Autora: Blonde | Beta: Mari Morgon | Estagiária: That Pereira



Peguei minhas notas de real e entreguei ao taxista. Não sabia se tinha dado a quantia certa, mas, ao julgar pela expressão do homem calvo, com olhos miúdos e pele enrugada, havia dado notas demais ou de quantidade exagerada. Foi então que ele me devolveu a cédula com um peixe e a outra com uma onça, retirando, do bolo em minha mão, uma amarela, com uma espécie de macaco, e faixa prateada. Ao menos ainda existem pessoas honestas hoje em dia. Ele sorriu , guardando a nota numa bolsa. Murmurei um ‘obrigado’, que era uma das poucas coisas que eu sabia dizer em português, com aquele sotaque ridículo que o inglês deixava.
Abri a porta, carregando o vaso de azaléias vermelhas e uma pequena caixa com algumas coisas. Lembranças felizes, intensas, únicas e amargamente tristes. Já fazia um ano que eu não botava os pés aqui. Um ano que não vinha para o Brasil, um ano, quando tudo pareceu estar se encaixando, tudo acabou repentinamente. Do mesmo modo como começou: de repente, ou nem tão de repente. Mas essa é a vida, afinal, cheia de curvas fechadas, caminhos estreitos e espinhentos que temos de enfrentar e de surpresas desagradáveis.
Hesitei no meio da calçada, repleta de pessoas passando apresadas, envolvidas na sua bolha particular de frustrações com emprego e família, que às vezes esbarravam em mim e diziam murmúrios em português, que se eu entendesse certamente me ofenderia. Eu não tinha culpa de estar lá, estático. Os portões de grade pintados de azul, já um pouco descascado do que da última vez que estive aqui, me causavam repulsa. Eles estavam abertos como braços acolhedores, convidando as pessoas para entrarem e percorrerem a calçada principal, coberta por um piso irregular de uma pedra acinzentada já empoeirada e cheio de pegadas. Lá dentro podia se ver poucos transeuntes que iam e vinham, todos com expressões quietas e tristonhas.
Correção: tudo naquele lugar me trazia repulsa e pavor.
Respirei fundo e dei um passo adiante, mantendo o ritmo constante do meu andar, logo me vi indo em direção aos mesmos portões que eu duas garotas cabisbaixas, uma delas sendo consolada pelo namorado alto e loiro que usava um óculo aviador. E como eu sabia que eram namorados sem trocarem as menores carícias? Eu os conhecia. A garota desacompanhada, estupidamente mais alta que a abraçada com o rapaz loiro, ergueu a cabeça, retirando da frente de seus olhos o wayfarer tradicional de aro preto.
Parecia não crer que eu realmente viria.
Cutucou a garota que estava ao seu lado — que carregava uma caixinha de veludo, que se eu não estou enganado continha uma jóia — e esta ergueu a cabeça rapidamente, retirando os óculos e exibindo assim os olhos vermelhos, de onde brotavam grossas lágrimas. Eu abri os braços e ela correu pra eles, sendo seguida pelo olhar triste dos outros dois.
Ao abraçá—la, afaguei com cuidado seus cabelos dourados e lisos, como seu namorado fazia há alguns minutos. Claro que segurei minha vontade de chorar, assim teria mais lágrimas para gastar daqui a pouco.
— Você veio! – Gritou, com a voz trêmula e um pouco aliviada. – Papai achou que você não viria.
Por que elas tinham que ser exatamente idênticas?
— Não pude vir antes, sinto muito. – Desculpei—me. – Felizmente, a turnê coincidiu de passar pelo Brasil na mesma data. – Expliquei, tentando trazer um pouco de alegria àquele momento, mas nem eu mesmo conseguia transparecer isso. – Seu pai, onde está?
— Ele, minha mãe e meus irmãos foram embora mais cedo. – Disse, entre soluços. – É... É tão difícil, ...
— Eu sei, Felipa. – Apertei meu abraço em torno dela, depois a soltei para voltar para os braços de seu namorado.
Olhei para a garota alta, que estava tão abatida quanto o rapaz loiro ao seu lado. Seus cabelos não tinham o mesmo brilho e suas pálpebras estavam levemente arroxeadas, ao menos ela tentava parecer conformada. Mas era trabalhoso tentar se conformar, mesmo depois de um ano.
— Olá, ... – Cumprimentou ela, sorrindo amarelo.
— Oi , . – Acenei com a mão. – Vini, como vai?
O rapaz sorriu fraco e beijou o topo da cabeça de Felipa, tentando acalmá—la.
— Pode ir até lá. – Disse , colocando a mão em meu ombro esquerdo. – Lembra—se do caminho, não?
Assenti com um sorriso amarelo, nada convincente. Afinal, não tinha como esquecer—me daquele local, era horrível apenas pensar o motivo que me levava até ele. Era muito doloroso...
Quando finalmente me dei conta, estava sozinho. Felipa, e Vini , estavam caminhando para o lugar por onde entrei há pouco. Tornei a andar, sentindo calafrios, passando pelas diversas pessoas que visitavam o local, todos tristes e quietos, como era necessário naquele local.
Era quase como uma casa, exceto pelo anjo no teto. As portas duplas, trabalhada em madeira, estavam abertas, assim como todas as janelas e as cortinas de veludo, que estavam amarradas em cordas douradas, o chão vermelho estava lustroso, como se alguém tivesse o lustrado com cera. Com toda razão, naquele local era mesmo necessário.
No centro, atrás de uma proteção de vidro, em um pequeno cubículo acomodado numa almofada púrpura, com detalhes dourados, a urna funerária descansava as cinzas humanas, tendo apenas companhia da foto de uma belíssima garota, envolvida na moldura dourada. A garota de dezoito anos sorria, mostrando a perfeita dentição reta e alva, ressaltando as maçãs do rosto redondas e as leves sardas acima do nariz. Seu cabelo estava com ondas bem grossas, que cobriam seu ombro marmóreo nu.
Estava linda, como da primeira vez que a vi. Estava linda como sempre foi.
Desci meus olhos até encontrar a placa com inscrições em bronze e li o que ela dizia em voz alta, para mim mesmo.
... – Percebi a primeira lágrima teimosa escorrer. – Ah, , por que você... Justo você, tinha de partir tão cedo?
Olhei para o vaso em minha mão e por um momento lembrei—me do pequeno jardim, nos fundos de sua casa, que ela amava. Era uma alegria no meio daquela rua repleta de mansões, que não eram cercadas por nenhum muro ou cerca elétrica, onde os moradores andavam livremente sem medo de serem assaltados, e poderiam deixar seus carros de luxo dando sopa em plena luz do dia. Um refúgio para ela e um lugar calmo para se pensar.
Depositei o vaso de azaléias no chão, junto das muitas outras flores que alegravam aquele ninho da vida eterna. Então abri a pequena caixa de madeira, pintada manualmente de rosa chamuscada de lilás, logo encarando uma foto de nós dois juntos, colada na parte interna, tirada na primeira vez que realmente nos vimos, só que eu não memorizei seu rosto de quinze anos de idade. Passei levemente os dedos pela foto e imediatamente peguei outra que estava solta, por cima das coisas, a foto do dia que fechamos o contrato da festa em um pub e bebemos até tarde da noite... Antes que vocês possam, sem dúvidas, estranhar, esta caixa de lembranças pertencia a .
Logo abaixo da foto, estava um envelope pequeno. Peguei—o e abri, retirando as folhas de caderno, sem nenhum desenho ou margem, estavam rabiscadas em alguns pontos e manchadas de lágrimas em outros. Uma letra redonda e perfeita as preenchia por completo, todas em caneta azul. Continuei reparando nos mínimos detalhes, enquanto a abria.
— Bom. – Disse, um pouco sem jeito. – não sei se estou falando sozinho ou se você está perto de mim. – Um nó surgiu em minha garganta. – Eu quero que você esteja... Eu preciso!
Sorri sozinho. Não ligava se estava falando sozinho ou não, o que importava era pensar que ela estava no meu lado, ouvindo tudo o que diria e dando aquele sorriso tímido e encantador, abaixando os olhos e colocando uma mecha de seu cabelo, naturalmente liso, atrás da orelha com três brincos, todos azuis e um piercing na cartilagem da orelha, e ficaria vermelha de vergonha.
— Eu não sei se voltarei aqui mais vezes. – Pronunciei, olhando as folhas de papéis. – Não que eu não queira voltar... – Disse rapidamente. – Só que não sei se terei a oportunidade...
Já era um fato: estava chorando. Mas isso não me impediria de ler a carta.

“Querido ...

Uau – risos – todas as cartas melodramáticas devem começar assim mesmo? Eu sei que é bonitinho , fofo e tudo mais só que... Ah, deixa quieto, não preciso te contar essa minha aversão a cartas. Mas estou aqui te escrevendo uma!
Sabe , , mesmo eu não sabendo por onde começar, posso te afirmar uma coisa: tudo o que vivi com qualquer outro dos garotos que já passaram em minha vida, não foi realmente nada comparado a que passei com você nessas duas semanas que vocês ficaram de “férias” aqui no Brasil, apenas para cumprir o contrato que fiz com o empresário de vocês. Creio que devem ter gostado, afinal é o Brasil, que outro lugar vocês tomariam uma caipirinha tão boa e aprenderiam a dançar funk? Creio que em nenhum outro, não?
Acho que, na realidade, se contarmos a partir do dia em que eu fui para a Inglaterra, acertar o contrato, nossa “história” tem quase um mês.
Juro que te embebedar e levar para a cama não era minha intenção, só que quando vi que você não estava sóbrio, simplesmente não resisti. Foi errado, eu sei, mas era o único jeito de ficarmos juntos aquela noite. Eu te queria muito, , e queria ainda mais o que brotava daquela noite.
Voltei para casa realizada, havia conseguido uma das coisas que mais queria desde os meus quatorze anos, e o que aconteceria quando vocês chegassem ao Brasil não estava muito em meus planos. Mas te ver duas semanas depois em minha casa, com aquele sorriso encantador, me fez perceber que apesar de toda a bebedeira, você lembrava—se perfeitamente do que havíamos feito e isso me deixou constrangida. Constrangida, encantada e apaixonada. Minha cabeça, naquele momento, girou em todas fantasiosas opiniões que você poderia ter de mim – a maioria nada agradável.
Foi aí que a minha reação inicial foi ignorar completamente a presença de vocês – pois sei que você contou para os outros sobre o que fizemos –, e procurei outras mil maneiras de me distrair, até ser forçada a cumprimentá—los. Apesar disso, sabia que você olhava—me fixamente desde a hora que cheguei do desfile que fui cobrir com a Karol e o Gabe para nosso blog de moda rindo horrores, mas não me controlo com aqueles dois por perto.
Sei que todos do McFLY impressionaram—se com a desenvoltura das minhas amigas, que tinham a banda e usavam minha casa, que é enorme, para guardar os instrumentos e ensaiar, e você ainda mais, quando elas me convenceram a ser a em uma das músicas. Não sei se fui bem, mas me apliquei durante dois anos em aulas por sua influência. Ou talvez o que mais tenha te impressionado foi quando estávamos indo para o hotel e eu estava na van junto com vocês, e eu lia (devorava) meu livro de uma das matérias da universidade de física — pois é, eu amo física —, sendo uma garota aplicada para a semana de prova que se aproximava.
“Você é uma garota diferentes das demais...”
Lembro—me perfeitamente bem, destas e outras palavras carinhosas, que você me disse antes de sairmos da van para entrar no hotel.
Fiquei, é claro, extremamente contente por você ter reparado melhor em mim, já que você ficou cercado de mais de quinze garotas, todas muito especiais, lindas, inteligentes e de bom papo, a tarde inteira e que, principalmente, não te levaram pra cama.
Ou talvez tenha percebido a explosão de alegria (e quem não percebeu?) dentro de mim quando você, por livre vontade ofereceu—se em dormir na minha casa, depois que nos disseram que não havia vagas no hotel. Mas, só pra constar, eu fiz todas as reservas corretamente, OK?!
, ... Era ótimo acordar todo dia, andar até a cozinha e ver você, com os cabelos bagunçados, tombado sobre o gabinete de granito e olhar nos seus olhos, recebendo um sorriso sonolento e encantador em troca. Gostava quando, nesse meio tempo, eu inventava de me meter na cozinha e, na maioria das vezes, a Marjorie, minha adorável irmã estudante de gastronomia, vinha com o extintor de incêndio, depois de eu sair gritando pela casa, pedindo socorro para quem estivesse mais perto, e ouvir sua gargalhada carinhosa. E, por falar em irmãos, lembro—me perfeitamente da sua expressão, no mínimo cômica, ao ver que minha família é um tanto numerosa. Não culpo minha mãe, eu gosto de ter cinco irmãos.
Então, chegou o primeiro final de semana, aquele que antecedia a festa. Era festa da , a única melhor amiga que tenho, fora minhas irmãs, e como estava no contrato, vocês teriam que ir comigo e meus irmãos. Confesso que estava bem animada, pois sabia que se fosse rolar algo mais, além daquele relacionamento amigável que estávamos tendo, seria naquela noite, naquela festa. Passei o dia procurando o que vestir, tinha inúmeras opções de vestidos, mas sabia que apenas um iria atrair sua atenção. Já não tinha esperanças, quando achei no fundo do meu armário um vestido que não via há muito tempo e pensei: “Hum, talvez este sirva!”
Então, estávamos trancadas dentro de meu quarto — eu, Felipa e Marjorie —, nos arrumando, para ficarmos a altura de quem estavámos acompanhando: o McFLY. Acho que estávamos quase terminando – eu pelo menos –, quando Marjorie me atacou com o batom vermelho, dizendo para eu fazer o estilo mulher fatal. Eu recusei e ela começou a correr atrás de mim. Saí gritando pela casa, até chegar à sala e encontrar vocês sentados com meus irmãos — Pedro, Rafael e Alexandre. E naquele momento que você praticamente me despiu com o olhar, percebi que a hora realmente tinha chegado, e seria naquela noite, na casa da , que eu teria você pra mim novamente, sóbrios ou parcialmente.
Foi por isso então que não hesitei quando você resolveu puxar—me para um beijo caloroso, no momento que eu passava com o Gabe. Ou quando seus lábios, deliciosamente quentes, percorreram meu pescoço, chegando tímidos ao colo, quando suas mãos, hesitantes, já se aproximavam perigosamente dos meus seios. E eu, apesar de estar ensandecida com você a cada minuto, achei linda sua indecisão por me deixar sem juízo perfeito ou respeitar os limites, mesmo que estes para nós dois não existissem mais.
Ah, ... Tive amigos coloridos, não nego, mas acho que com nenhum deles eu mantinha um “relacionamento escondido” – duvido que meus pais e meus irmãos homens não suspeitavam — dentro de minha própria casa. Adorava fugir do meu quarto de madrugada, com aquele sentimento de algo proibido, ou quando você vinha até mim para ficarmos juntos até o amanhecer, e eu tinha consciência de que aquilo apenas alimentava minha doce e ingênua paixão platônica que sempre mantive por você.
E agora estou aqui em seu quarto, totalmente nua. Depois de ter saído do meu quarto, mas não com destino ao seu, e sim a cozinha, onde me encontrou e me olhou com uma cara de choque por eu estar devorando, feito louca, uma melancia extremamente vermelha com sal, a mais louca das vontades (a primeira na verdade). Claro que tive de inventar que aquilo era uma mania de criança, já que não sei se você sabe ou pelo menos desconfia das minhas condições.
Só que depois de hoje, de cada beijo, cada toque nosso ou arfar, eu senti a necessidade de escrever isto pra você. Sei que meu tempo já está se acabando e que eu deveria apreciá—lo, apenas observando sua respiração cansada e seu corpo úmido, embalados num sono profundo, mas eu tenho que te dizer—lhe isto: perdão.
Estou com um mau pressentimento, e se o pior vier acontecer amanhã ou no dia seguinte, você provavelmente deverá receber esta carta junto com uma caixa com as minhas melhores lembranças relacionadas a um indivíduo: você. Se você estiver me criticando mentalmente ou até verbalmente, com palavras de baixo calão, peço que pare e aceite meu pedido de desculpas, não era minha intenção usar—te pra alcançar meus objetivos. Pelo contrário, se eu te escolhi foi por um motivo especial, não queria qualquer um para ser responsável do que provém nossa curta relação.
Entretanto, se as lágrimas de saudades tomarem conta de você, peço outra coisa: não chore. Siga sua vida como se eu fosse apenas mais uma que passou por você, independente se fui especial ou não. Quero que você viva seus amores, aventuras e apenas guarde as boas lembranças do que tivemos juntos.
Hoje e sempre, , eu te amo!”


Segurei a folha entre meus dedos com delicadeza, como se fosse algum artefato perdido e muito procurado por arqueólogos. Funguei rapidamente, secando as lágrimas com a manga de minha jaqueta. Já estava ajoelhado dentro do mausoléu, e, no vão entre minhas pernas, as lágrimas chegaram a formar uma misera poça. Olhei novamente dentro da caixa lilás e retirei a embalagem branca e rosa.
—Não vou mentir. – Solucei, olhando a foto de nós dois e a embalagem. – Você me magoou sim, , mas sei que não foi por que quis. – Sequei a última lágrima, que descia com dificuldade por meu rosto. – Um filho. – Sussurrei, olhando a embalagem. – Você se foi levando nosso filho.
estava diagnosticada com uma doença desde os quinze anos, a qual se recusou receber tratamento; ela queria viver a vida sem remorso e dor. Quando nos conhecemos, ela já estava morrendo, a doença a matava e ela não me contou nada. Custei a acreditar, ela era tão cheia de vida.
Aquele filho que ela levou consigo era o seu último desejo e escolheu a mim para concebê—lo. não ousou contar—me nada para não me magoar – como se não tivesse feito isso com a carta –, e não me afastar dela, coisa que creio que seria capaz. E eu não tive a oportunidade, como bom covarde que sou, de admitir e dizer a única certeza que tinha sobre nós. De que a amava e sabia perfeitamente o que fazíamos na nossa primeira vez juntos. Eu a quis desde o primeiro momento que cruzou a porta do pub onde havíamos marcado nossa reunião de negócios, só não tive coragem de admitir pra mim mesmo e nem para os outros caras.
E vê—la morrer em meus braços foi a pior coisa que senti em toda minha vida. estava lá, aparentando fraqueza, mas dançando comigo e, quando menos imaginei, a senti escorregando por meus braços, chegando ao chão inanimada.

Flashback On


Fiz meus deveres de príncipe na festa e fui assediado por algumas fãs, que eram primas ou amigas da família , não lembro ao certo. Mas nada que o segurança, brutamontes e bombado, dos pais de não resolvessem. Logo teve o jantar, com muitas iguarias, tudo o que os caras pediram a Deus, comida boa e de graça.
Meus planos para o final desta noite eram os mais pervertidos possíveis, e isso envolvia a doce e calma , que na cama se transformava em algo fora do comum. Eu daria a ela a melhor de duas noites de presente de aniversário, superaria todas aquelas que já tivemos nessas últimas duas semanas.
Eu estava agora com meus adoráveis amigos e colegas de banda, encostado no bar do salão bebendo diversos drinks. Eles se preparavam para começar a esquentar, no sentido de bebidas, e eu pretendia ficar são e inteiro para .
Na pista, adolescentes e adultos faziam tudo o que tinham direito: dançavam, bebiam, beijavam—se (lê—se: comiam—se). E num canto afastado, sentada numa cadeira, segurava, delicadamente, a corrente com um pingente de rubi que ganhou, de suas avós Heidi e Domitila, durante a cerimônia. Ela tinha um olhar perdido na diversão alheia e estava pálida, parecendo cansada.
Comecei a preocupar—me, ela parecia tão frágil dos últimos dois dias pra cá, me preocupava de ter até alguma relação sexual com medo de machucá—la. Mas eu a queria demais, como nunca imaginei que fosse querer alguém. Era surreal, uma garota que conhecia há poucos dias, me arrebatar tão fortemente.
— Hey, .
se virou para mim com um shot de tequila pronto para virar e já estava começando ficar um pouco alto. Ele riu e se aproximou de mim tropeçando em suas próprias pernas.
— Seja bonzinho comigo. Vá até o DJ e peça para que ele coloque alguma musica romântica.
— Querendo seduzir quem, garanhão? – Perguntou com a voz afetada e eu olhei em direção da garota quieta e ele seguiu meu olhar. – Ah... Mas se o DJ não entender o que eu disser?
— Chama a . – Sugeri. – Ela te ajuda...
Mal acabei de falar e saiu cortando a multidão até a garota alta, de vestido preto com costas nuas, que acabava de tirar o salto. Cochichou algo em seu ouvido, então ela se virou para mim piscando o olho castanho e puxou pela mão até chegarem ao palco, onde o DJ com dreads pirava com seu equipamento
e cutucaram—no e disseram meu pedido. O homem sorriu e pediu para os dois olharem o computador e escolherem a música. Por fim, quando o som diminuía, não era imediatamente remixado com a próxima música mais frenética que a última, era uma melodia fraca e lenta que embalavam todos.
Perfeito.
— Cavalheiro. – Chamou ele e todos os homens o olharam, rindo da formalidade. – Sejam educados e concedam uma dança à suas damas.
estava no meio da pista dando pulos de alegria e batendo palmas, já se enroscando com um dos irmãos de .
Larguei o copo de uísque no balcão, piscando para os outros dois, que riam da minha cara de bobo misturada com safado, e voltava tropeçando nas próprias pernas para seu shot de tequila intacto.
Andei calmamente entre os casais até a minha companheira, que ria timidamente com as mãos sobre sua barriga.
— Me dê à honra desta dança? – Perguntei, fazendo reverência para que ela desse a mão.
riu, cedendo ao meu pedido, colocando sua mão macia e meio gélida na palma da minha, levantando—se calmamente.
Guiei—a até a pista, repleta de casais sorridentes e parcialmente bêbados, segurei sua cintura com as mãos, enquanto ela elevava seus braços magros até envolver meu pescoço. Não resistindo, puxei seu corpo junto do meu, anulando nosso espaço e mordiscando o lóbulo da sua orelha, roçando os lábios delicadamente pelo seu pescoço, vendo—a se arrepiar enquanto seu coração batia lentamente.
— Sabe. – Sussurrei ao pé de seu ouvido. – Não tenho mil palavras pra te descrever, .
— Igualmente — respondeu ela, pousando a cabeça em meu peito.
Apoiei meu queixo no topo de sua cabeça, fechando os olhos e sentindo sua respiração fraca bater em mim como pluma.
, quero te dar um presente depois da festa.
— O que é?
— Uma festinha particular.
— Não me leve a mal, , não estou muito disposta...
— Certeza?
— Absoluta...
— Tudo bem, linda. – Beijei—lhe o topo da cabeça.
Balançamos no ritmo da musica por mais uns minutos, e ela se aproximava do fim.
. – Chamou ela.
— Hum?
— Eu te... Eu te... Eu... E...
Senti o peso leve de seu corpo cair com a gravidade, partindo nossa proximidade e encontrando o chão. Seus lábios estavam brancos, sua pele translúcida como nunca, sem nenhum sinal de vida.
! – Gritei, atraindo atenção de muitas pessoas que estavam por perto.
Pedro, Marjorie e Rafael vieram correndo ver o que tinha acontecido com a irmã. soltou um grito, caindo de joelhos perto da amiga, enquanto Felipa desmaiava nos braços de seu namorado e o mesmo aconteceu com Isabel, sua mãe, enquanto o caçula, Antônio, junto com seu pai, Miguel, choravam desesperadamente e outros convidados vieram amparar as desmaiadas e ver o que aconteceu com .
— O—o quê? – Perguntei a Pedro, o mais próximo de mim.
. – Sussurrou ele, com a voz falha. – ... E—ela... Morreu.
Tudo girou. Um ferro em brasa pareceu rasgar meu peito e espetar meu coração, dilacerando—o, terminando tudo no meu próprio desmaio.

Flashback off


— Ah, ... Eu te amo!
Guardei a carta e virei—me para sair daquele local.
Quando eu olhei para a porta, lá estava ela, com um vestido branco esvoaçante e uma enorme barriga que carregava nosso filho. Estava linda... Mas não era possível.
— Venha, ... – Murmurou ela. – Venha...


abriu os olhos atordoado. Olhou ao redor e vi que ainda estava em seu quarto, então aquilo fora mais um sonho. Correu o olhar até o lado da sua cama, que estava vazio, mas bagunçado, com sinais de que alguém havia dormido e se levantara há pouco tempo. O aroma de dama—da—noite chegava ao seu nariz, rescendendo do travesseiro. Voltou—se pra a penteadeira e viu diversos objetos femininos espalhados por cima dela, numa desorganização que ele realmente não entendia, mas gostava.
As cortinas marfim do quarto estavam abertas, deixando a luz do sol daquela manhã límpida, sem nenhuma nuvem carregada pairando no céu, inundar o quarto, tornando—o alegre e cheio de vida. Foi então que o perfume que sentia antes desapareceu com o aroma apetitoso do café da manhã.
Botou o pé direito, depois o esquerdo para fora da cama e espreguiçou—se, sentindo as articulações estalarem. Bocejou, passando as mãos pelo cabelo, pegou a camiseta branca pendurada na cabeceira da cama e coçou os olhos.
Detalhes do sonho vieram com força a sua cabeça. Será que realmente aconteceu?, pensou ele, enquanto procurava seus chinelos, sem resultado algum.
Saiu como um foguete pela casa, bem arrumada, que o dinheiro da fama havia lhe dado. Era ampla, espaçosa e bem decorada, num bairro nobre de Londres, tinha uma garagem com quatro vagas e três delas estavam ocupadas.
Conforme se aproximava da cozinha, foi diminuindo seu ritmo até encostar silenciosamente no batente da porta vendo uma cena, no mínimo engraçada. Sua namorada (esposa?), fazendo café da manhã cantando alegremente e rebolando ao som de Miley Cyrus, que tocava no rádio, e em cima da pia estava uma fatia de melancia e logo ao lado... Um saleiro? Será?
— Você está grávida, . – Ele afirmou, fazendo—a pular de susto. – Eu sei.
A garota parou de fazer o que fazia tão aplicadamente e observou o rapaz se aproximar.
— C—como? – Gaguejou ela.
soltou uma risada nasalada e segurou—a pela cintura.
— Melancia com sal. – Apontou para a pia. – Puro desejo de grávida.
Ela abaixou o olhar, encarando as unhas, extremamente bem feitas, do pé mordendo o lábio inferior num sorriso tímido. Pôs uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. Só por aquele sorriso, imediatamente percebeu que ela estava realmente grávida e ampliou seu sorriso abraçando—a fortemente.
Então, se abaixou para ficar na altura de seu ventre, ergueu a camiseta larga que ela usava, encarou com felicidade o pequeno volume que começava a crescer e deu—lhe um beijo.
— Eu amo você. – Ele disse, mirando seus olhos nos dela.
alargou o sorriso, sentindo seu coração bater forte. Para ela não havia sentido naquelas três palavras que muitos se matam para ouvir, as quais sempre acharam muito vago. Mas, agora, ouvindo tão sinceramente da boca da pessoa que ela realmente amava, entendeu o significado da palavra amor.
— Eu amo você. – Repetiu ela.
Agora seriam os três juntos finalmente. , e a criança que estava vindo por aí.


N/A: Olá raiozinhos de sol, como estão? Quero lhe dar as boas vindas a minha primeira fanfic, e dizer que agradeço a todas que lerem, até as que não gostarem. Esta é muito especial pra mim, já que meu subconsciente me brindou com um sonho de uma festa e o McFLY estava. É obvio que dramatizei um pouquinho, e aí está. Queria fazer uns agradecimentos. Primeiro, ao McFLY, apesar de eu não gostar muito dessa nova fase deles; em segundo ao meu subconsciente. Também a algumas amigas, Bia V. um ser hard rock fanatica por Kiara Rocks, que diz que sou patricinha e que junto comigo conseguimos escrever historias com os personagens masculinos que botam qualquer tipo de Edward Cullen para escanteio (Menos o Damon Salvatore :99). Ao Muse, pela musica Time is Running Out, que deu nome a fanfic e como conseqüência a Vee. e Biology, antes disso eu nem sabia que essa musica existia. Também sou muito grata a Bia Gomes e a Lan, por terem me incentivado um dia no MSN, quando eu escrevia a minha primeira fanfic, e joguei tudo pro ar por causa dos meus ataques bipolares. A Lara Scheffer que me ajudou a entender melhor esse bicho de mil cabeças chamado Script e teve uma enorme paciência para isso. E é claro a minha incrível beta—estagiaria—novata That, que me ajudou bastante quando resolvi escrever minha primeira fic... Creio que a n/a ficou um pouco gigante, não? Bom, não vou mais atrasar a vida de vocês. Vão ler outras Fanfics e comentem *——————* Isso faz uma autora feliz (discurso de beta—NNN)
xx Blonde

N/B (estagiária): Nem sei se deveria estar escrevendo uma nota, mas depois do agradecimento da Flavia, eu tive que escrever alguma coisa. Quando comecei a ler fic, já estava ficando aborrecida (não gosto de fics com morte), então a história mudou drasticamente e eu adorei! *—*
Parabéns pela sua primeira fic Flavia! o/
E você que está lendo, comente, isso faz uma autora muito feliz!

N/B: Tive que deixar uma nota de beta, gemt. Que fic mais linda, cara *-*
Ao contrário da That, eu amo fics de morte, e essa, com morte e final feliz, ownn... Apaixonei!
Leitores, achando algum erro na fic, avise-me: missmorgon@gmail.com

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