Conto de Farsas


Escrita por: Daniella (danie)
Betada por: Daniella (danie)




CAPÍTULOS: [Prólogo] [1] [2] [3] [4] [5] [6]



PrólogoC



POV's
'No final saberemos se eles foram felizes pra sempre'

Vidros quebrados, porta-retratos jogados nas paredes, palavras de baixo calão. Isso tudo tem vindo com mais frequência, e me magoa cada vez mais. Porque eu o amo. Amor é uma palavra complicada; poucos sentem, poucos entendem, poucos dão valor. Mas até hoje não consigo entender como o amor, um sentimento tão caloroso vindo de ambas as partes, pode se transformar no ódio com o passar do tempo. Pelos menos, comigo é o que está acontecendo. Tudo que eu queria é que ele mudasse, que fosse tudo como era antes, que um simples fato não fosse motivo pra briga. E dessa vez quem conseguiu fazer um escândalo fui eu. Descobrir ser corna não é uma tarefa fácil, mas se torna fácil quando você já está cansada daquela mesma rotina, das mesmíssimas brigas todos os dias, quando você já esperava que um dia isso fosse acontecer. O problema é quando você se apaixona sabendo que tem um cara na sua casa capaz de acabar com sua própria vida. A minha vida.
E acho que tirar umas férias em região dos lagos fosse uma boa idéia. É, eu achava.


one


"I tried to be chill, but you were so hot that I melted"
I'm Yours - Jason Mraz



- Enfim, férias! - eu disse relaxado com uma cara de orgasmo quando se está excitado, colocando meus pés sobre a mesa de centro e as mãos na nuca. Típica posição de folgado. Mas decidiu passar logo por ali, e empurrou minhas pernas, arrastando uma mala preta imensa.
- Mas vamos logo, senão vamos pegar transito! - ele ia em direção a porta, mas não parecia incomodado com o olhar reprovador que eu lançava-lhe por suas costas.
- Ainda são... - pausei e olhei o relógio de parede, ao lado da porta - duas da tarde! - completei incrédulo, assistindo-o se virar e puxar a mala pra fora de casa sem delicadeza alguma, da forma mais esquisita que existe. Bufei rolando os olhos por ele ter me ignorado completamente, e abaixei meus olhos a procura do chinelo. - Cadê os outros? - perguntei com uma dificuldade gigantesca de encaixar meus pés no chinelo branco.
- está no banheiro se arrumando. - ouvi a voz de enquanto eu me levantava. - Ele parece uma noiva que está prestes a se casar... - e eu segurei uma risada ao vê-lo caminhar até a porta, onde já não estava mais, carregando uma nécessaire.
- Olha quem fala! - exclamei, ainda na vontade de rir enquanto eu o seguia com o olhos. - Você está carregando uma nécessaire, . Uma ne-ces-sai-re! - e eu soltei a risada.
- Vocês que são desprevenidos. - deu de ombros, sumindo pela porta de entrada.
Perdi o riso aos poucos, indo em direção ao as escadas e subindo-as com certa pressa, dando um soco violento na porta do banheiro do corredor do andar de cima.
- Anda, cara! Você demora muito! - e eu continuei a socar inúmeras vezes a porta.
- Vamos. - finalmente ele abriu a porta, deixando escapar o cheiro de sabonete. Pra apressá-lo ainda mais, peguei uma de suas malas que estavam do lado da porta do banheiro e ele pegou outras duas. Completamente desnecessárias. Homem, quando vai viajar pra praia, basta levar uma sunga, cinco cuecas e uma camisa. Só!
Entramos no carro feliz da vida, como pinto no lixo.
Pra arrasar com as gatas, eu modifiquei nosso carro completamente: pintamos de cinza e tinha uma listra preta na lateral, escrito de branco por cima "doing shit"; Os faróis eram azuis e, claro, tinha abertura no teto pra nos fazer sentir que estávamos numa limusine. Retire esta última parte.
Como eu estava dirigindo, pedi à , que estava no banco do carona, pra pegar um CD qualquer no porta-luvas. Optou por Busted, banda de um amigo nosso.
Parecia que estávamos num acampamento de final de ano, com todos os quatro idiotas cantando ridiculamente as músicas que saiam do som do carro. Estávamos numa estrada absurdamente vazia, só via matos altos e, às vezes, passava um posto de gasolina, um motel, ou um restaurante deplorável. Finalmente, estávamos saindo dessa estrada e entrando numa que tinham poucas casas, e, batucando com os dedos no volante e distraído com a música, acabei não prestando atenção no sinal que estava fechado, dando uma freada bem na hora. Segundos depois, ouvimos um barulho vir da traseira do carro.
- Ah, não! - exclamou, provavelmente olhando pra trás e vendo a desgraça, enquanto eu já tinha minha cabeça apoiada no volante, batendo-a contra ele repetidas vezes. Eu não queria acreditar no que eu estava pensando.
- Vamos lá! - disse, encorajando-nos a sair, abrindo a porta do seu lado do carro.
Suspirei fundo e desci do carro, e como pude perceber, os outros saíram também, indo direto e rapidamente á traseira. E lá estava todos os vidros azuis espalhados sobre o chão, o porta-malas completamente amassado. Passei as mãos pelos cabelos cruelmente, fitando o carro preto e espaçoso que tinha atrás, louco pra ver a cara do idiota que havia batido no nosso carro, já que não dava pra ver por ter vidros escuros iguais ao nosso.
Visivelmente puto, deu impulso pra bater no vidro do motorista pra tirar satisfações, já que nenhum de nós tinha tomado atitude, só observávamos o estrago. Mas ele não chegou nem a dar quatro passos, já que a porta do carro se abriu. E de lá, saiu uma garota extremamente bonita. Bonita, mané bonita! Ela bateu no nosso carro, porra!
Mas, ainda assim a garota era hot. Usava uma calça jeans clara skinny, uma bata que caia sobre o ombro e óculos escuros, e pasmo comigo mesmo por estar fitando-a por tempo demais do que eu costumo fitar uma garota, eu não notei que esta estava na nossa frente com os braços cruzados.
- Você está maluca?! - ouvi a voz de , e o olhei rapidamente. - Você acabou com nosso carro! - ele apontou o dedo na cara da culpada, que parece não ter se comovido com tal fato. Ela tirou os óculos e seus olhos estavam vermelhos e inchados, me fazendo acreditar que sim, ela estava comovida.
- Vocês que param de repente e eu que tomo culpa? - a voz dela era absurdamente diferente, era rouca. Mas ela disse como se bater o carro fosse a coisa mais normal do mundo, irritando à nós quatro. Mas somente demonstrou tal irritação:
- Você que tinha que prestar mais atenção! - ele fez gestos exagerados, num tom extremamente alto, enquanto eu e não tínhamos reação alguma. Ela, simplesmente, rolou os olhos.
- O que querem? Que eu conserte esta coisa? - ela apontou pro nosso carro com tanto desprezo, que me fez bufar de raiva.
- Ei, não chama nosso carro de coisa! - reclamei, dando um passo a frente e esquecendo que ela era hot completamente.
- Carro? - me olhou com a expressão tomada pelo deboche. Gargalhou. - Tá mais pra circo ambulante. - soltou sem se importar. Bufei mais alto, controlando minha respiração que estava começando a ficar pesada por conta da raiva que eu tinha daquela infeliz por ter batido no nosso carro, no carro que levei séculos luz pra construir.
- Quem você pensa que é? - ouvi a voz de .
- O que está esperando pra pagar o conserto? - vez de falar.
- Você estava errada, ent... - eu ia dizendo com toda a autoridade na expressão, e não sei porquê diabos estávamos prolongando aquela conversa.
- Vocês que avançaram o sinal - começou com gestos exagerados, me fazendo rolar os olhos - e eu quem estava errada? - apontou pro próprio busto. E que busto.
Com isso, ela provocou uma breve discussão, cada um falava o que queria, não dando pra entender porra nenhuma. Acontece que ali passava poucos carros, caso contrário, pensariam que somos loucos.
- Ei, chega! - ela gritou mais alto, fazendo um 'T' com as mãos. - Eu pago a droga do conserto do carro de vocês. - passou as mãos pelos cabelos, colocando-os para trás e nos dando as costas em seguida. - Mas que saco, viu! - e eu ainda consegui ouvir ela resmungando.
Achei que ela fosse pegar dinheiro na carteira, ou algo parecido, mas ela passou direto da porta do carro e não parou.
- Aonde você vai? - perguntei confuso.
- Serve a oficina? - ela virou o rosto pra nos olhar, enquanto apontava pra uma oficina a uns 20 passos de onde estávamos. Ela se virou quando viu nossa cara de completos idiotas ao entender do que se tratava.
- Vamos lá, caras. - decidi dizer ao ver que não tomávamos atitude alguma, vendo ela se afastar cada vez mais. Eles assentiram e começamos a caminhar com resmungos, fazendo o mesmo caminho que ela havia feito antes.
Chegamos à oficina e lá era um lugar bem arrumadinho e limpinho. Não que eu me importe realmente com isso, mas é bom deixar meu bebê (lê-se: meu carro) nas mãos de uma pessoa saudável.
Abrimos a porta principal e eu entrei primeiro, vendo aquela garota conversar com um moço gordo, baixinho e bigodudo que estava atrás de um balcão.
Nos aproximamos, e eu me sentia um dos cara daquelas gangues, já que eu estava na frente, e ao meu lado; atrás, um pouco ao lado de vinha e do meu lado, um pouco atrás, vinha .
- Vai demorar muito pra ficar pronto? - eu ouvi sua voz rouca perguntando ao homem, que notou nossa presença, menos ela.
- Eu não sei bem. - disse, arrastando o braço pelo balcão enquanto andava pra sair de trás deste. - Tenho de ver o estrago primeiro. - fez uma expressão pensativa, cruzando os braços e pondo-se diante a nós. A essa altura a menina já tinha nos notado ali, mas parecia nos ignorar completamente. - Vou mandar que peguem o guincho. - disse, finalmente, com um gesto exagerado e logo pediu licença, indo em direção a uma porta preta, desaparecendo por trás dela em segundos. Me virei pra menina ao meu lado que mantinha os olhos grudados na porta, a expressão enigmática.
- E aí? - perguntei receoso, mordendo o lábio de leve.
- Foram pegar os carros, e o mecânico vai vê-los primeiro. - respondeu área, o olhar vazio como se não estivesse por completo lá.
Quando abrir a boca pra, sei lá, tentar amenizar a situação, ela se virou. A segui com o olhar e ela, realmente, era muito hot. Mas eu precisava me controlar, eu precisava me controlar. Ela sentou-se num dos bancos de espera que tinha próximo a entrada da oficina e colocou os óculos, abaixando a cabeça pra fitar os dedos sobre as pernas.
Suspirei alto e derrotado, voltando minha atenção ao meus amigos. Mas nenhum deles mostrou vontade alguma de falar, me fazendo bufar em tédio e cruzar os braços, fitando qualquer ponto daquela sala, mesmo com vontade de fitar a garota que estava sentada a poucos passos de mim.
Alguns minutos se passaram e nada do bigodudo chegar. Até que a voz de me tirou de um leve transe:
- Será que o estrago foi grande? - quis saber, mas não me dei ao trabalho de responder, afinal, o mecânico estava vindo e ele poderia responder melhor que eu.
- Então garotos - o mecânico disse entrando no meio da 'roda' que nós fizemos -, não foi muito sério, e eu posso consertar agora mesmo se for preciso. Só irá demorar umas duas horas mais ou menos.
- Tudo bem, a gente espera. - a menina, que afinal, eu nem sabia o nome, respondeu antes mesmo que eu pudesse respirar, aparecendo do meu lado.
- Já era nossa viagem. - reclamou indo se sentar em um banco de carro jogado em um canto. bufou, e foi atrás de , olhou pra mim com cara de cão sem dono e foi se juntar a eles. Ela olhou pra mim, deu um sorriso torto já se apressando a se afastar, mas eu fui mais rápido.
- Ei, eu não posso nem saber seu nome?
- . - ela disse simplesmente e se afastou indo pra fora da oficina. Sua carinha parecia tão triste, parecia magoada com alguma coisa. Será que era porque ela pagaria o concerto? Fui atrás dela.
- Oi. - eu disse me sentando ao seu lado, em um banco que tinha em frente à entrada da oficina. Ela me olhou e depois abaixou a cabeça. - O que foi? - perguntei sem cerimônias.
- Nada. - respondeu sussurrando, ainda sem me encarar.
- É por que você vai ter de pagar o carro? - perguntei não querendo que a resposta fosse sim.
- Mas é claro que não. - enfim, ela me olhou. Seus olhos eram lindos, insuportavelmente lindos. Mesmo ainda estando vermelhos e inchados. - Apesar de vocês estarem errados, eu não ficaria assim por causa de um carro. - ela disse, ainda em um tom baixo.
- Então, qual é problema? - perguntei.
- Não te devo explicações alguma. Principalmente da minha vida particular. - ela respondeu, me assustando um pouco. Nota-se que ela não estava nem um pouco a fim de conversar comigo. Então eu não ia ficar igual a um babaca ali, insistindo. Me levantei, mas quando fui me virar, me surpreendi por suas mãos quentes. Eu a olhei assustado. - Me desculpa. - ela disse me encarando, logo após, abaixou a cabeça, me soltando. Isso era um bom sinal, mas eu não arriscaria de novo. Não agora.

Fui até onde conversava com e jogava no celular. Ao me aproximar, perdeu a fala e me encarou.
- O que estava fazendo? - perguntou incrédulo.
- Fui conversar com ela, ué. - respondi simplesmente.
- , ela quase detonou com nosso carro! - aumentou o tom da voz.
- Dudes, eu que estava distraído com a música e parei rápido demais. - falei. Era mais que a verdade. Eu não queria, de certa forma, defender... qual o nome dela mesmo? Ah, . Eu não queria defendê-la, mas foi isso que interpretaram:
- Vai defender a menina agora, ? - perguntou sem me olhar.
- Eu não estou defendendo ninguém, tá legal? Estou falando o que aconteceu e... - eu ia me explicando, quando ouvi uma voz vir por detrás.
- Então... - me virei e avistei com o mecânico. Ele estava com alguns papéis nas mãos e eu encarei , que sorriu fraco. - Os carros já chegaram. O carro dela fica... - ele abaixou os olhos e deu uma olhada no papel - 450 dólares. O dos meninos fica 200. - ele levantou a cabeça e sorriu pra mim.
- QUATROCENTOSECINQUENTA? - se levantaram.
- Sim. - respondeu simplesmente.
- Ér, ...deixa...ér... - eu tentei dizer que pagava, mas de onde eu tiraria tanto dinheiro, assim do nada?
- Tudo bem, então dá seiscentos e cinquenta, é isso? - ela perguntou com uma cara pensativa, fitando o mecânico.
- Exato. - ele sorriu dando as costas.
- Eu pago a metade. - eu disse automaticamente e os caras me olharam.
- Tá tudo bem. Afinal, eu que bati no carro de vocês. - ela disse, dando as costas e seguindo o mecânico.
- Você bebeu? - perguntou, apontando pra própria cabeça.
- Isso não é justo. A culpa foi minha também.
- , de onde tiraríamos... - fez as contas no ar - trezentos e vinte e cinco?
- Eu não sei. Eu daria um jeito... - eu disse dando de ombros e indo pro lado de fora da oficina.
Me sentei onde eu estava sentado antes com ao meu lado. Eu coloquei as duas mãos sobre o banco e embalancei as pernas que não tocavam o chão. Mas que menina estranha, cara. Uma hora o humor dela tá normal, mas do nada ele some totalmente! Seus olhos eram tão lindos e perfeitos, a formação incrível com sua boca rosada. Que tolice.
- Ei! - eu disse chamando-a que saia pela porta. Ela se virou e tirou os óculos ao me ver.
- Oi. - ela respondeu normalmente, com uma expressão que esperava que eu dissesse algo. - E aí? - ela perguntou, me tirando do transe.
- Ah, oi. Desculpe...ér... - eu, simplesmente, não sei porque eu a chamei. Ela riu baixo da minha provável cara de idiota.
- Quer tomar um lanche? Eu pago. - ela sorriu torto.
- Não, que isso! Eu pago! - me levantei e fui até ela sorrindo.
Ela se virou e fomos andando em silêncio até a lanchonete mais perto.

"You've got control of me"
Homecoming - Hey Monday


- E então, agora posso saber o porquê desses olhos inchados? - perguntei me sentando em uma mesa com uma caneca de chocolate, enquanto ela segurava alguns salgados com refrigerante. Ela suspirou antes de colocar os salgados sobre a mesa.
- Ah, briguei com meu namorado. - disse simplesmente fazendo uma careta. Mas por trás daquela careta e modo simples de falar, eu sabia que não estava nada bem. É claro que não estava.
- Ah, e veio procurar 'refúgio' - fiz aspas no ar - aqui?
- É, praticamente. Acho que posso esfriar minha cabeça aqui. - ela deu um sorriso torto e depois abaixou a cabeça pra selecionar qual salgadinho comia primeiro.
- Você...é tão...apaixonada por ele assim? - perguntei, e é claro que não pensei antes. Ela me olhou com um sorriso cínico nos lábios e colocou um salgadinho na boca. Ela me encarava enquanto mastigava, me fazendo ficar levemente corado. OW, não fica corado por mulher alguma!
- Sou sim. - respondeu após mastigar e engolir.
- Ah... - murmurei tomando um gole do chocolate. Eu não conseguia manter meu olhar em seus olhos por muito tempo.
- Por quê? - quis saber colocando outro salgado na boca.
- Nada...demais. - respondi após colocar a grande caneca sobre a mesa.
- Hum... - ela ainda me encarava com um olhar sexy enquanto mastigava. - Preciso ir ao banheiro. - avisou e se levantou. Ela pegou a bolsa e me olhou nos olhos. Não entendi o porquê daquilo, mas eu suspendi a sobrancelha a fazendo rir levemente.
Ela me deu as costas e eu a segui com os olhos, a vendo sumir indo em direção ao banheiro feminino. Claro, sou homem e não pude deixar de notar o formato de suas belas pernas que tinham contorno por causa da skinny. Coloquei minha cabeça para trás, a fim de relaxar e fechei os olhos. Mas a imagem que veio na mente foi o sorriso dela. Me assustei um pouco, afinal, isso nunca acontecera comigo. Eu nunca gaguejei pra mulher alguma, eu nunca corei enquanto uma mulher me observa, nunca senti nada do que senti quando senti seu cheiro.
Eu batucava a mesa em um ritmo descompassado enquanto a outra mão estava ocupada em suspender a caneca e levá-la até minha boca. Até que ela voltou e eu a olhei nos olhos. Senti uma sensação estranha no estomago, sensação que era nova pra mim. Ela deu um sorriso canto de boca e sentou, com a bolsa sobre o colo.
- Oi... - sussurrou ainda com um sorriso nos lábios, enquanto se servia de Coca-cola. - Você... está vermelho. - comentou alargando o sorriso. Mas aquele sorriso era um sorriso debochado.
- Não estou não... - coloquei as mãos nas bochechas, a fazendo rir. - Ah, cara. Não faz isso.
- Não estou fazendo nada! - se defendeu tomando um gole do refrigerante ainda me fitando. Senti meu rosto queimar e me assustei sentindo meu celular no bolso. Abaixei meu olhar e peguei o aparelho, sentindo os olhos dela sobre mim.
- Alô? - atendi após vir escrito no visor.
- Aonde-você-está? - perguntou visivelmente puto.
- Calma cara! Estou em uma lanchonete. - avisei encarando o logotipo estampado na toalha da mesa, ainda sentindo o olhar de sobre mim.
- AH, NOSSO CARRO TODO FUDIDO E VOCÊ LANCHANDO?! - ele berrou, me fazendo afastar o telefone um pouco do meu ouvido.
- O que você quer?
- Vem pra cá, cara! - implorou me fazendo bufar.
- Tá, tudo bem. - eu ainda encarava debilmente o logotipo da lanchonete. Ouvi o 'tututu' no outro lado da linha e bufei novamente desligando o celular.
- O que aconteceu? - ela perguntou parecendo que estava segurando o riso.
- Eles querem que eu volte. - respondi visivelmente revoltado. Porque sim, eu podia ficar mais um pouco ali com ela, sentindo aquela sensação que só ela conseguia me fazer sentir, mas ele adora acabar com meus planos. Ok, eu não falei isso, ou você finge que não leu.
- Então tudo bem, vamos voltar. - ela se levantou e levou junto o salgadinho e o refrigerante. Me levantei também e terminei de tomar o chocolate em pé, com ela me observando. Incrível como ela não se comove com minha beleza e não fica vermelha, como as outras gatas ficam. Certo, você não leu isso de novo.
- Vamos. - sussurrei, colocando a caneca sobre a mesa. Saímos, ela na frente e eu atrás (tenso).
Fomos conversando pelo caminho falando sobre coisas que não são necessárias citar aqui. Pois sim, o cara mais gato, o cinto mais caro, o programa mais irritante e a banda mais broxante não são coisas tão interessantes de se compartilhar.
Ao chegar no mecânico, entramos pela porta principal e, mesmo de longe, pude ver jogando no celular, se embalançando bestamente sobre o banco de espera, de cara emburrada e um bico do tamanho do mundo, cochilando de boca aberta com a cabeça relaxada para trás.
Nos aproximamos. e suspenderam seus olhares vagarosamente e igualmente até eu e que estávamos imóveis diante dos dois. O mexeu a boca algumas vezes, mas o som não saia, fazendo rir baixo.
- O...que...aonde...por que... - ele procurava as perguntas certas pra nos questionar, enquanto nos encarava com uma careta.
- Estávamos na lanchonete. Porque senti fome. - disse com uma careta provocando um olhar mortal da parte dele. abriu e fechou a boca algumas vezes ainda de olhos fechados e fez um barulho estranho com a mesma, se ajeitando no sofá em seguida.
- Porra! - disse um pouco alto voltando seu olhar pro celular. Provavelmente o aparelho deve ter vibrado e ele tomou um susto.
- O que foi? Morreu alguém? - levantou assustado. Quando se situou e ouviu a risada gostosa de , ele a olhou de cima a baixo e suspendeu a sobrancelha. Ela se encolheu e murchou o sorriso.
Ouvimos uns passos pesados vir por detrás de mim e , e nos viramos.
- O carro está pronto. Ficou pronto mais rápido do esperávamos... - ele coçou a nuca como se esperasse alguma coisa.
- Então tudo bem...Vamos lá. - caminhou, passando pelo mecânico que me olhou com as sobrancelhas unidas ainda coçando a nuca.
- O que foi? - perguntei estranhando aquela expressão de reprovação.
- Vocês vão deixar MESMO ela pagar 650 dólares? - perguntou aproveitando a ausência da garota.
- Ué, ela que teve cul... - deixou de jogar pra se intrometer.
- Não, eu pago metade. - falei impulsivamente, recebendo olhares de reprovação dos meus amigos e um sorriso do mecânico. Caminhei em rumo ao caixa, onde provavelmente ela estava. E sim, ela estava lá, debruçada no balcão, encarando o relógio de parede.
- Ér.... - me aproximei e me debrucei no balcão também. Ela virou seu olhar a mim, mas continuou imóvel com o corpo colocado ao balcão. Suspirei antes de falar. - Eu pago uma metade do conserto e você paga a outra.
- Não, . Está tudo bem. - começou, virando seu corpo totalmente pra mim. Olhei seus lábios rosados enquanto ela falava, pois seu olhar estava tapado por seus óculos. - Acidentes acontecem e... me desculpa por falar do seu carro. Eu estava bem puta na hora e costumo ser um pouquinho sarcástica quando estou com raiva. - terminou de se explicar com alguns gestos. Dei um sorriso canto de boca e suspirei novamente.
- Então... tudo bem. - dei de ombros e ouvimos novamente barulhos de passos pesados. Olha olhou por cima de meu ombro tirando os óculos me fazendo virar. O mecânico caminhava em nossa direção com meus amigos atrás.

- Então...até. - ela deu um de seus sorrisos canto de boca e acenou na porta de seu espaçoso carro.
- Até. - acenei também, enquanto os outros já me berravam dentro do carro. - Foi bom passar... uma hora e meia com você. - falei sem perceber e quando dei por mim, mordi o lábio inferior fazendo-a dar uma risada leve.
- Digo o mesmo. - disse e entrou no carro, colocando seus óculos novamente.
two


"Need to know if you're there, if you're listening to my prayers"
Down Goes Another One - McFLY



Chegamos na casa de praia, o relógio batia 18h30. Tiramos todas as coisas do carro e estávamos exaustos pela viagem e por ficar por algumas horas aguardando o carro ficar pronto. Mas... se o tempo pudesse voltar, acho que eu bateria meu carro novamente. Acho que nunca foi tão satisfatório bater um carro como dessa vez.
É, estou com uma mala na mão fitando o nada pensando essa asneira. Mas não consigo ver outro modo de admitir que eu adoraria tê-la mais tempo comigo. Como eu disse, ela me causa uma sensação nova, estranha, porém boa. Ela me fez corar - coisa que mulher alguma consegue fazer -, ela me faz gaguejar - nunca gaguejei pra dizer um 'oi' -, ela tem um cheiro só dela que eu nunca senti na vida, ela tem os olhos mais encantadores que já vi, tem a voz mais adorável de se ouvir, tem o rosto incrível. Eu faria qualquer coisa pra poder vê-la de novo, nem que fosse de longe... e eu tenho que parar de pensar nessas coisas. Ela nunca vai aparecer de volta, nunca.
- ALÔ?! Terra chamando! - fez alguns gestos com as mãos na minha frente me fazendo sair do transe.
- Oi? - rapidamente eu olhei pra ele e ele fez uma careta.
- Ajuda a colocar as coisas pra dentro, ow! - reclamou, já de costas pra mim indo em direção a casa.
- Ok, ok... - eu o segui após passar a mão pelo rosto pra tentar afastar aqueles pensamentos.

Eu estava arreganhado no sofá maior vendo um filme demente na TV, roncando no chão e jogando no celular transmitindo um barulhinho irritante.
- Vamos mesmo ficar dentro de casa? - atento ao filme, eu pude ver pelo campo de visão, se jogar no sofá.
- Tô nem um pouco a fim de sair... - avisei sem desviar os olhos da TV.
- Estou vendo que vocês estão se divertindo bastante... - soltou, me fazendo olhar o local. Realmente, como início de viagem estava péssimo.
- Tudo bem, vamos aonde? - concordei olhando pra , afinal, o filme estava chato mesmo.
- Sei lá, vamos ver o que tem de bom por aqui. - deu de ombros, colocando os olhos sobre o ombro de pra ver o que ele jogava.
- Então vou me arrumar. - me levantei e sem querer pisei na barriga de .
- PORRA, PUTA QUE PARIL, VAI SE FODER! - ele soltou ao sentir meu peso sobre si e colocou a mão na barriga. Pô, não sou tão pesado assim.
- Nossa, como você é carinhoso. - observou sem tirar os olhos do celular. Nem .
- Foi mal, dude. - eu disse rindo. Ele se levantou e se contorceu no chão. - Ah, qual foi, não é pra tanto.
- Não é pra tanto? Quer que eu pise na sua barriga pra ver o que é tanto? - ele ainda passava a mão na barriga.
- Ih, tá na TPM. - eu o pulei e caminhei em rumo ao meu quarto. Provavelmente os outros diriam que iríamos sair.
Ou não.
- Vocês... não vão se arrumar não? - perguntei incrédulo ao chegar à sala arrumado e vir sentado onde eu estava, olhando atentamente a bunda de uma atriz desconhecida na TV e os outros dois jogando, cada um em seu celular.
- Vamos aonde? - quis saber, ainda atento na TV.
- Sair. , você dá a idéia e ainda não trocou d ...
- Eu vou assim mesmo. - deu de ombros. Ninguém me olhava.
- Então vamos logo! - aumentei o tom da voz, fazendo que ele e levantasse. – ANDA, ! - ele ainda olhava a TV.
- Só mais um pouco... - implorou, nessa hora já babando. Fui até a TV e a desliguei, recebendo xingamentos por isso.

- UAAAU! Por que é mesmo que não descobrimos isso aqui antes? - estava abobado - sim, abobado - com a quantidade de mulher que tinha no local. Era uma espécie de festa na praia, onde a maioria das mulheres era as 'convidadas'. Tocava música alta e pessoas dançavam e pareciam ter orgasmos na pista de dança feita na areia. Algumas mulheres estavam vestidas de havaianas. Outras ainda estavam de canga, formando um longo vestido e algumas usavam somente short com a parte de cima mostrando o biquíni.
- A noite promete! - disse da mesma forma débil que o .
Começamos a caça às gatas, e claro, nos perdemos um dos outros. Mas por algum motivo, que eu ainda vou descobrir, eu levei foras impublicáveis de TODAS as gatas. Algumas me davam foras com desculpas esfarrapadas. Teve uma, até, que disse que tinha namorado. Uns dez minutos depois eu a peguei beijando outro cara. Não, não era o namorado dela, pois outro cara mais forte chegou e quase meteu a porrada no cara que estava beijando a menina que me deu um fora. Você entendeu?
Quando estava no auge da noite, a praia enchendo cada vez mais, eu encontrei meus amigos sentados em uma mesa bebendo feito loucos e visivelmente bêbados. estava com uma garota bem gostosa. Que cara sortudo, meu.
- Olha quem aparece por aqui... - ele abriu os braços ao me vir em pé encarando os cinco. Com certeza, estava bêbado.
- Até que enfim resolveu dar as caras! - se virou pra me olhar e eu cruzei os braços, no tédio.
- Vou ao banheiro, amor. Eu já volto. - a gata disse dando um selinho em . Já estava a esse ponto?
Ela se levantou e eu segui em rumo onde ela estava. Me sentei e a segui com o olhar.
- Uau, que gata. - sussurrei, sem perceber, observando o tamanho da bunda dela.
- Tira o olho que já é minha. - advertiu sério, mas arrastando as palavras me fazendo o olhar.
- Tudo bem, tudo bem. - ergui os braços na altura dos ombros.
- Pegou nenhuma não? - perguntou rindo, já imaginando minha resposta.
- Não. - admiti sussurrando, mas eles ouviram. Todos eles. Eles riram da minha cara, aliás, gargalharam da minha provável cara de tacho.
- Mas vou conseguir, eu sou fodão! - me exibi desnecessariamente dando um sorriso largo, fazendo os caras rir mais.
- Eu... aposto com você. - ainda ria.
- Apostar o que? - eu suspendi a sobrancelha, virando meu olhar a ele.
- Que você pegue as primeiras cincos mulheres....
- Se você levar um fora de alguma delas, vamos voltar aqui amanhã... mas com você vestido de mulher. - completou com um sorriso malicioso. só gargalhava.
Demorei uns tempos pra pensar. Eu não sou tão feio assim, mas não peguei ninguém até agora. Mas se eu levasse um fora? Andar por aqui no segundo dia de férias vestido de mulher seria humilhação pro resto das minhas férias. Mas se eu desistir, os caras vão me zoar e não é só pro resto das férias, é pro resto da vida. Acho que isso eu aturo, até porque...
- O que foi? Vai amarelar? - provocou, me deixando levemente puto e interrompendo meus pensamentos.
- Aceito. - falei sem pensar. Claro, ele me interrompeu.
- Então ok. - sorriu malicioso e os outros riram.
Que desgraça, odeio apostas. Mas eu sou o fodão, eu sou o rei da cocada preta, eu sou aquele que pode tudo, eu sou melhor que o super-homem, sou mais bonito do que aquele cara que fez 'Guerra dos mundos' o qual não sei dizer o nome, sou mais gostoso do que Brad Pit e Jonny Depp juntos, eu sou ! Não é pra tanto, mas é quase isso.
Me levantei e olhei para os lados, procurando um lugar ideal, onde tem mulheres com cara de legais ou um lugar mais escuro onde ninguém - nem mesmo meus amigos - pudessem ver se caso eu levasse um fora. Bom, eu só vi um lugar parecido com a última opção que é próximo ao mar. Mesmo escuro, eu vi algumas pessoas sentadas, umas sozinhas, outras no amasso, mas suponho que haja mulher ali. Eu ia me encaminhando pra lá, quando me impediu.
- Onde vai? - quis saber me olhando sério.
- Vou à caça. - sorri fraco, mas ele continuou sério.
- Espera, temos que ir junto. Como vamos saber se você não levou o fora? - agora sim ele riu e meu sorriso murchou.
- Espera aí, vocês...vão ficar...segurando vela? - perguntei incrédulo.
- Claro que não! Vamos ficar de longe! - explicou causando meu alívio.
- Então vamos logo!
- Espera a...
- Estou de volta. - a loira bunduda voltou, surgindo de trás de mim. se levantou e eu dei espaço pra ela passar, claro, encarando o que ela tem de maior. - Mas eu tenho que ir, agora. - eu não vi a expressão que ela fez, meus olhos ainda estavam muito ocupados.
- Ah, mas já? - fez uma voz insuportavelmente melosa.
- Uhum. - ela também foi melosa e após eu ouvi um barulho de um estalinho.

Tudo bem, depois que a loira foi embora, eu estava... nervoso, digamos assim. Pois sim, meu lado feminino que estava em jogo!
- Vocês ficam aqui e não saiam, ok? - eu disse embaixo de um coqueiro que havia próximo ao mar e das poucas pessoas que havia na areia.
- Sim senhor! - bateu continência, recebendo um pedala meu.

Por outro lado, no escuro era melhor, porque se eu pegasse um baranga eu não veria seu rosto nem seu corpo. Então estava tudo certo.
Caminhei lentamente pela areia e quando avistei a primeira mulher, eu olhei os caras e eles gargalhavam. Suspirei e me sentei ao lado da menina.
Tudo bem, eu não preciso contar todas as cantadas que joguei nas meninas, porque se eu fosse mulher e algum cara jogasse uma cantada daquelas pra mim, eu não cederia. E eu não posso nem pensar em ser mulher porque isso me deixa mais nervoso do que já estou.
Por incrível que pareça, até a quarta eu estava indo bem. Indo bem só pelo fato de elas cederem o beijo, mas indo mal porque todas beijam mal. Sinceramente, não sou expert em beijo, mas cada uma beijava pior que a outra! Tinha uma que tinha um gosto ruim na boca e quando o beijo chegou ao final, eu sai cuspindo na areia. Eu ainda tive que inventar que eu tinha que alimentar meu cachorro porque a menina não queria me deixar ir embora.
É claro, eu estava feliz por ter conseguido chegar na quarta, por tanto só faltava uma.

"This moment is perfect, please don't go away, I need you now. And I'll hold on to it, don't you let it pass you by"
Innocence - Avril Lavigne

Eu andei mais um pouco e ainda estava na vista dos caras. Me joguei ao lado de uma menina - que estava olhando o mar atentamente -, ainda puto com o beijo da última menina que queria me assediar, deixando um pouco de areia espalhar pelo ar, digamos assim.
- EI, EU TÔ AQUI, OK? - a menina berrou me olhando, mas eu não conseguia vir seu rosto perfeitamente. Mandei mal, ela não podia ficar com raiva de mim logo agora. Depois do beijo sim, mas agora... espera! Eu conheço essa voz!
- Oi, ér...me... desculpa. - por outro motivo desconhecido, eu gaguejei. Ela virou o rosto e deixou um cheiro familiar. Eu fechei os olhos e pendurei a cabeça pra trás, fechando os olhos, prendendo a respiração, parecendo que o cheiro ia permanecer se eu continuasse prendendo a respiração - a única coisa que eu ia conseguir era a morte. Quando, aos poucos, o perfume foi sumindo, eu abri os olhos e eu a encarei. - O que você tem, hein? - ela me olhou, provavelmente me viu a encarando pelo campo de visão.
- Na...da. - eu a encarava assustado, um pouco. Sim, era a , eu tinha certeza disso. Ela deu uma risada baixa, a mesma risada que por horas ficou na minha mente.
Suspirei, olhei a lua, olhei o mar, olhei pra ela, olhei para os dudes, suspirei de novo, fechei os olhos, abri, brinquei com a areia, fiz tudo que um momento daqueles pode me proporcionar, menos tomar coragem de falar alguma coisa com ela. Até que ela tomou coragem de falar comigo:
- O que te faz se jogar do meu lado e parecer um autista sem ter o que fazer? - aquela voz rouca ecoou, me fazendo a olhar. Ela olhava pra mim, pena que a escuridão não me deixava ver seus olhos perfeitamente.
- Não está me reconhecendo? - questionei tentando ser natural após o maravilhoso elogio.
- Claro que estou. Seu cheiro é familiar, e você ah, você parece um gago. Só não sei seu nome. Se não fosse por isso, eu já estaria marchando pro lado oposto da praia te xingando de tudo quanto é nome. - ela disse me fazendo rir. Nossa, ela percebeu que eu gaguejo quando eu falo, só não sei se ela sabe que eu perco a fala com ela. E acima de tudo, ela memorizou meu perfume. Que gay.
- Então...me desculpa. - falei ainda rindo um pouco do que ela disse.
- Sem problemas. - ela também riu um pouco e depois voltou seu olhar pra areia. Olhei para trás, os dudes me viram e fizeram joinha com a mão. Cara, eu não podia fazer isso. Sim, eu a queria beijar, mas se eu a beijasse, ela, então, faria parte de uma aposta.
Que merda! Por que também ela veio aparecer logo aqui? Logo agora?
Me virei e cocei a nuca, sem saber exatamente o que fazer. Acho que seria mais fácil ela ceder do que eu procurar outra pessoa e ela me dá um fora. Mas se eu a largasse ali, eu teria que me vestir de travesti, o que não seria legal. Eu teria de arriscar, quem sabe ela não cede e some da minha vida? Ah, lembrando que não é isso exatamente que eu quero. Eu queria que ela ficasse aqui pro resto da vida, mas se caso ela descobrir que é uma aposta, eu estou - literalmente - fodido. Ok, perdi a mina. Porque sim, se eu a beijar, vou ter de torcer pra ela voltar de viagem no máximo amanhã pra que ela não saiba que faz parte de uma aposta. Mas se eu não a beijar... não é isso que eu quero! Eu quero beijá-la, dude!
Só se...eu sou um gênio! Simples: peço aos caras que não contem nada pra ela. Como não pensei nisso antes?! Tudo bem que vou ficar com um peso básico na consciência, mas agrada aos dois lados: da aposta e o meu lado.
Suspirei e resolvi puxar assunto antes de arriscar.
- Então...o que está pensando? - eu fui pelo pior caminho, claro. Da última vez que perguntei quase isso, ela me deu um fora legal. Ela me olhou e fez um barulho estranho com a boca.
- Quer mesmo saber? - sua voz saiu como um sussurro.
- Sim, claro. Por que não? - sorri, mesmo que ela não pudesse ver.
- E se eu dissesse que eu estava pensando no meu namorado, ia se importar? – tapa na cara, .
- E... você não acha que pode encontrar um... outro cara, que... sei lá, faça você... esquecer seu namorado... por um tempo? - eu não gaguejei, ok? Eu só estava tentando ser convincente.
- Tipo... quem? - ela ainda me encarava.
- Tipo... - lentamente, eu aproximei meu rosto ao dela, que não se preocupou em se afastar. Talvez fosse um sinal verde. - Eu? - perguntei receoso, com a testa encostada na testa dela. Agora sim, eu podia ver os olhos brilhantes dela nos meus e um belo sorriso brotou nos lábios. Eu coloquei uma mecha atrás de sua orelha. Ela fechou os olhos ao sentir meu toque e eu encostei meu nariz ao dela. Sua respiração falhou, se misturando a minha. Encostamos nossos narizes e após, colei meus lábios nos dela. Minha língua pedia passagem e ela cedeu, colocando uma mão em meu pescoço vagarosamente. Mesmo estando de lado, eu coloquei uma mão em sua cintura e uau, sua boca tem um gosto inexplicável. Ela colocou uma mão na minha nuca e colocou alguns dedos dentre meus cabelos, me fazendo arrepiar. Apertei sua cintura, ao senti-la, de leve, arranhar minha nuca. O beijo estava se intensificando a cada segundo e ela me puxou pela nuca, me surpreendendo um pouco, me fazendo deitar por cima dela. Como eu sou um cara de músculo, eu me sinto um pouco pesado pra estar por cima dela, principalmente na areia. Então, enquanto ela estava deitada sem desgrudar de meus lábios, eu me posicionei deitado também, mas ao seu lado, de modo que eu pudesse tocar seus lábios. Ela mantinha sua mão em minha nuca e puxava meus cabelos levemente às vezes, enquanto eu ainda estava com a mão em sua cintura.
Minha respiração estava ofegante, eu estava excitado e com isso, minhas mãos foram descendo lentamente por sua coxa. Quando estava percorrendo o caminho de volta, ela se sentou e me soltou, me deixando com cara de paisagem.
- Isso... está... Me desculpa. - sem me explicar, ela se levantou e caminhou em lado oposto, marchando. Só não sei se estava me xingando.
Suspirei enquanto eu estava feito idiota ditado de bunda pro ar na areia. Me levantei me sentindo um estúpido e limpei minha roupa de areia. Quando olhei na direção de onde ela foi, ela havia sumido.

- AÊ! - levantou uma garrafa ao ar quando me viu, com um sorriso que mal cabia no rosto.
- Achei que você ia se vestir de mulher! - disse com voz de mulher e deu um tapa na própria perna em seguida, tentando dar um beijo em depois. Claro, ele tentou escapar.
Eu olhava os três com cara de poucos amigos, sem achar graça alguma do que eles faziam. Ou uma das duas: eu estava muito puto comigo mesmo por ter deixado passar do ponto que eu pretendia, ou pior: por ter deixado o beijo acontecer e agora, ela faz parte de uma aposta. Ou então eu estava anestesiado pelo beijo. Eles faziam gracinhas e eu não prestei atenção em nada, só quando me embalançou freneticamente.
- Que foi? - olhei pra ele lentamente, já que eu fitava a direção em que ela tomou.
- Você, fitando o nada.
- Quero ir embora. - as palavras dele mal absorveram em minha mente e eu respondi distraído. Me soltei de e comecei a andar sem rumo. Ao me afastar senti os olhares deles sobre mim, mas dei de ombros.
Tomei um caminho onde haviam menos pessoas, que por acaso, era o caminho que ela havia feito alguns minutos antes, só que mais afastado da areia.
Quando sai daquela multidão de gente, eu achei que eu tinha me perdido. Acho que caminhei demais. Olhei para os lados e uma daquelas ruas deveria dar na minha casa. Porque não é possível que andando anos por ali, eu não reconheceria onde eu estava. Entrei em uma rua que era a mais clara e eu ainda pensava no beijo, eu ainda estava com ela na mente.
O final da rua estava próximo quando levantei a cabeça pra olhar pra frente, já que antes eu chutava pedrinhas feito emo. Foi quando eu vi um rosto e belas pernas exposta no portão de uma casa. Eu senti, novamente, aquela sensação estranha ao notar que era quem eu menos esperava.
Ela estava sentada ao chão com as pernas esticadas, encostada na parede, fitando o nada. Andei um pouco mais rápido, mas será que ela estava a fim de falar comigo? Eu bem que podia dar meia volta e entrar em outra rua (porque passar por sua frente e não falar com ela seria, no mínimo, infantil), mas já era tarde, ela me notou ali.
Eu dei um sorriso canto de boca, parando ao seu lado. Ela sorriu de lado também e depois voltou a fitar o nada. Suspirei antes de sentar ao seu lado e me posicionar na mesma posição que ela.
O irritante silêncio humilhante pairou no ar, só escutamos o 'cricri' dos grilos. É sério, lá tem grilos.
- Me desculpa, eu não...
- Não fala nada. - ela me cortou, me olhando brevemente. Eu continuei a encará-la, podendo, agora, rever melhor as perfeições de seu rosto.
- Por favor, me explica. - pedi, eu realmente não estava entendendo. - Se quiser que eu suma, eu sumo. Se acha que é melhor assim, eu sumo. - falei sem pensar, é claro.
- Nunca mais repita isso, fui clara? - ela me encarou até eu assentir. - Só achei que estávamos indo rápido demais. - sua voz saiu como um sussurro. - Eu ao menos sei seu sobrenome. – disse como se souber o sobrenome alheio foi a coisa mais normal do mundo.
- , prazer. - sorri um pouco e ela riu baixo.
- , satisfação. - suspendi a sobrancelha. - Prazer é só na cama. - acrescentou, rindo do próprio comentário. Eu pisquei os olhos algumas vezes pra tentar acreditar no que ela dissera. Ela gargalhou me olhando e de repente ela se abraçou, seu riso sumindo vagarosamente. Ela voltou a fitar o nada e abaixou a cabeça, ainda se abraçando.
- Está... com frio?
- Um pouco. - ela sussurrou ainda sem me olhar. - Vamos entrar. - ela se levantou e... espera! Ela falou vamos? Primeira pessoa do plural?
- Ér... eu vou pra casa. - me levantei também e a encarei.
- Se quiser, pode entrar. Eu vou fazer um chocolate quente. - ela sorriu esfregando o braço.
- Então tudo bem. - concordei sorrindo, fazendo com que ela sorrisse também.

Quando entrei na casa, ela era incrivelmente bonita. Nada muito 'cheguei', mas era absolutamente confortante. Os móveis de madeira davam a sensação de estar em um chalé (se não sabe o que é, www.google.com, meu bem). As paredes eram de cores marrom, no tom da madeira do teto, da mesa, da cadeira, da estante...
Tudo perfeitamente organizado e decorado.
- Uau. - sussurrei automaticamente observando cada parede.
- Hum? - ela fechou a porta atrás de nós.
- Sua casa é bem organizada e... linda. - me senti um gay falando isso, mas finge que não falei.
- Ah, - ela soltou uma risada gostosa - obrigada. - me encarou sorrindo. Meu olhar encontrou com o dela, já que eu ainda fitava a casa feito jegue.
- Então... vou fazer o chocolate. - avisou quando notou que nos encarávamos, visivelmente sem graça. Eu sabia que uma hora ela não ia resistir ao gostosão aqui e ia ficar sem graça. Ok, menos.
Eu a segui, observando suas costas... ok um pouco mais abaixo. Sua cozinha era perfeitamente decorada, quase igual a sala.
Eu fiquei no batente da porta enquanto ela pegava algumas coisas no armário, quando alguma coisa que ela tentava puxar, caiu por cima dela, trazendo quase o resto do estoque inteiro. Ela se encolheu e caiu quando sentiu mais coisas vir por cima de si.
Eu corri e fui ajudá-la, tirando toda aquelas coisinhas de cereais, caixa de Nescau e blábláblá de cima dela. Ela coçou a cabeça quando eu a ajudei a levantá-la e sorriu.
- Obrigada. - agradeceu ainda sorrindo, mas nosso rostos estavam tão próximo, que eu podia sentir sua respiração. Ela ainda coçava a cabeça quando eu escorreguei minha mão por seu braço até tocar suas mãos, seu sorriso ia sumindo lentamente. Ela não se afastava, mas também estava séria e eu não sabia se ela queria aquilo (de novo) tanto quanto eu.
Eu queria beijá-la de novo, sentir aquela sensação no estômago que só ela consegue me fazer sentir.
Novamente, eu coloquei uma mecha de cabelo atrás de sua orelha e sorri. Ela abaixou seu braço e sorriu também, levei isso como um sinal verde.
Aproximei meu rosto do dela até tocar nossos lábios e ela fechou os olhos ao sentir minha pele, me fazendo fechar os meus também. Finalmente, senti aquele frio no estômago, coisa que jamais passou pela minha cabeça sentir novamente. Coloquei uma de minhas mãos em sua cintura enquanto nossos narizes se encostavam e ela colocava sua mão em minha nuca, me fazendo novamente arrepiar. Vagarosamente, eu a empurrei até a pia sem desgrudar nossos lábios, passando por cima de todas aquelas caixas que havia no chão, sem nos importarmos. Quando seu corpo encostou-se à pia, ela me puxou pela nuca, fazendo pressão do meu corpo contra o dela. O beijo estava se intensificando e eu sentia sua respiração ofegante a cada segundo. Toquei sua cintura levemente com as duas mãos e a coloquei sentada sobre a pia sem soltar seus lábios, a fazendo rir. Ainda sem cessar o beijo uma vez, sorri e ela ficou bem na ponta da pia, colocando seu cotovelo em meu ombro, enquanto minhas mãos passeavam por sua cintura, variando em suas coxas.
Ela fez mais pressão pra que nossos corpos se encostassem cada vez mais, arranhando levemente minhas costas me fazendo soltar um gemido abafado. Sem nenhum aviso, ela desceu da pia - cortando o beijo - e me encarou com a respiração falha, com um sorriso sapeca nos lábios, me fazendo rir fraco. Ela me puxou pela gola da camisa verde musgo que eu usava. Ela andava de costas me fitando atentamente, enquanto me levava a um cômodo que eu ainda não conhecia. Quando estávamos no corredor, de frente a uma porta branca, ela se aproximou e voltou a colar seus lábios aos meus, soltando a gola da minha camisa e suas mãos voltaram a tomar o caminho de meus cabelos. O beijo estava se intensificando, novamente, e eu a abracei, com as mãos em torno de seu corpo, sem cessar o beijo, claro. Ela arranhou levemente os meus cabelos e os puxava, fazendo um movimento vai e vem lentamente. Ela fez um movimento brusco me fazendo querer soltá-la, mas ela não quis soltar meus lábios e com uma das mãos que soltou meu cabelo, ela abriu a porta e me puxou pra dentro do cômodo, que quando abri os olhos, notei que era seu próprio quarto.
Com muita vontade visível, ela me puxou pela nuca até sua cama espaçosa e se jogou sobre ela, me levando junto. Pude senti-la sorrir enquanto suas mãos percorriam minhas costas, suspendendo minha blusa lentamente. Eu me surpreendi um pouco, que menina rápida!
Cessei o beijo pra tirar logo minha camisa e olhei pra ela que estava ofegante com um sorriso nos lábios. Voltei a beijá-la, ainda por cima dela, e minhas mãos tomaram o caminho da bainha de sua blusa, que suspendi e novamente cortamos o beijo.
- Ual! - eu sorri ao ver seu biquíni vermelho com uns detalhes azuis, lembrando a bandeira da Inglaterra. Ela riu fraco e eu rolei meus olhos do seu biquíni parando no cós de seu short jeans, bem curto por sinal. Olhei pra ela e ela assentiu ainda com um sorriso nos lábios.
Em questão de segundos, ela estava sem short e sem a parte de cima do biquíni. Eu bejei seu pescoço, a fazendo gemer e suspirar em meu ouvido, me deixando mais excitado. Desci meus beijos lentamente até chegar em seus seios, onde beijei enquanto ela fazia cafuné em minha cabeça, gemendo arfamente.
Desci meus beijos pela sua barriga, que contorceu um pouco, e quando cheguei na parte de baixo, novamente, olhei pra ela e ela, novamente, sorriu com a respiração falha.
Tirei a parte de baixo de seu biquíni e senti meu pênis latejar ao abrir suas pernas. Me inclinei até ficar de frente a sua intimidade e ela gritou - bem alto, por sinal - quando toquei minha língua em sua vagina. Ela revirou os olhos quando eu a penetrei com a língua, chupava e sugava sua intimidade. Ela gemia alto e mordia o lábio inferior enquanto eu a masturbava, alternando a velocidade da língua. Quando mais rápido, ela mordia o lábio, quando mais lento, ela gemia alto.
Coloquei um dedo nela e ela gritou de prazer, se contorcendo sobre a cama. Enquanto eu estocava rapidamente meus dedos em sua vagina, eu beijava seus seios, o que a fez gemer mais alto e voltar a fazer cafuné em meus cabelos.
Tirei o dedo dela e a masturbei com as mãos, dando um beijo suave nela, causando suspiros quando toquei em seus lábios. Aumentei a velocidade de meus dedos, fazendo se contorcer mais sobre a cama, me obrigando a cessar o beijo.
Eu a via se contorcer cada vez mais sobre a cama de olhos fechados, gemendo alto e mordendo o lábio, me deixando cada vez mais excitado. Ela agarrou com força o lençol da cama quando eu a senti gozar. Ela me puxou pela nuca, relaxando levemente e me dando um beijo longo.
Ainda com os lábios nos meus, ela se pôs em cima de mim. Ela sentou - cortando o beijo - sobre meu pênis, mesmo por cima de minha bermuda, e rebolou sobre ele. Ela deu um sorriso tarado quando sentiu meu pênis enrijecido.
Sorri também e, sem cerimônias, ela arrancou minhas calças e levou junto minha cueca. Relaxei a cabeça pra trás fechando os olhos e gemendo, ao senti-la tocar meu membro. Ela o abocanhou com o mesmo sorriso tarado e fazia movimentos rápidos. Ou meu pênis é pequeno, ou ela tem a boca grande, porque cara, ela colocava meu membro todo dentro da boca, e isso me deixava mais excitado.
Coloquei a mão na testa, louco de tesão e gemia cada que ela lambia a cabeça de meu pênis. Ela começou a me masturbar com as mãos enquanto me encarava firmemente alargando seu sorriso a cada suspiro que eu dava. Quando avisei que eu ia gozar, ela parou de me masturbar e veio de encontro aos meus lábios. Ela estava deitada ao meu lado com os lábios aos meus, mas sua intimidade não tocava a cama, então eu coloquei a mão em seu órgão e ela gemeu abafado. Eu voltei a mexer meus dedos ali e ela se sentou rapidamente em meu tórax, cortando o beijo em seguida.
Eu fiquei surpreso quando ela mesma enfiou meu pênis em sua intimidade. Ela se inclinou para trás e apoiou as mãos em minhas pernas. Sentindo meu pênis dentro dela, ela fechou os olhos, gemendo alto de prazer. A visão que eu tinha vamos concordar que era a melhor de toda a minha vida.
Ela se inclinou pra frente e alisou meu tórax, enquanto eu estocava com mais velocidade meu pênis em sua vagina. Ela beijava meu peito e lambia os mesmos, me fazendo suspirar e gemer junto a ela.
Quando estávamos prestes a gozar, ela tirou rapidamente meu pênis de dentro dela, mas eu acho que eu já havia gozado. Mas ela não.
Ela sorriu maliciosa e deitou ao meu lado, enquanto eu fechei os olhos sentindo o êxtase que o orgasmo me proporcionava e coloquei uma mão em sua vagina novamente, a masturbando rapidamente. Eu só a ouvia arfar ao meu lado, pois eu ainda estava de olhos fechados. Quando senti que ela gozou, eu diminui a velocidade de meus dedos até pararem totalmente e eu a senti se calar.
Ficamos alguns minutos arfando sobre a cama, sem dizer nada.

three


"I am so happy knowing you are the one that i want for the rest of my days"
Happy - Nevershoutnever!



Um vento frio passou por todo o meu corpo, me fazendo acordar. Abri os olhos e uau, me assustei.
Ela estava deitada de barriga para baixo com a cabeça e as mãos sobre meu peito, respirando lentamente. Estava totalmente nua, assim como eu, mas mesmo dormindo, havia um pequeno sorriso em seus lábios.
Olhei pra janela no norte do quarto e vi a cortina branca voar conforme o vento batia na mesma. Estava pouco claro, parecia que o sol estava nascendo. Delicadamente, porém ágil, tirei a cabeça dela de meu tronco e me levantei da cama, segurando sua cabeça e suas mãos, pra que ela não acordasse.
Me abaixei quando consegui colocá-la deitada e peguei minha boxer que estava ao lado da cama. A vesti observando dormir tranquilamente ainda com o sorriso nos lábios. Sorri com isso, afinal, eu estava feliz.
Só que eu não sabia se ela estava feliz, se ela queria aquilo, se aquilo era proibido. Porque sim, ela tem namorado e ela podia estar comigo apenas pra esquecer o namorado dela por um momento, esfriar a cabeça, como ela mesma me falou.
Mas de alguma forma, eu estava gostando, mesmo sendo o outro e de uma maneira absurda, eu a queria comigo, e não até o fim das férias; eu a queria era pra sempre.
Posso estar sendo um tanto precipitado falando isso, mas acontece que olhando pra ela, ela parece ser a mulher perfeita pra mim.
Sim, estou em pé diante da cama, ainda fitando a menina que conheci não faz 24 horas, dormir, com um sorriso bobo e idiota nos lábios.
Ri baixo comigo mesmo ao notar minha expressão e peguei o lençol sobre o chão, colocando calmamente sobre ela. Ela se encolheu ainda sem acordar e eu dei um beijo em sua testa.

Os caras deviam estar com uma ressaca filha da puta, portanto acordariam tarde. Ou seja, eu não precisava ir pra casa às 6h da manhã, a hora em que acordei.
Fui ao mercado que ficava próximo a casa dela e logo me situei: minha rua não ficava tão longe da dela.
Comprei pães, frios e aqueles blábláblá de café da manhã (e camisinhas) e quando cheguei na casa dela, coloquei tudo na geladeira. Lê-se: enfiei tudo na geladeira.
Dei uma passada no quarto, ela ainda estava dormindo, então aproveitei pra preparar o que eu tinha em mente.

- Ei, acorda! - eu dei um leve beijo na bochecha de , que se encolheu um pouco. - Vamos, acorda! - coloquei uma mecha atrás da orelha dela, a ouvindo resmungar algo incompreensível.
Quando finalmente ela acordou, ela me encarou com os olhos pequeninos.
- ? - ela me olhou, parecia que tinha uma interrogação em sua testa. - O que... - pausou, parece ter se lembrado de alguma coisa. - Ah... - ela deu um sorriso tímido e imediatamente suas bochechas ficaram rosadas.
- Bom dia, flor do dia! - falei animado. Foi gay, eu sei.
Ela sorriu se sentando, deixando cair o lençol. Então ela lembrou de que estava nua.
Ela suspendeu o lençol rapidamente com uma careta, me fazendo rir. Enquanto eu ria, ela passou as mãos pelos cabelos e os prendeu em um coque super mal feito e torto, me fazendo rir mais.
- O que foi? - quis saber enchendo as bochechas feito criança.
- Nada... - eu ainda ria. Ajeitei uma mecha de cabelo que caia do coque e o coloquei pra trás, ela fechou os olhos ao sentir meu toque. - Gosta? - perguntei, meu riso sumindo vagarosamente enquanto minhas mãos percorriam a extensão de seu cabelo. Ela ainda estava de olhos fechados e sua bochecha murchava lentamente.
- Uhum... - ouvi, a vendo se embalançar feito autista enquanto eu, levemente, fazia um 'vai e vem' em seus cabelos. - Estou com fome. - avisou, abrindo os olhos na mesma velocidade de minhas mãos.
- Vem, vamos tomar café. - minhas mãos tomaram o caminho de suas mãos que seguravam o lençol, o fazendo cair um pouco. Ela o segurou e riu baixo.
- Mas , não tenho nada aqui, eu ainda não...
- Eu comprei algumas coisas. - a interrompi com um sorriso. Ela deu aquela risada gostosa e fitou o lençol sobre a cama. - Vamos? - perguntei tentando encontrar seus olhos e soltando suas mãos, só então notei que ela observava minhas mãos sobre a dela.
- Eu... ér, vou trocar de roupa. - falou com a voz mais rouca do que o normal, levantando lentamente seu olhar até o meu.
- Tudo bem. - sorri o máximo que pude e dei um beijo em sua bochecha, saindo do quarto em seguida.

A mesa estava posta: frios, chocolate, cereais, bolinhas de queijo, flores (sim, roubei do vizinho dela)...
Fiquei sentado, esperando ela aparecer. Quando finalmente ela deu as caras, eu babei. Pisquei os olhos algumas vezes, a fim de saber se não era um sonho. Ela usava uma short-saia branco, um pouco transparente, deixando seu biquíni debaixo bem visado. Estava de regata branca, sem nenhum detalhe, mas que, mesmo sem decote, realçava seus seios. O cabelo estava preso, ainda no coque mal feito.
Definitivamente, estava uma gat...
- Ah, que lindo! - exclamou, interrompendo meus pensamentos.
- Ér, han? - eu ainda estava anestesiado pela visão, e aos poucos suspendi meu olhar (que estava em suas belas pernas a mostra, uma coisa bem convidativa) a ela, que sorria bobamente se aproximando da mesa da sala.
- Tá lindo, obrigada, Tom! - ela alargou seu sorriso bobo, olhando cada detalhe da mesa.
- Que isso, gata. - falei sorrindo e ela me olhou. Mordi o lábio, murchando o sorriso ao vir o que eu havia dito. Ela soltou uma risada debochada e puxou a cadeira pra sentar-se onde estava, do lado oposto ao meu. - Senta, hun... aqui. - dei a idéia, um pouco receoso, apontando pra cadeira ao meu lado. Mas ela me olhou rindo e veio em minha direção com um sorriso sapeca nos lábios. Novamente, eu senti aquela sensação que ela me causa e um choque percorreu meu corpo quando ela se aproximou demais. Ela deu um beijo no topo da minha cabeça me fazendo fechar os olhos ao sentir seu perfume bem próximo. Me fitando, ela sentou e sorriu meigamente. Ela se virou pra frente e entortou os lábios, olhando a mesa.
- Huh...
- O que foi? - perguntei sério enquanto ela olhava distraída cada detalhe da mesa.
- Hun? - ela me olhou rapidamente.
- O que foi? - repeti a pergunta, abrindo um sorriso.
- Nada, só não sei o que comer. - ela voltou a fitar a mesa com um sorriso também.
- Coma de tudo, fiz pra você. - falei rindo, estufando o peito. Ela me olhou e riu brevemente. Murchei, a vendo pegar bolinhas de queijo e colocá-las desesperadamente em seu prato. Peguei umas das pétalas que estava em um arranjo qualquer no centro da mesa e coloquei em sua orelha, a fazendo sorrir docemente.

Enquanto comia silenciosamente a bolinha de queijo, ela encarava atentamente a parede, com a mão próximo a boca segurando parte da bolinha que ainda não tinha sido devorada.
Estava pensativa, tão pensativa que me deixou preocupado, de certa forma.
- Posso perguntar, novamente, o que está pensando? - minha voz saiu um pouco mais baixo do que eu pretendia, quase um sussurro.
- Hun, se eu falar que eu estava pensando em você, você acredita? - ela me olhou com as bochechas rosadas, e aquilo me deixou mais feliz do que eu já estava, mas de que forma ela estava pensando?
- Pensando em que... exatamente? - eu sorri. Pouco, mas sorri.
- Em ontem. - ela ficou mais vermelha, me fazendo rir fraco.
- Se arrependeu? - perguntei automaticamente, passando a mão em seus cabelos.
- Não, eu não me arrependi. - ela sussurrou, voltando a encarar a parede da sala, me fazendo cessar o cafuné que eu fazia nela.
- Então...por que está assim? - perguntei, temendo a resposta.
- Porque não consigo parar de pensar em você. - ela voltou a me encarar sem nenhum sorriso visível, me surpreendendo.
- Eu digo o mesmo. - sorri, mas ela não. - Isso te incomoda? - murchei meu sorriso.
- Não, não incomoda. Eu gosto, mas... tem meu namorado, sabe? Eu... não posso deixá-lo. - quando ela disse meu namorado, desejei mais que tudo que ele fosse eu, e ao dizer, seus olhos tomaram um brilho especial, mas não de felicidade, eu acho.
- E por que não? - perguntei o mais suave que pude, me deixando parecer um gay. Ela engoliu a seco antes de responder e suspirou.
- , eu ainda o amo, mas... sei lá, você não sai mais do meu pensamento desde ontem à tarde, quando bati no carro de vocês. - ela riu brevemente. - Eu ainda estou incerta do que eu quero, me entende? - ela entortou o lábio e pude ver um pouco de medo em seus olhos.
- Está tudo bem, eu te entendo. - eu dei um sorriso para tentar confortá-la, quando na verdade, por dentro minhas esperanças de tê-la só pra mim foi sumindo perigosamente.
Virei meu olhar e fitei a caneca larga de chocolate a minha frente, rodando mil perguntas em minha mente. Eu já não estava tão seguro de mim, e nem ela, pelo visto.
Eu senti o olhar dela sobre mim e fiquei um pouco incomodado, então eu a olhei também. Ela tinha um sorriso pequeno, como quem pedia desculpas e como resposta, dei o mesmo sorriso.
Eu já não estava com fome, meu estômago queimava. Meu corpo queria o dela, agora, com mais intensidade. Parece que quando ela disse que pensava em mim, do mesmo modo que penso nela, meu desejo por ela aumentou, mesmo estando inseguro em relação aos pensamentos dela.
Eu virei o chocolate goela abaixo (mesmo sem vontade) ainda sentindo o olhar dela em mim. Me levantei e anunciei que lavaria a louça, e, após ligar o rádio em uma estação qualquer, ela veio atrás, sorrindo.

"How does she know that you really, really, truly, love her?"
That's How You Know - Demi Lovato


Tudo terminado, não havíamos trocado uma palavra. Eu, porque sou covarde e não juntei coragem o suficiente pra falar alguma coisa, e ela, não sei o que se passava pela cabeça dela.
Nos jogamos no sofá juntamente, encostando-nos nas costas do mesmo.
Eu estava quase me acostumado com o modo em que ela me surpreende, dessa vez, passando as mãos próximo a minha orelha, arranhando levemente meus cabelos. Ela fez um vai e vem e eu fechei os olhos, aquela sensação era boa, muito boa. Abri meus olhos quando senti o perfume dela cada vez mais perto e olhei pro lado quando a vi no campo de visão, muito próximo a mim. Ela ainda me fazia cafuné, sentada no sofá me encarando com um sorriso meigo. Eu sorri também e ela puxou minha nuca com uma rapidez incrível, até nossos lábios selarem um beijo. Ela ainda arranhava levemente minha cabeça com uma mão - me fazendo arrepiar, claro -, enquanto a outra, estava imóvel sobre uma de minhas bochechas. Começou a tocar Innocence da Avril Lavigne no rádio que estava um pouco baixo e eu coloquei uma de minhas mãos em sua cintura, a apertando levemente, enquanto sentia os arrepios que o toque dela me causava.
Ela desceu uma de suas mãos e brincou com o cós de minha bermuda, me fazendo rir mesmo sem cortar o beijo. Ela riu também, agora suspendendo suas mãos por baixo de minha blusa, acariciando meu peito. Suas mãos ainda percorriam a extensão de meu cabelo, quando eu a trouxe pra mim pela cintura, a colocando sentada em meu colo sem cessar o beijo. Ficamos alguns minutos no beijo intenso, porque além de estar bom, eu não sabia se ela queria algo mais que isso.
Novamente, ela voltou a brincar com o cós da minha calça. Me assustei quando ela o puxou e colocou a mão dentro da minha boxer, fazendo meu membro pulsar ao sentir suas mãos quentes. Cortei o beijo pra dar um gemido alto e ela me fitou com um sorriso tarado. Rapidamente, ela saiu de cima de mim e puxou, sem aviso prévio, as minhas calças levando a boxer junto. Ela se ajoelhou e me olhou com um olhar malicioso, com meu pênis nas mãos. Quando dei o mesmo sorriso, ela começou um movimento devagar com as mãos, me masturbando com seu olhar ainda sobre mim. Relaxei a cabeça para trás, soltando um gemido alto e rouco quando seus movimentos aceleraram, me deixando louco. Ela foi parando os movimentos ao poucos e eu a olhei, em reprovação. Delicadamente, ela passou a língua pela cabeça do meu pênis ainda com o olhar e o sorriso tarado. Voltei a relaxar a cabeça para trás ao sentir sua boca abocanhar meu membro, me fazendo gemer mais alto.
- Isso, vai...garota...você...me deixa maluco! - consegui terminar entre gemidos, enquanto ela aumentava a velocidade de sua boca em meu pênis. Ela sorriu ainda me masturbando e quando senti meu ventre queimar, ela sentiu meu pré-gozo e tirou meu pênis da boca e começou a masturbá-lo novamente com as mãos. Coloquei uma de minhas mãos sobre o Jr, e o masturbei junto com , até que gozei, a fazendo parar lentamente enquanto eu soltava um gemido de prazer e ela um sorriso vitorioso.
Ouvi algumas notas de 3AM de Busted vir do rádio, e essa música é bem convidativa, digamos assim.
Ela estava em pé, diante de mim, com um sorriso meigo e com um brilho no olhar. Ela me deu prazer mesmo sem eu sentir seu corpo ao meu, como pode?
Eu a puxei pelas mãos e a sentei ao meu lado, dando um beijo calmo e suave. Uma de minhas mãos estava em seu cabelo, enquanto a outra estava estacionada sobre o sofá. Ela estava ajoelhada com as duas mãos sobre o joelho, e sorriu ao sentir minha outra mão desocupada pousar sobre sua cintura. Eu a puxei pelo cabelo calmamente mais pra perto e me levantei, cortando o beijo. Ela me olhou sem entender, enquanto eu a deitava no sofá delicadamente. Sem fazer muita pressão, me coloquei sobre ela, me apoiando nas costas do sofá e na ponta do mesmo. Eu beijei seu pescoço e ela fechou os olhos quando sentiu nossas peles em contato. Subi meus beijos e mordisquei a orelha dela, o que fez a mesma sorrir.
- Eu te amo. - sussurrei em seu ouvido, achei que fosse o momento certo. Ela me olhou assustada, mas com um sorriso largo nos lábios, o que me fez beijá-la com mais intensidade e desejo. Com uma mão, eu ainda me apoiava no sofá e com a outra, eu a desci indo direto a sua intimidade, acariciando a mesma. Mesmo sobre o short-saia de pano fino, ela gemeu abafado enquanto eu a masturbava lentamente. Meus beijos desceram lentamente por seu pescoço, ainda a masturbando, parando ao vir que a blusa atrapalhava. Ela abriu os olhos e eu sorri, colocando as mãos na bainha de sua blusa. Ela embalançou a cabeça afirmamente com um sorriso doce e eu suspendi a blusa dela, alargando o sorriso. Com uma lentidão que estava irritando a ela, eu tirei o nó de seu biquíni e senti meu membro ficar animadinho de novo ao olhar seu par de seios. Suspirei antes de beijá-los e sugá-los, enquanto eu fazia carinho na cintura dela. Ela suspirava alto e gemia mais alto ainda se contorcendo no sofá, enquanto minhas mãos passeavam por suas coxas. Meus beijos percorreram a barriga até chegar à bainha do short-saia, que tirei sem pedir permissão alguma. Sorri ao olhar o biquíni e o tirei rapidamente, ficando excitado de novo. Me inclinei e mordisquei sua coxa, o que fez ela soltar um gritinho histérico, me fazendo rir.
Como eu esperava, ela fechou os olhos e gritou quando sentiu minha língua em sua vagina, a masturbando lentamente de inicio, mas aumentando a velocidade aos poucos. Eu não só chupava, mas sugava a levando a loucura. Não satisfeita, ela colocou uma das mãos em minha nuca, e me forçou a penetrá-la com a língua. Ela me deixou maluco rebolando e se contorcendo de acordo com meus movimentos em sua intimidade. Subi uma de minhas mãos até seus seios e os acariciei, enquanto a outra mão estava ocupada, agora, em colocar um dedo nela, que gemeu arfando ao senti-lo dentro de si.
Eu sorria debilmente malicioso enquanto eu enfiava mais rápido meu dedo em sua vagina, vendo gritar, quase perdendo o fôlego.
Coloquei mais um dedo nela e dei um beijo de leve em sua barriga, subindo vagarosamente até seu pescoço. Eu ainda estocava meus dedos em sua vagina quando acelerei os mesmo e dei mordiscos no pescoço dela, a fazendo morder o lábio inferior. Quando senti que ela ia gozar, tirei meus dedos de lá e a masturbei rapidamente, sorrindo pra ela.
Ela gozou em meus dedos e eu diminui a velocidade dos mesmos, enquanto ela gemia de olhos fechados e arfava, relaxando sobre o sofá.
Levei meus dedos a boca, me sentindo um idiota por isso, querendo sentir o gosto dela. Ela abriu os olhos e sorriu com as bochechas rosadas, fechando as pernas rapidamente. Tirei meus dedos da boca e colei meus lábios nos dela, iniciando um beijo calmo.
- Vamos a praia? - perguntou de repente após cortar o beijo. Eu ri, colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha.
- Vamos. - concordei e ela sorriu.

Ela apareceu na sala com um vestido de praia branco e alguns detalhes de flores como estampa. Seu cabelo preso por um rabo de cavalo frouxo e ela usava uma havaianas branca.
- Come on! - disse animada, com sua bolsa transparente de praia e um guarda-sol.
- Yeah! - me levantei do sofá e dei um sorriso. Ao me aproximar, peguei o guarda-sol de sua mão e coloquei um de meus braços sobre o ombro dela, a abraçando, e dei um beijo no topo de sua cabeça. Ela se encolheu e riu baixo.

- AQUI, ! - ela estava praticamente do outro lado da praia me berrando, pulando, abrindo os braços, enfim, fazendo um escândalo desnecessário.
Fiz sinal de menos pra ela enquanto me aproximava com uma lata de cerveja e outra de refrigerante. Quando me aproximei, ela sorriu e sentou.
Eu havia ido comprar bebidas enquanto ela foi procurar lugar na praia que não estava muito cheia. É claro, eu não entraria na água, porque sim, eu estava de boxer por baixo e mais: suja. A culpa não é minha, ela não me deixou ir pra casa trocar de roupa, mesmo me vendo mancar pela rua.
Coloquei as bebidas enterradas na areia enquanto ela sentou na cadeira (que provavelmente ela alugou por li, mas só pra ela. Eu ficaria na areia.), colocando os óculos escuros. Entreguei um copo a ela e coloquei refrigerante, depois me servi de cerveja.
- Passa bronzeador, meu branquelo. - ela disse, mas eu não sabia ao certo se ela me olhava por causa dos óculos.
- Tá bom, mãe. - falei com voz de criança, me levantando e indo até sua bolsa transparente.

- Vamos entrar? Está calor! - ela se desencostou da cadeira, tirando os óculos e me olhou com um semblante infantil.
- , estou de boxer! - lembrei, falando o mais baixo possível.
- Que que tem? - fechou a cara, como que se entrar no mar de boxer fosse a coisa mais normal do mundo.
- ...
- Ah, vamos Tom! Por favor... - ela juntou as mãos, como se estivesse rezando e me olhou piscando os olhos freneticamente.
- Ah, amor....
- Please! - ela não se incomodou que eu a chamasse de amor, arregalei os olhos.
- Eu passo na sua casa, aí a gente entra, tá? - fiz biquinho.
- Ah, eu não acredito que viemos à praia pra ficar na areia! - ela encostou-se na cadeira, fazendo um bico tentador e cruzou os braços, fitando o mar.
- Eu falei que era pra eu ir pra casa, mas você não deixou! - me defendi, voltando a falar mais baixo. Ela deu uma risada baixa, descruzando os braços e voltando a me encarar.
- Tá, tem razão. - sorriu, parecia pensativa. - Sua casa fica muito longe daqui?
- Não, não fica não. - respondi, parecendo ler os pensamentos dela.
- Então vamos lá! - disse feliz, dando um sorriso forçado e engraçado, me fazendo rir.
- Melhor não. Os caras devem estar com mau humor por causa da ressaca. - eu disse o mais convincente possível.
- Ah... - emburrou a cara de novo.
- Ah, amor, depois eu passo na sua casa e a gente dá uma volta, tá? - perguntei, virando seu rosto levemente com minhas mãos.
- Tá, tá bom. - respondeu ainda emburrada, fazendo biquinho.
- Esse bico é pra quê? - perguntei segurando o riso, soltando seu queixo.
- Tsc ah. - deu de ombros. Aproximei meu rosto ao dela e dei um breve selinho, com um pouco de medo, claro, do que ela pudesse fazer.
Mas ela nada fez, só sorriu quando desgrudei meus lábios dos dela.
- Vai almoçar lá em casa? - perguntou com a voz manhosa.
- Não sei... tenho que ver com os caras se eles vão almoçar fora ou o que ele vão fazer.
- Então você me liga porque ainda tenho que comprar mais coisas se você for comer lá em casa. - disse e eu concordei com a cabeça. - Vamos logo, estou com calor. - acrescentou se levantando. Me levantei também e fechei a barraca com o anúncio do protetor solar como estampa.

Após pagar o cara da cadeira, ela reclamou mais uma vez de calor, e lá fomos nós pro chuveirinho.
Ela tirou o vestido, ficando de biquíni e eu de boca aberta. Seu corpo era mais tentador de biquiní do que sem. Adoro desafios. Ignora.
Enquanto ela tomava uma ducha no chuveirinho, eu estava em um canto tirando a areia de sua bolsa e do guarda-sol, resistindo pra não olhar debilmente pra ela.
Foi quando vi uma menina no meu campo de visão, me encarando. Olhei pra ela assustado, mas a menina era gata!
- Hm, oi. - sorriu, passando a mão pelo cabelo.
- Oi. - respondi simplesmente, não deixando de notar, claro, em suas coxas à mostra.
- Então... - é claro, ela queria puxar assunto com o gostosão aqui. - Posso saber seu nome? - eu ainda encarava as pernas dela.
- Não pode não! - ouvi uma voz rouca e me virei assustado. me abraçou molhada pela cintura e encarou a menina com um sorriso vitorioso. Eu fiquei confuso, mas retribui o abraço. levantou o rosto e colou seus lábios aos meus. Arregalei os olhos e vi a menina nos dar as costas.
- Uau, o que foi isso?! - perguntei sorrindo após desgrudar meus lábios dos dela, ainda abraçado a ela.
- Ciúmes de você. - respondeu sorrindo e me dando um breve selinho. Ela vestiu seu vestido enquanto eu a encarava ainda boquiaberto. - Vamos. - ela pegou na minha mão e me puxou.
- Ei, calma! - falei sendo arrastado junto com a bolsa dela e o guarda-sol, a fazendo olhar pra trás e rir. Ri junto com ela e quando finalmente chegamos ao asfalto, eu olhei pra ela o que fez esta olhar pra mim também. - Eu te amo. - sussurrei baixo, colocando - desajeitamente - o dedo em seu nariz. Ela fez uma careta e sorriu.
- Eu também. - fez voz de criança e alargou o sorriso.

four


"And I can't believe that i'm your man and I get to kiss you baby just because I can"
Everything - Michael Bublé!


- Está entregue, moça! - coloquei no chão, já que eu a carregava, o guarda-sol e a bolsa.
- Obrigada, cavalheiro! - ela disse rindo, fazendo uma reverência feito princesa, segurando a aba do vestido.
- Passo aqui mais tarde. - dei um selinho nela e a entreguei a bolsa em seguida.
- Me liga... pra dizer se vai almoçar ou não. - ela deu um sorriso tímido e colocou a bolsa sobre os ombros.
- Claro, gatinha. - fiz cara de tarado e coloquei um dedo na boca, a fazendo rir.
- Te vejo mais tarde, garanhão. - ela deu um cutucão no meu peito com força.
- Garanhão, não! - passei a mão na região de onde provavelmente estava roxo agora. - Só seu... - eu disse manhoso, dando uma piscadela maliciosa. Ela riu relaxando a cabeça para trás, como fica linda assim. Cara, ignora.
- Então até mais tarde. - disse por fim, controlando o riso e pegando o guarda-sol que ainda estava na minha mão.
- Tchau princesa. - dei outro selinho nela. Eu não podia passar disso, sabe como é... o Jr pode ficar animado e...
Mas ela puxou minha nuca, me forçando a dar um beijo... de verdade, com mais emoção.
- Hum... ... melhor... eu... ir... - falei entre os beijos que ela dava em meus lábios.
- Só mais um pouco, . - disse segurando minha nuca.
- Não... eu vou... querer... ficar... e... eu... não... posso... - ela dava mordiscos em meus lábios.
- E por que não pode? - perguntou desafiadora, me encarando nos olhos com as mãos subindo lentamente pela nuca.
- Não faz isso... - pedi fechando os olhos, me sentindo arrepiar. Eu a ouvi rir e abri os olhos. Ela me encarava com um olhar sapeca e um sorriso sarcástico nos lábios, me fazendo rir fraco.
- Então vai lá... - ela me soltou e se afastou, ainda com o sorriso sarcástico nos lábios.
- Você me provoca e agora me manda ir embora. - fiz bico e cruzei os braços.
- Fala sério, ! - ela riu e se aproximou, dando um beijo no meu biquinho. Quando ela ia se afastar, eu a segurei pela cintura e ela deu um gritinho histérico. - Agora é sério, tenho que fazer a comida, - avisou enquanto eu dava beijos melosos em seu pescoço.
- Tudo bem, te vejo depois. - dei um último beijo e a soltei, colocando as mãos no bolso da bermuda em seguida.
- Beijos, beijos. - ela disse após mandou beijo no ar. Eu tirei as mãos do bolso e fingi pegar o beijo com as mãos, depois juntei as duas mãos e a coloquei no peito, fazendo cara de bobo apaixonado, piscando os olhos freneticamente. Ela riu e deu um tapa no meu braço. - Bobo! - exclamou e me deu as costas ainda rindo.
Quando a vi fechar o portão de casa, eu dei as costas também e caminhei em direção a minha casa, e claro, com ela na mente.

- CARALHO, ATÉ QUE ENFIM! - disse ao me vir entrar e depois colocou as mãos na cabeça. - Porra, como dói! - ele fitou o chão com uma expressão de dor. - Onde você foi, cara?! - voltou a me encarar ainda com as mãos na cabeça. Eu ri fraco, ele estava engraçado daquela maneira.
- Aproveitar a noite... - sorri malicioso me aproximando de .
- Háh, eu sabia! - ele tirou uma das mãos da cabeça e apontou pra mim. Ele ainda estava bêbado? - Quem foi a gata? - perguntou, o que me fez lembrar-se da aposta. Eu tinha me esquecido disso completamente.
- , se liga só em uma coisa... Não tem aquela menina que batemos o carro?
- Sim, o que é tem? - o cara estava realmente engraçado, parecia um robô girando a cabeça com as mãos por cima.
- Então, ela foi a última menina que eu peguei na aposta e...
- Foi pra cama com ela? - me interrompeu arregalando os olhos.
- Ér...hum, fui. - corei, fato. Ele abriu a boca e fechou algumas vezes, tentando dizer algo. - Então... eu te peço, em nome do amor que você tem a mim, que... - fui interrompido por um grito fino acompanhado de um estrondo que vinha da varanda dos fundos, onde tinha a piscina, a churrasqueira e blábláblá.
- O que foi isso?! - nos perguntamos ao mesmo tempo nos entreolhando. Nos levantamos correndo e fomos até lá.
Sério, eu quis me matar quando sai da despensa. e estavam em cima de uma cadeira com uma vassoura na mão, se abraçando boiolamente.
- O que...é isso? - perguntei pausando debilmente. rolou os olhos ainda com as mãos na cabeça.
- UMA BARATA, UMA BARATA! - disse, apontando pro chão. Olhei em direção do final do dedo dele e não vi nada na direção em que o dedo indicava.
- É UM RATO, CARA! - disse, me fazendo olhar pra ele com o cenho franzido.
- Ninguém merece... - deu as costas e eu rolei os olhos, fazendo o mesmo.
- MANHÊÊÊÊ! - ouvi, mas não sabia se era ou , pois a voz saira fina.

- Droga! - murmurei a mim mesmo quando dei falta do meu celular, eu devo ter esquecido na casa dela. Eu espero...
Fui atrás de que, juro, ainda estava com as mãos na cabeça, e pedi o celular dele emprestado. Liguei pro meu número, mas chamou, chamou, chamou. Talvez ela estava insegura ou vir escrito '' no visor e não quis atender.
Tentei de novo. Chamou quatro vezes e ela atendeu, sua voz falhava.
- Amor?!
- Quem é? - perguntou um pouco sem fôlego.
- Tom! - exclamei como se ela tivesse que adivinhar que o nome do meu amigo é .
- Ah, oi amor. Desculpa, não sabia que era você... - se desculpou arrastando a voz.
- O que você tem? - perguntei preocupado.
- Nada...eu só...corri pra atender ao celular. - respondeu simplesmente. - , eu tenho que desl... depois eu... te ligo. - ela conseguiu terminar com sua voz falhando um pouco.
- Tá...tud... - antes mesmo de eu terminar, eu já tinha escutado o 'tututu' do outro lado da linha. Será que aconteceu alguma coisa? Ou ela estava com outro? Não, não podia ser.

Eu precisava ir até lá, eu precisava vê-la. Tudo bem que faz menos de uma hora que eu estava lá, mas eu queria vê-la.
Sai em direção a porta, e berrei, avisando ao que eu sairia.
Ao entrar na rua dela, eu a vi, mesmo de longe, batendo a porta de casa. Caminhei um pouco mais rápido pra tentar alcançá-la, já que ela tomou rumo diferente do que eu pensava que faria.
- Ei, ! - chamei ainda correndo até ela, que se virou assustada.
- Ah, oi - ela disse simplesmente e sorriu.
- Onde a mocinha vai, posso saber? - perguntei a puxando pela cintura, fazendo com que ela colocasse a mão em minha nuca.
- No mercado. - sorriu, fitando meus lábios.
- Hum...e posso conceder a honra de ir com a senhorita? - sussurrei, fitando os lábios dela também.
- Claro. - sorriu mais ainda e eu colei meus lábios ao dela, e ainda sentia aquela sensação, que agora eu estava começando a me acostumar.
Ela cortou o beijo e me encarou rindo.
- Vamos, o mercado vai encher. - ela se soltou e eu escorreguei minhas mãos até sua mão, onde entrelacei, a fazendo sorrir. Sorri também e caminhamos até o mercado. Aliás, caminhávamos até ela ter a idéia de apostar corrida.

Compramos tudo que queríamos, entre cereais matinais e brócolis. É, ela gosta de brócolis.
Eu me arrastava pela rua carregando cinco sacolas pesadas, enquanto ela carregava uma sacola com papel higiênico e papel toalha. Após ela devolver meu celular, guardamos tudo e ela foi terminar de fazer o almoço. Claro, eu fiquei na cozinha com ela.
- Hum, ...eu pretendo terminar esse almoço ainda hoje. - ela disse rindo quando me aproximei por trás e a abracei, colocando a cabeça sobre seu ombro, ignorando o fato de ela estar mexendo alguma coisa em uma panela.
- Ah, amor... - eu dei um beijo no pescoço dela.
- Se eu me queimar, a culpa é sua! - ela ainda ria, enquanto eu a apertava mais forte e cheirava seu cangote.
- Aí eu cuido de você... - sussurrei no ouvido dela, a fazendo rir mais.
- Vai lá pra sala, . Com você aqui eu não consegui prestar atenção em nada. - ela disse me fazendo soltá-la.
- Eu sei que sou foda. - me exibi, estufando o peito, mesmo que ela não pudesse ver.
- E bem humilde... - ela se virou e fez cara de nojo. Eu sorri, dando um selinho nela e indo pra sala.

- Amoooor... - gritei da sala manhoso.
- O QUE É?! - gritou da cozinha.
- Vem cá... eu to carente. - eu disse controlando o riso.
- ! - exclamou e eu me deitei no sofá esperando o almoço ficar pronto.
Eu a ajudei a colocar as coisas na mesa, e após, almoçamos conversando sobre coisas fúteis.
Me deitei no sofá, com as costas apoiada no braço do cômodo, ela se jogou por cima de mim, apoiando a cabeça no meu peito. Ela pegou minha mão que estava 'jogada' pra fora do sofá, e a colocou por cima da barriga dela. Nos acomodamos e dormimos.

- Hum... - ela fez um barulho estranho com a boca se mexendo tanto, que eu acordei. - Tô com fome... - sussurrou. Com muita dificuldade, eu a olhei e ela ainda estava de olhos fechados. Olhei pra janela, já estava quase escurecendo.
- Vamos na pizzaria. - dei a idéia e ela levantou a cabeça pra me olhar.
- Tô com preguiça. - ela voltou a fechar os olhos.
- Ah, amor, vamos. Eu fiquei com fome também. - sussurrei em seu ouvido, falando da forma mais melosa possível.
- Tá, tá bom. - ela levantou e eu me sentei. - Me espera que vou trocar de roupa. - ela ia me dando as costas, mas eu a puxei pelo braço, mesmo estando sentado no sofá.
- Vai assim mesmo, está linda. - sorri e ela riu.
- Claro que não! - ainda ria. - , olha o meu estado! - ela soltou de minhas mãos e apontou pro próprio corpo.
- Vejo nada demais, está linda. - falei com desdém, o que a fez rolar os olhos.
- Meu cabelo está bagunçado, minha blusa amassada, minha...
- Vamos logo, amor. Eu tô com fome. - passei a mão na barriga.
- Me espera só um pouquinho. - ela fez biquinho, juntando o dedo indicador com o dedão.
- Então vai logo! - falei rindo e ela me deu as costas, indo pro quarto.

- Você me surpreende a cada dia, garota. - eu disse babando na roupa dela. Estava simples e linda ao mesmo tempo. Usava uma saia jeans clara, um pouco curta por sinal, uma blusa branca sem decotes, mas estava a mostra o biquíni, e seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo frouxo. Usava sua havaianas branca e só tinha um brilho nos lábios e lápis nos olhos.
- Ah, ... - ela disse corando um pouco, se aproximando com uma bolsa branca.
- É sério, meu amor. Está linda. - disse dando um beijo calmo nela sem seguida. Ela colocou a mão na minha nuca e depois bagunçou meus cabelos, me fazendo rir e cortar o beijo.
- Vamos. - ela pegou na minha mão e saímos em direção a pizzaria que não ficava tão longe, era na beira da praia.

"She's got no limit, she thinks she's so tough, can't walk a straight line, at the end of the night she's rough"
Josey - Hey Monday


Eu já havia ido aquela pizzaria por várias vezes com os caras quando não estávamos a fim de fazer comida, mas aquela pizzaria tinha mudado bastante. As paredes, que antes eram brancas e sem detalhe, agora estavam em um tom vermelho sangue com salmão, deixando o ar bem romântico, digamos assim. Agora, tinha até barman que faziam manobras sinistras com garrafas, havia também uma área pra crianças onde tinha uma TV passando esses filmes infantis que os adultos entendem e riem, mas as próprias crianças não acham graça alguma e vêem o filme feito múmias.
- Aqui, aqui está bom. - ela disse apontando pra uma mesa que ficava encostada na parede, em um lugar um pouco afastado do resto do restaurante, onde, ao invés de cadeiras, eram sofá encostados na parede. Eram aquelas mesas que são grudadas ao chão. Dei espaço pra ela passar, e eu passei em seguida, me sentando bem próximo.
O garçom veio nos atender e nos entregou o cardápio. Passei os olhos rapidamente e esperei que ela escolhesse.
- Hum, quero de calabresa. - ela sorriu feito criança encarando o garçom.
- Eu também... - concordei e ela me olhou, alargando o sorriso. - E uma cerveja. - olhei pro garçom.
- Duas. - olhei pra ela e ela olhou pro garçom sorrindo, eu não sabia que ela bebia.
Ficamos comentando sobre o local até o garçom chegar com as bebidas. Ela bebeu tudo de uma vez só, me fazendo arregalar com os olhos, ainda com meu copo na mão.
- Caraca... - sussurrei pra mim mesmo, e ela chamou o garçom, pedindo outra bebida. - O que você quer com isso? - perguntei suspendendo a sobrancelha.
- Qual é, ? Faz tempo que não bebo... - pude notar um pouco de alteração na voz dela, mas deixei pra lá.
Quando o garçom trouxe as bebidas, ela bebeu, mas um pouco mais devagar. De repente, ela me olhou sorrindo, com uma das mãos segurando o copo. Sorri e me aproximei pra dar um selinho nela, mas ela novamente me surpreendeu e colocou uma mão na minha nuca rapidamente, me impedindo de me afastar. Eu ri com isso e com a mão que estava no copo, ela desceu por baixo da mesa e alisou minha coxa, me fazendo rir mais um pouco sem cortar o beijo. Minhas mãos estavam em sua bochecha quando a respiração dela começou a ficar falha, me fazendo querer cortar o beijo. Mas ela não deixou: me puxou pela nuca novamente.
Ela subiu suas mãos, alisando meu pênis por cima da calça, me fazendo gemer um pouco abafado ao sentir suas mãos quentes. E claro, fiquei animado.
Pude senti-la rir, enquanto ela brincava com o cós da minha calça.
- Menina, não me provoca, que ainda te agarro aqui... - falei cortando o beijo, mas ela me ignorou e voltou a me beijar. Agora, uma das mãos estava arranhando minha nuca e a outra, brincava com o zíper da minha calça. Eu já não estava suportando, e agarrei a coxa dela com força, fazendo morder meu lábio levemente, cortando o beijo. Nos encaramos, e eu ainda estava com a mão em sua coxa, enquanto ela subia e descia discretamente o zíper da minha calça com um sorriso tarado no cara.
Ela deu outro gole na cerveja me encarando com um olhar malicioso e que me fez sorrir malicioso também. Ela se levantou, soltando meu zíper e piscou. Abriu a bolsa e pegou um lápis e uma caneta, escrevendo alguma coisa em seguida.
- Vou ao banheiro. - avisou jogando o papel sobre a mesa. Ela se afastou, indo em direção a um corredor próximo dali.
Relaxei a cabeça para trás, e após, olhei pra baixo, vendo o volume que se formou em minhas pernas. Com curiosidade evidente, eu peguei papel e ela havia escrito: "Já voltamos" exatamente nessa forma. Mas o que ela quis dizer grifando o 'mos'? Suspendi um pouco a cabeça, a fim de encontrá-la com o olhar, mas ela já havia sumido.
Fiquei alguns minutos pensando, e ri comigo mesmo quando caiu a ficha: ela queria que eu fosse ao banheiro atrás dela.
Me levantei, embalançando a cabeça negativamente ainda rindo, e coloquei o papel de modo que o garçom pudesse ver, caso ele aparecesse por lá com as pizzas.
Fui em direção ao tal corredor, onde, no início, havia uma placa escrito "Toaletes" e uma seta apontando pro final do grande corredor. Continuei andando e pude notar que os banheiros eram unissex, só pelo fato de haver várias portas e nenhuma delas estar especificando se era feminino ou masculino.
Dentre as portas, havia uma encostada, com a luz acessa. Sorri tarado e me aproximei. Abri a porta e não vi ninguém. Quando ia fechá-la, ouvi uma voz rouca vir detrás da porta:
- Achei que fosse demorar pra entender. - ela disse rindo. Eu sorri e ela me puxou pela nuca, me dando um beijo demorado e intenso em seguida. Sem cortar o beijo, entramos totalmente no banheiro e eu fechei a porta atrás de mim. Eu a coloquei sentava sobre a pia e minhas mãos tomaram rumo a sua coxa novamente, enquanto ela tinha as duas mãos em minha bochecha, uma de cada lado. Fui subindo minha mão vagarosamente, e como a saia era um pouco curta, facilitou minha chegada em sua vagina, onde acariciei a fazendo soltar um suspiro abafado. Eu fiquei alisando a coxa dela por uns instantes, até ela cortar o beijo e jogar a cabeça para trás, ainda com as mãos em minha bochecha. Apertei a coxa dela com força e eu sorri ao vê-la gemer bem baixo. Rapidamente, ela voltou a me encarar com um sorriso cínico e não demorei muito pra tirá-la de cima da pia e tirar a saia dela, levando a calcinha preta de renda junto.
Coloquei ela de volta na pia e ela voltou a me beijar enquanto minhas mãos foram até a intimidade dela e brincaram com o clitóris lentamente. Ela dava alguns gemidos roucos e abafados, tentando fazer o menos barulho possível. Quando eu estava a ponto de explodir, eu cortei o beijo e me abaixei, fazendo se inclinar para trás e abrir as pernas. Eu coloquei a língua na entrada da vagina e brinquei um pouco por ali, enquanto ela gemia meu nome baixo e se contorcia sobre a pia. Ainda sugando a intimidade dela, eu coloquei uma das minhas mãos por baixo da blusa e percorri um caminho até chegar a seu biquíni, onde eu tive um pouco de dificuldade pra colocar a mão por dentro e acariciar seus seios. Voltei o mesmo caminho percorrido por minha mão e quando cheguei à barriga, eu coloquei um dedo nela, o que a fez gritar, me fazendo olhá-la assustado. Eu ri e comecei a fazer movimentos rápidos, alternando entre brincar com o clitóris, masturbá-la e penetrá-la com o dedo. Coloquei mais um dedo nela e comecei com um movimento devagar, dando um beijo calmo, enquanto estocava meus dedos em sua intimidade. Quando senti que ela ia gozar, aumentei meus movimentos e cortei o beijo, dando mordiscos em seu pescoço. Ela gozou arfando, e fechou os olhos, me fazendo tirar meus dedos de dentro dela, e direcioná-los a boca de . Ela me olhou com um olhar malicioso, mordendo meus dedos e sorriu em seguida, com as bochechas coradas. Rapidamente, ela desceu da pia e se ajoelhou de frente pra mim. Por cima da calça, ela brincou com meu pênis, me fitando atentamente. Relaxei a cabeça para trás e ela abaixou minha calça e minha cueca, acariciando a base do meu pênis. Quando ela abocanhou o Jr, eu olhei pra ela, mordendo o lábio inferior e ela começou com os movimentos bem lentos, ainda me fitando. Sorri maliciosamente arfando, ela riu com meu pênis na boca. Coloquei uma de minhas mãos em sua nuca, forçando-a a começar movimentos rápidos quando eu já não estava mais aguentando. Eu estava ficando louco com ela me chupando daquele jeito.
Não demorou muito, e eu gozei, fazendo com que ela risse enquanto eu jogava a cabeça para trás e ela se levantasse, suspendendo minha calça.
- Você é muito tarada, sabia? - eu disse rindo, enquanto ajeitava meu cinto.
- E você é cúmplice. - ela controlou o sorriso, se olhando no espelho enquanto ajeitava os cabelos. Eu ri do comentário e me aproximei dela, colocando meu queixo sobre seu ombro e dando um leve beijo em sua nuca.
- Eu te amo, garota. - sussurrei e pude vê-la fechar os olhos pela nossa imagem refletida no espelho.
- Te amo, garoto. - ela sussurrou mais baixo que eu e abriu os olhos.
Ela se virou pra me dar um selinho e sorriu, pegando em minhas mãos, saindo do banheiro.

Quando chegamos a mesa, as pizzas estavam lá, com os pratos e os talheres postos sobre eles. Nós rimos enquanto sentávamos, não sabia que tínhamos demorado tanto, ér...no banheiro.
Comemos a pizza falando algumas besteiras, e na boa, ela quem falava mais. Eu não sabia que ela era tão fraca pra bebidas, se não, eu não tinha a deixado beber. De dez palavras que ela falava, nove eram sandices ou palavrões, e isso já estava ficando vergonhoso no final da noite.
Quando eu finalmente tomei vergonha na cara, paguei a conta e a ajudei a levantar, já que ela não conseguia se equilibrar. E olha que ela só bebeu onze copos de cerveja.
- She had to walk with a silicon cock sticking in her ass and one in her cunt... Ela anda com um vibrador de silicone e enfiou no seu c* e outro em sua bu**** - ela cantava Louise de NOFX enquanto eu a carregava no colo pelas ruas. Por um momento longo, eu lamentei por meus ouvidos, é sério. Não que ela cantasse mal, mas além da música não ser das melhores, ela arrastava a voz, e desafinava, acho que propositalmente. - A butterfly vibrator strapped tight to her clit, but who's got the remote control? Um vibrador de borboleta bem apertado em seu clitorís, mas quem pegou o controle remoto?

Eu a coloquei no chão quando estávamos na porta da casa dela e ela resmungou por isso. Suas pernas vacilaram, mas eu a segurei.
Ela se apoiou em meu ombro enquanto eu abria a porta e de repente ela desmaiou.
- Ninguém merece. - sussurrei rindo, e a peguei no colo de novo. Empurrei a porta com o pé e entrei, colocando deitada no sofá em seguida. Por uns minutos, fiquei a observando respirando levemente sobre o sofá. Ri comigo mesmo quando dei conta de que estava fitando a menina enquanto ela estava desmaiada. Me aproximei e dei um beijo na bochecha dela, fazendo cafuné em seus cabelos lentamente.
- Vamos, amor. Acorda. - chamei melosamente, passando a mão por seus olhos, indo parar na orelha, onde mordisquei levemente. - , acorda... - tentei mais uma vez, e ela acordou.
- Uhn, quero dormir... - mas resmungou sem abrir os olhos. Eu sorri e dei outro beijo em sua bochecha, a levando pra cama em seguida. Eu não iria agora. Não essa noite.
five


"It's nice to know that you were there, thanks for acting like you care"
My Happy Ending - Avril Lavigne


Acordei com uma dor básica em meu pescoço, aquela posição já não estava tão confortável como antes. Me levantei do sofá do quarto dela e cocei o traseiro, fazendo um barulho estranho com a boca. Olhei pra cama bagunçada, mas ela não estava lá.
Caminhando lentamente e coçando os olhos freneticamente, fui até a cozinha, onde pude vê-la de costas, mexendo alguma coisa na pia.
Ao sentir que eu me aproximava, ela se virou e me olhou. Parei de andar e arregalei os olhos. Os olhos dela estavam vermelhos, inchados, e seu rosto do mesmo estado. Ela resmungou um 'hunf' e se virou pra pia.
- Por...o que...aconteceu? - quis saber me aproximando. Pude notar que ela mexia uma mistura de açúcar e água em um copo.
- Não grita. - hum, ressaca. - Eu acho... que foi a bebida, não sei. Acordei inchada desse jeito.
- Cara, eu sabia! Se eu soubesse, eu não deixava você beber! Se você sabia que era fraca, por que bebeu, ? - perguntei me exaltando um pouco. Por incrível que pareça, eu estava preocupado com ela. Mas demonstrei da forma errada, ela não entendeu do modo que eu queria.
- JÁ FALEI PRA PARAR DE GRITAR, ! - ela se virou gritando também, o que me fez arregalar os olhos. - Eu não sabia que eu era tão fraca pra bebidas. E outra que já sou grandinha demais pra você me dizer o que eu tenho que fazer ou não. - ele seguiu pra sala com a mão na cabeça e com o copo na mão, me deixando na cozinha com cara de tacho, incrédulo.
Passado alguns minutos pensando, eu fui atrás dela. Ela estava no sofá, passando de canal em canal, bebendo vagarosamente o líquido no copo transparente.
- Então é assim que você retribui? - tentei dizer do modo mais calmo possível.
- O que? - ela me olhou, e por um momento deixou em um canal de música. Continuei a olhá-la, incrédulo, mas ela não falou nada. Apenas voltou seu olhar pra TV e voltou a passar os canais, me fazendo dar as costas e sair em rumo a porta, batendo a mesma atrás de mim.

De certa forma, eu não estava com raiva dela. Só estava chateado pelo modo que ela falou comigo. Às vezes consigo ser emo por tempo indeterminado.
Andei pelas ruas com a respiração pesada, pisando forte a cada passo. Nenhuma mulher me deixou tão sentido dizendo certas coisas, nem com um fora. Realmente, eu estava ficando apaixonado por essa garota. Pena que essa paixão poderia não durar por muito tempo. Eu estava disposto a fazer tudo por ela, pra ficar com ela o tempo que for preciso. Mas só dependia dela, até porque, eu sei, nós sabemos que ela tem namorado e que, mesmo brigado com ele, ele é o namorado dela. Pode ser que ela não sinta essa coisa forte por mim, o tanto que eu sinto por ela. Pode ser que o 'eu te amo' que sai da boca dela, não seja tão verdadeiro quanto o meu. Pode ser que em alguns dias, tudo esteja acabado.
Eu não queria pensar aquilo naquele momento, mas era inevitável, eu só pensava nela. Eu não podia ter deixado ela sozinha do modo em que estava, mas meu orgulho falou tão mais alto que eu, que às vezes não consigo controlá-lo.
Mesmo sabendo que eu podia voltar, e pedir desculpas, dizer que estava tudo bem, eu continuei caminhando em rumo a minha casa, com a cabeça baixa e as mãos no bolso da bermuda, sentindo falta, novamente, do meu celular.

- Que cara é essa? - quis saber assim que entrei em casa, com a cabeça baixa e expressão triste bem evidente.
- Briguei com ela. - respondi baixo, fitando meus pés enquanto caminhava até o sofá.
- Primeira DR! - me zoou, me fazendo olhá-lo com olhar de reprovação. Ele murchou o sorriso. - Foi mal. - abaixou a cabeça e eu também. Me sentei no sofá e fitei o tapete.
- Cara, sério, você tá apaixonado por essa garota? - ouvi a voz de perguntar e eu o procurei com o olhar.
- Demais. - sussurrei e entortei os lábios.
- NOSSO BOFE TÁ CRESCENDO! - ele decidiu me zoar também, bagunçando meus cabelos.
- Pára, é sério. - passei a mão pelos cabelos, de trás para frente, bagunçando-os mais ainda.
- Tudo bem... - ele suspendeu os braços na altura dos ombros e murchou o sorriso lentamente.
- Então... vou pro meu quarto. - me levantei após suspirar e fui pro meu quarto.

Me joguei na cama de barriga para baixo, e todos aqueles pensamentos rondaram minha mente ao sentir o lençol quente e confortante da minha cama.
Tentando a qualquer custo afastar os pensamentos ruins da mente, eu acabei dormindo.

De uma forma estranha, aquele cara me olhava. Seu olhar era de fúria e reprovação, ainda assim, tinha uma pitada de deboche em seu sorriso.
Ele apontava o dedo pra mim, dizendo coisas incompreensíveis. Por mais que eu tentasse entendê-lo, eu não conseguia, nem em linguagem labial. Meu corpo pedia pra que eu dissesse algo, mas meu cérebro não obedecia, minha garganta falhava na tentativa de me defender. Tudo ficou mais escuro, e por trás dele, apareceu ela, . Sua beleza era incomparável e indescritível. Ela tinha uma expressão de medo enquanto se apoiava fortemente nos ombros daquele rapaz que eu ao menos sabia quem era. Ele continuava a me acusar de algo, mas eu a fitava atentamente, podendo notar um pequeno sorriso em meus lábios a cada parte de seu rosto perfeito que eu percorria com o olhar. Ao poucos, o homem foi sumindo, e deixou-se aparecê-la por completo. Mas ela estava estranha, de alguma forma, mas estava. Seus braços estavam largos, seus pés inchados, seus olhos brilhavam. O quadril estava mais largo que o normal e seus cabelos um pouco despenteados. Mas ainda assim, ela tinha aquela beleza que sempre admirei.
Ainda com a expressão de medo, parada diante de mim, eu estendi a mão à ela, com um sorriso nos lábios. Ela fitou minhas mãos, e abriu um sorriso, aquele de nem mostrar os dentes, mas confortante acima de tudo. Ela voltou a me encarar e seu sorriso sumiu lentamente, de acordo com que eu abaixava minhas mãos. Quando ela estava totalmente posicionada ao lado de meu corpo, estendeu a mão, mas de forma discreta, me surpreendendo, como sempre faz, sorrindo do mesmo modo que eu sorri antes. Mas eu não estava entendendo! Eu queria sair dali, eu queria ir com ela, mas os comandos do meu cérebro não me obedeciam novamente. Eu chegava cada vez mais para trás, fazendo com que o sorriso dela sumisse de acordo com os largos passos que eu dava. Quando não havia mais um sorriso belo e perfeito em seu lábio, aí sim eu estendi a mão. Mas ela sumiu, desapareceu.

- NÃO! - acordei assustado, me sentando e passando a mão pelos cabelos rapidamente. Olhei o relógio, marcava 13h. Acho que dormi demais. Enquanto tentava relembrar o pesadelo, ouvi alguém bater na porta. Gritei tão alto assim?
- , está tudo bem aí? - ouvi a voz abafada de , dando leves tapas na porta.
- Tá...tá sim, . - respondi da forma mais calma possível, fitando a porta.
- Então tá. - disse por fim e eu direcionei meu olhar ao meu chinelo, calçando-os. Passei a mão pelo rosto pra tentar afastar o sono, e me levantei.
Rumei até a cozinha, onde , e faziam guerra de comida.
- UUUII, a donzela acordou! A noite foi boa, uhn? Cabelos bagunçados... - disse a última frase fazendo biquinho de forma engraçada, mas não tive mínima vontade de rir. Fui até a geladeira e me servi de água.
- O que houve, ? - perguntou, me fazendo virar para olhá-lo.
- Nada, só um sonho estranho. Não quero falar sobre isso agora. - respondi e voltei a beber o resto da minha água.
- Vai almoçar não? - perguntou quando me viu saindo pela cozinha após pegar as chaves no chaveiro.
- Estou sem fome. - respondi por fim, saindo pela porta da sala.

Nunca estive tão viciado em uma pessoa. Sim, viciado. Meu corpo precisava do dela. Eu precisava beijá-la, sentir seu gosto, ou então... eu me contentaria somente a vendo sorrir, ou talvez sentindo seu perfume.
Meus pés tomaram rumo sozinho até a casa de , com toda a pressa que meu corpo necessitava em vê-la.
Eu bati na porta, pois procurei a campanhia e não achei. Fiquei alguns minutos esperando, meu coração batia tão forte, coisa nova pra mim.
Bati novamente, mas com um pouco mais de força, e, novamente, esperei, colocando as mãos no bolso.
Cansado de esperar, fui até a janela da frente e grudei meu rosto ali, mas a cortina me impedia de ver algo mais que a própria cortina.
Bufei e dei as costas para aquela casa. Será que ela estava dormindo? Ou não estava a fim de me ver?

Então meus pés optaram pela praia. Definitivamente, eu não queria ir pra casa. Eu não estava com humor para as brincadeiras dos outros três.
A praia deveria estar um pouco cheia, mas há um lugar que sempre fica vazio, devido as pedras que há por ali dentro do próprio mar.
Ao me aproximar daquela parte da praia, onde podia ser chamado de 'final', não havia ninguém lá. Aliás, havia. Eu conhecia aquele cabelo, e aquele jeito de pensar olhando o mar, como da primeira vez em que nos beijamos e a escuridão da noite não me deixou ver seus olhos perfeitos. Suspirei com um sorriso me aproximando lentamente dela. Mordi o lábio inferior antes de me sentar ao seu lado, fazendo com que ela me olhasse. Com uma dificuldade estranha, ela piscou os olhos algumas vezes, e, se levantou. Ou melhor: tentou. Eu a segurei pelo braço.
- Por favor, fica. - pedi como um sussurro e ela me pareceu frágil ao tentar se soltar das minhas mãos ainda sentada. - Olha, me desculpa. - comecei fitando o mar, ela também fitava as ondas que se formavam lentamente. - Eu não devia ter me intrometido na sua vida. Eu só estava preocupado com você, mas acho que eu não soube mostrar isso do jeito certo. Mas... eu fiquei chateado do modo que você falou comigo e... - ela me interrompeu, dizendo algo que não consegui compreender. - Como? - a olhei, ela ainda fitava o mar.
- Me desculpa. - repetiu e me olhou. Seus olhos giravam de forma estranha e piscavam também de forma estranha. Às vezes eles demoravam pra se abrir, mas davam o ar da graça.
- Você... tá sentindo alguma coisa? - perguntei sem coragem suficiente de encostá-la.
- Não... eu tô bem. - seus olhos ainda giravam, seu rosto ainda estava inchado e seus olhos menos vermelhos. Ela voltou a fitar o mar.
- Me fala, o que está sentindo?! - de novo eu estava agindo da forma errada. Eu acho.
- Não... não é... não é nada. - ela conseguiu terminar a frase ainda piscando os olhos. Suspirei e a puxei pela nuca até deitar em meu peito. - , eu... eu... - ela dizia num sussurro, mas de repente se calou. A senti amolecer em meu colo, não sustentando mais o próprio corpo. Então a suspendi pelos braços e ela estava de olhos fechados. Eu a sacudi levemente, mas ela não abria mais os olhos.
- Fala comigo, acorda! - eu implorava, enquanto a deitava na areia. - Vamos, por favor, acorda! - eu dava leves tapas em seu rosto, quase deitado sobre ela. - Amor! - tentei novamente e ela virou o rosto e lentamente abriu os olhos. Ela me encarou com os olhos pequeninos e piscou mais uma vez lentamente, me fazendo acreditar que desmaiaria de novo. - Não, por favor, fica acordada! - eu disse segurando seu rosto com as duas mãos.
- Hum, me leva...pra casa? - pediu, ainda piscando os olhos. Por que diabos não conseguia ficar de olhos abertos?
Sorri e a peguei no colo, caminhando até a casa dela enquanto sentia sua respiração lenta bater em meu peito.

- Você quer alguma coisa? - perguntei colocando-a no sofá.
- Não. - sussurrou se acomodando. Me sentei no espaço vago e acariciei seus cabelos.
- Você me perdoa? - sussurrei também, mordendo o lábio inferior, a encarando com receio da resposta.
- Uhum. - ela tentou um sorriso e fechou os olhos, enquanto minhas mãos ainda percorriam a extensão de seus cabelos.
- Você almoçou?
- Não, estou sem fome. - respondeu naturalmente ainda de olhos fechados.
- Então trate de comer! Por isso está fraca desse jeito e... - fui interrompido por uma cena nada legal: ela colocou a cabeça para o lado de fora do sofá e colocou tudo pra fora. Mas não havia nada ali, só água. Arregalei os olhos, um pouco assustado com a situação. Eu não sentia nojo dela, mas nunca imaginei que ela fosse vomitar ao me ouvir falar em comida. - Você está bem? - perguntei. Ela tinha a cabeça pra fora do sofá e eu voltei a fazer cafuné na cabeça dela.
- Ahaam. - ela olhou com cara de nojo e com as bochechas coradas.
- Não se preocupe, vai ficar tudo bem. - sussurrei, bem próximo ao seu ouvido, enquanto ela voltava a se deitar.
Me levantei e fui à cozinha pegar um pano pra limpar ér... aquilo.

"Vamos passar a tarde juntos, ver o sol se pôr. Caminhar meio sem rumo e deixar o que passou."
Fim de tarde - Krashy


Após dar um remédio à ela, eu estava na cozinha pensando em o que fazer pra ela comer. Eu não sabia ao certo o que ela tinha, então não podia dar qualquer coisa pra ela colocar pra dentro. Abri a geladeira e dei uma olhada: avistei o brócolis. Isso, brócolis! Passei a língua nos lábios pegando o saco de brócolis que havíamos comprado no mercado há alguns dias atrás.
Apesar de não saber fazer um brócolis tão apetitoso, eu sabia fazer o básico. Eu via minha mãe fazer em determinadas ocasiões.
Praticando o que eu sabia, ouvi meu próprio celular tocar de algum lugar da casa. Então fui procurá-lo, seguindo o som que ecoava. Até que o achei em cima de uma mesinha de abajur no corredor. Olhei o visor, vi que era uma mensagem.
"Cara, onde tu tá? Na casa da menina da aposta né? ahahaha, tá se dando bem, uhn? Não vem almoçar não?" bufei ao ler e respondi:
"Não fala assim dela. Ela fez parte da aposta, mas não considerei isso. Eu vou almoçar aqui porque ela não está passando bem." enviei, e assim que levantei a cabeça, vi bem próximo a mim coçando os cabelos e me fitando. Sorri, colocando meu celular no bolso e me aproximei.
- Ah, achou o celular, né? Por que você guarda seu endereço e o nome da sua mãe aí? - ela me fez rir com essa pergunta e eu agarrei pela cintura.
- Sabe como é... emergência. - eu ri enquanto respondia. - O que houve? - sussurrei.
- Nada, agora estou com fome. - ela deixou escapar um sorriso canto de boca, colocando os cabelos para trás.
- Hum, vou fazer um almoço gostoso pra você. - avisei, dando um beijo no pescoço dela enquanto ela fazia um coque. - Pensei em Brócolis, o que você acha? - quis saber, fitando seus olhos que agora brilhavam.
- Sério?! - perguntou feliz, com um sorriso bobo nos lábios.
- Sério, amor! - ri da expressão dela, e eu fui obrigado a soltá-la, devido ao ataque 'foquinha' que ela dava agora. - Vai pra sala que eu vou terminar de fazer.
- Tá! - ela sorriu feliz. Seus olhos estavam brilhosos e bem menos vermelhos. Não estava mais tão inchada, parecia visivelmente bem.

- Hum, tá cheiroso! - ouvi comentar quando entrei na sala, colocando os pratos sobre a mesa. Eu a olhei e ela fitava a TV atentamente.
- Tudo pra você, baby! - falei meloso, fazendo biquinho. Ela riu, ainda olhando pra TV. - Anda, vem comer! - falei, aguardando ao lado da mesa que ela se levantasse.
- Aham, tá. - ela se levantou numa calma irritante, e veio pra mesa ainda fitando a TV.
- O que tá passando aí, hein? - eu me inclinei um pouco pra ver o que tinha na TV e vi que estava estacionada em um canal de música enquanto começava Bounce de The Cab. - Uh, The Cab! - sorri, a vendo sorrir enquanto se aproximava da mesa. Ela encostou-se a mim, colocando suas mãos em minha nuca, me fazendo arrepiar, e de certa forma, ficar um pouco tonto.
- The lips that slip are the lips that press, and the lips that leak seem to know you best...Os lábios que escorregam são os lábios que pressionam. E os lábios que escorrem parecem te conhecer melhor. - ela começou a cantar em um sussurro, embalançando o corpo lentamente de acordo com a música, enquanto eu fitava seus lábios.
- I put bodies into motion, keep this skin out in the open. Liars turn me on...Eu coloco corpos em movimento, mantenho essa pele exposta ao ar livre. Mentirosos me excitam. - sussurrei em seu ouvido dançando junto com ela, mordiscando sua orelha em seguida.
- Bed spread bandit since '89. You wear your heart on your sleeve, and threw mine to the sky. - continuou, me dando um beijo estalado na bochecha, me fazendo fechar os olhos ao sentir seu toque.
- Bounce Bounce baby, Bounce back to me. Volte volte baby, volte de volta para mim. - cantei de olhos fechados.
- You don't need this... Você não precisa disso.- pude ouvi-la sussurrar em meu ouvido, me fazendo sorrir.
- Bounce Bounce baby, Bounce back to me. Volte volte baby, volte de volta para mim. - continuei de olhos fechados.
- You don't need this... Você não precisa disso. - continuou sussurrando, me fazendo jogar a cabeça para trás.
- This is it, call it quits with honesty... É isso, diga que terminou com honestidade. - cantei ainda com a cabeça relaxada para trás.
- You don't need this... Você não precisa disso.
- Every word is a curse let loose on me. Your mouth it moves but fails to speak. And when you use your lips they better be on me! Toda palavra é uma maldição jogada em mim. Sua boca se mexe, mas falha ao falar. E quando você usar seus lábios, é melhor que eles estejam em mim! - olhei pra ela e desmovimentei meu corpo, colando nossos lábios. Pude senti-la rir, enquanto minha língua pedia passagem. Ela arranhou minha nuca levemente, enquanto eu alisava sua cintura. - Garota, você me enlouquece. - sussurrei ainda de olhos fechados, sentindo a unha dela ainda arranhar minha nuca. Ouvi rir e voltar a juntar nos lábios.
- Vamos, estou com fome. - ela falou em um tom baixo, me soltando. Ela ria enquanto caminhava até a mesa, segurando minhas mãos.

- Tô cheio! - disse e arrotei.
- Seu porco! - ela disse rindo, largando o garfo e dando um leve tapa no meu braço.
- Foi mal. - falei, tomando o último gole de refrigerante que tinha no copo. Ela riu mais um pouco, terminando de comer. - Vamos à praia? - perguntei e ela me olhou séria.
- Tô com soninho... - falou feito criança me fazendo rir.
- Tudo bem, então. Vai descansar. - dei um sorriso e ela sorriu fraco.
- Eu ainda não conheço sua casa. - disse de repente, antes de colocar uma garfada na boca.
- É melhor não conhecer... - falei com desdém, rindo fraco.
- Por que não? Você, por acaso, é um vampiro que mora em um cemitério e não tem moradia?
- Sim, sou um vampiro e vou morder o seu pescoço. - falei me aproximando, já que ela estava ao meu lado, e dei uma mordida de leve no seu pescoço, fazendo soltar um gritinho histérico. Ela ria enquanto eu me afastava e brincava com o arranjo da mesa.
- É sério, me leva pra conhecer sua casa. Depois a gente vai à praia, que tal? - perguntou dando um sorriso forçado e engraçado.
- Com esse sorriso lindo, é impossível recusar. - eu disse controlando minha vontade de rir e ela deu um tapa no meu braço.
- Bobo! - ela voltou seu olhar pro prato.
- Feia. - falei com voz infantil e voltei meu olhar pro arranjo.
- Idiota.
- Tribufu.
- Imbecíl.
- Bujão de gás. - ela me olhou séria. Será que falei o que não devia? Eu estava brincando, ow.
- Ok, você venceu. - voltou a olhar pro prato e eu ri fraco.
- Eu te amo, amor. - eu disse dando um beijo estalado na bochecha dela, a fazendo se encolher.
- Eu também, . - sussurrou, voltando a comer. - Vamos primeiro na praia, depois vamos à sua casa. - ela me olhou mastigando lentamente.
- O que fez a senhorita mudar de idéia? - perguntei feito galã, fazendo ela rir fraco.
- Tá calor aqui...
- Sei que sou gostoso e...
- Já te falei o quanto você é humilde? - ela riu, enquanto eu murchava meu sorriso.
- Run, não me importo mesmo. - empinei o nariz e fitei a mesa. - Ahh...! - fingi estar chorando feito aquelas paty's de filme inglês.
- Ow, coisa linda, desculpa. - ela passou as mãos pelos meus cabelos, e mesmo brincando, essa menina conseguia causar arrepios em mim.
- Mesmo? - fiz bico, voltando meu olhar a ela.
- Mesmo! - ela arregalou os olhos sorrindo, como se estivesse realmente lidando com uma criança. Ela deu um beijo no meu bico e após, se levantou.

- O que você está fazendo com essa roupa? Você não está pensando em entrar na água não, né?! - me levantei do sofá ao vê-la com aquele vestido branco, bolsa transparente e óculos.
- Tô, por que? - levantou a sobrancelha.
- , você desmaiou! Eu não sei o que você tem e você vai entrar no mar, criatura? Não mesmo! Não vou deixar. Vá trocar de roupa! - achei que ela fosse dar as costas pra mim e sair bufando, ou reclamar, no mínimo. Mas ela sorriu fraco.
- Obrigado por se preocupar. - sussurrou, e aí sim deu as costas, rumando para o quarto.

- Agora sim. Está linda! - me levantei e fui até ela que usava um short jeans uns dois palmos acima do joelho, uma blusa roxa de manga curta e seu inseparável óculos escuros.
- Obrigada. - suas bochechas coraram e eu as apertei, embalançando-as. Ela fez cara de tédio.
- Vamos. - eu a puxei pelas mãos, andando de costas até a porta após rir.
Andamos pelas ruas comentando sobre as casas e falando algumas sandices impublicáveis. Era tão bom estar com ela... ela, me deixou um cara muito gay, na boa. Cadê meu machismo?

- ASSIM...NÃO VALE! - ela gritou quando chegou à areia se aproximando de mim, ofegando. Ela colocou as duas mãos no joelho e fitou a areia, estava com a respiração pesada.
- Admita! Perdeu! - dei língua quando ela me olhou com cara de poucos amigos. Ela me deu dedo do meio e depois voltou a fitar a areia.
- Tudo bem... - começou, se colocando de pé. - Vamos apostar de novo. Mas não vale puxar minha blusa como você fez e nem falar coisas pra me fazer parar de correr. - ela cruzou os braços no final de fez bico.
- Tudo bem... JÁ! - comecei a correr pela areia ignorando todos os olhares sobre nós. Acho que ela veio atrás. Sim, ela veio. Vi que ela corria na mesma velocidade quando olhei pro lado. - OLHA O COCÔ DE CACHORRO! - berrei apontando para areia ainda correndo.
- AAAH! - ela soltou um gritinho histérico e parou de correr, me fazendo rir feito maníaco. - NÃO VALEU, ! - eu a ouvi berrar de novo, me fazendo parar de correr e me virar para olhá-la ainda rindo.
- Amor... - fui me aproximando dela que tentava recuperar o ar, com as mãos na cintura e a alça da blusa caindo de forma sexy por seu ombro. Fui murchando meu sorriso a medida que me aproximava. - Você não sabe perder. - eu sussurrei, e ri em seguida. Ela me deu um tapa no braço e deu língua.
- Sem graça. - ela ajeitou a alça da blusa e depois cruzou os braços.
- Hum... - mordi o lábio inferior, colocando minhas mãos em sua cintura.
- Não faz essa cara... - pediu fechando os olhos.
- Por quê? - suspendi a sobrancelha.
- Eu não resisto. - sussurrou e eu a puxei mim. Aproximei meus lábios do pescoço dela e o mordisquei, fazendo gemer baixo no meu ouvido. Comecei a dar beijos naquela região enquanto ela suspirava alto. De repente, ela colou seus lábios aos meus, me assustando de início. Me entreguei àquele beijo, entrelaçando minhas mãos em suas costas, acima da cintura, enquanto ela bagunçava meus cabelos.
- Hum... - cortei o beijo mordendo levemente o lábio dela. - Vamos andar pela praia. - eu disse enquanto encarava seus lábios que agora estavam vermelhos.
- Vamos. - ela desceu suas mãos até chegar nas minhas mãos, onde entrelaçou seus dedos.

Andávamos em silêncio, um sentindo a presença do outro, e, sentindo também, a sensação que o frio da água do mar nos causava ao tocar nossos pés.
O sol, que estava ficando cada vez mais fraco deixando o 'ar' de cor laranja, batia em nossos rostos, assim como o vento cortava nossa pele. apertou minha mão com força, me fazendo olhá-la. Ela fitava atentamente um ponto, o qual olhei e vi que o sol se pondo, uma das coisas mais lindas que já vi na vida. Paramos de andar e subimos um pouco, nos afastando do mar. Eu me sentei e a puxei pelas mãos pra sentar em meu colo. Ela sentou e colocou a bolsa sobre as próprias pernas. Quando ela encostou sua cabeça em meu pescoço, próximo ao meu rosto, eu sussurrei:
- Captivated by the way you look tonight the light is dancing in your eyes, your sweet eyes. Times like these we'll never forget, staying out to watch the sunset I'm glad I shared this with you. You set me free, showed me how good my life could be. How did you happen to me? Yeah aww... - cantarolei No Worries, e quando terminei, ela me olhou com uma dificuldade evidente.
- Lindo! Você quem compôs?
- Sim. Só estava esperando o momento certo pra cantar e pra pessoa certa. - sorri fraco, sentindo minhas bochechas corar. Ela sorriu e voltou a posição em que estava antes.

six


"Will you always find an escape, just running away from all of the ones who love you"
When It Rains - Paramore



É sério, nunca torci tanto pra que meus amigos não estivessem em casa. Eu me esqueci totalmente de falar com o sobre a aposta. Da última vez, o gritinho histérico e gay do me interrompeu e eu não consegui dizer.
Tentei de todas as formas dar um perdido na e deixar pra ir na minha casa outro dia.
Mas agora já era tarde, já estávamos diante do portão da minha casa, torcendo pra que, principalmente o , não esteja em casa.
- AAh, que lindo, aqui! - ela disse quando estávamos na varanda. Sinceramente, não tinha nada demais. Apenas uma rede próxima da janela ao lado da porta marrom.
- Ah, que isso, amor. - eu disse a levando pela mão até a porta principal.
- É lindo sim! - me virei pra ela e ela fez bico cruzando os braços.
- Ok, é lindo. - eu dei um beijo no bico dela e me virei novamente pra abrir a porta.
- AH MEODEOSO, QUE COISA LINDA! - ela disse visivelmente maravilhada com, pelo menos, a sala. Aparentemente, os caras não estavam em casa.
- Ah, fala sério. - fiz um gesto gay com as mãos. Ela riu, ainda olhando cada detalhe da sala branca com azul escuro como detalhe.
- Lindo aqui... - ela deu uma volta de 360 graus em torno de si enquanto eu ria fraco da cara de boba dela.
- Não quer conhecer outro lugar da casa não? - perguntei brincando com um sorriso malicioso. Ela me olhou e riu.
- A cozinha? - perguntou enquanto eu me aproximava lentamente.
- Não... - sussurrei ainda sorrindo, a puxando pela cintura.
- Hum...o banheiro?
- Não... - comecei a dar mordiscos em seu pescoço.
- Então...eu não sei... - ela disse entre um suspiro ao me sentir mordiscar sua orelha.
- Saberá daqui a pouco. - sussurrei antes de dar-lhe um beijo suave, entrelaçando minhas mãos em suas costas.

Em questão de segundos, estávamos dentro do meu quarto, já excitado.
- Uau. - sussurrou admirando as paredes bege do meu quarto.
- Você vai mesmo fitar meu quarto ao invés de me beijar? - perguntei sobre ela, que estava deitada sobre minha cama.
- Me desculpa, cavalheiro. - disse antes de me puxar pela nuca.
Como sempre faz pra me provocar, ela colocou uma das mãos na minha nuca, me arranhando levemente, enquanto a outra, já brincava com o zíper da minha bermuda de praia. Entre suspiros, eu pousei uma de minhas mãos em sua perna e subi vagarosamente até alcançar seu short. Sem cortar o beijo, eu o desabotoei com uma dificuldade evidente e o joguei no chão do cômodo.
Ela me deu um leve empurrão, me fazendo cortar o beijo. Olhei pra ela sem entender.
- Ouviu isso? - perguntou assustada olhando pra porta.
- O que, amor? - olhei pra porta também. Ouve-se um barulho estrondoso e a risada mais estrondosa ainda do .
- Seus amigos? - pude sentir o olhar dela sobre mim e eu me virei pra ela.
- Érm, sim... - me levantei rapidamente da cama e fui até a porta.
- Ow, quero falar com eles! - ela disse quando me viu passando a chave na maçaneta.
- Acredite, não vai ser uma boa idéia. - olhei pra ela receoso.
- Por que? O que você está escondendo, ? - perguntou sussurrando, mas com raiva na voz.
- , por favor... depois eu te explico. - falei me aproximando da cama. E ela saltou de lá me fazendo parar onde estava.
- Tá com vergonha de mim, ? É isso? - ela continuava a sussurrar. Ou ela estava me provocando, ou não sei mais. Porque acho que ela sabia o grau da 'complicação' caso eles entrassem no quarto nesse momento, já que ela ainda sussurrava.
E não foi exatamente o que aconteceu.
- ? Está aí? - ouvimos a voz de ao mesmo tempo em que a maçaneta embalançava freneticamente. Eu já não sabia se respondia ou não.
- Ér, tô. Tô sim, . - decidi arriscar, olhando atentamente a maçaneta da porta que parou por um instante.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, não aconteceu nada. Me deixa sozinho, por favor. - pedi, torcendo pra que ele esteja de bom humor.
- Tudo bem. Estamos na piscina, qualquer coisa...
- Tá bom. - falei por fim e voltei a fitar , que me olhava com os braços cruzados, como quem pede explicações. - Por favor, não me olha assim. - me aproximei dela lentamente. - Olha, não é nada do que você está pensando, acon...
- Eu não estou pensando em nada, . - me interrompeu, dizendo firme com o olhar atentamente sobre mim. Suspirei.
- Tudo bem, vamos lá. Vou te apresentar a eles. - falei, e claro, não pensei antes. Disse como impulso, talvez fosse a única forma de ela desistir. A forma mais perigosa, mas eu tentei. Aliás, nem sei porquê evitar o encontro deles com ela, mas algo me dizia que não daria boa coisa.
- Não, deixa pra lá. Se não quer, esqueça. - ela fez alguns gestos suaves. Como ela consegue ser doce, mesmo com raiva nos olhos? - Por onde eu saio?
- Me espera, eu vou com você. - falei mordendo o lábio. Não era pra provocá-la, eu só tinha medo que ela dissesse 'não'.
- Não, fica aí. - eu ri por dentro, de certa forma, mordi o lábio 'à toa'.
- Por favor, me deixa ir com você. - pedi do jeito mais simples que o momento permitiu.
- Não, ... - ela sussurrou, ainda com o olhar sobre mim.
- Por quê? - me aproximei dela.
- Porque não. Quero um tempo pra mim, pode ser?
- Então... você quer dar um tempo? - mais do que eu nunca, eu estava com medo da resposta. Ela suspirou e me olhou nos olhos.
- É.
- Por causa disso? - apontei pra porta. - Se quiser, eu os chamo aqui, não tem problema. Eu só tenho medo da reação deles, me entenda, por favor. Eu não vou conseguir ficar por muito tempo longe de você. Eu estou... viciado em você. - apesar da velocidade que as palavras saiam, eu estava sendo o mais sincero possível, e tentando ser convincente.
- ... - ela colocou a mão na minha nuca e sorriu. - Eu te amo... mas... - ela fez silêncio.
- Me ama mesmo? Não é da boca pra fora?
- Não. - sussurrou embalançando a cabeça negativamente. - Eu te amo mesmo, demais. Mas acontece que eu preciso pensar. Está acontecendo tudo tão rápido, que eu não sei mais o que vai ser de mim quando essas férias acabar.
- Você pode ir comigo pra Londres. - sorri, e porque mesmo eu não penso antes de falar?
- ... tem o... tem o Brandon. - bufei com isso e ainda com as mãos na minha nuca, ela mordeu o lábio. A raiva em seus olhos se transformou em medo e esperança, mas ainda brilhavam. - Somos noivos, eu tenho muitas coisas pra resolver. - ah, então era isso.
- Tudo bem, eu te entendo. Mas promete... promete que não vai me abandonar? - me sinto tão infantil dizendo isso, mas eu não queria perdê-la.
- Uhum. - ela embalançou a cabeça afirmamente e soltou minha nuca. - E então, por onde eu posso sair sem ser notada?
- Você não vai me deixar te levar em casa, pelo menos? - a puxei pela cintura, clássico.
- Não. - disse firmemente, me fazendo soltá-la. Ela tinha tanta certeza na voz, ela não ficava nem um pouco derretida como normalmente ficam e, ignora.
- Então... tudo bem. - encarei os chinelos dela, e ainda pude ver o volume dentre minhas pernas. Ouvi a risada dela bem baixa.
- Você quer mesmo me ver trancada aqui? Por onde eu saio, ? - perguntou de novo, rindo fraco.
- Ah sim, desculpe. Espera aqui. - falei indo em direção a porta.
Sai do quarto e fui verificar se os caras estavam mesmo na piscina. E sim, estavam;
- Vem. - puxei , que estava fitando as paredes do quarto, pela mão e a levei até a saída.

- Se resolveu com ela? - ouvi a voz de assim que voltei e rumei pra piscina.
- Ela quer dar um tempo. - falei na desanimação evidente, me sentando na cadeira próxima a ele.
- Uh, isso não é bom sinal. - , que estava do outro lado da mesa junto com , disse e eu o olhei, já que antes eu fitava meus próprios chinelos.
- Obrigado por lembrar. - falei com um pouco de deboche na voz e depois voltei a fitar meus chinelos.
- Vamos fazer alguma coisa pra distrair, então. - deu a idéia e eu levantei a cabeça sorrindo. Não era má idéia, só assim eu a 'esquecia' por um momento.
- Vamos escrever, que tal? Nunca mais escrevemos nada pra banda juntos. - falou alargando o sorriso.
- Certo. , pega o violão. Tô com uma estrofe na cabeça... - eu disse olhando pro céu, que estava ficando cada vez mais escuro. se levantou rapidamente, e, enquanto ele não voltava, eu pensava em como eu me sentia naquele momento. Eu podia fazer uma música pra ela, somente pra ela.
Mas eu nem ao menos sabia como começar, as únicas coisas que passavam em minha cabeça eram tê-la de volta e como eu me sentia...idiota, parecia que era um dia tedioso longe dela, parecia que não teria diversão pro resto do dia. Parecia uma segunda-feira, parecia que ia começar uma semana chata e melancólica.
- Everyday feels like a monday there is. No escaping from the heartache. - é, eu não podia pensar em ficar longe dela, me dava...esquece. - Now I gotta put it back together. 'Cause it's always better late then never... - continuei cantando, tentando manter o rosto dela na mente, olhando a lua começando a aparecer no fundo azul do céu. - Wishin' I could be in California, I wanna tell ya when I call ya, I could've fallen in love, I wish I'd fallen in love.
- UAU! - ouvi a voz de e ele se aproximou com um violão na mão. - Demais! - ele colocou o violão sobre a mesa e bateu palmas, e então notei que e me encaravam com os olhos arregalados.
- Mas... tenho que mudar alguma coisa... - realmente, estava estranho, mas eu não sabia ao certo o que mudar.
- Bom, acho que... podia juntar a entrada de cada verso. Tipo: 'Everyday feels like a monday there is, no escaping from the heartache now I, gotta put it back together 'cause it's, always better late then never wishin', I could be in California, I wanna tell ya when I call ya, I could've fallen in love, I wish I'd fallen in love.' Entendeu? - perguntou pegando o violão e o posicionando sobre o colo enquanto eu pensava como ele grava rápido as coisas. Tão rápido que chega a me assustar.
- Ficou bom! - admiti, tentando decorar o que ele disse. Ele começou a dedilhar algumas notas no violão e depois saiu algo bem legal pro início da música. Quando terminou essa parte, ele continuou a tocar e as palavras pareciam que saiam de minha boca instântaneamente: - Out of our minds and out of time, wishin' I could be with you and to share the view... we could've fallen in love, Woah-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh, woah-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh...
- De onde você tirou esse 'woah-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh', dude? - interrompeu com a sobrancelha suspensa.
- Não sei, veio na mente. - falei rindo fraco. - Por que? Ficou feio?
- Não! Ficou ótimo! Continua... - pediu cruzando os braços, me fazendo rir mais um pouco.
- Waking up to people talking and it's, getting later every morning now I, realise it's nearly midday and I've, wasted half my life, to throw it away, saying, everyday should be a new day, to make you smile and find a new way, of falling in love,Yeah falling in love. - continuou, ele ainda dedilhava no violão.
- Tá apaixonado também, ? - foi a vez de nos interromper, colocando a mão no peito feito bicha indignada.
- Não amor, eu sou todo seu! - disse e piscou. Eles iniciaram uma discussão que eu não estava nem um pouco interessado, enquanto eu pensava em como seria minha primeira noite sem saber o que ela pensa sobre mim. A insegurança estava vindo à tona, agora, mais do que antes. Mas eu precisava confiar em mim, eu precisava confiar nela, eu precisava confiar em nós. Eu precisava dela, eu precisava senti-la por perto, eu precisava saber porquê eu me sentia idiota pensando nela e falando nela. Mas... era inevitável não pensar e não falar nela. Eu estava sim me apaixonando, isso era tão perigoso quanto deixá-la. De alguma forma inexplicável meu corpo pedia o dela, eu não podia ficar tanto tempo longe. - Sick of waiting, I can't take it gotta tell ya... - sussurrei pra mim mesmo. Eu precisava dizer pra ela o quanto ela é importante pra minha sobrevivência, é sério. - I can't take another night on my own, so I take a breath and then I pick up the phone she said...
- Quê? - agora foi a vez de interrompeu meus pensamentos, eu estava brisando.
- Vê se fica bom: eu falo uma parte e você entra com outra. Você fala 'I can't take another night on my own, so I take a breath and then I pick up the phone she said...' - falei enquanto ele embalançava a cabeça, tentando manter na mente o que acabei de dizer.
- Sick of waiting, I can't take it gotta tell ya...
- I can't take another night on my own, so I take a breath and then I pick up the phone she said... - entercalou enquanto eu repetia a frase.

Após alguns ajustes nessa música, eu senti fome e fui à cozinha, na esperança de encontrar algo pra comer. Mas parece que os caras esqueceram-se de repor a despensa enquanto eu estava fora. Enquanto eu batia a porta dos armários da cozinha à procura de algo nutriente pra comer, ouvi a voz de .
- Foi pra ela? - quis saber, enquanto eu me virava pra ele.
- A música? - perguntei e ele embalançou a cabeça afirmamente. - É, foi. - admiti, levando meu olhar ao chão, sem coragem de olhá-lo. Ele podia, sei lá, me zoar por isso. Mas não. Ele colocou uma das mãos em meu ombro, me fazendo suspender o olhar.
- Boa sorte. - pelo que eu saiba, nunca foi de ir com a cara das garotas que eu ficava, e, realmente eu não estava entendendo aquela atitude.
- Valeu, mas... sem querer ser uma mal agradecido... O que te leva a dizer isso? - suspendi a sobrancelha, um pouco confuso, o que levou a tirar a mão de meu ombro e rir fraco.
- , eu te conheço perfeitamente e você tem andado tão idiota nos últimos dias que é de desconfiar que você esteja realmente apaixonado por essa garota. - valeu, é meu melhor amigo. Pra sempre, se me permite dizer.
- Ah...eu... - não devo negar que ele esteja errado, mas ele não precisava ser tão direto.
- Não diga nada, . - disse antes de me dar as costas.
- ... - eu o chamei como um sussurro, ele se virou e me encarou com um sorriso torto. - Por favor... não... não conta pra ela, que ela fez parte de uma... de uma aposta, por favor! - eu implorei com certo medo do que ele pudesse fazer.
- Tudo bem, . Não contarei... Ela será nossa 'garota da aposta', só entre a gente. - ele piscou dando um tapinha em meu ombro. Eu ri fraco, e voltei a fitar o chão.
Quando vi os passos de se distanciar cada vez mais, eu voltei pro armário pra tentar encontrar comida.
Procurei, mas só o que encontrei foi pães que já deviam ter passado da validade de tão duros e queijos que tinham mofos. Eu sempre digo pra não deixar o queijo sem tapar dentro da geladeira, mas é incrível como ninguém me escuta. Eles acham legal passar fome, mas eu não! Eu preciso me alimentar, perco minhas forças durante a noite.
A única coisa que achei, foi cereais, e ainda assim no fim. Como caras desse tamanho tem a coragem de deixar 10 pedacinhos de cereais dentro da caixa?
Tá vendo só? Sem ela por perto, o que me resta é falar merdas como essa. Eu precisava me distrair, e os únicos que podiam me proporcionar isso eram meus amigos.
Coloquei os poucos e bons pedaços de cereais e coloquei dentro da tigela transparente que havia dentro do armário e ainda jorrei um pouco de leite pra parecer que tinha mais. Fui pra sala saboreando e me deparei com os caras largados um em cada canto da sala assistindo a um humorístico qualquer que eu não consegui reconhecer. A falta de animação estava evidente naquele ambiente, eles encaravam a TV feitos zumbis.
Me sentei rindo fraco da cena em que eu tinha: , que estava de frente pra televisão sentado no sofá, fitava algo que eu tenho certeza que não era a TV; deitado ao chão, com a mão lá naquele lugar, embalançando as pernas freneticamente. Preferi não imaginar o que ele estava pensando. E deitado no sofá que ficava próximo à TV, mas de lado pra mesma. Ele batucava um ritmo descompassado na perna que estava suspensa apoiada nas costas do sofá, enquanto a outra mão batucava a barriga.
Me sentei ao lado de com a tigelinha na mão e encarei a TV, tentando entender o que se passava na mesma.
- É sempre assim quando eu tô aqui? – porque, realmente, toda vez em que eu estava em casa era esse tédio filho da puta.
- Não. Só estamos cansados...
- Ah, a noite foi boa, uh? - eu ri um pouco, colocando uma colherada do cereal na boca e vendo me dá dedo.
- Boa só pro , né? - resmungou sem desviar os olhos da TV.
- UUUH, qual o nome da gata? - perguntei, mas o cara nem se moveu. - ? - eu o cutuquei o cotovelo.
- Hum? - ele me olhou vagarosamente.
- Ih, tá vidrado na menina, né? - falei, voltando a comer meu cereal.
- Não... só estava pensando. Vamos dar uma volta... - ele se levantou e rumou pro quarto. Arregalei meus olhos e olhei lentamente pra que deu de ombro e ainda batucava a mão na perna.
- Vão se arrumar não? - perguntei, raspando a tigela.
- Não... E pára com isso que esse barulho irrita.
- Tsc ah... - ignorei e me levantei pra deixar a tigela na pia.
Indo pro meu quarto, senti uma vontade imensa de ligar pra ela, só pra ouvir sua voz. Coloquei as mãos no bolso, eu tiraria o identificador de chamadas e ela não saberia que era eu. Mas... cadê meu celular? Shit, esqueci na casa dela de novo! Isso já estava virando costume. Não importa mais. Amanhã é outro dia e, com certeza, eu a veria.
Vesti uma bermuda de praia e uma camiseta qualquer e fui pra sala.
- Ai, que nojo! Vocês vão com essa roupa mesmo? A roupa que vocês passaram o dia fazendo não sei-o-quê? – falei indignado, quando na verdade, eu sabia que eles não mudariam de roupa nem tomariam banho mesmo que eu pagasse.
- Vamos... - eu não sabia se o estava respondendo a minha pergunta ou se ele estava dizendo pra irmos logo. Que seja. Ele levantou do sofá assim que apareceu na sala com cara de nada e se levantou tapando seu sexo.
- O que aconteceu aí, hein? - perguntei com curiosidade evidente. Mas eu não queria saber que a resposta era exatamente o que eu estava pensando.
- Na...
- Levou um chute ontem de uma garota. - o interrompeu, falando com um desdém que me fez rir enquanto saímos de casa.
- Você me paga, ! - ele resmungou vindo atrás.

"It's been way too long for the times we missed, I can't believe it still hurts like this"
The Old I Get - Skillet



Chegamos em uma festa que rolava um pouco mais longe de nossa casa, portanto fomos de carro. Pessoas dançando, quase gozando, se beijando, enfim, se divertindo.
Mas por incrível que pareça, ainda não estava tão cheio. Nos sentamos próximo ao bar onde era, também, próximo a entrada da tal festa.
pediu quatro cervejas e foram postas rapidamente em nossa mesa.

23h.
Entre conversas cada vez mais idiotas, vinha uma cerveja. Até que certo ponto, eu notei que eu estava praticamente sozinho na mesa com a vista embaçada.
Pois sim, estava ao meu lado autistando enquanto os outros já tinham se arranjado com umas meninas que realmente eram gostosas.
Enquanto eu colocava um gole da cerveja em minha boca, duas meninas se sentaram nos lugares onde estavam e . A que sentou ao lado de era loira e a outra, uau, no estado em que eu estava, eu jurava que era . Eu estava tão tonto, tão embriagado, que eu pisquei os olhos várias vezes pra me certificar se era ela ou não. Eu não tive tempo de me concentrar ao certo, pois ela se aproximou de mim com um olhar sexy e com os lábios tão tentadores, que eu precisei me controlar pra não beijá-la ali mesmo. Eu fitei a boca dela, enquanto ela se aproximava ainda mais, ainda sentada na cadeira próxima a mim.
- Então... não quer ir pra um lugar mais afastado daqui? - eu podia jurar que era ela. Ou então, eu só tinha ela na mente que qualquer pessoa que se aproximasse de mim do mesmo modo sexy que ela, eu acharia que era ela em meu estado não normal, como eu estava naquele momento.
- Tudo... bem. - me levantei, mesmo sem a certeza de ser a . Eu poderia perguntar, mas soaria a coisa mais idiota do mundo.
Ela deu um sorriso malicioso, e, falando aqui, agora, estou consciente de tudo. Mas não sou daqueles que bebem e esquecem o que acontece, e me lembro perfeitamente que minhas pernas vacilaram várias vezes enquanto eu caminhava lado a lado pra parede que separava a festa da entrada da festa.
Com uma velocidade que me surpreendeu, ela me puxou pelo braço e me jogou na parede com uma força incrível. E fitei seus lábios enquanto ela dançava da forma mais sexy que você pode imaginar a música que tocava, que era Jersey de Mayday Parade. Sim, uma música que não tinha nada a ver com o local, mas isso pouco me importava. Ela colocou as duas mãos na parede e me encarou, abrindo um sorriso sapeca, o qual pensei conhecer perfeitamente.
- Você é muito gato, sabia? - ela disse enquanto se aproximava cada vez mais.
- Eu... - tentei dizer algo, mas fui interrompido por um beijo. Suas mãos estavam fora de controle, percorrendo a extensão de meu tronco enquanto a outra segurava minha nuca. Meus suspiros estavam ficando cada vez mais altos, mas eram abafados pela música alta que ainda tocava. Minha mão, que antes estava imóvel, tomou rumou de seu cabelo próximo a orelha, segurando os dois lados de sua cabeça, a puxando pra mim.
Suas mãos escorregaram para minhas pernas e após subiram, brincando lentamente com o cós da minha calça, me provocando mais. Entre o beijo, pude senti-la rir enquanto ela continuava a brincar com cós da calça e a outra mão percorria meu peitoral por baixo da blusa.
Eu estava sim excitado, mas não da forma que eu deveria estar. Tinha algo estranho, algo errado, algo que não era pra estar ali.
Ela cortou o beijo e me olhou com um olhar malicioso, o qual, novamente, pensei em conhecer. Eu não podia afirmar nada naquele momento e eu queria acreditar que aquela era ela, eu queria acreditar que eu a tinha de volta e pra sempre. Eu queria, de uma vez por todas, acreditar que ela estava ali comigo, certa do que estava fazendo e certa de que me amaria do jeito que eu a amo pro resto da vida.
Mas todas as minhas certezas foram perdidas ao olhar por cima do ombro da menina que beijei e enfim, notar que ela não era quem eu queria que estivesse ali. A garota que eu queria estava a me olhar na entrada da festa. Sim, agora eu tinha certeza que era ela. Seus olhos brilhavam da forma mais inconfundível vista por mim ou por qualquer outro ser humano. Meu sorriso, que antes eu dava, murchou vagarosamente ao vê-la em pé me fitando com cara de incrédula. Como um impulso interno, eu larguei a menina que mal sabia o nome, na esperança de ser , e fui até a outra menina que era a garota que jamais pensei em magoar daquela forma. A cada passo preciso e forte que eu dava, ela ia chegando cada vez mais pra trás. Quando eu estava próximo demais, ela me deu as costas e correu pra saída daquele lugar. Eu corri atrás dela, mas meus passos não dariam conta de chegar mais próximo, então eu corri mais rápido, não é possível que ela corra mais rápido que eu.
Quando eu estava ao seu lado, eu a puxei pelo braço e ela me olhou, com os olhos mais vermelhos do que quando eu a encontrei pela primeira vez. Eu a magoei mais dessa vez?
- , por favor...
- Me solta, ! - ela pediu entre os dentes, mas sem mover um músculo de seu corpo.
- Me escuta, por favor...
- Eu não quero. - falou firmemente, tentando lutar contra as lágrimas que caiam insistentemente e incessavelmente de seus olhos.
- Por favor...olha, ela.... - tentei mesmo assim, mas ela se soltou com um gesto bruto e voltou a caminhar rápido, totalmente sem destino. - , você precisa me ouvir! Ela não significou nada pra mim! É você quem eu amo, e acho que você sabe disso! - tentei dizer andando na mesma velocidade dos passos dela.
- CALA A BOCA, ! - ela parou de repente e se virou pra mim. - EU NÃO QUERO TE OUVIR, ACHO QUE SUA APOSTA JÁ ACABOU! - como ela ficou sabendo disso? ... Eu não acredito nisso! Ela respirou fundo antes de continuar. - O que valia essa aposta, hein? - perguntou, mas eu não tive coragem de respondê-la. - Me responde! - falou um pouco mais alto.
- Eu... essa aposta não...não foi...
- Me esquece! - gaguejar não me ajudou em nada. Ela me deu as costas e voltou a andar rápido. Eu desisti. Sim, desisti. Eu não podia correr atrás dela, acho que agora ela não me merece.
Passei a mão pelo rosto e pude sentir as lágrimas (talvez de ódio e nojo de mim) escorrendo. Coloquei as mãos no bolso e senti que eu estava com a chave do carro, e, cambaleando, dei a volta e fui em direção ao carro, chorando como jamais chorei.
Liguei o carro e segui pelo caminho que eu achava mais curto pra sair daquela multidão de gente.
Andando lentamente com o carro, coisa que eu não deveria fazer (pois sim, eu estava bêbado), a estrada estava escura, mas eu pude ver andar lentamente pela calçada da estreita rua quase vazia. Como não pensei nisso antes? Aquele era o único caminho pra voltar pra casa.
Me assustei. De repente ela se ajoelhou no chão de forma bruta e colocou a cabeça nas mãos. Acelerei o carro até pará-lo totalmente ao seu lado, me sentindo um estúpido por deixá-la daquele jeito.
Suspirei antes de qualquer coisa, e desci do carro ainda com esperanças. É, alguns minutos atrás eu disse que desisti, mas eu acho que eu não conseguiria continuar daqui pra frente sem antes saber se ela me perdoa pelo que eu fiz.
Bati a porta do carro lentamente e me aproximei delicadamente até seu lado, onde pude escutá-la chorar baixinho.
Mordi o lábio inferior e toquei seu ombro. Lentamente, ela me olhou e se levantou rapidamente quando se deu conta que era eu.
- Me escuta, eu te peço. - tentei novamente enquanto ela me encarava assustada.
- Eu já te disse pra me esquecer! E já falei que não quero te ouvir! É tão difícil assim fazer o que EU quero? - ela não gritou, mas sua voz saiu em desespero e raiva entre os dentes.
- Te esquecer seria a coisa mais difícil pra mim fazer. - falei da forma mais suave, encarando seus olhos que ainda tinham lágrimas.
- Pena. Você vai ter de superar isso, se for tão difícil assim pra você. - disse com desdém, e quase que me esqueço que ela costuma ficar sarcástica quando está com raiva. Suspirei fechando os olhos. Mas quando abri, ela estava de costas pra mim, marchando pro outro lado.
- Espera! - fui até ela. - Entra no carro. - falei, praticamente em vão. - ENTRA NO CARRO! - talvez só assim ela me obedecesse.
- Por que eu deveria? - se fosse outra qualquer, aquele tom de voz sarcástico já teria me irritado.
- Eu não vou te deixar ir pra casa a pé sozinha.
- Eu vim sozinha, eu posso voltar sozi...- ela foi interrompida por algo que eu não sabia ao certo o que era. Seus olhos tomaram rumo ao chão e suas mãos tomaram rumo do cabelo, os puxando fortemente.
- O que você tem? - perguntei tentando encontrar seu olhar. Ela não respondeu, só continuava a puxar os fios de cabelo pra trás. - Vamos, entra no carro. - eu a puxei pela cintura e cambaleando junto com ela, eu a levei pro carro.
- Não, . Eu... eu tô bem. - ela sussurrou, quando tentei colocá-la pela cintura pra dentro do carro.
- Problema. Não vou te deixar ir pra casa assim. - finalmente eu a coloquei pra dentro do carro. Antes que ela pudesse descer, eu dei a volta e entrei no carro.
De início, não trocamos uma palavra. Ela fitava a rua pela janela, soluçando baixinho. Senti um frio na barriga quando eu ouvi aquela voz rouca.
- Eu...eu acho que... eu... - começou, me fazendo olhá-la brevemente, sem me distrair da estrada.
- Fala. - sussurrei, já que ela fez silêncio.
- Não, esquece. - e voltou a fitar a janela.
- Me fala. Eu te amo e tu...
- PÁRA DE FALAR QUE ME AMA! É MENTIRA, E MENTIRAS ME IRRITAM! - berrou, me fazendo olhá-la, mas assustado. Ela encarava e instantaneamente e assustadoramente as lágrimas voltaram a correr por seu rosto. Ela colocou a mão sobre parte do nariz e sobre a boca e seu choro era evidente agora.
- Não, não fica assim, . Ela não significou nada pra mim, e... - eu juro que eu ia dizer que eu a amava, mas não seria uma boa idéia. Suspirei. - E quanto a aposta... sim, foi uma aposta, você fez parte dela, mas acredite, eu não considerei isso. E... como você sabe? - mordi o lábio quando percebi a merda que perguntei.
- Não interessa como eu soube! - falou firmemente e fez silêncio. Eu já não tinha mais nada a dizer pra me defender. Eu precisava deixar ela se acalmar.
Nos poucos minutos que restavam pra chegar em casa, fomos só escutando o barulho que o vento proporcionava misturados ao soluços dela. Isso me machucava cada vez mais, ainda mais sabendo que era eu o motivo.
Quando estávamos em frente a sua casa, ela desceu rapidamente do carro e disse um 'obrigado' de má vontade e entrou em casa.
Fiquei por alguns minutos fitando o portão daquela casa, pensando no que aconteceu. Eu não podia acreditar que eu fiz isso, eu não podia ter feito isso com ela. Parecia que estava faltando uma parte de mim agora, mas eu ainda convenceria que eu não sou nada sem ela, que e nasceram pra ficar juntos.

Sabe o que é passar a noite inteira acordado?
De jeito algum, eu não conseguia fechar os olhos, o sono me abandonou. Eu sentia um frio na barriga só de pensar nela, só de pensar que ela podia, agora, estar chorando, mais do que eu chorava nesse momento.
Eu olhava de cinco em cinco minutos o relógio, na esperança de o tempo passar rápido e amanhecer logo, pra que eu pudesse falar com ela o quanto antes e esclarecer tudo que aconteceu.
Quando finalmente minhas preces foram atendidas, o sol estava nascendo, eu me levantei. Eu prepararia um café para os caras pro tempo passar mais rápido. Me levantei e me assustei com o barulho da campanhia. Quem seria a essa hora? Receando que fosse ela, me apressei em abrir a porta mesmo só de boxer e meia, mas só pude ver um carro dobrar rapidamente na esquina. Tão rápido que não consegui ver nem a placa do carro. Quando eu ia fechar a porta, achando que era um louco que havia feito essa brincadeira de mau gosto, pude ver sobre o tapete um envelope e meu celular.
Só então notei que era ela a dona do carro.
Peguei meu celular, que por algum motivo estava acesso, e futuquei, até que vi três mensagens não lidas.
"Cara aonde você tá?"
", eu quero ir embora!"
"Já sei, está se pegando com a 'garota da aposta', né? E por isso esquece dos amigos! Eu não acredito que vou ter de voltar pra casa andando!"
Eu não podia acreditar que eu fui tão burro assim. Levantei a cabeça e olhei pro céu, torcendo pra que isso fosse um sonho. Futuquei mais um pouco e lembrei-me das mensagens anteriores que o havia mandado.
Soquei o ar, com raiva de tudo: da viagem, da aposta, do , e até de mim. Menos dela. Eu não conseguia ter raiva dela, nem que eu quisesse.
Voltei meu olhar pra frente e lembrei que havia um envelope na minha mão.
Abri.

",
Eu não deveria nem estar escrevendo esta carta pra você, mas acontece que se eu guardar só pra mim o que eu sinto agora, na certa, eu enlouqueceria. Você foi o cara mais estúpido e carinhoso que já conheci na vida. Mas você não está sozinho na questão 'estupidez', eu também fui estúpida por ter me apaixonado por você. No início, eu não sabia ao certo o que eu sentia, nem nunca tomei a coragem suficiente de falar todos os sentimentos que eu sentia a cada segundo com você. E quando você estava longe, parecia que esse sentimento era mais forte. Mas nunca tive tanta certeza desse sentimento, só tenho agora que estou longe de você pra sempre. Só agora eu vejo o quão importante você foi pra mim, só agora vejo o quão idiota eu fui por ter me apaixonado por você, o quão carente eu fui por ter deixado acontecer. Você me deixou sem esperança alguma de continuar minha vida daqui pra frente, se tratando de vida amorosa. Eu duvido muito que você esteja sofrendo mais que eu, e é mais idiota ainda da minha parte eu estar me humilhando por uma carta. É, não sou tão forte pra dizer 'adeus' frente a frente, principalmente pra uma pessoa que vou guardar na memória pra sempre. Eu tenho medo, eu tenho muito medo de desistir, e no momento isso não é melhor coisa a se fazer. Se eu ficasse, eu estaria me iludindo e definitivamente, eu não acredito mais em nenhum dos 'eu te amo' que você falou pra mim até hoje. Mas os que saiu da minha boca, pode ter toda a certeza do mundo que foi de coração. Acho que você foi o único cara que foi capaz de me fazer feliz mesmo eu estando em um dos meus piores momento da minha vida. Bem que eu podia voltar, bem que eu podia ficar com você pra sempre, até porquê, só de pensar que tenho que voltar pra casa e enfrentar meu noivo, que agora já não amo mais, vai ser uma das coisas mais difíceis. Mas acontece que eu não consigo mais acreditar em você.
Tenho que te agradecer por ser carinhoso, compreensivo, demonstrar que se importava, mas nada disso vale mais agora.
E ainda assim, esses foram os melhores dias.
E sem dúvida, eu consegui um refúgio.
Eu te amo,
.
"

Fim




"Nesse conto de farsas o final pode não ser tão feliz assim, um caminho pra escolher ela sabe que pode se arrepender."


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Nota da Autora: (20/10/2009) Seeeei que metade das autoras querem me matar agora,
mas eu nunca disse que essa fic tinha final feliz, tanto é que teve uma menina que comentou comigo que tinha medo de se decepcionar com o final por causa do nome, coisa que eu sempre reflito antes de ler a fic U_U HASUAHSIDUHAS'
MAAAAAS... tudo tem uma explicação lógica e essa fic não vai passar longe disso (?)
Passei O DIA INTEIRO ignorando os telefonemas das minhas tias querendo saber se melhorei da Tensão Pós McFLY (que se resume em gripe) pra terminar de escrever, e espero que tenham gostado, mesmo a fic tendo 6 capítulo, ahaha
Nem vem reclamar que já vi nas att's fics sendo finalizadas com 3 capítulos, eu juro.
E mesmo assim, acho que essa fic ficou bem grandinha, Q
Sejam felizes e não tenham insônias como eu tive lendo 4ever ,q
beijoos gigantes xx


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