Dance Until Tomorrow
Escrita por: Juh
Betada por: Vanessa


Eu sempre achei que dançar fosse minha vida e, de fato, é... Ou, pelo menos, era até pouco tempo atrás, quando ELE apareceu. ELE mudou minha vida e meu modo de vê-la. É a ELE que eu devo agradecer ao pensar na pessoa que sou hoje, pois ELE possibilitou-me ser assim.
Ok, está na hora de eu parar de filosofar e explicar para vocês o que aconteceu, já que não devem estar entendendo nada. Meu nome é , e eu sou dançarina. Eu e minhas duas melhores amigas, e , nascemos em meio à dança. Dançamos todos os tipos de dança, apesar de nossos favoritos serem dança do ventre e tango. E é na dança que nossa história começa.
- Vamos, meninas, andem logo com isso! Vocês conseguem! – gritava a professora Aurora, com um toar de motivação em cada palavra que dizia. – Se vocês sonham em dançar nos palcos estadunidenses, acho melhor se esforçarem mais! Dança é 10% talento, 20% vontade e 70% esforço!
Era sempre assim: enquanto dançávamos, Aurora gritava as mesmas frases, intercaladas com os nomes dos passos que devíamos executar. E ela nos conhecia muito bem: qualquer uma de nós que estava ali tinha um mesmo objetivo: apresentarmo-nos nos grandes palcos estadunidenses, como grandes dançarinas fizeram anteriormente. Ser convidada para dançar neles era a maior honra que uma dançarina poderia ter. E só tínhamos uma chance para isso, motivo pelo qual Aurora se esforçava tanto em nos treinar.
- Bom, meninas, vocês ainda podem melhorar bastante, mas por hoje já chega. O cansaço não ajuda em nada para o bom desempenho de vocês. Continuamos amanhã. E lembrem-se: na próxima semana temos uma apresentação em Caxias Do Sul, no RS.
- E como esqueceríamos? – Respondeu , animada. – A serra gaúcha tem as vistas mais deslumbrantes do país. Na verdade, para ser honesta, o que mais me empolga não é a apresentação, mas sim o tour que faremos pela região. Não esqueçam as câmeras fotográficas.
Todos riram. Era de praxe para ficar animada com viagens. Era sempre a mesma coisa: um milhão de fotos e um carinha bonito. Ela tinha muita sorte nas viagens.
Saímos, nós três, em direção ao café próximo à escola de dança. Éramos, como todos diziam, inseparáveis. Sempre que alguma precisava de ajuda ou tinha algo sobre o qual conversar, o grupinho se reunia imediatamente. Não havia ninguém no mundo que eu confiasse mais do que elas.
- Poxa, a professora Aurora abusou hoje, hein? Eu estou toda dolorida, tá difícil até de caminhar! Mas eu sei que ela só fez isso por que quer que nos saiamos bem na apresentação, que, aliás, é uma das mais importantes de nossa vida. – dizia , com seu tão famoso ar compreensível.
- Meu Deus, eu estou tão ansiosa! Essa viagem vai ser TU-DO! Imagina nós, naquelas paisagens maravilhosas, os imensos morros cobertos de vegetação, os rios entrecortando-os, as vistas panorâmicas mais maravilhosas do Brasil... Nossa, vocês não fazem ideia! Para que praia, se podemos ver coisas muito mais belas no sul? Aliás, fiquei sabendo que vamos visitar um local em Nova Pádua chamado Belvedere, que tem uma vista panorâmica das montanhas que margeiam o Rio das Antas e um restaurante todo de vidro, pra podermos apreciar a vista enquanto comemos! O que mais se pode pedir?
- Primeiro: , eu concordo. Realmente, a Aurora só quer nosso bem. E segundo: caramba, , eu amo você, mas será que dá pra você parar de tagarelar? Todo mundo sabe que o sul do país é lindo e tal, mas não precisa ficar tão falante por isso, ok?
- Tá, sua chata, vou ocupar minha boca com o cappuccino da cafeteria.
- Obrigadinha, .
Caminhamos até a cafeteria, onde pedimos um cappuccino. Para a viagem. Depois seguimos para a casa de , para assistir aos três primeiros Piratas do Caribe comendo pipoca e tomando guaraná.

- ACORDA, ACORDA, ACORDA, ACORDA, ACORDA! – ouvi gritos e senti alguém pulando na minha cama. – ACORDA, AMIGA, ANDA! É HOJE, É HOJE, É HOJE.
Reconheci a voz: . Só podia ser, né...
- Ah, já acordei. – eu disse, esfregando os olhos. – Por que eu convidei você pra dormir aqui em casa mesmo?
- Por que seu pai vai nos levar até o aeroporto? E, aliás, nem reclama, porque podia ser pior. Ela me acordou me jogando um copo d’água! – dizia , pingando, do outro lado do meu quarto.
- A culpa é sua, por não acordar com meus gritos. – Disse , mostrando a língua. – Além disso, tenta não molhar o tapete da , porque senão ela te mata.
- Querem parar de se alfinetar e irem se arrumar? Lembrem que vocês duas são muito lerdas e o avião não vai esperar por nós.
Em 45 minutos estávamos dentro do avião, rumo ao sul do país.

Por favor, coloquem seus cintos e mantenham suas poltronas na posição vertical para o pouso do avião. Em poucos momentos estaremos aterrissando no aeroporto de Porto Alegre.

Era a voz da aeromoça, seguida por um gritinho animado de . Essa garota é afetada, só pode.
- Acalme-se, , ainda temos que pegar um ônibus até Caxias Do Sul, esqueceu-se?
- Não me chame de , ! Sabe que eu não gosto disso. E sim, eu sei sobre o ônibus, e é por isso que estou animada: poderemos avistar a paisagem do sul.
- Você tem sérios problemas, . Agora dá pra vocês ficarem quietas, por favor? Cada vez que abrem suas bocas é para discutir. Isso tira nossa concentração, percebem?
- A rabugenta aí está certa, . – completou. – Temos que nos concentrar para a apresentação que será... Vejamos... SÓ DAQUI A TRÊS DIAS! , você tem que se acalmar, mulher! Poxa, não é como se essa apresentação fosse mudar sua vida.
- Exato! A apresentação mais importante, aquela que pode nos levar aos palcos estadunidenses, é só daqui a dois meses! Para que tanta neura, amiga?
- Olha, meninas, desculpa. Vocês me acordaram cedo...
- A te acordou cedo. – interrompeu.
- Exatamente. A me acordou cedo e eu fiquei de mau-humor.
- Percebemos. – disseram as duas juntas.

- WOW, ESSE HOTEL É INCRÍVEL!
- , qual é, já ficamos em hotéis melhores do que esse. O Blue Three Towers é bem simplesinho, aliás.
- Eu sei, mas nenhum outro hotel era no sul do Brasil.
- PARA DE SER OBCECADA, GAROTA! – gritou.
- Tá, parei.
- Garotas, vocês já provaram chimarrão? Nossa, é muito bom! – eu disse, fazendo a cuia roncar quando estava vazia e enchendo-a novamente com água quente. – Eu podia facilmente me viciar nisso aqui. Será que alguém me ensina a fazer?
- Então, meninas... – interrompeu-nos Aurora. – Vocês ficarão em trios nos quartos. Serão ocupados por nós, assim, dez quartos. Alguma dúvida?
Nós três nos olhamos.
- Professora Aurora, nós iremos escolher nosso trio?
- Não, eu os denominarei de acordo com o que achar melhor. Isso evita que vocês percam o foco.
- Mas, professora...
- Nada de “mas”, meninas! Mas, antes de separar os trios, quero avisar que houve mudanças de planos: a apresentação será em três dias, porém, vocês só poderão fazer o passeio turístico após a apresentação, por isso esses dias que a procedem serão de ensaio. Já conversei com o gerente do hotel e ele disponibilizou-nos o espaço para que ocorram os ensaios. Agora sim, , e Kate, aqui a chave do quarto de vocês.
- A Kate? – dissemos nós duas. – Sério mesmo? Não pode ser outra pessoa? A ? – Cara, todo mundo ODEIA a Kate.
- A Kate fica com vocês e pronto.
- Mas, professora, eu não quero ficar com essas duas aí! – eu juro que não suporto a voz dessa garota. For the Love of God, alguém pode comprar pra ela uma passagem só de ida para o Taiti?
- Já disse que nada de “mas”! Vocês vão ficar juntas, sim, e espero que não haja problemas.
Eu peguei a chave e subi correndo, puxando o braço de . Com sorte, conseguiria trancar Kate do lado de fora do mesmo.

Mais tarde, apareceu no quarto. Estava toda animada e, na verdade, a animada sempre me dá medo.
- Meninas, vocês não vão acreditar, mas eu vi um garoto que era A CARA do Jonas. Sério, por um minuto teria infartado, mas depois me convenci de que era só minha imaginação me pregando peças.
- Já pensou que louco, os Jonas por aqui? - Os olhos de brilhavam.
- Qual é, meninas, lembrem-se que estamos no Brasil, em Caxias do Sul, os meninos nunca viriam para cá.
- , você é muito pessimista, garota.
- Espera, , você não devia estar no seu quarto? E pra que essas malas?
- Ah, pois é, eu paguei 20 reais para a Aurora e ela me trocou de quarto com a Kate. Pobre da Maggie e da Lisa, terão que encarar a Kate... Fazer o que, né?
- , eu simplesmente não acredito. Você não existe.
- É por isso que nos amamos, não é?

- Estão prontas, meninas?
- Só um minuto, Aurora. – eu disse, retocando o batom.
Sim, finalmente era o dia da apresentação. O nervosismo era a única coisa que nos permitia realmente crer que uma nova apresentação estava prestes a acontecer. Se apresentar no teatro São Carlos para nem duzentas pessoas já nos deixava assim, como seria para os Jonas se apresentarem em estádios gigantescos para milhões de pessoas? Não queria nem imaginar.
Começou tudo bem, a dança estava perfeita. Os tecidos que compunham as roupas das garotas ao meu redor rodopiavam, enchendo o ar do cheiro de seus perfumes. Mas então eu os vi. E quando os vi, meu coração parou, e meus pés junto com ele. Na verdade, o que me fez cambalear não foi ver os Jonas na plateia, mas sim, ver Jonas na plateia. O homem da minha vida estava mesmo à minha frente? Não, só podia ser minha imaginação.
De repente, lembrei-me de onde estava.
- , você está louca, é? Poxa, dá para você, por favor, voltar a dançar? Está todo mundo olhando, e você estragou a apresentação de todo mundo.
- Cala a boca, .
Eu desci do palco, sem me preocupar com a dança não terminada. Eu simplesmente não podia conter meus pés. E então eu fugi. Fugi porque não consegui olhar para a plateia. Eu havia errado na frente de todas as pessoas que me assistiam, mas, mais ainda, porque havia errado na frente dele. Só o que pude fazer foi chorar.
E foi em chorar que me concentrei por muito tempo, sentada naquele banco. Pelo menos até sentir um toque no meu rosto, secando uma das lágrimas que borravam minha maquiagem.
- Hey, , o que foi? Qual é, todo mundo erra às vezes.
- EU nunca erro. Ou, pelo menos, nunca havia errado um passo de dança em uma apresentação na vida. Até agora eu tinha ido muito bem. Mas daí eu vi os Jonas e né...
- , NÃO ERAM os Jonas.
- Poxa, agora eu sei disso né... Mas na hora eu podia jurar pelo meu mindinho que eram eles, sim.
- Eu sei, , vamos para casa.
As garotas da apresentação nem podiam olhar na minha cara no outro dia. Era impossível não notar a repulsa em seus olhares. Mas nada mais justo, afinal, eu havia estragado a apresentação de todas elas por causa de uma miragem medíocre.
- Andando, garotas, não há nada que se ver aqui... Vamos, . Vamos andando. – Disse , empurrando-me pelo caminho até a vista panorâmica do Belvedere Sonda. – Eu quero muito ver essa vista e... , eu vou passar mal aqui. Sério, eu preciso de uma água. Acho que vou desmaiar.
- Como assim, ?
- Eu tenho medo de altura, !
- , eu vou te matar, sua desgraçada! Você veio até aqui para lembrar que tem medo de altura? Nossa, vai pro inferno! Não sei como eu ainda te amo. – reclamou , impaciente. – Vamos, eu te levo para tomar uma água.
- Eu vou ficar aqui batendo fotos por mim e por ela, porque, né... Alguém precisa fazer isso. – disse.
Assim que elas saíram, eu bati algumas fotos e depois me escorei no corrimão para admirar uma das vistas mais belas que eu já tinha visto. As montanhas margeavam um rio, agora parcialmente seco. Os montes, cobertos pela vegetação mais verde que eu já vira, colocavam-se um à frente do outro, formando um amontoado de formas quase paradisíaco. Era de tirar o fôlego... E a altura, pelo jeito, de tontear .
- É lindo, não é?
Eu não sei se era para eu responder. Se era, Jonas estaria esperando a resposta, por que nunca, jamais, NEVER, eu conseguiria responder para ele.
- Hey, você é a garota que se atrapalhou na dança ontem à noite, não é? Você achou que tinha nos visto, o que você realmente fez, e depois saiu correndo... Tenho que dizer que, antes de tudo isso, você dançava divinamente.
- Era... Você? E você fala PORTUGUÊS?
- E meus irmãos, que nesse momento estão jogando papo fora com as doidas das suas amigas. – disse ele, apontando para dentro do restaurante de vidro. – E sim, eu falo português, bem como meus irmãos. Afinal, nunca escondemos de ninguém que o Brasil era um dos melhores países do mundo. Devíamos isso às melhores fãs do mundo, as brasileiras.
- Meu Deus, eu não posso acreditar! É você mesmo? Jonas, em carne e osso?
- A princípio sim e...
- MEU-DEUS-DO-CÉU. – eu gritei, apontando para dentro do restaurante.
A cena que eu vi me espantou mais do que a presença de . Naquele canto mais retirado do restaurante estava Jonas, beijando a MINHA AMIGA , de uma maneira completamente apaixonada. e haviam sumido, e eu não fazia ideia de onde poderiam estar, mas isso não importava, porque estava beijando a . Inacreditável!
- O não perde tempo, inacreditável! E seu espanto se deve ao fato de aquela ser sua melhor amiga, não é?
- Uma delas. E sim, é exatamente do que se deve meu espanto.
- Ah, e devo presumir que a sua outra melhor amiga foi aquela que levou a garota ali – ele fez um gesto fofo com a cabeça, apontando para . – e que agora está andando com em uma conversa que me parece mais do que acalorada, logo ali?
- OMG. Eu só não...
- Acredita? Nem eu! Mas é típico dos meus irmãos fazer esse tipo de coisa quando gostam de alguma garota. Eu também sou assim, apesar de não gostar muito de admitir.
- Eu não... Eles não... Isso não... Eu não sei o que dizer.
- Que tal você começar me dizendo seu nome? Pelo menos assim eu não preciso ficar pensando em você como a ‘garota do Belvedere’ enquanto conversamos. E, se você quiser, seria legal dizer-me o nome das minhas duas atuais quase-cunhadas.
- Ok, vou tentar. – disse, respirando fundo e contando até dez. Aquilo não podia estar acontecendo, só podia ser um sonho. – Meu nome é , mas pode me chamar de . A garota que está... Trocando informações com o se chama , a . E aquela que está conversando com o se chama , a .
- Ok, então a é a “do ”, a é a “do ” e você é a ... Entendi.
O pensamento que me veio à cabeça no momento foi “a é a ‘do ’, a é a ‘do ’ e eu podia muito bem ser a ‘do ’.” Caramba, de onde saiu esse pensamento?
- Exatamente. Mas eu me surpreendo com a ! A sempre foi daquelas que saía para uma viagem e sempre conseguia milhares de fotos e um cara lindo. sempre foi mais quieta. É tão estranho ver ela conversando com um cara que ela nem conhece...
- Aí é que você se engana. – respondeu , enquanto caminhávamos em direção a um banco. – Nossas fãs nos conhecem melhor do que nós mesmos, na verdade. Mas me diz, como VOCÊ é?
- Eu sou a quieta, tímida e inexistente, de popularidade zero, mas que gosta de ser quem é e tem as melhores amigas do mundo. – E, recentemente, também me considero sortuda.
- Ah, sei. Mas por que você...
- Oi, ! Meu nome é Kate e eu sou a maior fã de vocês. Eu queria saber se...
Eu saí de perto na hora. O que aquela garota queria, afinal? E por que ela tinha que se meter onde não era chamada? Lá estava ela, conversando com o , flertando com ele descaradamente, enquanto eu, que estava só conversando com meu ídolo (não que não houvesse em mim vontade de flertar) longe, apenas observava a paisagem enquanto minhas melhores amigas conversavam (ou beijavam) os irmãos Jonas.
Azarada, eu? Não, impressão de vocês.
- , precisamos ir! – disse, às minhas costas.
- COMO É QUE É, AMIGA? Você está mesmo dizendo que vai embora?
- Sim, eu estou.
- Você beijou o Jonas e quer ir embora? Está louca? Volta lá pra ele agora!
- Você não entendeu, : nós TEMOS que ir, temos MESMO. E outra, ele tem meu número. Dá pra acreditar que eu beijei o ?
- Inacreditável! Você e a tem sorte, pelo amor de Deus.
- Ah, você também estava conversando com o e...
- Não começa, , era só uma conversa.
- Ok, não está mais aqui quem disse.
Estávamos indo em direção ao ônibus, e eu jurava que imaginava a voz do me chamando, até perceber que, na realidade, ele estava mesmo me chamando. Meu coração parou, e eu devo ter estado morta oficialmente por uns dez segundos.
- , espera! – ele disse, pegando meu braço. – Eu nem tive a chance de me despedir.
- Hã?
- Tchau, . Quem sabe nos vejamos em algum dos encontros deles. – disse, fazendo menção aos seus irmãos e às minhas amigas. – Enquanto isso, adeus.
E, então, ele me de um beijo na bochecha, da forma mais carinhosa que alguém já o fez. E o beijo me fez sentir como se estivesse flutuando. Eu não queria saber como era beijar os lábios dele. Ok, eu queria sim, mas tinha medo de morrer de euforia.
Eu me afastei lentamente, olhando para trás uma vez mais, apenas por tempo suficiente para lançar-lhe um sorriso, sorriso esse que foi devolvido instantaneamente. Naquele momento, eu era a garota mais feliz do universo.

- Garotas, eu tive um sonho muito estranho. – eu dizia, enquanto levantava-me, pela manhã. – Sonhei que os Jonas estavam no Belvedere e...
- Não foi sonho, a beijou o e eu beijei o . Isso aconteceu mesmo.
- COMO É QUE É? VOCÊ BEIJOU QUEM?
- Eu, , beijei Jonas. Algum espanto?
- Poxa, vão para o inferno vocês duas!
- Por quê? Só por que o é lento?
- Ele não é lento, só que nós dois não temos nada.
- VOCÊ É GAMADA NELE DESDE OS 6 ANOS!
- Detalhe.
- Mas, sério, , você tem que...
O toque do celular de interrompeu sua frase. Ela atendeu, balbuciou algumas frases confusas, deu alguns pulinhos de animação e depois desligou.
- Ahhhhh! Era ele! Era o ! Ele quer que eu me encontre com ele hoje, na pizzaria Don Guilherme. Meu Deus do céu, alguém me belisca! Tipo... Quando ele ficou com meu número, eu não achei que ele fosse MESMO ligar. Ah, senhor, eu não consigo respirar!
- Calma, , minha amiguinha. Morta é que você não vai poder ir ao encontro, não é? Vamos, temos que encontrar uma roupa para você e...
Foi a vez do bip da .
- Parece que teremos um encontro duplo, porque o acabou de me convidar pra ir pra pizzaria e... – ela me olhou. – e eu não vou. Prefiro ficar aqui com a .
- Não, . Você quer ir para esse encontro. Cara, é o Jonas! Você não pode, NÃO PODE, N-Ã-O P-O-D-E recusar esse convite! Eu vou ficar bem. Assistirei a um filme e dormirei cedo.
- Ain, amiga, tem certeza?
- Mas é claro! Você acha MESMO que eu ia perder a chance de interrogar vocês duas depois? De jeito nenhum! Vocês vão!
- Tá, ok, então.

Elas realmente foram. e Jonas vieram buscá-las na porta de casa. Tudo bem, eles me cumprimentaram, conversaram comigo e tudo mais, mas não é a mesma coisa do que se um Jonas tivesse vindo me buscar na porta de casa, não é?
O fato é que eu queria ter mais sorte, porque ficava difícil se sentir sortuda quando suas duas melhores amigas estavam se encontrando com dois dos Jonas e você estava em casa vegetando. Pelo menos os filmes eram da saga Piratas do Caribe. Podia ser um filme chato, e aí minha sorte teria completamente ido embora.
Pipoca pronta, um litrão de Guaraná ao meu lado e eu já me sentia pronta. Quando estava prestes a apertar o play, ouvi batidas na porta.
- Mas que merda. – sussurrei comigo mesma, indo em direção à porta.
- Oi !
Sabe aquele copo de refrigerante que eu peguei? Se eu não tivesse largado ele antes de vir, ele estaria esparramado pelo chão naquele instante.
- ? Como você... O que você... Quer entrar?
- Ok, tudo bem. – ele riu. – Desculpa a intromissão, mas meus irmãos saíram com suas colegas de quarto e eu fiquei sozinho em casa. Então imaginei que você também estaria, e vim aqui ver se podíamos assistir um filme, ou sei lá...
- Como você descobriu que eu estava hospedada aqui? E como você descobriu o número do meu quarto?
- Primeiro: eu também estou hospedado aqui, preferi vir para a cidade porque aqui a gente tem mais privacidade, sabe? Menos fotógrafos, menos flashes, menos fãs... Precisava de um tempinho assim para espairecer. E segundo: eu sou Jonas! Não querendo me gabar, mas... Quando se é o Jonas, você acaba “descobrindo” as coisas. – disse ele, jogando-se no sofá. Sentei-me ao lado dele.
- Espera, se vocês estão hospedados aqui, então aquele que a viu outro dia era realmente o ?
- O próprio. E, devo admitir, nós andamos vendo vocês por aqui também. Na sua apresentação, eu tinha sido arrastado pelos meus irmãos até lá, porque eles ficaram sabendo que suas amigas estariam lá. No Belvedere, na vista panorâmica, a gente só foi lá porque vocês estariam lá também.
- Eles te arrastaram pra lá também? – deduzi, descrente e animada, ao mesmo tempo.
- Na verdade, não. Lá eu fui por minha conta. Eu queria ver a vista, mas o mais interessante de lá era uma garota com lindos olhos e um sorriso contagiante. Foi por ela que eu fui até lá, de boa vontade. – ele estava muito sério, olhando fixo para a ponta dos dedos.
Meu coração quebrou-se ao meio quando eu ouvi aquilo. Claro, ele já tinha outra em mente. Isso era muito óbvio. Até parece que, só porque os irmãos dele escolheram minhas melhores amigas, eu seria a candidata dele. Ele devia estar seguindo a Kate, afinal, ela é daquelas garotas que são o próprio símbolo do padrão de beleza atual, enquanto eu...
Ele era demais para mim.
- Ah, legal. – disse, colocando uma pipoca na boca. – Quer dizer que minhas amigas foram seguidas? Pelos irmãos Jonas?
- Você também foi seguida, . De quem acha que eu estava falando quando comentei os lindos olhos e o sorriso contagiante?
Eu não podia crer. Só podia ter sido minha imaginação. Eu devia ter imaginado aquilo, porque era impossível Jonas estar me dizendo isso. Mas mesmo assim... O sorriso que brincava em seu rosto e o brilho nos olhos dele não mentiam, a sinceridade que os mesmos transmitiam era completa. Podia aquilo estar mesmo acontecendo?
Pelo jeito, ele viu que eu não sabia o que responder.
- Então, você dança algo além da dança do ventre? – ele estava... Constrangido?
- Várias coisas, mas minhas especialidades, bem como as de minhas amigas, são dança do ventre e tango.
- Sério? Eu sempre quis aprender a dançar tango. Será que você e seu sangue latino podiam me ensinar?
- S-Seria uma ho-honra. – Ah, agora eu estava GAGUEJANDO? Nossa, me matem.
Peguei a mão dele e senti como se uma corrente elétrica de milhões de volts corressem pelo meu corpo, mas não em uma sensação dolorosa... A sensação era agradável, muito agradável. Então, levei-o até o local onde ensaiávamos para a apresentação. Liguei o rádio e coloquei whatever happens, do Michael Jackson, para tocar.
- Whatever happens?
- Eu sei, ela não é a mais apropriada para o tango, mas eu amo essa música. Mas se você quiser trocar, por mim tudo bem!
- Ela é perfeita. – disse ele, sua voz rouca fazendo-me delirar.
Dançamos durante horas. A música repetia mais e mais vezes, até que as mesmas tornaram-se incontáveis. Nossos corpos moviam-se com extrema maestria, e nossos olhares estavam presos um no do outro, de uma maneira que me deixava completamente sem fôlego. Não demorei muito para descobrir que ele já sabia dançar tango. Aliás, ele dançava com uma habilidade que eu nunca imaginaria encontrar nele.
- Você é muito baixo! Se você já sabia dançar, por que me pediu para te ensinar?
- De que outra maneira eu conseguiria dançar com você sem parecer tão desesperado?
Eu apenas ri, sem jeito. Era tão difícil responder qualquer coisa para ele... Principalmente quando falava essas coisas tão lindas. Só queria que ele pudesse sentir o quanto meu coração disparava ao seu toque. Não haveria resposta melhor do que essa.
- , eu... – disse ele, aproximando-se. Estávamos a centímetros de distância quando entrou no local.
- Hey, , eu e o ... Ah, desculpa. Sério, não queria interromper... isso que estava acontecendo. Só queria dizer que nós dois estamos indo dormir, porque amanhã temos sessão de autógrafos em Los Angeles. Você devia vir também.
- Você vai... embora? POR QUE NÃO ME DISSE ISSO ANTES? – eu gritei, não com raiva, mas frustrada, quase desesperada.
- Olha, , eu só queria poder passar esse tempo contigo sem que ele fosse de despedida, pelo menos para você.
- Você podia ter me dito, eu iria entender. – sussurrei, quase que falando comigo mesma.
- Olha, minha princesa... Não é um adeus, é só um tchau. Eu juro que nunca te deixaria se afastar de mim... Eu gosto de você, gosto mesmo! Ainda teremos tempo para nos vermos, para nos conhecermos melhor...
- Mas, eu... Você... Nós...
- EU voltarei logo, VOCÊ não se esquecerá de mim e então NÓS ficaremos bem.
- Eu realmente queria poder acreditar nisso. De fato, eu não esquecerei de você. Mas e você, se lembrará de mim? Da garotinha ingênua brasileira?
- Esquecer de você não é algo que eu possa fazer. Não conseguiria nem se tentasse. – ele deu-me um beijo na bochecha, mas dessa vez eu pude sentir o seu toque pesado, como se tivesse medo de me perder. – Sentirei sua falta.
- Eu também sentirei. – sussurrei e saí correndo, em direção ao meu quarto.

Voltamos para casa dois dias depois.
Durante dias, minha tristeza era aparente. As únicas que me entendiam eram e , e eu não podia, não queria, contar para o resto do mundo o que havia acontecido. Esforcei-me na dança cada vez mais, mas como todos notaram, meu coração não estava mais na dança. Claro que não, ele estava com , guardado nos passos daquela dança que só nós dois conhecíamos, aquela dança que misturava sentimento e atração, onde passos ensaiados uniam-se a olhares ao acaso, repletos de desejo e paixão. Pelo menos ao meu ver, a dança havia sido exatamente assim.
O dia da apresentação mais importante da minha vida estava se aproximando, quando descobrimos que, esse ano, ele ocorreria diferentemente: a apresentação de cada dançarina seria individual, em uma sala repleta de avaliadores. Tanto o estilo de dança quanto a música escolhida seriam a critério da dançarina.
Desesperei-me por alguns instantes, até encontrar ali a minha chance. Quem sabe, se eu dançasse tango com a música Whatever Happens, me sentisse mais próxima de , e assim meu coração estivesse mais presente na dança. Provavelmente não desse certo, mas não custava tentar.
- Claro que eu ajudo você, ! – disse meu primo, assim que eu expliquei para ele.
- Bryan, você não sabe o quanto me ajuda, sério.
- Que é isso, minha pequena! Faço tudo pela minha priminha! – disse ele, doce como sempre.
E então, ensaiamos duro durante muito tempo, e finalmente o dia chegou.

Parece que o tempo passou voando, mas finalmente havia chegado o dia. Estávamos todas ansiosas, nossas palmas suando...
- Anda, , você é a próxima!
- Espera, to retocando o batom! – já estava me irritando.
- , você é a próxima. – disse uma garota baixinha e magra, com um olhar simpático.
Entrei naquela sala, arrastando Bryan comigo. Não sei quantas vezes eu repeti “Não vai errar, Bryan”. Ele estava muito nervoso. Teria que agradecê-lo por me ajudar depois.
- Nome e idade.
- , anos.
- Legal, senhorita . Sinta-se à vontade para começar a hora que quiser.
Peguei nas mãos do meu par, esperando o som da música, mas o que ouvi foi uma voz me chamando. Senti aquele familiar arrepio percorrer minha espinha. Meu corpo congelou.
- , o que você...
- Eu falei que ia voltar. – disse ele, subindo no palco. – e eu sei como isso é importante pra você, por isso queria estar aqui... Na verdade, eu queria ter a chance de dançar com você.
- Fique à vontade, cara, ela é toda sua. – disse Bryan, tirando o corpo fora.
- Mas, Byan...
- Olha, , tá na cara que você quer dançar com ele também. Além disso, eu estou morrendo de medo e ODEIO dançar. Assim todo mundo sai feliz! Fui!
Ele saiu antes de eu ter a chance de protestar.
- Eu e você nem ensaiamos...
- A música é a mesma e, com exceção de você, que ficou ainda mais bonita, a companhia é a mesma. Só imagina que estamos só eu e você, naquele salão onde dançamos pela primeira vez.
- Ok, imaginando.
- Agora – disse ele, pegando em minhas mãos. O toque dele me incendiou por dentro. – olha nos meus olhos, entendeu? Olha só nos meus olhos e deixa o resto comigo.
E ele fala como se fosse difícil.
Ouvi a introdução da música. Todo o nervosismo que eu senti dissipou-se quando ouvi a voz de sussurrando no meu ouvido, dizendo que ia dar tudo certo. E então, começamos.
Nossos pés moviam-se de uma maneira inimaginável, em um tango que parecia ter sido ensaiado. Nossos corpos moviam-se em perfeita sincronia, e nossos corações batiam no mesmo ritmo. Eu nunca havia dançado com tanta vontade, com tanta paixão... Com tanto desejo.
O olhar dele prendeu o meu de um jeito que só ele conseguia. Eu não conseguia olhar para mais nada, que não para ele. Finalmente, eu senti que estava dançando com o coração, coração que me faltava em todas as outras danças, principalmente nos últimos dias.
E foi aí que eu entendi: a dança não era o mais importante pra mim. Talvez nunca tivesse sido, afinal. Era . era o mais importante pra mim, ele era meu coração, a parte que faltava nas minhas danças. Ele fazia com que a dança não fosse apenas passos ensaiados, mas com que eu, ou melhor, nós nos tornássemos a dança. Fazia com que eu sentisse que não devia estar em lugar nenhum, que não nos seus braços, executando passos de uma eterna dança regada a amor e desejo. Ele me completava, e naquele momento, eu entendi.
E, cedo demais, a música acabou. Eu estava hipnotizada pelo olhar dele. Nossas testas estavam encostadas, os olhos presos um no do outro, como se nada mais existisse. Um sorriso bobo pendendo em nossos lábios.
- Muito bom! – disse o avaliador principal. – Muito bom, . Foi tão... Espontâneo.
- Obrigada. – eu respondi o elogio dele, mas referia-me a . Agradecia a ele por tudo, por dançar comigo, por me conhecer melhor do que eu mesma, por me mostrar o meu lugarzinho no mundo.
Eu ainda não havia desviado o olhar do dele, nem ele do meu.
- Pode sair pela porta à direita, te telefonaremos dentro de duas semanas com a resposta.
E eu saí, de mãos dadas com o homem da minha vida, com o meu coração.

Quando a tia Dê ligou para a minha mãe, eu realmente pensei que minha mãe surtaria. Para a minha surpresa, ela reagiu muito bem à ideia de eu e as meninas irmos passar alguns dias na casa dos Jonas, em LA. Passaríamos por lá três semanas, tempo suficiente para receber o resultado do concurso e curtir um pouco as férias tão merecidas.
Quando eu, e chegamos à casa, não podíamos ser mais bem recebidas.
- , , , sejam bem vindas! – cumprimentou Denise, levando-nos aos nossos quartos. – Fiquem à vontade. Sintam-se em casa. O jantar será servido às sete, dá tempo para vocês descansarem um pouco.
Arrumamo-nos impecavelmente e descemos.
- ! – girou no ar, enquanto a beijava. – Eu estou tão feliz que esteja aqui.
- Awn, meu , eu também estou. – disse , beijando-o novamente.
- , minha princesa!
- Meu lindo. – abraçou por um longo tempo.
- E eu, não mereço boas vindas? – eu disse para , tímida.
- Claro que merece, minha linda e doce . – disse ele, me abraçando. É, não era o que eu esperava, mas mesmo assim... – vou fazer essas férias serem inesquecíveis, ok?
- Não esperava menos. – brinquei.

e já consideravam-se namorados. Beijavam-se o tempo todo, andavam pela praia, faziam planos... Os garotos até fizeram piadas, dizendo que ouviram alguns sons durante a noite, mas eu tenho certeza de que era só brincadeira.
e estavam andando a curtos passos, porém o amor era evidente no olhar dos dois. Uma relação tão leve a dos dois... Era lindo de ver.
Já eu e ... Nós nem tínhamos nos beijado ainda. Nem dava para se chamar de “relação” aquilo entre nós. Mas, como ele prometeu, as férias estavam sendo inesquecíveis. Andávamos de mãos dadas, íamos conhecer lugares maravilhosos juntos, ríamos, conversávamos, assistíamos filmes... Nunca nenhum cara provocou-me uma reação tão extrema com tão pouco. Cada vez mais eu achava que ele era minha cara metade, apesar de realmente começar a duvidar do futuro da nossa... Disso.
As férias estariam perfeitas, se não fosse um pequeno detalhe: a cada dia que passava, ficávamos ainda menos esperançosas. Era tão frustrante não receber uma resposta... Eu já começava a me sentir incapaz.
Mas então, no último dia, quando nossas esperanças já haviam se esvaído completamente, ele telefonou. Antes para , depois para . Quando descobri que elas haviam passado, fiquei delirante. A emoção era muita. E então, meu celular tocou.
- Alô?
- Senhorita ? Aqui é Bill Harding, principal avaliador da sua apresentação.
- Sim, eu me lembro do senhor. Então, senhor Harding, vocês já têm uma resposta?
- Sim, senhorita ... E sinto muito lhe informar, mas a senhorita não passou.
- Eu o que? – uma lágrima rolou de meus olhos.
- Sinto muito mesmo. Se fosse somente por mim, você já faria parte da nossa academia de dança, mas alguns avaliadores não acham que seu perfil se adéque ao da academia. Mas, se quiser aparecer aqui no teste semestre que vem, ficaríamos muito felizes de avaliá-la novamente. Você tem um futuro brilhante pela frente, garota.
- Não, tudo bem, senhor Harding. Eu entendo. – disse, tentando fazer minha voz sair por entre o bolo que se formava em minha garganta. – Obrigada. Tchau.
Não esperei a resposta. Apenas desliguei.
O consolo veio em forma de um abraço. Inspirei fortemente o cheiro de perfume de , tentando memorizar cada pedacinho do aroma que me invadia por completo.
- Ah, minha princesa. Eu sinto tanto... Eu só não entendo...
- Não, tudo bem, . – eu engoli em seco. – antes isso até me afetaria mais, mas agora não. Eu já nem sei mais se dança é o que eu quero para mim.
Ele beijou minhas lágrimas, secando-as. Depois, olhou no fundo dos meus olhos.
- Escuta: por mais que seja difícil, a gente nunca desiste do que ama. Se a gente ama algo, temos que correr atrás, não importa os sacrifícios que tenha que fazer ou os tombos que tenha que cair.
- Sim, . Eu prometo que vou correr atrás do meu amor. – eu disse, mas não quis me referir à dança. E ele não pareceu ter notado.
- , você está bem? – apareceu, nervoso. – o que foi?
O olhar de respondeu tudo.
- Oh, minha cunhadinha. Vem cá, deixa eu te dar um abraço.
Cunhadinha? A cara de me fez rir, por pior que estivesse o momento. Ele murmurou um “ela não é sua cunhada” seguido por um sussurro que minha imaginação fértil compreendeu como “ainda” e saiu, para contar para as meninas.
Em cinco minutos, eu estava sendo abraçada por minhas amigas e por toda a família Jonas.
- , vamos cancelar nossa apresentação, a gente não precisa disso e...
- NÃO! NÓS VAMOS DANÇAR! Escutem, dancem por mim, ok? Como o disse, eu não posso desistir.

Fazia duas semanas que estávamos combinando essa apresentação no palco que havia na praia. Na verdade, era para comemorar nossa admissão na academia de dança, mas no fim acabou por comemorar a admissão DELAS. Isso não me abalou tanto quanto abalaria antes de .
Finalmente, o dia chegou.
Nossa coreografia estava bem ensaiada, porém faltava meu coração. Onde estaria ? e estavam assistindo as namoradas deles, por que ele não? Ah, claro, eu não era namorada dele, mas...
A dança acabou, e quando eu estava me retirando do palco, uma mão segurou meu pulso.
- , eu quero fazer uma coisa, e precisa ser agora. – pegou o microfone.
- O que...
- Para quem não me conhece, eu sou o Jonas. Como todos sabem, meu histórico de namoro não é tão pequeno como a maioria pensa, mas eu realmente acho que isso aconteceu por que eu não havia encontrado a garota certa. E agora, finalmente, eu sinto por ELA o que eu jamais senti por outra garota. E o nome DELA é . Ela é a parte de mim que faltava, ela é a garota para a qual eu dedicaria todas as minhas canções. Ela é simplesmente meu mundo. – ele disse, olhando para mim.
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Ele estava realmente dizendo que...
- Eu te amo, . Eu te amo como jamais amei ninguém. – disse ele, ainda no microfone. – jamais nenhuma garota me fez sentir tão bem com tão pouco. Nenhuma garota me deixou com tanta necessidade de estar com ela o tempo todo, de viver os momentos bons e ruins juntos, de secar suas lágrimas com beijos...
- , eu...
Ele afastou o microfone da sua boca e caminhou até perto de mim, até que apenas centímetros separassem nossas bocas.
- Nenhuma garota me deixou tão sedento, com tanta vontade de provar o gosto de seus lábios. E se eu não fiz isso antes, te garanto, foi fruto de MUITO esforço. – me senti agradecida pelo microfone estar longe de sua boca.
Ele passou os braços pela minha cintura e me beijou. O beijo dele era o melhor beijo do mundo. Seu hálito de menta, o doce gosto de seus lábios, suas mãos passando pelo meu corpo, deixando rastros de lava incandescente por onde passavam... Aquilo só não ultrapassou dos limites porque os “awn” nos pararam. Sem tirar os olhos dos dele, eu me afastei, já sem fôlego.
- Você quer ser minha garota, ?
- Sim! – eu saltei em seu pescoço. - Claro que quero.
Ele me deu mais um beijo rápido e me levou pela mão até o centro do palco. E então, Whatever Happens ecoou pelo local. Eu não precisei dizer nada, nem ele. Nossos corpos já moviam-se como se fossem um só. E lá estava, novamente, meu coração.
Quando saí do palco, foi conversar com algumas fãs, dar autógrafos e todas essas coisas de famosos. Eu fiquei arrumando minha bolsa, mas um rapaz veio falar comigo.
- Senhorita ? Meu nome é Joshamme Morris, mas pode me chamar de Josh, por que eu odeio meu nome. Enfim, eu vi você dançando e wow, você dança maravilhosamente bem! Você nunca pensou em entrar para alguma academia famosa?
- Obrigada! Eu fiz um teste para a academia Dançart, mas fui reprovada.
- Bom, eles não sabem o que estão fazendo. Eu sou um olheiro da agência Le’ Dance, conhece?
- A agência francesa mais importante do último século? Claro que conheço.
- Então, eu queria saber se você estaria interessada em assinar um contrato com a gente, para dançar na Europa e na Ásia.
- Europa e Ásia?
- Sim, só que a agência tem um inconveniente para você. Eles preferem que nenhuma das dançarinas tenha namorado, pelo menos durante os três primeiros anos, para que elas não se distraiam.
Eu olhei por cima do ombro de Josh. Lá estava , olhando-me com os olhos úmidos. Ele devia ter ouvido toda a conversa.
“Não desista do seu amor.” Ouvi a voz dele repetir na minha mente.
Ele correu para longe de mim, para longe de Josh, para longe de todos.

- ! – falei, quando já estava próxima a ele. Como não era de se duvidar, ele correu para o parque, o primeiro lugar ao qual ele me levou nas férias em LA.
- Ah, ! – ele pegou na minha mão, assim que sentei ao seu lado. – , eu estou tão feliz por você! Desculpe se demonstrei errado meus sentimentos com relação à essa oportunidade, é só que... Eu acabo de conseguir você para mim, é tão difícil já ter que dizer adeus...
- , eu...
- Olha, , não se sinta culpada, eu sei que você está seguindo seu sonho, dançar é tudo o que você sempre quis e...
- Eu não aceitei. – interrompi-o.
- O que? Por que você fez isso?
Eu beijei as lágrimas que escorriam pelo seu rosto, como ele havia feito comigo havia alguns dias.
- Porque você mesmo disse que eu não devia desistir do meu amor, . Você é meu amor. Não a dança, mas você! Não importa os tropeços, não importa as dificuldades, você sempre quer voltar para o seu amor. E é para você que eu quero sempre voltar. E não importa se eu perdi a maior chance da minha vida, não importa se isso entre nós não dure, nada disso importa, porque tudo que eu quero é viver o hoje. Viver o hoje com você.
- Ah, ! – disse ele, levantando-me no colo e me girando, enquanto me beijava. – Eu nem acredito nisso! Ah, eu estou tão feliz! E acredite, ainda haverá outras chances, porque você é uma garota tão talentosa e...
- , cala a boca e me beija! – eu disse, antes de meus lábios serem ocupados pelos doces e urgentes lábios de .
E é essa a história de como uma garota apaixonada pela dança transformou-se em uma garota perdidamente apaixonada pelo seu namorado cantor famoso.
Resumindo: essa é a MINHA história.
Ah, querem saber o fim? Então ok: eu e estamos namorando há dois anos, e estamos mais felizes do que nunca. Minhas amigas também mantêm seus namoros com meus cunhados, o que está deixando as fãs dos Jonas desoladas. Os Jonas até se sentem culpados, de vez em quando, mas eles sabem que no fundo elas sentem-se felizes pela felicidade deles. Ufa, ainda bem né...
Eu nunca mais fiz o teste para dançar na Dançart, e recusei todos os convites de academias de danças famosas, pois, ao contrário das minhas amigas, hoje dançarinas famosas, eu descobri que dançar não era minha vida. E essa descoberta veio quase ao mesmo tempo que a outra maior descoberta da minha vida: meu gosto e talento pelo canto.
Hoje eu sou uma cantora em ascensão, com o namorado mais perfeito desse mundo, os cunhados mais engraçados e as amigas mais fiéis e divertidas desse planeta. A professora Aurora virou meio que uma segunda mãe para nós e eu aprendi a fazer chimarrão, no qual eu viciei todos ao meu redor.
E viveram felizes para sempre? Talvez. Mas essa parte da história só o tempo poderá dizer. Acho que teremos que esperar para ver, não é?

FIM


***

N/a: Gente, eu aqui de novo.
Então, essa é a segunda fic interativa que eu faço.
Queria agradecer primeiramente à minha beta, Vanessa, por esse incrível trabalho em minhas duas fics.
Depois, quero agradecer à Tainá, minha amiga mais do que fofa que faz a parte de "aprovação" das minhas fics. Amucê muoto, amiga!
E por último, mas não menos importante, quero agradecer a você, leitor, por mais uma vez ter lido minhas loucuras e meus devaneios. Eu sempre digo que me deixar com um teclado ou canetaa e papel na mão é perigoso, nunca se sabe o que vai sair. Mas mesmo assim, vocês estão sempre aqui me apoiando e lendo as bobagens que eu escrevo. Acreditem, eu não seria nada sem cada um de vocês.
Ah, e antes que eu me esqueça: todos os locais descritos nessa fic, como o Belvedere Sonda, Nova Pádua, o Rio das Antas, os vinhedos... todos eles existem mesmo. Eu moro em Caxias do Sul, e a ideia para essa fic surgiu de um passeio de família a esses mesmos lugares.
Bom, agora, se gostaram, comentem. Se não, fazer o que, ninguém é capaz de agradar a todos.
Para quem quiser me contatar, meu e-mail tosco é lakaeguarana@hotmail.com.
Tem também meus twitters @JoeMYAll, que é o Fc Jonastic, e @JuuhBegnini, meu pessoal.
Ah, e não posso esquecer do meu blog, Anything But Ordinary
E da minha primeira fic interativa I'm Afraid To Say I Love You

Então tá, acho que é isso! Mais uma vez muito obrigada por lerem.
Beijos da Gauchinha que vos escreve.
Juh

Nota da beta: Aw, Juh, sua linda, não precisa me agradecer por nada não, eu que te agradeço pelo elogio! E pela preferência, né <3
E você, leitor(a) que chegou até aqui... Deixa um comentário! É rapidinho e deixa a autora feliz! :3
Xx. Vanessa

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Nota da Beta: Erros na fiction? Comunique-me por email. Xx.