Dancing On The Kitchen Tiles
Escrito por Andy Jones.

Estávamos sentados, tomando café. O sol invadia a cozinha pela janela da pia. Não devia passar das 8:00h da manhã, os pássaros começavam a cantar suas músicas de bom dia.
De repente falei: - É tudo sobre você.
Ela me olhou curiosa, não entendendo a princípio.
- Ontem você me perguntou algo que pensei que soubesse.
Notei que duas manchas vermelhas se formaram em suas bochechas antes de abaixar a cabeça encabulada. Aquilo só fez ampliar ainda mais meu sorriso. Como ela podia ficar corada apenas com palavras, depois da noite passada?
Arrastei a cadeira para trás e me dirigi ao fogão para pegar mais café fresco. Ao despejar o líquido quente na minha xícara, senti que me abraçava por trás. Estremeci levemente com aquele contato.
- Você faz minha vida valer a pena. – Sussurrou no meu ouvido causando um arrepio ao longo do meu corpo. - É tudo sobre você também...
Depositou um beijo no meu pescoço, em seguida afastou-se. Virei-me para observá-la melhor. Tinha se sentado de pernas cruzadas, agora passava manteiga calmamente na torrada. Quando levantou a cabeça segundos depois, nossos olhos se encontraram. Acho que nunca me senti tão piegas. Ridiculamente romântico. Seria capaz de qualquer coisa que ela pedisse, somente para vê-la sorrir. Realizaria todos os seus desejos, e em troca exigiria que nunca me negasse um beijo. Ri de mim mesmo, desde quando eu era bom com rimas? Que seja, no momento só queria parecer o perfeito gentlemen aos seus olhos.
Subitamente ela se levantou, caminhando na minha direção. Encaixou a torrada entre meus lábios, me forçando a comer. Deixei a xícara na pia e passei os braços em volta de sua cintura, ainda mastigando. Passei minhas mãos por suas costas protegidas apenas pelo fino tecido da camisola. Encostando a cabeça em meu peito, ela disse aquelas três palavrinhas que causam um enxame de borboletas no estômago. O frisson dominava a cozinha. Segurei sua mão direita e dei início a uma espécie de valsa, só que mais agitada. Dançando sobre os azulejos da cozinha. Rimos que nem duas crianças ao brincar no parque. E dançamos mais. Com o tempo, a lentidão foi dominando nossa coreografia, juntei nossas testas e repeti em voz alta os pensamentos de alguns minutos antes.
- Só não sei o que faria se algum dia me negasse um beijo. – Terminei. Tive impressão de ver lágrimas, mas rapidamente ela juntou nossas bocas, levantei-a fazendo com que se sentasse na bancada. E então me abraçou forte e tornando a dizer: - Você faz minha vida valer a pena. Eu te amo.
E então eu te disse com um sorriso: - É tudo sobre você.

Fim.

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