Escrita por: Bee Fletcher
Betada por: Flávia C.




Capítulo Único.


Parecia que toda vez que eu descobria um novo sorriso, eu descobria uma parte de mim que eu nem sabia que existia.
Talvez tenha sido o jeito que ela explica as coisas, quem sabe as bochechas vermelhas, os cabelos repicados ou a forma como ela coloca a mão no rosto quando sorri.
Já éramos amigos, mas, naquele dia, quando ela parou na minha frente, sorrindo despreocupadamente, com o vento batendo casualmente em seus cabelos, eu a quis mais do que qualquer coisa que nunca tive e quis ter. Eu a queria tanto. Por parte, com medo que ela não existisse, tamanha perfeição não caberia em uma pessoa só. A minha pequena conseguia juntar beleza e inteligência, agressividade e sutileza, e, principalmente, conseguia juntar todos os pedaços da minha mente e fazê-la pensar somente em seus cabelos castanhos e nos seus olhos escuros.
Às vezes ela me surpreendia com uma sobrancelha levantada, ou um beijo delicado na bochecha. Mal sabia ela, na sua serenidade inabalável, que todo dia, cada vez mais, ela me cativava, seja contando uma de suas piadas sem graça, ou cantando baixinho mais uma música que eu não conhecia. Provavelmente elas nem existiam, eram apenas mais um dos lindos frutos da sua imaginação perfeita. Ou quando me falava de estrelas, e explicava, sorridente e incansavelmente, como as amava, e me contava pela bilionésima vez o quanto o universo era grande e quanto tempo a luz das estrelas demorariam a serem visíveis aqui na Terra. Eu poderia passar três vezes o tempo das estrelas falando dos olhos dela, e de como eles brilhavam quando ela me encontrava, e esse brilho foi meu único conforto por muito tempo. Sabia que, por mais que ela me tratasse como um irmão, a felicidade enchia seus olhos quando me encontrava. Deus, assistir filmes com a ? Você não viveu até ver isso. Os pesinhos pequenos, cobertos por meias que não combinam, junto ao corpo e os gritinhos que ela dava quando alguma cena de suspense chegava ao seu auge. Ou os olhos vermelhos de tanto chorar com a mais simples declaração de amor.
Por mais que passar dias inteiros com ela tenha sido a coisa que eu mais gostava, a minha parte preferida era quando ela ia embora, murmurava um ‘tchau, ’, sorria e me abraçava, beijava minha bochecha e botava o cabelo atrás da orelha, sorrindo. Honestamente, eu não sei se era o perfume ou apenas a proximidade dela que me deixava inebriado. Ela falava de forma engraçada e ria de um jeito engraçado, mas eu não parava de pensar na forma como ela deixava aquilo totalmente adorável. Ainda penso.
Agora, aqui estou, totalmente impotente, com medo de falar tudo isso que acabei de escrever pra a garota que, possivelmente, é a mulher da minha vida.
De repente, e bem de repente mesmo, uma coragem estranha me invadiu, eu não sei explicar, mas enquanto eu corria em direção a sua casa, o sorriso não me escapava dos lábios, eu sorria descontroladamente para todo mundo. Enquanto julgavam minha sanidade, eu só corria, quinze quarteirões, a corrida mais exaustiva da minha vida e eu nem senti um metro se passando. A minha cabeça se enchia de , , e só ela controlava minhas ações.
Okay, cheguei.
A estranha e súbita coragem havia me abandonado, mas, mesmo sem um pingo de coragem e o rosto em escarlate de vergonha, toquei a campainha. Juro. Foram os quinze segundos mais demorados da minha vida.

, querido, entre! – Sorriu a mãe da .
— Eu queria falar com a , senhora. – Pedi, com a respiração pesada.
— Só um minuto, vou ver se ela já acordou. – Já acordou? Como assim, que horas eram? Sete horas da manhã? Eu não acredito, ai, meu Deus, eu passo o resto da minha vida rezando se um buraco abrir no chão e me levar para o Afeganistão. Okay, expressões exageradas de vergonha.
— Ahn, não quero incomodar.
Mas já era tarde demais, a mãe dela já subia as escadas e, juro, se ela aparecer com cara de sono, eu não vou conseguir dizer nada.
! - Do nada, um clarão cegou meus olhos, estava ali de novo, minha pequena, sorridente, com as meias que nunca combinavam e os cabelos virados para todos os lados.
! – Sorri.
— Queria falar comigo?
— Vou deixar vocês a sós. – Falou a sua mãe, entrando na cozinha.
Quando vi que estávamos sozinhos, sentou no sofá e sorriu, batendo do seu lado, como um pedido para eu me juntar á ela.
— Então, é algo sério?
— Não, na verdade, eu vim aqui buscar uma coisa.
— Você deixou alguma coisa aqui? Eu posso pedir para minha mãe buscar e...
— Meus pensamentos, , minha sanidade. – Cortei-a. – Você os têm e eu realmente os quero de volta. Eu quero minhas ações, quero minhas piadas de volta, quero meus sonhos. Se possível, também quero ter uma chance de te fazer a pessoa mais feliz do mundo.
Falei, falei mesmo. , você é um homem ou um rato? UM HOMEM! Um homem que está muito nervoso nesse momento.
Então... Ela sorriu, e, como sempre faz, remexeu todos meus órgãos internos.
— Finalmente. – sorriu mais abertamente, dando risadinhas, olhando para cima. – Pensei que nunca fosse falar.
Foi aí que um vulto cor de rosa e cheiroso me abraçou, e me fez o homem mais feliz do mundo.


FIM




comments powered by Disqus




Qualquer erro nessa fanfic e reclamações somente no e-mail.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.