa. - Se você fosse religioso, estivesse com medo e tivesse demônios na sua cola. Pra onde iria pra se sentir seguro? - eu perguntei abrindo um sorriso.
- Igreja! - Dean disse de forma animada do outro lado da linha. - Você como sempre a mais inteligente de nós três. Pequena Einstein.
Eu parei por um momento por me lembrar de uma garota loira me chamando assim.

Foi como um flashback, como se eu estivesse me lembrado que algo. Mas quem era essa garota e porque me chamava assim? E porque Dean me chamou assim?
- O que... O que você disse? - piscando algumas vezes.
- Que você é inteligente. - ele disse simplesmente.
- Não. - eu disse balançando a cabeça. - O que você disse depois. Me chamou de pequena... - Einstein. - ele disse dando risada do outro lado da linha. - Pequena Einstein. Foi isso.


Flashback

Eu estava presa em um armazém, Sam e Dean também estavam e a garota loira estava na nossa frente com um sorriso nos lábios.
- É eu sei, ele é muito bom tenho que admitir - ela se afastando de mim e se aproximando de Dean. - Só que... - ela disse se agachando na frente dele - ele tem um ponto fraco, ou melhor... três contando com a pequena Einstein. Ele simplesmente baixa a bola, quando o assunto são vocês. Eu sei que ele está na cidade e que vai tentar salvar vocês, ai os Daevas vão matar vocês quatro de vagar e com muita sujeira.


Flashback Off


Balancei a cabeça fechando os olhos. O que diabos era isso? Uma lembrança? Uma... Visão?
- ? está ai? - Dean perguntou preocupado do outro lado da linha.
- Eu... Tô. - eu disse com minha mente ainda focada nas imagens.
- Está bem?
- Não sei te dizer. - eu disse suspirando em seguida. - pode vir me buscar, por favor? Estarei um quarteirão à frente.
- Claro! Já estou a caminho
- Obrigada. - eu disse desligando em seguida.
Aquilo não poderia ser uma visão como as que Chad tinha. Ou poderia? O que mais seria? Uma lembrança? Acho que não, já que eu não conhecia Dean e Sam antes do acidente. Porque se conhecesse alguém me contaria sobre isso, não é?
Sai da casa e andei até onde disse que esperaria por Dean e Sam. Não demorou muito e eles pararam o carro próximo a calçada. Sam pulou para o banco de trás e eu entrei no Impala me sentando no banco do passageiro.
- Tá tudo bem? - os dois perguntaram em uníssono.
Eu suspirei, não sabia se deveria contar ou não.
- Estou, eu só... Passei um pouco mal vendo todo aquele sangue e sentindo o cheiro forte de enxofre. - eu disse dando de ombros e Sam colocou a mão sobre meu ombro.
- Mas já está melhor?
- Aham. - confirmei com a cabeça e Sam sorriu encostando-se ao banco, enquanto Dean me olhava com desconfiança. Às vezes parecia que ele me conhecia bem, bem até demais.
Dean deu partida no carro e Sam explicou que eles acharam um caderno de desenhos da Anna, onde havia o desenho da igreja onde ela frequentava e que estávamos indo pra lá.
A igreja não era muito longe da casa dos Milton. Chegamos à frente da igreja e já fomos nos armando. Cada um entrou com sua arma em mãos. Subimos a escada até o sótão. Entramos com cautela.
- Dean. - Sam o chamou baixinho apontando com a arma para uma pessoa escondida no cato do sótão.
- Anna? - perguntei a olhado.
Ela fez um gesto com as mãos que fez nossas armas voarem longe.
- Não vamos machucá-la. Estamos aqui para ajudar. - Sam disse levantado as mãos em sinal de paz. - Meu nome é Sam. Esse é meu irmão Dean. Essa é nossa amiga .
- Sam? - ela perguntou olhando para nós. - Sam Winchester?
- É. - Sam confirmou confuso.
- Você é a Colt? E você é o Dean? - ela perguntou de uma forma um tanto animada e surpresa.
- Bem, sim. O Dean, eu acho.- Dean disse dando de ombros sem entender como ela sabia quem éramos.
- É realmente você. - ela disse se aproximando da gente - Oh, meu Deus. Os anjos falam de você. Você estava no inferno, mas Castiel o puxou para fora, e alguns deles acham que pode ajudar a nos salvar. E alguns deles não gostam nem um pouco de você. Eles falam sobre você o tempo todo, ultimamente. Eu sinto que te conheço. - ela finalizou de forma animada.
- Então, você fala com os anjos?
- Oh, não. Não, de jeito nenhum. Hum, eles provavelmente nem sabe que eu existo. Apenas... Os escuto por acaso.
- Escuta por acaso? - perguntei a olhando confusa.
- Sim, eles conversam. E, às vezes, eu... - ela sorriu fraco - Os escuto na minha cabeça.
- Tipo... agora? - Dean perguntou curioso.
- Agora não, mas bastante. E não consigo calá-los, há muitos deles. - ela fez uma careta.
- Trancaram você num hospício quando estava, na verdade... Ligada na rádio dos anjos? - Dean perguntou e eu o cutuquei.
- Isso. Obrigada. - ela disse com seriedade.
- Anna, lembra-se quando as vozes começaram? - Sam perguntou a olhando.
- Posso dizer exatamente, 18 de Setembro.
- O dia em que saí do inferno. - Dean disse pensativo.
- As primeiras palavras que ouvi foram, claramente: "Dean Winchester está a salvo."
Eu, Dean e Sam nos entre olhamos. Depois os dois se viraram apenas para mim.
- O que acha? - Dean perguntou.
- Está além do meu conhecimento. - eu disse olhando para a Anna. - Pelo menos agora sabemos por que os demônios querem tanto você. Se tiverem você, podem ouvir tudo que o outro lado está tramando.
- Você é o disque-anjo. - Dean completou com um sorriso.
- Sabem se meus pais estão bem? Não fui para casa. Estava com medo. - ela disse com uma preocupação evidente.
A mesma garota de cabelos pretos do bar entrou no sótão as pressas.
- Achou a garota. Vamos. - ela disse rapidamente.
- O rosto dela! - Anna disse dando alguns passos para trás.
- Ela está aqui para ajudar. - Sam disse tentando acalmar a garota de cabelos ruivos.
- Não tenha tanta certeza. - Dean disse cruzando os braços e entrando na frente da Anna.
- Temos que ir logo. - Ruby disse de forma irritada.
- Por quê? - perguntei cruzando os braços e parando ao lado de Dean.
- Um demônio dos grandes está vindo. Brigamos depois pelo seu ciúme infantil. - ela disse me olhando de forma raivosa.
- Que conveniente. Aparece logo quando encontramos a garota com um figurão na sua cola. - Dean disse a olhando com desprezo.
- Não o trouxe aqui. Foi você. - ela disse se aproximando com raiva.
- O quê?
- Ele os seguiu da casa dela. - ela disse olhando para Sam - Precisamos ir.
- Dean, . - Sam disse apontando para uma estátua que estava sangrando pelos olhos. - É tarde demais. Ele está aqui. - ela disse olhando com raiva para mim e Dean.
- Venha comigo. - eu disse puxando Anna pelo braço e a levando até um armário. - Fique aqui dentro. Não se mexa.
- Ok. - ela disse antes de eu fechar a porta do armário.
Sam correu para pegar uma garrafa com água benta e Ruby se aproximou dele com pressa.
- Sam, precisa exorcizá-lo agora. - ela disse com pressa.
- Espera um pouco. - Dean disse se aproximando dela.
Ruby se virou para Dean rapidamente, com irritação.
- Agora não é hora de reclamar sobre Sam estar ficando mau. Ele exorciza o demônio ou nós morremos.
Sam concordou com a cabeça, guardado a água benta e eu segurei na mão de Dean com força quando a porta se abriu e o demônio entrou no local. Sam ergueu a mão e tentou fazer algo que eu não entendi muito bem.
- Isso faz cócegas. - ele disse sorrindo. - Você não é forte o bastante para me enfrentar, Sam. O demônio jogou Sam longe com o poder de sua mente e Dean soltou minha mão e se aproximou correndo do demônio com a faca da Ruby em mãos. Mas o demônio conseguiu fazer Dean soltar a faca.
- Olá de novo, Dean. - ele disse segurando Dean pelo ombro com força.
Ouvi o grito da Anna sendo arrastada por Ruby e corri até elas. E de repente nós três não estávamos mais na igreja. Ruby havia nos tirado de lá, mas onde estávamos agora?
- Calma! Não vou fazer nada com vocês. - ela disse parando na porta da cabana. - Vou avisar aos dois que vocês estão aqui, quando achar uma maneira de fazer isso sem que os demônios nos sigam.
- Você fala como se não fosse um deles. - Anna disse a olhando ainda um pouco assustada.
- Não me considero. - Ruby disse suspirando em seguida.
Algum tempo depois ela saiu do corpo da garota que estava possuída dizendo que iria atrás dos meninos. Não demorou muito e ela estava de volta e disse que já havia avisado onde estávamos. Nós três ficamos em silêncio até os dois aparecerem pela porta.
- Que bom que chegaram. - Ruby disse sorrindo para Sam e eu cruzei os braços os olhando.
- Obrigado. - Sam disse colocando a mão sobre o ombro dela.
- Anna, você está bem? - Dean perguntou olhando a garota ruiva.
- Estou. Acho que sim. - ela disse abrindo um sorriso. - Ruby não é como os outros demônios. Salvou minha vida.
- Ouvi dizer que ela faz isso. - Dean disse olhando o demônio. - Eu acho que eu... Sabe?
- O quê? - Ruby perguntou confusa.
- Acho que te devo uma pelo... Sam. E só queria que soubesse.
- Não te estressa. - ela disse dando de ombros.
- Tá bom. O momento acabou? - ele perguntou e ela confirmou com a cabeça. - Ótimo, porque estava embaraçoso. - Dean disse dando risada.
Eu bufei e Ruby me olhou com raiva.
- Que foi, ? - Dean perguntou franzindo a esta.
- Nada. - eu disse me levantado e olhando para o chão. - Não foi nada.
Mas que droga era essa agora? Todo mundo estava virando amiguinho do demônio?
- Sam, acha que seria seguro fazer uma rápida ligação, só pra contar pros meus pais que estou bem? - Anna perguntou nos olhando com calma - Eles devem estar atordoados.
Sam fez uma careta pensando como contar a Anna.
- O quê? - ela perguntou preocupada.
- Seus pais... - Sam começou a dizer, mas parou.
- O que têm eles? - ela perguntou aflita.
- Olha, sinto muito... - Dean disse a olhando com pena.
- Não, eles não estão... - ela parou de falar olhando para cada um de nós que abaixamos a cabeça.
- Anna, sinto muito. - eu disse colocando a mão sobre o ombro dela.
- Por que isso está acontecendo comigo? - ela perguntou com as lágrimas se formando em seus olhos.
- Não sei. - Sam a olhando.
- Eles estão vindo. - Anna disse de repente.
- Quarto dos fundos! - Dean disse a Sam que se aproximou de Anna e a levou pra lá.
- Cadê a faca? - Ruby perguntou se virando para Dean.
- É que... - Dean disse coçando a cabeça.
- Não é possível! - Ruby disse irritada.
- Não olha pra mim. - Dean disse levantando as mãos em sua defesa.
- Obrigado pela parte que me toca! - Sam disse olhando para Dean.
- Ótimo. Que legal. Justo agora, galera, sério! - Ruby disse com raiva.
A porta começou a chacoalhar violentamente e então com uma bancada ela foi aberta.
Um homem de pele branca e olhos azuis entrou acompanhado de um homem negro e alto.
- Por favor me diz que estão aqui pra ajudar. - eu disse segurando firme na mão de Sam. - Temos tido problemas demoníacos o dia todo.
- Dá pra ver isso. - o homem negro disso olhando para Ruby - Querem explicar porque esta mácula está aqui?
- Estamos aqui pela Anna. - Castiel disse olhando diretamente para Dean.
- Estão aqui pra ajudá-la?
- Cale-se! Passem ela pra cá. - o homem negro ordenou.
- Vão ajudá-la? - perguntei olhando para Castiel que me olhou com seriedade.
- Não. Ela tem que morrer.
- Quer a Anna? Por quê? - Sam perguntou.
- Saia da frente. - o homem negro disse raivoso.
- Sei que ela está escutando suas conversas, mas não é motivo para matá-la. - eu disse dando um passo a frente e encarando Castiel. Por que eu tinha a impressão de que o conhecia?
- Não esquenta. Vou matá-la gentilmente. - o outro homem disse me olhando de uma forma meio sinistra.
- Vocês são uns desgraçados sem coração, sabiam? - perguntei e senti as mãos me Dean me puxarem para trás.
- Para falar a verdade, somos mesmo. - Castiel disse me olhando profundamente - E dai?
- Ela é inocente. - eu disse quase que desesperada, enquanto Dean continuava a me segurar para não me aproximar demais deles.
- Está longe disso. - Castiel disse me encarando.
- O que quer dizer com isso? - Sam perguntou olhando confuso para os dois.
- Que ela é pior que essa abominação que está transando. - o anjo negro disse com desprezo e eu olhei para Sam. Ele não estava transando com Ruby, estava? - Agora, nos dê a garota.
- Lamento. Arrume outra para você. Tente um site de relacionamentos. - Dean disse com sarcasmo.
- Quem vai nos parar? Vocês dois? A esquecidinha? Ou esta prostituta demônio? - Uriel perguntou olhando para Ruby.
Ele ergueu a mão e Ruby foi parar contra a parede e Dean foi para cima do anjo negro. - Cas, pare... Por favor. - Sam pediu ao ver Castiel se aproximando.
Eu dei alguns passos para trás assim que ele tocou na testa de Sam e o fez cair desmaiado ao chão. O outro anjo estava socando Dean e eu olhei para Castiel em forma de suplica, ele pareceu hesitar por um minuto, mas logo deu mais dois passos em minha direção.
- Estava esperando por esse momento. - o anjo disse pronto para atacar Dean novamente, mas uma luz branca e forte apareceu encobrindo Castiel e o outro anjo. Que desapareceram junto com a luz.
Dean se levantou do chão me olhando incrédulo como se eu tivesse feito algo, mas não tinha sido eu, outra pessoa havia feito aquilo. Dean ajudou Ruby a se levantar e ela se ajoelhou perto de Sam que começava a acordar. Sai batendo os pés de raiva até o quarto dos fundos me deparando com Anna com as mãos cobertas pelo seu próprio sangue. O espelho estava com alguns símbolos desenhados no espelho.
- Eles já foram? - ela perguntou me olhando com expectativas e eu confirmei com a cabeça.
- Matou eles? - Dean perguntou logo atrás de mim
- Não. Mandei-os para longe. - ela disse abrindo um sorriso - Bem longe.
- Quer me dizer como? - perguntei a olhando incrédula.
- Isso simplesmente me veio à mente. Não sei como fiz isso. Mas fiz. - ela disse dando de ombros em seguida.

xx

- Então, o que acha? - perguntei me sentando ao lado de Dean.
- Eu acho que a Anna está ficando mais interessante a cada segundo. - ele disse pensativo.
- Concordo. E aquele negócio de ela não ser inocente? Parece que eles a querem mesmo, e não só por causa do negócio da rádio-anjo. - eu disse sorrindo em seguida. - Aquele feitiço com o sangue é coisa séria.
- Tem algo rolando com ela. - ele disse olhando para mim - Tente descobrir alguma coisa.
- O que vai fazer? - perguntei o olhando confusa.
- Anna pode tê-los mandado para longe, mas eles voltarão. - Dean disse dando de ombros. - Precisamos ficar em segurança.
- Esta pensando o mesmo que eu? - perguntei sorrindo.
- Provavelmente, pequena. - ele disse sorrindo, mas minha cabeça começou a latejar e formar imagens. - , você esta bem?


Flashback

Dean se levantou da cama e eu me sentei na mesma enquanto calçava meu tênis. - Belo jeito de acordar. - eu disse me levantando e coçando os olhos. - Para de reclamar, pequena. Quando voltarmos - Dean disse se aproximando e me abraçando pela cintura - dormimos de novo, bem abraçados - ele disse sorrindo com malícia - ou pegamos um quarto separado e...

Flashback off


- ? - ouvi a voz de Dean me chamar ao longe e pisquei varias vezes formando a imagem dele na minha frente. Ele me segurou pelos ombros e me sacudiu de vagar.
- Eu tô bem! - eu disse de forma ofegante olhando Dean de forma assustada. - Acho que preciso descansar, só isso.
Aquilo era outra cena como a que vi na casa dos Milton. Outra maldita cena que me parecia uma lembrança ou uma visão. Tirei as mãos de Dean dos meus ombros e sorri fraco. Não queria ele tocando em mim quando acabara de ver uma cena tão intima entre ele e eu na minha cabeça.
- Quando chegarmos à casa do Bobby você descansa. - Dean disse colocando as mãos no bolso um pouco sem jeito.

xx

Chegamos à casa do Bobby, e colocamos Anna dentro do quarto do pânico.
- Paredes de ferro banhadas de sal. Demônios nem tocam a estrutura. - eu disse olhando para Ruby do lado de fora.
- O que acho racista, por sinal. - ela disse cruzando os braços.
- Reclame para o seu congressista. - Dean disse sorrindo.
- Aqui. - ela disse entregando a Dean algumas patuás.
- Patuás? - ele perguntou olhando.
- Extra crocantes. - ela disse com um sorriso. - Nos esconderão de anjos, demônios ou o que for.
- Valeu, Ruby. - Dean disse a ela e entrou no quarto entregando a Anna. - Não perca isso.
- Então, o que está tocando na rádio anjo? Algo útil? - perguntei olhando para a ruivinha.
- Está quieto. Silêncio absoluto. - ela disse fechando os olhos.
- Ótimo. Isso é um mau sinal. - Dean disse me olhando um tanto preocupado.
- Estamos encrencados? Estão assustados? - ela perguntou um tanto preocupada.
- Não. - eu disse sorrindo pra ela.
- Fique aqui. - Dean disse olhando para Anna e me puxando para sair do quarto.
- Fique de olho nela. - eu disse a Ruby enquanto era arrastada por Dean.
Dean me puxou até a sala de jantar de Bobby. Sam estava sentado em uma cadeira próxima à mesa.
- Como está o carro? - Dean perguntou pegando a chave do Impala sobre a mesa.
- Peguei ele, está bem. - Sam disse dando de ombros. - Cadê o Bobby?
- O dominicano falou que se quebrarmos, temos que pagar. - Eu disse sorrindo e me sentando também.
- Ele está trabalhando? - Sam perguntou olhando para nós.
- Espero que sim. - Dean disse se encostando ao batente da porta. - Senão, ele está no Hedonismo de sunga e boné de caminhoneiro.
- É uma visão do inferno. - Sam disse sorrindo.
- O que descobriu sobre a Anna? - perguntei mudando de assunto.
- Não muito. Os pais dela eram Rich e Amy Milton, um diácono e uma dona de casa.
- Instigante. - Dean disse coçando a cabeça.
- Mas parece que o episódio psíquico dela não foi o primeiro. - Sam disse com seriedade. - Aos dois anos, ela ficava histérica quando o pai se aproximava. Jurava que seu pai não era o biológico.
- E quem era? O encanador? Uma mangueirada nos canos? - Dean perguntou sorrindo e eu o olhei o repreendendo.
- Está confundindo realidade com pornografia. - eu disse erguendo a sobrancelha o fazendo rir.
- Ela não dizia. Só repetia que este pai biológico “era brabo, muito brabo” e que queria matá-la. - Sam continuou, ignorando a piadinha besta de Dean.
- Coisa séria para uma garota de dois anos. - eu disse olhando Sam novamente.
- Ela foi a um psiquiatra, melhorou e cresceu normalmente.
- Até agora. O que ela está escondendo? - Dean perguntou e nós dois nos viramos para ele.
Anna estava em pé logo atrás do Winchester mais velho.
- Por que não me pergunta pessoalmente? - ela disse fazendo Dean tomar um susto.
- Bom trabalho ficando de olho nela. - Dean disse cruzando os braços e olhando para Ruby.
- Eu estou de olho nela. - Ruby disse dando de ombros.
- Tem razão, Anna. Quer nos dizer alguma coisa? - Sam perguntou a olhando com cautela.
- Sobre o quê? - ela perguntou confusa.
- Os anjos disseram que era culpada de algo. Por que diriam isso? - perguntei, me levantando.
- Me diga você. - ela disse me olhando. - Me diga por quê minha vida foi destruída e por quê meus pais morreram. - ela passou as mãos pelos cabelos aflita. - Não sei. Juro. Daria qualquer coisa para saber.
- Então vamos descobrir. - Sam disse se levantando.
- Como? - Anna perguntou confusa.
- Pamela. - Sam disse abrindo um sorriso e eu bufei.

xx

Dean saiu para buscar Pamela e não demorou muito para voltar. Logo ele a estava ajudando a descer as escadas em direção ao quarto do pânico.
- Chegamos! - Dean disse assim que Pamela desceu o ultimo degrau.
- Pamela, oi. - Sam disse se aproximando dela.
- Sam?
- Sou eu, o Sam. - ele disse se aproximando mais e a abraçando.
- Sam, é você?
- Estou bem aqui. - ele disse sorrindo.
- Sabe como sei que é você? - ela perguntou com um sorriso nos lábios e apertou a bunda de Sam. - Por causa dessa sua bunda arrebitada. Podia ganhar uns trocados com ela. - Eu bufei e ela sorriu mais ainda. - Claro que sei que é você, Zangado. Da mesma forma que sei que aquilo é um demônio, aquela é a pequena e esquecida Colt e aquela pobrezinha é a Anna. - Pamela disse apontando para cada uma de nós. - Relaxa. Ainda tenho mais sentidos que outras pessoas. Olá, Anna, como vai? Sou a Pamela.
- Oi. - Anna disse um pouco acanhada.
- Dean me falou o que está havendo. - ela disse sorrindo. - Estou ansiosa para ajudar.
- É muita gentileza sua. - Anna disse sorrindo também.
- Na verdade, não. Estou aceitando qualquer chance de pegar um anjo. - Pâmela disse dando de ombros.
- Por quê?
- Eles roubaram uma coisa de mim. - ela disse sorrindo. - Outro dia te conto a história. Agora... Que tal me contar seu problema?
Anna se deitou na cama que havia no quarto do pânico e Pamela se aproximou da mesma.
- Relaxe. Vou contar em ordem decrescente de cinco a zero. Quando chegar em zero, estará num estado profundo de hipnose. Entre em hipnose à medida que eu for contando. - ela disse colocando as mãos sobre os olhos de Anna. - cinco... Quatro... Três... Dois... Um. Durma profundamente. Num sono profundo. Todos músculos calmos e relaxados... Consegue me ouvir?
- Consigo. - Anna disse em uma espécie de transe.
- Agora, me diga... Como pode ouvir os anjos? Como fez aquele feitiço? - Pamela perguntou com calma.
- Não sei. Apenas fiz.
- Seu pai... qual é o nome dele? - ela insistiu.
- Rich Milton.
- Está bem. - Pâmela disse com ternura. - Mas quero que olhe lá atrás. Quando era bem nova, tinha apenas dois anos de idade.
- Não quero. - Anna disse fechando as mãos em punho.
- Vai ficar tudo bem. Anna, só uma olhada. É tudo que precisamos. - Pamela disse se afastando um pouco.
- Não. - Anna disse aumentando seu tom de voz.
- Qual é o nome do seu pai? Do seu pai biológico. Por que ele está bravo com você?
- Não. Não! Não. - Anna começou a gritar e eu olhei para Dean e Sam aflita. - Não!
- Acalme-se, está segura.
- Ele vai me matar! - Anna gritou agitada na cama.
- Acalme-se, está tudo bem. - Pamela disse ainda com um tom calmo.
- Ele vai me matar. - ela gritou novamente e a luz se quebrou. - Não!
Dean começou a caminhar até Anna.
- Dean, não. - eu e Pamela dissemos ao mesmo tempo, mas já era tarde. Dean voou para o outro lado do quarto, provavelmente por causa do poder de Anna.
Eu corri até Dean e ele deu um sorriso fraco quando o ajudei a se levantar.
- Acorde em 1, 2, 3, 4, 5. - Pamela disse e no mesmo momento Anna abriu os olhos. - Você está bem?
- Obrigada, Pamela. - Anna disse se sentando na cama. - Isso ajudou muito. Agora me lembro.
- Do quê? - Sam perguntou a olhando confuso.
- De quem sou.
- Eu pergunto. Quem é você? - eu perguntei a olhando.
- Sou um anjo.
Ruby do lado de fora deu um passo para trás, assim como Pamela fez ao ouvir isso.
- Não temam. Não sou como os outros.
- Isso não é muito reconfortante. - Ruby disse dando um sorriso fraco de fora do quarto.
- Também acho. - Pamela disse segurando o braço de Sam. E Anna suspirou.
- Castiel e Uriel foram os que vieram atrás de mim? - ela perguntou olhando para Dean.
- Você os conhece? - ele perguntou.
- Éramos farinha do mesmo saco. - ela disse dando de ombros.
- Eles são seus chefes? - Dean perguntou a olhando confuso.
- O contrário.
- Olhe só você! - eu disse sorrindo e Anna também sorriu.
- Mas agora querem matar você? - Dean perguntou ainda um pouco confuso.
- Ordens são ordens. - ela disse dando de ombros novamente. - De certo tenho uma sentença de morte.
- Por quê?
- Eu desobedeci. Para nós, isso é o pior que se pode fazer. Eu caí.
- Hein? - Dean fez uma careta engraçada.
- Ela caiu na Terra, se tornou humana. - eu disse rolando os olhos. - Nunca leu nada sobre anjos caídos na sua vida?
Dean balançou a cabeça negando.
- Então, anjos podem virar humanos? - ele perguntou.
- Dói um pouco. É como tirar o rim com uma faca de manteiga. Eu arranquei minha graça. - ela disse dando de ombros e sorrindo da cara de confuso de Dean.
- Pode repetir? - Sam pediu também sem entender.
- Minha graça. É energia. Arranquei e caí. Minha mãe, Amy, não conseguia engravidar. Sempre se referiu a mim como o milagre dela. Ele não sabia o quanto estava certa. - Anna disse sorrindo e se lembrando de sua mãe.
- Então, você esqueceu que era uma Power Ranger de Deus? - Dean perguntou cruzando os braços e eu sorri dando um cutucão nele.
- Quanto mais envelhecia, mais humana ficava.
- Acho que não compreendem o quanto estamos ferrados. - Ruby disse do lado de fora. Parecia um pouco apavorada.
- Ela tem razão. O céu me quer morta. E o inferno simplesmente a quer.
- Um anjo em carne e osso que pode interrogar, torturar, que sangra.- eu disse olhando para Anna que confirmou com a cabeça.
- Querida, você é a Copa Stanley. - Ruby disse sorrindo de nervosismo do lado de fora. - E mais cedo ou mais tarde, o céu ou o inferno vai te encontrar.
- Eu sei. - Anna disse pensativa - E é por isso que vou conseguir de volta.
- O quê? - Sam perguntou sem entender.
- Minha graça. - Anna disse como se fosse obvio.
- Pode fazer isso? - a olhei confusa.
- Se conseguir encontrá-la. - ela disse dando de ombros.
- Vai fumar algum narguilé divino e virar Roma Downey? - Dean perguntou sorrindo.
- Algo do tipo. - ela disse dando de ombros e também sorrindo.
- Beleza, gostei do plano. - ele disse batendo palmas - Onde está essa sua graça?
- Perdi de vista. Estava caindo a 16 km/h no momento. - ela disse fazendo careta.
- Caindo literalmente?
- Sim.
- Um olho humano poderia enxergar? - eu perguntei a olhando. - Como um cometa ou um meteoro?
- Por que pergunta? - ela perguntou confusa.
- Em março de 85, um meteorito desapareceu no céu, no noroeste de Ohio. - eu disse dando de ombros. - Foi visto nove meses antes de você nascer, e você nasceu nessa região.
- Você não para nunca de ser tão nerd? - Ruby perguntou me olhando de forma engraçada.
- Acho que era a Anna. - eu disse sorrindo - E no mesmo momento, outro meteoro em Kentucky.
- Era a graça dela? - Dean me perguntou sorrindo.
- Talvez. - eu disse dando de ombros.
- Isso limita a pesquisa a um estado inteiro. É um começo - Dean disse sorrindo e piscando pra mim. - Esse á a minha garota.
Eu sorri de volta pra ele, algo me fazia gostar de Dean me chamando de "minha garota". Olhei para Anna que também estava sorrindo pra mim.
Tínhamos uma saída.


xx


Sam’s Pov

Havíamos viajado até o local onde a graça de Anna deveria estar, mas alguém já havia pegado, estávamos todos sem saída, sem esperança e cansados. Olhei dormindo tranquilamente em uma cama improvisada em um celeiro e sorri. Ela parecia um anjo, no bom sentido da coisa. Dean encostou-se à parede ao meu lado com uma expressão vazia. Também olhando o corpo adormecido da nossa caçadora.
- Não achamos a graça de Anna. E agora? - Dean perguntou.
- Eu não sei. - eu disse observando a respiração de .
- Você já me contou sobre a Ruby ter salvado sua vida e sobre o sexo demoníaco de vocês. Agora eu quero a parte que envolve a . - ele disse me olhando. - O que há entre você e ela?
- Ham? - perguntei olhando para ele sem entender.
- Sam, eu vi o jeito que você a olha. Eu costumo a olhar assim. - ele disse olhando para o corpo adormecido de .
Eu suspirei, não sabia se devia, mas se ele insistia talvez fosse o melhor a se fazer.


Flashback

Bati na porta da casa de e essa foi aberta por uma garota loira e sorridente.
- Chad? Visita! - ela gritou se virando para dentro da casa e logo Chad apareceu na sala sorrindo, mas o sorriso desapareceu de seus lábios quando me viu.
- Sam. O que faz aqui?
- Só queria ver a , saber se ela está bem. - eu disse dando de ombros.
- Ela está bem. - Chad disse me olhando com rancor.
- Mas...
- Sam! - disse do alto da escada e desceu a mesma correndo em minha direção e eu entrei na casa dando passos em direção a ela.
me abraçou e pude ouvir Chad bufar. Ele segurou no braço de sua namorada a puxando para foda da casa.
- Estamos de saída e voltaremos um pouco tarde. Vai ficar bem? - ele perguntou e rolou os olhos.
- Eu sei me cuidar, Chad. Lembre-se que o bebê da família é você.
Chad sorriu e se aproximou de lhe dando um beijo na testa.
- Se cuida. - dizendo isso ele saiu junto com a namorada fechando a porta atrás de si.
deu um sorriso fraco, ela parecia que não dormia a dias.
- Anda tendo dificuldade para dormir?
- Um pouco - ela disse franzindo a testa - na verdade fico acordada até tarde tentando força minha mente a se lembrar dos acontecimentos pré-acidente.
- E como tem se saído?
- Péssima... Então o que faremos? - perguntou me olhando.
- Na verdade, eu vim conversar. Eu... Vou fazer uma viagem. - eu disse com calma a olhando e ela franziu a testa confusa.
- Vai caçar?
- É, eu vou. - eu disse coçando a cabeça.
- Que legal! O que irá caçar? - ela perguntou me olhando com ternura.
- É um demônio.
- Vai caçar com o Bobby?
- Na verdade, irei sozinho. - eu disse fazendo careta e a olhando com cautela.
O sorriso saiu dos lábios de mais rápido do que um piscar de olhos.
- Vai caçar a Lilith, não é? - ela fechou as mãos em punho de raiva, creio eu. - Que droga, Sam! Vai dar uma de John Winchester? Passando o resto da vida atrás de um maldito demônio?
- Não. Não é o resto da minha vida. - eu disse colocando as mãos sobre rosto dela. - É só por um tempo. Eu sempre vou vim te ver quando puder.
suspirou e se aproximou de mim me dando um beijo inesperado. Eu fiquei sem reação no momento, porque ela era a ... do Dean, do meu irmão.
A segurei pelo o ombro e a afastei de mim.
- Sam?
- Desculpa, , mas não posso. - eu disse suspirando em seguida e segurando suas mãos. - Como não? Eu achei que você queria.
- Eu... Eu queria. Droga! Eu queria, mas não posso. Estamos confundindo as coisas. - eu disse me afastando e ela se aproximou de novo pegando minhas mãos e colocando na sua cintura.
- Fica! Por favor, Sam. - ela disse em um sussurro.
Eu queria ter pensado. Eu deveria ter pensado, mas deixei me levar. Peguei-a no colo e subi as escadas enquanto continuávamos nos beijando. Chegamos ao quarto e eu já estava sentindo a culpa me corroer, mas era meio que impossível afastá-la naquele momento.


Flashback off


Dean estava com a mão sobre a boca com uma expressão incrédula, mas não olhava pra mim, apenas para ela que continuava a dormi tranquilamente.
- Dean, eu...
Antes que eu pudesse terminar a frase senti o impacto do punho do meu irmão contra o meu rosto. Ele me jogou contra a parede e me deu outro soco certeiro, eu poderia tentar impedi-lo, mas não queria. Merecia aquilo, merecia muito mais.
Ele deu mais um soco.
- Dean! - gritou tentando tira-lo de cima de mim. Claro que a acordamos com o barulho. - Dean! Para.
Dean parou de me bater e olhou para com rancor. Por um momento pensei que ele pudesse fazer algo a ela também.
- Dean. - eu disse e ele voltou a me olhar com ódio. Cheguei a pensar que ele me socaria novamente, mas ao invés disso ele me soltou.
- Não esperava isso de você, Sam. De qualquer um, menos de você. - Dean disse se afastando. - Porque você sabia o quando ela significava pra mim. - ele disse mordendo os lábios de nervoso. - Se eu soubesse que você faria essas coisas, não teria dado minha alma pela sua vida.
Dean saiu a passos largos, as palavras dele me contando como laminas. Eu me sentei no chão, sentindo o gosto do meu sangue. se ajoelhou ao meu lado e me abraçou.


Dean’s Pov

Andei em direção ao meu Impala sentindo uma dor enorme tomar conta. Algo que nunca havia sentindo igual. Suspirei assim que vi Anna encostada no carro, respirei fundo e tentei me controlar, abrindo um sorriso ao me aproximar.
- Oi, está aguentando bem?
- Tentando. - ela disse dando de ombros. - Um pouco assustada, eu acho. - ela sorriu um pouco sem jeito. - Então... Dean, só queria agradecê-lo.
- Pelo quê? - perguntei sem entender.
- Por tudo. - ela disse dando de ombros. - Vocês não precisavam me ajudar...
- Vamos deixar de lado essa conversa "obrigado por tentar". - eu disse me encostando ao Impala também. - Prêmios por participação é o fim.
- Sei lá... Talvez eu não mereça ser salva. - ela disse abaixando a cabeça.
- Não fale assim.
- Eu desobedeci. Lúcifer desobedeceu. Foi o nosso primeiro homicida, e eu sabia. - ela suspirou - Talvez eu tenha que pagar.
- Todos já fizemos coisas que tivemos que pagar. - eu disse abaixando a cabeça.
- Eu tenho que te dizer uma coisa. - ela disse me olhando. - Você não vai gostar.
- Certo. O que é? - perguntei a olhando aflito. Tinha algo pior do que meu irmão havia me contado? Acho que não.
- Há uma semana, escutei os anjos falarem... Acerca... Do que você fez no inferno. - eu a olhei assustado, mas ela logo segurou meu braço tentando me acalmar. - Dean, eu sei. Não foi sua culpa. Você deveria se perdoar.
- Anna, eu não quero... Eu não quero... - eu suspirei - Não dá pra falar disso.
- Eu sei. - ela disse suspirando também. - Mas quando quiser, você tem pessoas que querem ajudar. Não está sozinho. É o que estou querendo dizer.
Ela se aproximou de mim e me deu um beijo calmo. Quando se afastou a olhei confuso.
- Por que do beijo?
Anna sorriu e se afastou de mim.
- Nosso ultimo dia na terra e tal. - ela disse sorrindo.
Eu não sabia se era certo, mas estava com tanta raiva que tudo que eu queria era um jeito de tirar toda a dor de mim. Talvez Anna fosse esse jeito que eu procurava. Sorri a puxando pela cintura. - Você roubou minha fala. - eu disse a beijando novamente.
O beijo de Anna era quente e calmo, mas ouvi alguns passos vindo em nossa direção e cessei o beijo. Anna parou de sorrir olhando em direção ao celeiro, me virei e logo vi a alguns passos de nós, raivosa. Anna deu um sorriso fraco e se afastou de mim.
, mesmo sem querer, conseguia estragar qualquer tentativa minha de esquecê-la e voltar a ser o mesmo Dean Winchester que eu era antes de conhecê-la.


’s Pov

Eu vi Anna e Dean se beijando, mas não estava ligando se estragaria tudo entre eles ou não. Na verdade por algum motivo isso só me fez sentir mais raiva de Dean.
Anna se afastou de dele e começou a andar na minha direção. Passou por mim com um sorriso fraco. Eu praticamente a ignorei e continuei a andar raivosamente em direção a ele.
- Qual é o seu problema? - eu perguntei assim que me aproximei.
- Com o Sam? - ele perguntou cruzando os braços e encostando-se ao carro. - Não é da sua conta.
- É, quando vocês dois estão brigando dessa forma. - eu disse - Está ficando louco?
- Na verdade, estou sim. - Dean disse se virando para mim e se aproximando de mim. - Porque antes de morrer eu tinha quase tudo, tinha uma família.
Eu prendi a respiração com a aproximação repentina. Dean estava próximo de mim, muito próximo na verdade. Uns centímetros à frente e estaríamos colados um ao outro. Suspirei com medo de perguntar, mas mesmo assim o fiz.
- E agora?
- Agora? Agora sobrou o traidor do meu irmão, uma ex-namorada que nem sabe que eu existo e meu ex-cunhado que parece saber das coisas, mas não quer me contar nada. Sem contar os anjos e os demônios que me querem morto por que estou tentando salvar a vida de um anjo caído.
- Dean...
- Que droga! Você prometeu que não se esqueceria de mim. Então porque diabos esse maldito acidente tinha que acontecer? - Dean perguntou me olhando de forma desesperada. - Porque tinha que esquecer justamente dos anos que esteve comigo?
- Do que você está falando? - perguntei assustada.
- Disso.
Dean me puxou pela cintura e selou nossos lábios. Seu beijo era violento e desesperado. Bati contra seu peito, mas algo me vez parar. Aquilo me parecia familiar e eu gostava daquilo. Ele suavizou o beijo ao perceber que eu não estava mais relutante, senti meu corpo estremecer e alguns arrepios percorrerem ele. Dean apertou minha cintura e eu fiquei presa entre ele e o Impala. Subi minhas mãos vagarosamente até a nuca dele e ele sorriu entre beijos. Eu também sorri, não sei ao certo porque, mas minha mente me dizia que isso era certo. Que era a coisa mais certa que eu havia feito na vida.
Dean abriu a porta de trás do Impala e com muito cuidado me colocou deitada sobre o banco. Eu não sabia o que estava fazendo, não sabia o porquê, mas não conseguia parar. Ele subiu em cima de mim pressionado seu corpo contra o meu e eu senti um calor incomum percorrer meu corpo. Aquilo era puro... Tesão. Ele parou de me beijar e me olhou por alguns segundos, como se estivesse avaliando algo em mim. Eu apenas suspirei.
- Você não se lembra. - ele disse quase num sussurro.
- Não. - eu disse no mesmo tom. Sei que foi uma afirmação que ele fez, mas me sentia na obrigação de respondê-lo. Não sabia o que ele gostaria que eu me lembrasse, mas sabia que era importante pra ele de alguma forma.
Dean mordeu os lábios, pensativo e eu compreendi que ele estava pensando em parar por ali, mas eu não queria que ele parasse. Não sei como ou quando isso aconteceu, mas naquele momento Dean Winchester era a coisa que eu mais queria no mundo. Segurei o rosto dele entre minhas mãos o fazendo me olhar.
- Dean... Não para. - sussurrei e ele suspirou.
- Mas você...
- Eu não me lembro, mesmo assim eu quero. - sussurrei novamente.
Dean continuou me olhando para ver se eu tinha certeza e eu apenas o puxei para um beijo. Nós nos viramos no banco fazendo com que eu ficasse por cima dele. Tirei minha blusa e Dean ficou me olhando como se fosse à coisa mais perfeita do mundo. Senti-me bem, senti-me única e desejada. Tiramos o resto de nossas roupas e eu pude ver o quão perfeito Dean Winchester era. Ele passou as mãos pela minha coxa, subindo até minha cintura. Dean me olhou com intensidade e eu voltei a beijá-lo. Enquanto nos movia em um ritmo gostoso, os vidros do carro ficavam embaçados e nós dois sentíamos o prazer tomar conta de nossos corpos.

Eu estava sobre Dean com a cabeça sobre seu peito, ouvindo seus batimentos ainda acelerados e sua respiração ofegante. Dean começou a passar as mãos pelos meus cabelos e eu levantei a cabeça para olhá-lo. Ele parecia feliz, mas feliz do que eu já havia o visto desde que havia voltado do inferno.
- Eu te conhecia antes de você ir pro inferno? - perguntei olhando pra ele que pareceu hesitar por um momento, mas em seguida confirmou com a cabeça.
- Conhecia.
- Há quanto tempo? - perguntei.
- Há mais de dois anos. - Dean disse me olhando. - Pode ser muito pra você...
- Mas eu quero saber. - eu disse o interrompendo.
Dean sorriu e me deu um beijo rápido.
- Vamos nos vestir primeiro. O que acha? - ele perguntou me olhando e erguendo a sobrancelha. Eu sorri sem graça e concordei com a cabeça.
Pegamos nossas roupas espalhadas pelo carro e nos vestimos com certa dificuldade. Demos risada e quando finalmente terminamos saímos do aconchegante Impala. Dean sorriu me puxando para um abraço e beijou o topo da minha cabeça.
- O que quer saber? - ele perguntou com ternura e eu sorri.
- Que tal tudo? - perguntei o olhando.
- Ok, qual é a ultima coisa que lembra? - Dean perguntou encostando-se ao Impala e me olhando.
- Bem... Lembro-me de ter indo caçar em Indiana. Que achei uma cidadezinha estranha, que tinha um pomar lindo e um espantalho assustador. Sei que cheguei ao pomar e dei uma olhada nesse espantalho estranho e ouvir alguém se aproximar. Escondi-me para ver de longe quem era. Lembro-me de ter visto um homem de costas, de calça jeans e jaqueta de couro. Só isso... Não lembro quem era o homem...
- Era eu. - Dean disse colocando as mãos no bolso. - Foi o dia que nos conhecemos.
Suspirei pensativa tentando me lembrar, mas era impossível. Dean mordeu o lábio inferior e se virou em direção ao celeiro. Sam estava parado de lado de fora com uma expressão séria e fez sinal para que entrássemos. Dean fechou a mão em punho e eu coloquei a mão sobre seu ombro. Agora entendia o que estava acontecendo. Se eu realmente conhecia Dean há dois anos e esqueci isso depois do acidente, Sam não me contou a verdade e ainda se aproveitou da situação dormindo comigo. Droga!
- Calma. - eu disse a ele. - Vamos resolver o caso da Anna, depois resolvemos as brigas em família.
É claro que eu queria perguntar tudo, saber de tudo, mas no momento não dava. Tínhamos prioridades. Salvar Anna.







XXV - Eu sei o que vocês fizeram no verão passado. Part 2



- Cara, cadê a Ruby? – Sam perguntou olhando pela janela do celeiro com uma expressão preocupada.
Ele estava andando de um lado para o outro desde que Ruby havia saído pela porta. Acho que era ansiedade para o meu plano dar certo, ou pelo menos eu esperara que fosse isso e não que Sam estivesse realmente preocupação com aquela coisa com quem ele andava fazendo coisas.
- Não sei. – Dean disse de forma ignorante. – Ela é a sua parceira do crime, você que deveria saber.
Olhei para Dean o repreendendo. Tudo bem que as coisas estavam horríveis entre os dois, mas esse não era o momento para briguinha por mim, ou seja, lá pelo o que for. Dean apenas deu de ombro teimoso e tomou um gole da sua cerveja. Apenas suspirei e observei Sam suspirar e continuar a olhar pela janela. Anna apareceu pela porta olhando para Dean preocupada. - Não é meio cedo para isso?
Dean deu de ombros novamente. Ele estava parecendo uma criança birrenta.
- São duas horas em algum lugar do mundo.
- É – ela disse cruzando os braços e se aproximando dele – Você está bem?
Fala sério. Suspirei tentando ignorar a pontinha de ciúmes que estava começando a sentir com toda a preocupação dela com ele.
- Estou. – Dean disse dando um sorriso fraco.
Eu entendia sua ansiedade e angustia, ele estava com medo de que alguma coisa desse errado. E se desse, nós estaríamos ferrados.
As portas se abriram de repente com um estrondo forte e por ela apareceram duas pessoas, ou melhor, dois anjos. Castiel e Uriel. Rapidamente Dean, Sam e eu nos colocamos de pé em frente à Anna para protegê-la.
- Olá, Anna. – Castiel disse olhando diretamente para a ruiva atrás de nós. Era incrível como ele sempre tinha a mesma expressão. – É bom te ver.
- Como? Como você nos achou? – Sam perguntou confuso enquanto encarava Uriel com ódio. Castiel não disse nada, mas não precisou, pois seu olhar caiu sobre Dean que abaixou a cabeça, tristonho e envergonhado. Imediatamente nos viramos para Dean incrédulos.
- Dean? – Perguntei num sussurro.
Ele suspirou e se virou para Anna. Seus olhos estavam cheios de arrependimento. - Me desculpe!
Anna confirmou com a cabeça o desculpando e sorriu docemente para ele.
- Por quê? – Sam perguntou confuso.
- É por que eles deram uma escolha a ele. Ou vocês ou eu. – Anna respondeu olhando para Castiel que apenas abaixou a cabeça. – Eu sei como eles pensam.
Cass não seria capaz disso. Seria? Ele era um anjo bom.
Qual é? Nem anjos podem ser bons neste maldito mundo?
- Ana, eu... – Dean começou a falar mais parou quando os dedos de Anna tocaram seus lábios. Ela se aproximou dele e lhe deu um beijo simples que fez meu sangue ferver de raiva. Maldita.
- Dean, você fez o melhor que pode. – ela disse ao se afastar dando um sorriso fraco para ele – Eu te perdoo.
Minha vontade foi de entregar a cabeça dele em uma bandeja de prata para os anjos e o resto do corpo para os demônios por estar fazendo isso. Qual é o problema dela? Será que não percebeu que estava sobrando? Não percebeu que eu e Dean estávamos tendo algo?
Anna suspirou em seguida e deu um passo a frente. Cruzei os braços irritada por tudo que estava acontecendo.
- Tudo bem! – ela disse olhando para os dois anjos a sua frente. – Sem truques, sem fugas. Eu estou pronta.
Suspirei completamente impaciente. Onde estava Ruby afinal? Esse era o momento certo para ela aparecer para manter a maldita ruiva viva.
- Eu sinto muito! - Cass disse com um brilho nos olhos. Algo me dizia que ele realmente sentia muito.
- Não, não sente. – Anna disse o olhando com rancor. – Não sente, não conhece o sentimento. - Nós temos uma história. Só que...
- Ordens são ordens. Eu sei. – ela disse irritada. – Seja bem rápido.
Sam, Dean e eu suspiramos praticamente ao mesmo tempo. Era o fim, algo havia dado errado com Ruby e nós não conseguiríamos salvar a caída. Era o fim dela. Um barulho chamou nossa atenção para nossas costas. As portas do outro lado do celeiro haviam sido escancaradas por Alastair e outros dois demônios que seguravam Ruby pelos braços. Ruby estava cheia de sangue, totalmente acabada. Alastair realmente deve ter pegado pesado com ela.
- Ah, não! Não toque em nenhum fio ruivo dessa pobre garota. – Ele disse com um sorriso maldoso nos lábios.
Os olhos de Uriel faltavam pegar fogo de tanto ódio que ele estava sentindo a ver Alastair ali. Ele deu alguns passos ameaçadores em direção ao demônio.
Anna, Sam, Dean e eu saímos do meio deles. Não queríamos que toda essa rixa sobrasse para nós. Agora fogo e gelo iriam batalhar.
Com a aproximação de Uriel os demônios que seguravam Ruby acabaram a soltando para se preparar para o combate com os dois anjos. Ruby aproveitou para se rastejar para longe dali e se escondeu em um canto do celeiro.
- Como ouça entrar nesse recinto? Seu maldito demônio. – perguntou Uriel, raivoso.
- O que é isso? – Alastair perguntou se fazendo de ofendido. – Agora me magoou seu idiota, fanático e pomposo.
- Dê as costas e saia daqui agora! – Castiel ordenou dando um passo a frente.
- Claro! – Alastair respondeu sorrindo. – É só me entregar a garota. Nós garantimos que ela será castigada.
- Você sabe quem somos e o que faremos. Não vou repetir. Saia agora ou destruiremos você. - Eu acho que vou ariscar. – o demônio disse desafiadoramente.
A tensão ficou no ar por alguns segundo enquanto anjos e demônios se encaravam, nós apenas observamos em um canto, esperando a nossa deixa para salvar o dia.
De repente Uriel avançou com rapidez em direção aos dois demônios que estavam junto com Alastair. Castiel se encarregou do próprio Alastair.
Os dois entraram em uma briga, Castiel batia no demônio com muita força, sem dó algum. Alastair tentou se defender, mas não conseguiu. O anjo colocou a mão sobre a desta do demônio, mas o esperado por todos nós não aconteceu. Cass parecia confuso, creio que ele tentou exorcizar Alastair, mas por algum motivo - que nem ele sabia - não deu certo.
- Foi mal, garoto. Porque não corre para o papai? – o demônio perguntou com um sorriso vitorioso nos lábios.
O jogo virou tão rápido quanto um piscar de olhos. Alastair bateu em Castiel com toda a sua força aproveitando que o anjo estava confuso por causa da falha de seus poderes. Uriel estava acabando com os dois demônios de um lado enquanto Alastair falava algumas palavras que pareciam estar fazendo muito mal ao Castiel. Olhei para o meu lado procurando por algo que pudesse ajudar o anjo. A única coisa que encontrei foi um pedaço de madeira que peguei do chão e corri em direção a Alastair batendo com toda a minha força na cabeça dele. Claro que Alastair não caiu ao chão, muito menos desmaiou. Ele apenas se virou para mim.
- Colt. – um sorriso assustador estava em seus lábios ao dizer meu verdadeiro sobrenome. – tinha que ser dessa maldita família.
Alastair levantou a mão na minha direção, mas não a encostou em mim. Comecei a sentir uma forte dor na garganta e nos pulmões. Era sufocante, insuportável.
- ! – ouvi Dean gritar meu nome enquanto eu caia ao chão de joelhos me contorcendo de dor. Era o fim.
- Não! – ouvi o grito de Uriel e Alastair parou com a tortura imediatamente. Não abri os olhos para ver o que acontecia, eu já imaginava. Anna havia conseguido sua graça de volta. Pensei em levantar, mas ainda estava sentindo meu pulmão doer.
- Fechem os olhos! Fechem os olhos! – Anna gritou de algum lugar do celeiro.
Eu já estava com os olhos fechados então não os abri novamente enquanto Anna começava a gritar cada vez mais alto, como se uma dor estivesse a consumindo pouco a pouco. Eu sentir um vento forte passando pelo celeiro e de repente parou.
Quando abri os olhos pude ver Dean e Sam já ao meu lado, Ruby saindo do canto que havia se escondido e os dois anjos com espantos estampados em suas faces.
Dean me ajudou a levantar com cuidado enquanto Sam pegava a faca de Ruby do chão.
- Estão esperando o que? – Dean perguntou enquanto me pegava no colo com cuidado. – Porque não vão atrás dela? Estão com medo?
- Isso ainda não acabou. – Uriel quase esbravejou dando passos na nossa direção, mas Castiel o impediu que se aproximasse ainda mais.
- Pois eu acho que sim, isso acabou. – respondi ao anjo negro que provavelmente estava querendo me decapitar.
Como num passe se mágica os dois sumiram deixando apenas o barulho do bater de suas asas no ar por alguns segundos.
Dean finalmente respirou aliviado, igual a mim. Ruby mancou até nós três vagarosamente.
- Você está bem? – Sam perguntou com preocupação.
Sam e sua preocupação com a demônio vadia.
- Não muito.
- Porque demorou tanto? – perguntei curiosa.
- Ah! Desculpe pela demora com a entrega demoníaca, mas eu estava sendo torturada. – ela disse com aquela ironia costumeira e me olhou com certa fúria. Afinal o plano havia sido meu.
- Tenho que tirar o meu chapéu para você. – Dean disse me olhando. – Trazer todos juntos? Oh! Plano bom.
Dean abriu um sorriso radiante, daqueles que qualquer ser em sã consciência se derreteria ao ver.
- Bem... Eu pensei: “Se você tem o Aliem e o Predador na sua cola o certo é sair da frente e deixar eles se matem.” – sorri – é obvio.
- Ah! Pare de se gabar. – disse Ruby sorrindo para mim.
- Vamos embora. – Sam disse andando na frente para fora do celeiro junto com Ruby.
Dean deu um passo para segui-los comigo em seu colo, mas eu dei um leve tapa no ombro dele.
- Me coloca no chão. – pedi.
- Tem certeza? Está bem? – Dean parecia preocupado.
- Sim, sim. Só quero usar minhas pernas um pouco. – sorri e Dean me colocou no chão em seguida. – Sabe... Sobre o que aconteceu hoje no Impala...
- Não se preocupa, não vou contar pra ninguém. – Dean disse abaixando a cabeça, pensativo.
- Não era isso que eu ia falar. – suspirei me aproximando dele e segurando seu rosto entre minhas mãos. – Só queria dizer que foi maravilhoso, mas que preciso de tempo.
Dean ergueu os olhos para me olhar e concordou com a cabeça.
- Eu sei. Foi ótimo, mas você não me ama. – ele suspirou – Você nem me conhece.
- Conheço, mas não consigo lembrar disso. Eu só... Preciso que entenda que está tudo meio confuso agora.
- Eu entendo.
- E quero que saiba que desde o acidente eu estava sentindo um vazio... Algo não estava certo, mas quando eu estive com você foi como se... Eu me senti completa.
Dean sorriu ao ouvir minhas palavras, seus olhos pareciam brilhar de alegria. Então ele me puxou pela cintura com rapidez e selou nossos lábios. Novamente senti aquela sensação de que isso era a coisa mais certa que eu já havia feito. Como se estar com Dean Winchester fosse certo, fosse o meu destino. Sorri cessando o beijo e Dean sorriu junto comigo.

xx

Abri a porta da minha casa e imediatamente senti o aroma de comida caseira no ar. Entrei junto com Sam e Dean e ouvi alguns barulhos na cozinha.
- Hum, pelo jeito alguém cozinhou! – gritei da sala e ouvi em seguida a risada do meu irmão.
- !
Logo ele estava no batente da porta da cozinha com um avental amarrado na cintura.
- Sim, querido.
- Já estava preocupado. – ele disse enquanto secava as mãos em um pano de prato.
- Ah! Está tudo bem. Dean e Sam estavam comigo. – respondi dando de ombros.
- Essa era minha preocupação. – Chad disse de forma séria, mas acabou sorrindo em seguida.
- Bobo! Vou tomar banho. – eu disse sorrindo. – E depois venho comer essa deliciosa comida.
- Seja rápida, se não esses dois vão acabar com tudo.
Olhei para Sam e Dean que apenas sorriram.
- Eu vou ser bem rápida.
Os três homens apenas concordaram com a cabeça e eu subi as escadas correndo para me livrar da sujeira e do cansaço.


Chad’s Pov

Dean e Sam se sentaram no sofá assim que subiu as escadas. Sam parecia triste e incomodado e Dean com uma cara de poucos amigos. Algo estava acontecendo, algo estava muito mal entre os dois e eu tinha o palpite de que tinha a ver com .
- Como você pôde? – Dean perguntou de repente ao irmão.
- Ham? – perguntou Sam, confuso.
- Com a ! Como pôde? – o Winchester mais velho perguntou novamente. Sam suspirou pesadamente.
- Eu não pensei... Eu só... Deixei acontecer.
- Deixou acontecer? – Dean olhou para o irmão incrédulo. – Como Sam?
Definitivamente tinha a ver com e algo que Sam estava tendo com ela, ou teve.
- Eu estava desesperado e confuso. foi à única que me apoiou... – Sam suspirou. – Cara, me desculpa.
- Não é fácil assim, Sam. – Dean disse se levantando e olhando para o mais novo dos Winchesters. – Você deveria ter um pouco de consideração por mim. Eu morri por você, mas não para você tomar o meu lugar no coração ou na cama dela.
- Eu sei. – Sam sussurrou.
- Olha... Não querendo me meter na briga de família, mas já me metendo, pois a briga é pela a minha irmã. – suspirei me encostando no batente da porta e os dois irmãos se viraram para me olhar com atenção. – Isso tudo já aconteceu e não tem como vocês voltarem atrás. Só parem de brigar. A vai acabar se sentindo culpada e vai sofrer. E se sofrer, eu mato vocês dois.
Dean e Sam apenas se entre olharam e concordaram sem dizer nada. Sorri e voltei para a cozinha.



XXVI – Entre irmãos

Dean’s Pov

Abri os olhos vagarosamente e olhei para a cama ao meu lado. Sam não estava lá, mas ouvi sua voz vindo do banheiro. Cocei os olhos enquanto ouvia meu irmão falando em tom baixo.
- Sim, isso é o que estou lhe dizendo. Não há tempestades, sem colheitas ruins, nada.
Me sentei na cama com cuidado para não fazer barulho, lá estava Sam conversando no telefone com sabe-se lá quem.
- Sim... Está bem. Vamos continuar procurando. Você continuar procurando também, OK? Tudo bem. Nos falamos em breve.
Sam desligou o celular e se olhou no espelho enquanto eu me deitei rapidamente fingindo dormir. Os passos de Sam foram chegando cada vez mais perto da minha cama. Ele deve ter ficado me observando por alguns segundos para ver se eu realmente estava dormindo, até que me cutucou.
- Dean? Levanta, vamos ao trabalho.
Eu abri os olhos lentamente, fingindo despertar enquanto esfregava os olhos.
- Você acordou cedo. O que você estava fazendo?
- Nada. Eu estava no banheiro. - ele deu de ombros se sentando em sua cama.
- E?
- Só. Você queria uma foto? - Sam perguntou me olhando com desconfiança.
Eu sorri.
- Não, essa eu vou passar.
- Ok, encontrei um trabalho. Bedford, Iowa. Um homem bateu na cabeça de sua esposa com um amaciador de carne.
- Que nojo. - respondi imaginando a cena.
- E consegui isso. Terceiro caso dentro de dois meses de homens matando suas esposas sem antecedentes em nenhum deles, todos muito bem casado.
- Ahh. Soa como Ozzie e Harriet.
Sam sorriu.
- Mais como The Shining.
Eu me levantei da cama.
- Tudo bem, eu acho que seria melhor dar uma olhada.
Quando descemos as escadas estava sentada no sofá abraçada junto com o irmão assistindo a TV e dando risada. Estava descontraída, assim como Chad. A cena parecia surreal, normal demais para pessoas com a vida como a nossa.
- Bom dia! - Sam disse ao terminar de descer as escadas e se virou para ele com um sorriso radiante enquanto Chad fechava a cara.
- Bom dia, Sam. - então ela se virou para mim. Não sei se foi coisa da minha cabeça, mas ela parecia me olhar de uma forma parecida com qual me olhava quando estávamos juntos antes do pacto, do acidentes e todos esses acontecimentos recentes. - Bom dia, Dean.
- Bom dia, . - respondi sorrindo de volta para ela.
- Temos um caso. - Sam disse chamando a atenção dela.
- Qual?
- Algo como maridos assassinos. - ele deu de ombros.
- Uau! Vou com vocês. - ela disse se levantando do sofá. - Só preciso de 20 minutinhos.
- Por mim tudo bem.
- Por mim também. - respondi e passou por mim como uma bala para pegar suas coisas.

Nós mal chegamos à cidade e fomos visitar o ultimo cara que havia feito amassadinho dos miolos da mulher. Ele parecia totalmente normal e não queria advogados, mas nós insistimos para falar com ele mesmo assim. Eu e fomos e Sam ficou no hotel procurando se haviam outras ocorrências parecidas.
- Vou me declarar culpado. - disse Benson.
- Tudo bem - eu disse dando de ombros - você não quer que nós para representá-lo, tudo bem. Na verdade, não é uma má ideia. Nós apenas queremos entender o que aconteceu, isso é tudo.
- Sr. Benson. Por favor. - pediu com jeitinho. Se fosse eu já tinha cedido, mas ele não.
- O que aconteceu foi que eu matei minha mulher. Quer saber por quê? Porque ela fez planos sem me consultar. - ele respondeu sem hesitar.
- Agora, quando isso aconteceu? Como você se sentiu? Desorientado? Fora de controle? - estava procurando uma explicação real. O motivo que ele havia falado não era nada convincente para matar alguém.
- O que deu em você para fazer isso? - perguntei.
- Eu sabia exatamente o que eu estava fazendo. Eu estava totalmente consciente.
- E por que você faria isso?
- Eu não sei. - ele disse com uma fisionomia triste - Eu a amava. Éramos felizes.
Eu sorri e coloquei alguns papeis sobre a mesa. Os olhos de Benson se arregalaram ao ler os papeis.
- Isso é muito dinheiro. - eu disse apontando para o valor no fim da folha.
- Onde você conseguiu isso?
- Não importa. Nós temos isso. - respondeu.
- Veja há certa coisas que não queremos que nossas mulheres descubram...
- Tem é? - perguntou me olhando com os olhos franzidos. Eu apenas sorri e dei de ombros
- Eles aparecem com nomes obscuros como "M & C entretenimento".
- Eu não sei o que você está falando. - Benson respondeu.
- Como gastar muito dinheiro em um bar de nudez por exemplo.
- Só queremos saber a verdade Sr. Benson. - pediu e Benson suspirou pesadamente.
- Seu nome era Jasmine.
- Ela era uma stripper? - perguntou fingindo anotar algo.
- , o nome dela era Jasmine. É claro que era uma stripper. - a respondi.
- Eu não queria que isso acontecesse, eu não gosto dessas coisas. - Benson continuou sua confissão - Meu amigo estava tendo uma despedida de solteiro e lá estava ela.
- Jasmine. - completou e ele confirmou com a cabeça.
- Ela veio até mim. - ele fechou os olhos se lembrando - E... Eu não sei, ela era apenas... perfeita. Tudo o que eu queria.
- Bem... Você paga o suficiente e qualquer uma seria. - respondeu me fazendo olhar para ela assustado.
- Como assim? - perguntei. Foi a vez da dar de ombros e sorrir.
- Não era sobre o dinheiro. Não era nem mesmo sobre o sexo. - Benson respondeu - Foi... Eu não sei. Eu... eu não sei o que era. É difícil de explicar.
- E sua esposa descobriu? - perguntei.
- Não, ela nunca teve uma pista. - negou ele.
- Então por que você matou? - perguntou .
- Para Jasmine. Ela disse que ficaríamos juntos para sempre. Se... Se Vicki fosse...
- Morta - sussurrei e Benson concordou.
- Depois eu e Jasmine deveriam se encontrar e ela não apareceu. Eu não sei onde ela mora, eu não sei o sobrenome dela, eu nem sei o seu verdadeiro nome! - ele parecia desesperado falando dessa tal Jasmine. Ela deveria ser realmente boa. - Eu sou um idiota.
- E você não pensou em dizer isso para a polícia? - perguntou.
- O quê? A stripper não fez isso, eu fiz isso. E eu sei o que eu mereço. Se o juiz não me der a sentença de morte, eu vou fazer isso sozinho. - ele respondeu.
E me olhou com certa pena nos olhos.

Quando saímos no hotel comentou que tinha algo muito estranho nisso tudo já que os outros maridos também haviam matado as esposas por que uma stripper havia pedido e que tínhamos que encontrar com eles para ter uma base de como ela era. Ao chegar no hotel Sam nos contou que foi atrás de uma médica da cidade que também ajuda o xerife com algumas coisas e contou que ela achou oxitocina no sangue dos suspeitos em níveis bem elevados.
- É um hormônio que é produzido durante o parto, na dilatação e no sexo. - comentou se sentando na cama pensativa. - as pessoas chamam de hormônio do amor. Sabe aquela sensação que você sente quando se apaixona a ponto de deixar as pernas bambas? E que te faz correr para um estúdio e fazer uma tatuagem no peito com o nome na pessoa? - Eu e Sam concordamos e ela continuou - Essa é a oxitocina. Logo que isso passa, você tem que sentir a dor de remover a tatuagem.
Nós três sorrimos.
- Legal, mas a oxitocina. O que faria em altos níveis? - Sam perguntou curioso.
- Nada anormal do que eu já vi ou ouvi falar. - ela respondeu dando de ombros. - Até onde sei é um hormônio inofensivo, tirando a tatuagem.
Até onde a inteligência dessa mulher ia?
- Então Whylie e Snyder confessaram? - Sam perguntou.
- Um esvaziou o fundo de garantia, o outro, o dinheiro para a faculdade de seus filhos, tudo no mesmo dia. - respondi pegando alguns papeis e entregando nas mãos dele.
- Garotas nuas ao vivo?
- Um clube chamado "The WagonHoney" - respondi dando de ombros.
- Esses caras têm assuntos com uma stripper também conhecida como Jasmine?
- Sim e não. - respondeu. - É onde a coisa fica interessante. Cada um está ligado com uma garota diferente.
- Então, o quê? Essas meninas estão todas ligadas de alguma forma? - Sam perguntou confuso.
- Bem, todos o que eles descreveram foi sua stripper da mesma forma, da mesma maneira. "Perfeita, era tudo que eu queria". - respondi.
- Pelo menos até as Barbie's convencerem a matar suas esposas. - completou. - É como se eles estivessem sob algum tipo de feitiço de amor.
- Sinistro. - comentei.
- E que os torna totalmente psicótico. - Sam concluiu.
- Absolutamente. - respondi sorrindo abertamente enquanto Sam me observava com atenção.
- Você parece muito alegre.
- Strippers, Sammy. Strippers. Estamos em um caso real envolvendo strippers. Finalmente. - Sorri ainda mais.
cruzou os braços.
- Nem para ser strippers masculinos.
- Se fossem homens não deixaríamos você participar do caso. - respondi. - É bom assim. Strippers mulheres.
deu de ombros e se levantou da cama.
- Sou mais eu.
- Eu também. - respondi sussurrando baixinho o suficiente para apenas ela me ouvir. Vi ela ficar corada rapidamente, mas era apenas a verdade, eu era mil vezes ela do que qualquer outra no mundo. sorriu e eu sorri de volta sentindo uma ponta de esperança crescer em mim.
- Voltando. Precisamos ir ao bar. - Sam disse acabando com o clima.
Eu e apenas assentimos.

No fim das contas só Sam foi ao clube. não queria ir e eu decidi ficar com ela. Fazia alguns dias que queria ficar a sós com ela para conversarmos, mas decidiu comprar algo para comermos e eu fui tomar banho.
Quando sai do banheiro, lá estava ela sobre a cama devorando um lanche. Ela abriu um sorriso enorme quando me viu saindo do banheiro.
- Você deveria andar mais assim. - ela comentou me fazendo sorri.
Eu estava apenas de toalha. Confesso que para provoca-la um pouco.
Andei até a beirada da cama e percebi que ela prendeu a respiração até eu me sentar, seu olhar permanecia fixo sobre mim. Ela parecia calcular cada movimento meu, parecia tensa e eu amava ver ela assim. Mostrava que eu tinha algum efeito sobre ela.
- Eu queria conversar.
- Assim? - ela perguntou séria e eu sorri.
- Quer que eu me vista?
- Quer a verdade? - ela perguntou me olhando nos olhos. - Porque a verdade é que não quero, Dean.
Eu senti um arrepio percorrer todo o meu corpo. Pode parecer clichê e até coisa que uma garota falaria, mas é a verdade. consegue me fazer parecer um mariquinha apaixonado. Na verdade, paixão era pouco, eu a amava mais que tudo na vida.
- Dean, eu estou tentando entender tudo e a cada dia sinto que tem uma ligação enorme entre nós dois, mas eu não me lembro...
- Eu sei. - respondi.
- Mesmo assim eu quero. - Ela deixou seu lanche sobre a cama e se aproximou mais de mim. - Eu quero ficar com você Dean.
- Eu também quero ficar com você, ... Mas quero que lembre de mim.
- Eu quero me lembrar e vou tentar lembrar. - ela respondeu enquanto começava a acariciar meu rosto.
Eu não queria ouvir mais nada, nem falar mais nada. Puxei a para um beijo desesperado e com a outra mão joguei tudo que havia sobre a cama no chão.
Sam voltou para o motel cerca de uma hora depois. Eu e já estávamos muito bem vestidos, só que ela estava deitada sobre meu peito aconchegada em meus braços como nos velhos tempos. Sam quando entrou pareceu primeiro surpreso e em seguida abriu um sorriso.
- Teve sorte? - perguntou sem se mover de onde estava.
- Não. - Sam respondeu se sentando na outra cama - Vocês?
- Muita. - respondi e me beliscou.
- Um pouco. - ela disse se soltando dos meus braços e se sentando na cama - Acabei de falar com Bobby, que oficialmente tem uma teoria.
- Qual?
- Sereia.
- Como a sereia do mito grego? - Perguntei. Sam e me olharam surpresos. - Hey, eu li!
- Sim, na verdade. - sorriu para mim - Mas a sereia não é realmente um mito, é mais uma bela criatura que ataca os homens, seduzindo-os com seu canto.
- Deixe-me adivinhar, "WelcometotheJungle?" - Perguntei e ficou séria - Não, não. Mandado de "Cherry Pie".
- Sua música é mais uma metáfora, como... Como a sua chamada, seu encanto, sabe? - respondeu.
- Então elas encantam os caras e eles viram um tipo de cachorrinho fiel que faz tudo pelo dono?
- Basicamente, sim. - respondeu sorrindo. - As sereias viviam em ilhas, fazendo os marinheiros as seguirem até as rochas, afundando seus navios e os matando afogados.
- Parece que Adam e seus amigos... - Sam começou a dizer, mas foi interrompido por .
- É. - ela disse - Se você fosse uma sereia arruinada precisando de um bando de idiotas, onde você se estabeleceria? - perguntou sorrindo.
- Mas não entendi a das três garotas diferentes. São várias sereias?
- É que sereias podem ler mentes. Elas veem o que você mais deseja e então se transforma nisso. - deu de ombros - Você sabe, como uma ilusão.
- Então, é só uma garota. - concluiu Sam.
- Provavelmente. Sereias são geralmente muito solitária.
- Como é que vamos matá-la? - perguntei empolgando.
- Estou trabalhando nisso e Bobby também, mas vocês precisam encontrá-la.
- Como diabos vamos encontrá-la? Poderia ser qualquer uma. - disse indignado.
- Vamos ter que improvisar. - Sam respondeu.
Eu e Sam saímos para procurar a tal sereia quando descobrimos que um cara matou a própria mãe a alguns quarteirões dali. Fomos interrogar o cara e ele definitivamente era uma vitima da sereia. Voltamos para o quartos algumas horas depois. estava deitada na cama com o notebook no colo, abriu um sorriso enorme quando nos viu entrar.
- Vocês não vão acreditar no que descobrir.
- O que?
- Bobby me ligou e disse que achou um poema antigo sobre sereias muito vago. Nele dizia que você precisa "um punhal de bronze, coberto com o sangue de um marinheiro, sob o feitiço do canto".
- Que diabos isso significa? - perguntei e sorriu.
- Bem, o feitiço da sereia não tem nada a ver com qualquer música. Acredito que seja o hormônio que foi encontrado em alto nível no sangue dos homens que mataram suas mulheres.
- Claro! - Sam disse batendo na própria testa - Você acha que ela infecta os homens durante o sexo?
- Talvez.
- Sêmen sobrenatural. - eu disse e rolou um olhos sorrindo.
- Bobo. - ela colocou seu notebook de lado e se levantou da cama. - Bem, no entanto ela tem uma grande fraqueza. Se receber uma pequena dose desse hormônio...
- Ela morre.- Sam concluiu e concordou.
- Então, só temos que fazer os babacas doar sangue para um bem maior. - perguntei.
- Não é fácil. Nenhum desses caras estão mais sob o feitiço. - me olhou - Você não tem ideia do que temos que fazer para pegar essa sangue "infectado".
- Acho que tenho uma ideia. - Sam disse me olhando.
- Acho que foi a mesma que a minha, mas temos que ter cuidado. Essas coisas são vadias espertas. Temos que pega-la antes que ela nos pegue.
- Espero que não seja o que estou pensando. - eu disse cruzando os braços.


's Pov

Deitei-me na cama esperando Dean e Sam me ligar para irmos até o clube encontrar a criatura, mas até o momento nem havia noticias dos dois. Comecei a tentar ligar no celular do Sam, que deu ocupado. Em seguida liguei no celular de Dean que também deu ocupado. Um alerta acendeu em minha mente, havia algo errado acontecendo. Me levantei da cama e me lembrei que estávamos apenas com o carro do Dean, então não tinha como eu sair por ai correndo pela cidade atrás dos garotos. Foi quando o telefone tocou, peguei ele de cima da cama e atendi.
- Alô.
- Oi . - Bobby disse do outro lado da linha. - Tentei ligar para os meninos, mas não consegui falar com nenhum dos dois. Está com eles?
- Na verdade, não. Também estava tentando falar com eles. - respondi.
- Droga! Um cara me ligou dizendo ser um agente do FBI que estava com os dois no hospital, mas resolvi procurar sobre o cara e você não vai acreditar.
- O que? - perguntei já sentindo meu coração bater loucamente.
- Ele não existe.
- Não... - comecei a falar, mas ouvi um barulho na porta.
- ? - a voz de Dean ecoou pelo quarto.
- O Dean chegou. - eu disse aliviada. - Te ligo depois Bobby. - eu disse sem esperar ele me responder e desliguei.
- Dean. - eu disse andando em direção à porta.
Dean não sorriu apenas entrou com uma expressão séria demais pro meu gosto e então logo atrás dele havia um homem loiro vestido em roupas sociais assim como Dean. Deveria ser o tal federal que Bobby disse que simplesmente não existia.
- Nick, essa é a .
Nick sorriu para mim e se virou para Dean.
- Ela é linda.
Dean não disse nada sobre isso.
- Achamos que Sam foi pego.
- E como chegou nessa conclusão? - perguntei.
- Sam não atende ao telefone e foi atrás de uma médica chamada Cara que está na cidade há uns dois meses e que tem um marido morto. Nick encontrou algumas flores exóticas que existiam na ilha que a sereia vivia e Cara tem as mesmas no seu consultório.
- Não acho que isso seja o suficiente. - respondi olhando para Nick.
Dean ficou em silêncio, assim como eu e Nick sorriu.
- Como? - perguntei sem entender.
Já havia entendido que Nick era a sereia e havia pegado Dean, só não havia entendido como.
- Saliva... - Nick deu de ombros - Seu querido Dean deveria ter limpado o copo em que eu bebi antes dele.
- Mas um homem com certeza não é o maior desejo de Dean. - eu respondi olhando para Dean, ali parado, sem reação nenhuma.
- Não, porque o primeiro é uma menina sem graça, mas o segundo maior é tem um irmão de verdade. Sam tem deixado a desejar. Dean mal pode confiar nele, não como pode confiar em mim. Eu por exemplo, não dormiria com você e muito menos com uma vadia como a Ruby.
- É, você está certo. - Dean disse e eu mal acreditei.
- Dean? - Nick o chamou e Dean se virou para ele atento. - não gostou muito da ideia de sermos irmãos. Ela quer impedir que fiquemos juntos para sempre. Acho que deveria dar um jeito nisso.
Antes que eu pudesse pensar em correr Dean me agarrou com força e tampou minha boca para que eu não pudesse gritar. Só senti algo bater com força na minha cabeça e não senti mais nada.
Acordei aos poucos e a primeira coisa que vi foi Nick me observando com um largo sorriso.
- Dean? - perguntei e ele sorriu mais ainda.
- Dean está bem, você que não vai ficar.
- E o que você está esperando? - perguntei entredentes.
- Eu quero o Sam. - ele deu de ombros. - Sou como você, . Não me contento apenas com um dos Winchesters.
- Filho da puta. Não sou como você. - eu gritei e tentei me levantar. Só então percebi que estava amarrada a cama. Comecei a tentar me soltar e parecia completamente inútil.
- Ei, não grite. - ele disse sorrindo mais ainda. - Sam está chegando.
Então fiquei em silêncio e ouvi o barulho na porta. Sam estava entrando e antes que eu pudesse pensar em gritar ouvi um estrondo forte.
- Acho que Dean o pegou. - Nick disse e se afastou. O máximo que ouvi foi uma conversa breve de Nick e Sam. Onde Sam o xingava e pedia para Dean tentar assumir o controle e Nick dizia coisas para magoar Sam. Houve uma discussão, Nick disse que Sam mudaria de lado e então silêncio. Os passos vieram na minha direção, logo pude ver Nick, Dean e Sam.
- O que está fazendo? - perguntei sentindo meu coração gelar de medo.
- Quero que veja o que esses dois podem fazer por mim. - - Nick disse se sentando na cama que eu estava. - Agora eles fazem qualquer coisa por mim e eu tenho que dizer, esse tipo de devoção, ver alguém matar por você, é a melhor sensação do mundo.
- Você me dá nojo. - eu disse com repulsa, mas Nick me ignorou.
- Então eu sei que vocês dois têm muita coisa para resolver. - Nick disse olhando para Dean e Sam. - Então, por que não discutir o assunto? E quem sobrevive pode ficar comigo para sempre.
Dean e Sam olharam uma para o outros e eu senti um enorme aperto no coração.
- Bem, eu não sei quando isso aconteceu. Talvez quando eu estava no inferno, mas o Sam que eu conhecia, ele se foi. - Dean disse.
- Só isso? - perguntou Sam.
- E não é o sangue de demônio ou a porcaria psíquica. São os detalhes. As mentiras. Os segredos. A traição. - Dean disse raivoso.
- Fala sério. Desde que voltou do inferno tudo é ou a pena que sente de si mesmo.
Dean não aguentou e avançou em Sam. Os dois começaram a trocar socos e chutes quebrando as coisas do quarto, fazendo alguns cacos de vidros cair sobre a cama.
- Pare com isso. - eu disse olhando desesperada para Nick.
Ele sorriu e se virou para mim. Parecia completamente fascinado.
- Por quê? Isso é maravilhoso.
Assim que Nick terminou a frase. Sam jogou Dean em direção à porta e ambos foram para no corredor.
- Fique ai. - Nick disse sorrindo e saiu do quarto seguindo os dois.
Comecei a tentar me soltar desesperadamente cortando a corda com um pedaço de vidro que estava sobre a cama. Eu tinha que ser rápida se não Sam ou Dean iria fazer uma besteira. Quando consegui me soltar peguei uma que Dean sempre guardava debaixo do travesseiro e corri para o corredor. Dean estava pronto para matar Sam com um machado e Nick estava ao seu lado.
- Faça isso. Faça isso por mim, Dean.
Corri para perto de Dean e segurei seus braços para não machucar o Sam e então enfiei a faca no braço de Dean que deu um grito forte e soltou o machado que caiu ao lado de Sam. Nick começou a correr assim que me virei para ele, mas eu joguei a faca em sua direção que o acertou em cheio.
- Não. - Sam e Dean gritaram em uníssono.
Nick caiu morto no chão e eu olhei para os garotos, aliviada.

Nós arrumamos nossas malas de pressa e saímos daquele lugar. Sam e Dean ficaram calados por um longo tempo, acho que eles tinham consciência do que disseram um para o outro.
- Obrigado, . Você sabe, se você não fosse você...
- Qual é? Fala como se não fosse minha rotina salvar vocês. - eu disse sorrindo no banco de trás do carro e ambos sorriram junto comigo. - Estão bem?
- Sim, tudo bem. - disse Sam.
- Muito bem.- respondeu Dean.
- Vocês sabem, aquelas sereias são criaturas desagradáveis, não fiquem mal por tudo que aconteceu. - eu disse observando os dois.
Um silêncio perturbador ficou no quarto.
- Dean. - Sam começou a falar - você sabe que eu não quis dizer às coisas que eu disse lá atrás, certo? Que era apenas o feitiço da sereia?
- É claro, eu também. - Dean respondeu sem tirar os olhos da estrada.
Algo me dizia que isso não era bem verdade.

Quando chegamos em casa Chad estava na sala assistindo filme e comendo pipoca junto com Tina com quem ele estava tendo um relacionamento sério a algum tempo. Cumprimentei e conversei um pouco com os dois, mas Dean e Sam apenas disseram que estavam cansados e foram cada um para o seu quarto. Mil e uma coisas se passavam pela minha cabeça, principalmente coisas que a sereia falou para mim. Talvez eu não tivesse culpa das coisas que estavam acontecendo, mas a frase da sereia não saia da minha cabeça “Sou como você, . Não me contento apenas com um dos Winchesters.”
Tomei um banho quente e demorado tentando tirar todo e qualquer pensamento ruim ou lembranças da ultima caçada. Sai do chuveiro me vesti e estava pronta para cair na cama quando ouvi algumas batidas na porta.
- Pode entrar. – Falei me sentando na cama.
A cabeça de Sam apareceu pela brecha da porta.
- Posso mesmo?
- Pode, Sam. – respondi num suspiro.
Sam entrou no quarto e parecia ansioso, ele fechou a porta atrás de si e olhou para mim.
- Precisamos conversar. – ele disse.
- Muito! – conclui e Sam suspirou.
- Eu não sei exatamente como começar. Eu te devo desculpas por tudo que aconteceu entre nós...
- Quando um não quer dois não brigam. – respondi olhando para as minhas mãos.
- Eu sei, mas você não sabia sobre Dean e eu sim. – Sam respondeu de uma forma quase desesperada - Ele é meu irmão.
- Ele era o homem que eu amava. – respondi me levantando de repente. – Eu não deveria ter me esquecido dele...
- A culpa não é sua – Sam disse me interrompendo dando um passo na minha direção.
- Eu não sei e se eu bati o carro de propósito?
- Não teria como você saber se perderia a memória ou não. – ele disse dando de ombros.
- Talvez estivesse tentando me matar porque estava sofrendo demais. – respondi cruzando os braços.
- Não deu muito certo.
- Já ouviu aquela frase de que Deus escreve certo por linhas tortas? Talvez ele me fez esquecer para eu continuar a viver, mas sem a dor de ter perdido o Dean. – conclui.
- ... Seja lá o que tenha acontecido não foi culpa sua. – Sam respondeu e veio até mim. – Você contou tudo pro Dean?
- Não. – respondi num sussurro. – Mas talvez ele já imagine que não aconteceu apenas uma vez.
- Olha pra mim. – Sam pediu e eu levantei o rosto para olhá-lo. Sam segurou meu rosto entre suas mãos grandes e macias. – Eu vou contar tudo ao Dean, só estou esperando o momento certo. Provavelmente depois disso eu vá embora, então cuide do Dean.
- Eu gosto de você, Sam. – sussurrei olhando nos olhos dele. – não da mesma forma como antes, mas eu gosto de você. Tenta não se meter com coisa errada.
- Eu não vou. – ele disse com um sorriso
- Assim espero. – respondi e ele se inclinou me dando beijo na testa.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa Sam saiu do quarto e eu senti um aperto estranho no coração. Era obvio que não estava apaixonada por Sam, mas eu realmente gostava dele apesar das coisas terem ocorrido de forma errada entre nós dois.
Me sentei em minha cama e tudo que eu queria naquele momento era não ter sobrevivido ao acidente de carro, talvez sem mim as coisas não estivessem tão ruins.





XXVII – A culpa é do Castiel

Sentei-me no sofá completamente emburrada com a decisão de Dean e Sam de caçar e não me levar. Às vezes os dois conseguiam ser completamente babacas.
- ... – Dean me chamou.
- Vai se foder. – respondi cruzando os braços. Dean se jogou no sofá ao meu lado e deitou a cabeça no meu colo.
- É só uma semana. É rápido. – ele disse com um sorriso radiante.
- Mas porque isso? – perguntei.
- Precisamos de um tempo de irmãos, temos muito o que conversar durante essa caçada. O problema não é você, somos nós.
- Ah, Sam! Vai se foder você também com esse papo de que o problema não sou eu. Já levei e já dei fora em muita gente com essa frase clichê. – eu disse não contendo o riso. – Sumam da minha frente.
- Nós vamos te ligar. – Dean disse se arrumando no sofá – Todos os dias.
Então Dean me deu um beijo rápido e pegou a chave do seu carro. Olhei para Sam, estava sentindo que aquela era a ultima vez o que veria por um tempo.
- Sam...
- Shiu. – ele me interrompeu. – Vai ficar tudo bem.
Sam me deu um beijo na testa e me abraçou bem forte.
- Tchau, Sam.
Sam se afastou em direção a porta e eu rezei para o ver voltando um dia.

Todos os dias Sam e Dean me ligavam, eu tentava ajudar eles com a caçada pesquisando para eles na internet. No quinto dia o telefone não tocou, eu esperei o dia todo, mas nem uma mensagem chegou até o começo da noite quando Sam me ligou.
- , levaram o Dean. – Sam disse assim que atendi.
- Como? Quem? – perguntei sentindo o desespero tomar conta do meu ser.
- Eu preciso de você para descobrir onde Castiel e Uriel levaram o Dean. – Sam disse desesperado.
- Mas porque o levaram? – perguntei confusa.
- Querem que Dean torture o Alastair. Preciso de você agora.
- Estou indo. – eu disse soltando o celular e correndo para o meu quarto.
Peguei uma mala, algumas armas, algumas roupas e joguei lá dentro quando ouvi o barulho de asas atrás de mim. Quando me virei Castiel estava parado diante dos meus olhos.
- Cas? Cas onde está o Dean? – perguntei andando na direção dele, mas Cas desviou o olhar.
- Dean está bem. – ele respondeu sem expressão alguma.
- Não acho que alguém que está sendo obrigado a torturar esteja bem. – respondi cruzando os braços.
- Você não entende. Nós precisamos...
- Do Dean? Por quê? – perguntei nervosa.
- Ele faz parte dos planos de Deus, ele tem que fazer o que é certo.
- Certo? E se ele não quiser? Droga! Se ele decidir ter uma vida normal, o que vocês vão fazer? Jogar ele no meio dessa droga do apocalipse? – gritei. Cas ficou calado, mas dessa vez me olhava fixamente. Percebi que algo se passava em seus olhos, mas não dava para decifrar o que era. – Cas, o que foi?
- Me desculpa.
- Por levar Dean? É só trazê-lo de volta.
- Não. Por te fazer esquecer-se dele.
As palavras de Cas foram como um soco no estômago que até dei alguns passos para trás. Eu não sabia o que falar.
- Por... Por quê? – perguntei, eu me sentia perdendo o chão.
- Dean não precisava de distrações e você é uma. – Castiel suspirou – Eu te ofereci uma solução para sua dor e você aceitou sem pensar duas vezes.
- Eu... – engoli em seco. – eu quis?
- Você não sabia que eu o traria de volta. – Cas deu um passo na minha direção. - Chad também sabia.
Nesse momento a porta se abriu e Chad entrou no quarto, mas meu irmão nem ao menos olhou para mim. - Chad? Por que estão me contando isso agora? – perguntei olhando Cas se aproximar cada vez mais, algo me alertava para correr, mas era apenas Castiel e Chad.
- Porque tenho que fazer de novo. – ele respondeu.
Pensei em correr, mas antes que pudesse o dedo de Castiel encostou em minha testa e eu apaguei.



XXVIII – Sozinho


Sam’s pov

Eu estava completamente preocupado, desesperado para encontrar Dean e não tinha noção do que fazer. Esperava desesperadamente que soubesse o que fazer para encontrá-lo, mas ela estava demorando muito para chegar, então resolvi ligar para ela novamente. O telefone chamou mais ninguém atendeu, eu tentei mais três vezes e chamou até cair na caixa postal. Algo em mim parecia estar me alertando, liguei então no telefone fixo e também chamou até cair na caixa postal. Algo estava errado, muito errado.
Comecei a discar os números do telefone de outra pessoa. Precisava encontrar meu irmão antes de tudo e recorri a Ruby sem pensar duas vezes, eu estava sozinho, ela era a única que poderia me ajudar.
- Ruby?
- Oi Sam, quanto tempo…
- Não tenho tempo pra isso, preciso que encontre o Dean.
- E?
- Ele sumiu, os anjos o levaram e eu preciso encontrá-lo, Ruby. - eu disse entre dentes.
- Não acho uma boa idéia... – ela começou a dizer, mas a interrompi.
- Não quero saber, preciso encontrar meu irmão agora e você precisa me ajudar.
- Tudo bem, Sam. Estou indo.
- Obrigado. – eu disse mais calmo.
Quando Ruby desligou, voltei a tentar falar com , mas parecia em vão. Cerca de vinte minutos depois Ruby apareceu na minha porta com um mapa em mãos, ela me disse o quanto isso era perigoso e uma péssima idéia, mas eu não dei ouvidos. Ela fez um tipo de rito e queimou o mapa deixando apenas o local onde os anjos haviam levado o Dean intacto.
Eu não sabia bem o que esperar e Ruby podia me dar a coisa que salvaria eu e Dean. Ruby não resistiu apenas se cortou e eu senti minha boca seca. Eu precisava, eu queria e eu tomei o sangue dela sem pensar duas vezes.


Dean’s pov

Eu não queria fazer aquilo, não queria fazer de novo, mas era preciso.
Eu me sentia cruel, mas meu maior medo era de gostar disso novamente.
Quando comecei a torturar Alastair estava nervoso e apreensivo, ele me provocava falando que havia criado um mostro e eu tinha que concordar, pois quando mais o via sofrer, mais gostava. E o que eu temia já estava acontecendo, eu estava gostando de ouvir cada grito de dor do demônio, estava gostando de machucar assim como ele havia feito comigo. O gosto da vingança era mesmo bom.
Quando me aproximava dele novamente para continuar com as torturas, Alastair começou a falar coisas nas quais eu não conseguia acreditar. Ele disse com todas as palavras que Lúcifer sairia da sua jaula por minha causa, porque quando eu aceitei torturar almas no inferno automaticamente rompi o primeiro selo para libertar o Deus dos demônios. Ele só poderia estar mentindo e eu estava pronto para fazê-lo dizer a verdade, mas ele de alguma forma se soltou e de torturador passei a ser seu saco de bancadas.


Sam’s pov

Não podia esperar por por mais tempo, peguei minhas coisas e fui atrás do meu irmão.
Cheguei ao local onde aparentemente Dean estava. Era um galpão antigo e abandonado. Entrei no galpão com cuidado para não fazer barulho, mas quanto mais adentrava o local, mais achava que Ruby poderia ter feito algo errado. Ouvi um barulho vindo um pouco mais a frente e corri sem pensar. Parecia barulho de briga, ao algo parecido. O barulho me levou a uma sala grande e lá estavam Dean e Castiel jogados no chão enquanto Alastair os olhava de forma maligna.
Concentrei-me e levantei a mão. Dean estava desacordado e Castiel me olhou com desaprovação, mas eu tinha que fazer ou morreríamos.
Alastair foi parar na parede, ele não conseguia se mexer e eu sabia que agora tinha poder o bastante para acabar com ele. Comecei a torturá-lo primeiro para descobrir como os demônios estavam matando os anjos, mas Alastair não disse. Alastair apenas falou que não eram eles que estavam fazendo isso antes de eu acabar com ele.
Corri para Dean, ele precisava urgente de um hospital. Não olhei para Castiel, estava frustrado com ele e não queria fazer besteira. Levei Dean dali antes que fosse tarde.
Quando cheguei ao hospital levaram Dean para um quarto e cuidaram dele. Eu apenas sentei do lado de sua cama e esperei que acordasse, mas ele não acordava. Eu estava tão preocupado, mas mesmo assim percebi a presença de Castiel, quando percebeu que eu o havia notado Castiel saiu andando rumo à saída.
Me levei e segui Castiel.
- Eu sinto muito. – ele falou assim que o alcancei. Eu suspirei tentando não descontar minha raiva nele.
- Não foi o Alastair. – eu disse olhando para ele. – Não sei quem está matando os anjos, mas não são os demônios.
- Ele pode ter mentido.
- Ele não mentiu dessa vez. Se virem e não nos coloque no meio disso novamente. Precisamos de um tempo, Dean precisa de um tempo. – eu disse me virando e indo em direção ao quarto completamente frustrado.


Dean’s pov

Acordei e Sam estava ao meu lado, aparentemente estava no hospital. Sam ficou feliz ao me ver acordar e eu estava feliz em não estar morto novamente.
- Sam... Como?
- Consegui chegar a tempo para te salvar. – ele disse sorrindo. – Está a salvo.
- Obrigado! Onde está .
- Não foi nada. – de repente pareceu ficar tenso.
- O que foi? Cadê a ? – perguntei já preocupado. Não era possível que tivesse acontecido algo com ela.
- Eu... Eu não sei. – Sam disse baixinho. – Liguei para ela quando você sumiu e ela disse que estava a caminho, mas nunca chegou. – ele suspirou – tentei ligar para ela, mas ela não atende nem ao celular, nem ao fixo.
- Tentou ligar para o Chad? – Perguntei preocupado.
- Tentei, também não atende.
Senti um aperto no coração. estava em apuros.
- Precisamos ir atrás dela. – eu disse me sentando. Meu corpo doía muito, mas não me importava. Precisava apenas saber de .
- Ei, você precisa descansar.
- Ela pode estar precisando da gente, Sam.
- Dean. - Sam disse, mas não dei ouvidos. Ele não disse mais nada, pois sabia que eu não desistiria de ir atrás da mulher que eu amava.
Um mês inteiro sem ter noticias de , sem ter noticias de Chad e sem ter noticias de Castiel. Sam e eu fomos até a casa de , mas não havia nada lá, a casa estava vazia. Fomos até Bobby e ele tentou localizar , mas foi em vão. Ela e seu irmão haviam sumido do mapa. Castiel disse que não podia ajudar, ele estava estranho desde que descobriu que Uriel que estava matando seus irmãos.
Então surgiu um suposto caso e não custava nada investigar, então Sam e eu fomos até uma pequena cidade e acabamos descobrindo algo realmente surpreendente uma série de livros completamente baseada em nossas vidas. Nós compramos todos os livros da série para comprovar que ali tinha tudo sobre nossa vida, então decidimos ir atrás do autor, o que foi um pouco difícil de achar que o cara usava um pseudônimo. Chuck parecia um cara inteligente e que não acreditou muito que éramos Dean e Sam até o convencermos de que ele realmente escrevia sobre as nossas vidas. Chuck disse que Lilith estava chegando para matar Sam e nós tínhamos que tentar fugir disso porque tudo o que o cara escrevia realmente acontecia. Então vi ali a chance de saber onde estava e Chuck me disse um local, mas antes que pudesse me explicar onde estava Castiel apareceu e disse que não podia fazer nada, que as coisas tinham que ficar como estavam, que Chuck era um profeta e que aconteceria tudo que ele havia escrito, que não tinha como desviar. Eu senti um ódio enorme, uma fúria que nunca tinha sentido antes, não gostavam que as coisas estivessem fora de controle. Cas me deu uma saída, mas precisava de Chuck então fui atrás dele e lhe pedi ajuda. Chuck nos ajudou e conseguimos sair salvos daquela maldita cidade, eu só queria me manter vivo, manter Sam vivo, encontrar .

Passamos horas dirigindo e chegamos ao local que Chuck havia falado.
Era uma pequena casa branca com varanda e quintal. Eu desci do carro e respirei fundo sem saber o que me esperava. Sam também desceu do carro e me seguiu até a porta. A ansiedade era maior do que eu, mas tomei coragem e bati na porta. Não demorou muito a porta foi aberta. nos olhou um pouco confusa, mas abriu um sorriso gentil.
- Pois não? O que posso ajudar? – ela perguntou nos olhando com certa curiosidade.
- ... Você está bem.
- Desculpa, eu os conheço? – ela perguntou nos olhando confusa.
Olhei para Sam enquanto o desespero tomava conta de mim. Isso não podia acontecer de novo. havia perdido a memória.



XXIX - Quase lá.

nos olhava com curiosidade esperando a nossa resposta e Sam me olhava com certa preocupação, pois ele sabia mais ou menos o que eu estava sentindo. Descobrir que a pessoa que você mais ama no mundo não se lembra de você (pela segunda vez em menos de um ano) é muito apavorante. É como se você estivesse flutuando sobre a água, sentindo o seu corpo completamente relaxado, tudo estava bom demais, tranquilo demais e de repente se dá conta de que estar em alto mar, não existe nada ao seu redor e o chão embaixo de você está mais distante do que você é capaz de alcançar. Você sabe que está ferrado, que não tem escapatória. Você nada muito e quando está quase desistindo, vê uma ilha bem distante, sua esperança volta, mas apesar de nadar o mais depressa possível, você percebe que não se próxima do seu objetivo e se dá conta de que era uma ilusão. Uma coisa inalcançável, que você vai morrer ali, porque não tem mais nada que vai te salvar.
Sinto-me assim com relação a , quando tudo parece estar certo com ela é quando eu vejo a ilha e tenho esperança, mas percebo que era ilusão porque algo dá errado.
- Você não se lembra de nós? - Sam perguntou decepcionado e confuso.
- Desculpa, não lembro.
- Eu sou o Sam e esse é o Dean, nós somos…
- Nós somos amigos do Chad… Da faculdade. - eu disse rapidamente, antes que Sam contasse que éramos filhos de John Winchester, que somos caçadores e que era minha namorada antes de se esquecer de tudo.
- Desculpa, eu sofri um acidente a uns dias que me fez perder alguns anos da minha memória. - ele sorriu sem graça. - Chad saiu, mas logo está de volta. Querem entrar?
Pensei em dizer não, dar meia volta e nunca mais se meter na vida dela. Afinal, se ela havia esquecido de tudo, devia ter algum bom motivo para isso, talvez fosse o destino querendo nos ver separados porque era o melhor para nós dois.
- Eu não, porque tenho que fazer algumas coisas, mas Dean precisa muito falar com o Chad, então ele vai esperar aqui. - disse Sam finalizando com um sorriso.
me olhava com certa curiosidade, porque eu deveria estar com cara de tonto.
- Tudo bem. - ela disse dando de ombros.
- Só um segundo. - Disse a e puxei Sam para longe dela. - O que você pensa que está fazendo? - perguntei num sussurro para que apenas meu irmão me ouvisse.
- Estou te ajudando. Quero que as coisas se resolvam entre vocês. É só você ser você mesmo e ela vai se apaixonar de novo, pela terceira vez. - ele disse sorrindo.
- As coisas não são tão simples assim. Tem algo errado aqui, Sam. - disse um pouco nervoso.
- Eu sei e eu vou tentar descobrir. Chad sabe de algo e eu sei onde encontra-lo.
- Como?
- Chuck. - Sam sorriu. - Agora vai lá.
E antes que eu pudesse protestar, o grandalhão me empurrou em direção a casa. abriu espaço para eu passar e eu sorri sem graça. Sam iria me pagar por bancar o cupido.
- Pode se sentar, sinta-se à vontade. Aceita um copo d'água?
- Não, eu não. - respondi suspirando em seguida. - Só sentar, está bom.
Ela riu, enquanto eu me sentava.
- Tudo bem. Não está com fome?
- Não. Com fome não. - sorri dando de ombros e a olhando com intensidade. - Só apaixonado.
teve a reação esperada por mim. Mordeu os lábios, enquanto corava e sorriu em seguida totalmente sem graça com meu comentário. era realmente linda, o sorriso dela parecia iluminar a sala.
- Você sempre canta as irmãs dos seus amigos? - ela perguntou cruzando os braços enquanto se sentava.
- Só quando são lindas como você. - respondi a fazendo gargalhar.
- Então nós já nos conhecíamos?
- Já. - respondi.
- E?
- E o que? – perguntei sorrindo.
- Rolou algo entre a gente? – perguntou curiosa.
- Talvez. – me recostei no sofá.
- Interessante. - ela disse me olhando com interesse. - Você namora, Dean?
Meu Deus, ela estava caindo da minha de novo. Eu mal conseguia acreditar.
- Não. - disse dando de ombros. - E você namora?
Eu sabia a resposta, mas queria saber o que ela diria.
- Não que eu me lembre. - ela disse com um sorriso triste. - Gostaria de lembrar.
- Deve ser difícil pra você. - comentei.
- É um pesadelo. - ela sussurrou. - Eu sinto sempre como se faltasse algo. A sua vida contata por outra pessoa não parece ser a sua vida. Entende?
- Acho que sim. - respondi fazendo careta e ela riu novamente.
- Você parece um cara legal, Dean.
- Eu sou muito mais que legal, . – disse me inclinando para frente.
- É, você é convencido também. – ela disse sorrindo e se levantando do sofá. – Tem algo em você que... Sério, rolou algo entre a gente?
Levantei do sofá e me aproximei dela lentamente para não assusta-la. não se afastou, apenas esperou. Se olhar não se desviou nenhum momento do meu.
- Quer saber? - perguntei num sussurro.
- Quero.
- Quer mesmo? – perguntei mais perto dos lábios dela.
- Quero. – ela sussurrou e acabou com a distância. me puxou para um beijo, me surpreendendo.
Os lábios dela tinham o mesmo sabor de sempre e o seu beijo era cheio de desejo. Eu apenas me entreguei a ela, deixei que o sentimento me guiasse. Quando ela cessou o beijo, ambos estávamos sem folego. Ela me olhava com espanto, mas não se afastou, continuou tão perto que a respiração dela batia em meus lábios.
- Nós dois tivemos algo. – ela disse com convicção. Não respondi. – Quanto tempo?
- Não...
- Nós dois. Quanto tempo? – perguntou finalmente se afastando.
- , não sei do que você está...
- Dean, eu vi o jeito que me olhou assim que me viu abrindo a porta. – ela disse passando as mãos pelos cabelos. – Eu senti nesse beijo algo... Eu já senti isso antes, eu sei disso.
- Não, você não sabe. – disse me irritando. – Você não sabe nem da metade das coisas que aconteceu nesses últimos anos.
- Então me diz. – ela disse se aproximando de mim. – Porque eu conheço meu irmão tempo o suficiente para saber que ele não está me dizendo toda a verdade. Eu sei que ele está me escondendo algo e eu sei que você sabe de tudo. Porque eu percebi que Sam ia dizer algo sobre vocês, mas você o impediu e tentou fugir.
- Eu sou um Winchester, eu não fujo de nada, . – respondi e só me dei conta da besteira que falei quando vi o rosto de se iluminar de surpresa.
- Você é... Você. – ela parou de falar e sorriu. – Claro! Dean e Sam Winchester, filho do John. Mas como?
Antes que eu pudesse dizer algo a porta se abriu e Chad entrou pela mesma. Ele estava sorrindo, mas seu sorriso desapareceu assim que me viu.
- Dean? – perguntou surpreso.
- Oi Chad. – respondi e comecei a andar em direção a porta passando por ele. – Tenho que ir, mas acho que sua irmã vai querer algumas explicações.
- Como nos encontrou?
- Eu sempre vou encontrá-la, Chad. – respondi me virando para olha-lo e falei num tom que só ele pode me ouvir. – Porque não é você e nem ninguém que vai nos separar. Não sei como você fez e nem o porquê fez isso com a memória dela, só sei que quando vir falar com você novamente, pro seu bem, eu espero você tenha uma boa razão.
Então sai da casa, ouvir me chamar, mas acho que Chad a impediu de me seguir e uma briga cresceu logo em seguida.
Fui atrás de Sam assim que sai da casa de , liguei no celular dele, mas ele não me atendeu. Esperei até a noite e nada do meu irmão aparecer. Sam só chegou de madrugada, perguntei onde ele estava, mas ele desconversou. Sam começou a ter comportamento cada vez mais estranhos. Os dias foram passando, não dava noticias e apesar de querer vê-la de novo, mas Sam parecia uma atenção. Bobby e eu investigamos e descobrimos que Sam estava bebendo sangue de demônio. Bobby e eu decidimos prende-lo, para Sam voltar a ser normal eu faria tudo.

’s Pov

Olhei para a casa do Bobby a minha frente e suspirei. Bati na porta e esperei. Alguns minutos depois a porta se abriu e Dean apareceu no meu campo de visão. Ele estava lindo e pareceu realmente surpreso ao me ver.
- ?
- Acho que precisamos conversar. – disse um pouco sem graça. Não sabia como reagir diante dele depois de tudo que meu irmão me contou sobre o meu relacionamento com Dean.
-Agora não é o momento.
- Está tudo bem? – perguntei preocupada.
- Sim, é... Você quer entrar? – ele perguntou fazendo careta. – Não é uma boa hora, mas se quiser.
Suspirei. Dean estava escondendo algo e eu estava cansada das pessoas me escondendo coisas.
- Quero. – disse já entrando na casa – Onde está Bobby?
- Ele foi ao mercado. – Dean disse coçando a cabeça.
- E o seu irmão? – perguntei me sentando no sofá.
- Foi com o Bobby.
- Então estamos sós?
Antes que Dean pudesse me respondeu um grito veio de algum canto da casa.
- DEAN!
Dean me olhou assustado e eu me levantei do sofá em um pulo.
- O que foi isso? – perguntei assustada.
- Dean! Por favor! Socorro! – a voz de Sam ecoou mais alta e mais urgente.
- Isso foi o Sam? – perguntei, mas Dean não me respondeu.
- ...
- Foi o Sam? – perguntei novamente o interrompendo.
Dean suspirou e confirmou com a cabeça. Dei um passo para trás totalmente surpresa e assustada.
- Por quê? Ele está possuído ou o que?
- Sam se meteu com coisa errada. – A voz de Bobby surgiu na sala.
Bobby entrou com algumas sacolas em mãos e sorriu para mim.
- Oi Bobby. – sorri de volta.
- Está bem? Tudo bem?
- Se você está perguntando sobre minha memória a resposta é não. – respondi me virando para Dean. – Eu vim falar sobre isso.
- E eu disse que agora não é o momento.
- Porque você está aprisionando seu irmão? – perguntei irônica.
- Você não sabe nada do que está acontecendo. O melhor é você ir pra casa e depois conversamos.
- Eu vim aqui contar tudo o que meu irmão me contou e tentar resolver tudo. Porque está me tratando assim? - Perguntei nervosa.
- Porque se eu tivesse dado menos atenção ao nosso drama e prestasse mais atenção no Sam, poderia ter impedido essa história de sague. – Dean respondeu irritado.
- Sangue? – perguntei olhando dele para Bobby, mas ambos permaneceram calados. Suspirei e me aproximei de Dean. – Olha, eu não pedi que corresse atrás de mim. Eu nem sabia que você voltaria, por isso aceitei a proposta de Cass.
- O que? – Dean perguntou confuso.
- Vim falar sobre isso – disse passando as mãos pelos cabelos. – Castiel apareceu para mim antes de você voltar e me ofereceu uma solução para o fim da minha dor. Recusei algumas vezes, mas eu sabia que não tinha como te trazer de volta, então aceitei. Ele tirou minha memória e depois te trouxe de volta. Os anjos te querem e não me querem por perto, então quando você se aproximou de novo e estava tudo voltando ao normal... Os anjos deram uma ordem ao Cass, me afastar ou me matar. Seu anjo optou pela primeira com a ajuda de Chad.
- Uau! – Bobby foi o primeiro a se pronunciar.
- Então agora que você já sabe, eles virão atrás de você de novo? – Dean estava assustado com a ideia.
- Sim, mas eu não me importo. – respondi – Quero minhas lembranças de volta e aquele seu anjinho pode me dar isso.
- Ele não é meu anjo. – disse ele cruzando os braços, pensativo.
- Tanto faz. Precisamos encontrá-lo porque ele vai me devolver tudo. – disse decidida e Dean concordou comigo.

XXX - Fim?

- Tenho notícias. – disse Bobby entrando na sala com alguns papeis em mãos. – Noticias nada boas.
Bobby entregou os papeis a Dean e eu me levantei da cadeira em que estava sentada e fui até eles.
- Foi por isso que o Rufus ligou? – perguntei parando ao lado de Dean, tentando ler o que estava escrito.
- Pois é. – confirmou Bobby.
- Key West tem dez espécies extintas. – Dean leu em voz alta, me fazendo voltar a olhar os papeis.
- No Alasca quinze pescadores ficaram cegos por causas desconhecidas. – li por cima do ombro de Dean. - Em Nova York um professor tem um surto e mata sessenta e seis alunos.
- É. – Bobby confirmou – Tudo no mesmo dia. Não há dúvidas, são todos selos se quebrando rapidamente.
- Quando ainda restam? – Dean perguntou evidentemente preocupado.
- Quem sabe? – Bobby deu de ombros. – Muito poucos com certeza.
- Onde estão os seus amigos anjos? – perguntei a Dean, cruzando os braços.
Dean se virou para mim com cara de poucos amigos.
- Como é que eu vou saber? – ele perguntou me olhando nos olhos.
Senti-me tão estranha, algo como um calafrio percorreu meu corpo e eu me encolhi um pouco enquanto Dean continuava a me olhar.
- Estive pensando. – Bobby disse depois de um silencio um tanto constrangedor.
- O que? – perguntou Dean, se virando para ele.
- Com o apocalipse chegando será que é mesmo uma boa hora para termos o nosso drama doméstico? – perguntou Bobby enquanto coçava a barba.
No primeiro momento achei que ele estava falando de Dean e eu, mas depois percebi que ele estava falando do fato que Sam estava preso no porão por dar uma de vampiro.
- Como assim? – Dean perguntou confuso.
Bobby me olhou por alguns segundos e suspirou. Eu entendi que ele estava me pedindo ajuda, mas mesmo que eu ajudasse e mesmo não me lembrando do jeito de Dean eu sabia de alguma forma que ele não ia gostar da ideia.
- Eu não gosto disse tanto quanto você, mas... Sam pode matar demônios. Ele tem poderes para impedir o apocalipse.
- Tá e daí? – Dean perguntou franzindo mais a testa. Ele havia entendido, acho que ele só não queria acreditar que Bobby estava supondo aquilo. – Vamos sacrificar a vida do Sam? A alma dele pelo bem maior? É isso que você quer? Em tempos difíceis vamos usar Sam como uma arma nuclear.
Dean deu alguns passos a frente evidentemente irritado, encarando Bobby como se ele estivesse sugerindo a coisa mais absurda do mundo. E talvez fosse.
- Vai me odiar por sugerir isso... Eu me odeio por sugerir isso. Eu amo o rapaz como um filho. – Bobby suspirou. – Só estou dizendo que talvez ele esteja aqui ou invés de estar lutando porque o amamos demais.
Os dois passaram alguns segundos se encarando e depois Dean se virou para mim como se pedisse a minha opinião, mas eu não sabia o que dizer.
- Acho que devíamos esperar mais um pouco – eu disse olhando para Dean. – Deixem as decisões para amanhã.
- A está certa. – disse Bobby colocando a mão sobre o ombro de Dean que apenas concordou com a cabeça.

Xx
Eu acabei dormindo um pouco porque a viagem até a casa de Bobby tinha sido longa, mas acordei no fim da tarde com os gritos de Sam. Ainda bem que estávamos na casa do ferro velho, se não teríamos que explicar muita coisa para os vizinhos.
- Me corrige se eu estiver errado, mas você concordou livremente em ser escravos dos anjos? Desculpe-me, devo dizer capacho? – ouvi Bobby perguntar enquanto eu descia as escadas. Ele devia estar conversando com o Dean na sua biblioteca, então andei lentamente até a porta, tentando não fazer barulho. Como assim o Dean tinha visto os anjos? – Depois de tudo o que disse agora confia neles?
- Ah! Eu mereço um pouco de credito. Eu nunca confiei neles, eles parecem políticos ruins do planeta Vulcano.
- Então por que você...
- POR ACASO EU TENHO OUTRA OPIÇÃO? – Dean gritou interrompendo Bobby. – É MELHOR EU CONFIAR NOS ANJOS DO QUE O SAMMY CONFIAR NA RUBY.
- Eu entendi. – Bobby respondeu quase num sussurro.
Os dois ficaram em silencio por alguns segundos, enquanto eu esperava pacientemente a conversa continuar e eu entender que merda estava acontecendo.
- Está ouvindo? – Dean perguntou de repente.
- Está quieto demais lá dentro. – Bobby respondeu depois de alguns segundos e eu me apresei em me esconder na cozinha.
Pude ver Dean e Bobby passarem correndo em direção ao porão e então um enorme barulho de coisas se quebrando, então corri pra lá também.
- Vou perguntar de novo, você tem certeza de que é a melhor coisa a se fazer? - ouvi Bobby perguntar quando comecei a descer as escadas, então parei e esperei.
- Bobby, você viu o que estava acontecendo aqui. – Dean respondeu. – O sangue de demônio vai mata-lo.
- Não, não vai. – disse Bobby. – Nós vamos.
- O que? – Dean perguntou com um tom indignado e assustado.
- Não posso mais me calar, nós vamos mata-lo se os deixarmos trancado lá. Essa coisa não está funcionando, Dean. Se ele não tiver o que precisa, Sam não vai durar muito.
Os dois ficaram em silencio por alguns segundos.
- Não. – Dean disse finalmente. – Não vou dar sangue de demônio a ele.
- E se ele morrer?
- PELO MENOS VAI MORRER HUMANO. – Dean gritou e eu levei minha mão à boca. Sam só tinha duas saídas. Morrer ou se tornar um demônio. – Eu daria a minha vida por ele, mas não vou deixar ele fazer isso. Eu não posso, não vou deixar o meu irmão de transformar em um monstro.
Terminei de descer as escadas e quando cheguei à porta do quarto do pânico, vi Bobby e Dean amarrando Sam na cama.
- O que aconteceu? – perguntei olhando para Dean, que parecia acabado.
- Ele teve um ataque. – Bobby respondeu.
- Ele se machucou? - perguntei me aproximando.
- Fica ai. – Dean disse erguendo a mão fazendo sinal para que eu parasse. – Não é seguro ficar perto dele.
- Pelo jeito o ataque já passou. – respondi, mesmo assim parei onde estava.
- Isso não importa. – Dean disse me olhando com raiva. – Nem era para você estar aqui.
Eu senti meu coração se apertar e cheguei a abrir a boca para responder, mas não sabia bem o que dizer a ele, talvez eu não devesse mesmo estar ali.
- Dean. – Bobby o repreendeu.
- Não Bobby, tudo bem. – respondi olhando para Dean. – Não tenho mesmo nada para fazer aqui, não quero mais me lembrar de nada que envolva esse idiota e eu. Minha vida era melhor antes dele aparecer.
Dean pareceu surpreso, decepcionado e raivoso, tudo ao mesmo tempo.
Eu apenas me virei e subi as escadas correndo. Ia apenas entrar no meu carro e ir para qualquer motel na beira da estrada já que não queria voltar pra casa por causa da briga com Chad.
- . – ouvi Bobby me chamar quando já estava chegando à outra escada que dava acesso aos quartos, mas não voltei e nem olhei para trás.
Entrei no quarto em que tinha dormido para pegar minha chave e minhas roupas, determinada a ir embora quando Dean também entrou no quarto e fechou a porta atrás de si.
- ...
- Dean, não precisa me pedir desculpas só porque o Bobby mandou. – disse o interrompendo. – Eu já entendi que o que quer que tenha acontecido entre nós dois acabou, que você está cansado dessa minha perda de memória e que só quer se preocupar com o Sam agora e não com uma garota que só tem feito você procurar por ela e tentar fazer ela se sempre de você. – eu parei por um segundo, suspirando e sentindo as lagrimas escorrendo pelo meu rosto. – Eu só achei que... Eu senti algo bom naquele beijo na minha casa e eu achei que se eu me lembrasse de você e se ficasse com você ia me sentir daquele jeito de novo.
- Algo bom? Como o que? - ele perguntou franzindo a testa.
- Como se as coisas fizessem sentindo novamente, como se eu tivesse me encontrado... – parei e suspirei. – Mas já vi que é besteira, estou indo embora, pode voltar pro seu irmão.
- Eu vou. – ele respondeu se aproximando – Mas só depois que nós nos resolvermos.
- Do que você...
- Quer se sentir daquele jeito de novo? – ele perguntou, olhando profundamente em meus olhos.
- Como assim Dean?
- Só me responde. – ele disse se aproximando mais, parando de frente para mim. Apenas concordei com a cabeça. – Eu sei que fui um idiota desde que você apareceu na porta dessa casa, mas... – Dean segurou meu rosto entre suas mãos, me olhando com devoção. Ninguém nunca tinha me olhado daquele jeito, eu podia ver todo o seu amor e devoção. – Eu preciso me sentir como antes e você quer se sentir como antes...
- Você quer me convencer a ficar e te ajudar ou a dormir com você? – perguntei confusa.
- Eu não quero, eu preciso dos dois, uma ultima vez. – Dean deu um sorriso triste. – mas se...
- Cala a boca. – respondi o puxando pelo pescoço e o beijando.
Nós dois já tínhamos perdido tempo demais por causa dos anjos, por causa de Chad e por causa de Sam. Eu só queria minha memória e Dean Winchester, porque eram as únicas coisas que eu precisava, mas também sabia que no nosso mundo, nós dois nunca teríamos paz.
Ele me beijava com intensidade e parecia saber exatamente como me tocar. Essa não era a minha primeira vez com o Dean, eu sabia, por mais que não me lembrasse de outras vezes, o que me deixava nervosa e triste era sentir que essa seria a ultima. Por alguma razão eu sentia que o beijo que ele estava me dando enquanto tirava a minha e a sua roupa era o ultimo que ele me daria.


Xx

Acordei no dia seguinte com Dean gritando no andar de baixo e me apressei em se vestir e descer para ver o que estava acontecendo. Bobby me contou que Sam tinha fugindo a noite enquanto todos dormiam, mas não sabia como. Dean estava igual louco correndo par lá e para cá juntando suas coisas para poder ir atrás do seu irmão. Bobby conseguiu algumas informações de onde Sam poderia estar quando já era noite e eu convenci Dean de que seria melhor eu ir junto com ele, ele negou umas quinhentas vezes antes de aceitar que eu fosse com também.
Dean passou a viagem inteira dirigindo calado, e eu não me atrevi a quebrar o seu silencio porque sabia que ia acabar sobrando pra mim. Eu não conhecia Dean tão bem para saber como reagir com ele nessa situação, eu queria me lembrar de como reagir e como ajuda-lo.
Quando chegamos ao Motel onde Sam estava hospedado, Dean me pediu para esperar no carro, insisti em ir, mas no fim acabei ficando.
Decidi que ia esperar por um tempo, se Dean não aparecesse ou eu visse algo estranho acontecendo, iria entrar na merda daquele motel. Um tempinho depois vi uma garota morena saindo e entrando em um carro, continuei esperando por mais alguns minutinhos e resolvi entrar.
Passei por um corredor até ver o quarto em que o Sam supostamente estava hospedado, abri a porta do carro lentamente e me deparei com uma cena horrenda.
Sam estava com a mão envolta do pescoço de Dean que estava caído ao chão.
- SAM! – gritei quando vi que Dean estava perdendo o ar.
Sam se virou para mim e soltou Dean, seu olhar era raivoso.
Eu me aproximei, sentando ao lado de Dean e colocando sua cabeça sobre minha perna, seu nariz estava sangrando, ele parecia sentir bastante dor.
- Dean, você não me conhece, nunca conheceu e jamais conhecerá. – Sam disse olhando para seu irmão. Eu não sabia o que tinha rolado, só sabia que o relacionamento deles não estava nada bom.
- Se sair por essa porta, não volte nunca mais. – Dean disse com dificuldade e tristeza.
Ergui os olhos para Sam, ele estava com a mão na maçaneta e pareceu pensar em ficar por um momento, mas abriu a porta e saiu. Voltei a olhar para Dean e senti meu peito doer ao ver estampado no rosto dele que seu irmão havia acabado de partir seu coração.


Xx


Voltamos para a casa do Bobby, Dean foi dormir enquanto eu contava tudo ao Bobby. Nós dois decidimos que íamos conversar com Dean no dia seguinte e fomos dormir.
Quando acordei na manhã seguinte, fiz o café e esperei por Bobby e Dean, os dois comeram e depois Bobby disse ao Dean a sua opinião. Acho que apenas eu ouvi o que Bobby dizia, Dean parecia perdido em pensamentos.
- Dean? Você ouviu tudo o que eu falei? – Bobby perguntou observando Dean que olhava para a janela.
- Ouvi sim. – Dean respondeu quase num sussurro sem se virar para nenhum de nós. – Não vou ligar para ele.
- Não me obrigue a pegar a arma, Dean .
- O apocalipse está prestes a começar- Dean começou a falar irritado, se virando para Bobby - por acaso você não percebeu que temos coisas melhores a fazer e nos preocupar?
- Eu sei que você está furioso e não estou desculpando o que ele fez, mas ele é seu...
- Sangue? – Dean perguntou o interrompendo. – Ele é meu sangue? Era isso o que ia dizer?
- Ele é seu irmão e está afundando. – Bobby disse calmamente.
- Bobby, eu tentei ajudar ele. Tentei mesmo e olha o que aconteceu.
- Então tente de novo. – Bobby disse dando de ombros.
- É tarde demais. – Dean disse me olhando.
- Nunca é tarde demais. – me pronunciei.
- Não, nós temos que encarar os fatos, temos que saber quando desistir, . – disse ele ainda me olhando nos olhos e eu tive certeza de que aquilo não se tratava apenas de Sam. – Sam nunca quis fazer parte dessa família, odiava essa vida desde pequeno, ele fugiu para Stanford na primeira oportunidade que teve e agora está acontecendo tudo de novo e eu já estou cheio de ficar correndo atrás dele. – Dean se sentou em uma poltrona. – Que se foda, ele pode fazer o que quiser.
- Não está falando sério. – Bobby disse indignado.
- Eu estou sim Bobby, o Sam já era. Acabou. – Dean abaixou a cabeça olhando para suas mãos. – Nem sei mais se ele é meu irmão, ou se algum dia foi.
Bobby se virou de costas para nós e de frente para sua mesa. Eu conhecia Bobby o tempo suficiente para saber o que viria a seguir, me levantei assim que ele jogou todas as coisas que tinham em sua mesa no chão.
- IDIOTA, EU LAMENTO QUE VOCÊ ESTEJA MAGOADA, PRINCESA. – ele gritou se aproximando de Dean que se levantou da poltrona assustado. – ACHA MESMO QUE FAMÍLIA É PARA MIMAR VOCÊ? FAZER TORTA DE MAÇÃ, TALVEZ? A FAMÍLIA SERVE PARA FAZER VOCÊ SOFRER, POR ISSO QUE É FAMÍLIA.
- EU DISSE A ELE “SE SAIR POR ESSA PORTA, NÃO VOLTE” – Dean gritou de volta. – E ELE FOI ASSIM MESMO, A ESCOLHA FOI DELE.
- Você parece uma criança chorona. – disse Bobby indignado, mas Dean não deu à mínima se afastando de Bobby e se aproximando de mim. – Não! Você se parece com seu pai. Eu vou te dizer uma coisa, Dean. Seu pai era um covarde.
Dean se virou para Bobby com um olhar mortal.
- Meu pai era muita coisa, mas covarde não.
- Ele preferiu afastar Sam a se aproximar. Não acho que isso seja coragem. – Bobby olhou bem nos olhos de Dean. – Você é um homem bem melhor do que seu pai foi então me faça um favor, não seja igual a ele.
Dean se virou de costas para nós dois e antes que um de nós três pudesse dizer algo, ele sumiu diante dos meus olhos e dos olhos de Bobby.
- O que aconteceu? – perguntei assustada e Bobby me devolveu o olhar mais assustado ainda.
- Acho que foram os anjos. – ele suspirou. – Eles levaram o Dean.

Dean’s POV

Virei-me para trás e não estava mais na casa de Bobby. Estava em um lugar estranho, com vários quadros nas paredes, uma arpa em um canto e uma mesa no centro, e não tinha sinal de que ou Bobby estivessem por ali também. Andei um pouco pela sala olhando os quadros e as estatuetas de anjos, percebi que talvez tivesse chegado a hora de impedir o apocalipse. Quando olhei para a mesa novamente, lá tinha uma bandeja com vários sanduiches e um balde com várias garrafas da minha cerveja preferida.
- Olá Dean. – uma voz masculina disse em um canto da sala.
Quando me virei tinham dois anjos parado me olhando. Castiel e Zacharias.
- Onde eu estou? – perguntei.
- Pode chamar de quarto verde. Vamos esperar o grande final aqui. Ficara a salvo até a hora do show. – Zacharias disse se aproximando e pegando um hambúrguer – Pegue um, é o eu favorito. – Ele ofereceu o que estava segurando e eu o olhei confuso. – Daquele boteco na praia em Delaware, dos seus onze anos se não me engano.
- Não estou com fome.
- Não? – ele perguntou me olhando com um sorriso – Que tal uma mulher? Podemos trazer a se quiser.
- Tentador. - respondi com um sorriso.
- E pode escolher outra mulher como bônus...
- Não, não – o interrompi – Esquece o passado. Eu quero saber qual é o plano.
- Deixa com a gente. Nós o queremos concentrado e relaxado.
- Ok. – respondi cruzando os braços. – Eu estou quase irritado e indo embora então comece a falar, palhaço.
- Bem. – ele ficou sério e se virou de costas para mim. – Os selos foram todos quebrados, exceto um.
- Placar impressionante. – ironizei e ele se virou com cara de poucos amigos.
- Lembra de que foi você que começou isso tudo? – eu não disse nada, não tinha o que dizer era à verdade. – Mas o ultimo selo é diferente.
- Por quê?
- Lilith precisa rompê-lo. Ela é a única que pode. – ele sorriu. – Amanhã a meia noite.
- Onde? – perguntei curioso.
- Estamos trabalhando nisso.
- Trabalhe mais rápido.
- Nós faremos o nosso trabalho, então faça o seu.
- Ah é? E qual é exatamente? – perguntei irritado com todo o mistério. – Sou eu que vou acabar com ela? Como? Com a faca?
- Tudo ao seu tempo.
- E o tempo não é agora?
- Tenha fé.
- Fé em você? – perguntei incrédulo. – Porque acha que eu deveria?
Zacharias se aproximou de mim.
- Porque você jurou obediência, então obedeça.
Eu queria socar Zacharias, mas apenas olhei para Cas que não disse uma palavra desde que apareceu, ele apenas abaixou a cabeça. Segundos depois os dois sumiram diante dos meus olhos.
Peguei o celular e disquei o número de Sam, mas caiu na caixa postal.
- Oi, sou eu. Eu ainda estou com raiva e você merece uma grande surra, mas eu não devia ter dito aquilo. Eu não sou o papai. Nós somos irmãos, somos uma família e nada que aconteça pode mudar isso. Sammy me desculpa. – o sinal do fim da mensagem tocou no celular e eu pensei em ligar para também, mas na última noite que dormi com ela prometi a mim mesmo que eu e seguiríamos vidas diferentes. Era o melhor para ela, para Chad, para Sam e para mim.
Chamei por Castiel e esperei que ele aparecesse, quebrei uma ou duas estatuetas antes dele aparecer.
- Queria me ver? – perguntou atrás de mim.
- Sim, eu queria uma coisa. – me virei e lá estava ele em um canto.
- O que desejar.
- Preciso que me leve até o Sam. – pedi.
- Por quê?
- Eu preciso falar uma coisa com ele.
- Falar o quê?
- Sobre o que aconteceu com a gente. – respondi me aproximando dele. – O que interessa? Vamos logo.
- Isso não é aconselhável. – Castiel disse abaixando a cabeça.
- Eu não pedi a sua opinião.
- Já se esqueceu do que aconteceu da última vez que se encontraram?
- Não. – respondi olhando para ele. – Eu vou fazer o que vocês bonitões querem, está bem? Eu só preciso resolver essa coisa. Cinco minutos são tudo o que eu preciso.
- Não. – Castiel respondeu.
- Como não?- perguntei confuso. – Está dizendo que estou preso aqui?
- Você pode ir onde quiser.
- Ótimo, quero ver o Sam. – respondi já irritado.
- Menos isso. – ele respondeu.
- Quero dar uma volta.
- Okay, eu vou com você.
- Sozinho. – respondi.
- Não.
Olhei para Cas e sorri.
- Quer saber? Vai se foder. – respondi andando em direção a porta.
- Por qual porta? – Castiel perguntou e me virei para olha-lo, quando olhei para minha frente de volta a porta tinha sumido e quando virei para olha-lo novamente, ele também não estava mais lá.
- Filho da puta.
Peguei uma estatueta de bronze e tentei quebrar a parede batendo com força, consegui fazer um buraco, mas foi só eu piscar que a parede estava inteira novamente.
- Filhos da puta.
- Você quer parar de se comportar como um macaco. – Zacharias disse aparecendo atrás de mim e eu me aproximei dele raivoso. – é inconveniente.
- Deixe-me sair.
- Eu já disse que está perigoso lá fora, demônios caçando...
- Eu me ferrei o ano todo e só agora você se preocupa? Você está mentindo. – eu disse com raiva – Eu quero ver o meu irmão.
- Não é aconselhável. – ele disse com um sorrisinho e eu estava prestes a socar a cara dele.
- Eu estou cansado desses joguinhos e dessa sua cara de idiota. – respondi – O que esta acontecendo aqui? Porque eu não posso ver o Sam? E como é que eu vou detonar a Lilith?
- Você não vai detonar a Lilith. – Zacharias disse se afastando e dando de ombros.
- Como é? – perguntei confuso.
- Lilith irá romper o ultimo selo. – ele sorriu andando até o outro lado da sala se sentando em um sofá – Agora não tem volta, o trem já saiu da estação.
- Mas o Sam e eu podemos deter... – parei de falar ao ver o sorriso dele. – Você não quer deter, não é?
- Não, nunca quis. – ele respondeu dando de ombros. – O fim está próximo. O apocalipse vai estrear em um cinema pertinho de você, garoto.
- E aquele papo de salvar os selos? – perguntei.
- Para enrolar os trouxas. – ele deu de ombros novamente. – Pense bem, acha mesmo que deixaríamos romper sessenta e cinco selos se não quiséssemos assim?
Mil coisas estavam se passando pela minha cabeça, talvez anjos fossem piores do que demônios.
- Mas por quê?
- Por que não? – ele perguntou me olhando com um sorriso. – O apocalipse? O nome assusta as pessoas, mas é apenas uma luta de boxe em uma escala um pouco maior. E nós temos boas chances. – Enquanto ele falava, eu prestei mais atenção nas pinturas, eram todas de batalhas entre anjos e demônios, e muitas pessoas morrendo. – E quando nosso lado vencer, e vencerá, será um paraíso na terra. Isso não é ótimo?
Me Vieri para olha-lo. Aquele filho da puta era louco.
- O que acontece com as pessoas durante essa competição idiota?
Zacharias se levantou e deu de ombros.
- Não se pode fazer uma omelete sem bater alguns ovos. – ele sorriu. – Nesse caso, montanha de ovos, você sabe como é. Isso vai aconteceu e não será a primeira limpeza planetária que fazemos.
Eu estava segurando firme a estatueta em minha mão, eu iria acabar com aquele cretino, mas ele pareceu ler a minha mente.
- Não Dean, é melhor não tentar esmagar meu crânio com isso. Não será muito agradável para você.
- Mas e o meu irmão? – perguntei olhando para ele confiante. – Ele não vai ficar quieto, ele vai detonar a Lilith.
- Sam tem um papel a cumprir, um papel muito importante. – ele fez uma careta – Ele pode precisar de um empurrãozinho, mas eu vou me certificar de que aconteça.
- Como assim? – perguntei olhando para ele com preocupação. – O que vai fazer com ele?
- Sam, Sam, Sam. – ele disse com um suspiro. – Esqueça isso. Você tem problemas maiores. Porque acha que eu estou te contando tudo isso? Você ainda é importante, Dean. Nós não mentimos sobre o seu destino, só omitimos alguns detalhes, mas nada mudou, você é o escolhido e você vai impedir. Só não será a Lilith ou o apocalipse.
- Como assim? – perguntei confuso. O que mais teria para deter?
- Lúcifer. – ele disse mostrando uma das pinturas na parede. – Você vai impedir o Lúcifer.
- Você é o nosso Russell Crowe, inclusive no mal humor. – ele sorriu me olhando – Quando tudo acabar, quando você vencer, você terá prêmios inimagináveis. Paz, felicidade, duas virgens e setenta vadias. – ele sorriu novamente. – Ou só a sua garotinha caçadora. Nós estávamos mantendo ela a salvo para você, mas vocês dois são tão teimosos que já estragaram tudo duas vezes. – Zacharias deu de ombros. – Confie em mim, um dia olharemos para trás e daremos risada de tudo isso.
Zacharias ia se afastando para sumir novamente provavelmente, com um sorriso enorme no rosto.
- Me diz uma coisa. – ele parou de andar, mas não se virou para me olhar. – Onde fica Deus em tudo isso?
- Deus? – ele perguntou quase num sussurro. – Deus saiu da cidade.
E antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele sumiu.
Tentei ligar para Sam novamente, mas não consegui.
- Não pode falar com ele. – Cas disse aparecendo atrás de mim. – Ele está fora da área de cobertura.
- O que vão fazer com ele? – perguntei me virando para Castiel.
- Nada. – ele respondeu – Ele vai fazer tudo sozinho.
- O que isso quer dizer? – perguntei e ele apenas abaixou a cabeça. Aquilo estava me deixando com raiva, me aproximei dele. – Ah, já sei. A politica da companhia. Porque está aqui Castiel?
- Nós dois passamos muita coisa juntos. – ele ergueu os olhos para mim. – Eu só queria dizer que lamento que tudo termine assim.
- Lamenta? – perguntei, eu estava puto de raiva. Ele só podia estar brincando comigo, não aguentei e dei um soco no rosto dele, me virando de costas em seguida para ele não ver a minha expressão de dor, minha mão doeu como se eu tivesse batido em uma pedra. – É o apocalipse Cas, você tem que dizer uma coisa melhor.
Virei de volta para ele.
- Você tem que entender de que isso está previsto a muito tempo, é o seu...
- Destino? – perguntei o interrompendo. – Não vem com esse papo furado. Destino, plano divino... Um monte de mentiras, seu filho da puta imbecil. Isso tudo é só um jeito dos seus chefes manterem a mim e a você na linha. – disse e Cas me olhou parecendo finalmente me entender. – Sabe o que é real? Pessoas, famílias. Isso é real. Você vai olhar todo mundo queimar?
- O que vale a pena salvar? – ele perguntou dando alguns passos na minha direção.. – EU NÃO VEJO NADA ALEM DE SOFRIMENTO AQUI. – gritou e pareceu que acalmar um pouco quando continuou. – Eu vejo dentro de você. Vejo sua culpa, sua raiva, sua confusão. No paraíso tudo se perdoa, você fica em paz até com o Sam.
Eu queria muito isso, eles sabiam disso, por isso me falavam sobre Sam e estarem comigo em paz no fim de tudo, mas eu sabia que era mentira.
- Pode pegar a sua paz e enfiar no seu traseiro angelical. – respondi olhando bem nos olhos dele. – Eu vou ficar com a dor e a culpa, eu posso não ficar com no fim e até aceito Sam como ele é. Tudo isso é muito melhor do que ser um perfeitinho no céu. – Castiel se virou de costas para mim sem querer ouvir a verdade, mas eu diria e ele ouviria. - Chega dessa baboseira de ser um bom soldado. Existe o certo e o errado aqui e você sabe. OLHA PRA MIM! – gritei puxei Castiel pelo braço o fazendo se virar para mim. – Você sabe. Você queria me ajudar antes, não é? Antes de acontecer tudo isso e te arrastarem de volta para o céu. Ajuda-me agora, por favor.
Cas não me olhava nos olhos, parecia estar confuso, decidindo o que fazer.
- O que você quer que eu faça?
- Me leve até o Sam, podemos parar com isso antes que seja tarde.
- Se fizermos isso seremos caçados. – ele me olhou com frustração. – E seremos mortos.
- Se vale a pena morrer, que seja por isso – eu disse esperando finalmente ter convencido ele, mas Castiel não nada, não fez nada. – Desgraçado, maldito, covarde, sem coração. Você não liga para a morte porque já está morto, some daqui.
Afastei-me, virando as costas para ele.
- Dean, me escuta...
- Fim de papo. Acabou. – eu disse sem me virar.
Ficou um enorme silencio na sala e quando me virei ela já havia ido. Ultimamente todos a minha volta estavam me decepcionando.
Fiquei um bom tempo sozinho andando de um lado para o outro daquela maldita sala, até resolver comer um dos malditos hambúrgueres.
Quando me aproximei da mesa, Castiel apareceu me jogando contra a parede e tampando minha boca. Rapidamente entendi que ele estava ali para me ajudar.
Castiel pegou a faca da Ruby e se cortou, pegou seu sangue e começou a desenhar um símbolo na parede, o mesmo símbolo que Anna desenhou uma vez.
- Castiel? O que está fazendo? – Zacharias apareceu na sala de repente se aproximando de nós, mas Cas terminou o símbolo e colocou sua mão no centro fazendo uma luz aparecer e quando desapareceu levou junto com ela o Zacharias.
- Ele vai voltar logo. – ele disse me olhando. – Agora temos que achar o Sam.
- Onde ele está?
- Eu não sei, mas eu seu quem sabe. – ele disse me entregando a faca. – Nós temos que impedir que ele mate o Sam.
- Mas a Lilith vai romper o ultimo selo. – eu respondi confuso.
- Lilith é o ultimo selo, Dean – ele disse desesperado. – Lilith morre e começa o fim.


’s POV
Olhei para o endereço que Castiel havia me dando e andei até a porta. Não demorou muito e um homem de pela clara, cabelos e barba preta e olhos azuis a abriu com um sorriso.
- No que posso ajudar?
- Eu tenho um encontro daqui a alguns minutos. – respondi com um sorriso. – Posso entrar?
- O que? Como assim? – ele perguntou confuso.
- Então você escreve sobre a vida do meu namorado e do meu cunhado, escreve um pouquinho sobre mim também e simplesmente não sabe quem sou? – fiz biquinho e cara de decepcionada. – Magoou meus sentimentos, Chuck.
- ? Você é a . – ele perguntou surpreso e mais confuso. – O que faz aqui? O que... Isso não está certo.
- Eu sei. – eu disse entrando e o empurrando para dentro da cara. – Nós vamos arrumar a bagunça.
- Nós quem? – ele perguntou e na mesma hora Dean e Castiel apareceram na sala.
- Time completo. – eu sorri.
Chuck parecia apavorado e Dean parecia surpreso ao me ver.
- O que está acontecendo? – perguntou Chuck.
- Precisamos saber onde o Sam está. – disse Castiel andando na direção do escrito.
- Mas...
- AGORA. – Cas gritou, fazendo Chuck se levantar e correr para o seu computador.
Enquanto isso Dean se aproximou de mim.
- O que faz aqui? – perguntou quase num sussurro.
- Eu vim te ajudar. – eu sorri me aproximando dele e lhe dando um abraço. Dean pareceu chocado e sem sabe o que fazer. – Eu me lembro.
- O que? – ele perguntou me afastando enquanto me segurava pelos ombros.
- Isso mesmo que ouviu. – respondi com um sorriso. – Castiel foi me visitar antes de ir te buscar e me devolveu a memoria, me disse para onde te levaria e me colocou o mais perto que pode daqui.
- Você lembra-se de tudo, tudo mesmo?
- Cada detalhe. – respondi e Dean me puxou para um abraço.
- Isso é realmente bom, mas... – Me afastei para olha-lo, não sabia o que ele diria, mas sabia que não gostaria.
- Santa Maria. – Cas disse se aproximando com uns papeis e entregou a Dean.
- O que é isso? Um convento? – Dean perguntou se afastando de mim e pegando os papeis.
- É sim. – Chuck respondeu olhando para nós. – Mas vocês não devem estar lá. Vocês não estão nessa história.
- Tudo bem. – Castiel respondeu olhando para Chuck. – A gente inventa no caminho.
Eu sorri, Castiel tinha ferrado um pouco a minha vida, mas ele ainda era um anjo legal.
As luzes começaram a piscar, o chão começou a tremer e parecia que estava tendo um terremoto ou sei lá.
- É o arcanjo. – Castiel disse olhando para mim e Dean. – Vocês dois vão e eu os distraio, todos eles.
Antes que eu ou Dean pudesse dizer algo, Castiel levou sua mão a nossos testa nos mandando para outro lugar. Era escuro e tinha estatuas de anjos. Dean e eu corremos pelo corredor até ver Sam com Ruby e Lilith em uma sala, mas Ruby também nos viu e a vadia fechou a porta antes de pudéssemos chegar a Sam.
Eu e Dean gritamos por Sam, mas ele parecia não ouvir. Dean se afastou e procurou por algo que pudesse derrubar a porta e ele encontrou.
- Sai da frente. – disse antes de bater com força na porta com uma estatua.
Eu esperei até ele conseguir arrebentar a porta.
Ruby se levantou do chão com um sorriso vitorioso.
- Chegou tarde. – disse assim que viu Dean entrar no local.
Eu no lugar dela correria, mas a vadia foi na direção de Dean como se fosse invencível.
- Eu não ligo. – Dean disse pegando a faca.
Sam se levantou rapidamente e segurou Ruby firmemente pelos braços enquanto Dean a esfaqueava. Foi uma cena linda, mas nenhum de nós tinha tempo para comemorar.
- Dean, me desculpe. – Sam disse com os olhos cheios de lágrimas e eu olhei para o chão, Lilith estava morta e seu sangue tinha formado um circulo sinistro no meio da sala com oito linhas que estavam chegando ao centro.
- Meninos... – foi tudo que eu consegui dizer antes de uma luz aparecer no centro. Do circulo e começar a se abrir para as extremidades.
- Sam, vamos embora. – Dean disse puxando Sam, mas esse mal conseguia se morrer do local.
- Ele está vindo. – disse Sam olhando para aquela luz que ia acabar nos cegando.
O que aconteceu em seguida foi muito entranho, pois nós três simplesmente aparecemos dentro de um avião que estava passando logo a cima do convento onde estávamos. A luz era muito forte, todos no avião conseguiam ver a grande chegada de Lúcifer a terra.
Dean estava quase enfartando quando o avião pousou e eu perdi conta das vezes que Sam se lamentou pelo ocorrido, mas Dean insistia em não querer falar do assunto, fomos para a casa do Bobby e Sam foi dormir enquanto Bobby, Dean e eu ficamos procurando por alguma coisa terrível que já tivesse acontecido, mas não achamos nada. Bobby também foi se deitar e logo Dean e eu estávamos sozinhos.
- Dean – eu disse me aproximando dele, ele estava olhando pela janela com uma expressão pensativa, parecia preocupado demais. – Você está bem?
- Estou. - ele respondeu de virando para me olhar.
- Eu sinto muito por Sam e por tudo que aconteceu, sinto muito por nós dois...
- Não precisa .
- Claro que preciso. – eu disse levando minha mão ao rosto dele. – Eu sei o quanto deve ter sido horrível saber que eu não me lembrava de você. – Ele apenas concordou com a cabeça. – Eu fico te olhando, me lembrando de quando a Lilith te mandou para o inferno e depois disso eu simplesmente não conseguia mais viver...
- , por favor, não fala isso.
- É a verdade. – eu disse me aproximando dele, mas Dean segurou minhas mãos, beijou cada uma delas e as soltou ao lado do meu corpo. Ele tinha me impedido de ficar tocando-o. – que foi?
- Você tem que ir embora. – sussurrou voltando a olhar pela janela. – Eu andei pensando sobre algumas coisas e percebi que esse é o melhor para nós dois e nossas famílias.
- Como assim? – perguntei sem entender.
- Eu acho que deveríamos parar por aqui, nós dois. – ele disse se virando para me olhar.
Eu mal conseguia acreditar, minha boca se abriu varias vezes antes que eu conseguisse falar.
- Você só pode estar brincando.
- Não estou. – Dean respondeu com seriedade.
- Então está louco. – respondi irritada. – O que diabos deu em você?
- Estou pensando no melhor...
- VOCÊ E A PORRA DESSA MANIA DE TOMAR AS DESIÇÕES POR MIM. – gritei me aproximando dele e lhe dando socos no peito. – NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO.
- Eu posso. – ele disse segurando os meus pulsos. - , se calma.
- NÃO. – gritei para ele. – DEPOIS DE TUDO O QUE ACONTECEU... DEAN, NÓS SOMOS MAIS DO QUE NAMORADOS, SOMOS UMA FAMILIA.
- Eu sei e é exatamente por ser minha família que estou me afastando, é o melhor. - ele disse com calma, eu só queria socar a cara dele, faze-lo sangrar pelo que ele estava fazendo comigo. – Esse é o fim.
- NÃO. – gritei novamente.
- Sim. – ele disse me olhando nos olhos. – Presta atenção , você não pode ter um relacionamento comigo se eu não quiser ter um relacionamento com você.
Meu Deus! Meu coração estava estilhaçado e eu estava sangrando por dentro depois dessas palavras. A dor era maior do que tudo que eu havia sentindo, maior do que a morte de Chad, pior do que a própria morte de Dean. Aquele maldito Winchester estava ferrando meu coração mais uma vez, e dessa vez era de sua livre e espontânea vontade. As lagrimas caiam pelo meu rosto, mas eu as sequei rapidamente, parei de tentar bater nele e de fazer escândalo, eu tinha meu orgulho e Dean tinha ido longe demais. Ele estava fazendo o que caçadores sabiam fazer de melhor além de caçar, partir corações.
- Você deveria ter ficado no inferno. – foi a última coisa que disse a ele antes de sair pela porta da casa de Bobby.
Desejei nunca ter conhecido Dean Winchester, ter caçado com ele, ter virado amiga dele, ter beijando ele, ter me apaixonado por ele, ter me entregado de corpo e alma, ter sofrido por sua morte e ter me lembrado dele.
Entrei em meu Camaro e quase desidratei de tanto chorar no caminho até chegar a minha casa.
Chad ficou feliz em me ver, pediu um milhão de desculpas e ficou preocupado ao me ver chorar como uma louca.
Contei tudo a ele, que apenas me abraçou, deixou que eu chorasse tudo que tinha para chorar e xingasse Dean de todos os palavrões que existiam na terra.
- Um dia você vai esquecer. – ele disse me apertando mais em seus braços.
Eu sabia que ele estava errado, nunca se esquece de alguém como Dean Winchester. Eu só esperava desesperadamente que eu também fosse o tipo de pessoa que ele não esqueceria.
Por algum motivo enquanto Chad acariciava meus cabelos e eu começava a adormecer, na minha mente ficavam se repetindo as palavras de Bobby.

ACHA MESMO QUE FAMÍLIA É PARA MIMAR VOCÊ? FAZER TORTA DE MAÇÃ, TALVEZ? A FAMÍLIA SERVE PARA FAZER VOCÊ SOFRER, POR ISSO QUE É FAMÍLIA.


Epílogo

Sam’s POV
Nos últimos anos aconteceram muitas coisas, Dean e eu conhecemos e perdemos muita gente, matamos muitas criaturas, salvamos o dia incontáveis vezes, mas nada no fim dava certo para nós. Depois que foi embora, nós passamos por momentos difíceis por causa de Miguel e de Lúcifer. Dean morou um tempo com a Lisa, eu conheci a Amélia, mas acabou não dando certo para nenhum de nós dois. O tempo passou e não tivemos nenhuma notícia de ou Chad, perdemos a Helen e a Jo e um tempo depois o Bobby... Nossa vida não parecia que teria um final feliz. Todos os que amávamos estavam nos deixando, de formas diferentes, mas estavam todos indo embora e nós ficando.
Eu nunca procurei realmente por porque Dean me disse para não fazer isso. Ele disse que ela tinha feito uma escolha e a única coisa que podíamos fazer é respeitar, mas agora eu precisava de ajuda e não tinha mais a quem recorrer.
Disquei o novo número de e fiquei extremamente ansioso quando começou a chamar.
- Alô? – uma voz masculina atendeu na quarto toque.
- Oi, por favor, eu gostaria de falar com a . – pedi um pouco confuso, aquela não era a voz do Chad. Talvez eu tivesse conseguido o número errado.
- Quem gostaria? – ele perguntou e eu não sabia se respondia a verdade ou mentia.
- Sam Winchester. – disse, o cara ficou em silencio por alguns segundos e eu quase achei que a ligação ficou muda ou algo do tipo.
- Vou chama-la. – disse por fim.
Fiquei me perguntando quem seria o cara e cheguei à conclusão de que talvez tivesse seguido em frente. Então pensei em deligar e não incomoda-la nunca mais.
- Sam? – chamou do outro lado da linha, podia ouvir toda a preocupação em sua voz. Hesitei por um momento, quase desisti, mas a preocupação dela me deu um pouco de esperança.
- , é bom ouvir sua voz. – eu disse enquanto um sorriso triste se abria em meu rosto.
- Não sei se posso dizer o mesmo porque algo me diz que você não está me ligando por boa coisa. – Ela fez uma pausa esperando eu responder, mas eu não sabia bem como falar. – Foi o Dean? – ela perguntou depois de alguns minutos, num sussurro quase inaudível.
- É. – respondi e ela ficou um silencio por mais alguns minutos.
- Ele morreu? – perguntou com um tom de voz que estava claro que ela estava quase chorando.
- Nós precisamos conversar pessoalmente, aconteceu muita coisa e eu preciso que você me ajude a entender.
suspirou.
- Onde posso te encontrar?
- Vou mandar o endereço por mensagem. – respondi.
- Okay.
- Obrigada .
- Sam, não precisa me agradecer. – ela respondeu. – Ainda somos família.
- Eu sei.
- E eu ainda amo o Dean apesar de tudo. – ela disse num sussurro. – E amo você.
- Eu também amo você, . – respondi enquanto meus olhos se enchiam de lagrimas.
- Te vejo em breve. – ela disse por fim, desligando a ligação.
Digitei o endereço e mandei por mensagem para ela, agora não me sentia tão sozinho no mundo.

FIM

N/a: OI GENTE LINDA E AMADA! Sim, chegamos ao fim. Eu sei que dá vontade de ler para sempre, assim como tenho vontade de escrever para sempre, mas tudo tem que ter um fim e BDC não é diferente. Agradeço a todas vocês pelos comentários, pelo carinho, pela paciência e tudo mais. Gostei muito de conhecer muitas de vocês que me adicionaram no facebook e tudo mais. Acho que vocês devem querer me matar por causa desse final, mas não se preocupem, em breve terá uma segunda parte, que seguirá o enredo da decima temporada e talvez seja o recomeço para a a pp e o Dean. Fiquem de olho que até janeiro a segunda parte aparece por aqui no FFOBS, Okay? Tenho um grupo no facebook onde mantenho o pessoal informado sobre as atualizações das minhas fanfics, sobre o porquê das demoras, divido informações e etc: https://www.facebook.com/groups/303240516452469/
Só queria dizer que sou grata ao Erik Kripke por criar a melhor série do mundo, ao Jensen Ackles por ser o amor da minha vida e interpretar o melhor personagem do mundo, as todas as betas que cuidaram de BDC, a todas vocês novamente, que tiverem uma paciência enorme comigo e minhas demoras e por ultimo e não menos importante, ao meu namorado por aguentar essa minha obsessão pelo Jensen Ackles, por Supernatural e por escrever.
Chega de papo, espero que tenham gostado e nos vemos em breve.
Até a parte dois ;*


Qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa fic vai atualizar, acompanhe aqui.





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