Don't Call me Son
Escrita por Marina M.
Betada por Lelen


Fanfic retratando uma possível forma de tudo ter ocorrido na noite em que Doug falou para seu pai que queria trabalhar com música.
Lembre-se: Isso é uma fanfic. Nada do que está escrito aqui realmente aconteceu. Espero que gostem! *:


Em um pacato bairro localizado em Essex, Inglaterra, encontrava-se um jovem aflito, de apenas quinze anos, que se encontrava em uma situação que nada combinava com sua idade. Hoje, ele finalmente havia tomado uma decisão que já parecia ter sido pré-definida para ele. Iria seguir seu sonho. Iria viver da música.
- Doug, querido, venha jantar! – Ouviu sua mãe, Sam, chamar-lhe no térreo.
Ouvir a voz reconfortante de sua mãe só o fez lembrar do porque ter tomado essa decisão, que deveria ser algo bom, parecia ser tão ruim para ele. Seu pai. O pai, que geralmente era a figura mais reconfortante que um filho homem tem em sua família, era o que o assustava. Seu relacionamento com o mesmo, nunca foi dos melhores, e quando o filho assumiu publicamente que se interessava por música, as coisas só pioraram. “Não é uma carreira digna! – Dizia ele. – Filho meu não vai ser músico!”.
Estava óbvio para Dougie Lee Poynter, que se quisesse ser o que sempre sonhara, teria que enfrentar o seu pai. E era isso que ele pretendia fazer esta noite. Com a ajuda e apoio de sua mãe e sua irmã, sabia que tudo daria certo. Bem, na verdade, isso era o que esperava.
Respirando fundo, olhou uma última vez para a foto no porta-retrato localizada em cima de seu criado mudo. Nela, via-se ele junto com uma garota. Os dois sorriam e pareciam despreocupados. Pareciam felizes. O rosto dela, iluminado por seu sorriso, pareceu o dar forças para enfrentar tudo que estava por vir.
Suspirou e saiu pela porta, descendo as escadas em passos largos e firmes, fazendo com que logo chegasse à cozinha. À mesa, viam-se três pessoas sentadas: sua irmã, sua mãe e, finalmente, seu pai.
Dougie não sabia muito bem o que fazer. Não sabia nem ao menos se sentava ou se continuava em pé. Resolveu ficar em pé, mas aproximou-se da mesa.
- Eu tenho... Tenho algo pra falar pra você. – Falou, olhando para o rosto do pai.
Sua mãe apenas fez um gesto com a cabeça, indicando que ele continuasse. Assim o fez:
- Bem, como vocês sabem, eu tenho uma banda.
Ouviu seu pai soltar um grunhido estranho nessa parte. Ignorou e continuou:
- E, tocando nessa banda, eu tive certeza de que é isso que quero fazer para o resto da vida. – Falou, em um fôlego só e vendo a face de seu pai adquirir um tom estranho.
- E você espera que eu aceite isso? Espera que eu aceite um filho meu como, como... MÚSICO? – Explodiu o anfitrião.
- Bem, eu não sei se você aceita ou não, mas sua opinião já deixou de ser importante pra mim há muito tempo, papai. – Disse, enfatizando sua ironia ao chamá-lo de uma forma “carinhosa”.
- Ah, é? E você se esqueceu do que eu sou, moleque? Como acha que vai se sustentar? – Berrou o homem, e a cada palavra seu tom de voz aumentava.
- Vou ser músico, pai. É assim que vou me sustentar, quer você queira ou não. – Falou, calmamente por fora, mas por dentro tremia.
- É? E posso saber como vai começar essa “carreira” de merda? Porque não acho que será muito fácil com essa sua falta de talento e sem nem ao menos um teto pra morar.
- O que? – Exasperou-se Sam, levantando-se imediatamente da cadeira. – O que você acha que está querendo dizer?
- O que eu acho não, o que eu estou dizendo. Essa casa é minha e eu estou expulsando o seu filho daqui!
Dougie congelou. Ok, esperava reações terríveis do pai, mas não tão terrível quanto essa. Ele estava pensando em algo pra responder, mas não precisou falar nada, já que sua mãe o defendeu:
- Primeiro de tudo, essa casa é nossa, e não sua, querido. Segundo: Agora ele é apenas meu filho? Ele toma uma decisão que não te agrada e você já não o considera mais como um filho?
- Não seja tola, Samantha, eu não considero esse moleque como filho há muito tempo.

Dougie sentiu o peito arder, como se alguém houvesse lhe enfiado uma faca. De todas as coisas que já ouvira do pai, essa, sem dúvida, foi a pior de todas. Seus olhos já estavam coçando, e ele sabia que havia lágrimas ali, implorando para que ele as deixasse cair. Mas ele não choraria. Não na frente de seu querido pai. Não daria esse gostinho a ele. Seria forte e enfrentaria tudo isso de frente.
- Eu... Eu juro que mesmo sendo estúpido como é, nunca achei que ouviria isso sair da sua boca. – Disse Samantha, olhando seriamente para o marido. Seu olhar transmitia angústia, decepção e até mesmo vergonha. – Se é assim que você quer, é assim que vai ser. A partir de agora, pode considerar Dougie apenas como meu filho. Eu não me importarei. Tenho orgulho de dizer que sou mãe de alguém tão maravilhoso quanto Dougie, e por incrível que pareça, acreditava que você tivesse também. Mas vejo que estava errada. Na verdade, vejo que não estava errada somente quanto a isso. Vá embora. Agora.
- O que? – Perguntou o homem, completamente espantado e alterado.
- Você não entendeu? Eu estou mandando você sair.
- Não precisa falar, Samantha. Eu vou sair, mas não porque você pediu, mas sim porque é a única coisa proveitosa que eu posso fazer. Fique consciente, de que eu estou indo embora para sempre.
- Ótimo. Tenho certeza de que ficaremos muito melhor sem você e sei que agora finalmente poderemos chamar isso de família.
O homem mandou um olhar de ódio para a esposa e subiu as escadas em passos firmes, indo preparar suas coisas para sair.
Dougie estava chocado. Ele fala algo e de repente é obrigado a assistir sua família desmoronar. Sem poder fazer nada. Nada. “É tudo culpa minha.” – Pensava.
“Se eu não tivesse falado nada, isso não teria acontecido.”
- Dougie? – Sua mãe o chamou.
Ele olhou para ela, ainda atônito.
- Nosso casamento não estava dando certo há muito, muito tempo. A reação que ele teve com você agora só me fez acordar e ver que já estava mais do que na hora de eu dar um jeito nessa situação. Só aconteceu o inevitável, Dougie. Não é sua culpa, querido. – Sua mãe disse, contrariando os pensamentos do garoto.
- Mas mãe... – Tentou contrariar.
- Não tem mas, Dougie. Você é muito talentoso e tem, assim como sua irmã, o direito de ser o que quiser. Se seu pai não aceita isso, então ele nem ao menos merece ser seu pai. Ele não tem direito de chamar alguém tão maravilhoso de filho.
Dougie fitou o rosto de sua mãe e viu que ela tentava passar por olhar, toda a verdade carregada nas palavras que acabara de pronunciar. O garoto então olhou, pela primeira vez, para sua irmã, que se mantivera calada o tempo todo. Ela parecia confusa, como se não soubesse se ficava triste por todos os insultos proferidos por seu pai aquela noite, ou se ficava aliviada por ele finalmente estar indo embora.

Ouviram barulhos de alguma coisa sendo arrastada e olharam para a escada. Viram-no descendo carregando duas grandes malas.
- Volto para pegar o resto de minhas coisas quando esse pivete não estiver aqui. Adeus. – Falou e abriu a porta que dava para a saída.
Virou-se para eles mais uma vez e olhou-os com um olhar carregado de raiva. Saiu porta afora, sem dizer mais nada.
Era isso. O casamento de sua mãe havia acabado, assim como aquela família que eles haviam construído.
- Venham aqui. – Sam disse, de braços abertos, esperando os filhos a abraçarem. Assim fizeram. – Quero que saibam que esse, ao contrário do que possa parecer, não é um final, e sim um novo começo. É o começo de uma vida nova. É finalmente o começo da nossa família. – Ela sorriu para os filhos e viu retribuírem-na com o mesmo gesto.
Dougie não estava agüentando ficar ali, vendo sua mãe sorrir como se o que acabara de acontecer não a tivesse afetado. Ele sabia que ela precisava de um tempo só para si, assim como sua irmã.
Mas sabia que ele também tinha uma necessidade agora. Ele queria sair, pensar no que acabara de acontecer, no que estava por vir e chorar. Chorar muito, até que toda a sua alma fosse lavada e ele estivesse finalmente pronto para recomeçar sua vida, ao lado de uma família de verdade.
Infelizmente, sabia que não poderia fazer isso ali, sua mãe não o deixaria sozinho por muito tempo, tinha certeza. Mas ele sabia exatamente onde deveria ir.
- Mamãe? – Chamou-a, soltando-se do abraço apertado que ela ainda lhe dava.
- Sim?
- Eu... Eu preciso sair.
- Sair? Mas vai aonde? Há essa hora? O que vai fazer, Dougie?
- Calma, mãe, eu prometo que a senhora não precisa se preocupar. Eu preciso pensar um pouco.
- Tudo bem, Dougie, sei que você realmente precisa desse tempo. Mas por favor, me diga aonde vai para que eu não fique preocupada.
- . – Disse simplesmente.
A mãe entendeu na hora do que o filho precisava e sabia que ele estaria seguro. Concordou então, com a cabeça e Dougie, vendo o sinal positivo da matriarca, virou-se e saiu pela porta. A mesma que seu pai saíra há minutos atrás.
Andou lentamente até a casa azul que ficava há exatos dois quarteirões dali e que ele já conhecia bem. É claro, vinha ali todos os dias. Parou em frente à construção e admirou-a por alguns segundos, antes de tocar a campainha. Sabia que provavelmente estaria atrapalhando um jantar familiar, mas nessa hora, não estava realmente preocupado com isso. Só queria vê-la. Precisava vê-la.
Seus pensamentos foram interrompidos assim que a porta foi aberta, revelando uma garota de mais ou menos quinze anos, com quase a mesma altura que o menino.
- Dougie? – Perguntou surpresa. – O que está fazendo aqui?
Ele tentou respondê-la, falar alguma coisa, mas nenhum som parecia querer sair da sua boca. pareceu entender que algo grave havia acontecido, então apenas o puxou para dentro e fechou a porta. Murmurou um “espere aqui” antes de se retirar para a cozinha. Voltou pouco tempo depois e novamente começou a puxá-lo, dessa vez em direção a seu quarto.
Entraram no cômodo e ela rapidamente encostou a porta atrás de si. Foi até a cama de solteiro que havia ali e sentou-se. Abriu os braços e Dougie já sabia o que fazer.
Sentou-se ao lado da menina e se jogou em cima da mesma, em um forte abraço. começou a acariciar os cabelos do garoto, o fazendo se sentir mais confortável. Então ele começou a chorar. Chorou tudo, tudo o que tinha sido acumulado depois de tantos anos de péssimo tratamento.
não sabia o que havia acontecido, mas apoiava o garoto mesmo assim, e deixou que ele chorasse em seu ombro. Se ele precisava de um amigo, então ela seria esse amigo. De vez em quando murmurava coisas como “eu estou aqui” ou “vai ficar tudo bem”.

Depois de algum tempo, Dougie se sentia melhor e já parecia pronto para falar. Afastou sua cabeça do ombro da garota, sem largar do abraço, olhou fundo nos olhos dela e disse:
- Meu pai.
- O que tem seu pai, Dougie? – Perguntou, já começando a ficar preocupada. Dougie chorando por causa do pai? Não podia ser coisa boa.
- Eu falei pra ele, . Falei que tinha decidido, que queria mesmo ser músico.
- E o que aconteceu? – Ficava ainda mais aflita.
- Ele enlouqueceu, . Começou a gritar dizendo que eu não podia fazer isso, que ia me expulsar de casa e... – Suspirou – Que ele não me considerava filho dele.
ficou boquiaberta. O que? Que tipo de pai fala algo assim para seu filho?
- Então minha mãe ficou indignada e começou a gritar com ele também e... E... – Não conseguiu conter que mais uma lágrima caísse antes de terminar a frase. – Ele saiu de casa.
ficou, se é que isso é possível, ainda mais espantada.
- Então ele... Foi embora? – A garota perguntou, para ter certeza de que entendera bem o que Dougie havia dito.
Ele concordou com a cabeça e disse:
- Foi, . Para sempre.
Ficaram alguns minutos sem falar nada. ainda tentava absorver a notícia.
- Como sua mãe está? – Perguntou, receosa.
- Não sei exatamente. Ao mesmo tempo em que está triste pelo fim do casamento, eu acho que ela está feliz por se livrar de um “peso”. Disse pra gente que o casamento não estava mais dando certo há muito tempo e que era pra encarar isso como o começo de uma nova vida. O começo da nossa família.
Dougie desviou seu olhar para algum ponto na parede, refletindo. pegou seu queixo e virou o rosto dele para ela, para que ele a olhasse. A garota começou a fazer pequenos movimentos circulares com seu polegar no rosto do menino. Um gesto simples, mas que demonstrava carinho.
- Então faça isso. – Falou, olhando fundo nos olhos dele. – Encare isso como um novo começo para sua família. Encare isso como um novo começo para você. Encare isso como uma nova chance de ser feliz.
Ele a olhou com ternura. Agradecido por ela estar ali, com ele, cuidando dele, como sempre.
- Você acha que eu deveria, então? Acha que eu deveria reconstruir minha vida?
Ela fez um movimento afirmativo com a cabeça e soltou um pequeno sorriso.
- Então, que tal você me ajudar com esse novo começo? – Perguntou, não tendo muita certeza do que estava fazendo.
- É só falar o que quer que eu faça.
- Acho que eu não preciso falar. – Disse, aproximando cada vez mais seu rosto do da garota.
Suas respirações já estavam começando a se misturar. Dougie colou sua testa com a de e roçou seu nariz no dela. Sentia o cheiro da garota o inebriando e Dougie nunca teve tanta certeza do que queria.
Em um impulso, juntou seus lábios aos dela e ficaram assim por algum tempo. Quando já conseguiam sentir o hálito quente um do outro, finalmente se beijaram.
O mundo parecia ter sumido para Dougie. Todas as preocupações, todos os sonhos e até mesmo seu pai haviam saído de sua mente. Ele se sentia feliz. Muito feliz. Como não achou que se sentiria por muito tempo.
Depois de algum tempo, separaram-se e Dougie fitou a garota apreensivo. Não sabia o que ela havia achado disso e estava com medo de sua reação.
Ela olhou-o e sorriu. Só sorriu. Como se não soubesse o que dizer, mas quisesse demonstrar que estava feliz. Dougie sorriu de volta. Entendendo que o silêncio dela, foi a melhor resposta que poderia ter recebido.
Eles voltaram a se abraçar em silêncio, mas dessa vez ele não estava chorando. E nem tinha vontade. Ainda estava muito abalado com tudo, e sabia que isso não passaria muito rápido, mas o reconfortava. Como mais ninguém fazia.
- Você vai realmente começar uma vida nova, então? – Perguntou a garota, com a voz saindo abafada por estar com a cabeça comprimida ao pescoço de Doug.
- Vou. E você foi o primeiro passo pra isso.
Ele não via, mas sabia que ela estava sorrindo. Assim como ele.
- Tenho uma sugestão de qual pode ser seu segundo passo. – A garota disse.
- Qual?
- Sabe, eu estava vendo o jornal hoje de manhã, e vi que estão fazendo um teste para uma nova banda. Em Londres. Eles precisam de um baixista e de um baterista. Você poderia fazer o teste...
- É, poderia mesmo. Quem sabe eu não sou escolhido, assinamos contrato com uma grande gravadora e conquistamos fãs pelo mundo todo?
- É. Quem sabe...? Nada é impossível, Doug. Há menos que você acredite que é.


Fim?


N/A: São exatamente 01h47min de uma madrugada de quarta-feira e eu acabo de escrever essa fic. A idéia surgiu quando eu estava escutando “The Ballad Of Paul K.” e eu fiquei imaginando o quanto Dougie deve ter sofrido quando tudo aconteceu, então resolvi fazer minha versão de como imagino que tudo poderia ter acontecido. Ah sim, essa fic é dedicada a CHATA da @fernandadourado, que me incentivou a publicar a história. Espero que tenham gostado! Xx


Erros? Entre em contato com a beta. Agradecida.


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